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Um Estudo Sobre Educação Literária: Infância, Mediação.

As Práticas Escolares: Estratégias de Leitura


Rosirene Bento da Rocha, (Mestranda do PPGE/UFMT/GEPLOLEI)

Bárbara Cortella Pereira de Oliveira (Docente do PPGE/UFMT/GEPLOLEI)

Eixo do trabalho: (*) Pesquisa concluída ou em andamento; ( ) Projeto de extensão concluído ou em


andamento; ( ) Relatos de experiências.

Resumo

Este trabalho se vincula ao Grupo de Estudos e Pesquisa “Linguagem Oral, Leitura e


Escrita na Infância” (GEPLOLEI), do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Cuiabá (PPGE-UFMT), na linha de
pesquisa Culturas Escolares e Linguagens. Trata-se de uma investigação de cunho
bibliográfico com o objetivo de compreender a obra Educação literária: infância,
mediação e práticas escolares, de Segabinazi, Souza e Girotto (2018). Apresentam
se neste texto os principais destaques sobre a importância da efetivação da prática
social da leitura. Discutem-se os objetivos principais do livro, que orientam e ampliam
o horizonte dos professores nas práticas pedagógicas, tendo como objeto da
pesquisa o ensino de leitura. A partir das proposições e estratégias de leitura
(GIROTTO; SOUZA, 2010; SOLÉ, 1998) e as práticas de leituras (COSSON, 2007),
apresenta-se um roteiro didático, propondo um trabalho com o gênero literário;
dentre deles há um destaque especial para o teatro e as histórias em quadrinhos,
que são gêneros ainda pouco explorados nas escolas. Assim, a obra de Segabinazi,
Souza e Girotto (2018) tem como utilitário apresentar-nos de forma concisa, nos
treze capítulos, as proposições da produção de leitura e sua relação com a
aprendizagem, apoiados nos processos de conhecimento e armações do sentido
emocional, apresentando as estratégias que podem ser acionadas para uma (re)
significação do trabalho com a leitura, ilustrando da melhor forma possível, as
possibilidades do desenvolvimento da criança registrando as suas experiências, e
citando os locais que serviram de campo de pesquisa para a realização desse
trabalho em seus objetos de estudo.

Palavras-chave: Formação leitora, mediações pedagógicas, estratégias de leitura.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A formação leitora é um trabalho que começa ainda na Educação Infantil e,


para que os sujeitos envolvidos no processo venham se constituir em leitores
autônomos, uma das teorias indicadas pelas autoras está no cerne da teoria
Histórico Cultural, pois, formar leitores autônomos torna-se cada vez mais uma tarefa
indispensável ao fazer pedagógico dos professores da Educação Básica. Nesses
sentidos essa tarefa deixa de ser apenas de responsabilidade dos professores
pedagogos e/ou dos que ensinam a Língua Portuguesa, pois observa-se, cada vez
mais, o envolvimento de todos os atores no cotidiano escolar. Nesse sentido, a obra
de Segabinazi, Souza e Girotto (2018), já no seu primeiro capítulo, objetiva discutir
as proposições para a organização do ensino de leitura de histórias para as crianças.
Essa problemática se constitui como temática de maior relevância para o grupo de
estudo intitulado Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Escola de Vygotsky
(NEEVY),ao qual pertencem as autoras da obra.

JUSTIFICATIVA

A escolha da obra para o trabalho com as estratégias de leituras e as


mediações pedagógicas se deu durante o percurso formativo da/na disciplina:
Seminário Avançado II, do PPGE/Cuiabá, tendo em vista que os discentes
discutissem entre os pares, o que aborda o livro “Educação literária: infância,
mediações e práticas escolares” em seus capítulos; alguns destaques são de grande
relevância para a prática social da leitura, tendo como objetivo principal orientar e
ampliar o horizonte dos professores com as práticas pedagógicas no trabalho com o
ensino de leitura, sinalizando as proposições de estratégias de leitura (GIROTTO;
SOUZA, 2010; SOLÉ, 1998)e para práticas de leituras(COSSON,2007), a partir de
um roteiro didático, propondo um trabalho com o gênero literário.
Assim, na perspectiva da organização do ensino de leitura, um dos procedimentos a serem
adotados nas atividades deveria ser a leitura de história, dessa forma, os currículos da
Educação Infantil seriam (re) significados. Vygotsky (2001, p. 22) aconselha que se proponha o
ensino de leitura num processo por meio de signos e significados, sendo essas atividades
presentes na comunicação entre os seres humanos, e que a mesma é de fundamental
importância para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores, pelas quais a
comunicação se desenvolve, afirmando ainda ser uma atividade especifica do ser humano e
que a mesma está estritamente ligada à sua cultura.
Leitura literária é tema do grupo de pesquisa deste mestrado, portanto, o
objetivo, neste trabalho, é trazer as contribuições mais relevantes que se aproximem
do objeto de estudos, sendo que, nesta organização, há de se ter em vista que a
leitura, enquanto conteúdo e prática escolar, ainda precisam ser difundida e
efetivamente realizada no cotidiano da sala de aula, apesar da importância e certeza
de ser necessário “ler” no mundo contemporâneo, e que a leitura é um direito
fundamental para a eficácia da cidadania, ou seja, a proposição do letramento efetivo
para o dia a dia das pessoas, pois é perceptível que o déficit na leitura dos nossos
alunos é uma constante.
Assim, são perpetuados os problemas de aprendizagem de leitura, de acordo
com a pesquisa apresentada pelas autoras, os dados demonstram uma fragilidade
da prática do/no ensino de leitura e nas proposições do trabalho com o ensino da
leitura literária, pois os currículos escolares ainda não preconizam esse conteúdo,
ou, pelo menos, não aparece nas matrizes que orientam o trabalho pedagógico de
forma transparente.
Girotto (2016) afirma que o ensino da leitura e a utilização de obras literária
nos Anos Iniciais deverão ser sob a ótica de dois objetivos: como objetivo geral, nos
projetos desenvolvidos na escola, ao auxiliar o conhecimento específico; e como
objeto de ensino para o estudo da gramática e, principalmente, de modo a incentivar
a gosto pela leitura, a partir da fruição e do prazer de ler, na busca incessante de
formar leitores.
A formação leitora se constitui sobre as mais diversas possibilidades
possíveis; nesse sentido, deve-se considerar desde os mais simples gestos, como o
de folhear as páginas de um livro, à complexidade da ação do (re) significar uma
palavra escrita. Essas considerações foram feitas pelas autoras, ao afirmarem que:

O ato de ler vai se constituindo desde o fato de folhear as páginas de


um livro, pois proporciona ao leitor à observação de gravuras, por
meio das expressões registradas pelo ilustrador, a forma das letras, a
diversidade das cores, o tamanho, cheiro, entre outras percepções
que auxiliam na conexão do que o livro apresenta à imaginação do
leitor. (SEGABINAZI; SOUZA; GIROTTO, 2018, p. 9).

Assim é fundamental a inserção do sujeito leitor em ambiente de letramento


favorecido com as mais diversas possibilidades de leitura, levando em consideração
o contexto histórico social desses estudantes, visto que esse processo de
aprendizagem da leitura se dará pelo contato com material de leitura, seja físico ou
não, observando as mais diversas linguagens (visual ou verbal) que estão presentes
nos livros. Uma vez que essas linguagens são fundamentais para os processos da
formação leitora, “’pois essa relação da criança com o mundo circundante não se
inicia ou se desenvolve de forma espontânea, mas é um trabalho de construção do
homem sobre o homem”(SMOLKA,2009, p.9).
Ao afirmar a necessidade do envolvimento de um professor/mediador, Girotto
e Souza (2010), fornecem pistas de como organizar o ensino de história através das
obras literárias; e promover a formação plena nas escolas, formar leitores plenos reflete-
se no compromisso educacional que se inicia na Educação Infantil: O de formar pessoas
mais humanas na sociedade, ou seja, sujeitos capazes de pensar e viver no e para o
coletivo (GIROTTO; SOUZA, 2010, p.19).
Para tanto, as autoras lançam mão das premissas vigotskianas da teoria
histórico-cultural, já nos primeiros capítulos, uma vez que essa proposição imprime à
escola e aos gestores responsabilidades vivas de se trabalhar todos os dias,
incansavelmente, pelo fortalecimento das máximas elaborações humanas às
crianças, no desenvolvimento das atividades escolares com vista à formação do
sujeito humano, levando em consideração seu tempo, o espaço, conteúdos e
vivências que as edificam de forma plena, de forma que essa proposição do trabalho
escolar, a partir da perspectiva do ensino de leitura partindo de obras literárias,
venham reverberar na sua vida adulta, como forma de ver o mundo de uma forma
colaborativa em ações na realidade circundante, de forma a elevar a sua função
humanizadora.

AS ESTRATÉGIAS DE LEITURA E A LITERATURA INFANTIL:


POSSIBILIDADES NA FORMAÇÃO DO LEITOR AUTÔNOMO

A mediação por meio da intervenção pedagógica é primordial para o


desenvolvimento cognitivo de ensino e aprendizagem do discente. Nesse sentido, se
faz necessário pensar de que forma é organizado o trabalho pedagógico com a
produção de leitura. Entretanto, é relevante ressaltar que essa mediação também
Com/ por outros colegas da escola, considerando-se a influência das relações
sociais e a origem histórico-cultural nos processos mentais superiores.
Sabe-se que o meio e a convivência social impulsionam a Zona de
Desenvolvimento Proximal, mediando e transformando o processo interpessoal (pelo
meio social) num processo intrapessoal que internaliza conhecimentos de forma
singular ou intersubjetiva.
Nesse sentido, ao abordar o trabalho com a produção de leitura faz-se
necessário pensar que os estudantes precisam se apropriar de estratégias de leitura
para que se tornem leitores proficientes, assim a presença do professor/mediador é,
de fato, indispensável para que seja consolidado o processo do letramento literário.
Para Cosson (2007, p. 12), “configuração do letramento literário é fator determinante
no amadurecimento como leitor, para o autor a sua importância em qualquer
processo de letramento, seja aquele oferecido na escola, seja aquele que se
encontra na sociedade”. Ancoradas em Cosson, as autoras, neste capítulo, têm
como objetivo constatar como o trabalho com as estratégias de leitura utilizando a
literatura infantil poderá provocar mudanças significativas nos leitores iniciantes e em
suas aprendizagens.
Acreditamos que, ao ensinarmos as crianças a lerem, precisamos lançar mão
das estratégias de leitura propostas por Girotto e Souza (2010),à luz de Solé(1998),
como ferramenta para compreensão leitora; as crianças terão melhores condições de
se apropriarem da leitura e de se tornarem leitoras proficientes. Para Solé (1998,
p.34), há pouco espaço na sala de aula para se “ensinar estratégias adequadas para
compreensão de textos”. Ademais, essa prática tem sido “categorizada pelos
manuais, guias didáticos e pelos próprios professores como uma atividade de
compreensão leitora” (SOLÉ, 1998, p. 35). Nesse sentido, podemos imprimir outra
maneira de se lidar com o ensino da leitura, ajudando o aluno a compreender o texto,
rompendo, portanto, com uma visão mecanicista e com a sequência baseada em
atividades de leitura/perguntas/exercícios
Diante dos pressupostos acima, antes de falar de leitura necessita-se ter em
vista como se constitui esse processo e sua importância para o desenvolvimento da
formação social do ser humano. Esse procedimento tem um papel significativo na
vida adulta e começa ainda na infância. O desenvolvimento das habilidades da
produção
de leitura é mais que um caminho para a consolidação do conhecimento, pois faz-se
necessária a ativação de conhecimento prévio na elaboração das hipóteses que irão
surgir durante o processamento da leitura. Para Girotto e Souza (2010, p. 45),
“quando lemos, pensamentos preenchem nossas mentes. Nós podemos fazer
conexões com nossas vidas... podemos fazer inferências”; nesse ponto podemos
vivenciar o processo das conexões que se estabelecem entre o leitor/texto e o mundo
no qual estamos inseridos, para que possamos comprovar, de maneira naturalmente
aceitável, que é pelas práticas de leituras que isso se torna possíveis, pois, afinal, só
consolidamos o processo do apreender a ler realizando conexões com aquilo que
podemos estabelecer na relação de significados a partir das palavras.
Assim é de suma importância que saibamos quando essa atividade deve
iniciar que pode ser com a família, na infância ou não; levando em consideração as
condições sociais dos nossos alunos, essas tarefas podem se tornar tão somente
uma responsabilidade da escola; portanto, a tarefa de ensinar a ler se torna uma
prática social da escola e, sobretudo, uma atividade voluntária e prazerosa;
percebemos assim a importância do professor/mediador no ensino aprendizagem da
leitura.
O planejamento para o trabalho com as estratégias de leitura necessita de
organizações que, neste texto que foi organizado a partir das observações na produção de
leitura, lembramos que aprender não se alude apenas à obtenção de processos de
leitura e escrita, ensinados essencialmente no período escolar, mas, ao mesmo
tempo do ingresso escolar. As crianças já estudaram diversas coisas especialmente
ativadas, baseado na sua história sociocultural, porque as relações sociais são
acentuadas para o nosso desenvolvimento cognitivo. O professor, para Garcia e
Silva(2009), passa a ser o mediador, exercendo o papel expectador, do experiente
que pode fazer com que esse educando dê início na sua trajetória como leitor
Para nossa pesquisa, interessa-nos o letramento literário que possui uma
configuração especial, segundo Cosson (2007), já que esse processo de letramento
se faz via textos literários, que abrange não apenas o uso social da escrita, mas uma
forma de assegurar seu efetivo domínio. Assim, uma contribuição importante da
pesquisa será a de aplicar uma metodologia específica que possibilite a didatização
ou escolarização da literatura, mais especificamente a Literatura Infantil, já que
atuaremos com o 5º ano do Ensino Fundamental.

DESENVOLVIMENTO

AFINAL, QUAIS SÃO AS POSSIBILIDADES DO USO DAS ESTRATÉGIAS DE


LEITURA: SERIA UM CAMINHO AO APRENDIZADO?

Entendemos por estratégia tudo aquilo que colocamos em jogo antes, durante
e depois da leitura. Dessa forma, o professor pode ensinar o aluno como ativar as
estratégias que estão ao seu alcance, quando este for ler. Elas são denominadas, de
modo geral, por esta metodologia norte-americana de: conhecimento prévio,
conexões, inferência, visualização, sumarização e síntese.
As estratégias de compreensão leitora são flexíveis e podem ser encontradas
com outras designações, mesmo que tratem do mesmo assunto. Para Solé (1998), o
processo de leitura deve garantir que o leitor compreenda o texto e que possa ir
construindo uma ideia sobre seu conteúdo, extraindo dele o que lhe interessa, em
função dos seus objetivos. Isto só pode ser feito mediante uma leitura individual
precisa, que permita o avanço, o retrocesso, o parar, o pensar, o recapitular, que
possibilite relacionar a informação com o conhecimento prévio, formular perguntas,
decidir o que é importante e o que é secundário. É um processo interno, mas deve
ser ensinado (SOLÉ, 1998, p. 32).

A GUISA DAS CONSIDERAÇÕES

O estudo desta obra deve ser considerado um convite à reflexão do fazer


pedagógico, favorecendo ao leitor/professor nas relações interlocutoras e dialógicas,
que por si se fortalecem no campo das experiências particulares, levando em
consideração a produção de cada sujeito. Mas, que dentro dessa singularidade,
propõem questionamentos, levanta hipóteses e busca elementos fundamentais para
a produção do sentido, no caso de se propor um trabalho com a leitura de obra
literária.
Diante disso, Bakhtin (2003, p.380) nos lembra de que “A vida literária é parte
integrante da vida cultural”.
Assim, esta obra tem como utilitário nos apresentar, de forma concisa, em
seus treze capítulos as proposições da produção de leitura e sua relação com a
aprendizagem, apoiados nos processos de conhecimento e armações do sentido
emocional, apresentando às estratégias que podem ser acionadas para uma (re)
significação do trabalho com a leitura, ilustrando da melhor forma possível, as
possibilidades do desenvolvimento da criança nesse processo, registrando as suas
experiências e citando os locais que serviram de campo de pesquisa para a
realização deste trabalho, descrevendo assim seu objeto de estudo bibliográfico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKHTIN, M.M. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.

COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2007.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Trad. Diana


Myriam Lichtenstein et al. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

GIROTTO, Cyntia Graziella Guizelim Simões. Celebrando possibilidades leitoras: as


crianças necessitam, podem e apreciam ler já desde a pequena infância. Revista
Brasileira de Alfabetização, ABAlf, Vitória, ES, v. 1, n. 4, p. 35-48, jul./dez. 2016.

; SOUZA, R. J. de. Estratégias de leitura: para ensinar alunos a


compreender oque leem. In: SOUZA, R. J. de. (Org.). et al. Ler e compreender:
estratégias de leitura. Campinas: Mercado das Letras, 2010. p. 45-114.

SEGABINAZI, Daniela Maria; SOUZA, Renata Junqueira de; GIROTTO, Cynthia


Graziella Guizelim Simões. Educação literária: infância, mediação e práticas
escolares. Tubarão, SC: Copiart, 2018. 184 p.

SMOLKA, Ana Luiza. Comentários. In:VIGOTSKI, L. S. Imaginação e criação na


infância: ensaio psicológico: livro para professores. Trad. Zóia Prestes. São Paulo:
Ática, 2009.

SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

VIGOTSKII, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. Linguagem, desenvolvimento e


aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001.

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