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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

Autismo

DANIELLE PEREIRA DE CARVALHO

Orientadora: Professora Maria Esther de Araújo

Co-orientadora: Professora Giselle Boger Brand

RIO DE JANEIRO

2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

Autismo

DANIELLE PEREIRA DE CARVALHO

Monografia apresentada ao Instituto A


Vez do Mestre, como requisito parcial
para obtenção do título de
especialista em Educação Especial e
Inclusiva.

Orientadora: Professora Maria Esther de Araújo

Co-orientadora: Professora Giselle Boger Brand

RIO DE JANEIRO

2014
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Resumo:

Pela primeira vez, em 1943, foi mencionado o conceito de Autismo, por


Leo Kanner, como uma doença da linha das psicoses, caracterizada por
isolamento extremo, alterações de linguagem representadas pela ausência de
finalidade comunicativa, rituais do tipo obsessivo com tendência a mesmice e
movimentos estereotipados.

Nessa abordagem, a doença tinha as suas origens em problemas nas


primeiras relações afetivas entre mãe e filho, que comprometiam o contato
social, idéia extremamente difundida até meados dos anos 70, mas que
atualmente é definido como um conjunto de sintomas de base orgânica, com
implicações neurológicas e genéticas.

Hoje, o autismo é uma área de intenso interesse, em que diferentes


estudos estabelecem e promovem desde alterações conceituais até
modificações terapêuticas de fundamental importância.
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Metodologia:

Ao se discutir a inclusão educacional de crianças com autismo, alguns


aspectos relevantes devem ser considerados. O autismo ou transtorno autista
deve ocorrer antes dos três anos de idade e é classificado como um Transtorno
Invasivo do Desenvolvimento em que o indivíduo apresenta prejuízo qualitativo
na interação social e na comunicação, além de padrões restritos e repetitivos
de comportamento, interesses e atividades (indiferença ou aversão à afeição
ou contato físico, falta de contato visual direto, de respostas faciais, de sorrisos
sociais, etc.) (DORNELES, 2002).

Esta pesquisa trata-se de um estudo bibliográfico, com pesquisas em


livros, sites e revistas, sendo qualitativa. No decorrer da mesma constarão
algumas citações de Dorneles, Alves, Bosa, Jannuzzi, Kanner e Kupfer, sobre
o autismo e suas concepções.
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Sumário:

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I – O que é o Autismo Infantil? 10

CAPÍTULO II – Sintomas do Autismo 14

CAPÍTULO III – Tratamentos disponíveis 22

CAPÍTULO IV – A importância da escola para as crianças autistas 28

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 37

WEBGRAFIA 38

ANEXOS 39
6

INTRODUÇÃO:

O tema desta monografia é o autismo, tendo como questão central a


ausência ou o atraso do desenvolvimento da linguagem nas crianças autistas,
dificultando assim, a sua comunicação e o conhecimento da sua identidade.

Este estudo é de fundamental relevância, pois tem o intuito de mediar


diversos saberes, para que os educandos tenham o conhecimento global do
ser humano, fazendo com que ele seja capaz de conhecer seu corpo, ampliar
seus conceitos de higiene e saúde, descobrir que o indivíduo está presente em
todas as comunidades e assim, relaciona-se com outros seres e com todo
ambiente onde vive, enfim, o educando portador de autismo deverá identificar e
analisar diferenças, conceitos, preconceitos, características, valores de toda
uma sociedade ao quais todos os educandos estão inseridos.

Um dos objetivos desse estudo é possibilitar que o autista construa a


sua identidade e autonomia, por meio de brincadeiras e interações
socioculturais, dentro da vivência em diversas situações. Além disso, podemos
destacar outros objetivos importantes na formação dessas crianças, como
identificar os membros de sua família, desenvolver a independência, a
autoconfiança e sua autoestima, além de participar da organização da rotina
diária.

Essa síndrome é resultante de uma perturbação do desenvolvimento


embrionário, contudo, não é possível o diagnóstico pré-natal do autismo, nem
este se manifesta por quaisquer traços físicos, daí que o seu diagnóstico não
seja, em princípio, possível de ser feito nas primeiras semanas ou meses de
vida.

O autismo é uma perturbação global do desenvolvimento infantil que se


prolonga por toda a vida e evolui com a idade. Os adolescentes juntam às
características do autismo aos problemas da adolescência, podendo, contudo
melhorar a capacidade de relacionar-se socialmente e o seu comportamento
ou, pelo contrário, podem voltar a fazer birras, mostrar auto-agressividade ou
agressividade para com as outras pessoas.
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Contudo, parece consensual que o autismo resulta de uma perturbação


no desenvolvimento do sistema nervoso, de início anterior ao nascimento, que
afeta o funcionamento cerebral em diferentes áreas, sobretudo a capacidade
de interação social e a capacidade de comunicação são algumas das funções
mais afetadas.

As pessoas com autismo têm uma grande dificuldade, ou mesmo


incapacidade, de comunicar, tanto de forma verbal como não verbal. Muitos
dos autistas não têm mesmo linguagem verbal, e noutros casos o uso que
fazem da linguagem é muito limitado e desadequado, pois há uma acentuada
incapacidade na sua utilização. Paralelamente, as pessoas com autismo têm
uma grande dificuldade na interpretação da linguagem, devido à dificuldade na
compreensão da entonação da voz e da mímica dos outros com quem se
relacionam.

Há, por parte dos autistas, uma relutância em comunicar seus


sentimentos, uma ansiedade devastadora diante das situações de exposição
diante da própria existência. Mas isso não significa que a criança não seja
capaz de compreender o que lhe é dito.

Mesmo as crianças que se recusam a falar, que se apresentam como


mudas, podem desenvolver a linguagem ou iniciar a emissão de palavras e
frases em qualquer fase do seu desenvolvimento.

Muitas vezes, para as crianças autistas, a escola é o único lugar onde


podem ter contato com outras crianças, onde constroem uma ideia de infância
e existem enquanto sujeito em desenvolvimento. Sabemos que, na maioria das
vezes, elas são excluídas dos lugares de socialização sob a alegação de que
“vivem em outro mundo” e, com isso, são destituídas da sua condição de
sujeito e acabam por serem incluídas dentro de um processo social que lhes
rouba qualquer possibilidade de inclusão nos grupos.

É na escola que o aluno começa a descobrir sua identidade junto com o


grupo, partilhando suas experiências e valorizando sua vivência e
conhecimentos adquiridos. Sendo assim, a intenção é oferecer às crianças a
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oportunidade de se expressar e relatar suas experiências de vida, onde as


próprias crianças possam se descobrir, descobrindo assim o outro com quem
convivem centradas em textos para leitura de apoio, de maneira interativa e
prazerosa, realizando atividades que vão de encontro com as suas
descobertas.

Para que todas essas experiências e desenvolvimentos se dêem de


forma agradável, devemos ter atividades em sala de aula que façam com que
as crianças autistas interajam naturalmente com as outras crianças.

Devemos então, desenvolver atividades lúdicas, registrar experiências


vividas pelo grupo ou pela própria criança, pedir aos alunos fotos para que
sejam feitas as atividades de autorretrato, entre outras atividades. É importante
para todos os alunos, principalmente os autistas, quando se elabora pesquisas
sobre as histórias dos seus nomes, assim como também é muito importante
elaborar regras com eles; para brincadeiras, atividades, regras de higiene, de
organização, entre outras.

O autismo infantil corresponde a um quadro de extrema complexidade


que exige que abordagens multidisciplinares sejam efetivadas visando-se não
somente a questão educacional e da socialização, mas principalmente a
questão médica e a tentativa de estabelecer etiologias e quadros clínicos bem
definidos, passíveis de prognósticos precisos e abordagens terapêuticas
eficazes.

De acordo com Bosa (2006), o planejamento do atendimento à criança


com autismo deve ser estruturado de acordo com o desenvolvimento dela. Por
exemplo, em crianças pequenas as prioridades devem ser a fala, a interação
social, linguagem e a educação, entre outros, que podem ser considerados
ferramentas importantes para promoção da inclusão da criança com autismo.
Além disso, como afirma Kupfer (2004), deve-se promover uma mudança na
representação social sobre a criança com autismo, sendo importante que a
escola e o professor baseiem sua prática a partir da compreensão dos
9

diferentes aspectos relacionados a este tipo de transtorno, além de suas


características e as consequências para o desenvolvimento infantil.

O capítulo I nos mostrará que o autismo é uma síndrome


comportamental, com prejuízo acentuado na tríade socialização, linguagem e
comportamento.

Já no capítulo II, veremos que o autismo acomete pessoas de todas as


classes sociais e etnias, mais aos meninos do que as meninas. Os sintomas
podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são
identificados precocemente. O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes
de a criança completar três anos.

O capítulo III irá enfatizar que, até o momento, o autismo é um distúrbio


crônico, mas que conta com esquemas de tratamento que devem ser
introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e aplicados por equipe
multidisciplinar.

No capítulo IV, será abordado como a dificuldade de socialização é uma


das características mais marcantes dessa síndrome e que, o âmbito escolar é
ideal para propiciar experiências benéficas de socialização quando a inclusão
acontece de maneira correta.
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CAPÍTULO I – O que é o Autismo Infantil?

“Desde 1938, chamaram-nos a atenção cujo


quadro difere tanto e tão peculiarmente de
qualquer outro tipo conhecido até o momento
que cada caso merece – e espero que venha a
receber com o tempo – uma consideração
detalhada de suas peculiaridades fascinantes.”
(Leo Kanner, 1943)

O autismo infantil é uma síndrome geralmente diagnosticada entre os 2


e 3 anos de idade, que é caracterizada por problemas na comunicação, na
socialização e no comportamento que faz com que a criança apresente
algumas características específicas, como dificuldade na fala e em expressar
idéias e sentimentos, sente-se mal em estar no meio dos outros e tem pouco
contato visual; além de padrões repetitivos e movimentos estereotipados como
ficar muito tempo sentado balançando o corpo para frente e para trás.

Os estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica


familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese
que se mostrou improcedente. A tendência atual é admitir a existência de
múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos.

O grau de comprometimento é de intensidade variável: vai desde


quadros mais leves, como a Síndrome de Asperger, na qual há
comprometimento da fala e da inteligência, até formas graves em que o
paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é
portada de comportamento agressivo e retardo mental.

Também é descrito como um transtorno global do desenvolvimento


sendo caracterizado como normal ou anormal, apresentando uma perturbação
característica do funcionamento em cada um dos seguintes domínios:
interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além
disso, o transtorno se acompanha de outras manifestações inespecíficas, como
as fobias, perturbações do sono ou alimentação, crises de birra ou
agressividade.
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O autismo é uma alteração cerebral, uma desordem que compromete o


desenvolvimento psiconeurológico e afeta a capacidade da criança de se
comunicar, compreender e falar, afetando assim, seu convívio social. É mais
comum em meninos que em meninas, e não necessariamente é acompanhado
de retardo mental, pois existem casos de crianças que apresentam inteligência
e fala intacta.

Em indivíduos com deficiência mental profunda e com um grave


transtorno específico do desenvolvimento da recepção da linguagem, é muito
mais frequente surgir o autismo atípico.

Por ainda não ter uma causa específica definida, é chamado de


síndrome (= conjunto de sintomas) e como em qualquer síndrome, o grau de
comprometimento pode variar do mais severo ao mais brando e atinge todas as
classes sociais em todo o mundo.

Trata-se de uma perturbação global do funcionamento cerebral, que


afeta numerosos sistemas e funções, eventualmente com múltiplas causas e
que se expressa de forma bastante diversas, contudo existem medicamentos
que podem aliviar os sintomas e as alterações comportamentais associadas ao
autismo.

A quase totalidade dos autistas será sempre incapaz de gerir de forma


autônoma a sua pessoa e bens, pelo que necessitam, durante toda a vida, do
auxílio de terceiros. Estes devem atender à natureza única de cada pessoa
com autismo e criar condições que permitam a expressão máxima das
capacidades individuais.

Nas décadas de 40 e 50 acreditava-se que a causa do autismo residia


nos problemas de interação da criança com os pais e a família. Várias teorias
sem base científica e de inspiração psicanalítica culpabilizavam os pais (em
especial as mães) por não saberem dar as devidas respostas afetivas aos seus
filhos.
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A partir dos anos 60 e com a investigação científica baseada, sobretudo


em estudos de casos de gêmeos e nas doenças genéticas associadas ao
autismo, descobriu-se a existência de um fator genético multifatorial e de
diversas causas orgânicas relacionadas com a sua origem. Estas causas são
diversas e refletem a diversidade das pessoas com autismo: parece haver
genes candidatos, isto é, uma predisposição para o autismo, o que explica a
incidência de casos de autismo nos filhos de um mesmo casal.

Falar das características do autismo obriga a falar-se de Leo Kanner. Foi


este que, há cerca de meio século, publicou num artigo famoso, onde faz uma
descrição sobre criança cujos comportamentos lhe pareciam ser diferentes de
todos os outros até então destacados pela literatura científica internacional.

Segundo Kanner, 1943 as características do autismo eram:

• Um profundo afastamento autista;


• Um desejo autista pela conservação da
semelhança;
• Uma boa capacidade de memorização
mecânica;
• Expressão inteligente e ausente;
• Mutismo ou linguagem sem intenção
comunicativa efetiva;
• Hipersensibilidade aos estímulos;
• Relação estranha e obsessiva com objetos.

Posteriormente, mencionou a ecolalia, fala de papagaio, linguagem


extremamente literal, uso estranho da negativa, inversão pronominal e outras
perturbações da linguagem (Kanner,1946). Um ano depois de Kanner ter
publicado o seu artigo, em 1944, um pediatra austríaco Hans Asperger,
publicava um artigo, em alemão, “Die Autistischen Psychopathen im
Kindesalter”, no qual descrevia um grupo de crianças com características mito
semelhantes às de Kanner, chamando igualmente autismo à síndrome...

“De inteligência normal, estes rapazes tinham uma dificuldade marcada nas relações
interpessoais. Quando se esperava que partilhassem os jogos com outras crianças ou se
integrassem numa roda de brincadeiras, eram vistos sozinhos, preocupados, de forma
obsessiva com o objeto do seu interesse. A linguagem também era peculiar: embora por vezes
usassem expressões ou vocábulos muito sofisticados, por outro lado não entendiam os ditados
mais comuns ou as metáforas mais óbvias. As crianças com Asperger não compreendiam
porque não dizemos o que pensamos, e pensamos o que não dizemos. A entoação era
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monocórdia sem as flutuações emocionais que dão colorido à nossa voz. A sua coordenação
motora era tão pobre que se viam sistematicamente excluídos da participação em jogos
coletivos, se que, de resto, isso parecesse preocupá-los excessivamente. Em momentos de
maior emoção apresentavam movimentos repetidos e estereotipados que lhes conferiam um
aspecto bizarro.”

Asperger percebeu que estes rapazes partilhavam traços fundamentais


com as crianças autistas, mas embora as características dos indivíduos fossem
semelhantes, havia um grupo, reconhecido por Asperger, com níveis de
inteligência e linguagem superiores, atualmente as crianças com estas
características têm Síndrome de Asperger.

As características essenciais da perturbação autística são a presença de


um desenvolvimento acentuadamente anormal ou deficitário da interação e
comunicação social e um repertório restrito de atividades e interesses.
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CAPÍTULO II – Sintomas do Autismo

Os sintomas do autismo podem ser observados pelos pais antes dos 3


anos de idade, pois a criança autista têm características muito específicas e
pode apresentar alguns comportamentos estranhos.

Assim, hoje, os autistas são reconhecidos pelos seguintes sinais e


sintomas, que podem se apresentar em conjunto ou isoladamente:

Ø apresentam isolamento mental, daí o nome autismo. Esse isolamento


despreza, exclui e ignora o que vem do mundo externo;

Ø possuem uma insistência obsessiva na repetição, com movimentos e


barulhos repetitivos e estereotipados;

Ø apresentam escassez de expressões faciais e gestos;

Ø apresentam boas relações com objetos;

Ø apresentam ansiedade excessiva;

Ø resistem aos métodos normais de ensino;

Ø não atendem quando são chamados pelo nome;

Ø dão risos e gargalhadas inadequadas ou fora de hora;

Ø têm sempre as mesmas brincadeiras;

Ø não gostam de carinhos;

Ø aparentemente não sentem dor;

Ø têm crises de choro ou de angústia sem razão aparente;

Ø têm dificuldades em relacionar-se com outras crianças;

Ø não gostam de mudanças;

Ø ignoram as pessoas como se fossem surdos, mas não são;


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Ø olham sempre na mesma direção, como se estivessem parados no


tempo;

Ø só falam o necessário e não gostam de conversas;

Ø ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de


aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos,
deficiência mental;

Ø o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com


as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala
como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do
contexto) e tem comprometimento de compreensão;

Ø domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menos


dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida
próxima do normal.

Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem


de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver
comportamentos que favoreceram sua adaptação e auto-suficiência.

Caso os pais ou professores observem algum desses sintomas na


criança é recomendado uma consulta com um neuropediatra, para que ele faça
o diagnóstico do autismo e indique o tratamento adequado.

Apesar das causas do autismo ainda não serem totalmente


compreendidas, sabe-se que esta síndrome não tem cura, mas que o
tratamento pode ajudar a controlar alguns sintomas e tornar a convivência
familiar um pouco mais facilitada.

A causa ou causa específicas do autismo são ainda desconhecidas,


sabe-se, contudo que tem uma base genética importante. Sobre esta
determinante genética seriam acumulados fatores adicionais (do meio interno
e/ou envolvente) que eventualmente poderiam levar ao autismo e que
seguramente contribuem para a sua expressão. Está, por outro lado, bem
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demonstrado que fatores como a relação mãe/bebê ou a educação, não


determinam em nada o aparecimento do autismo.

Fatores pré-natais (ex. rubéola materna, hipertiroidismo) e natais (ex.


prematuridade, baixo peso ao nascer, infecções graves neonatais, traumatismo
de parto) também podem ter influência no aparecimento das perturbações do
espectro do autismo. Existe uma grande ocorrência de epilepsia na população
autista (26 a 47%), enquanto na população em geral a incidência é de cerca de
0,5%. Atualmente alguns investigadores encontram-se a fazer estudos de
anomalias nas estruturas e funções cerebrais das pessoas com autismo.

As pessoas com autismo têm três grandes grupos de perturbações,


conhecidas como tríade das perturbações no autismo e manifestam-se em três
domínios:

Domínio Social: o desenvolvimento social é perturbado, diferente dos padrões


habituais, especialmente o desenvolvimento interpessoal, pois a criança com
autismo pode isolar-se ou interagir de forma estranha, fora dos padrões
habituais.

Há uma incapacidade muito acentuada de desenvolver relações


interpessoais nos cinco primeiros anos, caracterizada por uma falta de reação
e de interesse pelos outros, sem comportamento de apego normal. Estas
dificuldades manifestam-se, na primeira infância, pela ausência de uma atitude
de antecipação (ao dar colo a essas crianças, elas assumem uma postura
rígida, ao contrário do esperado), pela ausência do contato visual e pela
ausência de resposta de sorriso e de mímica. A criança autista não utiliza o
contato visual para chamar a atenção, em vez disso há ausência, atraso ou
cessação do sorriso, em resposta ao sorriso dos outros. É indiferente aos
outros, ignora-os, não reage à afeição e ao contato físico, existindo também
ausência de apego seletivo: a criança parece não distinguir os pais dos adultos
estranhos.

O autista comporta-se frequentemente como se estivesse só, como se


os outros não existissem, as crianças autistas não procuram ser acariciadas ou
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reconfortadas pelos pais quando têm dor ou medo, acontecendo, por vezes ,
interessarem-se por uma parte do outro como a mão ou um detalhe do
vestuário.

Na primeira infância existe inaptidão a brincar em grupo ou a


desenvolver laços de amizade, pois mostram pouca emoção, pouca simpatia
ou empatia por outro, embora à medida que crescem (cerca de 5 ou 6 anos)
possam ir desenvolvendo ligações sociais que permanecem superficiais e
imaturas.

Domínio da Linguagem e Comunicação: a comunicação, tanto verbal como


não-verbal, é deficiente e desviada dos padrões habituais. A linguagem pode
ter desvios semânticos e pragmáticos, pois muitas pessoas com autismo
(estima-se que cerca de 50%) não desenvolvem linguagem durante toda a sua
vida. Não é só a aquisição da linguagem nestas crianças que se desenvolve
mais tarde, pois quando se desenvolve, caracteriza-se por anomalias muito
específicas e diferentes das encontradas nas crianças que apresentam outros
distúrbios de linguagem, salientando que cerca da metade dos autistas não irão
falar nunca, não imitarão nenhum som ou resmungo.

Quando a linguagem se desenvolve, não tem nenhum valor de


comunicação e caracteriza-se por uma ecolalia imediata e retardada, ou pela
repetição de frases estereotipadas, uma inversão pronominal (utilização do
pronome “tu” quando a significação é “eu”) e uma afasia nominal. Ainda se
pode observar uma modulação patológica da linguagem: volume, altura do
som, qualidade da voz, ritmo, entonação e inflexão são alteradas e produzem
uma linguagem expressiva atonal e desprovida de emoção.

A capacidade de simbolizar é ausente ou limitada, os termos abstratos


não são empregados, as dificuldades de articulação e as imaturidades
gramaticais são as mesmas que as encontradas nas crianças com uma
linguagem limitada.

Em suma, a comunicação verbal é patológica, a expressão é anormal e


a compreensão da linguagem muito limitada: os autistas podem seguir uma
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instrução simples, mas frequentemente não conseguem executar ordens que


impliquem a combinação de um ou vários itens, sobretudo se forem
apresentados num contexto novo e sem a ajuda de gestos. Também a
comunicação não verbal é limitada, senão ausente: as expressões gestuais ou
as mímicas são inexistentes, pois a criança não é capaz de atribuir um valor
simbólico aos gestos. Os autistas quando querem atingir um objeto, pegam na
mão ou no punho de um adulto, mas nunca apontam nem acompanham o seu
pedido com um gesto simbólico ou com uma mímica.

Domínio do pensamento e do Comportamento: as crianças autistas


apresentam rigidez do pensamento e do comportamento, fraca imaginação
social, comportamentos ritualistas e obsessivos, dependência em rotinas,
atraso intelectual e ausência de jogo imaginativo.

A necessidade obsessiva de imutabilidade é um dos comportamentos


fixos, estereotipados e repetidos característicos, porém não é considerado
como um item do diagnóstico, embora seja descrito com detalhes e integre
elementos que não podem ser negligenciados. Esses elementos foram
classificados em cinco categorias:

1. Experimentam uma necessidade de imutabilidade que se manifesta através


de uma resistência a qualquer mínima mudança no ambiente habitual. Há
menor modificação, como a deslocação de um móvel ou a mudança de
alguma rotina, no dia da criança, pode provocar reações explosivas; porém,
é difícil prever quais são as alterações particulares que vão produzir tais
reações.

2. Os jogos têm uma tendência a serem mecânicos, repetitivos e sem


qualquer imaginação ou criatividade: alinham sem cessar objetos, fazem
coleções deles ou repetem constantemente um mesmo movimento.

3. São, com freqüência, exageradamente apegados a um objeto particular,


que guardam o tempo todo e protestam se lhes for retirado. É claro que isso
também acontece com crianças normais, mas no caso dos autistas, os
objetos não são utilizados pela função ou valor simbólico: a criança cheira-
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os, leva-os à boca ou faze-os rolar. São fascinados por coisas em


movimento e em particular pelas que giram, podendo contemplar
ventiladores ou pêndulos durante horas.

4. Entre os autistas com expressão verbal, alguns têm preocupações não


habituais, que repetem incessantemente. Fazem perguntas de forma
estereotipada sobre datas históricas, estradas, horários de trens, cores ou
nomes, pelas quais esperam uma resposta muito precisa e sempre idêntica.
Alguns dão provas de memória notável, fotográfica, para listas de nomes,
histórias ou poemas, que muitas vezes foram ouvidos anos antes e podem
ser restituídos de forma perfeitamente exata, ou são capazes de fazer
cálculo mental muito rapidamente e com grande competência. Estas
capacidades parecem desenvolver-se entre os 4 e os 7 anos.

5. Os autistas têm movimentos estereotipados, como girar as mão ou bater


uma contra a outra. Estes movimentos podem associar-se para realizar
sequências de gestos complicados, às vezes repetidos num momento
preciso do dia.

As crianças autistas vivem num mundo à parte criado por elas próprias,
geralmente incapazes de estabelecer relações pessoais normais, contudo,
podem revelar uma ligação muito forte com alguns objetos. Revelam ainda
alterações ao nível da linguagem, padrões de fala inelegíveis e outras nem
sequer falam, apresentam ainda dificuldades nas relações interpessoais;
manifestam rituais, comportamentos estereotipados e repetitivos. Podem ainda
apresentar características como: inibição motora, mutismo, dificuldade em
suportar mudanças de ambiente, recusa em procurar ou aceitar carinhos, gosto
pela imitação de sons ou de movimentos, dificuldade em estabelecer amizades,
entre outras.

Mas a sintomatologia desta síndrome não aparece de um dia para o


outro, o autismo é uma doença com um desenvolvimento gradual:

Ø Em bebês, s autistas não demonstram grande interesse pelo contato, não


sorriem, não olham para os pais, podem apresentar problemas ao nível da
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alimentação, do choro e do sono. O bebê com autismo apresenta


determinadas características diferentes dos outros bebês da sua idade, pois
mostra indiferença pelas pessoas e pelo ambiente, podendo ter medo de
objetos. Quando começa a engatinhar, pode fazer movimentos repetitivos
(bater palmas, rodar objetos, mover a cabeça de um lado para o outro) e
não utiliza os brinquedos na sua própria função. Ao brincar, não utiliza o
jogo social nem o jogo do faz de conta, ou seja, não interage com os outros,
não dando resposta aos desafios ou às brincadeiras que lhe fazem.

Ø Aos 12 meses poderão demonstrar um interesse obsessivo por


determinados objetos, revelando comportamentos estereotipados e
repetitivos, que por vezes atrasa o nível de locomoção.

Ø Geralmente só a partir dos 24 meses é que se podem constatar dificuldades


de comunicação verbal e não-verbal. Depois dos 2 anos de idade a criança
autista tem tendência a isolar-se, a utilizar padrões repetitivos de
linguagem, a inverter os componentes das frases, a não brincar
normalmente, etc.

Ø Dos 2 aos 5 anos de idade o comportamento autista tende a tornar-se mais


óbvio. A criança não fala ou ao falar, utiliza a ecolalia ou inverte os
pronomes. Há crianças que falam corretamente, mas não utilizam a
linguagem na sua função comunicativa, continuando a mostrar problemas
na interação social e nos interesses.

Ø Regra geral, dos seis anos de idade até a adolescência, os sintomas mais
perturbadores podem diminuir, contudo o problema não desaparece
totalmente. Os adolescentes juntam às características do autismo aos
problemas da idade e, nesta fase, podem melhorar as relações sociais e o
comportamento ou, pelo contrário, podem voltar a fazer birras, mostrar auto-
agressividade ou agressividade para com outras pessoas.

Ø Os adultos com autismo tendem a ficar mais estáveis se são mais


competentes, mas pelo contrário, os mesmos, com QI baixo continuam a
mostrar características de autismo e não conseguem levar uma vida normal,
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pois acham que o mundo é uma ameaça para si, fechando-se onde sente
maior segurança. Por vezes, neste período, o autista pode regredir e até
voltar a manifestar comportamentos infantis.

Ø As pessoas idosas com autismo têm problemas de saúde naturais da idade


acrescidos das dificuldades de comunicação, causando um agravamento
nos problemas de comportamento. Além disso, perdem o gosto pelo
exercício físico e tem menor motivação para praticar desporto, o que
contribui de alguma forma, para melhorar a sua qualidade de vida. Por outro
lado, o seu comportamento tende a estabilizar-se com a idade.

O primeiro passo para ajudar as crianças com autismo é identificar os


sintomas desta síndrome. Esta identificação precoce poderá minimizar o
sofrimento destas crianças e contribuir para um desenvolvimento mais eficaz.
As crianças autistas revelam problemas ao nível da comunicação e do
comportamento, assim como apresentam uma enorme dificuldade em
relacionar-se com as restantes pessoas de uma forma geral.

Se encontrarmos quatro dessas características ou comportamentos


numa criança, em idade inadequada para os mesmos e de um modo
persistente, deve ser lembrada a possibilidade de autismo.

Por outro lado, se encontrarmos sete dessas características ou


comportamentos, nas mesmas condições, o diagnóstico de autismo deve ser
seriamente considerado e a criança deve ser submetida a uma avaliação.
22

CAPÍTULO III – Tratamentos disponíveis

Os tratamentos do autismo, geralmente são programas intensos e


abrangentes que envolvem a criança, a família e os professores, sendo
indicado começar o mais cedo possível. Os programas de intervenção para os
principais sintomas abordam as questões sociais, de comunicação e cognitivas
centrais do autismo. Os objetivos do programa para o tratamento do autismo
são traçados de acordo com as dificuldades e habilidades da criança, sendo
levada em conta a fase de desenvolvimento em que se apresenta.

A cura para o autismo não existe e o tratamento não se prende a uma


única terapia. O uso de medicamentos, que antes desempenhava um papel
fundamental e de grande importância no tratamento (devido à crença da
relação do autismo com os quadros psicóticos do adulto), passa ater uma
função de apenas aliviar os sintomas do autista para que outras abordagens
como a reabilitação e a educação especial, possam ser adaptadas e tenham
resultados eficazes.

Nas décadas de 50 e 60, as propostas de reabilitação substituem os


modelos psicoterápicos de base analítica, quando a doença era considerada
uma conseqüência de distúrbio afetivo.

A verdade é que não existe um tratamento específico, mas sim muitas


abordagens individualizadas e os resultados variam. Como exemplo de alguns
tratamentos tem: psicoterapia individual, psicanálise, terapia familiar,
modificação de comportamento, fonoaudiologia, educação especial,
tratamentos residenciais, tratamento medicamentoso com drogas diversas
(psicotrópicos, anticonvulsivantes, estimulantes cerebrais, vitaminas, ácido
lisérgico), eletroconvulsoterapia, estimulação sensorial e isolamento sensorial.

Um método pode às vezes funcionar para uma criança e não para outra,
devido a fatores como: variação da capacidade intelectual, compreensão e uso
da linguagem, estágio de desenvolvimento, idade na época do tratamento,
nível de desenvolvimento e personalidade, grau de gravidade da doença, clima
e estrutura familiar, entre outros. Cada método terapêutico consegue melhorar
23

um sintoma específico, mas não eliminá-lo por completo, por isso, é preciso,
sobretudo, adaptar cada método aos diversos problemas e fases e, sobretudo
é extremamente importante que o plano seja realista.

Algumas crianças apresentam linguagem comunicativa cedo e não


sofrem atraso tão acentuado, são capazes de desenvolver uma personalidade
organizada e complexa, assim como uma vida ativa de fantasia, por isso estas
podem ser eficientemente trabalhadas por uma abordagem psicoterapêutica.

Sem dúvida que a eficácia do tratamento depende da clareza e


organização oferecidas, por exemplo a psicoterapia só é útil em poucos casos,
melhorando apenas a capacidade de se relacionar e não altera as suas
deficiências básicas, cognitivas e lingüísticas.

Há alguns métodos utilizados na intervenção para os tratamentos do


autismo, como por exemplo:

Terapia Fonoaudiológica – visa coordenar a mecânica da fala com o


significado e valor social da linguagem. Dependendo da aptidão verbal do
indivíduo, o objetivo pode ser o domínio da língua falada ou pode ser o
aprendizado de sinais e gestos para se comunicar. Em cada caso, o objetivo é
ajudar a pessoa a aprender a comunicar-se de forma útil e funcional.

Merece maior atenção devido à grave deficiência de comunicação que


as crianças autistas apresentam. O problema linguístico é primário, mas o seu
tratamento não pode ser feito isoladamente, pois as tentativas de desenvolver
a fala, através das técnicas de modificação de comportamento, tem sido
infrutíferas.

Mesmo quando a criança se condiciona a usar certas palavras em


resposta a determinados estímulos, apenas ocasionalmente usa a fala de
maneira comunicativa, por isso o melhor caminho tem sido o de desenvolver
planos globais, usando as técnicas disponíveis junto à fonoaudióloga para
tentar desenvolver a capacidade de expressão e comunicação.
24

Terapia Ocupacional – trabalha conjuntamente habilidades cognitivas, físicas


e motoras. O objetivo é ajudar a pessoa a se tornar funcional e independente.
Para uma criança com autismo, o foco pode ser as habilidades básicas para
atividades de vida diária, como saber se vestir, se alimentar, melhorar as
habilidades sociais, motoras finas e de percepção visual.

Fisioterapia – concentra-se em qualquer problema do movimento que cause


limitações funcionais. Crianças com autismo, muitas vezes têm dificuldades
motoras, tais como: dificuldades para sentar, andar, correr e pular. A
fisioterapia também pode tratar a falta de tônus muscular, equilíbrio e
coordenação.

Trabalho Psicoterpêutico com os Pais – a evolução da história do tratamento


prova cientificamente que o autismo é uma condição inata, que consiste num
comprometimento ou disfunção do sistema nervoso central, que interfere na
capacidade da criança perceber corretamente o meio ambiente, e faz cair o
conceito de que os pais seriam os causadores desta síndrome, ou seja, que a
doença seria psicogênita e induzida pela psicopatologia paterna.

Porém, ainda hoje, os pais na sua maioria sentem-se responsáveis pelo


problema do seu filho, e o aconselhamento aos pais é indispensável. No
entanto, este apenas será eficiente se for no sentido de ajudar e orientar os
pais a ultrapassarem as suas dificuldades no acompanhamento e nos cuidados
a prestar ao seu filho, e também no sentido de aliviar a sensação de culpa e
perda de auto-estima que estes pais desenvolvem.

Sem dúvida, se os pais forem orientados corretamente e de forma


construtiva, será um grande trunfo no tratamento destas crianças.

Modificação do Comportamento – as técnicas de modificação em crianças


autistas utilizam estímulos positivos (um elogio), para induzir melhoras. São
relatados vários sucessos, mas as melhoras obtidas são limitadas ao período
de treino e a generalização não é tão ampla quanto a desejada.
25

Assim como a psicoterapia, a técnica de modificação de comportamento


é apropriada para crianças com sintomas específicos e determinado nível de
desenvolvimento. A criança pode ficar mais amena a cuidados gerais ou menos
autodestrutiva. É uma maneira de tentar reduzir temporariamente certos
comportamentos indesejáveis e pode tornar mais fácil lidar com a criança, e
isto, sem dúvida vale a pena, porém deve-se enfatizar que uma criança ao se
tornar mais manejável não se torna menos autista.

Terapia Ambiental ou Educação Especial – é a forma mais usada em países


onde os recursos são maiores, consistindo numa combinação de técnicas e
métodos, usada em psicoterapia, modificação de comportamento e
fonoaudiologia. Muitos Centros de Tratamento utilizam o aconselhamento ou
acompanhamento de pais diretamente no tratamento de seus filhos, tendo
como vantagem a de fugir das limitações de um só método terapêutico. A
educação especial pode ser realizada em escolas comuns ou especializada,
clínicas ou centros residenciais.

Não existe nada que comprove ser melhor a separação destas crianças
de seus pais, pois a participação destes parece benéfica, ainda que não traga
resultados diretos para os filhos, mas sentem que estão colaborando, o que
lhes dá apoio, diminui ansiedades, traz conforto e alívio psicológico. No
entanto, existem situações especiais em que é melhor separar a criança da
família, mas estes são casos altamente individualizados, como o de uma
criança gravemente comprometida que causa forte depressão na mãe,
tornando-a incapaz de cuidar dos seus filhos normais.

Contudo colocar uma criança numa instituição traz dilemas e problemas


emocionais, não minimizando a sensação dos pais de que estão “abandonando
ou rejeitando o filho”, deixando-os com enorme sensação de culpa.

Para que o afastamento dos pais seja benéfico, é fundamental que o


profissional discuta o problema com detalhes e permita aos pais falarem sobre
as suas preocupações. No entanto, se os pais lidarem bem com a situação, e
26

isto ficar claro durante a avaliação, não há necessidade de se remover a


criança do ambiente familiar.

É indispensável ter sempre presente a importância da socialização da


criança, melhorando o contato com outras crianças da mesma escola e com
outros professores.

Tratamento Medicamentoso – já foi tentado de tudo no tratamento de


crianças autistas em matéria de medicamentos: sedativos, anti-histamínicos,
estimulantes, tranquilizantes, anti-depressivos, psicotrópicos, anti-
parkinsonianos, LSD, entre outros. Nenhum dos tratamentos foi capaz de
remover este ou aquele sintoma, porém, algumas foram capazes de diminuí-los
ou alterar comportamentos.

Os neurolépticos são utilizados para reduzir os sintomas do autismo.


Têm uma resposta em geral boa e conseqüente melhoria do aprendizado,
embora possa apresentar efeitos colaterais como sedação excessiva, reações
distônicas (rigidez muscular), discinesia (alteração do movimento muscular) e
efeitos parkinsonianos (tremor).

Acompanhamento Psicopedagógico – busca desenvolver recursos para a


aprendizagem, instrumentalizando com técnicas que o facilitem a aprender,
investindo no potencial encontrado.

É comum, ao nos depararmos com crianças que apresentam mutismo


ou atraso no desenvolvimento da linguagem, pensar no encaminhamento para
o fonoaudiólogo. Porém, por se tratar de uma síndrome com etiologia
desconhecida, diferentes níveis de comprometimento e necessidade de
diagnóstico diferencial para orientação do planejamento terapêutico, são
importantes que ao recebermos, em sala de aula, crianças com autismo,
verifiquemos junto ao responsável, se a criança já foi submetida a uma
avaliação neurológica, se tem diagnóstico, se faz algum tipo de tratamento.
27

O neurologista é o profissional que avalia e diagnostica (o psiquiatra


também está habilitado). Ele pode solicitar exames que descartam outras
hipóteses diagnósticas e orientam o trabalho a ser realizado.

O trabalho interdisciplinar favorece uma visão global das dificuldades e


competências de cada um e viabiliza um planejamento terapêutico que
favoreça o prognóstico.

Existem instituições públicas de assistência à saúde mental que


desenvolvem programas específicos para crianças autistas, oferecendo
atendimento nos setores de neurologia, psicologia, psicopedagogia, terapia
ocupacional, além de oficinas de interesse (artesanato, informática, música).
Algumas crianças fazem acompanhamento com profissionais dessas áreas em
consultório particular.

Além dos tratamentos citados, existem outros tratamentos disponíveis,


tais como: musicoterapia, arteterapia, equoterapia, psicomotricidade, mas nem
sempre as instituições têm esse serviço para oferecer.

A variedade de terapias voltadas para o tratamento do autismo se deve


às diversas características que apresentam e à grande diferenciação na
apresentação dos casos. O melhor resultado não é obtido pela freqüência de
todas as terapias disponíveis. De nada adianta sobrecarregarmos os autistas
com uma maratona de tratamentos. Os êxitos virão na medida em que se
puderem conciliar as necessidades do autista com as de sua família, sejam
necessidades físicas, afetivas, sociais e financeiras.

Para diagnosticar o autismo, são usados hoje os critérios definidos pelo


DSM – IV e pelo CID – 10. O diagnóstico do autismo é comportamental, pois
ainda não existem exames que possam contribuir significativamente para o
diagnóstico, apesar de já haverem alguns estudos que apontam no sentido de
algumas anormalidades, em determinados cromossomas, indicarem uma
ligação com o autismo, mas isso ainda não é utilizado para uma confirmação
de diagnóstico.
28

CAPÍTULO IV – A importância da escola para os autistas

Estudos e pesquisas revelam dificuldades na escolarização do aluno


com transtorno do espectro do autismo, particularmente em classes comuns.
Apesar dos obstáculos, é importante que ocupe o lugar que lhe é devido no
contexto escolar, tendo em vista os efeitos benéficos da escola, principalmente
quando a inclusão da diferença é concebida de maneira ética e sustentada. As
peculiaridades desenvolvimentais do aluno manifestam-se na inserção social,
onde aparecem suas dificuldades interpessoais e nas relações com o
ambiente, instâncias que participando desenvolvimento das funções
psicológicas. Interferem, ainda, as condições de comunicação não-verbal,
indicadoras de risco quanto ao desenvolvimento intelectual, lingüístico e da
interação social (Rossi; Carvalho; Almeida, 2007). Essa realidade evidencia a
importância da qualificação docente e a necessidade de recursos de apoio,
essências à educação inclusiva. Compete à escola adaptar-se para atender às
necessidades do aluno em classe comum, mobilizando ações e práticas
heterogêneas que favoreçam sua permanência efetiva e de qualidade no
contexto escolar. A questão fundamental que se coloca frente à complexidade
dos transtornos do espectro autista é como a escola, em sua concepção atual,
promoverá a inclusão dessa população específica, neutralizando mecanismos
de exclusão.

Jannuzzi (2004) considerou que a educação da pessoa com deficiência


no Brasil, fundamenta-se no modo de pensar e de agir com o diferente.
Depende da organização social mais ampla, levando em conta a base material
e ideológica do processo educativo. A forma de apreensão da diferença,
segundo a autora, repercute na construção da identidade do aluno, sendo
importante considerar o que é próprio da escolarização e da pessoa com
necessidades especiais, de modo a identificar os condicionantes materiais e
culturais implicados na sua educação.

A intervenção educacional apresenta resultados satisfatórios para a


pessoa com transtorno do espectro do autismo. No entanto, há controvérsias
29

quanto aos modelos, às técnicas e às alternativas mais apropriadas ao


processo educativo. Bosa (2000) defende a variedade de abordagens
interventivas ao longo do ciclo vital, considerando a ocorrência de
transformações por que passa a pessoa e sua família e as variantes das
expectativas em relação à educação. Concordando com esse ponto de vista,
Rossi, Carvalho e Almeida (2007), consideram a dificuldade em optar por uma
única perspectiva de atendimento psicoeducacional, tendo em vista o
pluralismo de concepções e práticas disponíveis. Segundo as autoras:

“Em meio à queixas de parca capacitação dos


professores e de veículos de informação técnica
sobre o autismo, as intervenções educativas que
ocorrem nas escolas destinadas a atender a
essa clientela revelam-se de forma acrítica e
sem teorização, o que determina ser essas
práticas examinadas, teorizadas e que o
processo e o fruto do trabalho investigativo
resultem em produções científicas organizadas e
socializadas e na formação de novos
pesquisadores na área.” (p. 615).

Essas considerações nos levam a refletir sobre a forma como o espectro


do autismo desafia a comunidade escolar e as políticas públicas e enfrentar os
processos de exclusão/inclusão, em direção à conquista da dignidade e das
liberdades fundamentais da pessoa. Do mesmo modo, é um desafio criar
espaços favoráveis à aprendizagem, ao desenvolvimento e à existência da
pessoa em condição de deficiência como sujeito reconhecido no corpo social. É
igualmente desafiador romper com padrões socialmente determinados
prejudiciais ao sujeito e aos grupos excluídos.

A escola baseia-se em um ambiente institucional, que pela sua


constituição é capaz de abranger mais recursos que podem ser aproveitados
no acompanhamento dessas crianças do que aquele que é possível em um
espaço clínico. Este espaço institucional está estruturado para, ao receber uma
criança, avaliar de que forma o distúrbio está se manifestando nas diversas
áreas do seu desenvolvimento e elaborar um planejamento de atuação.
30

A avaliação e o planejamento são pautados na aceitação de que estas


crianças possuem um funcionamento psíquico peculiar que se manifesta por
falhas em todas as áreas de seu desenvolvimento. Esta concepção não se
baseia na aceitação de fatores etiológicos ambientais ou na relação mãe/bebê
como causa do autismo. Ao contrário, é compatível à evolução de pesquisas
genéticas, neurológicas, bioquímicas, etc.

Existe uma rotina da qual participam todas as crianças, mas cada


terapeuta pode e deve, dentro desta rotina, provocar alterações que favorecem
o enfrentamento do autista em situações que vão perturbar seu funcionamento.
Estas alterações possibilitarão a vivência concreta de que mudanças externas
podem ocorrer, e que se podem construir recursos internos para enfrentá-las,
sem desestruturar-se.

A equipe técnica é multidisciplinar, envolvendo psicóloga, fonoaudióloga,


pedagoga, professores e coordenadores de oficinas; porém, com uma atitude
interdisciplinar.

O acompanhamento de cada criança inicia-se a nível individual, até que


a criança já se apresente em condições de atender algumas ordens em
conjunto, que já discrimine mais o mundo dos objetivos, que já tenha uma
atenção específica, ligada a interesse de adquirir conhecimentos. Este grupo
deve ter no máximo três crianças, que permaneçam na escola em horário
integral, ou seja, as atividades se iniciam pela manhã e se encerram no final da
tarde.

Neste modelo de atendimento, todas as atitudes do profissional,


principalmente no acompanhamento individual, são terapêuticas e podem vir
acompanhadas de ações pedagógicas.

É fundamental a preparação do pedagogo através de um programa


adequado de diagnose e avaliação dos resultados globais no processo de
aprendizagem, já que a criança especial se caracteriza pela falta de
uniformidade no seu rendimento, levando-se em consideração o nível de
desenvolvimento da aprendizagem que geralmente é lenta e gradativa.
31

Com certeza, é bom ter em mente, que normalmente as crianças à


medida que vão se desenvolvendo, vão aprendendo a estruturar seu ambiente,
enquanto que as crianças autistas e com distúrbio de desenvolvimento,
necessitam de uma estrutura externa para aperfeiçoar uma situação de
aprendizagem.

Atualmente, já é impossível se falar de atendimento ao autista sem


considerar o ponto de vista pedagógico. Cada vez mais, valoriza-se a
potencialidade e não a incapacidade de seres humanos. Com isto, a sociedade
como um todo só pode beneficiar-se.

O diagnóstico e a intervenção precoce são aspectos importantes que,


geralmente, se traduzem num prognóstico mais favorável. A partir dos três
anos de idade estas crianças devem ter um acompanhamento educativo
ajustado às suas necessidades que, dão ênfase ao desenvolvimento das
competências sociais, de comunicação e cognitivas, assim como aos aspectos
relacionados com a autonomia pessoal. Como os problemas de comunicação e
comportamento interferem com a aprendizagem escolar, pode ser necessário
recorrer a um profissional com experiência e conhecimentos na área do
autismo no sentido de colaborar na elaboração e implementação de um
programa de treino comportamental em casa e na escola.

O ambiente escolar deve ser estruturado de tal forma que o programa


seja consistente e previsível. Os alunos com autismo aprendem melhor e
confundem menos se a informação lhes for apresentada de uma forma visual e
verbal. Também é considerada importante a sua interação social,
comportamento e linguagem. Para ultrapassar o problema frequente da
generalização das competências aprendidas na escola para outros contextos é
importante desenvolver uma intervenção com a família para que as atividades
e experiências de aprendizagem possam ser desenvolvidas no contexto
familiar e da comunidade.

Recorrendo a programas educativos desenvolvidos para satisfazer as


necessidades individuais de cada aluno e a serviços especializados de apoio é
32

possível que alguns adultos com autismo possam trabalhar e viver integrado
profissional e socialmente na sua comunidade. Outros poderão necessitar de
um acompanhamento de retaguarda e de supervisão para que a sua integração
social seja plena.

O ensino inclusivo na escola regular deverá estar preparado para que os


alunos com autismo e/ou necessidades educativas especiais possam
desenvolver-se como cidadãos, assim como deve estar preparado para que
estes possam adquirir novas competências. Infelizmente, e devido às carências
existentes na grande maioria das escolas regulares, por vezes, surge a
necessidade de recorrer aos estabelecimentos de ensino especial.

Os professores reconhecem que aquele aluno “é diferente” sem que


consigam apontar com clareza a natureza dessa diferença. Certo é que esses
alunos podem ler com muita rapidez e correção sem, contudo compreender os
conceitos implícitos em um texto. As operações matemáticas são realizadas
com extrema rapidez e facilidade, mas o enunciado do problema não é
compreendido.

Pode-se definir como objetivo prioritário da intervenção: a promoção do


desenvolvimento global do aluno e de competências específicas, informar e
auxilia os encarregados da educação a implementar estratégias para melhor
lidarem com o seu educando, informa a escola e a comunidade em geral
acerca das características destas crianças e jovens, no sentido de estabelecer
parcerias que contribuam para a sua aprendizagem, adaptação e inclusão
social.

É necessário que os professores, educadores e restante da comunidade


educativa estejam preparados para trabalhar com este tipo de alunos. Seria
imperioso que se apostasse na formação e na sensibilização de toda a
comunidade educativa, ao nível de recursos materiais, espacias e humanos,
assim como seria importante que estes alunos se beneficiassem de uma
equipe multidisciplinar que englobasse: professores, educadores, psicólogos,
terapeutas, educador social, entre outros; o trabalho desenvolvido por estes
33

técnicos deve ser efetuado em equipe, ao nível da programação, aplicação e


avaliação.

Para elevar o grau de sucesso o número de alunos por turma deveria ser
reduzido, deveriam existir professores de apoio nas respectivas áreas ou
disciplinas, a programação e avaliação deveriam ser individuais no sentido de
definir quais os comportamentos a modificar e quais as áreas a trabalhar,
assim como para identificar melhor as aquisições e as dificuldades. Deveria ser
elaborado um plano de intervenção adequado ao aluno de forma a possibilitar
um tratamento personalizado e específico, satisfazendo as capacidades e o
ritmo de cada um, havendo o cuidado das sessões de trabalho serem curtas e
o aluno ser encorajado na realização das atividades propostas.

Os conceitos a abordar devem ser repetidos várias vezes e sempre da


mesma maneira, contudo deve-se inovar e variar sempre que possível. Para
que melhor se desenvolvam as capacidades do aluno, pode-se recorrer a áreas
como: psicomotricidade, expressão musical, expressão dramática, informática,
educação física, dança, expressão plástica, formação pessoal e social,
atividades da vida diária, áreas vocacionais, entre outras. Estas áreas são
importantes para auxiliar o aluno a desenvolver-se ao nível da expressão e
socialização, para ultrapassar os comportamentos ritualistas e compulsivos,
para elevar a auto-estima, assim como para proporcionar um desenvolvimento
acadêmico equilibrado e harmonioso.

Qualquer professor, educador, técnico ou encarregado pela educação


necessitará de bastante paciência para trabalhar com uma criança autista,
devendo aceitar e reconhecer as suas “limitações” e respeitar a “lentidão” dos
seus progressos, por isso dever-se-á trabalhar com a criança autista por
etapas. Também, o contato frequente dos encarregados pela educação com a
escola é de extrema importância para o desenvolvimento da criança, no sentido
da sua participação ativa no contato e trabalho com a equipe multidisciplinar,
de forma a obter informações acerca das evoluções e dificuldades do seu
educando, conhecendo e colaborando em casa com o trabalho efetuado na
escola.
34

Deverão ser desenvolvidas atividades em que a participação dos


professores, educadores, técnicos e encarregados pela educação seja uma
realidade, trabalhando em conjunto no âmbito da socialização, da imitação, da
motricidade, da linguagem, da coordenação, de forma a promover uma
evolução significativa das capacidades do aluno.

Existem autistas com um QI baixo, normal e alguns são bastante


inteligentes. É importante conhecer as aptidões e os interesses da criança,
para aproveitá-los posteriormente, como instrumentos acadêmicos, de modo a
superar ao máximo as suas dificuldades.

Mas, infelizmente, o autismo ainda origina alguns problemas que


prejudicam o desenvolvimento e a integração das crianças e jovens com esta
problemática, nomeadamente o desconhecimento por parte da sociedade das
características básicas do autismo, o que dificulta o seu diagnóstico, a
ausência de locais especializados que ofereçam o tratamento e o apoio
necessários e a carência de escolas onde estas crianças possam estar
devidamente integradas. Estes fatores tornam-se lamentáveis e prejudicam o
desenvolvimento da criança autista, uma vez que estas crianças podem
alcançar um bom nível de progresso se houver um diagnóstico precoce e um
tratamento oportuno. O trabalho repetido e a estimulação contínua contribuirão
para o progresso e evolução das capacidades da criança autista ao nível
pessoal e social.

Em muitos casos a inclusão de alunos com autismo e psicose restringe-


se ao caráter social. Encontram-se nas escolas com o objetivo único e
exclusivo de socializar-se o que dificulta o acesso à aprendizagem.

Tal posicionamento pode ser muito prejudicial se levarmos em


conta que esses alunos aprendem. Os alunos com Transtornos Globais do
Desenvolvimento possuem as chamadas “ilhas de inteligência”, ou seja,
faculdades mentais e intelectuais intocadas que podem desaparecer
de não forem trabalhadas como nos mostra Kupfer e Petri:
35

“As crianças psicóticas e autistas possuem ilhas


de inteligência preservadas, que podem
desaparecer caso não as ajudemos a lhes dar
sentido. Podem por falta de sentido, direção,
porque não são utilizadas para alcançá-las no
outro, desaparecer, ou se transformar em
estereotipias. Assim, a frequência à escola
acaba sendo um instrumento crucial, senão de
crescimento, ao menos de conservação das
capacidades já adquiridas.”
(KUPFER & PETRI, 2000, p.116).

Em suma, há de procurar compreender os comportamentos autistas e


estipular objetivos a atingir, estimulando e acompanhando a criança/jovem no
seu processo de desenvolvimento e de aprendizagem e contribuindo para a
sua integração plena na sociedade.

Dessa forma, deve-se concluir que em pleno século XXI não deveríamos
mais estar discutindo sobre a inclusão de indivíduos com deficiência. A
inclusão deve ser instituída como uma forma de inserção racial, completa e
sistemática, em que as escolas devem se propor adequar seus sistemas
educacionais às necessidades especiais da clientela de alunos, todos os
alunos, não se restringindo somente aos alunos com deficiência. Assim, de
acordo com Alves (2002), uma educação inclusiva pressupõe a educação para
todos, não só do ponto de vista da quantidade, mas também da qualidade. O
que significa que os alunos devem se apropriar tanto dos conhecimentos
disponíveis no mundo no mundo quanto das formas e das possibilidades de
novas produções para uma inserção criativa no mundo.
36

CONCLUSÃO:

Sabe-se, hoje, que o autismo é uma doença extremamente debilitante, e


que o comprometimento dos autistas é tão complexo, que é difícil propor um
tratamento que seja plenamente satisfatório e que funcione em todos os casos.

O que parece verdadeiro e indiscutível é que estas crianças são tão


especiais que necessitam de uma equipe de profissionais de várias áreas que
trabalhem conjuntamente com o mundo mais fácil e proveitosa.

Embora pareça que não há muito que se possa fazer para ajudá-las,
sem dúvida que um trabalho de socialização é extremamente necessário e
importante, pois por si só provoca muitas mudanças no seu comportamento.

É certo que na comunidade científica, ainda não existe consenso


generalizado, por isso alguns defendem que se deveria deixá-las no seu
“mundo particular”, pois na maior parte do tempo, estas crianças aparentam
estar felizes, mas parece que este é somente um meio de negar a
responsabilidade de toda uma sociedade frente a estes pequenos prisioneiros
dos seus próprios corpos e das suas famílias, tão aflitas por um restinho de
esperança.
37

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39

ANEXOS:
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