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Índice

1. Introdução..........................................................................................................................................2
2. OBJECTIVIOS..................................................................................................................................3
2.1. GERAL;......................................................................................................................................3
2.2. ESPECIFICOS;..........................................................................................................................3
3. Metodologia de Estudo A metodologia utilizada neste estudo consistiu na combinação de técnicas e
métodos de recolha de dados:................................................................................................................4
4. O que são recursos minerais?.............................................................................................................5
5. Quem pode comercializar os recursos minerais?...............................................................................6
6. Quais são as fases para a exploração de recursos minerais?..............................................................7
6.1. Exploração Mineira....................................................................................................................7
7. Aspectos Socio-económicos..............................................................................................................9
7.1. vantagem e desvantagem..............................................................................................................10
Esta estimativa, resulta do facto de quase todos os residentes de uma determinada área de mineração
participarem na actividade de extracção de ouro ou pedras preciosas e semi-preciosas......................11
8. OS PEQUENOS PRODUTORES ARTESANAL...........................................................................11
9. Cadeia de valores na mineração.......................................................................................................11
10. Principais problemas ambientais e de saúde..................................................................................12
Os principais problemas ambientais constatados são:......................................................................12
11. Os Projectos de exploração mineira e o seu impacto nas comunidades.........................................13
12. Mercado.........................................................................................................................................14
13. Conclusões.....................................................................................................................................16
14. Referência Bibliográfica................................................................................................................18

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1. Introdução
A indústria de mineração de pequenas escala, tem uma longa tradição na Província de
Manica. Ela remonta desde os tempos do Império de Muenemutapa. Durante a
administração colonial, a indústria artesanal de ouro foi banida e fortemente controlada
pelo governo de então. Depois da independência Nacional, a extracção informal de
recursos minerais preciosos era proibida, mas mais tarde foi tolerada e em certo sentido
estimulada pelo estado, através da compra dos minerais produzidos e através da
organização dos produtores em associações. Em 2002, com a revisão da lei da actividade
mineira artesanal e de pequena escala foi formalmente legalizada.

Certos factores alimentam o aumento contínuo do número de pessoas que praticam a


mineração de pequena escala no Distrito de Manica. Em princípio é a tolerância do governo
Moçambicano em relação a este sector de actividade. Em Segundo lugar é o desemprego
generalizado, especialmente no seio da juventude, agravados pela falta de oportunidade de
continuação de estudo por parte dos jovens que concluem as classes terminais nas regiões
mineiras. Uma Terceira explicação é o facto de a produção de ouro e turmalina constituir uma
importante fonte de rendimento e enriquecimento. Finalmente a crise económica no vizinho
Zimbabwe precipitou milhares de cidadãos zimbabueanos para a indústria extractiva de ouro
e turmalina em Manica, respectivamente, tendo em conta que este distrito esta localizado
ao longo da fronteira com o Zimbabwe A par de exploração de ouro e turmalina, um
fenómeno novo está a surgir e que, merece atenção das autoridades. Trata-se da extracção e
comercialização das pedras e areia pura para indústria de construção. a sua menção é
importante na medida em que a exploração de pedra e areia já constitui uma importante fonte
de rendimentos, de auto-emprego de numerosas famílias, com destaque para as mulheres.

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2. OBJECTIVIOS

2.1. GERAL;
 FALAR DA EXPLORACÃO MINEIRA NO DISTRITO DE MANICA

2.2. ESPECIFICOS;
 Descrever quem podem comercializar os recursos minerais;
 Descrever OS PEQUENOS PRODUTORES ARTESANAL de Manica;
 Descrever Aspectos Socio-económicos em Manica;
 Descrever Os Projectos de exploração mineira e o seu impacto nas comunidades;
 Descrever mercado dos recursos minerais em Manica;
 Descrever cadeia de valores na mineração;

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3. Metodologia de Estudo
A metodologia utilizada neste estudo consistiu na combinação de técnicas e métodos de
recolha de dados:
 Revisão e análise dos estudos anteriores sobre este matéria
nomeadamente documentos saídos dos seminários CDI EU-ACP (centre
for development of industry european union – africa carrbbean and pacific) sobre
a mineração de pequena e média escala em África, pesquisa,
desenvolvimento e ambiente dos anos 1999 e 2000; resultados dos
inquéritos conduzidos pela Direcção Nacional de Minas em 1999 em
Morrupula, estudo realizado pela MMSD-SA em 2001 sobre a mineração
artesanal a nível da África Austral incluindo Moçambique no contexto do alívio da
pobreza, estudo de Dondeyne e outros (2008) no documento
intitulado “Artisanal mining in Central Mozambique: Policy and environment
issues of concern”, estudo de Manuel e outros (1999) “Exploração artesanal do
ouro no distrito de Manica: degradação ambiental versus desenvolvimento” e
resultados da cimeira mundial sobre a mineração; de pequena
escala (CASM) de 2009, bem como a revisão de literatura internacional
sobre o assunto;

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4. O que são recursos minerais?
Qualquer substância sólida, líquida ou gasosa formada na crusta terrestre por fenómenos
geológicos ou a ele ligados.
Quais são os tipos de minerais existentes no país e onde ocorrem
Os trabalhos de prospecção e Pesquisa resultaram na identificação de:

 Em Niassa – Potencial de Carvão no distrito de Lago e cobre;


 Em Cabo Delgado – Ruby em Montepuez, grandes depósitos de grafite associado ao
vanádio, em Balama e Ancuabe, depósitos de Gás e petróleo em Palma e Mocímboa,
mármore;
 Em Nampula - Ocorrência de metais básicos (cobre, Níquel e zinco) associados ao
ouro, vanádio e prata em Monapo e Murrupula; Areias Pesadas em Moma e Angoche;
fosfato, água mineral, ferro e calcário;
 Na Zambézia – Areias pesadas no Distrito de Pebane e Chinde, Pedras preciosas,
tantalite no Distrito do Ile e Alto Molócue, água mineral.
 Em Tete - grande potencial de carvão nos distritos de Moatize, Changara, Mutarara,
Marávia e Zumbo; Identificada a ocorrência de metais básicos (cobre, Níquel e zinco)
associados ao ouro, vanádio e prata em Chíduè e Fíngoè, mineralizações de Ferro,
Vanádio e Titânio no distrito de Chiúta em Moatize; grafite e fosfato.
 Em Manica - Ouro, Cobre, Níquel, Bauxite e Água mineral;
 Em Sofala – fosfato, Calcário, em pesquisa gás/petróleo;
 Em Inhambane – gás natural em Pande e Temane, no Distrito de Inhassoro, Areias
pesadas no Distrito de Jangamo e Calcário;
 Em Gaza – Areias Pesadas no Distrito de Chibuto e Xai-Xai;
 Em Maputo – Calcário, Água Mineral.
Observação: Em quase todo o país há ocorrência de material de construção com maior
incidência na província de Maputo. (segundo gov, 2009)

5. Quem pode comercializar os recursos minerais?


A comercialização de minerais pode ser feita por qualquer pessoa singular de nacionalidade
moçambicana ou pessoa colectiva constituída por nacionais e legalmente registadas em
Moçambique.

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Quais os benefícios da exploração dos recursos minerais;
Os benefícios da exploração de Recursos minerais são vários,
A exploração de recursos minerais proporciona receitas para o Estado resultantes de taxas e
impostos cobrados como, (imposto de Superfície, imposto de produção (royalty); Criação de
emprego, implantação de infra-estruturas (transporte, energia eléctrica, estradas);
Implementação de projectos de carácter social no âmbito da responsabilidade corporativa das
empresas; Contratação de serviços locais;
Proporciona o desenvolvimento de outras actividades económicas complementares como
(hotelaria, comercio, transportes públicos, agricultura, pecuária etc); projectos satélites
(cimento, coque, alumínio, ferroligas)
Oferece oportunidade para a implantação de infra-estrutura de suporte variada como centrais
eléctricas, linha de Sena, porto da Beira, corredor de Nacala Com a descoberta de recursos
minerais cerca de 4.000 moçambicanos seão formados dentro e fora do país em cursos
médios e superiores e outros estão a ser formados em escolas técnicas profissionais como
(operadores de minas, electr. Industrial, mecânica industrial, operador de planta de
processamento, etc.);
A exploração de recursos minerais proporciona emprego aos moçambicanos e actualmente
cerca de 20.000 nacionais, com maior incidência aos moçambicanos das zonas onde são
desenvolvidos os projectos.
O País aumentou a sua rede de infraestruturas sociais como hospitais, escolas e abastecimento
de água. (segundo gov, 2009)

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6. Quais são as fases para a exploração de recursos minerais?

6.1. Exploração Mineira


a) Prospecção e Pesquisa;
Esta fase pode durar entre 5 a 10 anos – é a fase inicial onde começa com trabalhos de
gabinete, estudos técnicos (aerogeofísicos, magnéticos, etc.); realização de furos de
sondagem; determinação das reservas (quantidade e qualidade do minério).

b) Fase de desenvolvimento/implantação;
Mobilização e montagem de todo o equipamento para extracção e processamento

c) Fase de Operação e Gestão;


É nesta fase que inicia a operacionalização do projecto, que compreende a produção ou
extracção dos minerais para venda;

Fases de Exploração do gás e petróleo


O ciclo de vida do projecto de exploração de petróleo e gás pode ser dividido em quatro fases
básicas, nomeadamente:
1.1. Pré-oferta: Quando uma empresa prepara-se para decidir se deve adquirir ou não uma
concessão ou outro interesse numa nova área, normalmente conduz uma série de
identificações preliminares de alto nível e avaliações de possíveis riscos comerciais,
ambientais e sociais;

1.2. Pesquisa e Exploração: Após uma empresa ter adquirido uma concessão, a etapa
seguinte é a exploração da área de concessão para conhecer a subsuperfície. A pesquisa
sísmica e, se justificável, a perfuração exploratória são conduzidas com o objectivo de
comprovar ou não a presença de quantidades de hidrocarbonetos comercialmente viáveis.

O risco é muito grande quando a área não é bem conhecida, como ocorre, ou ocorria, na
maior parte das Bacias Sedimentares em Moçambique. O custo é muito alto, dados os
investimentos necessários especialmente em levantamentos sísmicos, sua interpretação e
perfuração.

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O direito de pesquisa é atribuído, em regime de exclusividade, por um prazo máximo de 8
anos (pode ser subdividido até 3 sub-períodos).Neste período a concessionária tem
obrigações mínimas de trabalho a serem executados durante os primeiros 8 anos (pesquisa de
dados sísmicos, interpretação de dados sísmicos e perfuração de poços).

Advindo o termo final, sem que haja descoberta, o operador deve devolver ao Estado a área
sobre a qual desenvolveu a exploração. Note-se que também neste caso o Estado obtém
ganho: todas as informações sobre o subsolo (dados geológicos) obtidas pela empresa são
repassadas ao Estado, o que faz com que a área venha a ter um valor muito maior do que
valia no início da sua exploração.

As actividades de prospecção, exploração, desenvolvimento e produção de petróleo são


exercidas mediante concessão resultante de concurso publico, negociação simultânea ou
negociação directa.

1.4. Periodo de Desenvolvimento e Produção: Se a etapa de pesquisa e exploração revelar a


presença de quantidades de hidrocarbonetos comerciavelmente viáveis, o Operador pode
decidir desenvolver esse campo, através da Declaração de Comercialidade do reservatório de
óleo/gás encontrado. Dentro de um prazo não superior a 2 anos a contar da data de
Declaração de Comercialidade, o operador deve elaborar um.Plano de Desenvolvimento e
programar o desenvolvimento e produção dos respectivos depósitos de petróleo.

As actividades de desenvolvimento incluem a perfuração de poços de produção e a


construção de instalações, como gasodutos e terminais, para processar,transportar e
comercializar os hidrocarbonetos.

O período de desenvolvimento e produção é de 30 anos, podendo ser prorrogado por efeitos


de força maior.

1.5. Desmobilização: Quando a vida comercial do campo chega ao fim, com antecidência
mínima de dois anos relactivamente à data prevista para o término das operações de
produção, o operador deverá elaborar um plano detalhado de desmobilização que pode
envolver a remoção de instalações e a restauração de sítios do projecto ou outras medidas
apropriadas ao próximo uso planejado para o sítio.

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O A mineração artesanal, como o nome sugere, é a extracção de minerais usando
instrumentos artesanais, como pás e picaretas
O que é Iniciativa de Transparência na Indústria Extractiva?
A ITIE é uma iniciativa de carácter voluntário e visa melhorar a governação nos países ricos
em recursos extractivos através de verificação e publicação dos pagamentos das empresas e
receitas colectadas pelo Governo nos sectores de petróleo, gás e mineração
(info@mirem.gov.mz, 2009).

7. Aspectos Socio-económicos
A mineração artesanal informal em Manica nunca foi material de tratamento estatístico
em termos de saber o número das pessoas envolvidas, características sócio demográficas
dessas pessoas, dos rendimentos e custos de produção na cadeia do valor
e da contribuição desta actividade para as economias locais e da província. ( Geoide consulte,
2010)

As autoridades governamentais afirmam ser difícil de quantificar os diferentes aspectos


Socio-económicos da indústria de mineração de pequena escala devido a sua natureza
de informalidade, nomadismo, desregulação e desorganização. Ainda assim, existe um
amplo reconhecimento do governo e da sociedade de que a extracção mineira artesanal
e de pequena escala desempenha um papel importante no combate ao desemprego, na
ocupação de jovens com dificuldade de continuar os estudos, no aumento de
rendimentos dos camponeses residentes nas áreas de mineração, e, em última análise,
na redução da pobreza. ( Geoide consulte, 2010)

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7.1. vantagem e desvantagem

Vantagem/ benefícios Desvantagem/ problemas


 Fonte de emprego e auto  Causa problemas ambientais e de
emprego; saúde pública graves;
 Fonte de rendimento  É uma actividade de difícil
complementar das famílias controlo por parte do Estado
camponesas; devido ao seu carácter informal
 Desincentiva a migração rural – desregulado e migratório;
urbana da população das áreas  Não presta nenhuma contribuição
mineiras; fiscal;
 Promove o melhoramento das  Condições precárias de trabalho,
condições habitacionais, de segurança mineira e tecnológicas
transporte e de aquisição de bens de exploração mineira;
industriais por parte dos  Fomenta a imigração de
mineradores; estrangeiros e de práticas ilícitas
 Fonte de ocupação de jovens de enriquecimento;
impossibilitados de continuar os  Ausência de formação e
estudos; treinamento dos mineiros
 Em última análise contribui para artesanais;
a redução da pobreza rural  Ausência de organização dos
mineiros em associações,
organizações comunitárias ou em
pequenas empresas;

Durante o presente estudo procurou-se reunir as características sócio-demográficas da


população envolvida na mineração artesanal pela extracção baseada nos dados de
trabalho feitos. Assim, estima-se que o número de pessoas envolvidas na actividade
de mineração artesanal no distrito de Manica é de cerca de 3000 pessoas.

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Esta estimativa, resulta do facto de quase todos os residentes de uma determinada área
de mineração participarem na actividade de extracção de ouro ou pedras preciosas e
semi-preciosas.

8. OS PEQUENOS PRODUTORES ARTESANAL


Os pequenos produtores artesanais normalmente enfrentam problemas financeiros para
adquirirem os equipamentos necessários e recorrem ao aluguer de meios de produtores.
Neste contexto surgem os pequenos empreendedores de aluguer de equipamentos
funcionado como pequenas empresas de “out-sourcing”. Em terceiro lugar, estão
mulheres e crianças que realizam actividades e que igualmente são pagos pelo
minerador artesanal. Em quarto e último, está o comprador que, na falta de regulação
do mercado, impõe o preço de compra de ouro ou pedras preciosas e semi-preciosas,
principalmente quando o minerador artesanal precisa de vender o mais rapidamente
possível. Todos estes intervenientes reduzem ou mesmo inviabilizam os rendimentos
do produtor.

9. Cadeia de valores na mineração


Reconhecimento – Pesquisa – Extracção – Processamento – Beneficiação – Venda:

A mineração artesanal e de pequena escala apresenta uma cadeia de valores de acordo


com as especificidades da actividade. É praticada incentivada pelo tipo de mineral com
fácil acesso e colocação o mercado (exemplo o ouro, pedras preciosas e semi-preciosas),
descobertas espontâneas e tradição histórica de mineração na região.

Reconhecimento: na mineração artesanal a fase de reconhecimento não existe, pois, esta


fase investe-se ao mais alto risco.

Preparação e pesquisa: esta fase, também não existe para a mineração artesanal. Na
mineração de pequena escala pode acontecer alguma pesquisa mas muito limitada.

Extracção do minério: esta tem sido predominantemente a primeira etapa na cadeia de


valores de mineração artesanal e de pequena escala. Para o ouro primário, ouro
aluvionario e pedras preciosas. Esta fase é crucial.

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Venda: o ouro primário é vendido depois da libertação do mercúrio, do amalgam. O
ouro aluvionar é vendido logo depois da selecção por processos gravitacionais. As
pedras preciosas e semi-preciosas são vendidas depois do sorteamento de qualidade.

10. Principais problemas ambientais e de saúde

(segundo Dodeyne S., Ndunguru E, 2008) Os resultados da mineração a céu aberto, dada a
remoção da terra ou capeamento, tem como consequências negativas como exemplo, a
desflorestação, erosão dos solos, doenças pulmonares, poluição das águas, provocando a
extinção de animais de pequena espécie nas zonas de mineração, problemas de
empobrecimento dos solos para agricultura, estagnação da água nas minas abandonas criando
condições de para doenças como malária, diarreias.

Os principais problemas ambientais constatados são:


 Poluição das águas dos rios, especialmente Revue, Zambúzi, Chua,
Namucuarara, Madzi, Punguè e Cairedzi;
 Assoreamento dos rios e riachos;
 Erosão das terras, principalmente as zonas montanhosas;
 Degradação das terras para agricultura na medida em que a maioria das
minas se localizam nas propriedades agrárias;
 Existência de grandes fendas e buracos, uma vez que os mineradores
artesanais não fazem aterro das minas abandonadas.

Os problemas acima mencionados já estão afectar a actividade agro-pecuária


(principalmente a agricultura de irrigação), a actividade pesqueira, bem como a fauna e
flora em geral.

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11. Os Projectos de exploração mineira e o seu impacto nas comunidades
À semelhança de toda legislação sobre a exploração dos recursos naturais, a Lei de
Minas prevê benefícios a serem transferidos para o desenvolvimento da comunidade
local, da zona de implementação de projectos de exploração mineira. Contudo, o que a
Lei não clarifica é a percentagem da referida transferência, o que talvez seria definido
em função do tipo de minas e da actividade exploratória.
A legislação sobre os recursos naturais tem, grosso modo, estabelecido um pacote de
benefícios destinados às comunidades locais, transferidos a partir da implementação
dos respectivos projectos. Estes benefícios funcionam como contrapartidas a (os): (i)
danos causados às populações residentes nas áreas de instalação dos projectos, em
consequência da implementação desses mesmos projectos; e, (ii) exploração de recursos
naturais geograficamente localizados onde vivem populações que se organizam em
torno desses recursos ou outros que estejam de certa forma relacionados com os
primeiros.( Manuel I., T Muacanhia, R. Zacarias e Vicente (1999)

Os benefícios ou contrapartidas aqui referidos traduzem‐se em alocação de recursos


materiais provenientes de receitas geradas de impostos aplicados aos operadores
económicos ou investidores ou em vincular os projectos certas responsabilidades
sociais. Se os investimentos acima referidos forem de âmbito mineiro, a legislação
mineira estabelece os benefícios para as populações bem como os mecanismos para esse
efeito. O mais destacado desses benefícios, para além dos previstos nos artigos 15, 18 e
43, é a percentagem deduzida do imposto sobre a produção “destinada aos serviços
locais onde o empreendimento é realizado, com vista a potenciar o desenvolvimento
local” (artigo 28, da Lei n° 14/2002).

Os artigos 15 e 18 obrigam ao titular mineiro a compensar os respectivos titulares pelos


danos causados à terra e propriedades resultantes das operações mineiras.
Relativamente a este aspecto, o Estado pretendendo demonstrar uma actuação menos
interventiva, mais de acordo com a tese do desenvolvimento assente na comunidade,
deixa que a negociação com vista ao acordo sobre a matéria regulada nos artigos em
referência seja levada a cabo pelas empresas e pelas comunidades envolvidas.

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Para o Estado, esta abordagem resulta da tentativa de internalizar e dar resposta à
crítica de que as comunidades não beneficiam da exploração dos recursos locais.

Mas é também uma abordagem coerente com os interesses das empresas, uma vez que
fragmentam o processo de negociação, estruturando em torno delas próprias, com o
enfraquecimento da posição do Estado, o que as permite criar alianças tácticas locais
que vão fortalecer o papel das empresas.

Nos termos do artigo 28, do Regulamento dos Impostos Específicos da Actividade


Mineira, a percentagem das receitas geradas na extracção mineira para o
desenvolvimento das comunidades das áreas onde se localizam os respectivos projectos
mineiros é fixada no Orçamento do Estado.

O que importa saber é se a percentagem a ser canalizada através do orçamento é do


conhecimento da comunidade a que esta se destina e se porventura a percentagem alocada
vem na forma de despesa de investimento numa área social identificada, previamente
acordada entre a administração pública do Estado e a comunidade comunitária. A este
respeito necessitar‐se‐ia de realizar alguma investigação, a partir de alguns estudos de caso.

A administração pública local criou instituições de participação e consulta comunitária.


São instituições que se estendem desde os Distritos até ao Postos Administrativos e
assumem diferentes nomes, mas os mais destacados são os Conselhos Consultivos que
se qualificam em função da sua jurisdição. São distritais se funcionam nos distritos e assim
por diante. Pretende‐se que os Conselhos Consultivos sejam instituições que
permitam envolverem vários grupos sociais, colaborando com as autoridades da
administração local, na busca de soluções para as questões que afectam a vida das
populações, o seu bem-estar e o desenvolvimento sustentável do seu território. (Manuel I., T
Muacanhia, R. Zacarias e Vicente (1999))

12. Mercado
A comercialização de ouro e pedras preciosas e semi-preciosas é dominada por
privados. O estado intervém através do Fundo de Fomento Mineiro. Devido as
diferenças na cadeia de mercado iremos descreve-los separadamente.

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A Lei16/2005 de 24 de Junho regulamenta a comercialização dos produtos mineiros. O
artigo 2 no seu número 3 refere que a comercialização de produtos minerais é permitida
a pessoas singulares e colectivas, titulares de concessão mineira, certificado mineiro e
senha mineira, quando proveniente da sua produção, nos termos da legislação mineira.
As licenças de comercialização estão em 3 classes:
1. Licença de comercialização de Classe I. Este título confere ao titular de a compra
de minerais para seu uso na manufacturação de ourivesaria;
2. Licença de comercialização de Classe II. Confere ao titular o direito de compra de
produtos minerais a produtores artesanais e sua posterior venda a outros
operadores mineiros ou a entidades públicas ou privadas;
3. Licença de comercialização de classe III. Confere ao titular o direito de compra e
venda de produtos minerais incluindo a sua refinação.

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13. Conclusões
O desenvolvimento sustentável e equitativo deve ser um processo de criação de
oportunidades para todos, como base para a melhoria da qualidade de vida da
comunidade. A mineração artesanal e de pequena escala usa os recursos naturais
para satisfazer as necessidades da comunidade hoje. Ela reconhece que a
organização dos mineradores é essencial e deve dispor de meios de alcançar um
desenvolvimento económico dos seus membros, suas famílias e da comunidade
local. (Dodeyne S., Ndunguru E., Rafael P., Bannerman J. (2008))

Os benefícios de mineração artesanal e de pequena escala devem alcançar todos os


membros da organização e seus trabalhadores. A organização deve portanto ter uma
estrutura democrática em que todos têm oportunidade e uma gestão transparente.

A mineração artesanal de ouro e de pedras semi-preciosas na Província de Manica


constitui uma importante fonte de rendimento adicional de numerosas famílias
camponesas. Constitui uma alternativa de emprego para a juventude impossibilitada
de continuar os estudos nos níveis médios e superior. Atrai milhares e milhares de
imigrantes internos e estrangeiros (muitos como ilegais) para regiões mineiras dos
distritos de Manica.

Embora as comunidades reconheçam os efeitos nefastos da mineração, preferem que


esta actividade continue pois contribui para aumento do rendimento familiar.
Muitas famílias possuem bicicletas, motas, casas feitas de blocos e cobertas de
chapas de zinco, graças ao ouro e pedras semi-preciosas.

O uso de crianças na mineração é notória pois para muitos, as crianças devem se


familiarizar e receber ensinamentos dos seus predecessores das principais actividades. O
argumento é que não é só na mineração que as crianças estão envolvidas, mas sim, em todas
as actividades de casa. As mulheres fazem parte uma importante componente na actividade
mineira artesanal. Elas estão envolvidas principalmente na britagem, lavagem de minério e
em actividades adicionais tais como a venda de comida, e outros bens nas zonas de
mineração.( Manuel I., T Muacanhia, R. Zacarias e Vicente (1999)

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14. Referência Bibliográfica
Dodeyne S., Ndunguru E., Rafael P., Bannerman J. (2008), Artisanal Mining in Central
Mozambique: Policy and Environmental issues of concern, Elsevier in Resource Policy
34, 45 – 50.
Manuel I., T Muacanhia, R. Zacarias e Vicente (1999). Exploração artesanal do ouro no
distrito de Manica: Degradação ambiental versus desenvolvimento; congresso de
geoquímica dos PALOPs.
MMSD-Final Report (2002), Breaking new ground (mining minerals and sustainable
development): Earthscan, London and Sterling, VA 441p.
CASM 2009. Background papers, 9th Annual CASM Conference “ASM: An opportunity
for rural development”

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