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Aula 06

Realidade Étnica, Social, Histórica, Geográfica, Cultural, Política p/ PC-GO (Todos os


Cargos)

Professor: Leandro Signori


Realidade de Goiás e do Brasil para a Polícia Civil de Goiás Delegado
Prof. Leandro Signori

AULA 06 – Formação econômica de Goiás

Sumário Página

1. Goiás antes da mineração 2

1.1 As Bandeiras do Anhanguera Pai e Anhanguera Filho 3

2. A exploração do ouro 4

3. A criação da estrutura administrativa 6

3.1 Os impostos 7

3.2 O controle das minas 9

4. A crise no setor minerador 10

5. A transição da economia mineradora para a 11


agropecuária

6. A estrada de ferro e a modernização da economia 13


goiana

7. As transformações econômicas com a construção de 14


Goiânia e Brasília

8. Industrialização, infraestrutura e planejamento 18

9. Questões Comentadas 22

10. Lista de Questões 38

11. Gabarito 47

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1. Goiás antes da mineração

Desde o primeiro século de colonização do Brasil, o Estado de Goiás foi


percorrido pelas Bandeiras e pelas Descidas. Porém, foi só no século XVIII,
com a mineração, que se iniciou a ocupação efetiva do território goiano pelos
portugueses. Foi uma ocupação irregular e instável, característica do
povoamento provocado pela mineração.

A primeira Bandeira de que se tem notícia em terras goianas data de 1590-


93, sob a direção de Domingos Luís Grau e Antônio Macedo. Depois desta, várias
outras estiveram em Goiás.

Além dos bandeirantes, os jesuítas e capuchinhos viajaram pelas terras


goianas. Eram as Descidas, que vinham do Norte do País para capturar índios
para suas aldeias na Amazônia. A primeira foi coordenada pelo padre Cristóvão
de Lisboa, em 1625.

Entradas, Bandeiras e Descidas

As Entradas eram organizadas pelo governo, com financiamento público.


Geralmente procuravam respeitar os limites de Tordesilhas. A maioria das
expedições realizadas partiam da capital do Brasil na época, Salvador, na Bahia
ou até mesmo de Pernambuco. Visavam primeiramente à prospecção do
território e de metais preciosos.

As Bandeiras eram expedições particulares e não respeitavam os limites


de Tordesilhas. Em geral, começavam a partir da Vila de São Paulo de
Piratininga, na Capitania de São Vicente (hoje São Paulo). Também visavam
primeiramente à prospecção do território e de metais precios os. Também se
dedicavam também ao apresamento de índios para escravização.

As descidas eram expedições realizadas pelos jesuítas ao interior do


Brasil. Tinham como objetivo convencer os indígenas dessa região a migrarem
para regiões próximas das suas missões ou reduções visando facilitar o trabalho
de catequização. As principais missões jesuíticas ficavam no norte e no sul do
país.
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Apesar dessas duas investidas, nem bandeirantes, nem jesuítas vinham


para se fixar na terra. Dessa forma, Goiás não possuía uma população branca;
era habitado apenas pelos povos indígenas, pelo menos até a descoberta dos
primeiros veios auríferos no Rio Vermelho no século XVIII, onde está situada a
hoje Cidade de Goiás.

1.1 As Bandeiras do Anhanguera Pai e Anhanguera Filho

Em 1682, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera Pai, esteve em


território do sul de Goiás, onde encontrou vestígios de ouro na região do Rio
Vermelho, aos pés da Serra Dourada, onde hoje está situada a cidade de Goiás.

A região era habitada pelos índios da etnia Goya ou Goyazes. Na ocasião


o experiente bandeirante, percebendo que os índios estavam usando adornos
que possuíam pequenos pedaços de ouro, teria ateado fogo a uma bateia cheia
de aguardente para forçar os índios a lhe mostrar onde eles haviam encontrado
o precioso mineral. Diante da cena inusitada e com medo de terem os seus rios
incendiados, os índios teriam começado a gritar: Anhanguera! Anhanguera!, que
no idioma tupi significa “diabo que põe fogo na água”, dando origem ao apelido
do Bandeirante.

Na ocasião ele estava acompanhado de seu filho de 14 anos, Bartolomeu


Bueno da Silva Filho, que além de possuir o seu nome também herdaria, mais
tarde, o seu apelido.

Anhanguera Pai voltou a São Paulo com planos de formar uma nova
bandeira e retornar à região onde tinha encontrado vestígios de ouro para
melhor investigá-la, mas morreu antes de conseguir seu intento. A partir da
morte do pai, Anhanguera Filho assumiu consigo mesmo a promessa um dia
voltar à terra do Goyazes, isso só iria acontecer em 1722, quando já tinha 54
anos de idade.

A bandeira comandada por Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho do


primeiro Anhanguera) saiu de São Paulo em 3 de julho de 1722, seguindo a rota
que já era conhecida até o Rio Grande. As dificuldades climáticas e vegetacionais
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do cerrado fizeram muitos dos bandeirantes morrerem de fome, além de obrigar


os sobreviventes a comerem macacos, cachorros e até alguns dos próprios
cavalos. Após várias mortes, seja por causa da fome, doenças ou ataques de
índios hostis, finalmente Anhanguera encontrou ouro nas margens do rio
Vermelho, na região da atual cidade de Goiás. Estavam descobertas as
Minas dos Goyazes.

2. A exploração do ouro

O contexto histórico do século XVIII destinava a Goiás o papel de região


exportadora de minério de ouro. A agricultura e a pecuária não eram prioridade.
Toda a força de trabalho deveria ser destinada à mineração, única atividade
valorizada e compensatória, atraindo para Goiás trabalhadores das regiões mais
distantes do país. “Os territórios de mineração deveriam dedicar-se quase
exclusivamente a produção de ouro, não desviando esforços na produção de
outros bens das demais capitanias”. (CHAIM, 1987).

“O ouro extraído das minas goianas foi exportado, não acumulando capital
em Goiás, o que dificultava a estruturação de uma economia própria que
pudesse dar maior estabilidade à sociedade em formação. Por isso, com a crise
do ouro, a população da província chega a decrescer”. (POLONIAL, 2001)

Além da evasão do ouro produzido na capitania, vários outros fatores


impediram a estruturação de uma economia mais dinâmica em Goiás: o rápido
esgotamento das minas; a carência de mão-de-obra; a má
administração local e as técnicas rudimentares de mineração.

“A extração do ouro em Goiás serviu apenas como estímulo inicial pa ra o


povoamento da região e para dar início à produção agropastoril, que
posteriormente se tornaria a base econômica da população”. (TIBALLI, 1991).
“Essa situação subjugava sobremaneira, os colonos que exploravam o ouro, mas
não ficavam com o minério. Além disso, um rígido controle do governo de
Portugal sobre os mineradores impedia que eles desenvolvessem um comércio
mais lucrativo”. (POLONIAL, 2001)

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Para fugir desse controle metropolitano, o contrabando foi utilizado em


larga escala. Os impostos, como o quinto e a capitação, não eram aceitos pelos
mineradores, que buscavam por todos os meios burlar a vigilância oficial. Até
membros do clero participavam do contrabando. Nada conseguia conter essa
ação ilegal dos mineradores.

A grande dificuldade do governo é que estes mineradores tinham uma vida


aventureira e sem muitas regras, muito próximos do estado natural. O
contrabando e a violência eram a tônica da região.

A euforia foi efêmera. A exploração do ouro em Goiás durou pouco tempo.


Já na década de 1770 do século XVIII, a decadência era visível. Esse rápido
período aurífero, entendido como Ciclo do Ouro, foi assim descrito por Palacin
(1994):

Suas fases são quase fatais: descobrimento, um período de


expansão febril – caracterizado pela pressa e semianarquia – depois,
um breve mas brilhante período de apogeu e, imediatamente, quase
sem transição, a súbita decadência prolongada às vezes com uma
lenta agonia.

Mesmo assim, esse período provocou algumas mudanças importantes na


província, por exemplo: aumento territorial e populacional, concentração do
poder e da riqueza nas mãos de uma minoria branca, aniquilamento físico e
cultural da população indígena e elevação da Goiás à condição de capitania, com
o primeiro governador, Conde dos Arcos, tomando posse em 8 de novembro
de 1749.

A produção de ouro em Goiás foi maior que a de Mato Grosso, porém muito
menor que em Minas Gerais. O declínio da produção foi rápido. Veja abaixo:

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1726 – 0 kh
1753 – 3060 Kg
1778 – 1090 Kg
1800 – 425 Kg
1822 – 20 Kg
4000
3000
2000
1000
Kg0
1726 1753 1778 1800 1822

O pico foi em 1753, mas 50 anos depois a produção já era insignificante.


Conforme o historiador Luís Palacin esses são os dados oficiais disponíveis,
porém, o volume de ouro extraído deve ter sido muito maior. A maior parte do
ouro retirada era sonegada para fugir dos pesados impostos e, portanto, não se
sabe ao certo quanto ouro foi retirado de fato das terras goianas.

3. A criação da estrutura administrativa

Com a criação da capitania de Goiás estabelece-se uma nova relação de


poder entre o povo e o setor público. No contexto da epopeia do ouro, os
interesses dos mineradores e da Coroa sobre o metal eram díspares. Com a crise
no setor minerador, a construção do aparelho burocrático, da força repressiva e
do aparelho fiscal, seria uma alternativa para os próprios colonos enfrentarem
com a ajuda oficial os graves problemas de Goiás. Tudo concorria para que o
Estado centralizasse e normalizasse as ações na capitania, principalmente com
o início do declínio no setor de mineração.

As autoridades administrativas, demonstradas no quadro abaixo,


rivalizavam-se entre si, gerando graves conflitos no alto escalão da
administração goiana. Fundamentalmente, o conflito tinha por base a
intromissão de um na função do outro. “O conflito entre as autoridades
administrativas revelava um caráter classista, pois os governadores eram da alta

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nobreza, enquanto a outra parte do corpo administrativo era de burocratas,


criados com o estado moderno”. (POLONIAL, 2001)

Várias outras dificuldades, como os excessos dos contratadores e dos


dizimeiros na cobrança de impostos, a corrupção dos costumes, a luta do povo
contra as autoridades e o pequeno rendimento do ouro concorriam para
prejudicar a administração.

Organograma do poder em uma capitania independente

Governador ou
Capitão-General

Capitão-mor
Ouvidor-Mor Provedor-mor
ou Guarda-mor
(Justiça) (Finanças)
(Defesa)

Essa situação revelava a crise no setor administrativo em Goiás, que


dependia, principalmente, da arrecadação dos impostos do ouro.

3.1 Os impostos

A Real Fazenda preocupava-se enormemente com a tributação, os


impostos eram arrecadados através da cobrança do quinto. Para aprimorar a
arrecadação e evitar a sonegação, em 1720 foram instituídas as casas de
fundição juntamente com uma lei que proibia a circulação de ouro em pó, além
da delação premiada. Essa medida gerou descontentamento entre os
mineradores que se rebelaram, em Vila Rica (MG), sob a liderança de Filipe dos
Santos. O desfecho foi sangrento. Filipe dos Santos foi enforcado e esquartejado.

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À medida que a arrecadação caía, devido ao esgotamento das jazidas, a


fiscalização arrochava sobre os mineradores e então foi criada a “capitação”. Um
imposto que era cobrado por cabeça de escravo que o minerador possuísse. A
Real Fazenda não admitia que o ciclo do ouro estivesse se esgotando. Quando a
arrecadação caía alegava que era sonegação e implementava novas medidas
fiscais.

O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa


portuguesa e correspondia a 20% ou 1/5 de todo ouro encontrado na colônia.
Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição, para onde todo o ouro extraído
deveria ser levado, derretido e colocado em formas denominadas quinteiros. No
fundo da forma havia uma espécie de brasão real que ficava impresso na
barrinha de ouro depois de solidificada. O ouro quintado era devolvido depois de
descontada a parte devida à Real Fazenda. Nas minas de Goiás, variou ao longo
do tempo o seu sistema de cobrança.

Entre 1726-1736, o quinto era cobrado na Casa de Fundição, instalada em


São Paulo, o que facilitava a prática da sonegação e reduzia os ganhos da
Fazenda Real. Era quase impossível fiscalizar devido às grandes distâncias.

Para combater a sonegação e partindo da ideia que era mais difícil a o


minerador esconder o escravo que o ouro extraído, de 1736 até 1751 partiu-se
para o sistema de capitação. Nesse, era a quantidade de escravos matriculados
que determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a Coroa. A injustiça
dessa forma de cobrança reside no fato de o imposto desconsiderar as diferenças
de rendimento de cada escravo, em função da maior ou menor riqueza das várias
minas e datas.

Além do quinto e da capitação, outros impostos eram cobrados:

- Entradas - sobre a circulação de mercadorias;

- Dízimos – sobre a décima parte da produção agropecuária;

- Passagens – sobre o trânsito dos rios;

- Ofícios – sobre a lotação de cargos públicos;

- Sizas – sobre o comércio de escravos.

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Apesar de tantos tributos, a crise de arrecadação era const ante,


principalmente após a década de 1770, com a decadência da mineração. O
último grande achado minerário em Goiás deu-se na cidade de Anicuns, em
1809, no sul da capitania.

3.2 O controle das minas

Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Minas de Goyazes, o


governo português tomou uma série de medidas para garantir para si o maior
proveito da exploração das lavras. Foi proibida a abertura de novas estradas em
direção às minas. Os rios foram trancados à navegação. As indústrias proibidas
ou limitadas. A lavoura e a criação inviabilizadas por pesados tributos: braços
não podiam ser desviados da mineração. O comércio foi fiscalizado. E o fisco,
insaciável na arrecadação.

À época do descobrimento das Minas dos Goyazes vigorava o método de


quintamento nas casas de fundição. O das minas de Goiás era em São Paulo.
Para lá que deveriam ir os mineiros para quintar seu ouro. Recebiam de volta,
depois de descontado o quinto, o ouro fundido e selado com selo real.

O ouro em pó podia ser usado como moeda no território das minas, mas
se saísse da capitania, tinha que ser declarado ao passar pelo registro e depois
quintado, o que praticamente ficava como obrigação dos comerciantes. Estes,
vendendo todas as coisas a crédito, prazo e preços altíssimos acabava m ficando
com o ouro dos mineiros e eram os que, na realidade, canalizavam o ouro das
minas para o exterior e deviam, por conseguinte, pagar o quinto correspondente.

O método da casa de fundição para a cobrança do quinto seria ideal se não


fosse um problema que tomava de sobressalto o governo português: o
contrabando do ouro, que oferecia alta rentabilidade: “os vinte por cento do
imposto mais dez por cento de ágio”. Das minas para a costa ou para o exterior
era sempre um negócio lucrativo, que “nem o cipoal de leis, alvarás, cartas
régias e provisões, nem os sequestros, devassas de registros, prêmios
prometidos aos delatores e comissões aos soldados puderam por freio.”
(PALACIN, 1979)

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O grande contrabando era dos comerciantes que controlavam o comércio


desde os portos, praticado “por meio da conivência dos guardas dos registros,
ou de subornos de soldados, que custodiavam o comboio dos quintos reais.
Contra si o governo tinha as dilatadas fronteiras, o escasso policiamento, o
costume inveterado e a inflexibilidade das leis econômicas”. (PALACIN, 1979) A
seu favor tinha o poder político, jurídico e econômico sobre toda a colônia.
Assim, decreta como primeira medida, em se tratando das minas, o isolamento
destas.

A partir de 1730 foram proibidas todas as outras vias de acesso a Goiás


ficando um único caminho, o iniciado pelas bandeiras paulistas que ligavam as
minas com as regiões do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, ficava
interditado o acesso pelas picadas vindas do Nordeste - Bahia e Piauí. Foi
proibida a navegação fluvial pelo Tocantins, afastando o norte goiano de outras
capitanias - Grão-Pará e Maranhão.

4. A crise no setor minerador

Como o quinto representava o principal imposto cobrado na capitania,


podemos ter uma dimensão da crise na região, com a queda deste imposto. Na
década de 1770, apesar da crise já evidente, o quinto do ouro ainda rendia à
Coroa portuguesa até 15 arrobas. Mas na década de 1820 essa arrecadação não
passava de uma arroba. Vários fatores contribuíram para a decadência do ouro,
como a falta de capital, falta de braços, técnicas rudimentares de exploração de
jazidas e falta de uma ação governamental mais eficiente, não preocupada
apenas em arrecadar impostos.

A avidez pelo lucro fácil, tanto das autoridades administrativas


metropolitanas quanto dos mineiros e comerciantes, não admitiu perseveranças.
O local onde não se encontrava mais ouro era abandonado. Os arraiais de ouro,
que surgiam e desapareciam em Goiás, contribuíram apenas para o
expansionismo geográfico. Cada vez se adentrava mais o interior em busca do
ouro aluvional, mas em vão.

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Várias foram as consequências para Goiás com a crise do setor minerador,


assim relatadas por Palacin (1979):

- Diminuição da importação e do comércio externo;

- Menor arrecadação de impostos;

- Diminuição da mão-de-obra pelo estancamento na importação de


escravos;

- Estreitamento do comércio interno, com tendência à formação de zonas


de economia fechada e um consumo dirigido à pura subsistência;

- Esvaziamento dos centros urbanos;

- Ruralização, empobrecimento e isolamento cultural.

Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento econômico devido à falta


de acumulação de capital e ao atrofiamento do mercado interno após o fim do
ciclo da mineração, a população se volta para a economia de subsi stência.

Nas últimas décadas do século XVIII e início do século XIX, toda a capitania
estava mergulhada numa situação de crise, o que levou os governantes goianos
a voltarem suas atenções para as atividades econômicas que antes sofreram
proibições, objetivando soerguer a região da crise em que mergulhara.

5. A transição da economia mineradora para a agropecuária

É um período de transição, tanto do ponto de vista econômico - da


mineração para a agropecuária - quanto do ponto de vista político – passagem
do sistema colonial para o sistema imperial. Contudo, mantêm-se as estruturas
da sociedade goiana. Esse momento de transição, com todas as suas incertezas,
relatadas pelos viajantes, deixa algumas impressões comuns sobre Goiás nas
primeiras décadas do século XIX, como:

- Precárias condições das vias de comunicação e infraestrutura para os


viajantes;

- Longas distâncias;

- Crise no abastecimento de víveres;

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- Despovoamento da região, com um processo de ruralização;

- Escassez de mão-de-obra;

- Comércio de pequeno porte e estagnado;

- Pecuária como principal atividade de exportação.

Isto posto, podemos concluir que “... Goiás, na primeira metade do século
XIX, é terra em que vivem populações abandonadas, isoladas e iletradas,
mantidas à margem da civilização capitalista”. A crise do ouro fez com que Goiás
regredisse a uma economia de subsistência, com a agricultura e a pecuária.

A estrutura social goiana dessa época apresentava-se bem definida: a


elite, formada por grandes fazendeiros, altos funcionários da Coroa e alguns
ricos comerciantes; os homens livres, como pequenos proprietários e pequenos
comerciantes, vaqueiros, sapateiros, entre outros; e os pobres – mulatos,
negros livres, aventureiros, fugitivos, mendigos –, estes sim, a maioria da
população.

O número de escravos era muito maior do que o número de pobres, porém


eles eram considerados mercadorias, e não como pessoa (na época da Lei Áurea,
em 1888, a quantidade de escravos era muito pequena e ela quase não afetou
a sociedade goiana).

Nessa sociedade, segundo documentos da época, as pessoas que tinham


algum estudo eram uma minoria insignificante (mas as que eram estudadas
tinham um certo privilégio e eram chamadas de “doutores”). A situação era tão
crítica que em 1810, por exemplo, existiam apenas 14 professores em toda a
Capitania de Goiás, sendo que três em Vila Boa, dois em Meia Ponte e os demais
dispersos pelas vilas goianas. Havia uma única livraria em toda a Capitania,
instalada em Meia Ponte.

O papel das mulheres nessa sociedade era de ser sempre dominadas pelos
homens. Viviam praticamente confinadas às suas casas e durante o dia só se
viam homens nas ruas. Como as mulheres não recebiam educação, sua conversa
era desprovida de encanto. Eram inibidas e estúpidas, e se achavam
praticamente reduzidas ao papel de fêmeas para os homens.

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Geralmente os casamentos eram arranjados, e as mulheres eram sempre


mais jovens do que os homens, ou seja, ainda crianças. Era frequente que, além
da própria esposa, os homens da época tivessem amantes e filhos com elas.
Estes filhos eram os “bastardos”, e ficavam à margem da sociedade, e quase
sempre, não eram reconhecidos pelos pais.

6. A estrada de ferro e a modernização da economia goiana

As três primeiras décadas do século XX não modificam substancialmente


a situação a que Goiás regredira como consequência de decadência da
mineração no fim do século XVIII. Continuava sendo um Estado isolado, pouco
povoado, quase integralmente rural.

Com o propósito de dotar o estado de Goiás de reais condições de


transporte ferroviário, visando integrá-lo ao resto do Brasil, surge em 1873 um
decreto do governo Imperial para que tal situação fosse concretizada. Dessa
maneira, o então presidente da província goiana Antero Cícero de Assis foi
autorizado a contratar a construção de uma estrada de ferro para ligar a cidade
de Goiás, ora capital de Goiás, à margem do rio Vermelho, partindo da estrada
de ferro Mogiana, em Minas Gerais.

A construção da Estra de Ferro foi o primeiro passo na urbanização e na


expansão do capitalismo em Goiás no início do século XX. Em 1886 a Estrada de
Ferro Mogiana chegou até Araguari (MG).

Os trabalhos da construção da Estrada de Ferro de Goiás tiveram início no


começo do século XX. Já em 1912 chegavam à cidade goiana de Goiandira (onde
foi inaugurada em 1913).

Até o ano de 1952, a ferrovia percorria com seus trilhos,


aproximadamente, 480 quilômetros, chegando ao seu ponto mais distante em
Goiânia. No total, 30 estações à estrada, onde se destacavam as de: Araguari,
Amanhece, Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com a rede
mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Engenho Balduíno, Vianópolis,
Leopoldo de Bulhões e Goiânia.

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7. As transformações econômicas com a construção de Goiânia e


Brasília

Goiânia, planejada e construída nos anos 30, esperava que no ano 2000
atingisse a casa dos 60 mil habitantes. Mas, ao transpor o século, ultrapassa um
milhão de pessoas.

A presença de Goiânia no território goiano transformou radicalmente a


história do Estado. Pois a mudança da capital do Estado, na década de 30, da
cidade de Goiás para Goiânia, deslocou o eixo político-econômico, ao longo dos
anos, e acabou por criar condições para que ocorressem transformações
significativas em Goiás.

No discurso dos "mudancistas" (grupo político que apoiou a mudança), a


transferência da capital para um local mais estratégico, do ponto de vista
econômico e administrativo, não representava apenas uma velha aspiração da
comunidade goiana, era também uma necessidade que vinha sendo adiada.
Apesar de sua grandeza física, a cidade de Goiás era, então, uma das partes do
território brasileiro mais pobre e atrasada e seus contingentes populacionais
viviam, praticamente, isolados do resto do país. Isto acarretava em sua gente
forte sentimento de frustração e a conduzia, consequentemente, à apatia. Esses
eram argumentos utilizados pelo grupo que defendia a mudança da capital. Já
os antimudancistas combatiam esse discurso e afirmavam ser possível o
progresso na própria cidade de Goiás, desde que houvesse investimento
financeiro por parte do governo federal.

Vencidos, de forma parcial, os mais sérios obstáculos, principalmente os


problemas de ordem política e financeira, no discurso dos mudancistas, a
construção da nova capital confirmou o acerto da resolução do governo estadual
de então, o Dr. Pedro Ludovico (1930-1945). Abriram-se as fronteiras de Goiás,
alargando as suas áreas, com a elevação dos índices demográficos, e
permitiram, afinal, a criação de uma nova cidade que irradiasse progresso
material e espiritual.

Segundo alguns habitantes pioneiros da cidade de Goiânia, o progresso


não acompanhou o mesmo ritmo dos planejamentos. A cidade não oferecia

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infraestrutura para o contingente de migrantes que chegava. Entre os mais


frequentes e citados, estava o problema da falta de energia elétrica, este serviço,
desde 1936, era fornecido pela Usina do Jaó, no rio Meia Ponte. Outro impasse
era a falta de saneamento básico que dificultava a vida das pessoas,
principalmente, de quem chegava dos grandes centros. Muitas vezes tinham que
adotar os hábitos dos sertanejos, sendo comum o uso de tirar água das cisternas
para os diversos afazeres. O que era considerado, para os moradores de
Campinas e para as pessoas vindas do interior, atividades costumeiras, como
usar lamparinas para a iluminação, tomar banho nos poços, causava estranheza
aos migrantes vindos de outras cidades maiores.

Os relatos dos problemas de falta de água e de luz são marcantes e se


fazem presentes na literatura brasileira. A cidade de Goiânia tem uma f ormação
populacional híbrida, no qual constantemente se entrecruzam os valores da
sociedade tradicional e moderna. Goiânia representava a fusão do urbano com
o rural, e expressava a modernidade e o progresso. Fazendeiros e profissionais
liberais circulavam pelas suas ruas realizando negócios. Como afirma CHAUL
(1997), tratava-se da mentalidade urbana com os pés plantados em solo rural.

Hoje, Goiânia é uma das capitais mais modernas do país, mas como
acontece em outras cidades, sofre com problemas sociais, como a criminalidade,
habitação e saneamento básico.

A população de Goiânia aumentou sensivelmente e esse crescimento tão


acelerado do número de habitantes se deve a vários fatores, sendo um deles a
migração de pessoas que se deslocaram de todas as regiões do Brasil,
principalmente do Nordeste, rumo a Goiânia. Por meio do estudo das "memórias
urbanas dos migrantes” analisou-se a participação dos mesmos na construção
da nova capital de Goiás.

A construção de Goiânia foi um acontecimento peculiar por ser a primeira


cidade planejada do século XX. Considerando o território escolhido, áreas rurais,
despovoadas, viu-se a necessidade de atrair migrantes para executar o projeto
idealizado.

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De acordo com o decreto nº 3.359, de 18 de maio de 1938, as fazendas


Criméia, Vaca Brava e Botafogo, no município de Campinas seriam destinadas à
edificação da nova capital do estado de Goiás (MONTEIRO, 1938). Parte dessa
mesma área transformou-se, em pouco tempo, numa “oficina de obras”. A partir
daí o número de migrantes que chegavam era cada vez maior. Portanto é
possível afirmar que Goiânia teve uma formação populacional, inicialmente,
100% migrante.

A cidade de Brasília foi construída estrategicamente no Planalto Central,


uma vasta região sem grandes acidentes geográficos no interior do Brasil.
Algumas razões para sua construção são o deslocamento do centro político do
país para fora do eixo Rio-São Paulo, incentivo ao povoamento do interior quase
vazio do país e melhor posição estratégica e militar da capital.

A cidade cresceu muito desde que foi construída. A nova capital foi
projetada para comportar no máximo 500.000 habitantes, sendo que hoje o
Distrito Federal, quadrilátero em meio ao planalto determinado para abrigar a
cidade, já possui quase 3 milhões de habitantes. A maior razão para seu
superpovoamento é o fato de sua economia estar intimamente ligada ao poder
público.

Brasília é a cidade com uma das maiores rendas per capita do Brasil. Um
dos problemas crônicos causados por tudo isso é que o número de carros em
Brasília tende a aumentar a níveis para os quais a cidade não foi projetada;
começaram a surgir inúmeros engarrafamentos na cidade e alguns lugares se
tornam intransitáveis na hora do rush. Para tentar amenizar esse quadro, está
sendo implantado o sistema metroviário, mas devido à sua extensão limitada e
ao próprio crescimento da cidade, não proporcionou alterações significativas em
relação aos problemas de trânsito na cidade.

RIDE do Distrito Federal e Entorno

Região integrada de desenvolvimento (ou RIDE) são grandes


aglomerações urbanas que se situam em mais de uma unidade federativa. Elas

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são criadas por legislação federal específica, que delimita os municípios que a
integram e fixa as competências assumidas pelo colegiado das mesmas.

A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e


Entorno foi criada pela Lei Complementar nº 94/1998. É constituída pelo
Distrito Federal, pelos municípios de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas
de Goiás, Alexânia, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá
de Goiás, Cristalina, Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre
Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de
Goiás e Vila Boa, no Estado de Goiás, e de Unaí, Buritis e Cabeceira Grande, no
Estado de Minas Gerais. Ocupa uma região de 55.434,99 km2 e sua população
é de aproximadamente 4 milhões de habitantes.

O Entorno do Distrito Federal está crescendo em ritmo acelerado. Segundo


o Censo 2010, do IBGE, as 22 cidades do cinturão goiano e mineiro sofreram
aumento populacional de 27,2% na última década. Em 2000, havia 906.275
moradores na região, sendo que agora, o total chega a 1.152.725.

Principais problemas da RIDE

 Elevada violência e criminalidade;

 Saúde; educação; transporte; emprego;

 Grilagem de terras;

 especulação imobiliária;

 Presença de favelas e invasões;

 Falta de moradias;

 Problemas de infraestrutura básica e saneamento; problema do lixo


urbano;

 Destruição da biodiversidade e do bioma do Cerrado;

 Poluição dos rios e do Lago Paranoá;

 Desmatamento do cerrado.

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Mapa da RIDE-DF

8. Industrialização, infraestrutura e planejamento

As dimensões continentais do Brasil redundavam sempre em impasses


para a sua integração econômica e geográfica, visto que as grandes distâncias
entre os centros regionais dificultavam a expansão do capital pelo país, e, como
salienta Cunha (2002), a incorporação do interior à economia nacional estava
calcada num mercado interno inexpressivo e na precariedade das estruturas de
transporte, de energia e de comunicações. Tendo em vista esses aspectos, é
importante mostrar o papel que os meios de transportes e comunicações tiveram
frente à integração nacional.

A ferrovia foi o meio de transporte que iniciou a integração nacional, pois


ela contribuiu para estender a fronteira agrícola, criando e ligando os pontos de
produção agropecuária.

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A construção de ferrovias faz parte da própria gênese do processo de


constituição do mercado nacional, permitindo a absorção das mercadorias mais
elaboradas que vinham dos núcleos urbanos mais avançados e viabilizando o
escoamento dos bens agropecuários as outras regiões. A melhoria das condições
do translado das mercadorias induz à maior especialização produtiva de diversas
áreas geográficas, possibilitando uma crescente complementaridade entre suas
estruturas produtivas. Assim, o papel do aperfeiçoamento das comunicações
entre diferentes áreas vai desenhando uma divisão inter-regional do trabalho
(BRANDÃO, 1999).

Dessa forma, como em diversas outras regiões do país, o estado de Goiás


possuía as características necessárias para ser considerado uma nova fronteira
agrícola, porém existiam algumas barreiras que inibiam a sua inserção no novo
processo de acumulação capitalista. Essas barreiras eram as péssimas condições
de transportes e comunicação. Devido à localização do estado, o alto custo dos
transportes elevava o valor final dos bens e, ao mesmo tempo, reduzia a
competitividade do produto goiano na região Sudeste. Para a consolidação do
estado como fornecedor de bens primários, seriam necessários meios de
transportes mais rápidos e eficientes, a fim de obter custos mais baixos e
melhores condições de comercialização na região Sudeste.

A Estrada de Ferro Goiás teve suas obras iniciadas na primeira metade do


século XX, sendo o primeiro meio de transporte que propiciou ao estado de Goiás
condições reais de escoamento da sua produção para a região Sudeste. Além de
fazer todo o transporte de produtos destinados à exportação, levava, também,
os produtos manufaturados do Sudeste para Goiás. Assim, a estrada de ferro,
mais especificamente os terminais ferroviários, desempenharam a função de
transformar a vida econômica e social das populações que viviam naqueles
locais, pois, aos redores dos terminais ferroviários, desenvolveram-se vilas e
vilarejos, acompanhados de um dinâmico comércio.

A Estrada de Ferro de Goiás foi importante para a inserção do Goiás no


processo de acumulação de capital industrial que estava ocorrendo no país.
Porém os problemas financeiros e técnicos, em conjunto com a chegada da rede
rodoviária federal na região Centro-Oeste, levaram a Estrada de Ferro de Goiás

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a assumir um papel secundário como um meio de transporte. Em última análise,


a ferrovia, além de ter constituído uma via de transporte estratégica na
ocupação do Centro-Oeste, foi um elemento fundamental na reorganização do
espaço agrário regional e na estruturação da economia goiana.

Nesse contexto, a malha rodoviária viria complementar a infraestrutura de


transportes, necessária à plena inserção do estado de Goiás ao mercado
nacional. Até a década de 1950, o desenvolvimento das rodovias no estado
ficava a cargo da iniciativa privada, dos governos estadual e municipal, não
apresentando grande desenvolvimento, em razão da escassez de recursos para
aplicar nessa área. A escolha pela expansão da rede rodoviária e não pela
expansão e melhorias da rede ferroviária teve como pano de fundo o interesse
político, pois os governos estaduais distribuíam subsídios ao capital privado.

Com a construção de Brasília, o contexto foi alterado, passando a ser de


interesse federal o desenvolvimento da estrutura rodoviária do Centro -Oeste.
Com esse objetivo, foram feitos grandes investimentos em melhorias e na
construção de novas rodovias, visando atender às necessidades da nova capital
do país e, com isto, consolidar a posição da região como fronteira agrícola e
grande exportadora de bens primários para a região Sudeste do país.

A rodovia Belém-Brasília teve, também, papel relevante ao beneficiar as


regiões localizadas mais ao norte do estado, proporcionando a essas áreas maior
integração aos mercados das regiões Norte e Sul do país. Mais uma vez, o
interesse político foi responsável pela maior vontade governamental em levar o
projeto ao fim, visto que a emergente indústria automobilística multinacional,
que estava sendo implantada no país, necessitava de novos mercados
consumidores, e a expansão da malha rodoviária era o caminho para esse
mercado.

Castro (2014) categoriza a industrialização de Goiás em três fases


distintas. A primeira fase surge depois da entrada da estrada de ferro – por volta
de 1912 – em terras goianas e de sua chegada em Anápolis (1935), começo da
construção de Goiânia (1933) e vai até meados do Século XX (aproximadamente
de 1930 até 1960). Ao final deste período, o parque industrial instal ado tinha
uma característica agroindustrial.
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A segunda fase, que vai da década de 1960 a 1980, foi marcada pela
expansão da fronteira agrícola que atingia o cerrado na época e pelo advento
das ações para o desenvolvimento regional no Brasil, que resultaram na criação
da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e
Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). Tais ações
visavam promover a modernização da produção agropecuária e ampliação da
infraestrutura (principalmente a de transporte), o que propiciou a instalação de
novos empreendimentos agroindustriais de porte maior e tecnologias mais
modernas. Em contrapartida, o governo do Estado, implantou o Plano de
Desenvolvimento de Goiás (em 1961), ampliou os mecanismos de atração
industrial, atualizando o incentivo fiscal, e ainda, criando a Secretaria da
Indústria e Comércio (em 1961) e o Goiásindustrial (em 1973), com a finalidade
de dinamizar e consolidar o crescente processo de industrialização.

A terceira fase vem na esteira da desconcentração da indústria da região


Sudeste, secundada pelas políticas industriais de atração de empresas, baseadas
em incentivos fiscais e ampliação de infraestrutura, o que tem provocado a
diversificação do parque produtivo do Estado. Distritos industriais e
agroindustriais foram implantados em cidades-polo foram.

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QUESTÕES COMENTADAS:

01) (CORPO DE BOMBEIROS TO/2006 – CHC - adaptada) No final do


século XVII descobriu-se ouro em Minas Gerais e no início do século
XVIII, estava no auge dos descobrimentos de áreas auríferas. Eram
através de expedições, um sistema denominado de Entradas e
Bandeiras. Este último chegou à Goiás descobrindo grandes jazidas
auríferas, o chefe do grupo era conhecido como

a) Raposo Tavares

b) Bartolomeu Bueno da Silva

c) Fernão Dias Paes

d) Amaro Leite

e) Pascoal Moreira Cabral

COMENTÁRIOS:

O bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva (filho do primeiro Anhanguera)


chegou em Goiás início do século XVIII, descobrindo ouro nas cabeceiras do rio
Vermelho, na região da atual cidade de Goiás.

Gabarito: B

02) (CHCPM TO/2005 - adaptada) Sobre o movimento dos bandeirantes


que ocorreu durante o século XVIII, é correto afirmar que o primeiro a
descobrir ouro nos sertões do antigo Norte de Goiás foi:

a) Manuel Campos da Silva.

b) Bartolomeu Bueno da Silva – O Anhanguera.

c) Domingos Rodrigues.

d) Antônio Pedroso Alvarenga.

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COMENTÁRIOS:

O primeiro bandeirante a descobrir ouro nos sertões de Goiás foi


Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhanguera).

Gabarito: B

03) (CORPO DE BOMBEIROS TO/2006 - CHC) – Em toda a região aurífera


do Brasil, a metrópole portuguesa implantou um sistema de cobrança
de impostos. No norte de Goiás foi implantando um imposto muito mais
elevado em relação ao sul de Goiás, causando assim, revolta e
descontentamento pelos nortistas, esse imposto denomina-se:

a) Entradas

b) Passagem

c) Sizas

d) Derrama

e) Captação

COMENTÁRIOS:

Em toda a região aurífera do Brasil, a metrópole portuguesa implantou o


quintamento ou o quinto, que consistia no pagamento de 20% do ouro extraído
pelos mineiros. No norte de Goiás foi implantada a capitação ou captação no
lugar do quinto. Neste, era a quantidade de escravos matriculados que
determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a Coroa.

As entradas eram impostos obrigatórios sobre todas as coisas


comerciáveis. A passagem era um imposto sobre o trânsito nos rios e a siza
sobre o comércio de escravos.

Gabarito: E

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04) (SOUZÂNDRADE/AGEHAB/2010 – ANALISTA TÉCNICO) O século


XVII representou a etapa de investigação das possibilidades
econômicas das regiões goianas, durante a qual o seu território tornou-
se conhecido. No século seguinte, em função da expansão da marcha do
ouro, ele foi devassado em todos os sentidos, estabelecendo-se a sua
efetiva ocupação através da mineração. Nesse sentido, pode-se afirmar
que a economia goiana no final do século XVIII se caracteriza:

a) Pelo aumento da arrecadação fiscal e da imigração para a região.

b) Como um período de desenvolvimento através do processo de


industrialização urbana.

c) Pelo declínio da mineração e empobrecimento da capitania que se


volta para as atividades agropecuárias.

d) Como o período áureo, grande circulação de riqueza, intenso


povoamento, apogeu da mineração.

e) Pelo crescimento comercial e desenvolvimento urbano.

COMENTÁRIOS:

O ciclo da mineração do ouro em Goiás foi breve. Nas últimas décadas do


século XVIII e princípio do século XIX a situação econômica da capitania era
crítica, o que leva o goiano a se voltar para as atividades agropecuárias.

Gabarito: C

05) (COPESE/PREFEITURA DE ARAGUAÍNA/2010 – NÍVEL SUPERIOR)


“A navegação do rio Tocantins, desde os primórdios, baseou-se em dois
elementos primordiais: experiência e força física. Sem eles, a saga
aventureira de bandeirantes, missionários e, posteriormente, dos
comerciantes ribeirinhos, certamente não teria acontecido” (FLORES,
Kátia Maia. Caminhos que andam: o rio Tocantins e a Navegação fluvial
nos sertões do Brasil. Goiânia: Ed. da UCG, 2009).

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Sobre a navegação do rio Tocantins no século XIX, é INCORRETO dizer


que

(A) as embarcações mais apropriadas para a navegação no rio


Tocantins, considerando a velocidade das águas e as condições ideais
para a navegação sem o enfrentamento de pedreiras e corredeiras,
deviam ser muito grandes, mais pesadas e de cascos fundos.

(B) a tripulação das embarcações que navegavam pelo rio era formada,
no início, em sua maioria, por índios e ribeirinhos.

(C) com o passar dos anos, mestiços e ribeirinhos passaram também a


se ocupar das atividades relacionadas à navegação.

(D) com a regularização da navegação, os botes constituíram o grosso


das embarcações que faziam carreira com o Pará, o que exigiu a
profissionalização da atividade.

(E) do piloto da embarcação se exigia um profundo conhecimento do


rio, suas corredeiras, cachoeiras e muita experiência prática adquirida
em várias viagens.

COMENTÁRIOS:

Para comentar esta questão nos valemos do estudo de Kátia Maia Flores,
denominado “Caminhos que andam: o rio Tocantins e a Navegação fluvial nos
sertões do Brasil”.

a) Incorreta. As embarcações mais apropriadas para a navegação em rios,


considerando a velocidade das águas e o enfrentamento de pedregais e
corredeiras, deviam ser menores, mais leves e de cascos mais rasos. Utilizava-
se para tais viagens, de acordo com o seu propósito, diferentes tipos, ou apenas
variação de nomes, a saber: falúas, botes, gaiteia, ubá, igaritê, canoas de pau,
entre outras, de acordo com as diferentes regiões brasileiras que também se
valeram das vias fluviais para a penetração nos sertões.

b) Correta. A tripulação das embarcações que navegavam pelo rio era formada,
no início, em sua maioria, por índios ribeirinhos, chamados canoeiros. Eram eles

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os remadores que, além de profundo conhecimento do rio, possuíam força física


e destreza para tal atividade. Além disso, sabiam extrair tanto do rio como das
suas margens, os alimentos necessários à complementação da provisão, nem
sempre suficiente para todo o trajeto.

(C) Correta. Com o passar dos anos, mestiços e ribeirinhos passaram também
a se ocupar das atividades relacionadas à navegação.

(D) Correta. Com a regularização da navegação, os botes constituíram o grosso


das embarcações que faziam carreira com o Pará, o que exigiu a
profissionalização da atividade.

(E) Correta. O piloto da embarcação deveria ter um profundo conhecimento do


rio, suas corredeiras, cachoeiras e muita experiência prática adquirida em várias
viagens.

Gabarito: A

06) (CORPO DE BOMBEIROS TO/2006 – CHC - adaptada) A produção de


ouro em Goiás, foi a segunda maior do Brasil, perdendo apenas para
Minas Gerais. Essa atividade foi responsável pelo surgimento de vários
aglomerados urbanos. Alguns não resistiram à crise econômica causada
pela escassez do produto e desapareceram. Foram vários fatores que
deram causa ao fim da era aurífera. Dentre eles podemos mencionar:

a) A carência de mão-de-obra e a disputa entre mineração e pecuária

b) A má administração federal e o contrabando por parte dos índios

c) As técnicas rudimentares e a concorrência da agricultura

d) O esgotamento das minas em virtude das técnicas rudimentares

e) Os interesses escusos do governo central e a interferência da


indústria

COMENTÁRIOS:

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Entre os fatores que deram causa ao fim da era aurífera, destaca -se o
esgotamento das minas em virtude de ter sido explorado somente o ouro de
aluvião, isto é, das margens dos rios, com o emprego de técnica rudimentar de extração
do metal.

Gabarito: D

07) (SOUZÂNDRADE/AGEHAB/2010 – ANALISTA TÉCNICO) Com o


processo de Independência do Brasil em 1822, a estrutura política não
sofre mudanças marcantes em Goiás. Essas mudanças ocorrem de
maneira gradual e com disputas internas pelo poder entre os grupos
locais. Nesse contexto destaca-se:

a) o atrito dos grandes proprietários de terra com o governo central,


pois eles eram totalmente contra a separação de Portugal.

b) o movimento separatista do norte de Goiás, provocado por interesses


econômicos e políticos dos grandes proprietários de terra descontentes
com a falta de benefícios do governo.

c) o elevado índice de imigrantes estrangeiros, que se tornaram


responsáveis pelo desenvolvimento da pecuária no Estado.

d) a recuperação da economia mineradora com a descoberta de novas


jazidas na região norte do Estado.

e) a consolidação da separação do norte, aprovada em 1823 pelo


governo imperial.

COMENTÁRIOS:

a) Incorreta. Os grandes proprietários de terra eram em sua maioria favoráveis


a independência do Brasil.

b) Correta. O movimento separatista do norte de Goiás, em 1821, foi a primeira


tentativa oficial de criação do que hoje é o Estado do Tocantins. O movimento

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foi provocado por interesses econômicos e políticos dos grandes proprietários de


terra descontentes com a falta de benefícios do governo.

c) Incorreta. Era baixo o índice de imigrantes estrangeiros.

d) Incorreta. Em 1822 a economia mineradora estava na fase final do seu


declínio. A produção de ouro era muito pequena. A última grande descoberta de
ouro foi em Anicuns, na região central de Goiás, em 1809.

e) Incorreta. O governo imperial foi contrário à separação do Norte de Goiás e


recomendou o restabelecimento da unidade provincial, em 1823, no que foi
atendido.

Gabarito: B

08) (SOUZÂNDRADE/CBMGO/2010 – CADETE) Com a decadência da


mineração, nas últimas décadas do século XVIII e princípio do século
XIX, a economia goiana entra em profunda crise. Nesse período, a
pecuária torna-se, lentamente, o setor mais dinâmico da economia,
tendo como característica essencial

a) a forma extensiva e a capacidade de deslocamento dos animais para


os mercados consumidores.

b) a forma intensiva possibilitando a formação de um grande rebanho,


que logo de início transformou Goiás no principal criador do Brasil.

c) o grande estímulo e investimento oferecidos pela administração da


Província na época.

d) a grande importância social do fazendeiro, muito conceituado mesmo


na época do ouro.

e) a produção voltada para o mercado consumidor interno, capaz de


absorver a produção devido ao enriquecimento alcançado no período da
mineração.

COMENTÁRIOS:

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A criação de gado era extensiva. Os animais eram autot ransportáveis, o


que favorecia o seu deslocamento para os mercados consumidores.

Gabarito: A

09) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2013 – DELEGADO DE POLÍCIA) “Aqui nos


desconfiamos de todo, persuadidos que o Anhanguera nos queria acabar
no meio daqueles matos.” BRAGA, J. P. Memórias goianas - a bandeira
do Anhanguera a Goyaz, em 1722. Goiânia: Editora da UCG, 1982. p. 13.

O texto citado refere-se ao conflito entre o português alferes Silva e


Braga e o paulista Bartolomeu Bueno da Silva, durante a Bandeira que
foi o prenúncio da exploração sistemática da mineração aurífera da
chamada Minas do Goyazes. Esse conflito expressava uma desconfiança
mútua que fora alimentada

a) pelas escaramuças entre paulistas e portugueses pela posse das


minas na Guerra dos Emboabas.

b) pela recusa dos portugueses em permitir que os bandeirantes


paulistas escravizassem indígenas.

c) pela vontade dos portugueses de retirar as minas descobertas da


tutela administrativa dos paulistas.

d) pelas disputas religiosas entre paulistas e jesuítas referentes ao


concubinato com mulheres indígenas.

COMENTÁRIOS:

O conflito citado expressava uma desconfiança mútua que fora alimentada


pelas escaramuças entre paulistas e portugueses pela posse das minas de ouro
na Guerra dos Emboabas.

Esse conflito armado ocorreu entre os anos de 1707 e 1709. Teve como
causa principal a disputa pela exploração das minas de ouro recém descobertas

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na região das Minas Gerais. Os paulistas queriam exclusividade na exploração


da região, pois afirmavam que tinham descoberto as minas.

Os paulistas foram derrotados e a Coroa Portuguesa criou a Capitania de


São Paulo e Minas de Ouro. Expulsos da região das Minas Gerais, os bandeirantes
paulistas foram procurar ouro nas regiões de Goiás e Mato Grosso.

Gabarito: A

10) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2013 – DELEGADO DE POLÍCIA) “No


quadro de dificuldades econômicas, característico do século XIX em
Goiás, a pecuária destacou-se como única atividade de caráter
eminentemente comercial, sendo a lavoura voltada para a subsistência
dos próprios plantadores, sendo o pouco excedente comercializado nos
arraiais locais.” ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás.
Goiânia: Editora Vieira, 2005, p. 67.

O caráter comercial da pecuária, explicitado na citação, no contexto da


economia goiana da primeira metade do século XIX, deveu-se
fundamentalmente à

a) industrialização do charque que disputou mercados com a produção


sulista.

b) excelente qualidade do gado zebu, que substituiu o improdutivo gado


curraleiro.

c) exportação de queijo por meio de tropeiros para Rio de Janeiro e São


Paulo.

d) possibilidade de o gado se autotransportar, alcançando, assim,


lugares distantes.

COMENTÁRIOS:

O caráter comercial da pecuária, no contexto da economia goiana da


primeira metade do século XIX, deveu-se fundamentalmente à possibilidade de

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o gado se autotransportar, o que favorecia o seu deslocamento para os distantes


mercados consumidores.

Gabarito: D

11) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2013 – DELEGADO DE POLÍCIA) “Com a


decadência ou desaparecimento do ouro, o governo português, que
antes procurava canalizar toda a mão-de-obra da capitania para as
minas, passou, através das autoridades, a incentivar e promover a
agricultura em Goiás.”

PALACIN, Luís; MORAES, Maria Augusta S. História de Goiás. Goiânia:


Editora da UCG, 1994. p. 41.

No contexto mencionado no texto citado, o príncipe regente D. João, no


início do século XIX, adotou algumas medidas de incentivo à agricultura
que afetaram Goiás. Uma dessas medidas foi a

a) construção da estrada de ferro, ligando Goiás a Minas Gerais, para


viabilizar a exportação de produtos agrícolas.

b) isenção da cobrança do dízimo por dez anos aos agricultores que se


estabelecessem às margens dos rios Tocantins e Araguaia.

c) permissão aos particulares para utilização de mão de obra


compulsória dos indígenas na produção agrícola.

d) proibição da navegação nos rios Araguaia e Tocantins para evitar a


concorrência dos produtos agrícolas vindos do Pará.

COMENTÁRIOS:

A partir de 1775, com a mineração em franco declínio, o Primeiro Minist ro


de Portugal, Sebastião de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, toma diversas
medidas para diversificar a economia no Brasil, sendo que várias delas vão afetar
diretamente a capitania de Goiás.

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A primeira, como tentativa de estimular a produção, foi isent ar de


impostos por um período de 10 anos os lavradores que fundassem
estabelecimentos agrícolas às margens dos rios. Dentre os produtos
beneficiados estavam o algodão, a cana-de-açúcar e o gado.

A segunda medida foi a criação, em 1775 da Companhia de Comércio do


Grão Pará e Maranhão, para explorar a navegação e o comércio nos rios
amazônicos, incluindo os rios Araguaia e Tocantins.

O Marquês de Pombal também ordenou a criação dos chamados


aldeamentos indígenas. Todas essas medidas fracassaram.

Gabarito: B

12) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2013 – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) “Nas


últimas décadas do século XVIII e princípio do século XIX, a situação
econômica da capitania era crítica. A palavra decadência é a que mais
se encontra entre os vários apelos e lamentos daqueles que a habitam,
sejam provenientes das autoridades governamentais, sejam de
elementos do povo”.

FUNES, E. A. Goiás 1800 – 1850: um período de transição da mineração


à agropecuária. Goiânia: Editora da UFG, 1986. p. 32.

O texto citado aborda a crise da produção aurífera em Goiás. A


consequência dessa crise foi o

a) incremento da arrecadação tributária como consequência de o


controle do contrabando ser mais eficaz na atividade agropecuária.

b) aumento da ruralização pelo fato de parte da população abandonar


as vilas e arraiais e mudar-se para o campo.

c) crescimento da importação de escravos para viabilizar a exploração


de minas auríferas de maior profundidade.

d) acréscimo da atividade comercial em virtude do aproveitamento de


capitais antes empregados na mineração.

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COMENTÁRIOS:

A crise do ouro fez com que Goiás regredisse a uma economia de


subsistência baseada na agricultura e na pecuária. Houve um aumento da
ruralização pelo fato de parte da população abandonar as vilas e arraiais e
mudar-se para o campo.

Gabarito: B

13) (FUNCAB/SEMARH/2010) A descoberta do ouro, no Brasil, no


século XVII, ativou a cobiça das autoridades que identificavam a riqueza
com a posse dos metais preciosos. Por ordem real, na época, todos os
braços disponíveis deveriam ser empregados na extração do ouro, o que
explica:

A) os baixos impostos cobrados para a produção de produtos agrícolas.

B) os inúmeros tipos de jazidas que foram exploradas em consequência


da abundância do ouro.

C) o grande número de entradas e bandeiras vindas de todo o país para


Goiás.

D) a grande riqueza da cidade de Goiás ocasionada pela grande


produção de ouro.

E) o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em Goiás.

COMENTÁRIOS:

Por ordem da Coroa portuguesa, os territórios das minas deveriam


dedicar-se exclusivamente à produção de ouro, sem desviar esforços na
produção de outros bens, que poderiam ser importados. Os alimentos e todas
as outras coisas necessárias para a vida vinham das capitanias da costa. As
minas eram assim, uma espécie de colônia dentro da colônia, no dizer do
historiador Luís Palacin.

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Essa determinação real explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da


pecuária em Goiás no período da mineração.

Gabarito: E

14) (SOUSAÂNDRADE/SSP GO/2009) Definir uma região significa,


sobretudo, ordenar, classificar, hierarquizar. A exploração do ouro
alargou o território colonial. Goiás, como região, é fruto desse processo,
pois a (as):

a) exploração do ouro exigia um investimento de vulto em homens e


maquinários destinados a retirar o metal das profundezas da terra. A
posse de escravos definia o sucesso da empresa mineradora.

b) descobertas seguiam o impulso incontrolável da cobiça. A criação das


vilas reafirmou o livre domínio dos mineiros em confronto direto com as
autoridades metropolitanas.

c) riqueza do ouro propiciou o entrelaçamento de interesses econômicos


entre mineiros e roceiros, valorizando assim as atividades agrícolas e
pastoris que assumiram importância vital para a economia goiana nos
séculos XVIII e XIX.

d) riqueza do ouro era apropriada por aqueles que se aventurassem pelo


sertão goiano. Escravos fugidos se transformaram em ricos
proprietários de datas de terra, demarcando um tempo de mobilidade
social.

e) descobertas de ouro anunciavam novos territórios a explorar,


anunciavam também desordens e disputas. Vila Boa de Goiás foi criada
para assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região.

COMENTÁRIOS:

No Brasil e em Goiás, o ouro encontrava-se depositado na superfície ou


em pequenas profundidades: inicialmente exploravam-se os veios (nos leitos
dos rios), que eram superficiais; em seguida, os tabuleiros (nas margens), que
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eram pouco profundos; e, finalmente, as grupiaras (nas encostas), que eram


mais profundas. Dizemos, por isso, que predominou o ouro de aluvião, que era
depositado no fundo dos rios e de fácil extração.

A extração do ouro de aluvião era simples. Na organização das lavras, as


empresas eram concebidas de modo a poderem se mobilizar constantemente,
conferindo à atividade mineradora um caráter nômade. Por conseguinte, o
investimento em termos de equipamento não podia ser de grande vulto.
Seguindo as características de toda a economia colonial, a mineração era
igualmente extensiva e utilizava o trabalho escravo.

A técnica de extração era rudimentar e número de escravos para cada


lavra era reduzido. A manutenção de uma empresa com elevado e permanente
número de escravos era incompatível com a natureza incerta das descobertas e
da produtividade das minas.

As descobertas de ouro em Goiás anunciavam novos territórios a explorar,


anunciavam também desordens e disputas. Vila Boa de Goiás foi criada para
assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região.

Gabarito: E

15) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2008) Leia o quadro a seguir.

Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e 2005

Ano: 1753 2005

Produção anual (kg) 3.060 9.449

PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG,


1994. <www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/serieEB/Port/Rev27/ 04-
tab01.htm>. Acesso em: 13 out. 2008.

Os dados do quadro permitem comparar a produção aurífera goiana do


século XVIII e a produção contemporânea. Nesse sentido, é INCORRETO
afirmar:

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a) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía um peso maior na


economia portuguesa, no século XVIII, do que possui atualmente na
economia brasileira, em virtude da política mercantilista de acumulação
de ouro e prata, naquela época.

b) a maior produção aurífera de 2005 pode ser explicada pela utilização


de recursos tecnológicos que permitem a exploração de jazidas
profundas, enquanto, em 1753, explorava basicamente o chamado ouro
de aluvião.

c) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a de 1753 precisa


ser relativizada, pois a evasão fiscal do minério era muito maior no
século XVIII do que no século XXI.

d) o peso proporcional da produção aurífera do ano de 2005 na


arrecadação tributária total de Goiás é três vezes maior do que o da
produção aurífera do ano de 1753.

COMENTÁRIOS:

Questão muito fácil. A base da economia goiana atual é a agropecuária,


com um setor industrial em expansão e um setor de serviços bastante
desenvolvido. Além da mineração de vários recursos minerais.

Em 1753, a produção aurífera correspondia a grande parte da arrecadação


tributária de Goiás. No período atual, século XXI, a arrecadação tributária
derivada da produção de ouro não é significativa no total das receitas estaduais.

Gabarito: D

16) (UFG GO) A expansão da colonização portuguesa na América, a


partir da segunda metade do século XVII, foi marcada por um conjunto
de medidas, dentre as quais podemos citar:

a) o esforço para ampliar o comércio colonial, suprimindo-se as práticas


mercantilistas.

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b) a instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e oeste, para


garantir a posse dos territórios por Portugal.

c) o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e


descobriu as áreas mineradoras do planalto central.

d) a expansão da lavoura da cana para o interior, incentivada pela alta


dos preços no mercado internacional.

e) as alianças políticas e a abertura do comércio colonial aos ingleses,


para conter o expansionismo espanhol.

COMENTÁRIOS:

Uma das medidas relacionadas à expansão da colonização portuguesa na


América, a partir da segunda metade do século XVII, foi o bandeirismo paulista,
que destruiu parte das missões jesuíticas e descobriu as áreas mineradoras do
planalto central.

Gabarito: C

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LISTA DE QUESTÕES:

01) (CORPO DE BOMBEIROS TO/2006 – CHC - adaptada) No final do


século XVII descobriu-se ouro em Minas Gerais e no início do século
XVIII, estava no auge dos descobrimentos de áreas auríferas. Eram
através de expedições, um sistema denominado de Entradas e
Bandeiras. Este último chegou à Goiás descobrindo grandes jazidas
auríferas, o chefe do grupo era conhecido como

a) Raposo Tavares

b) Bartolomeu Bueno da Silva

c) Fernão Dias Paes

d) Amaro Leite

e) Pascoal Moreira Cabral

02) (CHCPM TO/2005 - adaptada) Sobre o movimento dos bandeirantes


que ocorreu durante o século XVIII, é correto afirmar que o primeiro a
descobrir ouro nos sertões do antigo Norte de Goiás foi:

a) Manuel Campos da Silva.

b) Bartolomeu Bueno da Silva – O Anhanguera.

c) Domingos Rodrigues.

d) Antônio Pedroso Alvarenga.

03) (CORPO DE BOMBEIROS TO/2006 - CHC) – Em toda a região aurífera


do Brasil, a metrópole portuguesa implantou um sistema de cobrança
de impostos. No norte de Goiás foi implantando um imposto muito mais
elevado em relação ao sul de Goiás, causando assim, revolta e
descontentamento pelos nortistas, esse imposto denomina-se:

a) Entradas

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b) Passagem

c) Sizas

d) Derrama

e) Captação

04) (SOUZÂNDRADE/AGEHAB/2010 – ANALISTA TÉCNICO) O século


XVII representou a etapa de investigação das possibilidades
econômicas das regiões goianas, durante a qual o seu território tornou-
se conhecido. No século seguinte, em função da expansão da marcha do
ouro, ele foi devassado em todos os sentidos, estabelecendo-se a sua
efetiva ocupação através da mineração. Nesse sentido, pode-se afirmar
que a economia goiana no final do século XVIII se caracteriza:

a) Pelo aumento da arrecadação fiscal e da imigração para a região.

b) Como um período de desenvolvimento através do processo de


industrialização urbana.

c) Pelo declínio da mineração e empobrecimento da capitania que se


volta para as atividades agropecuárias.

d) Como o período áureo, grande circulação de riqueza, intenso


povoamento, apogeu da mineração.

e) Pelo crescimento comercial e desenvolvimento urbano.

05) (COPESE/PREFEITURA DE ARAGUAÍNA/2010 – NÍVEL SUPERIOR)


“A navegação do rio Tocantins, desde os primórdios, baseou-se em dois
elementos primordiais: experiência e força física. Sem eles, a saga
aventureira de bandeirantes, missionários e, posteriormente, dos
comerciantes ribeirinhos, certamente não teria acontecido” (FLORES,
Kátia Maia. Caminhos que andam: o rio Tocantins e a Navegação fluvial
nos sertões do Brasil. Goiânia: Ed. da UCG, 2009).

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Sobre a navegação do rio Tocantins no século XIX, é INCORRETO dizer


que

(A) as embarcações mais apropriadas para a navegação no rio


Tocantins, considerando a velocidade das águas e as condições ideais
para a navegação sem o enfrentamento de pedreiras e corredeiras,
deviam ser muito grandes, mais pesadas e de cascos fundos.

(B) a tripulação das embarcações que navegavam pelo rio era formada,
no início, em sua maioria, por índios e ribeirinhos.

(C) com o passar dos anos, mestiços e ribeirinhos passaram também a


se ocupar das atividades relacionadas à navegação.

(D) com a regularização da navegação, os botes constituíram o grosso


das embarcações que faziam carreira com o Pará, o que exigiu a
profissionalização da atividade.

(E) do piloto da embarcação se exigia um profundo conhecimento do


rio, suas corredeiras, cachoeiras e muita experiência prática adquirida
em várias viagens.

06) (CORPO DE BOMBEIROS TO/2006 – CHC - adaptada) A produção de


ouro em Goiás, foi a segunda maior do Brasil, perdendo apenas para
Minas Gerais. Essa atividade foi responsável pelo surgimento de vários
aglomerados urbanos. Alguns não resistiram à crise econômica causada
pela escassez do produto e desapareceram. Foram vários fatores que
deram causa ao fim da era aurífera. Dentre eles podemos mencionar:

a) A carência de mão-de-obra e a disputa entre mineração e pecuária

b) A má administração federal e o contrabando por parte dos índios

c) As técnicas rudimentares e a concorrência da agricultura

d) O esgotamento das minas em virtude das técnicas rudimentares

e) Os interesses escusos do governo central e a interferência da


indústria

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07) (SOUZÂNDRADE/AGEHAB/2010 – ANALISTA TÉCNICO) Com o


processo de Independência do Brasil em 1822, a estrutura política não
sofre mudanças marcantes em Goiás. Essas mudanças ocorrem de
maneira gradual e com disputas internas pelo poder entre os grupos
locais. Nesse contexto destaca-se:

a) o atrito dos grandes proprietários de terra com o governo central,


pois eles eram totalmente contra a separação de Portugal.

b) o movimento separatista do norte de Goiás, provocado por interesses


econômicos e políticos dos grandes proprietários de terra descontentes
com a falta de benefícios do governo.

c) o elevado índice de imigrantes estrangeiros, que se tornaram


responsáveis pelo desenvolvimento da pecuária no Estado.

d) a recuperação da economia mineradora com a descoberta de novas


jazidas na região norte do Estado.

e) a consolidação da separação do norte, aprovada em 1823 pelo


governo imperial.

08) (SOUZÂNDRADE/CBMGO/2010 – CADETE) Com a decadência da


mineração, nas últimas décadas do século XVIII e princípio do século
XIX, a economia goiana entra em profunda crise. Nesse período, a
pecuária torna-se, lentamente, o setor mais dinâmico da economia,
tendo como característica essencial

a) a forma extensiva e a capacidade de deslocamento dos animais para


os mercados consumidores.

b) a forma intensiva possibilitando a formação de um grande rebanho,


que logo de início transformou Goiás no principal criador do Brasil.

c) o grande estímulo e investimento oferecidos pela administração da


Província na época.

d) a grande importância social do fazendeiro, muito conceituado mesmo


na época do ouro.
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e) a produção voltada para o mercado consumidor interno, capaz de


absorver a produção devido ao enriquecimento alcançado no período da
mineração.

09) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2013 – DELEGADO DE POLÍCIA) “Aqui nos


desconfiamos de todo, persuadidos que o Anhanguera nos queria acabar
no meio daqueles matos.” BRAGA, J. P. Memórias goianas - a bandeira
do Anhanguera a Goyaz, em 1722. Goiânia: Editora da UCG, 1982. p. 13.

O texto citado refere-se ao conflito entre o português alferes Silva e


Braga e o paulista Bartolomeu Bueno da Silva, durante a Bandeira que
foi o prenúncio da exploração sistemática da mineração aurífera da
chamada Minas do Goyazes. Esse conflito expressava uma desconfiança
mútua que fora alimentada

a) pelas escaramuças entre paulistas e portugueses pela posse das


minas na Guerra dos Emboabas.

b) pela recusa dos portugueses em permitir que os bandeirantes


paulistas escravizassem indígenas.

c) pela vontade dos portugueses de retirar as minas descobertas da


tutela administrativa dos paulistas.

d) pelas disputas religiosas entre paulistas e jesuítas referentes ao


concubinato com mulheres indígenas.

10) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2013 – DELEGADO DE POLÍCIA) “No


quadro de dificuldades econômicas, característico do século XIX em
Goiás, a pecuária destacou-se como única atividade de caráter
eminentemente comercial, sendo a lavoura voltada para a subsistência
dos próprios plantadores, sendo o pouco excedente comercializado nos
arraiais locais.” ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás.
Goiânia: Editora Vieira, 2005, p. 67.

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O caráter comercial da pecuária, explicitado na citação, no contexto da


economia goiana da primeira metade do século XIX, deveu-se
fundamentalmente à

a) industrialização do charque que disputou mercados com a produção


sulista.

b) excelente qualidade do gado zebu, que substituiu o improdutivo gado


curraleiro.

c) exportação de queijo por meio de tropeiros para Rio de Janeiro e São


Paulo.

d) possibilidade de o gado se autotransportar, alcançando, assim,


lugares distantes.

11) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2013 – DELEGADO DE POLÍCIA) “Com a


decadência ou desaparecimento do ouro, o governo português, que
antes procurava canalizar toda a mão-de-obra da capitania para as
minas, passou, através das autoridades, a incentivar e promover a
agricultura em Goiás.”

PALACIN, Luís; MORAES, Maria Augusta S. História de Goiás. Goiânia:


Editora da UCG, 1994. p. 41.

No contexto mencionado no texto citado, o príncipe regente D. João, no


início do século XIX, adotou algumas medidas de incentivo à agricultura
que afetaram Goiás. Uma dessas medidas foi a

a) construção da estrada de ferro, ligando Goiás a Minas Gerais, para


viabilizar a exportação de produtos agrícolas.

b) isenção da cobrança do dízimo por dez anos aos agricultores que se


estabelecessem às margens dos rios Tocantins e Araguaia.

c) permissão aos particulares para utilização de mão de obra


compulsória dos indígenas na produção agrícola.

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d) proibição da navegação nos rios Araguaia e Tocantins para evitar a


concorrência dos produtos agrícolas vindos do Pará.

12) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2013 – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) “Nas


últimas décadas do século XVIII e princípio do século XIX, a situação
econômica da capitania era crítica. A palavra decadência é a que mais
se encontra entre os vários apelos e lamentos daqueles que a habitam,
sejam provenientes das autoridades governamentais, sejam de
elementos do povo”.

FUNES, E. A. Goiás 1800 – 1850: um período de transição da mineração


à agropecuária. Goiânia: Editora da UFG, 1986. p. 32.

O texto citado aborda a crise da produção aurífera em Goiás. A


consequência dessa crise foi o

a) incremento da arrecadação tributária como consequência de o


controle do contrabando ser mais eficaz na atividade agropecuária.

b) aumento da ruralização pelo fato de parte da população abandonar


as vilas e arraiais e mudar-se para o campo.

c) crescimento da importação de escravos para viabilizar a exploração


de minas auríferas de maior profundidade.

d) acréscimo da atividade comercial em virtude do aproveitamento de


capitais antes empregados na mineração.

13) (FUNCAB/SEMARH/2010) A descoberta do ouro, no Brasil, no


século XVII, ativou a cobiça das autoridades que identificavam a riqueza
com a posse dos metais preciosos. Por ordem real, na época, todos os
braços disponíveis deveriam ser empregados na extração do ouro, o que
explica:

A) os baixos impostos cobrados para a produção de produtos agrícolas.

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B) os inúmeros tipos de jazidas que foram exploradas em consequência


da abundância do ouro.

C) o grande número de entradas e bandeiras vindas de todo o país para


Goiás.

D) a grande riqueza da cidade de Goiás ocasionada pela grande


produção de ouro.

E) o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em Goiás.

14) (SOUSAÂNDRADE/SSP GO/2009) Definir uma região significa,


sobretudo, ordenar, classificar, hierarquizar. A exploração do ouro
alargou o território colonial. Goiás, como região, é fruto desse processo,
pois a (as):

a) exploração do ouro exigia um investimento de vulto em homens e


maquinários destinados a retirar o metal das profundezas da terra. A
posse de escravos definia o sucesso da empresa mineradora.

b) descobertas seguiam o impulso incontrolável da cobiça. A criação das


vilas reafirmou o livre domínio dos mineiros em confronto direto com as
autoridades metropolitanas.

c) riqueza do ouro propiciou o entrelaçamento de interesses econômicos


entre mineiros e roceiros, valorizando assim as atividades agrícolas e
pastoris que assumiram importância vital para a economia goiana nos
séculos XVIII e XIX.

d) riqueza do ouro era apropriada por aqueles que se aventurassem pelo


sertão goiano. Escravos fugidos se transformaram em ricos
proprietários de datas de terra, demarcando um tempo de mobilidade
social.

e) descobertas de ouro anunciavam novos territórios a explorar,


anunciavam também desordens e disputas. Vila Boa de Goiás foi criada
para assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região.

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15) (UEG/POLÍCIA CIVIL GO/2008) Leia o quadro a seguir.

Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e 2005

Ano: 1753 2005

Produção anual (kg) 3.060 9.449

PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG,


1994. <www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/serieEB/Port/Rev27/ 04-
tab01.htm>. Acesso em: 13 out. 2008.

Os dados do quadro permitem comparar a produção aurífera goiana do


século XVIII e a produção contemporânea. Nesse sentido, é INCORRETO
afirmar:

a) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía um peso maior na


economia portuguesa, no século XVIII, do que possui atualmente na
economia brasileira, em virtude da política mercantilista de acumulação
de ouro e prata, naquela época.

b) a maior produção aurífera de 2005 pode ser explicada pela utilização


de recursos tecnológicos que permitem a exploração de jazidas
profundas, enquanto, em 1753, explorava basicamente o chamado ouro
de aluvião.

c) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a de 1753 precisa


ser relativizada, pois a evasão fiscal do minério era muito maior no
século XVIII do que no século XXI.

d) o peso proporcional da produção aurífera do ano de 2005 na


arrecadação tributária total de Goiás é três vezes maior do que o da
produção aurífera do ano de 1753.

16) (UFG GO) A expansão da colonização portuguesa na América, a


partir da segunda metade do século XVII, foi marcada por um conjunto
de medidas, dentre as quais podemos citar:

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f) o esforço para ampliar o comércio colonial, suprimindo-se as práticas


mercantilistas.

g) a instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e oeste, para


garantir a posse dos territórios por Portugal.

h) o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e


descobriu as áreas mineradoras do planalto central.

i) a expansão da lavoura da cana para o interior, incentivada pela alta


dos preços no mercado internacional.

j) as alianças políticas e a abertura do comércio colonial aos ingleses,


para conter o expansionismo espanhol.

01 – B 02 –B 03 – E 04 – C 05 – A

06 – D 07 – B 08 – A 09 – A 10 – D

11 - B 12 - B 13 - E 14 - E 15 - D

16 – C **** **** **** ****

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