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Introdução ao equilíbrio físico

E aí, tudo bem?


Você já sabe que as substâncias químicas podem estar em três fases, né? Vapor,
líquido e sólido! Quando a substância passa de uma fase para outra ocorre o que
chamamos de transição de fase.

Mas você sabia que dentro daquela garrafa de água que você esqueceu o dia
inteiro em cima da mesa tá rolando um equilíbrio entre o líquido e o vapor
d’água?
Pois é, quando você tem um sistema fechado em que a mesma substância está em
duas fases diferentes, a tendência é que as duas fases entrem em equilíbrio.
Esse equilíbrio dinâmico de fases ocorre quando a velocidade de
transformação de uma fase para outra é igual à velocidade no sentido contrário.
Ou seja, quando o vapor de água no ar dentro da garrafa condensa com a mesma
velocidade que o líquido da garrafa evapora.
A gente pode representar esse equilíbrio como:
H2Ol⇌H2Og
Onde:
çãçãvelocidade de evaporação = velocidade de condensação
Pressão de vapor
Se pensarmos num equilíbrio líquido (ou sólido) e gás...
A pressão de vapor nada mais é do que a pressão que o
gás excerce quando ele está em equilíbrio dinâmico com
a fase líquida (ou sólida).
A pressão de vapor é uma propriedade beeeem importante das substâncias,
porque quanto maior a pressão de vapor de uma
substância, mais facilmente ela vai evaporar.
Mas porque isso acontece?
Podemos pensar que em um sistema fechado, antes do equilíbrio, a gente tem um
valor X de moléculas no sistema. Algumas passam de gás para líquido e outras
fazem o contrário.
Depois de um tempo, quando o sistema entra em equilíbrio, a velocidade de
conversão vapor-líquido e líquido-vapor é igual, e então consideraramos que a
quantidade de moléculas na fase líquida e na fase gás são constantes.
A quantidade de moléculas que ficou na fase gás no equilíbrio vai definir a
pressão de vapor (que é justamente a pressão que essas moléculas excercem no
sistema). Ou seja, se a pressão de vapor é alta, a quantidade
de moléculas na fase gás também é alta!
Assim, se temos um líquido que evapora facilmente, quando ele estiver em
equilíbrio em um sistema fechado, a maioria das moléculas será vapor e a sua
pressão de vapor será alta.
Influência da temperatura
A pressão de vapor de uma substância aumenta com a temperatura. Isso acontece
porque com a temperatura as moléculas tendem a ficar mais agitadas e a passar
mais facilmente para a fase vapor – o que aumenta a quantidade de vapor e,
consequentemente, a pressão de vapor!
Influência das forças intermoleculares
Se formos comparar a pressão de vapor de duas substâncias diferentes na mesma
temperatura, a interação entre as moléculas faz muita diferença!
Isso porque quando as forças intermoleculares são muito fortes é mais difícil
de rompê-las, e, portanto, mais difícil de passar da fase líquida para a fase
gasosa.
Assim, haverá menos moléculas na fase vapor e a pressão de vapor será menor.
Enquanto na substância com as interações intermoleculares mais fracas haverá
uma maior facilidade de passar para a fase gás, logo mais quantidade de
moléculas da fase gás: maior pressão de vapor.
Portanto, quanto mais forte a interção intermolecular da
substância, menor sua pressão de vapor e vice-versa.
Por exemplo...

Nesse gráfico podemos analisar a pressão de vapor de 3 substâncias diferentes e


sua variação com a temperatura.
Para analisar a influência da temperatura, vamos pegar a água como exemplo:
quanto maior a temperatura, maior a sua pressão de vapor. Isso porque à 100oC
mais moléculas tendem a passar pra fase gás e, quando o equilíbrio é atingido,
mais moléculas estarão na forma de vapor excercendo pressão no líquido do que
a 35°C.
Já para a influência das forças intermoleculares, vamos comparar 2 substâncias!
O éter dietílico realiza ligações dipolo-dipolo, graças à molécula de oxigênio em
sua composição. Já o álcool etílico faz ligações de hidrogênio entre moléculas, já
que tem como uma ligação O-H na ponta de sua cadeia carbônica.
Como a ligação dipolo-dipolo é mais fraca que a ligação de hidrogênio, se
analisarmos em uma mesma temperatura, o éter tem a pressão de vapor muito
mais alta do que o álcool.
Ou seja, a substância que realiza as ligações intermoleculares mais forte tem uma
menor pressão de vapor.

Agora que a gente já sabe um pouco sobre o equilíbrio de duas fases de uma
mesma substância (o equilíbrio dinâmico de fases, lembra dele?) vamos se
aprofundar mais nesse rolê!
Você lembra que a pressão de vapor de uma substância é a pressão que o vapor
exerce quando num sistema líquido – gás quando as duas fases estão em
equilíbrio, né?
Então vamos ver mais alguns conceitos importantes ligados à isso. 😊
Volatilidade
A volatilidade de uma substância mede a facilidade que ela tem
pra evaporar.
Podemos relacionar isso com a pressão de vapor bem facilmente: se um líquido
tem uma pressão de vapor alta, isso quer dizer que no equilíbrio as moléculas
“preferem” ficar na fase gás, então ele evapora mais fácil – consequentemente, é
mais volátil!
Ou seja: ãmaior pressão de vapor=maior volatididade!
Equação de Clausius-Clapeyron
Você lembra que a pressão de vapor aumenta com a temperatura, né?
Mas como podemos relacionar essas duas grandezas físicas?
É fácil: existe uma equação (encontrada depois de muiiita termodinâmica) que
relaciona a pressão de vapor de um líquido em duas temperaturas diferentes!
ln⁡P2P1=∆Hvap0R1T1-1T2
Ela se chama equação de Clausius-Clapeyron e relaciona a pressão de
vapor P1 na temperatura T1 à pressão de vapor P2 à temperatura T2. O R é a
constante universal dos gases e o ∆Hvap0 é a entalpia padrão de vaporização de
uma substância.
Ponto de ebulição/vaporização
A pressão de vapor é importante também para a vaporização!
A vaporização de um líquido ocorre quando a pressão de vapor se
iguala à pressão externa.
É quando o vapor que está em equilíbrio com o líquido consegue atingir a mesma
pressão que a pressão externa à ele e, assim, abrir espaço para mais moléculas
virarem vapor também!
O ponto de ebulição então é a temperatura em que a
pressão de vapor da substância se iguala à pressão
externa!
Tá confuso ainda? Calma, vamos pegar uns exemplos:

Que a pressão de vapor aumenta com a temperatura a gente já tá cansado de


saber, né?
As moléculas ficam mais agitadas e a transição de fase líquido – vapor é
facilitada! Mas olhando esse gráfico a gente pode também descobrir os pontos de
ebulição de cada substância...
Começando pela água, considerando que estamos fazendo um experimento no
nível do mar (onde a pressão externa é de 1 atm): conforme a temperatura vai
subindo, a pressão de vapor da água vai subindo também, isso é, mais moléculas
estão na fase vapor no equilíbrio.
Quando chegamos à 100oC, a pressão de vapor da água se iguala à pressão
atmosférica, e a fase vapor tem pressão suficiente pra se expandir – daí começa a
ebulição.
Já as outras substâncias tem pontos de ebulição menores, já que suas interações
intermoleculares são mais fracas, logo, suas pressões de vapor são menores.
O etanol, por exemplo, iguala sua pressão de vapor à pressão atmosférica com
78oC, o metanol com 63oC e o dissulfeto de carbono com 44oC.
Ok, e pra que a gente usa isso?
Além de usar pra resolver exercícios heheh, na vida real (principalmente na
cozinha), a gente vê todos esses conceitos muito bem aplicados!
Quando usamos uma panela de pressão para cozinhar o feijão, é como se
aumentássemos a pressão externa. Assim, fazemos com que a pressão de vapor
para que a água entre em ebulição deva ser maior do que em uma panela normal
(onde a pressão externa é a pressão atmosférica).
Ou seja, para que a água entre em ebulição sua pressão de vapor deve aumentar,
e isso acontece quando a sua temperatura aumenta. A água que está no feijão,
então, não vai mais ferver a 100oC, e sim a uma temperatura maior!
E por que isso é bom pra cozinhar o feijão? (momento Masterchef ahahah)
Como a temperatura de ebulição da água não é mais 100oC, na panela de pressão
ela pode se manter ainda na fase líquida em temperaturas mais elevadas do que
na panela normal. Isso quer dizer que ela pode passar mais calor pro feijão antes
de evaporar e o feijão cozinha mais rápido (porque recebeu mais calor durante o
tempo de cozimento).
Outro exemplo da vida real que temos é quando fervemos água em cidades que
ficam a muitos metros de altitude em relação ao nível do mar.
Quanto maior é a altitude, menor é a pressão atmosférica na cidade. Então o
efeito é o contrário da panela de pressão: a pressão de vapor para que a água
entre em ebulição deve ser menor do que comparada à uma cidade no nível do
mar. Assim, a temperatura �� menor e a água ferve antes dos 100oC!

No gráfico a gente vê que dependendo da altitude a pressão atmosférica é menor


e, portanto, a pressão de vapor se iguala à ela numa temperatura menor! O ponto
de ebulição da água no Monte Everest, por exemplo, é 71oC.

Densidade das fases


Como já vimos, uma substância pode estar em três fases: gás, líquido e sólido.
A diferença entre as fases tem muito a ver com a organização das moléculas na
substância.
Na fase gás, as moléculas têm mais energia cinética e se movem com velocidade
elevada umas em relação às outras. Como nessa fase as interações
intermoleculares atrativas são fracas, as moléculas ficam bem afastadas umas das
outras e ocupam um volume maior.
Já na fase líquida, as moléculas estão com um pouco menos de energia cinética e
com mais forças atrativas entre elas. Por isso, elas ficam um pouco mais juntas,
diminuindo o volume ocupado.
Na fase sólida, essas forças atrativas entre as moléculas são suficientes não só
para ligá-las umas às outras, mas para mantê-las paradas no lugar. Por isso, a fase
sólida é mais “compacta”, porque as moléculas estão menos agitadas e ficam
mais próximas umas das outras sem problema.
Se liga nesse esqueminha e vê se fica mais claro pra você:

Ok, mas e a densidade com isso?


densidade=massavolume
Quando uma substância muda de fase, sua massa continua a mesma (afinal, é o
mesmo número de moléculas que estão só se reorganizando). Porém, seu volume
varia bastante.
Como as partículas ficam mais próximas, a fase sólida tem um volume menor do
que a líquida, que consequentemente, tem um volume menor que a fase gasosa.
Como o volume e a densidade são inversamente proporcionais, as fases
tem densidades diferentes.
O sólido é mais denso que o líquido, que, por sua vez, é mais denso que o gás.
A pressão se relaciona com isso porque se aumentarmos a pressão sob uma
substância, ela vai preferir ficar na fase que ocupa menos volume (e que,
consequentemente, sente menos a pressão!).
Ponto de congelamento
Já vimos que o ponto de ebulição de uma substância é a temperatura na qual sua
pressão de vapor se iguala à pressão atmosférica, né?
Mas então, o que seria o ponto de congelamento?
Vamos com calma!
Assim como o gás e o líquido entram em equilíbrio dinâmico (quando a
velocidade de conversão entre as fases se iguala), a fase líquida e a fase sólida
também entram! Ou seja, quando a velocidade de conversão sólido – líquido se
iguala à liquido – sólido, as fases estão em equilíbrio.
O ponto de congelamento é a temperatura em que esse equilíbrio acontece numa
dada pressão. Antes desse ponto a substância é líquida e, depois, ela é sólida.
Diagrama de fase de um componente
O diagrama de fase de um componente relaciona as três fases com a pressão e a
temperatura! Vamos pegar como exemplo o diagrama de fases da água:

Cada parte do diagrama representa a fase mais estável em cada condição de


temperatura e pressão 😊.
Ou seja, dado uma certa temperatura e pressão, eu posso saber em qual fase a
água vai estar. Por exemplo: no ponto A (4,6 Torr de pressão e cerca de 80°C), a
gente sabe que ela está na fase vapor.
As linhas que separam as fases no diagrama se chamam limites de fase. Os
pontos nessas linhas representam os pontos em que duas fases estão em equílibrio
dinâmico. O ponto C, por exemplo, representa um ponto onde a fase líquida e
sólida estão em equilíbrio dinâmico.
Portanto, todos os pontos no limite de fase entre as fases líquida e vapor são
pontos onde o líquido e o vapor estão em equilíbrio dinâmico. Já definimos que a
pressão de vapor é a pressão do vapor em equilíbrio dinâmico com o líquido, não
é?
O limite de fase das fases líquido – vapor representa
a variação da pressão de vapor da substância com a temperatura.
No limite de fase líquido – sólido podemos saber em que temperatura o líquido e
o sólido estão em equilíbrio em uma dada pressão – ou seja, temos o ponto de
congelamento da substância.
Por exemplo, no ponto C, vemos que a 760 Torr o equilíbrio é atingido à 0°C!
Porém, se abaixarmos a pressão, a temperatura no qual o equilíbrio é atingido
muda um pouco.
O limite de fase das fases líquido – sólido representa
a variação do ponto de congelamento com a pressão.
Outro ponto super importante no diagrama de fases é o ponto triplo. Esse
ponto representa a temperatura e a pressão em que as três fases estão em
equilíbrio dinâmico, e é a intersecção dos limites de fase.

Olá! Tudo bom?


Nesse capítulo vamos definir umas palavras que você com certeza já escutou
váaarias vezes: mistura, solução, solvente, etc.
A gente só vai dar um sentido químico mais específico pra cada uma delas, mas
se você já é craque nisso, fica à vontade pra pular pro próximo capítulo, ein? 😊
O que são misturas?
Na vida real, a química não é feita só de substâncias puras (água, gás oxigênio,
gás carbônico etc), e sim de misturas dessas substâncias.
Uma substância pura é um aglomerado de moléculas de um mesmo tipo,
enquanto a mistura é o contrário – diversas moléculas de diferentes tipos que
coexistem e se relacionam de alguma maneira na natureza.
Como exemplo das misturas mais famosas, temos o ar (uma mistura de váaaarios
tipos de moléculas, mas principalmente gás oxigênio e gás nitrogênio), a gasolina
(vários hidrocarbonetos diferentes que formam a gasolina), o álcool hidratado
(mistura de etanol e água), etc.
Ok, mas porque elas nos interessam? O importante para nós é poder quantificar
essas misturas, já que quase tudo que a gente utiliza na vida são misturas – até
mesmo a água com açúcar que a gente tem que tomar quando vê a nota de
Cálculo 3.
Mas antes disso, vamos classificá-las.
Mistura homogênea x heterogênea
A diferença entre as duas é bem simples: nas misturas heterogêneas
podemos ver 2 fases ou mais. Ou seja, pelo menos 2
componentes da mistura são imiscíveis (não se
misturam) e criam, assim, 2 fases.
O exemplo mais fácil é a água e o óleo: quando misturamos um no outro,
podemos ver claramente que eles não se misturam.
Mas existem outros exemplos menos óbvios, como o leite e o sangue: apesar de
parecerem uma só fase, se olharmos com um microscópio ou, no caso do sangue,
centrifugarmos, poderemos ver que na verdade são duas ou mais! No leite, as
gotículas de gordura não se misturam ao resto, criando uma segunda fase, e no
sangue podemos separar plasma, góbulos brancos e góbulos vermelhos com uma
centrifugação.
Já as misturas homogêneas são misturas que tem uma
fase só! Ou seja, todos os componentes são miscíveis.
Como exemplo de misturas homogêneas temos a água do mar, o soro caseiro
(água, açúcar e sal), o vinagre e muitos outros.
Soluções
As misturas homogêneas também podem ser chamadas de soluções. Fazer uma
solução é um processo físico, e vamos tentar entender o que acontece com o
exemplo da água com açúcar.
O açúcar que conhecemos é um composto de glicose, moléculas que interagem
entre elas para formar os grãos que conhecemos. Essa glicose – de
fórmula C6H12O6 –, quando colocada na água, é solvatada pela água.
Isso quer dizer, as moléculas de glicose e de água começam a interagir entre elas
até o momento em que moléculas de água estão envolvendo completamente as
moléculas de glicose. Nesse momento, dizemos que a glicose foi solubilizada na
água.
Misturar com a colher o copo de água com açúcar ajuda nesse processo porque,
ao mexer a mistura, aumentamos o contato entre as moléculas de água
e as moléculas de açúcar, e fica mais fácil para a água solvatar todo o açúcar.
Outro processo importante nas soluções é a precipitação. A precipitação é o
contrário da solvatação ou diluição, e quer dizer que a glicose parou de ser
solvatada pela água (veremos depois porque isso pode acontecer) e voltou a ser
aqueles grãos de açúcar visíveis no copo.
Os elementos de uma solução são:
 Solvente: é o composto que está em maior quantidade, e que vai
solubilizar o soluto (no nosso exemplo, a água).
 Soluto: é o composto que vai ser envolvido pelas moléculas de
solvente! (o açúcar, no nosso exemplo).
Mas, quando fazemos uma mistura de água com açúcar, se colocamos muuuuuito
açúcar, podemos ver os grãos na água, não é? Por que isso acontece?
Soluções saturadas e insaturadas
Quando colocamos muiiito soluto, chega um momento que o solvente não
consegue mais englobar todas as moléculas de soluto! Quando isso acontece,
algumas dessas moléculas não são dissolvidas e ficam na solução como uma
outra fase. No nosso exemplo:
A solução saturada é a solução na qual o solvente já dissolveu
o máximo de soluto que ele consegue dissolver.
Ou seja, em uma solução saturada, qualquer grão a mais de açúcar que eu coloco
não vai entrar na mistura água + açúcar e vai formar essa fase que fica no fundo
do copo – chamada corpo de fundo.
Entendendo o conceito de solução saturada é fácil de entender que a solução
insaturada é justamente a solução que ainda não tem o máximo possível de soluto
a ser solvatado.
Na solução insaturada, ainda conseguimos adicionar soluto sem formar
corpo de fundo, ou seja, o solvente ainda consegue dissolver o soluto
adicionado.
Além dessas duas, temos também a solução supersaturada. A solução
supersaturada acontece quando, por exemplo, fazemos uma dissolução em uma
temperatura elevada e depois deixamos a solução esfriar.
Normalmente, a solubilidade aumenta com a temperatura (veremos isso melhor
no próximo capítulo), logo, ao fazer a solução em uma temperatura mais elevada,
o solvente dissolve mais soluto.
Depois, quando resfriamos essa solução, a quantidade de soluto dissolvida
continua a mesma, e, portanto, temos mais soluto dissolvido do que o solvente
consegue, normalmente, naquela temperatura. Nesses casos, temos uma solução
supersaturada.
Por isso, a solução supersaturada é uma solução instável, que possui
mais soluto dissolvido do que seria possível em condições normais.
Confuso, né? Vamos ver um esqueminha que explica melhor:
Solubilidade molar
A solubilidade molar, s, é super importante para os cálculos de solubilidade. Ela
representa a quantidade máxima de soluto, em mols, que uma certa
quantidade de solvente consegue dissolver.
Você também pode ver em alguns exercícios a solubilidade molar: ela
vai ser a concentração molar de soluto em uma solução saturada.
Por exemplo, à 17,5°C, a solubilidade da glicose na água
é á83g de glicose100ml de água. Isso quer dizer que cada 100mL de
água consegue dissolver 0,46 mols de glicose.
83g x 1 mol180,2 g=0,46 mol
Observação: A solubilidade pode ser expressa em outras unidades também, como
g de soluto / 100g de solvente ou g de soluto / g de solução. É importante prestar
atenção na unidade, mas o mais importante é entender o conceito de
solubilidade. Solubilidade é a quantidade máxima de
soluto que uma certa quantidade de solvente consegue
solvatar! Não vamos esquecer isso, ein?

Regra do “semelhante dissolve semelhante”


Como vimos no capítulo anterior, a solubilidade é a capacidade de um solvente
de “envolver” as moléculas de um soluto, interagindo com elas de maneira que as
interações soluto – soluto sejam enfraquecidas, para dar lugar às interações soluto
– solvente.
Confuso? Calma, vamos pegar o exemplo do copo de água com açúcar. O soluto
(o açúcar), é formado por moléculas de glicose (C6H12O6), que contêm um
grupamento –OH. A glicose, então, faz ligação de hidrogênio com outras
moléculas de glicose e forma o grão de açúcar.
A água, por sua vez, também faz ligação de hidrogênio entre suas moléculas.
Quando o açúcar é misturado na água, a água vai interagindo (por ligação de
hidrogênio) com os grupamentos –OH da glicose e as ligações de hidrogênio
glicose – glicose vão sendo enfraquecidas para dar lugar às ligações
de hidrogênio água – glicose.
Isso acontece porque existem muito mais moléculas de água do que de glicose no
copo, e a tendência é que a glicose se separe para igualar a concentração em todo
o copo.
Para a solvatação acontecer, as forças de interação solvente – soluto devem ser
ou mais fortes ou iguais às forças de interação soluto – soluto.
Vamos ver um exemplo de substâncias que não se misturam, como água e óleo.
A água é polar e faz ligação de hidrogênio entre suas moléculas, né? Já o óleo é
apolar e faz dipolo-induzido, uma interação intermolecular beeem mais fraca.
Quando jogamos umas gotas de óleo na água, as moléculas de óleo não
conseguem penetrar na estrutura da água, que se liga muiiito fortemente pelas
ligações de hidrogênio.
As moléculas de óleo não conseguem substituir as ligações da água, e, para um
soluto como o óleo, um solvente que também faça dipolo – induzido é muito
mais eficaz.
Ou seja, semelhante dissolve semelhante quer dizer que
solventes dissolvem solutos que fazem interações
intermoleculares semelhantes às deles!
Outro jeito de ver essa regra é pensar que solventes apolares vão dissolver
compostos apolares, e compostos polares vão dissolver compostos polares 😊.
Informação muito legal e útil também: O sabão é um exemplo perfeito dessa
regra!
Os sabões são sais orgânicos que tem cadeias orgânicas enoooormes. Assim, no
sabão existe uma parte que interage por dipolo – induzido (a cadeia carbônica) e
uma parte extremamente polar (as interações iônicas feitas para formar o sal).
Um exemplo de sabão é:

A “cabeça” polar reage suuuper bem com a água, já que são íons e um solvente
extremamente polar. Essa cabeça é chamada, assim como todos os compostos
que se dissolvem em água, hidrofílica.
Enquanto isso, a “cauda”, formada pela cadeia carbônica, não se dissolve em
água e é por isso chamada hidrofóbica.
A ação de limpeza do sabão é explicada por essas duas partes – hidrofílicas e
hidrofóbicas – na mesma molécula! O sabão consegue interagir com a gordura da
nossa mão através da cadeia carbônica e com a água que usamos para lavar a
mão através da cabeça hidrofílica.
Assim, o sabão faz a ponte entre água e gordura, e forma uma
mistura (heterogênea, já que água e óleo continuam imiscíveis) que limpa a
gordura.
E os íons?
A gente sabe que as ligações iônicas são extreeeeemamente polares, né? Então já
é de se esperar que eles os íons sejam solvatados muito mais facilmente em
solventes polares (já que a regra é semelhante dissolve semelhante...).
Mas porque isso acontece?
Vamos pegar um exemplo do NaCl em água (ou da água do mar ahahah). O NaCl
é um sal inorgânico e a ligação NaꟷCl é uma ligação iônica. Quando colocamos
ele em solução, o NaCl se dissocia, formando Na+ e Cl-.
Esses íons são bem solvatados em água porque a água tem ligações
extremamente polares também, que ajudam a neutralizar as cargas dos íons!
Fica mais ou menos assim:

Assim, os íons são muito bem solvatados em solventes polares. Por isso, numa


solução, sais se dissociam em seus respectivos íons!
Efeito da temperatura
A solubilidade de um composto em outro tem muito a ver com as interações
intermoleculares de ambos, mas a temperatura também tem um papel importante.
É bem comum fazermos uma curva de Solubilidade x Temperatura para
sabermos qual o máximo de soluto que o solvente pode dissolver em uma
temperatura específica.
Normalmente, quando tratamos de um soluto sólido em um solvente líquido, a
solubilidade aumenta com a temperatura...
Isso acontece porque a maioria das dissoluções são endotérmicas, isso é,
precisam absorver energia para acontecer. Aumentando a temperatura, cedemos o
calor suficiente para que a dissolução ocorra, e a solubilidade aumenta!
Existem algumas exceções, e algumas dissoluções são exotérmicas, ou seja,
liberam calor! Nesses casos, a curva descresce com o aumento da temperatura:

A solubilidade de gases em líquidos é diferente do que vimos até agora (sólidos


em líquidos).
A gente sabe que o gás oxigênio dissolvido na água é fundamental para a vida
embaixo d’água, não é? Mas como esse oxigênio se dissolve?
A solubilidade de gases em líquidos pode ser comparada a meteoritos
que mergulham no oceano.😊
Isso porque as moléculas dos gases, que estão em movimento constante (por
simplesmente estarem na fase gasosa), quando encontram uma superfície líquida
conseguem penetrá-la e ficar em solução.
Efeito da pressão
Quando a pressão nesse gás é alta, as moléculas ficam mais comprimidas e
colidem mais ainda com a superfície líquida, o que vai causar o aumento da
solubilidade, já que mais moléculas vão conseguir entrar no líquido. É o que
mostra o esquema abaixo, onde a figura (b) representa o aumento de pressão no
gás:

Ou seja, o aumento da pressão de um


gás aumenta sua solubilidade em solventes líquidos.
Você quer prova, @?
Sabe quando você abre a garrafa de refrigerante e faz aquele barulho de gás
escapando? O gás carbônico que está dissolvido no refrigerante é liberado pela
diminuição da pressão dentro da garrafa, o que diminui a solubilidade do gás no
líquido e libera o gás para o ambiente.
Se você ainda não está convencido, tem também o exemplo de mergulhadores
que respiram ar comprimido.
Normalmente, no nível do mar, a solubilidade dos gases no sangue é bem baixa,
porém, em altas pressões – como as que eles são expostos durante o mergulho,
essa solubilidade fica um pouco perigosa. Eles devem emergir lentamente para a
superfície para evitar que, com o abaixamento da pressão, os gases sejam
liberados muito rapidamente do sangue e de outros fluidos do corpo.
Efeito da temperatura
Para a maioria dos gases a solubilidade diminui com a
temperatura.
Isso acontece porque com o aumento da temperatura, as moléculas no solvente
líquido ficam mais agitadas, e, embora se torne mais fácil para as moléculas de
gás penetrarem o solvente, fica mais fácil que elas saiam também. Por isso,
quanto maior a temperatura da solução, menos moléculas de gás vão ficar
solubilizadas no solvente.
A mesma coisa acontece quando agitamos a superfície do líquido: a entrada e
saída de gases da solução fica mais fácil!
Por isso bombas de aquário fazem bolhas na superfície, para agitar a superfície
do líquido e facilitar a troca de gás com a atmosfera – solubilizando mais
oxigênio para os peixes. E por isso também o refrigerante explode quando
agitamos muito ele – o gás sai com muito mais facilidade e, quando abrimos a
garrafa e diminuimos a pressão (e, consequentemente, a solubilidade dele no
líquido), ele sai muito rapidamente.
Mas como medimos a solubilidade de um gás em solução?
Lei de Henry
A lei de Henry diz que a solubilidade de um gás em solução
é proporcional à sua pressão.
Se o gás em equilíbrio com a solução for uma mistura (como o ar atmosférico), é
a pressão parcial do gás, P, que deve ser levada em conta. A fórmula fica, então:
s=kH.P
A constante que mede essa proporcionalidade, kH, se chama constante de Henry
e depende da temperatura, do solvente e do gás.
Pensa comigo, ó: quanto maior a pressão parcial do gás, maior a quantidade de
moléculas desse gás no ambiente, né?
Se existem mais moléculas do gás no ambiente, maior a chance dessas moléculas
penetrarem a superfície do líquido e serem solubilizadas! Viu como Henry
pensou certinho?
Até agora já vimos váaarias coisas sobre soluções e solubilidade, mas existem
algumas propriedades que ainda não vimos: as propriedades coligativas.
Propriedades coligativas são propriedades de uma solução que
dependem somente da quantidade de soluto e de solvente em
solução!
Ou seja, as propriedades coligativas não dependem da natureza química do
soluto!
Vou repetir pra fixar na sua cabeça: a gente se interessa só na QUANTIDADE de
soluto, e não em quem é esse soluto!!!!
As quatro propriedades coligativas que vamos ver são: abaixamento da pressão
de vapor do solvente, aumento do ponto de ebulição do solvente, abaixamento do
ponto de congelamento do solvente e a pressão osmótica 😊
Mas antes disso...
Medidas de concentração: molalidade e fração molar
Como as propriedades dependem da razão entre moléculas de soluto e de
solvente, algumas unidades são bem úteis quando falamos de propriedades
coligativas: a molalidade e a fração molar.
A molalidade é uma medida de concentração expressa por:
molalidade=quantidade de soluto em molmassa de solvente
Ela é expressa por b, então também pode ser escrito:
bsoluto=nsolutomsolvente
Sua unidade mais utilizada é mol soluto/kg solvente.
Já a fração molar é a medida de proporção soluto:solvente:
çãçãfração molar do soluto=quantidade de soluto em molquanti
dade total de mols em solução
Ou seja,
xsoluto=nsolutonsoluto+nsolvente
Abaixamento da pressão de vapor do solvente: Tonoscopia
Você lembra que a pressão de vapor de um líquido é a pressão que um gás
excerce quando está em equilíbrio dinâmico com um líquido, né?
Ou seja, a pressão de vapor de um solvente é a pressão que a fase gasosa desse
solvente está exercendo durante seu equilíbrio dinâmico com a fase líquida!
Um químico chamado Raoult foi ainda além, e determinou como a gente calcula
essa pressão de vapor quando o líquido em questão é uma solução, e não mais
uma substância pura.
A lei de Raoult diz que a pressão de vapor de um solvente é proporcional a
sua fração molar em uma solução.
P=xsolvente.Ppuro
Onde P é a pressão de vapor do solvente em solução, xsolvente a fração molar
do solvente e Ppuro a pressão de vapor do solvente se ele estivesse sozinho, ou
seja, se a solução não fosse uma solução.
Confuso né? Vamos pegar um exemplo! Se tivermos uma solução de água com
açúcar de concentração 10g açúcar/100g de água a 20oC, podemos calcular a
pressão de vapor da água em solução da seguinte maneira:
Primeiro, precisamos calcular a concentração em fração molar, pra usar a lei de
Raoult... Para isso, é só calcular as quantidades molares de soluto e solvente: 10g
açúcar (considerando o açúcar como sacarose, de massa molar 342,3g/mol) e 100
g de água correspondem a:
10g.1 mol342,3 g=0,02921 mol de sacarose
á100g.1 mol18,02g=5,549 mol de água
Logo, a fração molar do solvente é:
áááxágua=náguanágua+nsacarose=5,549mol5,549mol+0,0292
1mol=0,995
Sua pressão de vapor, então, vai ser (considerando a pressão de vapor da água
pura a 20oC como 17,54 Torr):
ááP=xágua.Págua pura=0,995.17,54 Torr=17,45 Torr
Quando comparamos a pressão de vapor da água pura (17,54 Torr) com a pressão
de vapor calculada para a água em solução (17,45 Torr), percebemos que há um
ligeiro abaixamento da pressão de vapor.
Podemos ampliar essa diferença para todos os solventes e todos os solutos não
voláteis:
A adição de solutos não voláteis a um solvente diminui
sua pressão de vapor.
Essa propriedade se chama tonoscopia.
Observação: Embora as propriedades coligativas não se “importem” com o tipo
de soluto e sim com a quantidade deles, para a aplicação da lei de Raoult vamos
considerar apenas solutos não voláteis, pois são os solutos que não interferem na
pressão de vapor...
Soluções ideais x não ideais
 Soluções ideais: são soluções que obedecem à lei de Raoult em todas as
concentrações. Nessa solução as inteirações soluto-solvente são muito
parecidas com as soluto-soluto e solvente-solvente.
 Soluções não ideais: são soluções que não obecem à lei de Raoult em
alguma concentração de soluto.
Mas e na vida real?
As soluções reais podem ser consideradas ideais em concentrações de soluto
beem baixas!
Mas relaxa que, a não ser que o exercício indique, praticamente todas as soluções
são consideradas ideais.
Elevação do ponto de ebulição do solvente: Ebulioscopia
O ponto de ebulição de um líquido é a temperatura em que a pressão de vapor do
líquido se iguala a pressão exterior.
Vimos que a adição de partículas não voláteis em uma solução (ou seja, o
aumento da quantidade de soluto) diminui a pressão de vapor, né?
Com isso, olhando no gráfico abaixo, a curva “solução” é mais embaixo do que a
curva “solvente”, que representa o solvente puro.
Para que a pressão de vapor – agora mais baixa por conta do soluto – se iguale à
pressão exterior é necessário aumentar a temperatura, ou seja, um ponto de
ebulição maior.
A adição de partículas de solutos não voláteis, portanto,
aumenta o ponto de ebulição do solvente (propriedade
que se chama ebulioscopia).
Essa propriedade de fato é pouco intuitiva, mas a gente a usa bastante na vida
real.
Cozinhando macarrão, por exemplo, e colocando sal na água, estamos nos
aproveitando dessa propriedade. O sal (partícula de soluto não volátil) diminui a
pressão de vapor e aumenta o ponto de ebulição da água. Assim, a água pode
esquentar mais antes de evaporar e mais calor é passado para o macarrão antes da
água entrar em ebulição, o que acelera o tempo de cozimento.
Abaixamento do ponto de congelamento: Crioscopia
O abaixamento do ponto de congelamento é mais uma consequência do
abaixamento da pressão de vapor do solvente. Assim como o ponto de ebulição
muda, o ponto de congelamento também muda (e, consequentemente, o ponto
triplo), como podemos ver no gráfico:

A adição de partículas de solutos não voláteis à uma


solução diminui seu ponto de congelamento, e essa
propriedade se chama crioscopia.
Um exemplo prático acontece nos países onde neva: para derreterem a neve que
se forma nas ruas, jogam sal na neve. Esse sal funciona como o soluto não volátil
na solução, e, ao diminuir o ponto de congelamento da água, faz com que a neve
derreta.
E como a gente quantifica isso?
O aumento no ponto de ebulição pode ser calculado graças à proporcionalidade
dessa propriedade com a molalidade da solução.
ãDepressão do ponto de congelamento: ∆Tf=ikfbsoluto
Onde kf é a constante do ponto de congelamento, calculada experimentalmente
para cada solvente, bsoluto a molalidade da solução e i o fator de van’t Hoff.
O fator de van’t Hoff serve para solutos que são eletrólitos! Isso porque em
soluções de eletrólitos (como ácidos, bases e sais), os íons se comportam de
maneira diferente de solutos moleculares.
Por exemplo, para o HCl, que se ioniza em H+e Cl-, temos um fator de van’t
Hoff 2, equanto pra glicose (soluto molecular), o valor é 1.
Esse fator é uma medida experimental e vamos combinar uma coisa: toda vez
que o exercício não disser qual é o fator de van’t Hoff, pode considerar que é 1!
Um pouco confuso, mas se acalma que tem uns exercícios pra facilitar o rolê!
Osmose
Quando temos duas soluções de diferentes concentrações em contato através de
uma membrana semipermeável (que só deixa um dos componentes passar), o
solvente passa da solução mais diluída para a mais concentrada, com o objetivo
de igualar as concentrações!

A ideia, então, é que a diferença de concentração faz com que o


solvente passe da solução menos concentrada para a mais concentrada! Essa
passagem de solvente se chama osmose 😊
Pressão osmótica
A pressão osmótica é a pressão necessária para impedir
a osmose!
Ou seja, é a pressão necessária para deter o fluxo de solvente da solução menos
concentrada para a mais concentrada. A gente pode medir a pressão osmótica de
uma solução à partir da equação de van’t Hoff:
ãóPressão osmótica=π=iRTCsoluto
Onde R é a constante universal dos gases, T a temperatura, Csoluto é a
concentração molar de soluto em solução (não é a molalidade, é a molaridade!!)
e i o fator de van’t Hoff.
OBS: Assim como no cálculo do abaixamento do ponto de congelamento, o fator
de van’t Hoff é 1 para solutos moleculares e diferente de 1 para soluções com
eletrólitos fortes, por conta da interação entre os íons. Relaxa que o exercício vai
te dar esse valor e, se ele não der, pode considerar que é 1!
Assim, podemos ver que o aumento da concentração de
soluto na solução aumenta sua pressão osmótica –
propriedade chamada osmometria.
Osmose e pressão osmótica na vida: o caso das células
A propriedade coligativa mais importante é sem dúvida a pressão osmótica,
porque o funcionamento do nosso corpo depende dela!
As hemácias (células vermelhas do sangue, responsáveis por carregar oxigênio
para os tecidos) precisam estar num meio isotônico para funcionar
corretamente! Isso é: em um meio onde a concentração de soluto dentro da célula
é igual à concentração fora dela.
Se o meio for muiiito concentrado (hipertônico), a água sai de dentro da célula
(para tentar igualar as concentrações), e a célula murcha. É como se a célula
pensasse: tenho muito solvente em mim, e tá faltando solvente lá fora. Daí ela
manda tudo pro meio e fica murcha!
Já se o meio for muito diluído (hipotônico), a água entra na célula e pode a inchar
até que a parede celular se rompa! A água entra pela mesma razão, mas dessa vez
é o meio que acha que tem muita água nele e que ele precisa mandar essa água
pra célula.

Recapitulativo de todas as propriedades coligativas


O aumento do número de partículas não voláteis em uma solução...
 diminui a pressão de vapor da solução (tonoscopia)
 aumenta o ponto de ebulição da solução (ebulioscopia)
 diminui o ponto de congelamento da solução (crioscopia)
 aumenta a pressão osmótica da solução (osmometria)
O que é uma mistura binária?
Uma mistura binária é uma mistura homogênea de dois
componentes!
A gente já viu que um líquido entra em equilíbrio dinâmico com o seu vapor
depois de um tempo, né? A mesma coisa acontece quando temos uma mistura de
dois líquidos voláteis!
Por exemplo, quando fazemos uma solução de água com álcool, essa solução
também entra em equilíbrio com o seu vapor (e é importante perceber que esse
vapor também vai ser uma mistura de água + álcool).
Pressão de vapor da mistura
Vamos continuar com nosso exemplo de mistura água + álcool. Se essa mistura
for uma mistura ideal, sabemos que ela segue a lei de Raoult:
ááíáPágua=xágua na mistura líquida.Págua pura
Onde áxágua na mistura é a fração molar de água na mistura
líquida, áPágua pura é a pressão de vapor de água em uma solução composta
100% por água e áPágua é a pressão parcial de água no vapor em equilíbrio
com a mistura.
A gente sabe também que a pressão de vapor total de uma mistura é a soma das
pressões de vapor de seus componentes... logo:
ááááááPtotal=Págua+Pálcool=xágua(l).Págua pura+xálcool(l).P
álcool puro
E a fração molar dos componentes na fase gás?
Para achar isso, vamos precisar lembrar da definição de pressão parcial!
ãáááPressão parcial de água=Págua=xágua na fase vapor.Ptotal
ááPtotal=Págua+Pálcool
À partir daí você consegue juntar as duas equações e achar a relação que vai te
dar o áxágua na fase vapor!
OBS: Para simplificar a vida, vamos definir a notação ycomponente toda
vez que falarmos da fração molar na fase vapor!
áááááááááááyágua=PáguaPtotal=PáguaPágua+Pálcool=xágua.
Págua puraxágua.Págua pura +xálcool.Pálcool puro
Uma análise legal que sai à partir dessa fórmula é que o composto mais volátil
(com a maior pressão de vapor puro), vai ter uma maior fração molar na fase
vapor! Isso faz sentido, já que, se ele é mais volátil, ele tem uma maior
preferência pela fase vapor 😊
Diagramas de temperatura - composição
Como a pressão de vapor da mistura é diferente dos líquidos puros, o ponto de
ebulição da mistura também é diferente! Mas como a gente quantifica isso?
Para saber o que se passa quando tentamos ferver uma mistura, fazemos um
diagrama com a temperatura e a composição da mistura em um dos componentes.
Calma, é confuso de entender mas vamos por partes! O diagrama tem 3 áreas
bem definidas que delimitam as fases da mistura: líquido, vapor, e líquido +
vapor coexistindo.
As extremidades do gráfico (ponto de ebulição de B puro e de A puro) fazem
sentido se analisarmos que no eixo x é a fração molar de A! Se a fração molar de
A for 0, só existe B em solução, e a passagem da fase líquida para a fase vapor
vai ser feita na temperatura de ebulição de B.
A mesma coisa acontece se a fração molar de A for 1: só vai haver A em solução
e a transição de fase vai ser feita no ponto de ebulição de A.
A linha de baixo do gráfico é a linha que representa o ponto de ebulição da
mistura, ou seja, quando chegamos a essa temperatura formamos a primeira
bolha de vapor.
Vamos analisar com calma:
O ponto A do gráfico mostra a temperatura de ebulição da mistura de
composição xbenzeno=0,4. Nessa temperatura de ebulição se forma a
primeira bolha de vapor, e essa bolha tem a composição marcada no ponto B.
Ou seja, na temperatura de ebulição dessa mistura, o vapor tem
composição ybenzeno=0,75.

Analisando um outro diagrama, agora considerando uma


solução xmetanol=0,5. Na temperatura de ebulição da solução, ≅70,8oC, a
primeira bolha de vapor tem composição ymetanol≅0,62.
Misturas azeotrópicas
Como nem tudo é perfeito nessa vida, algumas misturas não seguem a lei de
Raoult por causa da interação entre os componentes e, portanto, não são ideais.
Essas misturas são chamadas azeotrópicas, e seus diagramas de equilíbrio
líquido-vapor são um pouco particulares.
 Azeótropo de ponto de ebulição mínimo:
É uma mistura que ferve em uma temperatura mais baixa que o ponto de
ebulição dos dois componentes!
Isso acontece porque as interações entre os componentes na solução é mais
fraca do que as interações deles sozinhos, e as forças intermoleculares na
solução acabam sendo mais fracas que nos componentes puros. É um desvio
positivo da lei de Raoult!
Na composição do ponto A (a composição do azeótropo), a mistura entra em
ebulição como se fosse uma substância pura, ou seja, a composição do líquido
e do vapor é a mesma.
 Azeótropo de ponto de ebulição máximo: a mistura na composição
azeotrópica tem um ponto de ebulição mais alto que ambos os constituintes, o
que constitui um desvio negativo da lei de Raoult!
Isso acontece porque as interações dos componentes na mistura é mais forte do
que quando eles estão sozinhos. Assim, as forças intermoleculares na mistura são
mais fortes do que as dos componentes puros.

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