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São Paulo
2010
1
FADISP – FACULDADE AUTÔNOMA DE DIREITO
São Paulo
2010
2
A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
São Paulo
2010
Banca Examinadora
_______________________________________
_______________________________________
Examinador
_______________________________________
Examinador:
3
Dedico esta Monografia, primeiramente, à Deus, pela
carinho e compreensão.
compartilhado
4
As más leis constituem a pior espécie de tirania.
Edmund Burke
5
RESUMO
Estatal passou, até os dias de hoje, descrevendo as principais teorias que hoje
apresentadas.
Legislativo.
6
ABSTRACT
which the State Responsibility until nowadays, describing the main theories that
today influence the majority doctrine and jurisprudence, and his movement to
the full responsibility of the State by laws enacted by him and by other
legislative acts. Finally, brings case studies in Brazilian Law discussions, which
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................09
2. DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO.....................................................18
CONCLUSÃO ...................................................................................................45
ANEXO .............................................................................................................47
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................51
8
1. INTRODUÇÃO
9
O respectivo princípio encontra-se no texto constitucional ao
preconizar que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei”. Não se trata, in casu, de um mero dispositivo ou de
uma simples determinação, mas sim de um princípio constitucional, depositário
de uma carga valorativa infinita, emanando efeitos para todas as áreas da
ordem jurídica, sem perder sua força e sua densidade. Ademais, é promovida
ao patamar de cláusula pétrea, não podendo seu conteúdo e seu alcance ser
limitado ou suprimido.
10
Resta saber se, ao vigorar um novo instrumento normativo, e este
causando prejuízos a alguma pessoa, merece esta ver restabelecido o
equilíbrio danificado pelo indigitado diploma legal.
“A palavra lei, porém, tem, entre os juristas, outro sentido mais usual.
É a lei como espécie de regra ou de norma. Os juristas desenvolvem
doutrinas sobre as leis, ou seja, sobre regras jurídicas formuladas
pelos órgãos do Estado, diferençando-as das regras elaboradas pela
própria sociedade, através dos usos e costumes: Não se trata mais
de juízos enunciativos de realidade, mas de juízos normativos de
conduta”.
1
Montesquieu, De l’Espirit des Lois, in REALE, Miguel. Filosofia do Direito, 20ª ed., São Paulo,
Saraiva, 2007, p. 58.
2
REALE, Miguel. Filosofia do Direito, 20ª Ed., p. 58-59
11
1.2. O Processo Legislativo
1.2.1. Iniciativa.
3
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 19ª ed., pg. 525-526.
4
MIRANDA, Henrique Savonitti, Curso de Direito Constitucional, 4ª Edição, Brasília, Secretaria
Especial de Editoração e Publicações do Senado Federal, pg. 635.
5
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional, 11ª edição, São Paulo, Malheiros, 1995.
12
Compete exclusivamente ao Presidente da República, por
exemplo, a iniciativa das leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças
Armadas. Igualmente, compete exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal a
iniciativa da lei complementar dispondo sobre o estatuto da magistratura.
1.2.2. Discussão
13
Uma Lei possui vício material quando seu texto, no todo ou em
parte, contraria dispositivo da Constituição Federal sobre a mesma matéria.
1.2.3. Votação.
6
Período em que o Congresso Nacional se reúne anualmente, entre os dias 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º
de agosto a 22 de dezembro
14
Este entendimento é alvo de severas críticas, no sentido de que a
exclusividade na iniciativa legislativa sobre uma determinada matéria é um
poder indeclinável, e o Chefe do Executivo não pode dispor de competência
conferida exclusivamente a ele.
7
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira, Do Processo Legislativo, São Paulo, Saraiva, 1995, p.
213
8
Art. 66. (...)
§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de
alínea.
15
O veto será feito por mensagem fundamentada, ao Presidente do
Senado Federal, a fim de ser apreciado pelo Congresso Nacional, em
escrutínio secreto, quando os parlamentares decidirão sobre a manutenção ou
não o veto presidencial.
16
grupo de pessoas. Uma lei que concede indenização para um determinado
grupo de pessoas é um exemplo de lei singular.
9
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do
casamento;
II - da pessoa maior de sessenta anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
10
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo.
17
Nas palavras de José Cretella Júnior:
A lei gera efeitos permanentes. Isso quer dizer que seus efeitos
não se exaurem numa só aplicação. Mesmo as leis temporárias, excepcionais
e revogadas, conservam essa característica por meio do princípio da
ultratividade das leis. Ainda que sua vigência tenha sido exaurida, ou tenha
sofrido revogação, elas continuam a ser aplicadas para resolver as situações
jurídicas ocorridas na sua vigência.
18
2. DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO
11
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p120.
19
“Com efeito, é sobejamente conhecida a frase de Laferrière: “O
próprio da soberania é impor-se a todos sem compensação”; bem
como as fórmulas regalengas que sintetizavam o espírito norteador
da irresponsabilidade: “Le roi ne peut mal faire”, como se afirmava na
França, ou: “The King can do not wrong”, que é a evidente versão
inglesa”.
12
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 13 ed. São Paulo:
Malheiros, 2001. p807
13
Right to sue the Crown.
1.Where any person has a claim against the Crown after the commencement of this Act, and, if
this Act had not been passed, the claim might have been enforced, subject to the grant of His
Majesty’s fiat, by petition of right, or might have been enforced by a proceeding provided by any
statutory provision repealed by this Act, then, subject to the provisions of this Act, the claim may
be enforced as of right, and without the fiat of His Majesty, by proceedings taken against the
Crown for that purpose in accordance with the provisions of this Act.
Liability of the Crown in tort
2. — (1) Subject to the provisions of this Act, the Crown shall be subject to all those liabilities in
tort to which, if it were a private person of full age and capacity, it would be subject:— (a)in
respect of torts committed by its servants or agents; (b)in respect of any breach of those duties
which a person owes to his servants or agents at common law by reason of being their
employer; and (c)in respect of any breach of the duties attaching at common law to the
ownership, occupation, possession or control of property:
Provided that no proceedings shall lie against the Crown by virtue of paragraph (a) of this
subsection in respect of any act or omission of a servant or agent of the Crown unless the act or
omission would apart from the provisions of this Act have given rise to a cause of action in tort
against that servant or agent or his estate.
(2) Where the Crown is bound by a statutory duty which is binding also upon persons other than
the Crown and its officers, then, subject to the provisions of this Act, the Crown shall, in respect
of a failure to comply with that duty, be subject to all those liabilities in tort (if any) to which it
would be so subject if it were a private person of full age and capacity.
(3) Where any functions are conferred or imposed upon an officer of the Crown as such either
by any rule of the common law or by statute, and that officer commits a tort while performing or
purporting to perform those functions, the liabilities of the Crown in respect of the tort shall be
such as they would have been if those functions had been conferred or imposed solely by virtue
of instructions lawfully given by the Crown.
(4) Any enactment which negatives or limits the amount of the liability of any Government
department [F1 , part of the Scottish Administration] or officer of the Crown in respect of any tort
20
194614, ambos admitindo a propositura de ações nas quais a Administração
figurasse no pólo passivo da demanda.
committed by that department [F1 , part] or officer shall, in the case of proceedings against the
Crown under this section in respect of a tort committed by that department [F1 , part] or officer,
apply in relation to the Crown as it would have applied in relation to that department [F1 , part]
or officer if the proceedings against the Crown had been proceedings against that department
[F1 , part] or officer.
(5) No proceedings shall lie against the Crown by virtue of this section in respect of anything
done or omitted to be done by any person while discharging or purporting to discharge any
responsibilities of a judicial nature vested in him, or any responsibilities which he has in
connection with the execution of judicial process.
(6) No proceedings shall lie against the Crown by virtue of this section in respect of any act,
neglect or default of any officer of the Crown, unless that officer has been directly or indirectly
appointed by the Crown and was at the material time paid in respect of his duties as an officer
of the Crown wholly out of the Consolidated Fund of the United Kingdom, moneys provided by
Parliament [F2 the Scottish Consolidated Fund],. . . F3 or any other Fund certified by the
Treasury for the purposes of this subsection or was at the material time holding an office in
respect of which the Treasury certify that the holder thereof would normally be so paid
(disponível em: http://www.statutelaw.gov.uk/content.aspx?activeTextDocId=1140084).
14
§ 2674. Liability of United States
The United States shall be liable, respecting the provisions of this title relating to tort claims, in
the same manner and to the same extent as a private individual under like circumstances, but
shall not be liable for interest prior to judgment or for punitive damages.
If, however, in any case wherein death was caused, the law of the place where the act or
omission complained of occurred provides, or has been construed to provide, for damages only
punitive in nature, the United States shall be liable for actual or compensatory damages,
measured by the pecuniary injuries resulting from such death to the persons respectively, for
whose benefit the action was brought, in lieu thereof.
With respect to any claim under this chapter, the United States shall be entitled to assert any
defense based upon judicial or legislative immunity which otherwise would have been available
to the employee of the United States whose act or omission gave rise to the claim, as well as
any other defenses to which the United States is entitled.
With respect to any claim to which this section applies, the Tennessee Valley Authority shall be
entitled to assert any defense which otherwise would have been available to the employee
based upon judicial or legislative immunity, which otherwise would have been available to the
employee of the Tennessee Valley Authority whose act or omission gave rise to the claim as
well as any other defenses to which the Tennessee Valley Authority is entitled under this
chapter (disponível em http://www.law.cornell.edu/uscode/28/usc_sec_28_00002674----000-
.html).
21
hierarquicamente inferior. Um bom exemplo para caracterizar o ato de império
é a desapropriação.
15
PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil, vol. I, 19ª Ed., Rio de
Janeiro, Forense, 2001, pg. 25
22
Episódio marcante para a transição do pensamento jurídico
acerca da responsabilidade estatal é o “Caso Blanco”, narrado de forma
irretocável pela eminente professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro16:
16
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 11ª edição, ed. Atlas, 1999, São
Paulo, p. 503.
23
Isso se dá em razão do progresso das cidades, e do
desenvolvimento das relações humanas, nos diversos meios: econômicos,
sociais, tecnológicos etc., de sorte que as respectivas atividades, por si só, são
capazes de expor outrem a uma situação de perigo, causando danos ainda que
dissociados da sua vontade, embora conseqüências naturais dessas
atividades.
24
A teoria da responsabilidade objetiva do Estado, que vigora
hodiernamente no Brasil, foi consagrada em nosso ordenamento jurídico com a
Constituição de 1946, que dispunha da seguinte forma:
25
A concepção de responsabilidade objetiva do Estado encontra-se
embasada em dois princípios: O primeiro deles é o da equidade, que
representa a máxima de justiça de que aquele que causa o prejuízo tem o deve
de reparar o dano. E, sendo anônimo o agente causador do dano, deve ser
resguardado o direito da vítima em ser ressarcida por seus danos, pelo Poder
Estatal.
26
qualquer evento lesivo causado por terceiro, como um assalto em via
pública, uma enchente qualquer, uma agressão sofrida em local
público, o lesado poderia sempre argüir que o “serviço não
funcionou”. Admitir-se responsabilidade objetiva nestas hipóteses, o
Estado estaria erigido em segurador universal!”
27
Na hipótese dos autos, não se comprovou que a omissão culposa da
Municipalidade tivesse ensejado a ocorrência do dano.
(...)
Em arremate, devendo a questão ser solucionada à luz da teoria
subjetiva, uma vez que se trata de responsabilidade por omissão e
não estando provada a conduta negligente da ré, a ação só poderia
ser julgada improcedente.
28
3. DA RESPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS
Além disso, alega-se que a lei é uma norma geral e abstrata, não
visando assim prejudicar alguém em especial.
29
Para os atos administrativos, já vimos que a regra constitucional é a
responsabilidade objetiva da Administração, mas quanto aos atos
legislativos e judiciais a Fazenda Pública só responde mediante a
comprovação de culpa manifesta na sua expedição, de maneira
ilegítima e lesiva. Essa distinção resulta do próprio texto
constitucional que só se refere aos agentes administrativos
(funcionários), sem aludir aos agentes políticos (parlamentares e
magistrados) que não são funcionários da Administração Pública,
mas sim membros de Poderes de Estado.
33
Todavia, não se vislumbram motivos relevantes que justifiquem
ser o controle concentrado de constitucionalidade uma condição imprescindível
para que seja configurada a responsabilidade estatal.
34
de ser atos administrativos, o que possibilita a aplicação imediata da teoria do
risco administrativo. Bastando que haja o dano e o nexo de causalidade entre o
Poder Público e o ofendido, absolutamente dispensável o exame de sua
legalidade ou constitucionalidade. A eles se aplicaria, inclusive a lição trazida
pela professora Di Pietro, transcrita no item 3.1, in fine.
17
MOTA. Maurício Jorge Pereira da. Responsabilidade Civil do estado Legislador, 1999, Rio de
Janeiro, Lúmen Iuris, p. 31.
35
art. 1º interdita a fabricação, exposição, colocação à venda,
importação, exportação ou transporte de qualquer produto destinado
ao mesmo uso que as natas que não proviessem exclusivamente do
leite. Esta disposição tendia diretamente a interditar a fabricação de
gradine e assim deveria a sociedade cessar sua exploração.
O Conselho de Estado considerando que a interdição legal assim
editada em proveito da indústria leiteira não considerara esse
sucedâneo atentatório à saúde pública e que nada, nem no texto da
lei, nem nos trabalhos preparatórios, nem no conjunto das
circunstâncias do caso, permitia concluir que o legislador pretendera
impor ao interessado uma carga que não lhe incumbiria normalmente.
Afirmou ainda que esta carga, criada num interesse geral, devia ser
suportada pela coletividade e assim condenou o Estado a reparar os
prejuízos.
(...)
No caso concreto da Société La Fleurette, o autor analisou que o
Conselho de Estado estabeleceu assim que o prejuízo causado pelas
disposições legislativas poderão ensejar direito à reparação, mesmo
no silêncio do legislador desde que:
1º - resulte da lei, dos trabalhos preparatórios ou das circunstâncias
do caso que o legislador não pretendeu fazer suportar o prejuízo
pelas vítimas da lei, e notadamente quando as atividades destas não
tiverem um caráter repreensível, imoral, contrário aos bons costumes
ou à ordem pública;
18
ESTEVES, Júlio Cesar dos Santos. Responsabilidade Civil do Estado por Atos Legislativos,
Belo Horizonte, Del Rey, 2003, p. 106.
36
seriamente ameaçada de colapso pela degradação dos preços.
Considerou mais que, ao fazê-lo, o ato legislativo impunha, como
consequência da proteção do interesse geral, ônus especiais a
determinadas categorias sociais, razão porque o prejuízo a elas
acarretado deveria ser suportado por toda a coletividade, em face do
princípio da igualdade de todos perante os encargos públicos.
19
Obtido judicialmente o despejo pelo proprietário do prédio locado, Bovero, a execução da sentença não
chega a se consumar, ante o advento de ato com força de lei que suspende os despejos contra militares
que prestassem serviços na Argélia e contra suas famílias (in ESTEVES, Júlio Cesar dos Santos.
Responsabilidade Civil do Estado por Atos Legislativos, Belo Horizonte, Del Rey, 2003, p. 108).
20
GONZÁLEZ, Clemente Checa. Responsabilidad patrimonial de la administración derivada de
la declaración de inconstitucionalidad de una ley. Disponível em:
ttp://www.juridicas.unam.mx/publica/rev/cconst/cont/12/ard/ard5.htm. Acesso em 20/07/2010.
37
responsabilité sans faute, al fundarse sobre el principio de igualdad
ante las cargas públicas-se mantuvo la doctrina de que la producción
de un daño por un acto normativo obliga, como regla general, a
indemnizar, a salvo de que el legislador haya excluido expresamente
tal derecho”.
21
MOTA, Maurício Jorge Pereira da. A responsabilidade civil do Estado legislador no Direito
Francês, disponível em: http://www.mauriciomota.net/RCELegislador.pdf. Acessado em
19/07/2010.
38
“Esta companhia estabeleceu-se nas ilhas de Saint-Pierre et
Miquelon, adquiriu grandes estoques de álcool e tinha como atividade
comercial introduzi-lo por contrabando nos Estados Unidos, então sob
o império da Lei Seca. A pedido do governo americano o presidente
francês editou um decreto em 09 de abriu de 1935 interditando a
exportação de álcool de Saint-Pierre et Miquelon tendo em vista
suprimir as práticas fraudulentas que se exerciam em detrimento de
um país estrangeiro.
“Responde o Estado sempre por atos danosos, causados quer por lei
inconstitucional, quer por lei constitucional.”
39
isonomia, que sustenta na ordem jurídica uma “solidariedade social” no sentido
de que a coletividade beneficiária de um diploma legal deve arcar com o ônus
do dano experimentado por um grupo restrito de pessoas em razão do mesmo
instrumento.
22
FREITAS, Marisa Helena D´Arbo Alves de. Responsabilidade do Estado por atos legislativos.
Franca :UNESP ,2001, p. 86.
40
4. HIPÓTESES DE RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS
LEGISLATIVOS EM CASOS CONCRETOS.
I - leitos dos rios e cursos d'água, reservatórios, lagos e represas, conforme legislação específica;
II - vias, parques, praças e outros logradouros públicos, salvo os anúncios de cooperação entre o Poder
Público e a iniciativa privada, a serem definidos por legislação específica, bem como as placas e unidades
identificadoras definidas no § 6º do art. 22 desta lei;
III - imóveis situados nas zonas de uso estritamente residenciais, salvo os anúncios indicativos nos
imóveis regulares e que já possuíam a devida licença de funcionamento anteriormente à Lei nº 13.430, de
13 de setembro de 2002;
IV - postes de iluminação pública ou de rede de telefonia, inclusive cabines e telefones públicos,
conforme autorização específica, exceção feita ao mobiliário urbano nos pontos permitidos pela
Prefeitura;
V - torres ou postes de transmissão de energia elétrica;
VI - nos dutos de gás e de abastecimento de água, hidrantes, torres d'água e outros similares;
VII - faixas ou placas acopladas à sinalização de trânsito;
VIII - obras públicas de arte, tais como pontes, passarelas, viadutos e túneis, ainda que de domínio
estadual e federal;
IX - bens de uso comum do povo a uma distância inferior a 30,00m (trinta metros) de obras públicas de
arte, tais como túneis, passarelas, pontes e viadutos, bem como de seus respectivos acessos;
X - nos muros, paredes e empenas cegas de lotes públicos ou privados, edificados ou não;
XI - nas árvores de qualquer porte;
XII - nos veículos automotores, motocicletas, bicicletas e similares e nos "trailers" ou carretas engatados
ou desengatados de veículos automotores, excetuados aqueles utilizados para transporte de carga.
41
usurpado competência privativa da União, conforme relata Priscila Brólio
Gonçalves24:
24
GONÇALVES, Priscila Brólio. Poluição visual e livre concorrência: inconstitucionalidade da
Lei Municipal 14.223/2006, que institui monopólio público da propaganda comercial no
mobiliário urbano na cidade de São Paulo. Disponível em:
http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas.aspx?cod =34820. Acesso em
11/07/2010.
25
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
(...)
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
(...)
IV - livre concorrência;
42
A respectiva norma teve sua constitucionalidade questionada na
ADIN 146.794-0/8-00, Relatada pelo Exmo. Desembargador Ivan Sartori, onde
a mesma foi julgada constitucional, nos termos da ementa a seguir:
26
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
43
No entanto, em cidades prósperas, com a economia acelerada, e
grande número de consumidores, é inevitável depararmos com reclames
publicitários nas ruas, praças, avenidas, automóveis, no alto de prédios ou até
mesmo olhando para o céu.
27
Art. 1º. Fica assegurado aos estudantes regularmente matriculados em estabelecimento de
ensino de primeiro, segundo e terceiro graus, existentes no Estado de São Paulo, o pagamento
de meia-entrada do valor efetivamente cobrado para o ingresso em casas de diversão, de
espetáculos teatrais, musicais, e circenses, em casas de exibição cinematográfica, praças
esportivas e similares das áreas de esporte, cultura e lazer do Estado de São Paulo, na
conformidade da presente Lei.
28
Art. 1º - O artigo 1º da Lei nº 11.355/93 passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 1º - Os estudantes da educação básica (ensino fundamental e ensino médio), educação
de jovens e adultos (ensino fundamental e médio), educação profissional (básico e técnico),
45
A Lei Estadual 10.858/01 de São Paulo concedeu o direito à meia
entrada aos professores da rede pública estadual de ensino29.
30
Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada
mediante descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos
artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos
locais.
31
Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a instituir a meia entrada para doadores regulares
de sangue em todos os locais públicos de cultura, em casa de diversões, espetáculos, praças
esportivas e similares, esporte e lazer do Estado do Paraná.
Parágrafo único. Para efetivos desta lei, considerar-se-á como casa de diversões ou
estabelecimentos que realizem espetáculos musicais, artístico, circense, teatrais,
cinematográficos, feiras, exposições zoológicas, pontos turísticos, estádios, atividades sociais,
recreativas, culturais, esportivas e quaisquer outras que proporcionem lazer, cultura e
entretenimento.
46
cobrança de apenas metade do preço aos estudantes (ou a outra classe,
dependendo da legislação específica) importa, a meu ver, numa espécie de
intervenção Estatal no poder econômico.
47
princípios contidos em nossa Constituição, bem como geraria o direito
daqueles que exploram tal atividade de responsabilizar o ente Estatal pelos
valores que deixaram de receber.
48
5. CONCLUSÃO
49
Portanto, deve o Poder Público ter a personalidade esperada para
modificar situações jurídicas, bem como ter em seu âmago a consciência da
necessidade de indenizar aquele que sofre danos frente à inovação legislativa,
deixando para trás o simplismo de atender aos interesses da maioria.
50
ANEXO
51
a
52
53
54
BIBLIOGRAFIA
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 11ª edição, São Paulo,
ed. Atlas, 1999,
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º Volume, 16ª ed., São
Paulo, Saraiva, 2002.
ESTEVES, Júlio Cesar dos Santos. Responsabilidade Civil do Estado por Atos
Legislativos, Belo Horizonte, Del Rey, 2003
55
GONÇALVES, Priscila Brólio. Poluição visual e livre concorrência:
inconstitucionalidade da Lei Municipal 14.223/2006, que institui monopólio
público da propaganda comercial no mobiliário urbano na cidade de São
Paulo. Disponível em:
http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia_articuladas.aspx?cod=34820.
Acesso em 11/07/2010
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 18ª ed.,
São Paulo, Malheiros, 2005
56
MIRANDA, Henrique Savonitti. Curso de Direito Constitucional, 4ª edição,
Brasília, Senado Federal – Secretaria Especial de Editoração e
Publicações, 2006.
PEREIRA, Caio Mário da Silva Pereira. Instituições de Direito Civil, vol. I, 19ª
Ed., Rio de Janeiro, Forense, 2001.
REALE, Miguel. Filosofia do Direito, 20ª ed., São Paulo, Saraiva, 2007
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 19ª edição,
São Paulo, Malheiros, 2001.
57
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional, 11ª edição, São Paulo,
Malheiros, 1995
58