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09/08/2012 - 03h00
"Pesadelo"
"Quando um muro separa, uma ponte une / (...) Você vem me agarra /
Alguém vem me solta / (...) E se a força é tua ela um dia é nossa / (...)
Olha o muro, olha a ponte, olha o dia de ontem chegando / Que medo
você tem de nós, olha aí / Você corta um verso, eu escrevo outro / Você
me prende vivo, eu escapo morto / De repente olha eu de novo / (...) O
muro caiu, olha a ponte / Da liberdade guardiã / O braço do Cristo,
horizonte / Abraça o dia de amanhã / Olha aí / Olha aí / Olha aí."
Para tentar driblar a censura militar, Paulo César Pinheiro mandou a letra
de "Pesadelo" para a censura no meio de uma infindável coleção de
letrinhas bobocas de outros autores da gravadora. Dito e feito. O censor
deve ter-se enjoado de ler baboseiras e foi logo carimbando "Aprovado"
em tudo. E assim "Pesadelo" ganhou seu "alvará".
Dos versos de "Pesadelo", o que mais nos marcava era este: "Você me
prende vivo, eu escapo morto". Dotado de fortes matizes do realismo
fantástico ou mágico, o verso traduz com a mais extrema fidelidade o
que acontecia nos porões do regime então vigente.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/pasquale/1134281-pesadelo.shtml 1/2
06/12/2019 Folha de S.Paulo - Colunistas - Pasquale Cipro Neto - "Pesadelo" - 09/08/2012
Pois os arranjos que citei são de Antônio José Waghabi Filho, o Magro, do
MPB4, o mesmo que criou outro clássico, o antológico e impressionante
arranjo vocal de "Roda Viva", de Chico Buarque, do inesquecível festival
de 1967. Magro nos deixou ontem. Foi para o céu, cantar e fazer arranjos
para os anjos e os deuses da música, da beleza. É isso.
inculta@uol.com.br
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