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Disciplina: Direito Processual Civil

Professor: Murilo Sechieri


Aula: 34| Data: 08/05/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PROCESSO DE CONHECIMENTO
7. Fase Probatória / Instrutória
7.1. Teoria Geral da Prova

PROCESSO DE CONHECIMENTO

7. Fase Probatória / Instrutória

7.1. Teoria Geral da Prova


(Continuação)

 Ônus da Prova

Ônus é um imperativo do próprio interesse, ou seja, é a necessidade de se adotar certo comportamento como
requisito para obtenção ou conservação de alguma vantagem para o próprio sujeito onerado.

Não se confundem com dever, porque o descumprimento do dever acarreta sanção. Ex.: não é dever levar a
escritura de compra de imóvel a registro, é ônus (não há sanção se não levar).

No processo, para que as partes possam se beneficiar de vantagens do processo, devem se submeter ao ônus da
prova.

Aspectos do Ônus da Prova:

i- Subjetivo: é uma regra de comportamento probatório dirigida às partes e que indica o que cabe a cada uma delas
provar; Na verdade, trata-se de interesse, ainda que ela não tenha ônus, ela vai se esforçar para fazer a prova (o
que incentiva a parte a fazer a prova é o INTERESSE). – Ex. do réu no processo criminal que tem provas de sua
inocência, mas as abandona, porque pensa que cabe ao MP provar o crime;

ii- Objetivo: é regra de julgamento dirigida ao juiz a ser aplicada nos casos em que o acervo probatório do fato for
insuficiente para qualquer das versões apresentadas; Se o juiz não tem elementos, perde a parte que não se
desincumbiu do ônus.

Regras Gerais:

a- O autor tem o ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito;


b- O réu tem o ônus de provar os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor – é a chamada
defesa de mérito indireta (ex.: compensação).

EXTENSIVO REGULAR
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
Espécies de Inversão / Redistribuição do Ônus:

a- Inversão Convencional: é a que decorre de negócio jurídico entre as partes, celebrado antes ou durante o
processo (Art. 373, parágrafos 3º e 4º, CPC). – Não será admitida quando o direito for indisponível ou quando tornar
excessivamente difícil o exercício do direito pela parte;

b- Inversão Legal - Ope Legis: a própria lei inverte. O legislador não deixa margem ao juiz. – Ex.: art. 38, do CDC (é
sempre do fornecedor o ônus de provar a correção e a veracidade do anúncio publicitário).

c- Inversão Judicial - Ope Judicis: trata-se da verossimilhança das alegações, que é justamente o que ordinariamente
acontece.
Exs.: art. 6º, VIII, CDC (que também permite quando o consumidor for hipossuficiente); art. 373, §1º, CPC (que
trouxe a ideia de hipossuficiência, sem utilizar a expressão). – Ambas, então, têm a ver com hipossuficiência
probatória, ou seja, diante das peculiaridades do caso concreto, o juiz pode modificar ou inverter as regras do ônus,
em razão da impossibilidade ou grande dificuldade da parte para fazer prova de suas alegações ou, em razão da
maior facilidade para o adversário fazer o contrário. -> Ideias fundamentais: impossibilidade ou grande dificuldade
de produzir a prova; facilidade para o adversário provar o contrário.
Ex.: ação com pedido de dano moral contra companhia aérea, porque a aeromoça constrangeu a passageira com
ofensas verbais na frente de seus colegas de trabalho (a companhia aérea não tinha como fazer prova de que não
houve o constrangimento moral alegado, conquanto o consumidor tinha facilidade para prová-lo).

Obs.1: O §1º do 373, do CPC adotou a Teoria da Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova (que é inversão). O caput
do artigo adota a Teoria da Distribuição Estática.

Obs.2: A decisão sobre a redistribuição do ônus deve ser manifestada no saneamento e não será admitida quando
implicar na prova diabólica inversa (quando a parte a quem o juiz atribuiu o ônus não tiver condições de se
desincumbir dele).

Obs.3 - Art. 1.015, parágrafo 11, do CPC: Cabe agravo de instrumento da decisão sobre redistribuição do ônus –
Mas, são duas correntes (para uma, o agravo só tem cabimento quando for deferida; para a outra, o recurso é
cabível deferida ou não redistribuição).

STJ: A inversão do ônus não modifica as regras sobre antecipação das despesas com a prova. – Antecipa quem
requereu a prova.

Próxima aula: meios de prova.

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