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ESTADO DO MARANHÃO

PREFEITURA MUNICIPAL DE PERI MIRIM


SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Peri Mirim-MA
2018
ESTADO DO MARANHÃO
PREFEITURA MUNICIPAL DE PERI MIRIM
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

1.IDENTIFICAÇÃO

TÍTULO DO PROJETO: Educação das Relações Étnico-raciais e Cultura Afro-brasileira.


INSTITUIÇÃO: Secretaria Municipal de Educação de Peri Mirim
LOCAL DE EXECUÇÃO: Escola Municipal Carneiro de Freitas
TÉCNICOS ENVOLVIDOS: Equipe Pedagógica da SEMED
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INTRODUÇÃO

Desenvolver um trabalho e buscar condições para a aplicabilidade voltada à educação


das relações étnico-raciais, dentro das instituições escolares, significa, em muitos contextos,
propor reformulações de novos conceitos e paradigmas, sendo um grande desafio na formação
docente.

Nesse contexto, merecem atenção os chamados “velhos problemas” em relação à


formação de professores, que evidenciam desarticulações em diferentes níveis, dentre elas a mais
preocupante a desarticulação entre a teoria e a prática, entre o discurso e a ação, o que se
configura de grande gravidade no tocante às questões raciais no Brasil.

Deve-se levar em conta para a formação de professores um apanhado de estudos


considerados no contexto social, econômico, político e cultural no qual o professor está inserido,
visto que o exercício profissional docente está sempre relacionado aos fins e às práticas do
sistema escolar mais amplo e ao contexto social.

Nesse sentido, A Secretaria Municipal de Educação de Peri Mirim-MA tem a


preocupação de envolver todos os segmentos da comunidade escolar (diretores, pedagogos,
professores, pais, funcionários e alunos), na Educação das Relações Étnico-raciais, pois não se
trata de uma ação pontual e sim de uma preocupação em superar o preconceito em todas as
instancias sociais e buscar a qualidade da educação. Diante disso, tem-se a preocupação com a
formação continuada dos profissionais da educação, pois são os multiplicadores e também
formadores da comunidade.

Desse modo, é preciso a adoção de políticas educacionais e estratégias pedagógicas de


valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnico racial presente na educação
escolar brasileira.

O Art. 11 da LDB diz que os Municípios se incumbem, dentre outras coisas, de:
“organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino,
integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados, baixar normas
complementares para seu sistema de ensino; autorizar, credenciar e supervisionar os
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estabelecimentos do seu sistema de ensino; oferecer a educação infantil em creches e pré-


escolas, e, com prioridade o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino
somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência.

A Lei nº 10.639/2003, que altera a Lei nº 9.394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional e estabelece a obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana na Educação Básica, e o Parecer 01/2004 do Conselho Nacional de Educação (CNE),
bem como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico Raciais,
buscaram traçar orientações curriculares nacionais para os diversos níveis da educação brasileira.

A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, o Ministério da


Educação definiu, nos Parâmetros Curriculares e nos Parâmetros em Ação, o tema transversal da
diversidade cultural, pelo qual pretende atuar no sentido de dar um atendimento adequado às
escolas para que possam praticar a pluralidade que compõe a cultura brasileira, o que
representou, à época, uma tentativa de evidenciar as diferenças culturais e raciais com a
perspectiva de integrá-las ao currículo, dialogando com as antigas reivindicações do movimento
negro.

A ausência da cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares denota


comprometimento com uma cultura e ideologia homogeneizadora, que tem historicamente
negado e/ou reprimido os valores e as tradições dos afro-brasileiros e dos demais grupos
discriminados da sociedade brasileira. É uma engrenagem a serviço da manutenção das
estruturas vigentes, constituindo-se, desse modo, em um terreno fértil para que os/as estudantes
brancos/as, negros/as e indígenas, homens e mulheres, adultos e crianças reforcem preconceitos e
ideologias racistas adquiridos na escola e em outras instituições socializadoras, como a família.

Em consonância com a legislação vigente a Secretaria Municipal de Educação de Peri


Mirim, visa o reconhecimento das injustiças sofridas pelos negros e negras ao longo da história,
bem como a luta por políticas públicas que lhes assegurem seus direitos.
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JUSTIFICATIVA

O Estado brasileiro reconheceu que há uma dívida histórica em relação aos dois grupos
étnicos (negro e indígena) que compõem a formação cultural do povo brasileiro e por muito
tempo e ainda hoje, sofrem as consequências das ações políticas perpetuadas por muitos anos.
Esse projeto visa atender a demanda das Leis 10.639/03 e 11.645/08. “Essas leis não são apenas
instrumentos de orientação para o combate à discriminação. São também Leis afirmativas, no
sentido de que reconhecem a escola como lugar da formação de cidadãos e afirmam a relevância
de a escola promover a necessária valorização das matrizes culturais que fizeram do Brasil o país
rico, múltiplo e plural que somos.” (BRASIL, 2009, p.5).

Desta forma, a implementação da Lei nº 10.639/2003 e a implementação de um


currículo multicultural requer a formação continuada dos docentes e gestores da rede de ensino
de educação básica brasileira, de forma a atender as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-brasileira,
contidos no Parecer 003/2004, elaborados pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que
regulamenta a alteração trazida pela Lei nº 10.639/2003 à Lei nº 9.394/1996, nos seus artigos 26,
26A e 79B.

A Lei nº 10.639/2003 é regulamentada pelo Parecer homologado em 19 de maio de


2004, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. As Diretrizes se
constituem em orientações de como a Lei deve ser implementada. Ela faz parte de um conjunto
de ações afirmativas que devem ser assumidas pelo Governo Federal e por toda a sociedade,
representada nas diversas instâncias, assumindo uma agenda de compromisso no combate ao
racismo e no reconhecimento do povo negro como constituinte da nação brasileira.

Além desses documentos, o parecer 03/04 e a Resolução 01/04 orientam a efetivação


dessa política pública nas comunidades escolares. “Estes marcos legais buscam eliminar
estigmas e dar visibilidade à contribuição de homens e mulheres africanos e seus descendentes
para formação social brasileira.” (CARREIRA; SOUZA, 2013, p.4).
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Portanto, cabe aos educadores, educandos, corpo diretivo da escola, bem como
familiares e à sociedade civil organizada a responsabilidade pela execução, fiscalização e
acompanhamento da aplicação da Lei nº 10.639/2003, contribuindo, assim, para a disseminação
de conceitos e práticas educativas que auxiliem no combate ao racismo e preconceito racial,
ainda presentes na sociedade brasileira.

A Lei nº 10.639/2003, em seu artigo 1º, estabelece que: “Nos estabelecimentos de


ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e
Cultura Afro-Brasileira” (BRASIL, 2003, p.1).

No entanto, após dez anos de aprovação da Lei nº 10.639/2003, a temática ainda


encontra muitos obstáculos a ser desenvolvida no âmbito escolar, entre eles, a falta de
conhecimento teórico, a formação docente, a formação continuada e principalmente o
enfrentamento do mito da democracia racial alicerçam a concepção docente e os pilares que a
educação brasileira foi constituída. Segundo Munanga (2005, p. 63).

[...] a formação de professores que não tiveram em sua base de formação a história da
África, a cultura do negro no Brasil e a própria história do negro de um modo geral se
constitui no problema crucial das novas leis que implementaram o ensino da disciplina
nas escolas. E isso não simplesmente por causa da falta de conhecimento teórico, mas,
principalmente, porque o estudo dessa temática implica no enfrentamento e derrubada
do mito da democracia racial que paira sobre o imaginário da grande maioria dos
professores.

Diante dos aparatos legais apontados, torna-se relevante a necessidade da formação de


professores em discutir e reconhecer a história do povo negro do município de Peri-Mirim-MA,
o papel imprescindível que ela desempenha e valores civilizatórios que os negros trazem na
cultura, na dança, na literatura, na poesia, na música, na culinária e na política. Buscando, desse
modo, envolver os demais segmentos da sociedade em ações voltadas para a valorização
etinoracial. Conforme norteiam as Diretrizes Curriculares da Educação das Relações Étnico
Raciais há:

Inclusão de discussão da questão racial como parte integrante da matriz curricular, tanto
dos cursos de licenciatura para Educação Infantil, os anos iniciais e finais da Educação
Fundamental, Educação Média, Educação de Jovens e Adultos, como de processos de
formação continuada de professores, inclusive de docentes no Ensino Superior
(BRASIL, 2004, p. 3).
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OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Desenvolver ações pedagógicas contínuas que envolvam reflexões e discussões acerca das
Diretrizes Educacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e Cultura afro-brasileira.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Aprofundar a discussão da temática da Educação para as Relações Étnico Raciais a partir


das 10.639 e Lei 11.645.
 Discutir e construir estratégias metodológicas de acordo com cada modalidade de ensino
com vista ao desenvolvimento do tema em sala de aula.
 Conhecer e enfatizar o protagonismo dos povos negros.
 Promover ações de combate ao racismo, discriminação e preconceito.
 Promover o reconhecimento do respeito à diversidade e a igualdade racial.
 Debater as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e Cultura Afro-Brasileira.

PÚBLICO A SER ALCANÇADO

O projeto objetiva alcançar todos os Gestores da Secretaria de Educação, Gestores


Escolares, Profissionais da Educação e Diversidade Étnico-racial (docentes, discentes e
colaboradores/as das instâncias pedagógicas e administrativas).
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METODOLOGIA

“A metodologia visa a construção de um ambiente acadêmico favorável, a promoção da


corresponsabilidade e a definição de um conjunto de ações planejadas coletivamente que possam
contribuir de forma mais sistemática para o enfrentamento do racismo,” da discriminação e do
preconceito. (CARREIRA; SOUZA, 2013, p.20). Nesse sentido, este projeto visa articular e
trabalhar de forma conjunta com os vários setores. Essas ações nos permitirão alcançar tanto a
comunidade acadêmica no que se refere a professores, alunos e funcionários administrativos,
como também a comunidade externa.
As atividades e ações serão coordenadas pela Equipe Pedagógica, que será
responsável por realiza planejamentos bimestrais e tem em sua composição professores,
coordenadores e supervisores.
Em princípio, todos participarão na elaboração e propostas de atividades. A proposta
é que ocorram além de planejamentos sistemáticos, ações de promoção envolvendo as questões
étnico-raciais, bem como organização de eventos, podendo reverter, ao final do projeto, em horas
para atividades complementares para aqueles(as) alunos(as) que participarem de no mínimo 75%
das atividades do projeto.
A formação de professores torna-se, portanto, imprescindível para a abordagem da
história e cultura afro-brasileira, para a elaboração de estratégias pedagógicas que viabilizem as
práticas educativas anti-racistas e para a promoção da reeducação de posturas e valores no
sentido de relações positivas entre sujeitos de diferentes pertencimentos étnico-raciais.

Nesta perspectiva, a SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE PERIMIRIM-


MA, contribuirá para a formação dos profissionais de educação do referido município com a
realização de Formação Continuada sobre As Relações Étnico-raciais e o Ensino de História e
Cultura Afro-brasileira.
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AVALIAÇÃO

A avaliação do projeto se dará de forma processual e contínua, através da aplicação


de atividades voltadas a Cultura Afro-brasileira. Além disso, a SEMED realizará, uma avaliação
com a finalidade de corrigir distorções e implementar melhorias e verificar se os objetivos estão
sendo cumpridos.
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REFERÊNCIAS

Núcleo de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico Raciais e para
o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2004b. Disponível em:
Acesso em: agosto de 2015. BRASIL.

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica.


Brasília, DF: MEC, 2012. BRASIL. Lei n° 11.645, de 10 de março de 2008.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2008/lei/l11645.htm

Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 9 jan. 2003. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm BRASIL.

Plano nacional de implementação das diretrizes curriculares nacionais para a educação das
relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília,
DF: MEC, 2009.

CARREIRA, Denise; SOUZA, Ana Lúcia Silva.

BRASIL. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília: Imprensa Oficial, dez. 2001.


Cadernos pedagógicos, disponível em www.acordacultura.org.br Acesso em janeiro de 2010.

FERREIRA, Yedo. Ideologia racial e estrutura social. In: A Questão étnica e os Movimentos
Sociais. Revista Proposta. Rio de Janeiro, FASE, n. 51, p.24-25, nov/91.

GOMES, Nilma Lino. Trajetórias escolares/corpo negro e cabelo crespo: reprodução de


estereótipos e/ou ressignificação cultural? Trabalho apresentado na 25a Reunião Anual da
ANPed. Caxambu, MG, 2002.

GONÇALVES E SILVA. Petronilha Beatriz. Prática do racismo e formação dos professores. In:
DAYREL, Juarez (Org.) Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: UFMG,
1996.

HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. 6.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
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LOPES, Vera Neusa. Racismo, Preconceito e Discriminação. In: MUNANGA, Kabengele (org.).
Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Fundamental, 2001.

MUNANGA, Kabengele (Org.) Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da


Educação. Secretaria de Educação Fundamental, 1999.

PEREIRA, João Baptista B. A criança negra: identidade étnica e socialização. Cadernos de


Pesquisa, São Paulo: Fundação Carlos Chagas, n. 63, 198

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