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SECRETARIA DE ESTADO

DE EDUCAÇÃO

FORMAÇÃO DE GESTORES ESCOLARES

MÓDULO III

GESTÃO DE PESSOAS

CADERNO DE ESTUDOS UNIDADE 1

2019
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Governador do Estado de Minas Gerais


Romeu Zema Neto

Vice-governador do Estado de Minas Gerais


Paulo Eduardo Rocha Brant

Secretária de Estado de Educação


Julia Figueiredo Goytacaz Sant'Anna

Secretário de Estado Adjunto de Educação


Edelves Rosa Luna

Chefe de Gabinete
Camila Barbosa Neves

Subsecretaria de Gestão de Recursos Humanos


Ana Costa Rego

Elaboração

Equipe Técnica da Subsecretaria de Gestão de Recursos Humanos

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Sumário
Unidade 1 - Gestão de Pessoas e Liderança 3
1. Gestão de Pessoas e Liderança no contexto escolar 4
1.1 A liderança compartilhada e a co-liderança 6
Referências 7

2. Código de Ética do Agente Público 9

3. Articulação Escola - Comunidade 11


3.1 O Colegiado Escolar e Assembleia Escolar 14
3.2 Atuação e competências do Colegiado e da Assembleia Escolar 15
3.3 Competências do Colegiado Escolar 16
3.4 Composição do Colegiado Escolar 18
3.5 O Papel do/a Diretor/a na Gestão Democrática 20
3.6 Considerações 22
Referências 23
4. Gestão de Conflitos no Ambiente Escolar 24
4.1 Os conflitos, as violências e as indisciplinas no ambiente escolar 24
4.2 Comunicação não-violenta 29
4.3 Práticas restaurativas 31
4.4 Mediação Escolar 32
4.5 Círculos de Construção de Paz e Restaurativos 32
Referências 34

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Unidade 1 - Gestão de Pessoas e Liderança

A Unidade I aborda aspectos importantes ao exercício do cargo de Diretor e à


função de Vice-Diretor, dentre eles, a ​Gestão de Pessoas ​e a Liderança,
essenciais à condução das atividades frente à equipe de trabalho.
Importante ressaltar que nas unidades subsequentes nos dedicaremos aos
assuntos mais diretamente ligados à gestão do quadro de pessoal das escolas,
discutindo temas que envolvem direitos e deveres dos diferentes servidores lotados
nas unidades escolares, com vistas a orientar o posicionamento e a ação do Gestor
Escolar, tendo como parâmetros a legislação e as diretrizes sistêmicas da rede
estadual.
Nesta unidade aproveitamos para ampliar a discussão e o olhar sobre a
liderança e a gestão de pessoas também frente à comunidade escolar. Ou seja,
considerando o importante papel de articulação e integração que gestores escolares
exercem junto aos estudantes, famílias e comunidade no entorno da escola,
discutiremos a ​Articulação Escola-Comunidade​, mostrando que a escola é um
espaço de convivência, interação e aprendizagens, trazendo ainda a discussão
sobre a ​Gestão Democrática e alguns de seus importantes espaços de exercício
como o ​Colegiado Escolar​.
Em seguida, abordaremos o tema ​Gestão de conflitos​, por ser esta uma
situação cotidiana na rotina de qualquer equipe/instituição. É, portanto, atividade
inerente ao trabalho de gestores, que traz impactos e oportuniza aprendizados.
Buscamos nesse tópico a parceria da Subsecretaria de Desenvolvimento da
Educação Básica (SB) e, mais especificamente, da equipe de Modalidades e
Temáticas especiais de Ensino, considerando o trabalho já realizado nos últimos
anos em relação ao tema em questão, no âmbito do Programa Convivência
Democrática.

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1. Gestão de Pessoas e Liderança no contexto escolar
Escolas são organizações sociais com características peculiares e
complexas, especialmente em se tratando de escolas públicas onde existe uma
constante preocupação no âmbito da qualidade e do sucesso educativo, alicerçada
na gestão democrática e participativa, o que implica uma educação básica encarada
como responsabilidade de todos.
Segundo Lück (2009, p. 93), a “boa escola é aquela em que os alunos
aprendem, alargam seus horizontes e desenvolvem competências para a vida”.
A função do gestor escolar se configura como uma das mais importantes
atividades no campo da educação, na construção, no crescimento e no
desenvolvimento de uma sociedade em constante transformação. Por outro lado, há
um grande desafio para esses gestores, pois, nesse mundo diverso, tecnológico e
1
globalizado, são exigidas novas atenções e competências ​para a tomada de
decisões participativas e equitativas.
Atuar sobre as diversas demandas que caracterizam o ambiente escolar
requer do Gestor a capacidade de organizar-se e organizar a equipe de trabalho,
orientando e liderando as ações e os processos cotidianos, nas diferentes
dimensões do trabalho escolar, sem perder de vista a função precípua da instituição,
qual seja, a promoção da aprendizagem e a formação dos estudantes.
Dentre as competências necessárias e essenciais ao gestor está a de
liderança da equipe. Pena (2014, p. 25) conceitua ​liderança escolar como: “ [...]
exercício de gestão democrática, coordenado pelo Diretor e executado de forma
compartilhada na escola. Seu objetivo é o incremento da qualidade da educação e a
promoção da equidade​. ”
A ​liderança é importante e inerente à ​gestão escolar​. Com ela o(a) Diretor
(a)/gestor(a) mobiliza, orienta, impulsiona, monitora, coordena o trabalho da equipe
escolar e envolve a comunidade, visando a melhoria do ensino e da aprendizagem
dos estudantes.

1
Por competências, entendemos nesse texto, o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
que o Gestor Escolar possui, que refletem em seu trabalho e que gera resultados.

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Para refletir: 
Não há gestão sem liderança! 
https://www.youtube.com/watch?v=jCR0BE70DhI 
 

O gestor enquanto líder é um articulador. Descentraliza a sua liderança em


uma perspectiva de gestão democrática onde a tomada de decisão é disseminada e
compartilhada por todos os participantes da comunidade escolar.
De acordo com Lück (2009, p.75), no exercício da liderança na escola,
podemos considerar como habilidades importantes ao Gestor:
● Disponibilidade em aceitar e expressar, no trabalho com pessoas, os
desafios inerentes ao trabalho educacional, suas dificuldades e
limitações, com um olhar para as possibilidades de sua superação.
● Estimulação do melhor que existe nas pessoas ao seu redor, a partir
de uma perspectiva proativa a respeito das mesmas e de sua atuação.
● Clareza a respeito da missão, visão e valores educacionais, assim
como da participação das pessoas nessa compreensão e sua
expressão em suas ações.
● Orientação com perspectiva dinâmica, inovadora e norteada para a
melhoria contínua.
● Exercício contínuo do diálogo aberto e da capacidade de ouvir.
● Construção de oportunidades de participação e orientação para o
compartilhamento de responsabilidades.
● Cultivo de atitudes que acompanham a expressão de comportamentos
de liderança.

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1. Como  essas  condições/habilidades  se  fazem  presentes  em 
sua prática cotidiana enquanto Diretor(a)? 
2. Como  você  tem  orientado  e  colaborado  com  a  sua  equipe 
  escolar em praticar essas características? 

A participação coletiva na gestão escolar é fundamental, pois melhora a


qualidade pedagógica com currículos concretos, atuais e dentro da realidade da
escola; aumenta a qualidade e profissionalismo docente; evita o trabalho isolado dos
Diretores(as) e professores(as); bem como contribui para que se desenvolvam
objetivos comuns na comunidade escolar.

​1.1 A liderança compartilhada e a co-liderança


A liderança compartilhada é entendida como a prática de tomada de
decisão e atuação colegiada por consenso, em que todos os participantes têm
espaço e o usam para influenciar os rumos e as condições do desenvolvimento que
se pretende promover.
A ​co-liderança ​significa atuação articulada de influência sobre os destinos da
escola e seu trabalho, de forma planejada e intercomplementar, pelos membros da
equipe de gestão da escola: Vice-Diretor, coordenador pedagógico, supervisor
escolar, orientador educacional e secretário da escola (LÜCK, 2008).
A liderança compartilhada e a co-liderança, para serem efetivas, necessitam
ser exercidas e baseadas na visão, na missão da escola, nos seus objetivos
formadores e valores orientadores de ação. Isto é, essa liderança se legitima a partir
dessa compreensão comum.

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“​Em vista disso, tanto a liderança compartilhada como a co-liderança
se expressam de forma articulada, a partir dos propósitos comuns,
num contínuo processo de diálogo e de mediação. Para garantir essa
articulação e os bons resultados da liderança compartilhada e da
co-liderança, cabe ao Diretor agir no sentido de que elas sejam: I)
desenvolvidas mediante a oportunidade do seu exercício, sem receio
de perder espaço ou poder; II) coordenadas, pois a liderança
exercida por muitas pessoas sem coordenação pode resultar em uma
desorientação, dado o risco de se perder o eixo e o foco central das
ações; e III) responsáveis, uma vez que todos e cada um que atuam
na escola devem prestar contas de seus atos, em relação à sua
contribuição para o bom funcionamento da escola voltado para a
aprendizagem dos estudantes” (LÜCK, 2008).

Assim, o líder democrático deve estar pronto para agir em diferentes


situações e, dessa forma, ter habilidade de extrair os aspectos relevantes de cada
tipo ou estilo de liderança, de acordo com a realidade em que se encontra, para agir
de maneira a não ser contrário aos princípios da gestão democrática.

1. Como  o  Plano  de  Gestão  apresentado  à  comunidade  escolar 


dialoga com esses aspectos da liderança? 
2. A  liderança  compartilhada  e  o  envolvimento  de  toda  a 
equipe  escolar  estão  contemplados  em  seu  modelo  de 
  gestão? 

Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
______. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro
de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC,
1996.
HONORATO, Hércules Guimarães. ​O gestor escolar e suas competências: a
liderança em discussão.
LÜCK, Heloisa. ​Dimensões da gestão escolar e suas competências​. Curitiba, Ed.
Positivo. 2009.

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MINAS GERAIS. Constituição (1989). ​Constituição do Estado de Minas Gerais​.
Belo Horizonte: Inédita, 2001. 258 p.
PENA, Anderson Córdova. ​SOARES, Tufi Machado. ​O Diretor e os desafios da
liderança escolar transformadora: ​Estudo mostra impacto do trabalho do Diretor
como líder em escola e o quanto interfere na aprendizagem do estudante. UFJF.
Abril a agosto 2014.

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2. Código de Ética do Agente Público

É objetivo deste tópico: 


● Dar ciência da importância e da aplicabilidade do Código de Conduta Ética 
para com o agente público, destacando a relação e o papel do Gestor Público 
frente ao citado código. 

O ​Código de Conduta Ética do Agente Público e da Alta Administração


Estadual ​(​Decreto no 46.644, de 6 de novembro de 2014​) é o instrumento de
orientação e fortalecimento da consciência ética no relacionamento do agente
público estadual com pessoas e com o patrimônio público. Por ser a legislação à
qual ​todos os agentes públicos estão sujeitos, independentemente do cargo ou da
posição que ocupam e, considerando-se que um princípio básico da gestão de
pessoas é que o ​gestor seja uma referência para seus subordinados, entende-se
como ponto fundamental que esse ator esteja alinhado à conduta ética prevista no
código. Importante, também que o gestor o conheça na perspectiva de aplicação,
condução, orientação e acompanhamento dos servidores.
Segundo o Art 20 do referido Código, Gestor Público é o ​“agente público
que por força do cargo, emprego ou função recebe poder público para
coordenar e dirigir pessoas e trabalhos”.​ O gestor público deve pautar sua
atuação especialmente nas seguintes condutas:
I. adotar medidas para evitar conflitos de interesse privado com o interesse
público;
II. tratar respeitosamente subordinados e demais colegas de trabalho;
III. combater práticas que possam suscitar qualquer forma de abuso de poder;
IV. utilizar, exclusivamente, o poder institucional que lhe é atribuído por meio do
cargo, função ou emprego público que ocupa, para viabilizar o atendimento ao
interesse público;
V. buscar a excelência na qualidade do trabalho, utilizando a crítica, quando
necessária, de forma construtiva e em caráter reservado, focando o ato ou

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fato e não a pessoa; e
VI. apoiar a divulgação e adoção de condutas éticas no ambiente de trabalho.
(Art. 21, CÓDIGO DE ÉTICA DO AGENTE PÚBLICO E DA ALTA
ADMINISTRAÇÃO).

Acompanhe na apresentação a seguir mais orientações e informações sobre


a aplicabilidade do ​Código de Ética no Serviço Público​: ​clique e acesse a
apresentação da comissão de ética SEE/MG​.

Confira na biblioteca de ​materiais complementares​ que podem interessar: 


● Guia de atitudes de um bom gestor CGE/MG; e 
● Cartilha Assédio Moral OGE/MG. 

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3. Articulação Escola - Comunidade

Os objetivos deste tópico são: 


● Mostrar que a escola é um espaço de convivência social, interação e 
aprendizagem; 
● Identificar situações que podem dificultar a relação entre escola e 
comunidade. 

A função social da escola vai além da troca de conhecimentos e experiências.


A escola é um importantíssimo espaço de convivência humana, socialização,
descobertas, interações e isso tudo deve ser valorizado como aprendizagem. Deve
haver uma relação cotidiana com as famílias de forma a integrá-las nas ações
escolares. É um dever e direito das famílias acompanharem e serem informadas
sobre o trabalho realizado, e é por isso que a escola tem sido chamada a
estabelecer uma ​relação com a comunidade.
A escola precisa estar em conexão permanente com o seu entorno para
cumprir a sua função social. Desconectada das práticas sociais de seu entorno
poderá se transformar em uma instituição isolada, sem a participação e cooperação
dos estudantes e famílias. Sabemos que os professores, funcionários e estudantes
saem da escola de tempos em tempos, mas a comunidade fica e deve preservar o
sentimento de pertencimento à escola.
Numa sociedade diversa, a escola tende a reforçar os interesses dos grupos
que detêm maior poder na sociedade. Por isso é indispensável que todos os que
integram a escola permaneçam atentos para evitar que a escola contribua para
reforçar as práticas que ajudam a manter a injustiça e as desigualdades sociais.
Assim, a escola evitará a prática que discrimina o estudante e a cultura da
comunidade. Portanto, para que a escola possa promover a aprendizagem, sua
prática deve contribuir para a emancipação das pessoas.
A escola deve ser um espaço de respeito à diversidade e de busca pela
equidade. Ou seja, um espaço onde as diferenças que caracterizam indivíduos ou

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grupos sejam respeitadas, buscando-se, paralelamente, o combate à discriminação
e à exclusão social. Só podemos falar de qualidade educacional no contexto de
inclusão e de uma escola para todos​.

Reflita.... 
As  práticas  desenvolvidas  por  sua  escola  contribuem  para 
a  diminuição das desigualdades, respeitando a diversidade 

  presente na comunidade escolar? 

A participação de todos oportuniza a tomada democrática de decisões, bem


como a captação e incorporação de recursos da comunidade: estudantes,
professores, funcionários, pais de estudantes e outras pessoas interessadas e
engajadas no bom desempenho da escola.
Estudos realizados sobre escola e comunidade verificaram que:
● Há uma grande distância entre a escola e a comunidade, provocada pelas
expectativas não atendidas de ambas as partes;
● A escola continua sendo desconhecida para os pais e/ou responsáveis;
● A escola é considerada espaço de trocas sociais pelos estudantes, mas a
equipe escolar não valoriza a socialização.
Assim, existem muitas questões a serem melhoradas na relação
escola-comunidade: algumas famílias não se interessam na convivência com o seu
entorno; os pais dos estudantes reclamam que somente são chamados a
comparecer na escola para escutar queixas sobre os filhos; a equipe da escola
aponta o desinteresse dos pais e famílias.
A escola tem um grande poder de transformação. Por meio dela, tanto o
homem quanto a sociedade e a comunidade podem ser modificadas na interação
entre eles.
A falta de convívio entre escola e família não é recomendável. ​O diálogo, a
habilidade de comunicação, a capacidade de construir relações e criar um
ambiente de confiança mútua com a equipe escolar e comunidade são

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competências a serem consideradas e aprimoradas pela equipe gestora​. Como
nos ensinou Paulo Freire (1988): “O diálogo cria base para a colaboração.”

● Qual  a  visão  de  sua  equipe  quanto  à  proximidade  e  a 


participação da comunidade escolar? 
● O  Plano  de  Gestão  apresentado  à  comunidade  escolar  prevê 
mecanismos para essa participação? 
● Existem  tempos  e  espaços  instituídos  em  sua  escola  para 
fortalecer a participação da comunidade? 
 

A participação social começa dentro da escola, por meio da criação de


espaços nos quais professores, funcionários, alunos, pais de alunos, entre outros,
possam discutir criticamente o cotidiano escolar. Nesse sentido, a função da escola
é formar indivíduos críticos, criativos e participativos, com condições de lutar pela
democratização da educação. A escola, no desempenho dessa função, precisa ter
clareza de que o processo de formação para uma vida cidadã e, portanto, de gestão
democrática, passa pela construção de mecanismos de participação da comunidade
escolar, tais como: Colegiado Escolar, Associação de Pais e Mestres, Grêmio
Estudantil, Conselhos de Classe e outros. Discutiremos a seguir mais
detalhadamente o Colegiado Escolar e a Assembleia Escolar.

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3.1 O Colegiado Escolar e Assembleia Escolar

  
Os objetivos deste tópico são: 
● Conceituar Colegiado Escolar/Assembleia Escolar; 
● Conhecer as competências do Colegiado Escolar e da Assembleia Escolar; e 
● Identificar  a  importância  do  Colegiado  Escolar  na  gestão  democrática  da 
escola. 

O Colegiado Escolar das escolas estaduais de Minas Gerais é regulamentado


pelo Decreto 43.602 de 19/09/2003, sendo competência da Secretaria de Estado de
Educação estabelecer as normas reguladoras da estrutura e funcionamento deste
órgão na rede estadual de ensino.
A comunidade escolar passou a eleger os membros do Colegiado Escolar,
democraticamente, a partir do processo de eleição realizado no ano de 2000. Tal
processo foi considerado um sucesso, com critérios bem definidos, o que
demonstrou crescimento do processo democrático. Desde então, o Colegiado
Escolar vem se aperfeiçoando e se consolidando nas escolas estaduais como
instituição fundamental na condução de assuntos relacionados à gestão escolar,
com funções deliberativas e consultivas, tornando-se cada vez mais um importante
espaço de exercício da gestão democrática.
As legislações em vigor são: Resolução SEE nº 4.188/19 que dispõe sobre a
Assembleia Escolar e sobre a estrutura, funcionamento e processo de eleição dos
membros do Colegiado Escolar na rede estadual de ensino de Minas Gerais e
Resolução SEE nº 4.189/19 – específica das escolas indígenas.

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Tendo  em  vista  as  peculiaridades  das  ​escolas  em  comunidades 
indígenas​,  visando  a  garantia  da  gestão  democrática  e  a 
valorização  da  cultura  indígena,  a  SEE/MG  regulamentou  o 
processo  de  eleição  e  de  funcionamento  do  Colegiado  nestas 
  escolas  com  resolução  própria.  (Ver  Resolução  SEE  nº  4.189  de  24 

de agosto de 2019). 

3.2 Atuação e competências do Colegiado e da Assembleia


Escolar
2
Conforme estabelece a Resolução SEE nº 4.188/2019 :
Art. 2º A Assembleia Escolar e o Colegiado Escolar são órgãos
representativos da comunidade escolar, com funções de caráter deliberativo e
consultivo nos assuntos referentes à gestão escolar.
§1º O Colegiado Escolar deve atuar permanentemente como agente de apoio
da gestão escolar.
§2º A Assembleia Escolar, instância máxima de consulta e deliberação da
comunidade escolar, deverá ser convocada sempre que necessário.
A Assembleia Escolar é uma instância de participação da comunidade escolar
constituída por profissionais em exercício na escola, estudantes, pais, mães ou
responsáveis por estudantes, presidida pelo Diretor Escolar ou pelo Coordenador de
escola (no caso de unidades que não comportam o cargo de diretor). A Assembleia
Escolar propõe-se a discutir e a deliberar sobre assuntos de interesse da
comunidade escolar, como por exemplo temas relativos ao regimento escolar, aos
processos educativos, pedagógicos, administrativos e/ou financeiros.
Art 6º - § 1º Para ter validade a Assembleia Escolar deve contar com um
quantitativo mínimo de 10% (dez por cento) de pais e estudantes presentes,
calculado em relação ao número de estudantes matriculados e frequentes.

2
Conforme já informado, nas escolas indígenas há uma resolução própria que regula sobre o tema.

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A convocação da comunidade para participar da Assembleia Escolar é feita
pelo presidente do Colegiado, devendo ocorrer ordinariamente, ​pelo menos uma
vez por ano​, sendo uma delas destinada à Prestação de Contas da Gestão Escolar
nas dimensões pedagógica, administrativa e financeira, conforme previsto em
resolução anual que dispõe sobre o Calendário Escolar.
​O Colegiado Escolar constitui-se também como órgão representativo da
comunidade escolar, com caráter consultivo e deliberativo, porém se difere da
Assembleia Escolar por sua forma de constituição, atribuições e funções, como
veremos a seguir.

3.3 Competências do Colegiado Escolar


De acordo com as Resoluções SEE nº 4.188/2019 e Resolução SEE nº
4.189/2019, o Colegiado Escolar possui as seguintes competências:
I. convocar e realizar assembleias com a comunidade escolar;
II. aprovar o Projeto Político Pedagógico da Escola e o Regimento Escolar, ​ad
referendum ​da Assembleia Escolar, e acompanhar a sua execução;
III. discutir e aprovar o Calendário Escolar e suas devidas alterações;
IV. aprovar e acompanhar a execução do Plano de Gestão do Diretor;
V. acompanhar o lançamento, tempestivo e fidedigno, dos dados da unidade
escolar no Sistema Mineiro de Administração Escolar (SIMADE), por meio de
relatórios emitidos ao final de cada etapa, conforme calendário escolar;
VI. aprovar os critérios complementares para atribuição de turmas, aulas, funções
e turnos aos servidores efetivos e estabilizados do Quadro de Pessoal da
escola, observadas as normas legais pertinentes;
VII. acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (avaliações externa e
interna, matrícula e evasão escolar) e propor, quando necessário,
intervenções pedagógicas e medidas educativas, visando à melhoria da
qualidade do processo de ensino e de aprendizagem e alcance das metas
estabelecidas;
VIII. indicar, nos termos da legislação vigente, servidor para o provimento do cargo
de Diretor e para o exercício da função de vice-Diretor, nos casos de vacância

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e de afastamentos temporários; (apenas Resolução SEE nº 4188/19)
- indicar, nos termos da legislação vigente, servidor para o provimento do cargo
de Diretor e para o exercício da função de vice-Diretor, nos casos de vacância
e de afastamentos temporários *​conforme a Resolução SEE nº 4129 de 24 de
abril de 2019 e a Resolução SEE nº 4127, de 23 de abril de 2019*;.
(Resolução SEE nº4189/19)
IX. atuar como agente de apoio ao Diretor na transição entre uma gestão escolar
e outra;
X. apresentar e avaliar propostas de parcerias entre escola, pais, comunidade,
instituições públicas e organizações não governamentais (ONG), nos termos
da legislação;
XI. propor e acompanhar a adoção de medidas que visem à promoção de uma
cultura de paz e à convivência democrática no ambiente da escola;
XII. propor adoção de medida administrativa ou disciplinar em caso de violência
física ou moral envolvendo profissionais de educação e estudantes, no âmbito
da escola, respeitadas as normas legais pertinentes;
XIII. propor a utilização dos recursos orçamentários e financeiros da Caixa
Escolar, observadas as normas vigentes, e acompanhar sua execução;
XIV. referendar ou não a prestação de contas aprovada pelo Conselho Fiscal;
XV. manter diálogo permanente com os pares de cada segmento sobre as
decisões do Colegiado Escolar;
XVI. manter atualizado o cadastro dos membros do Colegiado Escolar no Sistema
de Colegiado Escolar (SICOL).
XVII. incentivar a criação e garantir a efetiva participação do Grêmio Estudantil nas
escolas que ofertam ensino médio. ​(Apenas na Resolução SEE nº4188/2019)

O Colegiado Escolar é um importante espaço de interlocução, interação,


mediação, e compartilhamento de decisões no interior da escola, e contribui para o
processo de democratização da gestão escolar.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº9394/96, em
seu artigo 14, assim dispõe sobre a gestão democrática:

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 17 de 38 | ​Sumário


Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática
do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e
conforme os seguintes princípios:
I. participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;

II. participação das comunidades escolar e local em conselhos

escolares ou equivalentes​.

A escola é construída por todos os envolvidos no processo educativo. Para


tanto é necessário a constituição de um colegiado atuante, forte e participativo, no
qual todos os segmentos da comunidade escolar interajam de forma ativa, formando
uma comunidade de aprendizagem. Assim, a eleição dos membros dos Colegiados
Escolares deve se pautar pela efetiva participação: o importante é a
representatividade, a disponibilidade e o ​compromisso​; é saber ouvir, dialogar, ter a
responsabilidade de acatar e representar, colaborar com as decisões da maioria,
sem desistir de dar opiniões e apresentar as suas propostas, pois o Colegiado
Escolar é espaço de participação.
Os membros do Colegiado, titulares e suplentes, são indicados pela
comunidade escolar mediante processo de eleição, para exercerem mandato de ​três
anos​, observando-se as datas e os períodos fixados em Resolução.

3.4 Composição do Colegiado Escolar


Considerando as resoluções específicas já apresentadas sobre a composição
​ le é composto pelo
do Colegiado Escolar, nas escolas estaduais ​não indígenas, e
presidente – Diretor Escolar ou Coordenador de escola - na condição de membro
nato e, paritariamente, por representantes da comunidade escolar, membros titulares
e suplentes, pertencentes às seguintes​ categorias e respectivos segmentos:
I. Profissional em Exercício na Escola,​ constituída dos​ segmentos:
A. magistério: Professor de Educação Básica e Especialista em Educação
Básica;
B. administrativo: Assistente Técnico de Educação Básica, Auxiliar de
Serviços de Educação Básica, Analista de Educação Básica.

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II. Comunidade Atendida pela Escola​, constituída dos ​segmentos:
A. estudante regularmente matriculado e frequente:
1. em qualquer nível de ensino com idade igual ou superior a 14
anos.
2. no ensino médio ou educação profissional, com qualquer idade.
B. pai, mãe ou responsável por estudante regularmente matriculado e
frequente na escola.
C. entidades e grupos comunitários pertencentes à comunidade na qual a
escola está inserida e que atuam na promoção, defesa e garantia dos
direitos de crianças, adolescentes e jovens.
Os membros são escolhidos pelos seus pares da comunidade escolar,
mediante processo de eleição, cujo mandato tem duração de 3 (três) anos.

Caro(a) Diretor(a), 
Seu  papel  como  líder  é  fundamental  para  a  mobilização  e  o 
envolvimento  de  todos  os  segmentos  da  comunidade escolar na 
eleição e no funcionamento do Colegiado Escolar. 
 
Você  deve  ter  papel ativo, principalmente no período de escolha 
dos  representantes,  garantindo  a  ampla  divulgação,  as 
oportunidades  para  o  debate  e  o  envolvimento  de  todos  os 
segmentos  nas  discussões  e  na  eleição  dos  membros  do 
Colegiado Escolar. 

É importante refletir sobre as práticas do Colegiado e como ele vem atuando


no dia-a-dia. Sobre como são suas reuniões, se são produtivas, que assuntos são
tratados, como acontece a participação dos membros, como têm sido a
representatividade dos segmentos, se há acompanhamento e avaliação dos
resultados das decisões discutidas e aprovadas. Tudo isso contribui para conhecer
melhor o Colegiado, identificar pontos fortes e pontos de melhoria, para que ele se

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desenvolva e torne eficiente.

Colegiado Escolar - Escolas Estaduais Indígenas 


Os  membros  do  Colegiado,  titulares  e  suplentes,  são  indicados  pela  comunidade 
indígena  local  mediante  processo  de  eleição,  para exercerem mandato de três anos, 
observando-se  as  datas  e  os  períodos  fixados  no  Anexo  da  Resolução  SEE  nº 
4.189/2019 e considerando a realidade indígena. 
De  acordo  com  a  referida  resolução​,  o  Colegiado  nas  escolas  estaduais  indígenas  é 
composto,  além  dos  membros  natos,  paritariamente,  pelos  seguintes 
representantes: 
I – Profissional em Exercício na Escola, constituída pelos segmentos: 

a) magistério: Professor de Educação Básica e Especialista em Educação Básica; 

b)  administrativo:  Assistente  Técnico  de  Educação  Básica,  Auxiliar  de  Serviços  de 
Educação Básica, Analista de Educação Básica. 

II – Comunidade Atendida pela Escola, constituída pelos segmentos: 

a) estudante regularmente matriculado e frequente: 

a.1 – em qualquer nível de ensino com idade igual ou superior a 14 anos.  

a.2 – no ensino médio ou educação profissional, com qualquer idade. 

b)  pai,  mãe  ou  responsável  por  estudante  regularmente  matriculado  e  frequente 
na escola. 

 
Conforme  o  art  23:  “Cabe  ao  Colegiado  Escolar  propor  ações  que  ampliem  a 
participação  efetiva  da  ​comunidade  indígena​,  convocando  as  assembleias 
escolares,  sempre  que  necessário,  para  participarem  das  discussões  sobre  os 
assuntos  de  interesse  coletivo,  em  prol  da  aprendizagem  dos  estudantes  e  da 
convivência democrática.” 

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3.5 O Papel do/a Diretor/a na Gestão Democrática
A gestão democrática significa a participação de toda a comunidade escolar,
nas dimensões pedagógica, administrativa e de pessoas, nos projetos pedagógicos,
no estabelecimento das rotinas, na administração da escola. Uma gestão
democrática é aquela na qual os membros da comunidade escolar e local participam
dos processos decisórios da instituição de ensino.
A legislação é um mecanismo regulador da gestão democrática, na medida
em que define critérios de participação da comunidade escolar.
A gestão democrática permite a participação social nas tomadas de decisões;
na destinação e fiscalização dos recursos financeiros e nas necessidades de
investimento; na execução das deliberações coletivas; e nos processos de avaliação
da escola, dentre outros.
O Diretor desempenha um papel fundamental na gestão democrática, pois ele
pode dificultar ou facilitar a implantação de procedimentos participativos. Uma
gestão compartilhada entre todos os envolvidos, torna a escola mais atraente,
principalmente para os estudantes. É mais transparente permitindo que todos os
sujeitos contribuam com a melhoria da escola.
As escolas precisam de gestores capazes de trabalhar e facilitar a resolução
de problemas em grupo, que exerçam um trabalho de equipe com os professores e
colegas, ajudando-os a identificar suas necessidades de capacitação, para que
possam adquirir as habilidades necessárias para a uma formação de qualidade.
Devem ser capazes de ouvir o que os outros têm a dizer. Desse modo é ao Diretor
que todos os componentes da equipe levam suas ideias, seus desejos e problemas,
daí a necessidade de ser uma pessoa aberta ao diálogo, firme, calma, capaz de
encorajar a todos.
Para que se tenha, de fato, uma gestão participativa, a comunidade deve
estar comprometida com o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e com o
Plano de Gestão. Esse comprometimento e a participação da comunidade devem
estimular o gestor no desenvolvimento e na melhoria contínua dos processos

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educativos, especialmente na garantia do direito à aprendizagem dos estudantes,
encorajando-o a enfrentar os desafios cotidianos. Dessa forma, todos os segmentos
se sentirão envolvidos no processo coletivo.

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3.6 Considerações
Pode-se afirmar que a existência de instâncias de participação, por si só, não
assegura a prática da gestão colegiada de forma eficiente e democrática. Na
verdade, há ainda um caminho a ser percorrido pela gestão e comunidade escolar
em relação à maneira de constituir uma gestão democrática. A própria comunidade,
ao desconhecer ou minimizar o papel do Colegiado na tomada de decisões
financeiras, administrativas e pedagógicas compromete o exercício legítimo do
mandato e da representatividade de que está investido. Nesse sentido, é importante
investir na capacitação dos membros do Colegiado Escolar para que estes
reconheçam e assumam seu papel, divulguem e compartilhem suas atividades e
mantenham sempre abertos os canais de comunicação com toda a comunidade
escolar.
A participação da comunidade, de forma consciente e crítica, representada
em colegiados democraticamente constituídos, é o mecanismo natural que garante o
controle pela sociedade civil da política educacional adotada. Contidos na
participação estão a colaboração, o envolvimento, a responsabilidade e o
comprometimento. Sendo assim, é papel do Gestor exercitar a Gestão Democrática
nas escolas estaduais de Minas Gerais.

Dicas e materiais de apoio 


Para saber mais, leia: 
● OLIVEIRA,  Lia  Maria  Teixeira  de.  ​Conselho  escolar:  interfaces, 
experiência e desafios. ​Seropédica: UFRJ, 2015. 

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Referências

BRASIL. Constituição Federal (1988). ​Constituição da República Federativa do


Brasil​.
________. ​Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)​, 1996.
DIAS, José Augusto. Gestão da escola fundamental: subsídios para análise e
sugestões de aperfeiçoamento. ​5 ed. São Paulo. Cortez.​ ​UNESCO-MEC, 1997.
FREIRE, Paulo. ​Pedagogia do oprimido​. 25 ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1988
LÜCK, Heloisa. ​Dimensões da gestão escolar e suas competências​. Curitiba, Ed.
Positivo. 2009.
MINAS GERAIS. ​Constituição do Estado de Minas Gerais​, 1989.
PROGESTÃO. Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares.
Caderno de Estudo. Módulo I. Brasília 2011.
Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. ​Conselho Escolar
e o respeito e a valorização do saber e da cultura do estudante e da
comunidade. ​Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Brasília.
Nov. 2004.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. ​Resolução SEE
nº 2.958​, de 29 de abril de 2016. ​Dispõe sobre a Assembleia Escolar e sobre a
estrutura, funcionamento e processo de eleição dos membros do Colegiado
Escolar na rede estadual de ensino de Minas Gerais.
___________. Resolução SEE nº 3.023, de 6 de setembro de 2016. ​Dispõe sobre a
Assembleia Escolar e sobre a estrutura, funcionamento e processo de eleição
dos membros do Colegiado Escolar das escolas indígenas na rede estadual de
ensino de Minas Gerais.
___________. ​O Colegiado Escolar e a construção da escola pública de
qualidade​. 2004.
___________. ​O Colegiado Escolar que faz a diferença​. 2004.

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4. Gestão de Conflitos no Ambiente Escolar

  
Os objetivos deste tópico são: 
● Compreender  o  conflito  como  inerente  ao  ambiente  escolar  e  como 
oportunidade de crescimento individual e coletivo; 
● Diferenciar indisciplina de violência; 
● Compreender  que  as  violências  são  diversas  e  precisam  ser 
entendidas/tratadas de diferentes formas; 
● Conhecer os conceitos que embasam a comunicação não violenta; 
● Conhecer  metodologias  dialogadas  para  o  gerenciamento  positivo  dos 
conflitos e a elaboração conjunta de soluções. 
 

4.1 Os conflitos, as violências e as indisciplinas no


ambiente escolar
Existe uma profusão de estudos que abordam as diversas formas de violência
no ambiente escolar e a literatura a respeito já produziu análises importantes que
podem auxiliar os gestores a categorizar os diversos tipos de violências e a lidar de
modo racional com esses problemas.
Para Orsini, Guerra e Lima (2014), vários problemas ocorridos no ambiente
escolar “​são provenientes da sustentação de uma imagem ideal de educação e,
como consequência, da não consideração dos conflitos como parte integrante e
necessária do processo educativo​”. Essas autoras salientam que o conflito surge
quando se tem dificuldade de lidar com as diferenças, somada à aparente
impossibilidade de coexistência de interesses.
Os conflitos fazem parte da natureza humana e, simples ou graves, devem
ser vistos como oportunidades de mudanças e de crescimento. Os conflitos estão
muito presentes nas escolas, que são espaços privilegiados para a disseminação de

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valores e construção da cidadania. Por isso, a comunidade escolar precisa conhecer
ferramentas, estratégias e habilidades que possibilitem o seu gerenciamento
pacífico. (CNMP, 2014).
De acordo com Milani citado por Dusi (2005), o conflito na escola se restringe
a um universo conhecido, com sujeitos permanentes (estudantes, professoras/es,
técnicas/os e comunidade) e com rotinas estabelecidas (temáticas, horários,
espaços físicos, etc.). Portanto, é possível identificar e categorizar os pontos que
contribuem para o surgimento de conflitos e que, na maioria das vezes, não são
explícitos ou percebidos. Conflitos entre docentes, entre estudantes e docentes, de
estudantes entre si, entre responsáveis, docentes e gestoras/es, são os que ocorrem
com maior frequência e tendem a ser percebidos de forma diversa pelos diferentes
sujeitos em cena. É necessário que todos os sujeitos escolares compreendam a
importância de identificar as situações de conflito no sentido de prevenir confrontos
que gerem violência. Além disso, transformar conflito em oportunidade de reflexão e
discussão pode ser uma prática fundamental no processo de ensino e
aprendizagem.
Neste sentido, uma primeira reflexão importante a ser feita é a respeito da
distinção dos termos “indisciplina” e “violência”. Uma boa abordagem da distinção
entre indisciplina e violência é realizada por Silva (2010). Segundo este autor,
embora existam semelhanças entre os dois fenômenos, existem características
específicas que permitem distingui-los. São elas: ​a natureza das regras que eles
violam,​ a ​gravidade intrínseca p
​ resente em cada um desses atos e as
consequências imediatas que eles podem acarretar para a integridade física,
psicológica e moral dos sujeitos.
Silva aponta que, em seu sentido mais corrente, a palavra disciplina tende a
designar “um conjunto de regras e de ações que visam regular o convívio e o
cumprimento das atividades pelos sujeitos numa dada instituição”. Os professores
tendem a associar esse conceito a formas de comportamento estudantil que burlam
as regras e dificultam o bom funcionamento da aula, chegando a questionar a
autoridade do professor e das regras especificamente escolares. Exemplos são as

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conversas durante a aula, os deslocamentos não autorizados, as desobediências
aos professores e a regras da escola. Por isso,

“os comportamentos de indisciplina apresentam uma pequena gravidade intrínseca,


sendo condenados mais pela perturbação que podem gerar no ambiente escolar do
que pelas consequências imediatas que poderiam acarretar à integridade física ou
psicológica dos sujeitos.” (SILVA, 2010).

Já no caso da ​violência escolar​, o autor sustenta que a palavra “​tende a ser


associada a comportamentos que violam regras sociais mais abrangentes e que
podem causar danos físicos, morais, psicológicos ou materiais às pessoas ou
instituições​”, e que podem facilmente serem enquadrados como infrações legais,
quando perpetrados por adultos ou ​“ato infracional” quando protagonizados por
jovens entre 12 e 18 anos. É o caso dos assassinatos, dos roubos, do porte de
armas, do tráfico de drogas, das ameaças, das agressões físicas ou psicológicas.
São comportamentos com “enorme gravidade intrínseca, fortemente condenados e
penalizados em todas as esferas da vida social”.
Ao diferenciar as situações que engendram os diferentes tipos de violência e
a indisciplina, a escola aumenta sua capacidade de solucionar seus conflitos e
constrói junto à comunidade escolar um sentimento de autonomia, uma vez que
reduz o acionamento de órgãos externos.
Em muitos casos, as escolas precisam de apoio interinstitucional para
prevenir e/ou solucionar as situações de violência. Sendo assim, torna-se necessário
também conhecer a rede de grupos e instituições que podem atuar junto à escola e
compreender como cada um dos atores pode auxiliar para a construção de um
ambiente propício para o desenvolvimento pessoal e para o aprendizado de todos ali
presentes. Assim, é necessário que a gestora/o gestor tenha a capacidade e o
interesse para a construção e manutenção da articulação entre instituições públicas,
privadas e organizações da sociedade civil que possam auxiliar o desenvolvimento
da comunidade escolar. Isso contribuiria para a institucionalização de um fluxo de
encaminhamentos ​preciso e ordenado que sirva como referência para as diversas
organizações do sistema de promoção, controle e proteção dos direitos.

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No que tange especificamente os conceitos de violência, alguns autores
trazem importantes discussões que contribuem para o nosso entendimento sobre o
tema.
Nesse sentido, como salienta Abramovay (2005), é necessário ter cautela ao
apresentar um conceito de violência, uma vez que as relações sociais passam por
adaptações e transformações cotidianas, e o fenômeno se constitui em algo
dinâmico, heterogêneo e de difícil delimitação no ambiente escolar. A autora
identifica categorias de violência no universo escolar de acordo com sua natureza,
conforme a seguir:
● Microviolências ou incivilidades​, ou seja, aquelas que perpassam as
relações sociais da escola, por meio de práticas e hábitos, como humilhações,
palavras grosseiras, falta de respeito, recusa de atendimento às demandas
das/os estudantes, entre outros, que apesar de fragilizarem ou destruírem os
laços sociais acabam se naturalizando, e suas consequências mais
frequentes dizem respeito ao medo e à insegurança, que podem acabar
fragilizando a instituição;
● Violências simbólicas ou institucionais​, aquelas que operam por imposição
de símbolos do poder. Na dinâmica escolar, estabelecem-se relações que
reproduzem violências simbólicas como forma de dominação. Podemos citar,
como exemplo, as condições da estrutura física das escolas; a falta de
sentido para a/o estudante em permanecer na escola por muitos anos; o
ensino como um desprazer, que a/o obriga a aprender matérias e conteúdos
descolados dos seus interesses; a violência nas relações entre professoras/es
e estudantes, direção e estudantes, direção e professoras/es; e também, na
negação da identidade e satisfação profissional, a indiferença das/os
estudantes e o absenteísmo.
● Violência dura,​ ou os atos enquadrados como crimes ou contravenção penal.
Esse tipo de violência pode ser entendido como a intervenção física de um
indivíduo contra a integridade do outro e/ou contra si mesmo, como suicídio,
roubos, homicídios, tráfico e consumo de drogas.

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● Violência estrutural,​ que está relacionada às diferentes formas de
manutenção das desigualdades sociais, culturais, etárias, étnicas e de gênero
que produzem miséria, e às várias formas de submissão e de exploração de
umas pessoas pelas outras. Relaciona-se, diretamente, com a situação de
exclusão social de parte da população de países com baixos níveis de
desenvolvimento econômico e social.
Outro autor importante nesta área, Charlot (2002) distingue conceitualmente o
fenômeno da violência em 3 categorias: a violência na escola, violência à escola e a
violência da escola.
A ​violência na escola​, segundo o autor, é aquela que se produz no interior
do ambiente escolar, mas não está ligada à natureza das atividades inerentes à
instituição, uma vez que a escola se converte em palco de disputas ou acerto de
contas que poderiam ocorrer em outros locais, reproduzindo contextos e fatores
sociais externos. A ​violência à escola está ligada à natureza das atividades
escolares, quando, por exemplo, estudantes depredam equipamentos, batem nas/os
professoras/es ou as/os insultam. A ​violência da escola é uma violência institucional,
que as/os jovens suportam por meio da maneira como a instituição e seus agentes
as/os tratam. De acordo com o autor, se a escola é, em grande parte, impotente face
à violência na escola, ela dispõe de larga margem de ação para lidar com a violência
à escola e da escola.
Assim, um primeiro passo para uma boa gestão no que tange os conflitos no
ambiente escolar é compreender o conflito como inerente à convivência escolar e
como oportunidade de crescimento individual e de toda a comunidade; conhecer as
distintas formas de violência que podem estar presentes no ambiente escolar; e
começar a perceber a diferença entre as violências e as indisciplinas na escola.

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 29 de 38 | ​Sumário


Atenção! 
Quando  se  identifica  uma  situação  de  violência  é  preciso  ter 
um  olhar  atento  à  situação  e  às  vítimas,  pois  uma  situação 
enquadrada  como  ​bullying3,  por  exemplo,  pode  englobar 
práticas  de  discriminação  específicas  como  machismo, 
racismo,  homofobia,  e  preconceito  contra  as  pessoas  com 
 
deficiência,  intolerância  religiosa  e  outras  formas  de 
preconceito.  

4.2 Comunicação não-violenta


O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para designá-lo.
Se ao dizer suas palavras, ao chamar ao mundo, os homens o transformam, o diálogo
impõe-se como o caminho pelo qual os homens encontram seu significado enquanto
homens; o diálogo é, pois, uma necessidade existencial (FREIRE, 1979, p.42).

Comunicação, conforme o dicionário, significa ​ação de transmitir uma


mensagem e, eventualmente, receber outra mensagem como resposta.
Comunicação não-violenta é uma forma de se comunicar levando em consideração
os sentimentos, podendo ser chamada também de comunicação empática. É como
uma ponte entre as pessoas, criando conexão de forma compassiva.

"A não-violência significa permitirmos que venha à tona aquilo que existe de positivo
em nós e que sejamos dominados pelo amor, respeito, compreensão,
gratidão, compaixão e preocupação com os outros em vez de sermos
pelas atitudes egocêntricas, egoístas, gananciosas, odientas,
preconceituosas, suspeitosas e agressivas que costumam dominar
nosso pensamento. (...) O mundo em que vivemos é aquilo que
fazemos dele" - ​Arun Gandhi (neto de Gandhi e fundador do Instituto
Gandhi pela Não-violência)

3
"Bullying – Wikipédia, a enciclopédia livre." ​https://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying​. Acessado em 7 jul.
2019.

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 30 de 38 | ​Sumário


A título de complementação, assista... 
Introdução  à  Comunicação  Não-Violenta  - ​Workshop por Marshall Rosenberg. 
  Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=DgAsthY2KNA&list=PLiFg9s20-IeGfo73Yl
k5QGjjtjcpnwrW9 

O processo da comunicação não-violenta foi desenvolvido pelo psicólogo


americano Marshall Rosenberg. Ela pode ser aproveitada por todas as pessoas, não
somente aquelas que lidam com situações de conflito ou que atravessam um
impasse com alguém significativo. Ela exige bastante prática, esforço, paciência,
dedicação e envolvimento genuíno.

A ​observação é o primeiro elemento da comunicação não-violenta. Isso


significa que é necessário observar de maneira descritiva, sem julgamento. ​Depois
de observar o que causou o conflito, podemos nos voltar para nós mesmos,
percebendo e identificando os sentimentos que estão sendo aflorados dentro de nós
a partir das atitudes da pessoa.
Após esta identificação, podemos então identificar as necessidades que são
apontadas por eles, que não foram atendidas. E por último, depois de entendermos
melhor o que precisamos, podemos fazer ao outro um pedido claro para nossas
necessidades sejam atendidas.

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 31 de 38 | ​Sumário


Saiba mais em: 
ROSENBERG,  Marshall  B.  ​Comunicação  não-violenta​.  Técnicas  para 
  aprimorar  relacionamentos  pessoais  e  profissionais.  3.  ed.  São  Paulo: Ágora, 
2006.  

4.3 Práticas restaurativas


As práticas restaurativas referem-se a um conjunto de metodologias
dialogadas e têm como objetivo principal o gerenciamento positivo dos conflitos e a
elaboração conjunta de uma solução, contribuindo de forma efetiva para a reparação
de danos, restauração de vínculos, promoção de responsabilizações, permitindo
integração e pacificação comunitária, onde há o reconhecimento do sujeito como
parte importante nesta construção. Não se buscam culpados ou medidas punitivas.
As práticas restaurativas podem ser utilizadas com qualquer pessoa ou grupo,
independente de faixa etária, em âmbito familiar, comunitário, escolar ou em âmbito
organizacional, inclusive em empresas. Podem ser formais e informais, utilizadas em
caráter:
● Proativo/Preventivo: Constroem relacionamentos, conexões entre
indivíduos, confiança, compreensão mútua, valores compartilhados e
comportamentos que unem e tornam uma ação cooperativa possível.
● Reativo/Responsivo: Usadas como uma resposta ao crime e a
transgressões ​ restaura relacionamentos e repara danos.
4
Em geral, elas pedem a intervenção de facilitadores ou mediadores
(conforme a prática a ser utilizada) que podem ser profissionais de diversas áreas ou
pessoas da própria comunidade onde ocorre o conflito, que devem atuar de maneira
justa e imparcial.
No ambiente escolar, segundo ORSINI, GUERRA e LIMA (2014), “a
introdução dos métodos dialógicos como forma de solução de conflitos implica no

4
É a pessoa que tem o papel, como o próprio nome indica, de facilitar a participação das pessoas
afetadas e envolvidas em um processo restaurativo, que, na maioria das vezes, é circular, com a
presença de ofensor, vítima, seus apoios e representantes da comunidade.

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reconhecimento do espaço de participação ativa e responsabilização de todos os
atores da comunidade escolar”. Portanto, percebe-se então que através destes
métodos, a responsabilidade de garantir a boa convivência não é somente das
figuras de poder da escola ou de um profissional específico e sim de toda a
comunidade escolar (estudantes, educadores, funcionários e família).
São exemplos de práticas restaurativas, entre outras, a mediação escolar, os
círculos de paz e de diálogo e os círculos restaurativos. Abaixo falaremos um pouco
sobre eles.

4.4 Mediação Escolar


A Mediação representa um método dialógico para o tratamento e gestão
sustentável de conflitos. Envolve a atuação de uma terceira pessoa, não autoritária,
independente, com vistas a facilitar a comunicação entre indivíduos e grupos para a
solução de controvérsias. É um mecanismo que exige a gestão do conflito pelas
próprias partes e tem como principal objetivo o restabelecimento da comunicação
entre elas. (ORSINI; GUERRA; LIMA, 2014).
É importante ressaltar que a mediação de conflito deve se moldar a cada
realidade. Cada comunidade escolar deve fazer um diagnóstico para levantar as
principais necessidades de sua escola, sempre levando em consideração o contexto
socioeconômico, histórico e cultural de seu território.
Para Gustin (2005) o processo de mediação conectado à constituição de
capital social exige uma multiplicidade de saberes que sejam capazes de
compreender e de decidir problemas e de satisfazer necessidades que são
originadas e afetadas pela complexidade dos fenômenos sócio-culturais, jurídicos e
econômicos. Essa complexidade deve ser decodificada por saberes plurais, inclusive
e primordialmente, por aqueles que “brotam” da própria comunidade.

4.5 Círculos de Construção de Paz e Restaurativos


A Justiça Restaurativa é um meio de gestão de situações identificadas em
que um facilitador ​auxilia os envolvidos, junto com membros de suas
famílias/comunidades por eles indicados, a fazerem um processo dialógico capaz de

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 33 de 38 | ​Sumário


transformar uma relação marcada pela oposição e violência, em relação cooperativa,
partindo das pessoas concretas, de suas dores, necessidades e do dano causado
(BOONEN, 2011).
Praticamos Justiça Restaurativa através de processos circulares. O círculo é
uma importante forma geométrica para reuniões pedagógicas, para atividades
escolares em geral e para a solução de conflitos, seu formato simboliza liderança
partilhada, igualdade, conexão e inclusão. Conforme Pranis (2010) os círculos se
valem de uma estrutura para criar possibilidades de liberdade: liberdade para
expressar a verdade pessoal, para deixar de lado as máscaras e defesas, para estar
presente como um ser humano inteiro, para revelar nossas aspirações mais
profundas, para conseguir reconhecer erros e temores e para agir segundo nossos
valores mais fundamentais.
Há vários tipos de círculos, de acordo com cada situação: de diálogo,
compreensão, restabelecimento, sentenciamento, apoio, construção do senso
comunitário, resolução de conflitos, reintegração e celebração.
No geral, os círculos seguem um roteiro pré-determinado, dividido em três
etapas:
1. Pré-círculo (preparação para o encontro com os participantes)
2. Círculo (realização do encontro propriamente dito)
3. Pós-círculo (acompanhamento)

Saiba mais em: 


 
PRANIS, Kay. ​Processos Circulares. ​1ª edição.​ ​São Paulo: Palas Athena, 2010. 

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 34 de 38 | ​Sumário


Referências

● ABRAMOVAY, Miriam, et al. Cotidiano nas escolas: entre violências. Brasília:


● BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília,DF, Senado, 1988.
● BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília:
Secretaria
Especial dos Direitos Humanos, 2009.
● BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil. Brasília, DF, v. 134, n. 248, p. 27833-41. 23 dez.1996.
● BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica :
diversidade e
inclusão. Brasília: Conselho Nacional de Educação : Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão,
2013. 480 p.
● BRASIL. Lei nº 12.852, de 05 de agosto de 2013. Institui o Estatuto da
Juventude e
dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas
de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 2013.
● BRASIL. Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. Institui o Estatuto da Criança e
do
Adolescente.
● BRASIL. Lei nº 10.741 de 2003 Institui o Estatuto do Idoso.
● BRASIL. Lei nº 12.288 de 2010. Institui o Estatutos da Igualdade Racial.
● BRASIL. Lei 10.639 de 2003. Estabelece a obrigatoriedade do ensino da
História e Cultura Afro-Brasileira.
● BRASIL. Lei 11.645 de 2008. Estabelece a obrigatoriedade do ensino da
História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena.
● BRASIL. Lei nº 6.001 de 1973. Institui o Estatuto do Índio.

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 35 de 38 | ​Sumário


● BRASIL. Lei nº 13.146 de 2015. Institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência.
● CHARLOT, Bernard. Violência na escola: como os sociólogos franceses
abordam essa questão. Interface. Revista Sociologias, n. 8, Porto Alegre,
jul./dez.2002.
● CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Diálogos e Mediação
de Conflitos nas Escolas: Guia Prático para Educadores. Brasília. 2014.
Disponível em:< >. Acesso em: 18 de maio de 2016.
● CTC/PMC - Comissão técnica de conceitos do Programa Mediação de
Conflitos. Programa Mediação de Conflitos: uma experiência de mediação
comunitária no contexto de políticas públicas. Belo Horizonte: Arraes Editores,
2011.
● Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica: diversidade e
inclusão/
Organizado por Clélia Brandão Alvarenga Craveiro e Simone Medeiros. –
Brasília: Conselho Nacional de Educação: Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. 2013. 480p.
● FREIRE, Paulo. ​Conscientização: teoria e prática da libertação – uma
introdução ao pensamento de Paulo Freire​. 3ª edição. São Paulo: Cortez &
Moraes, 1979, p. 42
● GUSTIN, Miracy Barbosa de Souza. Resgate dos direitos humanos em
situações adversas de países periféricos. In: ​Revista da Faculdade de
Direito da UFMG​. Belo Horizonte, nº 47, 2005, p. 181-2016.
● ORSINI, Adriana Goulart de Sena; GUERRA, Andréa Máris Campos, LIMA,
Nádia Laguardia. ​Capacitação de formadores em práticas restaurativas
no ambiente escolar​. Belo Horizonte. RECAJ/UFMG. 80 p. 2014.
● PRANIS, Kay. ​Processos Circulares. ​1ª edição. ​São Paulo: Palas Athena,
2010.
● ROSENBERG, Marshall B. ​Comunicação não-violenta​. Técnicas para
aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. 3ª edição. São Paulo:
Ágora, 2006.

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 36 de 38 | ​Sumário


● MOEHLECKE, Sabrina. Por uma Cultura de Educação em Direitos Humanos.
In:
● ASSIS, Simone Gonçalves de (org.) Impactos da violência na escola: um
diálogo
com professores./ organizado por Simone Gonçalves de Assis, Patrícia
Constantino
e Joviana Quintes Avanci. – Rio de Janeiro: Ministério da Educação, Editora Fiocruz,
2010. 270p.
● UNESCO, Observatório de Violência, Ministério de Educação. 2005.
Disponível
em:<http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001452/145265POR.pdf. Acesso
em: 20 de jun. de 2016.
● _________. Conversando sobre violência e convivência nas escolas. Rio de
Janeiro: FLACSO - Brasil, OEI, MEC, 2012.

Caderno de Estudos - Gestão de Pessoas - Unidade 1 Página 37 de 38 | ​Sumário

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