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Alves
Perm 2000
..
2000
22.161.6 (=4 .)
A 45
ISBN 5–8241–0217–1
Estudam-se problemas de fronteira para equações diferenciais funcionais (EDF) singulares de segunda ordem. Obtêm-
se condições efectivas de solubilidade e conservação do sinal das funções de Green dos problemas de fronteira para uma
certa classe de EDF lineares singulares de segunda ordem. Fazendo uso da noção de função superior e inferior de Nagumo
e do esquema de quasilinearização de N. V. Azbelev, demonstram-se teoremas sobre condições suficientes de existência e
unicidade de solução para EDF quasilineares singulares de segunda ordem. O trabalho tem, na sua essência, um carácter
teórico. Os resultados obtidos podem ser usados na investigação da solubilidade de certas classes de problemas singulares,
que ocorrem, por exemplo, na teoria de reacções quı́micas.
O presente trabalho destina-se à investigadores, doutorandos e estudantes cujos interesses estão ligados com EDO e
EDF.
Referências bibliográficas: 89 tı́tulos.
Revisão: Prof. L.D. Berezanskiı̆, D.Sc., Ph.D., M.Sc. in Math. (Professor Catedrático do Departamento de Matemática
da Ben Gurion University of Negev, Israel);
Doutor S.M. Labovskiı̆, Ph.D., M.Sc. in Math. (Professor Associado do Departamento de Matemática da Universidade
Eduardo Mondlane, Mozambique);
Prof. V.P. Maksimov, D.Sc., Ph.D., M.Sc. in Math. (Chefe do International Laboratory in Dynamical Models da Perm
State University).
ISBN 5–8241–0217–1
Este trabalho foi realizado com o apoio financeiro do Capacity Building Project (Credit 2436, Eduardo Mondlane
University — Mozambique)
Typeset by LATE X
22.161.6 (=4 .)
A 45
..
A 45 - . – : - . -, 2000.- 180 .
ISBN 5–8241–0217–1
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. 89 .
A 45 Functional Differential Equations of Second Order. – Perm: Perm State University Press,
2000.- 180 p.
ISBN 5–8241–0217–1
We consider boundary value problems for second order singular functional differential equations (FDE). Effective
conditions of solvability and sign conservation of Green functions for boundary value problems for certain class of second
order linear singular FDE were obtained. Exploring the notion of upper and lower Nagumo’s function and the Azbelev’s
quasilinearization scheme, we proved the theorems of sufficient conditions of existence and unique solvability of solution
for second order quasilinear singular FDEs. This work has essentially a theoretical character. The obtained results
can be used on the investigation of solvability of certain classes of singular boundary value problems, which occur, for
example, in the theory of chemical reactor.
This work is destined to researchers and students which interests are related with ordinary differential equations
(ODE) and FDEs.
References: 89 titles.
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ISBN 5–8241–0217–1
c .. , 2000
°
CONTEÚDO
Simbologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
SINGULARES 17
§1.0. Definições básicas e afirmações preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
§1.1. O espaço Dπ,bp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
§1.2. Condições de conservação do sinal da função de Green de problemas singulares de
fronteira com operadores isótonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
§1.3. A condição “A” na investigação da monotonia do operador de Green de problemas
singulares de fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
§1.4. Operadores de Green para alguns problemas modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
k
b
§1.5. O espaço D p . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5
6
k · kX denota a norma no espaço X; se estiver claro sobre o espaço X a que nos referimos, então
escreveremos simplesmente k · k
def
kxkC = max |x(t)|
0≤t≤1
7
8 Simbologia
t
def 2 Z
erf(t) = √ exp(−s2 ) ds é o integral de probabilidades
π
0
f (t) é negativa (positiva) em [a, b] se f (·) < 0 (f (·) > 0); f (t) é não negativa (não positiva)
p0 = 1, se p = ∞)
def
kxkL∞ = vrai sup |x(t)|
0≤t≤1
Wnp [0, 1] ≡ Wnp é o espaço de funções n − 1 vezes diferenciáveis x : [0, 1] 7→ R1 com derivada
escreveremos simplesmente I
O é o operador nulo
E é a matriz unitária
f (t, ·) significa que t está fixo e f considera-se como uma função sómente do segundo argumento
f (·, s) significa que s está fixo e f considera-se como uma função sómente do primeiro argu-
mento
As questões relacionadas com equações diferenciais singulares há muito tempo que atraem a
atenção dos matemáticos. No seu livro [54] I.T. Kiguradze deu inı́cio ao estudo de equações sin-
Bessmertnykh [37], N.I. Vasil’ev, Yu.A. Klokov [87], R.G. Grabovskaia [47], I.T. Kiguradze
[54], I.T. Kiguradze, B.L. Schechter [57], A.I. Shindiapin [79], [80], S.M. Labovskiı̆ [67], [68],
N.V. Azbelev, L.F. Rakhmatullina [32], E.I. Bravyı̆ [38], [39], [40]. Nos trabalhos do Seminário
de Perm, sob a orientação do Prof. N.V. Azbelev, concluiu-se mais um novo capı́tulo da
Análise, que chama-se “Teoria Abstracta de Equações Diferenciais Funcionais”. A maioria dos
[16], [17], [18], [27], [30]. Na base desta teoria abriram-se novas perspectivas no estudo de uma
No âmbito da teoria de EDF é possı́vel aplicar, para estes problemas, uma única técnica,
10
Introdução 11
baseada na construção dum espaço especial de soluções D, onde dado problema singular torna-
se regular (vide [32]) e, deste modo, podem-se usar os métodos de investigação para EDF. Tais
possibilidades foram, pela primeira vez, usadas nos trabalhos de S.M. Labovskiı̆ [67], [68], A.I.
Antes de passarmos para a descrição dos principais resultados retratados neste trabalho,
formularemos algumas ideias fulcrais concernentes à teoria abstracta de EDF, nas quais se baseia
o nosso trabalho. A noção central da teoria abstracta de EDF consiste no espaço de Banach D
definirmos como
Zt
def def
(Λz)(t) = (t − s)z(s) ds, (Y β)(t) = β1 + β2 (1 − t),
0
então o elemento x ∈ D tem a representação
Zt
x(t) = (t − s)z(s) ds + β1 + β2 (1 − t)
0
de segunda ordem.
linear “modelo” L0 x = z, tem solução única x, que escreve-se na forma da fórmula de Green
x = Wz + Uα.
12 Introdução
problema de fronteira de dois pontos com pontos singulares nos extremos do intervalo foram
formuladas, para o caso de EDO, nos trabalhos de I.T. Kiguradze [54], I.T. Kiguradze e B.L.
Schechter [57], A.G. Lomtatidze [71] e, para EDF lineares, no artigo de I.T. Kiguradze e B.
Pŭja [56]. A fredholmidade de vários tipos de operadores diferenciais funcionais lineares, com
singularidades nos extremos do intervalo, estabeleceu-se nos trabalhos de S.M. Labovskiı̆ [67],
def
Lx = ẋ − S ẋ − K ẋ − Ax(a) = f,
singular. A.I. Shindiapin construiu o espaço B, mais restricto do que L1 , de tal modo que
ambos operadores S e K neste espaço são limitados. S.M. Labovskiı̆ nos trabalhos [67], [68]
estudou a equação
def
(Lx)(t) = t(1 − t)ẍ(t) + p(t)(Sh x)(t) = f (t), t ∈ [0, 1],
W21 , então a parte principal do operador L não é um operador de Noether. S.M. Labovskiı̆
Introdução 13
L : D 7→ L1 torna-se noetheriano.
Na teoria de EDO é bem conhecido o teorema de Sturm, sobre a separação de raı́zes das
soluções da equação linear homogénea (vide, por exemplo, [78, pg.167-169], [84, pg.135]) e o
teorema de Vallée Poussin sobre desigualdades diferenciais (vide, por exemplo, [85]). Uma
ordem. Estas questões foram investigadas e publicadas em revistas e monografias, para o caso
do problema de Vallée Poussin com certo tipo de equações com argumento desviado, e também
onde π(t) = t, π(t) = 1 − t ou π(t) = t(1 − t). Estas questões, para o caso de EDF sem
singularidades, i.e. quando π(t) ≡ 1, foram investigadas, por exemplo, nos trabalhos [24],
[25]. Com base na teoria abstracta de EDF, descrita na monografia [32], a equação singu-
lar regulariza-se, depois fazem-se investigações sobre a distribuição das raı́zes das soluções da
equação homogénea. Estas investigações generalizam o teorema clássico de Sturm, numa nova
classe de equações (teorema 1.3.3, pg. 51). Estes resultados são usados na demonstração de
a função r(t, ·) não é decrescente, para cada t ∈ [0, 1]. Demonstram-se, também, critérios su-
No parágrafo §1.0 faz-se uma breve introdução à teoria de EDF e da Análise Funcional.
singular (A), torna-se regular. Também demonstra-se que, para p > 1, este espaço está contido,
do problema de fronteira, para a equação singular (A), quando a função r(t, ·) não decresce
Green dos problemas de fronteira, para a equação singular (A), sem a suposição da monotonia,
para cada t ∈ [0, 1], da função r(t, ·). O núcleo r(t, s) representa-se como diferença de duas
funções não decrescentes, para cada t ∈ [0, 1], i.e. r(t, ·) = r+ (t, ·) − r− (t, ·). Com base na
teoria abstracta de EDF (vide [28], [29], [32]) e no método de estimação do raio espectral (vide,
por exemplo, [31], [51], [76]), estabelecem-se as condições de unicidade de solução e conservação
do sinal da função de Green do problema de fronteira para a equação singular (A), quando a
equação
Z1
π(t)[ẍ(t) + b(t)ẋ(t)] − x(s) ds r+ (t, s) = f (t), t ∈ [0, 1]
0
No parágrafo §1.4 investigam-se as propriedades dos operadores de Green, para certos prob-
Introdução 15
lemas de fronteira “modelo”. Mostra-se que, para p > 1, o operador de Green, da equação
No parágrafo §2.1, com base no esquema descrito na monografia [32], constrói-se o espaço
e ' L × R1 no qual o problema
D p p
k
ẍ(t) + ẋ(t) − (T x)(t) = f (t), t ∈ [0, 1],
t (C)
ẋ(0) = 0, x(1) + γ2 ẋ(1) = α
torna-se regular. Também demonstra-se o teorema do tipo de Vallée Poussin, sobre as condições
No parágrafo §2.2 introduz-se o espaço Bvp , que generaliza o espaço de A.I. Shindiapin (vide
No parágrafo §2.4 fazem-se investigações, análogas às do parágrafo §2.1, para o problema
de fronteira
ẋ(t) x(t)
ẍ(t) + − 2 − (T x)(t) = f (t), t ∈ [0, 1],
t t
x(0) = 0, x(1) + ν ẋ(1) = α
16 Introdução
∗ t2 ,t
no espaço D̄t,t
p , 1 < p ≤ ∞, e no espaço D̄1 (pg. 102).
de problemas de fronteira quasilineares para EDF singulares. Estas afirmações baseiam-se nos
resultados dos primeiro e segundo capı́tulos, que garantem a conservação do sinal das função
se, então o problema quasilinear reduz-se à equação com operador isótono ou antı́tono. A
redução do problema de fronteira para uma equação com operador isótono dá-nos a possibilidade
de demonstrar o teorema de existência. Se, para além disso, é possı́vel reduzir o problema
quasilinear para uma equação com operador antı́tono, então é possı́vel demonstrar a unicidade
da solução.
tabilidade de soluções para sistemas lineares de equações diferenciais ordinárias (EDO) não
estacionárias. Propõe-se um nova ideia para o problema sobre a construção da equação mod-
elo usando o W método. Com base nesta ideia obtêm-se novos critérios de estabilidade para
sistemas de EDO.
CAPITULO I
SINGULARES
Este capı́tulo é dedicado à investigação das condições que garantem a monotonia do operador
O espaço tradicional W2p , usado no estudo de EDF de segunda ordem, não é aplicável
para este caso. Por exemplo, a equação πẍ = 1 não tem soluções neste espaço, e o operador
L : Wp2 7→ Lp não é noetheriano. Nós investigaremos a equação (A) começando por construir o
2
espaço Dπ,b
p , isomorfo ao produto directo Lp × R , que iremos considerar como sendo o espaço
podemos aplicar os teoremas da teoria abstracta de EDF (vide [28], [29], [32]).
17
18 Capı́tulo I
Neste parágrafo enunciaremos alguns conceitos básicos da análise funcional (para mais de-
talhes vide, por exemplo, [36], [42], [52], [62]) e da teoria abstracta de EDF (vide [28], [29],
normalmente solúvel e dim Ker A < ∞, dim Ker A∗ < ∞, então diremos que ele (ela) é
def
ind A = dim Ker A − dim Ker A∗
O operador linear F , que actua do espaço linear X no produto directo Y1 × Y2 dos espaços
Segundo [28, pg.103], [29], [32, pg.10], a equação Lx = f chama-se equação linear diferencial
def def
k{z, β}kB×Rn = kzkB + |β|, kxkD = kδxkB + |rx|.
então
Λδ + Y r = I, δΛ = I, δY = O, rΛ = O, rY = I.
que
n
X
def
Yβ = yi βi , β = col{β1 , . . . , βn }.
i=1
def def
Aqui Q = LΛ : B 7→ B é a “parte principal”, A = LY : Rn 7→ B é a “parte finita” do operador
L. O operador Q : B 7→ B é de Fredholm (vide, por exemplo, [52, pg.507]) só e sómente só,
³ ´
quando ele admite a representação Q = P −1 + V Q = P1−1 + V1 , onde P −1 : B 7→ B é
20 Capı́tulo I
Fredholm se uma certa potência do operador V é completamente contı́nuo (vide, por exemplo,
[52, pg.511]). Segundo [28, pg.28], [63, pg.110], o operador Q = I + V chamaremos de operador
Teorema 1.0.1[32, pg.12]. O operador L : D 7→ B é noetheriano só e sómente só, quando a sua
parte principal Q : B 7→ B é noetheriana. Neste caso tem lugar a igualdade ind L = ind Q + n.
do núcleo do operador L não é menor do que n, sendo igual a n só e sómente só, quando a
α ∈ Rm . Ao sistema de equações
Lx = f, `x = α (1.0.3)
chamaremos problema linear de fronteira. Este problema podemos escrever numa forma mais
compacta:
teira.
n
X
x=v+ cj xj , (1.0.4)
j=1
quando o sistema
n
X
cj `i xj = βi , i = 1, . . . , m
j=1
def
é únicamente solúvel, qualquer que seja βi = αi − `i v ∈ R1 , i = 1, . . . , m. As condições
representação
x = Gf + X α,
dimensão n × n.
22 Capı́tulo I
completamente contı́nuo.
Vejamos a função f : [0, 1] × R1 7→ R1 . Diremos (vide, por exemplo, [89, pg.375]), que a
função f (·, ·) satisfaz as condições de Carathéodory se, para quase todo t ∈ [0, 1], a função
de Lp em Lq só e sómente só (vide [89, pg.375]), quando a função f (·, ·) satisfaz a desigualdade
Diremos (vide [87, pg.15]) que a função f (·, ·) satisfaz, em relação ao segundo argumento, a
condição generalizada de Lipschitz, se existe uma função mensurável λ : [0, 1] 7→ R1 , λ(·) > 0,
tal, que |f (t, u) − f (t, v)| ≤ λ(t)|u − v| para quase todo t ∈ [0, 1] e para quaisquer u, v ∈ R1 .
Diremos que o intervalo [a, b] é intervalo de não oscilação se qualquer solução não trivial da
equação (1.0.6) possui em [a, b] não mais do que uma raı́z. Segundo o teorema de Sturm, sobre
a separação de raı́zes das soluções da equação (1.0.6), temos que [a, b] é um intervalo de não
oscilação só e sómente só, quando existe solução positiva da equação (1.0.6) em [a, b].
2) existe uma função v : [a, b] 7→ R1 , com derivada absolutamente contı́nua v̇ , tal que
Zb
v(t) ≥ 0, (Lv)(t) ≤ 0, t ∈ [a, b], v(a) + v(b) − (Lv)(s) ds > 0;
a
4) o problema de fronteira
Lx = f, x(a) = 0, x(b) = 0
tem solução única para cada f , sendo a sua função de Green negativa em [a, b] × [a, b].
qualquer τ ∈ [a, b] e quaisquer x1 , x2 do seu domı́nio tal, que x1 (t) = x2 (t) em [a, τ ], cumpre-
def
Seja dada a função b : [0, 1] 7→ R1 , onde b ∈ L∞ , % = kbkL∞ . Denote-se por Jπ o intervalo
(0, 1), se π(t) = t(1 − t), o intervalo (0, 1], se π(t) = t ou o intervalo [0, 1), se π(t) = 1 − t.
De notar que π(s)Λτ (t, s), (t, s) ∈ [0, 1] × [0, 1], é a função de Green do problema de Cauchy
para (t, s) ∈ [0, 1] × [0, 1]. Deste modo, para cada t ∈ [0, 1], o produto Λτ (t, ·)z(·) pertence ao
Seja
Rζ
Z1 Zt − b(θ) dθ
def def
(Λτ z) (t) = Λτ (t, s)z(s) ds, (Yτ β)(t) = β1 + β2 e τ dζ,
0 τ
Rζ
Zt − b(θ) dθ
def
Yτ (t) = col 1, e τ dζ .
τ
x = Λ τ z + Yτ β
define, para cada par {z, β} ∈ Lp ×R2 , β = {β1 , β2 }, um elemento do espaço Dπ,b
p (1 ≤ p ≤ ∞),
Por outras palavras, o espaço D de todas as soluções da equação π(ẍ + bẋ) = z , para todo
[0, 1]. Para simplicidade dos cálculos, e sem perder a sua essência, vamos limitar-nos ao caso
quando π(t) = t, os outros casos demonstram-se de modo análogo. Para tal basta estabelecer
Zε
que, para um certo ε, o integral |u̇(t)| dt é finito. Assim, para ε = τ , obtemos:
0
Rt
− b(θ) dθ
Zτ Zτ Zt
e s
|u̇(t)| dt = | z(s) ds| dt ≤
τ
s
0 0
Rt Rt
− b(θ) dθ − b(θ) dθ
Zτ Zτ Zτ Zs
e s e s
≤ |z(s)| ds dt = |z(s)| dt ds ≤
s s
0 t 0 0
Zτ Zs Z τ
% |z(s)| %
≤e dt ds = e |z(s)| ds.
s
0 0 0
s z(s)
u(t) = z(s) ds = e s dζ ds =
τ
π(s) τ s
π(s)
Rζ
− b(θ) dθ
Zt Zζ Zt
e s
= dζ z(s) ds = u̇(ζ) dζ.
τ τ
π(s) τ
Monotonicidade do Operador de Green 27
Deste modo, a função u(·) é absolutamente contı́nua no segmento [0, 1]. A função π(ü + bu̇)
Dπ,b
p algébricamente isomorfo ao espaço Lp × R2 . Os isomorfismos Jτ : Lp × R2 7→ Dπ,b
p e
def def
Jτ−1 : Dπ,b
p 7→ Lp × R2 definiremos segundo as igualdades Jτ = {Λτ , Yτ }, Jτ−1 = [δ, rτ ]
def def
respectivamente, onde δx = π(ẍ + bẋ), rτ x = {x(τ ), ẋ(τ )}.2
singulares nos artigos [65], [68] a solução fora definida como uma função, que satisfaz a equação
def def
kxkDπ,b
p
= kπ(ẍ + bẋ)kLp + |x(τ )| + |ẋ(τ )|, k{z, β}kLp ×R2 = kzkLp + |β|.
def def
δx = π(ẍ + bẋ), rx = {x(0), x(1)},
Z1
def
(H0 z)(t) = H0 (t, s)z(s) ds,
0
Rζ Rζ
Zt − b(θ) dθ Zt − b(θ) dθ
e 0 dζ
e 0 dζ
def 0
(Y β)(t) = β1 + β2 0
1 − ,
∆0 ∆0
Rζ Rζ
Z1 − b(θ) dθ Zs − b(θ) dθ
e s dζ e 0 dζ
−t 0
, se 0 < s ≤ t < 1;
π(s)∆ 0
def
H0 (t, s) =
Rζ Rζ
Z1 − b(θ) dθ Zt − b(θ) dθ
e s dζ e 0 dζ
− s 0
, se 0 < t ≤ s < 1,
π(s)∆0
H0 (0, 0) = H0 (1, 1) = −1, H0 (1, 0) = H0 (0, 1) = 0, se π(s) = s(1 − s), H0 (0, 0) = −1,
do núcleo H0 (t, s), quando π(t) = t(1 − t). Para 0 ≤ s ≤ t < 1, temos:
Rζ Rζ
Z1 − b(θ) dθ Zs − b(θ) dθ
e s dζ e 0 dζ
t 0
|H0 (t, s)| = ≤
s(1 − s)∆0
Z1 Zs
%ζ
−%s
e e d(%ζ) e%ζ d(%ζ)
t 0 e%(t−s) (e%(1−t) − 1)(e%s − 1)
≤ = ≤
%2 s(1 − s)∆0 %2 s(1 − s)∆0
operador integral K,
Zt
def π(t)
(Kz)(t) = z(s) ds
τ
π(s)
actua de Lp em Lp e é limitado. Realmente, para 1 < p < ∞, π(t) = 1 − t, τ = 0 e qualquer
Z1
−p/p0 0 0
0
≤ (p − 1) (1 − t)p [(1 − t)1−p − 1]p/p dtkzkpLp =
0
Z1
−p/p0 0 0
= (p − 1) 0
[1 − t − (1 − t)p ]p/p dtkzkpLp ≤
0
Z1
−p/p0 0 0 p0
0
≤ (p − 1) (1 − t)p/p dtkzkpLp = (p0 − 1)−p/p 0
kzkpLp .
p+p
0
à !1/p
p
0 −1/p0
Deste modo kKkLp →Lp ≤ (p − 1) .
p + p0
De modo análogo, para p = ∞, π(t) = 1 − t, τ = 0, qualquer que seja z ∈ L∞ , temos:
¯ t ¯
¯Z ¯
¯
¯
z(s) ¯
kKzkL∞ = vrai sup(1 − t) ¯ ds¯¯ ≤
0≤t≤1 ¯ 1−s ¯
0
Zt
ds
≤ sup (1 − t) kzkL∞ = sup (t − 1) ln(1 − t)kzkL∞ = e−1 kzkL∞ .
0≤t≤1 1−s 0≤t≤1
0
Em particular, kK1kL∞ = e−1 . Daqui obtemos, que kKkL∞ →L∞ = e−1 . De modo análogo
1 ≤ p ≤ ∞.
É válida a igualdade
Rt Rt
Zt − b(θ) dθ − b(θ) dθ
z(s)
ẋ(t) = e s ds + e τ ẋ(τ ),
τ
π(s)
Monotonicidade do Operador de Green 31
Rt 1/p
Z1 −p b(θ) dθ
+
π p (t)|b(t)|p e τ dt
|ẋ(τ )| ≤
0
Deste modo,
kπbẋkLp ≤ %e% kKkLp →Lp kπ(ẍ + bẋ)kLp + %e% kπkLp |ẋ(τ )|.
É justa a igualdade
Zt
z(s)
ẋ(t) = ds + ẋ(τ ),
τ
π(s)
onde z = πẍ. Daqui concluimos que
1 ¯ t ¯p 1/p
Z ¯Z ¯
p
¯
p¯ z(s) ¯¯
kπbẋk ≤ π (t)|b(t)| ¯ ds¯ dt + %kπkLp |ẋ(τ )| ≤
¯ π(s) ¯
0 τ
Deste modo,
n o
def
M2 = max 1 + %kKkLp →Lp , 1 + %kπkLp .2
O espaço Dπ,b
p , para 1 ≤ p ≤ ∞, está contı́nuamente incluido no espaço C e, para 1 < p ≤
que Dπ,b 1
p ⊂ W1 ⊂ C.
Demonstração. Demonstramos sómente um caso, por exemplo, quando π(s) = s(1 − s). Os
1) vrai sup |H0 (t, s)| ≤ ϑ < ∞, para qualquer t ∈ [0, 1];
0≤s≤1
Z Z
lim H0 (t, s)ds = H0 (t0 , s) ds. (1.1.2)
t→t0
Ω Ω
Monotonicidade do Operador de Green 33
Realmente, se b 6≡ 0 temos:
Se b ≡ 0, então
do quadrado [0, 1] × [0, 1], excepto os pontos (0, 0) e (1, 1). Assim, é suficiente verificar a
estimação superior:
s(1 − t)e−%
− , se 0 ≤ s ≤ t < 1;
π(s)∆0
H0 (t, s) ≤
t(1 − s)e−%
− , se 0 < t ≤ s ≤ 1.
π(s)∆0
Zε
Seja t0 = 0 e Ω = [0, ε], onde ε > 0. Neste caso H0 (0, s) ds = 0 e, para 0 < t < ε,
0
obtemos
Zε Zt Zε
H0 (t, s) ds = H0 (t, s) ds + H0 (t, s) ds ≤
0 0 t
t
−% Z Zε
e t−1 t
≤ ds − ds → 0, t → 0+ .
∆0 1−s s
0 t
34 Capı́tulo I
Z1
Análogamente, seja t0 = 1 e Ω = [1 − ε, 1], onde ε > 0. Neste caso H0 (1, s) ds = 0 e,
1−ε
para 1 − ε < t < 1, obtemos
Z1 Zt Z1
H0 (t, s) ds = H0 (t, s) ds + H0 (t, s) ds ≤
1−ε 1−ε t
t 1
e−% Z t − 1 Z
t
≤ ds − ds → 0, t → 1− .
∆0 1−s s
1−ε t
Segundo o teorema 1.1 de [89, pg.100], o operador H0 actua de L1 em C e pelo teorema 1.2
de [89, pg.100] ele é contı́nuo. Assim, e tendo em consideração o facto que Lp ⊂ L1 , sendo esta
plo, [89, pg.101]) mostrar que, qualquer que seja t0 ∈ [0, 1], é justa a igualdade
Z1
0
lim |H0 (t, s) − H0 (t0 , s)|p ds = 0,
t→t0
0
1 1
onde + 0 = 1 se 1 < p < ∞ e p0 = 1 se p = ∞.
p p
Se p0 > 1, 0 < t0 < t ≤ 1, b 6≡ 0 teremos:
Z1 Zt0
p0 0
|H0 (t, s) − H0 (t0 , s)| ds = |H0 (t, s) − H0 (t0 , s)|p ds +
0 0
Zt Z1
p0 0
+ |H0 (t, s) − H0 (t0 , s)| ds + |H0 (t, s) − H0 (t0 , s)|p ds =
t0 t
Monotonicidade do Operador de Green 35
¯ ¯p0
¯ Rζ Rζ Rζ Rζ ¯
Zt0 ¯ Z1 − b(θ) dθ Zs − b(θ) dθ Z1 − b(θ) dθ Zs − b(θ) dθ ¯
1 ¯
¯
1 ¯¯
= p0 ¯− e s dζ e 0 dζ + e s dζ e 0 dζ ds +
∆0 0 ¯¯ π(s) ¯¯
t 0 t0 0 ¯
¯ ¯p0
¯ Rζ Rζ Rζ Rζ ¯
Zt ¯ Z1 − b(θ) dθ Zs − b(θ) dθ Z1 − b(θ) dθ Zt0 − b(θ) dθ ¯
1 ¯ 1 ¯
+ p0 ¯¯ − e s dζ e 0 dζ + e s dζ e 0 dζ ¯
π(s) ¯ ds +
∆0 t ¯¯ t 0 s 0
¯
¯
0
¯ ¯p0
¯ Rζ Rζ Rζ Rζ ¯
Z1 ¯ 1
Z − b(θ) dθ t
Z − b(θ) dθ 1
Z − b(θ) dθ t
Z − b(θ) dθ
0 ¯
1 ¯
¯ − e s
1 ¯
¯ ds ≤
+ 0 ¯ dζ e 0 dζ + e s dζ e 0 dζ ¯
∆p0 t ¯
¯
s 0 s 0
π(s) ¯
¯
¯ ¯p0
¯ Rζ Rζ ¯
Zt0 ¯ Zt − b(θ) dθ Zs − b(θ) dθ ¯ −% Zt ¯¯ ¯p0
1 ¯
¯ e s
1 ¯ e t − 1 t0 ¯
≤ p0 ¯ dζ e 0 dζ ¯
π(s) ¯ ds + p0
¯
¯ + ¯¯ ds +
∆0 0 ¯¯ t 0
¯
¯
∆0 t 1 − s s
0 0
¯ ¯p0
¯ Rζ Rζ ¯
Z1 ¯ Z1 − b(θ) dθ Zt − b(θ) dθ ¯
1 ¯ 1 ¯
+ p0 ¯¯ e s dζ e 0 dζ ¯
π(s) ¯ ds ≤
∆0 t ¯¯ s t0
¯
¯
à !p0 t
Z0 Z1
e% − 1 %t %t0 p0 −p0 −p0
≤ (e − e ) (1 − s) ds + s ds + O(t − t0 ) ≤
%2 ∆0
0 t
à !p0
e% − 1 0
h 0 0
i
≤ (e%t − e%t0 )p 2 − (1 − t0 )1−p − t1−p + O(t − t0 ) → 0, t → t0 .
%2 ∆0
Se b ≡ 0, então
Z1
0
|H0 (t, s) − H0 (t0 , s)|p ds ≤
0
p0 0 0
≤ (t − t0 ) [2 − (1 − t0 )1−p − t1−p ] + O(t − t0 ) → 0, t → t0 .
compacto.2
Definição 1.2.1(vide, por exemplo, [32, pg.62], [53]). Sejam X e Y dois espaços lineares
x ≥ y.
Z1
def
(T x)(t) = x(s) ds r(t, s), t ∈ [0, 1],
0
onde, para qualquer s ∈ [0, 1], a função r(·, s) pertence ao espaço Lp , para cada t ∈ [0, 1] a
Vejamos a EDF
def
(Lx)(t) = π(t)[ẍ(t) + b(t)ẋ(t)] − (T x)(t) = f (t), t ∈ [0, 1], (1.2.1)
onde π(t) = t(1 − t) ou π(t) = t ou π(t) = 1 − t, b(·) é uma função mensurável e limitada na
sua essência no intervalo [0, 1], T : C 7→ Lp é um operador linear limitado, a função f pertence
ao espaço Lp . Esta equação, no caso quando (T x)(t) ≡ p(t)x(t) e a função b(·) é localmente
somável, foi estudada nos trabalhos de I.T. Kiguradze [54], I.T. Kiguradze e B.L. Schechter [57]
e para o caso b ≡ 0 com operador antı́tono T foi estudada no trabalho de S.M. Labovskiı̆ [68].
Se investigarmos a equação (1.2.1) no espaço W2p podemos mostrar que a parte principal do
def
isomorfismo define-se, por exemplo, segundo a igualdade J = {Λ, Y } : Lp × R2 7→ W2p , onde
Rζ
Zt Zt − b(θ) dθ
def
(Λz)(t) = e s z(s) dζ ds
0 s
def def
é um operador completamente contı́nuo. Então Q = LΛ = P − V , onde (P z)(t) = π(t)z(t),
def
(V z)(t) = (T Λz)(t). O operador V : Lp 7→ Lp é completamente contı́nuo, mas o contradomı́nio
do operador L : W2p 7→ Lp , por exemplo para o caso quando V ≡ O , não é noetheriana. Por
Então, a equação (1.2.1) deixa de ser singular e podemos aplicar imediatamente os teoremas
da teoria abstracta de EDF, descrita em [28], [29], [32]. Realmente, para 1 < p ≤ ∞, o
espaço Dπ,b
p está incluido de modo completamente contı́nuo no espaço C (pg. 32), o operador
def
T Λτ : Lp 7→ Lp é completamente contı́nuo, por isso o operador Qτ = LΛτ : Lp 7→ Lp é
operador fraca completamente contı́nuo T : C 7→ L1 (vide, por exemplo, [42, pg.315, pg.532]).
Monotonicidade do Operador de Green 39
Lx = f, `1 x = α1 , `2 x = α2
teoria geral de problemas de fronteira (vide [28], [29], [32]). É evidente que o funcional linear
`x = x(c), qualquer que seja c ∈ [0, 1], e o funcional linear `x = ẋ(c), qualquer que seja c ∈ Jπ ,
O problema de fronteira
no espaço Dπ,b
p é equivalente à equação
x = Aτ x + g (1.2.3)
no espaço Dπ,b
p , onde
Z1
def
(Aτ x)(t) = Λτ (t, s)(T x)(s) ds,
0
Rζ
Zt − b(θ) dθ
def
g(t) = α1 + α2 e τ dζ + (Λτ f )(t).
τ
acordo com as propriedades da função de Green a imagem do operador Aτ , quando actua sobre
problema (1.2.2) podemos investigar analisando a equação (1.2.3) no espaço C. Por outras
equação (1.2.3) ser única e correctamente solúvel no espaço C, para qualquer g ∈ C, implica
Adiante faremos uso dos resultados dos trabalhos [31], [76] sobre a estimação do raio es-
Lema 1.2.1. A estimação ρ(H) < 1 do raio espectral do operador linear isótono H : C 7→ C é
justa só e sómente só, quando existe uma função v ∈ C tal, que
para todo t ∈ [0, 1], com excepção, talvez, de um número finito de pontos ti ∈ [0, 1] tais, que
A estimação ρ(Aτ ) < 1 garante a convergência das aproximações sucessivas para a equação
Lema 1.2.2. Seja τ ∈ Jπ e seja T um operador isótono. As seguintes afirmações são equiva-
lentes:
def
v(t) ≥ 0, φ(t) = (Lv)(t) ≥ 0, t ∈ [0, 1], v̇(τ ) = 0,
v(τ ) + (Λτ φ)(t) > 0 no intervalo [0, 1], com excepção, talvez, do ponto t = τ ;
Monotonicidade do Operador de Green 41
2) ρ(Aτ ) < 1;
para t ∈ [0, 1], excepto, talvez, o ponto t = τ . Portanto ρ(Aτ ) < 1, devido ao lema 1.2.1. Está
Se ρ(Aτ ) < 1, então a equação (1.2.3) é únicamente solúvel qualquer que seja g ∈ C, logo
o problema (1.2.2) é também únicamente solúvel e o seu operador de Green define-se pela série
de Neumann
³ ´
Gτ ≡ I + Aτ + A2τ + · · · Λτ .
implicação 2) =⇒ 3).
do problema
Lx = 0, x(τ ) = 1, ẋ(τ ) = 0.
portanto y(·) = [Gτ T (1)](·) ≥ 0. Deste modo, a função v satisfaz as condições da afirmação 1)
Z1
: v(t) = y(t) + 1 > 0, (Lv)(t) = 0 e, consequentemente, v(τ ) + Λτ (t, s)φ(s) ds = v(τ ) > 0
0
no intervalo [0, 1], pois φ(·) ≡ 0.2
para cada τ ∈ Jπ o problema de fronteira (1.2.2) é únicamente solúvel, qualquer que seja o par
seguinte lema.
τ ∈ Jπ , i.e. u̇(τ ) = 0, sendo u(τ ) ≥ 0, então u(t) ≥ u(τ ), qualquer que seja t ∈ [0, 1].
u(τ ), t ∈ [0, 1]. Para o caso quando u(τ ) = 0, da condição A advém, que u(t) ≥ 0 no intervalo
[0, 1].2
possui solução não trivial x, positiva em pelo menos um ponto de (0, 1). Seja m = max x(t) >
0≤t≤1
Demonstração. A solução u0 existe, devido ao teorema 1.2.1. Se u0 (·) muda de sinal, então
possui um mı́nimo negativo num certo ponto τ ∈ (0, 1). A função u(t) = −u0 (t) é solução do
problema Lx = 0, x(0) = −α1 , x(1) = −α2 e possui um máximo positivo no ponto τ ∈ (0, 1).
é únicamente solúvel. Se, além disso, f (t) ≥ 0 para t ∈ [0, 1] e f 6≡ 0 em (a, b), então a
solução x do problema satisfaz as desigualdades x(t) < 0, para t ∈ (a, b), e x(t) > 0, para
trivial, pois caso contrário a sua solução atingiria o seu valor máximo no intervalo (0, 1), o
44 Capı́tulo I
que contradiz o lema 1.2.3. Deste modo, e com base na fredholmidade da parte principal, o
problema semihomogéneo Lx = f , x(a) = 0, x(b) = 0 tem única solução, qualquer que seja
num certo ponto τ ∈ (a, b) então, com base no lema 1.2.3, x(t) > 0 para todo t ∈ [a, b], o que
contradiz as condições x(a) = x(b) = 0. Assim, fica demonstrado que x(t) ≤ 0 para t ∈ [a, b].
Mostremos agora, que x(t) < 0 para t ∈ (a, b). Realmente, se x(τ ) = 0 para um certo
τ ∈ (a, b) e x(t) 6≡ 0 em [a, b], então x(τ ) ≥ x(t) para todo t ∈ [a, b]. Isto significa, que x(τ )
é o valor máximo da função x no intervalo [a, b], daı́ que ẋ(τ ) = 0. Assim, e devido ao lema
1.2.3, obtemos que x(t) ≥ 0 em [a, b]. Demonstramos, deste modo, que x(t) < 0 no intervalo
Suponha-se que x(t) ≡ 0 em [a, b], então x(t) ≥ 0 devido ao lema 1.2.3. Devido à equação
(1.2.1), obtemos que f (t) = (Lx)(t) = −(T x)(t) ≤ 0 para t ∈ [a, b], donde f (t) ≡ 0 em [a, b].
Vamos agora estabelecer o facto de que x(t) > 0 para t ∈ [0, a) ∪ (b, 1]. Seja, por exemplo,
x(t) ≤ 0 em [0, a) ∪ (b, 1]. Devido ao lema 1.2.3 obtemos, que x(t) ≥ 0 em todo intervalo [0, 1].
De modo análogo conclui-se, que não pode cumprir-se a desigualdade x(t) ≤ 0 em alguns
Suponhamos agora, que x(t) ≥ 0 num certo intervalo [a − ε, a] e x(c) < 0, para um certo
ponto c ∈ [0, a − ε). Então, a função x terá, pelo menos, um ponto positivo estacionário
τ ∈ [0, a), i.e. ẋ(τ ) = 0, x(τ ) > 0. Daqui, e devido ao lema 1.2.3, obtemos x(t) > 0 em
[0, 1]. A contradição obtida permite concluir, que x(t) > 0 para t ∈ [0, a). De modo análogo
1
onde κ1 ≥ 0, é únicamente solúvel no espaço Dt,b
p , para todo f ∈ Lp , α1 , α2 ∈ R , (1 < p ≤
solução trivial, porque caso contrário a sua solução não trivial atingiria o seu valor máximo
positivo no intervalo (0, 1), o que contradiz o lema 1.2.3. Assim, e devido a fredholmidade
da parte principal, o problema não homogéneo (1.2.6) tem solução única, qualquer que seja
atingir o seu maior valor positivo num certo ponto τ ∈ (0, 1), então, devido ao lema 1.2.3, temos
x(t) > 0 para todo t ∈ [0, 1], o que contradiz a condição x(0) = 0. Mostremos agora, que
x(t) < 0 para t ∈ (0, 1). Realmente, se x(τ ) = 0 para um certo τ ∈ (0, 1), então x(τ ) ≥ x(t)
para todo t ∈ [0, 1]. Isto significa, que x(τ ) é o valor máximo da função x no intervalo [0, 1],
donde concluimos que ẋ(τ ) = 0. Por isso, e devido ao lema 1.2.3, obtemos que x(t) ≥ 0 em
[0, 1]. Se agora supôrmos que x(t) ≡ 0 em [0, 1] então, devido à equação (1.2.6), obtemos
que f (t) ≡ 0 no segmento [0, 1]. Deste modo, das contradições obtidas, podemos afirmar que
pois
def
L+ x = π(ẍ + bẋ) − T + x.
Lx ≡ L+ x + T − x = f.
def
Denotemos A+ = −G + T − : C 7→ C, onde G + é o operador de Green do problema
L+ x = f, x(0) = x(1) = 0.
L+ x = 0, x(0) = α1 , x(1) = α2 .
def
v(t) > 0, φ(t) = (Lv)(t) ≤ 0, t ∈ (0, 1),
Z1
além disso v(0) + v(1) − φ(s) ds > 0;
0
Como v(t) > 0 e v(t) − (A+ v)(t) > 0 para t ∈ (0, 1), então ρ(A+ ) < 1, de acordo com o lema
tem a forma
G = (I + A+ + (A+ )2 + · · ·)G + ,
se ρ(A+ ) < 1.
Monotonicidade do Operador de Green 49
acordo com os teoremas 1.2.1 e 1.2.2, v(t) ≥ −[G + (1)](t) > 0, φ(t) = (Lv)(t) = −1 < 0 para
problema
L+ x = 0, x(0) = α1 , x(1) = α2 .
Deste modo,
satisfaz as desigualdades
onde z 0 é a solução do problema L+ x = 0, x(0) = z(0) > 0, x(1) = z(1) > 0.2
def
Vamos agora investigar os problemas (1.2.6) e (1.2.7). Denotemos A+ + − +
i = −Gi T , Ai :
1) existe v ∈ Dt,b
p tal, que
def
v(t) > 0, φ(t) = (Lv)(t) ≤ 0, t ∈ (0, 1], v̇(1) ≥ 0,
Z1
v(0) + κ1 v(1) + v̇(1) − φ(s) ds > 0;
0
2
3) o problema de fronteira (1.2.6) tem solução única x ∈ Dt,b
p , para cada par {f, α} ∈ Lp ×R ,
1) existe v ∈ D1−t,b
p tal, que
def
v(t) > 0, φ(t) = (Lv)(t) ≤ 0, t ∈ [0, 1), v̇(0) ≤ 0,
Monotonicidade do Operador de Green 51
Z1
v(1) − γ1 v(0) − v̇(0) − φ(s) ds > 0;
0
4) existe, no segmento [0, 1], solução positiva z da equação Lx = 0 e γ1 z(0) + ż(0) < 0.
quer solução não trivial desta equação possui no intervalo [0, 1] não mais do que uma raı́z,
Teorema 1.3.3. Suponhamos que b(t) ≥ 0 em quase todo [0, 1], se π(t) = t, b(t) ≤ 0 em
quase todo [0, 1], se π(t) = 1 − t e b(t) tem qualquer sinal, se π(t) = t(1 − t). As seguintes
2) qualquer solução não trivial da equação homogénea L+ x = 0, que tem uma raı́z no seg-
def
vi (t) > 0, φi (t) = (L+ vi )(t) ≥ 0, i = 1, 2, t ∈ (0, 1),
52 Capı́tulo I
sendo φi (t) > 0, para quase todo t ∈ (0, 1), se π(t) = t, π(t) = 1 − t.
L+ x = 0 tal, que u̇(τ ) = 0, u(τ ) > 0, τ ∈ Jπ . Em virtude do lema 1.2.3 (pg. 42) implica, que
não possui raı́zes múltiplas. Também não existem duas raı́zes diferentes no segmento [0, 1], uma
vez que no intervalo entre elas a derivada da solução deverá ser igual à zero. Assim, a implicação
2) =⇒ 3) está demonstrada.
semihomogéneos
L+ x = 0, x(0) = 0, x(1) = 1,
L+ x = 0, x(0) = 1, x(1) = 0
respectivamente. A não oscilação garante a ausência de solução não trivial do problema ho-
mogéneo
L+ x = 0, x(0) = 0, x(1) = 0,
por isso, devido à fredholmidade da parte principal, as soluções u1 , u2 existem. Estas soluções já
possuem uma raı́z cada e por isso mesmo elas são positivas no intervalo (0, 1). Se π(t) = t(1−t),
tem solução zk . Realmente, o problema homogéneo, de acordo com a definição de não oscilação,
possui só solução trivial. Uma vez que a parte principal do problema é de Fredholm, então o
problema não homogéneo será únicamente solúvel. A solução zk é positiva no intervalo (0, 1],
pois ela não pode ter uma segunda raı́z. Fixemos, para quase todo t ∈ [0, 1], a função φ(t).
valores de k suficientemente grandes, é positiva no intervalo (0, 1], pois o valor żφ (0) é finito.
permite construir, para cada ponto τ ∈ Jπ , uma função v que satisfaz a condição 1) do lema
Seja π(t) = t(1 − t). Da condição 4) advém, que v̇1 (t) > 0, v̇2 (t) < 0 para t ∈ (0, 1).
Consequentemente, para cada ponto τ ∈ Jπ , existe uma constante positiva C tal, que a soma
v = Cv1 +v2 usufrui a propriedade: v̇(τ ) = 0, v(t) > 0 para t ∈ [0, 1], (L+ v)(t) = Cφ1 +φ2 ≥ 0
propriedade: v̇(0) = 0, v(0) = 0, v(t) > 0 para t ∈ (0, 1], (L+ v)(t) ≥ φ1 (t) > 0 para quase
todo t ∈ [0, 1]. Realmente, se v̇1 (0) = 0, temos v = v1 , L+ v = φ1 . Se v̇1 (0) 6= 0, então
então
Rζ
Zt Zt − b(θ) dθ
v(t) = e s η(s) dζ ds =
0 s
Rζ Rζ
Zt − b(θ) dθ Zζ b(θ) dθ
= e 0 e 0 η(s) ds dζ > 0, t ∈ (0, 1].
0 0
O caso π(t) = t investiga-se segundo o mesmo esquema. A função v(t) = v2 (t) + v̇2 (1)(1 − t)
existência para qualquer solução não trivial da equação homogénea L+ x = 0, de duas raı́zes,
tendo em conta a sua multiplicidade, no segmento [0, 1], sendo a raı́z múltipla no ponto t = 0
considerada duas vezes no caso π(t) = 1 − t, e a raı́z múltipla no ponto t = 1 considerada duas
De realçar o facto de que, nas condições do ponto 2) do teorema, EDF sem singularidade
Denote-se
1 , se h(t) ∈ [0, 1];
def
σh (t) =
0 , se h(t) 6∈ [0, 1].
Lema 1.3.1. Seja π(t) = t(1 − t) e suponhamos que, para quase todo t ∈ [0, 1], cumprem-se
as desigualdades
h(t) Rζ Rt
Z − b(θ) dθ − b(θ) dθ
−q(t)σh (t) e 0 ln(1 − s) ds ≤ te 0 (1.3.2)
0
e
Rζ Rt
Z1 − b(θ) dθ − b(θ) dθ
−q(t)σh (t) e 0 ln s ds ≤ (1 − t)e 0 . (1.3.3)
h(t)
Demonstração. Seja
Rs Rs
Zt − b(θ) dθ Z1 − b(θ) dθ
def def
v1 (t) = − e 0 ln(1 − s) ds, v2 (t) = − e 0 ln s ds.
0 t
1 − t + t ln t , se t ∈ (0, 1];
def
v2 (t) =
1 , se t = 0,
então temos, que
Critério 1.3.1. Seja π(t) = t(1 − t). A equação (1.3.4) usufrui a propriedade A se, para quase
Corolário 1.3.1. Seja π(t) = t(1 − t). A equação (1.3.4) usufrui a propriedade A se, para
De notar que as desigualdades não se podem cumprir, se ε ≤ h(t) ≤ 1 − ε, ε > 0, t ∈ [0, 1].
Corolário 1.3.2. Seja π(t) = t(1 − t), M = vrai sup σh (t)q(t) > 0 e
0≤t≤1
s s
1−t t
1− ≤ h(t) ≤
M M
Monotonicidade do Operador de Green 57
para quase todo t ∈ [0, 1] tal, que h(t) ∈ [0, 1]. Então a equação (1.3.4) usufrui a propriedade
A.
Teorema 1.3.4. Seja π(t) = t(1 − t). Se q(t) ≥ q0 > 0, h(t) ∈ [ε, 1] ou h(t) ∈ [0, 1 − ε], para
todo t ∈ [0, 1] e certo ε > 0, então a equação (1.3.4) não usufrui a propriedade A.
Demonstração. Suponhamos, por exemplo, que h(t) ∈ [ε, 1] para todo t ∈ [0, 1]. Se a equação
(1.3.4) usufrui a propriedade A, então, segundo o teorema 1.3.3, existe uma função v1 ∈ Dπp
def
t(1 − t)v̈1 (t) ≥ q(t)(v1 )h (t) ≥ q0 min v1 (t) = δ > 0, t ∈ [0, 1].
ε≤t≤1
def
Então, a função z = v1 − u não é positiva, pois é solução do problema semihomogéneo, com
def
onde ψ(t) = t(1 − t)v̈1 (t) − δ , t ∈ [0, 1].
Deste modo, 0 ≤ v1 (t) = z(t) + u(t) ≤ u(t) quase sempre no segmento [0, 1], consequente-
Critério 1.3.2. Seja π(t) = t(1 − t), então a equação (1.3.4) usufrui a propriedade A se, para
def def
Demonstração. Escolhemos as funções v1 (t) = t2 , v2 (t) = (1 − t)2 , t ∈ [0, 1], e aplicamos o
teorema 1.3.3.2
Corolário 1.3.3. Seja π(t) = t(1 − t), então a equação (1.3.4) usufrui a propriedade A se,
Então
v1 (t) 1 v2 (t) t
2
= , 2
≤ 1 − ≤ 1, t ∈ [0, 1].
t 2 (1 − t) 2
Critério 1.3.3. Seja π(t) = t, então a equação (1.3.4) usufrui a propriedade A se, para quase
Corolário 1.3.4. Seja π(t) = t, então a equação (1.3.4) usufrui a propriedade A se, para
q(t)σh (t)
Observação 1.3.1. Se é somável, então os elementos da solução fundamental da
π(t)
equação πẍ − qxh = 0 pertencem ao espaço W21 . Se a desigualdade
Z1
q(s)σh (s)
ds ≤ 1
π(s)
0
cumpre-se, então a equação (1.3.4) neste caso usufrui a propriedade A. Esta desigualdade
problemas “modelos” mais simples, que usufruem as necessárias propriedades. Neste parágrafo
ẍ + bẋ = f, `x = 0, (1.4.2)
método (para mais detalhes vide [28], [32], [33]), que se baseia numa escolha adequada da
L0 x = z, `x = 0
invertı́vel. Neste caso o operador de Green G do problema (1.0.3) tem a forma G = W(LW)−1 .
Monotonicidade do Operador de Green 61
Z1
def
Vejamos os operadores integrais (Hi x)(t) = Hi (t, s)x(s) ds, i = 0, 1, 2, onde H0 foi
0
anteriormente definido no §1.1 (pg. 28), os núcleos H1 e H2 definimos do seguinte modo:
Rζ Rζ R1
Zs − b(θ) dθ Z1 − b(θ)dθ − b(θ)dθ
e 0 dζ κ1 e s dζ + e s
0 t
− , se 0 ≤ s ≤ t < 1;
s∆1
def
H1 (t, s) =
Rζ Rζ R1
Zt − b(θ) dθ Z1 − b(θ)dθ − b(θ)dθ
e 0 dζ κ1 e s dζ + e s
0 s
− , se 0 < t ≤ s ≤ 1,
s∆1
1 Rζ s Rζ
Z − b(θ) dθ Z − b(θ)dθ
e s dζ
γ1 e 0 dζ − 1
t 0
− , se 0 ≤ s ≤ t < 1;
(1 − s)∆2
def
H2 (t, s) =
Rζ Rζ
Z 1 Z t
− b(θ) dθ − b(θ)dθ
γ1 e 0
e s dζ dζ − 1
s 0
− , se 0 < t ≤ s ≤ 1,
(1 − s)∆2
Rζ R1
Z1 − b(θ) dθ − b(θ) dθ
def
∆ 1 = κ1 e 0 dζ + e 0 6= 0,
0
Rζ
Z1 − b(θ) dθ
def
∆ 2 = γ1 e 0 dζ − 1 6= 0.
0
62 Capı́tulo I
t[ẍ(t) + b(t)ẋ(t)] = z(t), t ∈ [0, 1],
x(0) = 0, κ1 x(1) + ẋ(1) = 0, κ1 ≥ 0,
(1 − t)[ẍ(t) + b(t)ẋ(t)] = z(t), t ∈ [0, 1],
γ1 x(0) + ẋ(0) = 0, x(1) = 0, γ1 ≤ 0,
i = 1, 2.
Observação 1.4.1. Análogamente à observação 1.1.2 (pg. 36) temos, que o operador integral
contı́nuo.
homeomorfismo linear. Por isso mesmo, e devido ao lema 1.1.3 (pg. 34), o operador G = H0 Γ0 é
operadores contı́nuos. Devido ao facto de que o operador H0 não é compacto e tendo em conta
contı́nuo.
completamente contı́nuo.
Monotonicidade do Operador de Green 65
c k
§1.5. O espaço D p
Fácilmente constata-se, que as funções x1 (t) ≡ 1 e x2 (t) = t1−k formam o sistema funda-
o determinante do problema
Seja
Z1 Ã !
def def t1−k t1−k
(Ĥ1 z)(t) = Ĥ1 (t, s)z(s) ds, (Ŷ β)(t) = β1 1− + β2 ,
∆ ∆
0
1−k
−∆ − t , se 0 ≤ s ≤ t ≤ 1;
∆(1 − k)
Ĥ1 (t, s) =
def t1−k (sk−1 ∆ − 1)
− , se 0 ≤ t < s ≤ 1;
∆(1 − k)
1
− , se t = s = 0,
1−k
Ĥ1 (·, ·) é a função de Green do problema
x é contı́nua no segmento [0, 1], 2) ẋ é local absolutamente contı́nua no intervalo (0, 1], 3)
bk →
Jˆ−1 : D Lp × R2 podem definir-se pelas igualdades Jˆ = {Ĥ1 , Ŷ }, Jˆ−1 = [δ̂, r̂γ ], onde
p 7
def
kxkD
b k = ktẍ + k ẋkLp + |x(0)| + |x(1) + γ ẋ(1)|,
p
Monotonicidade do Operador de Green 67
suficiente verificar o cumprimento das condições (vide, por exemplo, [89, pg.101]):
Realmente
( )
vrai sup |Ĥ1 (t, s)| ≤ max vrai sup |Ĥ1 (t, s)|, vrai sup |Ĥ1 (t, s)| =
0≤s≤1 0≤s≤t t≤s≤1
( ¯ ¯ ¯ ¯)
¯ ∆ − t1−k ¯ ¯ 1−k k−1 ¯
¯ t (s ∆ − 1) ¯
= max vrai sup ¯¯ ¯ , vrai sup ¯ ¯ =
0≤s≤t ∆(k − 1) ¯ t≤s≤1¯ ∆(k − 1) ¯
½ ¾
γ 1 1
= max , = ≡ µ < ∞.
∆ 1−k 1−k
A condição 1) cumpre-se.
Verifiquemos o cumprimento da condição 2). A função Ĥ1 (·, ·) é contı́nua em todos os pontos
do quadrado [0, 1] × [0, 1], exceptuando o ponto (0, 0). Se t0 6= 0 então, devido à continuidade
Ĥ1 (·, ·), vemos que a condição 2) cumpre-se. Mostremos que esta condição cumpre-se e para o
Zε Zt Zε
lim Ĥ1 (t, s) ds = lim Ĥ1 (t, s) ds + lim Ĥ1 (t, s) ds =
t→0 t→0 t→0
0 0 t
68 Capı́tulo I
Zt Z 1−k k−1 ε
∆ − t1−k t (s ∆ − 1)
= lim ds + lim ds = 0.
t→0 ∆(k − 1) t→0 ∆(k − 1)
0 t
operador Ĥ1 actua de modo contı́nuo de Lp em C e para o caso quando p > 1.2
Lema 1.5.2. O operador integral Ĥ1 : Lp 7→ C é completamente contı́nuo, para todo p > 1.
exemplo, [89, pg.101]) mostrar que, para qualquer t0 ∈ [0, 1], é justa a igualdade
Z1
0
lim |Ĥ1 (t, s) − Ĥ1 (t0 , s)|p ds = 0.
t→t0
0
0 0
(t1−k − t1−k
0 )
p
(t1−k − t1−k
0 )
p
p0
≤ t0 p0 + (t − t0 ) p0 + O(t1−k − t1−k
0 ) → 0, t → t0 .
[∆(1 − k)] [∆(1 − k)]
De modo análogo demonstra-se a respectiva afirmação, para o caso 0 = t0 < t ≤ 1 e
0 ≤ t < t0 ≤ 1.2
Observação 1.5.1. Para o problema (1.5.1) são válidas todas as afirmações análogas do
parágrafo §1.2, e parte das afirmações do parágrafo §1.3 (teorema 1.3.2, teorema 1.3.3).2
CAPITULO II
Neste capı́tulo investiga-se a equação linear singular, que descreve processos que ocorrem num
∗
e ' L ×R1 e no espaço D̄t,t ' Bt,t∗ ×R1 .
reactor quı́mico. Esta equação é estudada no espaço D p p p p
Diferentes classes de funções de várias variáveis, cujos elementos possuem propriedades análogas
às propriedades das funções do espaço Λp , foram estudadas nos trabalhos de G.H. Hardy, A.
Zygmund, A.P. Calderón, Ch.B. Morrey, F. John e L. Nirenberg, C.N. Meyers, S. Campanato,
69
70 Capı́tulo II
S. Spanne, G. Stampacchia, V.P. Il’in, L. Piccinini, Yu.A. Brudnoy, R.A. Devor e R.S. Sharpley.
às propriedades do espaço Λp . Em particular, o espaço Bvp , que aqui se introduz, pode ser
Lp , demonstra-se a completeza do espaço Bvp . Os lemas 2.3.5 – 2.3.6 e 2.3.7 – 2.3.8 são uma
f
§2.1. Problema singular no espaço D p . Teoremas tipo teorema de
Valée Poussin
1
onde k > − , γ2 ≥ 0, f ∈ Lp , p > 1.
p0
A imagem do operador L̃0 , quando actua em funções cuja derivada no ponto t = 0 é
diferente de zero (por exemplo x(t) = t), não pertence ao espaço de funções somáveis. Sendo
assim, é natural que a equação L̃0 x = f seja investigada num espaço de funções x tais, que
e ⊂ W2 de funções x : [0, 1] 7→ R1
ẋ(0) = 0. O problema (2.1.1) vamos investigar no espaço Dp p
Zt
x(t) = (t − s)z(s) ds + β (2.1.2)
0
podemos definir segundo as igualdades J˜ = {Λ̃, Ỹ } e J˜−1 = [δ̃, r̃] respectivamente, onde Λ̃,
def
kxkD
e p = kẍkLp + |x(0)|,
e é um espaço de Banach.
então D p
Z1
def
(F̃z)(t) = F̃ (t, s)z(s) ds.
0
Sem limitação da sua essência, a função F̃ (·, ·) podemos considerar mensurável em relação aos
seus argumentos.2
e 7→ L tem a forma
A parte principal do operador L̃0 : D p p
def
(Q̃0 z)(t) = (L̃0 Λ̃z)(t) = z(t) + k(Pz)(t),
t
1Z
def
onde (Pz)(t) = z(s) ds é operador de Cesàro no espaço Lp . O sistema fundamental da
t
0
e , é unidimensional e é u(t) ≡ 1. Dos resultados do trabalho
equação L̃0 x = 0, no espaço Dp
1
[73] temos que, para k > − 0 , o operador Q̃0 = (I + kP) : Lp 7→ Lp admite operador inverso
p
limitado
h i Zt
(Q̃−1
0 z)(t)
−1
= (I + kP) z (t) = z(t) − kt −(1+k)
sk z(s) ds.
0
L̃0 x = f, x(0) = α
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 73
geral:
Zt Zs
x(t) = (Λ̃Q̃−1
0 f )(t) + α = (t − s) f (s) − ks−(1+k) τ k f (τ ) dτ ds + α =
0 0
Zt Zt
= t − s − ksk (t − τ )τ −(1+k) dτ f (s) ds + α =
0 s
Zt
= C̃0 (t, s)f (s) ds + α = (C˜0 f )(t) + α,
0
t
C̃0 (t, s) = s ln , se 0 < s ≤ t ≤ 1, C̃0 (0, 0) = 0
s
e
" µ ¶k−1 #
s s
C̃0 (t, s) = 1− , se 0 < s ≤ t ≤ 1, C̃0 (0, 0) = 0,
k−1 t
se k 6= 1.
Lp .
e , tal que `[1] 6= 0, o problema de fronteira
Para qualquer funcional `, no espaço D p
L̃0 x = f, `x = α
74 Capı́tulo II
f (t, s)
é únicamente solúvel e, segundo o teorema 3.3 de [32, pg.17], a sua função de Green W `
f (t, s) = C̃ (t, s) − 1
W ` 0 `[C̃0 (·, s)], (2.1.4)
`[1]
f + α,
x = Wf
onde
Z1
f )(t) def
(Wf = f (t, s)f (s) ds.
W
0
Consequentemente,
1
Z Zt
t − 1 + ksk (1 − τ )τ −(1+k) dτ − (t − τ )τ −(1+k) dτ − γ2 sk , 0 ≤ s ≤ t ≤ 1;
s s
f (t, s) =
W
Z1
s − 1 + ks
k
(1 − τ )τ −(1+k) dτ − γ2 sk , 0 ≤ t < s ≤ 1.
s
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 75
se k = 1.
f : L 7→ C é completamente contı́nuo , para 1 < p ≤ ∞.
Lema 2.1.2. O operador integral W p
f admite a representação
Demonstração. Pelo teorema 3.3 de [32, pg.17], o operador W
f = C˜ − 1 `C˜ ,
W 0 0
`[1]
Vejamos o problema
(L̃x)(t) def
= (L̃0 x)(t) − (T x)(t) = f (t), t ∈ [0, 1],
(2.1.5)
ẋ(0) = 0, x(1) + γ2 ẋ(1) = α,
dão:
2(1 + k) , p = +∞, k > −1;
à ! 0
0 p0 +1 1/p
(p + 1)
, 1 < p < ∞, k = 1;
Γ(p0 + 1)
kT k <
0 1
(1 − k)(p0 k + 1)1/p , 1 < p < ∞, − < k < 1;
p0
(k − 1)w
0 , 1 < p < ∞, k > 1,
à ! 1/p0
kp0 + k − p0
(k − 1)Γ
k−1
onde w0 = µ ¶
, Γ(·) é função gamma. Então, a solução do prob-
Γ 1
Γ(p + 1)
0
k−1
lema (2.1.5) tem a representação
x = G̃f + ũ,
[0, 1], se γ2 6= 0.
e tal, que
1) existe um elemento y ∈ D p
def
y(t) > 0, φ(t) = (L̃0 y)(t) − (T y)(t) ≤ 0,
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 77
Z1
sendo y(1) + γ2 ẏ(1) + f (t, s)φ(s) ds > 0 em I ;
W 2
0
e , para cada f ∈ L , α ∈ R1 ,
3) o problema de fronteira (2.1.5) tem solução única x ∈ D p p
4) existe, no segmento [0, 1], solução positiva u da equação homogénea L̃0 x − T x = 0 tal,
x = Ãx + g
Z1
def f (·, s)f (s) ds. Uma vez que ρ(Ã) < 1, então
no espaço C. Aqui g(·) = W
0
Z1
x(t) = G̃(t, s)f (s) ds = g(t) + (Ãg)(t) + (Ã2 g)(t) + · · · ≥ 0,
0
78 Capı́tulo II
3) =⇒ 4) Vejamos o problema
[0, 1].
sendo p̃ ∈ Lp .
antı́tono;
e tal, que
2) existe um elemento y ∈ D p
sendo
Z1
y(1) − (L̃y)(s) ds > 0;
0
p+ , p− ∈ Lp , p+ (·), p− (·) ≥ 0,
def k
(L̃+ x)(t) = ẍ(t) + ẋ(t) − p+ (t)x(t), t ∈ [0, 1].
t
e , o problema de Cauchy
Lema 2.1.5. No espaço D p
consequentemente o seu raio espectral é igual à zero (vide [89, pg.153]). Deste modo o problema
f + é antı́tono.
é únicamente solúvel e o seu operador de Green W
Suponhamos que o problema não é únicamente solúvel. Então, existe uma solução não
muda de sinal no segmento [0, 1]. Deste modo y tem pelo menos duas raı́zes t = 1 e t = τ
e entre estas raı́zes não existem outras. O caso τ = 0 não é possı́vel uma vez que, devido ao
Vejamos a equação
k
ẍ(t) + ẋ(t) − p+ (t)x(t) = 0, t ∈ [τ, 1].
t
Para esta equação o segmento [τ, 1] é intervalo de não oscilação, y(τ ) 6= 0. A contradição
L̃+ x = f, x(0) = γ
já que devido à (2.1.9) temos C̃ + (1, s) ≥ C̃0 (1, s) > 0, s ∈ (0, 1). Se x(0) < 0 então a solução
f + f possui um par de raı́zes τ , τ ∈ (0, 1] tais, que x(t) > 0 em (τ , τ ). No segmento
x=W 1 2 1 2
def
(L̃+ x)(t) = (L̃0 x)(t) − p+ (t)x(t) = f (t), t ∈ [τ1 , τ2 ], x(τ1 ) = x(τ2 ) = 0.
Já que
então, devido ao teorema de Valée Poussin (teorema 1.0.5), a solução deste problema não pode
Observação 2.1.2. A escolha adequada da função y , que figura na condição do lema 2.1.4,
Seja v : [0, 1] 7→ [0, +∞] uma função positiva e não decrescente no intervalo (0, 1], v é
Definição 2.2.1. Bvp [0, 1] ≡ Bvp (1 ≤ p < ∞) é o espaço de funções mensuráveis equivalentes
x : [0, 1] 7→ R1 tais, que para cada função x ∈ Bvp , existe uma constante Mx ≥ 0, para a qual
Zt
|x(s)|p ds ≤ Mxp v(t).
0
De notar que o espaço Bvp generaliza o espaço de A. I. Shindiapin descrito em [79]. A norma
def
kxkBvp do elemento x ∈ Bvp definimos, por exemplo, do seguinte modo: kxkBvp = inf Mx . É fácil
x : [0, 1] 7→ R1 tais que, para cada função x ∈ Bvp , existe uma constante Mx ≥ 0, para a qual
Lema 2.2.1. Sejam Bvp1 e Bvp2 dois espaços gerados pelas funções v1 e v2 respectivamente, e
p def v1 (t)
M12 = sup < ∞.
0<t<1 v2 (t)
Então o espaço Bvp1 está contı́nuamente incluido no espaço Bvp2 e, para qualquer x ∈ Bvp1 ,
temos
Realmente,
t
1/p
1 Z
kxkBvp2 = sup |x(s)|p ds =
0<t<1 v2 (t)
0
t
1/p
v1 (t) 1 Z
= sup |x(s)|p ds ≤
0<t<1 v2 (t) v1 (t)
0
à !1/p t
1/p
v1 (t) 1 Z
≤ sup sup |x(s)|p ds ≤ M12 kxkBvp1 .
0<t<1 v2 (t) 0<t<1 v1 (t)
0
p def v2 (t)
M21 = sup < ∞,
0<t<1 v1 (t)
então os espaços Bvp1 e Bvp2 coincidem, i.e. eles coincidem como conjuntos e as suas normas
são equivalentes:
1
kxkBvp1 ≤ kxkBvp2 ≤ M12 kxkBvp1 ,
M21
84 Capı́tulo II
def
M p = sup v(t) < ∞, (2.2.2)
0<t<1
def
N p = inf v(t) > 0. (2.2.3)
0<t<1
Então o espaço Bvp coincide com o espaço Lp , e as suas normas são equivalentes:
Corolário 2.2.3. Se a desigualdade (2.2.2) cumpre-se, então o espaço Bvp está contı́nuamente
incluido no espaço Lp e
kxkLp ≤ M kxkBvp ,
espaço Bvp e
1
kxkBvp ≤ kxkLp ,
N
qualquer que seja x ∈ Lp .
Demonstração. Vejamos o caso 1 ≤ p < ∞. Seja {xi } uma sucessão fundamental no espaço
Bvp , i.e.
Mostremos que esta sucessão converge para um certo elemento x ∈ Bvp . Existe um número
nk ∈ N tal, que kxi − xj kBvp < 1/2k , i, j ≥ nk . Então kxnk − xnk+1 kBvp < 1/2k .
Seja
∞
X
def
y(t) = |xnk+1 (t) − xnk (t)|,
k=1
m
X
def
ym (t) = |xnk+1 (t) − xnk (t)|.
k=1
para y . Pela desigualdade triangular, para normas no espaço Bvp , temos kym kBvp < 1, e pelo
teorema de B. Levi, sobre a convergência monótona (vide, por exemplo, [50, pg.62]) para
Zt Zt
p p
y (s) ds = m→∞
lim ym (s) ds ≤ v(t). (2.2.4)
0 0
Consequentemente, y(s) < ∞ para quase todo o segmento [0, 1] (se y(s) = ∞ no conjunto de
medida positiva, então os integrais em (2.2.4) seriam iguais à infinito). Por isso mesmo a série
∞ h
X i
xn1 (t) + xnk+1 (t) − xnk (t)
k=1
converge de modo absoluto para quase todo t ∈ [0, 1], i.e. a sucessão {xnk } converge quase
sempre para uma certa função mensurável (vamos denota-la por x), definida quase sempre.
Nos pontos onde não converge vamos definir esta função de modo arbitrário.
Mostremos, que x ∈ Bvp e kxi − xkBvp → 0, quando i → ∞. Seja dado um ε > 0 qualquer.
Como {xi } é uma sucessão de Cauchy, então existe n0 ∈ N tal, que para quaisquer i, j ≥ n0
86 Capı́tulo II
temos
t
1 Z
kxi − xj kpBvp = sup |xi (s) − xj (s)|p ds < ε.
0<t<1 v(t)
0
Pegamos j = nk ≥ n0 e aplicamos o lema de Fatou (vide, por exemplo, [50, pg.63]). Obtemos
Z t t
1 1 Z
≤ lim inf |xi (s) − xnk (s)|p ds = lim inf |xi (s) − xnk (s)|p ds ≤
v(t) k→∞ k→∞ v(t)
0 0
Consequentemente, xi − x ∈ Bvp e por isso mesmo x ∈ Bvp , lim kxi − xkBvp = 0. O caso p = ∞
i→∞
demonstra-se de modo análogo (vide, por exemplo, [36, pg.188–189], [69, pg.34–35]).2
³ ´∗
Observação 2.2.1. É evidente que, para 1 ≤ p < ∞, o espaço Bvp é isomorfo ao espaço
0
Bup0 , onde u = v 1−p .
Deste modo
Para uma certa função mensurável u : [0, 1] 7→ [0, +∞) vamos introduzir o espaço “com
Lema 2.2.1-bis. Sejam Lup 1 e Lup 2 dois espaços gerados pelas funções u1 e u2 respectivamente
def u2 (t)
N21 = vrai sup < ∞.
0≤t≤1 u1 (t)
def u1 (t)
N12 = vrai sup < ∞,
0≤t≤1 u2 (t)
então os espaços Lup 1 Lup 2 coincidem, i.e. eles coincidem como conjuntos, e as suas normas
def def
M = vrai sup u(t) < ∞, N = vrai inf u(t) > 0.
0≤t≤1 0≤t≤1
Então, o espaço Lup coincide com o espaço Lp e as suas normas são equivalentes:
Dos lemas 2.2.1, 2.2.2, 2.2.1-bis, 2.2.2-bis e dos corolários 2.2.1–2.2.3, 2.2.1-bis–2.2.3-bis
obtemos afirmações sobre a inclusão dos espaços Bvp1 ,u1 , Bvp2 ,u2 e sobre a completeza destes
espaços.
Lema 2.2.3. Suponhamos que o espaço Bvp1 está contı́nuamente incluido em Bvp2 e existe uma
constante κ > 0 tal, que para qualquer t ∈ (0, 1) e qualquer função x ∈ Bvp2 existe uma função
yxt ∈ Bvp1 , para o qual yxt (s) = x(s) para quase todo s ∈ [0, t] e
Suponhamos que o operador de Volterra Q : Bvp1 7→ Bvp1 é limitado. Então existe um único
Demonstração. Fixemos t ∈ (0, 1). Seja x ∈ Bvp2 e a função yxt escolhe-se de acordo com as
s
1/p
v1 (s) 1 Z
≤ sup |(Qyxt )(τ )|p dτ ≤
0<s≤t v2 (s) v1 (s)
0
def
Neste parágrafo denotaremos Bγp = Bvp , onde v(t) = tγ . Se 1 ≤ p < ∞, a norma no espaço
De notar que, devido ao corolário 2.2.3, para γ > 0 o espaço Bγp está contı́nuamente incluido
no espaço Lp e
kxkLp ≤ kxkBγp ,
qualquer que seja x ∈ Bγp . É claro que para γ = 0 temos Bγp ≡ Lp e as suas normas coincidem.
Neste parágrafo iremos considerar o caso γ > 0. Qualquer que seja a função x ∈ Lp vamos
defini-la, fora do segmento [0, 1], como sendo igual à zero. A função
t
1 Z
def
xρ (t) = x(s) ds,
ρ
t−ρ
onde ρ > 0, é análoga à função de Steklov (vide, por exemplo, [69, pg.244], [70, pg.76]). O
integral na parte direita existe, qualquer que seja a função x ∈ L1 . A cada elemento x ∈ L1
fazemos corresponder a “função média” xρ , obtendo deste modo um operador linear definido
def
no espaço L1 , que denotaremos por Aρ x = xρ .
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 91
Lema 2.3.1. Seja 0 < γ ≤ 1. Para 1 < p < ∞, o operador Aρ é completamente contı́nuo e
actua do espaço Bγp no espaço C, sendo kAρ kBγp →C ≤ ρ−1/p . Para 1 ≤ p < ∞, o operador Aρ
Zt Zt
1 1 1 1 1
≤
|x(s)|p ds ≤ γ |x(s)|p ds ≤ kxkpBγp . (2.3.1)
ρ tγ ρ t ρ
t−ρ 0
Para valores 1 < p < ∞, vamos mostrar que xρ é uma função contı́nua. Definindo x(t) ≡ 0,
se t ∈
/ [0, 1], temos, para 0 < t < t1 < 1, t − ρ ≥ 0, 0 < ρ < 1:
¯ ¯
¯ Zt1 Zt ¯
1¯¯ ¯
¯
|xρ (t1 ) − xρ (t)| = ¯¯ x(τ ) dτ − x(τ ) dτ ¯¯ =
ρ¯ ¯
t1 −ρ t−ρ
¯ ¯ ¯ ¯ ¯¯ t −ρ ¯
¯Zt1 tZ
1 −ρ ¯ ¯Zt1 ¯ ¯ Z1 ¯
1¯¯ ¯ 1 ¯¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯
= ¯¯ x(τ ) dτ − x(τ ) dτ ¯¯ ≤ ¯ x(τ ) dτ ¯¯ + ¯¯ x(τ ) dτ ¯¯ ≤
ρ¯ ¯ ρ ¯ ¯ ¯ ¯
t t−ρ t t−ρ
t 1/p t 1/p
Z1 Z1
2 0 2 0
≤ (t1 − t)1/p |x(τ )|p dτ ≤ (t1 − t)1/p |x(τ )|p dτ ≤
ρ ρ
t 0
92 Capı́tulo II
t 1/p
Z 1
2 0 1 2 0
≤ (t1 − t)1/p γ/p |x(τ )|p dτ ≤ (t1 − t)1/p kxkBγp . (2.3.2)
ρ t1 ρ
0
Para 1 < p < ∞, 0 < t < t1 < 1, t1 − ρ < 0, 0 < ρ < 1 temos:
t 1/p
Z 1
1 1/p0 1 0
|xρ (t1 ) − xρ (t)| ≤ (t1 − t) |x(τ )|p dτ ≤ (t1 − t)1/p kxkBγp . (2.3.3)
ρ ρ
t
2 0
|xρ (t1 ) − xρ (t)| ≤ (t1 − t)1/p kxkBγp . (2.3.4)
ρ
Bγp 7→ C é limitado, sendo kAρ kBγp →C ≤ ρ−1/p . Além disso, este operador é compacto porque,
Zt
≤ |x(τ1 )|p dτ1 . (2.3.5)
0
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 93
Deste modo, de (2.3.5) implica que xρ ∈ Bγp e kxρ kBγp ≤ kxkBγp . Isto significa que o operador
Lema 2.3.2. Seja 1 ≤ p < ∞ e 0 < γ ≤ 1. A famı́lia de operadores {Aρ }(ρ > 0), quando
respectivamente, i.e. kAρ x − xkC → 0 qualquer que seja x ∈ C e kAρ x − xkBγp → 0 qualquer
quando ρ → 0, uniformemente em relacao à t no segmento [0, 1], 0 < θ(t, ρ) < 1. Isto advém
1−γ
≤ t p max |xρ (s) − x(s)|,
0≤s≤t
1−γ
kxρ − xkBγp ≤ max t p max |xρ (s) − x(s)| = kxρ − xkC .
0≤t≤1 0≤s≤1
C é denso em Bγp então, devido ao facto das normas dos operadores Aρ serem uniformemente
por isso a sucessão de operadores {Aρ }, quando ρ → 0, converge pontualmente em Bγp para o
operador identidade.2
def
Definimos, no espaço L1 , o operador afino (operador de sobreposição) Sh : (Sh x)(t) = x̃h (t).
Lema 2.3.3. Seja 1 ≤ p < ∞ e 0 < γ < 1. Para cada h > 0 o operador Sh : Bγp 7→ Bγp
é limitado, sendo kSh kBγp →Bγp ≤ 1. A famı́lia de operadores {Sh }(h > 0), quando h → 0,
converge pontualmente em Bγp para o operador identidade, i.e. kSh x − xkBγp → 0, quando
t−h t−h
1 Z p 1 Z
≤ γ |x(s)| ds ≤ |x(s)|p ds,
t (t − h)γ
0 0
e se 0 < h < 1, 0 < t ≤ h, tendo em conta que x é igual à zero fora do segmento [0, 1] temos:
t
1 Z
γ
|x(s − h)|p ds = 0.
t
0
Mostremos a segunda afirmação. Seja x uma função contı́nua. Esta função é uniformemente
contı́nua daı́ que, para qualquer ε > 0 existe δ1 ∈ (0, 1) tal, que |x(t − h) − x(t)| < ε qualquer
Uma vez que o espaço de funções contı́nuas é denso em Bγp então, devido ao facto das normas
(vide, por exemplo, [52, pg.266-267]), e o conjunto de operadores {Sh }(h > 0), quando h → 0,
Lema 2.3.4. Seja 1 ≤ p < ∞ e 0 < γ ≤ 1. Para quaisquer ρ, h ∈ (0, 1) e x ∈ Bγp são justas
as desigualdades:
¯ ¯
¯ Zt Zt ¯ t
1¯ ¯ ¯
¯ 1 Z
= ¯ x(τ − h) dτ − x(τ ) dτ ¯ ≤ |x(τ − h) − x(τ )| dτ ≤
ρ ¯¯ ¯
¯ ρ
t−ρ t−ρ t−ρ
à !1/p Zt 1/p
1 1
≤
γ
|x(τ − h) − x(τ )|p dτ ≤
ρ t
0
à !1/p
1
≤ kxh − xkBγp .
ρ
Para quaisquer 0 < ρ, h < 1, h < t ≤ 1 e x ∈ Bγp temos
t
1 Z
|x(t) − xρ (t)| ≤ |x(t) − x(τ )| dτ =
ρ
t−ρ
ρ Ã !1/p Zρ 1/p
1Z 1 |x(t) − x(t − h)|p dh
= |x(t) − x(t − h)| dh ≤ .
ρ ρ
0 0
Daqui obtemos
ρ
Zt Zt Z
1 1
|x(s) − xρ (s)|p ds ≤ |x(s) − x(s − h)|p dh ds =
tγ ρtγ
0 0 0
ρ
t Zρ
1Z 1 Z 1
= p
|x(s) − x(s − h)| ds dh ≤ kx − xh kpBγp dh ≤
ρ tγ ρ
0 0 0
Zρ
1
≤ dh sup kx − xh kpBγp ≤ sup kx − xh kpBγp .
ρ 0<h<ρ 0<h<ρ
0
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 97
Lema 2.3.5. Sejam B e B1 dois espaços de Banach tais, que o espaço B1 está contı́nua e
{Aρ }(ρ > 0), quando ρ → 0, converge pontualmente em B1 para o operador identidade, i.e.
para cada x ∈ B1 , para qualquer ε > 0 existe δ > 0 tal que, para todo 0 < ρ < δ , é justa a
a famı́lia de operadores {Aρ }(ρ > 0), quando ρ → 0, uniformemente em M converge para o
operador identidade IB , i.e. para qualquer ε > 0 existe δ > 0 tal que, para todo 0 < ρ < δ e
pg.48] ou da consequência 3 do teorema 3 de [69, pg.230]. Vejamos a segunda condição. Já que
o conjunto M é compacto então, para qualquer ε > 0, existe uma ε/2–rede finita. Para cada
elemento desta rede existe um elemento do conjunto B1 , que se encontra a uma distância do
elemento desta rede menor do que ε/2. Então o conjunto E ⊂ B1 será uma ε–rede do conjunto
finito de B1 .
xi ∈ E,
ε
kx − xi kB < .
2(k1 + 1)
98 Capı́tulo II
ε
kAρ xi − xi kB1 <
2k2
para 0 < ρ < δi , onde k2 é uma certa estimação da norma do operador de inclusão B1 em B.
def
Seja δ = min δi . Então, para 0 < ρ < δ e para todo i = 1, 2, . . . , n, é justa a desigualdade
1≤i≤n
ε
kAρ xi − xi kB1 < .
2k2
Lema 2.3.6. Sejam B e B1 dois espaços de Banach tais, que o espaço B1 está contı́nuamente
{Aρ }(ρ > 0), quando ρ → 0, uniformemente em M converge para o operador identidade IB .
compacto em B. Da condição 2) advém que, para qualquer ε > 0, existe δ > 0 tal, que para
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 99
todo ρ ∈ (0, δ) o conjunto Aρ M é ε–rede para M, e como qualquer ε–rede desse tipo é relati-
Lema 2.3.7. Sejam B e B1 dois espaços de Banach tais, que o espaço B1 está contı́nua e
limitado, kSh kB→B ≤ k1 para um certo k1 > 0, e a famı́lia de operadores {Sh }(h > 0), quando
cada x ∈ B1 e para qualquer ε > 0 existe tal δ > 0 que, para todo 0 < ρ < δ , é válida a
podemos afirmar que, para qualquer ε > 0, existe uma ε–rede finita E ⊂ B1 do conjunto M
em B.
norma de B. Seja k1 uma certa estimação das normas dos operadores Sh : B 7→ B. Para
def
qualquer ε > 0 escolhemos o conjunto finito E = {x1 , . . . , xn } ⊂ B1 tal que, para cada função
ε
kx − xi kB < .
2(k1 + 1)
100 Capı́tulo II
Já que xi ∈ B1 então, para qualquer ε > 0, existe δi > 0 tal, que kSh xi − xi kB < ε/2,
def
se 0 < ρ < δi . Seja δ = min δi . Então, se 0 < ρ < δ para todo i = 1, 2, . . . , n é correcta a
1≤i≤n
i i
desigualdade kSh x − x kB < ε/2. Para 0 < ρ < δ temos:
Lema 2.3.8. Sejam B e B1 dois espaços de Banach tais, que o espaço B1 está contı́nuamente
são limitados, kSh kB→B ≤ k1 e kAρ kB→B ≤ k2 para certos k1 , k2 > 0, sendo Aρ B ⊂ B1 e o
existe δ > 0 tal, que para todo ρ ∈ (0, δ) o conjunto Aρ M é ε–rede para o conjunto M. Já
Teorema 2.3.1. Sejam 1 < p < ∞ e 0 < γ ≤ 1. O conjunto M do espaço Bγp é relativamente
2) para qualquer ε > 0 existe δ > 0 tal que, para qualquer função x ∈ M, kx − xρ kBpγ < ε,
Teorema 2.3.2. Sejam 1 < p < ∞ e 0 < γ < 1. O conjunto M do espaço Bγp é relativamente
2) para qualquer ε > 0 existe δ > 0 tal que, para qualquer função x ∈ M, kx − x̃h kBγp < ε,
lema 2.3.8.2
Observação 2.3.1. O teorema 2.3.1 e o teorema 2.3.2 são análogos ao teorema de Kolmogorov
t,t∗
§2.4. Problema singular no espaço D̄p . Teoremas tipo teorema de
Valleé Poussin
√ t,t∗
Denote-se: t∗ = p
t, se 1 ≤ p < ∞, t∗ = 1, se p = ∞. Seja D̄p , 1 < p ≤ ∞, o espaço de
∗
3) ẍ pertence ao espaço Bt,t
p (pg. 88).
A igualdade
Zt
x(t) = (t − s)z(s) ds + βt,
0
t,t∗ t,t∗
para cada par {z, β} ∈ Bp × R1 , define o elemento do espaço D̄p , que é isomorfo ao espaço
1∗
Bt,t
p ×R .
t,t ∗
t,t ∗
Os isomorfismos J¯ : Bt,t e J¯−1 : D̄p 7→ Bt,t
∗ 1 ∗ 1
p ×R 7→ D̄p p ×R definimos pelas igualdades
def
kxkD̄t,t
p
∗ = kẍk t,t∗ + |ẋ(0)|,
B p
t,t∗
então D̄p é um espaço de Banach.
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 103
onde ν ≥ 0.
x(t) ẋ(t) x(t)
Note-se que, com a ajuda da transformação u(t) = , a equação ẍ(t)+ − 2 = f (t)
t t t
3
pode-se reduzir à ü(t) + u̇(t) = f0 (t). Só que esta redução, da condição x(0) = 0, não garante
t
que u̇(0) = 0, consequentemente o problema (2.4.2) não se pode reduzir para o problema
(2.1.1). A imagem do operador L̄0 em funções diferentes de zero no ponto t = 0, por exemplo
x(t) ≡ 1, não pertence ao espaço de funções somáveis. Assim, é natural que a equação L̄0 x = f
seja estudada no espaço onde tais funções não existem. Vamos investigar o problema (2.4.2)
t,t∗ ∗
no espaço D̄p ' Bpt,t × R1 (1 < p ≤ ∞). Para simplicidade dos cálculos vamos limitar-nos
∗
Realmente, seja z ∈ Bt,t
p , 1 ≤ p < ∞. Pela desigualdade de Hölder temos
¯ ¯p s p
¯ Zs ¯ Z
¯ 1 ¯ 1
|(K̄z)(s)|p = ¯¯ 2 τ z(τ ) dτ ¯¯ ≤ 2p τ |z(τ )| dτ ≤
¯s ¯ s
0 0
104 Capı́tulo II
s
p
Zs
1 Z 1/p0 1/p 1
≤ 2p τ τ |z(τ )| dτ ≤ p/p0 2 τ |z(τ )|p dτ.
s 2 s
0 0
Daqui concluimos, que
t t s
p 1Z p 1 Z 1 Z
kK̄zk = sup s |(K̄z)(s)| ds ≤ sup p/p0 s 2 τ |z(τ )|p dτ ds ≤
0<t≤1 t 0<t≤1 2 t s
0 0 0
Zt µ ¶p/p0
kzkp 1 1
≤ 0 sup ds = kzkp .
2p/p 0<t≤1 t 2
0
De modo análogo demonstra-se o caso p = ∞.
t
1Z 2
(Q̄−1
0 z)(t) = z(t) − 3 s z(s) ds.
t
0
t2 − s2
C̄0 (t, s) = , 0 ≤ s ≤ t ≤ 1.
2t
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 105
Vejamos o problema
(L̄x)(t) def
= (L̄0 x)(t) − (T x)(t) = f (t), t ∈ [0, 1],
(2.4.3)
x(0) = 0, x(1) = α,
∗ ∗ 1
onde T : C 7→ Bt,t
p é um operador linear antı́tono, f ∈ Bt,t
p , 1 < p ≤ ∞, α ∈ R .
def
Seja Ā = WT : C 7→ C. Análogamente ao lema 2.1.3 (pg. 76) demonstra-se o seguinte
lema.
∗ 1 ∗
3) o problema de fronteira (2.4.3) tem única solução x ∈ D̄t,t t,t
p , para cada f ∈ Bp , α ∈ R ,
def
Seja (T x)(t) = p̄(t)x(t), t ∈ [0, 1]. Vejamos o problema
def ẋ(t) x(t)
(L̄x)(t) = ẍ(t) + − 2 − p̄(t)x(t) = f (t), t ∈ [0, 1],
t t (2.4.4)
x(0) = 0, x(1) = α
∗
com coeficiente p̄ ∈ Bt,t
p , 1 < p ≤ ∞.
∗
1) no espaço D̄t,t
p o problema (2.4.4) é únicamente solúvel e o seu operador de Green é
antı́tono;
∗
2) existe um elemento y ∈ D̄t,t
p tal, que
sendo
Z1
y(1) − (L̄y)(s) ds > 0;
0
Z1
2 def 2
Observação 2.4.1. Seja y(t) = t − t . Se ψ(t) = 3 + p̄(t)(t − t ) ≥ 0 e ψ(s) ds 6= 0, então
0
para a equação
ẋ(t) x(t)
ẍ(t) + − 2 − p̄(t)x(t) = f (t), t ∈ [0, 1]
t t
têm lugar todas as afirmações do lema 2.4.3.2
2
Observação 2.4.2. Para p = 1, o problema (2.4.2) investigaremos no espaço D̄t1 ,t de funções
1
kK̄kBt2 ,t →Bt2 ,t ≤ .2
1 1 2
108 Capı́tulo II
Lema 2.5.1. O espectro discreto σp (P), do operador P : Btp 7→ Btp , é definido pela igualdade
½ ¯ ¯ ¾
¯ 1¯ 1
σp (P) = λ ∈ C : ¯¯λ − ¯¯ ≤ \ {0}.
2 2
Demonstração. Seja λ ∈ σp (P). Então, existe uma função x ∈ Btp , x 6≡ 0 tal, que Px = λx,
i.e.
Zt
x(s) ds = λtx(t) (2.5.1)
0
t
1 Z
em quase todo [0, 1]. Da igualdade (2.5.1) implica que a função y(t) = x(s) ds é contı́nua
λt
0
no intervalo (0, 1] e coincide com a função x(t), para quase todo t ∈ [0, 1]. Consequentemente,
Resolvendo esta equação obtemos y(t) = Ctα , onde C 6= 0 é uma constante arbitrária. Es-
crevendo α = β + iγ , achamos α para o qual a função y(·) pertence ao espaço Btp . Para tal
calculamos
t ¯t
1Z αp 1 ¯
¯
sup |s | ds = sup sβp+1 ¯¯ ;
0≤t≤1 t 0≤t≤1 t(βp + 1) 0
0
Denote-se
Zt
def 1−λ
(Eλ z)(t) = t λ τ −1/λ z(τ ) dτ.
0
¯ ¯
¯ p0 ¯¯ p0
¯
Lema 2.5.2. Suponhamos que λ ∈ C, ¯λ − ¯ > ; então, o operador Eλ actua de Btp em
¯ 2¯ 2
Btp e é contı́nuo.
Demonstração. Vamos verificar que Eλ : Btp 7→ Btp . Para o elemento z ∈ Btp , se 1 < p < ∞,
temos ¯ ¯p
t ¯ Zs ¯
1Z ¯ 1−λ 1 ¯
kEλ zkpBtp = sup ¯s λ
¯ τ −λ
z(τ ) dτ ¯ ds =
¯
0≤t≤1 t ¯ ¯
0 0
¯ s ¯p
t ¯Z ¯
1 Z p(1−λ) ¯ 1 ¯
¯ τ − λ z(τ ) dτ ¯ ds ≤
= sup s λ ¯ ¯
0≤t≤1 t ¯ ¯
0 0
110 Capı́tulo II
s
Zt Z 0
1 p
−p
p p
−λ |z(τ )|p dτ ds
λp/p
≤ sup s λ s p0 ≤
0≤t≤1 t (λ − p0 )p/p0
0 0
0
λp/p
≤ kzkpBtp ,
(λ − p0 )p/p0
à !
0 p0
se λ 6= 0, λ 6= p e < 1 − > 0. Resolvendo a última desigualdade temos:
λ
à !
p0 p0 p0
< 1− > 0 ⇐⇒ 1 − < > 0 ⇐⇒ 1 > < ⇐⇒
λ λ λ
1 1 µ 1 1
⇐⇒ 0
>< = 2 2
⇐⇒ 0 µ2 + 0 ν 2 − µ > 0 ⇐⇒
p λ µ +ν p p
à !2 ¯ ¯
p0 p02 ¯ p0 ¯ p0
⇐⇒ µ − +ν > 2
⇐⇒ ¯¯λ − ¯¯ > .2
2 4 ¯ 2¯ 2
Lema 2.5.3. O espectro contı́nuo do operador P : Btp 7→ Btp consiste sómente dos pontos 0 e
p0 .
Demonstração. Vamos fazer uso da ideia da demonstração do teorema 5.1 do artigo [73].
não actua em Btp . Na demonstração do lema 2.5.1 estabeleceu-se que o ponto λ = p0 não
que (P − λI)Btp = Btp . Seja y uma função arbitrária de Btp e ε é um certo valor positivo.
t
1Z
Escolhemos η ∈ (0, 1] tal, que vrai sup |y(s)|p ds < εp e definimos a função yε segundo a
0≤t≤η t
0
igualdade
def
0 , se 0 ≤ t ≤ η;
yε (t) =
y(t) , se η ≤ t ≤ 1.
Problemas de Fronteira para EDF Lineares com Singularidade 111
sendo (P − λI)xε = yε . Verifiquemos, que xε ∈ Btp . Para tal é suficiente verificar, que a função
1−p0
Zt
def 0
gε (t) = t p0 s−1/p yε (s) ds pertence ao espaço Btp . É evidente que gε (t) = 0, se 0 ≤ t ≤ η .
0
Deste modo
t t
1Z 1Z
vrai sup |gε (s)|p ds = vrai sup |gε (s)|p ds =
0≤t≤1 t η≤t≤1 t
0 η
¯ ¯p
Zt ¯ 1−p0 Zs ¯
1 ¯ p0
¯ −1/p0
¯
= vrai sup ¯s τ yε (τ ) dτ ¯¯ ds =
η≤t≤1 t ¯ ¯
η 0
¯
t ¯
¯p
s ¯
1 Z ¯¯ 1−p 0 Z
−1/p0 ¯
= vrai sup ¯s
p0
τ y(τ ) dτ ¯¯ ds ≤
η≤t≤1 t ¯ ¯
η η
t
s p/p0 s
1 Z pp0 −p Z −p0 /p Z
≤ vrai sup s τ dτ |y(τ )|p dτ ds ≤
η≤t≤1 t η η η
t à !p−1
p 1Z 1
≤ ε vrai sup (ln s − ln η)p−1 ds < (1 − η) ln εp .2
η≤t≤1 t η
η
CAPITULO III
Neste capı́tulo investiga-se a questão sobre a solubilidade de problemas não lineares sin-
para equações equivalentes com operadores isótonos no espaço de funções contı́nuas. Com base
112
Problemas de Fronteira para EDF Quasilineares 113
em §1.1 (pg. 24), a função f (t, u) (t ∈ [0, 1], u ∈ R1 ) satisfaz as condições de Carathéodory.
Sejam v, z ∈ Dπ,b
p , v(t) ≤ z(t) para todo t ∈ [0, 1]. Denote-se
n o
def
[v, z]Dπ,b
p
= x ∈ Dπ,b
p : v(t) ≤ x(t) ≤ z(t), t ∈ [0, 1]
no espaço Lp .
Na resolução de equações não lineares, para além do prı́ncipio sobre aplicações de contracção
e do teorema de Schäuder, usa-se o prı́ncipio de Tarskiı̆-Birkoff (vide, por exemplo, [70, pg.266]).
ordenados.
Definição 3.1.1[28, pg.218]. Diremos que a função f (·, ·) satisfaz uma das condições Li [v̄, z̄],
para quase todo t ∈ [0, 1]. Aqui qi ∈ L∞ , i = 1, 2, Mi : [v̄, z̄]Lp 7→ Lp é o operador de Nemytskiı̆
def
definido pela igualdade (Mi u)(t) = Mi (t, u(t)), sendo o operador M1 isótono (M1 (t, ·) não
114 Capı́tulo III
decresce, para quase todo t ∈ [0, 1]), o operador M2 é antı́tono (M2 (t, ·) não cresce, para quase
Usando o esquema “L1 L2 de quasilinearização” (vide [28, pg.217]) pode-se reduzir o prob-
lema (3.1.1) para a equação equivalente do segundo tipo e aplicar o teorema sobre solubilidade
Suponhamos que f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 ∈ L∞ , q2 = q2+ − q2− ,
def
(L+ +
2 x)(t) = π(t)[ẍ(t) + b(t)ẋ(t)] − q2 (t)(Θx)(t), t ∈ [0, 1],
usufrui a propriedade A.
tem solução única, para cada ξ ∈ Lp , sendo a sua função de Green G2 (t, s) ≤ 0 no quadrado
def
Φ(t) = π(t)[ν̈(t) + b(t)ν̇(t)] − q2 (t)(Θν)(t) ≤ (M2 Θz)(t) − (M2 Θv)(t) ≤ 0,
Problemas de Fronteira para EDF Quasilineares 115
Z1
devido ao facto do operador M2 ser antı́tono e ν(0)+ν(1)− Φ(s) ds > 0. Consequentemente,
0
e segundo o teorema 1.3.1 (pg. 47), o problema (3.1.3) tem solução única, sendo o seu operador
de Green antı́tono.2
Suponhamos que a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 ∈ L∞ ,
def
(L+ +
2 x)(t) = π(t)[ẍ(t) + b(t)ẋ(t)] − q2 (t)(Θx)(t) = 0, t ∈ [0, 1], (3.1.5)
usufrui a propriedade A. Então, o problema (3.1.1) tem pelo menos uma solução x ∈ [v, z]Dπ,b
p
.
Se, além disso, cumpre-se a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ∈ L∞ , sendo o operador
onde
def
(L2 x)(t) = π(t)[ẍ(t) + b(t)ẋ(t)] − q2 (t)(Θx)(t).
Tendo em conta que a função f (·, ·) satisfaz as condições de Carathéodory, então o operador
tipo
x = A2 x (3.1.8),
Se 1 < p ≤ ∞, então o operador A2 : [v, z]C 7→ [v, z]C é completamente contı́nuo, como
produto do operador contı́nuo Θ : [v, z]C 7→ [v̄, z̄]Lp , do operador contı́nuo M2 : [v̄, z̄]Lp 7→
[M2 z̄, M2 v̄]Lp e, devido ao lema 1.4.3 (pg. 62), do operador completamente contı́nuo G2 :
Lp 7→ C.
definido no intervalo ordenado [v, z]C do espaço C e aplica este intervalo no espaço Dπ,b
p . Real-
mente, o operador isótono Θ : C 7→ Lp aplica o intervalo ordenado [v, z]C no intervalo ordenado
Problemas de Fronteira para EDF Quasilineares 117
[v̄, z̄]Lp . Devido à condição L2 [v̄, z̄] o operador M2 : [v̄, z̄]Lp 7→ Lp é antı́tono, por isso ele aplica
o intervalo ordenado [v̄, z̄]Lp no intervalo ordenado [M2 z̄, M2 v̄]Lp . Das condições do teorema e
(3.1.9) é antı́tono. Assim, o intervalo ordenado [M2 z̄, M2 v̄]Lp aplica-se, através do operador
Temos, deste modo, a possibilidade de estudar a equação (3.1.8) no intervalo ordenado [v, z]C
do espaço C. Além disso, qualquer solução x ∈ [v, z]C da equação (3.1.8) satisfaz o problema
de fronteira (3.1.7), já que o problema (3.1.7) obtem-se da equação (3.1.8) aplicando o operador
satisfaz a equação (3.1.8), pois a equação (3.1.8) obtem-se do problema (3.1.7) aplicando à este
Além disso, devido às desigualdades (3.1.4) e antitonicidade do operador G2 temos, que
z(t) ≥ (A2 z)(t) e v(t) ≤ (A2 v)(t), para todo t ∈ [0, 1]. Devido à isotonicidade do operador
A2 : [v, z]C 7→ C este facto garante a invariedade do intervalo ordenado [v, z]C relativamente
Assim, o operador isótono A2 aplica o conjunto fechado e convexo [v, z]C do espaço de
sobre o ponto fixo (vide, por exemplo, [70, pg.193]), a equação (3.1.8) tem pelo menos uma
Mostremos que o conjunto de soluções x ∈ [v, z]C possui um elemento máximo x̄ ∈ [v, z]C
(solução superior) e elemento mı́nimo x ∈ [v, z]C (solução inferior): v(t) ≤ x(t) ≤ x(t) ≤
x̄(t) ≤ z(t), t ∈ [0, 1]. Seja x ∈ [v, z]C uma certa solução da equação (3.1.8). A sucessão {z i },
118 Capı́tulo III
[v, z]C , pois o operador A2 aplica o conjunto [x, z]C em si próprio. De uma sucessão monótona
compacta {z i } implica (vide, por exemplo, [59, pg.38]) a existência do limite x̄ = lim z i .
i→∞
Como este limite é solução, então a desigualdade x̄ ≥ x para qualquer solução x ∈ [v, z]C fica
Mostremos agora, que se a condição L1 [v̄, z̄] cumpre-se, então a solução do problema (3.1.1)
é única, i.e. x = x̄. Usamos a condição L1 [v̄, z̄] e reescrevemos o problema (3.1.1) na forma
[v, z]C do espaço C, com operador antı́tono A1 : [v, z]C 7→ C, definido pela igualdade
Z1
def
(A1 x)(·) = G1 (·, s)M1 (s, (Θx)(s)) ds + u1 (·),
0
mogéneo
Observação 3.1.1. O teorema 3.1.1 admite uma outra formulação. Suponhamos que existe um
(3.1.4). Suponhamos que a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 ∈ L∞
Problemas de Fronteira para EDF Quasilineares 119
é antı́tono. Então o problema (3.1.1) possui pelo menos uma solução x ∈ [v, z]Dπ,b
p
.
Se, além disso cumpre-se a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ∈ L∞ e o operador de Green
G1 do problema auxiliar
Vejamos o problema (3.1.1) e suponhamos que a função f (t, 0) é igual à zero, para quase todo
com coeficiente
def ∂f (t, u)
q2 (t) = max , t ∈ [0, 1],
u∈[v̄,z̄] ∂u
usufrui a propriedade A.
e a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 (·) > 0. Por outro lado,
a função f (·, ·) satisfaz a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 (·) ≡ 0. Então, e segundo o
def
v(t) = 1 + t2 , z(t) = c = max{α1 , α2 }.
Então
Suponhamos que as funções w̄, ū ∈ Lp satisfazem as desigualdades v̄(t) ≤ w̄(t) ≤ ū(t) ≤ z̄(t).
Estimemos a desigualdade M2 (t, u(t)) − M2 (t, w(t)) para valores de t ∈ [0, 1] tais, que h(t) ∈
[0, 1]:
def k(t)
(L2 x)(t) = tẍ(t) − xh (t) = ξ(t), t ∈ [0, 1],
2
k(·)
usufrui a propriedade A. Para tal verifiquemos, que o coeficiente q2 (·) = satisfaz as
2
condições do corolário 1.3.4 (pg. 59), i.e. que para quase todo t ∈ [0, 1], cumprem-se as
desigualdades
Verifiquemos que, para todo t ∈ [0, 1] tal, que h(t) ∈ (0, 1], é justa a desigualdade
2t 4t
q ≤ .
1 + h2 (t) h2 (t)
def
Denote-se y = h(t). Então, para todo y ∈ (0, 1], é suficiente verificar que y 4 ≤ 4(1 + y 2 ). Esta
desigualdade cumpre-se, pois a parte esquerda é menor ou igual à unidade, e a parte direita é
Vamos verificar que, para todo t ∈ h−1 (0, 1], cumpre-se a desigualdade
2t 2
q ≤ .
1 + h2 (t) [1 − h(t)]2
def
Denote-se y = h(t). Então, para cada t ∈ (0, 1], é suficiente verificar que t(1−y)4 ≤ 1+y 2 , para
todo y ∈ [0, 1). Para tal basta verificar que para t = 1 tem lugar (1−y)4 ≤ 1+y 2 , y ∈ [0, 1). A
última desigualdade é justa, pois a parte esquerda é menor ou igual à unidade e a parte direita
é maior ou igual à unidade. Deste modo, e devido ao lema 3.1.1, o problema de fronteira
L2 x = ξ, x(0) = x(1) = 0
tem, para cada ξ ∈ Lp , 1 < p ≤ ∞, solução única x ∈ Dtp , sendo a sua função de Green
A função f (·, ·) satisfaz a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ≡ 0. Então, devido ao
teorema 3.1.1, o problema de fronteira (3.1.11) tem solução única x ∈ Dtp tal, que
Então,
h(t) ln h(t) , se h(t) ∈ (0, 1];
v̄(t) = z̄(t) = σh (t).
0 , se h(t) 6∈ (0, 1],
Imediatamente verificam-se as desigualdades: v(t) < z(t),
é negativa no quadrado [0, 1] × [0, 1]. Então, devido ao teorema 3.1.1, o problema de fronteira
(3.1.12) tem, no mı́nimo, uma solução x ∈ Dtp , 1 < p ≤ ∞, tal que
Teorema 3.1.2. Seja v, z ∈ Dtp um par de funções, v(t) < z(t), t ∈ (0, 1], 1 < p ≤ ∞, que
Suponhamos que a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 ∈ L∞ ,
Se, além disso, cumpre-se a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ∈ L∞ , sendo o operador
que satisfazem as desigualdades: γ1 [z(0) − v(0)] + ż(0) − v̇(0) + z(1) − v(1) > 0,
Suponhamos que a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 ∈ L∞ ,
Se, além disso, cumpre-se a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ∈ L∞ , sendo o operador
1 9
onde ≤ ω1 ≤ , κ ≥ 0, t ∈ [0, 1]. Seja
3 2(3e − 1)
Z1
2 def
f (t, u) = ln(1 + |u|) + ω1 u , (Θu)(t) = 2 t2 su(s)ds.
0
A função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 (t) = 1 + 2ω1 z̄(t) > 0,
t ∈ [0, 1]. Pelo lema 1.2.2 (pg. 40) temos, que a equação
Z1
2
tẍ(t) − 2q2 (t)t sx(s) ds = ξ(t), t ∈ [0, 1]
0
9
logo que ω1 ≤ ≈ 0.629.
2(3e − 1)
Por outro lado a função f (·, ·) satisfaz a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ≡ 0.
Então, devido ao teorema 3.1.2, o problema (3.1.15) tem solução única x ∈ Dtp (1 < p ≤ ∞)
c k
§3.2. Problema quasilinear singular de fronteira no espaço D p
Note-se que, no caso particular (Θx)(t) ≡ x(t), o problema de fronteira (3.2.1) descreve
certos processos reais, por exemplo processos que ocorrem em reactores quı́micos, na presença
de catalizadores (vide [86]). Suponhamos que no problema de fronteira (3.2.1) a função f (·, ·)
satisfaz a condição generalizada de Lipschitz em relação ao segundo argumento, i.e. para todo
x = Âx (3.2.2)
a função Ĥ1 (·, ·) foi definida no parágrafo §1.5 (pg. 66), u(·) é solução do problema semiho-
mogéneo
1−k def
Lema 3.2.1. Suponha-se que kΘkC→Lp < , onde λ̄ = kλkLp . Então o problema (3.2.1)
λ̄
bk.
tem solução única x ∈ D p
por isso a questão sobre a solubilidade do problema (3.2.1) reduz-se à solubilidade da equação
contracção:
¯ 1 ¯
¯Z ¯
¯ ¯
kÂx − ÂykC = max ¯ Ĥ1 (t, s) [f (s, (Θx)(s)) − f (s, (Θy)(s))] ds¯¯ ≤
¯
0≤t≤1 ¯ ¯
0
λ̄
≤ kΘkC→Lp kx − ykC .
1−k
Deste modo encontramo-nos nas condições de aplicabilidade do prı́ncipio sobre aplicações de
contracção (vide., por exemplo, [58, pg.88]) e, consequentemente, a equação (3.2.2) tem solução
1 < p ≤ ∞, que satisfazem as desigualdades: z(0) − v(0) + z(1) − v(1) + γ[ż(1) − v̇(1)] > 0,
tv̈(t) + k v̇(t) ≥ f (t, (Θz)(t)), tz̈(t) + k ż(t) ≤ f (t, (Θv)(t)), t ∈ [0, 1],
v(0) ≤ α1 ≤ z(0), v(1) + γ v̇(1) ≤ α2 ≤ z(1) + γ ż(1).
Suponhamos que a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 ∈ L∞ ,
usufrui a propriedade A. Então, o problema (3.2.1) possui, pelo menos, uma solução x ∈
[v, z]D
bk .
p
Se, além disso, cumpre-se a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ∈ L∞ , sendo o operador
Recorde-se que, por I2 (pg. 76) denotou-se o intervalo [0, 1), se γ2 = 0 ou o intervalo [0, 1],
se γ2 6= 0.
e , v(t) < z(t), t ∈ I ,
Teorema 3.3.1. Suponhamos que existe um par de funções v, z ∈ D p 2
L̃0 v ≥ f (·, Θv), L̃0 z ≤ f (·, Θz), v(1) + γ2 v̇(1) ≤ α ≤ z(1) + γ2 ż(1). (3.3.2)
Suponhamos que a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 ∈ L∞ ,
q2 (·) ≤ 0. Então o problema (3.3.1) possui pelo menos uma solução x ∈ [v, z]D
ep .
Se, além disso, cumpre-se a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ∈ L∞ , sendo o operador
def
L̃1 x = L̃0 x − q1 Θx = φ, ẋ(0) = x(1) + γ2 ẋ(1) = 0, (3.3.3)
Demonstração. Pela condição do teorema temos que a função f (·, ·) satisfaz a condição
e .
no espaço D p
def
Seja y = z − v . Então y > 0,
def f Θz − M
f Θv ≤ 0
φ = L̃2 y ≤ M2 2
Z1
f e y(1) + γ ẏ(1) +
devido à antitonicidade do operador M f (t, s)φ(s) ds > 0, para valores
W
2 2
0
de t ∈ I2 . Consequentemente, segundo o lema 2.1.3 (pg. 76), temos que o problema auxiliar
e ⊂ C é antı́tono.
é únicamente solúvel e o seu operador de Green G̃2 : Lp 7→ D p
x = Ã2 x, (3.3.6)
Z1
def f (s, (Θx)(s)) ds + u (t),
(Ã2 x)(t) = G̃2 (t, s)M2 2 t ∈ [0, 1],
0
132 Capı́tulo III
e . Real-
definido no intervalo ordenado [v, z]C do espaço C e aplica este intervalo no espaço D p
mente, o operador isótono Θ : C 7→ Lp aplica o intervalo ordenado [v, z]C no intervalo orde-
f : [v̄, z̄] 7→ L é antı́tono, e por isso
nado [v̄, z̄]Lp . Devido à condição L2 [v̄, z̄], o operador M 2 Lp p
f z̄, M
aplica o intervalo ordenado [v̄, z̄]Lp no intervalo ordenado [M f v̄] . O intervalo ordenado
2 2 Lp
f z̄, M
[M f v̄]
2 2 Lp aplica-se, através do operador G̃2 , no intervalo ordenado
f v̄, G̃ M
[G̃2 M f z̄] ⊂ [G̃ Mf v̄, G̃ Mf z̄] .
2 2 2 D̃p 2 2 2 2 C
O operador Ã2 : [v, z]C 7→ [v, z]C é completamente contı́nuo como produto do operador
f : [v̄, z̄] 7→ [M
contı́nuo Θ : [v, z]C 7→ [v̄, z̄]Lp , do operador contı́nuo M f z̄, M
f v̄]
2 Lp 2 2 Lp e, devido
def f
ao lema 2.1.2 (pg. 75), do operador completamente contı́nuo G̃2 = W Γ̃ : Lp 7→ C, onde
Γ̃ : Lp 7→ Lp é um homeomorfismo linear.
(pg. 115).2
L̃0 v ≥ f (·, v), L̃0 z ≤ f (·, z), v(1) + γ2 v̇(1) ≤ α ≤ z(1) + γ2 ż(1).
Problemas de Fronteira para EDF Quasilineares 133
Suponhamos que a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v, z], com coeficiente q2 ∈ Lp . Então
Se, além disso, cumpre-se a condição L1 [v, z], com coeficiente q1 ∈ Lp , sendo o operador
def
L̃1 x = L̃0 x − q1 x = φ, ẋ(0) = x(1) + γ2 ẋ(1) = 0
β ≥ 0. Este problema descreve processos que ocorrem num reactor quı́mico com simetria
cilindrica (para mais detalhes vide [45, pg.326]), segundo a lei de Arrhenius. Este problema e
suas diferentes modificações foram estudados por um grupo de matemáticos americanos (vide
[74], [75], [88]). Nos primeiros trabalhos destes autores usaram-se métodos numéricos (por
exemplo o método de Runge-Kutta) na resolução deste problema. Mais tarde, com base na
soluções para este problema. Neste exemplo mostraremos, que para 0 ≤ β ≤ e2 a solução
existe e é única.
e . Na qualidade de funções de comparação
O problema (3.3.7) iremos investigar no espaço D ∞
pegamos
β 1
v(t) ≡ 0, z(t) = (1 − t2 ) + , v(t) < z(t), t ∈ [0, 1].
4 2
Imediatamente verificam-se as desigualdades (3.3.2):
à !
v̇(t) 1
v̈(t) + + β exp − = 0,
t |v(t)|
à !
ż(t) 1
z̈(t) + + β exp − ≤ −β + β = 0, t ∈ [0, 1];
t |z(t)|
1
0 = v(1) < x(1) = z(1) = .
2
à !
1
A função F (t, x) = −β exp − satisfaz a condição L2 [v, z], com coeficiente q2 ≡ 0. O
|x|
problema
1
ẍ(t) + ẋ(t) = ξ(t), t ∈ [0, 1], x(1) = 0
t
e , sendo a sua função de Green W(t,
possui, para cada ξ ∈ L∞ , solucao única x ∈ D f s) ≤ 0 no
∞
Consequentemente, segundo o lema 2.1.4 (pg. 78), o operador de Green G̃1 do problema
e
é antı́tono. Então, devido ao corolário 3.3.1, o problema (3.3.7) possui solução única x ∈ D ∞
tal, que
β 1
0 ≤ x(t) ≤ (1 − t2 ) + , t ∈ [0, 1].
4 2
Exemplo 3.3.2. Vejamos o problema de fronteira quasilinear
1
ẍ(t) + ẋ(t) = −βf (t, x(t)), t ∈ [0, 1],
t (3.3.8)
ẋ(0) = 0, x(1) = 0,
e , 1 < p ≤ ∞, β ≥ 17.98. Mostremos que este problema possui pelo menos duas
no espaço D p
soluções. Seja
β
v1 (t) = 2[erf(1) − erf(t2 )], z1 (t) = (1 − t2 )
4
e .
um par de funções tais, que v1 (t) < z1 (t), t ∈ [0, 1), v1 , z1 ∈ Dp
e . Vamos verificar se v ∈ D
Fácilmente constata-se que z1 pertence ao espaço D e . Real-
p 1 p
mente,
2) a derivada
8t exp(−t4 )
v̇1 (t) = − √
π
é contı́nua no segmento [0, 1], sendo v̇1 (0) = 0;
136 Capı́tulo III
3) a função
32t4 exp(−t4 ) 8 exp(−t4 )
v̈1 (t) = √ − √
π π
pertence ao espaço Lp , pois
24e−1
max |v̈ 1 (t)| = √ , se p = ∞;
0≤t≤1 π
à !p
Z1
p 24e−1
|v̈1 (t)| dt ≤ √ , se 1 ≤ p < ∞.
π
0
à ! à !
ż1 (t) 1 4
z̈1 (t) + + β exp − = −β + β exp − < 0,
t |z1 (t)| β(1 − t2 )
para β ≥ 17.948, t ∈ [0, 1], e
A existência de solução para o problema (3.3.8) no cone [v1 , z1 ] advém da consequência 3.3.1.
Então o problema (3.3.8) tem, pelo menos, duas soluções: x0 ≡ 0 e x1 pertencente ao espaço
e , 1 < p ≤ ∞, tal, que v ≤ x ≤ z .
D p 1 1 1
3 2
ẍ(t) + ẋ(t) = − 2 , t ∈ [0, 1]
t x (t)
Problemas de Fronteira para EDF Quasilineares 137
Este problema descreve processos que ocorrem na teoria de elasticidade e vamos estuda-lo
e , 1 < p ≤ ∞. Na qualidade de funções de comparação escolhemos
no espaço D p
1
v(t) ≡ α, z(t) = (1 − t2 ) + α, v(t) < z(t), t ∈ [0, 1).
4α2
Consequentemente, segundo o lema 2.1.4 (pg. 78), o operador de Green G̃2 do problema
4
L̃0 x − x = ξ, x(1) = 0,
α3
é antı́tono. Sendo assim, e devido ao corolário 3.3.1, o problema de Föppl-Hencky possui solução
e tal, que
única x ∈ Dp
1
α ≤ x(t) ≤ α + (1 − t2 ), t ∈ [0, 1].
4α2
Note-se que o mesmo resultado, no espaço de funções diferenciáveis, usando um método
mais complicado, foi obtido por C. A. Stuart e publicado em [83] (vide, também, [50, pg.237]).
138 Capı́tulo III
∗
onde Θ : C 7→ Bt,t
p é um operador linear isótono, 2 < p ≤ ∞, a função f (·, ·) satisfaz as
condições de Carathéodory.
t,t∗
Denote-se v̄ = Θv, z̄ = Θz . O problema (3.4.1) vamos estudar no espaço D̄p , 2 < p ≤ ∞.
∗
Teorema 3.4.1. Seja v, z ∈ D̄t,t
p , v(t) < z(t), t ∈ (0, 1) um par de funções que satisfazem as
desigualdades:
Suponhamos que a função f (·, ·) satisfaz a condição L2 [v̄, z̄], com coeficiente q2 ∈ L∞ ,
q2 (·) ≤ 0. Então o problema (3.4.1) possui pelo menos uma solução x ∈ [v, z]D̄t,t∗ .
p
Se, além disso, cumpre-se a condição L1 [v̄, z̄], com coeficiente q1 ∈ L∞ , sendo o operador
def
L̄1 x = L̄0 x − q1 Θx = φ, x(1) = 0
Vejamos o problema (3.4.1), no caso quando Θx ≡ x. Nos trabalhos [81], [82] estudaram-se
problemas de fronteira que podem ser apresentados na forma do problema (3.4.1). No artigo
Problemas de Fronteira para EDF Quasilineares 139
as desigualdades:
Então o problema (3.4.1) possui pelo menos uma solução x ∈ [v, z]D̄t,t∗ .
p
∗
Se, além disso, cumpre-se a condição L1 [v, z], com coeficiente q1 ∈ Bt,t
p , e o operador de
def
L̄1 x = L̄0 x − q1 x = φ, x(1) = 0
t,t∗
no espaço D̄p , 2 < p < ∞. Na qualidade de funções de comparação escolhemos
x2 (t)
A função f (t, x(t)) = − satisfaz a condição L2 [v, z], com coeficiente q2 (t) = −2(t +
t
α − 1) e satisfaz a condição L1 [v, z], com coeficiente q1 ≡ 0.
140 Capı́tulo III
facto de que o operador de Green do respectivo problema linear era antı́tono. Se o operador de
Green do respectivo problema linear fôr isótono, então a condição L1 garante a existência e a
de soluções para sistemas lineares de equações diferenciais ordinárias (EDO) não estacionárias.
Propõe-se um nova ideia para o problema sobre a construcção da equação modelo usando o W
método. Com base nesta ideia obtêm-se novos critérios de estabilidade para sistemas de EDO.
141
142 Capı́tulo IV
Vejamos a equação
def
(L̆x)(t) = ẋ(t) + P (t)x(t) = f (t), t ∈ [0, +∞), (4.1.1)
Nos trabalhos [15], [20], [21], [22], [28, cap. 5; 6; 7] propõe-se um novo método no estudo da
estabilidade de soluções desta equação. Este método e o W método (vide, por exemplo, [15],
[20], [21], [22], [28, cap. 5; 6; 7]) consistem no seguinte. Como é conhecido (vide, por exemplo,
[55, cap. 1]) a solução geral x da equação (4.1.1) define-se segundo a fórmula de Cauchy
Zt
˘ )(t) + X(t)x(0), onde (Cf
x(t) = (Cf ˘ )(t) def
= C̆(t, s)f (s) ds,
0
X(·) é a matriz fundamental das soluções da equação homogénea L̆x = 0, sendo X(0) = E ,
def
kxkD̆ = kL̆xkL∞ + |ζ|.
Daqui em diante vamos considerar que as colunas da matriz P (·) e a função f pertencem
def
(L̆0 x)(t) = ẋ(t) + P0 (t)x(t) = z(t), t ∈ [0, +∞), (4.1.2)
Estabilidade de Soluções de Sistemas 143
def
onde W̆ (t, s) = U (t)U −1 (s) é a matriz de Cauchy da equação (4.1.2). A igualdade x = W̆z+U ζ
def
define, para cada par z ∈ L∞ , ζ ∈ Rn , o elemento x da multivariedade linear D̆0 = D(L̆0 , L∞ )
de todas as soluções da equação (4.1.2). Esta multivariedade D̆0 torna-se em espaço de Banach
def
kxkD̆0 = kL̆0 xkL∞ + |ζ|.
equação L̆0 x = z pertence ao espaço C. Neste caso diremos, que a equação (4.1.2) é C estável
(vide [34]). Como está demonstrado em [37, cap. 3, §5], [41, cap. 3], [72], nestas condições
para a matriz de Cauchy W̆ (t, s) da equação (4.1.2), para certos M > 0 e β > 0, cumpre-se a
desigualdade
de Banach D̆0 coincide com o espaço de Banach W1∞ , i.e. D̆0 = W1∞ e as normas k · kD̆0 ,
144 Capı́tulo IV
1 1 def
k · k W∞
1 são equivalentes. Aqui W∞ = W∞ [0, +∞) é o espaço de Sobolev de todas as funções
Nos trabalhos [15], [20], [21], [22], [28, cap. 5], [32], [40] demonstram-se afirmações que nós
soluções da equação L̆x = f , para todo f ∈ L∞ , coincide com o espaço D̆0 de todas as
soluções do problema modelo L̆0 x = z , para todo z ∈ L∞ , sendo as normas k · kD̆ e k · kD̆0
def
equivalentes só e sómente só, quando existe o operador invertı́vel Q̆−1 = (L̆W̆)−1 : L∞ 7→ L∞ .
No caso quando os espaços de Banach D̆ e D̆0 coincidem diremos, de acordo com [22], [19],
(4.1.1) garante a estabilidade exponencial e a dependência contı́nua das soluções desta equação
(4.1.1) é equivalente ao facto de que a matriz de Cauchy C̆(·, ·) desta equação admite, para
equação L̆x = f depende da escolha da equação modelo. Nos trabalhos [15], [19], [20], [21],
[28, cap. 5], [34] na qualidade de equação modelo escolheu-se uma equação com matriz diagonal
P0 . Nos trabalhos [40], [46] viram-se exemplos de equações modelos com matriz constante P0 .
Para além destes casos, a equação (4.1.2) integra-se de modo explı́cito se a condição de Lappo-
Na construção da equação modelo nós propomos a seguinte ideia. Suponhamos que a função-
matriz U (·), com componentes absolutamente contı́nuas, é tal, que tem lugar U (0) = E e
def
det U (t) 6= 0 para qualquer t > 0, e para a função-matriz W̆ (t, s) = U (t)U −1 (s) cumpre-se
def
pelo menos uma das condições (4.1.3) ou (4.1.4). Então a expressão P0 (t) = −U̇ (t)U −1 (t)
P0 (·) é insolúvel. Por isso mesmo vamos investigar certos casos especiais da matriz U (·),
eαt , tν eαt , eλt cos µt, eλt sin µt, tν eλt cos µt, tν eλt sin µt.
Estas funções são linearmente independentes e não são iguais à zero simultâneamente em nen-
Vejamos o caso, quando n = 2. Escolhemos duas funções quaisquer u1 (·), u2 (·) linearmente
pontos do semieixo [0, +∞). Sem limitação da sua essência consideramos u1 (0) = 1, u2 (0) = 0.
condição de Lappo-Danilevskiı̆, i.e. a matriz P0 (·) comuta com o seu integral. Vejamos alguns
exemplos.
onde λ1 (·), λ2 (·) são quaisquer funções escalares mensuráveis e limitadas na sua essência no
semieixo [0, +∞). Suponhamos, por definição, que λ1 (t) < λ2 (t) para quase todo t ≥ 0. Para
Para que tenha lugar a estimação exponencial (4.1.4) da matriz de Cauchy W̆ (t, s) é
def 1 def 1
p(t) = (λ1 (t) + λ2 (t)) , q(t) = (λ2 (t) − λ1 (t)) .
2 2
Então
def 1 def 1
p(t) = (λ1 (t) + λ2 (t)) , q(t) = (λ1 (t) − λ2 (t)) .
2 2
148 Capı́tulo IV
Então
onde λ(·), θ(·) são quaisquer funções escalares mensuráveis e limitadas na sua essência no
Para que tenha lugar a estimação exponencial (4.1.4) da matriz de Cauchy W̆ (t, s) é
def def
p(t) = λ(t), q(t) = θ(t).
Se α = β = 0, γ = −δ = 1 denote-se
def def
p(t) = λ(t), q(t) = −θ(t).
onde λ(·) é uma função escalar mensurável e limitada na sua essência no semieixo [0, +∞).
Para que tenha lugar a estimação exponencial (4.1.4) da matriz de Cauchy W̆ (t, s) é
Vamos neste parágrafo formular três critérios de C estabilidade da equação (4.1.1) com
matriz
p(t) q(t)
P (t) = −
,
r(t) v(t)
onde p(·), q(·), r(·), v(·) são quaisquer funções escalares mensuráveis e limitadas na sua essência
Critério 4.2.1. Suponhamos que se cumprem as desigualdades: vrai sup ψ(t) < +∞,
t≥0
1
{vrai sup |q(t) − r(t)| + vrai sup |p(t) − v(t)|} × vrai sup ψ(t) < √ ,
t≥0 t≥0 t≥0 2
t
Zt Z
def def
onde ψ(t) = exp ²(τ ) dτ ds, ²(t) = p(t) + |q(t)|.
0 s
Então a equação (4.1.1) é C estável.
matriz
p(t) q(t)
P0 (t) = −
.
q(t) p(t)
No exemplo 4.1.1, para α = β = γ = 1/2, obtivemos a matriz de Cauchy para tal equação.
Ela tem a forma (4.1.5). A condição vrai sup ψ(t) < +∞ garante a C estabilidade da equação
t≥0
(4.1.2).
152 Capı́tulo IV
Calculamos a expressão
Zt
def
(K̆z)(t) = K̆(t, s)z(s) ds,
0
def
onde K̆(t, s) = (P0 (t) − P (t))W̆ (t, s). É óbvio, que L̆W̆z = z − K̆z . Segundo a observação
def
r
kzkL∞ = (vrai sup |z1 (t)|)2 + (vrai sup |z2 (t)|)2 .
t≥0 t≥0
Critério 4.2.2. Suponhamos que se cumprem as desigualdades: vrai sup Φ(t) < +∞,
t≥0
{vrai sup |q(t) + r(t)| + vrai sup |p(t) − v(t)|} × vrai sup Φ(t) < 1,
t≥0 t≥0 t≥0
t
Zt Z
def
onde Φ(t) = exp p(τ ) dτ ds.
0 s
Então a equação (4.1.1) é C estável.
matriz
p(t) q(t)
P0 (t) = −
.
−q(t) p(t)
Estabilidade de Soluções de Sistemas 153
equação. Ela tem a forma (4.1.6). Repetindo os passos dados na demonstração do critério 4.2.1
Critério 4.2.3. Suponhamos que se cumprem as desigualdades: vrai sup Φ(t) < +∞,
t≥0
{(vrai sup |p(t) − v(t)|)2 + (vrai sup |q(t)|)2 + (vrai sup |r(t)|)2 } × vrai sup Φ(t) < 1.
t≥0 t≥0 t≥0 t≥0
matriz
p(t) 0
P0 (t) = −
.
0 p(t)
Se no exemplo 4.1.3 colocarmos α = β = γ = δ = 0, então a matriz de Cauchy para tal
uma função mensurável e essencialmente limitada em [0, ∞). Na qualidade de equação modelo
escolhemos
def
(Ľ0 x)(t) = ẋ(t) + x(t) = z(t), t ∈ [0, ∞). (4.3.2)
∆2
vrai sup |t − h+ (t) − ∆| < 1 − . (4.3.3)
t≥0 2
Observação 4.3.1. O autor gostaria de observar que a ideia deste critério pertence ao Doutor
A. V. Chistiakov.2
Observação 4.3.2. A desigualdade (4.3.3) podemos reescrever, para um certo ε > 0, na forma
equivalente
∆2 ∆2
+ ∆ − 1 − ε < t − h+ (t) < − + ∆ + 1 + ε,
2 2
∆2
para quase todo t ≥ 0. Pegamos ∆ tal, que + ∆ − 1 = 0 e ∆ ∈ (0, 1). Então
2
∆2 √
− + ∆ + 1 = 2( 3 − 1).
2
Estabilidade de Soluções de Sistemas 155
√
Deste modo, se ∆ = 3 − 1, a condição (4.3.3) toma a forma
√
vrai sup |t − h+ (t)| < 2( 3 − 1).
t≥0
def
Denotemos δ = 1 − ∆. Então
∆2 1 δ ∆2 3 δ2
+ ∆ − 1 − ε = + (4 − δ) − ε, − +∆+1+ε= − + ε.
2 2 2 2 2 2
∆2 1 ∆2 3
+∆−1−ε< , − +∆+1+ε> .
2 2 2 2
3 1
vrai sup |t − h+ (t)| < , vrai inf |t − h+ (t)| > .2
t≥0 2 t≥0 2
Recorde-se, que
x(h(t)) , se h(t) ≥ 0; 0 , se h(t) ≥ 0;
def h def
xh (t) = , χ (t) = .
0 , se h(t) < 0 1 , se h(t) < 0
Assim temos
Zt Zt
ẋ(t) + xh (t) = ẋ(t) + x(t) + xh (s) ds − f (s) ds − χh (t)x(0). (4.3.4)
h+ (t) h+ (t)
156 Capı́tulo IV
Zt t−∆
Z Zt
xh (s) ds = xh (s) ds + xh (s) ds.
h+ (t) h+ (t) t−∆
Zt Zt
def
J = xh (s) ds = {x(t) − [x(t) − xh (s)]} ds =
t−∆ t−∆
Zt Zt
= ∆x(t) − ẋ(τ ) dτ + χh (s)x(0) ds =
t−∆ h+ (s)
Zt Zt Zt Zt Zt
= ∆x(t) + xh (τ ) dτ ds − f (τ ) dτ ds − x(0) χh (s) ds =
t−∆ h+ (s) t−∆ h+ (s) t−∆
Zt Zt Zt t−∆
Z Zt Zt Zt
= ∆x(t) + xh (τ ) dτ ds + xh (τ ) dτ ds − f (τ ) dτ ds − x(0) χh (s) ds.
t−∆ t−∆ t−∆ h+ (s) t−∆ h+ (s) t−∆
então
Zt t−∆
Z
∆ 1
J= x(t) + xh (τ ) dτ ds−
1−∆ 1−∆
t−∆ h+ (s)
Zt Zt Zt
1 1
− f (τ ) dτ ds − x(0) χh (s) ds.
1−∆ 1−∆
t−∆ h+ (s) t−∆
Estabilidade de Soluções de Sistemas 157
ẋ(t) + xh (t) =
Zt t−∆
Z
∆ 1
= ẋ(t) + x(t) + x(t) + xh (τ ) dτ ds+
1−∆ 1−∆
t−∆ h+ (s)
t−∆
Z Zt
1 (4.3.5)
+ xh (s) ds − χh (s) ds + χh (t) x(0)−
1−∆
h+ (t) t−∆
Zt Zt Zt
1
− f (τ ) dτ ds − f (s) ds = f (t).
1−∆
t−∆ h+ (s) h+ (t)
def ∆ 1
(Ľ1 x)(t) = = ẋ(t) + x(t) + x(t) = ẋ(t) + x(t)
1−∆ 1−∆
como sendo o operador modelo. É evidente que, para ∆ ∈ (0, 1), tem lugar a igualdade
D(Ľ0 , L∞ ) = D(Ľ1 , L∞ ),
Zt · ¸
1
kW̌1 kL∞ →C = vrai sup exp (s − t) ds =
t≥0 1−∆
0
· µ ¶¸
1
= (1 − ∆) vrai sup 1 − exp − = 1 − ∆.
t≥0 1−∆
A equação (4.3.5) é equivalente à equação
Zt t−∆
Z t−∆
Z
1
(M x)(t) = − xh (τ ) dτ ds − xh (s) ds,
1−∆
t−∆ h+ (s) h+ (t)
µ ¶
t
g(t) = exp − x(0) + (W̌1 g1 )(t),
1−∆
Zt Zt Zt Zt
1 1
g1 (t) =
χ (s) ds + χ (t)
h h
x(0) + f (τ ) dτ ds + f (s) ds + f (t).
1−∆ 1−∆
t−∆ t−∆ h+ (s) h+ (t)
Note-se, que
Zt t−∆
Z Zt t−∆
Z Zt s−∆
Z
1 1 1
xh (τ ) dτ ds = xh (τ ) dτ ds + xh (τ ) dτ ds.
1−∆ 1−∆ 1−∆
t−∆ h+ (s) t−∆ s−∆ t−∆ h+ (s)
Das desigualdades
" #
1 ∆2
kW̌1 M kC→C ≤ (1 − ∆) + ∆ vrai sup |s − ∆ − h+ (s)| +
1−∆ 2 s≥0
∆2
+(1 − ∆) vrai sup |t − ∆ − h+ (t)| = + ∆ vrai sup |s − ∆ − h+ (s)|+
t≥0 2 s≥0
∆2
+(1 − ∆) vrai sup |t − ∆ − h+ (t)| = + vrai sup |t − ∆ − h+ (t)|
t≥0 2 t≥0
temos, que a desigualdade (4.3.3) garante a estimação kW̌1 M kC→C < 1. Consequentemente, a
cuja solução fundamental X(·) é uma função periódica em [0, ∞) e cumpre-se a igualdade
3
vrai sup[t − h(t)] = .
t≥0 2
5
ẋ(t) + x(h(t)) = ẋ(t) − t + = 0,
2
µ ¶
1 5 2 5
daı́ que x(t) = t− − 1. Tendo em conta a negatividade da derivada ẋ(t) = t − no
2 2 2
segmento [3/2, 5/2] vemos, que x(·) decresce monótonamente neste segmento. No segmento
[5/2, 4] temos
1
daı́ que x(t) = 1 − (t − 5)2 . No segmento [5, 13/2] temos
2
17
daı́ que x(t) = t − . No segmento [9, 10] temos
2
1
daı́ que x(t) = 1 − (t − 10)2 .
2
Estabilidade de Soluções de Sistemas 161
De acordo com a construção vemos, que o gráfico da função x(·) nos segmentos [0, 5] e
[5, 10] coincidem. A periodicidade da função r(·) permite concluir, que os gráficos da função
x(·) em todos os segmentos do tipo [5n, 5(n + 1)](n ∈ N ∪ {0}) coincidem. Assim mostramos
que a solução x(·) do problema de Cauchy (4.3.7) é uma função periódica de perı́odo igual à
Deste modo, a solução fundamental da equação (4.3.6) é uma função periódica em [0.∞)
µ ¶
5
de perı́odo igual à 5, sendo X 5n + = −1 o seu valor mı́nimo e X(5n) = 1 o seu valor
2
máximo, n ∈ N ∪ {0}. É evidente que X(·) não admite estimação exponencial com expoente
negativo.
Observação 4.3.3 Exemplos semelhantes ao exemplo 4.3.1 foram vistos pela Doutora V. V.
Malygina.
CONCLUSÃO
De acordo com a terminologia usada no trabalho [32] chamaremos EDF linear singular de
def
(L0 x)(t) = tα1 (1 − t)α2 ẍ(t) + b(t)ẋ(t) + c(t)x(t) = z(t), t ∈ [0, 1].
def
(L0 x)(t) = π(t)ẍ(t) − (S ẍ)(t) = z(t), t ∈ [0, 1],
onde
m
X
def
(Sx)(t) = bk (t)xhk (t),
k=1
162
Conclusão 163
bk , hk : [0, 1] 7→ R1 são funções mensuráveis. Sistemas de EDF de tipo análogo foram estudados
fronteira singulares para EDF. Recorde-se, por exemplo, o prı́ncipio de Lere-Schäuder, a técnica
Nas nossas investigações foram estudados problemas de fronteira no segmento com singu-
que estes problemas possuem as mesmas propriedades que os problemas com singularidade no
EDF.
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175
176 Indice
Fórmula de Fatou 86
de Green 11
Matriz
Função
fundamental 142
de comparação 120, 123, 126, 134, 137
Método
erf 8, 135
Runge-Kutta 133
de Green 2, 13, 14, 15
W método 16, 60
Gamma 76
Monotonicidade 14
de Steklov 90
Operador
Grabovskaia R.G. 10
afino 94
de Green 13 modelo 60
noetheriano 13, 17
Raio espectral 14, 40, 79
normalmente solúvel 18 Rakhmatullina L.F. 10
parte principal 19
Schechter B.L. 10, 12, 37
de peso médio 103
Série de Neumann 41
de sobreposição 12, 54
Shindiapin A.I. 10, 11, 12, 163
de Volterra 23, 79, 88, 89
Sistema
linear de fronteira 15, 20, 65, 71, 103 tipo Nagumo 113
de Sturm 13
de Vallée Poussin 13
Teoria
abstracta de EDF 11
Vasil’ev N.I. 10
Vector
funcional 21, 22
fundamental 21
Edição cientı́fica
IB 201
Autorizado para reprodução 01.04.2000. Formato 84 × 84/16. Papel offset. Tiragem 100
Encomenda
Impresso na tipografia electrónica dos sistemas OT NIT da Perm State Technical University,
201
020408 19.06.97
, 614600, , . , 15