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Com hormônios à flor da pele, adolescente requer rotina no confinamento Page 1 of 2

Com hormônios à flor da pele, adolescente requer rotina no


confinamento

© iStock (Foto ilustrativa) Essa rotina favorece ainda um reforço


da individualidade quando estamos todos obrigados a conviver 24 horas por dia.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Se o confinamento com crianças já não é nada fácil, o que dizer dos adolescentes, com hormônios à flor
da pele, naquela fase da vida em que não há nada mais chato do que ficar com a família?

Respirem, pais e filhos, porque será preciso encarar o conflito de gerações enquanto fugimos do coronavírus. E, que os psicólogos este-
jam certos, tudo isso terá um lado bom. O que fazer então para tornar esta viagem menos turbulenta?

Conselho básico: diálogo. Nem sempre é fácil, todo mundo sabe disso, estabelecer uma conversa entre pais e filhos, pois agora teremos
que aprender na marra. Normalmente pensamos em como falar da situação com as crianças e superestimamos a capacidade dos adoles-
centes em entendê-la. Eles terminam por ficar perdidos entre tantas informações que recebem pelas redes sociais, o que aumenta a
angústia.

"É preciso cuidar da triagem do que eles estão lendo e assistindo. Entender como estão vendo o momento, se acham que é grave ou não
e tranquilizá-los em relação à situação da família. Claro que estamos todos angustiados e podemos dividir isso com eles, mas a troca de
ideias é uma forma de acolher", diz Max Teixeira, psicólogo que atende jovens em São Paulo e agora passou a realizar sessões virtuais.

Se a relação estiver em um momento muito conflituoso, é hora de colocar as cartas na mesa: "Os pais podem dizer: 'Ok, sabemos que
não estamos tão bem uns com os outros, mas vamos conseguir passar melhor por isso se nos unirmos", explica Teixeira.

É importante que os adolescentes se sintam parte do enfrentamento à crise. "Não é hora de afastá-los. Eles precisam se sentir úteis, isso
pode minimizar a angústia. Se tentarmos protegê-los, só terão a sensação do desconforto de estarem presos."

O psicólogo sugere que eles participem de questões do dia a dia, ajudem a tomar decisões, e também tentem amparar familiares e ami-
gos remotamente.

Criar uma rotina é o melhor, ainda que ela deva ser flexível. E eles têm que participar da decisão de como os horários serão organiza-
dos. "Nestes tempos em que tudo parece desorganizado, a rotina traz conforto, segurança, e os ajuda a se sentirem produtivos, o que
também reduz a ansiedade. Hora para estudar, para comer, para jogar, para se socializar com os amigos pelas redes sociais", afirma Tei-
xeira.

Psicopedagoga e consultora educacional, Fernanda Oliveira também defende a rotina, em especial para dar conta da novidade do ensino
a distância. "Montar com eles uma rotina é uma forma de acolher. Mas é importante que ela não seja engessada, que não vire um cabo
de guerra e mais um elemento de pressão. E, a cada dia, a rotina pode ser revista com eles, também de acordo com os novos aconteci-
mentos", orienta. "Também dependerá de como as escolas vão se organizar, se haverá ou não aulas ao vivo. Mas é bom demarcar horá-
rios, traz uma estrutura de que estamos precisando."

Essa rotina favorece ainda um reforço da individualidade quando estamos todos obrigados a conviver 24 horas por dia. "Isso pode conci-
liar o trabalho dos pais com o estudo dos filhos, um respeitando os horários dos outros", afirma Oliveira. "A palavra rotina pode ter um
sentido negativo, mas não nesse caso. Ela ajuda a nortear."

Teixeira diz que até as áreas da casa podem ser delimitadas: "Quem usa esse quarto, a sala, a cozinha etc. Isso ajuda a evitar uma convi-
vência caótica".

https://www.msn.com/pt-br/estilo-de-vida/familia/com-horm%c3%b4nios-%c3%a0-flor-da-p… 31/03/2020
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E, claro, é preciso cuidar do clima da casa, ele tem que ser mais afetivo do que nunca. "Estar em casa nem sempre significa se sentir
acolhido e temos de atentar para isso ou o adolescente buscará esse conforto nas redes sociais, o que nem sempre é bom. Que esse con-
tato presencial obrigatório nos faça estar de fato conectados com os familiares, ouvir os que estão ao nosso lado, nos preocupar com o
que sentem."

Se formos por aí, passado o furacão, os psicólogos acreditam que os adolescentes sairão da experiência mais maduros, capazes de res-
significar os momentos difíceis, de ter mais empatia e, ainda que continuem por um bom tempo jurando que os pais são as piores pes-
soas do mundo, saberão o valor desse amor mais forte que coronavírus.

https://www.msn.com/pt-br/estilo-de-vida/familia/com-horm%c3%b4nios-%c3%a0-flor-da-p… 31/03/2020

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