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1º - Princípio do desenvolvimento sustentável: determina

que se deve compatibilizar as atividades econômicas com a


proteção ao meio ambiente. Para alcançar o
desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve
constituir parte integrante do processo de
desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente
deste. Possui como pilares: a) crescimento econômica; b)
preservação ambiental; c) equidade social. Assim, o
desenvolvimento sustentável é aquele que atende as
necessidades das presentes gerações sem comprometer as
necessidades das gerações futuras.

2º - Princípio da solidariedade intergeracional ou


equidade intergeracional: estabelece que o direito ao
desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que
sejam atendidas equitativamente as necessidades das
gerações presentes e futuras. Este princípio encontra-se
positivado no art. 225, caput, da CF.

Uma de suas principais consequências é tornar a obrigação


de reparar o dano ambiental imprescritível (REsp
1120117/AC), uma vez que as consequências do dano vão
atingir tanto as presentes quanto as futuras gerações.

3º – Princípio do meio ambiente ecologicamente


equilibrado como um direito fundamental da pessoa humana:
está insculpido no caput do art. 225 da CF, que concebe à
pessoa humana o direito a um meio ambiente ecologicamente
equilibrado, fundamental para a uma sadia qualidade de
vida. A doutrina entende que o direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado está intimamente ligado ao
direito fundamental à vida e à proteção da dignidade da
pessoa humana, garantindo, sobretudo, condições adequadas
de qualidade de vida. O direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de 3ª
Dimensão, que foi positivado, ainda, nos arts. 2º e 4º da
Lei 6.938/81.

4º – Princípios da prevenção e da precaução: embora


alguns doutrinadores os tratem como sinônimos, vem
prevalecendo na doutrina e jurisprudência que são dois
princípios distintos:

a) princípio da prevenção: é aquele que determina que


diante de um risco conhecido, justificado com base em
informações/pesquisas científicas, deve-se agir
antecipadamente ao dano. Seu objetivo, portanto, é
impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente (e não
simplesmente repará-los), por meio de medidas
acautelatórias antes da implantação de empreendimentos ou
atividades consideradas efetiva ou parcialmente
poluidoras.

Nesse sentido, ressalta-se que a aplicação do princípio


em análise não é possível em toda e qualquer situação de
perigo de dano. O princípio da prevenção se apoia na
certeza científica do impacto ambiental (o risco é certo
e conhecido) de determinada atividade. Caso não haja
certeza científica, o princípio a ser aplicado será o da
precaução. O princípio da prevenção é o fundamento maior,
por exemplo, do Estudo de Impacto Ambiental realizado
pelos interessados antes de iniciar um atividade
potencialmente degradadora do meio ambiente. Finalmente,
temos que sua aplicação é justificada por dois
fundamentos: a) impossibilidade de retorno ao status quo
ante; b) extinção de espécies da fauna e flora.
b) princípio da precaução: é aquele aplicado quando
houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, não
podendo a ausência de absoluta certeza científica ser
utilizada para postergar medidas eficazes e
economicamente viáveis para prevenir a degradação
ambiental. Assim, o princípio da precaução trabalha com o
chamado risco desconhecido ou perigo em abstrato, é
dizer, a ausência de certeza científica não deve servir
para o postergamento de medidas efetivas para evitar a
degradação ambiental.

A doutrina defende que sua aplicação deve limitar-se aos


casos de riscos graves e irreversíveis e não riscos de
qualquer natureza (o que inviabilizaria o próprio
desenvolvimento científico e econômico). Em suma, o
princípio da precaução traz na sua essência uma
verdadeira ética de cuidado, que não se satisfaz apenas
com a ausência de certeza dos malefícios, mas privilegia
a conduta humana que menos agrida, ainda que
eventualmente, o meio natural.

Uma de suas principais consequências é a inversão do ônus


da prova em matéria ambiental, uma vez que cabe ao
empreendedor demonstrar que sua intervenção não vai
causar danos ambientais. Para o STJ, que adota a aludida
teoria (REsp 1049822/RS), aquele que cria ou assume o
risco de danos ambientais tem o dever de repará-los e, em
tal contato, transfere-se a ele todo o encargo de provar
que sua conduta não foi lesiva. Justifica-se, assim, a
inversão do ônus da prova que, em verdade, se da em prol
da sociedade, que detém o direito de ver reparada ou
compensada eventual prática lesiva ao meio ambiente.
Outra consequência da sua aplicação é o chamado in dubio
pro natura, que defende que, na dúvida, devem ser
adotadas as soluções que melhor protejam o ser humano e
conservem o meio ambiente.

5º – Princípio do poluidor-pagador ou da
responsabilidade: considerado como fundamental na
política ambiental, o princípio do poluidor-pagador pode
ser entendido como um instrumento econômico que exige do
poluidor, uma vez identificado, que suporte as despesas
da prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais.

Com isso, busca-se a chamada internalização dos custos,


na qual se defende que os custos sociais externos que
acompanham o processo de produção devem ser
internalizados, é dizer, o resultado da poluição deve ser
assumido pelos empreendedores de atividades
potencialmente poluidoras, nos custos de produção. Dessa
forma, o poluidor arcará com os valores necessários à
diminuição, eliminação ou neutralização do dano
ambiental.

Tem como pressuposto o fato de que durante o processo


produtivo, além do produto a ser comercializado, são
produzidas externalidades negativas. A doutrina chama tal
situação de externalidades porque, embora resultantes da
produção, são recebidas pela coletividade, ao contrário
do lucro, que é percebido apenas pelo produtor. Dai
porque a doutrina utiliza a expressão privatização dos
lucros e socialização das perdas, quando identificadas a
presença de externalidades negativas. Com a aplicação
desse princípio procura-se corrigir este custo adicionado
à sociedade, impondo-se a sua internalização.

Faz-se necessário ressaltar, contudo, que este princípio


não se limita a tolerar a poluição mediante um preço, nem
se limita a compensar os danos causados, mas sim e,
principalmente, evitar o dano ambiental.

Desta forma, o princípio do poluidor-pagador não se reduz


à finalidade de somente compensar o dano ao meio
ambiente, deve também englobar os custos necessários a
precaução e prevenção dos danos, assim como a sua
adequada repressão.

Deve ser assim entendido como “poluiu, então deve


suportar os danos” e não como “pagou, então tem o direito
de poluir”. Salienta-se, assim, que esse princípio não
pode ser compreendido como uma autorização a poluição. No
Brasil, o princípio do poluidor-pagador está inserido na
CF, que obriga o explorador de recursos naturais
(minerais) a recuperar o meio ambiente degradado (Art.
225, §2º) e estabelece sanções penais e administrativas
aos infratores independentemente da obrigação de reparar
os danos (Art. 225, §3º). Ademais, também está insculpido
na Lei 6.938/81, em seu art. 4º, VII.

6º – Princípio do usuário-pagador: trata-se de uma


evolução do princípio do poluidor-pagador. Parte da
premissa de que os recursos naturais devem estar sujeitos
à aplicação de instrumentos econômicos para que o seu uso
e aproveitamento se processem em benefício da
coletividade. Assim, determina um preço aos recursos
naturais dotados de valor econômico, com o intuito de
racionalizar o seu uso e evitar desperdício.

A apropriação desses recursos por parte de um ou vários


indivíduos, públicos ou privados, devem proporcionar à
coletividade o direito a uma compensação financeira pela
utilização desses recursos naturais, bens de uso comum do
povo. Os recursos naturais são bens da coletividade e o
seu uso garante uma compensação financeira para ela, não
importando se houve ou não dano ao meio ambiente.

Aqui, o interessado estará pagando pela utilização de


recursos naturais e não necessariamente pelo dano causado
ao meio ambiente. Paulo Afonso Leme Machado destaca que o
princípio do usuário-pagador não é uma punição, pois
mesmo inexistindo qualquer ilicitude no comportamento do
pagador ele pode ser implementado. Portanto, para exigir
o pagamento pelo uso do recurso não há necessidade de se
provado que usuário está cometendo faltas ou infrações. O
princípio do usuário-pagador também esta positivado na
Lei 6.938/81, em seu art. 4º, VII.

7º – Princípio da obrigatoriedade de atuação


(intervenção) estatal ou princípio da natureza pública da
proteção ambiental: previsto no art. 225, caput, da CF,
estabelece que cabe ao Poder Público o dever de defender
e preservar o meio ambiente. Assim, a Constituição
estabeleceu uma natureza indisponível ao meio ambiente,
cabendo ao Estado uma atuação obrigatória em sua defesa.
8º – Princípio da participação comunitária (popular) ou
princípio democrático: decorre do direito de todos ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado e do regime
jurídico do ambiente como bem de uso comum do povo,
impondo a toda sociedade o dever de atuar em sua defesa.
No Brasil, o princípio foi inserido pelo art. 225, caput,
da CF, ao se estabelecer que cabe ao Poder Público e a
coletividade o dever de defender e preservar o meio
ambiente para as presentes e futuras gerações.

Com isso, a sociedade, titular do direito ao meio


ambiente ecologicamente equilibrado, passou a dispor de
alguns mecanismos de participação direta na proteção da
qualidade de vida e na preservação do meio ambiente para
as presentes e futuras gerações.

Inicialmente, destaca-se a participação nos processos de


criação do direito ambiental, com a iniciativa popular
nos procedimentos legislativos, discussões por meio de
audiência pública e a atuação de representantes da
sociedade civil em órgãos dotados de poderes normativos e
deliberativos (conselhos e comitês).

De outro modo, a participação poderá ocorrer na formação


e na execução de políticas ambientais, por meio de
representantes da sociedade civil em órgãos colegiados
responsáveis pela formulação de diretrizes de políticas
públicas e também nas hipóteses de realização de
plebiscitos, conforme prevê a CF.
Por fim, a participação poderá ocorrer por intermédio do
Poder Judiciário e MP, com a utilização de instrumentos
processuais e administrativos, dentre os quais se
destacam o inquérito civil e a ação civil pública.

Cumpre esclarecer, que o direito a participação pressupõe


o direito de informação, apresentado ligação direta entre
eles. A doutrina defende que os cidadãos com acesso a
informação tem melhores condições de atuar sobre a
sociedade, atribuindo mais eficazmente desejos e ideias e
de tomar parte ativa nas decisões que lhe interessam
diretamente.

9º – Princípio da informação: o direito à participação


pressupõe o direito a informação. Há uma interdependência
lógica entre eles: só haverá participação caso haja
acesso a informação. É decorrência lógica do princípio da
informação a determinação constitucional de publicidade
do Estudo de Impacto Ambiental.

Ressalta-se que se tratando o meio ambiente de interesse


difuso, qualquer indivíduo, independentemente da
comprovação de interesse específico, terá acesso as
informações que tratem de matéria ambiental, mediante
requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não
utilizar as informações colhidas para fins comerciais,
sob as penas da lei civil, penal, de direito autoral e de
propriedade industrial, assim como de citar as fontes,
caso, por qualquer meio, venha a divulgar os aludidos
dados, nos termos do art. 2º, §1º, da Lei 10.650/03.
10º – Princípio da educação ambiental: tem por objetivo
esclarecer e envolver a comunidade no processo de
responsabilidade para com o meio ambiente, visando o
desenvolvimento da necessidade de a sociedade entender
que se faz necessário a defesa e a proteção o meio
ambiente. Foi positivado no art. 225, §1º, VI, da CF.

A doutrina entende que a educação ambiental também é


fundamental à efetiva participação dos cidadãos no
controle do Estado e da iniciativa privada com vistas à
preservação do meio ambiente, permitindo o pleno
exercício da cidadania ambiental. Caso não haja educação
ambiental, impossível exigir da sociedade uma efetiva
participação na preservação dos recursos naturais.

11º – Princípio da função socioambiental da propriedade:


segundo ele, o uso da propriedade deverá ser condicionado
ao bem estar social. A função social não limita o direito
de propriedade, já que é elemento essencial interno dela;
não há que se falar em limitação, mas sim no uso da
propriedade conforme o direito.

É que o direito a propriedade, especialmente após a


CF/88, perdeu o caráter absoluto, ilimitado e intangível,
qualificado pela concepção individualista do CC/1916,
ganhando atualmente uma roupagem social como fator de
progresso e bem estar de todos.

Segundo a doutrina (Eros Roberto Grau) a admissão do


princípio da função social (e ambiental) da propriedade
tem como consequência básica fazer com que a propriedade
seja exercida para beneficiar a sociedade e o meio
ambiente (aspecto negativo).

Em outras palavras, a função social e ambiental não


constitui um simples limite ao exercício do direito de
propriedade, como aquela restrição tradicional, por meio
do qual se permite ao proprietário, no exercício de seu
direito, fazer tudo aquilo que não prejudique a
coletividade e o meio ambiente. Diversamente, a função
social e ambiental vai mais longe e autoriza até que se
imponha ao proprietário comportamentos positivos, para
que se adeque a preservação do meio ambiente.

Por exemplo, é através desse princípio que se impõe ao


proprietário rural o dever de manutenção, preservação,
recuperação e recomposição de áreas vegetais em APP e
Área de reserva legal, ainda quando não tenha sido ele o
responsável pelo desmatamento. Trata-se de obrigação
propter rem (REsp 217858/PR), é dizer, a obrigação
vincula o titular da coisa.

12º – Princípio da Cooperação entre os povos: Esculpido


no art. 4º, IX, da Constituição, o qual estabelece como
princípio da República Federativa do Brasil nas relações
internacionais a “a cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade”.

Trata-se de princípio de grande importância, já que os


fenômenos poluidores usualmente ultrapassam a fronteira
de uma nação, atingindo outro território. Neste princípio
está incluída a cooperação no sentido de repassar
conhecimento de proteção do meio ambiente obtidos pelos
mais avançados e que tem possibilidade econômicas de
investir e obter resultados nas pesquisas ambientais. A
lei 9.605/98 (que dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio
ambiente) tem um capítulo sobre o tema.

13º – Princípio do controle do poluidor pelo Poder


Público ou princípio do Limite: Édis Milaré ensina que o
referido princípio resulta de intervenções necessárias a
manutenção, preservação e restauração dos recursos
ambientais com vistas à sua utilização racional e a
disponibilidade permanente. Cabe ao Estado, através de
seu poder de polícia, fiscalizar e orientar os
particulares quanto aos limites em usufruir o meio
ambiente, conscientizando-os sobre a importância de
observar sempre o bem estar da coletividade, como também
promover termos de ajustamento de conduta, visando por
termo as atividades nocivas.

14º Princípio do mínimo existencial ecológico ou


princípio da vedação ao retrocesso ecológico: o
reconhecimento do meio ambiente saudável como direito
fundamental da pessoa humana está diretamente ligado ao
princípio do mínimo existencial ecológico, que apregoa
condições mínimas de preservação dos recursos naturais
para a sobrevivência de todas as espécies vivas do
planeta. Nesse sentido, temos também que uma vez dotado o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado o
status de direito fundamental, as garantias de proteção
ambiental já conquistadas não podem retroagir.
Bibliografia consultada para elaboração da apostila e
indicada para aprofundamento do tema:
- Direito Ambiental – Leonardo Medeiros Garcia e
Romeu Thomé;

– Direito Ambiental Esquematizado – Frederico


Amado;

- Manual de Direito Ambiental – Romeu Thomé.

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