Você está na página 1de 2

Resenha filme Baraka

Leonardo Kumagai

Prof. Luiz Davi

Baraka é um filme documentário de 1992, dirigido por Ron Fricke (Estados Unidos). O filme é
um mix de cenas de eventos naturais, atividades humanas de diversas etnias em rituais. Se
apresenta sem diálogos ou narrador.

Ele trabalha com tomadas amplas de paisagens e com zoom em close no rosto das pessoas.
Começa com natureza, montanhas, vulcões, geisers de gás natural; indo para cidades antigas
tomadas por plantas, algo parecido com o que temos aqui próximo a Manaus nas Ruinas de
Paricatuba. Vai para Índia, mostrando pessoas com cabelos com dreads e do detalhe dos
cabelos ele transmuta para cena do detalhe de cabelo de judeus. É sempre uma transição
muito magica, cuja tentativa de identificar povos ou localidades se frustra.

Um dos maiores impactos do vídeo é quando começa a mostrar o ambiente ocidental urbano,
a favela da Rocinha no Rio de Janeiro em contraste com a beleza dos ambientes orientais,
muitas vezes julgados como menos desenvolvidos ou primitivos, num conceito de primitivo
como menos evoluído.

Outra cena impactante é a produção de frango. É extremamente confuso e cruel, pois


inicialmente não se percebe qual o motivo da produção de pintinhos. Mostra também a
quantidade de pessoas que são envolvidas no sistema produtivo de roupas e cigarros
industrializados. Em tempos de Covid-19, vivemos de delivery, continuamos com porteiro,
faxineiras e diaristas trabalhando, sem questionar nosso papel social dentro desse sistema.

Sistema ocidental de produção e vendas, que imbeciliza e convence as pessoas para votar em
presidentes como Bolsonaro ou Trump. Sistema que utiliza a mitologia cristã para dominar e
subjugar outros povos. Que pede uma fé cega num deus invisível, em que mesmo para quem
acha que tem consciência de classes as decisões diárias não para colonizar ou escravizar outros
seres humanos é um movimento de muita reflexão. Muito fácil se torna viver sem perceber
sua própria existência.

Passa por outras cenas de centros urbanos, povos nativos de diferentes etnias da África e das
américas. Voltando como num yin yang as cenas iniciais primitivas, as origens do
documentário, com pessoas indianas, para pessoas árabes em ritual sufi, mostrando paisagens
de campos e vulcões.

Você também pode gostar