Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESENHA CRÍTICA
GERALDI, J.W. Prática de Leitura na escola. (1984). In O texto na Sala de Aula.
Leitura e Produção. São Paulo: Ática, 1997.
Esse “atraso” que vivenciamos hoje nas escolas no que tange ao ensino de língua,
deve-se muito a compreensão de leitura, por muito tempo foi rondou as salas de aula: a
leitura compreendida como atividade de decodificação de sentidos. Segundo esta
concepção, cabe ao leitor, na posição de decodificador, extrair do texto os significados
que nele estão entranhados. Este pensamento é norteado pela noção instrumentista de
língua, advinda da teoria da comunicação, que pensa o sistema de comunicação entre
sujeitos da seguinte maneira: emissor mensagem receptor. Quer dizer: o produtor do
texto é, na verdade, o emissor de um significado, que se encontra codificado na
mensagem, sendo o receptor, consequentemente, aquele que irá extrair este significado.
Não há espaço, aqui, para a atividade do sujeito-leitor na construção de sentidos; o
sentido é visto como uma propriedade estritamente textual.
Assim, concordamos com Geraldi que é preciso que o trabalho com a leitura, em
sala de aula, dê voz ao aluno; ceda espaço para que se posicione, na construção de
sentidos,colocando-os em debate. Não queremos dizer, com isso, que o trabalho com a
leitura deve permitir todo tipo de interpretação: este trabalho deve ouvir o aluno, seu
posicionamento com relação ao texto e, com isso, construir e reconstruir as caminhadas
interpretativas desse aluno. Em outras palavras: não significa corrigir sua leitura, mas
disso partir para se discutir os sentidos que o texto permite orientar,oferecendo “às
contra-palavras do aluno, em sua atividade responsiva, a atenção que a palavra [do
texto] merece.” Como menciona Geraldi no seu famoso livro Portos de passagem
(2003, p. 113).