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Fundamentos Legais da Investigação Particular

Estudo Dirigido

Referência: Aulas da disciplina e


obra: CANTO JÚNIOR, Maurício
Marques. Fundamentos Legais da
Investigação Particular. Curitiba:
InterSaberes, 2019.

Olá, prezados alunos. O estudo


dirigido é um pequeno resumo de
alguns dos temas tratados na
disciplina. Por se tratar de um
resumo, ele é apenas um
complemento. Estude pelas
videoaulas, textos e demais materiais
disponibilizados a você, de acordo
com a Rotina de Estudos entregue na
fase.

Sumário
(1) Busca da Verdade: o objetivo do detetive particular ......................... 2
(2) Atividade de Inteligência ................................................................... 3
(3) O Fenômeno Jurídico ........................................................................ 5
(4) A Profissionalização do Detetive Particular e Alguns Limites
Intrínsecos à Atividade ................................................................................... 6
(5) Limites Normativos Extrínsecos à Investigação Particular: ............... 8
(6) Segredos industriais e patentes ........................................................ 9
(7) Outras possibilidades de atuação ................................................... 11
(8) O contrato de prestação de serviços ............................................... 14
(9) O adimplemento integral na atividade investigativa particular ........ 16
( 1 ) Busca da Verdade: o objetivo do detetive particular
O investigador particular deve ter dentro de si a necessidade de
conhecer a realidade. Inclusive a existência humana é um reflexo dessa
intrínseca necessidade existencial. Citando Aristóteles: “Todos os homens
possuem, naturalmente, o desejo de conhecer”.
Nós seres humanos temos o desejo de conhecer a realidade e a
necessidade de aprender por nossa própria capacidade intelectual. Não quer
dizer que somos vaidosos, mas é uma questão de sobrevivência. Temos de
diferenciar os perigos das oportunidades, realizando cálculos, ponderando
riscos e benefícios e buscando uma situação confortável e digna.
A verdade é a adequação da consciência à realidade, portanto, é algo
essencial e uma necessidade primordial do ser humano. Como detetive, você
deve saber que seu verdadeiro trabalho é conhecer a realidade apreendendo
a verdade, e não somente se apegar a detalhes relacionados aos fatos.
Vale lembrar que o detetive particular é um usuário de técnicas
utilizadas na busca de dados e informações, ou seja, busca fatos que venham
a esclarecer o interesse do cliente. A atividade de detetive particular se
compõe do planejamento e coleta de dados e informações para produzir
inteligência, entretanto, devemos ter em mente que este profissional não é
considerado um agente do Estado, simplesmente porque a inteligência que
produz serve para atender aos interesses particulares do cliente, não da
segurança ou outros interesses do Estado.
O sucesso profissional do investigador não depende somente de
conhecer as melhores técnicas ou conhecer seu limite legal de atuação. Você
deve compreender que a sagacidade e o tirocínio são fundamentais para o
seu sucesso profissional, postas as limitações legais na sua atividade,
mormente o direito à privacidade e intimidade. Então, conhecer todos os
meios de adquirir informações é fundamental. Assim é fundamental
reconhecer a necessidade de angariar informações que não sejam explícitas
para o sucesso investigativo, especialmente emoções, que não são
facilmente controláveis pela fonte. Nesse sentido, perceber-se-á quando a
pessoa está mentindo, ou inventando uma história, por estar muito nervosa
ou contraditória. Além disso, aprenda a discernir se o nervosismo é causado
pela mentira ou, ao contrário, pela afeição passional em relação ao fato.
Portanto, conseguir angariar o máximo de informações possíveis, que não
são ostensivamente expostas, é uma capacidade fundamental do detetive
particular, posto estar limitado pelas condições de privacidade e intimidade
da fonte.

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Além disso, na atividade de investigação a discrição é primordial, pois
se o objeto de investigação souber que está sendo sondado poderá modificar
a sua conduta e impedir o conhecimento de seu real comportamento. Para o
detetive passar desapercebido, deve utilizar a mesma vestimenta das
pessoas que estão inseridas no ambiente no qual ele está investigando.
Podemos concluir que o detetive deve compreender que sua
atividade envolve a produção de inteligência, portanto, não é simplesmente a
reunião de dados, informações e fatos a serem relatados e apresentados ao
cliente. Reconheça ainda seus limites legais a fim de evitar problemas
desnecessários e prejudiciais à sua imagem. Leia este breve diálogo neste
sentido, e aplique-o em sua atuação profissional:
— Você não vai rastrear o veículo dela, detetive?
— Carlos, veja que isso seria ilegal por invadir a privacidade
e a intimidade. Só atuo dentro da lei e da ética
profissional, portanto, não emprego rastreamento, a não
ser no veículo que comprovadamente pertença ao
próprio cliente, mediante termo de compromisso.
— Mas é a minha namorada. Meu primo está estudando
para ser detetive e diz que pode rastrear. Se você não
fizer, procuro alguém que faça.
— Lamento não poder ajudá-lo.

( 2 ) Atividade de Inteligência
A Lei 13.432/2017 reconhece a profissão do detetive particular e
estabelece contornos à atividade. No seu art. 2º, diz que a realização da
atividade do detetive particular consiste na compreensão das necessidades
de seu cliente e na sua capacidade de planejar e coletar dados e informações
que visem ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do
contratante. O detetive deve formar inteligência para o adimplemento do
contrato de serviços de investigação, lembrando sempre que dados são
necessários, mas não são suficientes para cumprir com a atividade de
investigação. É preciso que os dados sejam transformados pela inteligência
em informação com significado prático com base naquilo que o cliente
procura.

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Assim, a Inteligência deixa de ser uma questão relativa à penetração
de segredos e passa a ser uma questão de como capturar, de forma rápida,
legal e eficiente (barata), todas as informações necessárias à decisão, seja
no âmbito das empresas, de indivíduos ou, na esfera pública, do governo. Se
no passado o secretismo e a restrição ao conhecimento representavam
vantagem, no novo padrão a abertura e a flexibilidade passam a ser a nova
regra do jogo. Para que o resultado final da atividade de inteligência
apresentado ao cliente seja considerado adequado em sua apresentação,
devem ser compreendidos os seguintes princípios básicos:

 CLAREZA: A informação deve poder ser compreendida


pelos destinatários.
 AMPLITUDE: A informação deve ser a mais ampla possível
dentro do desejado.
 IMPARCIALIDADE: A informação deve ser apresentada sem
subjetivismo ou distorções com base em ideias
preconcebidas.
 OBJETIVIDADE: A informação deve ser produzida de modo
a atender ao objeti-
vo proposto.
 UTILIDADE: Os dados
devem ser apresentados de forma útil.

O detetive particular, além de segurança e clareza, deve ter amplitude,


buscando tratar a situação de todos os ângulos, bem como
imparcialidade e objetividade, ou seja, suas inclinaç ões não devem
interferir no processo. Já a oportunidade refere -se ao atendimento do
prazo estipulado em contrato. A utilidade e a exclusividade se referem a
qualidade do produto final que será apresentado ao cliente.

Assim, a atividade do investigador particular depende da habilidade


de coletar dados e informações para gerar o conteúdo a ser disponibilizado
ao cliente. Podemos dizer que o detetive é um pesquisador que produz
inteligência por meio da coleta de dados e informações uma vez que
compreende a necessidade de seu cliente.

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( 3 ) O Fenômeno Jurídico
Devemos saber claramente o que significa o direito — que é o que
pode ser visto como correto. Por exemplo, quando você compra algo, este
ato (de comprar) é um ato jurídico. Para compreender melhor esse
significado, sempre pense em algo obrigatório. Se você pagar pela compra,
o vendedor lhe entregará o produto.
O ser humano é um ser social que precisa viver em sociedade. Não
somos iguais, mas, são nossas diferenças que nos unem e nos acrescentam.
Todos somos contra a violência, o crime e o ódio, e isso é ser normal, ou seja,
ser normal é viver em função de uma norma que determina o nosso
comportamento considerado como normal. A norma é um fenômeno jurídico,
ela determina o que é considerado normal ou o que deveria ser. Por exemplo,
as pessoas não deveriam roubar. Se roubam, devem ir para a cadeia. Aquilo
que deve ser normativamente reflete na noção social de ordem, o que a vida
em sociedade exige. A ordem é um valor como a justiça e a paz. Dessa
maneira, o Direito existe como fenômeno normativo para preservar
determinados valores como a ordem, a paz e a justiça.
O Direito busca a promoção da ordem ao mesmo tempo em que
afirma que os conflitos devem ser resolvidos sem violência, ou seja,
remetendo à paz. Então, os conflitos, quando houver, devem ser resolvidos
atendendo às expectativas e aos interesses justos dentro de uma
comunidade, de um determinado local e em certo período de tempo — o fazer
justiça. A paz não quer dizer que há ausência de conflitos, mas significa a
resolução dos conflitos sem violência ou imposição de força. Por sua vez, a
justiça é um termo conflituoso. Trata-se de uma solução que atende à
moralidade de uma determinada sociedade. Já a ordem é a existência de um
procedimento, protocolo, meio, conjunto de atos que tem o objetivo de
solucionar problemas trazendo segurança aos envolvidos.
Resumindo, o Direito é um fenômeno normativo (determina o que
deve ser) que busca preservar os valores considerados como essenciais
dentro de uma sociedade (paz, ordem e justiça), em função da cultura que
cultive (por isso, cultura de valores). O que deve ficar claro é que a norma
sempre resultará em uma consequência, ou seja, uma sanção, seja ela
positiva ou negativa. Sanção positiva é a desejada pelo agente, conhecida
também como sanção premial, e a sanção negativa é chamada de pena, que
não necessariamente é a prisão. Por exemplo, a decretação da invalidade de
um determinado ato ou contrato é uma pena por descumprimento de algum
requisito de validade deste.
Não devemos nos esquecer que o fenômeno jurídico é a
consequência da organização social. A vida em sociedade determina nossos

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comportamentos necessários (permitidos, obrigatórios ou proibidos), sempre
realizando a paz, a ordem e a justiça.

( 4 ) A Profissionalização do Detetive Particular e Alguns


Limites Intrínsecos à Atividade
A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) tem a função de
ordenar as possibilidades de exercício profissional remunerado das
atividades. Ela categoriza os níveis de tributação, legislação, sindicalização e
controle atendendo a várias funções dentro da organização estatal. A
Classificação Brasileira de Ocupações prevê, na sua classificação de código
3518-05, as competências laborais do detetive particular, mas junto com ele
também as atribuições do investigador de polícia e do papiloscopista policial.
Assim, nem todas as atividades previstas no código podem ser executadas
pelo detetive particular, pois algumas das competências ali previstas são para
as outras atividades no mesmo código. Por exemplo, os detetives
particulares terão competência para, elaborar perícias de objetos,
documentos, planejar investigações, registrar informações em laudos,
boletins e relatórios, não detendo os poderes previstos aos delegados de
polícia, como o resgate de reféns, e papiloscopistas que prestam serviço ao
Estado.
Nunca devemos esquecer: é vedada ao investigador particular a
investigação de crimes. Ele somente pode participar de uma investigação até
o momento em que souber que houve um crime. Havendo prova de existência
de um crime e indícios de autoria, deve-se notificar a delegacia de polícia.
Somente depois disso o detetive pode requerer a devida autorização do
cliente para participação e colaboração na investigação policial, desde que,
claro, o delegado de polícia autorize.
As limitações legais devem ser compreendidas pelo investigador
particular para que conheça quais atividades pode exercer e não venha a
cometer nenhum ato ilícito na sua jornada profissional.
Além das limitações legais para o investigador particular,
juridicamente deve estar claro que ele realiza uma prestação de serviço.
Nesse sentido, esse profissional está submetido ao Código de Defesa do
Consumidor (CDC) na relação com seus clientes. Assim, tem a obrigação,
entre outras, de ser claro em todos os aspectos do serviço que irá prestar,
como os riscos envolvidos e a não garantia de resultado, sob pena de ter de
indenizar por danos ou resultados indesejáveis — mesmo que possíveis —
se não esclarecidos verbalmente e expressos em por escrito (no contrato, por

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exemplo). Informar claramente o cliente não é só questão de cumprir a lei, é
agir com zelo e se resguardar.
Não basta somente manter o cliente informado. O detetive deve
demonstrar a importância de minudenciar os riscos da atividade investigativa
para o seu cliente, ou seja, ele deve especificar todos os resultados possíveis
em contrato, de modo a esclarecer dos riscos da atividade.
Considere um contrato de prestação de serviço que previa a
localização de uma pessoa, prevendo o resultado final (localização), mas sem
especificar que não havia garantia de realmente encontrá-la; neste caso,
mesmo que o detetive envidasse os melhores esforços, se não encontrasse
a pessoa, poderia ouvir a recusa de pagamento por parte do cliente (invocado
a exceção de contrato não cumprido) e eventualmente ter de responder por
danos morais pela expectativa criada e não cumprida.*1
Além dos riscos da atividade investigativa, há ainda os riscos
inerentes a uma investigação particular. Esses riscos envolvem tanto
questões jurídico-legais, a responsabilidade subjetiva do detetive particular,
como também pessoais, pois o cliente poderá receber informações e
inteligência sobre fatos que não desejaria que fossem verdadeiros. Vale
lembrar que, apesar de presumida a vulnerabilidade do consumidor, a devida
informação sobre os riscos da investigação suprem essa vulnerabilidade.
Nesse sentido, os riscos na prestação do serviço pelo profissional
liberal são por este assumidos, cabendo informar ao cliente que eventuais
danos decorrentes da investigação poderão ser invencíveis, tendo o detetive
particular a responsabilidade de meio, ou seja, de realizar a investigação
utilizando-se das melhores técnicas disponíveis. É possível que ocorram
resultados, decorrentes da própria atividade de investigação, que não sejam
desejados ou mesmo causem danos ao cliente, sendo que nem sempre o
investigador será responsabilizado legalmente por eles. O detetive particular
será ou poderá ser responsabilizado, por exemplo, tendo de pagar
indenização, em algumas hipóteses, dentre as quais destacamos:
(i) quando deixar de informar adequadamente sobre os riscos da
investigação e estes vierem a se concretizar;
(ii) quando deixar de utilizar as melhores técnicas disponíveis para a
realização do seu trabalho;

1*
Em eventual processo iniciado por qualquer das partes a esse respeito, o
detetive poderia arguir que se presume que o resultado não é garantido pela própria
natureza do trabalho. No entanto, melhor é prever desde logo em contrato (como cláusula
padrão, inclusive) e se resguardar de situações incômodas tão facilmente evitáveis.

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(iii) quando agir com dolo ou com culpa (sendo negligente,
imprudente, imperito).
Portanto, caso o detetive particular prometa resolver o caso trazido
pelo cliente, ele torna-se responsável pela sua declaração. Então ele não
deve prometer um resultado, porque se realizar essa promessa tornar-se-á
pessoalmente responsável pela consecução do objetivo; se não cumprir, terá
realizado propaganda enganosa, atividade vedada perante o Código de
Defesa do Consumidor.

( 5 ) Limites Normativos Extrínsecos à Investigação


Particular:
Os limites normativos extrínsecos à investigação são os limites que o
direito impõe a qualquer atividade profissional não se restringe aos detetives
particulares, por isso, são de conhecimento obrigatório já que são virtudes
para o profissional que deseja evitar o cometimento de crimes ou atos ilícitos
no exercício de sua profissão. Limites extrínsecos importantes são: direitos
humanos; sigilo das informações obtidas e a questão da validade das provas;
e o Direito à intimidade e à privacidade.
Devemos nos atentar ao que está previsto Declaração Universal dos
Direitos Humanos em seu art. 12: “Ninguém será sujeito a interferências na
sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem
a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da
lei contra tais interferências ou ataques.” O detetive particular deve respeitar
o direito fundamental à intimidade e, assim, colher informações sem violar a
esfera privada dos indivíduos. Modos de coletar informações de uma pessoa
sem violar sua intimidade são, por exemplo, a escuta ambiental e o exercício
da investigação em lugares de acesso público. É necessário frisar que, dado
o fato de que seja possível coletar dados e informações disponibilizados em
condutas realizados em público, isso não significa que essas informações
possam ser publicadas, especialmente se ofenderem a honra e a reputação
do objeto de investigação.
Não existem direitos absolutos e, havendo conflito com outros
direitos, poderão ser sopeados, considerando sempre as leis vigentes e mais
recentes decisões judiciais para dirimir dúvidas.
Temos a questão do sigilo das informações obtidas e a validade das
provas, o que acaba por gerar dúvidas: como saber se são válidas as provas
geradas durante a execução da atividade de detetive particular?

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Para serem válidas, as informações devem ser obtidas sem violar
quaisquer direitos, como à privacidade e à intimidade. Sendo os atos
investigativos realizados em locais públicos ou abertos ao público, e as
informações adquiridas sem violência ou engodo, todas as provas coligidas
poderão ser utilizadas em processos judiciais. Mas o detetive deve ser
cauteloso ao analisar os serviços solicitados pelo cliente. Por exemplo, se um
possível cliente quer que o profissional angarie documentos de seu
empregador por meio de invasão ao sistema da empresa ou computador
pessoal do empregador, o profissional não deve aceitar, mesmo que tenha
tal conhecimento informático, pois é evidente que o investigador particular
estaria cometendo um crime de violação de privacidade, estando sujeito a
penas diversas que dependerão do ato e de suas consequências, inclusive
se houver a publicação dos dados. Esse crime está tipificado em nosso
Código Penal no art. 154-A.
O detetive deve saber que o direito à intimidade decorre da
compreensão da intrínseca dignidade do indivíduo, um direito humano
fundamental. Assim, o reconhecimento (e prática) do direito à privacidade e
à intimidade é necessário, pois seu desrespeito pode causar danos às
pessoas e, consequentemente, imposição de penalidade ao detetive
particular (por exemplo, imposição judicial de indenização, ou mesmo
ajuizamento de ação criminal).
Aqui relembramos alguns dos limites extrínsecos à atividade e os
problemas que podem ocorrer na busca por dados e informações.

( 6 ) Segredos industriais e patentes


Se uma empresa deseja aprimorar a segurança estratégica de suas
operações, pois suspeita que empresas concorrentes estejam furtando
segredos industriais seus, pode procurar o trabalho de um investigador. O
detetive particular pode especializar-se em reconhecer a existência de
segredos industriais em uma empresa, podendo sugerir ao contratante que
patenteie as suas invenções ou modelos de utilidade, para obter a proteção
legal do Estado.

As principais distinções entre a patente e o segredo industrial consistem


em que, naquela, existe a exclusividade de exploração, mas sua
vigência tem um tempo determinado de acordo com modalidade
estabelecida pela lei 9.279/1996. Por isso é dotada de proteção legal,
podendo, ainda, ser feita venda, cessão ou aluguel. Já no âmbito do
segredo industrial o tempo de permanência é mantido em sigilo, pois

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dependerá da forma que ele será guardado, há o risco de terceiros
chegarem à ideia e não há garantia de proteção deste.
Fonte: GOMES DA SILVA, Clarisse. Patente e segredo Industrial: similitudes e distinções
entre os institutos. Migalhas, 30 nov. 2015. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI230674,101048-
Patente+e+segredo+Industrial+similitudes+e+distincoes+entre+os>. Acesso em: 03 abr.
2019.

Além da possibilidade de investigar a própria empresa a fim de


identificar possíveis espiões, o detetive pode constatar a existência de
projetos e invenções que sejam passíveis de patente. Por exemplo, uma
empresa procura um detetive particular para a investigação de possível
vazamento de segredos industriais, muitos deles ainda não patenteados. Ao
realizar a negociação, a empresa considera os preços muito altos, apesar da
segurança na qualidade do trabalho que será realizado. Para o detetive
garantir a conclusão desse acordo e a assinatura do contrato de maneira
convincente para que a empresa contrate seus serviços, pode argumentar
que o investimento realizado na solução dessa investigação poderá estancar
os prejuízos decorrentes da possível espionagem. (Ou seja, uma questão
econômica: a contratação não será um gasto, mas um investimento.)
Não podemos nos esquecer de que vivemos na era da informação e
temos as ameaças cibernéticas com ataques autopropagados, como o
WannaCry, por exemplo, que é capaz de infectar computadores mesmo sem
o usuário clicar em um link. De fato, os últimos dois anos foram marcados por
vários casos de sequestro de dados (ransomware) que paralisaram sistemas
de computação e mantiveram empresas inoperantes (offline) durante
semanas. Apesar da crescente propagação das ameaças e dos ataques,
muitas organizações afirmam que ainda não definiram uma estratégia para a
área de segurança da informação. O detetive particular pode contribuir em
uma situação dessas a partir da detecção de fragilidades (riscos de
vazamento de informações e falta de backups, por exemplo) e planejamento
de ações de segurança e prevenção, sendo ideal, no tocante à parte
informática, deter certo nível de conhecimento técnico. Esse profissional
poderia realizar análises sobre as maiores fragilidades existentes em uma
empresa. Por mais que o assunto seja extremamente técnico e
computacional, já é sabido que muitos vazamentos de informação podem
ocorrer por falta de planejamento básico.

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( 7 ) Outras possibilidades de atuação
Outra atividade que pode ser executada por um detetive é a atividade
do regulador de sinistros, responsável pela investigação das causas de
determinado acidente. As conclusões do regulador de sinistro podem levar à
recusa do pagamento de prêmio para o segurado, gerando graves
consequências jurídicas. Podendo trabalhar por conta própria ou mesmo
empregado, realizam uma atividade relevante no meio social. As atividades
de investigador e regulador de sinistros se coadunam em grande medida,
permitindo que o detetive particular execute atividades pertinentes à
regulação de sinistros. Sendo possível a sua atividade por conta própria,
contratado pela empresa seguradora ou mesmo pelo proprietário do bem,
especialmente no caso de empresas, a capacidade de planejar e colher
dados e informações para esclarecimento de assunto de interesse privado do
contratante é especificamente a atividade primordial do detetive particular,
que pode, portanto, atuar como regulador de sinistro.
Para resumir a atividade:
“Na maioria das seguradoras, a Regulação de Sinistros segue um
rito tradicional.
Ele tem início com o Aviso de Sinistro do segurado à seguradora,
passando depois por três etapas: a) apuração de danos, que busca a
comprovação dos danos e as circunstâncias de sua ocorrência para que
se possa levantar as causas, a natureza e a extensão; b) análise, que
examina detalhadamente os laudos de vistoria e outros documentos
bem como a apólice para verificar o que está coberto e se há riscos
excluídos (não cobertos) e c) encerramento, com o pagamento da
indenização ao segurado ou negativa de indenização, cabendo a
seguradora fazê-lo de forma justificada.”
Fonte: TUDO SOBRE SEGUROS. O que é como se processa a regulação de sinistros.
Disponível em: <www.tudosobreseguros.org.br/o-que-e-como-se-processa-a-regulacao-
de-sinistros>. Acesso em: 03 abr. 2019.

O detetive particular será um profissional liberal, mas ele deve


conhecer as possibilidades de exercer profissões correlatas dentro de uma
empresa, por exemplo, a de regulador de sinistros. Portanto, o âmbito
empresarial oferece várias possibilidades para o detetive particular.
Conhecemos oportunidades de trabalho para o detetive na seara
empresarial, mas temos de conhecer as oportunidades existentes na seara
das relações pessoais, considerada frágil e delicada. Por exemplo, para um
casal interessado em comprar uma casa, o detetive particular pode se revelar

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útil; para ter certeza acerca dos documentos para que a compra seja segura
e válida, o detetive particular irá verificar a validade dos documentos, acessar
os tabelionatos na busca das informações necessárias e depois apresentá-
las ao cliente. A investigação nesse âmbito passa pela idoneidade da pessoa
por meio de coleta de dados e informações de antecedentes criminais e civis
nos órgãos e fóruns respectivos. Nesta situação, o detetive pode trabalhar
para advogados na seara do direito real, na busca da documentação
necessária para a comprovação da propriedade de algum bem imóvel.
O investigador pode atuar na localização de pessoas desaparecidas
com o resultado de reunir famílias, amigos, parentes. Aqui o único problema
será se a pessoa que se pretende encontrar, ainda que não tenha cometido
nenhum crime, não quiser ser encontrada. Caso o detetive particular
denuncie a localização atual, deverá ter feito constar no contrato de
investigação que quaisquer consequências jurídicas deverão ser arcadas
pelo contratante, seu cliente, e ainda assim correrá o risco de sofrer processo
judicial. Há a necessidade de expressa de previsão contratual para que
o cliente, não o detetive, seja responsabilizado pelas consequências de
localizar uma pessoa que não deseja ser encontrada. Além disso, o detetive
particular não é obrigado a conhecer e realizar a vontade da pessoa
encontrada, então, ao localizá-la e informar diretamente ao cliente, não terá
cometido nenhum ilícito punível. Enfim, nesse âmbito há diversas
oportunidades de atuação licita para o detetive particular.
Fala-se muito em violência doméstica, que aflige milhares de pessoas
no país, sendo um problema que poderá ser enfrentado por meio da
investigação privada. Considere que uma cliente resolve contratar um
detetive particular para tratar sobre a produção probatória da violência que
ela teme sofrer dentro de casa. Numa situação dessa natureza, recomenda-
se que sejam utilizados gravadores de áudio e de vídeo para registro. Eles
poderão trazer a segurança jurídica necessária (na produção probatória) em
casos dessa natureza. Lembrando que a gravação de uma conversa ou
outros atos pela própria pessoa envolvida é lícita, especialmente para fins de
defesa.
Outra atuação do detetive no âmbito familiar está a investigação de
filhos. Em 13 de março de 2019, um massacre cometido por menor de idade
dentro de um colégio em Suzano/SP nos leva a pensar na responsabilidade
dos pais. Legalmente, os pais respondem pelos atos de seus filhos menores.
Diz o art. 1.630 do Código Civil: “Os filhos estão sujeitos ao poder familiar,
enquanto menores”; e o art. art. 932 do mesmo código: “Art. 932. São também
responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que
estiverem sob sua autoridade e em sua companhia”.

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Por isso, a possibilidade e necessidade de investigação do
comportamento dos filhos aflige os pais que possuem o poder familiar.
Há alguma distinção na investigação de filhos menores de idade e de
filhos maiores. Para os filhos menores, que possuem menor amplitude de
direitos à privacidade e intimidade, especialmente quanto ao controle das
pessoas com as quais o menor se relaciona, das suas atividades sociais e do
uso de meios de comunicação, como a internet. Já em relação aos filhos
maiores, aplicam-se todas as restrições que existem para a investigação de
quaisquer indivíduos, atendendo-se aos plenos direitos de privacidade e
intimidade.
Quanto à investigação de empregados a pedido de empregadores,
inclusive domésticos: todos estão submetidos ao poder disciplinador do
empregador. Se houver a necessidade de investigação do comportamento
imoral do empregado, existem limitações legais várias. É permitido o acesso
completo aos e-mails institucionais, isto é, da conta fornecida pela empresa,
mas é proibido o acesso a redes sociais e a revista de bolsas e pertences,
sempre respeitados o direito à dignidade, privacidade e intimidade. Ademais,
o detetive pode se infiltrar no ambiente para obter provas, e no ambiente
doméstico, assim como no empresarial pode mesmo haver a instalação de
câmeras ocultas a mando do proprietário e possuidor do imóvel que deseja
monitorar o trabalho de seus empregados; sendo vedado, no entanto, o
monitoramento de locais íntimos e privados, inclusive pela ética profissional,
ainda que na residência ou estabelecimento do cliente.
Frise-se: o detetive não tem o poder de realizar interceptação
telefônica, nem de abertura de sigilo bancário, fiscal ou telefônico, pois que
são concedidos, em regra, a órgãos públicos, e dependem de autorização
judicial.
Caso colabore em investigação criminal sob autorização da
autoridade policial, o detetive particular pode tão somente realizar os atos de
investigação permitidos pelo delegado responsável pelo caso. Inclusive, nem
mesmo o próprio delegado poderia realizar interceptação telefônica, abertura
de sigilo bancário, fiscal ou telefônico sem prévia autorização judicial, porque
estaria violando a privacidade e intimidade do objeto de investigação,
conforme a Constituição. Também, a própria legislação do detetive particular,
lei nº 13.432/2017, expressamente proíbe a participação direta do detetive
particular em diligências policais (art. 10, inc. IV). Note-se que o Provimento
n. 188, de 31 de dezembro de 2018, do Conselho Federal da OAB, prevê a
realização de investigação defensiva por parte dos advogados, prevendo
expressamente a contratação detetives particulares. Isso não modifica as
limitações para interceptação telefônica e sigilo bancário ou fiscal, mas
aumentam o leque de opções de trabalhos dos detetives particulares.

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( 8 ) O contrato de prestação de serviços
O detetive particular é um profissional liberal, por isso ele deve
expressar de forma escrita sua prestação de serviço, por meio de contrato. O
contrato é um instrumento que determina os direitos e obrigações das partes
(o contratado e o contratante), no qual existem vantagens para ambas as
partes. Nesse contrato haverá a previsão de pagamento, se em parcelas ou
à vista, bem como, se será em depósito bancário ou em espécie no escritório
do detetive com emissão de recibo. Todas as cláusulas devem ser expressas
em contrato, e o interessado deve ser informado antecipadamente à
finalização da contratação que o detetive somente recebe o pagamento em
espécie. Uma observação: caso o contrato preveja várias parcelas para
pagamento em espécie no escritório, mas o cliente pague no banco sem que
o detetive se oponha aos vários depósitos feitos, não poderá, depois de várias
parcelas pagas via banco, exigir o cumprimento do contrato. Sua aceitação
de comportamento diverso do contrato torna aquela parte do contrato
inexigível. Isto é o que diz o direito, válido não só para a relação do detetive
particular com seu cliente, mas para contratos de forma geral: a permanente
inexecução de um contrato (total ou parcialmente) o torna inexigível naquilo
que não foi exigido em tempo razoável. (É isso que afirma a suppressio, um
instituto legal que é desdobramento da boa-fé).
A conduta reiterada de uma das partes, aceita por outra, consegue
gerar a mudança das cláusulas avençadas. Um exemplo, como estamos
tratando: ao receber os primeiros, digamos, seis pagamentos sem opor a
mora ao devedor (sem reforçar a obrigação de que o contratante deveria
pagar diretamente no escritório), o contratado, detetive particular, perdeu o
seu direito de exigir o pagamento conforme combinado no contrato original.

O cliente não tem dinheiro, mas oferece um piano que tem


em casa para pagar pela investigação. O detetive pode aceitar?
(Imagem: AliExpress, caixa de música de piano branco de artesanato)

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No quesito pagamento de uma investigação, o detetive pode
aceitar objeto diverso caso o cliente não possa pagar monetariamente. O
cliente pode dar um carro como pagamento, desde que acordado pelas
partes. É possível que o pagamento, ou parte dele, seja feito com um piano
usado, ou o que for. Aprendemos que o contrato é uma negociação livre entre
pessoas plenamente capazes, que necessitam apenas tratar de um objeto
lícito (investigação).
Além disso, havendo boa-fé objetiva, e atendendo à função social do
contrato, quaisquer avenças que sejam de interesse de ambas as partes, e
que não contrariem expressa disposição legal, poderão ser realizadas.
O contrato pode ser resolvido (extinto) se, por acontecimento
extraordinário e imprevisível, se tornar excessivamente oneroso para
qualquer das partes. Se houver onerosidade excessiva, sem culpa de
qualquer uma das partes, possível solução está prevista no art. 478 do
Código Civil, que reza: “Nos contratos de execução continuada ou diferida,
se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato.”
O investigador também pode ter um cliente que venha a se
arrepender da contratação de seus serviços. No contrato deve existir a
cláusula que irá prever a possibilidade de arrependimento. Considere, por
exemplo, o cliente que assinou o contrato e, chegando em casa, arrependeu-
se de ter contratado, requerendo sua extinção imediata. Com a previsão de
cláusula específica que assim verse, o detetive particular não deverá devolver
o valor recebido como sinal de negócio, porque o art. 420 do Código Civil
prevê que o pagamento de arras, sinal ou adiantamento, tem função
indenizatória. Assim, se o cliente desistir do negócio, as arras já pagas
representam a indenização pela perda da expectativa gerada na formação do
contrato.
No contrato, o cliente deve ser devidamente informado dos riscos
inerentes à atividade de investigação, realizável pelo termo de consentimento
esclarecido. Por exemplo, se existirem custos de deslocamento, quando
houver, as condutas contratuais do detetive particular devem ser previstas
em contrato, com previsão de ressarcimento de gastos extraordinários se
houver situação que extrapole o esperado. Todas as obrigações financeiras
devem ser devidamente previstas em contrato, sob pena de surgirem conflitos
na relação contratual e se impedir a satisfação do cliente, objetivo primordial
de um profissional liberal. Então, eventuais gastos extraordinários devem ser
previstos em contrato ou por meio de aditivos contratuais.

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Por fim, o contrato é, sem dúvida, o primeiro e imprescindível
instrumento a ser utilizado pelo detetive, com o qual garante a segurança
jurídica na prestação do serviço ao seu cliente e estabelece as diretrizes do
trabalho e os direitos e obrigações das partes.

( 9 ) O adimplemento integral na atividade investigativa


particular
O detetive particular realiza uma atividade sensível, na qual a colheita
de dados e informações pode afetar terceiros, que não são objeto de
investigação, mas estavam no local dessa colheita. Sempre devemos levar
em consideração a situação de vulnerabilidade do contratante, cliente e
consumidor dos serviços a serem prestados. O detetive particular deve
cercar-se das proteções técnicas e jurídicas para evitar processos por
invasão de privacidade e intimidade de pessoas que nem estavam envolvidas
na investigação, apenas estavam em plano de fundo de fotografias. O
detetive particular deve ter o cuidado de apagar quaisquer informações
colhidas na investigação que não digam respeito aos assuntos de interesse
particular do cliente, especialmente quando as terceiras pessoas no material
estiverem realizando alguma ação que possa comprometê-las. Todavia, se o
cliente, por qualquer motivo, quiser publicar os dados e informações sob
responsabilidade própria, o risco de haver informações sobre terceiros não
pode ser desprezado, devendo constar em contrato que a responsabilidade
pela publicação desse material será exclusiva do cliente.
O investigador poderá ter casos de inadimplemento do contratante.
Para evitar-se a dificuldade de comprovar o montante a ser indenizado,
poderá o contratado optar pela cláusula penal, conforme entendido pelo
Superior Tribunal de Justiça: “A finalidade da cláusula penal compensatória é
recompor a parte pelos prejuízos que eventualmente decorram do
inadimplemento total ou parcial da obrigação.” (REsp 1.335.617-SP, Rel. Min.
Sidnei Beneti, julgado em 27/3/2014 (Informativo nº 540/STJ). Esta cláusula
penal deve ser inclusa no contrato de investigação privada porque determina
o valor devido pelos prejuízos advindos no inadimplemento pelo
contratante. Tendo certeza do valor a ser pago, não precisará comprovar
cada um dos prejuízos sofridos em eventual ação indenizatória, facilitando o
reconhecimento da quantia devida.
Além de todo o conhecimento que apresentamos até aqui que devem
nortear a atividade do detetive, ele tem a obrigação de conhecer os riscos de
sua profissão, inclusive tendo o direito de “renunciar ao serviço contratado,
caso gere risco à sua integridade física ou moral”, conforme expressa

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disposição legal do inc. III do art. 12 da lei 13.432/2017. Há ainda a previsão
legal do parágrafo único do art. 8º, que diz: “É facultada às partes a
estipulação de seguro de vida em favor do detetive particular, que indicará os
beneficiários, quando a atividade envolver risco de morte.” Neste caso,
caberá ao contratante a decisão de pagar pelo seguro de vida. Por isso, e até
para diminuir os custos individuais de cada contrato avençado, é
recomendado ao detetive particular já possuir um seguro de vida permanente.
Ao detetive particular é previsto em lei no art. 9º, inciso. I, da lei n.º
13.432/2017, é obrigação do detetive particular entregar relatório
circunstanciado, contendo, dentre outros elementos, os procedimentos
técnicos adotados na investigação privada. Nesse quesito, no entanto, é
imperioso destacar que o detetive não deve minudenciar as técnicas
utilizadas para a captação de dados e informações. Ele não é obrigado a
fazê-lo, por comporem os seus segredos técnicos, que poderão ser
indevidamente repassados a terceiros. Bastará o contratado, detetive,
informar que conseguiu, por exemplo, fotografar, ou realizar escuta
ambiental, mas apenas explicitando o instrumento e o resultado, de maneira
a ser transparente, mas nunca os meios que utilizou para realizar a
investigação. Já o inciso II do art. 9º impõe ao detetive particular a obrigação
de, no relatório circunstanciado, elaborar “a conclusão em face do resultado
dos trabalhos executados e, se for o caso, a indicação das providências legais
a adotar”. Este é o momento mais relevante da prova de adimplemento do
contrato avençado, uma vez que a produção de inteligência supera o mero
agrupamento de dados e informações, pois além de trazer provas sobre a
realidade, deverá impor uma interpretação que traga sentido e possa orientar
a conduta do cliente. Afinal, a realização final, o adimplemento definitivo
do trabalho do detetive particular, está na capacidade de esclarecer
assuntos de interesse privado do contratante. Se, ao final do contrato,
o cliente não perceber que houve um aclaramento de sua consciência
em relação aos assuntos trazidos à investigação, não notará a
relevância do trabalho realizado pelo detetive particular e, insatisfeito,
deixará de recomendar novos clientes ou realizar novas contratações.

Por aqui terminamos este estudo.


Desejamos sucesso!
Daniele Assad
Tutora da graduação em Investigação Profissional

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