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Fichamento Bibliográfico -

Livro Pedagogia do Oprimido,


de Paulo Freire
Ciências da Educação
Centro Universitário Internacional (UNINTER)
4 pag.

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FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO

HALAN CRYSTIAN – FLÁVIA MOTA

CRUZEIRO-SP - 2019

EDUCAÇÃO DIALÓGICA E DIÁLOGO

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17° ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
O autor apresenta como principal prerrogativa da educação a dialógica e o
diálogo, entretanto, isso só se é possível se o sujeito sente um profundo amor ao
mundo e aos homens, e que sem este sentimento, nenhuma transformação,
nenhuma revolução é possível. Realizou uma profunda reflexão entorno das
ideias, fundamentando-as, inclusive nos descritos de Ernesto Guevara em seu
livro “Obra Revolucionária”. (p. 51)

O pensar verdadeiro, o pensar crítico opõe-se ao pensar ingênuo. Para o pensar


ingênuo o importante é a acomodação ao estabelecido como “normal”, enquanto
que para o pensar crítico o importante é a permanente transformação da realidade
para que ocorra a permanente humanização dos homens. O autor apoia-se em
renomados pensadores da educação, em robustas ideias como as de Pierre Furter,
contidas na obra “Educação e Vida”. (p. 53)

A educação verdadeira só existe com a dialogicidade, pois, esta é permanente em


seu processo construtivo. (p. 53)

O DIÁLOGO COMEÇA NA BUSCA DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17° ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
O autor destaca um educador verdadeiro como sendo também um educando, um
sujeito dialógico, problematizador, ciente que seu papel não é transferir algum
conhecimento dele próprio, algum conteúdo já estabelecido, doado, vindo não do
próprio educando. O diálogo inicia a partir de elementos provindos dos
educandos, sendo reestruturado, organizado e sistematizado para posteriormente
ser novamente apresentado e analisado junto ao educando. Esta estruturação de
pensamento o autor basea-se em ideários como os de André Malraux, bem
descritos em sua obra “Antimemories” (p. 54)

A educação autêntica, persiste contundentemente o autor, não se faz de um

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sujeito para um outro sujeito, de um sobre o outro, mas, de um com o outro,
mediatizados pelo mundo, onde neste, situam-se temas significativos, à base do
conteúdo programático da educação, libertadora e não dominadora. A educação
autêntica centraliza-se num humanismo que consiste em permitir a tomada de
consciência de nossa plena humanidade, não num humanismo idealizador,
olvidando o homem real. As bases deste pensamento remete-se à pensadores
desde a grécia antiga, perpassando por pensadores do século IV, V, pensadores
do século XVIII como Jaques Rousseau até contemporâneos como Pierre Furter
(p. 54)

AS RELAÇÕES HOMEMS-MUNDO, OS TEMAS GERADORES E O CONTEÚDO


PROGRAMÁTICO DESTA EDUCAÇÃO

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17° ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
O real é a situação presente, existencial, concreta. Os temas geradores devem
centralizar no momento vivido, no tempo em questão. Para o autor é necessário
considerar primariamente o nível da ação, pois, a resposta intelectual em si só
não é alguma resposta, precisa estar dando-se na prática. A fala só não é
entendida quando distancia-se do concreto, daquilo que é real para o ouvinte. A
comunicação eficiente só se dá quando os comunicantes estão inseridos num
mesmo mundo, o qual deve ser real para ambos. Estes pressupostos
comunicacionais ganharem destaque nas academias, principalmente nas
americanas no início do século XX (p. 55)

O educador deve conhecer a condições estruturais em que o pensar e a linguagem


do povo, dialeticamente se constituem. Deste modo, o conteúdo programático
deve ser de eleição do educador e do educando, e não apenas do educador.
Percebe-se neste ponto, o quanto o autor embasou-se em Karl Marx para
estruturar a noção de dialética, muito pouco compreendida até nos dias de hoje
(p. 56)

A superação das “situações-limite” é inerente ao humano, pois, o que se chama


de limite, nada mais é que o marco inicial de uma nova possibilidade, diferente
das que possui, permitindo e ensejando uma transformação, uma mudança para o
ser mais do que já é. A libertação do homem se dá através da permanente
transformação da realidade. Este pressuposto altamente estranho ao senso
comum é bem fundamentado por Freire, conforme seu apontamento, através da
obra “Consciência e Realidade Nacional”, de autoria de Álvaro Viera Pinto. (p.
57)

Os homens são seres práxis (reflexão/ação transformadora da realidade, fonte de


conhecimento reflexivo e criação). Como seres criadores, transformadores, os
homens, em suas permanentes relações com a realidade, produzem, não somente
as coisas materiais, as coisas sensíveis, objetos, mas, também as instituições

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sociais, ideias, concepções. Estes ideários apresentados pelo autor perpassam
principalmente pelo pensamento de Karl Marx, contido na obra “O Capital” e
“Manuscritos Econômicos-Filosóficos, e também pelo pensamento de Karel
Kosik em sua obra “Dialética do Concreto”. (p. 59)

A INVESTIGAÇÃO DOS TEMAS GERADORES E SUA METODOLOGIA

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17° ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
Os temas são a expressão da realidade. Quem não captou a “situação-limite” em
sua globalidade, permanece na periferia dos problemas, distante do núcleo, onde
estão as soluções, a libertação do próprio problema. Deste modo, a consciência
dominada empresta sua força ao dominante, o que permite que este mantenha-se
em sua posição. Neste ponto, o autor demonstra não um marxismo, mais um
ideologismo, e sim uma profunda leitura marxiana da realidade, abrangente da
totalidade humana, da universalidade dos saberes constituídos
sóciohistoricamente. (p. 61)

As dimensões significativas devem ser percebidas pelos indivíduos como


dimensão da totalidade, pois, dicotomizar ou sectarizar sempre promove uma
leitura distante da realidade concreta. Aqui o autor começa a apontar pelas bases
da metodologia da investigação temática, onde, a metodologia capaz de
possibilitar o reconhecimento da interação das partes não deve ter seus
pressupostos confundidos com os pressupostos das ideias analisadas. Aqui Freire
confronta os pensamentos Marxianos com os academicismos. (p. 61)

Uma vez que é comum o sujeito perceber a representação de uma situação


existencial e não a própria situação existencial, necessário que primeiro ele
aproxime-se e perceba a real situação existencial, perceba codificada e não
concreta, para que na sequência, descodifique-a (critique) e depare com sua
concretude. Este é o resumo do método de investigação dos temas geradores
propostos por Freire. (p. 62)

A SIGNIFICAÇÃO CONSCIENTIZADORA DA INVESTIGAÇÃO DOS TEMAS GERADORES:


OS VÁRIOS MOMENTOS DA INVESTIGAÇÃO

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17° ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987.
Educador-educando e o educando-educador conjugam sua ação cognoscente
sobre o objeto cognoscível, esta é a realidade. A partir daqui, surge o investigar.
O risco está em tomar o investigador como o objeto investigado, como coisa,
olvidando a temática significativa. A investigação temática significativa deve
possuir estas prerrogativas para que seja processo de busca, de conhecimento, de
criação. Aqui o autor apresenta os primeiros pressupostos teóricos-metodológicos

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para a significação consciente da investigação, apontando para outros elementos
contidos em sua obra “Educação como Prática da Liberdade”. (p. 63)

Há vários momentos da investigação, os quais devem ser abrangidos quando se


está no estado de “consciência real” ou “consciência máxima possível” ( conceito
de Lucien Goldman, descrita em sua obra “As Ciências Humanas e a Filosofia”),
e cada um destes momentos devem ser catalogados, descodificados e criticados,
pois, só contemplando estes momentos em sua totalidade é que será possível a
leitura e compreensão da realidade que, quando se dada esta compreensão, por si
só, se dará transformadora, naturalmente arremetendo o sujeito para além do
marco das “situações-limites” para novas possibilidades, na visão e convicção de
uma educação libertadora que atinja o ápice da finalidade última do ato
educativo, a qual só é possível se contemplar uma pedagodia do oprimido, para
oprimidos e opressores. (p. 76)

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