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Caio Sérgio Calçada • José Luiz Sampaio

FÍSICA
CLÁSSICA

2
TERMOLOGIA,
ÓPTICA E
ONDAS
Caio Sérgio Calçada • José Luiz Sampaio

FÍSICA
CLÁSSICA

2
TERMOLOGIA,
ÓPTICA E
ONDAS
© Caio Sérgio Calçada
José Luiz Sampaio

Copyright desta edição:


SARAIVA S. A. Livreiros Editores, São Paulo, 2012
Rua Henrique Schaumann, 270 – Pinheiros
05413-010 – São Paulo – SP

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Calçada, Caio Sérgio

Física clássica, 2: termologia, óptica e ondas/Caio


Sérgio Calçada, José Luiz Sampaio. — 1. ed. — São Paulo:
Atual, 2012.
Suplementado pelo manual do professor.
Bibliografia.
ISBN 978-85-357-1554-5 (aluno)
ISBN 978-85-357-1555-2 (professor)

1. Física (Ensino médio) I. Sampaio, José Luiz. II. Título.

12-10621 CDD-530.07

Índice para catálogo sistemático:


1. Física : Ensino médio 530.07

Gerente editorial: Lauri Cericato


Editor: José Luiz Carvalho da Cruz
Editores-assistentes: Tomas Masatsugui Hirayama/Solange Martins/
Alexandre Sanchez/Cátia Akisino
Preparação de texto: Solange Martins
Auxiliares de serviços editoriais: Rafael Rabaçallo Ramos/Eduardo Oliveira Guaitoli/
Guilherme Gaspar/Daniella Haidar Pacifico/Margarete Aparecida de Lima
Digitação e cotejo de originais: Elgo W. P. de Mello/Rosana de Angelo/Vania Maria Biasi/
Guilherme Gaspar/Eliana Akisino/Elillyane Kaori Kamimura/Kendy Baglioni Haibara
Coordenadora de iconografia: Cristina Akisino
Pesquisa iconográfica: Enio Lopes
Revisão: Pedro Cunha Jr. e Lilian Semenichin (coords.)/Luciana Azevedo/Maura Loria/
Eduardo Sigrist/Elza Gasparotto/Aline Araújo/Patricia Cordeiro/Rhennan Santos
Gerente de arte: Nair de Medeiros Barbosa
Assessoria de arte: Maria Paula Santo Siqueira
Assistente de produção e arte: Grace Alves
Projeto gráfico e capa: Ulhôa Cintra Comunicação Visual
Ilustrações: Luiz Augusto Ribeiro/Zapt
Diagramação: Zapt Editora Ltda.
Coordenação de editoração eletrônica: Silvia Regina E. Almeida

Produção gráfica: Robson Cacau Alves


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O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra está sendo utilizado para fins didáticos, não
representando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte dos autores e da editora.
Apresenta•‹o

Apresentamos a nova edição da obra Física Clássica, destinada a alunos do ensino médio. Em relação
às edições anteriores, esta apresenta algumas alterações.
Em primeiro lugar, os cinco volumes da coleção foram totalmente revisados e redimensionados para
esta NOVA VERSÃO em três volumes, respondendo a um pedido dos professores adotantes. Com isso
pretende-se acompanhar a seriação habitual do ensino médio de três anos, facilitando o trabalho cotidiano
de alunos e professores. Para evitar que assuntos e exercícios importantes fossem excluídos, cada volume
é acompanhado de um CD-ROM contendo complementos de teoria, leituras e exercícios complementares.
Em segundo lugar, foi acrescentado o assunto Física Moderna, que está sendo exigido em vários ves-
tibulares de todo o país.
Em terceiro lugar, o assunto Análise Dimensional foi dividido ao longo dos três volumes, já a partir do
capítulo 1 do volume 1. No segundo volume, há um apêndice mostrando como a Análise Dimensional pode
ser usada para prever fórmulas.
Em quarto lugar, foram acrescentados vários itens e leituras sobre:
• aplicações tecnológicas;
• análise de fenômenos naturais;
• descrições de experimentos fundamentais;
• história da Física.
Finalmente, quase todos os capítulos foram reformulados, muitos tipos de exercícios foram acrescenta-
dos, os exercícios de vestibulares foram atualizados e questões do Enem foram incluídas (Exame Nacional
do Ensino Médio).
As características básicas da obra Física Clássica foram mantidas, entre as quais podemos citar:
• a obra é completa e abrange todo o conteúdo do ensino médio;
• a teoria é bastante detalhada e aprofundada;
• a linguagem é simples, sem perder o rigor;
• há um grande número de exercícios resolvidos e propostos que se dividem em: exercícios de aplicação,
exercícios de reforço e exercícios de aprofundamento;
• em cada capítulo há várias séries de exercícios de aplicação e de reforço; todavia, os exercícios de apro-
fundamento formam uma série que é apresentada no final do capítulo;
• em cada volume, além do sumário geral, organizamos um índice remissivo ao final.
A distribuição dos assuntos pelos três volumes (incluindo os CDs) é a seguinte:
• Volume 1: Mecânica (incluindo Fluidomecânica e Gravitação);
• Volume 2: Termologia, Óptica e Ondas;
• Volume 3: Eletricidade e Física Moderna.

Sugestões e críticas a respeito desta obra serão bem-vindas e podem ser enviadas diretamente à Editora.

Os autores

3
Conheça sua obra

Antes de começar o estudo, vamos apresentar a


coleção a você. Ela compreende três volumes, sendo a
estrutura de cada livro composta por: partes, capítulos,
exemplos e exercícios.

A ABERTURA sinaliza, por meio do título


em destaque, o assunto tratado no capítulo.
À direita, um pequeno SUMÁRIO apresenta os
tópicos abordados no capítulo.

O texto procura elucidar todos os pontos


conceituais com clareza e profundidade. A linguagem
rigorosa do ponto de vista físico utiliza inúmeros
EXEMPLOS, visando facilitar a compreensão do aluno.

4
O boxe OBSERVAÇÃO orienta
e traz dicas. Nos espaços laterais
destacam-se elementos GRÁFICOS e
variadas ILUSTRAÇÕES, cuja principal
função é enriquecer, explicar e
contextualizar conceitos e fenômenos
descritos pelos autores.

A obra é rica em qualidade


e quantidade de EXERCÍCIOS,
divididos em três grupos:
Aplicação, Reforço e
Aprofundamento. Para cada
grupo de exercícios propostos
há pelo menos um exercício
resolvido.

5
O boxe LEITURA traz detalhes sobre
inovação tecnológica, biografia de
personalidades e história da Física.

O boxe PROCURE NO CD orienta para a


leitura de novos textos e a proposta de exercícios
complementares selecionados especialmente para
alunos que já adquiriram alguma autonomia no
estudo da Física e que desejam novos desafios.

Ao final de alguns capítulos, o boxe


SUGESTÕES DE LEITURA auxilia aqueles que
tenham interesse em se aprofundar no tema.
As indicações podem ser encontradas em
bibliotecas ou livrarias.

6
Sumário

PARTE 1
8. Dilatação aparente....................................................... 44
TERMOLOGIA Correção da leitura ...................................................... 45

CAPÍTULO 1
Demonstração da igualdade 2 ...................................... 46
Termometria
9. Comportamento anômalo da água ................................ 48
1. Noção de estado térmico ...............................................12
2. Noção de temperatura...................................................13
Unidade de temperatura ................................................14 CAPÍTULO 3 Calorimetria
3. Equação termométrica ..................................................14 1. O que é calor ............................................................... 53
4. Equilíbrio térmico..........................................................14 2. Energia térmica, calor e diferença de temperatura........... 54
Lei Zero da Termodinâmica .............................................15 Calor......................................................................... 54
5. O termômetro e as escalas termométricas .......................16 Energia térmica ........................................................... 54
As escalas usuais ..........................................................17 A diferença de temperatura ........................................... 55
O termômetro de mercúrio..............................................17 Unidade da quantidade de calor ..................................... 55
Graduação de um termômetro de mercúrio ........................17 3. Aquecimento de um corpo ............................................ 56
6. As escalas relativas usuais .............................................18 4. Cálculo da quantidade de calor sem
A escala Celsius............................................................18
mudança de fase ......................................................... 57
A escala Fahrenheit .......................................................19
Capacidade térmica ..................................................... 57
Relação entre a escala Celsius e a escala Fahrenheit ............19
Variação de temperatura ............................................... 20 Calor específico ........................................................... 57
Quantidade de calor (aquecimento ou resfriamento) ........... 58
7. Kelvin: escala absoluta de temperatura ......................... 20
Calor específico molar .................................................. 59
O zero absoluto ............................................................21
Potência térmica da fonte de calor .................................. 60
A escala Kelvin .............................................................21
5. Trocas de calor ............................................................ 63
8. Termômetro a gás com volume constante .......................24
Balanço energético. Princípio das trocas de calor................ 64
Gráfico de calibração do termômetro ............................... 25
1°. ponto fixo: PG ...................................................... 25 6. Mudança de estado ..................................................... 68
2°. ponto fixo: PV ...................................................... 25 Nomenclatura de mudança de fase.................................. 68
A temperatura mínima: zero absoluto .............................. 25 Calor de transformação................................................. 68
Cálculo da quantidade de calor na mudança de estado........ 69

CAPÍTULO 2
7. Leis da mudança de estado de agregação ...................... 70
Dilatação térmica
1. Considerações preliminares........................................... 27
2. Dilatação linear dos sólidos .......................................... 27 CAPÍTULO 4 Mudanças de estado
Unidade do coeficiente de dilatação linear ........................ 28 1. Os estados de agregação da matéria ............................. 76
Tabela do coeficiente de dilatação linear .......................... 28 2. Diagrama de fases ....................................................... 77
Cálculo do comprimento final ......................................... 29
Ponto triplo ................................................................ 78
A dilatação pode afetar medidas de comprimento .............. 29
Como usar o diagrama de fase ....................................... 78
3. Dilatação superficial dos sólidos .................................... 34
3. Transição sólido ← → líquido ............................................81
4. Dilatação volumétrica ou cúbica dos sólidos ................... 36 Substâncias que se expandem na fusão .............................81
Cavidades .................................................................. 37 Substâncias que se contraem na fusão ..............................81
5. Dilatação dos sólidos anisótropos .................................. 38 Regelo....................................................................... 82
6. Variação da densidade com a temperatura ..................... 39 Experimento de Tyndall ................................................. 83
7. Dilatação térmica dos líquidos........................................41 4. Sobrefusão .................................................................. 83

7
5. Transição líquido ← → vapor ............................................ 86 CAPÍTULO 7 As leis da Termodinâmica
Ponto crítico (C) .......................................................... 86 1. Trabalho numa transformação gasosa...........................147
Gás e vapor ................................................................ 86 2. Energia interna de um gás ideal ................................... 147
6. Influência da pressão na temperatura 3. Primeira Lei da Termodinâmica .................................... 151
de ebulição ................................................................. 87 4. Transformação isotérmica ............................................153
O superaquecimento .................................................... 88
5. Transformação isocórica .............................................. 155
7. Evaporação ................................................................. 88 Calor específico a volume constante ............................... 155
Umidade relativa do ar.................................................. 89 Calor molar a volume constante..................................... 155
8. Pressão de vapor ......................................................... 89 Calor molar de um gás monoatômico .............................. 155
9. Transição sólido ←
→ vapor ............................................. 90 6. Transformação isobárica .............................................. 157
Expansão isobárica ..................................................... 157

CAPÍTULO 5
Contração isobárica .................................................... 157
Transmissão de calor Calor específico a pressão constante ..............................158
1. Transmissão de calor por condução ............................... 98 7. Relação entre CV e CP ..................................................158
Lei de Fourier .............................................................. 99 Relação de Mayer .......................................................158
2. Transmissão de calor por convecção .............................103 8. A Lei de Joule e o calor molar.......................................164
Brisas marítimas .........................................................104
9. Transformação adiabática............................................164
Inversão térmica .........................................................105
Expansão adiabática ...................................................165
3. Transmissão de calor por irradiação ..............................106 Compressão adiabática ................................................165
4. Leis da irradiação........................................................108 Diagrama de uma transformação adiabática.....................165
5. Algumas aplicações das leis da irradiação .....................109 Equação de Poisson ....................................................165
O paradoxo da túnica negra .......................................... 110 10. Transformação cíclica ..................................................167
Conforto térmico em um recinto .................................... 110 Ciclos horários e anti-horários .......................................167
Termogramas e dispositivos automáticos ......................... 110
11. Máquinas térmicas...................................................... 170
Estufas ..................................................................... 111
Máquina a vapor ........................................................ 171
O aquecimento solar ................................................... 111
Motor a explosão ....................................................... 172
A garrafa térmica........................................................ 112
Máquinas térmicas e poluição ....................................... 173
6. Balanço energético da Terra......................................... 112
12. O Ciclo de Carnot........................................................ 174
Aquecimento global .................................................... 113
13. Refrigeradores, condicionadores de ar e
bombas de calor .........................................................177
CAPÍTULO 6 Lei dos Gases Ideais Bombas de calor......................................................... 178
1. O mol e a massa molar ................................................ 118 Bombas de calor versus aquecedor elétrico ......................178
O mol ....................................................................... 119 Coeficiente de desempenho ..........................................179
Massa molar .............................................................. 119 Refrigeradores e bombas de Carnot ................................180
2. O gás ideal .................................................................122 O mecanismo de um refrigerador ...................................180
3. A Lei de Boyle.............................................................122 14. A Segunda Lei da Termodinâmica .................................182
Irreversibilidade e desordem .........................................182
4. As Leis de Charles/Gay-Lussac ......................................123
Entropia....................................................................184
Transformação isobárica .............................................. 124
A morte térmica .........................................................184
Transformação isocórica ............................................... 124
5. Lei Geral dos Gases Ideais ........................................... 125
PARTE 2 ÓPTICA
6. Equação de Clapeyron .................................................129
Unidades de R............................................................130 CAPÍTULO 8 Os princípios da Óptica
Estado normal e volume molar de um gás ........................130
Geométrica
7. Densidade de um gás ideal ..........................................130
1. Raios de luz e feixes de luz ..........................................188
8. Teoria cinética dos gases .............................................136
2. Fontes de luz ..............................................................189
Velocidade média e velocidade quadrática média ..............136
Velocidade da luz .......................................................189
Energia cinética de um gás ideal .................................... 137
Ano-luz ....................................................................189
Energias cinéticas de translação e rotação .......................139
Distribuição das velocidades das moléculas ......................139
3. Classificação dos meios ...............................................190
Os gases da atmosfera terrestre .....................................140 4. Fenômenos da Óptica Geométrica ................................ 191
O movimento browniano ..............................................140 5. A cor de um corpo ......................................................192
Livre caminho médio ................................................... 141 A cor do céu ..............................................................192

8
6. Princípios da Óptica Geométrica ...................................195 Distância focal ........................................................... 251
Princípio da propagação retilínea ...................................195 Aumento linear transversal ...........................................252
Princípio da independência dos raios de luz......................196 Equação do aumento linear transversal ...........................252
A reversibilidade da luz ................................................196 Equação dos espelhos esféricos (equação de Gauss) ..........252
7. Sombra, penumbra e eclipses .......................................197 12. Associação de dois espelhos ........................................258
8. As fases da Lua...........................................................198
9. Câmara escura de orifício ............................................199
CAPÍTULO 11 Refração da luz
10. Ângulo visual .............................................................199
1. Refração da luz ...........................................................263
2. Índice de refração absoluto ..........................................263
CAPÍTULO 9 Reflexão da luz 3. Índice de refração relativo ...........................................265
1. Leis da reflexão ..........................................................206 Relação entre a velocidade da luz e o índice de refração .....265
Ângulo de incidência e ângulo de reflexão .......................207 Refringência de um meio ..............................................265
Leis da Reflexão .........................................................207 Dioptro .....................................................................265
Continuidade óptica ....................................................266
2. Imagem de um objeto puntiforme ................................ 212
Formação da imagem .................................................. 212 4. Leis da refração ..........................................................268
Sistema óptico estigmático ........................................... 212 1.a lei da refração .....................................................268
2.a lei da refração: Lei de Snell-Descartes ......................268
3. Campo visual de um sistema formado por um
5. Dispersão da luz .........................................................273
observador e um espelho plano .................................... 213
6. Reflexão total .............................................................275
4. Imagem de um objeto extenso ..................................... 216
Limite do ângulo de incidência ......................................275
5. Translação do espelho plano ........................................ 219 Limite do ângulo de refração.........................................275
A velocidade na translação ...........................................220
Reflexão total ............................................................275
6. Translação de um objeto .............................................220 7. Refração atmosférica. Posição aparente dos astros ........279
A velocidade da imagem ..............................................221
8. Miragens ...................................................................280
Translação do espelho e do objeto simultaneamente ..........221
9. Arco-íris .....................................................................280
7. Rotação de um espelho plano ......................................225
Deslocamento angular da imagem .................................226 10. Dioptro plano .............................................................282
Velocidade angular da imagem ......................................226 Formação de imagens..................................................282
Demonstração ........................................................283
8. Associação de espelhos planos .....................................228
Espelhos paralelos ......................................................230 11. Lâmina de faces paralelas ............................................286
Determinação do desvio lateral d ...................................287
12. Prisma óptico .............................................................290
CAPÍTULO 10 Espelhos esféricos Usando a Lei de Snell-Descartes ....................................291
1. Construção dos espelhos esféricos ................................235 O desvio angular do raio incidente .................................291
2. Elementos geométricos ...............................................235 O desvio angular mínimo ..............................................291
Representações do espelho esférico................................236 13. Prismas de reflexão total .............................................292
3. Incidência e reflexão da luz ..........................................236

CAPÍTULO 12
4. Formação de imagens .................................................237
Lentes esféricas
5. Cáustica de reflexão ....................................................237
1. Introdução .................................................................299
6. Espelho esférico astigmático e estigmático – espelho
2. Nomenclatura.............................................................300
esférico de Gauss ........................................................238
3. Comportamento óptico das lentes esféricas delgadas .....301
Condições de estigmatismo de Gauss .............................238
As lentes delgadas ......................................................301
Representação dos espelhos esféricos de Gauss ................238
4. Centro óptico de uma lente delgada .............................304
7. Foco de um espelho esférico de Gauss ..........................239
Focos secundários.......................................................239 5. Focos de uma lente esférica delgada.............................305
A posição do foco principal e do plano focal.....................240 O foco da lente convergente .........................................305
Os focos da lente divergente .........................................305
8. Resumo das propriedades dos espelhos esféricos
Distância focal ........................................................306
de Gauss ....................................................................240 Os pontos antiprincipais ...............................................306
9. Determinação gráfica de imagens puntiformes ..............242 6. Resumo das propriedades geométricas .........................306
10. Determinação gráfica da imagem de pequenos 7. Determinação de imagens ...........................................307
objetos frontais ..........................................................244 Determinação da imagem de um objeto puntiforme ...........307
11. Estudo analítico. O referencial de Gauss ........................250 Determinação da imagem de um pequeno objeto extenso ...307

9
8. Focos secundários de uma lente delgada....................... 312 5. Lunetas e telescópios ..................................................359
Aplicação do foco secundário ........................................ 314 Um pouco de sua história .............................................359
9. Estudo analítico das imagens nas lentes........................ 317 Lunetas ....................................................................359
O referencial de Gauss ................................................. 317 Como é o esquema de formação de imagem de uma luneta ou
Lentes convergentes .................................................... 318 de um telescópio? .......................................................360
Lentes divergentes ...................................................... 318 Os telescópios de reflexão ............................................361
Vergência da lente ...................................................... 319 6. Os binóculos...............................................................363
Aumento linear transversal ........................................... 319 7. A máquina fotográfica.................................................364
Equação do aumento linear transversal ........................... 319 A máquina fotográfica digital ........................................364
Equação das lentes delgadas (equação de Gauss) .............. 319 Uma analogia com o olho humano .................................364
10. Equação dos fabricantes de lentes ................................325 8. Os projetores de imagens ............................................365
Lentes de bordas finas .................................................325
Lentes de bordas espessas ............................................325
Lentes imersas em meio menos refringente que o
PARTE 3 ONDAS
seu material (n1 < n2) ..................................................326 CAPÍTULO 15 Movimento harmônico
Lentes imersas em meio mais refringente que o seu
simples
material (n1 > n2) .......................................................326
1. Oscilações ..................................................................369
11. Associação de lentes ...................................................328
Oscilações periódicas ..................................................369
12. Lentes justapostas ......................................................329
2. Oscilador bloco-mola ..................................................370
13. Associação de lentes com espelhos...............................330 Energia do oscilador bloco-mola ....................................372
3. Movimento harmônico simples retilíneo ........................372
CAPÍTULO 13 Óptica da visão Oscilador bloco-mola na vertical ....................................373
Corpo flutuante .......................................................... 374
1. O globo ocular humano ...............................................337
4. Movimento harmônico simples angular ......................... 374
O caminho da luz........................................................338
A retina ....................................................................338 5. Pêndulo simples..........................................................380
O pêndulo simples e a massa inercial ..............................382
2. Características da imagem ...........................................339
6. Ressonância ...............................................................383
3. Acomodação visual .....................................................339
Como ocorre a acomodação visual .................................340 7. Relação entre o MHS e o MCU .....................................386
O ajuste fino da imagem ..............................................340 Abscissa de P’ em função de θ ......................................387
Velocidade escalar de P’ em função de θ .........................387
4. Ponto remoto e ponto próximo.....................................340
Aceleração escalar de P’ em função de θ .........................388
Primeiro caso .............................................................340
Relação entre a abscissa e a aceleração de P’ ...................388
Segundo caso ............................................................341
8. Equações horárias do MHS ..........................................389
5. Amplitude de acomodação ..........................................341
9. Gráficos do MHS .........................................................394
6. Ametropias do olho.....................................................345
Gráfico de v em função de x..........................................394
Miopia .....................................................................345
Hipermetropia ............................................................346 10. Movimento harmônico amortecido ...............................395
Presbiopia (“vista cansada”) .........................................346
7. Lente corretiva da miopia ............................................347 CAPÍTULO 16 Ondas
8. Lente corretiva da hipermetropia ..................................347 1. Ondas mecânicas ........................................................403
9. Outras anomalias da visão ...........................................350 Pulso e trem de ondas .................................................404
Astigmatismo ............................................................350 Ondas transversais e longitudinais .................................405
Estrabismo ................................................................350 Ondas superficiais.......................................................405
Daltonismo ................................................................350 Ondas sísmicas...........................................................406
10. Persistência retiniana .................................................. 351 2. Ondas periódicas unidimensionais transversais ..............407
Gráficos da elongação .................................................409

CAPÍTULO 14
3. Ondas periódicas unidimensionais longitudinais ............409
Instrumentos ópticos
4. O som ........................................................................ 412
1. Ângulo visual .............................................................353
Timbre de um som ...................................................... 413
2. Tipos de instrumentos ópticos ......................................354 Altura de um som ....................................................... 414
3. A lupa........................................................................354 5. Os sons da música ocidental ........................................ 415
Aumento visual ..........................................................355 Intervalo musical ........................................................ 416
4. O microscópio composto .............................................357 Designação das notas .................................................. 417

10
A afinação temperada ................................................. 417 Índice de refração .......................................................472
As frequências das notas.............................................. 418 Leis da refração ..........................................................472
Tom e meio-tom ......................................................... 419 Refração de uma onda reta...........................................472
Origem dos nomes das notas ........................................ 419 Refração de uma onda circular ......................................473
6. Ondas periódicas bidimensionais e tridimensionais ........422 Refrações sucessivas ................................................... 474
Superfície e linha de onda ............................................422 Limitações das leis da reflexão e refração ........................475
Raio de onda .............................................................424
Inversão de fase na reflexão..........................................476
Amplitude de uma onda não reta e não plana ..................424
5. Difração e espalhamento .............................................481
7. Velocidade das ondas mecânicas ..................................425
Onda transversal em um fio esticado ..............................426 Espalhamento ............................................................482
Ondas superficiais em líquidos.......................................427 6. O Princípio de Huygens................................................483
Velocidade do som nos gases ........................................427 7. Polarização ................................................................484
8. Ondas eletromagnéticas ..............................................432 Polarização por reflexão ...............................................486
Cor da luz e cor de um corpo ........................................434 Cinema em 3D ...........................................................486
9. Intensidade de uma onda ............................................436 8. Refletância e transmitância da luz ................................489
Intensidade de uma onda num ponto ..............................437
1ª. possibilidade: Passagem do ar para o vidro ...................490
Intensidade de uma onda esférica ..................................437
2ª. possibilidade: Passagem do vidro para o ar...................491
Constante solar ..........................................................437
Intensidade sobre uma superfície ...................................438 9. Interferência ...............................................................492
Estações do ano .........................................................438 10. Ondas estacionárias em fios.........................................494
Relação entre intensidade e amplitude ............................439
11. Tubos sonoros ............................................................497
Amplitude de uma onda esférica ....................................439
Tubo aberto...............................................................497
10. Nível sonoro ...............................................................442
Tubo fechado .............................................................498
O decibel ..................................................................443
Timbre e harmônicos ...................................................499
Sensibilidade auditiva ..................................................443
11. Efeito Doppler ............................................................445 12. Interferência em duas dimensões..................................502
Fonte parada e observador em movimento...................... 446 Interferência de fontes em fase ......................................502
Observador parado e fonte em movimento ..................... 448 Interferência construtiva ...........................................502
Fonte e observador em movimento.................................450 Interferência destrutiva.............................................503
Efeito Doppler com ondas não sonoras............................ 451 Interferência de fontes em oposição de fase .....................504
Cálculo aproximado de f0 ............................................. 451
13. Batimentos.................................................................504
Medida de velocidade..................................................452
Velocidades fora da reta FO ..........................................454 14. Interferência da luz .....................................................507
Quando o meio tem movimento .....................................454 15. Interferência da luz em películas finas........................... 510
Os casos vO > v e vF > v ...............................................454 Observador O1 ........................................................... 511
12. Ondas de choque ........................................................460 Observador O2 ........................................................... 512
Número de Mach ........................................................461 A iridescência ............................................................ 512
Rastos de barcos ........................................................461 A influência da espessura da lâmina ............................... 512
Revestimento antirreflexivo........................................... 513
CAPÍTULO 17 Algumas propriedades
das ondas Apêndice Análise dimensional e
1. Reflexão e transmissão de ondas ..................................465 previsão de fórmulas
2. Reflexão e refração de ondas em fios ............................466 Previsão de fórmulas......................................................... 518
1º. caso: μA > μB ....................................................466
Uma limitação da análise dimensional ................................ 519
2º. caso: μA < μB ....................................................467
Ondas periódicas ........................................................467
3. Reflexão de ondas bidimensionais e tridimensionais.......468 Respostas ...................................................................523
Reflexão de uma onda reta ...........................................469
Reflexão de uma onda circular.......................................469 Bibliografia ..................................................................539
Reflexão em superfície parabólica ..................................470
Reflexão em superfície elipsoidal ...................................470 Significado das siglas de vestibulares
Eco e sonar ...............................................................471 e olimpíadas ................................................................540
Reverberação .............................................................471
4. Refração de ondas bidimensionais e tridimensionais ......471 Índice remissivo .........................................................541
11
CAPÍTULO

Termometria
1
Neste capítulo vamos estudar a temperatura dos corpos, bem como as diversas 1. Noção de estado
escalas termométricas que ainda se usam no Brasil e em outros países. térmico
A termometria é a porta de entrada para o estudo do calor: a termodinâmica.
Vamos começar com uma pergunta conceitual: o que acontece no interior do corpo 2. Noção de temperatura
quando ele é aquecido?
3. Equação termométrica
A resposta é simples: aumenta a agitação de suas moléculas, seja ele um sólido,
um líquido ou um gás. 4. Equilíbrio térmico

5. O termômetro e as
Quando um corpo é aquecido, o valor médio da energia escalas termométricas
cinética de vibração de suas moléculas aumenta.
6. As escalas relativas
usuais

Kelvin: escala absoluta


1. Noção de estado térmico 7.
de temperatura
Ao entrarmos em contato com um corpo, através do nosso tato, temos uma 8. Termômetro a gás com
sensação subjetiva de seu estado tŽrmico, isto é, se ele está quente, morno ou frio. volume constante
Através do tato nem sempre é possível fazermos a comparação entre dois corpos e
dizer qual deles está mais quente que o outro; o nosso tato pode nos enganar. Veja
o experimento que vamos relatar. Aliás, que tal fazê-lo também?

Experimento

Prepare três recipientes contendo, respectivamente, água fria, água morna


e água quente. Coloque sua mão direita na água fria e a esquerda na água
quente (fig. 1a). Espere alguns instantes. A seguir, mergulhe suas mãos na
água morna (fig. 1b). A água morna parecerá quente para a mão direita e fria
para a mão esquerda.
(a) (b)
IlUStrAçõES: lUIZ AUGUStO rIBEIrO

fria morna quente

Figura 1.

12 Capítulo 1
O resultado do experimento nos mostra a necessidade de se criar um critério mais
exato para avaliar o estado térmico do corpo. Em lugar do tato, precisamos de um apa-
relho dotado de uma escala que consiga atribuir ao estado térmico um grau térmico e,
assim, possamos comparar um corpo com outros corpos e dizer qual é realmente o mais
quente, o mais frio, e qual está morno.
A pergunta é: medir o quê? Com que escala? Com que aparelho? A resposta já
conhecemos: vamos medir a sua temperatura, usando um termômetro.
Antes de formalizarmos o conceito de temperatura, vamos falar um pouco mais
de aquecimento. Quando um corpo frio é aquecido, variam algumas de suas proprie-
dades que nos são familiares: o volume, a pressão (no caso dos líquidos e gases), sua
resistência elétrica (no caso dos metais condutores de eletricidade), etc. O objetivo da
termometria é o de estabelecer uma relação entre a variação de uma dessas grandezas
e a variação do estado térmico do corpo. Por exemplo:
• O corpo estava frio e agora está quente: o seu volume aumentou.
• O gás aprisionado na garrafa foi aquecido: a sua pressão aumentou.

As propriedades do corpo que variam com o seu aquecimento ou resfriamento são


chamadas propriedades térmicas.

IlUStrAçõES: ZAPt
2. Noção de temperatura
A temperatura é a propriedade do corpo que caracteriza o seu estado térmico. Ao
compararmos dois corpos A e B, a temperatura vai nos dizer qual está quente e qual (a) Frio:
está frio. O corpo quente terá temperatura mais elevada que o corpo frio. temperatura = 15 ºC
também se pode definir a temperatura pelo estado de agitação das moléculas de
um corpo. Pode-se dizer que a temperatura é uma grandeza associada à energia cinéti-
ca média de vibração. Observemos que os dois conceitos traduzem a mesma coisa, pois,
ao aquecermos o corpo, aumentamos a energia cinética média das moléculas (fig. 2).
Não se pode medir diretamente a energia cinética das moléculas; portanto, essa não
é uma definição prática de temperatura. Não se pode medir a temperatura de molécu-
las ou de uma partícula isolada, mas sim de um conjunto de moléculas ou de partículas.
Por isso dizemos que a temperatura é uma grandeza macroscópica.
Para se definir valores numéricos para a temperatura, foi necessário se estabelecer
uma escala de valores e associá-la com o nosso cotidiano. A temperatura é medida in-
diretamente, associando-se com uma segunda propriedade termométrica do corpo. Por
exemplo, poderemos relacionar o comprimento de uma coluna de mercúrio de um ter-
(b) Quente:
mômetro com um valor numérico para a temperatura. No meio aquecido, a coluna se
dilata, aumentando o comprimento e também o valor numérico da temperatura. No meio temperatura = 150 ºC
resfriado, a coluna se contrai, diminuindo também o valor numérico da temperatura. Figura 2.

Exemplo 1

Usando um termômetro de mercúrio, podemos associar ao comprimento de sua coluna um valor numérico para a tempe-
ratura. Como não temos nenhum comprometimento com alguma escala, vamos simplesmente chamar de grau cada unidade
de temperatura. Na situação da figura 3a o termômetro estava em ambiente frio e, na figura 3b, em ambiente mais quente.
8 cm 12 cm

(a) Temperatura associada: 20 graus. (b) Temperatura associada: 30 graus.

Figura 3. Ao comprimento da coluna de mercúrio se associa um valor de temperatura.

Termometria 13
Unidade de temperatura
A temperatura é uma das sete grandezas fundamentais do SI; sua unidade é o
kelvin (K), usada pelos físicos. Mais adiante, no item 7, vamos definir a escala Kelvin.
No Brasil a temperatura é medida em graus Celsius (ºC), mas nos países de domínio
de língua inglesa a temperatura é medida em Fahrenheit (ºF). O kelvin é restrito ao uso
em laboratórios científicos.

3. Equação termométrica
Escolhida uma propriedade termométrica, pode-se estabelecer uma relação entre
temperatura e essa grandeza física.
A propriedade escolhida deverá sofrer variações proporcionais às variações de tempe-
ratura, e a cada valor de temperatura deverá corresponder um só valor dessa propriedade.
Podemos então definir uma função que relacione ambos: a equação termométrica.

Exemplo 2

Vamos estabelecer uma relação entre a temperatura e o volume de um


líquido. Sendo θ a temperatura e V o volume, então θ = f(V) será a relação temperatura (θ)
a ser estabelecida. Vamos supor que seja uma função do 1º. grau (fig. 4),
traduzida pela equação termométrica seguinte:
θ=a·V+b b
Para cada valor do volume V a equação termométrica nos fornecerá um 0
volume (V)
valor para a temperatura θ.
Figura 4.
Não é comum usar uma equação termométrica que não seja do 1º. grau.

4. Equilíbrio térmico
Se colocarmos dois corpos um em presença do outro, decorrido algum tempo suas
temperaturas se igualam; dizemos então que eles entraram em equilíbrio térmico.

Exemplo 3
IlUStrAçÕES: ZAPt

Um corpo sólido C foi mergulhado num líquido L. Inicialmente suas


temperaturas eram diferentes, mas decorrido algum tempo verificou-se que
L C
ambos estavam a 20 graus Celsius e permaneceram nessa temperatura.
Dizemos então que eles entraram em equilíbrio térmico (fig. 5).
12 °C 28 °C 20 °C

Figura 5. O corpo sólido e o líquido entraram em


equilíbrio térmico a 20 ºC.

Um sistema isolado está em equilíbrio térmico quando todas as suas partes estive-
rem na mesma temperatura. Por exemplo: quando colocamos gelo num copo d’água,
instintivamente agitamos o copo ou mexemos o gelo, buscando o equilíbrio térmico
deste com a água. Esse equilíbrio térmico ocorre à temperatura de 0 °C, o que nos ga-
rante uma água geladinha.

14 Capítulo 1
Lei Zero da Termodinâmica (25 ¼C) C

A B

Se dois corpos A e B estão em equilíbrio térmico com um terceiro corpo C, (a) C está em equilíbrio tér-
então A e B estão em equilíbrio térmico entre si. mico com A e B: θA = 25 °C
e θB = 25 °C.

Na figura 6 temos um resumo visual da lei Zero: um corpo C, a 25 °C, está em A B


contato com os corpos A e B. Certamente depois de algum tempo eles entram em
(b) A e B estão em equilí-
equilíbrio térmico. Assim A e B também adquirem a temperatura de C, ou seja,
brio térmico, pois estão à
25 °C. mesma temperatura.
Concluímos que os corpos B e C ficaram em equilíbrio térmico e não trocam ne-
Figura 6. Lei Zero da Termo-
nhum calor entre si.
dinâmica.

Exercícios de Aplicação

1. Retomemos o experimento descrito no item 1 3. A figura mostra três termômetros idênticos que
deste capítulo. Tiramos a mão direita da água apresentam temperaturas proporcionais ao com-
fria e, ao mergulhá-la na água morna, esta nos primento de sua coluna de mercúrio. Sabendo
pareceu quente. Tiramos a mão esquerda da água que o termômetro 2 indica uma temperatura de
quente e, ao mergulhá-la na água morna, esta 24 graus Celsius, determine a temperatura indi-
nos pareceu fria. Aparentemente estamos obten- cada pelo termômetro 1 e pelo termômetro 3.
do duas informações contrárias da mesma água
8 cm

IlUStrAçÕES: ZAPt
morna: afinal, é quente ou fria? Por quê?
1
I. Da água fria para a água morna a temperatura
aumentou, e a mão esquerda sentiu a sensa- 12 cm
ção térmica de estar quente.
2
II. Da água quente para a água morna a tem-
peratura abaixou, e a mão esquerda sentiu a 18 cm
sensação térmica de estar fria.
3
III. Se analisarmos separadamente cada uma das
sensações, o resultado é lógico.
Resolu•‹o:
Estão corretas:
a) todas. d) apenas I e III. Como a temperatura é proporcional ao compri-
b) apenas I. e) apenas II e III. mento da coluna, podemos escrever:
c) apenas I e II. Termômetro 1: T1 = k · 8
Termômetro 2: T2 = k · 12
2. Para mensurar o estado térmico de um corpo,
isto é, avaliar com quantos graus térmicos ele Termômetro 3: T3 = k · 18
se encontra, criou-se uma grandeza denominada
Nas três equações k é uma mesma constante.
temperatura. Pode-se afirmar que:
Sabemos que o termômetro 2 indica 24 °C; vamos
a) a temperatura é a medida da energia de um
substituir esse valor na equação 2:
corpo.
b) a temperatura é a medida do calor que se 24 = k · 12 ⇒ k = 24 °C = 2 °C
12 cm cm
encontra contido num corpo quente.
Substituindo na equação 1:
c) quando um corpo está quente, sua tempera-
tura é muito elevada.
T1 = 2 · 8 ⇒ T1 = 16 °C
d) se compararmos as temperaturas de um corpo
frio e de um corpo quente, o primeiro terá Substituindo na equação 3:
temperatura inferior à do segundo.
e) ao compararmos um corpo quente e um corpo T3 = 2 · 18 ⇒ T3 = 36 °C
frio, eles podem ter temperaturas iguais.

Termometria 15
4. Um sistema isolado de outros corpos é constituí- III. Se e somente se A e B estiverem em equilíbrio
do por quatro partes: A, B, C e D. Sabemos que A térmico, o sistema estará integralmente em
e C estão em equilíbrio térmico e que B e D estão equilíbrio térmico.
em equilíbrio térmico. Estão corretas:
Podemos afirmar que: a) apenas a I.
b) apenas a II.
I. A, B, C e D estão em equilíbrio térmico entre
si. c) apenas a III.
II. A e C estão em equilíbrio térmico respectiva- d) apenas a I e a II.
mente com B e D. e) todas as três.

Exercícios de Reforço

5. O gráfico relaciona a altura da coluna de mercú- proporcionais. O gráfico nos indica a relação de
rio com a temperatura (θ) de um termômetro. temperatura θ (em graus Celsius) e da altura h
Determine: (em cm). Determine:

a) a temperatura para a altura de 35 cm; a) a temperatura indicada para uma altura de


h = 3 cm;
b) a temperatura para a altura de 20 cm.
b) a temperatura indicada para uma altura de
h (cm) h = 8 cm;
35 c) a altura da coluna quando a temperatura
medida for 72 °C.
θ (ºC)
5,0
48
0 100 θ (ºC)

6. Em um termômetro de álcool, o comprimento da


0 12 h (cm)
coluna de álcool e a temperatura são diretamente

5. O termômetro e as escalas termométricas


O termômetro é o aparelho usado para medir a temperatura. O termômetro clínico,
que usamos em casa para medir a temperatura do corpo, nos é bastante familiar (fig. 7).
Os princípios básicos de funcionamento de um termômetro são:
• o equilíbrio térmico;
• a lei Zero da termodinâmica.

Explicando melhor: o vidro entra em equilíbrio térmico com o corpo humano; por
outro lado, o vidro está em equilíbrio térmico com o mercúrio. logo, o mercúrio está
em equilíbrio térmico com o corpo humano e ambos têm a mesma temperatura. A
indicação de temperatura no termômetro é a do nosso corpo, o qual serviu de fonte de
calor para o aquecimento.
ZAPt

36 38 40 42

35 37 39 41 ¡C

Figura 7. Termômetro clínico.


Os primeiros termômetros construídos foram os termoscópios: aparelhos sem esca-
la. Era possível saber se a temperatura aumentou ou diminuiu comparando-se a varia-
ção de alguma propriedade termométrica. Ainda hoje se usam alguns termoscópios,

16 Capítulo 1
por exemplo, um sensor térmico comandando duas lâmpadas de led coloridas: em
temperaturas elevadas, acende a lâmpada vermelha e, em temperaturas baixas, acende
a lâmpada verde.
Os termoscópios ganharam uma escala bem definida, e nasceram, assim, os pri-
meiros termômetros. Ocorre que essas escalas se proliferaram e cada físico fez a sua.
Conta a história que Galileu fez o seu termômetro e sua escala termométrica; Newton
também fez diversas escalas.

As escalas usuais
Atualmente temos duas escalas usuais de temperatura: a escala Celsius e a escala
Fahrenheit.
A escala Celsius é a adotada no Brasil e em diversos países de língua latina. A unidade
de temperatura é o grau Celsius (°C), que não pertence ao SI. O termômetro clínico
brasileiro, que citamos anteriormente, mede temperaturas entre 35 °C e 42 °C, que são
os extremos limites para o corpo humano.
A escala Fahrenheit é a adotada na Inglaterra, nos Estados Unidos e em vários países
de língua inglesa. A unidade de temperatura é o grau Fahrenheit (°F), que também não
pertence ao SI.
Os físicos e cientistas usam, nos laboratórios, uma escala termodinâmica de tempe-
ratura chamada escala Kelvin, da qual trataremos no item 7 deste capítulo.
Escalas e termômetros nasceram juntos nesses quatrocentos anos de estudo da tem-
peratura. O físico inventava (construía) o seu termômetro e imediatamente definia-lhe
uma escala. Assim fizeram Fahrenheit, Kelvin, Celsius e tantos outros.

ZAPt
haste
de vidro
O termômetro de mercúrio
capilar
Um termômetro de mercúrio é constituído por um reservatório de vidro (bulbo)
e por uma haste de vidro (capilar), oca, de diâmetro interno muito pequeno, pou-
co maior que um fio de cabelo (fig. 8). A uma temperatura muito baixa, coloca-se
mercúrio em seu bulbo e acopla-se a sua haste. Extraído o ar da haste, o extremo
superior é fechado.
h
Assim que houver um aumento de temperatura, o mercúrio se dilata e invade
a haste capilar.
Definida uma escala termométrica, esta é impressa ao longo da haste. A cada
comprimento da coluna de mercúrio temos uma leitura de temperatura.
bulbo
No termômetro descrito, temos que: (reservatório)
• o mercúrio é a substância termométrica;
• a altura (h) da coluna de mercúrio é a propriedade termométrica. Figura 8. Termômetro de mercúrio.

Graduação de um termômetro de mercúrio


Para graduar um termômetro de mercúrio nas escalas usuais, é necessário que se
fixem dois valores de temperatura e se estabeleça uma relação com a altura alcançada
pela coluna de mercúrio. Os procedimentos que vamos relatar foram convencionados
de forma arbitrária, mas são aceitos universalmente.
Os dois pontos fixos correspondem ao de temperatura de gelo em fusão e ao da
água em ebulição, sob pressão atmosférica de 1 atm.
Os procedimentos são os seguintes:
1°. ) Mergulha-se o termômetro num recipiente contendo gelo fundente em equilíbrio
térmico com água. Aguardam-se alguns minutos até que o termômetro fique tam-

Termometria 17
bém em equilíbrio térmico com a água e o gelo. A coluna de mercúrio contrai-se e ObsERvAçãO
estaciona numa dada posição de altura hG: faz-se um traço sobre a haste exatamen-
te no topo dessa coluna de mercúrio, indicando o primeiro ponto fixo. Essa marca Se dividirmos o
representa também a temperatura do ponto de gelo da água (PG) (fig. 9a). espaço entre os dois
traços em 100 partes
2°. ) O termômetro é mergulhado, a seguir, no recipiente contendo água em ebulição.
iguais, a escala será
Novamente aguardamos alguns minutos até que o termômetro entre em equilíbrio
denominada escala
térmico com a água fervente. A coluna de mercúrio expande-se e estaciona numa centígrada. Há duas
segunda posição de altura hv: faz-se um traço sob a haste, exatamente no topo escalas centígradas:
dessa coluna de mercúrio, indicando o segundo ponto. Esta marca representa o a Celsius e a Kelvin,
ponto de vapor da água (fig. 9b). por isso é errôneo
(impreciso) usar

IlUStrAçÕES: ZAPt
θV o termo “grau
centígrado” para
a temperatura.
hV
Quando você diz
água em que a temperatura
ebulição
do dia é 20 graus
θG centígrados, não
definiu a unidade.
Esse erro é muito
hG
gelo em comum em jornais e
fusão mídia falada.

(a) Ponto de gelo. (b) Ponto de vapor.


Figura 9. Indicação dos dois pontos fixos no termômetro de mercúrio.

6. As escalas relativas usuais


As escalas Celsius e Fahrenheit são denominadas escalas relativas, pois não partem
de um valor absoluto de temperatura. Atribuímos valores arbitrários aos pontos fixos
e temos a escala definida. logicamente, podemos criar quantas escalas quisermos. No
entanto, devido à praticidade e tradição, somente essas duas prevaleceram. Chegaram
a ter um pouco de sucesso outras escalas como a de rankine e a de reaumir, mas logo
foram abandonadas.

A escala Celsius 100 ponto de vapor

Na escala Celsius, atribui-se ao primeiro ponto fixo (PG) o valor zero e


ao segundo ponto fixo o valor 100.
Dividimos o espaço entre os dois traços em 100 partes iguais, corres- θC
pondendo cada divisão a 1 °C (fig. 10). 100 divisões
Convém observar que a graduação do termômetro deve ser feita sob
pressão de 1 atm, para se definir o ponto do gelo da água em 0 °C e o
ponto do vapor da água em 100 °C. Para outra pressão atmosférica dife-
rente, os valores anteriores não são válidos. Por esse motivo, recomenda-
mos sempre que se calibre o termômetro no nível do mar, onde temos a 0 ponto do gelo
pressão atmosférica natural de 1 atm.
Podemos escrever uma equação termométrica para o termômetro gra-
duado na escala Celsius, relacionando a temperatura (θ) com a altura (h)
da coluna de mercúrio. Figura 10. Escala Celsius.

18 Capítulo 1
Usando a figura 11, temos: 100
• hV: altura da coluna no ponto de vapor.
• hG: altura da coluna no ponto de gelo.
• h: altura da coluna numa temperatura θ. θC

Adotamos o ponto de conexão da haste com o bulbo como origem da altura da hV


coluna de mercúrio:
θV – θG θC – θG h
=
hV – hG h – hG
0
Sendo θV = 100 ºC e θG = 0, temos: hG

100 – 0 θC – 0
= ⇒ θC(hV – hG) = 100(h – hG)
h V – hG h – hG
Figura 11. Escala Celsius.
A equação termométrica fica:

100(h – hG)
θC =
(hV – hG)

A escala Fahrenheit

IlUStrAçÕES: ZAPt
212 ponto
de vapor

Na escala Fahrenheit, atribui-se ao primeiro ponto fixo (PG) o valor 32 e ao segundo θF


ponto fixo o valor 212.
A seguir, dividimos o espaço entre os dois traços em 180 partes iguais, valendo cada
unidade 1 grau Fahrenheit (1 °F). 180 divisões

Novamente, observemos que esses números somente valem sob pressão atmosféri-
ca de 1 atm (nível do mar).
Deixamos a cargo do leitor a dedução da equação termométrica (temperatura ver-
sus altura) para o termômetro da figura 12, na escala Fahrenheit.
32 ponto
do gelo

Conta a história que Daniel Gabriel Fahrenheit teria usado para a origem de
sua escala termométrica (0 °F) a temperatura do dia mais frio do inverno
de 1727, na Islândia, onde visitava um amigo, e para o valor 100 °F a Figura 12. Escala Fahrenheit.
temperatura de sua esposa, que estava ligeiramente febril.

Relação entre a escala Celsius e a escala Fahrenheit ºC ºF


100 212
Na figura 13, temos representadas as escalas Celsius e Fahrenheit. temos, também,
dois segmentos auxiliares a e b. Chamemos de θC e de θF os valores da temperatura θC θF
medidos nas escalas Celsius e Fahrenheit, respectivamente. b
Para a escala Celsius, podemos escrever: a

a θC – 0 0 32
= 1
b 100 – 0
Para a escala Fahrenheit, podemos escrever: Figura 13. Comparação
entre as escalas Celsius e
a θF – 32 Fahrenheit.
= 2
b 212 – 32

Termometria 19
Podemos igualar as relações 1 e 2 :
θC θF – 32
=
100 180
Simplificando os denominadores:

θC θ – 32
= F 3
5 9

Usando a equação 3 , podemos converter o valor de uma temperatura em Celsius


para Fahrenheit e vice-versa. Vejamos o exemplo a seguir.

Exemplo 4

Dado o valor de uma temperatura, 80 °C, vamos fazer a respectiva conversão para a escala Fahrenheit.
Usaremos a equação 3 :
θC θ – 32 80 θ – 32
= F ⇒ = F
5 9 5 9
5 · (θF – 32) = 80 · 9
5 · θF – 160 = 720 ⇒ θF = 176 °F

variação de temperatura
É importante também estabelecermos uma relação entre a variação de temperatura
ºC ºF

ZAPt
medida na escala Celsius (ΔθC) e a respectiva variação medida na escala Fahrenheit
100 212
(ΔθF). Na figura 14, temos:
a ΔθC ΔθF
= =
b 100 180
Simplificando os denominadores: b a ΔθC ΔθF

ΔθC ΔθF 0 32
= 4
5 9
Figura 14. Variação de tem-
Observemos que a relação entre as variações de temperatura obedecem a uma peratura.
equação 4 aparentemente diferente da equação 3 . No entanto, na equação 3 o seu
numerador também expressa um Δθ.

Exemplo 5

Se uma temperatura variar de 10 °C, a correspondente variação na escala Fahrenheit será:


10 ΔθF
=
5 9
5 · ΔθF = 9 · 10
5 · ΔθF = 90 ⇒ ΔθF = 14 °F

7. Kelvin: escala absoluta de temperatura


Embora as duas escalas usuais Celsius e Fahrenheit sejam muito práticas no nosso dia
a dia, a escala absoluta de Kelvin é muito mais conveniente para propósitos científicos. As
equações termodinâmicas se tornam mais simples quando se usa a temperatura em Kelvin.

20 Capítulo 1
O zero absoluto
A pressão de um gás é o resultado do bombardeio de suas moléculas contra as paredes
do recipiente que o contém. Se diminuirmos a temperatura, as moléculas perdem veloci-
dade e diminui a pressão do gás. Imaginou-se então uma condição em que a temperatura
fosse muito baixa e que a pressão fosse nula, ou seja: cessaria o bombardeio de moléculas
contra o recipiente. O que se pode dizer é que a energia das moléculas é mínima. Esse esta-
do representa a fronteira inferior de temperatura e é denominado zero absoluto.
Segundo a terceira lei da termodinâmica, o zero absoluto é inatingível, no entanto,
o valor dessa temperatura foi determinado teoricamente e vale: −273,15 °C.
Concluindo:

Não existe nenhum limite superior de temperatura para um corpo, mas


apenas um limite inferior, o zero absoluto: −273,15 °C.

A escala Kelvin
Em 1848, o físico inglês William thomson, também conhecido por lorde Kelvin, pro-
pôs uma nova escala de temperatura baseando-se na ideia do zero absoluto. Sua escala
era definida com as seguintes propriedades:

ZAPt
K ºC
• a origem, ou seja, o valor zero, coincidia com o zero absoluto.
373,15 100

100 divisões

100 divisões
• a variação de 1 grau correspondia exatamente à variação de
1 grau na escala Celsius. Em outras palavras: o tamanho de 1 grau
dessa escala era igual ao tamanho de 1 grau Celsius (fig. 15).
273,15 0
Essa escala atualmente é denominada escala Kelvin ou ainda escala
1 grau 1 grau
absoluta de temperatura. A unidade de temperatura foi oficializada
pelo SI e, atualmente, chama-se kelvin (K).
Para indicar a temperatura na escala Kelvin usaremos simplesmente (zero absoluto) 0 –273,15

a letra T (maiúscula).
Decorre da definição que: Figura 15. Escala Kelvin e escala Celsius.

t = θC + 273,15 5
Uma segunda decorrência da definição é que qualquer variação de temperatura na ObsERvAçãO
escala Celsius é numericamente igual à correspondente variação na escala Kelvin:
Existe uma segunda
ΔθC = Δt 6 escala absoluta,
denominada escala
É comum, na resolução de exercícios, que se aproxime o valor 273,15 para apenas Rankine, cujas
273. Nesse caso a equação 5 pode ser escrita, de modo simplificado, como: propriedades são:
origem no zero
T = θC + 273 absoluto e tamanho
do grau igual ao
tamanho do grau
Fahrenheit.
Exemplo 6

As leis que regulam a pressão, temperatura e volume dos gases exigem que a temperatura
seja expressa em kelvin. Num laboratório, o hidrogênio estava a 37 °C. Para o seu estudo foi
necessária a transformação dessa temperatura:
T = θC + 273 ⇒ T = 37 + 237 ⇒ T = 310 K

Termometria 21
Exercícios de Aplicação

7. Que valor assinalaria um termômetro graduado 12. Num laboratório de Física um balão de gás
na escala Fahrenheit num ambiente cuja tempe- encontrava-se à temperatura de 363 K. Um físico
ratura é conhecida e igual a 30 °C? inglês que ali estava imediatamente se dispôs a
Resolução: converter a temperatura para a sua escala mais
conhecida: a Fahrenheit. Ele encontrou o valor de:
A relação entre as escalas Celsius e Fahrenheit é
dada pela equação: a) 108 °F c) 152 °F e) –12 °F
θC θF – 32 30 θF – 32 6 θF – 32 b) 120 °F d) 76 °F
= ⇒ = ⇒ = ⇒
5 9 5 9 1 9
13. As variações de temperatura de um ambiente
⇒ θF – 32 = 9 · 6 ⇒ θF – 32 = 54 ⇒ θF = 86 °C podem ser medidas em três escalas: Celsius,
Kelvin e Fahrenheit. Se esse ambiente sofrer um
8. Em Sheffield, Inglaterra, um médico toma a tem- aquecimento de 30 K, então quais serão as varia-
peratura de uma pessoa febril e constata 104 °F. ções medidas nas escalas Celsius e Fahrenheit?
Que valor indicaria um termômetro graduado na
escala Celsius? Resolução:

9. O professor Nikolai Gmov, em uma de suas via- A escala Celsius e a Kelvin são centígradas, e o
gens para Amsterdã, obteve a informação de que tamanho de 1 K é igual ao do 1 °C. Portanto,
o seu avião se encontrava a 10 km de altura e podemos escrever:
de que a temperatura externa era de +58 °F. ΔθC = ΔT ⇒ ΔθC = 30 °C
Profundo conhecedor de Física, imediatamente As variações de temperatura na Celsius e na
se pôs a fazer a devida conversão para a escala Fahrenheit obedecem à equação (4):
Celsius, encontrando: ΔθC ΔθF 30 ΔθF
= ⇒ = ⇒ 5 · ΔθF = 9 · 30 ⇒
a) +50 °C c) –50 °C e) −122 °C 5 9 5 9
b) +18 °C d) –58 °C ⇒ ΔθF = 54 °F
10. Um termômetro graduado na escala Kelvin e
outro na Celsius estão mergulhados num mesmo
14. A temperatura de um forno é controlada por
dois termômetros: um deles graduado na escala
líquido. O segundo assinala 20 °C. Quanto indica
Celsius e o outro na escala Fahrenheit. Entre
o primeiro?
dois instantes t1 e t2 a temperatura se modificou.
Resolução: O primeiro termômetro acusou uma variação
Entre as escalas Celsius e Kelvin vale a equação: de +40 °C; o segundo termômetro acusou uma
T = θC + 273 variação de:
sendo: a) +72 °F c) +40 °F e) −104 °F
T = temperatura na escala Kelvin b) –72 °F d) +104 °F
θC = temperatura na escala Celsius
15. A temperatura do laboratório de Física sofreu,
T = 20 + 273 ⇒ T = 293 K de madrugada, uma variação térmica de –6 K.
Sabendo-se que ela estava em +21 °C, então:
11. Num laboratório de Física, o termômetro gradua-
do em Fahrenheit indica 104 °F. Quanto indicará a) qual é a variação de temperatura na escala
um segundo termômetro graduado em Kelvin? Fahrenheit?
Resolução: b) qual é a temperatura final na escala Kelvin?
Inicialmente calculamos a temperatura na escala 16. Existe uma única temperatura que ao ser medida
Celsius: por um termômetro com escala Fahrenheit nos
θC θF – 32 θC 104 – 32 dá um valor de 50 unidades a mais do que se for
= ⇒ = ⇒
5 9 5 9 medida com um termômetro de escala Celsius.
θC 72 θC Determine essa temperatura nas duas escalas.
⇒ = ⇒ = 8 ⇒ θC = 40 °C
5 9 5
Resolução:
Vamos converter em kelvin:
θC θF – 32
T = θC + 273 ⇒ T = 40 + 273 ⇒ T = 313 K = 1
5 9

22 Capítulo 1
A indicação Fahrenheit supera em 50 unidades a Ponto de gelo: θG = 0 °C e hG = 10 cm
Celsius, ou seja: Ponto de vapor: θV = 100 °C e hV = 20 cm
θF = θC + 50 2 Estabeleça a equação termométrica da tempera-
Temos um sistema de duas equações e duas tura θ em função da altura h.
incógnitas. Vamos substituir 2 em 1 : Resolução:
θC θC + 50 – 32 θC θC + 18 A figura ilustra os pontos fixos.
= ⇒ =
5 9 5 9 θ (ºC) h (cm)

IlUStrAçõES: ZAPt
Resolvendo, encontramos:
100 20
θC = +22,5 °C
θ
h
θF = +72,5 °F b
a
Enunciado para as questões 17 e 18: 0 10

Um termômetro é dotado de duas escalas: a Celsius e a


Fahrenheit, como mostra a figura.
Relacionando os segmentos a e b com a escala de
ºC ºF temperatura, temos:
100 212
a θ–0 a θ
= ⇒ = 1
b 100 – 0 b 100
Relacionando os segmentos a e b com as alturas,
temos:
a h – 10 a h – 10
= ⇒ = 2
b 20 – 10 b 10
Das equações 1 e 2 , vem:
θ h – 10
=
100 10
Simplificando:
0 32
θ
= h – 10 ⇒ θ = 10h – 100
10
Nessa equação, a temperatura θ é medida em °C,
enquanto a altura é medida em cm.
17. Em que temperatura o valor indicado na escala 21. Em um termômetro de mercúrio, a grandeza ter-
Fahrenheit supera em 56 unidades o valor indi- mométrica é a altura da coluna. Esta assumiu os
cado na escala Celsius? valores de 5,0 cm para o ponto de gelo e 25 cm
a) 0 °C e 56 °F d) 30 °C e 86 °F para o ponto de vapor.
b) 10 °C e 66 °F e) 40 °C e 96 °F a) Esboce um gráfico da temperatura θ (em °C) em
função da altura da coluna de mercúrio admitin-
c) 20 °C e 76 °F
do que a equação termométrica seja do 1º. grau.
18. Em que temperatura o valor indicado nas duas b) Escreva a função termométrica.
escalas coincide?
22. Num laboratório encontrou-se um termômetro
a) –40 °C c) –62 °C e) –8 °C de toluol. A grandeza termométrica é a altura
b) +40 °C d) +62 °C da coluna líquida no interior do capilar. Um
estudante, ao aferir o termômetro, encontrou as
19. Qual é a menor temperatura possível para um relações a seguir tabeladas:
corpo?
θ (ºF) h (cm)
a) 0 °F d) −273 K
Ponto de gelo 32 2,0
b) −273 °F e) Não existe um limite. Ponto de vapor 212 20
c) –459,4 °F
a) Escreva uma equação termométrica da tempe-
20. Em um termômetro a álcool, a grandeza termo- ratura θ em função da altura h.
métrica é a altura da coluna do álcool no capilar. b) Determine o valor de h para a temperatura de
Seus pontos fixos são: 122 °F.

Termometria 23
Exercícios de Reforço

23. (OPF-SP) Um dos dispositivos mais utilizados Ponto de Ponto de


Substância
para se medir a temperatura de um corpo con- fusão (*) ebulição (*)
siste num tubo de vidro contendo mercúrio ou Água 0 100
álcool colorido. A variação da temperatura pro-
Éter −114 34,5
voca a expansão do líquido e a temperatura pode
ser determinada medindo a variação de volume Mercúrio −39 357
do líquido através da altura que o líquido alcança Álcool −114 78,3
no tubo de vidro. Parafina 60 300
Qual faixa de valores de temperatura você utilizaria
(*) Em °C e à pressão atmosférica normal.
para um termômetro clínico, isto é, utilizado para
se medir a temperatura corporal de seres humanos? 26. (Vunesp-SP) Os termostatos são dispositivos usa-
dos para controlar a temperatura de aparelhos,
a) 0 °C a 20 °C d) 30 °C a 44 °C
para que eles não superaqueçam. Um termostato
b) 40 °C a 100 °C e) 20 °C a 34 °C foi acionado, quando uma turbina a vapor atingiu
c) 20 °C a 26 °C 950 K, o que, em graus Celsius, corresponde a:
24. (Cesgranrio-RJ) Recentemente foram desenvol- a) 190 c) 677 e) 1 900
vidos novos materiais cerâmicos que se tornam b) 222 d) 1 223
supercondutores a temperaturas relativamente
27. (ITA-SP) O verão de 1994 foi particularmente
elevadas, da ordem de 92 K. Na escala Celsius,
quente nos Estados Unidos da América. A dife-
essa temperatura equivale a:
rença entre a máxima temperatura do verão e a
a) −181 °C c) 365 °C e) 273 °C mínima do inverno anterior foi de 60 °C. Qual o
b) 29 °C d) –92 °C valor desta diferença na escala Fahrenheit?
25. (UF-RS) Qual das substâncias da tabela é a mais 28. A escala Rankine é uma escala absoluta e o tama-
indicada para substância termométrica em um ter- nho de seu grau é igual ao tamanho de 1 grau
mômetro cuja escala permita leituras entre –50 °C Fahrenheit. Determine, em graus Rankine (°Ra):
e 50 °C? a) o ponto de fusão do gelo;
a) água d) álcool b) o ponto de ebulição da água.
b) éter e) parafina (Adote para o zero absoluto o valor de tempera-
c) mercúrio tura aproximado –460 °F.)

8. Termômetro a gás com volume constante


A prática tem revelado que os termômetros de mercúrio e mesmo os de álcool não
são muito confiáveis. Eles só concordam na temperatura do gelo em fusão e na do
ponto de vapor. Se você medir a temperatura de diversos corpos usando esses dois escala
ZAPT

termômetros, em muitos casos haverá diferença de leitura. E


O único confiável é o termômetro a gás, também chamado termômetro-padrão. gás 15
14
13
12
Calibram-se os outros tipos de termômetro usando-se o termômetro a gás. Por exemplo, 11
10
9
os termômetros clínicos de boa qualidade são calibrados com um termômetro a gás. 8 M R
7
6
5 h
A figura 16 mostra um tipo de termômetro a gás. Suas partes são: 4
3
2
• B: bulbo com gás (onde fica a substância termométrica, o gás do termômetro). gás 1
0

• M: manômetro de mercúrio (pelo desnível h se calcula a pressão do gás). B


T
• R: recipiente regulador de volume constante. mercúrio
sistema
A propriedade termométrica é a pressão (p) do gás aprisionado no interior do bulbo.
tubo flexível
Tendo-se o valor de p, calculamos o valor da temperatura (T) do gás. É importante ressal-
Figura 16. Termômetro a
tar que a relação p e T é biunívoca, ou seja, para cada pressão há uma só temperatura.
gás de volume constante.
No termômetro da figura 16 o gás pressiona o mercúrio do tubo esquerdo do manô-
metro M; o tubo direito está aberto, sendo pressionado pela atmosfera. Erguendo-se ou

24 Capítulo 1
abaixando-se o tubo R do recipiente, conseguimos fazer com que o nível do mercúrio
no tubo esquerdo do manômetro fique com o seu topo no zero da escala.
No equilíbrio estático, a lei de Stevin da Hidrostática nos ensina que:
p – p0 = μ · g · h

p = p0 + μ · g · h 7

A equação 7 nos dá, para cada valor de h, um único valor de pressão no gás do bulbo.
Observemos ainda na figura 16 que o bulbo de gás está imerso num líquido; portanto, am-
bos estão em equilíbrio térmico. Desse modo, a temperatura do gás do bulbo é a mesma do
líquido. Falta-nos ainda encontrar uma relação entre a pressão do gás e a sua temperatura.

Gráfico de calibração do termômetro


Para calibrar um termômetro a gás podemos usar o procedimento universal dos
pontos fixos: PG e PV.
1°. ponto fixo: PG
Mergulhamos o balão do termômetro num recipiente com gelo fundente, no qual
a temperatura é 0 °C. Haverá contração da coluna de mercúrio. Usando o recipiente R,
regulamos a posição da coluna da esquerda para que o seu topo coincida com o zero
da escala métrica (E) fixada entre os tubos do manômetro. Com esse procedimento, o
volume do gás do balão é V0, a temperatura é 0 °C, e a pressão é p1.
p
2°. ponto fixo: PV
Mergulhamos o balão do termômetro num recipiente contendo água pV
em ebulição, no qual a temperatura é conhecida e vale 100 °C. Haverá pG
expansão do gás, empurrando a coluna de mercúrio da esquerda e su-
bindo a da direita. Usamos novamente o recipiente R, fazendo a coluna
de mercúrio da esquerda retornar ao ponto zero da escala. Com esse 0 100 θ (¼C)
procedimento o volume do gás no bulbo volta a ser V0, isto é, se manteve
Figura 17. Pressão versus tem-
constante. A nova pressão é pV e a temperatura é 100 °C. peratura do gás do balão.
Fazemos um gráfico da pressão pela temperatura, usando os dois
pontos anteriores (fig. 17). p
Quando fizermos uma medida com esse termômetro calibrado, deter-
pV
minamos a pressão lendo a escala do manômetro e vamos ao gráfico ler
a respectiva temperatura. pG
Como exemplo, na figura inicial (fig. 16) o bulbo B está imerso num
líquido, lendo a sua temperatura. No manômetro lemos a altura h e,
usando a equação 6 , vamos obter a pressão p do gás. Com esse valor –273,15 0 100 θ (¼C)
de p, vamos ao gráfico da figura 17 e tiramos o valor da temperatura.
Figura 18. Extrapolando-se o gráfico obtido,
atingimos o ponto de pressão nula e tempe-
A temperatura mínima: zero absoluto ratura −273,15 °C.
Para se obter o zero absoluto, ainda que teoricamente, devemos atin-
p
gir um ponto de pressão nula. Na prática ele é inatingível, mas teorica- (1)
mente se consegue. Vamos retomar o gráfico da figura 17 e extrapolar a
(2)
curva gráfica (reta) até atingirmos o eixo de temperatura, onde a pressão
é nula (fig.18). Chegamos ao ponto correspondente ao zero absoluto. (3)

lendo essa temperatura vamos obter −273,15 °C.


Para comprovar a unicidade do valor da temperatura do zero absoluto
foram feitos diversos experimentos trocando-se o gás do bulbo do ter- –273,15 0 θ (¼C)
mômetro e os resultados foram os gráficos da figura 19. Isso deu a lorde Figura 19. Gráfico de pressão em função da
Kelvin a segurança de estar trabalhando com um valor absoluto, o que o temperatura para diversos gases usados no
levou a adotar esse ponto como a origem da escala Kelvin. balão.

Termometria 25
Exemplo 7

Com um termômetro a gás de volume constante mediu-se uma pressão pG = 1,821 atm para
p (atm)
o ponto de gelo. Vamos desenhar o gráfico da pressão versus a temperatura na escala Celsius.
1,821
Temos: TG = 273,15 K
Sendo a temperatura absoluta proporcional à pressão, temos:
T 273,15
= = 1,5 ⇒ T = 1,5p 0 273,15 T (K)
p 1,821
O gráfico é uma reta passando pela origem, como mostra a figura 20. Figura 20.

Exercícios de Aprofundamento

29. (Vunesp-SP) Um bloco metálico, sólido, encon- 33. (OPF-SP) Qual é o valor de 68 graus Fahrenheit
tra-se a uma temperatura ambiente de 22 °C, na unidade equivalente do Sistema Internacional
quando é levado para o interior de um forno a de Unidades (aproximadamente)?
250 °C. Após entrar em equilíbrio térmico com o
forno, o bloco terá sofrido uma variação de tem- a) 70 °F d) 21 °C
peratura que, expressa na escala Kelvin, vale: b) 32 °F e) 293 K
c) 70 °C
a) 238 b) 228 c) 138 d) 128 e) 73
30. (AFA-SP) Um paciente, após ser medicado às 10 h, 34. Determine a temperatura na qual a indicação na
apresentou o seguinte quadro de temperatura: escala Kelvin é um valor igual ao dobro do valor
na escala Fahrenheit.
θ (¼C)
40 35. (ITA-SP) Usou-se um termômetro calibrado em
38 graus Celsius para se determinar uma tempera-
36 tura. Caso o termômetro utilizado fosse calibrado
em graus Fahrenheit, a leitura seria 62 unidades
0 10 11 12 13 14 t (h) maior. A temperatura medida foi de:
A temperatura desse paciente às 11 h 30 min, a) 103,0 °F d) 100,5 °F
em °F, é: b) 102,0 °F e) 98,5 °F
a) 104 b) 54,0 c) 98,6 d) 42,8 c) 99,5 °F
31. (ITA-SP) Para medir a febre de pacientes, um 36. Calibrou-se um termômetro a gás e obteve-se o
estudante de medicina criou sua própria escala gráfico de pressão versus temperatura absoluta
linear de temperaturas. Nessa nova escala, os da figura. Determine:
valores de 0 (zero) e 10 (dez) correspondem
respectivamente a 37 °C e 40 °C. A temperatura p (atm)
de mesmo valor numérico em ambas as escalas é
aproximadamente:
8,00
a) 52,9 °C c) 74,3 °C e) −28,5 °C
b) 28,5 °C d) −8,5 °C 7,46

32. Qual é o líquido mais gelado?


IlUStrAçõES: ZAPt

A B C 0 373 T (K)

a) a temperatura correspondente ao ponto de


pressão 8,00 atm mostrado no gráfico;
– 25 ºC 220 K 0 ºF b) a pressão relativa ao ponto de gelo.

2626 Capítulo
Capítulo
1 1
CAPÍTULO

Dilatação térmica
2
1. Considerações preliminares 1. Considerações
preliminares
Quando um corpo sólido é aquecido, suas dimensões geralmente aumentam 2. Dilatação linear dos
em virtude de suas moléculas ou átomos afastarem-se uns dos outros, como con- sólidos
sequência da maior agitação térmica. Muitos fatos de observação comum indicam
a ocorrência desse fenômeno: a maior dificuldade de se abrir um portão num dia 3. Dilatação superficial
muito quente, a estratégia de se aquecer o gargalo de uma garrafa para a retirada dos sólidos
da rolha, etc.
4. Dilatação volumétrica
Em muitas situações, torna-se necessário compensar os efeitos da dilatação. As-
ou cúbica dos sólidos
sim, quando se faz um cimentado, as placas de concreto devem ser separadas por
ripas de madeira ou de plástico (juntas de dilatação), que sendo compreensíveis 5. Dilatação dos sólidos
“absorvem” a dilatação. Do mesmo modo, em estradas de ferro é necessário que anisótropos
as barras de trilho fiquem separadas por um espaço para permitir a dilatação. Nas
grandes obras da construção civil, a dilatação térmica não pode ser negligenciada. 6. Variação da densidade
Cálculos muito exatos têm de ser feitos levando em conta esse fenômeno, havendo com a temperatura
comumente a necessidade de dispositivos especiais que permitam a livre expansão
7. Dilatação térmica dos
dos materiais, sem a qual toda a estrutura poderia ficar prejudicada, até mesmo com
líquidos
riscos de rachaduras, quebras e desabamentos.
O estudo da dilatação térmica dos sólidos é experimental. Para facilitar esse es- 8. Dilatação aparente
tudo, costuma-se dividir a dilatação dos sólidos em três tipos, conforme o número
de dimensões que são analisadas. Quando se analisa uma única dimensão, estamos 9. Comportamento
estudando a dilatação linear. Para duas dimensões, temos a dilatação superficial e, anômalo da água
para as três dimensões, a dilatação volumétrica ou cúbica.

2. Dilatação linear dos sólidos


Através de experiências é possível verificar que a variação do comprimento de
uma barra (ΔL) depende do seu comprimento inicial (Li) e da variação de tempera-
tura que ela sofre (Δθ).
Consideremos duas barras de metal, feitas de um mesmo material que apre-
sentam, numa temperatura inicial θi, comprimentos iniciais diferentes Li e Li . Ve-
1 2
rificamos que, sofrendo ambas a mesma variação de temperatura Δθ, dilata-se
mais a barra que possui maior
comprimento inicial, isto é, sen- Li
zAPt

1 ΔL1
do Li > Li temos que ΔL2 > ΔL1
2 1
(fig. 1). Com boa aproximação,
para intervalos de temperatura
Li ΔL2
não muito grandes, verificamos 2

ser possível estabelecer que a va- Figura 1. Sendo Li > Li , ΔL2 > ΔL1 para o mesmo Δθ.
2 1

Dilatação térmica 27
riação de comprimento ΔL é, nas condições da experiência, diretamente proporcional
ao comprimento inicial Li. Chamando de K1 a constante de proporcionalidade, podemos
então escrever:
ΔL = K1 · Li 1
Consideramos em seguida duas barras do mesmo metal que apresentam o mesmo
comprimento inicial Li na temperatura inicial θi. Sofrendo variações de temperatura
diferentes, verificamos que se dilata mais a barra submetida a maior variação de tem-
peratura. Na figura 2, sendo Δθ2 > Δθ1, tivemos ΔL2 > ΔL1. Po- Li

zAPt
ΔL1
demos estabelecer, dentro de certos limites, que a variação de
comprimento ΔL é, nas condições da experiência, diretamente
proporcional à variação de temperatura Δθ. Chamando de K2 a ΔL2
Li
constante de proporcionalidade, podemos escrever:
Figura 2. Sendo Δθ2 > Δθ1, ΔL2 > ΔL1, para o mesmo Li.
ΔL = K2 · Δθ 2

Analisando as equações 1 e 2 , podemos estabelecer que, para um mesmo ma-


terial, a variação de comprimento ΔL da barra, quando ela se dilata, é diretamente
proporcional ao produto do comprimento inicial Li pela variação de temperatura Δθ,
valendo escrever:

ΔL = α · L1 · Δθ 3

A constante de proporcionalidade α que comparece nessa equação, que traduz a lei


da dilatação linear, é denominada coeficiente de dilatação linear do material.

Unidade do coeficiente de dilatação linear


Isolando-se α da equação 3 , temos:
(ΔL/L )
α = Δθ i

O termo ΔL é adimensional, e o Δθ no denominador sugere que a unidade de α é


Li
a do inverso da temperatura. Geralmente usa-se °C–1 (recíproco do grau Celsius). No SI
será K–1 (recíproco do Kelvin).
Observemos que se trata de Δθ e que a unidade da escala Celsius é igual à da escala
Kelvin.
Por exemplo, o ferro tem coeficiente de dilatação 12 · 10–6 °C–1 ou 12 · 10–6 K–1.

Tabela do coeficiente de dilatação linear Sólidos α (°C–1)


alumínio 24 · 10–6
É importante salientar que não sendo a proporciona-
lidade acima referida muito rigorosa, mas apenas apro- zinco 27 · 10–6
ximada, o valor do coeficiente de dilatação linear para latão 19 · 10–6
cada substância depende das temperaturas entre as quais cobre 17 · 10–6
está ocorrendo a variação. Assim, o valor do coeficiente
ferro 12 · 10–6
para uma variação Δθ = 10 °C pode ser diferente, se esta
ocorre de 20 °C a 30 °C ou se ocorre de 110 °C a 120 °C. vidro comum 9,0 · 10–6
Nos exercícios seguintes, não levaremos em conta esse vidro Pyrex 3,2 · 10–6
fato, admitindo que o resultado obtido ou o dado forne- sílica (quartzo fundido) 0,5 · 10–6
cido para α equivale a um valor médio correspondente
ao intervalo de temperatura em questão. Tabela 1. Coeficientes de dilatação de alguns sólidos.

28 Capítulo 2
Exemplo 1

Vamos calcular a dilatação linear sofrida por uma barra de cobre, de comprimento 2,00 m
a uma temperatura de 20 °C, após ter sido aquecida até 100 °C.
Na tabela 1 buscamos o coeficiente de dilatação linear do cobre e encontramos:
α = 17 · 10–6 °C–1
Temos: Li = 2,00 m
Δθ = 100 °C – 20 °C = 80 °C
ΔL = α · Li · Δθ ⇒ ΔL = 17 · 10–6 · 2,00 · 80 ⇒ ΔL = 2,72 · 10–3 m ⇒ ΔL = 2,72 mm

Cálculo do comprimento final


Podemos escrever uma equação para a dilatação que fornece o comprimento final
da barra em função do comprimento inicial e da variação de temperatura. Na figura 3
representamos uma barra de comprimento inicial Li que, ao sofrer a variação de tem- Li

ILUStrAçõES: zAPt
peratura Δθ, passa a apresentar o comprimento final Lf. A variação de comprimento
corresponde à diferença ΔL = Lf – Li. ΔL
Da equação 3 temos: ΔL = α · Li · Δθ
Da figura tiramos: Lf = Li + ΔL Lf
Então: Lf = Li + α · Li · Δθ Figura 3. Dilatação linear
Concluímos que: na barra (a dilatação está
exagerada para enfatizar o
Lf = Li (1 + α · Δθ) 4 seu efeito).

O termo adimensional (1 + α · Δθ) constitui o binômio de dilatação linear do mate-


rial para a variação de temperatura Δθ.

A dilatação pode afetar medidas de comprimento


Quando usamos uma trena de aço para medir comprimento podemos Exemplo 2
ser traídos pelo resultado. Uma trena de aço geralmente é confeccionada
para trabalhar à temperatura ambiente, geralmente de 25 °C. Pequenas Vamos supor que a trena da
variações para cima ou para baixo não vão interferir na medição. No en- figura 4 estivesse corretamente
tanto, uma variação muito grande na temperatura pode trazer um erro representada. Vamos supor que
sistemático. medíssemos o comprimento de
Quando a trena é aquecida, todas as suas dimensões lineares aumen- um lápis, usando a trena a 25 °C, e
tam: largura e comprimento, sobretudo. Assim, o espaçamento entre as que encontrássemos o valor 4 cm.
suas unidades também aumenta, na mesma proporção. Observemos a Se usássemos a trena aquecida a
figura 4. Essa variação pode ser corrigida usando-se as equações 3 ou 75 °C, encontraríamos o valor de
4 , mas temos que conhecer também o coeficiente de dilatação do metal 3,1 cm.
de que é feita a trena.
O valor correto é, no entanto, o
primeiro, pois a trena foi calibrada
25 ºC 1 2 3 4 5 6 7 8 9 para trabalhar à temperatura am-
biente.
75 ºC
1 2 3 4 5 6 7 8 9

Figura 4. Comparação entre a trena fria e a aquecida (a dilatação foi


exagerada na figura para enfatizar o seu efeito).

Dilatação térmica 29
Exercícios de Aplicação

1. Uma barra de ferro tem a 0 °C um comprimento 100,0 + 297 · 10–5 · Δθ =


igual a 100,00 cm. Sabendo que o coeficiente de
dilatação linear do ferro é 1,2 · 10–5 °C–1, deter- = 110,2 + 132,24 · 10–5 · Δθ
mine, quando a barra for aquecida até 100 °C: 164,76 · 10–5 · Δθ = 0,2
a) a variação de comprimento sofrida pela barra; Δθ ≅ 121,4 °C
b) o comprimento final da barra. Sendo Δθ = θf – θi com θi = 0 ºC, resulta:
Resolução: θf ≅ 121,4 °C
a) De ΔL = α · Li · Δθ, e sendo α = 1,2 · 10–5 °C–1,
Li = 100,00 cm e Δθ = 100 °C – 0 °C = 100 °C, 5. Retome o exercício 4 e determine:
vem: a) o comprimento final das duas barras quando
ΔL = 1,2 · 10–5 · 100,00 · 100 ⇒ ΔL = 0,12 cm estas ficarem iguais;
b) Sendo ΔL = Lf – Li temos: b) o gráfico do comprimento em função da
temperatura. Represente no gráfico o ponto
Lf = Li + ΔL anterior.
Lf = 100,00 + 0,12 ⇒ Lf = 100,12 cm Resolução:
2. Constrói-se uma barra com uma liga metálica de a) Basta usar a equação 2 e calcular o compri-
coeficiente de dilatação linear 1,5 · 10–5 °C–1 e mento de qualquer uma delas na temperatura
de comprimento 200,00 cm a 20 °C. A barra é encontrada: θ = 121,4 °C
aquecida uniformemente até a temperatura de Usaremos a barra de zinco: Lf = Li (1 + α · Δθ)
220 °C. Determine:
Lf = 110,0 (1 + 2,7 · 10–5 · 121,4)
a) a variação de comprimento sofrida pela barra;
b) o comprimento da barra a 220 °C. Lf ≅ 110,36 cm
Igualmente teríamos obtido o mesmo com-
3. Uma barra homogênea, ao ser aquecida de 0 °C a primento final se usássemos a barra de ferro.
150 °C, tem seu comprimento variando de 2,00 m
a 2,03 m. Determine o coeficiente de dilatação b) O gráfico está representado na figura a seguir.
linear do material que constitui a barra. L (cm)

110,36
4. Duas barras, uma de zinco e outra de ferro, ferro
apresentam a 0 °C comprimentos 110,0 cm e 110,20
zinco
110,2 cm, respectivamente. Determine a que 110,00
temperatura devem ser aquecidas, para que
fiquem com comprimentos iguais. Os coeficien-
tes de dilatação linear do ferro e do zinco são, 0 121,4 θ (˚C)
respectivamente, 1,2 · 10–5 °C–1 e 2,7 · 10–5 °C–1.
Resolução: 6. Duas barras, uma de cobre e outra de alumí-
nio, apresentam a 0 °C mesmo comprimento.
Os comprimentos finais das barras são dados por: Quando aquecidas a 100 °C, seus comprimentos
barra de zinco: Lf = Li (1 + αZn · Δθ); diferem de 2,0 mm. Determine os comprimentos
Zn Zn
barra de ferro: Lf = Li (1 + αFe · Δθ) das barras a 0 °C. Dados: αCu = 1,8 · 10–5 °C–1;
Fe Fe
Devemos ter: αAℓ = 2,2 · 10–5 °C–1.
Lf = Lf 7. Têm-se duas barras retilíneas, uma de cobre e
Zn Fe
Li (1 + αZn · Δθ) = Li (1 + αFe · Δθ) outra de zinco. A 0 °C a diferença dos comprimen-
Zn Fe

Sendo Li = 110,0 cm, αZn = 2,7 · 10 –5 –1


°C , tos das duas barras mede 10 cm. A 200 °C essa
Zn diferença torna-se igual a 10,10 cm. Os coeficien-
Li = 110,2 cm e αFe = 1,2 · 10 °C , vem:
–5 –1
tes de dilatação linear do cobre e do zinco são,
Fe
100,0 (1 + 2,7 · 10–5 · Δθ) = respectivamente, 1,8 · 10–5 °C–1 e 2,9 · 10–5 °C–1.
= 110,2 (1 + 1,2 · 10–5 · Δθ) Calcule os comprimentos das barras a 0 °C, con-
siderando que a de zinco é maior.

30 Capítulo 2
8. O gráfico ao lado representa a variação dos com- L
A
primentos, em função da temperatura, de duas
barras metálicas A e B. Qual delas apresenta ϕ B
maior coeficiente de dilatação linear? ϕ

0 θ

Exercícios de Reforço

9. (UFLA-MG) Uma barra de ferro, homogênea, é (L1 + L2) α1 α1 · α2 · L1 · L2


a) α = d) α =
aquecida de 10 °C até 60 °C. Sabendo-se que a α2 · L1 · L2 L1 + L2
barra a 10 °C tem um comprimento igual a 5,000 m
e que o coeficiente da dilatação linear do ferro α1 · L1 – α2 · L2 α1 · L2 + α2 · L1
b) α = e) α =
é igual a 1,2 · 10–5 °C–1 podemos afirmar que a L1 + L2 L1 + L2
variação de comprimento e o comprimento final α1 · L1 + α2 · L2
da barra eram, respectivamente: c) α =
L1 + L2
a) 5 · 10–3 m; 5,005 m
b) 2 · 10–3 m; 5,002 m 13. Na figura, a plataforma A é sustentada pelas
c) 4 · 10–3 m; 5,004 m barras B e C. A 0 °C, o comprimento de C é três
vezes maior que o de B. Para que a plataforma A
d) 3 · 10–3 m; 5,003 m
se mantenha horizontal em qualquer temperatu-
e) 6 · 10–3 m; 5,006 m ra, qual deve ser a relação entre os coeficientes
de dilatação linear das barras B e C ? Admita que
10. Uma trena de aço, cujo coeficiente de dilatação
A, B e C sempre estejam em equilíbrio térmico.
linear 11,0 · 10–6 °C–1, tem extensão de 4,0 m
e foi confeccionada para ser usada em tempe- (horizontal)

ILUStrAçõES: zAPt
raturas ambientes, em torno de 25 °C. Em que A
temperatura ela dá um erro absoluto de 2,20 mm B C
para medida de uma barra de 2,000 m de compri-
mento?
a) 0,10 °C c) 10,0 °C e) 125 °C
b) 1,0 °C d) 100 °C

11. (UEL-PR) O coeficiente de dilatação linear do aço 14. (UEL-PR) À temperatura de 0 °C, os comprimen-
é 1,1 · 10–5 °C–1. Os trilhos de uma via férrea têm tos de duas barras, I e II, são, respectivamente, L0
12 m cada um na temperatura de 0 °C. Sabendo- e ℓ0. Os coeficientes de dilatação linear das barras
se que a temperatura máxima na região onde I e II são, respectivamente, α1 e α2. Sabe-se que
se encontra a estrada é 40 °C, o espaçamento a diferença de comprimento entre as barras in-
mínimo entre dois trilhos consecutivos deve ser, depende da temperatura, desde que as barras
aproximadamente, de: estejam em equilíbrio térmico.
a) 0,40 cm d) 0,48 cm L0
b) 0,44 cm e) 0,53 cm I
c) 0,46 cm X
II
ℓ0
12. Duas barras de comprimentos L1 e L2 e coeficien-
tes de dilatação linear α1 e α2, respectivamente, Nessas condições, entre L0, ℓ0, α1 e α2 vale a
são emendadas, constituindo uma única barra de relação:
comprimento L1 + L2. Determine o coeficiente de
dilatação linear dessa barra. a) L0 · α1 = ℓ0 · α2 d) L0 – ℓ0 = α1 – α2
L1 L2 b) L0 · α2 = ℓ0 · α1 e) L0 + α1 = ℓ0 – α2
c) L0 – ℓ0 = α2 – α1

Dilatação térmica 31
15. Um termostato é um dispositivo constituído basi- L (comprimento) C
camente de duas lâminas metálicas firmemente LC B
ligadas uma a outra e utilizado para controlar LB
A
a temperatura de aparelhos eletrodomésticos. LA
Quando a temperatura aumenta, as lâminas L0

curvam-se na forma de arco, o circuito se abre e


a passagem da corrente elétrica cessa, conforme
0
as figuras 1 e 2. θ θ (˚C)

Podemos afirmar que:


i i=0
a) αA = αC d) αC > αA

A
αC LA αB L0
A b) = e) αC =
αA LC LB
LB
B c) αB =
B θLA

bateria 17. (FGV-SP) Um serralheiro monta, com o mesmo


elétrica
tipo de vergalhão de ferro, a armação esquemati-
i
zada.
Figura 2.
Figura 1.
A

São dados alguns coeficientes de dilatação linear.

Ilustrações: zapt
Metal α (°C–1)

Aço 11 · 10–6
B
Latão 19 · 10–6
A barra transversal que liga os pontos A e B
Cobre 17 · 10–6
não exerce forças sobre esses pontos. Se a tem-
Podemos afirmar que: peratura da armação for aumentada, a barra
a) as duas lâminas são de latão. transversal:

b) as duas lâminas são de cobre, pois é o melhor a) continua não exercendo forças sobre os pon-
condutor elétrico dentre os três apresentados. tos A e B.
c) poderemos ter: lâmina A de aço e lâmina B de b) empurrará os pontos A e B, pois ficará
cobre. 2 vezes maior que o novo tamanho que
d) podemos ter: lâmina A de latão e lâmina B de deveria assumir.
cobre.
c) empurrará os pontos A e B, pois ficará
e) a curvatura independe do coeficiente de
ℓ0 · α · Δθ vezes maior que o novo tamanho
dilatação linear; basta que sejam dois metais
que deveria assumir.
diferentes.
d) tracionará os pontos A e B, pois ficará 2
16. (U. F. Uberlândia-MG) O gráfico a seguir ilustra 3 vezes menor que o novo tamanho que deveria
barras metálicas, A, B e C, de materiais diferen-
assumir.
tes, que se encontram inicialmente a 0 °C, sendo,
nessa temperatura, seus comprimentos iguais. e) tracionará os pontos A e B, pois ficará ℓ0 · α ·
Seus coeficientes médios de dilatação linear são, · Δθ vezes menor que o novo tamanho que
respectivamente, αA, αB e αC. deveria assumir.

32 Capítulo 2
Leitura

P•ndulo compensado

ILUStrAçõES: LUIz AUGUStO rIbEIrO


O período de oscilação de um pêndulo de relógio depende de seu comprimento, como se
mostra na equação a seguir: 10
11 12 1
2
9

T = 2π L 8
3
4
g 7 6 5

T = período do pêndulo; tempo decorrido para que ele faça uma oscilação completa (ida
e volta)
L
L = comprimento do pêndulo
No entanto, o comprimento L do pêndulo varia com a temperatura, devido à dilatação
térmica do material:
• no verão, o comprimento aumenta devido à dilatação térmica; o período aumenta e o
relógio se atrasa, pois “bate” mais devagar.
Figura a.
• no inverno, o comprimento diminui devido à contração térmica; o período diminui e
o relógio se adianta, pois “bate” mais depressa.

11 12 1
10 2
9 3
Seria bastante incômodo mexer no comprimento do pêndulo a cada temperatura
8 4
7 6 5 do dia. Como resolver esse problema?
(1)
Uma das soluções encontradas pelos físicos foi a do pêndulo compensado, como se
mostra na figura b. São acrescentadas mais quatro barras metálicas em paralelo com
a barra pendular original. As barras 1 e 2 são do mesmo material e apresentam baixo
(2) (3) (3) (2)
coeficiente de dilatação linear. As duas barras 3 são de um segundo material que
apresenta um elevado coeficiente de dilatação linear. Geralmente usam-se os metais
aço e zinco (ou latão).
A dilatação das barras 1 e 2 deve ser compensada pela dilatação da barra 3,
mantendo assim a esfera pendular na mesma altura e não alterando o comprimento
Figura b. L do pêndulo.

Portanto:
ΔL3 = ΔL1 + ΔL2

α3 · L3 · Δθ = α1 · L1 · Δθ + α2 · L2 · Δθ

Observemos que a grandeza Δθ é cancelada na equação, mostrando-nos que o método não vai depender da
variação de temperatura, seja ela para cima ou para baixo.
Por outro lado, os coeficientes de dilatação α1 e α2 são iguais, pois as barras 1 e 2 são do mesmo metal. A
equação fica:
α3 · L3 = α1 · L1 + α1 · L2

α3 · L3 = α1 · (L1 + L2)

Essa equação justifica por que devemos ter α1 < α2.


Se fizermos o nosso pêndulo compensado com aço (11 · 10–6 °C–1) e zinco (27 · 10–6 °C–1), teremos:
27· L3 = 11 · (L1 + L2)

Pode-se fazer ainda: L1 = 1,50 m; L2 = 1,20 m; L3 = 1,10 m.

Dilatação térmica 33
3. Dilatação superficial dos sólidos

ILUStrAçõES: zAPt
Podemos analisar a variação da área de uma superfície, quando varia a tempe-
ratura, considerando a dilatação de cada uma das dimensões lineares. A1
yi
Consideramos uma placa metálica retangular de lados xi e yi, com área A1, na
temperatura inicial θi. Variando a temperatura para θf, os lados passam a apresen- xi
tar valores xf e yf e a área passa para A2 (fig. 5). (a) Chapa fria.
Aplicando a Lei da Dilatação Linear para cada uma das dimensões x e y, pode-
mos escrever:
xf = xi (1 + α · Δθ)
A2
yf = yi (1 + α · Δθ) yf

Multiplicando membro a membro essas equações, obtemos: xf


(b) Chapa aquecida.
xf yf = xi yi (1 + α · Δθ)
2

Figura 5. A dilatação superficial é:


Mas o produto xf yf = Af é a área final da placa, e o produto xi yi = Ai é a área ΔA = A2 – A1.
inicial. Assim:
Af = Ai (1 + α · Δθ)2 1
Desenvolvendo o quadrado (1 + α · Δθ)2 vem:

(1 + α · Δθ)2 = 1 + 2α · Δθ + α2 (Δθ)2

O termo α2 (Δθ)2 é muito pequeno comparado com os outros termos e por isso
pode ser desprezado. Assim, temos:

(1 + α · Δθ)2 ≅ 1 + 2α · Δθ

Substituindo em 1 , vem:

Af = Ai (1 + 2α · Δθ) 2
ObsERvAçãO
Na equação 2 , o termo 2α é indicado por β, sendo denominado coeficiente
DOs AUTOREs
de dilatação superficial do material de que é feita a placa. Então, vale escrever:

Af = Ai (1 + β · Δθ), onde β = 2α A relação β = 2α


é válida para uma
O termo adimensional (1 + β · Δθ) constitui o binômio de dilatação superficial superfície homogênea,
do material para a variação de temperatura Δθ. que apresenta o mesmo
Desenvolvendo a equação anterior, vem: coeficiente de dilatação
em todas as direções.
Af = Ai + β · Ai · Δθ ⇒ Af – Ai = β · Ai · Δθ

A diferença Af – Ai = ΔA é a variação de área sofrida pela placa quando a tem-


peratura varia. Assim:

ΔA = β · Ai · Δθ 3

Portanto, a Lei da Dilatação Superficial estabelece que a variação da área de


uma superfície (ΔA) é diretamente proporcional à área inicial (Ai) e à variação da
temperatura ocorrida (Δθ).
O coeficiente de dilatação superficial β, sendo o dobro do linear, tem a mes-
ma unidade (recíproco da unidade de temperatura: °C–1; °F–1; K–1). Valem ainda
as considerações de que nos exercícios o resultado obtido ou o dado fornecido
para β equivale a um valor médio correspondente ao intervalo de temperatura em
questão.

34 Capítulo 2
Exercícios de Aplicação

18. Uma chapa metálica quadrada tem lado 50 cm a Af = 2 500 [1 + 3,6 · 10–5 · (50 – 10)]
10 °C. Qual a área da superfície da chapa a 50 °C?
O coeficiente de dilatação linear do material que Af = 2 503,6 cm
constitui a chapa é 1,8 · 10–5 °C–1.
19. Uma chapa metálica retangular, de lados 40 cm
Resolução: e 50 cm, sofre um aumento de área de 4,8 cm2
A área da chapa a 10 °C é dada por: quando é aquecida de 80 °C. Determine o coefi-
Ai = L2i ciente de dilatação linear do material que cons-
titui a chapa.
Ai = (50)2 ⇒ Ai = 2 500 cm2
20. Uma chapa homogênea de aço apresenta as
Sendo:
seguintes dimensões: comprimento 40 cm e
β = 2α = 2 · 1,8 · 10–5 °C–1 = 3,6 · 10–5 °C–1 largura 20 cm, à temperatura de 20 °C. A chapa
temos: foi aquecida de 50 °C, dilatando-se. Sendo
α = 11 · 10–6 °C–1 o coeficiente de dilatação
Af = Ai (1 + β · Δθ)
linear do aço, determine a sua área a 70 °C.

Exercícios de Reforço

21. (Mackenzie-SP) Uma chapa plana de uma liga Pode-se afirmar que:
metálica de coeficiente de dilatação linear a) L = ℓ e D = d d) L > ℓ e D < d
2 · 10–5 °C–1 tem área A0 à temperatura de 20 °C. b) L > ℓ e D > d e) L < ℓ e D > d
Para que a área dessa placa aumente 1%, deve-
c) L > ℓ e D = d
mos elevar a sua temperatura para:
a) 520 °C c) 320 °C e) 170 °C 24. (Unesp-SP) Um fabricante, precisando substituir
b) 470 °C d) 270 °C os parafusos de um forno, deparou-se com um
problema. A estrutura do forno é feita de cobre e
22. Uma chapa retangular metálica apresenta as os parafusos disponíveis são de um outro metal.
seguintes propriedades à temperatura ambiente: Sabendo que ao aquecer o forno, os furos nos quais
largura L1, comprimento L2 e coeficiente de dila- se encontram os parafusos aumentam seu diâme-
tação linear do material igual a α. tro, e ainda que o diâmetro dos parafusos também
A chapa sofre uma aumenta, o fabricante optou por parafusos feitos
variação de tempe- de materiais que não afrouxem nem forcem demais
L1; α
ratura Δθ, sendo a estrutura do forno nos furos, conforme o forno
aquecida. A área vai aquecendo-se. Conhecendo os coeficientes de
da chapa aqueci- dilatação médios, em °C–1, do cobre (17 · 10–6) do
da é: L2; α chumbo (29 · 10–6) do alumínio (23 · 10–6),
a) L1 · L2 (1 + α · Δθ) do latão (19 · 10–6) e do aço (11 · 10–6), e des-
b) L1 · L2 (1 – α · Δθ) considerando a influência de outros efeitos sobre a
c) L1 · L2 (1 + 2α · Δθ) decisão final, pode-se afirmar que:
d) L1 · L2 (1 – 2α · Δθ) a) os parafusos feitos de quaisquer desses mate-
e) L1 · L2 (2 + 2α · Δθ) riais são igualmente eficientes para o propó-
sito do fabricante.
23. No centro de uma placa metálica quadrada, de lado ℓ, b) os melhores parafusos substitutivos são aque-
fez-se um orifício circular de diâmetro d como se les feitos de aço.
mostra na figura. Colocou-se a placa num forno
c) são igualmente válidos apenas os parafusos
elétrico por alguns minutos e
ILUStrAçõES: zAPt

de chumbo e de alumínio.
mediu-se, ao final do aqueci-
mento, o novo comprimento do d
d) pode-se utilizar tanto os parafusos de chum-
ℓ bo quanto os de aço.
lado da placa e o diâmetro do
orifício, encontrando-se, res- e) os parafusos mais indicados são aqueles feitos
pectivamente, os valores L e D. de latão.

Dilatação térmica 35
4. Dilatação volumétrica ou cúbica dos sólidos
A variação do volume de um corpo sólido também é analisada a partir da dilatação
de cada uma das dimensões lineares do corpo.
Vi

ILUStrAçõES: zAPt
Assim, consideremos um paralelepípedo de uma dada substância, cujos lados na
temperatura inicial θi são xi, yi e zi e cujo volume é Vi. Ao variar a temperatura para θf, yi
zi
os dados passam para xf, yf e zf e o volume para Vf (fig. 6). xi
Aplicando a Lei da Dilatação Linear a cada uma das dimensões, obtemos:
Vf
xf = xi (1 + α · Δθ)
yf
yf = yi (1 + α · Δθ) zf
xf
zf = zi (1 + α · Δθ)
Figura 6. Dilatação volumé-
Multiplicando membro a membro essas equações, vem:
trica (a figura dilatada está
xf yf zf = xi yi zi (1 + α · Δθ)3 exagerada para realçar o
efeito).
Mas o produto xf yf zf = Vf é o volume final do corpo, e xi yi zi = Vi é seu volume
inicial. Assim:
Vf = Vi (1 + α · Δθ)3 1
Desenvolvendo o cubo (1 + α · Δθ)3 vem:
(1 + α · Δθ)3 = 1 + 3α2 · Δθ + 3α · Δθ2 + α3 · Δθ3
Em vista de os termos 3α2 · Δθ2 e α3 · Δθ3 serem muito pequenos comparados aos
outros termos, eles podem ser desprezados, escrevendo-se com boa aproximação:
(1 + α · Δθ)3 = 1 + 3α · Δθ
Substituindo em 1 :
Vf = Vi (1 + 3α · Δθ) 2
Chamamos coeficiente de dilatação cúbica ou volumétrica do material do corpo
o termo 3α, indicando-o por γ. Assim, a equação 2 se torna: ObsERvAçãO
DOs AUTOREs
Vf = Vi (1 + γ · Δθ) 3
A equação 4
ressaltando também que: somente se verifica
para materiais
γ = 3α 4 isótropos, ou
seja, aqueles
O termo adimensional (1 + γ · Δθ) constitui o binômio de dilatação volumétrica ou
que apresentam
cúbica do material para a variação de temperatura Δθ. variações idênticas
Desenvolvendo a equação anterior, vem: nas três direções.
Vf = Vi + γ · Vi · Δθ
Vf – Vi = γ · Vi · Δθ
A diferença Vf – Vi = ΔV é a variação de volume sofrida pelo corpo ao variar a tem-
peratura. Portanto:
ΔV = γ · Vi · Δθ 5

As equações 3 , 4 e 5 nos dão a Lei da Dilatação Volumétrica:

A variação de volume de um sólido é proporcional ao seu volume inicial


e à variação de temperatura.

A unidade de γ é a mesma de α, ou seja: °C–1 ou K–1 ou ainda °F–1.

36 Capítulo 2
Cavidades
É muito comum depararmos com situações-problema em que te-
mos que calcular a dilatação de uma cavidade no interior de um só- (a) (d)

ILUStrAçõES: zAPt
lido.
O procedimento é muito simples: imaginemos que a cavidade foi pre-
enchida novamente pelo mesmo material que constitui aquele sólido. cavidade
Agora vamos aquecer o sistema. Hipoteticamente, retiramos o recheio e
verificamos que ele se dilatou.
Podemos acompanhar os procedimentos na sequência da figura 7: (b) (e)
• A sequência (a), (b) e (c) mostra a inserção do recheio preenchen-
do toda a cavidade.
recheio cavidade
• A sequência (d), (e) e (f ) mostra o corpo aquecido e a retirada do
recheio.

De quanto se dilatou então a cavidade? Agora é fácil responder: ela se (c) (f)
dilatou tanto quanto se dilatou o seu recheio. Aplicamos a equação 5 :

ΔV = γ · Vi · Δθ recheio

Usamos o coeficiente de dilatação do próprio sólido e não do ar, como


Figura 7. a, b e c : procedimento antes do
se poderia supor; o volume inicial é o volume da cavidade que será igual
aquecimento; d, e e f : procedimento após o
ao do recheio. aquecimento.
Se quisermos apenas calcular o novo diâ-
metro da cavidade, basta calcular o diâmetro
do recheio e usar a equação de dilatação li- Exemplo 3
near 2 :
No centro de uma chapa de aço (α = 11 · 10–6 °C–1) fez-se um
df = di (1 + α · Δθ)
orifício de diâmetro 5,000 mm. Ao se aquecer a placa em 100 °C,
O esquema apresentado na figura 7 é esse diâmetro aumentou para:
mais uma demonstração de que o diâmetro
e o volume da cavidade aumentam quando df = 5,0 · (1 + 11 · 10–6 · 100) mm ⇒ df ≃ 5,006 mm
aquecidos.

Exercícios de Aplicação

25. Um sólido de cobre sofre aquecimento até seu constata-se que sua geratriz passa a ter compri-
volume ser aumentado em 0,81%. Calcule a varia- mento de 10 cm. Qual a área da base do cilindro a
ção de temperatura, sabendo que o coeficiente de 20 °C? O coeficiente de dilatação linear do ferro
dilatação linear do cobre é 1,8 · 10–5 °C. é 1,2 · 10–5 °C–1.
Resolução:
De ΔV = γ · Vi · Δθ, sendo:
27. Uma liga metálica apresenta coeficiente de dila-
γ = 3α = 3 · 1,8 · 10–5 °C–1 = 5,4 · 10–5 °C–1 e tação superficial igual a X. Podemos afirmar que
ΔV = 0, 81%Vi, vem: os coeficientes de dilatação linear (α) e volumé-
0,81 V = 5,4 · 10–5 · V · Δθ trico (γ) valem, respectivamente:
100 i i
X e 2X
a) d) X e 3X
Δθ = 150 °C 3 2 2
b) X e 2X e) 2X e 3X
2 3 3 2
26. Um cilindro reto de ferro tem a 0 °C volume
de 1 000 cm3. Aquece-se o cilindro até 20 °C e c) 2X e 3X

Dilatação térmica 37
28. Uma casca esférica de alumínio de diâmetro ⇒ V = 4,00 · 103 cm3
20,0 cm é aquecida de 100 °C. Conhecido o coefi-
Calculemos ainda o coeficiente de dilatação
ciente de dilatação do alumínio α = 24 · 10–6 °C–1
volumétrica:
determine:
a) o novo diâmetro da casca esférica. Despreze a γ = 3α ⇒ γ = 3 · 24 · 10–6 ⇒ γ = 72 · 10–6 °C–1
sua espessura. Voltando à equação 5 , temos:
b) a dilatação volumétrica da casca. Adote π = 3. ΔV = 4,00 · 103 · 72,0 · 10–6 · 100
Resolução:
a) Para o diâmetro usamos a equação linear 2 : ΔV = 28,8 cm3
df = di(1 + α · Δθ)
29. (UF-PI) Um bloco de aço contém uma cavidade de
df = 20,0(1 + 24 · 10–6 · 100) 20 cm3 a 0 °C.
Sendo de 36 · 10–6 °C–1 o coeficiente de dilatação
df ≅ 20,05 cm
volumétrica do aço, o volume dessa cavidade, a
b) Para a dilatação volumétrica usamos a equa- 100 °C:
ção 5 : a) se reduz de 18 · 10–3 cm3.
ΔV = Vi · γ · Δθ b) se reduz de 72 · 10–3 cm3.
Inicialmente devemos calcular o volume ini-
c) aumenta de 18 · 10–3 cm3.
cial da casca esférica:
3 3 d) aumenta de 36 · 10–3 cm3.
V = 4π · R ⇒ V = 4 · 3 · 10,0 ⇒
3 3 e) aumenta de 72 · 10–3 cm3.

Exercícios de Reforço

30. (UE-CE) O coeficiente de dilatação superficial do 32. Um cubo de aresta a é constituído de um material
ferro é 2,4 · 10–5 °C–1. O valor do coeficiente de cujo coeficiente de dilatação linear é α (°C–1). O
dilatação cúbica é: cubo sofre um aquecimento uniforme de 1,0 °C.
a) 1,2 · 10–5 °C–1 c) 4,8 · 10–5 °C–1 Após o aquecimento, a área de uma de suas faces
–5 –1
b) 3,6 · 10 °C d) 7,2 · 10–5 °C–1 e o volume do cubo valem, respectivamente:
31. Uma chapa metálica de área 1 m2, ao sofrer certo a) 2a(1 + 2α) e 3a(1 + 3α)
aquecimento, dilata de 0,36 mm2. Com a mesma b) a2(1 + 3α) e a3(1 + 2α)
variação de temperatura, um cubo de mesmo
material, com volume inicial de 1 dm3, dilatará: c) a2(1 + α2) e a3(1 + α3)
a) 0,72 mm3 c) 0,36 mm3 e) 0,18 mm3 d) a2(1 + α) e a3(1 + α)
b) 0,54 mm3 d) 0,27 mm3 e) a2(1 + 2α) e a3(1 + 3α)

5. Dilatação dos sólidos anisótropos


Nas considerações feitas até aqui admitimos que os sólidos eram isótropos quanto
à dilatação térmica, isto é, a dilatação ocorre sempre do mesmo modo, qualquer que
seja a direção considerada.
No entanto, há sólidos cristalinos anisótropos no que se relaciona à dilatação térmi-
ca. Neles, a dilatação ocorre de modo diferente nas várias direções, não havendo, por-
tanto, um único coeficiente de dilatação térmica. Em consequência, um corpo simétrico
desse material deixa de apresentar essa simetria ao sofrer um aquecimento.
Verifica-se experimentalmente que, em todo cristal anisótropo, existem três particula-
res direções denominadas direções principais, tais que se um paralelepípedo do material
for talhado com suas arestas nessas direções, o corpo se dilata conservando sua forma,
embora as dimensões não guardem entre si a mesma proporção que antes da dilatação.

38 Capítulo 2
Para cada uma das direções principais, indicadas por x, y e z na figura 8, podemos y
individualizar um coeficiente de dilatação linear principal: αx, αy e αz. z
Havendo a dilatação de um sólido anisótropo, vale escrever:
x
ΔV = γ · Vi · Δθ e Vf = Vi (1 + γ · Δθ)
Figura 8. As direções prin-
cipais de um sólido anisó-
O coeficiente de dilatação volumétrica vale então: tropo.

γ = αx + αy + αz

Nos exercícios deste volume, admitiremos que o material seja homogêneo e, em


casos de anisotropia, esta será mencionada.

Exemplo 4
L2; α2

ILUStrAçõES: zAPt
Uma chapa retangular metálica, anisótropa, apresenta as seguintes propriedades à tem-
peratura ambiente: comprimento L1 e coeficiente de dilatação linear dessa aresta α1; largura
L2 e coeficiente de dilatação linear dessa outra aresta α2, como indica a figura 9. L1; α1 L1; α1

A chapa sofre uma variação de temperatura Δθ, sendo aquecida. Sabe-se que α1 ≠ α2. O
coeficiente de dilatação superficial é (α1 + α2) e a sua área após aquecida é: L2; α2
Figura 9.
Af = L1 · L2 [1 + (α1 + α2) · Δθ]

6. variação da densidade com a temperatura


A densidade de um corpo sólido é a relação entre sua massa e o volume por ela
ocupado. Considerando duas temperaturas, inicial θi e final θf, teremos:
di = m e df = m
Vi Vf
Como vimos, os volumes inicial e final relacionam-se por:
Vf = Vi (1 + γ · Δθ)
Substituindo na fórmula que dá a densidade final, vem:

m di
df = ⇒ df =
Vi (1 + γ · Δθ) (1 + γ · Δθ)

Concluímos, então, que a densidade varia com a temperatura em sentido oposto


ao volume, isto é, a densidade diminui quando ocorre um aumento de temperatura.

Exercícios de Aplicação

33. Um cristal anisótropo tem, nas direções dos Resolu•‹o:


eixos x, y e z, ortogonais, os coeficientes
a) O coeficiente de dilatação cúbica do cristal é
de dilatação linear αx = 1,3 · 10–5 °C–1;
αy = 2,4 · 10–5 °C–1 e αz = 3,1 · 10–5 °C–1 res- dado por:
pectivamente. Determine: γ = αx + αy + αz

a) o coeficiente de dilatação cúbica do cristal; γ = 1,3 · 10–5 + 2,4 · 10–5 + 3,1 · 10–5
b) o coeficiente de dilatação superficial no plano
γ = 6,8 · 10–5 °C–1
xy.

Dilatação térmica 39
b) O coeficiente de dilatação superficial no 37. Um cilindro metálico, estando a 20 °C, tem as
plano xy é: seguintes medidas: 22 cm de altura externa e
β = αx + αy ⇒ β = 1,3 · 10–5 + 2,4 · 10–5 ⇒ 14 cm de diâmetro na base externa. Ele possui
uma cavidade cilíndrica medindo 20 cm de altu-
⇒ β = 3,7 · 10–5 °C–1 ra interna e 10 cm de diâmetro de base, como
se mostra na figura. O coeficiente de dilatação
34. Na figura temos um cubo de cris- z linear do metal é 20 · 10–6 °C–1. Esse cilindro é
tal anisótropo, ou seja: os coe- aquecido até a temperatura de 120 °C sem que se
ficientes de dilatação linear são danifique a sua estrutura.
diferentes nas direções dos três

ILUStrAçõES: zAPt
eixos. Na temperatura de 0 °C y
x
suas arestas medem 10 cm. Os
coeficientes de dilatação linear nas direções dos
três eixos são: αx = 10 · 10–6 °C–1; αy = 20 · 10–6 °C–1;
αz = 15 · 10–6 °C–1. O cristal é aquecido até a 20 cm
22 cm
temperatura de 20 °C.
Determine:
a) o volume inicial do cristal;
b) o coeficiente de dilatação volumétrica; 10 cm
c) o volume final do cristal; 14 cm
d) a área da face situada no plano xy.
Determine:
35. Com a finalidade de se determinar o coeficiente a) o volume da cavidade a 20 °C (adote π = 3);
de dilatação linear de um metal foram feitos dois b) o coeficiente de dilatação volumétrica do metal;
experimentos:
1°. experimento: mediu-se a densidade de uma c) o volume da cavidade a 120 °C.
porção maciça desse metal a uma temperatura de Resolução:
20 °C e encontrou-se o valor 2,55 g/cm3. a) O volume da cavidade se calcula por:
2°. experimento: a mesma porção anterior foi
aquecida num forninho elétrico até a temperatu- V = Abase · H ⇒ V = πR2 · H
ra de 180 °C e, novamente medida a sua densida-
de, encontrou-se o valor 2,50 g/cm3. V = (3 · 5,02 · 20) cm3 ⇒ V = 1 500 cm3
Determine o coeficiente de dilatação linear do b) O coeficiente de dilatação volumétrica é dado
metal, admitindo-se que ele seja constante para como se fosse um metal homogêneo:
a faixa de temperatura dos dois experimentos.
γ = 3α ⇒ γ = (3 · 20 · 10–6) °C–1
Resolução:
Temos: γ = 60 · 10–6 °C–1
df = 2,50 g/cm3, di = 2,55 g/cm3
Δθ = 180 °C – 120 °C = 160 °C c) Calculemos inicialmente a dilatação volumé-
di trica da cavidade:
Sendo: df =
1 + γ · Δθ ΔV = γ · V · Δθ
2,50 = 2,55
ΔV = 60 · 10–6 · 1 500 · 100 cm3
1 + γ · 160
γ = 1,25 · 10–4 °C–1 ΔV = 9,0 cm3
Mas γ = 3α, portanto:
γ 1,25 · 10–4 O volume final Vf fica:
α= =
3 3
Vf = ΔV + V ⇒ Vf = 9,0 cm3 + 1 500 cm3
α ≅ 4,2 · 10 °C–5 –1

Vf = 1 509 cm3
36. O coeficiente de dilatação volumétrica de uma
peça de aço é 36 · 10–6 °C–1. A massa da peça 38. Uma caneca de alumínio cuja capacidade a 0 °C é
é 14,0 kg e seu volume, a 20 °C, é 2 000 cm3. A 100,00 cm3 é aquecida até 40 °C. Determine seu
peça foi aquecida até a temperatura de 420 °C. aumento de capacidade. É dado o coeficiente de
Determine a densidade nessa temperatura. dilatação linear do alumínio: 2,2 · 10–5 °C–1.

40 Capítulo 2
Exercícios de Reforço

39. (UF-AL) Uma esfera de aço cujo coeficiente de rebite

zAPt
–5 –1
dilatação linear é 1,0 · 10 °C passa, sem A

nenhuma folga, por um orifício circular feito


numa chapa de zinco, cujo coeficiente de dila-
tação linear é 2,5 · 10–5 °C–1, estando ambas à
temperatura ambiente.
Considere as afirmações seguintes:
RA
I. Elevando de 30 °C a temperatura da esfera e
RB
da chapa, a esfera continuará passando, sem
nenhuma folga, pelo orifício. placa
II. Aquecendo apenas a chapa, a esfera passará B
com folga pelo orifício.
III. Resfriando ambas de 25 °C, a esfera não mais Assinale a(s) proposição(ões) correta(s):
passará pelo orifício.
01. Se αA > αB, a folga irá aumentar se ambos
É correto o que se afirma somente em
forem igualmente resfriados.
a) I c) III e) II e III
02. Se αA > αB, a folga ficará inalterada se
b) II d) I e II
ambos forem igualmente aquecidos.
40. (UF-SC) Um aluno de ensino médio está projetan- 04. Se αA < αB e aquecermos apenas o rebite, a
do um experimento sobre a dilatação dos sólidos. folga aumentará.
Ele utiliza um rebite de material A e uma placa
08. Se αA = αB, a folga ficará inalterada se
de material B, de coeficientes de dilatação tér-
ambos forem igualmente aquecidos.
mica, respectivamente, iguais a αA e αB. A placa
contém um orifício em seu centro, conforme 16. Se αA = αB, e aquecermos somente a placa,
indicado na figura. O raio RA do rebite é menor a folga aumentará.
que o raio RB do orifício e ambos os corpos se 32. Se αA > αB, a folga aumentará se apenas a
encontram em equilíbrio térmico com o meio. placa for aquecida.

7. Dilatação térmica dos líquidos


Quando aquecidos, os líquidos em geral se dilatam e a lei da dilatação é idêntica à
que foi estabelecida para os sólidos. Assim, sendo Vi o volume inicial do líquido e Δθ a
variação de temperatura sofrida, a variação de volume ΔV é dada por:
ΔV = γ · Vi · Δθ
A constante de proporcionalidade γ é denominada coeficiente de dilatação real
do líquido, apresentando a mesma unidade que os demais coeficientes de dilatação,
isto é, o recíproco da unidade de temperatura (ºC–1, ºF–1, K–1).
Lembrando que a variação de volume é a diferença entre o volume final e o volume
inicial (ΔV = Vf – Vi) vem:
Vf – Vi = γ · Vi · Δθ
Vf = Vi + γ · Vi · Δθ
Vf = Vi (1 + γ · Δθ) 1
O termo (1 + γ · Δθ) é o binômio de dilatação real do líquido para a variação de
temperatura Δθ.
No entanto, os líquidos não apresentam forma própria. Por isso, a análise do com-
portamento térmico de um líquido é feita estando ele contido num recipiente sólido.
Isso evidentemente complica a determinação da dilatação dos líquidos, uma vez que o
recipiente também se dilata.

Dilatação térmica 41
De modo geral, os líquidos se dilatam mais que os sólidos. Por isso,
se um recipiente estiver cheio de líquido até a borda, um aumento na
Líquido γ (°C–1)
temperatura acarreta transbordamento do líquido. Para efeito de compa- mercúrio 1,82 · 10–4
ração, a tabela ao lado fornece o coeficiente de dilatação real de alguns glicerina 5,3 · 10–4
líquidos.
A cada temperatura θf corresponde um volume Vf do líquido: ácido sulfúrico 5,6 · 10–4

Vf = Vi [1 + γ (θf – θi)]
petróleo 9,0 · 10–4
álcool etílico 1,10 · 10–3
O gráfico de Vf em função de θf está indicado na figura 10.
bissulfeto de
Vf 1,14 · 10–3
carbono
Vf
benzina 1,18 · 10–3
Vi
tolueno 1,20 · 10–3
gasolina 1,20 · 10–3
θi θf θf
éter 1,60 · 10–3
Figura 10. Gráfico do volume final do
líquido × temperatura. Tabela 2.

Exercícios de Aplicação

41. Um recipiente contém 200 cm3 de álcool à tempe- ficientes de dilatação cúbica do vidro (γV) e do
ratura de 30 °C. Qual será o volume ocupado por mercúrio (γM):
esse álcool à temperatura de 50 °C? O coeficiente γV = 27 · 10–6 °C–1, γM = 180 · 10–6 °C–1
de dilatação cúbica do álcool é γ = 1,1 · 10–3 °C–1.
Resolução:
Resolução:
temperatura inicial: θi = 20 °C; temperatura
temperatura inicial: θi = 30 °C; temperatura final: θf = 70 °C
final: θf = 50 °C; volume inicial: Vi = 200 cm3 Δθ = θf – θi = 50 °C
γ = 1,1 · 10–3 °C–1 O vidro e o mercúrio têm o mesmo volume inicial
Δθ = θf – θi = 20 °C (Vi = 800 cm3). Sendo ΔVV a variação de volume
Sendo Vf o volume final e ΔV a variação de volu- do vidro e ΔVM a variação de volume do mercúrio,
me, temos: o volume de mercúrio extravasado (ΔV) é dado
por:
Vf – Vi = ΔV = Vi · γ · Δθ = (200) (1,1 · 10–3)(20)
ou ΔV = ΔVM – ΔVV 1
ΔV = 4,4 cm3
zAPt

Portanto:
Vf = Vi + ΔV ⇒ Vf = 204,4 cm3 Vi Vi

42. Um frasco contém 150 cm3 de mercúrio, à tem-


peratura inicial de 80 °C. Qual o volume ocu- θi θf ΔV
pado pelo mercúrio à temperatura de 280 °C?
Mas ΔVM = Vi · γM · Δθ e ΔVV = Vi · γV · Δθ
O coeficiente de dilatação cúbica do mercúrio é
γ = 18 · 10–5 °C–1. Substituindo em 1 , obtemos:
ΔV = Vi · γM · Δθ – Vi · γV · Δθ
43. Um recipiente de vidro, de volume interno ou
Vi = 800 cm3 está completamente cheio de mercú-
ΔV = Vi · Δθ (γM – γV)
rio, estando o conjunto à temperatura de 20 °C.
Calcule o volume de mercúrio que extravasa do Assim: ΔV = (800)(50)(180 · 10–6 – 27 · 10–6)
frasco quando o conjunto é aquecido até que
ΔV = 6,12 cm3
sua temperatura atinja 70 °C. São dados os coe-

42 Capítulo 2
44. Uma garrafa de alumínio de volume interno 500 cm3 nos dois ramos verticais do tubo ficam diferentes:
está totalmente cheia com líquido de coeficiente de no ramo à temperatura θ0, a altura é h0 = 80,0 cm
dilatação cúbica igual a 120 · 10–6 °C–1, estando o e, no ramo à
conjunto à temperatura de 40 °C. Sabendo que o temperatura θ0 θ
coeficiente de dilatação cúbica do alumínio é igual
θ, a altura é
a 72 · 10–6 °C–1, calcule o volume de líquido que
h = 82,0 cm.
extravasa da garrafa quando o conjunto é aquecido h
Calcule o va- h0
até a temperatura de 240 °C.
lor de γ.
45. À temperatura de 20 °C enche-se um frasco de Resolução:
vidro com 2 000 cm3 de um líquido. Ao se aquecer θ0 = 0 ºC; h0 = 80,0 cm; θ = 20 ºC; h = 82,0 cm
o conjunto a 170 °C, extravasam 12 cm3 de líquido.
Δθ = θ – θ0 = 20 °C
Calcule o coeficiente de dilatação cúbica do líquido,
sabendo que o do vidro é igual a 27 · 10–6 °C–1. Devido à diferença de temperatura, as densida-
des do líquido nos dois ramos verticais do tubo
46. Consideremos um frasco de vidro de volume são diferentes. Seja d0 a densidade do líquido à
interno 600 cm3 à temperatura de 10 °C. Sabendo temperatura θ0 e seja d a densidade do líquido
que o coeficiente de dilatação cúbica do vidro é à temperatura θ. Como sabemos do estudo da
27 · 10–6 °C–1 e o do mercúrio, 180 · 10–6 °C–1, cal- Hidrostática, se o líquido dentro do tubo está em
cule o volume de mercúrio que devemos colocar no equilíbrio, devemos ter:
frasco de vidro, a 10 °C, de modo que o volume da d0h0 = dh 1
parte vazia não se altere ao variar a temperatura.
Por outro lado, já vimos que:
Resolução:
d0
volume inicial do frasco: VF = 600 cm3 d= 2
i 1 + γ · Δθ
volume inicial do mercúrio: VM = ? Substituindo 2 em 1 , obtemos:
i
coeficiente de dilatação cúbica do frasco: d0
γF = 27 · 10–6 °C–1 d0h0 = h
1 + γ · Δθ
coeficiente de dilatação cúbica do mercúrio:
h – h0
γM = 180 · 10–6 °C–1 donde γ =
h0 · Δθ
Para que o volume da parte vazia fique constan-
Assim:
te, a variação de volume do frasco (ΔVF) deve ser
82,0 – 80,0
⇒ γ = 1,25 · 10 °C
–3 –1
igual à variação de volume do mercúrio (ΔVM): γ=
80,0 · 20
ΔVF = ΔVM 1
Mas ΔVF = VF · γF · Δθ e ΔVM = VM · γM · Δθ ObsERvAçãO
i i
Substituindo em 1 , obtemos:
γ
VF · γF · Δθ = VM · γM · Δθ ou VM = F · VFi Como podemos observar, foi possível calcular
i i i γM
o coeficiente de dilatação cúbica do líquido,
–6 sem conhecer o coeficiente de dilatação do
Assim: VM = 27 · 10 –6 · 600 ⇒ VMi = 90 cm
3

i 180 · 10 material de que é feito o tubo.

47. Uma garrafa de aço tem volume interno igual a


1 000 cm3, à temperatura de 20 °C. Sabendo que os 49. A figura representa um líquido dentro de um
coeficientes de dilatação cúbica do aço e do mer- tubo em U disposto verticalmente, estando os
cúrio são, respectivamente, iguais a 36 · 10–6 °C–1 dois braços verticais envolvidos por banhos a
e 180 · 10–6 °C–1, calcule o volume de mercúrio temperaturas diferentes: θ1 = 20 °C e θ2 = 60 °C.
que devemos colocar na garrafa, a 20 °C, de
Desse modo, as alturas das colunas líquidas nos
modo que o volume da parte vazia não se altere
dois braços verticais do tubo são h1 = 60,0 cm e
ao variar a temperatura.
h2 = 61,2 cm. Calcule o coeficiente de dilatação
48. Dentro de um tubo em U disposto verticalmente, cúbica do líquido.
coloca-se um líquido de coeficiente de dilatação
ILUStrAçõES: zAPt

cúbica γ. Um dos braços do tubo é envolvido θ1 θ2


por um banho de gelo fundente à temperatura
θ0 = 0 °C e o outro braço é envolvido por um banho h2
de água à temperatura θ = 20 °C, como ilustra a h1
figura. Desse modo, as alturas das colunas líquidas

Dilatação térmica 43
Exercícios de Reforço

50. (UF-ES) Um caminhão-tanque com capacidade 53. (AFA-SP) Um recipiente tem capacidade de 3 000 cm3
para 10 000 litros é cheio de gasolina quando a a 20 °C e está completamente cheio de um deter-
temperatura é de 30 °C. Qual a redução de volu- minado líquido. Ao aquecer o conjunto até 120 °C,
me sofrida pelo líquido ao ser descarregado numa transbordam 27 cm3. O coeficiente de dilatação
ocasião em que a temperatura é de 10 °C? O aparente desse líquido, em relação ao material de
coeficiente de dilatação volumétrica da gasolina que é feito o recipiente, é, em ºC–1, igual a
é igual a 9,6 · 10–4 °C–1.
a) 3,0 · 10–5
a) 0,96 litro. d) 96 litros. b) 9,0 · 10–5
b) 1,92 litro. e) 192 litros. c) 2,7 · 10–4
c) 9,6 litros. d) 8,1 · 10–4
51. (Cesgranrio-RJ) Um petroleiro recebe uma carga 54. (AFA-SP) Um frasco de vidro, cujo volume é 2 000 cm3
de 1,0 · 106 barris de petróleo (1,6 · 105 m3) no
a 0 °C, está completamente cheio de mercúrio a
golfo Pérsico, a uma temperatura de aproximada-
esta temperatura. Sabe-se que o coeficiente de
mente 50 °C. Qual a perda em volume, por efeito
dilatação volumétrica do mercúrio é 1,8 · 10–4 °C–1
de contração térmica, que esta carga apresenta,
e o coeficiente de dilatação linear do vidro de
quando descarregada no sul do Brasil, a uma
que é feito o frasco é 1,0 · 10–5 °C–1. O volume
temperatura de cerca de 20 °C? O coeficiente de
de mercúrio que irá entornar, em cm3, quando o
expansão (dilatação) térmica do petróleo é apro-
conjunto for aquecido até 100 °C, será:
ximadamente igual a 1 · 10–3 °C–1.
a) 6,0 b) 18 c) 36 d) 30
a) 3 barris. d) 3 · 103 barris.
b) 3 · 101 barris. e) 3 · 104 barris. 55. (Unesp-SP) Nos últimos anos temos sido alerta-
c) 3 · 102 barris. dos sobre o aquecimento global. Estima-se que,
mantendo-se as atuais taxas de aquecimento do
52. Um frasco de volume interno V0 está totalmente planeta, haverá uma elevação do nível do mar
cheio com um líquido de coeficiente de dilatação causada, inclusive, pela expansão térmica, cau-
cúbica γ, estando o conjunto à temperatura θ0. sando inundação em algumas regiões costeiras.
Aquecendo-se o conjunto até a temperatura θ, Supondo, hipoteticamente, os oceanos como sis-
observa-se que transborda do frasco um volume temas fechados e considerando que o coeficiente
de líquido igual a V1. Sabendo que o coeficiente de dilatação volumétrica da água é aproximada-
de dilatação linear do material de que é feito o mente 2 · 10–4 °C–1 e que a profundidade média
frasco é igual a α, podemos afirmar que: dos oceanos é de 4 km, um aquecimento global
a) V1 = V0(θ – θ0)(γ – α) de 1 °C elevaria o nível do mar, devido à expan-
b) V1 = V0 · θ(α – γ) são térmica, em aproximadamente,
c) V1 = V0(γ – 3α)(θ – θ0) a) 0,3 m d) 1,1 m
d) V1 – V0(2α – γ)(θ – θ0) b) 0,5 m e) 1,7 m
e) V1 = V0(θ – θ0)(3α – γ) c) 0,8 m

8. Dilatação aparente
zAPt

100
90
No laboratório de Ciências, para medirmos o volume de um líquido usamos um frasco 80
graduado, como esta proveta da figura 11. Ela veio graduada de fábrica e geralmente isso 70
60
é feito à temperatura ambiente, convencionada em 20 °C. Assim, nessa temperatura, o 50
volume lido em sua graduação está correto. Na figura 11, sendo mL a unidade de volume 40
da graduação e estando a 20 °C, podemos ler o volume do líquido: 60 mL. 30
20
Se aquecermos o sistema (frasco + líquido) haverá dilatação de ambos. O tamanho 10
da unidade de volume impressa no frasco fica aumentado e o volume lido não vai cor-
responder à realidade. Será um volume aparente. Figura 11. Frasco graduado –
Precisamos fazer uma correção. Esse será o nosso estudo neste item. proveta.

44 Capítulo 2
Correção da leitura
Consideremos um líquido contido num frasco de volumetria cuja capacidade de di-
visão (entre duas marcas consecutivas da graduação) é C, na temperatura de graduação
(por exemplo, 20 °C), que admitiremos ser a inicial. Se a leitura correspondente ao nível C
L
livre do líquido é L (fig. 12), o volume inicial é:
Vi = L · C
Figura 12. Volume ini-
ObsERvAçãO
cial Vi = L · C.
A grandeza C, que aparece na equação Vi = L · C, geralmente representa um volume unitário
entre duas graduações. No entanto, um frasco pode estar graduado de 5 m𝓵 em 5 m𝓵 ou de
10 m𝓵 em 10 m𝓵. Em qualquer situação o volume será dado pelo produto da leitura L pelo
valor de C.
Por exemplo, se entre duas marcas consecutivas a unidade de volume é C = 1 m𝓵 e a leitura
é L = 20, devemos ler um volume inicial Vi = 20 m𝓵.

Ocorrendo a variação de temperatura Δθ, estabelecido o equilíbrio térmico, o nível


livre do líquido passa a corresponder à leitura L' (fig. 13). Se não levarmos em conta
que a capacidade de divisão do frasco se alterou de C para C', teremos para o líquido
um volume final aparente:

ILUStrAçõES: zAPt
Vap = L' · C
Exemplificando, se a nova leitura for L' = 23 com a capacidade de divisão mantida L' C'
em C = 1 mℓ, teremos Vap = 23 m𝓵.
Chamamos dilatação aparente do líquido, para a variação de temperatura Δθ, a
diferença entre o volume final aparente do líquido e seu volume inicial:
Figura 13. Volume final
ΔVap = Vap – Vi 1 aparente (Vap = L' · C) e
real (Vf = L' · C').
Nos exemplos numéricos sugeridos acima, teremos:
ΔVap = 23 – 20 ⇒ ΔVap = 3 m𝓵
A dilatação aparente é, evidentemente, muito fácil de ser determinada, pois corres-
ponde numericamente à simples diferença (L' – L) entre as leituras final e inicial.
Demonstra-se que a dilatação aparente obedece a uma lei análoga à da dilatação
real, isto é, a variação aparente de volume (ΔVap) é diretamente proporcional ao volume
inicial (Vi) e à variação de temperatura (Δθ).

ΔVap = γap · Vi · Δθ 2

A constante de proporcionalidade γap é denominada coeficiente de dilatação apa-


rente do líquido, para o frasco em que se encontra. Sua unidade também é o recípro-
co da unidade e temperatura (ºC–1, ºF–1, K–1). Esse coeficiente de dilatação aparente
relaciona-se com o coeficiente de dilatação real γ e com o coeficiente de dilatação
volumétrica do sólido por:
γap = γ – γs 3

Considerando que ΔVap = Vap – Vi, substituindo na equação acima, obtemos:


Vap – Vi = γap · Vi · Δθ
Vap = Vi + γap · Vi · Δθ

Vap = Vi (1 + γap · Δθ) 4

O termo adimensional (1 + γap · Δθ) é o binômio de dilatação aparente do líquido


para o frasco em que se encontra e para a variação de temperatura Δθ sofrida.

Dilatação térmica 45
Demonstração da igualdade 2
Consideremos a figura 14, onde se mostra a dilatação (exagerada) da distância entre
duas marcas consecutivas da escala da proveta. teremos um novo volume unitário C'.
L'
L
Vf = L' C' = L' C (1 + γs · Δθ) = Vap (1 + γs · Δθ) 1
Vap
Vf = Vi (1 + γ · Δθ) 2 C C'

De 1 e 2 temos:
1 + γ · Δθ
Vap (1 + γs · Δθ) = Vi (1 + γ · Δθ) ou Vap = Vi 3
1 + γs · Δθ
Mas: Vi = LC Vap = L'C
Vf = L'C'
1 + γ · Δθ (1 + γ · Δθ) · [1 – γs · Δθ] 1 – γs · Δθ + γ · Δθ – γ · γs (Δθ)2
= = ≅ (a) Antes. (b) Depois.
1 + γs · Δθ (1 + γs · Δθ) · [1 – γs · Δθ] 1 – γ2s · (Δθ)2
Figura 14.
≅ 1 – γs · Δθ + γ · Δθ = 1 + (γ – γs) Δθ
pois γ · γs (Δθ)2 e γs2 (Δθ)2 são pequenos em comparação com os outros termos.
Substituindo em 3 , obtemos:

Vap = Vi 1 + (γ – γs) Δθ = Vi [1 + γap · Δθ] ou ΔVap = Vi · γap · Δθ


γap

ObsERvAçãO

Usualmente, para a determinação experimental do coeficiente de dilatação real do líquido, utilizamos a relação
γ = γap + γs. Realmente, sendo dado o coeficiente de dilatação volumétrica do material do frasco γs, o valor do coeficiente
de dilatação aparente é facilmente obtido na experiência, pois ΔVap corresponde numericamente à variação do nível líquido
(L' – L). Da equação ΔVap = γap · Vi · Δθ, tiramos o valor de γap, que, somado ao valor γs, nos dá o coeficiente procurado.
Usualmente, para a determinação experimental do coeficiente de dilatação real do líquido usamos:
γreal = γap + γfrasco 4 ΔVap = γap · Vi · Δθ 5

Exercícios de Aplicação

56. Um frasco de vidro foi graduado em cm3, a 20 °C. θi = 20 ¼C


ILUStrAçõES: zAPt

Coloca-se dentro do frasco um líquido a 20 °C


até atingir a marca de 400 cm3. Quando o con-
400,0
junto é aquecido até 120 °C, observa-se que
o líquido atinge a marca de 408 cm3. Sabendo Figura a. Vi = volume
que o coeficiente de dilatação cúbica do vidro é inicial real = 400 cm3
γV = 27 · 10–6 °C–1, calcule o coeficiente de θf = 120 ¼C
dilatação cúbica real do líquido e o volume real
do líquido a 120 °C.
408,0
Resolu•‹o: Figura b. Vap = volume
aparente final = 408 cm3
temperatura inicial:
θi = 20 °C ⇒ Δθ = 100 °C À temperatura de 120 °C, o líquido atinge a marca
temperatura final: de 408 cm3 (fig. b). Porém, essa marca não nos
θf = 120 °C dá o volume real do líquido, mas sim o volume

46 Capítulo 2
Vap (cm3)
aparente (Vap), pois o frasco também se dilatou.
Portanto, a 120 °C, temos: Vap = 408,0 cm3. 612,0

À temperatura de 20 °C, o líquido atinge a 609,0


marca de 400 cm3 (fig. a). Como o frasco foi
graduado a essa temperatura, podemos garantir 606,0
que o volume inicial real de líquido é 400 cm3:
Vi = 400 cm3. 603,0

Assim, a variação aparente de volume do líquido, 600,0


20 30 40 50 60 θ (˚C)
entre 20 °C e 120 °C, é:
Sabendo que o vidro de que é feito o frasco
ΔVap = 408 cm3 – 400 cm3 = 8 cm3
tem coeficiente de dilatação cúbica igual a
Vimos na teoria que: 30 · 10–6 °C–1, calcule o coeficiente de dilata-
ção cúbica real do líquido.
ΔVap = Vi · γap · Δθ

γap = ΔVap = 8 ou γap = 2 · 10–4 °C–1


59. Um recipiente de vidro encontra-se completa-
Vi · Δθ 400 · 100 mente cheio de glicerina, à temperatura de 0 °C.
γreal = γap + γfrasco Nessa temperatura a sua capacidade volumétrica é
1 000,0 cm3. O conjunto é aquecido até a tem-
Assim: peratura de 100 °C e 50,5 cm3 extravasam do
γ = 2 · 10–4 + 27 · 10–6 ou γ = 227 · 10–6 °C–1 recipiente, os quais foram devidamente recolhi-
dos num prato previamente colocado sob este.
O volume real (V) do líquido a 120 °C pode agora Sabendo-se que o coeficiente de dilatação do
ser calculado: frasco vale 25 · 10–6 °C–1, determine o coeficiente
V = Vi (1 + γ · Δθ) = 400 (1 + 227 · 10–6 · 100) ⇒ de dilatação real do líquido.
Resolu•‹o:
⇒ V = 409, 1 cm3 Temos:
θ1 = 0 °C; θ2 = 100 °C; V1 = 1 000,0
57. Consideremos um frasco de vidro graduado em γf = 25 · 10–6 °C–1 = 2,5 · 10–5 °C–1
cm3 a 15 °C. Dentro desse frasco coloca-se um Lembrando que o volume que extravasa represen-
líquido a 15 °C, até atingir a marca de 500 cm3. A ta a dilatação aparente de glicerina, temos:
seguir, aquece-se o conjunto até 95 °C e observa-
ΔVap = 50,5 cm3
se que o líquido atinge a marca de 506 cm3.
Como: ΔVap = V1 · γap · Δθ
zAPt

Vem: 50,5 = V1 · γap · Δθ


500 cm3 506 cm3
50,5 = 1 000 · γap · 100
γap = 50,5 · 10–5 °C–1

15 °C 95 °C
Mas: γtot = γf + γap
γtot = 2,5 · 10–5 + 50,5 · 10–5
Sabendo que o coeficiente de dilatação cúbica do
vidro é 27 · 10–6 °C–1, calcule: γtot = 53,0 · 10–5 °C–1
a) a variação aparente de volume do líquido;
b) o coeficiente de dilatação cúbica aparente do 60. Um recipiente de vidro, de volume interno
líquido; V1 = 800 cm3, está cheio de um líquido, estando
o conjunto à temperatura de 20 °C. Aquecendo-
c) o coeficiente de dilatação cúbica real do líqui- se o conjunto até 70 °C, observa-se que há um
do; transbordamento de 6 cm3 de líquido. Sabendo
d) o volume real de líquido a 95 °C. que o coeficiente de dilatação cúbica do vidro é
30 · 10–6 °C–1, calcule:
58. A figura a seguir dá o gráfico do volume aparen-
te em função da temperatura, para um líquido a) o coeficiente de dilatação cúbica aparente do
colocado dentro de um frasco de vidro, o qual foi líquido;
graduado a 20 °C. b) o coeficiente de dilatação cúbica real do líquido.

Dilatação térmica 47
Exercícios de Reforço

61. Um recipiente cheio de um líquido é aquecido dilatação volumétrica do vidro e do mercúrio são,
e com isso um pouco desse líquido extravasa do respectivamente, 4 · 10–5 °C–1 e 1,8 · 10–4 °C–1.
recipiente. O volume de líquido extravasado é Aquecendo-se o conjunto a 100 °C, o volume de
igual: mercúrio que extravasa, em cm3, vale:
a) à variação real de volume do líquido. a) 2,8 · 10–4 d) 2,8 · 10–1
b) à variação de volume do recipiente. b) 2,8 · 10–3 e) 2,8
c) à variação aparente de volume do líquido. c) 2,8 · 10–2
d) à soma das variações de volume do líquido e 64. (Unirio-RJ) A figura ao
do recipiente. lado ilustra um cilin-
62. (UF-BA) A figura abaixo representa o bulbo de um dro de ferro sem tampa
termômetro de gás, a volume constante. No fundo completamente cheio 100 cm
do recipiente de cobre A com volume de 4,0 L, de mercúrio. O conjun-
colocou-se uma certa quantidade de mercúrio, para to é aquecido de 20 °C
que o volume a ser ocupado pelo gás a 70 °C.
permaneça constante. O coeficiente Devido a esse aqueci- 80 cm
Gás
de dilatação volumétrica do cobre é A mento, há transbordamento de parte do mer-
γ1 = 45 · 10–6 (°C–1) e o do mercúrio cúrio.
é γ2 = 180 · 10–6 (°C–1). Hg Se o coeficiente de dilatação linear do ferro é
Determine, em litros, o volume de 12 · 10–6 °C–1 e o coeficiente de dilatação volu-
mercúrio no recipiente. métrica do mercúrio é 180 · 10–6 °C–1, qual o
63. (U. E. Londrina-PR) Um recipiente de vidro de volume aproximado, em litros, de mercúrio derra-
capacidade 2 · 102 cm3 está completamente mado devido ao aquecimento? (Considere π = 3).
cheio de mercúrio, a 0 °C. Os coeficientes de a) 3,5 b) 3,8 c) 4,0 d) 4,3 e) 4,5

9. Comportamento anômalo da água


Em virtude de as moléculas de água no estado líquido esta-

ILUStrAçõES: zAPt
rem unidas por um tipo especial de ligação denominada “ponte
de hidrogênio”, a água apresenta um comportamento excep-
cional quando aquecida.
Verifica-se experimentalmente que, aquecido de 0 °C até
4 °C, o volume de uma dada massa de água diminui, sofrendo 0 ºC 4 ºC 100 ºC
contração. Se o aquecimento prosseguir de 4 °C até 100 °C, Figura 15. De 0 ºC a 4 ºC há contração; de 4 ºC a 100 ºC
o volume aumenta, ocorrendo dilatação. Admitindo que essa há dilatação.
água esteja num hipotético frasco não dilatável, o nível do lí-
quido no recipiente desce durante o aquecimento de 0 °C a
V
4 °C, passando a subir quando a temperatura aumenta além
de 4 °C (fig. 15). Exatamente a 4 °C o volume dessa massa de Vmín
água é mínimo.
Na figura 16, essa variação de volume é mostrada grafica-
mente, sendo o volume colocado em ordenadas e a tempera-
0 4 θ (°C)
tura em abscissas. É importante observar que, em nenhum dos
intervalos de temperatura considerados, o gráfico é uma reta, o Figura 16. O gráfico do volume
que indica não valerem para a água as fórmulas vistas anterior- pela temperatura não é retilí-
mente para a dilatação dos líquidos em geral. neo para a água. O volume de
O comportamento observado para a água não é causado uma porção de água é mínimo
apenas pelo afastamento entre as moléculas em virtude da a 4 °C.

48 Capítulo 2
maior agitação térmica molecular, como ocorre para a maioria dos líquidos. À medida
que a temperatura da água aumenta, ocorre um concomitante rompimento das pontes
de hidrogênio, causando uma aproximação entre as moléculas. Esse efeito predomina
sobre o afastamento das moléculas, entre 0 °C e 4 °C, acarretando a contração referida.
Acima de 4 °C, o afastamento intermolecular é predominante e, por isso, há dilatação.
Considerando que a densidade corresponde à relação entre a massa e o volume

d = m , podemos concluir que, para a água, a densidade aumenta no aqueci-


v d (g/cm3)
mento de 0 °C a 4 °C e diminui quando a temperatura aumenta acima de 4 °C,
como é mostrado no gráfico da figura 17, no qual a densidade foi colocada em 1
ordenadas e a temperatura em abscissas. A densidade da água apresenta seu
valor máximo (1 g/cm3) na temperatura de 4 °C.
Nas regiões de clima muito frio, onde a temperatura cai frequentemente para 0 4 θ (°C)
valores inferiores a 0 °C, sabe-se que, embora lagos, mares e rios congelem na
superfície, a água no fundo permanece no estado líquido, o que é providencial Figura 17. A 4 ºC a água tem densi-
para a manutenção da fauna e da flora aquáticas. dade máxima (1 g/cm3).

(a) (b)

LUIz AUGUStO rIbEIrO


‡gua a 4 ¡C

Figura 18. Quando a temperatura cai abaixo de 4 ºC, deixa de haver movimentação da água por diferença de densidade.

A explicação dessa ocorrência é baseada no comportamento anômalo da água des-


crito. Consideremos, como é mostrado na figura 18, um corte de uma porção de água.
Se a temperatura ambiente, acima da superfície da água, for superior a 4 °C inicial-
mente (por exemplo, 15 °C) e começar a diminuir, o resfriamento de todo o líquido é
praticamente uniforme, porque a densidade da água superficial (mais fria) é maior que
a da água do fundo (mais quente), tendendo a trocar de posição, o que faz com que a
água se misture (fig. 18a). No entanto, a partir do instante em que a temperatura atinge
4 °C, deixa de haver movimentação por diferença de densidade, pois nessa tempera-
tura a água tem densidade máxima (fig. 18b). Se a temperatura ambiente continuar
diminuindo, só se esfria a água da superfície (pois os líquidos são maus condutores
térmicos), chegando a se formar uma crosta de gelo, que poderá ganhar em espessura
à medida que a temperatura cai. No entanto, a água no fundo permanece no estado
líquido.

Exercícios de Aplicação

65. Ao ser aquecido de 0 °C até 4 °C, sob pressão 66. Ao ser aquecida de 1 °C a 5 °C, sob pressão nor-
normal, o volume de água: mal, a densidade de certa quantidade de água:
a) diminui. a) aumenta.
b) aumenta. b) diminui.
c) mantém-se constante. c) permanece constante.
d) aumenta e depois diminui. d) inicialmente diminui e em seguida aumenta.
e) diminui e depois aumenta. e) inicialmente aumenta e em seguida diminui.

Dilatação térmica 49
Exercícios de Reforço

volume (cm3)
67. (Mackenzie-SP) Diz um ditado popular: “A natu- d)
reza é sábia”. De fato! Ao observarmos os diversos
fenômenos da natureza, ficamos encantados com
muitos pormenores, sem os quais não poderíamos
ter vida na face da Terra, conforme a conhece-
0 14,5 temperatura (°C)
mos. Um desses pormenores, de extrema impor-
tância, é o comportamento anômalo da água,

volume (cm3)
e)
no estado líquido, durante seu aquecimento ou
resfriamento sob pressão normal. Se não existisse
tal comportamento, a vida subaquática nos lagos
e rios, principalmente das regiões mais frias de
nosso planeta, não seria possível. 0 14,5 temperatura (°C)

LUIz AUGUStO rIbEIrO


68. (Unirio-RJ) Um industrial propôs construir ter-
mômetros comuns de vidro, para medir tempera-
gelo a 0 °C
turas ambientes entre 1 °C e 40 °C, substituindo
o mercúrio por água destilada. Cristovo, um
água a 0 °C físico, opôs-se, justificando que as leituras no
1 °C
2 °C
termômetro não seriam confiáveis, porque
3 °C a) a perda de calor por radiação é grande.
4 °C
b) o coeficiente de dilatação da água é constan-
te no intervalo de 0 °C a 100 °C.
Dos gráficos a seguir, o que melhor representa
esse comportamento anômalo é: c) o coeficiente de dilatação da água entre 0 °C
e 4 °C é negativo.
volume (cm3)

a)
d) o calor específico do vidro é maior que o da
água.
e) há necessidade de um tubo capilar de altura
aproximadamente 13 vezes maior que a exigi-
0 4 temperatura (°C) da pelo mercúrio.

69. (UF-RS) A expressão “dilatação anômala da água”


volume (cm3)

b)
refere-se ao fato de uma determinada massa de
água, a pressão constante:
a) possuir volume máximo a 4 °C.
b) aumentar sua massa específica quando sua
0 4 temperatura (°C) temperatura aumenta de 0 °C para 4 °C.
c) aumentar de volume quando sua temperatura
volume (cm3)

c)
aumenta de 0 °C para 4 °C.
d) reduzir de volume quando sua temperatura
aumenta a partir de 4 °C.
e) possuir uma massa específica constante acima
0 14,5 15,5 temperatura (°C) de 4 °C.

Exercícios de Aprofundamento

70. (ITA-SP) O vidro pyrex apresenta maior resistên- b) tem baixo coeficiente de dilatação térmica.
cia ao choque térmico do que o vidro comum c) tem alto coeficiente de dilatação térmica.
porque d) tem alto calor específico.
a) possui alto coeficiente de rigidez. e) é mais maleável que o vidro comum.

50 Capítulo 2
71. (Aman-SP) Uma barra de metal de comprimento

LUIz AUGUStO rIbEIrO


1112 1
10 2
L0
L0 a 0 °C sofre um aumento de
9 3

, quando 8
7 6 5
4

1 000
aquecida a 100 °C. O coeficiente de dilatação
superficial médio do metal vale: L
–1 –1
a) 2 · 10 °C
b) 1 · 10–4 °C–1
c) 2 · 10–8 °C–1
d) 2 · 10–5 °C–1 Sabendo-se que a haste pendular apresenta coe-
e) 1 · 10–5 °C–1 ficiente linear de dilatação térmica igual a α,
então, na temperatura de 35 °C, o novo período
72. (OBF) Em um experimento no laboratório, um T vale:
estudante observa o processo de dilatação linear
1
de uma vara de metal com coeficiente linear de a) T = T0 1 + 10α d) T = T0 1 – 10α
dilatação α. O gráfico obtido no experimento é
1
mostrado a seguir, com o comprimento da vara b) T = T0 1 – 10α e) T = T0 1 + 10α
L em milímetros e a temperatura T em graus
Celsius. A vara é constituída de que material? c) T = T0 1 + 10α
g
L (103 mm) 75. (OBF) Uma armação cúbica de arestas de compri-
1,001
mento L0, feitas com arame cilíndrico muito fino
de coeficiente de dilatação linear α, constante,
1,000 inicialmente a uma temperatura T0 é aquecida a
0
uma temperatura final T. Admitindo-se que α e
35 45 55 65 75 85 T (˚C) (T – T0) possuem ordens de gran-

zAPt
deza respectivas de 104 e 102,
a) chumbo (α = 27 · 10 °C ) –6 –1
determine a ordem de grandeza
b) zinco (α = 26 · 10–6 °C–1) das variações de área das faces
c) alumínio (α = 22 · 10–6 °C–1) e volume do cubo em questão.
d) cobre (α = 17 · 10–6 °C–1) Adote L0 = 1 cm.
e) ferro (α = 12 · 10–6 °C–1) 76. As rodas de uma locomotiva são discos metáli-
73. (UEL-PR) Um relógio é acionado por um pêndulo cos e feitos de um material cujo coeficiente e
simples constituído por um corpúsculo preso a dilatação linear é 20 · 10–6 °C–1. Quando essa
um longo fio de alumínio. Desejando atrasar o locomotiva faz certo percurso, com as rodas à
relógio, alguns alunos levantaram as três possi- temperatura de 50 °C, cada uma delas realiza
bilidades apresentadas a seguir. 40 000 voltas completas. Se as rodas da locomo-
tiva estivessem à temperatura de 0 °C, o número
I. Aquecer o fio de alumínio. de voltas inteiras que cada uma daria, quando a
II. Aumentar a massa do corpúsculo preso ao locomotiva realizar esse mesmo percurso, seria
fio. a) 40 030 c) 40 050 e) 40 070
III. Resfriar o fio de alumínio. b) 40 040 d) 40 060
Dentre as possibilidades I, II e III, o atraso do
77. (ITA-SP) Um disco de ebonite tem um orifício
relógio seria conseguido:
circular de diâmetro 1 cm, localizado em seu
a) com a I e a II. centro. Sabendo-se que o coeficiente de dilatação
b) somente com a II. superficial da ebonite é igual a 160 · 10–6 °C–1,
c) somente com a III. pode-se afirmar que a área do orifício, quando a
temperatura do disco varia de 10 °C para 100 °C:
d) somente com a I.
a) diminui de 36π · 10–4 cm2.
e) com a II e a III.
b) aumenta de 144π · 10–4 cm2.
74. Um relógio com pêndulo metálico simples fun- c) aumenta de 36π · 10–4 cm2.
cionará corretamente quando a temperatura
ambiente for 25 °C. Nessa temperatura, o período d) diminui de 144π · 10–4 cm2.
de oscilação é T0. e) permanece inalterável.

Dilatação térmica 51
78. Três anéis de materiais diferentes estão encaixa- a) 270 mm d) 300 mm
dos como mostra a figura. b) 257 mm e) 540 mm
c) 285 mm

zapt
1
2
82. (U. F. São Carlos-SP) Durante um inverno rigoroso
3
no hemisférico norte, um pequeno lago teve sua
superfície congelada, conforme ilustra a figura.
ar (–10 °C) Lago com a superfície congelada

Luiz augusto RibeiRo


gelo (0 °C)
água (4 °C) sensor

Essa peça faz parte de uma máquina muito usada


numa indústria e o engenheiro de manutenção ao
avaliá-la notou que o anel 2 estava desgastando-
se e havia necessidade de trocá-lo. Como retirar
o anel 2 sem destruir nenhum dos anéis 1 e 3?
Considere desprezíveis as espessuras dos anéis a) Considerando o gráfico do volume da água em
em relação aos respectivos diâmetros. função de sua temperatura, explique por que
a) Aquecendo-se a peça eles vão se soltar, pois somente a superfície se congelou, continuan-
os materiais são diferentes. do o resto da água do lago em estado líquido.
b) Se o coeficiente de dilatação linear do anel 2
for superior ao do 1 e do 3, basta aquecer a
1000.25
peça que eles se soltarão.
volume da água (cm3)

c) Se o coeficiente de dilatação linear do anel 2 1000.20


for inferior ao do 1 e do 3, basta aquecer a
peça que eles se soltarão. 1000.15
d) Se os coeficientes de dilatação linear forem
1000.10
tais que α1 < α2 < α3, então por aquecimen-
to os anéis se soltarão.
1000.05
e) Se os coeficientes de dilatação linear forem
tais que α1 < α2 < α3, então por resfriamento 1000.00
os anéis se soltarão. 0 2 4 6 8 10
temperatura (ºC)
79. Em uma roda de madeira de diâmetro 100 cm, é
necessário adaptar um anel de ferro, cujo diâme- b) Um biólogo deseja monitorar o pH e a
tro é 5 mm menor que o diâmetro de roda. Em temperatura desse lago e, para tanto, uti-
quantos graus é necessário elevar a temperatura liza um sensor automático, específico para
do anel? O coeficiente de dilatação linear do ferro ambientes aquáticos, com dimensões de
é α1 = 12 · 10–6 °C–1. 10 cm × 10 cm × 10 cm. O sensor fica em
equilíbrio, preso a um fio inextensível de
80. À temperatura t1 a altura da coluna de mercúrio, massa desprezível, conforme ilustra a figu-
medida em uma escala de latão, é igual a H1. Qual ra. Quando a água está à temperatura de
é a altura H0 que terá a coluna de mercúrio para 20 °C, o fio apresenta uma tensão de 0,20 N.
t = 0 ºC? O coeficiente de dilatação linear do Calcule qual a nova tensão no fio quando a
latão é α e o coeficiente de expansão volumétrica temperatura na região do sensor chega a 4 °C.
do mercúrio é β.
Dados:
81. (ITA-SP) Um bulbo de vidro cujo coeficiente • Considere a aceleração da gravidade na Terra
de dilatação linear é 3 · 10–8 °C–1 está ligado a como sendo 10 m/s2.
um capilar do mesmo material. À temperatura
• Considere o sensor com uma densidade homo-
de –10,0 ºC a área de secção do capilar é 3,0 ·
gênea.
· 10–1 cm2 e todo o mercúrio, cujo coeficiente de
dilatação volumétrico é 180 · 10–6 °C–1, ocupa o • Considere a densidade da água a 20 °C como
volume total do bulbo, que a esta temperatura é 998 kg/m3 e a 4 °C como 1 000 kg/m3.
0,500 cm3. O comprimento da coluna de mercúrio • Desconsidere a expansão/contração volumétri-
a 90,0 °C será: ca do sensor.

52 Capítulo 2
CApÍtULO

Calorimetria
3
1. O que é calor 1. O que é calor

2. Energia térmica,
Coloquemos um pedaço de ferro quente (90 ºC) no interior de um recipien- calor e diferença de
te contendo água fria (5 ºC), como mostra a figura 1. Durante algum tempo a temperatura
temperatura do ferro quente abaixará e a da água fria subirá, até que ambas se
igualem. 3. Aquecimento de um

IlUStrAçõES: ZAPt
corpo
após algum
tempo 4. Cálculo da quantidade
ferro Água
(5 °C)
de calor sem mudança
(90 °C)
de fase
Figura 1. 5. Trocas de calor
Fenômenos como esse que acabamos de descrever se produzem sempre que
6. Mudança de estado
colocamos um corpo quente em presença de outro corpo frio, isolados da influência
de outros corpos. De algum modo, o corpo quente atuará sobre o corpo frio, exclu- 7. Leis da mudança de
sivamente devido à diferença de temperatura existente entre eles, e não em virtude estado de agregação
de qualquer ação mecânica.
Interpretamos esse fenômeno como uma fonte de energia, chamada calor, que
se transfere do corpo quente para o corpo frio (fig. 2).

C A LOR

Figura 2. O calor é transferido do corpo quente


para o corpo frio.

Calor é a energia que é transferida de um corpo para outro, exclusivamente


devido à diferença de temperatura existente entre os dois corpos.

A transferência de calor do quente para o frio não é “infinita”, pois o corpo


quente vai se esfriando e o frio vai se esquentando. Decorrido algum tempo eles
terão a mesma temperatura e atingirão o equil’brio tŽrmico. Nesse instante, cessa
a transferência de calor.
Excetuando-se o caso em que haja mudança de estado de agregação de molécu-
las, durante a “troca” de calor, ocorrerá o seguinte:
• À medida que o corpo quente for cedendo calor, sua temperatura irá caindo
(fig. 3a).
• À medida que o corpo frio for recebendo calor, sua temperatura vai aumen-
tando (fig. 3b).

Calorimetria 53
Evidentemente, haverá um instante em que as temperaturas vão se igualar: é o
equilíbrio térmico (fig. 3c).

a) b) c)
θ θ θ

equilíbrio
térmico

0 t 0 t 0 t
Figura 3. Evolução da temperatura de cada um dos corpos, quente e frio, quando colocados em
contato térmico. Por simplicidade, admitimos os gráficos retilíneos.

2. Energia térmica, calor e diferença de


temperatura
Calor
O calor é uma forma de energia que somente se manifesta quando há uma dife-
rença de temperatura entre dois corpos colocados próximos ou em contato mútuo. Por
outro lado, é um erro pensarmos que o corpo que cede calor possui mais energia que
o outro; ele tem apenas maior temperatura que o outro.

Energia térmica
O conceito de energia térmica nos é familiar: lidamos com ele em nosso dia a dia.
Não se pega com as mãos desprotegidas uma bandeja do forno e nem se põe dire-
tamente a mão na chapa do fogão para saber se ela está quente. Sabemos estimar
quanto tempo se deve deixar um copo de leite no micro-ondas para esquentá-Io. No
momento é suficiente saber que existe uma energia relacionada com a temperatura do
corpo: a ela damos o nome de energia térmica.
A energia térmica de um sistema está relacionada com o movimento aleatório e de
vibração das partículas (átomos e moléculas) do sistema. Um aumento da temperatura
do sistema produz um aumento dessa agitação. Consequentemente haverá um au-
mento da energia cinética de agitação, o que aumentará a energia térmica. Do mesmo
modo, abaixando a temperatura diminuirá a energia térmica do sistema. Mais adiante,
na Ondulatória, falaremos também da energia térmica das radiações de infravermelho.
A energia térmica é uma propriedade das partículas que constituem o sistema, por-
tanto está contida nos corpos, enquanto o calor é uma forma de energia que se trans-
fere de um corpo ao outro. São formas diferentes de energia e em locais diferentes, mas
obedecem ao Princípio da Conserva•‹o da Energia.
O sistema que cedeu calor ficou com menos energia do que tinha, ao passo que o
que recebeu calor ficou com mais energia.

Não se deve dizer que o calor é uma energia contida no corpo, pois o calor é apenas
uma forma de energia transferida de um corpo ao outro. A energia contida nos corpos,
relacionada com a sua temperatura, é a energia tŽrmica.

54 Capítulo 3
A diferença de temperatura ObsErvAçãO

O que regula a transferência de energia na forma de calor é a temperatura: Quando dois corpos
enquanto houver diferença entre as temperaturas dos corpos, haverá troca de podem ficar em
calor. Não existe nenhuma relação entre as quantidades de energia térmica dos contato mútuo, sem
que haja transferência
corpos com a troca de calor entre eles. Os exemplos a seguir vão esclarecer um
de calor, dizemos
pouco mais.
que eles estão em
equilíbrio térmico.

Exemplo 1

(T) (T) (T)

IlUStrAçÕES: ZAPt
Nos frascos temos inicialmente dois líquidos, A e B, tais que o nú-
mero de moléculas de B é muito maior que o de A; no entanto, suas
temperaturas são iguais e valem T. Evidentemente a energia térmica de
B é maior que a de A. Se misturarmos os dois líquidos, a temperatura de
equilíbrio térmico da mistura continuará a valer T; ou seja, não haverá A B
troca de calor (fig. 4).
Figura 4.

Exemplo 2

Sejam X e Y dois corpos tais que a temperatura de X seja maior que transferência
a de Y; no entanto, o corpo Y é formado por um número muito maior de calor
de moléculas e possui mais energia térmica que X. Se colocarmos os
dois corpos em contato mútuo, haverá transferência de calor de X para corpo X corpo Y
Y até que os dois fiquem em equilíbrio térmico (fig. 5). temperatura Tx temperatura Ty
Figura 5. A temperatura Tx é maior que Ty.

Conclusões:
No exemplo 1 ficou evidente que a troca de calor não ocorreu porque os líquidos já
estavam na mesma temperatura e, ao serem misturados, ficaram em equilíbrio térmico.
No exemplo 2 ficou evidente que a transferência de calor ocorreu do corpo de
maior temperatura para o de menor temperatura, independentemente da quantidade
de energia térmica de um ou de outro.

Unidade da quantidade de calor


Como o calor é uma forma de energia, então a unidade de quantidade de calor, no
Sistema Internacional, também é o joule (J).
Por razões históricas, no entanto, usamos também outra unidade de quantidade de
calor: a caloria (cal), que assim se define:

Uma caloria (cal) é a quantidade de calor necessária para aquecer


1 grama de água de 14,5 °C para 15,5 °C, sob pressão normal.

Usa-se também um múltiplo da caloria, a quilocaloria (kcal): 1 kcal = 1 000 cal.

Uma quilocaloria (kcal) é a quantidade de calor necessária para aquecer


1 quilograma de água de 14,5 °C para 15,5 °C, sob pressão normal.

Calorimetria 55
A relação entre caloria e joule é estabelecida na termodinâmica com a experiência
do físico que emprestou o seu nome à unidade de energia do SI: o inglês James Prescott
Joule. O resultado foi o seguinte:

1 cal = 4,186 J ⇔ 1 J = 0,2389 cal

3. Aquecimento de um corpo
Ao apresentar o conceito de calor, imaginamos que os dois corpos sofram variação
de temperatura ao trocar calor. No entanto, há situações em que a temperatura de um
dos corpos se mantém constante. É o que acontece quando um deles está mudando
seu estado de agregação.
Se aquecermos água sob pressão normal, estando ela inicialmente a 10 ºC, verifica-
remos que a temperatura registrada pelo termômetro (fig. 6) sobe gradativamente até
alcançar 100 ºC. A partir desse instante, embora continue o fornecimento de calor, a
temperatura permanece constante e a água passa a sofrer uma mudança de estado,
transformando-se em vapor que escapa do recipiente.

IlUStrAçÕES: ZAPt
100 ºC 100 ºC 100 ºC

30 ºC
10 ¼C

Figura 6. Aquecimento da água sob pressão normal.


representando graficamente o processo, colocando em ordenadas os valores da
temperatura e em abscissas o tempo decorrido, obtemos a curva do aquecimento re-
presentada na figura 7. A reta paralela ao eixo dos tempos representa a mudança de
fase denominada vaporização (passagem do líquido para o vapor). Essa paralela é
usualmente chamada patamar.
Do mesmo modo, se aquecermos um bloco de gelo, estando ele a uma temperatura
de –20 °C, ao receber calor ocorrerá o seguinte (fig. 8):
• Inicialmente, haverá apenas um aquecimento até a temperatura de 0 ºC.
• Atingida a temperatura de 0 ºC, inicia-se o processo de fusão do gelo. A tempe-
ratura vai permanecer constante durante algum tempo, até que haja fusão de
todo o gelo.
• Uma vez no estado líquido a temperatura volta a subir.

θ (ºC) θ (ºC)
água
100
fusão L
0
50 S t (tempo)
gelo
10
–20
0 t (tempo)

Figura 7. Curva de aquecimento da Figura 8. Curva de aquecimento do


água sob pressão normal. gelo. S = sólido; L = líquido.

56 Capítulo 3
4. Cálculo da quantidade de calor sem
mudança de fase

ZAPt
θ term™metro
Vamos aquecer um corpo, sólido ou líquido, numa fonte térmica e supor que em
nenhum momento houve mudança de estado de agregação (mudança de fase). A fonte
térmica pode ser, por exemplo: uma boca de um fogão a gás ou um bico de Bunsen ou
simplesmente outro corpo mais quente. Na figura 9 ilustramos o aquecimento de um
líquido com um bico de gás (bico de Bunsen).

Capacidade térmica
Devido ao aquecimento a temperatura do corpo sofrerá uma variação dada por:
Δθ = θf – θi Figura 9. Aquecimento de
um líquido usando um bico
Verifica-se que, para pequenos aquecimentos, a variação de temperatura é direta- de Bunsen.
mente proporcional à quantidade de calor fornecido, Q, e se escreve:
Q = C · Δθ
A constante C nessa equação é denominada capacidade térmica do corpo. Pode-
se escrever que:
Q
C= 1
Δθ

A unidade de capacidade térmica é decorrente da equação 1 e se escreve, para o


SI: joule por kelvin (J/K). Usa-se também, fora do SI, a caloria por grau Celsius (cal/°C).

Calor específico
Experimentalmente se verifica que a capacidade térmica de um corpo é proporcional
à sua massa.
C=c·m 2
Nessa equação, c é uma constante denominada calor específico do material. O calor
específico é uma propriedade do material que constitui o corpo. Dizemos, por exemplo:
calor específico do alumínio, calor específico do ferro, calor específico do álcool, etc.
Igualando-se as equações 1 e 2 , obtemos:

Q Q
c·m= ⇒ c= 3
Δθ m · Δθ

Decorre da equação a unidade do calor específico: no SI, é o joule por quilograma e


por kelvin, simbolizada por: J/(kg · K).
Ainda usando as unidades tradicionais, também se utiliza para o calor específico a
unidade: caloria por grama e por grau Celsius, simbolizada por cal/(g · ºC).
A definição original de caloria e a equação 3 nos levam ao calor específico da
água:
cágua = 1 cal
g · °C
ou, ainda:
cágua = 4,186 J = 4,186 · 103 J
g · °C kg · K

Calorimetria 57
Exemplo 3

Dispomos de três blocos de alumínio: o primeiro, de massa 1 kg, apresenta uma capacidade térmica igual a 0,900 kJ/K;
o segundo, de massa 2 kg, tem capacidade térmica 1,800 kJ/K; e o terceiro, de massa 0,500 kg, tem capacidade térmica
0,450 kJ/K.
Observemos que:
• do primeiro para o segundo bloco, a massa dobrou e tem-se o dobro da capacidade térmica;
• do primeiro para o terceiro bloco, a massa foi reduzida à metade e tem-se metade da capacidade térmica.
Vamos calcular o calor específico do material desses blocos, ou seja, do alumínio:
capacidade térmica C
c= ⇒c=
massa m
As unidades de massa e de capacidade térmica estão no SI:
1,800 0,450 0,900
cA𝓵 = = = = 0,900 (em unidades SI)
2 0,5 1
J
cA𝓵 = 0,900
kg · K
Observemos mais uma vez que o calor específico é uma propriedade do alumínio e não do corpo feito de alumínio.

Na tabela 1 temos alguns exemplos do calor específico de


Substância Calor específico
substâncias no estado líquido ou sólido.
O valor do calor específico de uma substância depende do Líquidos cal/(g · ºC) J/(kg · K)
estado de agregação em que se encontra a substância. Por água 1,000 4 186
exemplo, para o caso da água, temos: etanol 0,580 2 428
• gelo (água sólida): c = 0,53 cal/g · °C mercúrio 0,033 138

• água líquida: c = 1,0 cal/g · ºC Sólidos cal/(g · ºC) J/(kg · K)


gelo 0,5300 2 219
• vapor de água: c = 0,48 cal/g · ºC
alumínio 0,2150 900
cobre 0,0923 386
Quantidade de calor (aquecimento ou prata 0,0564 236
resfriamento) chumbo 0,0305 128

Admitindo-se que o corpo esteja sendo aquecido ou res- Tabela 1. Valores de calor específico de alguns
friado, e que não esteja ocorrendo mudança de fase, a quan- líquidos e sólidos, a 20 °C.
tidade de calor pode ser obtida da equação 3 anteriormente
deduzida:
(cálculo da quantidade de
c= Q ⇒ Q = m · c · Δθ 4 calor no aquecimento ou
m · Δθ resfriamento do corpo)

EstrAtégiA

Na resolução de problemas de calorimetria é muito comum aparecerem dados do SI


misturados com dados do antigo sistema (caloria, gramas, etc.). O ideal é converterem-se
todos os dados para o SI. No entanto, há uma outra estratégia mais simples: tomar como
referência as unidades agregadas ao calor específico, o qual, frequentemente, é dado do
problema; nessa grandeza você tem unidade de calor, de massa e de temperatura.

58 Capítulo 3
Exemplo 4

Um cubo de gelo de massa M = 0,5 kg será aquecido desde – 45 ºC até a temperatura de – 5 ºC. Conhecemos o calor
específico do gelo: c = 0,5 cal/(g · °C). Vamos determinar a quantidade de calor necessária, aplicando a equação 4 .
Inicialmente vamos pesquisar as unidades a serem usadas. Observemos a unidade do calor específico cal/(g · °C), que nos
dá a pista: a massa m em gramas, a quantidade de calor Q em calorias e a temperatura em graus Celsius.
Usemos a equação 4 da página anterior:
Q = m · c · Δθ
Q = (500 g) · (0,5 cal/g · °C) · (40 °C)
Q = 10 000 cal ou Q = 10 kcal

Calor específico molar


Em determinadas circunstâncias é preferível trabalhar com a quantidade de matéria
(número de mols), em vez da massa.
recordemos o significado do mol:

1 mol = 6,023 · 1023 unidades elementares da substância

A unidade elementar da substância pode ser um átomo ou uma molécula. Exempli-


fiquemos:
• 1 mol de átomos de cobre equivale a 6,023 ∙ 1023 átomos de cobre;
• 1 mol de moléculas de sal de cozinha equivale a 6,023 ∙ 1023 moléculas de NaC∙;
• 1 mol de moléculas de água equivale a 6,023 ∙ 1023 moléculas de H2O.

trabalhando com o mol em vez da massa, teremos que adaptar a unidade de calor
específico, usando cal/(mol · °C) ou, ainda, J/(moI · K). Exemplifiquemos:

J J
• Calor específico do chumbo: cPb = 128 ⇒ cPb = 26,5
kg · K mol · K

J J
• Calor específico do cobre: cCu = 386 ⇒ cCu = 24,5
kg · K mol · K

CUidAdOs EspECiAis

Na resolução de problemas envolvendo quantidade de calor, devemos observar e tomar


ciência do fenômeno que está ocorrendo. Precisamos verificar se não está acontecendo
uma mudança de fase. A equação 4 é válida exclusivamente quando não houver
mudança de fase. Pode ser usada para aquecimento ou para resfriamento. No entanto,
ela vale em cada fase, pois o calor específico da substância se modifica de uma fase para
outra.
A água no estado sólido tem calor específico 0,5 cal/(g ∙ °C) e, no estado líquido, vale
1,0 cal/(g ∙ °C).

Calorimetria 59
potência térmica da fonte de calor
A fonte de calor fornece ao corpo a ser aquecido uma quantidade de calor Q num
intervalo de tempo Δt. Definimos potência da fonte do mesmo modo como definimos
na Mecânica: quociente entre a energia e o intervalo de tempo. No caso, a energia é o
calor e costuma-se chamar a potência da fonte de potência térmica.

quantidade de calor Q
Ptérm = ⇒ Ptérm =
intervalo de tempo Δt

recordemos que a unidade de potência no SI é o watt (W) e cuja correspondência


como o joule e o segundo é:
1 W = 1 J/s
A unidade cal/s ou cal/min é também uma unidade de potência térmica, mas não
tem nome próprio.

Exercícios de Aplicação

1. No laboratório de Física do colégio, aquecemos a) a quantidade de calor recebida pela água


2 litros de água, cuja temperatura inicial era de durante o aquecimento;
280 K, até a temperatura de 330 K. Dado o calor b) a capacidade térmica da água.
específico da água 1,0 cal/(g ∙ ºC), determine a
quantidade de calor necessária. 3. A um corpo forneceram 9,0 kcal, aquecendo-o
sem mudar o seu estado de agregação. Sua massa
Resolução: é igual a 200 g e o calor específico da substância
Usemos a equação 4 : de que ele é constituído vale 0,45 cal/(g · ºC).
Q = m · c · Δθ Determine:
Observemos, pela unidade do calor específico, a) sua capacidade térmica;
que a massa deverá estar em gramas (g), a varia- b) a elevação da temperatura.
ção de temperatura em graus Celsius (°C) e resul-
tará, para a quantidade de calor a caloria (cal). 4. Num laboratório de Física foi realizado um expe-
Lembrando da Hidrostática: 1 litro de água tem rimento com a finalidade de se determinar o calor
massa 1 kg; temos, então: específico do alumínio. Aqueceu-se uniforme-
mente uma pequena barra de alumínio, de 0,2 kg,
m = 2 kg = 2 000 g
desde a temperatura de 2,0 ºC até 22 ºC e
Lembremos que a variação de temperatura em gastou-se uma quantidade de calor igual 3,6 kJ.
kelvin é numericamente igual à variação de tem- Determine o calor específico do alumínio.
peratura em graus Celsius (aprendemos isso no
Resolução:
capítulo 1).
Temos:
A variação de temperatura é:
variação da temperatura:
Δθ = 330 K – 280 K = 50 K ⇒ Δθ = 50 °C
Δθ = 22 °C – 2,0 °C = 20 °C
Substituindo-se os valores na equação temos:
quantidade calor:
Q = 2 000 ∙ 1,0 ∙ (50) ⇒ Q = 100 000 cal
Q = 3,6 kJ = 3,6 · 103 J
Q = 100 kcal ou Q = 1,0 ∙ 105 cal massa: m = 0,2 kg
Q = m · c · Δθ
2. Um recipiente contendo 0,5 litro de água a 25 ºC 3,6 · 103 = 0,2 · c · 20
é levado ao fogo durante alguns minutos. Usando- 3,6 · 103 J
c=
se um termômetro verificou-se que a temperatu- 0,2 · 20 kg · °C
ra subiu para 65 °C. Sendo o calor específico da
J J
água igual a 4,2 ∙ 103 J/(kg · K) e a densidade c = 900 c = 900
kg · °C ou kg · K
da água igual 1,0 kg/L, determine:

60 Capítulo 3
5. Uma chapa de ferro de massa 5,0 kg foi aquecida Despreze a capacidade térmica da chaleira e admi-
de 100 °C, sem que ocorresse fusão do material. ta que todo o calor tenha sido absorvido pela água
Para tanto o calor cedido à chapa foi de 236 kJ. da chaleira, num processo ideal. O calor específico
Determine: da água é c = 1,0 cal/(g ∙ °C) e a densidade da
a) a capacidade térmica da chapa; água é d = 1,0 kg/L. Determine:
b) o calor específico do ferro. a) a potência térmica (em cal/min) da fonte de
calor usada;
6. Uma fonte térmica apresenta potência constan-
te de 12 kcal/min. Em quanto tempo ela aquece b) o tempo gasto para aquecer a água no segun-
10 L de água de 10 °C a 70 °C? (Dados: calor do experimento.
específico da água = 1,0 cal/(g · °C); densida-
de da água = 1,0 kg/L) 9. Um chuveiro elétrico de potência 4,0 kW deixa passar
água com vazão de 10L/min. A água fria entra a 20 °C.
Resolução:
Determine a temperatura da água quente que sai
Inicialmente vamos rever a equação da potência do chuveiro. (Dados: cágua = 4,0 · 103 J/(kg · °C);
térmica da fonte: densidade da água = 1,0 kg/L.)
Q
Ptérm = Resolução:
Δt
Como temos a potência da fonte e queremos o A quantidade de calor absorvida pela água duran-
tempo, precisamos calcular a quantidade de calor. te certo intervalo de tempo Δt é:
Q = m · c · Δθ Q = m ∙ c ∙ Δθ
Sendo: Nessa equação, m representa a massa de água que
c = 1,0 cal/(g · °C) atravessou o chuveiro no intervalo de tempo Δt.
Δθ = 70 °C – 10 °C = 60 °C Sendo a potência dada por:
10 L ⇒ m = 10 kg = 10 · 103 g = 1,0 · 104 g Q
Ptérm = , vem:
vem: Δt
Q = 1 · 104 · 1 · 60 Ptérm = m · c · Δθ
Δt
Q = 6,0 · 105 cal ⇒ Q = 6,0 · 102 kcal
O quociente entre a massa e o intervalo de tempo
Substituindo os valores encontrados na equação é denominado de vazão e o indicaremos por Φ
da potência térmica, temos: (letra grega: fi):
Q
Ptérm = Φ=
m
Δt Δt Ptérm
6,0 · 102 Ptérm = Φ · c · Δθ ⇒ Δθ =
12 = (observe que o tempo está em Φ·c
Δt
minutos) Sendo: Ptérm = 4,0 kW = 4 000 W
12 · Δt = 6,0 · 102 1
Φ = 10 L/min = 10 kg/min = kg/s
6
Δt= 50 min c = 4,0 · 10 J/(kg · °C)
3

Temos:
7. Um aquecedor elétrico tem potência igual 500 W 4 000
e está sendo usado para aquecer 2,5 litros de água, Δθ =
1
· 4,0 · 103
desde a temperatura de 20 °C até 90 °C. São conhe- 6
cidos: calor específico da água 4,2 kJ/(kg ∙°C) Δθ = 6,0 °C
e a densidade da água, 1,0 kg/L. Determine:
Cálculo da temperatura da água ao sair do chuveiro:
a) a quantidade de calor necessária para aquecer Δθ = θf – θi
a água;
θf = θi + Δθ
b) o tempo para que a água seja aquecida.
θf = 20 °C + 6,0 °C ⇒ θf = 26 °C
8. Uma chaleira foi usada para esquentar 1,0 litro de
água desde a temperatura de 10 °C até o início da
fervura, quando foi retirada do fogo. O aquecimen- 10. A torneira elétrica do laboratório do colégio traz
to durou 5,0 minutos. Usando-se a mesma chaleira a inscrição de sua potência elétrica 3 200 W.
pretende-se aquecer 750 g desde a temperatura de Abrindo-se a torneira com um fluxo de água de
25 °C até 65 °C, usando-se a mesma “boca” do gás 0,20 L/s, de quanto será a elevação de tempera-
anterior e mantendo-se a mesma altura da chama. tura da água? Adote c = 4 ∙ 103 J/(kg ∙ °C).

Calorimetria 61
Exercícios de reforço

11. (AFA-SP) A massa de 1,0 kg de água, ao sofrer uma 15. Na figura temos três líquidos, A, B e C, cujas
elevação de temperatura de 5,0 °C para 95 °C, temperaturas são, respectivamente: TA, TB e TC.
absorve o calor de, aproximadamente: Três blocos de metal, 1, 2 e 3, idênticos, todos
com a mesma temperatura T, foram mergulhados
a) 5,0 kcal c) 200 kcal e) 90 000 kcal um em cada recipiente, como ilustra a figura.
b) 90 kcal d) 1 000 kcal

ZAPt
Dado: cágua = 1,0 kcal/(kg · ºC)
C
B
12. (UE-CE) Cedem-se 684 cal a 200 g de ferro que A 3
2
estão a uma temperatura de 10 °C. Sabendo que 1
o calor específico do ferro vale 0,114 cal/(g · °C),
concluímos que a temperatura final do ferro será: Verificou-se que o bloco 1 cedeu calor ao líquido
a) 10 °C b) 20 °C c) 30 °C d) 40 °C e) 50 °C A, o bloco 2 recebeu calor do líquido B e o bloco 3
não trocou calor com o líquido C. Podemos afir-
13. Relativamente aos conceitos de calor, energia mar que:
térmica e temperatura, assinale verdadeira ou
a) TA > TB > TC = T d) TA > TC > TB
falsa em cada afirmativa que se segue:
b) TA < T < TB < TC e) TA < TC < TB
I. Se um líquido A estiver a uma temperatura
c) TA < TB < TC = T
superior à de um líquido B, então ele possui
maior energia térmica. 16. (UF-PE) Um tanque contém 3 000 litros de água
II. Se um corpo sólido à temperatura de cuja temperatura é elevada, segundo o gráfico,
120 °C for colocado no interior de um líquido durante um período de 10 horas, devido à varia-
à temperatura de 20 °C, então o corpo sólido ção da temperatura externa. Qual a potência,
cederá calor e o líquido receberá calor. em watts (W), consumida durante esse período?
III. O calor é uma forma de energia que passa Considere a massa específica da água constante
espontaneamente de um corpo de maior tem- nesse intervalo de temperatura. (Dados: densidade
peratura para outro de menor temperatura. da água: μ = 1,0 kg/L; calor específico da água:
IV. Temperatura e calor são uma mesma grandeza c = 4,2 ∙ 103 J/kg ∙ °C.)
física. θ (ºC)
Do que se disse anteriormente, são corretas:
40
a) apenas I e II. d) apenas III.
b) apenas II e III. e) apenas II, III e IV.
20
c) apenas II.

14. Assinale a afirmativa correta relativamente ao


comportamento de um sólido que está recebendo 0 5 10 t (h)
calor de uma fonte mais quente.
a) O corpo terá sempre sua temperatura aumen-
17. Uma amostra de metal com capacidade térmica
de 250 J/°C absorve totalmente o calor fornecido
tada indefinidamente.
por uma fonte de potência constante. A evolução
b) O corpo poderá ter sua temperatura inicial- da temperatura da amostra, em função do tempo,
mente aumentada e depois, caso ocorra fusão, está registrada no gráfico. Qual é a potência da
ela deverá permanecer constante até o final fonte, em watts?
desta.
θ (ºC)
c) Necessariamente, por conta de ter recebido 20
calor, o corpo sólido será aquecido, aumentan-
do sua temperatura, mesmo que ocorra fusão.
d) Poderá ocorrer fusão, mas a temperatura do 10
corpo continuará a aumentar.
e) Há casos excepcionais em que o corpo, mesmo
0 50 100 t (s)
recebendo calor, terá sua temperatura abaixada.

62 Capítulo 3
18. Com o objetivo de determinar o calor específi- θ (ºC)
co de um líquido desconhecido, o professor de
Física fez dois experimentos no laboratório do 60
colégio. 40
1º. experimento: com um bico de Bunsen aqueceu 20
100 g de água, obtendo o gráfico da figura a, que
representa a temperatura em função do tempo de 0 10 20 t (min)
aquecimento. Use para água c = 1,0 cal/(g ∙ °C). Figura b.
Desprezando o calor absorvido pelos recipientes
θ (ºC)
que continham a água e o líquido, determine:
80 a) a potência do bico de Bunsen (em cal/min);
60 b) o calor específico do líquido utilizado no
segundo experimento.
40

20 19. (Mackenzie-SP) Em uma experiência no laborató-


rio de Física, observa-se que um bloco metálico de
0 5 10 t (min)
0,15 kg de massa, ao receber 1 530 cal, varia sua
temperatura de 68 °F para 122 °F. O calor especí-
Figura a.
fico da substância que constitui esse corpo é:
2º. experimento: utilizando o mesmo bico de a) 0,19 cal/(g ∙ °C) d) 0,34 cal/(g ∙ °C)
Bunsen, com a mesma regulagem, aqueceu 1 000 g b) 0,23 cal/(g ∙ °C) e) 0,47 cal/(g ∙ °C)
do líquido, obtendo o gráfico da figura b. c) 0,29 cal/(g ∙ °C)

5. trocas de calor
Vamos idealizar um ambiente que isole termicamente os corpos A e B do meio ex-

IlUStrAçÕES: ZAPt
terior e que também não absorva nenhum calor dos corpos. Vamos chamá-Io de caixa
térmica (fig. 10). termicamente isolados, os corpos A e B trocam calor mutuamente, e frio
quente
se pode dizer que o calor cedido pelo corpo A é igual ao calor recebido pelo corpo B, calor
A B
obedecendo ao Princípio da Conservação da Energia:

|Qcedido| = |Qrecebido| Figura 10. No interior de


uma caixa térmica, corpos
As paredes da caixa térmica são chamadas adiabáticas, por não deixarem passar A e B isolados do ambiente
o calor. Um exemplo bastante simples de um caixa térmica é uma caixa de isopor, trocam calor.
com a qual estamos bastante familiarizados e até usamos para manter um alimento
gelado por algum tempo. Ela também mantém o corpo quente por algum tempo,
pois suas paredes se opõem à passagem do calor.
Nos laboratórios de Física, usam-se os calorímetros ObsErvAçãO
nos experimentos de termometria e de Calorimetria. term™metro
Eles não são ideais, mas funcionam muito bem para A expressão
pequenos intervalos de tempo. Chamamos de calo- troca de calor
ficou consagrada
rímetro ideal àquele que tem as paredes adiabáticas prata isopor
na Calorimetria, polida
(incluindo-se a tampa) e que também não absorva calor
embora o calor seja
dos corpos em seu interior. dado por um único
Um calorímetro é constituído de dois recipientes cilín- corpo e recebido
dricos de cobre ou de prata, separados por um terceiro re- por outro.
cipiente cilíndrico de isopor, como um sanduíche (fig. 11). Figura 11. Calorímetro.

Calorimetria 63
balanço energético. princípio das trocas de calor
Voltemos à figura 10, onde os corpos A e B estão trocando calor num ambiente ide-
al. Haverá transferência de calor do corpo A para o corpo B até que atinjam o equilíbrio
térmico onde a temperatura final será θf. Devemos acompanhar o processo por meio
de um gráfico que nos mostre a evolução das temperaturas dos corpos com o tempo
(fig. 12).
Observemos que a temperatura de A está caindo enquanto a de B está subindo. Ao
se igualarem, quando os gráficos se cruzarem, atingirão o equilíbrio térmico. A tempe-
ratura se estabiliza em θf.
θ (°C)
Verifica-se que: θ A
corpo A
ΔθA = θf – θA < 0 (negativo) ⇒ Qcedido < 0
θf equilíbrio
ΔθB = θf – θB > 0 (positivo) ⇒ Qrecebido > 0 térmico
corpo B
Sabemos que: θB

|Qcedido| = |Qrecebido| 0 tf tempo


retiremos os módulos: Figura 12. Evolução da temperatura dos
corpos A e B até o equilíbrio térmico.
–Qcedido = +Qrecebido
Então, colocando as duas parcelas no mesmo membro da equação, temos:

Qcedido + Qrecebido = 0 (Princípio das trocas de calor)

A soma do calor cedido com o calor recebido é sempre igual a zero.


Aplicando a equação 4 em cada parcela, temos:
mA · cA · ΔθA + mB · cB · ΔθB = 0

Exemplo 5

Em um calorímetro ideal existem 0,21 L de água à temperatura de 90 °C. θ (ºC)


No seu interior acrescentamos um pedaço de alumínio de massa 6,0 kg, a
90
uma temperatura θA desconhecida. Após alguns minutos estabeleceu-se o água
equilíbrio térmico e a temperatura final ficou em 30 °C. Determinemos a tem- equilíbrio
θf = 30
peratura inicial do alumínio. Usemos a nossa tabela de calor específico da térmico
página 58. alumínio
θA
Vamos, como estratégia, esboçar o gráfico da temperatura com o tempo
(ou com a quantidade de calor) e acompanhar a evolução de temperatura de 0 tE tempo
instante em
cada corpo. A seguir, escrevemos a equação do balanço energético. que o equilíbrio
térmico é atingido
Qágua + QA∙ = 0
Figura 13.
mágua · cágua · Δθ + mA∙ · cA∙ · Δθ = 0
Temos os seguintes valores:
cágua = 1,0 cal ; c = 0,21 cal
g · °C A∙ g · °C
mágua = 0,21 kg = 210 g; mA∙ = 6,0 kg = 6 000 g
210 · 1,0 · (30 – 90) = – 6 000 · 0,21 · (30 – θA)
30 – θA = 10 ⇒ θA = 20 °C

64 Capítulo 3
O que foi feito, no Exemplo 5, para dois corpos trocando calor pode ser generaliza-
do para n corpos e se escreve:

Q1 + Q2 + Q3 + ... + Qn = 0 ou ΣQ=0

Atingido o equilíbrio térmico entre os n corpos, o somatório de


todas as quantidades de calor postas em jogo é igual a zero.

Exercícios de Aplicação

20. Um bloco de metal, de massa 150 g, à tempe- 21. Um corpo A de 200 g e calor específico
ratura de 20 °C foi mergulhado num recipien- 0,2 cal/(g · °C) a 60 °C é colocado em contato
te contendo água quente à temperatura de térmico com um corpo B de 100 g e calor espe-
90 °C. Decorridos alguns minutos, a temperatura cífico 0,6 cal/(g · °C) a 10 °C. Ambos foram
estabilizou-se em 50 °C. Até que ocorresse o colocados em um recipiente adiabático.
equilíbrio térmico, a água cedeu para o bloco de
metal uma quantidade de calor Q = 1 520 cal. O a) Esboce num diagrama θ × t a evolução das
calor específico da água é c = 1,0 cal/(g ∙ °C). temperaturas de ambos os corpos até o equi-
Admitindo que o sistema é adiabático: líbrio térmico.
a) esboce o diagrama da temperatura pelo b) Calcule a temperatura final.
tempo, indicando no eixo das ordenadas os
Resolução:
valores de temperatura relevantes. Indique o
instante do equilíbrio térmico com tE; O corpo A é o mais quente e sua temperatura
b) determine a massa de água; diminui com o tempo. O corpo B é o mais frio e
c) determine o calor específico do metal. sua temperatura aumenta com o tempo, até que
se dê o equilíbrio térmico entre ambos.
Resolução:
a) θ (ºC) θ (ºC)

90 60 A
água (1) ponto de
equilíbrio
50 térmico
θf
metal (2)
20 10 B

0 tE tempo 0 tE t

b) A variação de temperatura da água é negativa


e, por conseguinte, o calor cedido é negativo. b) Para calcular a temperatura final, aplicamos o
princípio das trocas de calor.
Q = –1 520 cal; c1 = 1,0 cal ;
g · °C QA + QB = 0
Δθ1 = 50 °C – 90 °C = –40 °C
mA · cA · (θf – θA) + mB · cB · (θf – θB) = 0
Q = m1 · c1 · Δθ1
200 · 0,2 · (θf – 60) + 100 · 0,6 · (θf – 10) = 0
–1 520 = m1 · 1,0 · (–40) ⇒ m1 = 38 g
40 · θf – 2 400 + 60 · θf – 600 = 0
c) Para o metal, a variação de temperatura é
positiva e Q > 0. 100 · θf = 3 000
Q = +1 520 cal
θf = 30 °C
Δθ = 50 °C – 20 °C = +30 °C
Q = m2 · c2 · Δθ2
22. Um cubo de alumínio de 25 g é colocado num
1 520 = 150 · c2 · 30 recipiente de capacidade térmica desprezível,
c2 ≅ 0,34 cal/(g · °C) contendo 55 g de água a 22 °C. A temperatura
do sistema passa a ser então 20 °C.

Calorimetria 65
Sabendo que o calor específico do alumínio é
0,22 cal/(g ∙ °C) e o da água é 1,0 cal/(g ∙ °C):
term™metro
a) esboce num diagrama θ × t a evolução da tem-

IlUStrAçõES: ZAPt
calor’metro
peratura de ambos até o equilíbrio térmico;
b) determine a temperatura inicial do cubo de
alumínio. A figura a ilustra o início e a figura
b, o final do processo. B C
A

água No início a temperatura oscilou, mas decorrido


cubo de
55 g; 22 ºC algum tempo ela se estabilizou em 100 °C. As
alumínio
25 g; θi temperaturas finais de A, B e C são, respectiva-
mente:
a) 100 °C, 100 °C e 10 °C
b) 80 °C, 80 °C e 80 °C
θf = 20º C c) 100 °C, 100 °C e 100 °C
d) 120 °C, 120 °C e 10 °C
e) 50 °C, 180 °C e 100 °C
23. Um pequeno cilindro de alumínio, de massa
m = 50 g, está colocado numa estufa. Num certo 26. (ITA-SP) Numa cozinha industrial, a água de
instante, tira-se da estufa o cilindro, que é rapi- um caldeirão é aquecida de 10 °C a 20 °C, sendo
damente jogado dentro de uma garrafa térmica misturada, em seguida, à água a 80 °C de um
contendo 330 gramas de água. Observa-se que a segundo caldeirão, resultando 10 L de água a
temperatura dentro da garrafa eleva-se de 19 °C 32 °C, após a mistura. Considere haver troca de
para 20 °C. Calcule a temperatura da estufa, no calor apenas entre as duas porções de água mis-
instante em que o cilindro foi retirado dela. turadas e que a densidade absoluta da água, de
Dados: calor específico médio do alumínio 1 kg/L, não varia com a temperatura, sendo,
cA∙ = 0,22 cal/(g · °C); calor específico da água ainda, seu calor específico c = 1,0 cal · g–1 · °C–1..
cágua = 1,0 cal/(kg · °C). Despreze a capacidade A quantidade de calor recebida pela água do pri-
térmica da garrafa, ou seja, admita que ela é ideal. meiro caldeirão ao ser aquecida até 20 °C é de:

24. (ITA-SP) Um bloco metálico (A) encontra-se ini- a) 20 kcal d) 80 kcal


cialmente à temperatura de t °C. Sendo colocado b) 50 kcal e) 120 kcal
em contato com outro bloco (B) de material c) 60 kcal
diferente, mas de mesma massa, inicialmente
a 0 °C, verifica-se no equilíbrio térmico que a 27. Consideremos dois líquidos A e B, de massas mA
temperatura dos dois blocos é de 0,75 · t (°C). e mB, respectivamente, que não reagem entre si.
Supondo que só houve troca de calor entre os Dois eventos foram realizados com eles:
dois corpos, a relação entre os calores específicos
dos materiais A e B é: 1º. evento: forneceu-se uma mesma quantidade de
calor a ambos e suas temperaturas finais ficaram
c 1 c
a) A = d) A = 40 em TA e TB, respectivamente.
cB 4 cB
c c 2º. evento: misturaram-se os dois líquidos em um
b) A = 4 e) A = 3 recipiente adiabático e mediu-se a temperatura
cB cB
de equilíbrio térmico, encontrando-se T.
cA
c) = 0,4 Podemos afirmar que a relação entre T, TA e TB é:
cB
T + TB T · TB
25. No interior de uma caixa térmica ideal foram colo- a) T = A d) T = A
2 TA + TB
cados: um corpo A, cuja temperatura é 180 °C, 2TA · TB
um corpo B a 50 °C e ainda um corpo C a 10 °C, b) T = TA · TB e) T =
TA + TB
no interior de um calorímetro, como mostra a
TA · TB
figura a seguir. Um termômetro indica a tempe- c) T =
ratura no interior da caixa térmica. 2

66 Capítulo 3
Exercícios de reforço

28. (UF-CE) Dois corpos são colocados em contato. 31. (Unifesp-SP) O gráfico mostra as curvas de quan-
Marque a alternativa correta. tidade de calor absorvido em função da tempe-
ratura para dois corpos distintos: um bloco de
a) O calor flui do corpo que tem maior quantidade metal e certa quantidade de líquido.
de calor para o que tem menor quantidade de
calor. 400
l’quido
b) O calor flui do corpo que tem menor quanti- 300
dade de calor para o que tem maior quantida-
de de calor. Q (J) 200
metal
c) O calor flui do corpo que tem maior massa 100
para o que tem menor massa.
d) O calor flui do corpo que tem menor tempera- 0 20 40 60 80 100 120 140
tura para o que tem maior temperatura.
T (ºC)
e) O calor flui do corpo que tem maior tempera-
tura para o que tem menor temperatura. O bloco de metal a 115 °C foi colocado em con-
tato com o líquido, a 10 °C, em um recipiente
29. (UF-PR) Numa garrafa térmica, há 100 g de leite ideal e isolado termicamente. Considerando que
à temperatura de 90 °C. Nessa garrafa, são adi- ocorreu troca de calor somente entre o bloco e o
cionados 20 g de café solúvel à temperatura de líquido, e que este não se evaporou, o equilíbrio
20 °C. O calor específico sensível do café vale térmico ocorrerá a
0,5 cal/(g · °C) e o do leite vale 0,6 cal/(g · °C). a) 70 °C d) 50 °C
A temperatura final do café com leite é de: b) 60 °C e) 40 °C
a) 80 °C d) 60 °C c) 55 °C
b) 42 °C e) 67 °C 32. No interior de uma caixa térmica ideal, dotada
c) 50 °C de um termômetro de inspeção de temperatura,
foram colocados três blocos maciços feitos do
30. Dispomos de dois recipientes com água: um deles mesmo material. Seus volumes são V, 2V e 3V e
a 25 °C e o outro a 95 °C. Do recipiente A será as suas temperaturas são, respectivamente, T, 2T
retirada uma certa quantidade e do recipiente B, e 3T. Determine a temperatura de equilíbrio tér-
outra quantidade, sendo ambas misturadas no mico. Dê a resposta em função de T. Sugestão: a
recipiente C. Deseja-se obter em C uma quantia m
densidade se calcula por: d = .
de 84 litros de água a 65 °C. Desprezam-se as V
capacidades térmicas dos recipientes A, B e C.
IlUStrAçõES: ZAPt

term™metro

25 ºC 95 ºC
(3T)
(T) (2T)
V 2V 3V

A B C
33. Num calorímetro misturamos duas porções de
Os volumes retirados de A e B valem, respecti- água: um copo de 250 g de água gelada a 10 °C
vamente: e uma tigela com 500 g de água quente a 90 °C.
O equilíbrio térmico se dá numa temperatura T1.
a) 40 L e 44 L Retiramos dessa mistura um copo de água com 250 g
b) 42 L e 42 L e misturamos com 250 g de água de outro copo
c) 44 L e 40 L a 0 °C. O equilíbrio se dá a uma temperatura T2.
Determine:
d) 28 L e 56 L
e) 36 L e 48 L a) a temperatura T1; b) a temperatura T2.

Calorimetria 67
6. Mudança de estado
A matéria pode existir em três estados de agregação: sólido, líquido e gasoso. Uma
mesma substância pode ser encontrada em qualquer um dos três estados, dependendo
das condições de pressão e temperatura. No nosso cotidiano estamos acostumados
com a água, que pode ser encontrada no estado sólido (gelo), líquido (água da torneira)
ou vapor (fervura), mas a propriedade se estende para outras substâncias.
No estado sólido, os átomos ou as moléculas do corpo formam uma estrutura rígida,
devido à força muito intensa entre eles.
No estado líquido, a força mútua entre átomos ou moléculas é menos intensa, e
estes têm maior mobilidade e energia cinética de translação. Assim mesmo existem
aglomerados de moléculas (ou de átomos), os quais se mobilizam. Os líquidos não têm
forma própria e se adaptam ao interior do recipiente que os contém. No entanto, uma
porção líquida apresenta volume próprio e massa própria.
No estado gasoso ou de vapor, os seus átomos ou as suas moléculas estão livres
e podem se movimentar intensamente. Não existe nenhuma força de atração mútua
entre eles e nem tampouco qualquer aglomerado de partículas. Uma porção de um gás
não tem volume próprio e nem forma própria, se adaptam ao recipiente. No entanto
essa porção tem massa própria.
A mudança de fase significa que estamos destruindo ou construindo o estado de
aglomeração das partículas que constituem o corpo. Ela acontece em temperaturas
próprias para cada substância, por isso verificamos a existência de limites de temperatu-
ra em cada fase. Exemplificando: o gelo é encontrado até um limite superior de tempe-
ratura, que é 0 °C, e o vapor de água somente é encontrado em temperatura igual ou
superior a 100 °C, para pressão normal. A água no estado líquido estará sempre entre
0 °C e 100 °C, sob pressão normal.

Nomenclatura de mudança de fase


Resumidamente, usamos a seguinte nomenclatura para mu-
dança de estado físico.

zApt
fusão vaporização
A fusão é a passagem do estado sólido para o estado lí-
quido. Há necessidade de se fornecer energia ao sistema para
desfazer a sua estrutura rígida e liberar os átomos ou moléculas
sólido
para se movimentarem. líquido gasoso
A vaporização é a passagem do estado líquido para o esta-
do de vapor ou gasoso. Há necessidade de se fornecer energia
ao sistema para desfazer os aglomerados de moléculas e aumen- solidificação liquefação
tar a mobilidade de partículas. A vaporização também é conhe-
cida como ebulição. Figura 14. Nomes das mudanças de estado físico.
A liquefação é a passagem do estado gasoso para o estado
líquido. Retira-se energia do sistema. A liquefação também é
chamada de condensação.
A solidificação é a passagem do estado líquido para o estado sólido para restaurar
a sua estrutura rígida. Retira-se energia do sistema.

Calor de transformação
A quantidade de calor que é fornecida ou retirada de um corpo para mudança de
estado depende de sua massa e da substância com a qual ele foi feito. Definiu-se então
uma grandeza característica de cada substância e da respectiva mudança de fase: o
calor de transformação.

68 Capítulo 3
Calor de transforma•‹o é a quantidade de energia, por unidade
de massa, para que uma substância mude totalmente de fase.
Indicaremos o calor de transformação por L.
ObsErvAçãO

A água, por exemplo, apresenta dois calores de transformação: um de fusão e outro É comum, em
de vaporização. exercícios,
cal cal
• Calor de fusão: lfu = 79,5 • Calor de vaporização: Lvap = 539 arredondar-se os
g g valores dos calores
Na tabela 2 temos o calor de transformação de algumas substâncias. Observe que a latentes de fusão
e de vaporização
unidade do calor de transformação é de energia por massa.
da água,
respectivamente,
Calor de fusão (Lfu) Calor de vaporização (Lvap)
Substância para 80 cal/g e
cal/g cal/g 540 cal/g.
água 79,5 539
chumbo 5,5 205
prata 25 558
cobre 49,5 1 130
Tabela 2. Valores de calor de transformação de algumas substâncias.

Cálculo da quantidade de calor na mudança de estado


Se o calor de transformação L mede a quantidade de calor por unidade de massa para
mudar o estado de uma substância, então, para o corpo inteiro, basta multiplicarmos esse
resultado pela sua massa. Assim, um corpo de massa m, seja ele sólido, líquido ou gasoso,
necessitará, para mudar de estado, de uma quantidade de calor Q, dada por:

Q=m·L

Vejamos os exemplos a seguir.

NOtA
Exemplo 6
Por razões históricas, o calor
Desejamos fundir totalmente um cubo de gelo que se encontra a 0 °C e tem de transformação era chamado
massa m = 20 g. Determinemos a quantidade de calor necessária. calor latente de transformação
(daí o símbolo L), pois se
Q = m · Lfu pensava antigamente que esse
Usando para o gelo o calor latente de fusão Lfu = 80 cal/g: calor ficasse retido no corpo
durante a mudança de estado,
Q = (20 · 80) cal ⇒ Q = 1 600 cal motivo pelo qual não haveria
variação de temperatura.
Alguns autores ainda usam
essa nomenclatura, bem como
Exemplo 7 diversos examinadores nos
vestibulares.
Em uma caneca térmica temos 20 g de água a 100 °C. Vamos determinar a O calor de fusão é chamado
quantidade de calor necessária para sua vaporização total. calor latente de fusão; o calor
Q = m · Lvap de vaporização é chamado calor
latente de vaporização, etc.
Usando para a água o calor latente de vaporização Lvap = 540 cal/g:
O termo “latente” (do latim
Q = (20 · 540) cal ⇒ Q = 10 800 cal latens) significa “oculto”.

Calorimetria 69
7. Leis da mudança de estado de agregação
A mudança de estado obedece a algumas regras importantes, às quais chamaremos
de leis de transformação ou leis da mudança de estado.

1ª. Lei: Durante a mudança de estado, a temperatura da substância permanece constante,


desde o início do processo até o seu final, desde que a pressão seja mantida constante.

Vimos, no item 3 (página 56), que o gelo durante o processo de fusão se manteve
à temperatura de 0 °C. Durante o processo de vaporização da água, a temperatura se
manteve constante em 100 °C.

2ª. Lei: Toda substância possui uma temperatura de fusão e uma de vaporização. Esses
valores são propriedades de cada substância e dependem da pressão.

A água tem o seu ponto de fusão a 0 °C, o alumínio tem ponto de fusão a 660 °C.
O ponto de vaporização da água é 100 °C e o do alumínio é 2 330 °C.

3ª. Lei: A temperatura de solidificação de uma substância coincide com a de fusão, se


mantida a mesma pressão. Também coincidem a temperatura de vaporização e a de
condensação, se mantida a mesma pressão.

O ponto de vaporização e o de liquefação (con-


Temperatura Temperatura de
densação) da água é 100 °C, sob pressão normal.
Substância de fusão ou de vaporização ou
O ponto de fusão e o de solidificação do alumínio
solidificação de liquefação
é 660 ºC, sob pressão normal.
No próximo capítulo estudaremos a influência água 0 ºC 100 ºC
da pressão sobre os pontos de fusão e de ebulição alumínio 660 ºC 2330 ºC
de uma substância. Por enquanto estaremos sem- chumbo 327 ºC 1 750 ºC
pre trabalhando sob pressão normal. cobre 1 083 ºC 2 582 ºC
A tabela 3 fornece, a título de exemplo, a
éter –116 ºC 35 ºC
temperatura de fusão (ou de solidificação) e a tem-
peratura de vaporização (ou de liquefação) de al- zinco 420 ºC 907 ºC
gumas substâncias, sob pressão normal (1,0 atm). Tabela 3.

Exemplo 8

Vamos aquecer uma porção sólida de chumbo, partindo da tem- θ (ºC) 4 5


peratura ambiente. O diagrama da figura 15 vai nos dar uma boa 1 750 vaporização
V
visão do comportamento do chumbo. Ocorrerão as seguintes fases: 3 L + V
2 S = sólido
• De 20 °C até 327 °C haverá aquecimento (curva 1). fusão
L L = líquido
• Em 327 °C, no instante t1, inicia-se a fusão, e a temperatura 327
1 S+L
V = vapor
ficará constante (é o patamar da curva 2). 20 S
• Terminada a fusão, o chumbo estará líquido a uma tempera- 0 t1 t2 t3 t4 t (tempo)
tura de 327 °C. Inicia-se o aquecimento da fase líquida até
1 750 °C (curva 3). Figura 15. Curva de aquecimento do chumbo.
• Em 1 750 °C, no instante t3, inicia-se a ebulição do chumbo. A temperatura permanecerá constante (é o patamar da
curva 4).
• Estando todo o chumbo vaporizado, inicia-se novo aquecimento da fase gasosa (curva 5).

70 Capítulo 3
Exercícios de Aplicação

34. Aqueceu-se um bloco de gelo de massa m = 200 g, 3 Aquecimento da água


desde sua temperatura inicial –20 ºC até sua
O gelo, imediatamente após a fusão, é água
completa vaporização a 100 ºC, quando se encer-
(líquida) a 0 °C. É necessário aquecer a água
rou o processo. São dados:
até 100 °C para que depois ela entre em
Para o gelo: cg = 0,50 cal/(g ∙ °C); calor de fusão: ebulição. A quantidade de calor Q3 necessária
Lfu = 80 cal/g para o seu aquecimento é dada por:
Para a água (líquida): ca = 1,0 cal/(g ∙ °C); Q3 = m · ca · Δθ3
calor de vaporização: Lvap = 540 cal/g Q3 = 200 · 1,0 · 100 ⇒ Q3 = 20 000 cal

a) Faça um diagrama mostrando a evolução da 4 Vaporização da água


temperatura com o tempo. A quantidade de calor total Q4 necessária para
b) Determine a quantidade parcial de calor for- vaporizar toda a água é dada por:
necida em cada processo especificando cada
Q4 = m · Lvap
um deles.
c) Determine a quantidade total de calor. Q4 = 200 · 540 ⇒ Q4 = 108 000 cal
Resolução: c) Quantidade total de calor

a) Gráfico da evolução da temperatura com o A quantidade de calor total Qtot necessária é


tempo. O patamar representa uma mudança a soma dos quatro valores parciais de cada
de estado. As curvas representando as diver- processo:
sas etapas do processo foram numeradas: 1 Qtot = Q1 + Q2 + Q3 + Q4
aquecimento do gelo; 2 patamar da fusão do Qtot = 2 000 + 16 000 + 20 000 + 108 000
gelo; 3 aquecimento da água; 4 patamar da
ebulição (vaporização). Qtot = 146 000 cal
θ (ºC)
vaporização
100 35. Uma barra de chumbo de massa 2,0 kg se encon-
L 4 V
tra à temperatura de 27 °C. Ela é colocada no
interior de um forno cuja potência térmica é de
1 000 cal/s. Sabendo que o chumbo tem ponto de
3 fusão 327 °C, determine em quantos minutos a
barra se funde totalmente. Dado o calor especí-
S fusão
0 fico do chumbo c = 0,31 cal/(g ∙ °C) e calor de
1 2 L t (tempo)
gelo fusão do chumbo Lfu = 5,5 cal/g.
–20

b) Cálculo das quantidades parciais de calor em 36. Colocaram-se, num calorímetro de capacidade tér-
cada etapa: mica desprezível, 250 g de água à temperatura de
1 Aquecimento do gelo 60 °C juntamente com m gramas de gelo fundente
(0 °C). O equilíbrio térmico foi atingido a 20 °C.
É necessário elevar a temperatura do gelo
(Dados: cágua = 1,0 cal/(g · °C), Lfu = 80 cal/g.)
até 0 °C para depois iniciar-se a fusão. A
quantidade de calor Q1 para aquecer o gelo é a) Esboce num diagrama temperatura × tempo
dada por: a evolução da temperatura da água quente e
Q1 = m · cg · Δθ1 do gelo, até o ponto de equilíbrio térmico.
b) Determine a massa m do gelo colocado.
Q1 = 200 · 0,5 · 20 ⇒ Q1 = 2 000 cal
Resolução:
2 Fusão do gelo a) A água quente cede calor ao gelo e sua
A quantidade de calor Q2 necessária para fun- temperatura vai decrescendo com o tempo.
dir o gelo é dada por: O bloco de gelo, inicialmente, funde-se man-
Q2 = m · Lfu tendo constante a sua temperatura durante
a fusão. Em seguida, a água fria resultante
Q2 = 200 · 80 ⇒ Q2 = 16 000 cal dessa fusão aquece-se, de 0 °C a 20 °C.

Calorimetria 71
θ (ºC) b) Para se obter θ, basta fazer:
60 Q1 + Q2 = 0
(3)
ponto de ma · ca · (0 – θ) + mfu · Lfu = 0
20 equilíbrio
térmico 100 · 1 · (– θ) + 50 · 80 = 0
(2)
(1) – 100 · θ + 4 000 = 0
0
t1 t2 t 4 000
θ=
b) Para se obter m basta fazer: 100
Q1 + Q2 + Q3 = 0 θ = 40 °C
m · Lfu + m · c · Δθ2 + m3 · c · Δθ3 = 0
m · 80 + m · 1 · (20 – 0) + 39. Em uma garrafa térmica de capacidade térmica
nula colocaram-se 200 g de água a 20 °C e m
+ 250 · 1 · (20 – 60) + 0
gramas de gelo a 0 °C. No final havia 50 g de
m · 80 + m · 20 – 10 000 = 0 gelo boiando na água. (Dados: calor específico da
100 · m = 10 000 água: c = 1,0 cal/g · °C; calor de fusão do gelo
Lfu = 80 cal/g.)
m = 100 g
a) Qual é a temperatura de equilíbrio térmico?
37. Num calorímetro são colocados m gramas de água b) Calcule a massa m do gelo colocado inicial-
a 4 °C e M gramas de gelo fundente. Calcule a mente na garrafa térmica.
m
razão , sabendo que todo o gelo se funde e que
M 40. No interior de um calorímetro ideal encontram-
a temperatura final de equilíbrio é 1 °C. (Dados: se 400 g de água e 100 g de gelo, em equilíbrio
calor específico da água c = 1 cal/g · °C; calor térmico. Um cilindro de metal de massa 2,0 kg,
de fusão do gelo Lfu = 80 cal/g.) calor específico 0,10 cal/(g · °C) e temperatura
de 250 °C é colocado no interior do calorímetro.
38. Em um calorímetro ideal foram colocados 100 g Determine a temperatura de equilíbrio térmico.
de água à temperatura θ e 50 g de gelo a 0 °C.
(Dado: Lfu = 80 cal/g (gelo).)
Após algum tempo verificou-se que metade do
gelo colocado boiava na água. (Dados: cágua = Resolução:
= 1,0 cal/g · °C; Lfu = 80 cal/g.)
Temos:
a) Qual a temperatura final da mistura?
1) água: θa = 0 °C; ma = 400 g
b) Qual era a temperatura inicial (θ) da água?
Resolução: 2) gelo: θg = 0 °C; mg = 100 g

a) Havendo gelo em equilíbrio térmico com água 3) cilindro: θc = 250 °C; mc = 2 kg = 2 000 g;
(líquida), concluímos que a temperatura da cc = 0,10 cal/(g · °C)
ZAPt

mistura é igual à temperatura de fusão do


gelo, isto é:
gelo
θf = 0 °C cilindro

Façamos o diagrama θ × t mostrando o que ‡gua


ocorreu com cada corpo.
θ (ºC)
Não sabemos, em princípio, se o calor cedido pelo
θ
água cilindro é capaz de fundir toda a massa de gelo.
(1)
Façamos um cálculo estimativo.
(2)
0 S (S + L) t
1) Para fundir todo o gelo:
gelo
Observemos também que a massa de gelo Qfu = mfu · Lfu
fundida foi: Qfu = 100 · 80 ⇒ Qfu = 8 000 cal
mfu = 100 – 50 2) Máxima quantidade de calor que o cilindro
mfu = 50 g cederia, baixando sua temperatura de 250 °C
a 0 °C:

72 Capítulo 3
Qced = mc · cc · Δθ Observe que:
1º. ) O gelo fundirá totalmente. Logo, mfu = mg =
Qced = 2 000 · 0,10 · (0 – 250)
= 100 g
Qced = – 50 000 cal 2º. ) Quando o gelo derreter, convertendo-se em
Observe que o cilindro “quente” é capaz de água (líquida) a 0 °C, teremos formada uma
fundir todo o gelo, pois este requer apenas massa total de água:
8 000 cal para sua total fusão. mt = 100 g + 400 g
Desta maneira, concluímos que a temperatura
mt = 500 g
final (θf) de equilíbrio é positiva:
Substituindo-se os valores numéricos na
0 °C < θf < 250 °C equação anterior 1 , vem:
As curvas de fusão, aquecimento ou resfriamento 2 000 · 0,10 · (θf – 250) + 100 · 80 +
para os três corpos serão dadas pelo diagrama + 500 · 1,0 · (θf – 0) = 0
θ × t.
200 θf – 50 000 + 8 000 + 500 θf = 0
θ (ºC)
700 θf = 42 000
250
θf = 60 °C
1
cilindro ponto de
equilíbrio 41. No interior de um calorímetro ideal temos
θf térmico
250 g de água em equilíbrio térmico com 150 g
3
2
água de gelo. Introduzimos um metal quente no
0 seu interior, com as seguintes características:
gelo L t
mm = 0,10 kg; c = 0,20 cal/(g · °C); temperatura
θm = 120 °C. Determine a

ZAPt
Para obter a temperatura final, basta fazer:
nova temperatura de equi- gelo
Q1 + Q2 + Q3 = 0
líbrio térmico do sistema:
água
mc ∙ cc ∙ (θf – θc) + mfu ∙ Lfu + mt ∙ ca ∙ (θf – 0) = 0 1 água–gelo–metal.
metal
Dado: Lfu = 80 cal/g (gelo).

Exercícios de reforço

42. (U. F. Lavras-MG) Num calorímetro de capacidade 44. (AFA-SP) Derramando-se 50 cm3 de café quente
térmica 10 cal/°C, tem-se uma substância líquida (80 °C) em um copo de leite morno (40 °C),
de massa 200 g, calor específico 0,2 cal/(g · °C) a obtêm-se 250 cm3 de café com leite a uma tem-
60 °C. Adiciona-se nesse calorímetro uma massa peratura aproximada de:
de 100 g e de calor específico 0,1 cal/(g · °C) a) 48 °C d) 65 °C
à temperatura de 30 °C. A temperatura de equi-
b) 55 °C e) 78 °C
líbrio será de:
c) 60 °C
a) 55 °C d) 30 °C
b) 45 °C e) 70 °C 45. (UF-PB) Misturam-se, num recipiente de capaci-
dade térmica desprezível, 300 g de água, a 10 °C,
c) 25 °C com 700 g de gelo, a –20 °C. A mistura atinge
o equilíbrio térmico a 0 °C e não há perda de
43. (UF-RJ) Três amostras de um mesmo líquido calor para o meio ambiente. Determine as massas
são introduzidas num calorímetro adiabático de de água e de gelo que se encontram na mistura
capacidade térmica desprezível: uma de 12 g a quando se atinge o equilíbrio térmico.
25 °C, outra de 18 g a 15 °C e a terceira de 30 g Dados: calor específico sensível da água =
a 5 °C. Calcule a temperatura do líquido quando = 1 cal/(g ·°C); calor específico sensível do gelo =
se estabelecer o equilíbrio térmico no interior do = 0,5 cal/(g · °C); calor específico latente de
calorímetro. fusão do gelo = 80 cal/g.

Calorimetria 73
46. (AFA-SP) Misturam-se 625 g de gelo a 0 °C com da água é L = 80 cal/g. Considerando-se um
1 000 g de água a 50 °C em um calorímetro de recipiente termicamente isolado e de capacidade
capacidade térmica desprezível. A temperatura térmica desprezível, contendo um litro de água
de equilíbrio da mistura resultante, em °C, será, a –5,6 °C, à pressão normal, determine: (Dado:
aproximadamente, igual a: (Dados: calor específi- dágua = 1 000 kg/m3)
co da água c = 1,0 cal/(g · °C); calor latente de
fusão do gelo: Lfu = 80 cal/g.) a) a quantidade, em g, de gelo formada, quando
o sistema é perturbado e atinge uma situação
a) 10 c) 27 e) Zero de equilíbrio a 0 °C;
b) 18 d) 38 b) a temperatura final de equilíbrio do sistema
e a quantidade de gelo existente (consideran-
47. (ITA-SP) Um bloco de gelo de massa 3,0 kg, que do-se o sistema inicial no estado de “superfu-
está a uma temperatura de –10,0 °C é colocado são” a –5,6 °C), ao colocar-se, no recipiente,
em um calorímetro (recipiente isolado de capa- um bloco metálico de capacidade térmica
cidade térmica desprezível) contendo 5,0 kg de C = 400 cal/°C, na temperatura de 91 °C.
água à temperatura de 40,0 °C. Qual a quantida-
de de gelo que sobra sem derreter? 49. (Efoa-MG) Duas substâncias, A e B, apresentam
os seguintes gráficos para 200 g de massa:
Dados: calor específico do gelo:
cg = 0,5 kcal/(kg · °C); calor latente de fusão do Q (cal) Q (cal)
gelo: Lfu = 80 kcal/kg; calor específico da água: 8 A 10 B
ca = 1,0 kcal/(kg · °C).

48. (Fuvest-SP) Quando água pura é cuidadosamen-


te resfriada, nas condições normais de pressão, 0 100 θ (ºC) 0 50 θ (ºC)
pode permanecer no estado líquido até tempe- Misturando-se as duas substâncias, A a 100 °C,
raturas inferiores a 0 °C, num estado instável e B a 50 °C, a temperatura de equilíbrio é apro-
de “superfusão”. Se o sistema é perturbado, ximadamente:
por exemplo, por vibração, parte da água se
transforma em gelo e o sistema se aquece até a) 75,0 °C c) 86,7 °C e) 50,0 °C
se estabilizar em 0 °C. O calor latente de fusão b) 64,3 °C d) 72,2 °C

Exercícios de Aprofundamento

50. Um bloco de gelo, de massa 10 kg, à temperatura respectivos calores específicos, podemos afirmar
–40 °C foi aquecido num forninho elétrico de que, quando o equilíbrio térmico é novamente
paredes adiabáticas e com baixa temperatura. atingido, a temperatura final T e a massa final
Assim que a sua temperatura chegou a –10 °C, de gelo m serão:
ele foi retirado do forno e colocado no interior de (Dados: calor específico da água = 1 cal/g · °C;
uma caixa térmica ideal, em contato com outro calor específico do gelo = 0,5 cal/g · °C.)
sólido S, de mesma massa que a dele. No entanto, a) T > 0 °C e m = 0 g
não houve troca de calor entre eles. O sólido S foi b) T < 0 °C e m = 200 g
retirado da caixa térmica e colocado no forninho c) T = 0 °C e m = 200 g
elétrico, recebendo a mesma quantidade de calor
d) T = 0 °C e m > 200 g
que o bloco de gelo houvera recebido. Ao final
foi retirado do forninho e sua temperatura era e) T = 0 °C e m < 200 g
de 50 °C. Conhecido o calor específico do gelo
52. (Fuvest-SP) Colocam-se 50 g de gelo a 0 °C em
c = 0,50 cal/(g · °C), determine o calor especí-
100 g de água. Após certo tempo verifica-se
fico do material sólido S. Admita que o corpo S
que existem 30 g de gelo boiando na água e em
não tenha sofrido fusão. equilíbrio térmico. Admitindo-se que não ocor-
reu troca de calor com o ambiente e que o calor
51. (Fuvest-SP) Uma garrafa térmica contém 100 g latente de fusão do gelo é 80 cal/g:
de água a 10 °C. Coloca-se dentro dela 200 g de
gelo a –10 °C. Supondo que as trocas de calor a) Qual a temperatura final da mistura?
se dão apenas entre a água e o gelo e usando os b) Qual a temperatura inicial da água?

74 Capítulo 3
Capítulo3
53. (Aman-RJ) Três corpos, A, B e C, encontram-se às a) 18 °C
temperaturas de 30 °C, 40 °C e 50 °C, respectiva- termômetro
b) 21 °C
mente. Numa experiência ideal, colocaram-se os calorímetro
c) 24 °C
corpos A e B no interior de um calorímetro e se
obteve uma temperatura de equilíbrio igual a 35 °C. d) 26 °C
Colocaram-se depois, no interior do calorímetro, e) 28 °C
2R
apenas os corpos B e C. A temperatura de equilíbrio R
foi de 42 °C. Se a experiência for com os corpos A
e C, a temperatura de equilíbrio entre eles valerá:
(Observação: despreze a massa do calorímetro.) 57. Repousando no fundo de um calorímetro estão
a) 30 °C c) 42,5 °C e) 46 °C 500 g de gelo a 0 °C. Num dado instante aciona-
b) 34 °C d) 38,5 °C se o registro R, por um dado intervalo de tempo
Δt e deixa-se entrar termômetro

IlUStrAçõES: ZAPt
54. Em um recipiente termicamente isolado coloca- vapor-d’água a 100 °C
mos 80 g de água a 0 °C. A capacidade térmica para dentro do calo-
do recipiente é nula. Dispomos ainda de muitos rímetro, como mostra R
cubinhos de gelo a –20 °C, todos com massa de o esquema da figura.
1,0 g. Vamos adicioná-los um a um à água, até Fechado o registro R, vapor
que tenhamos uma mistura de massas iguais de aguardam-se alguns (100 ºC)
gelo e água em equilíbrio térmico. minutos e verifica-se
que a temperatura lida
cubinhos de gelo no termômetro estabi-
a –20 ºC lizou-se em 10 °C. calorímetro

água
Levando-se em conta a capacidade térmica do
0 ºC calorímetro, determine a massa de vapor que
foi injetada no seu interior. (Dados: capacidade
Calcule a quantidade de cubinhos adicionados. térmica do calorímetro C = 288 cal/°C; para a
água, calor específico ca = 1,0 cal/g · °C; para o
Dados: cgelo = 0,50 cal ; |Lsólido| = |Lfusão| = vapor, calor de condensação Lcond = 540 cal/g;
g · °C
= 80 cal/g (para água). Não há perdas de calor. para o gelo, calor de fusão Lfu = 80 cal/g.)
Sugestão dos autores: Faça um diagrama da tem-
55. Num calorímetro ideal foram misturadas uma peratura versus o tempo, colocando cada um dos
massa 2m de gelo a –10 °C e uma massa m de componentes que participou da troca de calor.
água a uma temperatura T.
58. Na figura temos uma placa de gelo, de espessura
T 20 cm, na temperatura de 0 °C. Temos também,
suspensa por um fio, uma esfera de metal, cujo
diâmetro mede 10 cm, na temperatura de 900 °C
(fig. a). A esfera é baixada até o centro da placa
–10 ºC e rapidamente a perfura, como mostra a figura b.
Admita que a água resultante da fusão do gelo tenha
se aquecido até 100 °C, mas não chegou a vaporizar.
gelo Determine a temperatura final T da esfera.
água
Após o equilíbrio térmico restaram: uma massa
m de gelo, boiando em uma massa 2m de água. (900 ¼C)
Determine a temperatura inicial T da água. São
dados: o calor específico da água, 1,0 cal/(g · °C);
o calor específico do gelo, 0,5 cal/(g · °C) e o 20 cm
calor de fusão do gelo, 80 cal/g.
T
56. No interior de um calorímetro ideal foram colo- Figura a. Figura b.
cadas duas esferas metálicas maciças feitas com
o mesmo material. A menor delas tem raio R e São dados o calor específico do metal,
temperatura 12 °C e a maior raio 2R e temperatu- 0,060 cal/(g · °C); calor de fusão do gelo, 80 cal/g;
ra 30 °C. Determine a temperatura de equilíbrio densidade do gelo, 0,90 g/cm3; calor específico
térmico que poderá ser lida no termômetro. da água, 1,0 cal/(g · °C). Adote π ≅ 3.

Calorimetria 75
CAPÍTULO

Mudanças de estado
4
1. Os estados de agregação da matéria 1. Os estados de
agregação da matéria
A matéria pode se apresentar basicamente na natureza em três estados: o estado 2. Diagrama de fases
sólido, o estado líquido e o estado gasoso. Esses três estados de agregação diferem
um do outro pelo arranjo dos átomos ou moléculas da substância e pela intensidade 3. Transição
das forças entre eles, denominadas forças de coesão. Em vez de estados de agregação, sólido ←
→ líquido
podemos também falar em fases da substância: fase sólida, fase líquida e fase gasosa.
O estado sólido se caracteriza pelo fato de os átomos (ou moléculas) constituintes 4. Sobrefusão
estarem sujeitos a forças de coesão de grande intensidade, que fazem com que haja 5. Transição
uma vibração atômica (ou molecular) bem reduzida. Em virtude disso, na fase sólida, as líquido ←
→ vapor
substâncias possuem volume e forma constantes, sendo praticamente incompressíveis.
Já no estado líquido, as forças de coesão têm menor intensidade, permitindo uma 6. Influência da pressão
movimentação atômica (ou molecular) mais acentuada, mas ainda suficiente para ga- na temperatura de
rantir um volume constante para as substâncias nessa fase, embora a forma seja variável. ebulição
do mesmo modo que os sólidos, os líquidos também são praticamente incompressíveis.
7. Evaporação
As forças de coesão apresentam intensidade muito pequena no estado gasoso.
Em consequência, temos uma agitação atômica (ou molecular) muito acentuada, 8. Pressão de vapor
de modo que as partículas que constituem a substância nessa fase movimentam-se
desordenadamente e com grande velocidade. Por isso, os gases e vapores não apre- 9. Transição
sentam nem forma nem volume fixos, sendo dotados de notável expansibilidade e sólido ←
→ vapor
compressibilidade. As substâncias no estado gasoso tendem a ocupar todo o espaço
que lhes é oferecido, adquirindo a forma do recipiente onde estão contidos.
A fase em que uma substância se encontra é função dos valores da pressão e da
temperatura a que está sujeita. Assim, existem diversos valores de pressão e tem-
peratura para os quais a substância é sólida, outros para os quais é líquida e ainda
valores para os quais a substância é gasosa (gás ou vapor).

O estado de uma substância depende dos valores da sua temperatura e pressão.

logicamente, se forem modificados os valores da pressão ou da temperatura, ou


de ambas, a substância pode sofrer uma mudança de fase ou de estado de agrega-
ção. Cada mudança de estado tem um nome característico, como é mostrado no
esquema seguinte:
fusão vaporização
estado estado estado
sólido líquido gasoso
solidificação condensação
ou liquefação
sublimação direta

sublimação inversa

76 Capítulo 4
As mudanças de estado fusão, vaporização e sublimação direta ocorrem com absor-
ção de calor, sendo por isso denominadas endotérmicas. As inversas, solidificação,
condensação (ou liquefação) e sublimação inversa, acontecem com perda de calor,
sendo denominadas exotérmicas.

2. Diagrama de fases p (atm)

p (p, θ)
Considerando o diagrama de pressão ( p) × temperatura (θ), cada ponto dele repre-
senta uma situação, em que a substância pode estar representada por um par de valo-
res de pressão e temperatura (fig. 1). A região do gráfico onde estão todas as situações
possíveis para a substância é limitada pela temperatura de –273,15 °C (zero absoluto).
Esse diagrama constitui o diagrama de fases da substância, pois todas as fases da subs-
tância estão nele representadas.
–273,15 0 θ θ (°C)

A cada par de valores (p; θ) corresponderá um Figura 1. Diagrama


estado da substância. pressão × temperatura.

Em decorrência, há muitos pontos no diagrama, cada um deles representado pelo


par de valores: pressão e temperatura. O diagrama está dividido em três regiões: uma
corresponde ao estado sólido, outra ao estado líquido e outra ao estado gasoso. desse
modo são traçadas três curvas que as separam. Ora, essas curvas representam a mu-
dança de estado.
A maioria das substâncias tem o diagrama de fase semelhante ao representado na
figura 2. No entanto, a água e mais outras três substâncias têm o diagrama semelhante
ao da figura 3. A diferença está no gráfico 1 , curva da fusão. O motivo será visto logo
adiante no próximo item.

p (atm) p (atm)
estado
líquido

estado
estado líquido
sólido 1 estado 2
2
sólido 1
estado estado
T gasoso T gasoso
3 3
–273,15 0 θ (°C) –273,15 0 θ (°C)

Figura 2. Diagrama de fase da maioria das Figura 3. Diagrama de fase da água.


substâncias.

As curvas que representam as mudanças de estado são denominadas pelo próprio


nome da mudança de fase:
• Curva 1 : curva de fusão (separa o estado líquido do sólido).
• Curva 2 : curva de vaporização (separa o estado líquido do gasoso).
• Curva 3 : curva de sublimação (separa o estado sólido do gasoso).

Cada ponto de curva representa um ponto de equilíbrio da substância entre duas


fases. Exemplificando: se tomarmos na figura 3 um ponto qualquer da curva 1 , signi-
fica que, naquela pressão e naquela temperatura, temos gelo em equilíbrio com a água
líquida.

Mudanças de estado 77
Ponto triplo

RiCHARd MEgNA/FuNdAMENtAl PHOtOgRAPHs


O ponto T do diagrama, onde se encontram as três curvas de
equilíbrio, é denominado ponto triplo. Ele representa o ponto
de equilíbrio das três fases. Esse ponto é rigorosamente deter-
minado para cada substância. Por exemplo: a água tem ponto
triplo definido pela pressão 4,58 mmHg e temperatura 0,01 °C
ou 273,16 kelvins. Nessa temperatura e nessa pressão é possível
se ter um equilíbrio: gelo, água e vapor, como mostra a figura 4.
Para se graduar um termômetro de gás na escala Kelvin, usa-
se o ponto triplo da água, por ser mais preciso que o ponto de
ebulição ou de fusão a 1 atm.

Como usar o diagrama de fase


O diagrama de fase serve para analisar em que estado de
agregação se encontra uma substância, uma vez conhecida a
pressão e a temperatura. Ajuda, ainda, a encontrar uma saída Figura 4. Água em seu ponto triplo. No
frasco temos: gelo, água líquida e vapor.
para mudar o estado de agregação de uma substância. As suas
curvas dão os pontos de equilíbrio entre duas fases. Vamos exem-
plificar a seguir.

Exemplo 1

No diagrama de fase da figura 5, cuja substância é hipotética, foram p (atm)


marcados os pontos A, B, C e D. Qual é o estado da substância em cada
estado
ponto? estado
líquido
sólido
Ponto A: pressão 1,00 atm e temperatura 3,0 °C, estado sólido. 1,00
A
B
Ponto B: pressão 0,75 atm e temperatura 3,0 °C, estado líquido. 0,75
T C
0,50
Ponto C: pressão aproximadamente 0,60 atm e temperatura 3,0 °C. D
estado
gasoso
Nesse ponto coexistem os dois estados: líquido em equilíbrio com vapor.
0 3,0 θ (°C)
Ponto D: pressão 0,25 atm e temperatura 3,0 °C, estado gasoso.
Figura 5.

Exemplo 2

Usando a figura 5, é possível passar do estado sólido ao líquido mantendo a temperatura a 3,0 °C?
Antes de conhecermos o diagrama de fases, não sabíamos responder a esta pergunta. Agora já sabemos: basta seguir
o caminho AB. Mantendo a temperatura constante, abaixamos a pressão de 1,0 atm para 0,75 atm. Na seção Leitura da
página 91 (Compressão isotérmica de uma substância), mostramos como se procede experimentalmente para realizar essas
transforma•›es isotŽrmicas (quando à temperatura constante).

78 Capítulo 4
Exercícios de Aplicação

1. A figura a a seguir representa o diagrama de Nessa figura temos:


fases de determinada substância pura. MT é a curva de sublimação;
p (atm) TN é a curva de fusão (ou solidificação);
5 TP é a curva de vaporização (ou condensação);
4
T é o ponto triplo.
3
Quando a substância está sob pressão de 4 atmos-
2 feras e à temperatura de 30 °C, seu estado cor-
1 responde ao ponto X da figura c. Comparando as
figuras b e c, vemos que o ponto X está na região
–20 –10 0 10 20 30 40 50 θ (¡C)
de líquido e, portanto, a fase em que se encontra
Figura a. a substância é a fase líquida.
a) Em que fase se encontra a substância quando b) Quando a substância está sob pressão de
estiver sob pressão de 4 atmosferas e à tem- 3 atmosferas e à temperatura de 40 °C, seu
peratura de 30 °C? estado corresponde ao ponto Y da figura c, o
qual está situado na curva de vaporização (ou
b) Se a substância for submetida à pressão de condensação). Isso significa que a substância
3 atmosferas e à temperatura de 40 °C, o que
poderá coexistir nas fases líquida e gasosa,
ocorre?
mas não é necessário que haja as duas fases:
c) O que acontece com a substância quando sua poderemos ter apenas a fase líquida ou ape-
temperatura é 10 °C e está sob pressão de nas a fase gasosa.
2 atmosferas?
c) A temperatura de 10 °C e a pressão de
d) Suponhamos que a substância seja mantida
2 atmosferas correspondem ao ponto triplo
sob pressão constante de 3 atmosferas. Se
(ponto T na figura c). Poderemos então ter
sua temperatura for aumentada de 30 °C para
a coexistência das fases sólida, líquida e
50 °C, ocorrerá uma mudança de fase. Qual o
gasosa. Mas isso não quer dizer que neces-
nome dessa mudança de fase?
sariamente haja as três fases: poderemos ter
Resolução: apenas uma das fases ou apenas duas delas.
a) A figura b nos dá os nomes das fases em que d) Sob pressão de 3 atmosferas, a mudança de
se encontra a substância para cada região do temperatura de 30 °C para 50 °C corresponde
diagrama de fases. à passagem do ponto R para o ponto S da
p (atm) figura c, isto é, corresponde a uma passagem
N
do estado líquido para o estado de vapor.
sólido P
Portanto, houve uma vaporização.
líquido
2. Uma substância pura tem seu diagrama de fases
T
vapor representado na figura.
p (atm) R
0 θ 4 N
Figura b. 3

p (atm) 2 Y
N 1 X
5 Z
P P M
4 X
–20 –10 0 10 20 30 40 50 60 θ (°C)
R
3 S
T Y a) Em que estado se encontra a substância quan-
2
do está sob pressão de 1 atm e à temperatura
1
de 50 °C?
–20 –10 0 10 20 30 40 50 θ (°C) b) Em que estado se encontra a substância quan-
do está à temperatura de −10 °C e sob pressão
Figura c.
de 3 atm?

Mudanças de estado 79
c) Qual o nome da curva PM? sólida, líquida e gasosa. A fase de uma determi-
nada substância depende da sua temperatura e
d) Qual o significado do ponto X assinalado na
da pressão que é exercida sobre ela.
figura?
Sobre as fases da matéria e as possíveis mudanças
e) Se a substância é conduzida do estado repre- entre elas, assinale o que for correto.
sentado pelo ponto Y ao estado representado 01. Temperatura crítica de uma substância é
pelo ponto Z, ocorre uma mudança de fase. aquela que determina o valor de temperatura
Qual o nome dessa mudança? acima do qual não mais se consegue liquefa-
zer um vapor, por compressão isotérmica, por
3. (UE-CE) Observando o diagrama de fase PT mos- maior que seja a pressão aplicada.
trado a seguir. 02. O ponto triplo representa as únicas condições
P de temperatura e pressão para as quais as
fases sólida, líquida e gasosa, de uma mesma
sólido líquido substância, podem coexistir em equilíbrio.
X 04. A variação da energia interna de uma subs-
tância, ao passar da fase sólida para a líquida,
vapor
Y é negativa.
08. A quantidade de calor por unidade de massa,
U V T requerida para que qualquer substância sofra
uma mudança de fase, é denominada de calor
Pode-se concluir, corretamente, que uma subs- latente.
tância que passou pelo processo de sublimação 16. A mudança da fase líquida para a gasosa pode
segue a trajetória: ocorrer de três formas distintas: ebulição,
a) X ou Y. b) Y ou U. c) U ou V. d) V ou X. evaporação ou condensação.
Nota dos autores:
4. (U. E. Ponta Grossa-PR) De um ponto de vista
Acima da temperatura crítica, a substância é
macroscópico pode-se considerar que a matéria
um gás, qualquer que seja a pressão.
pode se apresentar em três fases (ou estados):

Exercícios de Reforço

5. (OPF-SP) Atualmente, tem-se falado muito na combinação de pressão e temperatura determina


televisão e nos jornais sobre o aquecimento glo- a fase da substância. A figura abaixo mostra o
bal do nosso planeta e as mudanças climáticas diagrama de fase da água.
que estão acontecendo. Muitos afirmam que o p (atm)
aquecimento global é causado pelo aumento da 1,0 C Z
B
emissão de gases poluentes na atmosfera, cau-
sando um aumento do efeito estufa na Terra.
Este fenômeno causa o aumento da temperatura
global, principalmente da água dos oceanos e
X
uma das suas consequências é o derretimento A Y
de gelo nas calotas polares. O derretimento das
calotas polares é um exemplo de qual mudança 0 100 t (°C)
de estado?
Analisando o diagrama de fase da água, todas as
a) Solidificação. d) Sublimação. alternativas estão corretas, exceto:
b) Condensação. e) Evaporação. a) O ponto A é o ponto triplo da água.
c) Fusão. b) A água está na fase gasosa no ponto Z.
c) A curva AB é a curva de vaporização.
6. (Udesc-SP) Para cada substância simples pode-se
fazer um gráfico, denominado diagrama de fase, d) A água está na fase sólida no ponto X.
em que cada ponto corresponde a uma combina- e) O ponto B é o ponto de ebulição da água nas
ção de pressão e temperatura bem definidas. Essa CNTP (p = 1 atm; T = 273 K).

80 Capítulo 4
3. Transição sólido ←
→ líquido
A curva de fusão representa, como vimos, as situações em que coexistem as fases
sólida e líquida da substância. O aspecto dessa curva é diferente, conforme a substân-
cia, ao sofrer fusão, se expanda ou se contraia.

Substâncias que se expandem na fusão


A maioria das substâncias se expande ao sofrer fusão. É um processo endotérmico,
p
isto é, a substância absorve calor.
A curva de fusão tem o aspecto apresentado na figura 6. se considerarmos a subs- S
p2 L
tância inicialmente no estado sólido, observamos que, ao aquecer a substância sob p1
pressão p1, ela sofre fusão na temperatura θ1. T
A explicação para tal fato é a seguinte: essas substâncias, ao sofrerem fusão, au- 0 θ1 θ2 θ (¼C)
mentam de volume, isto é, suas moléculas se afastam umas das outras. Ao aumentar- Figura 6. A temperatura de
mos a pressão, contrariamos essa tendência natural de afastamento, tornando mais fusão aumenta com a pres-
difícil a transição, que só vai ocorrer numa temperatura mais alta (θ2), quando é maior são.
o grau de agitação molecular.

Substâncias que se contraem na fusão


Algumas substâncias, entre as quais a água, o ferro, o bismuto e o antimônio, so- p
frem uma contração de volume ao se fundirem. A curva de fusão tem o aspecto apre- S
p2 L
sentado na figura 7. p1
Considerando inicialmente uma dessas substâncias no estado sólido, a fusão ocorre T
na temperatura θ1, quando o aquecimento é feito sob pressão p1. Aquecendo-a sob
0 θ2 θ1 θ (ºC)
pressão maior p2, a fusão vai ocorrer numa temperatura mais baixa θ2.
Por exemplo, o gelo se derrete a 0 °C sob pressão normal (1 atm), mas se a pressão Figura 7. Curva de fusão da
for aproximadamente 8 atmosferas, a fusão do gelo ocorre na temperatura de −0,06 °C. água. A temperatura de fu-
O que acontece nesse caso é que, ao sofrerem fusão, essas substâncias dimi- são diminui com a pressão
nuem de volume, ocorrendo uma aproximação entre suas moléculas. O aumento sobre o gelo.
da pressão favorece essa tendência, facilitando a transição, que ocorre numa tem-
peratura mais baixa.
Vamos exemplificar com algumas situações cotidianas a seguir.

Exemplo 3

Num copo de Becker graduado colocamos uma porção de água e alguns


zAPt

cubos de gelo. O sistema entra logo em equilíbrio térmico a 0 °C e o gelo fica gelo
boiando, como nos mostra a figura 8a.

Observe, no entanto, a leitura do volume pela graduação do copo. Deixa- água a 0 °C água a 0 °C
mos o sistema em repouso, copo aberto, e o gelo vai derretendo. Assim que se
(a) Gelo em fusão (b) Apenas água.
completou a fusão de todo o gelo, observamos a leitura do nível da água: não
boiando na água.
variou nada em relação à situação anterior (fig. 8b).
Figura 8.
Sabemos que a densidade do gelo é 0,9 g/cm3, enquanto a da água é 1,0 g/cm3, sob pressão de 1 atm. Isso significa que
90% do gelo estava imerso. Ora, o gelo derretido coube exatamente no "buraco" que estava imerso, o que nos leva a concluir
que seu volume total sofreu uma contração de 10%.

Mudanças de estado 81
Exemplo 4

Vamos fazer o experimento inverso ao do Exemplo 3: vamos congelar a

zAPt
água do copo de Becker, graduado, e prestar atenção ao seu volume. Inicial-
mente temos água gelada a 0 °C (fig. 9a). O copo de Becker é então levado
ao congelador e depois de algum tempo temos solidificação de todo o líqui-
do (fig. 9b). Observemos que a indicação de volume do gelo está acima da
indicação da água líquida, mostrando um expressivo aumento de volume na
solidificação. (a) Água a 0 °C. (b) Gelo a 0 °C.
Figura 9.
Outros exemplos do nosso cotidiano:
• Colocamos água nas forminhas de gelo e quando as retiramos do congelador o volume do cubo de gelo formado
ultrapassou os limites da forminha.
• Um refrigerante esquecido no congelador se solidifica e arrebenta a garrafa de vidro que o contém.

Regelo
seja dado um bloco de gelo a uma temperatura ligeiramente inferior a p (atm)
0 °C, por exemplo, a – 0,5 °C, para visualizarmos no nosso gráfico. supondo-se B pB
que a pressão atmosférica local seja de 1 atm, o ponto de fusão do gelo é 0 °C. estado
líquido
Na figura 10 o nosso gelo está representado pelo ponto A (– 0,5 °C; 1,0 atm).
F pF
Vamos produzir um aumento de pressão, sem contudo alterarmos a tem-
peratura. Passaremos de A para F, atingindo o ponto de fusão na temperatura 1,0
A
de – 0,5 °C, com uma pressão maior que 1,0 atm. Aumentando-se mais ainda estado curva de fusão
a pressão, sem variar a temperatura, chegaremos ao ponto B. Nesse estado sólido

teremos líquido a uma pressão pB, próxima de 6,0 atm.


Para realizarmos tudo isso poderemos usar um estilete de cobre ou de aço, Ð0,5 0 θ (ºC)
bons condutores de calor, dotado de uma ponta esférica de pequeno diâme- Figura 10. Curva de fusão da água.
tro. Com o estilete pressionamos o bloco de gelo num ponto qualquer, como
nos mostra a sequência de figuras 11a, 11b e 11c.

luiz AugustO RiBEiRO


estilete

F
P F água regelando
P
P
fusão em P

(a) Bloco de gelo à (b) Estilete pressionando (c) Estilete penetrando no blo-
temperatura – 0,5 °C. o bloco de gelo. co de gelo. (Figura exagerada
para mostrar o efeito.)
Figura 11. O regelo.

O estilete penetra muito lentamente e a força F deverá ser de grande intensidade.


Como a esferinha ponteiro do estilete tem diâmetro pequeno, a pressão será muito
elevada. O fato de o estilete penetrar no bloco de gelo significa que ocorreu uma fusão.
A água dessa fusão fica no próprio túnel de gelo formado sob a esferinha. durante a
fusão, o gelo que derreteu retirou calor das paredes que circundam o túnel.

82 Capítulo 4
Mas, enquanto o estilete afunda, um fenômeno diferente vai acontecendo: acima
da esferinha a água da fusão vai se solidificando novamente, cedendo calor para as pa-
redes de gelo do túnel e para a esferinha metálica P. Esse fenômeno se chama regelo
da água.
No diagrama da figura 10 voltamos do estado B para A, pois a pressão foi diminuída
ObSERvAçãO
acima da ponta do estilete.
John Tyndall
Experimento de Tyndall (1820-1893) foi o
físico inglês que
O experimento de tyndall demonstra de modo clássico e convincente o fenô- descobriu, em 1871,
o fenômeno do
meno do regelo.
regelo.
um bloco de gelo numa temperatura pouco abaixo de 0 °C é colocado apoia-
do sobre dois cavaletes. Em seguida, um fio de aço bem fino e resistente é dei-
tado transversalmente no bloco e em suas duas extremidades foram pendurados
dois pesos, como mostra a figura 12. lentamente o fio horizontal vai penetrando

luiz AugustO RiBEiRO


o gelo, querendo cortá-lo em dois pedaços. No entanto, ao completar sua traves-
sia, o fio despenca puxado pelos dois pesos e o bloco continua um único corpo
como se não tivesse sido cortado.
O gelo se fundiu com a pressão do fio de aço, o fio penetrou, mas a água
formada pela fusão, acima do fio de aço, se regela. desse modo o bloco é “sol-
dado” pelo regelo e não se divide em dois.
O experimento de tyndall serve também para mostrar o que ocorre quando
um patinador desliza sobre o gelo e o seu caminho se apaga depois de algum
tempo, não deixando nenhuma trilha. Aliviada a pressão, a água formada se
solidifica novamente: é o regelo. Figura 12. Experimento de Tyndall.

4. Sobrefusão θ (ºC)

Sobrefusão ou superfusão é o nome que se dá ao fenômeno pelo qual um


líquido é mantido nesse estado de agregação numa temperatura inferior ao seu 0 t

ponto de solidificação. Por exemplo, se retirarmos calor lentamente da água sob


pressão normal, é possível mantê-la líquida em temperaturas inferiores a 0 °C.
–4
um exemplo de sobrefusão é ilustrado na figura 13 através do gráfico da tempe-
ratura de certa massa de água em função do tempo de retirada de calor: nesse Figura 13. Exemplo de sobrefusão
exemplo, a água em superfusão é levada até a temperatura de –4 °C. da água.

Exercícios de Aplicação

7. O mercúrio é uma substância que se expande ao para um valor θ1 > –39 °C, isto é, a temperatura
se fundir (e se contrai ao se solidificar). Sabe-se de fusão aumenta.
que o mercúrio funde a −39 °C quando está sob p (atm)
pressão de 1 atm. O que ocorre com a temperatu-
ra de fusão se a pressão passar a um valor maior p1
que 1 atm? 1

Resolu•‹o: Ð39 θ1 0 θ (ºC)

Sendo o mercúrio uma substância que se expande 8. Sob pressão de uma atmosfera, o alumínio funde
ao se fundir, sua curva de fusão deve ser do tipo a 659 °C. Sabendo que o alumínio se expande
representado na figura. Vemos então que, sob
ao se fundir, o que ocorre com a temperatura de
pressão p1 > 1 atm, a temperatura de fusão passa
fusão, se a pressão for reduzida?

Mudanças de estado 83
a) I, III e V. d) I, III, IV e V.
9. O bismuto diminui de volume ao se fundir (e se b) II, III e IV. e) I, II, IV e V.
expande ao se solidificar). Sabe-se que a tem-
peratura de fusão do bismuto é 271 °C quando c) I, III e IV.
submetido à pressão de 1 atm. O que ocorre com a
temperatura de fusão se a pressão for aumentada?
12. Na figura dada temos a curva de fusão da água.
Para explicar o efeito Tyndall podemos usá-la.
Resolução: Estando o gelo inicialmente no estado C, ele é
Sendo o bismuto uma substância que se contrai pressionado sem mudança de temperatura, passa
ao se fundir, sua curva de fusão é do tipo repre- pelo estado F e, rompendo a curva de fusão,
sentado na figura. atinge o estado A. Se aliviarmos a pressão, ele
retorna pelo caminho inverso AFC.
p (atm)
p (atm)

D A
p1 p2
1

F p1
θ1 271 θ (ºC)
C 1,0
Vemos então que, sob pressão p1 > 1 atm, a tem-
peratura de fusão passa para um valor θ1 < 271 °C,
isto é, a temperatura de fusão diminui. θ2 θ1 0 θ (¼C)

10. Consideremos um iceberg flutuando no oceano. É a) Como pode ter ocorrido fusão se a temperatu-
possível acontecer que a base do iceberg esteja se ra θ1 é negativa e o gelo se funde a 0 °C sob
fundindo enquanto o topo não? Por quê? pressão de 1 atm?
b) Explique como pode ocorrer o degelo.
11. Considere a curva de fusão da água no gráfico
Resolução:
dado.
p (atm) a) O efeito Tyndall foi visto na teoria e consiste
em se “cortar” o gelo com um fio de arame.
B A
p2 No entanto, o arame atravessava o gelo e o
bloco não estava cortado.
Para explicar o efeito Tyndall vamos partir
p1 do estado inicial do gelo, ponto C. Ele se
encontra abaixo do ponto de fusão, o ponto
C 1,0 F. O fio de arame é pressionado contra o bloco
de gelo, o que nos leva de C para F; nesse
–2T –T 0 θ (ºC) momento ocorre a fusão e o arame penetra no
bloco de gelo. No entanto, a pressão imposta
Analise as afirmativas seguintes e assinale ver-
nos leva ainda até o ponto A e temos água
dadeira ou falsa:
(líquida) em uma temperatura abaixo de 0 °C.
I. Em B, coexistem água e gelo em equilíbrio O arame prossegue em sua trajetória e atra-
térmico, mas a temperatura é negativa e a vessa o bloco.
pressão é maior que 1 atm. A fusão ocorreu abaixo de 0 °C devido a
II. Em A, o sistema apresenta apenas gelo em um aumento de pressão imposto pelo fio de
temperatura negativa e pressão maior que arame.
1 atm. b) Ao final do experimento, para surpresa geral,
III. O ponto de fusão do gelo abaixa ao se o bloco atravessado pelo fio de arame não
aumentar a pressão do sistema. está cortado. A natureza acabou de soldá-lo:
IV. O ponto de coordenadas (p1; −T) corresponde é o regelo.
a um ponto de fusão de pressão maior que O regelo é explicado pelo caminho de volta.
1,0 atm e temperatura abaixo de 0 °C. Estando em A, temos água no sistema, mas,
V. Em C, o sistema apresenta apenas gelo; sua aliviada da pressão do arame, esta vai para
pressão é p1 e a sua temperatura é −T. o estado F, onde se solidifica e volta para o
estado inicial que é C.
Do que se disse, estão corretas apenas:

84 Capítulo 4
13. Como você explica os seguintes fenômenos?
Q = mG ∙ 80 2
a) Cubos de gelo são comprimidos um contra o Substituindo 1 em 2 , obtemos:
outro e se “soldam”.
1 600 = mG · 80
b) Ao comprimir com as mãos uma bola de neve,
ela se solidifica. mG = 20 g
c) Uma geleira, apoiada em rocha firme, que se 15. Para a situação do problema anterior, calcule a
movimenta. porcentagem de gelo que se formou, em relação
14. Em um recipiente temos 200 g de água sob pres- à quantidade inicial de água em sobrefusão.
são de 1,0 atm e no estado de sobrefusão à tem- Resolução:
peratura de –8,0 °C. Agitando-se a água, nota-se
mG 20 10
que uma parte dela solidifica-se subitamente. = = 0,1 =
mA 200 100
Calcule a massa de água que se solidifica.
(Dados: c = calor específico da água líquida = Portanto, houve transformação em gelo de 10%
= 1,0 cal/(g · °C); Lfu = calor latente de fusão da quantidade inicial de água.
do gelo = 80 cal/g.) 16. Consideremos um recipiente contendo 400 g de
Resolução: água em sobrefusão, à temperatura de −6,0 °C e
sob pressão de 1,0 atm. Agitando-se o sistema,
Seja mA a massa de água líquida em estado de parte da água líquida transforma-se em gelo.
sobrefusão, isto é, mA = 200 g. Quando essa
Calcule a massa de gelo que se formou. (Dados:
massa de água for resfriada de 0 °C a –8,0 °C,
calor específico da água líquida = 1,0 cal/(g · °C);
ela perdeu uma quantidade de calor Q dada por:
calor latente de fusão do gelo = 80 cal/g.)
Q = mA ∙ c ∙ |Δθ| = 200 ∙ 1 ∙ 8
17. Em um recipiente tem-se água em estado de
Q = 200 · 1 · 8,0 ⇒ Q = 1 600 cal 1
sobrefusão a −2,0 °C, sob pressão de 1,0 atm.
Se a água tivesse perdido essa quantidade de Agitando-se o sistema, uma parte da água trans-
calor a 0 °C, sem ocorrer a sobrefusão, teríamos forma-se em gelo. Calcule a porcentagem da água
a formação de uma massa mG de gelo que obede- líquida que se transforma em gelo.
ceria à equação: (Dados: calor específico da água líquida =
Q = mG ∙ Lfu = 1,0 cal/(g · °C); calor latente de fusão do gelo =
= 80 cal/g.)

Exercícios de Reforço

18. (Cefet-PR) A experiência de Tyndall, ilustrada a e) aumentando-se a pressão, a temperatura de


seguir, mostra que um arame pode atravessar um fusão do gelo diminui.
bloco de gelo sem separá-lo em partes.
19. (U. F. Pelotas-RS) Na patinação sobre o gelo,
luiz AugustO RiBEiRO

o deslizamento é facilitado porque, quando o


patinador passa, parte do gelo se transforma em
água, reduzindo o atrito. Estando o gelo a uma
temperatura inferior a 0 °C, isso ocorre porque a
pressão da lâmina do patim sobre o gelo faz com
que ele derreta.
Tal experiência comprova que: De acordo com seus conhecimentos e com as
informações do texto, é correto afirmar que a
a) o arame é um mau condutor de calor.
fusão do gelo acontece porque:
b) aumentando-se a pressão, todas as substân-
cias aumentam o seu ponto de fusão. a) a pressão não influencia no ponto de fusão.
c) aumentando-se a pressão, todas as substân- b) o aumento da pressão aumenta o ponto de
cias diminuem o seu ponto de fusão. fusão.
d) sob pressão maior o gelo pode fundir numa c) a diminuição da pressão diminui o ponto de
temperatura de até 4 °C. fusão.

Mudanças de estado 85
d) a pressão e o ponto de fusão não se alteram. a) c)

pressão
pressão
líquido líquido
e) o aumento da pressão diminui o ponto de sólido sólido
fusão.
gás gás
20. (UF-GO) Considere estas informações:
• A temperaturas muito baixas, a água está sem- 0 temperatura (K) 0 temperatura (K)
pre na fase sólida;

pressão
b) d)

pressão
• Aumentando-se a pressão, a temperatura de líquido
líquido
fusão da água diminui. sólido
sólido
Assinale a alternativa em que o diagrama de gás gás
fases pressão versus temperatura para a água está
de acordo com essas informações. 0 temperatura (K) 0 temperatura (K)

5. Transição líquido ←
→ vapor
p
A passagem de uma substância do estado líquido para o estado de vapor C
chama-se genericamente vaporização, podendo ocorrer de duas formas bási- líquido
cas: a evaporação e a ebulição (fervura). gás
A evaporação é a passagem espontânea para o estado de vapor através ape- T vapor

nas da superfície do líquido exposta ao ambiente e ocorre em qualquer tempe- 0 θC θ (ºC)


ratura. Esse fenômeno (e os fatores que atuam sobre ele) será estudado adiante.
Figura 14. A curva de vaporiza-
A ebulição, fervura ou vaporização típica, que trataremos de agora em dian-
ção está compreendida entre os
te simplesmente como vaporização, ocorre numa temperatura bem definida pontos triplo (T ) e crítico (C ).
para cada substância, sendo função da pressão sob a qual ocorre o processo.
Vimos anteriormente que a curva de vaporização representa a substância
nos estados líquido e gasoso. Essa curva está compreendida entre dois pontos
bem definidos: o ponto triplo T e o ponto crítico C (fig. 14).
(a)
Cada substância tem o seu ponto triplo (T ) e o seu ponto crítico (C ). pressão
Como vimos anteriormente, o ponto triplo representa uma situação especial pC L L
C
de pressão e temperatura em que coexistem as três fases: sólido, líquido e vapor.
T
V V
Ponto crítico (C) vapor gás
θT θC
O ponto crítico é definido por uma temperatura especial denominada tem-
temperatura
peratura crítica e pela pressão crítica. Observemos as figuras 15a e 15b: abaixo
da temperatura crítica θC é possível passar-se do estado líquido para o gasoso (b)
ilustRAçõEs: zAPt

pressão C gás
por uma simples descompressão térmica, e é possível retornarmos de vapor
pC
para o estado líquido comprimindo isotermicamente a substância (fig. 15a); líquido
já se estivermos trabalhando acima da temperatura crítica θC, será impossível T

passarmos do estado gasoso para o estado líquido comprimindo ou descompri- vapor gás
mindo isotermicamente o vapor (fig. 15b). θT θC
temperatura

Gás e vapor Figura 15. Curva de solidificação;


T é ponto triplo; C é ponto crítico.
A substância no estado gasoso, abaixo da temperatura crítica, é chamada de
vapor. Estando a substância no estado gasoso, acima da temperatura crítica, ela
é chamada de gás.

Gás é um estado da substância no qual é impossível condensá-la por uma


simples compressão isotérmica.

86 Capítulo 4
A seguir apresentamos, a título de ilustração, duas tabelas: uma definindo o ponto
crítico (C ) e a outra definindo o ponto triplo (T ) para algumas substâncias. tanto o pon-
to C como o ponto T estão definidos pelo par de valores (θ; p) que os caracteriza e os
posiciona nos gráficos de mudança de fase.

Temperatura crítica: Pressão crítica:


Substância θC (°C) pC (atm)
água +374 218
dióxido de carbono +31 73
amônia +132 112
oxigênio –119 49,7
hidrogênio –240 12,8
nitrogênio –147 33,5

Tabela 1. Valores de θC e pC que caracterizam o ponto crítico (C ).

Temperatura no Pressão no ponto


Substância ponto triplo TT (K) triplo pT (atm)
água 273,16 0,00610
dióxido de carbono 216,55 5,17
amônia 195,40 0,0607
oxigênio 54,36 0,00152
hidrogênio 13,80 0,0704
nitrogênio 63,18 0,125
Tabela 2. Valores de θt e pt que caracterizam o ponto triplo (T ).

de posse das tabelas 1 e 2 é possível se construir com maiores informações a curva


de vaporização de uma dessas substâncias. No caso de usarmos as duas tabelas, deve-
mos fazer as devidas conversões de unidades de temperatura.

6. Influência da pressão na temperatura


de ebulição
A temperatura em que uma substância ferve depende da pressão a
que está submetida. A curva de vaporização (fig. 16) indica como se dá
essa influência da pressão sobre a temperatura de ebulição: se a pressão
reinante sobre o líquido for p1, a ebulição ocorrerá na temperatura θ1; p C
aumentando a pressão para p2, a ebulição vai ocorrer numa temperatura líquido
mais elevada θ2. tomemos o caso da água como exemplo. sob pressão p2
normal (1 atm), isto é, ao nível do mar, a água ferve a 100 °C. Para uma p1
pressão inferior a 1 atm, como por exemplo numa cidade de montanha, T
a água ferve em uma temperatura inferior a 100 °C.
Em uma cidade a 1 000 m de altitude, onde a pressão é menor que 0 θ1 θ2 θ (ºC)
1 atm, a água da panela do fogão ferve a 97 °C, aproximadamente. Vale Figura 16. A temperatura de ebulição au-
o inverso: para uma pressão superior a 1 atm, a água ferve a uma tempe- menta com o aumento da pressão sobre o
ratura acima de 100 °C. É o caso da panela de pressão. líquido.

Mudanças de estado 87
Exemplo 5

Numa cidade ao nível do mar, a água da panela aberta ferve a p (atm)


218 C
100 °C. Na panela de pressão fechada, temos valores de pressão
que chegam até 2 atm. Observemos, no gráfico da figura 17, a curva líquido
B
de vaporização: 2
1 A
• No estado A, a panela está aberta, e a pressão é 1 atm, T vapor gás
0,00610
fervendo a 100 °C.
0 0,01 100 120 374 θ (°C)
• No estado B, a panela está fechada, e a pressão é 2 atm,
fervendo a 120 °C. Figura 17. Curva de ebulição da água. T = ponto tri-
plo; C = ponto crítico. (Os valores estão fora de escala
para ressaltar o fenômeno.)

O superaquecimento
A presença de bolhas gasosas no interior do líquido é fundamental para a ocorrên-
cia da ebulição, pois a vaporização ocorre principalmente no interior dessas bolhas, as
quais, chegando à superfície livre do líquido, rompem-se liberando o vapor. se elimi-
narmos as bolhas previamente existentes no líquido, poderemos levá-lo acima de sua
temperatura de ebulição, ocorrendo então o seu superaquecimento.
um exemplo típico de superaquecimento pode ocorrer com a água da xícara de
chá colocada no micro-ondas para ferver. Ao retirarmos a xícara, a água entra repenti-
namente em ebulição, explodindo suas bolhas para cima, podendo mesmo queimar a
mão de uma pessoa. O motivo é que as ondas térmicas do forno não aquecem a água
de baixo para cima, como no fogão a gás. isso dificulta a formação de bolhas. O prato
giratório ajuda a minimizar esse fenômeno.

7. Evaporação
Estudamos até agora o processo de ebulição em que o líquido tem uma temperatura
de ebulição para cada valor de pressão externa. A água ferve a 100 °C, para pressão
ambiente de 1 atm.
No nosso cotidiano conhecemos um outro processo de vaporização mais lento que
esse: a evaporação. As roupas molhadas estendidas no varal secam depois de algum zAPt

tempo, à temperatura muito inferior a 100 °C.


um lago tem o seu nível de água abaixado por evaporação. Coloque um pouco de
água num prato raso e esqueça-o por algumas horas; quando você voltar, a água já
evaporou.
O processo de evaporação da água do prato se explica do seguinte modo: algumas
moléculas do líquido, dotadas de grande energia cinética, conseguem vencer a tensão
superficial do líquido e escapam para o ambiente, produzindo a evaporação (fig.18).
A evaporação pode ser facilitada pelos seguintes fatores:
Figura 18. Processo de
1°. ) Maior área de exposição. A toalha molhada no varal deve estar bem aberta; nun-
evaporação.
ca dobrada.
2°. ) A ventilação. Algumas moléculas podem querer retornar ao líquido e devem ser
arrastadas. Além disso, a ventilação diminui a pressão externa e facilita o escape de
moléculas.
3°. ) A temperatura. Aumentando-se a temperatura, aumenta a energia cinética das
moléculas do líquido, e isso facilita o escape. Coloque aquele prato de água ao sol
e, em poucos minutos, a água já terá evaporado.

88 Capítulo 4
4°. ) Algumas substâncias têm menor tensão superficial que outras, e isso facilita a
evaporação. Como exemplos citamos: o éter, a acetona, etc. Eles são chamados
voláteis.
5°. ) A pressão externa é também um fator que interfere na evaporação. Quanto mais
baixa for a pressão externa, mais rapidamente ocorre a evaporação.

Umidade relativa do ar
A concentração de vapor de água na atmosfera caracteriza a umidade relativa do
ar. Quando esta for muito elevada, a velocidade de evaporação da água é muito peque-
na. Ao contrário, em dias secos, quando a umidade relativa do ar é baixa, a velocidade
de evaporação é grande.
Num ambiente quente, sentimo-nos mais confortáveis se a umidade relativa do ar
for baixa, pois isso facilita a evaporação do suor.
Num ambiente quente, de elevada umidade relativa do ar, faz sentido o uso de ven-
tiladores para facilitar a evaporação do suor.

8. Pressão de vapor
seja dado um recipiente fechado, contendo um líquido que não ocupa todo o seu
volume interno. Hipoteticamente, ao fecharmos a tampa, retiramos todo o vapor exis-
tente (fig. 19a). No entanto, o processo de evaporação inicia-se imediatamente; no
início a quantidade de moléculas que abandona o líquido por segundo é maior do que
a que retorna. O vapor exerce, nesse instante, uma pressão p1 na superfície do líquido,
a qual denominamos simplesmente pressão de vapor (fig. 19b).
Com o passar do tempo há um equilíbrio entre a velocidade
de evaporação e a de retorno. Nesse instante a pressão de vapor é
máxima. Ela é denominada pressão de saturação (ps) ou simples-

zAPt
mente pressão máxima de vapor (fig. 19c).
vácuo p1 p2
Nas condições de equilíbrio dinâmico entre o vapor e o líquido
p0 = 0
dizemos que o vapor está saturado.
Veja bem: continuam a sair moléculas da superfície do líquido,
mas, para um dado intervalo de tempo Δt, a quantidade que sai é
igual à que retorna ao líquido.
A pressão de saturação (ps) depende da natureza do líquido e (a) p0 = 0 (b) p1 = pressão (c) p2 = pS;
da temperatura: de vapor ps = pressão
• Na mesma temperatura, líquidos diferentes têm pressões de de saturação
Figura 19.
saturação diferentes.
• um mesmo líquido tem a pressão de saturação crescente
com a temperatura.
válvula com pino emborcado
luiz AugustO RiBEiRO

se o recipiente tiver uma válvula de escape, o vapor poderá sair


por ela ao atingir uma dada pressão máxima. Com a saída de vapor válvula de
segurança
do recipiente, a evaporação do líquido começa novamente, tentando
restaurar a pressão máxima. vapor
Na panela de pressão (fig. 20), o orifício situado no centro da líquido
tampa, com o cilindro emborcado, mantém a pressão de vapor alimentos
praticamente constante e igual à pressão de saturação, maior que
1 atm. Evidentemente, se a panela for esquecida no fogo, a água
será totalmente evaporada, queimando os alimentos. Figura 20. Panela de pressão.

Mudanças de estado 89
uma situação interessante de equilíbrio líquido-vapor é a que ocorre nos botijões de
“gás” liquefeito de petróleo, usados na cozinha (fig. 21). Na verdade, no interior de um
botijão, o que existe é líquido em presença do seu vapor saturante exercendo a pressão
máxima. No momento da utilização, a válvula é aberta, saindo o vapor que é queimado.
O vapor que sai do botijão é reposto pela vaporização do líquido no seu interior.

luiz AugustO RiBEiRO


janela de gás
inspeção
líquido

Figura 21. Botijão de gás com uma janela de


inspeção.

Leitura

Calefação
Quando deixamos cair uma gota de água numa chapa de ferro horizontal bem quente, essa se põe a girar e
sua evaporação é relativamente lenta para a situação em que se encontra. Esse fenômeno é chamado calefação.
A gota fica suspensa num colchão de vapor e não entra em contato com a chapa. Devido a esse isolamento,
recebe pouco calor, o que retarda o processo de evaporação. Por estar sobre o colchão, o seu equilíbrio é
instável, por isso a gota gira.
Se abaixarmos a temperatura, desaparece a camada base de vapor e a gota entra em contato com a
chapa, evaporando-se violentamente. Às vezes o processo é acompanhado de uma explosão da gota, espirrando
partículas aquecidas na sua vizinhança.
Pode-se verificar a calefação sobre a base de um ferro de passar roupas, bem quente, quando se joga um
pouquinho de água para verificar a sua temperatura. Ainda pode-se jogar gotas de água sobre a chapa quente
de um fogão a lenha.
O fenômeno da calefação explica o procedimento intuitivo da passadeira de roupas, que molha as pontas
dos dedos e os rela na base do ferro para verificar a temperatura. A água sofre calefação e isola o dedo da chapa
de ferro. O termômetro é o barulhinho característico.

9. Transição sólido ←
→ vapor p

A passagem do estado sólido para o estado gasoso (vapor) constitui a subli- S


mação. A passagem contrária costuma ser denominada sublimação inversa, p2 T
ressublimação ou cristalização. V
Essa mudança de estado, para uma dada substância, só ocorre em pressões p1
inferiores à do ponto triplo (fig. 22). Há substâncias, como a cânfora e o iodo, θ1 θ2 θ (ºC)
em que essa transição corresponde às pressões ambientes. Por isso, em condi-
Figura 22. Temperatura de
ções ambientes, o iodo e a cânfora quando aquecidos passam diretamente do sublimação aumenta com o
estado sólido para o estado de vapor. aumento de pressão.

90 Capítulo 4
Leitura

Compressão isotérmica de uma substância


Consideremos uma substância hipotética cujo ponto triplo se caracteriza pela pressão de 1,0 atm e
temperatura de 10 °C, representado no diagrama da figura h por T. Seu ponto crítico é representado pelo ponto
C, cuja temperatura é 180 °C. Vamos tomar uma porção dessa substância, no estado gasoso, na temperatura
de 80 °C e pressão 0,5 atm, e aprisioná-la num cilindro dotado de um êmbolo de peso desprezível (figs. a a g).
Nesse estado inicial, a pressão é mantida pela força F1 aplicada sobre o êmbolo (fig. a).
F1
F2
F3
F4
F5 F6 F7

(a) Vapor. (b) Vapor (c) Líquido (d) Líquido (e) Líquido. (f) Líquido (g) Sólido.
saturante. + vapor. + vapor. + sólido.
Figuras a a g. Compressão isotérmica de uma substância hipotética; temperatura mantida constante a 80 °C.
Vamos aumentar gradativamente a pressão, aumentando a intensidade da força, e manter sempre
a temperatura constante a 80 °C. As transformações ocorridas, seguidas de mudança de estado, são
chamadas de compressões isotérmicas. Observe que estaremos trabalhando a uma temperatura abaixo
do ponto crítico.
pressão

ilustRAçõEs: zAPt
(atm)

8,0 G C
líquido
5,5 F
sólido
4,5 E gás
3,0 B vapor
1,0 T
0,5 A
0 10 80 180 temperatura (ºC)

Figura h. Diagrama de pressão versus temperatura.


• Comprimindo-se o vapor até a pressão de 3,0 atm, inicia-se a formação de líquido, como mostrado no
cilindro da figura b: o vapor é saturante. No diagrama da figura h, esse estado é representado pelo ponto
B. Essa substância sofre liquefação a 80 °C sob pressão de 3,0 atm.
• Continuando-se a comprimir o êmbolo, ou seja, diminuindo-se o volume e mantendo-se a temperatura
constante a 80 °C, a pressão se mantém em 3,0 atm; no entanto, diminui a quantidade de vapor e
aumenta a de líquido. Nas situações das figuras b, c e d a pressão é a mesma: 3,0 atm. Somente após
ter-se condensado todo o vapor, a pressão voltará a subir.
• Uma vez no estado líquido, continuaremos a pressionar o êmbolo e levaremos a pressão até 5,5 atm,
quando atingiremos o ponto F da curva de solidificação. Haverá formação de sólido no fundo do recipiente.
Essa substância está se solidificando a 80 °C, sob pressão de 5,5 atm (situação da fig. f ).
• Enquanto não se solidificar todo o líquido, a pressão não subirá novamente. Terminada a solidificação,
poderemos atingir o ponto G, a 80 °C, e pressão de 8,0 atm (situação da fig. g).
O experimento nos mostra que podemos mudar o estado térmico de uma substância, do vapor ao sólido,
sem alterar a sua temperatura, apenas aumentando sua pressão.
Não teríamos obtido os mesmos resultados se estivéssemos trabalhando à direita do ponto crítico. Acima de
180 °C essa substância sempre estará no estado gasoso, para qualquer que seja a sua pressão.

Mudanças de estado 91
Exercícios de Aplicação

21. Ao nível do mar, a temperatura de ebulição da a) Qual é o valor da pressão máxima de vapor a
água é 100 °C. Na cidade de São Paulo, que está 120 °C?
aproximadamente 700 metros acima do nível do b) Qual é o estado da substância à temperatura
mar, a temperatura de ebulição da água é maior de 200 °C sob pressão de 100 atm?
ou menor que 100 °C? E nas cidades do Rio de c) É possível liquefazer a substância manten-
Janeiro e de Fortaleza? do-a na temperatura de 350 °C?
O termo pressão máxima de vapor significa o
22. Quando tiramos da geladeira uma garrafa de mesmo que pressão de saturação (pS).
cerveja, notamos que, depois de algum tempo, a
garrafa está molhada. Explique por quê. Resolução:
a) A 120 °C o gráfico nos fornece uma leitura
23. Usando uma panela comum, os alimentos cozi- direta da pressão máxima de vapor: 100 atm.
nharão mais depressa na praia ou na montanha?
Justifique. Admita que a potência da fonte de b)
calor seja a mesma e capaz de produzir a ebulição p (atm)
2 gás
da água.
Resolução: C
200
Na praia, a pressão atmosférica é normal (1 atm) líquido
e a água ferverá a 100 °C. Na montanha, a pres- 1 gás
A
são atmosférica é menor que 1 atm e o ponto de 100 T
ebulição cairá. A água ferverá em temperatura vapor
inferior a 100 °C e essa será a temperatura na
120 200 300 350 θ (ºC)
panela. Assim, mais rapidamente cozinharão os
alimentos na praia, onde a temperatura na pane- Sob pressão de 100 atm e temperatura de 200 °C
la é 100 °C. obtivemos o ponto A, correspondente ao esta-
do gasoso de vapor.
24. Observe, na tabela, a altitude de algumas cidades
do Brasil. c) O gráfico indica 300 °C para a temperatura
crítica. Logo, a 350 °C temos gás. Não é pos-
Cidade Altitude (m) sível liquefazê-lo por compressão isotérmica
(mantendo os 350 °C). Veja no gráfico o seg-
Fortaleza 0
mento 1 − 2 .
Salvador 0
São Paulo 700
26. O gráfico mostra a curva de vaporização de uma
substância hipotética.
Atibaia (SP) 1 200
p (atm)
C
a) Em quais delas a temperatura de ebulição da 15
água é 100 °C? 2
10
b) Acampando nas montanhas de Atibaia ou nas
1
praias de Fortaleza, onde o feijão vai cozinhar 5
T
mais depressa? Use a panela comum. 2
c) Por que em São Paulo a água ferve a 98 °C? 0 30 80 100 150 θ (¡C)

25. O gráfico nos dá a curva T − C (curva de vapori- a) Quais os nomes dos pontos T e C?
zação) de uma substância hipotética. b) No estado representado pelo ponto 1, em que
p (atm)
estado se encontra a substância?
C c) Qual é o valor da pressão de saturação (pS) na
200
temperatura de 150 °C?
100 d) Por que esta substância não é a água? Existe
50 T
algum indício?
0 10 120 300 θ (ºC) e) Qual é a fase da substância para p1 = 2 atm
e θ1 = 100 °C?

92 Capítulo 4
27. Por que a panela de pressão cozinha o feijão mais 32. (U. F. Juiz de Fora-MG) Colocando-se um certo volu-
rapidamente que a panela comum?
me de água dentro de um frasco de vidro de paredes
finas, como mostra a figura a, pode-se fazer a água
28. A água guardada em um recipiente de barro
(moringa) fica mais fresca que a guardada em um ferver levando o conjunto ao fogo (fig. b). Quando
recipiente de vidro. Por quê? a água estiver em ebulição, retira-se o frasco do
fogo e, em seguida, tampa-se o mesmo com a rolha,
Resolução:
cessando assim a ebulição (fig. c). Introduzindo,
A moringa de barro é porosa e permite que algu-
agora, o frasco sob um jato de água fria de uma tor-
mas moléculas d’água atravessem sua parede.
neira, a água entra novamente em ebulição (fig. d).
Essas moléculas sofrem evaporação. No entanto,
Explique por que isso acontece.
para evaporar, elas necessitam de calor, e o reti-
ram da moringa. Assim, a água em seu interior

ilustRAçõEs: zAPt
(a) (c)
é resfriada. A C

29. Por que um banhista, ao sair molhado da água,


sente um “friozinho”? H2O H2O
Resolução:
A água em contato com a pele do banhista tende
a evaporar. Esse é um processo endotérmico, isto (b) (d)
é, ela necessita de calor e vai “roubá-lo” do corpo B
do banhista. É um processo quase semelhante ao
da moringa de barro. H2O
H2O D
30. Por que, ao passarmos éter sobre a pele, sentimos
um “friozinho” no local?
H2O
31. Querendo-se secar uma toalha molhada por
evaporação devemos levar em conta algumas pro-
Resolução:
priedades.
I. A evaporação é mais rápida num ambiente No estado B a água encontra-se a 100 °C,
úmido do que num ambiente de baixa umi- admitindo-se que a pressão seja de 1,0 atm. Ao
dade relativa. se tampá-la (fig. c) cessa a ebulição porque o
II. A toalha deverá ser estendida de modo que vapor fica saturado, na temperatura de 100 °C
suas duas faces fiquem expostas. (ou pouco menor).
III. A temperatura alta facilitará a evaporação. Quando se despeja água na parte superior res-
IV. Nas cidades de baixa altitude, como as praia- friamos a parede e abaixamos a temperatura
nas, a evaporação é muito mais rápida. interna. O vapor se condensa nas paredes de
São corretas, apenas: cima. A pressão interna cai, pois parte do vapor
a) I e II d) II e III se condensou.
b) II e IV e) II, III e IV Estando a água praticamente a 100 °C, ela volta
a ferver, favorecida pelo abaixamento de pressão.
c) III e IV

Exercícios de Reforço

33. (UFF-RJ) Quando se retira uma garrafa de vidro a) condensação do vapor de água dissolvido no
com água de uma geladeira, depois de ela ter ar ao encontrar uma superfície à temperatura
ficado lá por algum tempo, veem-se gotas mais baixa.
de água se formando na superfície externa da b) diferença de pressão, que é maior no interior
garrafa.
da garrafa e que empurra a água para seu
Isso acontece graças, principalmente, à exterior.

Mudanças de estado 93
c) porosidade do vidro, que permite a passagem b) é menor na panela onde começou a ferver há
de água do interior da garrafa para sua super- menos tempo.
fície externa. c) é menor na panela que se encontra no Pico da
d) diferença de densidade entre a água no inte- Bandeira.
rior da garrafa e a água dissolvida no ar, que d) é menor na panela metálica.
é provocada pela diferença de temperaturas.
e) é menor na panela de barro.
e) condução de calor através do vidro, facilitada
pela sua porosidade.
37. (UF-RN) Preocupado com a inclusão dos aspectos
experimentais da Física no programa do Processo
34. (OPF-SP) Num dia de inverno, Alice ficou impres- Seletivo da UFRN, o professor Samuel Rugoso quis
sionada com a “fumacinha” que saía de sua boca
testar a capacidade de seus alunos de prever os
enquanto conversava com seus amigos no pátio da
resultados de uma experiência por ele imaginada.
escola. Pesquisando na biblioteca, Alice descobriu
Apresentou-lhes a seguinte situação:
que isso ocorre porque o vapor de água expirado
durante a respiração encontra-se com o ar frio Num local, ao nível do mar, coloca-se um frasco
exterior e forma gotículas de água que ficam sus- de vidro (resistente ao fogo) com água até a
pensas no ar. Qual o nome desse fenômeno físico? metade, sobre o fogo, até a água ferver. Em segui-
da, o frasco é retirado da chama e tampado com
a) solidificação. d) vaporização. uma rolha que lhe permite ficar com a boca para
b) fusão. e) condensação. baixo sem que a água vaze. Espera-se um certo
c) sublimação. tempo até que a água pare de ferver.
O professor Rugoso formulou, então, a seguinte
35. (PUC-RS) Considere as informações a seguir e preen- hipótese:
cha os parênteses com V (verdadeiro) e F (falso).
Uma panela de pressão cozinha alimentos em “Se prosseguirmos com a experiência, derramando
água em um tempo menor do que as panelas água fervendo sobre o frasco, a água contida no
comuns. Esse desempenho da panela de pressão mesmo não ferverá; mas, se, ao invés disso, derra-
se deve à: marmos água gelada, a água de dentro do frasco
ferverá” (ver ilustração abaixo).
( ) influência da pressão sobre a temperatura
de ebulição da água. água

zAPt
derramada
( ) maior espessura das paredes e ao maior
volume interno da panela de pressão. vapor
( ) temperatura de ebulição da água, que é de ‡gua
menor do que 100 °C, neste caso. água H2O
( ) pressão interna, de uma atmosfera (1 atm), previamente
aquecida
mantida pela válvula da panela de pressão.
A sequência correta de preenchimento dos parên-
suporte para apoiar
teses, de cima para baixo, é: o frasco de vidro
a) V - F - F - F d) F - V - V - V A hipótese do professor Rugoso é:
b) V - V - F - V e) V - V - F - F
a) correta, pois o resfriamento do frasco reduzi-
c) F - F - V - V rá a pressão em seu interior, permitindo, em
princípio, que a água ferva a uma temperatu-
36. (UFF-RJ) Um dos mais intrigantes fenômenos natu- ra inferior a cem graus centígrados.
rais é a mudança de fase que ocorre, por exemplo,
b) errada, pois, com o resfriamento do frasco, a
quando a água líquida se vaporiza, ao ferver.
água não ferverá, porque, em princípio, haverá
Mede-se a temperatura da água fervente em duas
uma violação da lei de conservação de energia.
panelas, uma de barro e outra metálica. Ambas se
encontram sobre fogões de cozinha, um deles no c) correta, pois a temperatura do sistema ficará
nível do mar e outro no alto do Pico da Bandeira. oscilando, como é previsto pela segunda lei
da termodinâmica.
A temperatura da água fervente d) errada, pois o processo acima descrito é iso-
a) é sempre 100 °C, portanto é a mesma em bárico, o que torna impossível a redução da
ambas as panelas. temperatura de ebulição da água.

94 Capítulo 4
38. (Fuvest-SP) Nos dias frios, quando uma pessoa pressão de vapor da água (pressão em que a água
expele ar pela boca, forma-se uma espécie de ferve) como função da temperatura é dada pela
“fumaça” junto ao seu rosto. Isso ocorre porque curva a seguir.
a pessoa: Adote g = 10 m/s2.
a) expele ar quente que condensa o vapor-d’água

pressão de vapor / N/cm2


existente na atmosfera. 30,0
b) expele ar quente e úmido que se resfria, ocor-
rendo a condensação dos vapores expelidos. 20,0
c) expele ar frio que provoca a condensação do
vapor-d’água na atmosfera.
10,0
d) provoca a evaporação da água existente no ar.
e) provoca a liquefação do ar, com seu calor.
0,0
90 110 130
39. Nas figuras I e II estão representados os dia- temperatura / ºC
gramas de fase de duas substâncias. Um deles
representa a água. Identifique os estados: sólido, a) Tire do gráfico o valor da pressão atmosférica
líquido e gasoso em cada um e depois responda em N/cm2, sabendo que nesta pressão a água
ao que se pede. ferve a 100 °C.
b) Tire do gráfico a pressão no interior da panela
C quando o feijão está cozinhando a 110 °C.
p (atm) p (atm)
C c) Calcule o peso da válvula necessário para
X
Y equilibrar a diferença de pressão interna e
externa à panela.
T
T 41. (AFA-SP) O diagrama de fases apresentado a
0 θ (ºC) 0 θ (ºC) seguir pertence a uma substância hipotética.

Figura I. Figura II. p (atm)

4 C
Assinale verdadeiro ou falso em cada afirmativa: T
2
I. O diagrama I é representativo das substân-
cias que aumentam o volume na fusão.
0 70 340 θ (ºC)
II. O diagrama II é representativo da água, pois
aumenta o volume na solidificação. Com relação a essa substância, pode-se afirmar
III. No ponto X a substância está no estado que:
líquido. a) nas condições normais de temperatura e
IV. No ponto Y a substância está no estado pressão, a referida substância se encontra no
gasoso. estado sólido.
b) se certa massa de vapor da substância à tem-
V. No ponto Y a substância não se solidifica
peratura de 300 °C for comprimida lentamen-
e nem se liquefaz apenas com variação da
te, não poderá sofrer condensação, pois está
pressão.
abaixo da temperatura crítica.
a) V - V - F - V - V d) F - V - F - V - F c) se aumentarmos gradativamente a temperatura
b) V - F - F - V - V e) F - F - V - V - V da substância, quando ela se encontra a 70 °C
e sob pressão de 3 atm, ocorrerá sublimação
c) V - F - F - F - F
da mesma.
40. (Unicamp-SP) Uma dada panela de pressão é feita d) para a temperatura de 0 °C e pressão de
para cozinhar feijão à temperatura de 110 °C. A 0,5 atm, a substância se encontra no estado
válvula da panela é constituída por um furo de de vapor.
área igual a 0,20 cm2, tampado por um peso que Observação dos autores: T é o ponto triplo e C é
mantém uma sobrepressão dentro da panela. A o ponto crítico.

Mudanças de estado 95
Exercícios de Aprofundamento

42. (UF-MG) A figura mostra o diagrama de fase de esteja em CNTP, incorporando 0,01 g de água
uma substância hipotética. por cm3 de gás formado.
p (atm) Note e adote:
1,2 Sublimação: passagem do estado sólido para
1,0 o gasoso.
III I
0,8 Temperatura de sublimação do gelo-seco:
0,6 –80 °C.
0,4 II Calor latente de sublimação do gelo-seco:
0,2 648 J/g.
0 Para um gás ideal, PV = nRT.
0 50 100 150 200 250 300 θ (ºC)
Volume de 1 mol de um gás em CNTP:
Observando o gráfico, responda às questões que 22,4 litros.
se seguem:
Massa de 1 mol de CO2: 44 g.
a) Associe as regiões I, II e III com as fases sóli- Suponha que o gelo-seco seja adquirido a
da, líquida e gasosa dessa substância. −80 °C.
b) Estime a temperatura de ebulição da subs- Constante universal dos gases:
tância, quando ela se encontra à pressão R = 0,082 atm · L/mol · K.
constante de 0,6 atm. Explique o raciocínio
utilizado. 44. (Unifesp-SP) A sonda Phoenix, lançada pela
c) Responda se essa substância pode ser subli- Nasa, detectou em 2008 uma camada de gelo no
mada à pressão atmosférica normal. Justifique fundo de uma cratera na superfície de Marte.
sua resposta com base nos dados apresenta- Nesse planeta, o gelo desaparece nas estações
dos no gráfico. quentes e reaparece nas estações frias, mas a
d) Conceitue ponto triplo e estime-o para essa água nunca foi observada na fase líquida. Com
substância. auxílio do diagrama de fases da água, analise as
três afirmações seguintes.
43. (Fuvest-SP) Um roqueiro iniciante improvisa
Pressão
efeitos especiais, utilizando gelo-seco (CO2 sóli- (mmHg) líquido
do) adquirido em uma fábrica de sorvetes.
Embora o início do show seja à meia-noite 760
(24 h), ele o compra às 18 h, mantendo-o em ponto
sólido triplo
uma “geladeira” de isopor, que absorve calor a
uma taxa de, aproximadamente, 60 W, provo- vapor
4,579
cando a sublimação de parte do gelo-seco. Para
produzir os efeitos desejados, 2 kg de gelo-seco 0,0098 100 θ (ºC)
devem ser jogados em um tonel com água, à tem-
I. O desaparecimento e o reaparecimento do
peratura ambiente, provocando a sublimação do
gelo, sem a presença da fase líquida, suge-
CO2 e a produção de uma “névoa”. A parte visível
rem a ocorrência de sublimação.
da “névoa”, na verdade, é constituída por gotí-
culas de água, em suspensão, que são carregadas II. Se o gelo sofre sublimação, a pressão atmos-
pelo CO2 gasoso para a atmosfera, à medida que férica local deve ser muito pequena, inferior
ele passa pela água do tonel. à pressão do ponto triplo da água.
III. O gelo não sofre fusão porque a temperatura
Estime:
do interior da cratera não ultrapassa a tem-
a) a massa de gelo-seco, Mgelo, em kg, que o peratura do ponto triplo da água.
roqueiro tem de comprar, para que, no início De acordo com o texto e com o diagrama de fases,
do show, ainda restem os 2 kg necessários em pode-se afirmar que está correto o contido em:
sua “geladeira”;
a) I, II e III. d) I e II, apenas.
b) a massa de água, Mágua, em kg, que se trans-
forma em “névoa” com a sublimação de todo b) II e III, apenas. e) I, apenas.
o CO2, supondo que o gás, ao deixar a água, c) I e III, apenas.

96 Capítulo 4
45. (F. M. Jundiaí-SP) A tabela e o gráfico apresen- Podemos explicar este fenômeno considerando
tam valores da temperatura de ebulição da água que:
sob diferentes pressões. a) na água há sempre ar dissolvido e a ebulição
nada mais é do que a transformação do ar
p (mmHg) t (¡C) dissolvido em vapor.
6,5 5 b) com a diminuição da pressão a temperatura
9,2 10 de ebulição da água fica menor do que a tem-
92,6 50 peratura da água na seringa.
760 100 c) com a diminuição da pressão há um aumento
da temperatura da água na seringa.
11 650 200
d) o trabalho realizado com o movimento rápido
132 700 350
do êmbolo se transforma em calor que faz a
p (mmHg) água ferver.
760 e) o calor específico da água diminui com a
diminuição da pressão.
o
líquido çã
riza 47. (ITA-SP) A pressão máxima de vapor do éter etílico
o
ap é de 760 mmHg à temperatura de 35 °C. Colocando-
92,6 dev
va se certa quantidade desse líquido na câmara eva-
cur
9,2 gasoso cuada de um barômetro de mercúrio de 1,00 m de
comprimento e elevando-se a temperatura ambien-
0 te a 35 °C, nota-se que a coluna de mercúrio:
10 50 100 θ (ºC)
a) sobe de 24 cm.
a) Explique se é possível ter água em estado
líquido à temperatura acima de 100 °C. b) permanece inalterada.
b) Explique de que forma a pressão atmosférica c) desce a 24 cm do nível zero.
local interfere no ponto de ebulição da água. d) desce a zero.
46. (Fuvest-SP) Enche-se uma seringa com pequena e) desce a uma altura que é função da quantidade
quantidade de água destilada a uma temperatura de éter introduzida.
um pouco abaixo da temperatura de ebulição. Admita que nem todo o éter colocado se vapo-
Fechando o bico, como mostra a figura a, e rizou.
puxando rapidamente o êmbolo, verifica-se que a
água entra em ebulição durante alguns instantes
48. (Fuvest-SP) Quando água pura é cuidadosamente
resfriada, nas condições normais de pressão,
(veja figura b).
pode permanecer no estado líquido até tempe-
luiz AugustO RiBEiRO

raturas inferiores a 0 °C, num estado instável


de “superfusão”. Se o sistema é perturbado, por
exemplo, por vibração, parte da água se transfor-
ma em gelo e o sistema se aquece até se estabi-
lizar em 0 °C. O calor latente de fusão da água é
L = 80 cal/g.
Considerando-se um recipiente termicamente
isolado e de capacidade térmica desprezível,
contendo um litro de água a −5,6 °C, à pressão
Figura a. normal, determine:
a) a quantidade, em g, de gelo formada, quando
o sistema é perturbado e atinge uma situação
de equilíbrio a 0 °C.
b) a temperatura final de equilíbrio do sistema
e a quantidade de gelo existente (consideran-
do-se o sistema inicial no estado de “superfu-
são” a −5,6 °C), ao colocar-se, no recipiente,
um bloco metálico de capacidade térmica
Figura b. C = 400 cal/°C, na temperatura de 91 °C.

Mudanças de estado 97
CAPÍTuLO

Transmissão de calor
5
no capítulo 3, comentamos alguns aspectos dos mecanismos de transmissão de 1. Transmissão de calor
calor. neste capítulo aprofundaremos esse assunto e veremos que o calor pode ser por condução
transferido de três modos: condução, convecção e irradiação.
2 Transmissão de calor
por convecção

1. Transmissão de calor por condução 3 Transmissão de calor


por irradiação
Suponhamos que dois corpos, A e B, com temperaturas Ta

zaPt
e Tb, respectivamente, sejam postos em contato. Se ta > tb, B
4 Leis da irradiação
A
as moléculas do corpo A terão uma energia cinética média
calor
5 Algumas aplicações das
maior que as energias cinéticas médias das moléculas do
TA > TB leis da irradiação
corpo B. Por meio de colisões entre as moléculas dos dois cor-
pos, haverá transferência de energia de A para B (fig. 1), isto Figura 1. Esquema da 6 Balanço energético da
é, haverá transferência de calor de A para B. Esse processo de condução de calor. Terra
transmissão de calor é chamado de condução.
no caso dos metais, além da transmissão de energia de átomo para átomo, há
a transmissão de energia pelos elétrons livres: trata-se, nos metais, dos elétrons que
estão mais afastados dos núcleos e que, portanto, estão mais fracamente ligados a
esses núcleos, formando uma espécie de nuvem eletrônica que se movimenta com fa-
cilidade. Esses elétrons, colidindo entre si e com átomos (ou íons), transferem energia.
nos metais, os elétrons são os principais responsáveis pela transmissão de calor
por condução. Por esse motivo, os metais conduzem o calor de modo mais eficiente
que os outros materiais.

Experimento

Você pode verificar a maior con-


Eduardo SantaliEStra

dutividade dos metais facilmente fa-


zendo o experimento apresentado na
figura. Coloque água em uma panela e
faça-a ferver. Coloque então, em con-
tato com a água, uma colher de metal
e uma colher de madeira.
Segurando as duas colheres, você
verificará que a colher de metal fica-
rá quente bem antes que a colher de
madeira.

Experimento acerca da condutivi-


dade dos metais.

98 Capítulo 5
Lei de Fourier
o experimento anterior mostra que a rapidez com que o calor é transmitido através isolante barra

iluStraçõES zaPt
de um corpo varia de corpo para corpo. Para analisar essa rapidez, vamos considerar o
experimento a seguir. A
tomemos uma barra, feita de um único material, cujo comprimento é L e cuja seção
reta tem área A (fig. 2), envolvida com um material isolante. L
Em seguida, coloquemos as extremidades da barra em contato com dois corpos,
Figura 2. Barra envolvida
C1 e C2, cujas temperaturas, de algum modo, sejam mantidas constantes, com valores
com material isolante.
T1 e T2, respectivamente (fig. 3). Se t1 > t2, haverá transmissão de calor através da bar-
ra, de C1 para C2. Suponhamos que, num intervalo de tempo (Δt), o calor transmitido
seja Q. o fluxo de calor nesse intervalo de tempo (ϕ) é definido por: T1 > T2
T1 T2
calor
Q C1 C2
ϕ= 1
Δt

a unidade de fluxo de calor pode ser cal/s, J/s, cal/min, etc. no Si a unidade é J/s, Figura 3.
que é equivalente a watt (W). Portanto, a unidade de fluxo de calor é igual à unidade
de potência.
o físico e matemático francês Joseph Fourier (1768-1830) fez esse experimento
utilizando vários materiais e variando os valores de L e A. desse modo, concluiu que:

Q a(t1 – t2)
ϕ= =k 2
Δt l

sendo k uma constante que depende do material de que é feita a barra, denominada
condutividade térmica do material.
da equação 2 , obtemos:
Ql
k= 3
(Δt) · a(t1 – t2)
isto é:
(unidade de calor)(unidade de comprimento)
unidade de k =
(unidade de tempo)(unidade de área)(unidade de temperatura)

assim, a unidade de k pode ser, por exemplo:


Condutividade
cal · m J · cm Material
ou etc. térmica (J/s · m · K)
s · cm2 · °C min · m2 · k
aço 40
no Si temos: alumínio 200
cobre 380
J·m J J 1 ouro 310
unidade de k = = = · = W/m · k
s · m2 · k s·m·k s m·k prata 420
água 0,6
W
gelo 2
o valor de k varia um pouco com a faixa de temperatura. na ar 0,023
tabela 1, vemos alguns valores de condutividade térmica. vidro 0,84
observando a tabela 1, é possível verificar que a condutividade
tecido humano 0,2
dos metais é bem maior que a de outros materiais.
amianto 0,16
os metais são bons condutores, e os materiais com pequena
condutividade são chamados isolantes. madeira 0,08 a 0,16
Pela tabela, percebemos que o isopor, a lã, o amianto e o ar são lã 0,04
bons isolantes, enquanto a prata e o cobre são excelentes condu- isopor 0,01
tores de calor. Tabela 1. Condutividades térmicas.

Transmissão de calor 99
Voltando ao experimento com a barra, devemos fazer duas ob- T1 T1 > T2 T2

zaPt
servações:
• Como a barra é feita de um único material, o gráfico da tem-
peratura em função da posição é aproximadamente reto, 0 L comprimento
como ilustra a figura 4.
T
• Se a barra não for envolvida por isolante, haverá fluxo de
calor pela superfície lateral e, assim, a equação 3 dará ape- T1
nas um valor aproximado do fluxo de calor através da barra.

Há situações nas quais precisamos de materiais que sejam


T2
bons condutores, e outras em que nos é conveniente que o ma-
terial seja isolante. Por exemplo, as panelas de metal facilitam a
passagem de calor da chama para o alimento. Já o cabo da panela O L comprimento
é feito de material isolante, para que a pessoa que cozinha não
queime as mãos (fig. 5a). Figura 4.
Eduardo SantaliEStra

CriStina XaViEr

Eduardo SantaliEStra
(a) A panela é de material condutor, mas (b) A caixa térmica é de isopor. (c) Forno a gás: suas paredes são reves-
o cabo é de material isolante. tidas de lã de vidro.
Figura 5.

Em dias frios, as roupas nos protegem de dois modos. Em primeiro lugar, elas são
feitas de materiais que são bons isolantes (principalmente a lã). Em segundo lugar, apri-
sionam uma camada de ar entre elas e nossa pele. o ar, sendo um excelente isolante,
dificulta a perda de calor do nosso corpo.
nas regiões próximas do polo norte vive um povo que foi batizado pelos europeus
de esquimó, mas que prefere ser chamado de inuíte. no passado, esse povo vivia em
habitações chamadas iglus, feitas de gelo e na forma de meia casca esférica, de raio
aproximadamente igual a 2 metros (fig. 6). isso era possível pelo fato de o gelo ser um
bom isolante. acendendo uma fogueira dentro do iglu, eles conseguiam manter uma
temperatura confortável de – 3 °C. Hoje em dia eles não usam mais os iglus; vivem
em casas de madeira (com lareira), que isolam melhor que o gelo (reveja a tabela 1).
alamy/otHEr imagES

Figura 6. O iglu já foi a habitação do povo inuíte.

100 Capítulo 5
Exercícios de Aplicação

1. Por que a serragem é melhor isolante que a madeira? c) diretamente proporcional à espessura da
parede.
2. Em dias frios os pássaros eriçam suas penas e d) diretamente proporcional à diferença de tem-
com isso conseguem perder menos calor para o peratura entre as suas faces.
ambiente. Por quê?
e) inversamente proporcional ao quadrado da

alamy/otHEr imagES
espessura da parede.

8. A sala de uma casa tem uma janela de vidro, cuja


área é 8,0 m2 e cuja espessura é 4,0 mm. A tempe-
ratura externa é 2,0 °C, mas a temperatura inter-
na é mantida a 27 °C, por meio de um aquecedor
elétrico. Sabendo que a condutividade térmica do
vidro é 0,84 J/s · m · K, calcule o tempo neces-
sário para que 126 kJ de calor atravessem a janela.

9. Uma barra de alumínio tem comprimento L = 2,0 m


3. A neve é melhor isolante que o gelo. Por quê? e área de seção reta A = 10 cm2. Uma de suas
extremidades está em contato com vapor de água,
e a outra, em contato com gelo fundente, sob
4. Em uma residência há uma vidraça de área A = 5,0 m2 pressão normal. A barra é envolvida por amianto
e espessura L = 2,0 mm. Suponhamos que a tem- para se evitarem as perdas de calor. Calcule:
peratura no interior da residência seja 20 °C e no
exterior seja 18 °C. Supondo que a condutividade a) o fluxo do calor através da barra;
térmica do vidro seja k = 0,84 J/s · m · °C, cal- b) a temperatura no ponto P, assinalado na
cule o fluxo de calor através da vidraça. figura b.
A = 10 cm2
Resolução:

iluStraçõES zaPt
L = 2,0 mm = 2,0 · 10–3 m; θ1 = 20 °C; θ2 = 18 °C L
A(θ2 – θ1) 5,0(20 – 18) Figura a.
ϕ=k = (0,84) = 4 200
L 2,0 · 10–3 gelo a 0 °C
vapor a
ϕ = Q = 4 200 J/s = 4 200 W 100 °C
Δt
alumínio
Portanto, a cada segundo, passa pela vidraça uma
quantidade de calor Q = 4 200 J. P

5. Uma chapa de cobre de área 6,0 m2 e espessura amianto


4,0 mm tem suas faces mantidas às temperaturas 40 cm
de 30 °C e 80 °C. Sabendo que a condutividade
Figura b.
térmica do cobre é de 380 J/s · m · K, calcule:
Resolução:
a) o fluxo do calor através da chapa;
a) A = 10 cm2 = 10(10–2 m)2 = 10–3 m2
b) a quantidade de calor que atravessa a chapa T1 = 100 °C
em 5,0 minutos.
T2 = 0 °C
6. Explique o seguinte fenômeno: uma chapa de aço Consultando a tabela 1 vemos que, para o
repousa sobre o tampo de madeira de uma mesa; alumínio, a condutividade térmica é:
uma pessoa coloca a mão esquerda sobre a chapa k = 200 J/s · m · K. Assim:
de aço e a direita sobre a mesa e tem a sensação de A(T1 – T2)
que a chapa de aço está mais fria que a de madeira. ϕ=k
L
(10–3 m2)(100 °C – 0 °C)
ϕ = (200 J/s · m · k)
7. O fluxo de calor através de uma parede é: 2,0 m

a) independente do material que constitui a parede. ϕ = 10 J/s


b) inversamente proporcional à área da parede.

Transmissão de calor 101


b) 40 cm = 0,40 m Resolvendo essa equação, obtemos:
Os triângulos coloridos na figura c são seme-
T' = 80 °C
lhantes.
T (¼C)

100
T' 10. Uma barra metálica é aquecida do modo indicado
na figura. Determine a temperatura do ponto C,
sabendo que as temperaturas de A e B são, res-
pectivamente, 190 °C e 30 °C.
0 0,4 2,0 comprimento (m)
A C B

zaPt
Figura c.
Portanto: 30 cm
80 cm
100 – T' 0,4
=
T' – 0 2,0 – 0,4

Exercícios de Reforço

11. (Enem-MEC) Uma garrafa de vidro e uma lata de b) O resultado foi bom porque o gelo, formado
alumínio, cada uma contendo 330 mL de refri- dentro da geladeira, tendo baixo calor especí-
gerante, são mantidas em um refrigerador pelo fico, fará com que a serragem funcione como
mesmo longo período de tempo. Ao retirá-las do isolante térmico.
refrigerador com as mãos desprotegidas, tem-se c) O resultado foi bom porque a serragem tem
a sensação de que a lata está mais fria que a elevada capacidade térmica.
garrafa. É correto afirmar que:
d) O resultado foi bom porque a serragem se
a) a lata está realmente mais fria, pois a capacida- compactou numa placa homogênea.
de calorífica da garrafa é maior que a da lata. e) O resultado foi bom porque o ar preso na
b) a lata está de fato menos fria que a garrafa, serragem funciona como um bom isolante
pois o vidro possui condutividade menor que térmico.
o alumínio.
c) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura,
13. (Mackenzie-SP) A porta de uma câmara frigorí-
fica tem uma pequena janela de vidro, de área
possuem a mesma condutividade térmica e
400 cm2 e espessura 1,5 cm. A temperatura no
a sensação deve-se à diferença nos calores
interior da câmara é –25 °C e no exterior é 20 °C.
específicos.
Sabendo que a condutibilidade térmica do vidro é
d) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, 2,0 · 10–3 cal/s · cm · °C, podemos afirmar que,
e a sensação é devida ao fato de a condutivi- para manter constante a temperatura do interior
dade térmica do alumínio ser maior que a do da câmara, deve ser retirada dela, a cada segun-
vidro. do, a quantidade de calor de:
e) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura,
e a sensação é devida ao fato de a conduti- a) 24 cal
vidade térmica do vidro ser maior que a do b) 48 cal
alumínio. c) 12 cal
d) 32 cal
12. (UF-MA) O senhor Newton resolveu fazer uma
geladeira em sua casa. Construiu duas caixas e) 64 cal
de madeira, tais que uma cabia dentro da outra
e ainda sobrava um espaço entre as duas. Esse 14. (IME-RJ) Um vidro plano, com coeficiente de con-
espaço foi preenchido com pó de serragem de dutibilidade térmica 0,00183 cal/s · cm · °C, tem
madeira. uma área de 1 000 cm2 e espessura de 3,66 mm.
Sendo o fluxo de calor por condução através do
a) O resultado foi bom devido à baixa capacidade vidro de 2 000 calorias por segundo, calcule a dife-
térmica da serragem. rença de temperatura entre suas faces.

102 Capítulo 5
15. (UF-RN) Numa aula prática de Termologia, o pro- Considerando-se
fessor realizou a demonstração a seguir: que a água e o óleo
receberam a mesma
I. colocou massas iguais de água e óleo, à
quantidade de calor
mesma temperatura, respectivamente, em
da chapa quente, é
dois recipientes de vidro pirex, isolados
correto afirmar que
termicamente em suas laterais e respectivas
a temperatura do
partes superiores; água óleo
óleo era mais alta
II. pegou dois termômetros idênticos e colocou porque:
um em cada recipiente;
a) a condutividade térmica da água é igual à do
III. em seguida, colocou esses recipientes sobre
óleo.
uma chapa quente.
Passado algum tempo, o professor mostrou para b) a condutividade térmica da água é maior que
seus alunos que o termômetro do recipiente com a do óleo.
óleo exibia um valor de temperatura maior que c) o calor latente da água é igual ao do óleo.
o do recipiente com água, conforme ilustrado na d) o calor específico da água é maior que o do
figura a seguir. óleo.

2. Transmissão de calor por convecção


Dentro de um fluido o calor pode ser transmitido por condução, mas há outra pos-
sibilidade: a convecção.
A convecção consiste na movimentação de partes do fluido dentro do próprio flui-
do. Por exemplo, supondo que um aquecedor de ar seja munido de ventilador, este fará
o ar quente alcançar grandes distâncias. Outro exemplo é o caso do sangue em nosso
organismo: ele é impulsionado pelo coração e, ao circular, transporta calor.
Esses dois exemplos são o que chamamos de convecção forçada.
Há, porém, outro tipo de convecção: a convecção natural, que ocorre como resul-
tado apenas do aquecimento de partes do fluido.
Tomemos, por exemplo, o caso de uma panela com água colocada sobre a chama
de um fogão (fig. 7a). Inicialmente podemos observar que a superfície da água está
“fria”. O calor recebido na parte de baixo demora a chegar na parte de cima pelo pro-
cesso de condução, pois a água é um mau condutor de calor (veja a tabela 1). Porém,
depois de algum tempo, a água aquecida no fundo da panela se dilata, sua densidade
diminui e, como consequência (princípio de Arquimedes), a água aquecida sobe. Ao
mesmo tempo a parte de cima, que está mais fria e mais densa, desce (fig. 7b).
IluSTrAçõES: zAPT

(a) (b)
calor
conduzido

Figura 7. Representação da transmissão de calor por convecção.


Se não houvesse a convecção, a água demoraria muito mais tempo para ferver.
Essa movimentação do fluido dentro do próprio fluido é chamada de corrente de
convecção. As correntes marítimas também são correntes de convecção.
Na figura 8a temos um aquecedor doméstico. Ele deve ser colocado próximo ao
solo, pois assim teremos correntes de convecção: o ar quente sobe e o ar frio desce.
Algo semelhante ocorre com a atmosfera: o Sol aquece a Terra (mais adiante analisare-
mos melhor esse caso), que por sua vez aquece o ar próximo ao solo. Esse ar sobe, e seu
lugar é ocupado por ar mais frio que vem das vizinhanças. Essas correntes são usadas
pelos planadores (fig. 8b) e aves de grande porte (como as águias) para ganhar altitude.

Transmissão de calor 103


alamy/otHEr imagES

autHor'S imagE ltd / alamy /diomEdia

zaPt
radiador

água
quente

(b) Planador.
água fria fornalha
(a) Aquecedor doméstico. (c)
Figura 8.

tHinkStoCk/gEtty imagES
Em regiões com invernos rigorosos, as casas têm sistemas de aquecimento como o
esquematizado na figura 8c. a água aquecida na fornalha fica menos densa e sobe,
passando pelo radiador, que é um objeto metálico, e, portanto, transmite o calor para o
ar por condução. a água, novamente fria, retorna para a fornalha. temos então a água
circulando e transmitindo o calor por convecção. Em edifícios muito altos, para facilitar
a circulação, às vezes são usadas bombas.
Você já deve ter observado que os

FErnando FaVorEtto/Criar imagEm


chamados aparelhos de ar-condicionado,
cuja função é resfriar o ambiente, são co-
locados próximos dos tetos dos aposentos
(fig. 9a). a razão é simples: o ar que o apa-
relho resfria fica mais denso e desce, ao
mesmo tempo que o ar quente sobe. Pela
mesma razão, o congelador de uma gela-
deira (fig. 9b) fica na parte de cima. Para
(a) Aparelho de ar-condicionado “de (b) Na geladeira, o congelador
facilitar a circulação de ar no interior da
parede”. fica na parte de cima.
geladeira, suas prateleiras não são “contí-
nuas”, isto é, são grades com espaço que Figura 9.
permitem a passagem do ar.

Brisas marítimas
Sabemos que a água tem calor específico muito grande comparado ao de outros
materiais, como, por exemplo, a terra. isso explica a formação das brisas nas proximi-
dades do mar.
iluStraçõES: luiz auguSto ribEiro

Quando o Sol nasce, passa a aquecer a


ar quente
terra e a água. Porém, devido ao seu alto ca- ar quente ar frio
lor específico, a água demora mais a aque- ar frio
cer. assim, durante o dia a terra está mais
quente que a água. Portanto, o ar quente
próximo da terra sobe, abrindo espaço para
o ar frio que vem da região sobre o mar (fig.
água fria terra quente água quente terra fria
10a). À noite a situação se inverte. Como a
água demora mais a esfriar-se, o ar sobre
ela está mais quente que o ar sobre a terra
(a) Representação da brisa marítima (b) Representação da brisa marítima
(fig. 10b). desse modo, o ar quente sobe,
durante o dia. durante a noite.
abrindo espaço para o ar frio que vem da
região sobre a terra. Figura 10.

104 Capítulo 5
Inversão térmica
um grave problema para as grandes cidades atualmente é a poluição do ar, causada
pela emissão de gases de veículos e indústrias. Quando o dia está quente, o ar próximo
ao solo, onde estão os poluentes, está mais quente que o das camadas mais altas. desse
modo, as correntes de convecção levam o ar poluído para cima (fig. 11a). no entanto,
nos dias frios, o ar próximo ao solo está mais frio que o das camadas mais altas e, assim,
não há convecção para cima (fig. 11b). Esse efeito é chamado de inversão térmica e a
consequência é que a quantidade de poluentes próximos ao solo aumenta.

luiz auguSto ribEiro


ar frio
ar quente
θ2 θ2
atmosfera

θ1 ar frio e poluído θ1
ar quente e poluído atmosfera

(a) Dia quente: θ1 > θ2. (b) Dia frio: θ1 < θ2.

Figura 11.

Exercícios de Aplicação

luiz auguSto ribEiro


16. Em certo dia ensolarado, a água de uma piscina
ainda estava fria, com exceção de uma camada
muito fina da sua superfície. Explique por quê.

17. As setas das figuras I e II mostram o sentido de


circulação da água no interior de um encanamen-
to ao ser aquecida pela ação de uma chama, para
valores de temperatura maiores que 4 °C. Qual
das duas descreve uma situação física correta?

Figura a. Figura b.
iluStraçõES: zaPt

g g

19. Em um tubo de vidro, foram colocados gelo e


água líquida, havendo uma tela para impedir que
o gelo flutue, ficando preso no fundo do tubo. O
tubo de ensaio é então aquecido do modo indi-
cado na figura. Observa-se que a água ferve e o
gelo não se funde imediatamente. Por quê?
Figura I. Figura II. ‡gua
zaPt

tela
18. As figuras a seguir descrevem duas maneiras de
gelo
você aproximar a mão da chama de uma vela. Na
situação da figura a, a mão ficará mais quente
que na figura b. Por quê?

Transmissão de calor 105


20. (UE-PA) Considere os fluidos em movimento nas b) A lã evita o aquecimento do viajante do
seguintes situações: deserto durante o dia e o resfriamento duran-
te a noite.
I. Brisa na praia;
c) A lã impede o fluxo de calor por condução e
II. Vento que joga a areia do Saara sobre os auto-
diminui as correntes de convecção.
móveis de Roma;
d) O gelo, sendo um corpo a 0 °C, não pode difi-
III. Correnteza de um rio;
cultar o fluxo de calor.
IV. Correntes marítimas que cruzam o oceano
Atlântico; e) O ar é um ótimo isolante para o calor trans-
mitido por condução, porém favorece muito
V. Vento soprado por um ventilador.
a transmissão do calor por convecção. Nas
Dentre as alternativas abaixo, verifique a que se geladeiras, as correntes de convecção é que
refere somente aos fenômenos provocados por refrigeram os alimentos que estão na parte
convecção:
inferior.
a) I, II e IV d) I, IV e V
b) I, III, IV e V e) II, III, IV e V 22. (Fuvest-SP) Nas geladeiras, o congelador fica
c) II, III e V sempre na parte de cima para:

21. (U. F. São Carlos-SP) Nas geladeiras, retira-se a) manter a parte de baixo mais fria que o con-
periodicamente o gelo do congelador. Nos polos, gelador.
as construções são feitas sob o gelo. Os viajantes b) manter a parte de baixo mais quente que o
do deserto do Saara usam roupas de lã durante o congelador.
dia e à noite. Relativamente ao texto acima, qual c) que o calor vá para o congelador.
das afirmações abaixo não está correta?
d) acelerar a produção de cubos de gelo.
a) O gelo é mau condutor de calor. e) que o frio vá para o congelador.

3. Transmissão de calor por irradiação


Sol
Entre o Sol e a terra há espaço vazio (vá-

iluStraçõES: zaPt
cuo) e, portanto, o calor que o Sol envia à
terra não pode ser transmitido nem por con- Terra
dução nem por convecção. nesse caso, há
um terceiro processo de transmissão de ca-
lor, chamado de irradiação, o qual consiste
na emissão de uma “coisa” que os físicos Figura 12. A Terra recebe
chamam de onda eletromagnética ou ra- radiação do Sol.
diação eletromagnética (fig. 12).
no volume 3 desta obra estudaremos a (a) S
natureza de uma onda eletromagnética. Por P
enquanto, vamos apresentar esse conceito
de maneira simplificada, fazendo uma ana-
logia com as ondas produzidas em uma cor-
da esticada (fig. 13). (b) v S
P
Suponhamos que, inicialmente, uma
corda esteja esticada, presa a um suporte S
em uma extremidade (fig. 13a) e tendo sua
outra extremidade segura pela mão de uma (c) P
pessoa. a partir de certo instante, a pessoa v S
começa a mover a mão para cima e para
baixo, periodicamente. Como resultado, ve-
remos uma “perturbação” que se propaga

106 Capítulo 5
pela corda, com velocidade v . Fixemos nos- (d) v S
sa atenção no ponto P da corda, assinalado P
na figura. À medida que o tempo passa, ele
sobe e desce, periodicamente. na figura
13c, o ponto P está na posição mais alta; na
figura 13e, ele está na posição mais baixa e
na figura 13g, novamente na posição mais
alta. Entre a posição das figuras 13c e 13g, (e) v S
o ponto P executou uma oscilação comple-
ta. a frequência (f ) de oscilação de P é o P
número de oscilações por unidade de tem-
po. no volume 1 desta coleção vimos que,
no Si, a unidade de frequência é hertz (Hz). (f)
v S
assim, por exemplo, se o ponto P executa 4 P
oscilações completas por segundo, sua fre-
quência será:
f = 4 hertz = 4 Hz
(g) P
v S
numa onda eletromagnética também
há “algo” que oscila enquanto a onda se
propaga. Qualquer onda eletromagnética se
propaga no vácuo, mas a propagação em
meios materiais depende da frequência da Figura 13.
onda e do tipo de molécula que constitui
o meio.
a luz é uma onda eletromagnética cuja
frequência está, aproximadamente, entre
4,3 · 1014 Hz e 7,5 · 1014 Hz (fig. 14), e a di-
ferença entre as cores da luz está na frequên- 4,3 5,0 6,0 7,5
cia. Como mostra a figura 14, a luz de fre- frequência (1014 Hz)
quência mais baixa é a vermelha, e a de Figura 14. Cor da luz em função de sua frequência.
frequência mais alta é a violeta.
as ondas de frequências menores que
4,3 · 1014 Hz ou maiores que 7,5 · 1014 Hz frequência (Hz)
não produzem em nosso olho a sensação 1023
1022 raios gama
de visão. Elas recebem nomes especiais
1021
(fig. 15), cuja origem é determinada pelo 1020
modo de produção da onda ou pela manei- 1019
1018 raios X
ra como a onda é utilizada. 1017
o conjunto das ondas eletromagnéti- 1016 ultravioleta
1015 luz
cas com os respectivos nomes é conheci- 1014
do como espectro eletromagnŽtico. as 1013 infravermelho
1012
ondas de frequência um pouco abaixo do 1011 micro-ondas
vermelho são chamadas de infravermelho, e 1010 ondas curtas de rádio
as que têm frequência um pouco acima do 109
108 televisão e FM de rádio
violeta são chamadas de ultravioleta. 107
AM de rádio
o controle remoto de seu televisor envia 106
105
ao aparelho ondas eletromagnéticas na fai- 104
ondas longas de rádio
xa do infravermelho, e o chamado forno de 103
102
micro-ondas usa essas ondas para aquecer 10
ou cozinhar alimentos. Figura 15. O espectro eletromagnético.

Transmissão de calor 107


as ondas eletromagnéticas têm energia e, quando uma onda

zaPt
onda
onda que
refletida
incide em um corpo (fig. 16), podem ocorrer três fenômenos: incide
uma parte da onda é refletida, outra parte é transmitida (cami- no corpo
nha para o interior do corpo), e uma terceira parte é absorvida,
transformando-se em outras formas de energia, como energia onda
cinética das moléculas, aquecendo o corpo. a ocorrência de um transmitida
ou mais dos três fenômenos depende da frequência da onda e
Figura 16. Fenômenos que podem ocorrer
da natureza do material que constitui o corpo. quando uma onda incide em um corpo.
Por exemplo, o vidro de uma janela deixa passar a luz (vemos
os objetos através dele), o que não acontece com nossa mão.

luiz auguSto ribEiro


Já as ondas chamadas de raios X conseguem atravessar os mús- chapa
culos da mão (fig. 17) e são absorvidas pelos ossos, fenômeno fotográfica

utilizado pelos médicos para obter as radiografias. os corpos


metálicos bem polidos (espelhos) e os corpos brancos refletem
a maior parte das ondas incidentes, enquanto os corpos pretos
absorvem a maior parte das ondas incidentes.
Em geral as ondas que mais contribuem para o aquecimento
de um corpo ao serem absorvidas são as de infravermelho.
raios X aparelho
de raios X
Figura 17. Ondas atravessam músculos e são absorvi-
4. Leis da irradiação das pelos ossos: raios X.

Sabemos que as moléculas de um corpo estão em permanente estado de agitação,


de modo que a temperatura do corpo está relacionada com a energia cinética média
das moléculas. Sabemos também, das aulas de Química, que em todas as moléculas há
prótons e elétrons que possuem uma propriedade chamada de carga elétrica. no volu-
me 3 desta coleção estudaremos a carga elétrica e veremos que as ondas eletromagné-
ticas são produzidas quando partículas que têm carga elétrica são aceleradas. ora, uma
partícula oscilando tem aceleração, pois está continuamente mudando sua velocidade.
Concluímos então que qualquer corpo deve emitir ondas eletromagnéticas devido à
agitação de suas moléculas. devemos esperar também que a potência com que o corpo
emite ondas aumente com a temperatura, isto é, quanto maior a temperatura, maior
a potência emitida.
o físico austríaco Josef Stefan (1835-1893), em 1879, descobriu experimentalmente
que a potência P emitida por um corpo de área externa A e temperatura absoluta T é
dada por:

P = e σ AT4 3

em que σ é uma constante, cujo valor de Si é:

σ ≅ 5,67 · 10–8 W/m2 · k4

e e é um número (sem unidade) chamado de emissividade do corpo, cujo valor depen-


de da natureza do material de que é feito o corpo e que pode variar de 0 a 1.
alguns anos depois que Stefan obteve esse resultado, o físico austríaco ludwig
boltzmann (1844-1906) deduziu a equação 3 a partir das leis da termodinâmica e da
mecânica Estatística (veremos o que é isso no próximo capítulo). depois disso, a equa-
ção 3 passou a ser chamada de Lei Stefan-Boltzmann e a constante σ passou a ser
chamada de constante de Stefan-Boltzmann.

108 Capítulo 5
Se o corpo estiver em um ambiente cuja temperatura é T', ele absorve energia ra-
diante com potência P cujo valor é dado por uma equação semelhante à equação 3 :

P' = e σ AT'4 4

Portanto, a potência líquida, Pl, emitida pelo corpo é dada por: Pl = P - P', ou:

PL = e σ A(T4 – T'4) 5

alguém poderia questionar: por que P e P´ são dadas por equações semelhantes?
a resposta é simples: a experiência mostra que, quando dois corpos estão à mesma
temperatura, estão em equilíbrio térmico, isto é, pela equação 5 , a perda líquida de
potência do corpo é nula.
Corpos escuros têm emissividade próxima de 1, e corpos claros têm emissividade
próxima de zero.
as equações 3 e 4 nos mostram que um bom absorvedor é
também um bom emissor e que um mau absorvedor é também um
mau emissor.
Quando um corpo tem emissividade e = 1, é chamado de corpo pico

intensidade
negro, em analogia com o fato de que um corpo é preto quando ab-
sorve toda a luz incidente. obviamente um corpo negro é ao mesmo
tempo um absorvedor perfeito e um emissor perfeito.
a radiação emitida por um corpo é formada por ondas eletromag-
fmáx frequência
néticas de várias frequências, mas para cada frequência a intensidade
da onda é diferente. Experimentalmente verifica-se que o gráfico da Figura 18.
intensidade em função da frequência tem o aspecto da figura 18.
Podemos observar que existe uma frequência (fmáx) para a qual a intensidade é máxi-
ma. no caso de um corpo negro, o físico alemão Wilhelm Wien (1864-1928) descobriu
que fmáx é proporcional à temperatura absoluta:

fmáx
= constante ≅ 1,035 · 1011 s–1 k–1 6
t

a equação 6 é conhecida por Lei do deslocamento de Wien.


(unidades arbitrárias)

Como ilustra a figura 19, a posição do gráfico varia com o valor


luz
da temperatura do corpo. Para uma temperatura t = 600 k, observa-
intensidade

T = 60 000 k
mos que as ondas emitidas têm frequências inferiores à da luz.
Percebemos então que um corpo só começa a emitir luz quando
sua temperatura está acima dos 600 k. a terra, por exemplo, cuja T = 6 000 k

temperatura média é próxima de 300 k, emite a maior parte de suas T = 600 k


ondas na faixa do infravermelho.
0 1012 1013 1014 1015 1016 frequência (Hz)
a temperatura na superfície do Sol (que pode ser considerado um
corpo negro) é aproximadamente 6 000 k. na figura 19 observamos Figura 19.
que nessa temperatura as ondas emitidas com maior intensidade são
ondas de luz, que é o que acontece com o Sol.

5. Algumas aplicações das leis da irradiação


Vimos três processos de transmissão de calor. Há situações em que os três processos
ocorrem simultaneamente, mas há também situações em que só um ou só dois são
significativos. no caso do Sol para a terra, por exemplo, só a irradiação acontece.

Transmissão de calor 109


Quando uma pessoa está ao lado de uma fogueira, sente o calor

botaniCa/gEtty imagES
(fig. 20). Como o calor chega até essa pessoa? Certamente não por
convecção, pois a tendência do ar quente é ir para cima. a condução,
embora exista, é muito pequena, pois o ar é um bom isolante. Concluí-
mos então que o calor a atinge principalmente por irradia•‹o.
os corpos pretos absorvem muita radiação e por isso recomenda-
se que no verão não usemos roupas pretas durante o dia, pois elas
absorverão muito calor. neste momento alguém poderia afirmar que a
roupa não é problema, pois os corpos pretos são bons absorvedores e
também bons emissores. assim todo o calor absorvido seria imediata-
mente emitido e não nos aqueceria.
de fato, é verdade que os corpos pretos são bons absorvedores e Figura 20. Irradiação de calor.
bons emissores. acontece que, quando a nossa roupa preta emitir calor,
ela o fará tanto para fora como para dentro, e assim nos aquecerá.

O paradoxo da túnica negra

imagEbrokEr/diomEdia
depois do que acabamos de dizer, parece um contrassenso que
habitantes do deserto usem túnicas negras (fig. 21) e se sintam con-
fortáveis. Entretanto, esse fato tem uma explicação que nos foi dada
pelos físicos a. Shkolnik, C. taylor, V. Finch e a. borut, em um artigo
publicado na revista inglesa Nature, em janeiro de 1980.
o conforto térmico proporcionado pela túnica se deve ao fato de
ela ser aberta embaixo. a túnica negra chega a atingir uma tempera-
tura de 6 °C mais elevada que a atingida pela túnica branca, porém
esse aquecimento provoca, por sua vez, o aquecimento do ar que está
sob a túnica, produzindo uma corrente de convecção para cima. Há,
Figura 21. A corrente de convecção produzida
portanto, uma corrente de ar que entra pela parte de baixo da túnica refresca o corpo da pessoa com a túnica negra.
e sai pelo tecido poroso. Essa corrente de ar refresca o corpo.

Conforto térmico em um recinto


Quando estamos dentro de um recinto cuja temperatura seja inferior à do nosso
corpo, ocorre perda líquida de calor para o ambiente. nossa roupa dificulta essa perda
de calor, e o metabolismo em nosso organismo está continuamente produzindo calor.
mas, ainda assim, poderemos não sentir conforto térmico, pois, mesmo que o ar não
esteja muito frio, se o chão e as paredes estiverem frias, haverá bastante transmissão de
calor do nosso corpo para o chão e as paredes por irradiação. assim, em países onde a
temperatura atinge valores muito baixos, as casas e edifícios em geral têm um sistema
que aquece o chão e as paredes.

Termogramas e dispositivos automáticos


Vimos que, para temperaturas menores que 600 k, as frequências de ondas emiti-
das estão na faixa do infravermelho. Vimos também que a frequência da radiação mais
intensa aumenta com a temperatura (lei de Wien). Esse fato é usado na construção de
alguns dispositivos automáticos que são acionados quando uma pessoa passa perto
deles. Por exemplo, em alguns edifícios, há nas escadas um dispositivo que faz acender
as luzes do teto quando uma pessoa passa perto. Esses dispositivos são acionados pela
radiação infravermelha emitida pela pessoa, que, tendo uma temperatura superior à
das paredes e do chão, emite com intensidade máxima uma radiação de frequência
maior que a do solo e das paredes.

110 Capítulo 5
Existem câmaras especiais, semelhantes às câmaras fotográficas, que

PHoto rESEarCHErS/diomEdia
produzem imagem de objetos (não muito nítidas) a partir das ondas de
infravermelho emitidas pelo objeto. Essas imagens são chamadas de ter-
mografias. na figura 22 vemos uma termografia, colorida artificialmen-
te, de duas pessoas. Essa técnica pode ser usada também para detectar
tumores no organismo de uma pessoa, pois, em geral, as células can-
cerígenas têm temperatura diferente das células normais. Você talvez
até já tenha visto algum filme em que a polícia localiza um bandido
escondido no meio do mato usando câmaras que detectam a radiação
infravermelha.
Figura 22. Termografia de duas pessoas.
Estufas
Se você se sentar no chão, próximo de uma fogueira, observará que
a região em torno de seus olhos se aquece. mas se você colocar óculos
com lentes de vidro, essa sensação de “calor” diminuirá. Por quê?
a razão é que o vidro deixa passar com facilidade as ondas de luz e as
de infravermelho de alta frequência (dizemos que o vidro é transparente
para essas radiações). Porém, o vidro reflete as ondas de infravermelho

zaPt
de baixa frequência, que são as ondas absorvidas pela maioria dos cor- radiação solar
pos, aquecendo-os. vidro
Essa propriedade do vidro é usada pelos criadores de plantas que infravermelho de
necessitam de ambientes aquecidos para que se desenvolvam. na figura baixa frequência
23, temos o esquema de uma estufa de plantas. o teto e as paredes são fundo preto
de vidro, que deixa passar a radiação solar. o chão, que é pintado de
preto, absorve essa radiação e imediatamente passa a emitir radiação in- Figura 23. Estufa de plantas.
fravermelha de baixa frequência, que é refletida pelo vidro, ocasionando
o aquecimento do ambiente.

O aquecimento solar
o sistema de aquecimento solar de água é economicamente mais vantajoso que o
sistema elétrico ou o a gás. além disso, do ponto de vista ecológico, ele é melhor, como
veremos a seguir.
no aquecimento solar são usadas as placas coletoras de energia (fig. 24a), as quais
aquecem a água que circula numa serpentina (fig. 24b). o princípio básico é o da estufa.
Essa água aquecida vai para uma caixa-d´água ou mesmo para uma piscina.
no caso de a caixa-d´água estar situada em um plano superior ao do sistema cole-
tor, a água fria desce até ele, e a quente sobe por convecção livre até a caixa-d´água
(fig. 24c).

(a) (b) (c)


iluStraçõES: luiz auguSto ribEiro

água quente
tHinkStoCk/gEtty imagES

coletor serpentina
(estufa) tampa de vidro

coletor água
fundo
de energia fria água
negro
solar para quente
aquecimento coletor de
água fria de água energia solar

Figura 24. Coletor de energia solar no telhado da casa (a) e esquemas de sistema de aquecimento de água (b) e (c).

Transmissão de calor 111


A garrafa térmica

Eduardo SantaliEStra
na figura 25a temos a foto de uma garrafa térmica
e de seu interior e, na figura 25b, apresentamos um
esquema desse interior. vácuo entre
a parte de dentro da garrafa é feita de uma pa- as paredes

rede dupla de vidro, que é mau condutor de calor. o


espaço entre as paredes é evacuado para minimizar as paredes
transferências de calor por condução e convecção. o duplas
espelhadas
vidro é recoberto com uma camada de prata que re-
flete praticamente toda a radiação incidente, de modo
a evitar as transferências de calor por irradiação. Exis- (a) A garrafa térmica conser- (b) Estrutura interna de uma
te uma pequena transferência de calor pela tampa da va líquidos quentes ou frios. garrafa térmica.
garrafa e, por isso, essa tampa é feita de material de
Figura 25.
baixa condutividade.
a garrafa térmica dificulta a passagem de calor tan-
to de dentro para fora como de fora para dentro. desse
modo, serve para conservar líquidos quentes ou frios.

6. Balanço energético da Terra


refletidos pelas
a terra recebe energia do Sol à razão de, aproximadamente, 1,75 · 1017 J/s. energia
nuvens, ar
Cálculos detalhados mostram que, se a terra não tivesse atmosfera, essa ener- e solo do Sol
gia seria totalmente irradiada de volta para o espaço, e a temperatura média 30% 100%
da superfície da terra seria, aproximadamente, –20 °C. no entanto, as medi- absorvidos
pelo ar e
das mostram que a temperatura média na superfície da terra é de aproxima- nuvens
damente 15 °C (ou 288 k), e a razão disso é a existência da atmosfera.
51%
do total de energia solar recebida pela terra, cerca de 30% é refletida 19%
principalmente pelas nuvens, mas também pelo ar e pelo solo. a absorção
pelas nuvens e pela atmosfera fica em torno de 19%. desse modo, apenas absorvidos pelo
51% é absorvida pela superfície (solo e oceanos) (fig. 26a). solo e oceanos
o solo aquecido emite radiação na forma de ondas de infravermelho (a) Energia que chega do Sol.
de baixa frequência, que são quase totalmente absorvidas pelas moléculas
de dióxido de carbono (Co2) e vapor de água (mais pelo Co2) que existem
na atmosfera. Essas moléculas então transferem calor para o restante da
atmosfera (fig. 26b). temos aqui uma situação semelhante à da estufa do
iluStraçõES: zaPt

transmitidos
jardineiro e, por isso, esse efeito é chamado de efeito estufa. através da atmosfera
no final, a energia absorvida pela atmosfera (19% + 45% = 64%) é 6%
irradiada de volta para cima, de modo que é mantido o equilíbrio: o total de
energia que entra é igual ao total de energia que sai, mantendo a tempera-
tura média constante, em função da energia aprisionada na atmosfera. Se, 45%
por algum motivo, repentinamente aumentar o número de moléculas absor- absorvidos
pela atmosfera
ventes na atmosfera, o equilíbrio será rompido por algum tempo. o total de
energia que sai será menor que o total que entra, aquecendo a atmosfera 51%
até ser atingida uma nova temperatura de equilíbrio, maior que a anterior.
Vemos então que o aquecimento da atmosfera é causado principalmente pela
energia que sai do solo (45%), e não pela que vem diretamente do Sol (19%). (b) Energia irradiada pelo solo e
Esse fato, aliado ao de que nas grandes altitudes as concentrações de dióxido de oceanos.
carbono e vapor de água são menores, explica por que a temperatura diminui Figura 26. Balanço energético da Terra.
com a altitude até cerca de 11 km (para altitudes maiores, a temperatura varia de
modo mais complexo devido a outros fatores que não discutiremos aqui).

112 Capítulo 5
Aquecimento global
Vimos que o aumento de partículas absorvedoras de radiação 390
380
na atmosfera pode elevar a sua temperatura média. Vimos também 370

de CO2 (ppm)
concentração
360
que a principal partícula absorvedora é o Co2. acontece que nos 350
últimos anos a concentração de Co2 na atmosfera vem aumentan- 340
330
do (fig. 27), principalmente em razão da queima de combustíveis 320
310
fósseis (carvão, gasolina, etc.) por veículos e indústrias. Há também 300
290
uma contribuição da queima de grandes áreas de florestas. 280
na figura 27, a concentração de Co2 é dada em partes por 1870 1890 1910 1930 1950 1970 1990 2010
ano
milhão (ppm). Por exemplo, dizer que a concentração é 300 par-
tes por milhão significa que em cada milhão de moléculas de ar há Figura 27. Concentração de CO2 na atmosfera ao
longo do tempo.
300 moléculas de Co2.
o aumento da concentração de Co2 é preocupante, pois tem-se notado um peque-
no acréscimo na temperatura média da terra. Se esse aumento continuar, podemos
ter consequências desastrosas, como, por exemplo, derretimento das geleiras, com a
consequente elevação do nível dos oceanos, o que pode levar à inundação das cidades
litorâneas. Convém ressaltar que o aumento da temperatura global pode ocasionar a
alteração do nível dos oceanos por um outro mecanismo: a dilatação térmica das águas.

Exercícios de Aplicação

23. Uma pessoa está em seu quarto, trocando de 24. A potência total emitida pelo Sol é aproxima-
roupa. Num determinado instante ela está total- damente igual a 3,87 · 1026 W. São dados: raio
mente sem roupa. Suponha que a temperatura do Sol ≅ 6,96 · 108 m; constante de Stefan-
do ambiente seja T' = 12 °C, a emissividade do Boltzman = 5,67 · 10–8 W/m2 K4. Considere o Sol
como um corpo negro.
corpo humano seja e = 0,70, a área externa do
corpo seja 1,6 m2 e a temperatura da pele seja a) Qual o valor aproximado da temperatura da
T = 34 °C (a temperatura da pele é um pouco superfície do Sol?
mais baixa que a temperatura no interior do b) Qual o valor aproximado da frequência da
corpo, que é 36,5 °C). Calcule a potência com onda mais intensa emitida pelo Sol?
que o corpo dessa pessoa perde energia radiante c) Consultando a figura 14, responda: qual a cor
para o ambiente. de luz correspondente à frequência determi-
nada no item b?
Resolução:
25. Dois corpos com temperaturas diferentes são
T = 34 °C = 307 K; T' = 12 °C = 285 K colocados em contato. Depois de atingido o equi-
PL = e σ A(T – T' ) =
4 4 líbrio térmico, os corpos param de emitir ondas
eletromagnéticas?
= (0,70)(5,67 · 10–8 W/m2 K4)[(307 K)4 – (285 K)4]
26. Num planeta completamente desprovido de flui-
PL ≅ 145 W dos, apenas pode ocorrer propagação de calor por:
a) convecção e condução.
Quando uma pessoa de massa 65 kg está parada
b) convecção e irradiação.
e de pé, estima-se que o seu metabolismo produ-
c) condução e irradiação.
za energia com potência de 115 W e, portanto,
insuficiente para suprir a energia perdida para d) irradiação.
o ambiente (além da energia necessária para e) convecção.
manter o organismo funcionando). Assim, se a
pessoa ficar muito tempo sem roupa, seu corpo 27. Quando uma pessoa está sentindo “muito frio”
começará a tremer, para produzir mais energia. é comum observarmos que ela se encolhe toda.
Esse procedimento é útil?

Transmissão de calor 113


28. Dois corpos, X e Y, têm a mesma forma e o mesmo
tamanho, mas a emissividade de X é 0,80 e a x x
emissividade de Y é 0,05. Determine a tempera-
tura do corpo X sabendo que a temperatura de Y é x x
327 °C e que os dois corpos emitem radiação com
x x Figura b.
a mesma potência.
Suponhamos que o paralelepípedo seja cortado
29. Um corpo cuja forma é de um paralelepípedo, em dois cubos como indicado na figura b. Sendo
com as dimensões indicadas na figura a, está à P2 a potência total emitida pelos dois cubos, à
temperatura T e emite radiação com potência P1. P
temperatura T, calcule a razão 1 .
P2

iluStraçõES: zaPt
x 30. Uma pessoa estacionou seu carro sob o Sol, com
os vidros fechados. Algum tempo voltou e, ao
x abrir a porta do carro, notou que o interior esta-
2x Figura a. va mais quente que o exterior. Por quê?

Exercícios de Reforço

31. (Fuvest-SP) Têm-se dois corpos, com a mesma 33. (Enem-MEC) O resultado da conversão direta de
quantidade de água, um aluminizado A e outro energia solar é uma das várias formas de energia
negro N, que ficam expostos ao Sol durante uma alternativa de que se dispõe. O aquecimento solar
hora. Sendo inicialmente as temperaturas iguais, é obtido por uma placa escura coberta por vidro,
é mais provável que ocorra o seguinte: pela qual passa um tubo contendo água. A água
a) Ao fim de uma hora não se pode dizer qual circula, conforme mostra o esquema abaixo.
temperatura é maior. reservatório de reservatório
b) As temperaturas são sempre iguais em qual- coletor água quente de água fria
quer instante.
c) Após uma hora a temperatura de N é maior
que a de A. radiação
solar
d) De início, a temperatura de A decresce (devi-
do à reflexão) e a de N aumenta. água quente
vidro para consumo
e) As temperaturas de N e de A decrescem (devi-
do à evaporação) e depois crescem. placa
escura

32. Em certos dias, verifica-se o fenômeno da inver- São feitas as seguintes afirmações quanto aos
são térmica, que causa um aumento da poluição materiais utilizados no aquecedor solar:
do ar, pelo fato de a atmosfera apresentar maior
estabilidade. Essa ocorrência é devida ao seguin- I. O reservatório de água quente deve ser metá-
te fato: lico para conduzir melhor o calor.
II. A cobertura de vidro tem como função reter
a) A temperatura das camadas inferiores do ar
melhor o calor, de forma semelhante ao que
atmosférico permanece superior à das cama-
das superiores. ocorre em uma estufa.
b) A convecção força as camadas carregadas de III. A placa utilizada é escura para absorver
poluentes a circular. melhor a energia radiante do Sol, aquecendo
a água com maior eficiência.
c) A temperatura do ar se uniformiza.
Dentre as afirmações anteriores, pode-se dizer
d) A condutibilidade térmica do ar diminui.
que apenas está(ão) correta(s):
e) As camadas superiores do ar atmosférico
têm temperatura superior à das camadas a) I c) II e) II e III
inferiores. b) I e II d) I e III

114 Capítulo 5
34. (UF-GO) Estufas rurais são áreas limitadas de IV. As garrafas térmicas são constituídas de
plantação cobertas por lonas plásticas transpa- um recipiente de vidro de paredes duplas,
rentes que fazem, entre outras coisas, com que a espelhadas interna e externamente. A quase
temperatura interna seja superior à externa. Isso inexistência de ar entre as paredes dificulta a
se dá porque: propagação do calor, quer por condução, quer
por convecção.
a) o ar aquecido junto à lona desce por convec-
ção até as plantas. A partir da análise feita, verifique qual é a alter-
nativa correta.
b) as lonas são mais transparentes às radiações da
luz visível que às radiações infravermelhas. a) Todas as proposições estão corretas.
c) um fluxo líquido contínuo de energia se esta- b) Apenas as proposições I e III são verdadeiras.
belece de fora para dentro da estufa. c) Apenas as proposições II e III são verdadeiras.
d) a expansão do ar expulsa o ar frio para fora d) Apenas as proposições II e IV são verdadeiras.
da estufa. e) Apenas as proposições III e IV são verdadeiras.
e) o ar retido na estufa atua como um bom con-
dutor de calor, aquecendo o solo. 37. (Vunesp-SP) Um corpo I é colocado dentro de
uma campânula de vidro transparente evacuada.
35. (UF-ES) Ao colocar a mão sob um ferro elétrico Do lado externo, em ambiente à pressão atmos-
quente sem tocar a sua superfície, sentimos a férica, um corpo II é colocado próximo à campâ-
mão “queimar”. Isso ocorre porque a transmissão nula, mas não em contato com ela, como mostra
de calor entre o ferro elétrico e a mão se deu a figura.
principalmente através de:
vácuo

zaPt
a) irradiação. d) condução e convecção.
b) condução. e) convecção e irradiação.
c) convecção.
I II
36. (UE-PB) Até o início do século XIX, acreditava-se
que a temperatura de um corpo estava associa-
da a uma substância fluida, invisível e de peso
desprezível, denominada calórico, contida no
interior do corpo. No decorrer do mesmo sécu- As temperaturas dos corpos são diferentes e os
lo essas ideias foram contestadas e, através de pinos que os sustentam são isolantes térmicos.
algumas experiências, a exemplo de uma rea- Considere as formas de transferência de calor
lizada pelo físico inglês James Prescott Joule entre esses corpos e aponte a alternativa correta.
(1818-1889), identificou-se definitivamente o a) Não há troca de calor entre os corpos I e II
calor como energia. Com base nas informações porque não estão em contato entre si.
contidas no texto acima e em suas experiências b) Não há troca de calor entre os corpos I e II
diárias, analise as seguintes proposições:
porque o ambiente interior da campânula
I. Quando colocamos a mão na maçaneta e na está evacuado.
madeira de uma porta, a sensação distinta de c) Não há troca de calor entre os corpos I e II
quente e frio está associada à diferença de porque suas temperaturas são diferentes.
temperatura entre ambas.
d) Há troca de calor entre os corpos I e II e a
II. Ao colocar a mão embaixo de uma panela transferência se dá por convecção.
retirada do fogo a uma certa distância, tem-se
e) Há troca de calor entre os corpos I e II e a
a sensação de quente, uma vez que a troca de
transferência se dá por meio de radiação ele-
calor neste processo dá-se por convecção.
tromagnética.
III. Retirando-se da geladeira uma lata e uma
garrafa (de vidro) de refrigerante em equi- 38. (U. E. Maringá-PR) Um corpo negro inicialmente
líbrio térmico, tem-se a impressão de que a irradia à temperatura T (em kelvin). Passando a
lata está mais fria que a garrafa. Essa sensa- irradiar à temperatura 2T, a potência irradiada
ção diferenciada é explicada por a lata, que aumenta de:
geralmente é de alumínio, apresentar maior
coeficiente de condutividade térmica do que a) 32 vezes. c) 8 vezes. e) 2 vezes.
a garrafa de vidro. b) 16 vezes. d) 4 vezes.

Transmissão de calor 115


39. (Esal-MG) A interpretação da lei Stefan-Boltzmann esteja à mesma temperatura do filamento (cerca de
(radiação) nos permite concluir que: 3 000 K). Na figura, temos o espectro de emissão
a) a energia radiante emitida por um corpo é de um corpo negro para diversas temperaturas.
proporcional à temperatura absoluta. intensidade 6 000 K
da radiação
b) os corpos só emitem energia radiante a uma
temperatura acima de 0 °C (273 K).
c) a energia radiante emitida por um corpo
depende da emissividade do corpo e da tem- 4 500 K
peratura absoluta do corpo elevada à quarta
3 000 K
potência.
d) um corpo à temperatura de 0 °C (273 K) não f
faixa do
emite energia radiante. visível
e) a energia radiante emitida por um corpo é
a) A radiação emitida de frequência máxima é a
proporcional à temperatura absoluta ao qua-
que tem intensidade máxima.
drado.
b) A frequência em que ocorre a emissão máxima
40. (UF-RN) As lâmpadas incandescentes são poucos independe da temperatura da lâmpada.
eficientes no que diz respeito ao processo de
c) A energia total emitida pela lâmpada diminui
iluminação. Com intuito de analisar o espectro de
emissão de um filamento de uma lâmpada incan- com o aumento da temperatura.
descente, vamos considerá-lo como sendo seme- d) A lâmpada incandescente emite grande parte
lhante ao de um corpo negro (emissor ideal) que de sua radiação fora da faixa do visível.

Exercícios de Aprofundamento

41. Em geral, se colocarmos a mão em uma porta de é 25 °C. Se a geladeira tem um revestimento de
madeira e em sua maçaneta de metal, a maçaneta poliestireno com 25 mm de espessura, determine
nos parece mais fria. a quantidade de calor que flui através das pare-
des da geladeira durante 1,0 h, em watt-hora. A
a) Em que condições a maçaneta nos parecerá condutividade térmica do revestimento de polies-
mais quente? tireno é 0,01 W/(m · °C).
b) Em que condições a porta e a maçaneta nos
parecerão igualmente quentes (ou igualmente 44. Dois ambientes, A e B, estão separados por uma
frias)? parede metálica dupla, isto é, formada pela jun-
ção de duas placas, conforme mostra a figura.
42. Uma tela metálica foi colocada acima de um bico Para as placas são dados: A = 20 m2 (área de cada
de gás. Quando acendemos a chama abaixo da
parede); e1 = 10 cm; k1 = 40 J/s · m · °C; e2 =
tela, a chama não passa para a parte de cima
= 20 cm; k2 = 50 J/s · m · °C.
(fig. a). Quando colocamos fogo acima da tela, a
chama não passa para a parte de baixo (fig. b). (1) (2)
iluStraçõES: zaPt

Por quê?
A B
150 °C 20 °C

e1 e2

Figura a. Figura b. Determine:


43. (UF-PE) A área total das paredes externas de a) a temperatura na região de contato das pla-
uma geladeira é 4,0 m2, e a diferença de tempe- cas;
ratura entre o exterior e o interior da geladeira b) o fluxo de calor através das placas.

116 Capítulo 5
45. Considere um iglu na forma de casca esférica de externo é 40 °C. A área das paredes revestidas é
raio interno 2,0 m e cuja parede tem espessura de de 0,26 m2. As paredes de cobre têm espessura
30 cm. Sabendo que a condutividade térmica do de 1,0 mm e as placas de cortiça, 5 mm. Sendo
gelo é 2,0 J/m · s · °C, que a temperatura exte- 0,92 cal/s · cm · °C e 1,3 · 10-4 cal/s · cm · °C os
rior é –36 °C e que a temperatura no interior é coeficientes de condutividade térmica do cobre e
4 °C, calcule o valor aproximado do fluxo de calor da cortiça, respectivamente, determine:
através das paredes.
a) a temperatura na superfície de contato entre
46. (Unicamp-SP) Nas regiões mais frias do planeta, o cobre e a cortiça;
camadas de gelo podem se formar rapidamente b) o fluxo de calor que atravessa o revestimento
sobre um volume de água a céu aberto. A figura de cortiça.
a seguir mostra um tanque cilíndrico de água cuja
área da base é A = 2,0 m2, havendo uma camada 48. De acordo com a teoria cosmológica mais aceita
de gelo de espessura L na superfície da água. O ar atualmente (Big Bang), o universo começou a
em contato com o gelo está a uma temperatura partir de uma explosão. Inicialmente, a tempera-
Tar = –10 °C, enquanto a temperatura da água em tura do universo era muito alta. Porém, à medida
contato com o gelo é Tag = 0,0 °C. É dada a condu- que o universo expande, a temperatura diminui.
tividade térmica do gelo: 4,0 · 10–3 cal/s · cm · °C. Imaginando o universo como um imenso corpo
negro, ainda hoje deve estar preenchido com
uma radiação, denominada radiação cósmica de
zaPt

A = 2,0 m2
fundo, que foi detectada pela primeira vez em
ar 1964 por Arno Penzias e Robert Wilson. Em 1990,
gelo foi lançado um satélite com o objetivo de estudar
L essa radiação, e o gráfico da intensidade em fun-
ção da frequência é semelhante ao da figura, com
um máximo de intensidade para f ≅ 2,8 · 2011 Hz.
‡gua Faça uma estimativa da temperatura atual do
Universo.
I

a) O calor é conduzido da água ao ar através do


gelo. O fluxo de calor ϕcal, definido como a
quantidade de calor conduzida por unidade
de tempo, é dado por:
0 2,8 f (1011 Hz)
T – Tar
ϕcal = kA ag ,
L
onde k = 4,0 · 10–3 cal/(s · cm · °C) é a
condutividade térmica do gelo. Qual o fluxo
de calor através do gelo para L = 5,0 cm?
b) Ao solidificar-se, a água a 0 °C perde uma
quantidade de calor que é proporcional à SugESTõES DE LEITuRA
massa de água transformada em gelo. A cons-
tante de proporcionalidade LS é chamada de SILVA, Adriana V. R. Nossa estrela: o Sol. São Paulo:
calor latente de solidificação. Sabendo-se que Livraria da Física, 2006.
o calor latente de solidificação e a densidade • Neste livro há uma descrição das principais
do gelo valem, respectivamente, LS = 80 cal/g propriedades do Sol e do modo como ele
e ρg = 0,90 g/cm3, calcule a quantidade de produz energia. Por enquanto, recomendamos a
calor trocada entre água e o ar para que a leitura dos dois primeiros capítulos.
espessura do gelo aumente de 5,0 cm para FLANNERY, Tim. Os senhores do clima. Rio de
15 cm. Janeiro: Record, 2007.
47. Um calorímetro é feito de cobre revestido por • Este livro descreve com bastantes detalhes as
placas de cortiça. Numa dada experiência, o equi- mudanças climáticas que vêm ocorrendo na
líbrio térmico no interior do calorímetro ocorre Terra e sua relação com o aquecimento global.
a 210 °C, enquanto a temperatura do ambiente

Transmissão de calor 117


CaPÍTULO

Leis dos Gases Ideais


6
No capítulo 2, estudamos a dilatação dos sólidos e dos líquidos causada por 1. O mol e a massa molar
variações de temperatura. Nesses casos, a pressão externa tem influência pequena,
pois sólidos e líquidos são pouco compressíveis. Os gases, porém, são facilmente 2. O gás ideal
compressíveis; assim, no estudo dos efeitos causados pelas variações de temperatu-
3. A Lei de Boyle
ra, a pressão externa deve ser considerada.
Neste capítulo veremos que, para caracterizar o estado de um gás, é necessário 4. As Leis de Charles/Gay-
levar em conta três grandezas: volume, temperatura e pressão, e nosso objetivo Lussac
principal será encontrar uma forma de relacionar essas três grandezas. Com esse
fim, veremos que mais importante que conhecer a massa do gás é saber o seu nú- 5. Lei Geral dos Gases
mero de moléculas. Dadas duas amostras de gases diferentes, com massas diferen- Ideais
tes, mas com o mesmo número de moléculas, observa-se que as duas amostras têm
6. Equação de Clapeyron
aproximadamente o mesmo comportamento. Por isso, antes de iniciarmos o estudo
das leis dos gases, vamos recordar alguns conceitos que você deve ter estudado nas 7. Densidade de um gás
aulas de Química: mol e massa molar. ideal

8. Teoria cinética dos


1. O mol e a massa molar gases

Para facilitar o estudo das massas dos átomos e das moléculas, adotou-se um pa-
drão de medida de massa a partir do átomo de carbono-12 (12C). Ele possui em seu
núcleo um total de 12 partículas: 6 prótons e 6 nêutrons; além disso, tem 6 elétrons
na eletrosfera. Esse padrão é chamado de unidade de massa at™mica:

massa do átomo de 12C


1 unidade de massa atômica = 1 u =
12

Experimentalmente, obtém-se:
1u ≅ 1,66057 · 10–27 kg
Como a massa do próton é aproximadamente
igual à massa do nêutron, e a massa do elétron é
zAPT

muito pequena em comparação com a massa do


próton, temos:

massa do próton ≅ massa do nêutron ≅ 1 u

Figura 1. Representação simbó-


lica do átomo de 12C. (Apenas próton elétron
simbólica, pois não conhecemos
o movimento real dos elétrons.) nêutron

118 Capítulo 6
A massa atômica de um elemento é obti-
da comparando-se a massa de um átomo desse
Exemplo 1
elemento com a unidade de massa atômica. O
Consideremos a molécula da amônia (NH3), a qual tem 1
mercúrio (Hg), por exemplo, tem massa atômica
átomo de nitrogênio e 3 átomos de hidrogênio. Consultando
200,59; isso significa que:
uma tabela de massas atômicas, obtemos:
massa de um átomo de Hg = 200,59 u = • massa atômica do nitrogênio ≅ 14,007 u
= (200,59)(1,66057 · 10–27 kg) • massa atômica do hidrogênio ≅ 1,008 u
Se o elemento tiver mais de um isótopo na- Portanto:
tural, é feita uma média, levando-se em conta a massa molecular do NH3 ≅ 1(14,007 u) + 3(1,008 u) ≅
proporção em que cada isótopo ocorre na natu- ≅ 17,031 u
reza. Ao apresentarmos a massa atômica de um elemento ou
A massa molecular de uma substância é obti- a massa molecular de uma substância, é comum omitirmos a
da comparando-se a massa de uma molécula des- unidade u. Assim, neste exemplo podemos escrever:
sa substância com a unidade de massa atômica. A
• massa atômica do nitrogênio ≅ 14,007
massa molecular pode ser obtida adicionando-se
as massas atômicas dos átomos constituintes da • massa molecular da amônia ≅ 17,031
molécula.

O mol
Para a contagem do número de partículas tais como átomos e moléculas, usa-se o mol:

1 mol de partículas = 6,023 · 1023 partículas

Do ponto de vista gramatical, a palavra mol está na mesma categoria de palavras


como dúzia, dezena, centena, etc. Assim, da mesma maneira que podemos escrever:
1 dúzia de maçãs = 12 maçãs

2 dezenas de maçãs = 2 · (10 maçãs) = 20 maçãs


podemos escrever:
1 mol de maçãs = 6,023 · 1023 maçãs

2 mols de maçãs = 2 · (6,023 · 1023 maçãs) = 12,046 · 1023 maçãs


OBSERVA‚ÌO
O número 6,023 · 1023 é conhecido por número de Avogrado e costuma ser re-
presentado por NA: O plural de mol é
mols.
NA = 6,023 · 1023 partículas/mol = 6,023 · 1023 mol−1

Massa molar
A massa molar (M) de um elemento é a massa de 1 mol de átomos desse ele-
mento. A experiência mostra que a massa molar de um elemento pode ser obtida
tomando-se a massa atômica e substituindo-se a unidade u pela unidade grama
por mol.
Como exemplo, consideremos o alumínio (Aℓ), cuja massa atômica é aproximada-
mente igual a 27 u. Assim, a massa molar do elemento alumínio é:

M = 27 gramas/mol = 27 g/mol

Leis dos Gases Ideais 119


Isso significa que:
• em 27 gramas de alumínio há 1 mol de átomos de A∙;
• em 54 gramas de alumínio há 2 mols de átomos de A∙.

A massa molar de uma substância é a massa de 1 mol de moléculas dessa subs-


tância. A massa molar da substância pode ser obtida tomando-se a massa molecular e
substituindo-se a unidade u pela unidade grama por mol.
No Exemplo 1, vimos que a massa molecular da amônia é 17,031 u. A massa molar
da amônia é, portanto:
M = 17,031 grama/mol = 17,031 g/mol ou M = 17,031 · 10−3 kg/mol
Logo:
• em 17,031 gramas de amônia há 1 mol de moléculas de amônia;
• em 34,062 gramas de amônia há 2 mols de moléculas de amônia.

Consideremos uma amostra de um elemento (ou substância) contendo n mols de


átomos (ou moléculas). Sendo M a massa molar do elemento (ou substância) e m a
massa da amostra, temos:

m
m=n·M ou n=
M
usando m e M nas mesmas unidades.

Exemplo 2 ObsErvaçãO

Você ainda vai encontrar em algumas publicações


Consideremos uma amostra de 88 gramas de CO2. A
dois termos que eram usados antigamente, mas hoje
massa molecular do CO2 é aproximadamente igual a 44 u e,
caíram em desuso. Para orientá-lo, apresentamos a
portanto, sua massa molar é M = 44 gramas/mol. Assim, o
seguir os nomes antigos e os novos:
número de mols de moléculas de CO2 contidas na amostra é:
88 g Nome antigo Nome atual
n= m = = 2 mols
M 44 g/mol massa molar de um
Átomo-grama
Portanto, nessa amostra há 2 mols de moléculas de CO2, elemento
isto é, há: massa molar de uma
Molécula-grama
2(6,023 · 1023) moléculas de CO2 substância

Exercícios de aplicação

1. O carbono ocorre mais comumente na natureza


Isótopo Massa atômica Proporção
sob duas formas: 12C, na proporção de 98,9%, e
13
C, na proporção de 1,1%. (Existem mais dois 12
C 12 u 98,9%
isótopos, o 11C e o 14C, mas são encontrados em 13
C 13,003355 u 1,1%
proporções insignificantes.)
Sabendo que a massa atômica do 13C é 13,003355, 12 · (98,9) + 13,003355 · ( 1,1) = 12,011
calcule a massa atômica do carbono. 100
Resolução: Portanto, a massa atômica do carbono é 12,011 u.
Por definição, a massa atômica do carbono −12 é Esse é o valor que você encontrará ao consultar
igual a 12 u; assim: uma tabela periódica.

120 Capítulo 6
2. O magnésio, cujo número atômico é 12, tem 4. Uma pepita de ouro tem 5,0 mols de átomos.
três isótopos naturais apresentados na tabela a Adotando o número de Avogadro como sendo
seguir. Determine a massa atômica do magnésio. 6,0 · 1023, quantos átomos de ouro há na pepita?

Massa Porcentagem 5. Uma pelota de chumbo tem 4,2 · 1024 átomos.


Isótopo Núcleo Adotando o número de Avogadro como sendo
atômica de ocorrência
6,0 · 1023, quantos mols de átomos de chumbo
12 prótons
24
Mg 23,98504 u 78,99% há na pelota?
12 nêutrons
25
12 prótons 6. Em um recipiente há 8,0 mols de moléculas do
Mg 24,98584 u 10,00%
13 nêutrons gás oxigênio (O2). Sabendo que a massa atômica
12 prótons do oxigênio é 16, calcule:
26
Mg 25,98259 u 11,01%
14 nêutrons a) a massa molecular do gás;
b) a massa do gás (em gramas).
3. São dados os valores aproximados das massas
atômicas de alguns elementos: H = 1; C = 12; 7. Em uma garrafa há 900 gramas de água (H2O).
O = 16; C∙ = 35,5. Com base nesses valores, São dados: massa atômica do hidrogênio = 1;
calcule as massas moleculares das seguintes massa atômica do oxigênio = 16; número de
substâncias: Avogadro = 6,0 · 1023 mol–1.
a) H2 c) O2 e) HC∙ a) Quantos mols de moléculas de água há na garrafa?
b) H2O d) CO2 f) C5H12 b) Quantas moléculas de água há na garrafa?

Exercícios de reforço

8. (UF-RS) Se cada um dos 26 Estados brasileiros o mercúrio se difundiu de forma homogênea no


produzisse anualmente, 4,6 milhões de toneladas ar, resultando em 3,0 · 1017 átomos de mercúrio
de soja, o tempo necessário para produzir 1 mol por metro cúbico de ar. Dada a constante de
de grãos de soja (suponha que a massa média de Avogadro 6,0 · 1023 mol−1, pode-se concluir que,
1 grão seja 1 grama) seria de: para este ambiente, o volume de ar e o número
de vezes que a concentração de mercúrio excede
a) 1 mês. ao limite de tolerância são, respectivamente:
b) 2,5 anos.
a) 50 m3 e 10
c) 1 século.
b) 100 m3 e 5
d) 2,5 séculos.
c) 200 m3 e 2,5
e) 5 · 109 anos.
d) 250 m3 e 2
9. (Unifesp-SP) As lâmpadas fluorescentes estão e) 400 m3 e 1,25
na lista de resíduos nocivos à saúde e ao meio
ambiente, já que essas lâmpadas contêm subs- 10. (Fuvest-SP) Adotando o número de Avogadro
tâncias como mercúrio (massa molar 200 g/mol), como igual a 6,0 · 1023 e sabendo que a massa
que são tóxicas. Ao romper-se, uma lâmpada atômica do sódio é 23, podemos afirmar que, em
fluorescente emite vapores de mercúrio da ordem uma amostra de 1,15 grama de sódio, o número
de 20 mg, que são absorvidos pelos seres vivos e, de átomos é:
quando lançados em aterros, contaminam o solo, a) 6,0 · 1023
podendo atingir os cursos d’água. A legislação b) 3,0 · 1023
brasileira estabelece como limite de tolerância
c) 6,0 · 1022
para o ser humano 0,04 mg de mercúrio por
metro cúbico de ar. Num determinado ambiente, d) 3,0 · 1022
ao romper-se uma dessas lâmpadas fluorescentes, e) 1,0 · 1022

Leis dos Gases Ideais 121


2. O gás ideal
As equações de que falaremos adiante nunca fornecem valores exatos. Os resulta-

ILuSTRAçõES: zAPT
dos serão tanto mais exatos quanto mais nos aproximarmos das seguintes condições:
o gás deve ser rarefeito, isto é, não pode ter densidade muito alta, e sua temperatura
deve estar acima da temperatura crítica. Como vimos no capítulo 4, acima da tempera-
tura crítica o gás não pode ser liquefeito, por maior que seja a pressão sobre ele. Essas
duas condições fazem parte de um conjunto mais amplo que define o gás ideal.
Para um gás ideal admitimos que:
• as moléculas movem-se desordenadamente, havendo a cada instante um grande Figura 2. As moléculas de
número de moléculas movendo-se em todas as direções (fig. 2); um gás estão em constante
movimento caótico.
• as moléculas não exercem ação mútua, a não ser durante as eventuais colisões;
• as moléculas chocam-se elasticamente umas com as outras e com as paredes do
recipiente.

Os físicos logo perceberam que o comportamento de determinada massa de gás


dependia da temperatura, da pressão e do volume. Para estudar os efeitos dessas gran-
dezas, foi adotado um procedimento muito útil, não só na Física como na ciência em
geral: manter fixas algumas grandezas e estudar o comportamento de apenas outras
duas de cada vez. A seguir vamos mostrar como isso foi feito.

3. a Lei de boyle
(a) (b) (c)
O físico e químico irlandês Robert Boyle,
em 1660, fez experimentos com gases patm = 76 cmHg patm = 76 cmHg patm = 76 cmHg
mantendo fixa a temperatura e observando aberto
a relação entre a pressão e o volume.
O dispositivo usado por Boyle está es-
quematizado na figura 3. Ele já havia toma-
76 cm
do conhecimento do barômetro construído
A fechado 38 cm A A
por Torricelli e aproveitou a ideia. Pegou
gás 20 cm 15 cm
um tubo em U, aberto num lado e fechado 30 cm
no outro. No ramo fechado aprisionou um
pouco de gás (fig. 3a), usando mercúrio no Hg
mesmo nível dos dois lados. Nessa situação,
a pressão suportada pelo gás é igual à pres-
Figura 3.
são atmosférica, que vamos supor normal:
patm = 76 cmHg.
Em seguida foi aumentando a quantidade de mercúrio no lado esquerdo, fazendo
com que o gás fosse comprimido. Como veremos no próximo capítulo, quando um gás
é comprimido, pode sofrer aquecimento. Assim, antes de efetuar as medidas, Boyle es-
perava algum tempo até que o sistema entrasse em equilíbrio térmico com o ambiente.
Desse modo podia supor que a temperatura era constante.
Os valores colocados na figura 3 não são exatamente os do experimento original de
Boyle (mas poderiam ser). Seja A a área da seção reta do tubo, p a pressão e V o volume
do gás, temos:

p1 = 76 cmHg
Situação (a)
V1 = 30 A

122 Capítulo 6
p2 = 76 cmHg + 38 cmHg = 114 cmHg
Situação (b) Robert Boyle nasceu na
V2 = 20 A
Irlanda, em 1627, mas
p3 = 76 cmHg + 76 cmHg = 152 cmHg desenvolveu seu trabalho na
Situação (c) Inglaterra. Destacou-se tanto
V3 = 15 A
na Física quanto na Química,
Boyle, então, concluiu que o produto pV era constante: ciência da qual é considerado
um dos fundadores.
p1V1 = p2V2 = p3V3 Ao ter notícia do barômetro
de Torricelli e da bomba
76(30 A) = 114(20 A) = 152(15 A) = 2 280 A de vácuo de Von Guericke,
aperfeiçoou essa bomba,
Nascia, assim, a Lei de Boyle: fazendo vários experimentos
no vácuo. Constatou que a luz
se propagava no vácuo, mas
Para uma determinada massa de gás, mantida a temperatura constante, não o som.
temos: pV = constante Em seus experimentos com os
gases, foi auxiliado por outro
grande físico, Robert Hooke.
Como veremos mais tarde, o valor dessa constante depende da tempe- Em 1663, Boyle, Hooke e
ratura e do número de moléculas do gás. outros cientistas britânicos
fundaram a Royal Society, a
A Lei de Boyle pode também ser enunciada de outro modo:
famosa associação que reuniu
os maiores cientistas da
Inglaterra e da qual Newton
Numa transformação isotérmica (temperatura constante) sofrida por certa
mais tarde seria presidente.
massa de gás, a pressão e o volume são inversamente proporcionais.

THE BRIDgEMAN ART LIBRARy/gRuPO KEySTONE


Numa transformação isotérmica, o gráfico de p em função de V é uma
hipérbole equilátera denominada isoterma (fig. 4a). Para uma mesma mas-
sa de gás, quanto maior a temperatura, maior será o produto pV e mais
afastada dos eixos estará a isoterma (fig. 4b).
(a) p (b) p

isoterma θ2 > θ1
θ1
Robert Boyle (1627-1691).

V V
Figura 4.

4. as Leis de Charles/Gay-Lussac
Depois de analisar a relação entre a pressão e o volume de certa massa de gás (man-
tida constante a temperatura), os próximos passos seriam analisar as relações entre
pressão e temperatura (mantido constante o volume) e entre volume e temperatura
(mantida constante a pressão). Esses passos só viriam a ser dados quase 130 anos após
a Lei de Boyle, pelo físico francês Jacques Alexandre César Charles, em 1787; porém
ele não publicou seus trabalhos. Quinze anos depois, em 1802, outro francês, Louis
Joseph gay-Lussac, realizou uma série de experimentos que estabeleceram as relações
procuradas. Alguns chamam essas relações de Leis de Charles; outros, de Leis de gay-
Lussac; outros, ainda, de Leis de Charles/gay-Lussac.

Leis dos Gases Ideais 123


Transformação isobárica (a)
patm

ILuSTRAçõES: zAPT
uma transformação é chamada de isobárica quando a pressão se mantém
constante. Na figura 5, mostramos um modo de realizar um experimento desse V1
E
tipo. uma determinada massa de gás está aprisionada no interior de um cilindro
provido de um êmbolo (E ) móvel (fig. 5a). Dessa maneira o gás está submetido a T1
uma pressão constante p dada por:
(b) patm
p = patm + peso de E
área de E
V2 E
sendo patm a pressão atmosférica.
Aquecendo-se o cilindro (fig. 5b), a temperatura do gás aumenta e, desse
modo, aumentam as energias cinéticas das moléculas do gás. Estas passam a T2
bombardear as paredes do recipiente com maior intensidade, ocasionando a ele-
vação do êmbolo, isto é, um aumento de volume.
Os experimentos de gay-Lussac o levaram a concluir que o volume do gás é
proporcional à temperatura absoluta (T ) do gás, isto é:

V1 V Figura 5.
= 2 V = constante
ou
T1 T2 T
V
V2 2
Assim, o gráfico de V em função de T (fig. 6) é uma semirreta que passa pela origem,
a qual corresponde a T = 0 e V = 0. Num gás real, essa situação não se verifica. 1
V1

Transformação isocórica 0
T1 T2 T (K)

Quando determinada massa de gás sofre uma transformação em que o volume é Figura 6. O volume é direta-
constante, a transformação é chamada isocórica, isométrica ou isovolumétrica. Na mente proporcional à tem-
peratura absoluta.
figura 7, representamos um gás contido num recipiente fechado R no qual foram colo-
cados um termômetro T e um medidor de pressão M. Aquecendo-se o gás, a energia
cinética média das moléculas aumenta, isto é, o choque das moléculas com as paredes
fica maior, ocasionando um aumento da pressão.

p
Figura 7.
p2 2

Os experimentos de gay-Lussac levaram à conclusão de que, nessa transformação, a 1


p1
pressão do gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta do gás:

p1 p p 0 T1 T2 T (K)
= 2 ou = constante
T1 T2 T
Figura 8. A pressão é di-
retamente proporcional à
Na figura 8 apresentamos o gráfico de p em função de T. temperatura absoluta.

124 Capítulo 6
ObsErvaçãO

Quando Gay-Lussac estabeleceu suas leis, ainda não havia o conceito de temperatura absoluta. Se representamos a
temperatura absoluta por T e a temperatura Celsius por θ, sabemos que:

T = θ + 273
Assim, as Leis de Gay-Lussac foram na realidade expressas nas formas:
V
= constante (transformação isobárica)
θ + 273
p
= constante (transformação isocórica)
θ + 273
Do mesmo modo, os gráficos por ele obtidos foram:

V p

−273 0 θ (¡C) −273 0 θ (¡C)


Figura a. Transformação isobárica. Figura b. Transformação isocórica.

5. Lei Geral dos Gases Ideais


Depois de estabelecidas as Leis de gay-Lussac, percebeu-se que elas poderiam, jun-
tamente com a Lei de Boyle, ser reunidas numa única lei:

p1V1 pV pV
= 2 2 = ... = = constante
T1 T2 T

a qual ficou conhecida pelo nome de Lei Geral dos Gases Ideais. É fácil verificar que,
de fato, a lei geral abrange as três leis anteriores:
• Transformação isotérmica (T1 = T2)
p1V1 pV
= 2 2
T1 T2
⇒ p1V1 = p2V2 (Lei de Boyle)
T1 = T2

• Transformação isobárica (p1 = p2)


p1V1 pV
= 2 2
T1 T2 V1 V
⇒ = 2 (1a. Lei de gay-Lussac)
T1 T2
p1 = p2

• Transformação isocórica (V1 = V2)


p1V1 pV
= 2 2
T1 T2 p1 p
⇒ = 2 (2a. Lei de gay-Lussac)
T1 T2
V1 = V2

Leis dos Gases Ideais 125


Exercícios de aplicação

11. Um gás ideal ocupa um volume de 40 litros sob 16. Na figura abaixo temos duas isotermas corres-
pressão de 1,5 atm. Aumentando-se a pressão pondentes a uma mesma massa de gás ideal.
para 2,0 atm, isotermicamente, qual será o novo T
Determine o valor do quociente 2 entre as tem-
volume? T1
peraturas absolutas T2 e T1.
p (atm)

ILuSTRAçõES: zAPT
6,0
T2

T1
p1 = 1,5 atm p2 = 2,0 atm 0 2,0 5,0 V (L)
V1 = 40 L V2 = ?
θ1 θ2 = θ1
17. Determinada massa de gás ideal ocupa um volu-
Resolução: me de V1 = 50 L à temperatura T1 = 400 K. Se
Sendo a transformação isotérmica, vale a Lei de a temperatura desse gás for aumentada para
Boyle: T2 = 600 K, sob pressão constante, qual será o
novo volume do gás?
p1V1 = p2V2 ⇒ (1,5)(40) = (2,0)V2 ⇒ V = 30 L
2
Resolução:
12. Determinada quantidade de gás ideal ocupa De acordo com a Lei Geral dos Gases Ideais, temos:
volume de 12 litros à pressão de 1,5 atm. Se o p1V1 p2V2
gás sofrer uma expansão isotérmica, passando T1 = T2
a ocupar um volume de 18 litros, qual será sua Mas a pressão se mantém constante (transfor-
nova pressão? mação isobárica); assim, devemos ter p1 = p2.
Portanto, a equação acima fica:
13. Na figura abaixo representamos a isoterma cor- V1 V2 50 V2
T1 = T2 ⇒ 400 = 600 ⇒ V2 = 75 L
respondente à transformação de um gás ideal.
Determine os valores dos volumes V1 e V2.
p (atm) 18. Determinada massa de gás ideal ocupa um
12 volume de 60 litros sob pressão de 2,0 atm, à
temperatura de 77 °C. Se a temperatura do gás
6,0 for aumentada mantendo-se a pressão constante,
3,0 qual será a temperatura do gás quando o volume
for 240 litros?
0 2,0 V1 V2 V (L)
19. Certa massa de gás ideal está inicialmente à tempe-
14. Certa quantidade de gás ocupa volume de 60 cm3 ratura de 400 K e pressão de 4,0 atm. Mantendo-se
sob pressão de 120 cmHg. Comprimindo-se iso- o volume constante, a temperatura é reduzida para
termicamente o gás de modo que o volume passe 320 K. Qual será o novo valor da pressão?
para 40 cm3, qual será a nova pressão do gás?
20. Certa massa de gás ideal ocupa um volume
15. A figura ao lado mostra um V1 = 60 L à temperatura T1 = 100 K e pressão
cilindro munido de um êmbo- p1 = 5,0 atm. Calcule o novo valor da pressão ao
lo, que impede a saída do ar aquecermos esse gás de modo que sua temperatura
que há dentro do cilindro. passe para T2 = 400 K e seu volume para V2 = 100 L.
H
Quando o êmbolo se encontra
na altura H = 12 cm, a pressão Resolução:
do ar dentro do cilindro é p0. De acordo com a Lei Geral dos Gases Ideais,
Supondo que a temperatura é mantida constante, temos:
até que altura do fundo do cilindro deve ser bai- p1V1 p2V2 (5,0)(60) = p2 (100)
xado o êmbolo para que a pressão do ar dentro T1 = T2 ⇒ 100 400
do cilindro seja 3p0?
p2 = 12 atm
a) 4 cm b) 4 cm c) 6 cm d) 8 cm e) 9 cm
9

126 Capítulo 6
21. Sob pressão de 6,0 atm, certa massa de gás 23. À temperatura de 17 °C, o pneu de um carro
ideal ocupa volume de 400 litros à temperatu- estacionado tem 2,0 atmosferas de pressão.
ra de 300 K. O gás é então aquecido de modo Depois de o veículo percorrer um certo trajeto
que sua temperatura passa para 500 K e sua em alta velocidade, a temperatura do pneu sobe
pressão para 8,0 atm. Qual será o novo volume a 37 °C e seu volume aumenta 5%. Qual é a nova
pressão do pneu?
do gás?
24. Para uma transformação isobárica, esboce o grá-
22. Um recipiente de volume 12 L contém determi- fico da pressão em função da temperatura.
nada massa gasosa submetida a 5,0 atm e sob
temperatura de 300 K. Ao se aumentar a pressão 25. Considere a seguinte afirmação: “O volume de um
em 1,0 atm, há contração de 1 L no volume. Qual gás é igual à soma dos volumes de suas molécu-
é a nova temperatura do gás? las”. Essa afirmação é verdadeira ou falsa?

Exercícios de reforço
26. (UE-PI) Sob certas circunstâncias o comporta- em uma garrafa PET, fechada e em repouso. O
mento de um gás real aproxima-se daquele pre- tubinho afunda e desce quando a garrafa é com-
visto para um gás ideal. Isso acontece quando o primida e sobe quando ela é solta.
gás real é submetido a:

LuIz AuguSTO RIBEIRO


a) altas pressões e baixas temperaturas.
b) altas pressões e altas temperaturas.
c) baixas pressões e altas temperaturas.
d) baixas pressões e baixas temperaturas.
e) baixas temperaturas.

27. (UF-PE) Um cilindro de 20 cm2 de seção reta


contém um gás ideal comprimido em seu inte-
rior por um pistão móvel, de massa desprezível Figura a.
e sem atrito. O pistão repousa a uma altura
h0 = 1,0 m. A base do cilindro está em contato Na figura a o ludião está em equilíbrio estático,
com um forno, de forma que a temperatura do com um volume aprisionado de ar de 2,1 cm3,
gás permanece constante. Bolinhas de chum- à pressão atmosférica P0 = 1,0 · 105 Pa. Com a
bo são lentamente depositadas sobre o pistão garrafa fechada e comprimida, é possível mantê-
até que o mesmo atinja a altura h = 80 cm. la em equilíbrio estático dentro da água, com
Determine a massa de chumbo, em kg, que foi
um volume de ar aprisionado de 1,5 cm3 (fig. b).
depositado sobre o pistão. (Sugestão dos autores:
adote 1 atm = 105 Pa e g = 10 m/s2.)
LuIz AuguSTO RIBEIRO
zAPT

h0
h

temperatura constante temperatura constante


antes depois Figura b.

28. (Vunesp-SP) As figuras mostram uma versão Determine a massa do tubinho e a pressão do
de um experimento – imaginado pelo filósofo ar contido no ludião na situação da figura b.
francês René Descartes e bastante explorado em Despreze o volume deslocado pelas paredes do
feiras de ciências – conhecido como ludião: um tubinho; supõe-se que a temperatura ambiente
tubinho de vidro fechado na parte superior e permaneça constante. (Adote para densidade da
aberto na inferior, emborcado na água contida água dágua = 1,0 g/cm3.)

Leis dos Gases Ideais 127


29. (U. F. Viçosa-MG) Um gás ideal expande-se isoba- Estime:
ricamente, duplicando seu volume. Se a tempe- a) o volume VA, em cm3, do ar dentro da garrafa,
ratura inicial do gás era 339 K, os valores apro-
após a entrada da água, na situação 2;
ximados da temperatura final do gás, nas escalas
Celsius e Fahrenheit, são, respectivamente: b) a variação de pressão Δp, em N/m2, do ar
dentro da garrafa, entre as situações 1 e 2;
a) 678 °C e 1 256 °F d) 405 °C e 312 °F
c) a temperatura inicial T0 em °C, do ar da tubu-
b) 678 °C e 402 °F e) 678 °C e 405 °F lação, desprezando a variação de pressão do ar
c) 405 °C e 761 °F dentro da garrafa.

30. (Fuvest-SP) Para medir a temperatura T0 do ar 31. (Cefet-MG) Quando a temperatura de um gás
quente expelido em baixa velocidade, por uma ideal é elevada de 50 °C para 100 °C, no processo
tubulação, um jovem utilizou uma garrafa cilín- isovolumétrico, a pressão aumenta cerca de:
drica vazia, com área de base S = 50 cm2 e altura
H = 20 cm. Adaptando um suporte isolante na a) 2% d) 50%
garrafa, ela foi suspensa sobre a tubulação por b) 15% e) 100%
alguns minutos, para que o ar expelido ocupasse c) 20%
todo o seu volume e se estabelecesse o equilíbrio
térmico a T0 (situação 1). 32. (UF-MA) Um determinado gás perfeito, contido
dentro de um recipiente, ocupa inicialmente um
LuIz AuguSTO RIBEIRO

volume V0. O gás sofre então uma expansão isotér-


mica, atingindo o estado 2, a partir do qual passa
por um processo de aquecimento isovolumétrico,
20 cm atingindo o estado 3. Do estado 3, o gás retorna
ao estado 1 (inicial) através de uma compressão
isobárica. Indique qual dos diagramas abaixo
representa a sequência dos processos acima:
a) V d) V
3 2 3

T0
tubula•‹o de ar quente V0 2 V0
1 1
0 0
Situação 1. T T

A garrafa foi, então, rapidamente colocada sobre b) V e) V


2 3 2 3
um recipiente com água mantida à temperatura
ambiente TA = 27 °C. Ele observou que a água
do recipiente subiu até uma altura de h = 4 cm, V0 V0
dentro da garrafa, após o ar nela contido entrar 1 1
0 0
em equilíbrio térmico com a água (situação 2). T T

c) V
LuIz AuguSTO RIBEIRO

V0 3
1
0
T
4 cm

33. (UF-PE) Uma caixa cúbica metálica e hermeti-


camente fechada, de 4,0 cm de aresta, contém
TA gás ideal à temperatura de 300 K e à pressão de
1 atm. Qual a variação da força que atua em uma
das paredes da caixa, em N, após o sistema ser
recipiente com água
aquecido para 330 K, e estar em equilíbrio térmi-
Situação 2. co? Despreze a dilatação térmica do metal.

128 Capítulo 6
JuCA MARTINS/OLHAR IMAgEM
34. (UF-RJ) Um balão contendo um gás ideal é usado
para levantar cargas subaquáticas. A uma certa
profundidade, o gás nele contido está em equi-
líbrio térmico com a água a uma temperatura
absoluta T0 e uma pressão p0. Quando o balão
sai da água, depois de levantar a carga, o gás
nele contido entra em equilíbrio térmico com o
ambiente a uma temperatura absoluta T e a uma
pressão p.
Supondo que o gás no interior do balão seja ideal
p 3 T
e sabendo que p0 = 2 e T0 = 0,93, calcule a
V
razão V0 entre o volume V0 do gás quando o
balão está submerso e o volume V do mesmo gás Parque Nacional do Itatiaia – pico das Agulhas Negras
quando o balão está fora da água. (RJ).

35. (UF-MG) Gabriela segura um balão com gás hélio


Com base nessas informações, é correto afirmar
durante uma viagem do Rio de Janeiro até o pico
que, no pico das Agulhas Negras, a pressão do
das Agulhas Negras. No Rio de Janeiro, o volume
gás, no interior do balão, é:
do balão era V0 e o gás estava à pressão p0 e à
temperatura T0, medida em kelvin. Ao chegar ao a) p0 c) 9 p0
10
pico, Gabriela observa que o volume do balão
passa a ser 6 V0 e a temperatura do gás 9 T0. b) 3 p0 d) 5 p0
5 10 4 6

6. Equação de Clapeyron
As Leis de Boyle e gay-Lussac foram estabelecidas para uma quantidade de gás de
massa constante; portanto, a Lei geral dos gases Ideais também vale para massa constante.
Como vimos, a Lei geral dos gases Ideais (que reúne as leis de Boyle e gay-Lussac)
pode ser expressa por:

pV
= constante
T

O físico francês Émile Clapeyron (1799-1864) concluiu, experimentalmente, que a


constante acima é proporcional ao número de moléculas do gás, isto é,
pV
=R·n
T
constante

em que n é o número de mols de moléculas do gás. A constante R tem o mesmo va-


lor para todos os gases; por esse motivo é chamada constante universal dos gases
ideais.
A equação anterior pode ser escrita de outro modo:

pV = nRT

e é conhecida pelo nome de equação de Clapeyron.


Desse modo, a Lei de Boyle, as Leis de gay-Lussac e a Lei geral dos gases Ideais são
casos particulares da equação de Clapeyron, em que n é constante.

Leis dos Gases Ideais 129


Unidades de R
pV
Da equação de Clapeyron obtemos: R =
nT
Portanto:

unidade de R = (unidade de pressão)(unidade de volume)


mol · kelvin
Na prática é comum trabalharmos com a pressão em atmosferas e o volume em
litros. Nesse caso, a experiência mostra que:

R = 0,082 atm · L
mol · K

No SI a unidade de pressão é o Pascal (Pa) e a unidade de volume é o metro cúbico (m3).


Lembrando que 1 atm = 1,01325 · 105 Pa e 1 L = 10–3 m3, a igualdade anterior fica:
3
R ≅ 8,31 Pa · m
mol · K
Mas, como mostraremos no próximo capítulo, o produto Pa · m3 é equivalente a
joule (J); assim:

R ≅ 8,31 J
mol · K
Lembrando ainda que 1 cal = 4,185 J, a igualdade anterior fica:

R ≅ 2,0 cal
mol · K

Estado normal e volume molar de um gás


Quando um gás está sob pressão de 1 atm e temperatura de 273 K (ou 0 °C), di-
zemos que ele está nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP), ou
então, simplesmente, que está no estado normal.
O volume de um mol de moléculas de um gás é chamado de volume molar do gás.

Exemplo 3

Vamos calcular o volume molar de um gás ideal sob CNTP. Temos:


p = 1 atm; 273 K; n = 1 mol; R = 0,082 atm · L
mol · K
Assim, pela Equação de Clapeyron:
pV = nRT ⇒ (1atm)(V) = (1 mol) 0,082 atm · L (273 K) ⇒ V ≅ 22,4 L
mol · K

7. Densidade de um gás ideal


Se uma certa quantidade de gás ideal tem massa m e volume V, sua densidade será:
d= m 1
V
Se o gás for constituído por um único tipo de molécula, sua densidade poderá ser
chamada de massa específica e teremos:
m=n·M 2

130 Capítulo 6
em que n é o número de mols de moléculas e M é a massa molar do gás. De 1 e 2 ,
temos:
d = nM 3
V
Consideremos agora a equação de Clapeyron:
pV = nRT ⇒ n = pV 4
RT
Substituindo em 4 e 3 :

pV M pM
d = nM = · ⇒ d = RT
V RT V
Ao usarmos essa equação, se estivermos adotando o Sistema Internacional de uni-
dades, a massa molar M deve estar em kg/mol. Assim, por exemplo, a massa molar do
gás oxigênio é:
M = 32 g/mol = 32 · 10−3 kg/mol

Exercícios de aplicação

36. Um recipiente de volume 50 L contém 6,0 mols até que a temperatura atinja 227 ºC, quantos
de moléculas de um gás ideal sob pressão de mols de moléculas deverão escapar para que a
3,0 atm. Determine a temperatura do gás, saben- pressão não se altere?
do que: 1 atm ≅ 105 Pa e R ≅ 8,3 J .
mol · K Resolução:
Resolução: T1 = 127 °C = 400 K
Situação inicial
Como a constante R foi dada no SI (J/mol · K), n1 = 6,0 mols
devemos expressar a pressão em Pa e o volume
em m3. Assim: T2 = 227 °C = 500 K
Situação final
n2 = ?
n = 6,0 mols
p = 3,0 atm = 3,0 · 105 Pa Como a pressão e o volume se mantêm constan-
V = 50 L = 50 · 10–3 m3 tes, temos:
p1 = p2 = p e V1 = V2 = V
pV (3,0 · 105)(50 · 10–3)
pV = nRT ⇒ T = = ⇒ Pela equação de Clapeyron, temos:
nR (6,0)(8,3)
⇒ T ≅ 300 K p1V1 = n1RT1 pV = n1RT1
ou
p2V2 = n2RT2 pV = n2RT2
37. Calcule a pressão exercida por 6,0 mols de
moléculas de um gás perfeito que está à tem- Dividindo membro a membro as últimas equa-
peratura de 17 ºC e ocupa volume de 40 litros ções, temos:
(R = 0,082 atm · L/mol · K). nT nT (6,0)(400)
1 = 1 1 ⇒ n2 = 1 1 = ⇒
n2T2 T2 (500)
38. Uma amostra de nitrogênio ocupa volume de 164 ⇒ n2 = 4,8 mols
litros à temperatura de 600 K e sob pressão de
3,0 atm. Sabendo que a massa molar do nitrogê- Portanto, a variação de mols foi:
nio é 28 g/mol, R = 0,082 atm · L/mol · K e Δn = n2 – n1 = 4,8 mols – 6,0 mols = –1,2 mol
NA = 6,023 · 1023 mol−1, calcule:
Assim: |Δn| = 1,2 mol
a) o número de mols de moléculas da amostra;
b) o número de moléculas da amostra; Se quisermos saber quantas moléculas escapa-
ram, basta multiplicar pelo número de Avogadro:
c) a massa da amostra.
moléculas
N = (1,2 mol) 6,023 · 1023 ⇒
39. Em um recipiente fechado, há 6,0 mols de molé- mol
culas de um gás à temperatura de 127 ºC e à
⇒ N ≅ 7,2 · 1023 moléculas
pressão de 3,0 atm. Se o recipiente for aquecido

Leis dos Gases Ideais 131


40. Um recipiente fechado contém 16 mols de molé- número de mols de moléculas do gás
culas de gás ideal à temperatura de 600 K e f=
número de mols de moléculas da mistura
sob pressão de 4,0 atm. Mantida a temperatura,
Assim, temos:
quantos mols de moléculas do gás devem ser
introduzidos no recipiente para que a pressão do • nitrogênio
gás passe a ser 10 atm? 8,0
RT 8,0
f1 = = ⇒ f1 ≅ 0,35 = 35%
41. Em um recipiente há 2,0 litros do gás nitrogênio 23 23
RT
(N2) à pressão de 4,0 atm e à temperatura T.
Em um segundo recipiente há 3,0 litros do gás • oxigênio
oxigênio (O2) à pressão de 5,0 atm e à mesma 15
RT 15
temperatura T. Esses gases são misturados em um f2 = = ⇒ f2 ≅ 0,65 = 65%
23 23
recipiente de volume 10 litros, mantido à mesma RT
temperatura T. Sabendo que as massas molecula-
Isso significa que, do total de moléculas (ou
res do N2 e do O2 são, respectivamente, 28 e 32,
mols de moléculas), 35% são de nitrogênio e
calcule:
65% são de oxigênio. Obviamente, devemos
a) a pressão da mistura; ter f1 + f2 = 1 = 100%.
b) a fração molar de cada gás na mistura; c) nitrogênio: M1 = 28 e f1 = 0,35
c) a massa molecular média da mistura. oxigênio: M2 = 32 e f2 = 0,65
A massa molecular média (M) é a média pon-
Resolução: derada de M1 e M2 com os “pesos” f1 e f2:
a) Os gases nitrogênio (N2) e oxigênio (O2) não f M + f2M2
M= 1 1 = f1M1 + f2M2 =
reagem entre si, isto é, não há reação química f1 + f2
entre as moléculas de N2 e as moléculas de O2. = (0,35)(28) + (0,65)(32) = 30,6
Assim, a mistura terá um número total de molé-
culas que é a soma do número total de molé- M = 30,6
culas de N2 com o número de moléculas de O2. A massa molecular média é também chamada
pV = nRT ⇒ n =
pV massa molecular aparente.
RT
Temos então: 42. Um recipiente de volume 4,0 litros contém um
• para o nitrogênio: gás X à temperatura absoluta T e sob pressão
de 6,0 atm. Outro gás, Y, está em um recipiente
V1 = 2,0 L de volume 2,0 litros sob pressão de 8,0 atm e à
p1 = 4,0 atm temperatura absoluta T. Os gases são misturados
pV (4,0)(2,0) 8,0 em um recipiente de volume 20 litros que, em
n1 = 1 1 = = seguida, é aquecido à temperatura 2T. Supondo
RT RT RT
que os gases não reajam entre si, calcule:
• para o oxigênio:
a) a pressão da mistura;
V2 = 3,0 L
b) a fração molar de cada gás na mistura;
p2 = 5,0 atm c) a massa molecular média da mistura, sabendo
pV (5,0)(3,0) 15,0 que as massas moleculares dos gases X e Y
n2 = 2 2 = =
RT RT RT são, respectivamente, iguais a 4 e 20.
Portanto, o número total de mols de molé-
culas é: 43. Consideremos o oxigênio (O2), cuja massa molar é
8,0 15,0 23,0 32 g/mol, nas condições normais de temperatura e
n = n1 + n2 = + =
RT RT RT pressão (CNTP). Sendo R = 0,082 atm · L/mol · K,
Para a mistura, o número de mols é n e o calcule:
volume é V = 10 L: a) a massa específica do oxigênio nas CNTP;
RT 23 RT
pV = nRT ⇒ p = n = · = 2,3 ⇒ b) a massa de 10 litros de oxigênio nas CNTP.
V RT 10
⇒ p = 2,3 atm 44. Sob pressão de 1,0 atm e temperatura de 300 K,
um determinado gás tem densidade 1,6 g/L.
b) Em uma mistura, a fração molar (f ) de um gás
Calcule a densidade desse gás, sob pressão de
é dada por:
0,75 atm e temperatura de 400 K.

132 Capítulo 6
45. Na tabela abaixo são dadas as massas atômicas V 1 1
dos elementos carbono (C), hidrogênio (H) e V' = = = =
N N nV
oxigênio (O). V
1
Elemento Massa atômica = ⇒
2,44 · 1025 moléculas/m3
C 12
⇒ V' = 4,01 · 10–26 m3/molécula
H 1
O 16 Podemos imaginar V ' como sendo o volume de
um cubo de aresta a, isto é:
Podemos então afirmar que, quando a densidade 3 3
do gás CH4 for 0,80 g/L, a densidade do gás CO2, V' = a3 ⇒ a = V' = 4,01 · 10–26 m3 =
nas mesmas condições de temperatura e pressão, 3 3 3
= 40,1 · 10–27 m3 ⇒ a = 40,1 · 10–27 m ⇒
será:
a) 1,1 g/L c) 3,3 g/L e) 5,5 g/L ⇒ a = 3,42 · 10–9 m
b) 2,2 g/L d) 4,4 g/L

46. Considere o gás oxigênio à temperatura de 27 ºC


e sob pressão de 1 atm. São dados:
a
R = 8,31 J/mol · K; NA = 6,023 · 1023 mol–1
1 atm = 1,01 · 105 Pa d=3Å
Calcule para esse gás: a = 34,2 Å
a) o número de moléculas por unidade de volume; Podemos, então, considerar a como o valor
b) a distância média entre as moléculas. médio da distância entre as moléculas. Sabe-
se que o diâmetro (d) de uma molécula de
Resolução: oxigênio é dado, aproximadamente, por:
o
a) T = (27 + 273) K = 300 K d = 3A = 3 · 10–10 m
Sendo N o número de moléculas contidas num Assim, à temperatura de 300 K e sob pressão
volume V, o número de moléculas por unidade de 1 atm temos:
o
de volume (nV) é dado por: a 3,42 · 10–9 m 34,2A
= o = o ≅ 11
N d 3A 3A
nV =
V isto é, a distância média a entre as moléculas
mas: é cerca de 11 vezes maior que o diâmetro de
pV = nRT ⇒ n = N = NA · p ⇒ uma molécula, como ilustra a figura acima.
N = nNA V V RT
47. Um gás ideal está à temperatura de 400 K e
(6,023 · 1023 mol–1)(1,01 · 105 Pa) sob pressão de 2,00 · 105 Pa. Sabendo que
⇒ nV = ⇒
(8,31 J/mol · K)(300 K) R = 8,31 J/mol · K e NA = 6,023 · 1023 mol–1,
determine para esse gás:
⇒ nV = 2,44 · 1025 moléculas/m3
a) o número de moléculas por unidade de
volume;
b) O volume médio ocupado por uma molécula é:
b) a distância média entre as moléculas.

Exercícios de Reforço
48. (UE-PA) Quando um mergulhador desce até gran- I. Se a profundidade do mergulhador for 40 m,
des profundidades, a pressão sobre o seu corpo a pressão total do ar que ele respira será de
aumenta aproximadamente em uma atmosfera aproximadamente 5 atm.
para cada 10 m. Isto o obriga a usar um equi-
pamento de mergulho que lhe fornece ar a uma II. Se o cilindro do equipamento de mergulho,
pressão que é sempre igual à da água que o de volume igual a 20 litros, contiver 3,2 kg
rodeia, para permitir sua respiração. Analise as de oxigênio a uma temperatura de 27 °C,
afirmativas a seguir: a pressão em seu interior será de 120 atm.

Leis dos Gases Ideais 133


(Considere a constante universal dos gases seguida, ela é aquecida até que a temperatura do
igual a 0,08 atm · L/mol · K e a massa molar vapor seja de 127 °C, o volume de água líquida
do oxigênio igual a 32 g/mol.) caia para 2,8 litros e o número de moléculas do
III. No processo de respiração do mergulhador, vapor dobre. A panela começa a deixar escapar
algumas bolhas de ar são formadas subindo vapor por uma válvula, que entra em ação após
até a superfície da água. O volume destas a pressão interna do gás atingir um certo valor
bolhas, supondo a temperatura constante, máximo. Considerando o vapor como um gás
permanecerá inalterado. ideal, determine o valor dessa pressão máxima.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
52. Dois gases perfeitos, A e B, encontram-se nos esta-
a) I e II c) I, II e III e) III dos definidos pelos valores da tabela. Misturam-se
b) I e III d) II e III esses dois gases, que são quimicamente inertes,
em um recipiente de volume 1,5 L, à temperatura
49. (Cefet-PR) O reservatório representado contém de 127 °C. Calcule a pressão da mistura.
0,249 m3 de um gás perfeito a 27 °C e se comu- Gás A Gás B
nica com um manômetro de tubo aberto que con- Volume 2,0 L 1,0 L
tém mercúrio. Sabe-se que a pressão atmosférica Pressão 1,0 atm 1,5 atm
no local vale 680 mmHg, que a constante dos Temperatura 27 °C 57 °C
gases vale 8,30 J · mol−1 · K–1 e que 1 · 105 Pa
corresponde a 760 mmHg. 53. Um cilindro de 2,0 litros é dividido em duas
partes por uma parede móvel e fina, conforme
ILuSTRAçõES: zAPT

o esquema. O lado esquerdo contém 1,0 mol


de moléculas de um gás ideal. O outro lado
contém 2,0 mols de moléculas do mesmo gás.
g
O conjunto está à temperatura de 300 K. Adote
R = 0,080 atm · L/mol · K.
gás 30 cm

1,0 mol 2,0 mols

Desconsiderando o volume do manômetro é pos-


sível afirmar que existem no reservatório:
a) 5 mols de gás. d) 3 · 104 mols de gás.
a) Qual será o volume do lado esquerdo quando
b) 36 mols de gás. e) 22 mols de gás. a parede móvel estiver equilibrada?
c) 8 mols de gás. b) Qual a pressão nos dois lados na posição de
equilíbrio?
50. (Fuvest-SP) Um extintor de incêndio cilíndrico,
contendo CO2, possui medidor de pressão interna 54. Um mol de gás ideal sofre a transformação
que, inicialmente, indica 200 atm. Com o tempo, A→B→C indicada no diagrama “pressão × volu-
parte do gás escapa, o extintor perde pressão e me” da figura. É dada a constante universal dos
precisa ser recarregado. Podemos afirmar que, gases: R = 0,082 atm · L/mol · K.
quando a pressão interna for igual a 160 atm,
a porcentagem da massa inicial do gás que terá p (N/m2)
A B
escapado corresponderá a: (Sugestão dos autores: 4
suponha que a temperatura se mantenha cons-
tante.)
a) 10% c) 40% e) 75% 1 C
b) 20% d) 60% 0
1 4 V (L)
51. (Vunesp-SP) Uma panela de pressão com capacidade
de 4 litros contém, a uma temperatura de 27 °C, a) Qual é a temperatura do gás no estado A?
3 litros de água líquida à pressão de 1 atm. Em b) Qual é a pressão do gás no estado C?

134 Capítulo 6
55. (Fuvest-SP) Uma equipe tenta resgatar um barco lata de refrigerante vazia é igual a 15,0 g e
naufragado que está a 90 m de profundidade. seu volume total é de 350 mL. Neste item,
O porão do barco tem tamanho suficiente para despreze o volume ocupado pelo material
que um balão seja inflado dentro dele, expulse da lata e a massa de gás carbônico no seu
parte da água e permita que o barco seja içado interior.
até uma profundidade de 10 m. O balão dispõe
b) Suponha, agora, uma outra situação na
de uma válvula que libera o ar, à medida que o
qual o gás carbônico ocupa certo volume
barco sobe, para manter seu volume inalterado.
na parte superior da lata, a uma pressão
No início da operação, a 90 m de profundidade,
P = 3,0 · 105 N/m2 para uma temperatura
são injetados 20 000 mols de ar no balão. Ao
T = 300 K. A massa molar do gás carbônico
alcançar a profundidade de 10 m, a porcenta-
gem do ar injetado que ainda permanece no vale 44 g/mol e, assumindo que o mesmo se
balão é: comporte como um gás ideal, calcule a den-
sidade de gás carbônico na parte superior da
a) 20% d) 80% lata. (Dado: R = 8,3 J/mol · K.)
b) 30% e) 90%
c) 50% 58. (Fuvest-SP) Um laboratório químico descartou
um frasco de éter, sem perceber que, em seu
interior, havia ainda um resíduo de 7,4 g de
• Pressão na superfície do mar = 1 atm. éter, parte no estado líquido, parte no estado
• No mar, a pressão da água aumenta de 1 atm gasoso. Esse frasco, de 0,8 L de volume, fechado
a cada 10 m de profundidade. hermeticamente, foi deixado sob o sol e, após
• A pressão do ar no balão é sempre igual à um certo tempo, atingiu a temperatura de equi-
pressão externa da água. líbrio T = 37 °C, valor acima da temperatura
de ebulição do éter. Se todo o éter no estado
líquido tivesse evaporado, a pressão dentro do
56. (UE-CE) O gráfico p (atm) × V (litros) a seguir frasco seria:
corresponde a uma isoterma de um gás ideal.
a) 0,37 atm d) 3,1 atm
p (atm) b) 1,0 atm e) 5,9 atm
4,0
c) 2,5 atm
3,0

2,0 Note e adote:


1,0 No interior do frasco descartado havia apenas
éter.
0
0,5 1,0 1,5 2,0 V (L) Massa molar do éter = 74 g
K = °C + 273
Sabendo-se que a densidade do gás é 2 kg/m3 a R (constante universal dos gases) =
4 atm, a massa gasosa é: = 0,08 atm · L/mol · K
a) 1 g c) 100 g
b) 10 g d) 0,5 kg 59. (Unicamp-SP) Um balão meteorológico de cor
escura, no instante de seu lançamento, con-
57. (Unicamp-SP) Uma lata de refrigerante contém tém 100 mols de moléculas do gás hélio (He).
certa quantidade de açúcar, no caso de um refri- Após subir a uma altitude de 15 km, a pressão
gerante comum, ou de adoçante, no caso de um do gás se reduziu a 100 mmHg e a tempera-
refrigerante dietético. tura, devido à irradiação solar, aumentou para
a) Considere uma lata de refrigerante comum, 77 °C. Dados: constante dos gases ideais:
contendo 302 mL de água e 40 g de açúcar, R = 62 L · mmHg · K−1 · mol−1; massa molar do
e outra de refrigerante dietético, contendo He = 4 g/mol.
328 mL de água e uma massa desprezível de Nessas condições, calcule:
adoçante. Mostre qual das duas latas deve-
ria boiar em um recipiente com água, cuja a) o volume do balão;
densidade é d0 = 1,0 g/cm3. A massa da b) a densidade do He no interior do balão.

Leis dos Gases Ideais 135


8. Teoria cinética dos gases
Anteriormente afirmamos que a temperatura absoluta de um corpo é proporcional à
energia cinética média de suas moléculas, isto é, a grandeza macroscópica temperatura
está relacionada com a grandeza microscópica energia cinética da molécula. Mas como
demonstrar isso?
A área da Física denominada Mecânica Estatística criou processos que permitem
fazer essa ligação entre o microscópico e o macroscópico. Em vez de acompanhar o mo-
vimento de cada partícula, a Mecânica Estatística criou maneiras de calcular os valores
das grandezas macroscópicas a partir dos valores médios das grandezas microscópicas.
A aplicação da Mecânica Estatística ao estudo dos gases produziu uma série de resul-
tados que constituíram o que passou a ser chamado de Teoria Cinética dos Gases.
O estudo completo da Teoria Cinética dos gases é bastante complexo, sendo feito
apenas em cursos de nível universitário. Há, porém, alguns aspectos simples que serão
apresentados aqui. Antes dessa apresentação, vamos dar duas definições estatísticas.

velocidade média e velocidade quadrática média


Consideremos um gás contendo N moléculas e sejam
v1, v2, ..., vN
os módulos das velocidades dessas moléculas num determinado instante.
A velocidade média (vm) dessas moléculas é a média aritmética dos módulos das
velocidades:

v1 + v2 + ... + vN
vm =
N

usam-se também as seguintes notações:


vm = v = ∙v∙
Façamos agora a média aritmética dos quadrados das velocidades:
v12 + v22 + ... + vN2
∙v2∙ = v2 =
N
A raiz quadrada dessa média é chamada velocidade quadrática média, sendo
representada por vqm:

vqm = ∙v2∙ = v2

Exemplo 4

Imaginemos um gás formado por apenas seis moléculas, de modo que, num determina- v1
zAPT

do instante, suas velocidades tenham módulos: v1 = 4,0 m/s; v2 = 7,0 m/s; v3 = 8,0 m/s;
v2
v4 = 5,0 m/s; v5 = 9,0 m/s; v6 = 10,0 m/s.
v3
A velocidade média dessas moléculas é:

v = ∙v∙ = 4,0 + 7,0 + 8,0 + 5,0 + 9,0 + 10,0 ≅ 7,17 v5


6 v6
v4
v = ∙v∙ ≅ 7,17 m/s

136 Capítulo 6
Calculemos agora o valor médio dos quadrados das velocidades:

∙v2∙ = v2 = 4,0 + 7,0 + 8,0 + 5,0 + 9,0 + 10,0 ≅ 55,83


2 2 2 2 2 2

6
∙v2∙ = v2 ≅ 55,83 m2/s2

A velocidade quadrática média das moléculas é:

vqm = ∙v2∙ = v2 = 55,83 ≅ 7,47


vqm = 7,47 m/s

Podemos observar que os valores de v e vqm são próximos, mas não são iguais.

Energia cinética de um gás ideal


Aplicando a Mecânica Estatística, no capítulo 6 do CD mostramos que a energia
cinética total (Ec) das moléculas de um gás ideal é dada por:

PrOCUrE nO CD
Ec = 3 nRT 1
2
Veja, no capítulo
sendo n o número de mols de moléculas, R a constante universal dos gases e T a tem- 6 do CD, o texto
peratura absoluta. "Cálculo da
Mas, lembrando da Equação de Clapeyron, energia cinética
de um gás", bem
pV = nRT como exercícios
relativos ao tema.
vemos que a equação 1 pode ser escrita de outro modo:

Ec = 3 pV 2
2

Sendo N o número de moléculas do gás, o valor médio das energias cinéticas das
moléculas (ec) é:
3 nRT
Ec
ec = = 2 3
N N

Mas sabemos que N = nNA, sendo NA o número de Avogadro. Substituindo na


equação 3 obtemos:
3 nRT
ec = 2 = 3 R ·T 4
nNA 2 NA

A constante R é chamada constante de Boltzmann e é representada por k:


NA

k = R = constante de Boltzmann 5
NA

Com isso, a equação 4 transforma-se em:

ec = 3 kT 6
2
Leis dos Gases Ideais 137
No Sistema Internacional temos:

k = R ≅ 8,31 J/mol · K ≅ 1,38 · 10–23 J/K


NA 6,023 · 1023 mol–1

Por outro lado, observemos que nem todas as moléculas têm a mesma velocidade,
a cada instante. Assim, se os módulos das velocidades das N moléculas, num determi-
nado instante, são:
v1, v2, ..., vN

o valor médio das energias cinéticas das moléculas é:


1 mv 2 + 1 mv 2 + ... + 1 mv 2
v 2 + v22 + ... + vN2
= 1 m 1
1 2 N
ec = 2 2 2
N 2 N
v2
isto é:

ec = 1 mv2 7
2

Assim, de 4 e 7 tiramos:

mv2 = 3RT ⇒ v2 = 3RT ⇒ v2 = 3RT 8


2 2NA m · NA M
M
sendo M a massa molar do gás.
Ao usarmos esta última equação, se adotarmos o Sistema Internacional de unida-
des, a unidade de massa molar M deverá ser kg/mol.
Portanto, a velocidade quadrática média das moléculas do gás é:

vqm = v2 = 3RT 9
M

Observando as equações 7 e 9 percebemos que a velocidade quadrática média


vqm não é a velocidade média das moléculas do gás, mas sim:

vqm é a velocidade da molécula cuja energia cinética é igual ao valor médio (ec) das
energias cinéticas de todas as moléculas do gás.

Exemplo 5

Vamos calcular o valor de vqm para o gás oxigênio (O2), cuja massa molar é 32, à tempe-
ratura de 20 °C.
R ≅ 8,31 J/mol · k;
T = (20 + 273) K = 293 K
M = 32 g/mol = 32 · 10–3 kg/mol

v2 = 3RT ≅ 3(8,31)(293) m2/s2 ≅ 2 283 · 102 m2/s2


M 32 · 10–3
vqm = v2 ≅ 2 283 · 102 m2/s2 ≅ 478 m/s

138 Capítulo 6
Se quisermos agora calcular o valor médio das energias cinéticas das moléculas de O2,
temos dois caminhos:
1o. caminho:
Usamos a equação 6 :
ec = 3 kT ≅ 3 (1,38 · 10–23 J/K)(293 K)
2 2
ec ≅ 6,06 · 10 J
–21

2o. caminho:
Como a massa molar do O2 é 32, o valor aproximado da massa de cada molécula de O2 é:
m ≅ 32 u ≅ 32(1,66057 · 10–27 kg) ≅ 5,31 · 10–26 kg
Usemos agora a equação 7 :
ec = 1 mv2 ≅ 1 (5,31 · 10–26 kg)(2 283 · 102 m2/s2)
2 2
ec ≅ 6,06 · 10 J
–21

Energias cinéticas de translação e rotação


É importante ressaltar que as energias cinéticas dadas pelas equações 1 , 2 , 6
e 7 são energias cinéticas de translação. No caso de gases em que as moléculas
têm apenas um átomo (gases monoatômicos), só existe a energia cinética de trans-
lação. Porém, se as moléculas tiverem dois ou mais átomos (gases poliatômicos), há
também energia cinética de rotação e, em certos casos, energia cinética de vibração
(os átomos oscilam, como se estivessem presos a uma mola). Desse modo, para ga-
ses poliatômicos, a energia cinética total do gás (Ec ) e o valor médio da energia
T

cinética total das moléculas do gás (ec ) são maiores que os dados pelas equações
T

1, 2, 6 e 7:

Ec > 3 nRT e ec > 3 kT (gases poliatômicos)


T
2 T
2

No próximo capítulo voltaremos a falar desse assunto. Por enquanto apenas obser-
varemos que, se num exercício for usada a expressão energia cinética, sem esclarecer
de qual energia cinética se trata, subentende-se que se trata da energia cinética de
translação e, assim, podem ser usadas as equações apresentadas no texto.

Distribuição das velocidades das moléculas


O valor vqm que calculamos é um valor médio.
A cada instante temos muitas moléculas com velocidades superiores e com
número de moléculas

velocidades inferiores a vqm. Em 1860, o escocês James Clark Maxwell (1831-


com velocidade v

1879), usando a Mecânica Estatística, obteve uma fórmula (a qual não apresen-
taremos aqui) que fornece o número de moléculas que se movem com cada velo-
cidade v. A partir dessa fórmula obtém-se um gráfico semelhante ao da figura 9.
Observando o gráfico percebemos que a velocidade quadrática média (vqm)
é um pouco maior que a velocidade média (v), como já tínhamos percebido no
vmp v vqm v
Exemplo 4. A velocidade vmp, correspondente ao pico do gráfico, é chamada
velocidade mais provável, pois é com essa velocidade que se move o maior Figura 9. Distribuição das veloci-
número de moléculas. dades das moléculas de um gás.

Leis dos Gases Ideais 139


Maxwell também mostrou que:
ObsErvaçãO
v = 8RT 10
πM Não é necessário
memorizar as
vmp = 2RT 11 equações 10 , 11 ,
M
12 e 13 . As únicas
Lembrando que: equações deste
item que devem ser
vqm = 3RT 9 memorizadas são: 1 ,
M 2, 6 e 9.

obtemos:

v= 8 v ≅ 0,92v 12 e vmp = 2 v ≅ 0,82v 13


3π qm qm
3 qm qm

Os gases da atmosfera terrestre


O elemento mais abundante do universo é o hidrogênio. Portanto, não é de es-
tranhar que a atmosfera de Júpiter seja formada principalmente pelo gás hidrogênio
(H2), na proporção de 86,1% (em volume). No entanto, a atmosfera da Terra contém
apenas 0,00005% de hidrogênio. Os gases mais abundantes em nossa atmosfera são o
nitrogênio (N2), na proporção de 78%, e o oxigênio (O2), na proporção de 21%. Como
explicar isso?
A resposta está na velocidade de escape, que é a velocidade mínima que um
corpo deve ter para escapar de um planeta. No capítulo de gravitação, no volume 1,
vimos que a velocidade de escape da Terra é aproximadamente 11,2 km/s. Porém, a ve-
locidade de escape de Júpiter é aproximadamente 59,6 km/s, isto é, aproximadamente
cinco vezes maior que a da Terra. Portanto, é mais fácil uma molécula de gás escapar
da Terra que de Júpiter.
Na fórmula que dá o valor da velocidade quadrática média (equação 9), a massa
molar M aparece no denominador. Portanto, numa mesma temperatura, o gás que
tiver a menor M terá a maior velocidade quadrática média (vqm). Os valores de M para
os gases hidrogênio (H2), oxigênio (O2) e nitrogênio (N2) são, aproximadamente (e res-
pectivamente), 2, 32 e 28. Portanto, o hidrogênio, que tem o menor valor de M, tem o
maior valor de vqm. Fazendo os cálculos de vqm para a temperatura de 20 ºC obtemos,
aproximadamente:
hidrogênio → 1 910 m/s
oxigênio → 478 m/s
nitrogênio → 510 m/s
Todas essas velocidades são inferiores à velocidade de escape 11,2 km/s. Porém,
observando a figura 9, vemos que há um grande número de moléculas que têm ve-
locidades superiores a vqm e, eventualmente, algumas poderão atingir a velocidade de
escape, e isso é mais fácil para o hidrogênio.
Assim, a atmosfera terrestre está continuamente perdendo hidrogênio.

O movimento browniano
No início do século XIX, com o aperfeiçoamento dos microscópios, os botânicos
começaram a perceber um estranho fenômeno com suspensões de grãos de pólen em
água: cada grão executava um movimento em zigue-zague, semelhante ao mostrado

140 Capítulo 6
na figura 10. Alguns desses botânicos apresentaram a seguinte hipótese para

IlustRAçõEs: zAPt
explicar esse movimento: um grão de pólen tem uma vida latente e, assim, o
movimento observado era uma manifestação dessa vida, era como se o grão
de pólen “nadasse” na água.
Em 1827, o botânico escocês Robert Brown (1773-1858) resolveu testar
essa hipótese, colocando outros fragmentos na água, como a poeira de rochas
ígneas, que era um material inorgânico, não havendo nenhuma vida laten-
te nele. Novamente ele observou movimentos semelhantes ao da figura 10.
Portanto, esse estranho movimento não era manifestação de vida. Qual seria
então a explicação? Brown não apresentou nenhuma explicação, ele apenas Figura 10.
se limitou a apresentar os resultados dos seus experimentos e, a partir daí, o
estranho movimento passou a ser chamado movimento browniano.
No final do século XIX alguns físicos propuseram a seguinte explicação: “o
movimento browniano seria o resultado do bombardeio das moléculas de água
sobre os grãos de pólen (ou de poeira), pois as moléculas estariam em constan-
te vibração”. Porém, nessa época, havia ainda um grande número de físicos e
químicos de prestígio que não acreditavam na existência de átomos e molé-
culas e, com isso, a explicação apresentada não foi aceita por esses cientistas.
A questão só foi resolvida no início do século XX. Em 1905, o físico alemão
Albert Einstein (1879-1955) publicou três trabalhos importantíssimos. Dois deles
nós apresentaremos no volume 3 desta coleção, na parte de Física Moderna. O
terceiro trabalho foi a explicação do movimento browniano. Partindo da hipóte-
se de que átomos e moléculas existem e estão em contínuo estado de agitação,
Einstein fez uma análise matemática do movimento browniano, calculando os
valores esperados para a distância média percorrida por um grão de pólen (ou
poeira) entre duas colisões sucessivas com as moléculas da água e para os diâme-
tros das moléculas. Fez também um cálculo do número de Avogadro. Em 1909,
o físico francês Jean Baptiste Pevin (1870-1942) fez numerosos experimentos
que confirmaram as previsões de Einstein e, a partir daí, toda a comunidade de
físicos e químicos passou a aceitar a existência de átomos e moléculas. Percebeu-
se que o movimento browniano existe também em gases, como, por exemplo,
em partículas finas de fumaça se movendo no ar.

Livre caminho mŽdio


O movimento browniano é o movimento no interior de um fluido (líquido
ou gás), de uma partícula cujo diâmetro é muito maior que o diâmetro de uma
molécula do fluido. Porém, no interior de um gás, cada molécula executa um B
movimento semelhante ao browniano (fig. 11) como resultado de colisões com
outras moléculas. (Na fig. 11 fazemos uma representação plana, mas o movi-
mento em zigue-zague ocorre nas três dimensões.)
Como vimos no Exemplo 5, à temperatura ambiente, a velocidade instantânea
de uma molécula de um gás é da ordem de centenas de metros por segundo. Po-
rém, devido ao movimento em zigue-zague, a velocidade média de uma molécula
A
entre dois pontos (como, por exemplo, os pontos A e B da fig. 11) é muito menor
que a velocidade instantânea. É por esse motivo que, se alguém abre um vidro de Figura 11.
perfume a alguns metros de nós, demora um pouco até que sintamos o cheiro.
Entre duas colisões, uma molécula tem uma trajetória praticamente reti-
línea. Na realidade, devido à ação da gravidade, há uma pequena curvatura,
como a que acontece com os projéteis, que estudamos no volume 1 desta co-
leção. No entanto, como a velocidade da molécula é muito alta e o intervalo de
tempo entre duas colisões é muito pequeno, a curvatura pode ser desprezada.

Leis dos Gases Ideais 141


O valor médio da distância percorrida por uma molécula entre duas colisões é cha-
mado de livre caminho médio, o qual representaremos por ℓ. usando a Mecânica
Estatística é possível obter uma fórmula (que não precisa ser memorizada) para ℓ:

∙= 1
14
2 πd2nV

d = diâmetro da molécula
sendo:
nV = número de moléculas por unidade de volume

Sendo v o valor médio da velocidade instantânea (dado pela equação 10 ) e Δt o


valor médio do tempo decorrido entre duas colisões, temos:

∙ = v · Δt ou Δt = ∙ 15
v

Assim, Δt é uma espécie de período e, como a frequência (f ) é o inverso do período


(veja o capítulo de Cinemática Angular no volume 1), a frequência de colisões, isto é,
o número de colisões que cada molécula executa por unidade de tempo, é dada por:

f= 1 = v 16
Δt ∙

Exercícios de aplicação

60. Um conjunto de cinco partículas tem, num deter- d) a energia cinética média das moléculas do gás;
minado instante, velocidades cujos módulos são: e) a velocidade quadrática média das moléculas
3,0 m/s, 6,0 m/s, 4,0 m/s, 9,0 m/s e 7,0 m/s. do gás.
Determine, para essas partículas:
a) o valor médio da velocidade;
63. Um gás ideal está à temperatura de 27 ºC. Em
média, qual é a energia cinética de cada molécu-
b) a velocidade quadrática média. la? (k = 1,38 · 10−23 J/K)
61. Moléculas de diferentes gases perfeitos, à mesma 64. Em um recipiente cujo volume interno é
temperatura, têm em média: 400 litros há um gás ideal sob pressão de
2,50 atm. Sabendo que 1 atm = 1,01 · 105 Pa,
a) mesma velocidade.
calcule a energia cinética desse gás.
b) mesma aceleração.
c) mesma energia cinética. 65. Em um recipiente há um gás ideal cuja energia
cinética média das moléculas é 6,21 · 10–21 J.
d) mesma quantidade de movimento.
Calcule a massa de uma molécula desse gás,
e) mesmo impulso. sabendo que a velocidade quadrática média das
moléculas é 412 m/s.
62. Em um recipiente há 144 gramas do gás oxigê-
nio (O2) à temperatura de 127 ºC. Sabendo que 66. Aquece-se uma certa massa de gás ideal a volu-
a massa molar do O2 é 32 g/mol, a constante me constante, desde 27 ºC até 127 ºC. A razão
universal dos gases é R = 8,31 J/mol · K e que entre a energia cinética média das moléculas a
o número de Avogadro é NA = 6,023 · 1023 mol−1, 27 ºC e a energia cinética média das molécu-
calcule: las a 127 ºC é mais bem expressa por:
a) o número de mols de moléculas no recipiente; a) 27 c) 1 e) 1
127 2
b) a energia cinética do gás;
b) 3 d) 4
c) o número de moléculas do gás; 4 3

142 Capítulo 6
67. A velocidade quadrática média das moléculas de isto é, o valor de ∙ é cerca de 340 vezes maior
um gás é 500 m/s. Determine: que o diâmetro da molécula.
a) a velocidade média das moléculas do gás; b) No exercício resolvido 46 vimos que a distân-
b) a velocidade com que se move o maior núme- cia média entre as moléculas (a) é dada por:
ro de moléculas do gás.
1 1
a=3 = ⇒ a ≅ 3,42 · 10–9 m
(Use as equações 12 e 13 apresentadas no nV 3 2,44 · 1025
texto.) –9
Observe que: a ≅ 3,42 · 10–10 m ≅ 11
d 3,0 · 10 m
68. Considere o gás oxigênio, cuja massa molar é
32 g/mol, à temperatura de 27 ºC e sob pressão isto é, a distância média entre as moléculas
de 1 atm. São dados: R = 8,31 J/mol · K; NA = (a) é cerca de 11 vezes o diâmetro das molé-
= 6,023 · 1023 mol−1; 1 atm = 1,01 · 105 Pa; culas (d), enquanto ∙ é cerca de 340 vezes o
°.
diâmetro da molécula de O2 = 3,0 A valor de d. Vemos então que ∙ > a.
Calcule, para esse gás:
c) M = 32 gramas/mol = 32 · 10−3 kg/mol
a) o livre caminho médio das moléculas;
Usemos a equação 10 :
b) a distância média entre as moléculas;
8RT (8)(8,31)(300)
c) o valor médio das velocidades das moléculas v= ≅ ⇒
πM (3,14)(32 · 10–3)
(use a equação 10 ou a equação 12 );
d) o valor médio do intervalo de tempo entre ⇒ v ≅ 445 m/s
duas colisões sucessivas de uma molécula;
d) Δt = ∙ ≅ 1,02 · 10 m ⇒ Δt ≅ 2,29 · 10–10 s
–7
e) a frequência de colisões de uma molécula.
v 445 m/s
Resolu•‹o: 1 1
e) f = ≅ ⇒
° = 3,0 · 10–10 m Δt 2,29 · 10–10 s
a) T = (27 + 273) K; d = 3,0 A
No exercício resolvido 46, vimos que o núme- ⇒ f ≅ 4,36 · 109 colisões/s
ro de moléculas por unidade de volume (nV) é
dado por: 69. Um recipiente contém gás nitrogênio (N2), à
N ·p temperatura de 20 °C e sob pressão de 1 atm. São
nV = ART =
dados:
(6,023 · 1023 mol–1)(1,01 · 105 Pa)
= = R = 8,31 J/mol · K; NA = 6,023 · 1023 mol–1
(8,31 J/mol · K)(300 K)
= 2,44 · 1025 moléculas/m3 1 atm = 1,01 · 105 Pa
massa molar do gás nitrogênio = 28 g/mol
O livre caminho médio (∙) é dado por: °
diâmetro da molécula de nitrogênio = 2,0 A
1
∙= ≅
2 πnVd2 Calcule:
1 a) o livre caminho médio das moléculas do gás;

(1,41)(3,14)(2,44 · 1025)(3,0 · 10–10)2 b) o valor médio das velocidades das moléculas
(use a equação 10 ou a equação 12 );
∙ ≅ 1,02 · 10–7 m
c) o valor médio do intervalo de tempo entre
Observe que: ∙ ≅ 1,02 · 10–10 m ≅ 340
–7
duas colisões sucessivas de uma molécula;
d 3,0 · 10 m
d) a frequência de colisões de uma molécula.

Exercícios de reforço

70. (U. F. Ouro Preto-MG) Um recipiente contém um Avogadro e k = 1,38 · 10−23 J/K é a constante
mol de gás hélio à temperatura T = 300 K. Se de Boltzmann, pede-se:
m = 6,646 · 10−27 kg é a massa de um átomo a) a energia cinética do gás;
de hélio, N = 6,02 · 1023 mol−1 é o número de b) a velocidade média de um átomo.

Leis dos Gases Ideais 143


71. (Acafe-SC) Considerando p a pressão, V o volume c) A energia cinética média por molécula do
e N o número de moléculas de um certo gás ideal, recipiente 1 é maior que a do recipiente 2.
a energia cinética média por molécula desse gás d) O valor médio da velocidade das moléculas no
pode ser escrita: recipiente 1 é menor que o valor médio da
Np 2pN velocidade das moléculas no recipiente 2.
a) d)
2V 3V
e) O valor médio da velocidade das moléculas
2pV 3pV
b) e) no recipiente 1 é maior que o valor médio da
3N 2N
velocidade das moléculas no recipiente 2.
3pN
c)
2V
76. (U. E. Londrina-PR) Denominamos efeito browniano
o fenômeno observado experimentalmente, no
72. (UF-RN) Sejam v1 e v2 as velocidades médias das qual minúsculas partículas em suspensão em
moléculas de um gás a 300 K e 1 200 K, respecti-
v fluidos estão em incessante movimento devido ao
vamente. Determine a razão 1 . movimento aleatório e contínuo das partículas,
v2
átomos ou moléculas do fluido. Assinale, dentre
73. (UF-CE) Na tabela a seguir, temos as massas as alternativas a seguir, aquela que tem origem
molares de alguns elementos: na mesma causa que fundamenta o movimento
browniano.
Elemento Massa molar (g/mol)
a) O azul do mar.
hidrogênio (H) 1,01 b) A transparência da água pura.
c) A agitação térmica.
carbono (C) 12
d) O escuro da noite.
nitrogênio (N) 14 e) A cor verde que domina a vegetação.
oxigênio (O) 16
77. (UE-AM) Abre-se um vidro de perfume dentro
de um quarto fechado. Após alguns segundos,
Um recipiente contém uma mistura gasosa, em pode-se perceber o aroma dentro do quarto a 1 m
equilíbrio térmico, constituída dos gases H2, de distância do local onde se abriu o vidro.
CO2, NH3 e N2, a baixa pressão e à temperatura
Sabe-se que, à temperatura ambiente, molécu-
ambiente. Dentre as moléculas no interior desse
las vaporizadas do perfume possuem velocidade
recipiente, as que têm maior velocidade são as
média da ordem de 103 m/s, correspondendo a
do gás:
um tempo da ordem de 10−3 s para percorrer 1 m.
a) H2 b) CO2 c) NH3 d) N2 Considerando o vapor do perfume e o ar como
gases ideais, uma explicação correta para o
74. (ITA-SP) A temperatura para a qual a velocidade tempo real ser muito maior do que o previsto
associada à energia cinética média de uma molé-
acima é:
cula de nitrogênio, N2, é igual à velocidade de
escape desta molécula da superfície da Terra é de, a) as moléculas não viajam em linha reta, do
aproximadamente: vidro ao observador, mas em segmentos de
a) 1,4 · 105 K d) 7,2 · 104 K reta entre duas colisões sucessivas.
b) 1,4 · 108 K e) 8,4 · 1028 K b) a distância entre duas colisões sucessivas
c) 7,0 · 1027 K dessas moléculas com as moléculas do ar é da
ordem de 103 m.
75. (ITA-SP) Sejam o recipiente (1), contendo 1 mol c) ao saírem do vidro, as moléculas adquirem
de H2 (massa molecular M = 2), e o recipiente movimento em espiral de raio crescente e
(2) contendo 1 mol de He (massa atômica M = 4) comprimento da ordem de 103 m.
ocupando o mesmo volume, ambos mantidos à
d) a velocidade da molécula diminui à medida
mesma pressão. Assinale a alternativa correta:
que ela se afasta do vidro.
a) A temperatura do gás no recipiente 1 é menor e) as moléculas do perfume que saem do vidro
que a temperatura do gás no recipiente 2. sofrem colisões apenas com as paredes do
b) A temperatura do gás no recipiente 1 é maior quarto e só após um grande número de coli-
que a temperatura do gás no recipiente 2. sões alcançam o observador.

144 Capítulo 6
Exercícios de aprofundamento

78. Em uma residência há dois aposentos do mesmo na configuração indicada na figura para a situa-
tamanho, ligados por uma porta que está aberta. ção final. Considere a pressão atmosférica igual a
Devido à existência de um aquecedor em um dos 1,00 · 105 N/m2.
aposentos, a temperatura do ar é maior que no situação inicial (T0) situação final (T1)
outro. Em qual dos dois aposentos o número de A B A B

zAPT
moléculas de ar é maior?
0,6 m
79. Próximo da superfície da Terra a temperatura (T) 0,8 m g 1,0 m
do ar diminui à medida que aumenta a altitude
(h). No entanto, a partir de h = 20 km, a tempe-
ratura tem um comportamento mais complicado
1,0 m
e, a partir de 80 km, ela aumenta, como mostra 0,8 m 0,6 m
o gráfico a seguir. Como podemos observar, a
uma altitude de 240 km a temperatura é apro-
P1
ximadamente 600 K (aproximadamente 330 °C). a) Determine a razão R1 = entre a pressão final
Poderíamos pensar que a essa altitude seríamos P0
queimados vivos. No entanto, a essa altitude P1 e a pressão inicial P0 do ar no tanque A.
seríamos congelados. Por quê? T
b) Determine a razão R2 = 1 entre a tempera-
T0
T (K) tura final T1 e a temperatura inicial T0 dentro
800 dos tanques.
m
600 c) Para o tanque B, determine a razão R3 = 0
m1
500 entre a massa de ar m0 contida inicialmente
400 no tanque B e a massa de ar final m1, à tem-
300 peratura T1, contida nesse mesmo tanque.
200 81. Antes de iniciar uma viagem um motorista para
100 em um posto de combustível para acertar a pressão
do ar no interior dos pneus de seu automóvel. No
0 80 160 240 h (km) momento do acerto, a temperatura do ar dos pneus
é 17 °C, a pressão atmosférica é 684 mmHg e o
80. (Fuvest-SP) Dois tanques cilíndricos verticais A e manômetro do posto marca 30 ∙b/in2. Depois de
B, de 1,6 m de altura e interligados, estão par- viajar durante algum tempo a temperatura do ar
cialmente cheios de água e possuem válvulas que dos pneus passa para 37 °C. Se, nesse momento,
estão abertas, como representado na figura para ele parasse em outro posto para medir a pressão do
a situação inicial. Os tanques estão a uma tem- ar nos pneus, qual seria a marcação do manômetro,
peratura T0 = 280 K e à pressão atmosférica P0. em ∙b/in2, supondo que o volume de cada pneu e
Em uma etapa de um processo industrial, apenas a pressão atmosférica não tenham se alterado?
a válvula A é fechada e, em seguida, os tanques (São dados: 1 atm = 1,01 · 105 Pa; 1 ℓb/in2 =
são aquecidos a uma temperatura T1, resultando = 6,9 · 103 Pa.)

Leis dos Gases Ideais 145


CAPÍTuLo

As leis da Termodinâmica
7
No século XViii surgiram as primeiras máquinas a vapor. Nelas, o vapor aquecido 1. Trabalho numa
penetra num cilindro empurrando um pistão, o qual produz o movimento desejado. transformação gasosa
Temos então a transformação de calor em trabalho. Na figura 1a, vemos uma repro-
dução da primeira máquina a vapor realmente eficiente, construída por James Watt 2. Energia interna de um
em 1765. inicialmente, essas máquinas foram usadas para movimentar bombas que gás ideal
retiravam água das minas, mas depois começaram a ser usadas na indústria, desem-
3. Primeira Lei da
penhando importante papel durante a Revolução industrial, que ocorreu aproxima-
Termodinâmica
damente no período entre 1760 e 1830. Mais tarde elas foram também utilizadas
para movimentar locomotivas e navios. 4. Transformação
oTHeR iMageS

isotérmica

FlÁVio baCellaR/olHaR iMageM


5. Transformação
isocórica

6. Transformação
isobárica

7. Relação entre CV e Cp

8. A Lei de Joule e o calor


molar

(a) Reprodução da máquina (b) Locomotiva a vapor em São João del-Rei (MG). 9. Transformação
a vapor. adiabática
Figura 1.
10. Transformação cíclica
a construção das máquinas a vapor e as tentativas de resolver os problemas a
isso relacionados é que impulsionaram o desenvolvimento da Termologia no século 11. Máquinas térmicas
XiX, embora os construtores, em sua maioria, não fossem físicos. Watt, por exem- 12. O Ciclo de Carnot
plo, era construtor de ferramentas. Seu interesse pelas máquinas a vapor surgiu
quando foi chamado a consertar uma das primeiras máquinas construídas, a de 13. Refrigeradores,
Thomas Newcomen. condicionadores de ar e
Foi também durante o século XiX que o calor foi reconhecido como uma forma bombas de calor
de energia e que foi estabelecido o princípio da Conservação da energia. Nessa
14. A Segunda Lei da
época, então, passou-se a usar o termo Termodinâmica para designar o estudo
das transformações: do calor em trabalho e do trabalho em calor. Hoje, usamos a Termodinâmica
palavra Termodinâmica para designar todo o estudo da Termologia, mas naquela
época seu significado era restrito.
os físicos desenvolveram a Termodinâmica com base em duas leis que veremos a
seguir. porém, no século XX percebeu-se a necessidade de uma terceira lei, que na
realidade deveria vir antes das duas leis já estabelecidas. assim, essa terceira lei foi
chamada de Lei Zero da Termodinâmica, que é a lei do equilíbrio térmico, apre-
sentada no capítulo 1.

146 Capítulo 7
as leis da Termodinâmica que apresentaremos a seguir valem para quaisquer sis- PRoCuRE no CD
temas: sólidos, líquidos ou gasosos; entretanto, vamos aplicá-las apenas ao caso mais
simples: aquele em que o sistema estudado é um gás ideal. por isso, antes de apresen- No capítulo 7 do CD
tar a primeira dessas leis, vamos comentar mais alguns fatos relacionados ao compor- mostramos como
tamento dos gases ideais. calcular o trabalho
no caso de uma
transformação
isotérmica.
1. Trabalho numa transformação gasosa
Na figura 2a, representamos um gás ideal contido num

ilUSTRaçõeS zapT
cilindro cuja seção reta tem área A e que é munido de um (a) (b) (c)
êmbolo; Fg é a força exercida pelo gás sobre o êmbolo. Va- A
mos supor que o gás sofra uma expansão isobárica (pressão A
A
d d d
constante), de modo que o êmbolo tenha um deslocamento FG
d (fig. 2b). ΔV = A · d
FG
Como a força e o deslocamento têm o mesmo sentido, o
trabalho da força exercida pelo gás será dado por:
ög = Fg · d 1

Mas, sendo pg a pressão exercida pelo gás, temos:


Figura 2.
Fg = pg · a 2
De 1 e 2 , temos:
ög = Fg · d = pg · a · d ⇒ ög = pg · (ΔV) 3
ΔV
d
No caso de o gás sofrer uma compressão isobárica (fig. 3), FG
Fg e d terão sentidos opostos e o trabalho do gás será nega- FG
tivo (ög < 0). Mas, nesse caso, como o volume diminui, tere-
mos (ΔV < 0). assim, tanto na expansão como na compressão Figura 3.
vale a equação:
ög = pg · (ΔV) (a) (b)
Como consideramos a pressão constante, o gráfico de pG área = pG · |∆V| pG

pg em função do volume é o da figura 4a, no qual a área da


região sombreada nos dá o módulo do trabalho. |šG| |šG|
Todas essas considerações valem para pressão constante.
Se a pressão variar, o trabalho terá de ser calculado pela apli-
Vi Vf V Vi Vf V
cação do Cálculo integral. Nesse caso, pode-se demonstrar
que, em módulo, o trabalho continua sendo dado pela área |∆V|
sob o gráfico p × V (fig. 4b). Figura 4.

2. Energia interna de um gás ideal


Num corpo qualquer, a energia interna é a soma das energias cinéticas e potenciais v
m
de todas as suas moléculas. porém, se tivermos um gás ideal monoatômico, isto é, se
sua molécula for formada por um só átomo, a única energia que existirá será a energia
eC = mv
2

cinética de translação (fig. 5). Sendo v a velocidade de uma molécula de massa m, a 2


energia cinética de translação da molécula será:
Figura 5.
2
ec = mv
2

As leis da Termodinâmica 147


ilUSTRaçõeS: zapT
No capítulo anterior, vimos que a energia cinética total de transla-
ção de um gás ideal (monoatômico ou poliatômico) é dada por: v

Ec = 3 nRT = 3 pV 4
CM
2 2
Como essa é a única energia presente no caso do gás monoatômico,
ela é também a energia interna: (a) Translação do centro de massa CM.

v1
A energia interna (U ) de um gás ideal monoatômico é dada por:
U = 3 nRT = 3 pV
2 2

Se o gás for diatômico ou poliatômico, haverá energias cinéticas de CM


rotação e de vibração (fig. 6), cujos cálculos são mais complicados e não
faremos aqui. Mas, certamente, para o caso de um gás ideal poliatômico, v2
teremos:
(b) Rotação em torno do centro de
U > 3 nRT
2 massa CM.
Como vimos acima, no caso do gás ideal monoatômico, a energia in-
terna é função da temperatura U = 3 nRT ; se a temperatura aumenta,
2
U também aumenta e, se a temperatura diminui, U também diminui.
No caso do gás ideal poliatômico, o cálculo é mais complicado; en-
tretanto, a experiência mostra que em qualquer caso a energia interna d

continua sendo função da temperatura, valendo a Lei de Joule:

(c) Vibração interna, como se fossem


Para um gás ideal qualquer (monoatômico ou poliatômico), a duas partículas ligadas por uma mola. A
energia interna (U) depende apenas da temperatura (T ): distância d aumenta e diminui periodi-
T aumenta ⇔ U aumenta camente.
T diminui ⇔ U diminui Figura 6. Movimentos possíveis para
T é constante ⇔ U é constante uma molécula diatômica de um gás.

Exercícios de Aplicação

1. Um gás ideal passou do estado A para o estado p (atm)


B, como mostra a figura a. Sabendo que 1 atm ≅ 4,0 A
≅ 105 Pa, calcule o trabalho realizado pelo gás
B
nessa transformação. 2,0
|šG|
p (atm)
4,0 A 0 2,0 10 V (L)
8,0 L
B
2,0 Figura b.

0 2,0 (2,0 atm + 4,0 atm)(8,0 L)


10 V (L) |öG| = =
2
Figura a.
24 atm · L
Resolu•‹o:
Como 1 atm = 105 Pa e 1 L = 10–3 m3, temos:
O módulo do trabalho realizado pelo gás é dado
pela área da região sombreada na figura b. |öG| = 24 · (105 Pa) · (10–3 m3) = 2,4 · 103 Pa · m3

148 Capítulo 7
As unidades Pa e m3 são do SI; portanto, esse Resolução:
trabalho é expresso em joules:
Sendo a pressão constante, podemos calcular o
|öG| = 2,4 · 103 J trabalho do gás por:
Pelo fato de o volume ter diminuído, o trabalho ö = p·(ΔV)
é negativo:
Como não sabemos o valor de p nem de ΔV, vamos
öG = –2,4 · 103 J recorrer à equação de Clapeyron. Sendo V1 e V2 os
volumes inicial e final, respectivamente, temos:
2. Sob pressão constante de 2,0·105 Pa, certa p1V1 = nRT1
quantidade de gás ideal se expande, passando do ⇒ pV2 – pV1 = nRT2 – nRT1 ⇒
volume V1 = 4,0 m3 para V2 = 7,0 m3. Calcule o p2V2 = nRT2
trabalho realizado pelo gás nessa transformação. ⇒ p(V2 – V1) = nR(T2 – T1) ⇒ p(ΔV) = nR(ΔT)
3. Um cilindro, munido de um pistão, encerra um Mas: ΔT = T2 – T1 = 140 K – 60 K = 80 K
gás ideal à temperatura inicial de 273 K, pressão
Assim:
de 1,02·105 N/m2 e volume de 2,24·10–2 m3. Uma
força externa atua sobre o pistão, reduzindo o ö = p·(ΔV) = nR(ΔT) ≅ (4)(8,3)(80) ⇒
volume do gás para 2,22·10–2 m3. A pressão se
mantém constante no processo. Calcule: ⇒ ö ≅ 2,6 · 103 J
a) o trabalho realizado pelo gás;
b) o trabalho realizado pela força externa. 7. No interior de um cilindro provido de um êmbolo há
2,3 mols de moléculas de um gás ideal à temperatu-
4. Determinada quantidade de gás ideal passa do ra de 13 ºC. O gás é aquecido, mantendo a pressão
estado A para o estado B, assinalados no gráfico. constante de modo que no final sua temperatura é
Calcule o trabalho realizado pelo gás nessa trans- 163 ºC. Sabendo que R ≅ 8,31 J/mol·K, calcule o
formação. trabalho realizado pelo gás nessa transformação.
p (atm)

3,0
B A 8. Determinada quantidade de gás ideal monoatômico,
contendo 6,0 mols de moléculas, está sob pressão de
2,0·105 Pa e ocupa um volume de 5,0 m3. Sabendo
que a constante dos gases ideais é R = 8,3 J/mol · K,
calcule a energia interna desse gás.
0 10 20 30 V (L)

5. No gráfico estão assinalados dois estados A e B de 9. Determinada quantidade de gás ideal monoatômico,
contendo 3,0 mols de moléculas, é aquecida, passan-
certa quantidade de gás ideal.
do da temperatura 40 ºC para 60 ºC. Sabendo que a
p (Pa) constante dos gases é R = 8,3 J/mol·K, calcule a
4,0 ·105 variação de energia interna do gás nesse processo.
X B

2,0 · 105
10. No exercício 5, um gás foi do estado A para o
Y estado B por dois caminhos diferentes e o tra-
A balho realizado pelo gás foi diferente nos dois
0 2,0 4,0 6,0 V (m3) caminhos. No caso da energia interna, sua varia-
Calcule o trabalho realizado pelo gás nos seguin- ção foi diferente nas duas situações?
tes casos:
11. É possível um sistema ter sua energia interna
a) o gás vai do estado A para o estado B na aumentada e a temperatura permanecer constan-
sequência AXB; te? Dê um exemplo.
b) o gás vai do estado A para o estado B na
sequência AYB. 12. Na análise de sistemas mais complexos que um gás
ideal, há uma grandeza muito útil, denominada
6. Quatro mols de moléculas de um gás ideal, à entalpia, que é representada por H e definida por
temperatura inicial de 60 K, são levados à tempe- H=U+p·V
ratura de 140 K sob pressão constante. Calcule o
sendo U a energia interna, p a pressão e V o
trabalho realizado pelo gás, sabendo que a cons-
volume. Calcule a entalpia de um gás ideal mono-
tante universal dos gases é R ≅ 8,3 J/mol·K.
atômico em função da temperatura.
As leis da Termodinâmica 149
Exercícios de Reforço

13. (UE-PI) O gráfico representado na figura descreve p (atm)


como a pressão (p) de um gás ideal varia com o 7 isoterma
volume (V), quando a temperatura de tal gás é
C
alterada. Sabendo que a temperatura absoluta 5
inicial do gás é T0, verifique a alternativa que B
expressa corretamente o trabalho realizado pelo 3
gás (ö) nessa transformação e sua temperatura
1 A
final (T), durante o referido processo físico.
0
p 1 3 5 7 V (L)
2p0
16. (UF-SC) Com relação aos conceitos de calor,
p0 temperatura e energia interna, analise as pro-
posições a seguir e dê como resposta a soma dos
0 números que antecedem as proposições verda-
V0 2V0 V
deiras.
p0V0 T
a) ö = eT= 0 (01) Associa-se a existência de calor a qualquer
2 2
T corpo, pois todo corpo possui calor.
b) ö = 2p0V0 e T = 0
4 (02) Calor é a energia contida em um corpo.
3p0V0
c) ö = e T = 2T0 (04) Para se admitir a existência de calor são
2
necessários, pelo menos, dois sistemas.
d) ö = 4p0V0 e T = 4T0
(08) Quando as extremidades de uma barra
3p V
e) ö = 0 0 e T = 4T0 metálica estão a temperaturas diferentes, a
2
extremidade submetida à temperatura maior
14. (Vunesp-SP) Considere a transformação ABC
contém mais calor do que a outra.
sofrida por uma certa quantidade de gás, que
se comporta como gás ideal, representada (16) Duas esferas de mesmo material e de mas-
pelo gráfico pressão versus volume a seguir. A sas diferentes, após ficarem durante muito
transformação AB é isotérmica. São conhecidas: tempo em um forno a 160 ºC, são retiradas
a pressão pA e o volume VA do gás no estado A e o deste e imediatamente colocadas em con-
volume 3VA do gás no estado B. tato. Logo em seguida, pode-se afirmar,
p o calor contido na esfera de maior massa
pA A passa para a de menor massa.
(32) Se colocarmos um termômetro, em um dia
C em que a temperatura está 25 ºC, em água
B
a uma temperatura mais elevada, a energia
interna do termômetro aumentará.
0
VA 3VA V
17. (UF-MA) Considere 2 mols de um gás ideal monoa-
Determine em função desses dados: tômico contidos dentro de um recipiente. Este gás
a) a pressão pB do gás no estado B; passa por uma transformação que o leva do estado
b) o trabalho T realizado pelo gás na transforma- A para o estado B, representada no gráfico.
ção BC.
p (103 N/m2)
15. (UF-PE) Um mol de um gás ideal passa por trans- 3,0 B
formações termodinâmicas indo do estado A para
o estado B e, em seguida, o gás é levado ao esta-
do C, pertencente à mesma isoterma de A. Calcule 2,0
A
a variação da energia interna do gás, em joules,
ocorrida quando o gás passa pela transformação 0
completa ABC. 0,5 1,0 V (m3)

150 Capítulo 7
Determine a variação de energia interna ΔU sofri- I. É uma medida da quantidade de calor de um
da pelo gás ao longo do processo A → B. (Dados: corpo.
3 II. Está associada à energia interna de um corpo
pV = nRT; E = nRT; R = 8,31 J/mol · K.)
2 qualquer.
a) 2,0 · 103 J d) 3,3 · 103 J III. Está associada à energia cinética média das
b) 2,8 · 104 J e) 3,0 · 103 J moléculas de um gás ideal.
c) 3,0 · 104 J Está(ão) correta(s):
a) apenas I. d) apenas II e IIII.
18. (U. F. Santa Maria-RS) Qual (Quais) das seguintes
afirmativas é (são) verdadeira(s) para a tempera- b) apenas I e II. e) I, II e III.
tura? c) apenas III.

3. Primeira Lei da Termodinâmica


Consideremos um sistema qualquer formado por um ou mais corpos. Quando for- sistema

zAPT
necemos ao sistema uma quantidade de energia Q, na forma de calor (fig. 7), essa š
energia pode ser usada de dois modos: Q

• Uma parte da energia poderá ser usada para o sistema realizar um trabalho ö, ΔU
expandindo-se (ö > 0) ou contraindo-se (ö < 0). Eventualmente pode acontecer
de o sistema não alterar seu volume; assim o trabalho será nulo.
• A outra parte da energia será absorvida pelo sistema, transformando-se em ener- Figura 7.
gia interna. Dito de outro modo: essa outra parte da energia é igual à variação da
energia (ΔU) do sistema. Eventualmente pode acontecer ΔU = 0; significa que,
nesse caso, todo o calor Q foi usado para a realização do trabalho.

Assim, temos:

Q = ö + ΔU ou ΔU = Q – ö 5

A equação 5 traduz a Primeira Lei da Termodinâmica.


Na realidade, essa lei é um modo de expressar o Princípio da Conservação de
Energia. Assim, você poderia perguntar: “Afinal, o que ela traz de novo?”.
De fato, hoje ela não representa novidade, pois nossa confiança no Princípio da
Conservação da Energia é forte. No entanto, quando a Primeira Lei foi enunciada, no
século XIX, ainda estava sendo formada a convicção de que a energia se conserva. A
Primeira Lei da Termodinâmica foi uma primeira manifestação dessa convicção.
A Primeira Lei vale para qualquer sistema, mas neste capítulo vamos aplicá-la apenas
na análise das transformações sofridas por um gás.
Quando usarmos a equação 5 , deveremos tomar cuidado com os sinais de Q e
ö. Como já vimos anteriormente, se o gás se expandir, isto é, aumentar de volume, o
trabalho será positivo. Se o gás for comprimido (diminuindo de volume), o trabalho será
negativo (nesse caso, é o meio exterior que realiza trabalho positivo).
V aumenta ⇔ ΔV > 0 ⇔ ö > 0
V diminui ⇔ ΔV < 0 ⇔ ö < 0
Para o calor, vale a mesma convenção usada no capítulo 3. Quando o calor for rece-
bido pelo sistema, será positivo. Quando o calor for retirado do sistema, será negativo.
sistema recebe calor ⇔ Q > 0
sistema perde calor ⇔ Q < 0

As leis da Termodinâmica 151


Exercícios de Aplicação

19. Ao mesmo tempo em que recebe uma quantidade 20. Um sistema termodinâmico recebe 200 cal e, em
de calor Q = 300 J de uma chama, um gás ideal, consequência, se expande, realizando trabalho de
encerrado em um cilindro com êmbolo móvel, é 400 J. Sendo 1 cal = 4,18 J, qual a variação da
comprimido por um operador, que realiza um tra- energia interna?
balho ö0 = 200 J. Calcule a variação da energia
interna do gás. 21. Um gás ideal monoatômico está inicialmente
no estado A assinalado no diagrama abaixo, à

lUiz aUgUSTo RibeiRo


temperatura TA = 500 K. É dada a constante uni-
versal dos gases: R = 8,31 J/mol·K. O gás sofre
F
uma transformação, passando para o estado B, de
F modo que durante a transformação a pressão e o
volume variam como indica o diagrama.
p (104 Pa) A
10

2,0 B
Resolu•‹o: 0
1,0 3,0 V (m3)
Como o calor foi recebido pelo gás, teremos Q > 0,
isto é: Calcule:
Q = +300 J a) a temperatura do gás no estado B;
O operador realizou um trabalho positivo b) o número de mols de moléculas do gás;
ö0 = 200 J. Mas o gás, que contraiu, realizou um c) a variação da energia interna do gás durante
trabalho negativo: a transformação;
ö = – ö0 = –200 J d) o trabalho realizado pelo gás durante a trans-
Pela Primeira Lei da Termodinâmica, temos: formação;
e) o calor trocado pelo gás com o meio ambiente.
Q = ö + ΔU ⇒ 300 J =
= –200 J + ΔU ⇒ ΔU = 500 J 22. Na situação do exercício anterior, o gás recebeu
ou forneceu calor ao ambiente?

Exercícios de Reforço

23. (Uneb-BA) Um gás sofre uma transformação, a) 600 J e 500 J d) 1 200 J e 1 100 J
passando do estado A, onde a energia interna é b) 600 J e 700 J e) 1 200 J e 1 300 J
UA = 900 J, ao estado B, onde a energia interna
é UB = 800 J. c) 700 J e 600 J

p (105 N/m2) 24. (U. F. Viçosa-MG) O diagrama p × V abaixo ilustra


três transformações de um dado gás ideal entre
A
2
os estados termodinâmicos A e B.
p
1 A 1
B
2
0
4 8 V (10 m )
–3 3 3
B

Nessa transformação, o trabalho e o calor, respec-


tivamente, têm módulos: 0 V

152 Capítulo 7
Comparando-se as três transformações, pode-se p (105 Pa)
afirmar que: a
3,0
a) o trabalho realizado pelo gás é maior na
transformação 3.
2,0
b) a quantidade de calor recebida pelo gás é
maior na transformação 2.
c) o trabalho realizado pelo gás é maior na 1,0
b c
transformação 2.
d) a quantidade de calor recebida pelo gás é 0
maior na transformação 3. 2,0 4,0 6,0 V (10–2 m3)

e) a variação de energia interna é igual para a) Indique a variação da pressão e do volume no


todas as transformações.
processo isocórico e no processo isobárico e
25. (Unifesp-SP) Em um trocador de calor fechado determine a relação entre a temperatura inicial,
por paredes diatérmicas, inicialmente o gás no estado termodinâmico a, e final, no estado
monoatômico ideal é resfriado por um processo termodinâmico c, do gás monoatômico ideal.
isocórico e depois tem seu volume expandido por
um processo isobárico, como mostra o diagrama b) Calcule a quantidade total de calor trocada
pressão versus volume. em todo o processo termodinâmico abc.

4. Transformação isotérmica
Neste e nos próximos itens vamos aplicar a primeira lei da Termodinâmica às trans-
formações particulares. Começaremos pela transformação isotérmica.
Numa transformação isotérmica, o gás ideal tem o volume e a pressão alterados
(fig. 8), mas a temperatura fica constante e, consequentemente, a energia interna
não se altera: ΔU = 0.
p

hipérbole
equilátera

V
Figura 8.

pela primeira lei, temos:


Q = ö + ΔU (a)
zapT

Mas, como ΔU = 0, temos: Q ö

Q=ö (transformação isotérmica)


(b)
portanto, durante uma transformação isotérmica, se forne-
Q ö
cermos calor ao gás, todo esse calor será usado para o gás reali-
zar trabalho (fig. 9a). por outro lado, se o agente externo realizar
trabalho sobre o gás, esse trabalho será transformado em calor,
que o gás cederá ao ambiente externo (fig. 9b). Figura 9.

As leis da Termodinâmica 153


Exercícios de Aplicação

26. Na figura vemos o gráfico p × V para certa quan- A para o estado B à temperatura 250 K, como
tidade de gás que sofre uma transformação isotér- mostra a figura. É dada a constante universal
mica à temperatura de 500 K. É dada a constante dos gases: R = 8,31 J/mol·K. Sendo Q o calor
universal dos gases: R = 8,31 J/mol·K. O gás está trocado entre o gás e o ambiente externo, temos
inicialmente no estado A, quando então passa para |Q| = 1,98·104 J.
o estado B, recebendo uma quantidade de calor
Q = 1,7·104 J. p (103 Pa)

p (103 Pa) B
A
12
A
B 4,0

0
1,5 3,0 4,5 V (m3)
0
2,0 4,0 V (m3)
a) De A até B, o gás expandiu-se ou contraiu-se?
a) Qual é a pressão do gás no estado B?
b) Qual é a pressão no estado B?
b) Quantos mols de moléculas tem o gás?
c) Qual é a variação de energia interna do gás?
c) Qual é a variação de energia interna do gás,
na transformação de A até B? d) Quantos mols de moléculas tem o gás?
d) Qual é o trabalho realizado pelo gás na trans- e) O trabalho realizado pelo gás foi positivo ou
formação AB? negativo?

27. Determinada quantidade de gás ideal sofre uma f) O gás recebeu ou forneceu calor ao ambiente?
transformação isotérmica, passando do estado g) Qual foi o trabalho realizado pelo gás?

Exercícios de Reforço

28. (U. F. Lavras-MG) Temos o diagrama pV, que mos- 29. (PUC-RS) O diagrama representa a pressão p em
tra uma transformação isotérmica de 1 mol de função do volume V de um determinado gás ideal.
moléculas de um gás perfeito. Os produtos p·V (pressão × volume) mantêm-se
constantes ao longo de cada curva deste gás.
p
Em qual dos processos o gás não experimentou
variação de sua energia interna?
p1 1
p
2 B
p2 A

E C
0
V1 V2 V
D
A área sombreada mede:
0 V
a) a variação da pressão.
b) a variação da energia interna. a) de A para B.
c) o trabalho realizado pelo gás. b) de A para D.
d) o calor cedido pelo gás. c) de B para D.
e) o calor específico do gás a temperatura cons- d) de A para C.
tante. e) de B para E.

154 Capítulo 7
5. Transformação isocórica
Numa transformação isocórica (volume constante), não há variação de (a) aquecimento isocórico

zapT
volume e, portanto, o trabalho realizado pelo gás é nulo: ö = 0. Mas, pela
primeira lei, temos: Q = ö + ΔU. assim, sendo ö = 0, temos: TA TB > TA
V constante
Q = ΔU (transformação isocórica)
pA pB > pA

portanto, quando o gás recebe calor mantendo o volume constante, todo


o calor recebido é transformado em energia interna, aumentando a tempe- resfriamento isocórico
ratura. Se o gás for resfriado, mantendo o volume constante, o calor perdido
pelo gás será igual à perda de energia interna. (b) p
pB
Calor específico a volume constante
pA
Mantendo o volume constante, o calor fornecido a um gás provocará o
aumento de sua temperatura e, do mesmo modo que fizemos no capítulo 3, 0
podemos escrever: TA TB T (K)
Figura 10.
Q = m · cV (ΔT) 6

onde cV é o calor específico do gás. porém, como iremos ver a seguir, o valor do calor
específico depende da transformação sofrida pelo gás. assim, cV é o calor específico a
volume constante. Temos também:

m · cV = capacidade térmica a volume constante

Calor molar a volume constante


Sendo m a massa do gás, temos m = nM, onde n é o número de mols de moléculas
e M é a massa molar. Substituindo na equação 4 , temos:

Q = m · cV (ΔT) = n · M · cV (ΔT) ⇒ Q = n · CV (ΔT) 7


CV
onde CV é o calor molar a volume constante.

Calor molar de um gás monoatômico


para um gás ideal monoatômico, sabemos que a energia interna é U = 3 nRT e,
2
portanto, a variação de energia interna é ΔU = 3 nR(ΔT). por outro lado, supondo vo-
2
lume constante, sabemos que Q = ΔU. assim:
Q = ΔU
nCV (ΔT) = 3 nR(ΔT)
2
3
CV = R (gás ideal monoatômico)
2
Como R = 8,31 J/mol · K ≅ 2,0 cal/mol·K, temos:
CV ≅ 12,5 J/mol·K ≅ 3,0 cal/mol·K
para gases poliatômicos, temos: CV > 3 R.
2
As leis da Termodinâmica 155
Exercícios de Aplicação

30. Em um recipiente fechado há 3,0 mols de molé- estado A indicado no gráfico. O calor específico a
culas de um gás ideal inicialmente à temperatura volume constante desse gás é cV = 0,178 cal/g·K.
de 400 K. O calor molar a volume constante desse São dados ainda: R = 8,31 J/mol·K e 1 cal = 4,18 J.
gás é CV = 21 J/mol·K. Esse gás é aquecido até p (105 Pa)
a temperatura de 600 K. Calcule: 2,0 B
a) o calor recebido pelo gás; 1,2 A
b) a variação da energia interna do gás.
Resolução: 0
300 500 T (K)
a) Vimos que a quantidade de calor (Q) recebida
pelo gás pode ser calculada por: Esse gás é aquecido passando para o estado B.
Q = n·CV(ΔT) Para essa transformação, calcule:
onde: n = número de mols de moléculas ⇒ a) o calor recebido pelo gás em calorias e em
⇒ n = 3,0 mols joules;
CV = calor molar a volume constante ⇒ b) o trabalho realizado pelo gás;
⇒ CV = 21 J/mol·K c) a variação da energia interna do gás;
ΔT ≅ 600 K – 400 K = 200 K d) o número de mols de moléculas do gás;
Assim: Q = n·CV(ΔT) ⇒ e) o calor molar a volume constante desse gás.
⇒ Q = (3,0 mols) 21 J (200 K) 32. Em um recipiente fechado há 2,0 mols de molé-
mol·K
culas de um gás ideal, inicialmente à tempera-
Q = 1,26 · 10 J
4 tura de 300 K. O calor molar a volume constante
desse gás é CV = 29 J/mol·K. Esse gás é aquecido
b) Como o volume é constante, o gás não realiza até atingir a temperatura de 400 K. Calcule:
trabalho: a) o calor recebido pelo gás;
Q = š + ΔU = ΔU b) a variação da energia interna do gás.
0
33. Um gás monoatômico tem massa molar
Portanto: ΔU = Q = 1,26 · 104 J M = 20,2 gramas/mol.
Sabendo que R ≅ 2,0 cal/mol·K, calcule para
esse gás:
31. Em um recipiente fechado, de volume 0,415 m3, a) o calor molar a volume constante;
há 560 gramas de um gás ideal, inicialmente no b) o calor específico a volume constante.

Exercícios de Reforço

34. Um gás ideal, de massa molar M = 4,0 g/mol e calor Calcule:


específico a volume constante cV = 0,75 cal/g·K, a) o número de mols de moléculas do gás;
está no interior de um recipiente fechado cujo b) a massa do gás;
volume é 24,6 L. Sabe-se que R = 8,31 J/mol·K
c) a quantidade de calor perdida pelo gás na
e 1 cal = 4,18 J. O gás está inicialmente no esta-
transformação AB;
do A indicado no
diagrama e é res- p (10 Pa)
5
d) o trabalho realizado pelo gás na transforma-
friado até atingir 6,0 A ção AB;
o estado B. e) a variação de energia interna do gás na trans-
formação AB.
2,0
B
0
35. No diagrama representamos uma transformação
50 150 T (K) de um gás ideal que passa do estado A para o

156 Capítulo 7
estado B, recebendo uma quantidade de calor 36. (U. F. Uberlândia-MG) O gráfico representa a
3,0 · 104 J. Sabe-se que o gás contém 6,0 mols variação da energia interna de um gás ideal a
de moléculas e que R = 8,31 J/mol·K. volume constante.
p (105 Pa)
3,0 B U (cal)
1 500

1 000
1,0 A

0
0,10 V (m3) 0
200 300 T (K)
Calcule:
a) Qual o trabalho feito no intervalo de 200 K a
a) o trabalho realizado pelo gás nessa transfor-
300 K?
mação;
b) a variação de energia interna do gás nessa b) Qual o calor que o gás absorveu?
transformação; c) Se a massa do gás é 32 g, calcule o calor espe-
c) as temperaturas do gás nos estados A e B. cífico a volume constante, em cal/g·ºC.

6. Transformação isobárica
expansão isobárica

zAPT
Vamos agora aplicar a Primeira Lei da Termodinâmica ao caso par-
ticular da transformação isobárica (pressão constante) (fig. 11). Nesse F
caso, como já vimos, os gráficos p × V e V × T são do tipo dos que
F F = constante
aparecem na figura 12.
VB
VA p = constante
TB 
Expansão isobárica TA
estado A estado B
Numa expansão isobárica, aumentam o volume e a temperatura contração isobárica
(fig. 12 b). Portanto, aumenta a temperatura e consequentemente a Figura 11.
energia interna:
expansão isobárica ⇒ ΔU > 0
Porém, pela Primeira Lei da Termodinâmica, temos ΔU = Q – ö. As- (a) p
sim, se ΔU > 0, temos: p
Q>ö
|ö| |ö| = p |ΔV|

0
Contração isobárica ΔV
V

Numa contração isobárica, diminuem o volume e a temperatura


(fig. 12b), o que acarreta a diminuição da energia interna: (b) V
VB
contração isobárica ⇒ ΔU < 0
Porém, pela Primeira Lei da Termodinâmica, temos ΔU = Q – ö. As-
VA
sim, sendo ΔU < 0, teremos Q < ö. Mas como ö < 0, teremos Q < 0
e, portanto:
0
TA TB T (K)
|Q| > |ö|
Figura 12.

As leis da Termodinâmica 157


Calor específico a pressão constante
A quantidade de calor trocada pelo gás a pressão constante pode ser calculada por:

Q = m · cp(ΔT) 8

sendo cp o calor específico sob pressão constante, o qual é diferente de cv, como
veremos adiante.
Sendo M a massa molar do gás e n o número de mols de moléculas, temos
m = nM. Substituindo na equação 8 :
Q = m · cp(ΔT) = n · M · cp(ΔT)
Cp

Q = n · Cp(ΔT) 9

em que Cp é o calor molar a pressão constante.


No próximo item, mostraremos que, para cada gás, temos:
cp > cV e Cp > CV

7. Relação entre CV e Cp
Consideremos uma determinada massa de gás ideal sofrendo duas transforma-
ções: uma expansão isobárica e um aquecimento isocórico, de modo que nas duas
transformações a variação de temperatura (ΔT) seja a mesma. Desse modo, nas duas trans-
formações, a variação da energia interna será a mesma e no aquecimento isocórico
não haverá realização de trabalho. Portanto, sendo Qp e QV as quantidades de calor
recebidas pelo gás nas transformações isobárica e isocórica, respectivamente, teremos,
de acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica:
Qp = ö + ΔU e QV = ΔU
Como ö > 0 (o gás expandiu), teremos:
Qp > QV
m · cp(ΔT) = m · cV(ΔT)

cp > cV

e, portanto:

Cp > CV

Relação de Mayer
Consideremos novamente as equações acima para Qp e QV:
Qp = ö + ΔU e QV = ΔU
n · Cp(ΔT) = ö + ΔU e n · CV(ΔT) = ΔU
Subtraindo membro a membro as duas últimas equações, teremos:
n · Cp(ΔT) – n · CV(ΔT) = ö
Mas ö = p(ΔV), pois a transformação é isobárica.
Por outro lado, pela equação de Clapeyron:
pV = nRT ⇒ p(ΔV) = nR(ΔT)

158 Capítulo 7
Assim:
n · Cp(ΔT) – n · CV(ΔT) = nR(ΔT)
ou:

Cp – CV = R (relação de Mayer)

Nas tabelas 1 e 2, vemos os calores específicos e os calores molares para alguns gases.

Nome do gás Fórmula cp (cal/g · K) cV (cal/g · K)


hélio He 1,25 0,75
hidrogênio H2 3,44 2,44
nitrogênio N2 0,248 0,178
oxigênio O2 0,219 0,158
gás carbônico CO2 0,201 0,155
Tabela 1. cp e cV, a 27 ºC.

Cp
Gás Cp CV Cp – CV γ=
CV
He 20,8 12,5 8,33 1,67
monoatômicos Ne 20,8 12,7 8,12 1,64
Ar 20,8 12,5 8,33 1,67
H2 28,8 20,4 8,33 1,41
N2 29,1 20,8 8,33 1,40
diatômicos
O2 29,4 21,1 8,33 1,40
Cℓ2 34,7 25,7 8,96 1,35
CO2 37,0 28,5 8,50 1,30
poliatômicos SO2 40,4 31,4 9,00 1,29
C2H6 51,7 43,1 8,58 1,20
Tabela 2. Calores molares de alguns gases em J/mol · K, a 27 ºC.

Na última coluna da tabela 2 apresentamos a razão entre Cp e CV, que é repre-


sentada por γ e é chamada razão de Poisson. No item 9 veremos a utilidade dessa
razão.
É importante ressaltar que os valores da tabela 2
valem a 27 ºC, pois, tanto para os sólidos como para
os líquidos e para os gases reais, os calores específicos
variam com a temperatura. Por exemplo, na figura 7
29,1 R
13 apresentamos o gráfico do calor molar a volume 2
CV (J/mol · K)

constante (CV) em função da temperatura absoluta (T ) 5 R


20,8
para o gás hidrogênio (H2), entre aproximadamente 2
20 K e 3 200 K (pois abaixo de 20 K o hidrogênio é 3
12,5 R
líquido e acima de 3 200 K ele se dissocia em dois 2
átomos de hidrogênio). É interessante observar que,
embora o hidrogênio seja um gás diatômico, entre
aproximadamente 20 K e 80 K, ele apresenta a calor 0 20 80 250 750 3 200
molar previsto para o gás ideal monoatômico: T (K)

CV = 3 R ≅ 12,5 J/mol · K Figura 13. Calor molar do gás hidrogênio em função da


2 temperatura.

As leis da Termodinâmica 159


Exercícios de Aplicação

37. Dentro de um cilindro munido de êmbolo móvel, ⇒Q= 3,2 · 104 J = 20 J/mol·K
há 8,0 mols de moléculas de um gás ideal ocu- (8,0 mols)(200 K)
pando volume V1 = 200 litros, à temperatura
T1 = 400 K, e sob pressão p = 1,3·105 Pa. Cp = 20 J/mol · K
Mantendo a pressão constante, o gás recebe uma
quantidade de calor Q = 3,2·104 J, passando a d) Sendo m a massa do gás, M sua massa molar
ocupar um volume V2 = 300 litros. Sabe-se que e n o número de mols:
R = 8,3 J/mol·K e que a massa molar do gás é g
m = nM = (8,0 mols) 40 = 320 g
M = 40 g/mol. mol
m = 320 gramas

ilUSTRaçõeS: zapT
V1 = 200 L V2 = 300 L
T1 = 400 K e) Podemos calcular o calor específico (cp) de
dois modos:
Q = m · cp(ΔT) ⇒ cp = Q =
m·ΔT
4
= 3,2 · 10 J = 0,5 J/g·K
(320 g)(200 K)
ou
Cp
Cp = M · cp ⇒ cp = = 20 J/mol·K =
M 40 g/mol
Para esse gás, calcule:
= 0,5 J/g·K
a) o trabalho realizado;
b) a variação da energia interna; cp = 0,5 J/g · K
c) o calor molar a pressão constante;
d) a massa; Se lembrarmos que 1 cal = 4,18 J, teremos:
e) o calor específico a pressão constante. 1 J = 1 cal ≅ 0,24 cal
4,18
Resolução:
Assim:
a) Sendo a pressão constante, temos:
cp = 0,5 J/g·K = (0,5)(0,25 cal)/g·K
ö = p · ΔV
em que: ΔV = V2 – V1 = 300 L – 200 L = cp = 0,125 cal/g · K
= 100 L = 0,100 m3
Assim:
ö = p · ΔV = (1,3·105 Pa)(0,100 m3) ⇒
38. Na figura a representamos um gás ocupando volu-
⇒ ö = 1,3·104 J me VA = 400 L, à temperatura TA = 27 ºC, no inte-
rior de um cilindro com um êmbolo móvel e sobre
o qual está um corpo C, de modo que a pressão do
b) ΔU = Q – ö = 3,2·104 J – 1,3·104 J ⇒
gás é 1,2·105 N/m2. Ao receber uma quantidade de
⇒ ΔU = 1,9·104 J calor Q = 6,0 · 104 J, o gás se expande, passando
a ocupar um volume VB = 600 L (fig. b).
c) Sabemos que Q = n · Cp (ΔT). Temos os valo-
res de n e Q. Assim, para calcular Cp precisa- C
mos de ΔT. Sendo a transformação isobárica, C
temos: VB
VA; TA
V1 V 200
= 2 ⇒ 400 = 300 ⇒ T2 = 600 K
T1 T2 T2
Assim: ΔT = T2 – T1 = 600 K – 400 K = 200 K
Portanto:
Q = n · Cp(ΔT) ⇒ Cp = Q ⇒
n · ΔT
Figura a. Figura b.

160 Capítulo 7
Para essa transformação, calcule: 43. Dentro de um cilindro munido de êmbolo há
a) o trabalho realizado pelo gás; um gás sob pressão 1,5·105 Pa e no estado
b) a variação de energia interna do gás. A indicado no diagrama abaixo. Esse gás tem
massa molar M = 44 g/mol e calor molar sob
39. Voltando à situação do exercício anterior, supo-
nha que R = 8,31 J/mol·K e que a massa molar pressão constante Cp = 29,1 J/mol·K. É dado
do gás seja M = 4,0 g/mol. Calcule: R = 8,31 J/mol·K.
a) o número de mols de moléculas do gás; V (m3)
b) a massa do gás; B
0,40
c) o calor específico sob pressão constante (cp)
desse gás;
d) o calor molar sob pressão constante (Cp) desse A
0,10
gás.
0
200 T (K)
40. Durante uma transformação isobárica um gás
ideal monoatômico realizou um trabalho de 600 J. Mantendo-se a pressão constante, o gás passa do
Qual é a variação da energia interna do gás? estado A para o estado B indicado no diagrama.
Calcule:
41. Certa quantidade de gás ideal monoatômico está
inicialmente no estado A indicado no diagrama, a) a temperatura no estado B;
à temperatura TA = 300 K. Esse gás pode passar b) o número de mols de moléculas do gás;
para o estado B de vários modos. O diagrama
ilustra três modos diferentes de executar a trans- c) o calor recebido pelo gás na transformação AB;
formação do estado A para o estado B: AXB, AYB d) o trabalho realizado pelo gás nessa transfor-
e AZB.
mação;
p (105 Pa) e) a variação de energia interna do gás na trans-
A X
3,0 formação AB;
Z f) o calor específico do gás sob pressão constante.
2,0

1,0
Y B 44. Um gás ideal tem calor molar a volume constante
0
0,8 3,2 V (m3) CV = 20,4 J/ mol · K. Sabendo que R = 8,3 J/mol · K,
a) Calcule a temperatura no estado B. calcule seu calor molar a pressão constante.
b) Sendo n o número de mols de moléculas do
gás e R a constante universal dos gases, cal- Resolu•‹o:
cule o valor de nR.
c) A variação de energia interna do gás entre os Pela Relação de Mayer, temos:
estados A e B depende da maneira como foi
feita a transformação? Cp – CV = R ⇒ Cp = R + CV ⇒
d) Calcule as energias internas do gás nos esta- ⇒ Cp = (20,4 J/mol·K) + (8,3 J/mol·K)
dos A e B.
e) Calcule a variação de energia interna do gás
Cp = 28,7 J/mol·K
na transformação do estado A para o estado B.

42. Considere novamente a situação do exercício


anterior. Calcule o calor (Q) recebido pelo gás e 45. Determinado gás ideal tem massa molar
o trabalho (š) realizado pelo gás nas seguintes M = 32 g/mol e calor molar sob pressão constante
transformações: Cp = 29,4 J/mol·K. Calcule:
a) AXB a) o calor molar a volume constante;
b) AYB b) o calor específico sob pressão constante;
c) AZB c) o calor específico a volume constante.

As leis da Termodinâmica 161


Exercícios de Reforço

46. Um gás ideal sofre uma transformação isobárica, seguir. Dê como resposta a soma dos números
sob pressão de 60 N/m2, indo do estado A para o que antecedem as sentenças verdadeiras.
estado B indicados no gráfico. (01) O processo é isobárico.
V (m3)
(02) A força exercida pelo gás sobre o êmbolo
vale 2·105 N.
3 A
(04) A energia interna do gás permanece cons-
2 tante durante o processo.
(08) O gás realiza trabalho de 50 J sobre a vizi-
1 B
nhança.
0 (16) A velocidade média das moléculas do gás é
100 200 300 T (K)
a mesma no início e no fim do processo.
Sabendo que nessa transformação o gás perdeu (32) O volume do gás, durante o processo,
uma quantidade de calor de 300 J, calcule a aumenta linearmente com a temperatura
variação de energia interna do gás. absoluta.
47. (Unifesp-SP) A figura representa uma amostra 49. (Vunesp-SP) Um pistão com êmbolo móvel con-
de um gás suposto ideal, contida dentro de um tém 2 mols de O2 e recebe 581 J de calor. O gás
cilindro. As paredes laterais e o êmbolo são adia- sofre uma expansão isobárica na qual seu volume
báticos; a base é diatérmica e está apoiada em aumentou de 1,66 L, a uma pressão constante
uma fonte de calor. de 105 N/m2. Considerando que nessas condi-
ções o gás se comporta como gás ideal, utilize
cilindro R = 8,3 J/(mol·K) e calcule:
êmbolo
a) a variação de energia interna do gás;
gás
b) a variação de temperatura do gás.
fonte de calor
50. (UF-GO) O esquema da figura representa um cilin-
Considere duas situações: dro de paredes adiabáticas, exceto a base, a qual
é diatérmica e tem uma área de 100 cm2. A parte
I. O êmbolo pode mover-se livremente, permi-
superior do cilindro é fechada por um pistão de
tindo que o gás se expanda a pressão constante.
50 kg, também adiabático, que pode mover-se
II. O êmbolo é fixo, mantendo o gás a volume livremente, mantendo confinada dentro do cilindro
constante. uma certa quantidade de gás ideal monoatômico
Suponha que nas duas situações a mesma quan- em equilíbrio. O gás é aquecido por meio de uma
tidade de calor é fornecida a esse gás, por meio chama colocada sob a base do recipiente até que
dessa fonte. Pode-se afirmar que a temperatura o pistão se eleve 10 cm. São dados: g = 10 m/s2
desse gás vai aumentar: e a pressão atmosférica é 105 N/m2.
a) igualmente em ambas as situações.
ilUSTRaçõeS: zapT

b) mais em I do que em II.


c) mais em II do que em I.
d) em I, mas se mantém constante em II.
e) em II, mas se mantém constante em I.
48. (UF-BA) Um cilindro, munido de um êmbolo
móvel, contém um gás ideal que ocupa um volu-
me de 3 L, à temperatura T1. O gás é aquecido,
lentamente, até a temperatura T2, quando passa a
ocupar um volume de 3,5 L. Durante o processo, Calcule:
a superfície externa do êmbolo, cuja área vale
a) o trabalho realizado pelo gás sobre o pistão;
0,5 m2, está sob ação de pressão atmosférica
constante e igual a 105 N/m2. b) a variação da energia interna do gás;
Sobre esse processo são feitas as afirmativas a c) o calor transferido pela chama para o gás.

162 Capítulo 7
51. (UF-MG) Um cilindro é fechado por um êmbolo (08) O gás absorve calor e realiza trabalho posi-
que pode se mover livremente. Um gás, contido tivo na transformação direta AB.
nesse cilindro, está sendo aquecido, como repre-
(16) O trabalho realizado pelo gás é o mesmo
sentado na figura.
pelos três caminhos.

ilUSTRaçõeS: zapT
53. (Fuvest-SP) Um grande cilindro com ar inicial-
mente à pressão p1 e temperatura ambiente
êmbolo
(T1 = 300 K) quando aquecido pode provocar
gás elevação de uma plataforma A, que funciona
com um pistão até uma posição mais alta.
Tal processo exemplifica a transformação do
calor em trabalho, que ocorre em máquinas
térmicas, à pressão constante. Em uma dessas
situações, o ar contido em um cilindro, cuja
Com base nessas informações, é correto afirmar área da base S é igual a 0,16 m2, sustenta uma
que, nesse processo: plataforma de massa MA = 160 kg a uma altura
a) a pressão do gás aumenta e o aumento da sua H1 = 4,0 m do chão (situação 1). Ao ser aque-
energia interna é menor que o calor forneci- cido, a partir da queima de um combustível, o
do. ar passa a uma temperatura T2, expandindo-se
b) a pressão do gás permanece constante e o e empurrando a plataforma até uma nova altura
aumento da sua energia interna é igual ao H2 = 6,0 m (situação 2).
calor fornecido.
São dados:
c) a pressão do gás aumenta e o aumento de sua
energia interna é igual ao calor fornecido. • pressão atmosférica: p0 = 1,0·105 Pa = 105 N/m2;
d) a pressão do gás permanece constante e o • calor específico do ar a pressão constante =
aumento da sua energia interna é menor do = 1,00·103 J/kg·K;
que o calor fornecido. • densidade do ar a 300 K = 1,1 kg/m3.
52. (UF-MS) Um gás ideal é levado da condição A até (p0)
A
a condição B por três caminhos distintos: ACB,
ADB e diretamente pela isoterma AB, como mos- (p0) A
g
tra o gráfico.
pressão A
D
p1 p1
H2 = 6,0 m
H1 = 4,0 m T1 T2

situação 1 situação 2
B Para verificar em que medida esse é um processo
C
0 eficiente, estime:
volume

Sobre essas transformações são feitas as afirma- a) a pressão p1 do ar dentro do cilindro, em pas-
tivas a seguir. Analise-as e dê como resposta a cals, durante a operação;
soma dos números que antecedem as sentenças b) a temperatura T2 do ar no cilindro, em kel-
verdadeiras. vins, na situação 2;
(01) A transformação AC é isobárica e o gás c) a eficiência do processo indicada pela razão
absorveu calor. ΔEp
(02) A transformação AD é isocórica e o trabalho R = , onde ΔEp é a variação da energia
Q
realizado pelo gás é negativo. potencial da plataforma, quando ela se deslo-
(04) A transformação direta AB é isotérmica ca da altura H1 para a altura H2, e Q, a quan-
e a variação da energia interna do gás é tidade de calor recebida pelo ar do cilindro
negativa. durante o aquecimento.

As leis da Termodinâmica 163


8. A Lei de Joule e o calor molar (a) p
X B
Vimos que, quando um gás ideal vai de um estado A para um estado B,
a quantidade de calor trocado (Q) e o trabalho realizado (š) dependem da Y
maneira como ocorreu a transformação. porém, a variação da energia interna Z
A
(ΔU) não depende da transformação, pois, de acordo com a lei de Joule, a
energia interna depende apenas da temperatura. Vamos usar esse fato para
V
chegar a outro modo de calcular a variação da energia interna.
(b) p
Na figura 14a representamos dois estados A e B de um gás ideal. o gás B
pode passar do estado A para o estado B de vários modos; assim, na figura
14a, representamos três modos (entre os vários): aXb, aYb e azb.
A
para qualquer um desses modos, a variação da energia interna será a mes-
C isoterma
ma. então, vamos escolher uma sequência especial, a que está representada
na figura 14b.
• em primeiro lugar fazemos uma transformação isotérmica aC. V
Figura 14.
• em seguida fazemos uma transformação isocórica Cb.

Sejam ΔUaC e ΔUCb, respectivamente, as variações de energia interna nas


transformações aC e Cb. a variação total de energia interna entre o estado
inicial A e o estado final B (ΔUab) deve ser igual à soma das variações parciais:
ΔUab = ΔUaC + ΔUCb
porém, como a transformação aC é isotérmica, temos ΔUaC = 0. para a
transformação isocórica sabemos que:
ΔUCb = QV = calor trocado a volume constante
assim: ΔUab = ΔUaC + ΔUCb = QV
0 QV
Mas vimos que: QV = m · cV(ΔT) = n · CV(ΔT)

ΔUAB = QV = m · cV(ΔT) = n · CV (ΔT) 10

CRiSTiNa XaVieR

9. Transformação adiabática
Quando um gás sofre uma transformação de modo que não recebe nem
fornece calor ao ambiente, dizemos que a transformação é adiabática. essa
palavra deriva do grego adiábatos, que significa “impenetrável”.
Um modo óbvio de conseguir uma transformação adiabática é colocar gás
em um recipiente cujas paredes sejam isolantes térmicos. Mas a transformação
adiabática pode também ocorrer quando o gás sofre uma compressão ou uma
expansão muito rápida. No curto intervalo de tempo em que ocorre a com-
pressão ou a expansão, não há tempo para o gás trocar calor com o ambiente.
Como exemplo de compressão rápida, podemos citar o caso em que uma
bola é cheia com ar usando-se uma bomba (fig. 15). Como exemplo de expan- Figura 15. Exemplo de uma trans-
são rápida, podemos citar os gases que saem de uma garrafa de refrigerante formação adiabática: no caso, uma
quando ela é aberta. compressão rápida.

164 Capítulo 7
Pela Primeira Lei da Termodinâmica, temos:
ΔU = Q – ö
Mas como Q = 0, concluímos que:

ΔU = – ö (transformação adiabática)

Expansão adiabática
Se o gás sofrer uma expansão adiabática, o seu trabalho será positivo, isto é, ö > 0.
Assim, teremos − ö < 0 e, portanto:
ΔU = – ö < 0
isto é, a energia interna diminui, o que significa que a temperatura diminui.

expansão adiabática ⇒ T diminui

Compressão adiabática
Numa compressão adiabática, o trabalho do gás será negativo (pois o volume dimi-
nui): ö < 0. Portanto, teremos – ö > 0 e, assim:
ProCurE no CD
ΔU = – ö > 0
isto é, a energia interna aumenta, o que significa que a temperatura aumenta. No capítulo 7 do
CD mostramos
compressão adiabática ⇒ T aumenta como calcular o
trabalho em uma
Esse aumento de temperatura pode ser observado no exemplo da bomba enchendo transformação
a bola (fig. 15). Ao fazermos isso, percebemos que a bomba se aquece. adiabática.

Diagrama de uma transformação adiabática


Em uma transformação adiabática há variação de temperatura. É possí- p

zAPT
vel demonstrar que, nessa transformação, o gráfico p × V tem o aspecto
indicado na figura 16.
pA A
Se o gás vai do estado A para o estado B, seu volume aumenta e sua
temperatura diminui (expansão adiabática).
Se o gás vai do estado B para o estado A, seu volume diminui e sua tem-
peratura aumenta (compressão adiabática). B
pB TA
No diagrama, as linhas pontilhadas são isotermas. TB
0
VA VB V
Equação de Poisson Figura 16.

O físico e matemático francês Denis Poisson (1781-1840) demonstrou que, numa


transformação adiabática, vale a equação:

pAVAγ = pBVBγ (Lei de Poisson)

onde γ é um número denominado raz‹o de Poisson, cujo valor é dado por:


c C
γ= p = p
cV CV
Na tabela 2 (página 159) apresentamos os valores da razão de Poisson para alguns
gases.

As leis da Termodinâmica 165


Exercícios de Aplicação

54. A temperatura de 5,0 mols de moléculas de um gás Pela Lei Geral dos Gases Perfeitos:
ideal aumenta 200 K. Sabendo que o calor molar
p1V1 pV
a volume constante desse gás é CV = 29 J/mol·K, = 2 2 ⇒ (9,6)(1,0) = (3,0)(2,0) ⇒
T1 T2 300 T2
calcule a variação da energia interna do gás.
⇒ T2 ≅ 188 K
55. Um gás ideal está inicialmente ocupando um
volume V1 = 1,0 L à temperatura T1 = 300 K
e sob pressão p1 = 9,6 atm. Esse gás sofre uma 56. Uma quantidade de gás ideal, de massa 80 gra-
transformação adiabática, passando a ocupar mas, sofre uma expansão adiabática, realizando
um volume V2 = 2,0 L. Sabendo que a razão de um trabalho de 1,3·104 J. O calor específico desse
5
Poisson desse gás é γ = , calcule a pressão e a gás a volume constante é cV = 0,65 J/g·K.
3
temperatura do gás no final. a) Calcule a quantidade de calor trocada entre o
gás e o ambiente externo.
Resolução: b) Qual é a variação da energia interna desse
gás?
Pela Lei de Poisson, temos:
5 5 c) Durante a expansão, a pressão do gás aumen-
p1V1γ = p2V2γ ⇒ (9,6)(1) 3 = p2(2) 3 ⇒ tou ou diminuiu?
5
⇒ 9,6 = p22 3 d) Durante a expansão, a temperatura do gás
aumentou ou diminuiu?
Elevando ao cubo os dois membros da equação:
e) Qual é a variação de temperatura sofrida pelo
5 3
(9,6)3 = p32 2 3 ⇒ (9,6)3 = p3225 ⇒ gás?
3
⇒ (9,6)3 = p32 32 ⇒ 9,6
3
= 32 ⇒ 9,6 = 32
57. Certa quantidade de gás ideal ocupa inicialmente
p2 p2 volume de 4,0 litros, sob pressão de 2,0 atm e à
Usando uma calculadora, obtemos
3
32 ≅ 3,2. temperatura de 200 K. Esse gás sofre uma com-
pressão adiabática, passando a ocupar um volu-
Assim:
me de 2,0 litros. Sabendo que a razão de Poisson
9,6 ≅ 3,2 ⇒ p ≅ 3,0 atm 3
p2 2 desse gás é , calcule a pressão e a temperatura
2
desse gás no final da compressão.

Exercícios de Reforço

58. Um gás perfeito, cujo calor específico a pressão b) o gás realiza trabalho para o meio exterior.
constante é 20,8 J/mol·K, está inicialmente c) a energia interna do gás aumenta.
à temperatura de 150 ºC. O gás passa por uma d) o volume do gás aumenta.
transformação tal que no final sua temperatura é
e) a pressão do gás diminui.
30 ºC. Sabendo que o número de mols de molécu-
las do gás é 2,5 e que R = 8,3 J/mol·K, calcule 60. (ITA-SP) Uma bolha de gás metano com volume
a variação da energia interna sofrida pelo gás. de 10 cm3 é formado a 30 m de profundidade num
lago. Suponha que o metano comporta-se como
59. (U. F. Uberlândia-MG) Um gás ideal é comprimido um gás ideal de calor específico molar CV = 3R e
tão rapidamente que o calor trocado com o meio considere a pressão atmosférica igual a 105 N/m2.
é desprezível. É correto afirmar que: Supondo que a bolha não troque calor com a
água ao seu redor, determine seu volume quan-
a) a temperatura do gás diminui. do ela atinge a superfície.

166 Capítulo 7
10. Transformação cíclica
Mais adiante veremos que, nas máquinas térmicas (como, por exemplo, a máqui- p
B C
na a vapor), os gases sofrem transformações cíclicas. isso quer dizer que o gás sai de
um estado inicial A, sofre várias transformações e no final volta ao estado A. D
A
Na figura 17 vemos um exemplo de transformação cíclica: o gás sai do estado A, vai
em seguida para os estados B, C, D e E e, no final, volta ao estado A. Cada sequência E

desse tipo de transformação é chamada de ciclo. em um ciclo, o estado final coincide


V
com o estado inicial e, portanto, a temperatura final coincide com a temperatura inicial. Figura 17.
assim, de acordo com a lei de Joule, durante um ciclo a variação da energia interna é
nula:
ΔU = 0 (em cada ciclo)
aplicando a primeira lei da Termodinâmica ao ciclo, temos:

ΔU = Q – ö ⇒ Q = ö (em cada ciclo)


0

Ciclos horários e anti-horários (a)


p
Quando representamos um ciclo num diagrama p × V, podem ocorrer duas situações:
• a sequência de transformações ocorre no sentido horário (fig. 18a);
š>0
• a sequência de transformações ocorre no sentido anti-horário (fig. 18b).

Nas duas situações, a área da região que está no interior do gráfico nos dá o módulo V
do trabalho realizado, sendo: (b)
ciclo horário ⇒ ö > 0 (fig. 18a) p

ciclo anti-horário ⇒ ö < 0 (fig. 18b)


š<0
Vamos verificar esse fato considerando primeiramente um ciclo horário (fig. 19a).

(a) p C (b) p C (c) p


V
A B A B A B
Figura 18.
A1 D
D A2
0 0 0
V V V
Figura 19.

Tomando os pontos extremos A e B que correspondem à mesma pressão, vamos


dividir o ciclo em duas fases: a fase aCb (fig. 19b) e a fase bDa (fig. 19c).
No trecho aCb, o gás se expandiu e, portanto, o trabalho nesse trecho é positivo.
por outro lado, sabemos que, em módulo, o trabalho é dado pela área A1. assim:
öaCb = a1
No trecho bDa, o gás teve seu volume diminuído e, assim, o trabalho é negativo. p š=A>0
portanto:
öbDa = –a2 A
Sendo ö o trabalho total no ciclo, temos:
ö = öaCb + öbDa = a1 – a2 = a > 0 0
V
onde A é a área da região dentro do gráfico do ciclo (fig. 20). Figura 20.

As leis da Termodinâmica 167


portanto, quando o ciclo ocorre no sentido horário, o trabalho total do gás é po-
sitivo. Como Q = ö, o calor também é positivo, isto é, o gás recebeu calor, o qual
foi totalmente convertido em trabalho. É o que ocorre nas máquinas térmicas, que
analisaremos mais detalhadamente adiante. Resumindo:
ciclo horário ⇒ Q = ö > 0 (calor → trabalho)
Seguindo o mesmo procedimento desenvolvido anteriormente, você poderá mostrar p š = –A < 0
que, no caso de um ciclo anti-horário (fig. 18b), o trabalho total do gás é negativo e, em
módulo, igual à área da região no interior do gráfico do ciclo (fig. 21). A
Como ö = Q, temos:
Q=ö<0 0
isso significa que o gás perdeu calor e o agente externo realizou trabalho so- V

bre o gás. É o que ocorre numa máquina frigorífica (como uma geladeira), a qual será Figura 21.
estudada com mais detalhe adiante.
Nesse caso, o trabalho realizado pelo agente externo é transformado em calor:
ciclo anti-horário ⇒ ö = Q < 0 (trabalho → calor)

Exercícios de Aplicação

61. Um gás ideal sofre a transformação cíclica indica- 62. Determinada p (105 Pa)
da no diagrama. Calcule o trabalho realizado pelo porção de gás 4,5
gás nesse ciclo. ideal executa 3,0
o ciclo indi-
p (105 Pa) 1,5
cado no dia-
5,0 0
grama. 0,10 0,40 V (m3)
4,0
a) O trabalho realizado pelo gás em um ciclo é
positivo ou negativo?
2,0
b) Calcule o trabalho realizado pelo gás em cada
ciclo.
0 c) Durante um ciclo, esse gás recebe ou fornece
1,0 4,0 V (m3)
calor ao ambiente?
Resolu•‹o: d) Qual é o calor trocado pelo gás em um ciclo?
Em módulo, o trabalho é dado pela área da re- e) Supondo que o gás realize 10 ciclos por
gião sombreada no diagrama abaixo, que é um segundo, calcule a potência fornecida por
trapézio: esse gás.
p (105 Pa)
5,0
63. Um gás ideal executa o ciclo representado na
figura.
4,0
3,0 p (105 Pa)
2,0
3,0
2,0
3,0 2,0
1,0
0
1,0 4,0 V (m3) 0
0,20 0,80 V (m3)
(2,0 · 10 + 3,0 · 10 )(3,0)
5 5
|ö| = a) Durante um ciclo, o trabalho do gás é positivo
2
ou negativo?
|ö| = 7,5 · 105 J
b) Durante um ciclo, esse gás recebeu ou forne-
Como o ciclo foi realizado no sentido anti-horá- ceu calor ao ambiente?
rio, o trabalho foi negativo: c) Qual é o trabalho do gás num ciclo?
ö = –7,5 · 105 J d) Qual é a quantidade de calor trocada pelo gás
em um ciclo?

168 Capítulo 7
64. Vinte mols de moléculas de um gás ideal sofrem O calor molar a pressão constante é
a transformação representada na figura.
Cp = 20,8 J/mol·K, e o calor molar a volume
p (105 N/m2)
A B constante é CV = 12,5 J/mol·K.
1,50
Calcule:

a) o trabalho (š) realizado no ciclo;


0,50
D C
b) o calor fornecido ao gás em AB (QAB);
0
1,0 2,0 V (m3) c) o calor cedido pelo gás em CD (QCD).

Exercícios de Reforço

65. Certa porção de gás ideal, contendo 8,0 mols de c) II e III são verdadeiras e I e IV, falsas.
moléculas, tem calor molar a volume constante d) II e IV são verdadeiras e I e III, falsas.
CV = 12,7 J/mol·K. Esse gás é resfriado de modo
que sua temperatura diminui 50 K. Qual é a e) III e IV são verdadeiras e I e II, falsas.
variação da energia interna do gás?
69. (UF-PR) Um gás ideal está contido no interior de
66. Para a situação da questão anterior, supondo que um recipiente cilíndrico provido de um pistão,
3
o gás tenha recebido calor de 1,02 · 10 J, pode- conforme a figura. Considere que, inicialmente,
mos afirmar que o trabalho realizado pelo gás foi: o gás esteja a uma pressão p, a uma temperatura
T e num volume V.
a) –4,06 kJ d) –6,10 kJ
b) 4,06 kJ e) 2,04 kJ

zapT
c) 6,10 kJ

67. (Vunesp-SP) Um mol de gás monoatômico, classi- g‡s


ficado como ideal, inicialmente à temperatura de
60 °C, sofre uma expansão adiabática, com reali-
zação de trabalho de 249 J. Se o valor da constan- Com base nesses dados e nas leis da termodinâ-
te dos gases R é 8,3 J/(mol·K), calcule o valor da mica, analise as afirmativas a seguir e dê como
temperatura do gás ao final da expansão. resposta a soma dos números que antecedem as
sentenças verdadeiras.
68. (UF-PI) Analise as afirmativas seguintes e classi-
(01) Em uma transformação adiabática, o gás
fique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F ).
absorve calor do meio externo.
I. O trabalho feito por um gás numa expansão (02) A energia interna do gás permanece cons-
isotérmica é maior, em valor absoluto, que em tante em uma transformação isotérmica.
uma expansão adiabática.
(04) Em uma expansão isobárica, a energia inter-
II. Sob pressão constante, a fusão de uma subs-
na do gás diminui.
tância pura se processa isotermicamente.
(08) Em uma transformação isovolumétrica, a
III. Ponto triplo é um estado único para cada
substância pura, no qual podem coexistir, em variação de energia interna do gás é igual à
equilíbrio, as fases sólida, líquida e de vapor quantidade de calor que o gás troca com o
da mesma substância. meio externo.
IV. Gás e vapor são termos equivalentes, podendo (16) Pode-se diminuir a pressão do gás mediante
ser aplicados indistintamente a um mesmo a realização de uma expansão isotérmica.
fluido nas mesmas condições.
70. (Unifap-AP) Um sistema formado por um gás
Verifique qual é a alternativa correta.
ideal experimenta um processo reversível ou
a) I, II e III são verdadeiras e IV, falsa. cíclico, seguindo a trajetória mostrada no diagra-
b) I e II são verdadeiras e III e IV, falsas. ma pressão (p) versus volume (V).

As leis da Termodinâmica 169


p A partir da análise do gráfico, julgue as seguintes
B C
afirmações:
I. A temperatura absoluta do gás no ponto C é 3
vezes a sua temperatura absoluta no ponto A.
D II. O trabalho realizado pelo gás ao longo de um
A
0 ciclo foi de 105 joules.
V
III. Ao longo do ciclo ABCDA, a variação da ener-
Obtenha a soma dos valores numéricos associa- gia interna do gás foi positiva.
dos às proposições verdadeiras, a partir desse
IV. A temperatura do gás permaneceu constante
diagrama.
durante todo o ciclo ABCDA.
(01) A energia interna do sistema diminui ao ir V. O ciclo ABCDA é constituído por duas trans-
do estado A para o estado B. formações isobáricas e duas adiabáticas.
(02) O sistema perde calor ao ir do estado B para Verifique a alternativa que contém apenas afir-
o estado C. mações corretas:
(04) O sistema perde calor ao ir do estado C para a) I e III d) II e V
o estado D.
b) II e IV e) III e IV
(08) O sistema ganha calor no processo de trans-
formação C → D → A. c) I e II

71. (UF-PA) Em seus livros de Física, João descobriu 72. (UF-PE) Uma máquina térmica executa o ciclo
que o trabalho realizado por uma máquina térmi- descrito no diagrama p × V. O ciclo se inicia no
ca industrial está relacionado com pressão, volu- estado A, vai para o B, seguindo a parte superior
me e temperatura do gás utilizado pela máquina. do diagrama, e retorna para A, passando por C.
A figura abaixo representa um ciclo realizado por Sabendo que p0V0 = 13 J, calcule o trabalho rea-
um gás ideal. lizado por esta máquina térmica ao longo de um
ciclo, em joules.
pressão (N/m2)
p
3 · 105 B C B
3p0

2 · 105 2p0 A
A D
p0 C

0 0
1 2 volume (m3) V0 3V0 V

11. Máquinas térmicas


zapT

fonte
Chamamos de máquina térmica todo dispositivo que transforme calor em tra- Tq
quente
balho. Um exemplo é a máquina a vapor, cujo esquema apresentamos no início do
capítulo. o vapor é aquecido e a seguir introduzido num cilindro, movimentando um Qq
pistão, isto é, realizando trabalho. porém, nem todo calor produzido é transformado em
š
trabalho. Uma parte é perdida para o meio externo. máquina
Na figura 22, apresentamos um esquema geral das máquinas térmicas. Uma fonte térmica
quente à temperatura Tq (a caldeira, no caso da máquina a vapor) fornece à máquina
Qf
uma quantidade de calor Qq. parte desse calor é transformada em trabalho (ö) e o res-
tante (Qf) é transferido a uma fonte que está a uma temperatura Tf inferior à da fonte
fonte
quente, sendo denominada, por isso, fonte fria (o ambiente externo, no caso da má- Tf < Tq
fria
quina a vapor). Temos, então:
Qq = ö + Qf ou ö = Qq – Qf Figura 22.

170 Capítulo 7
O rendimento da máquina térmica (η) é definido como sendo a razão entre ö e Qq:

η= ö 11
Qq

Mas, como ö = Qq – Qf, teremos:


Q – Qf
η= ö = q
Q
=1– f 12
Qq Qq Qq

O rendimento de uma máquina térmica é também chamado eficiência da máquina


térmica. Como podemos observar na equação anterior, o rendimento só seria igual a 1
(isto é, 100%) se Qf = 0. Mas, como veremos adiante, isto é impossível. Uma máquina
térmica nunca consegue transformar todo o calor recebido (Qq) em trabalho. Sempre
existe uma parcela de calor enviada para a fonte fria (Qf), isto é, teremos sempre Qf ∙ 0.
Portanto, o rendimento será sempre menor que 1. As máquinas a vapor têm em geral
um rendimento baixo, em torno de 15%.

Máquina a vapor
Na figura 23, apresentamos um esquema de máquina a vapor. Na caldeira, a água é
aquecida e transformada em vapor, o qual penetra no cilindro pela abertura B, onde há
uma válvula que se abre para o vapor entrar e empurrar o pistão para cima. Quando o
pistão chega a seu ponto mais alto, fecha-se a válvula B e abre-se a válvula A (fig. 24),
ocasionando a saída de vapor e a descida do pistão. Quando o pistão chega embaixo, o
processo se repete. O movimento de sobe e desce do pistão pode ser transformado em
movimento de rotação por meio de um mecanismo como o da figura 25.

SCIeNCe MUSeUM, lONdON/dIOMedIA


A A
vapor

B
B
‡gua água

Figura 23. Figura 24. Figura 25. Mecanismo de pistão


com movimento de rotação.
Há modelos de máquinas em que o vapor que sai pela válvula A é perdido. Porém,
há modelos em que o vapor é reaproveitado, como na figura 26. O vapor expelido é
enviado a uma serpentina que está dentro de um recipiente onde passa água fria, a
qual provoca condensação do vapor, que será reaproveitado.
IlUStrAçõeS: zAPt

água
água
condensador

Figura 26.

As leis da Termodinâmica 171


Na figura 27, temos a forma aproximada do ciclo da máquina a vapor, p

zapT
o qual tem sentido horário; assim, a área dentro da curva representa o A B
trabalho realizado pelo vapor a cada ciclo. observamos, nesse ciclo, cinco
š C
fases:
E D
Fase AB o vapor entra no cilindro sob alta pressão, aproximadamente
constante.
V
Figura 27.
Fase BC o vapor se expande, empurrando o pistão, de modo
aproximadamente adiabático.

ilUSTRaçõeS: lUiz aUgUSTo RibeiRo


(a) vela
Fase CD abre-se a válvula A (que permite a saída do vapor), produzindo-
se um abaixamento brusco de pressão. válvula
de escape
Fase DE Sob pressão aproximadamente constante, quase todo o vapor é
expulso, mas sobra um pouco, pois a válvula A é fechada antes cilindro
que o pistão abaixe completamente.
pistão
Fase EA o vapor restante é comprimido de modo aproximadamente
adiabático, voltando-se ao ponto inicial.

Motor a explosão (b)


v‡lvula de admiss‹o

a máquina a vapor é também chamada de máquina de combustão


externa, pois o calor é produzido pela queima do combustível (carvão,
lenha) fora do cilindro. Já o motor de um automóvel é uma máquina tér-
mica de combustão interna, pois o combustível é queimado dentro do
cilindro onde está o vapor, como ilustraremos a seguir.
outra diferença entre a máquina a vapor e o motor do automóvel é a
rapidez com que se produz a combustão. No caso da máquina a vapor,
a produção de calor é contínua, por meio da queima contínua do carvão
ou da lenha. No automóvel, a queima é rápida, por meio de pequenas
explosões. por isso o motor do automóvel é também chamado de motor (c)
a explosão.
o motor dos automóveis utiliza um ciclo que tem quatro fases, sendo
por isso denominado motor a explosão de quatro tempos (fig. 28).

• 1o. tempo – admissão: o pistão desce (fig. 28a) enquanto a válvula


de admissão se abre, e desse modo uma mistura de ar e vapor de
gasolina é aspirada para dentro do cilindro.

• 2o. tempo – compressão: a válvula de admissão se fecha e o pistão


sobe (fig. 28b), comprimindo o vapor de modo aproximadamente
adiabático e provocando um aumento da temperatura.
(d)
• 3 . tempo – explosão: Um dispositivo elétrico, denominado vela,
o

emite uma faísca elétrica (fig. 28c), provocando a combustão rápi-


da (explosão) do vapor. isso provoca um aquecimento dos gases,
aumentando a pressão, o que por sua vez produz uma expansão
aproximadamente adiabática dos gases, empurrando o pistão para
baixo.

• 4o. tempo – expulsão: ocorre a abertura da válvula de escape en-


quanto o pistão sobe, expulsando os gases queimados (fig. 28d). Figura 28.

172 Capítulo 7
esse processo pode ser descrito aproximadamente pelo ciclo da figura 29,
denominado ciclo de Otto, pois foi o engenheiro alemão Nikolaus otto
(1832-1891) quem primeiro conseguiu construir um motor de quatro tempos,
em 1876. Nesse ciclo temos: p
D
• Durante a fase ab, a mistura gasosa penetra no cilindro sob pressão adiabáticas
Qq
atmosférica, aumentando o volume de V1 para V2 (1o. tempo).
E
• Na fase bC, a mistura gasosa é comprimida adiabaticamente (2o. tem- C
po). Qf
patm
• Na fase CD, ocorre a combustão e, assim, o gás recebe uma quantidade A B

de calor Qq. Como a combustão é muito rápida, nessa fase o volume


V1 V2 V
fica aproximadamente constante, enquanto a pressão e a temperatura
aumentam. Figura 29.

• Na fase De, ocorre a expansão adiabática do gás. a transformação CDe


corresponde ao 3o. tempo.
• Na fase eb, o gás cede calor ao ambiente (sistema de refrigeração) e sua

alaMY/oTHeR iMageS
pressão diminui a volume constante.
• Na fase ba, os gases são expulsos sob pressão atmosférica (saindo pelo
escapamento do automóvel). a transformação eba corresponde ao
4o. tempo.

os motores de automóveis têm, em geral, quatro cilindros (e quatro pis-


tões), de modo que a cada instante há um pistão executando um dos tempos
(fig. 30).
Como vimos, o 1º. tempo se inicia com o movimento descendente de um
pistão. assim, quando o motor está parado, e para que se inicie o processo, há
um pequeno motor elétrico que dá a arrancada inicial. esse motor é denomina-
do motor de arranque, e utiliza a energia da bateria do automóvel.

Máquinas térmicas e poluição Figura 30. Detalhe dos quatro cilin-


dros de um motor de automóvel.
as máquinas térmicas trouxeram grandes benefícios à hu-
manidade. porém, elas são também produtoras de dois tipos de
poluição: a atmosférica e a térmica.
a poluição atmosférica resulta da queima dos combus-
tíveis fósseis, como o carvão, a lenha, o gás, a gasolina, etc.,
cujos resíduos são lançados na atmosfera (fig. 31). No caso de
automóveis, ônibus e caminhões, como a combustão é muito
rápida, não há a queima total do combustível; assim, são lança-
gUilHeRMe laRa CaMpoS/FoToaReNa/FolHapReSS

das na atmosfera várias substâncias tóxicas. para diminuir esse


efeito, nos últimos anos os veículos têm sido equipados com
dispositivos que reduzem essa emissão. porém, mesmo que a
combustão seja completa, existe a liberação de Co2, que absor-
ve parte da radiação infravermelha emitida pela Terra, causan-
do o efeito estufa (explicado no capítulo 5).
além dos resíduos decorrentes da queima do combustí-
vel, as máquinas térmicas enviam calor para o meio ambien-
te, aquecendo-o: é a poluição térmica. esse efeito é parti-
cularmente importante no caso das usinas termelétricas, que
produzem energia elétrica a ser consumida pelas indústrias e Figura 31. A faixa escura no horizonte é a poluição
residências. atmosférica.

As leis da Termodinâmica 173


No brasil, a maioria das usinas elétricas usa a energia vapor

lUiz aUgUSTo RibeiRo


da água para mover os geradores de eletricidade: são as
turbina gerador
hidrelétricas. No entanto, nos estados Unidos e na europa, caldeira
a maior parte da energia elétrica é produzida nas termelé- vapor
tricas, cujo funcionamento está representado na figura 32. água
Uma fonte de calor aquece a água da caldeira, que se trans-
forma em vapor. esse vapor movimenta uma turbina, a qual
condensador
por sua vez faz movimentar o gerador que produzirá a ener-
fonte
gia elétrica (conforme veremos no volume 3). esse mesmo de bomba água fria
vapor é resfriado em um condensador, onde é transformado calor
novamente em água líquida, a qual é bombeada de volta à água quente
caldeira. Figura 32.
o resfriamento do vapor pode ser feito usando-se a água
de um rio ou de um lago, o que causa danos ecológicos. o
aquecimento da água e a consequente diminuição do oxigênio
nela dissolvido alteram as condições de vida de vários organis-
mos que vivem nas águas, podendo provocar o aumento de
organismos patológicos, como, por exemplo, certos tipos de

geRSoN geRloFF/pUlSaR iMageNS


bactérias.
outro modo de resfriar o vapor interno é utilizar a água
contida em torres (fig. 33). essa água é, então, transformada
em vapor, que é enviado para a atmosfera, podendo alterar o
regime de chuvas.
a produção de calor em uma termelétrica pode ser feita
de dois modos: pela queima de combustíveis fósseis (carvão,
petróleo, gás), ou por meio de reações nucleares (que es-
tudaremos no volume 3), como ocorre nas usinas nucleares
(por exemplo, as de angra dos Reis, no brasil). Nessas usinas,
a divisão de núcleos de urânio produz o calor. No caso do
combustível fóssil, além da poluição térmica há a poluição
atmosférica (resíduos da combustão). No caso da usina nu- Figura 33. Usina de Gundremmingen, na Alemanha.
clear, há não só a poluição térmica como também um pro-
blema muito sério: o lixo atômico. o que chamamos de lixo
atômico é o que resta após a divisão do urânio. esse “resto”
emite radiações muito perigosas para os seres vivos, podendo
causar câncer e mutações genéticas. por isso, o lixo atômico
não pode ser simplesmente jogado em qualquer lugar; tem
de ser guardado em lugares especiais que não deixem passar
SCieNCe pHoTo libRaRY/laTiNSToCK

a radiação.

12. o Ciclo de Carnot


em 1824, o francês Sadi Carnot publicou um trabalho de grande importância, de-
nominado Reflexões sobre o poder motriz do fogo e sobre as máquinas adequadas
para desenvolver esse poder. Nesse trabalho, ele fez uma análise profunda do funcio-
namento das máquinas térmicas e propôs um ciclo ideal, cujo rendimento seria o maior
possível.
o ciclo idealizado por Carnot está representado na figura 35. ele é formado por Figura 34. Sadi Carnot
quatro transformações, sendo duas isotérmicas e duas adiabáticas. (1796-1832).

174 Capítulo 7
o ciclo se inicia com a expansão isotérmica ab (à temperatura p
isotérmicas
Tq), durante a qual o gás recebe o calor Qq da fonte quente.
a segunda fase do ciclo é a expansão adiabática bC, no fim da A
qual o gás está à temperatura Tf. Qq
a terceira fase do ciclo é a compressão isotérmica CD (à tem- adiabáticas
peratura Tf), durante a qual o gás fornece o calor Qf para a fonte fria. B
a última fase do ciclo é a compressão adiabática Da, no fim da Tq
qual o gás voltou ao estado inicial A e à temperatura Tq.
para esse ciclo, Carnot demonstrou que: D

Qf T Qf Tf
C
= f 13
Qq Tq V
Como vimos, o rendimento de uma máquina térmica qualquer é Figura 35.
dado por:
Q Qq – Qf
η=1– f =
Qq Qq
portanto, para a máquina de Carnot o rendimento será:

Tf T –T
ηCarnot = 1 – = q f 14
Tq Tq

e esse é o maior rendimento possível para uma máquina térmica que funcione entre
as temperaturas Tq e Tf. É importante observar que esse rendimento não depende do
fluido utilizado.
o rendimento de Carnot vale para situações ideais. Na prática, as máquinas que
utilizam o ciclo de Carnot conseguem rendimentos de no máximo 80% do previsto por
Carnot. isso se deve a diversas perdas, que têm como causas, por exemplo: o atrito; o
fato de que os isolamentos nunca são perfeitos; e o fato de as transformações teorica-
mente adiabáticas, na prática, não serem exatamente adiabáticas.

Exercícios de Aplicação

73. Uma máquina térmica obtém trabalho à custa Isso significa que a máquina transforma em
de um gás realizando ciclos de transformações. trabalho 15% do calor recebido.
Em cada ciclo o gás recebe da fonte quente uma c) A potência útil é a razão entre o trabalho
quantidade de calor Qq = 800 J e envia para a realizado e o tempo gasto para realizá-lo:
fonte fria uma quantidade de calor Qf = 680 J. ö 120 J
Suponha que cada ciclo ocorra num intervalo de Pu = Δt = 0,20 s = 600 J/s ⇒ Pu= 600 W
tempo Δt = 0,20 s. Calcule:
a) o trabalho realizado pela máquina em cada
ciclo; 74. O fluido de uma máquina térmica realiza ciclos
de transformações à razão de 5,0 ciclos por
b) o rendimento (eficiência) da máquina; segundo. Em cada ciclo a máquina retira 500 J
c) a potência útil da máquina. de calor da fonte quente e rejeita 350 J de calor
Resolução: para a fonte fria. Calcule:

a) O trabalho é a diferença entre o calor recebido a) o trabalho realizado pela máquina a cada ciclo;
e o calor rejeitado: b) a potência útil dessa máquina;
c) o rendimento dessa máquina.
ö = Qq – Qf = 800 J – 680 J ⇒ ö = 120 J

b) O rendimento é dado por: 75. Uma máquina de Carnot funciona entre


ö 120 J duas fontes de calor a temperaturas
η= = = 0,15 = 15% ⇒ η = 15%
Qq 800 J Tf = 300 K e Tq = 400 K, de modo que, em cada

As leis da Termodinâmica 175


ciclo, recebe da fonte quente uma quantidade de 76. Em uma máquina térmica, o fluido realiza ciclos
calor Qq = 1 200 J. de Carnot estando a fonte quente à temperatura
de 400 K e a fonte fria à temperatura de 240 K.
Calcule: Sabendo-se que, a cada ciclo, a máquina recebe
a) o rendimento dessa máquina; 1 200 J de calor da fonte quente, calcule:
b) o trabalho realizado pela máquina em cada ciclo;
a) o rendimento dessa máquina;
c) o calor enviado para a fonte fria em cada ciclo.
b) o trabalho realizado pela máquina, a cada ciclo;
Resoluç‹o: c) o calor rejeitado para a fonte fria, a cada ciclo.
a) Para o ciclo de Carnot, vimos que o rendimen- 77. Um engenheiro afirma ter construído uma
to é dado por: máquina térmica que, a cada ciclo, recebe 800 J
T 300 3 1 de calor da fonte quente e rejeita 320 J de calor
η=1– f =1– =1– = ⇒
Tq 400 4 4 para a fonte fria. Sabendo-se que as fontes
quente e fria estão às temperaturas de 600 K
⇒ η = 0,25 = 25% ⇒ η = 25% e 300 K, respectivamente, pergunta-se: isso é
possível? Por quê?
b) Por definição, temos:
ö 78. O rendimento de uma máquina térmica de Carnot
η= ⇒ ö = ηQq = (0,25)(1 200 J) ⇒
Qq é 40%. Sendo T1 a temperatura absoluta da fonte
quente e T2 a temperatura absoluta da fonte fria,
⇒ ηQq = 300 J ⇒ ö = 300 J podemos afirmar que:

c) Qq = ö + Qf ⇒ Qf = Qq – ö ⇒ a) T1 = 40% de T2
⇒ Qf = 1 200 J – 300 J = 900 J b) T2 = 40% de T1
Poderíamos também calcular Qf lembrando c) T1 = 60% de T2
que, para o ciclo de Carnot, temos: d) T2 = 60% de T1
Qf T Qf 300
= f ⇒ = ⇒ Qf = 900 J e)
T2
=
5
Qq Tq 1 200 400
T1 3

Exercícios de Reforço

79. (UE-PA) Desde o advento da máquina a vapor a) I e II c) II e III e) III e IV


que embarcações usam máquinas térmicas para b) I e IV d) II e IV
sua propulsão. Com o avanço da tecnologia, as
máquinas térmicas vêm sofrendo grande evolução 80. (UF-PE) Dois corpos idênticos, de capacidade tér-
e hoje são mais eficientes que suas precursoras. mica C = 1,3 · 107 J/°C e temperaturas iniciais
Analise as seguintes afirmações sobre as máqui- T1 = 66 °C e T2 = 30 °C, são usados como fontes
nas térmicas: de calor para uma máquina térmica. Como con-
sequência o corpo mais quente esfria e o outro
I. O rendimento de um motor moderno de uma esquenta, sem que haja mudança de fase, até que
lancha é muito próximo de 100%. as suas temperaturas fiquem iguais a Tf = 46 °C.
II. No motor a gasolina de um barco, quando Determine o trabalho total realizado por esta
ocorre a queima e a expansão do combustível, máquina, em unidades de 106 J.
sua energia interna permanece constante.
III. O rendimento do motor de um navio que 81. (UF-PI) Sobre calor e termodinâmica, analise as
navega no rio Amazonas é teoricamente afirmativas a seguir e diga quais são verdadeiras.
menor do que quando navega na Antártida. I. O ciclo de Carnot, num diagrama PV, é esbo-
IV.Uma máquina térmica de rendimento 40%, çado usando alternadamente duas isotérmicas
que realiza um trabalho útil de 8 000 J, rejeita e duas adiabáticas.
para o ambiente 12 000 J. II. A transformação adiabática é caracterizada
Estão corretas as afirmativas: por não haver trocas de calor entre o sistema

176 Capítulo 7
e o meio externo, e em consequência não 83. (UF-MG) As máquinas térmicas funcionam em
existe realização de trabalho. ciclos. Em cada ciclo, elas absorvem calor de uma
III. Para ferver uma massa de 1 kg de água, ao fonte quente, produzem trabalho e cedem calor
nível do mar, a qual está inicialmente a 37 °C, a uma fonte fria.
necessitamos fornecer 63 000 calorias à água Uma indústria precisa adquirir uma máquina que
(cágua = 1 cal/g · ºC). opere com a fonte quente a 600 K e com a fonte
IV. Em uma mudança de estado, toda a energia fria a 300 K.
térmica recebida pela substância é usada para Foram-lhe apresentadas três propostas, resu-
mudar o seu estado de agregação. midas abaixo, de máquinas com características
básicas diferentes.
82. (UF-CE) A figura mostra um ciclo de Carnot,
representado no diagrama p × V. Para cada proposta, explique se o funcionamento
da máquina descrita é compatível com as leis da
p
zapT
Física. Em caso afirmativo, calcule a eficiência
A da máquina.
Proposta I: Em cada ciclo, a máquina retira 400 J
B da fonte quente, realiza 200 J de trabalho e cede
250 J para a fonte fria.
D
T2 Proposta II: Em cada ciclo, a máquina retira 400 J
C T1 da fonte quente e realiza essa mesma quantidade
0 de trabalho.
V
Proposta III: Em cada ciclo, a máquina retira 400 J
Se no trecho B → C, desse ciclo, o sistema for- da fonte quente, realiza 100 J de trabalho e cede
nece 60 J de trabalho ao meio externo, então é 300 J para a fonte fria.
verdade que, nesse trecho:
a) o sistema recebe 60 J de calor e sua energia
84. (UF-CE) A eficiência de uma máquina de Carnot
que opera entre a fonte de temperatura alta (T1)
interna diminui.
e a fonte de temperatura baixa (T2), é dada pela
b) o sistema recebe 60 J de calor e sua energia T
interna não varia. expressão n = 1 – 2 , em que T1 e T2 são medi-
T1
c) o sistema rejeita 60 J de calor e sua energia das na escala absoluta de Kelvin. Suponha que
interna não varia. você dispõe de uma máquina dessas com uma
d) não há troca de calor e sua energia interna eficiência n = 30%. Se você dobrar o valor da
aumenta de 60 J. temperatura absoluta da fonte quente, a eficiên-
cia dessa máquina passará a ser igual a:
e) não há troca de calor e sua energia interna
diminui de 60 J. a) 40% b) 45% c) 50% d) 60% e) 65%
THiNKSToCK/geTTY iMageS

13. Refrigeradores, condicionadores de ar e


bombas de calor
Vimos que, na máquina térmica, há um fluxo de calor de uma fonte quen-
te para uma fonte fria, fato que não nos causa estranhamento. No entanto,
em um refrigerador (fig. 36), ocorre algo aparentemente impossível: há um
fluxo de calor da parte de dentro (que está fria) para o exterior (que está mais
quente que o interior), e esse calor sai pela parte traseira do refrigerador (po-
demos observar que o ar próximo à parte traseira está mais quente que o ar
do resto do ambiente). Naturalmente esse fluxo de calor não é espontâneo,
ele é forçado por um motor, e mais adiante mostraremos como isso é feito.
por enquanto vamos fazer a “contabilidade” da energia. Figura 36. Refrigerador doméstico.

As leis da Termodinâmica 177


Na figura 37a relembramos o esquema de uma máquina

ilUSTRaçõeS: zapT
Tq Tq
térmica. Uma quantidade de calor Qq é retirada da fonte
Qq Qq
quente (que está à temperatura Tq). Uma parte desse calor
(Qf) é enviada à fonte fria (que está à temperatura Tf) e o
resto é transformado em trabalho (ö). š š
Se invertermos os sentidos das flechas da figura 37a ob-
teremos o esquema de um refrigerador (fig. 37b). Realizan-
Qf Qf
do um trabalho (ö) um motor retira uma quantidade de calor
Qf da fonte fria e uma quantidade de calor Qq é enviada à Tf Tf
fonte quente. (a) Máquina térmica: (b) Refrigerador:
os chamados aparelhos de ar condicionado (ou con- Qq = ö + Qf ö + Qf = Qq
dicionadores de ar), que refrigeram ambientes, funcionam
Figura 37. Comparação da máquina térmica com o
seguindo o mesmo esquema da figura 37b. refrigerador.

Bombas de calor
Bombas de calor são aparelhos semelhantes aos con-

ilUSTRaçõeS: lUiz aUgUSTo RibeiRo


exterior interior
dicionadores de ar, mas que, em vez de resfriarem, aque-
cem ambientes. Na realidade hoje já estão disponíveis apa-
Qq Qf
relhos que executam as duas tarefas, pois para fazer com
que um condicionador de ar se transforme em bomba de
condicionador
calor basta inverter o sentido do fluxo do calor, como ilus- de ar
tra a figura 38. š
a fonte fria de uma bomba de calor pode ser o ambiente
externo, mas pode também ser o solo ou a água que corre
(a) Condicionador de ar.
por canos.

exterior interior
Bombas de calor versus aquecedor
Qf Qq
elétrico
bomba
para aquecer ambientes, em vez de usar bombas de calor, de calor
podemos usar aquecedores elétricos (fig. 39). esses aquece- š
dores funcionam de modo semelhante aos chuveiros elétri-
cos e ferros elétricos de passar roupa. Como veremos no
volume 3 desta coleção, quando uma corrente elétrica passa (b) Bomba de calor.
por um fio, este se aquece, isto é, temos transformação de Figura 38. Comparação do condicionador
de ar com a bomba de calor.
energia elétrica em calor. Mas nós pagamos pela energia elé-
trica consumida. então, consideremos a seguinte pergunta:
TiM RiDleY/DoRliNg KiNDeRSleY/geTTY iMageS

“o que sai mais barato: o aquecedor elétrico ou a bomba de


calor?”. a resposta é: “a bomba de calor”. para perceber-
mos por que é assim, analisemos o esquema da figura 38b.
Um motor elétrico realiza um trabalho ö à custa de energia
elétrica. Como o calor lançado no ambiente interno (Qq) é
dado por:
Qq = ö + Qf
vemos que, no caso da bomba de calor, temos Qq > ö. No
entanto, no caso do aquecedor elétrico, o calor desprendido
é no máximo igual a ö. Figura 39. Aquecedor elétrico.

178 Capítulo 7
Coeficiente de desempenho
Um bom refrigerador (ou condicionador de ar) é aquele que retira o oBsERVAçõEs
máximo de calor da fonte fria (Qf) para um mesmo trabalho (ö) realizado
pelo motor. assim, quanto mais eficiente for o refrigerador, maior será a 1.a) Alguns autores chamam o
Q coeficiente de desempenho de
razão f . Definimos então o coeficiente de desempenho de um refri- coeficiente de performance;
ö
gerador (CDR) por: outros usam o termo
eficiência.
Qf 2.a) Não devemos chamar o
CDR = 15 coeficiente de desempenho
ö
de rendimento, pois esse
No caso de um refrigerador doméstico, esse coeficiente é próximo termo só é usado quando se
quer indicar que fração de
de 5, e no caso de um condicionador de ar, é próximo de 2,5.
algo foi utilizada e, portanto,
Uma boa bomba de calor é aquela que introduz no ambiente in-
não pode ser maior que 1 (ou
terno o máximo de calor (Qq) para um mesmo trabalho (ö) realizado 100%). Já o coeficiente de
pelo motor. portanto, quanto mais eficiente for a bomba, maior será a desempenho é sempre maior
Q que 1.
razão q . o coeficiente de desempenho da bomba de calor (CDb)
ö
é definido por:
Qq
CDb = 16
ö

Tanto no caso de um refrigerador quanto no de uma bomba de calor é importante


saber a rapidez com que o calor é retirado da fonte fria (no caso do refrigerador) ou
introduzido no ambiente interno (no caso da bomba de calor).
lembrando que:
energia
potência =
tempo
temos:
Q
• potência retirada da fonte fria = pf = f
Δt
Qq
• potência entregue à fonte quente = pq = Δt

É importante também conhecer a potência do motor elétrico:


ö
pM =
Δt

podemos então reescrever as equações 15 e 16 em termos de potências:

Qf p · Δt pf
CDR = = f ⇒ CDR = 17
ö pM · Δt pM

Qq p · Δt pq
CDb = = q ⇒ CDB = 18
ö pM · Δt pM

Quando compramos um condicionador de ar ou uma bomba de calor, no manual de


instruções são informados os valores de Pf (ou Pq), PM e CDR (ou CDb). porém, aqui no
brasil, isso é feito de modo confuso. o valor de PM é dado em unidade de Si: watt (W).
No entanto, os valores de Pf ou Pq são dados em:
btu
h

As leis da Termodinâmica 179


sendo btu a unidade britânica de calor (British Thermal Unit). Como 1 btu ≅ 1 055 J,
temos:
1 btu ≅ 1 055 J ⇒ 1 btu ≅ 0,293 W
h 3 600 s h
Desse modo, os valores de CDR e CDb são dados em btu/h .
W

Refrigeradores e bombas de Carnot


existe um limite para os coeficientes de desempenho, e o valor máximo desses coe-
ficientes ocorrem quando os aparelhos operam segundo um ciclo de Carnot. para os
refrigeradores e bombas de calor vale a mesma equação apresentada para as máquinas
térmicas que usam o ciclo de Carnot.

Qf Q
= q =k 19 (Ciclo de Carnot)
Tf Tq
ou:
Qf = kTf e Qq = kTq

introduzindo essas igualdades nas equações 15 e 16 e lembrando que š = Qq – Qf


obtemos:
Tf Tq
CDRCarnot = 20 CDBCarnot = 21
Tq – Tf Tq – Tf

Nas duas equações acima, a diferença Tq – Tf aparece no denominador. portanto,


quanto menor essa diferença, maior será o coeficiente de desempenho. É por esse
motivo que as bombas de calor apresentam maiores coeficientes de desempenho nos
locais de clima temperado, comparado com os locais de clima frio.

o mecanismo de um refrigerador
Na figura 40 representamos um refrigerador doméstico visto por trás. Nele, a fonte
quente é o ar exterior e a fonte fria é o congelador, que fica na parte de cima. o tra-
balho é realizado por um compressor (motor elétrico), que fica na parte de baixo, e faz
um fluido circular por uma serpentina. até pouco tempo usava-se o gás CFC (clorofluor-
carbono), mas esse gás agride o ozônio da atmosfera e tem sido substituído pelo gás
HFC, o qual tem baixo ponto de ebulição.
Uma parte da serpentina está fora da geladeira, na parte
lUiz aUgUSTo RibeiRo

de trás, em contato com o ar externo: é o condensador.


evaporador
a outra parte está dentro da geladeira, no congelador: é o
evaporador. o evaporador retira calor do interior da gela-
condensador
deira (fonte fria) e o condensador envia calor para o exterior
(fonte quente). Você já deve ter reparado que, atrás da gela-
válvula de
deira, o ar está sempre quente.
estrangulamento (v)

freon
compressor comprimido

Figura 40.

180 Capítulo 7
O compressor faz o fluido chegar com alta pressão à válvula de estrangulamento V
(fig. 41). Ao passar pela válvula, a pressão diminui e o fluido evapora, absorvendo calor
Qf, o que faz a temperatura do interior diminuir. Ao passar pelo compressor, o vapor é
fortemente comprimido, o que causa seu aquecimento a uma temperatura superior à
do ambiente externo. Desse modo, há a passagem de calor Qq do condensador para o
ar externo, provocando a condensação do vapor.
(a) (b)

IlustrAções: luIz AugustO rIbeIrO


evaporador condensador baixa pressão
compressor

Qf Qq
válvula de
V
válvula estrangulamento

v
T baixa T alta
p baixa p alta
alta pressão

Figura 41. p
compressão

Na figura 42, vemos a forma aproximada do ciclo, em que o ponto V V š


corresponde ao estado do fluido pouco antes da evaporação (expansão).
O ciclo ocorre no sentido anti-horário; portanto, o trabalho do fluido
é negativo, isto é, o meio exterior (compressor) é que realiza trabalho expansão
positivo.
V
Figura 42.

Exercícios de Aplicação

85. Um refrigerador retira da fonte fria 240 J de calor b) o calor retirado do congelador a cada ciclo;
e envia para o exterior 300 J de calor a cada ciclo. c) o calor enviado para o exterior a cada ciclo.
Calcule:
88. Uma propaganda sobre um novo modelo de con-
a) o trabalho realizado pelo compressor a cada dicionador de ar informa que ele retira calor do
ciclo; ambiente à razão de 10 000 Btu/h e que o motor
b) o coeficiente de desempenho desse refrigera- consome potência elétrica de 1 220 W. Calcule:
dor. a) a quantidade de calor, em joules, que o con-
86. Um refrigerador doméstico tem um compressor dicionador de ar retira do ambiente a cada
com potência útil de 450 W. Sabendo que o coe- segundo.
ficiente de desempenho desse refrigerador é 3,2, b) o coeficiente de desempenho do aparelho.
calcule:
89. Uma bomba de calor, cujo coeficiente de desem-
a) a quantidade de calor retirada do congelador penho é 3,0 tem um motor elétrico que consome
a cada segundo; uma potência de 1 500 W.
b) a quantidade de calor enviada para o exterior a) Quanto calor por segundo a bomba introduz
a cada segundo. no ambiente interno?
87. Em um refrigerador que utiliza o ciclo de Carnot, b) Quanto calor por segundo a bomba retira do
o congelador está à temperatura de –13 °C e o ambiente externo?
ar ambiente, à temperatura de 27 °C. Sabendo
que, a cada ciclo, o compressor realiza 200 J de
90. Se abrirmos a porta do forno do fogão de nossa
casa quando este estiver aceso, a cozinha se
trabalho, calcule:
aquecerá. E se abrirmos a porta da geladeira, a
a) o coeficiente de desempenho desse refrigerador; cozinha se esfriará?

As leis da Termodinâmica 181


Exercícios de Reforço

91. (UF-MG) Durante um ciclo de seu funcionamen- 92. (Vunesp-SP) Uma geladeira retira, por segundo,
to, uma geladeira recebe 50 J de energia de seu 1 000 cal do congelador, enviando para o ambien-
motor e libera 300 J de calor para o ambiente. te 1 200 cal. Supondo 1 cal = 4,2 J, calcule:
Determine a quantidade de calor que é retirada a) a potência do compressor da geladeira, em
do interior da geladeira em cada ciclo. watts;
b) a eficiência dessa geladeira.

14. A segunda Lei da Termodinâmica


ao estudar e construir as máquinas térmicas, os físicos perceberam que há algumas
transformações “proibidas” apesar de não serem contra a lei da Conservação de ener-
gia. Uma dessas transformações é a passagem espontânea de calor de um corpo frio
para um corpo quente. Como vimos, isso só pode ocorrer com a realização de trabalho
(refrigeração).
outra “proibição” observada foi a conversão integral de calor em trabalho (ou de
calor em energia mecânica). Não se consegue transformar em trabalho todo o calor re-
tirado da fonte quente. o inverso é possível, isto é, a transformação integral de trabalho
em calor, como ocorre na máquina frigorífica. porém, a transformação integral de calor
em trabalho não acontece. Se isso fosse possível, seria ótimo, pois poderíamos, por
exemplo, construir um navio que retiraria calor da água do mar e, sem necessidade de
uma fonte fria, transformaria todo esse calor em trabalho, o qual poderia movimentar
o navio por séculos, sem necessidade de combustível.
essas “proibições” foram transformadas em lei: a Segunda Lei da Termodinâmi-
ca. essa lei teve vários enunciados, que os físicos mostraram ser equivalentes.
o primeiro enunciado foi feito pelo alemão Rudolf emanuel Clausius (1822-1888),
em 1850:

O calor flui espontaneamente de um corpo quente para um corpo frio. O inverso só


ocorre com a realização de trabalho.

em 1851, lorde Kelvin e o físico alemão Max planck deram à lei outro enunciado:

É impossível, para uma máquina térmica que opera em ciclos, converter integralmente
calor em trabalho.

pensemos no ciclo de Carnot, cujo rendimento é dado por:


Q T
ηCarnot = 1 – f = 1 – f
Qq Tq

Se fosse possível transformar integralmente calor em trabalho, teríamos Qf = 0, Tf = 0


e rendimento de 100%, isto é, teríamos uma fonte fria cuja temperatura seria o
zero absoluto. Como a transformação integral não é possível, não podemos atingir o zero
absoluto. esse fato é conhecido como a Terceira Lei da Termodinâmica.

182 Capítulo 7
Irreversibilidade e desordem

zapT
aos poucos, os físicos foram percebendo que há uma relação entre os
processos “proibidos” pela Segunda lei da Termodinâmica e os conceitos
de reversibilidade e ordem.
Dizemos que uma transformação é reversível quando ela pode ocor- A B
rer ao contrário. Consideremos, por exemplo, a situação representada
na figura 43. Num recinto onde foi feito vácuo, um pêndulo é abando- Figura 43.
nado na posição A. Não havendo atrito, ele irá até a posição B (que está
no mesmo nível de A) e, depois, sem nenhuma interferência externa,

eDUaRDo SaNTalieSTRa
voltará para a posição A e ficará oscilando. Se filmarmos o experimento
e depois projetarmos o filme de trás para diante, não veremos nada im-
possível. a projeção tanto no sentido original como no sentido inverso
nos mostrará ocorrências idênticas e possíveis.
Consideremos agora a situação da figura 44, na qual um ovo foi
abandonado, caiu e se quebrou ao atingir o solo. Se filmarmos esse
experimento e depois passarmos o filme ao contrário, veremos algo que
nos parecerá muito estranho: as partes do ovo se juntando, o ovo se
reconstruindo e depois subindo. esse é o tipo de coisa que só acontece
em desenhos animados! Figura 44. O ato de quebrar
a ida do pêndulo da posição A para a posição B (fig. 43) é um um ovo é um exemplo de
processo reversível. a queda do ovo e a sua quebra constituem um processo irreversível.
processo irreversível, pois o inverso não acontece espontaneamente.
Consideremos outro exemplo. Vamos supor um recipiente fechado, (a) sim (b)
onde há uma parede (fig. 45a), contendo um tipo de gás de cada lado.

zapT
Se abrirmos um orifício na parede, rapidamente as moléculas vão se
misturar (fig. 45b). pensemos no processo inverso: depois de algum
tempo, espontaneamente, voltaremos à situação inicial, ficando de um
lado todas as moléculas de um dos gases e do outro todas as moléculas
do outro gás. essa transformação simplesmente não ocorre. não
Na figura 46a, representamos uma situação em que uma pedra Figura 45.
é abandonada e se choca com uma mola ideal. Durante a descida, a
pedra tem sua energia potencial transformada em energia cinética e
depois essa energia cinética é transformada em energia potencial da (a)

ilUSTRaçõeS: lUiz aUgUSTo RibeiRo


mola. Supondo o choque elástico, esse é um processo reversível. a
energia potencial da mola transforma-se novamente em energia cinéti-
ca da pedra, a qual começa a subir; durante a subida, a energia cinética
da pedra vai se transformando novamente em energia potencial, até
que a pedra volta à mão da pessoa que a largou.
Na figura 46b, representamos outra situação: a pedra se chocando
diretamente com o solo, de modo que o choque seja inelástico. No
final do processo, teremos a pedra parada. Sua energia potencial ini-
cial foi se transformando em energia cinética durante a descida e, ao (b)
chocar-se com o solo, essa energia foi quase totalmente transformada
em energia térmica (uma pequena parte é usada para o trabalho de
deformação). Haverá um aquecimento da pedra, da região do solo
onde houve o impacto e também do ar que está próximo. pensemos
na transformação inversa: a energia térmica transformando-se nova-
mente em energia cinética da pedra e fazendo-a subir, recuperando
sua energia potencial inicial. Se essa transformação ocorresse, não
iria contrariar a lei da Conservação da energia. porém, ela não ocorre
espontaneamente. Figura 46.

As leis da Termodinâmica 183


a energia térmica é uma energia cinética interna; ela é a soma das energias cinéti-
cas (tanto de translação como de rotação) das moléculas. podemos dizer, então, que
na colisão da pedra com o solo houve transformação de energia cinética macroscópica
(da pedra) em energia cinética microscópica. essa energia cinética microscópica é de-
sorganizada: cada molécula move-se numa direção. a energia cinética da pedra é uma
energia cinética organizada: todas as moléculas movem-se na mesma direção. podemos
dizer, então, que na colisão a pedra foi de uma situação de energia organizada para
uma situação de energia desorganizada, a qual é difícil de ser recuperada, pois vimos
que o calor nunca é transformado integralmente em trabalho. a essa energia térmica,
que é difícil de ser recuperada, os físicos chamam energia degradada.
Voltando à situação da figura 45, com o recipiente contendo os dois gases, pode-
mos dizer que, na situação da figura 45a, o sistema estava organizado: as moléculas
de um gás em um dos lados e as moléculas do outro gás no outro lado. ao abrirmos
o orifício, o sistema evoluiu de uma situação organizada para outra desorganizada: as
moléculas misturadas.
Considerações semelhantes às que fizemos levaram os físicos a concluir que os pro-
cessos espontâneos tendem a evoluir no sentido de aumentar a desordem; a tendência
natural jamais é de aumentar a ordem. o máximo que pode acontecer é que a ordem
seja mantida, no caso de processos reversíveis. Nos processos irreversíveis, a desordem
sempre aumenta.

Entropia
em 1865, Clausius introduziu o conceito de entropia para medir a desordem de um
sistema. a palavra entropia deriva do grego e significa “transformação de energia”.
o conceito introduzido por Clausius tem uma expressão matemática que não daremos
aqui, pois envolve o Cálculo Diferencial e integral. para nós, basta saber que a entropia
mede a desordem de um sistema. Com a introdução desse conceito, foi proposta uma
nova formulação para a Segunda lei da Termodinâmica:

A entropia total de um sistema isolado nunca diminui: ou ela fica


constante ou aumenta.

acontece, porém, que a entropia só fica constante em processos reversíveis, que


na realidade são ideais. Na prática, nenhuma transformação é totalmente reversível.
assim, de modo geral, a entropia dos sistemas isolados aumenta.
Como ressaltamos no exemplo do filme projetado de trás para diante, a Segunda lei
da Termodinâmica nos informa o sentido em que os processos devem ocorrer. assim,
alguns físicos cunharam a expressão flecha do tempo para se referir à entropia, já que
ela nos informa o sentido em que os fenômenos ocorrem.

A morte térmica
o estabelecimento da Segunda lei da Termodinâmica causou certo alvoroço, não
só entre os físicos como também entre pensadores de outras áreas. afinal de contas,
essa lei previa um desperdício (degradação) inevitável da energia mecânica. em toda
transformação natural há aumento da desordem e uma parte da energia mecânica
transforma-se em calor. Com o tempo, toda a energia mecânica seria transformada em
calor. o calor fluiria das regiões mais quentes para as regiões mais frias, até que todo o
Universo estaria à mesma temperatura e num estado de desordem máxima. a partir daí
não haveria mais possibilidade de realização de trabalho e teríamos a morte térmica

184 Capítulo 7
do Universo. essas considerações estimularam a imaginação de vários escritores, como
o inglês H. g. Wells (1866-1946), em seu romance A máquina do tempo, e o francês
Camille Flammarion (1842-1925), no romance O fim do mundo.
o estado de desordem máxima parece ser uma consequência inevitável da Segunda
lei da Termodinâmica. Se isso vai ou não ocorrer, não temos ainda certeza, por duas
razões: primeira, não sabemos se o Universo é finito ou infinito; segunda, também não
temos certeza de que as leis da Termodinâmica sejam válidas nas regiões longínquas do
Universo. De qualquer maneira, se esse desastre realmente ocorrer, será somente daqui
a milhões de anos, o que ainda nos dá algum tempo para pensar no problema.

Exercícios de Aplicação

93. (UE-PI) O Segundo Princípio da Termodinâmica (08) O rendimento da máquina de Carnot depen-
afirma que: de apenas das temperaturas da fonte quente
e da fonte fria.
a) o rendimento máximo de uma máquina tér-
(16) O ciclo de Carnot consiste em duas trans-
mica depende da substância com a qual a
formações adiabáticas, alternadas com duas
máquina funciona.
transformações isotérmicas.
b) uma máquina térmica não pode funcionar
sem queda de temperatura e nunca restitui
95. (UF-RN) As máquinas térmicas transformam a
integralmente, sob forma de trabalho, a ener-
energia interna de um combustível em ener-
gia que lhe foi cedida sob forma de calor.
gia mecânica. De acordo com a Segunda Lei da
c) uma máquina térmica possui rendimento de Termodinâmica, não é possível construir uma
no máximo 90%. máquina térmica que transforme toda a energia
d) é impossível transformar calor em trabalho, interna do combustível em trabalho, isto é, uma
operando com duas fontes de calor a tempe- máquina de rendimento igual a 1 ou equivalente a
raturas diferentes. 100%. O cientista francês Sadi Carnot (1796-1832)
e) a energia total de um sistema isolado é constante. provou que o rendimento máximo obtido por uma
máquina térmica operando entre as temperaturas
94. (UF-SC) No século XIX, o jovem engenheiro fran- T1 (fonte quente) e T2 (fonte fria) é dado por:
cês Nicolas L. Sadi Carnot publicou um pequeno
T
livro – Reflexões sobre a potência motriz do fogo ηcarnot = 1 – 2
T1
e sobre os meios adequados de desenvolvê-la –
no qual descrevia e analisava uma máquina Com base nessas informações, é correto afirmar
ideal e imaginária, que realizaria uma trans- que o rendimento da máquina térmica não pode
formação cíclica hoje conhecida como “ciclo de ser igual a 1 porque, para isso, ela deveria operar:
Carnot” e de fundamental importância para a a) entre duas fontes à mesma temperatura T1 = T2
Termodinâmica. no zero absoluto.
Analise as proposições a seguir e dê como resul- b) entre uma fonte quente e uma temperatura
tados a soma dos números que antecedem as T1, e uma fonte fria à temperatura T2 = 0 °C.
proposições verdadeiras.
c) entre duas fontes à mesma temperatura,
(01) Por ser ideal e imaginária, a máquina pro- T1 = T2, diferente do zero absoluto.
posta por Carnot contraria a Segunda Lei da
Termodinâmica. d) entre uma fonte quente a uma temperatura,
T1, e uma fonte fria à temperatura T2 = 0 K.
(02) Nenhuma máquina térmica que opere entre
duas determinadas fontes às temperaturas
96. De acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica,
T1 e T2 pode ter maior rendimento do que
a entropia do Universo:
uma máquina de Carnot operando entre
essas mesmas fontes. a) não pode ser criada nem destruída.
(04) Uma máquina térmica, operando segundo b) acabará transformada em energia.
o ciclo de Carnot entre uma fonte quente
c) tende a aumentar com o tempo.
e uma fonte fria, apresenta um rendimento
igual a 100%, isto é, todo o calor a ela for- d) tende a diminuir com o tempo.
necido é transformado em trabalho. e) permanece sempre constante.

As leis da Termodinâmica 185


97. (UF-MA) É fato conhecido que a Segunda Lei da 98. (ITA-SP) A inversão temporal de qual dos pro-
Termodinâmica pode ser enunciada de diversas cessos abaixo NÃO violaria a Segunda Lei da
formas diferentes, porém equivalentes. Dentre os Termodinâmica?
enunciados abaixo, identifique aquele que está a) A queda de um objeto de uma altura H e sub-
de acordo com a Segunda Lei: sequente parada no chão.
a) Ao longo de qualquer processo físico ocorrido b) O movimento de um satélite ao redor da Terra.
num sistema isolado, a entropia permanece c) A freada brusca de um carro em alta velocidade.
constante.
d) O esfriamento de um objeto quente num
b) Sendo a entropia uma grandeza associada ao
banho de água fria.
conceito de desordem, a tendência natural de
qualquer sistema físico é sofrer redução de e) A troca de matéria entre as duas estrelas de
desordem. um sistema binário.
c) A entropia de um sistema isolado só pode 99. O que tem maior entropia: 1 kg de água líquida
diminuir quando é realizado trabalho positivo ou 1 kg de gelo?
sobre o mesmo.
d) É possível construir uma máquina térmica 100. Os seres humanos são sistemas altamente orga-
que, operando em ciclos, seja capaz de retirar nizados. Na realidade, pensando nas transforma-
calor de uma fonte e transformá-lo integral- ções que ocorrem desde o óvulo fecundado até
mente em trabalho. o nascimento da criança, percebemos que este
e) O calor pode se transferir espontaneamente sistema vai ficando cada vez mais organizado.
de um corpo frio para um corpo mais quente. Isso viola a Segunda Lei da Termodinâmica?

Exercícios de Aprofundamento

101. (UF-CE) Uma amostra de n mols de um gás ideal 103. (UF-RJ) Um gás ideal realizou um ciclo termo-
monoatômico é levada de um estado inicial dinâmico ABCDA, ilustrado na figura abaixo.
de temperatura absoluta T1 a um estado final de p (pa)
temperatura T2 mediante dois diferentes pro- p1 B D
cessos. No primeiro, o volume do gás fica cons-
tante e ele absorve uma quantidade de calor Q.
No segundo, a pressão do gás fica constante e p0
A C
ele absorve uma quantidade de calor de 100 J.
O valor de Q é:
O
V0 V1 V (m3)
a) 200 J d) 80 J
b) 160 J e) 60 J a) Calcule o trabalho total realizado pelo gás no
c) 100 J ciclo.
b) Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica ao
102. (UF-PE) Suponha que 1,00 g de água evapore iso- gás no ciclo e adotando a convenção de que o
baricamente à pressão atmosférica (1,0 · 105 Pa). calor absorvido é positivo e o calor cedido é
Seu volume no estado líquido é VL = 1,00 cm3 negativo, investigue a soma do calor trocado
e no estado de vapor é VV = 1671 cm3. Considerando nas diagonais, isto é, QBC + QDA, e conclua se
o calor latente de vaporização da água, para essa esta soma é maior, igual ou menor que zero.
pressão, como sendo LV = 2,26 · 106 J/kg, quan-
do a água se transforma em vapor, a variação de
104. (Unicamp-SP) No Brasil, o álcool tem sido lar-
gamente empregado em substituição à gasolina.
energia interna, em joules, vale:
Uma das diferenças entre os motores a álcool
a) 2 500 e a gasolina é o valor da razão de compressão
b) 1 320 da mistura ar-combustível. O diagrama a seguir
representa o ciclo de combustão de um cilindro
c) 3 200
de motor a álcool. Durante a compressão (trecho
d) 2 093 i → f), o volume da mistura é reduzido de Vi
e) 2 403 para Vf. A razão de compressão r é definida

186 Capítulo 7
Vi
como r = . Valores típicos de r para moto- São dados: 7 ≅ 8 ; 11 ≅ 11 ; 13 ≅ 18 .
Vf 3 3 5
res a gasolina e a álcool são, respectivamente,
rg = 9 e ra = 11. A eficiência termodinâmica 105. (Fuvest-SP) A figura mostra o corte trans-
E de um motor é a razão entre o trabalho rea- versal de um cilindro de eixo ver-
lizado num ciclo completo e o calor produzido tical com base de área igual a 500 cm2,
na combustão. A eficiência termodinâmica é vedado em sua parte superior por um êmbo-
função da razão de compressão e é dada por: lo de massa m que pode deslizar sem atri-
E≅1– 1 . to. O cilindro contém 0,50 mol de gás, que
r se comporta como ideal. O sistema está
em equilíbrio a uma temperatura de 300 K
pressão (atm)
e a altura h, indicada na figura, vale
20 cm. Adote para a constante dos gases o valor
f R = 8 J/mol · K, para a aceleração da gravidade
30
o valor 10 m/s2 e para a pressão atmosférica
local o valor 1 · 105 N/m2.
i
1 Ti = 300 K

zapT
0 m
36 400 volume (cm3)

a) Quais são as eficiências termodinâmicas dos


h
motores a álcool e a gasolina? gás
b) A pressão P, o volume V e a temperatura abso-
luta T de um gás ideal satisfazem a relação
PV = constante. Encontre a temperatura da Determine:
T
mistura ar-álcool após a compressão (ponto f a) a massa do êmbolo em kg;
do diagrama). Considere a mistura como um b) o trabalho realizado pelo gás quando sua tem-
gás ideal. peratura é elevada lentamente até 420 K.

sugEsTõEs DE LEITuRA

PIRES, Antônio S. T. Evolução das ideias da Física. São Paulo: Livraria da Física, 2008.
• No capítulo 7 há uma boa exposição da história da Termodinâmica e da Mecânica Estatística.
QUADROS, Sérgio. A Termodinâmica e a invenção das máquinas térmicas. São Paulo: Scipione, 1996.
• Nesse livro há uma história detalhada do desenvolvimento das primeiras máquinas térmicas.
CANÊDO, Letícia Bicalho. A Revolução Industrial. São Paulo: Atual, 2007.
• Além de apresentar um bom relato da Revolução Industrial, é apresentado o papel importante das máquinas
térmicas nessa revolução.

As leis da Termodinâmica 187


CAPÍTULO

Os princípios da Óptica
Geométrica 8
1. raios de luz e feixes de luz 1. Raios de luz e feixes
de luz
Ondas de rádio, micro-ondas, radiações infravermelha e ultravioleta, luz, raios X, 2. Fontes de luz
etc. constituem as chamadas ondas eletromagnéticas. A luz difere das demais
ondas pelo fato de, ao incidir em nossas vidas, produzir as sensações visuais. 3. Classificação dos meios
Para que um observador enxergue um corpo, seus olhos devem receber a luz
que esse corpo emite. tomemos como exemplo uma lâmpada. Para representar 4. Fenômenos da Óptica
graficamente a luz propagando-se da lâmpada e atingindo os olhos do observa- Geométrica
dor, utilizamos linhas orientadas que fornecem a direção e o sentido de propa- 5. A cor de um corpo
gação da luz. tais linhas são denominadas raios de luz (fig. 1).
6. Princípios da Óptica
Geométrica

7. Sombra, penumbra e
Figura 1. A luz emitida pela lâmpada, representada eclipses
pelos raios de luz, atinge os olhos do observador,
produzindo sensações visuais. 8. As fases da Lua

9. Câmara escura de
Na prática, é impossível isolar um raio de luz, que, na verdade, é apenas uma orifício
representação gráfica da luz em propagação. O que existe são feixes de luz, que
representamos graficamente como um conjunto de raios de luz. O feixe de luz é 10. Ângulo visual
cilíndrico, quando constituído de raios de luz paralelos (fig. 2a), e é cônico, quan-
do todos os raios de luz têm direções que passam por um mesmo ponto P. Nesse
último caso, pode ser cônico convergente (fig. 2b) ou cônico divergente (fig. 2c).
O ponto P é o vértice do feixe. No caso do feixe cilíndrico, dizemos que o vértice é
impróprio (vértice no infinito).
IlUStrAçõES: zAPt

P P

(a) Cilíndrico. (b) Cônico convergente. (c) Cônico divergente.


Figura 2. Representação gráfica de feixes de luz.

A Óptica geométrica estuda os fenômenos decorrentes da propagação retilínea


da luz nos meios homogêneos e transparentes. Para esse estudo não é necessário
conhecer a teoria da natureza da luz. No estudo de Ondas é que analisaremos o
comportamento ondulatório da luz. A Óptica geométrica é desenvolvida a partir da
noção de raio de luz, de princípios que regem o comportamento dos raios de luz, de
construções e teoremas da geometria Plana.

188 Capítulo 8
2. Fontes de luz
todos os corpos que enviam luz são chamados de fontes de luz.
Existem corpos que enviam a luz que eles produzem: são os corpos luminosos ou
fontes primárias. É o caso do Sol, das lâmpadas elétricas quando acesas, das chamas
das velas, etc. A visibilidade dessas fontes não depende da presença de outras fontes.
Os corpos que enviam a luz que recebem de outros corpos são denominados
corpos iluminados ou fontes secundárias. É o caso da lua, que envia à terra a luz
que recebe do Sol, das lâmpadas elétricas quando apagadas, das roupas, paredes, etc.
A visibilidade dessas fontes depende da presença de outras fontes.
Uma fonte de luz é pontual ou puntiforme quando suas dimensões são despre-
zíveis em relação às distâncias que a separam dos outros corpos. Em caso contrário, a
fonte de luz é denominada extensa.
Dependendo da fonte, podemos ter diferentes tipos de luz. Assim, por exemplo,
vapores de sódio em incandescência emitem luz amarela; moléculas ionizadas de hidro-
gênio emitem luz vermelha. Cada um desses tipos, constituído por luz de uma só cor, é
denominado luz monocromática.
Existem fontes que emitem simultaneamente dois ou mais tipos de luzes monocro-
máticas, formando a chamada luz policromática.
A luz emitida pelo Sol, chamada de luz branca, é policromática. Ela é constituída
por uma infinidade de luzes monocromáticas, as quais são divididas em sete cores
principais:

vermelho alaranjado amarelo verde azul anil violeta


Num meio material, as luzes monocromáticas têm velocidades diferentes, que de-
crescem no sentido da luz vermelha para a luz violeta. Mas, em qualquer caso, essas
velocidades são menores do que no vácuo.

velocidade da luz
No vácuo a velocidade da luz é 299 792 458 m/s, aproximadamente 300 000 000 m/s.
Costumamos representar essa velocidade por c.
c = 3,0 · 108 m/s ou ainda c = 3,0 · 105 km/s
Esses números não são novidade para nós, pois já tínhamos tido o nosso primeiro
contato com eles no volume 1, em Cinemática.
No vácuo a luz tem máxima velocidade, independentemente da cor, ou seja, todas
as cores têm velocidade igual a c. No ar essa velocidade é ligeiramente menor, mas a
diferença pode ser desprezada e podemos considerar esse mesmo valor. Em outros
meios materiais, as luzes monocromáticas têm velocidades diferentes, todas inferiores
a c: o vermelho é o mais rápido e o violeta o mais lento, como estudaremos adiante,
em Ondulatória.
vvioleta < vanil < vazul < vverde < vamarelo < valaranjado < vvermelho < c

Ano-luz
Ano-luz é uma unidade de comprimento, correspondente à distância percorrida
pela luz, no vácuo, durante um ano.
Para se ter uma ideia da dimensão do ano-luz, vamos transformá-lo em metros e
depois em quilômetros. Imagine que na data t = 0 um novo raio de luz partiu do Sol e

Os princípios da Óptica Geométrica 189


na sua trajetória nunca tenha encontrado algum planeta, nem estrela e muito menos
um buraco negro; ele vai para o “infinito”. Vamos acompanhá-lo durante 1 ano e medir
a distância percorrida.
Δt = 1 ano = 365,2 dias · 24 h · 3 600 s = 31 553 280 s = 3,16 · 107 s
1 dia 1h
velocidade: c = 3,0 · 108 m/s

distância percorrida: d = c · Δt

d = 3,0 · 108 · 3,16 · 107 m ⇒ d ≃ 9,5 · 1015 m


Conclusão:
1 ano-luz = 9,5 · 1015 m ou 1 ano-luz = 9,5 · 1012 km
A ordem de grandeza de 1 ano-luz é 1013 km ou ainda 1016 m.
Essa unidade é bastante utilizada na Astronomia, devido às distâncias das estrelas
até nosso planeta. Vejamos alguns exemplos.

Exemplo 1

a) Imaginemos uma estrela hipotética cuja luz demore 100 anos para chegar até nosso planeta. Para expressar a sua
distância da Terra, simplesmente escrevemos:
d = 100 anos-luz
b) Imaginemos uma outra estrela hipotética que está situada a 5 milhões de anos-luz da Terra. Se na data de hoje ela
emitir um feixe de luz na direção do nosso planeta, este chegará a nós num futuro muito distante, somente daqui a
5 milhões de anos.
c) Vemos, na data de hoje, a estrela do item b. Todas as noites lá está ela no céu. O que vemos, na realidade, é a luz
que foi “produzida” e emitida pela estrela no passado, há 5 milhões de anos. Será que a “fábrica não fechou”? Ou
seja, será que essa estrela ainda existe?

3. Classificação dos meios


Um meio em que a luz se propaga segundo trajetórias regulares, permitindo a vi-
sualização nítida dos objetos, é chamado de transparente. É o caso do ar, do vidro
comum, da água em pequenas camadas, etc.
Quando o meio permite a propagação da luz, mas segundo trajetórias irregula-
res, não propiciando a visualização nítida dos objetos, ele é chamado de translúcido.
Como exemplo, temos o vidro fosco, o papel de seda, etc.
Existem meios, como, por exemplo, a madeira, que não permitem a propagação da
luz. São os meios opacos.
Um meio em que todos os seus elementos de volume apresentam as mesmas pro-
priedades é denominado homogêneo. O vácuo é o meio homogêneo por excelência.
O ar, em pequenas quantidades, pode ser considerado homogêneo. A atmosfera como
um todo não é homogênea.
Quando as propriedades associadas a um elemento de volume independem da di-
reção em que são medidas, o meio é chamado de isótropo. Assim, por exemplo, a
velocidade de propagação da luz nos cristais do sistema cúbico e em substâncias amor-
fas independe da direção em que é medida. Os meios simultaneamente homogêneos,
transparentes e isótropos são chamados de ordinários.

190 Capítulo 8
luz incidente
4. Fenômenos da Óptica Geométrica luz refletida
S 1
Quando a luz, propagando-se num meio 1 , atinge a superfície S, que separa
2
esse meio de outro meio 2 , podem ocorrer dois fenômenos:
luz refratada
a) parte da luz volta a se propagar no meio 1 . É a reflexão da luz.
Figura 3.
b) outra parte passa a se propagar no meio 2 . É a refração da luz (fig. 3).

Dependendo da natureza do meio 2 e da superfície S, haverá predominância


de um dos fenômenos. S 1

Se S for a superfície plana e polida de um corpo metálico opaco (meio 2 ), a 2


um feixe cilíndrico incidente corresponderá um feixe refletido, também cilíndrico Figura 4. Reflexão regular.
(fig. 4). A reflexão é denominada regular.
No caso em que S é a superfície áspera e não escura de um corpo opaco
(meio 2 ), o feixe cilíndrico retorna, perdendo o paralelismo (fig. 5). É a reflexão S 1
difusa ou difusão da luz. Difundir é espalhar e, portanto, no meio 1 ocorre 2
um espalhamento da luz.
Figura 5. Reflexão difusa.
É através da reflexão difusa que podemos ver os objetos que nos cercam. Em
uma sala iluminada, qualquer que seja a posição que tomamos ao observar um
objeto, nós o vemos, pois ele reflete difusamente luz para nossas vistas.
S 1
Quando ocorre refração, a um feixe cilíndrico incidindo em uma superfície pla-
2
na pode corresponder um feixe refratado, também cilíndrico (fig. 6). A refração
é, nesse caso, denominada regular. É o que acontece se os meios 1 e 2 forem
transparentes, como, por exemplo, o ar e a água de uma piscina.

Figura 6. Refração regular.


Exemplo 2
ObsErvE bEm
Um raio de luz monocromático, azul, está incidindo numa lâmina prismática de
vidro homogêneo e transparente (fig. 7). Esse raio de luz sofre reflexão e refração • Na reflexão, a luz “bate” na
sucessivamente nas faces A e B. face da lâmina e volta para
o mesmo meio de onde ela
1
provém.
2 1 Raio incidente na face A
face A • Na refração, a luz atravessa
3 2 Raio refletido na face A a face da lâmina e muda de
lâmina 3 Raio refratado na face A meio.
de vidro
5 4 Raio incidente na face B • Na incidência da luz contra
4
face B 5 Raio refletido na face B cada uma das faces da lâmina
6 Raio refratado na face B ou ain- sempre ocorre reflexão, ainda
da raio emergente do sistema
Figura 7. 6 que parcialmente.

Se o feixe refratado perder o paralelismo, a refração será denominada difusa


IlUStrAçõES: zAPt

(fig. 8). Isso ocorrerá, por exemplo, se o meio 2 for translúcido, como o vidro
fosco e o bulbo leitoso das lâmpadas.
A reflexão é um fenômeno que sempre ocorre. A refração, no entanto, não S 1
ocorre em todas as situações, como veremos no capítulo 11. 2
Quando a luz atravessa um meio material, ela é gradativamente absorvida. O grau
de absorção depende da natureza do meio material e do tipo de luz. Há materiais
em que a absorção da luz ocorre num pequeno percurso. É o caso, por exemplo, dos
metais. Em outros materiais, a luz percorre grandes distâncias até ser absorvida total- Figura 8. Refração difusa.
mente. Isso acontece quando a luz atravessa a água. Por exemplo, no fundo do mar,
em profundidades superiores a 300 metros, reina completa escuridão.

Os princípios da Óptica Geométrica 191


5. A cor de um corpo
A cor que um corpo apresenta, por reflexão, ao ser iluminado, depende da consti-
tuição da luz que ele reflete difusamente.
Um corpo iluminado com luz branca (luz solar) apresenta-se branco quando reflete
difusamente as luzes de todas as cores nele incidentes. Se o corpo absorver todas as
luzes nele incidentes, vai apresentar-se negro.
Um corpo apresenta-se azul, quando iluminado com luz branca, se reflete difusa-
mente a luz azul, absorvendo as demais.
Observe que um corpo pode refletir difusamente a luz de uma determinada cor e
ser transparente ou translúcido para luzes de outras cores. Assim, um corpo, ao ser
observado sob efeito da luz que o atravessa, pode ter, por refração difusa, cor diferente
daquela apresentada por reflexão difusa.

A cor do céu
Ao atravessar a atmosfera terrestre, a componente da luz solar que sofre difusão, isto
é, espalhamento, de maneira mais acentuada é a luz azul. Por esse motivo, o céu é azul.
Se não existisse atmosfera, o céu seria sempre negro, sal-
vo na direção do Sol. Esse fato é notado a grandes altitudes,
atmosfera

zAPt
onde a atmosfera é mais rarefeita. Por não haver atmosfera,
B
o céu da lua é negro.
As gotas de água que compõem as nuvens espalham,
com a mesma intensidade, luzes de todas as cores. Por isso, A
as nuvens são vistas brancas.
No pôr do sol e na alvorada, a luz solar atravessa uma luz solar
espessura maior de atmosfera antes de atingir a superfície
terrestre (fig. 9). C
Nessas condições, em virtude do maior espalhamento da
luz azul e de cores próximas a ela, recebemos a luz solar sub- Figura 9. A, B e C são três observadores no equador. Com
traída dessas cores numa proporção maior do que ao meio- relação aos observadores B (pôr do sol) e C (alvorada), a luz
dia. Desse modo, na luz solar recebida há uma predominân- solar atravessa espessuras da atmosfera maiores do que em
cia da luz vermelha. Por esse motivo, o Sol e o céu ao seu relação a A (meio-dia).
redor são vistos avermelhados.

Exercícios de Aplicação

1. A lâmpada do escritório estava acesa e iluminava Resolu•‹o:


um espelho que refletia luz sobre o livro da mesa. I. Verdadeira. Uma condição para que enxer-
Para um leitor desse livro quais das afirmativas guemos um objeto é que dele parta a luz
são verdadeiras? para os nossos olhos. As páginas recebem
I. O leitor recebe luz do livro, o que lhe permite luz do ambiente e refletem para o leitor,
ler o seu conteúdo. funcionando como uma fonte de luz secun-
II. A lâmpada é a fonte de luz primária nesse dária.
escritório. II. Verdadeira. É da lâmpada que vem toda a luz
III. O espelho é uma segunda fonte de luz primá- desse escritório. Seja ela uma lâmpada incan-
ria, pois reflete luz. descente ou fluorescente, ela é uma fonte
Do que se afirmou, estão corretas: primária.
a) apenas I e II. d) apenas a III. III. Falsa. O espelho é apenas o refletor de luz.
b) apenas I e III. e) todas as três. Não é no espelho que “nasceu” a luz. Ele é
c) apenas II e III. uma fonte secundária.

192 Capítulo 8
2. Uma lâmpada incandescente ilumina, à noite, uma
grande sala. Para um observador no ambiente, esta
6. A luz branca pode ser decomposta em sete cores,
a saber: vermelho, alaranjado, amarelo, verde,
lâmpada se comporta como uma fonte de luz:
azul, anil e violeta. No vácuo a luz tem velocida-
a) secundária e puntiforme. de c.
b) secundária e extensa. a) Qual das sete cores tem maior velocidade no
c) primária e puntiforme. vácuo?
d) primária e extensa. b) Quando a luz branca incide numa lâmina de
vidro e a atravessa, qual das sete cores tem
3. A luz proveniente de uma estrela situada próxima
maior velocidade? Essa velocidade é maior,
da Terra demora 2 milhões de anos para chegar
menor ou igual a c?
até nós. Qual é a distância dessa estrela até o
nosso planeta? (Dados: c = 3,0 · 105 km/s e Resolução:
1 ano = 365 dias = 3,1 · 107 s.) Dê a resposta em:
a) anos-luz; b) quilômetros. a) No vácuo as sete cores têm velocidades iguais
a c. Portanto, do vermelho ao violeta, todas
Resolução:
têm a mesma velocidade.
a) Ano-luz é uma conveniente unidade de
medida de comprimento e de distância muito b) Num meio material, ainda que transparente,
usada em Astronomia. Equivale à distância as sete cores têm velocidades diferentes. A
percorrida pela luz durante 1 ano no vácuo. luz vermelha é mais rápida que a alaranjada e
A luz proveniente da nossa estrela deve cami- assim por diante. A luz violeta é a mais lenta.
nhar no vácuo durante 2 milhões de anos para No entanto, essa diferença é muito pequena.
chegar até nós. Logo, ela está a 2 milhões de Embora o vermelho seja o mais rápido, sua
anos-luz da Terra. velocidade é menor que c.

d = 2 · 106 AL 7. Na Lua não existe atmosfera. Quando a luz do Sol


incide no nosso satélite, qual das sete cores pos-
Observação: O ano-luz não é uma unidade do sui maior velocidade nas proximidades da Lua?
SI, por isso não há uma notação oficial para
simbolizá-lo. Adotamos AL. 8. Uma camisa apresenta listras nas cores verde e
b) Para converter o ano-luz em quilômetro, branca, quando iluminada com luz branca. Em um
devemos calcular realmente essa distância. recinto iluminado com luz vermelha monocromá-
d = c ∙ Δt tica, em que cores se apresentarão as listras?

d = 3,0 · 105 km · 3,1 · 107 s ⇒ Resolução:


s
A listra verde reflete difusamente a luz verde
⇒ d = 9,3 · 1012 km e absorve as demais. Ao ser iluminada com luz
vermelha, ela absorverá essa luz e, portanto, se
4. Uma estrela que vemos hoje em nosso céu está apresentará preta.
situada a uma distância de um milhão de anos- A listra branca reflete difusamente bem todas
luz da Terra. Podemos afirmar que: as luzes nela incidentes. Ao ser iluminada com
a) a estrela que hoje vemos está realmente pre- luz vermelha, refletirá essa luz e, portanto, será
sente no céu, na posição que a observamos. vista vermelha.
b) a luz dessa estrela demora 20 anos para che-
gar até nós. 9. O cubo da figura tem suas faces pintadas nas
c) o que vemos hoje é o passado. Essa estrela emi- cores verde, vermelha ou amarela.
tiu a luz há um milhão de anos, chegando agora
zAPt

3
na Terra; talvez ela já tenha desaparecido.
2
d) se viajarmos em uma nave em direção a essa 1
estrela, com uma velocidade próxima da luz,
lá chegaremos em um ano. Qual será a cor das faces 1, 2 e 3 quando o cubo
for iluminado com luz monocromática:
5. Sabendo-se que c = 3,0 · 108 m/s e que 1 ano
tem aproximadamente 3,1 · 107 s, converta em a) de cor amarela pura?
anos-luz as seguintes distâncias: b) de cor vermelha pura?
a) 9,3 · 10 m
15
b) 276 · 10 m
16
c) de cor azul pura?

Os princípios da Óptica Geométrica 193


Texto para as questões 10 e 11: c) incidente, refletido e refratado.
d) incidente, refletido e refletido.
Na figura a mostra-se um raio de luz monocro-
mático, de cor vermelha, incidindo numa lâmina 11. Na figura b, considerando-se apenas a face (F2),
prismática de vidro transparente e homogêneo os raios 3 e 4 são, respectivamente:
sobre a sua face superior (F1). Na figura b mos- a) incidente e refratado.
tram-se as trajetórias dos raios provenientes da b) refratado e refletido.
refração e da reflexão. c) incidente e refletido.
d) refratado e refratado.

face (F1) A
12. Três corpos, A, B e C, expostos à luz branca apre-
sentam-se, respectivamente, nas cores azul, branca
e vermelha. Que cores apresentarão esses corpos
quando vistos através de um filtro vermelho?
Resolu•‹o:
face (F2) O filtro vermelho permite a passagem somente
da luz vermelha. As demais cores são refletidas
Figura a.
ou absorvidas.
1 2
IlUStrAçõES: zAPt

Sendo o corpo A azul, ele reflete difusamente a


luz azul. Esta não atravessa o filtro vermelho.
Portanto, o corpo A apresenta-se preto.
face (F1)
A O corpo B, por ser branco, reflete difusamente
todas as cores. Pelo filtro vermelho só passa a luz
3 vermelha e, portanto, o corpo B é visto vermelho.
O corpo C, por ser vermelho, reflete difusamente
face (F2)
a luz vermelha e, portanto, através do filtro ver-
4
melho, é visto vermelho.
Figura b.
13. Um corpo A reflete apenas a componente verde
10. Na figura b, considerando-se apenas a face (F1), da luz branca; um corpo B absorve todas as com-
os raios 1 , 2 e 3 são, respectivamente: ponentes da luz branca, exceto a componente
azul. Você ilumina os corpos A e B com luz bran-
a) incidente, refratado e refletido. ca e os observa através de um filtro vermelho. Em
b) refletido, refratado e refratado. que cores você verá os corpos A e B?

Exercícios de reforço

14. A velocidade de propagação da luz vermelha no 16. (UF-MG) Marília e Dirceu estão em uma praça
vácuo é: iluminada por uma única lâmpada. Assinale a
a) igual à da luz violeta. alternativa em que estão CORRETAMENTE repre-
b) maior do que a da luz violeta. sentados os feixes de luz que permitem a Dirceu
c) menor do que a da luz violeta. ver Marília.
d) maior do que a da luz verde e menor do que
IlUStrAçõES: lUIz AUgUStO rIbEIrO

a)
a da luz azul.
e) menor do que a da luz verde e maior do que
a da luz azul.
Marília Dirceu
15. Uma estrela encontra-se a cerca de 20 anos-luz da
Terra. Dados: velocidade da luz c = 3,0 · 10 m/s;
8

1 ano = 3,16 · 107 s. b)


a) Depois de quanto tempo a luz emitida pela
estrela atinge a Terra?
b) Qual é, em metros, a distância entre a estrela
e a Terra? Marília Dirceu

194 Capítulo 8
chegar à Terra e ser captada por um telescópio.

IlUStrAçõES: lUIz AUgUStO rIbEIrO


c)
Isso quer dizer:
a) a estrela está a 1 bilhão de km da Terra.
b) daqui a 1 bilhão de anos, a radiação da estrela
Marília Dirceu
não será mais observada na Terra.
d)
c) a radiação recebida hoje na Terra foi emitida
pela estrela há 1 bilhão de anos.
d) hoje, a estrela está a 1 bilhão de anos-luz da
Marília Dirceu Terra.
17. (OPF-SP) O mundo não seria tão alegre se a luz e) quando a radiação foi emitida pela estrela, ela
solar não fosse constituída de diversas cores. Com tinha a idade de 1 bilhão de anos.
relação à luz e às cores, considere as afirmações: 19. (UF-ES) Um objeto amarelo, quando observado
I. A luz solar pode ser decomposta nas cores: em uma sala iluminada com luz monocromática
vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, azul, será visto:
anil e violeta, como fez Isaac Newton cerca a) amarelo. d) violeta.
de 350 anos atrás. b) azul. e) vermelho.
II. Sob a luz do Sol, uma blusa é vista como verde c) preto.
porque ela absorve o verde refletindo todas as
outras cores que compõem a luz solar. 20. (U. F. Uberlândia-MG) Ao olhar para um objeto
III. Uma blusa que à luz solar é vista como amare- (que não é uma fonte luminosa), em um ambien-
la, quando iluminada com luz azul será vista te iluminado pela luz branca, e constatar que ele
como uma blusa escura. apresenta a cor amarela, é correto afirmar que:
a) As afirmações I e II são corretas. a) O objeto absorve a radiação cujo comprimento
de onda corresponde ao amarelo.
b) Apenas a afirmação I é correta.
b) O objeto refrata a radiação cujo comprimento
c) As afirmações I e III são corretas.
de onda corresponde ao amarelo.
d) Todas as afirmações são corretas.
c) O objeto difrata a radiação cujo comprimento
e) Nenhuma das afirmações é correta. de onda corresponde ao amarelo.
18. (Fuvest-SP) Uma estrela emite radiação que d) O objeto reflete a radiação cujo comprimento
percorre a distância de 1 bilhão de anos-luz até de onda corresponde ao amarelo.

6. Princípios da Óptica Geométrica


Os princípios ou leis sobre os quais se estrutura a Óptica geométrica são:
a) princípio da propagação retilínea;
b) princípio da independência dos raios de luz;
c) leis da reflexão;
d) leis da refração.

Princípio da propagação retilínea

Nos meios homogêneos e transparentes, a luz se


propaga em linha reta.

Os princípios da Óptica Geométrica 195


O princípio da propagação retilínea constitui a base para a explicação de diversos
fenômenos, como, por exemplo, a formação de sombras e penumbra, a ocorrência de
eclipses, as fases da lua e o funcionamento da câmara escura de orifício.

Princípio da independência dos raios de luz

Cada raio de luz se propaga em um meio,


independentemente de qualquer outro raio. magenta

Isso significa que, mesmo havendo cruzamento entre raios de luz, cada um segue
azul vermelho
seu caminho como se nada tivesse ocorrido (fig. 10).
As leis da reflexão e da refração são princípios da Óptica geométrica que serão Figura 10. O feixe de luz
estudados nos capítulos 9 e 11, respectivamente. monocromático vermelho
cruzou com um feixe de luz
azul e, após a intersecção,
A reversibilidade da luz suas cores são as mesmas
originais.
Uma consequência dos princípios da Óptica geométrica é a reversibilidade da luz,
B B
que assim se enuncia:

A trajetória seguida pela luz não depende do seu


sentido de percurso.

A A
Em outras palavras, se a luz faz determinado percurso, é capaz de fazer o mesmo
percurso em sentido inverso. Isso é válido em uma trajetória retilínea, num mesmo meio Figura 11. Propagação
homogêneo e transparente (fig. 11). É válido também numa reflexão (fig. 12) e, ainda, retilínea.
numa refração isolada (sem acompanhamento de reflexão) (fig. 13).

1 1
1 2
2 1

3 3
Figura 12. Reflexão sem refração.
Figura 13. Fenômeno da refração isolado, sem considerar
a reflexão.

Precisamos tomar um pouco de cuidado com a aplicação desta lei, pois geralmente
os fenômenos de refração e de reflexão andam juntos, e a pura inversão de sentido de
percurso vai nos levar a uma situação não verdadeira. Vamos conjugar os dois fenôme-
nos e tentar inverter o caminho (fig. 14):
1
IlUStrAçõES: zAPt

1
1 2 2

3
4 4
3

(a) 1 raio incidente; 2 raio (b) raio 3 , caminho invertido (inci- (c) raio 2 , caminho inverti-
refletido; 3 raio refratado. dente); 4 raio refletido na face su- do (incidente); raio 1 refle-
perior da lâmina; 1 raio refratado. tido; raio 4 refratado.

Figura 14.

196 Capítulo 8
Na figura 14 temos, na situação inicial (fig. 14a), um raio incidindo na face de uma
lâmina de vidro transparente e homogênea: temos a formação de um raio refletido 2
e de um raio refratado 3 .
Na figura 14b invertemos o sentido de propagação do raio 3 e ocorreram, na face
de incidência da lâmina, os dois fenômenos: reflexão (raio 4) e refração (raio 1).
Na figura 14c invertemos o sentido de propagação do raio 2 e novamente ocorre-
ram, na face da lâmina, os dois fenômenos: reflexão (raio 1) e refração (raio 4).
Como proceder? Devemos aplicar a reversibilidade separadamente:
• Para reflexão 1 – 2 existe a reversibilidade 2 – 1 (fig. 12).
• Para refração 1 – 3 existe a reversibilidade 3 – 1 (fig. 13).

7. sombra, penumbra e eclipses cone de A


sombra
Entre uma fonte puntiforme F e um anteparo opaco A, colocamos um C
corpo opaco C. Devido à propagação retilínea da luz, observamos entre F
o corpo C e o anteparo A uma região que não recebe luz da fonte F. Essa
região, denominada cone de sombra, é limitada pelos raios de luz que sombra
provêm da fonte F e tangenciam o corpo C. A região do corpo C que não própria
recebe luz da fonte é denominada sombra própria. No anteparo existe sombra
uma região que também não recebe luz da fonte. É a sombra projetada Figura 15. projetada
(fig. 15).
Se a fonte F for extensa, como a esfera luminosa da figura 16, observaremos, entre
o corpo opaco C e o anteparo A, duas regiões: uma que não recebe luz da fonte (cone
de sombra) e outra parcialmente iluminada (cone de penumbra). No anteparo A tere-
mos a sombra e a penumbra projetadas.

cone de
penumbra
A
cone de
penumbra
sombra
projetada
C
A

F sombra
projetada
B

sombra
própria
cone de
penumbra
Figura 16.

Em determinadas épocas, os cones de sombra e de penumbra da lua, determinados


pelo Sol, interceptam a superfície terrestre. Nessas situações, ocorre o eclipse do Sol.
O eclipse é total para as regiões da terra situadas na sombra da lua e parcial para as
regiões situadas na penumbra da lua (fig. 17).
IlUStrAçõES: zAPt

Lua
Terra
Sol
Figura 17. Eclipse do Sol.

Os princípios da Óptica Geométrica 197


Por causa da variação das distâncias entre Sol, lua e terra, pode acontecer que o
prolongamento do cone de sombra da lua intercepte a superfície terrestre (fig. 18). Os
habitantes da terra situados nessa região receberão luz somente da parte periférica do
disco solar, estando a parte central encoberta pela lua. É o eclipse anular do Sol.

Lua
Terra
Sol
Figura 18. Eclipse anular do Sol.
O eclipse anular do Sol é um tipo de eclipse parcial. O observador que presencia um
eclipse anular encontra-se na penumbra da lua.
JAy PASACHOff/SCIENCE fACtION/
COrbIS/lAtINStOCk

Figura 19. Eclipse anular


do Sol (anel de fogo).
Quando a lua penetra no cone de sombra da terra, ocorre o eclipse total da lua
(fig. 20).

Lua

Sol
Terra
Figura 20. Eclipse da Lua.

8. As fases da Lua
IlUStrAçõES: zAPt
quarto crescente
A lua gira em torno da terra completando uma volta em aproxima-
damente 27,3 dias (período sideral). luz solar B
As fases da lua são devidas ao fato de o hemisfério da lua voltado
para a terra não coincidir necessariamente com aquele iluminado pelo A Terra C lua
cheia
Sol. lua
Quando a lua volta para a terra, o hemisfério não iluminado (posi- nova
D
ção A na fig. 21), temos a fase denominada lua nova.
Nas posições B e D, a lua volta para a terra meia face iluminada, quarto minguante
constituindo, respectivamente, as fases quarto crescente e quarto
minguante. Quando na posição C, a lua volta para a terra o hemisfé- Figura 21. As fases da Lua.
rio iluminado: é a lua cheia.
A órbita da lua em torno da terra e a órbita da terra em torno do Sol não perten-
cem ao mesmo plano. Se tal acontecesse, todo mês teríamos eclipses do Sol e da lua.
Entretanto, os eclipses ocorrem em determinadas épocas, justamente quando a órbita
da lua intercepta o plano da órbita da terra e os astros Sol, terra e lua se alinham.
Os eclipses da lua ocorrem na fase de lua cheia (fig. 20) e os eclipses do Sol na fase
de lua nova (fig. 17).

198 Capítulo 8
9. Câmara escura de orifício
A câmara escura de orifício é uma caixa de paredes opacas ten- A
do, em uma das paredes, um pequeno orifício. Considere um ob-
O O B'
jeto Ab colocado em frente à câmara. Os raios de luz provenientes
B
do objeto atravessam o orifício e formam na parede oposta uma i
figura A'b', semelhante ao objeto e invertida, que recebe o nome A'

de “imagem” (fig. 22).


d
d'
Figura 22. Câmara escura de orifício.
10. Ângulo visual
(a)
Ao visualizar um ponto luminoso P, o globo ocular G recebe um feixe de luz dele P
proveniente (fig. 23a). Para facilitar as construções geométricas, costumamos destacar
G
apenas um raio do feixe de luz, o chamado raio médio (fig. 23b). (b)
Consideremos, agora, um objeto extenso o diante de um globo ocular G. Os raios P
médios que partem dos extremos do objeto e atingem o globo ocular formam entre si
G
o ângulo α. A esse ângulo dá-se o nome de ângulo visual (fig. 24).
Figura 23. Visualização de
um ponto luminoso.

o o' α2 α 1
o α G
G d1

d2
Figura 24. Visualização de um Figura 25. d2 > d1 ⇒ α2 < α1
objeto extenso.
Quanto mais longe um objeto estiver do globo ocular, menor será o ângulo visual
segundo o qual ele é visto (fig. 25). É por essa razão que, à medida que um objeto se
afasta, ele parece menor para o observador. Daí o ângulo visual ser denominado tam-
bém diâmetro aparente.
O Sol e a lua, vistos da terra, apresentam aproximadamente o mesmo diâmetro
aparente, da ordem de meio grau.

Exercícios de Aplicação

21. Um edifício projeta no solo uma sombra de 30 Resolu•‹o:


metros. No mesmo instante, um observador toma Admitindo que os raios solares atingem a Terra
uma haste vertical de 0,70 m e nota que sua
praticamente paralelos, podemos considerar os
sombra mede 0,50 m. Qual a altura do edifício?
triângulos ABC e A'B'C' semelhantes:
H S S
= ⇒ H = · h
h s s
IlUStrAçõES: zAPt

A
Sendo S = 30 m, s = 0,50 m, h = 0,70 m, vem:
30
A' H = · 0, 70 ⇒ H = 42 m
0,50
H
h 22. Para determinar a altura de uma torre, um
homem de 1,70 m de altura mediu os comprimen-
S s
tos da sombra da torre e de sua própria sombra,
B C B' C'
encontrando, respectivamente, os valores 40 m e
1,0 m. Determine a altura da torre.

Os princípios da Óptica Geométrica 199


23. Um disco opaco de 10 cm de raio é colocado entre
uma fonte de luz puntiforme e um anteparo 20 m 5 cm
opaco, paralelo ao disco. As distâncias da fonte
ao disco e dela ao anteparo são, respectivamen-
te, iguais a 1,0 m e 4,0 m. Determine o raio da D=? 10 cm
sombra do disco projetada sobre o anteparo. De acordo com os conhecimentos em óptica
anteparo geométrica e com os dados contidos no esquema
acima, determine a distância D, do orifício da
câmera (pinhole) até a árvore.
fonte de luz a) 2 m c) 40 m e) 200 m
puntiforme
b) 4 m d) 50 m

27. Diante de uma câmara escura de orifício, coloca-


se um sistema constituído por duas setas, AB e
24. Dadas as seguintes proposições: CD, como mostra a figura.
I. Nos meios transparentes, translúcidos e opa-
A
cos, a luz se propaga em linha reta. C
II. Cada raio de luz se propaga em um meio, D
independentemente de qualquer outro raio.
observador
III. A trajetória seguida pela luz depende de seu B
sentido de percurso.
Reproduza a figura, completando-a com os raios
a) Apenas II e III estão corretas.
luminosos e as imagens A'B' e C'D', do modo como
b) Apenas I e II estão corretas. serão vistas por um observador colocado fora da
c) Apenas I está correta. câmara, olhando para a parede posterior translú-
d) Apenas II está correta. cida do dispositivo.
e) Apenas III está correta. Resolução:
25. Um objeto linear está situado a 20 cm de uma Os raios luminosos provenientes dos objetos,
câmara escura de orifício, de comprimento 30 cm. após atravessarem o orifício, atingem a parede
Sabendo que a altura da imagem projetada é de posterior da câmara, determinando a formação
6,0 cm, determine a altura do objeto. das imagens A'B' e C'D'. Observe que há inversão
na direção vertical (AB) e na direção horizontal
Resolução: (CD).
A
C
A B' D B'
O
o i = 6,0 cm
A' D'
B observador
B C'
A'
d = 20 cm d' = 30 cm
28. Diante de uma câmara escura de orifício (caixa-
A semelhança entre os triângulos A'B'O e ABO preta) colocou-se um disco colorido como mostra
fornece: a figura. Sua imagem é vista por um observador
i d' situado aos fundos, observando o papel vegetal
=
o d onde se forma a imagem. Este é o princípio da
Sendo i = 6,0 cm; d' = 30 cm; d = 20 cm, vem: máquina fotográfica.
6,0 30
= ⇒ o = 4,0 cm
IlUStrAçõES: zAPt

o 20

26. (U. E. Londrina-PR) Pinhole, do inglês “buraco


de agulha”, é uma câmera fotográfica que não
observador
dispõe de lentes. Consegue-se uma imagem em disco
um anteparo quando a luz, proveniente de um
objeto, atravessa um pequeno orifício. A figura vista pelo observador é:

200 Capítulo 8
a) d)
30. Uma segunda lâmpada (L2) é acesa como mostra
a figura.

lâmpada (L1) lâmpada (L2)


b) e)

anteparo (disco)

c) (I) (II) (III) (IV) (V)


solo
No solo temos cinco regiões distintas. Analise as
sombras projetadas por cada lâmpada e verifique,
29. Uma lâmpada está iluminando um disco circular para cada região, se temos: sombra, penumbra
horizontal, de raio r = 0,6 m, próximo do solo. ou luz.
Na figura mostramos os raios de luz que passam Resolução:
pela sua borda e atingem o solo. Devido ao raio 1º. ) Se apagarmos a lâmpada (L2) e acendermos
do disco e a distância ao solo, a lâmpada é uma a (L1), teremos, de acordo com o exercício
fonte pontual. anterior: (I) luz; (II) luz; (III) sombra; (IV)
lâmpada (L1) sombra; (V) luz.
2º. ) Se apagarmos a lâmpada (L1) e acendermos
a (L2), teremos um caso simétrico: (I) luz;
(II) sombra; (III) sombra; (IV) luz; (V) luz.
anteparo (disco)
3º ) Se acendermos as duas lâmpadas, teremos a
.

superposição, valendo os seguintes efeitos:

solo (I) (II) (III) sombra + sombra = sombra


sombra + luz = penumbra
a) Nas regiões (I), (II) e (III) temos sombra, luz + luz = luz
penumbra ou luz?
(I) luz; (II) penumbra; (III) sombra; (IV) pe-
b) Sabendo que a lâmpada encontra-se a 3,0 m
numbra; (V) luz.
do solo e que o disco está a 2,0 m do solo,
determine o raio da sombra projetada no solo. 31. Num quartinho de estudos de um aluno foi instala-
Resolução: da uma prateleira horizontal de 60 cm de compri-
mento, fixa na parede, acima da mesa do Juquinha.
a) Em (I) e (III), temos luz direta da lâmpada.
Além disso foram instaladas duas arandelas lumino-
Em (II) temos a sombra do disco projetada no
sas na mesma parede, tal como mostra a figura.
solo.
lâmpada (L1) lâmpada (L2)
b) A figura sugere a formação de dois triângulos
semelhantes: LMN e LAB.
d
L
120 cm
60 cm
prateleira
IlUStrAçõES: zAPt

h
N 150 cm
H M
mesa
80 cm
solo (I) (II) (III)
chão
A B
luz sombra luz A fim de evitar que haja sombra, mas apenas uma
penumbra, sobre o tampo da mesa de estudos do
h MN h 2r Juquinha, determine a distância mínima d, entre
= ⇒ = ⇒
H AB H 2R
2,0 0,6 as duas lâmpadas, simetricamente colocadas em
⇒ = ⇒ R = 0,9 m relação à prateleira. As demais medidas estão na
3,0 R
própria figura.

Os princípios da Óptica Geométrica 201


32. Considere a posição relativa entre a Lua, a Terra Resolu•‹o:
e o Sol, como mostra a figura a seguir, a qual
está fora de escala para ressaltar os fenômenos. O lápis e os 10 andares do prédio são vistos pelo
Sol, Terra e Lua estão alinhados pelo seu centro. garoto segundo o mesmo ângulo visual:
Considere ainda os observadores na Terra, situa-
dos nas posições 1, 2 e 3.
H h

Lua
2
1 Sol Sol
3 d
D
Terra
H D
Por semelhança de triângulos: =
h d
São feitas as afirmativas a seguir. Assinale ver-
São dados: d = 50 cm = 0,50 m;
dadeira ou falsa.
h = 10 cm = 0,10 m; D = 150 m
I. Os três observadores estão vendo a Lua cheia.
H 150
II. Está ocorrendo um eclipse total da Lua e os Substituindo: = ⇒ H = 30 m
0,10 0,50
observadores 2 e 3 podem observá-lo. Como são 10 andares, temos:
III. A Lua está no cone de sombra da Terra e por H = n · x ⇒ 30 = 10 · x ⇒ x = 3,0 m
isso ocorre o eclipse.
IV. Para os observadores 2 e 3 é noite, e para o 34. Mantendo uma régua verticalmente a 30 cm dos
observador 1 é dia. olhos, uma pessoa verifica que 5,0 cm na régua
Do que se afirmou, são verdadeiras apenas: cobrem todos os 20 andares de um prédio. Sendo
a) I, II e III d) II e IV 2,5 m a altura de cada andar, determine a que
distância da pessoa se encontra o prédio.
b) II, III e IV e) II e III
c) I, III e IV 35. A Lua e o Sol apresentam o mesmo diâmetro apa-
33. Um garoto verifica que, se colocar verticalmente rente para um observador na superfície da Terra.
um lápis de 10 cm de comprimento a 50 cm de Sendo o diâmetro da Lua igual a 3,5 ∙ 103 km, o
seus olhos, ele consegue cobrir visualmente 10 diâmetro do Sol 1,4 ∙ 106 km e a distância do Sol
andares de um prédio situado a 150 m de distân- à Terra aproximadamente igual a 1,5 ∙ 108 km,
cia. Determine a altura de cada andar do prédio. determine o valor aproximado da distância entre
a Terra e a Lua.

Exercícios de reforço

36. (ITA-SP) Um edifício iluminado pelos raios A figura abaixo ilustra um esquema de triangu-
solares projeta uma sombra de comprimento lação, usando o teodolito em duas posições dife-
L = 72,0 m. Simultaneamente, uma vara ver- rentes, A e B. Os pontos A, B e C são colineares e
tical de 2,50 m de altura, colocada ao lado do o segmento BC é perpendicular ao segmento CD.
edifício, projeta uma sombra de comprimento D
IlUStrAçõES: zAPt

𝓵 = 3,00 m. Qual é a altura do edifício?


a) 90,0 m
b) 86,0 m
c) 60,0 m C A B
d) 45,0 m
e) Nenhuma das anteriores. Se AC = CD = AB = 1, calcule o cosseno do
ângulo AD̂B. Justifique sua resposta.
37. (UE-GO) O teodolito é um instrumento óptico
utilizado principalmente na construção civil e 38. (U. F. São Carlos-SP) A 1 metro da parte frontal
na agrimensura para realizar medidas indiretas de uma câmara escura de orifício, uma vela de
de grandes distâncias, alturas e curvas de nível, comprimento 20 cm projeta na parede oposta da
através de um processo de triangulação. câmara uma imagem de 4 cm de altura.

202 Capítulo 8
80 cm
L
60 cm
A
2,0 m
h
A câmara permite que a parede onde é projeta-
da a imagem seja movida, aproximando-se ou
afastando-se do orifício. Se o mesmo objeto for S
colocado a 50 cm do orifício, para que a imagem
obtida no fundo da câmara tenha o mesmo tama- O valor mínimo de h, em metros, para que sobre
nho da anterior, 4 cm, a distância que deve ser o solo não haja formação de sombra é:
deslocado o fundo da câmara, relativamente à a) 2,0 d) 0,60
sua posição original, em cm, é de: b) 1,5 e) 0,30
a) 50 c) 0,80
b) 40
41. (UF-RJ) Na figura a seguir, F é uma fonte de luz
c) 20
extensa e A um anteparo opaco.
d) 10
lâmpada fluorescente
e) 5
M F N
39. (AFA-SP) Um objeto luminoso é colocado em
frente ao orifício de uma câmara escura como
mostra a figura abaixo.

I II III

Pode-se afirmar que I, II e III são, respectivamen-


te, regiões de:

A
a) sombra, sombra e penumbra.
espelho
b) sombra, sombra e sombra.
Do lado oposto ao orifício é colocado um espe- c) penumbra, sombra e penumbra.
lho plano com sua face espelhada voltada para
d) sombra, penumbra e sombra.
o anteparo translúcido da câmara e paralela a
este, de forma que um observador em A possa e) penumbra, penumbra e sombra.
visualizar a imagem do objeto estabelecida no 42. (UF-RJ) No dia 3 de novembro de 1994, ocorreu
anteparo pelo espelho. Nessas condições, a con- o último eclipse total do Sol do segundo milênio.
figuração que melhor representa a imagem vista No Brasil, o fenômeno foi mais bem observado na
pelo observador através do espelho é: Região Sul.
a) c) A figura mostra a Terra, a Lua e o Sol alinhados
num dado instante durante o eclipse; neste ins-
tante, para um observador no ponto P, o disco da
b) d) Lua encobre exatamente o disco do Sol.
IlUStrAçõES: zAPt

40. (U. E. Londrina-PR) A figura a seguir representa


uma fonte extensa de luz L e um anteparo opaco
A dispostos paralelamente ao solo (S). (Obs.: a figura não está em escala.)

Os princípios da Óptica Geométrica 203


Sabendo que a razão entre o raio do Sol (RS) e o pé da torre e a outra com o ponteiro da cúpula.
Determine a altura estimada da torre de Toronto.
raio da Lua (RL) vale RS = 400 e que a distância
RL

PEtEr MINtz/DESIgN PICS/NEwSCOM/glOw IMAgES


do ponto P ao centro da Lua vale 3,75 × 105 km,
calcule a distância entre P e o centro do Sol.
Considere propagação retilínea para a luz.

43. Um grupo de professores de Física, em excursão


à cidade de Toronto, no Canadá, foi visitar a mais
famosa torre do mundo, a CN Tower. Decidiram,
então, estimar a altura da torre pelo já conhecido
método da reguinha diante dos olhos. Não foi sufi-
ciente, pois a torre era muito alta. Precisaram usar
um cabo de vassoura, de 1,0 m de comprimento,
e realizaram o experimento do seguinte modo:
afastaram-se da torre 220 m e um dos físicos
segurou o cabo de vassoura a 40 cm de seus olhos
e conseguiu alinhar uma das extremidades com o

Exercícios de Aprofundamento

44. (Unesp-SP) Um professor de física propôs aos c) não enxergaria nem o espelho, nem o raio de
seus alunos que idealizassem uma experiência luz.
relativa ao fenômeno luminoso. Pediu para que d) enxergaria somente o espelho em toda sua
eles se imaginassem numa sala completamente extensão.
escura, sem qualquer material em suspensão
e) enxergaria o espelho em toda sua extensão e
no ar e cujas paredes foram pintadas com uma também o raio de luz.
tinta preta ideal, capaz de absorver toda a luz
que incidisse sobre ela. Em uma das paredes da 45. (UF-RJ) A figura a seguir (evidentemente fora de
sala, os alunos deveriam imaginar uma fonte de escala) mostra o ponto O em que está o olho de
luz emitindo um único raio de luz branca que um observador da Terra olhando um eclipse solar
incidisse obliquamente em um extenso espelho total, isto é, aquele no qual a Lua impede toda a
plano ideal, capaz de refletir toda a luz nele inci- luz do Sol de chegar ao observador.
IlUStrAçõES: zAPt
dente, fixado na parede oposta àquela na qual o
estudante estaria encostado (observe a figura).
d
espelho O
Lua
Sol

a) Para que o eclipse seja anelar, isto é, para


raio de luz que a Lua impeça a visão dos raios emitidos
por uma parte central do Sol, mas permita a
visão da luz emitida pelo restante do Sol, a
fonte de luz
Lua deve estar mais próxima ou mais afastada
do observador do que na situação da figura?
Justifique sua resposta com palavras ou com
olho do estudante um desenho.
Se tal experiência pudesse ser realizada nas con- b) Sabendo que o raio do Sol é 0,70 · 106 km, o
dições ideais propostas pelo professor, o estudan- da Lua, 1,75 · 103 km e que a distância entre
te dentro da sala: o centro do Sol e o observador na Terra é
de 150 · 106 km, calcule a distância d entre
a) enxergaria somente o raio de luz. o observador e o centro da Lua para a qual
b) enxergaria somente a fonte de luz. ocorre o eclipse total indicado na figura.

204 Capítulo 8
46. (Fuvest-SP) Uma determinada montagem óptica d)
é composta por um anteparo, uma máscara com
furo triangular e três lâmpadas, L1, L2 e L3,
conforme a figura a seguir. L1 e L3 são pequenas
lâmpadas de lanterna e L2, uma lâmpada com
filamento extenso e linear, mas pequena nas
outras dimensões. No esquema, apresenta-se a e)
imagem projetada no anteparo com apenas L1
acesa.

IlUStrAçõES: zAPt
anteparo 47. O nosso céu é azul. A Terra vista de uma nave
espacial é azul. Qual é a justificação se o Sol nos
máscara envia a luz branca com as sete cores?

a) Das sete cores, o azul é absorvido pela atmos-


fera e não chega até o solo. Olhando para o
céu vemos a atmosfera azul.
L1
L3 b) O azul, o anil e o violeta sofrem o maior
L2
esquema da montagem —ptica
espalhamento na atmosfera, devido a poeira
e vapor de água em suspensão. Dentre as três
O esboço que melhor representa o anteparo ilu-
cores, temos dificuldade de visualizar o anil e
minado pelas três lâmpadas acesas é:
o violeta, mas vemos o azul.
a)
c) O azul não sofre nenhum espalhamento na
atmosfera e chega até nós sem nenhum obs-
táculo. As demais cores sofrem espalhamento
e chegam com dificuldade. Predomina o azul.
d) O ângulo de incidência da cor azul na atmos-
b) fera favorece a sua entrada na Terra (refra-
ção). Logo, vemos o azul proveniente do céu.
Parte desta radiação é refletida, por isso a
Terra é azul, vista da espaçonave.
e) Das sete cores que incidem na atmosfera,
o anil, o violeta e o azul são as cores de
c) melhor ângulo de reflexão na atmosfera. As
três chegam até nós, mas para nossas vistas
predomina o azul.

48. Qual é a cor do céu na Lua, visto por um astro-


nauta em solo lunar? Justifique.

Os princípios da Óptica Geométrica 205


CaPÍTULo

Ref lexão da luz


9
1. Leis da reflexão 1. Leis da reflexão

2. Imagem de um objeto
Consideremos um feixe de luz que se propaga em um meio 1 e incide na su- puntiforme
perfície S que separa o meio 1 de outro meio 2 . Como vimos no capítulo anterior,
quando o feixe luminoso atinge a superfície S pode haver reflexão ou refração da 3. Campo visual de um
luz. No capítulo 8, ao estudarmos o caráter ondulatório da luz, veremos as condi- sistema formado por
ções em que a reflexão é regular e aquelas em que é difusa. por enquanto, basta um observador e um
afirmar que “a reflexão regular ocorre quando a superfície S é suficientemente lisa espelho plano
(ou polida)”. Quando a maior parte da luz incidente é refletida regularmente, a
superfície S é chamada de espelho (ou superfície refletora). Naturalmente, para 4. Imagem de um objeto
termos um espelho, o meio B deverá ser opaco* e a superfície S, lisa. em geral, extenso
os melhores espelhos são obtidos polindo-se a superfície de objetos metálicos. Na 5. Translação do espelho
maioria das vezes, os espelhos são formados por uma fina película de prata sobre plano
uma lâmina de vidro transparente.
Neste capítulo, faremos o estudo da reflexão regular, também chamada de refle- 6. Translação de um
xão especular, pois é o tipo de reflexão que ocorre nos espelhos. assim, a partir de objeto
agora, quando falarmos em reflexão estaremos nos referindo à reflexão regular. se
7. Rotação de um espelho
quisermos nos referir à reflexão difusa, usaremos a palavra difusão.
plano
Consideremos um raio de luz ri que incide num ponto P de uma superfície lisa S,
plana (fig. 1a), ou curva (fig. 1b), formando-se o raio refletido rr. pelo ponto P trace- 8. Associação de espelhos
mos a reta N, normal à superfície S (fig. 2). No caso de a superfície S ser curva (fig. 2b), planos
a reta normal N é perpendicular ao plano (β) tangente à superfície S no ponto P.
normal (N)
ilustrações: zapt

(a) (b)
RR RR
RI RI

P
P
S 90º

Figura 1. Incidência no espelho plano.


(a) (b) normal (N)
RI
RR

P RI
RR
P

Figura 2. Incidência numa superfície curva.

* No capítulo 11 veremos que, sob certas condições, é possível que S funcione como espelho, mesmo
que o meio B seja transparente.

206 Capítulo 9
Ângulo de incidência e ângulo de reflexão
O ângulo de incidência î do raio ri deve ser medido com a reta normal. Do mes-
mo modo, o ângulo de reflexão r̂ do raio rr também deve ser medido com a reta
normal (fig. 3).
a reta normal, por sua vez, deve ser uma perpen- (a) normal (N) (b) normal (N)

ilustrações: zapt
dicular à superfície, traçada no ponto de incidência do RR
RI î r̂
raio de luz. Quando se tratar de uma superfície plana, î r̂ RI
RR
seu traçado é intuitivo (fig. 3a); no entanto, quando
se tratar de superfície curva (fig. 3b), devemos usar tangente
90º
uma reta tangente a esta, passando pelo ponto de in- 90º
cidência. a seguir, traçamos a reta normal, furando a
Figura 3. Ângulo de incidência (î ) e ângulo de reflexão (r̂ ).
superfície no ponto de incidência, perpendicularmen-
te à reta tangente.

Leis da reflexão
experimentalmente, verifica-se que:

1a. Lei: O raio incidente, o raio refletido e a reta normal estão no mesmo plano.

2a. Lei: O ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência ( r̂ = î ).

particularmente, quando o raio incidente for per- (a) N (b) N


pendicular à superfície, dizemos que o ângulo de inci-
dência é nulo. Como o ângulo de reflexão é igual ao RI RI
incidente, ele também é nulo. Nesse caso o raio re-
fletido volta sobre o raio incidente. Costuma-se dizer
RR RR
que o raio reflete-se e volta sobre si mesmo (fig. 4). S
S

Figura 4.
Exemplo 1

Consideremos o caso em que a superfície refletora é esférica. Nesse caso, é útil que nos
lembremos que a normal, num ponto qualquer da superfície, passa pelo seu centro. Na figura 5
temos dois exemplos em que a superfície refletora é esférica.

(a) N
(b)
RR
r̂ RR r̂
î N
î
O O
RI RI

Figura 5.

Reflexão da luz 207


Exemplo 2

Consideremos, agora, o caso em que a superfície refletora é um elipsoide de revolução. Nesse caso, o traçado da normal já
não é tão simples como no caso da superfície esférica. No entanto, há uma situação particular interessante.

N
N'

ilustrações: zapt
F1
F1 O F2 F2

(a) Raio incidente passando por um dos focos. (b) Prolongamento do raio incidente passando por um foco.
Figura 6. Reflexão em elipsoide de revolução de focos F1 e F2.

Pode-se demonstrar que, se o raio incidente (ou seu prolongamento) passa por um dos focos, o raio refletido (ou seu pro-
longamento) passa pelo outro foco, como exemplifica a figura 6.

obsErvaçõEs

1.a) As leis da reflexão surgiram inicialmente como leis experimentais e já eram (a) luz luz
conhecidas pelo menos desde os tempos dos antigos sábios de Alexandria. Por incidente refletida
exemplo, nos trabalhos de Heron (que nasceu, aproximadamente, no século
I antes de Cristo) e Ptolomeu (século II depois de Cristo) vemos enunciadas
essas leis. A partir do século XIX, quando se mostrou que a luz é uma onda
eletromagnética, foi possível demonstrar as leis da reflexão a partir da teoria
(b) luz luz
ondulatória e das leis do eletromagnetismo.
incidente refletida
2.a) Para representar um espelho plano costuma-se usar o esquema da figura 7a
ou da figura 7b. Os traços indicam a "parte de trás" do espelho, isto é, o
lado não refletor; analogamente, a parte sombreada também indica a "parte
de trás".
Figura 7. Símbolos do espelho
plano.

Exercícios de aplicação

1. Na figura temos dois espelhos pla- Usando as leis da reflexão e a definição de ângulo
nos e um raio incidente. de incidência e de reflexão, determine:
a) o valor do ângulo de incidência î1 no primeiro
r̂2 espelho;
î2 b) os valores dos ângulos de incidência î2 e de
reflexão r̂2 no segundo espelho;
30º c) o valor do ângulo θ entre os dois espelhos.
î1 60º θ Lembrete: a soma dos ângulos internos de um
30º
triângulo é sempre igual a 180°.

208 Capítulo 9
2. Um raio de luz incide em um espelho plano, for- 3. Um raio de luz incide em um espelho plano, for-
mando um ângulo de 20° com o espelho.
mando um ângulo de 40° com o espelho, como
indica a figura.

ilustrações: zapt
20º
E

Determine:
40¼
a) o ângulo de incidência;
Figura a. b) o ângulo de reflexão;
c) o ângulo formado entre os raios incidente e
Determine:
refletido;
a) o ângulo de incidência;
d) o ângulo formado entre o raio refletido e o
b) o ângulo de reflexão; espelho.
c) o ângulo formado entre o raio refletido e o
espelho; 4. Na figura, E representa um espelho plano perpen-
d) o ângulo formado entre o raio incidente e o dicular ao plano da figura. Um raio de luz passa
raio refletido. pelo ponto A, atinge o espelho em P, reflete-se e
Resolução: passa pelo ponto B.
a) Seja P o ponto do espelho atingido pelo raio
B
incidente RI. Pelo ponto P traçamos a reta
N normal ao espelho (fig. b). O ângulo de A
incidência î é o ângulo formado entre o raio 3,0 m
incidente e a normal. Como î + 40° = 90°, 2,0 m
E
temos: î = 50° x P

7,0 m
N
RI a) Calcule a distância x assinalada na figura.

b) Determine o ângulo formado entre o raio inci-
40º
dente e o espelho.
P

Figura b. Resolução:
a) De acordo com a 2ª. Lei da Reflexão, o raio
N
incidente e o raio refletido devem formar o
RI RR
50º 50º mesmo ângulo θ com o espelho, como indica
40º 40º a figura abaixo.
P B
Figura c.
A
b) O ângulo de reflexão r̂ é o ângulo formado 3,0
entre o raio refletido RR e a normal N. 2,0
θ θ
Pela 2a. Lei da Reflexão, temos:
C
E x P 7,0 – x
r̂ = 50° como indica a figura c.
7,0 m
c) O raio refletido forma com o espelho o mesmo
ângulo que o raio incidente forma com o espe-
lho (fig. c), isto é, forma um ângulo de 40°. Portanto, os dois triângulos sombreados são
d) O ângulo formado entre o raio incidente e o semelhantes, donde tiramos:
refletido é a soma do ângulo de incidência 2,0 3,0
=
com o ângulo de reflexão, ou seja, 100°. x 7,0 – x

Reflexão da luz 209


Resolvendo a equação, obtemos: Resolução:

x = 2,8 m O ângulo de incidência do raio x no espelho E1 é


igual a 90° – θ, como indica a figura b.
b) Considerando o triângulo retângulo APC da
figura anterior, temos: E1
x
2,0 2,0
tg θ = = ≅ 0,714
x 2,8
θ
Consultando a tabela que está no CD, obte-
mos: A 90º – θ
z
θ ≅ 36° θ

5. Um raio de luz passa por um ponto A, reflete-se 90º – θ 90º – θ E2


em um espelho E e passa por um ponto B, como
B C
indica a figura.
Figura b.
ilustrações: zapt

B
Lembrando que a soma dos ângulos internos de
A
25 m um triângulo é igual a 180°, concluímos que o
15 m
ângulo interno AĈB do triângulo retângulo som-
E
x breado é igual a 90° – θ. Portanto, o raio z forma
com E2 ângulo igual a 90° – θ.
60 m
Calcule: Vemos então que os raios x e z formam o mesmo
ângulo com a direção horizontal (90° – θ), donde
a) a distância x;
concluímos que eles são paralelos.
b) o valor aproximado do ângulo formado entre o
raio incidente e o espelho. (Consulte a tabela Observação: Em relação ao sistema formado pelos
trigonométrica no CD.) espelhos E1 e E2,dizemos que x é o raio incidente
e z é o raio emergente do sistema.
6. A figura a representa dois espelhos planos, E1
e E2, perpendiculares entre si e perpendiculares
ao plano da figura. Um raio de luz x, contido no 7. (UF-CE) Um estreito feixe F de luz incide no espe-
plano da figura, incide no espelho E1, formando lho plano A, conforme a figura, sofrendo uma
com este um ângulo θ, tal que 0 < θ < 90°. O reflexão em A e outra em B.
raio x é refletido, formando-se o raio y, o qual,
por sua vez, é refletido em E2, formando-se o raio A
F
z. Mostre que x e z são paralelos.
60º
E1
x

θ
90º B

z
Podemos afirmar, corretamente, que o feixe refle-
tido em B é:
y
a) perpendicular a F.
E2
b) faz um ângulo de 30° com F.
Figura a. c) paralelo a F.
d) faz um ângulo de 60° com F.

210 Capítulo 9
Exercícios de reforço

8. (Fuvest-SP) A janela de uma casa age como se Nessa figura, dois espelhos planos estão dispos-
fosse um espelho e reflete a luz do Sol nela inci- tos de modo a formar um ângulo de 30° entre
dente, atingindo, às vezes, a casa vizinha. Para a eles. Um raio luminoso incide sobre um dos
hora do dia em que a luz do Sol incide na direção espelhos, formando um ângulo de 70° com a sua
indicada na figura, o esquema que melhor repre- superfície.
senta a posição da janela capaz de refletir o raio Esse raio, depois de se refletir nos dois espelhos,
de luz na direção de P é: cruza o raio incidente formando um ângulo α de:
Sol
a) 90° d) 120°
b) 100° e) 140°
c) 110°

10. (ITA-SP) As figuras representam as intersecções de


P janela

ilustrações: zapt
dois espelhos planos perpendiculares ao papel
e formando os ângulos indicados. Em qual das
situações um raio luminoso r (contido no plano
do papel), que incide no espelho I formando
ângulo θ qualquer entre 0 e π , emergirá de II
a) 2
paralelo ao raio incidente?
a) I

P
θ
r
b)
30º
II

b) I
P
r
θ
c)

60º
P
II

d)
c) I r

θ
P

e)
90º
II

P
d) θ r
I
9. (UF- MG) Observe a figura.
120º
II

30º α r
e) θ
I
150¼
70º
II

Reflexão da luz 211


2. Imagem de um objeto puntiforme

Formação da imagem
n
seja P uma fonte de luz puntiforme (primária ou secundária) colocada P

ilustrações: zapt
RI RR
em frente a um espelho plano E (fig. 8) e seja n a reta que passa por P e é
normal ao plano do espelho. Consideremos um raio de luz ri que sai de P e θ θ d
incide obliquamente no espelho, onde rr é o raio refletido. O prolongamen- α α E
to de rr intercepta a reta n no ponto P'. M α
A
analisando a figura 8, observamos que os triângulos pMa e p'Ma são d
congruentes. então:
P'
pM = p'M
Figura 8.
assim, os pontos P e P' são simétricos em relação ao espelho.
Como a escolha do raio ri foi arbitrária, podemos concluir que qualquer
P
raio de luz que parte de P e se reflete no espelho o faz de modo que o pro-
longamento do raio refletido passe por P', como ilustra a figura 9. O
Nessa figura, O representa o olho de um observador que recebe alguns
dos raios refletidos no espelho. acontece que o olho funciona de tal manei-
ra que ele “enxerga” os objetos sempre na direção dos raios de luz que o E
atingem. assim, o observador tem a impressão de que os raios que o atin-
gem partem do ponto P', e desse modo ele “enxerga” o ponto P'. Dizemos
que o ponto P' é a imagem do ponto objeto P. Dizemos ainda que:
• o ponto P é um ponto objeto real, pois realmente dele partem raios P'
de luz;
Figura 9.
• o ponto P' é um ponto imagem virtual, pois na realidade nada há
atrás do espelho; o observador apenas tem a impressão de que a luz
vem do ponto P'.
P O

Convém ressaltar que, embora o ponto P' seja uma imagem virtual, ele
pode ser visto e até fotografado.
para formar-se a imagem P' do objeto P, não é necessário que a reta
pp' intercepte o espelho, mas apenas que ela seja normal ao plano do
E
espelho. Vejamos, por exemplo, o caso da figura 10. Nessa figura temos
representados um espelho plano E, um ponto objeto real P e sua imagem
virtual P'. Observemos que a reta pp' é perpendicular ao plano do espelho,
mas não atravessa o espelho. todos os raios que partem de P e atingem o
espelho o fazem de modo que os raios refletidos estão na região sombreada P'
na figura. evidentemente, o observador O estará recebendo um feixe de
raios refletidos e enxergará a imagem. Figura 10.

sistema óptico estigmático


Quando estudarmos os espelhos esféricos e as lentes, veremos que, dado um objeto
puntiforme, esses elementos (ou sistemas ópticos) produzem uma imagem que não
é puntiforme, isto é, a imagem é “borrada”. tais sistemas são chamados de astigmá-
ticos. Quando a imagem de um objeto puntiforme é também puntiforme, o sistema é
chamado de estigmático. podemos então dizer que o espelho plano é um sistema
óptico estigmático.

212 Capítulo 9
3. Campo visual de um sistema formado por um
observador e um espelho plano
Na figura 11, temos o olho de um obsErvação
observador e E representa um espelho
plano. O campo visual do espelho em luz objeto Poderíamos
relação ao olho do observador é a região ter o problema

ilustrações: zapt
do espaço onde devem estar os objetos inverso: dado
para que ele veja as imagens. E um espelho, um
para determinar o campo visual, con- Figura 11. Sistema olho-espelho plano. objeto e diversos
sideremos primeiramente um ponto P observadores,
qualquer, cuja imagem P' é vista por O quais deles
(fig. 12). pelo traçado dos raios, perce- conseguiriam ver
o objeto? Nesse
bemos que o prolongamento do raio in-
O caso, em vez de se
cidente pa deve passar pela imagem O'
tomar o simétrico
do olho do observador, isto é, a reta O'p
do olho, que são
deve interceptar o espelho. assim, para vários, tomamos
determinar o campo do espelho, em pri- apenas o simétrico
meiro lugar determinamos a imagem O' E do objeto e
de O. em seguida, traçamos as retas que determinamos o
passam por O' e pelo contorno do espe- O'
campo visual. O
lho (fig. 12). observador que
O campo visual é a região do espaço estiver dentro do
Figura 12.
situada entre essas retas e o espelho (re- campo irá vê-lo.
gião sombreada na figura).

Exercícios de aplicação

11. Temos um espelho plano E, um ponto I (marcado Resolu•‹o:


em E) e um ponto luminoso P, afastado do espelho.
a) Como o próprio enunciado recomenda, o
P ponto P', imagem de P, é obtido por simetria
(fig. b).
2,5 cm
b) Usando P' e I traça-se o raio refletido pelo
espelho.

P
2,5 cm
I

E
2,5 cm
Figura a.
α
P'
a) Obtenha a imagem de P, por simetria.
I α
b) Trace um raio de luz que sai de P (fonte de
luz), incide no espelho, no ponto I, e se refle- E
te em E, obedecendo às leis da reflexão. Figura b.

Reflexão da luz 213


12. As figuras a, b e c representam um espelho Resolu•‹o:
plano E, cujos extremos são limitados no próprio
desenho, e um ponto P. Obtenha, em cada caso, a) Inicialmente desenhamos o segmento P'P
a correspondente imagem P'. A seguir, trace um (fig. b), perpendicular ao espelho, de modo que
raio de luz que parte de P, incide em I e reflete- PM = MP'. O ponto P' é a imagem de P em
se no espelho. relação ao espelho E. A seguir traçamos a reta
P'O, a qual intercepta o espelho no ponto A. O
ponto A é o ponto de incidência, e a trajetória

ilustrações: zapt
E
I seguida pelo raio é a trajetória PAQ.
Q
P P
Figura a.
E
M A

P'
I Figura b.

E
b) Os triângulos PMA e QBA (fig. c) são seme-
lhantes.
Q
P

P 2,0 cm 3,0 cm
θ θ E
Figura b. M A B

P' x 7,0 – x

Figura c.
P
Portanto:
x 2,0
=
7,0 – x 3,0
Resolvendo essa equação, obtemos:
E
x = 2,8 cm
I

Figura c. c) Aplicando o teorema de Pitágoras ao triângu-


lo retângulo PMA, temos:
(PA)2 = (PM)2 + (MA)2
13. Na figura a temos um ponto luminoso P que
(PA)2 = (2,0)2 + (2,8)2 ⇒ (PA)2 = 11,84
deverá iluminar Q através de reflexão de luz no
espelho plano E. Assim:
Q PA = 11,84 ⇒ PA ≅ 3,4 cm
P
3,0 cm
2,0 cm 14. Nas figuras a e b, desenhe o trajeto de um raio de
E luz que sai da fonte de luz puntiforme F, incide no
7,0 cm espelho plano EP e chega ao olho do observador.
Figura a. F

a) Desenhe a trajetória seguida por um raio de


luz que parte de P, reflete-se no espelho e
atinge o ponto Q.
b) Calcule a distância x entre o ponto em que o
raio incide no espelho e a reta que passa por
P e é perpendicular ao plano do espelho.
c) Calcule a distância entre o ponto P e o ponto EP
de incidência. Figura a.

214 Capítulo 9
ilustrações: zapt
A
O X
Y
F
B
E

EP
Figura b.
O'
15. Um ponto luminoso P e um ponto Q estão em frente
Figura b.
a um espelho plano E, como representa a figura.

3,0 cm
(UF-RS) Texto para as questões 17 e 18:
P
Na figura a seguir, E representa um espelho plano
que corta perpendicularmente a página, enquan-
20 cm
to O representa um pequeno objeto.
Na figura também estão representadas duas
sequências de pontos. A sequência I, II, III, IV
Q
e V está localizada atrás do espelho, região de
12 cm formação da imagem do objeto O pelo espelho E.
E A sequência 1, 2, 3, 4 e 5 indica as posições de
cinco observadores. Considere que todos os pon-
a) Desenhe a trajetória seguida por um raio tos estão no plano da página.
luminoso que parte de P, reflete-se no espe-
lho e atinge o ponto Q.
5 4 3 2 1
b) Calcule a distância entre o ponto de incidên- (observadores)
cia no espelho e a reta que passa por P e é O (objeto)
perpendicular ao plano do espelho.
c) Calcule a distância percorrida pelo raio de luz E
desde P até Q (caminho óptico).
V IV III II I
(imagens)
16. Na figura a são representados o olho (O) de um
observador, um espelho plano (E) e os pontos
A, B, X e Y. Determine os pontos cujas imagens 17. (UF-RS) Qual é o ponto que melhor representa
podem ser vistas pelo observador. a posição da imagem do objeto O formada pelo
espelho plano E?
A
O X a) I
Y
b) II
B
E c) III

Figura a. d) IV

Resolu•‹o: e) V
Em primeiro lugar determinamos a imagem (O' ) 18. (UF-RS) Quais os que conseguem enxergar a ima-
de O em relação ao espelho. Em seguida traçamos gem de O refletida no espelho?
as retas que passam por O' e pela fronteira do
espelho, como indica a figura b. O campo do espe- a) Todos.
lho é a região sombreada na figura. Observamos, b) Apenas 1, 2, 3 e 4.
então, que apenas os pontos X e Y estão dentro
c) Apenas 2, 3, 4 e 5.
do campo, e, portanto, apenas as imagens desses
pontos é que podem ser vistas por O. d) Apenas 3, 4 e 5.
e) Apenas 4 e 5.

Reflexão da luz 215


Exercícios de reforço

19. Temos uma associação de dois espelhos planos 21. (ITA-SP) Um raio de luz de uma lanterna acesa
perpendiculares entre si: E1 e E2. O quadriculado em A ilumina o ponto B, ao ser refletido por um
entre eles indica a posição de uma fonte de luz espelho horizontal sobre a semirreta DE da figu-
L, puntiforme, e um ponto P que deverá ser ilumi- ra, estando todos os pontos num mesmo plano
nado pela fonte após uma dupla reflexão da luz. vertical. Determine a distância entre a imagem
fonte de luz virtual da lanterna A e o ponto B. Considere

ilustrações: zapt
L AD = 2 m, BE = 3 m e DE = 5 m.
1,0 cm

E1 B

P
A

E2
D E
a) Desenhe o trajeto de um raio de luz que
partiu de L, refletiu em E1 e a seguir em E2,
iluminando finalmente o ponto P. 22. Na figura temos um espelho plano EP, duas fon-
b) Qual é a distância percorrida nesse trajeto? tes de luz puntiformes, F1 e F2, e ainda um ponto
P a ser iluminado por F1 e F2, por reflexão no
20. (UFF-RJ) Dois espelhos paralelos, E1 e E2, estão espelho plano. Esboce o trajeto dos dois raios de
frente a frente, separados por uma distância luz que partem de F1 e F2.
de 20 cm. Entre eles há uma fonte luminosa
F, de pequenas dimensões, na posição indicada F1 F2
na figura. Calcule a distância entre a primeira
imagem fornecida pelo espelho E1 e a primei- P
ra imagem fornecida pelo espelho E2.
E1 E2

20 cm

EP

4. Imagem de um objeto extenso


E
Dado um espelho plano E, a imagem de um objeto extenso pro- A A'
duzida por ele é obtida determinando-se a imagem de cada ponto
do objeto, como exemplifica a figura 13.
B B'
Como cada ponto e a respectiva imagem são simétricos em re-
lação ao plano do espelho, o objeto extenso e a respectiva imagem
C C'
também são simétricos em relação ao plano do espelho.
portanto: Figura 13.

• a distância do objeto ao plano do espelho é igual à distância da imagem ao plano


do espelho;
• o tamanho da imagem é igual ao tamanho do objeto, independentemente da
distância entre o objeto e o plano do espelho.

216 Capítulo 9
Quando estudarmos os espelhos esféricos e as lentes, veremos que, às vezes, as
imagens produzidas estão “de cabeça para baixo”, como exemplifica a figura 14. Nes-
se caso, dizemos que a imagem é invertida em relação ao objeto. Os espelhos planos
não fazem essa inversão. Dizemos que as imagens produzidas pelos espelhos planos são
sempre direitas (fig. 15).
objeto

lente

ilustrações: zapt
imagem invertida objeto imagem direita

Figura 14. Figura 15.

Exemplo 3

Na figura 16 temos a palavra ROMA e sua imagem produzida


por um espelho plano. Observemos como é a imagem dessa palavra. ROMA
Dizemos então que um espelho plano “troca a direita pela esquer- E
ROMA
da” e vice-versa. Para ler, vire de ponta-cabeça.
Diz-se também que o objeto e a imagem são figuras enantio- Figura 16.
morfas (palavra derivada do grego, que significa “formas opostas”).

Exercícios de aplicação

23. Um triângulo equilátero Observe a simetria de cada par objeto-imagem em


A
ABC encontra-se diante relação ao espelho.
de um espelho plano E. Observe também que a imagem de um triângulo
Reproduza sua imagem. B é outro triângulo, o que nem sempre ocorrerá
quando usarmos um espelho esférico. No entan-
to, você não conseguirá superpor a imagem sobre
C
o objeto fazendo coincidir os respectivos pontos
Resolu•‹o: A, B e C. Isso se chama enantiomorfismo: imagem
Do mesmo modo como representamos a imagem simétrica e não superponível.
de um ponto, vamos determinar a imagem de
Tente levantar a sua mão direita para o espelho
cada vértice. No final unimos as três imagens A',
plano. A imagem será enantiomorfa e você terá
B' e C' e teremos o triângulo imagem procurado.
a sensação que a imagem é a da mão esquerda.
A' A
24. São 5 h e 5 min. Ao lado
esquerdo do relógio sem
B' B
números há um espelho
plano. Dona Beatriz olhou
C' C as horas pelo espelho e
d d levou um susto: Oh! Como
D D as horas voaram. Que relógio de ponteiro
horas ela leu no espelho? sem números

Reflexão da luz 217


25. Um indivíduo de altura H está de pé diante de solo seja igual a BR. Da semelhança entre os
um espelho retangular e vertical com a base do triângulos BRP' e OPP', temos:
espelho ficando paralela ao solo. Seja x a distân- BR OP y x x
cia entre o olho do indivíduo e o solo. RP' = PP' ou d = 2d , isto é, y = 2
a) Calcule a menor altura h do espelho que Portanto, o espelho de altura mínima deve ser
permite ao indivíduo enxergar toda a sua colocado de modo que a distância entre sua
imagem. base inferior e o solo seja igual à metade da
b) Considerando o espelho de altura mínima, distância entre o olho do indivíduo e o solo,
determine a distância y entre a base inferior independentemente da distância d entre o
do espelho e o solo, necessária para que o indivíduo e o plano do espelho.
indivíduo possa ver toda a sua imagem.
Resolu•‹o: 26. Um espelho plano de parede será usado pela mãe
e pela filha. A mãe tem 1,80 m de altura, e a
a) Seja α o plano que contém o espelho (veja a
filha, 1,20 m. Desprezando a altura da testa de
figura). Na figura, os pontos C, O e P represen-
ambas, determine:
tam, respectivamente, o topo da cabeça, o olho
e o pé do indivíduo (em proporções exagera- a) a distância mínima d, do espelho ao chão.
das). Traçando os raios que partem da cabeça b) a altura mínima h, que deverá ter o espelho.
e dos pés do indivíduo, refletem-se no espelho
e atingem seu olho, vemos que só a região do 27. Um hexágono regular, de lado L, foi colocado
espelho situada entre os pontos A e B é neces- acima de um espelho plano EP, que é perpendi-
sária para que o indivíduo se enxergue. cular a esta página. Os lados EF e BC são perpen-
α diculares ao espelho e a distância do vértice D ao
C C'
A espelho é igual a L.
h O'
O
A

ilustrações: zapt
H
B
x
y F B

P R P' (L)
d d'

Como os triângulos OAB e OC'P' são semelhan- E C


tes, temos:
D
AB PR h d H
C'P' = PP' ou H = 2d , isto é, h = 2 L
Vemos então que a altura mínima que o espe-
lho deve ter é a metade da altura do indiví- EP
duo, independentemente de sua distância d
a) Obtenha a figura da imagem do hexágono.
ao plano do espelho.
b) Determine a distância entre o vértice A e sua
b) Observando a figura, vemos que o espelho
imagem A'.
de altura mínima deve ser colocado de modo
que a distância y entre sua base inferior e o c) Determine a distância entre o vértice C e a
sua imagem C'.

Exercícios de reforço

28. (Cesgranrio-RJ) Daniela, uma linda menininha de a) D A N I E L A d) A L E I N A D


ALEINAD
oito anos, ficou completamente desconcertada b) A L E I N A D e)
ALEINAD
quando, ao chegar em frente ao espelho do seu c)
armário, viu a imagem da sua blusa onde havia 29. (Vunesp-SP) Um observador O encontra-se no
seu nome escrito. A imagem vista foi: vértice P de uma sala cuja planta é um triângulo

218 Capítulo 9
equilátero de lado igual P

ilustrações: zapt
a 6,0 m. Num dos cantos O
da sala existe um espe- vela
lho vertical de 3,0 m de
largura ligando os pon- espelho
tos médios das paredes
mesa
PQ e QR. Q R
Assinale a alternativa cujo diagrama representa
Nessas condições, olhando através do espelho, CORRETAMENTE a formação da imagem do objeto,
o observador vê (no plano horizontal que passa nessa situação.
pelos seus olhos): imagem
a) c)
a) a metade de cada parede da sala.
b) um terço de PR e metade de QR.
c) um terço de PR e um terço de PQ.
d) metade de QR e metade de PR. vela

e) PR inteira e metade de QR. imagem vela

30. (Udesc-SC) Um estudante pretende observar b) d)


inteiramente uma árvore de 10,80 m de altura, vela
usando um espelho plano de 80,0 cm. O estu-
vela imagem
dante consegue seu objetivo quando o espelho
imagem
está colocado a 5,0 m de distância da árvore.
A distância mínima entre o espelho e o estu- 32. (Uesb-BA) O teto de uma sala está a 2,60 m de
dante é: altura. Nessa sala há uma mesa de 80,0 cm de
altura com tampo horizontal espelhado. Uma
a) 0,40 m c) 0,20 m e) 0,80 m
pessoa sentada à mesa observa a imagem do teto,
b) 0,50 m d) 0,60 m produzida pelo tampo espelhado da mesa, a uma
distância d abaixo do piso da sala. Essa distância
31. (UF-MG) Uma vela está sobre uma mesa, na fren- d, em metros, é igual a:
te de um espelho plano, inclinado, como repre-
sentado na figura a seguir. a) 0,40 b) 0,80 c) 1,00 d) 1,20 e) 1,30

5. Translação do espelho plano


Consideremos, inicialmente, um ponto objeto P diante
(a) Situação inicial. E
de um espelho plano E, tal que a distância de P ao espelho
P P'1
seja igual a a (fig. 17a). a imagem de P é P'1. Deixemos fixo
o ponto P e translademos o espelho plano E para a direita. a a

seja d o seu deslocamento (fig. 17b). Nessa nova situ- d x


ação, a imagem do ponto P também sofreu certo desloca- (b) Situação final. E
mento (x). ela está representada por P'2 e a distância até o P P'2
espelho agora é igual a b. b b
Como o ponto P permanece fixo, para calcularmos o
deslocamento da imagem, vamos tomá-io como referência.
Figura 17. Translação do espelho plano.
tínhamos: pp'1 = a + a = 2a
temos agora: pp'2 = b + b = 2b
O deslocamento da imagem foi:
x = 2b – 2a ⇒ x = 2(b – a) 1
analogamente, o deslocamento do espelho foi:
d = (b – a) 2

Reflexão da luz 219


substituindo a equação 2 em 1 , vem:

x = 2d

Concluindo:

Mantendo fixo o objeto e deslocando apenas o espelho plano:


1o.) o deslocamento da imagem se dará no mesmo sentido do deslocamento do espelho;
2o.) o deslocamento da imagem será o dobro do deslocamento do espelho.

Exemplo 4

A fim de melhor visualizarmos a propriedade anterior, vamos (a) Situação inicial. P P'1 eixo
elaborar um exemplo simples. Um objeto P está diante de um es-
pelho plano E e a distância entre ambos é de 2 cm. A imagem P 1' é x
simétrica e está 2 cm à direita do espelho (fig. 18a). (b) Situação final. P P'2 eixo
Transladando 1 cm o espelho plano para a direita, sem contudo
movimentarmos P, a imagem sofrerá um deslocamento (x) para a 1 cm
Figura 18.
direita (fig. 18b). Observemos que o espelho ficará a 3 cm do objeto
e, por simetria, a nova imagem P 2' estará a 3 cm do espelho.
Concluindo, basta observarmos as duas figuras para percebermos que o deslocamento da imagem foi de 2 cm.
Assim, enquanto o espelho “andou” 1 cm, a imagem “andou” 2 cm, isto é, o dobro. Observemos também que ambos se
deslocaram no mesmo sentido.

a velocidade na translação
levando em conta que os movimentos da imagem e do espelho são simultâneos,
isto é, ocorrem num mesmo intervalo de tempo, concluímos que a velocidade da ima-
gem (vi) é igual ao dobro da velocidade do espelho (ve) e ambas têm o mesmo sentido.

vi = 2 · vE

O nosso referencial é o solo. Observemos também que o objeto permaneceu em repouso.

6. Translação de um objeto E
ilustrações: zapt

(a)
Vamos manter fixo o espelho plano E e des-
eixo
locar o objeto P sobre um eixo de referência per-
pendicular ao espelho (fig. 19). Devido à simetria P P'
da imagem P' em relação ao espelho, ocorrerá o fixo
seguinte:
(b) E
• se o objeto se aproximar do espelho, a ima-
gem também se aproximará (fig. 19a); eixo

• se o objeto se afastar do espelho, a imagem P P'


também se afastará (fig. 19b).
fixo
Figura 19. Espelho fixo e objeto se aproximando ou se afastando do espelho.

220 Capítulo 9
ainda devido à simetria da imagem, quando o objeto sofrer um deslocamento d,
sua imagem sofrerá um deslocamento em sentido contrário igual a –d.

Mantendo-se fixo o espelho plano, os deslocamentos do objeto e da imagem


serão iguais em módulo, porém terão sentidos opostos.

(a) E
a velocidade da imagem

ilustrações: zapt
+v –v
eixo
lembrando que os deslocamentos do objeto e da imagem são
simultâneos, concluímos que a propriedade anterior se estende P P'

para as velocidades (fig. 20). fixo

(b) E
–v +v
Mantendo-se fixo o espelho plano, a velocidade da
eixo
imagem é igual, em módulo, à do objeto, porém tem
sentido contrário. P P'

fixo
vimg = –vobj
Figura 20. Espelho em repouso e objeto em
translação.

Translação do espelho e do objeto simultaneamente


estratégia: quando tivermos o movimento simultâneo do espelho e do objeto em
relação ao solo, devemos proceder da seguinte maneira:
• Mantemos em repouso o objeto e transladamos apenas o espelho, anotando o
deslocamento da imagem e sua velocidade de translação.
• Mantemos fixo o espelho e transladamos o objeto, anotando o deslocamento da
imagem e sua velocidade.
• superpomos os resultados e obtemos o deslocamento resultante da imagem e
sua velocidade resultante.
Observemos que os resultados são colhidos em relação ao solo; este é o nosso refe-
rencial. No cálculo de velocidades é bom fixar um eixo de referência.

Exemplo 5

Um objeto se desloca com velocidade relativa ao solo igual a +3,0 m/s, enquanto o espelho é
transladado com velocidade –1,0 m/s.

–1,0 m/s

+3,0 m/s eixo de


referência

(+)
objeto

Figura 21.

A sequência de figuras é autoexplicativa:

Reflexão da luz 221


Estratégia:
1º. ) O objeto fica em repouso e o espelho se movimenta.

ilustrações: zapt
–1,0 m/s
(repouso
temporário) –2,0 m/s

(+)
imagem

Figura 22.

2º. ) O espelho permanece em repouso e o objeto se movimenta.


(repouso
temporário)
+3,0 m/s –3,0 m/s

(+)
imagem

Figura 23.

3º. ) Superpondo os dois efeitos.


–1,0 m/s

+3,0 m/s –3,0 m/s eixo de


referência

(+)
objeto –2,0 m/s

Figura 24.

Velocidade resultante da imagem: –5,0 m/s.

Exercícios de aplicação

33. Um objeto P está inicialmente a uma distância Resolu•‹o:


d = 8 cm de um espelho plano E, como indica a
a)
figura a. Mantendo-se fixo o ponto P, o espelho
é afastado de P para uma nova posição paralela à E0 E1
posição inicial, sendo o deslocamento do espelho P d P'0 P'1
objeto
igual a 5 cm.
(fixo)
P E

0 8 13 16 26 x

Figura b.
d
O deslocamento da imagem é o dobro do des-
Figura a.
locamento do espelho.
Calcule:
dImg = 2 ∙ dEsp ⇒ dImg = 2 ∙ 5 cm
a) o deslocamento sofrido pela imagem;
b) a distância entre a imagem e o espelho depois dImg = 10 cm
do afastamento.

222 Capítulo 9
b) Adotando-se um eixo x de abscissas, posicio- 35. Um veículo A move-se com velocidade constante
namos na figura b cada componente. v = 4 m/s (em relação ao solo), afastando-se de
um espelho plano E, perpendicular ao solo.
dI/E = xImg – xEsp
E
dI/E = 26 cm – 13 cm A v
+
dI/E = 13 cm
eixo de refer•ncia

34. Consideremos um espelho plano E, perpendicular Calcule:


ao solo, que se move com velocidade v = 3 m/s a) em relação ao eixo de referência fixo no solo,
(em relação ao solo), como indica a figura, apro- a velocidade escalar da imagem A';
ximando-se de um indivíduo P, o qual está fixo
em relação ao solo. b) o módulo da velocidade relativa do carro em
relação à sua imagem A'.
E

ilustrações: zapt
36. Um indivíduo aproxima-se de um espelho plano
P
v E, vertical, de modo que o módulo de sua velo-
cidade em relação à sua imagem seja 6,0 m/s.
Calcule o módulo da velocidade v do indivíduo
em relação ao solo.
E

Calcule o módulo da velocidade da imagem de P v


em relação:
a) ao solo; b) ao espelho.
Resolu•‹o: solo horizontal
a) A velocidade do espelho em relação ao solo é
v = 3 m/s. Sendo v' a velocidade da imagem 37. Um objeto P, pontual, aproxima-se de um espelho
de P em relação ao solo e observando que P plano E com velocidade escalar vP = +2,0 m/s,
está fixo em relação ao solo, temos: relativa a um referencial fixo no solo. O espelho
é, simultaneamente, transladado para a direita,
v' = 2 · v = 2 ∙ (3) ⇒ v' = 6 m/s com velocidade escalar vE= +3,0 m/s.
E E
P P' vP vE
v
P
x

v' eixo de referência


fixo no solo

Determine:
a) a velocidade escalar da imagem em relação ao
eixo x de referência;
Observemos que v' é também a velocidade de
P', em relação a P, pois P está fixo em relação b) a velocidade da imagem em relação ao espelho;
ao solo. c) a velocidade da imagem em relação ao objeto.
b) Como o espelho e a imagem movem-se no (Sugestão dos autores: veja o exemplo 5 na teo-
mesmo sentido, o módulo da velocidade de ria.)
um deles em relação ao outro é dado pela
diferença (em módulo) entre os módulos das
velocidades em relação ao solo. Portanto, 38. Dois carrinhos, A e B, estão diante de um espe-
sendo v'' a velocidade da imagem de P em lho plano E. Os carrinhos se movem em relação
relação ao espelho, temos: ao eixo de referência com velocidades escalares
vA = +3,0 m/s e vB = –2,0 m/s, respectivamen-
v'' = v' – v = 6 – 3 ⇒ v'' = 3 m/s te. O espelho está fixo.

Reflexão da luz 223


a) Mantendo fixo o espelho, determine a veloci-
E
dade relativa das suas imagens. Dê a resposta
em valor absoluto.
A B eixo de b) O espelho é movimentado para a direita com
(fixo) referência velocidade de módulo vE = 1,0 m/s. Esboce a
trajetória das duas imagens.
a) Quais as velocidades escalares de suas ima-
gens, relativamente ao eixo de referência?
40. Temos diante de um espelho plano dois garotos:
b) As imagens A' e B' dos carrinhos se afastam ou
um menino e uma menina. Simultaneamente o
se aproximam uma da outra? Qual é a veloci-
garoto dá um passo para a frente e a garota dá
dade relativa?
um passo para trás, imprimindo aos seus corpos
Resolu•‹o: velocidades médias iguais a v, em módulo.
a) Devido à simetria das imagens em relação ao

ilustrações: zapt
espelho, teremos:
B A A' B'
E
vA vB vB' vA'
A B B' A'

eixo de
referência
(fixo)

v'A = –vA ⇒ v'A = –3,0 m/s Podemos afirmar que, com suas imagens, ocorreu
o seguinte:
v'B = –vB ⇒ v'B = +2,0 m/s a) a menina deu um passo à frente e o garoto
um passo atrás, sendo nula a velocidade
b) As imagens B' e A' se aproximam e a velocida- relativa.
de relativa é:
b) elas se aproximaram uma da outra com uma
vrel = 2,0 + 3,0 ⇒ vrel = 5,0 m/s velocidade média 2v.
c) elas se afastaram uma da outra com uma velo-
39. Perpendicularmente a esta folha cidade média igual a 2v.
1
temos o espelho plano E. Sobre d) ambas se afastam do espelho com velocidade
o plano desta folha movem-se as v1
de módulo v.
bolinhas (1) e (2), em uma mesma
trajetória paralela ao espelho, com v2 e) o menino deu um passo à frente e a garota
velocidades de módulo: v1 = 1,0 m/s 2 um passo atrás, sendo nula a velocidade
e v2 = 1,0 m/s. E relativa.

Exercícios de reforço

41. (AFA-SP) Um objeto A, fixo, está inicialmente a 42. (IF-CE) Um garoto parado na rua vê sua imagem
uma distância de 2,5 m de um espelho plano. O refletida por um espelho plano preso vertical-
espelho é deslocado paralelamente à sua posição mente na traseira de um ônibus que se afasta
inicial, afastando-se mais 0,5 m do objeto A.
com velocidade escalar constante de 36 km/h.
Pode-se afirmar que o deslocamento da imagem
em relação ao objeto e a distância da imagem ao Em relação ao garoto e ao ônibus, as velocidades
espelho valem, em metros, respectivamente: da imagem são, respectivamente:

a) 0,5 e 6,0 d) 0,5 e 3,0 a) 20 m/s e 10 m/s. d) 10 m/s e 20 m/s.


b) 1,0 e 6,0 e) 0,5 e 2,5 b) zero e 10 m/s. e) 20 m/s e 20 m/s.
c) 1,0 e 3,0 c) 20 m/s e zero.

224 Capítulo 9
43. (UFR-RJ) Uma criança com altura de 1,0 m está Em determinado instante, a criança se afasta do
em pé, diante da superfície refletora de um espe- espelho, num sentido perpendicular à superfície
lho plano fixo, conforme mostra a figura.
refletora, com velocidade constante de 0,6 m/s.

ilustrações: zapt
espelho Responda às questões a seguir.
a) Qual a velocidade relativa de afastamento
entre a imagem da criança e o espelho?
b) Qual a velocidade relativa de afastamento
solo
entre a criança e sua imagem?

7. rotação de um espelho plano


seja ri um raio de luz que incide no ponto A de um espelho N
plano E, com ângulo de incidência α, formando-se o raio refletido RI RR
rr (posição a da fig. 25). suponhamos agora que o espelho gire α
um ângulo θ em torno de um eixo contido em seu plano e per- C
pendicular ao plano de incidência. supondo que o raio ri ainda A
articulação E
atinja o espelho, seja B o novo ponto de incidência e seja rr' o novo
raio refletido (posição b da fig. 25). O ângulo Δ formado entre os (a) Situação inicial.
prolongamentos de rr e rr' é o desvio angular sofrido pelo raio
refletido.
sabemos que a soma dos ângulos internos de um triângulo é sem-
RI
pre igual a 180°. assim, considerando o triângulo CaB da figura 25c,
temos:
C
θ + (90° – α) + 2α + β = 180° θ
β
RR'
donde: β
B
posição final
θ = 90° – α – β 1
E
(b) Nova posição.
Considerando o triângulo DBa, temos:

Δ + 2β + 2α = 180°
donde: RI N RR

Δ = 180° – 2α – 2β 2 α α
C 90 – α
θ 90 – α posição inicial
Comparando 1 e 2 , concluímos que: E

β
Δ β RR'
Δ = 2θ 3 β
D posição final
E

Conclusão: (c) Superposição das duas posições.

Figura 25. Rotação do espelho plano.


O desvio angular do raio refletido é igual ao dobro do ângulo de
rotação do espelho.

Reflexão da luz 225


Deslocamento angular da imagem
analisemos agora o que acontece com a imagem de um ponto fixo γ

ilustrações: zapt
P quando o espelho sofre a rotação de um ângulo θ. Na figura 26 temos P
o espelho inicialmente na posição a, sendo P' a imagem de P. Depois de θ
sofrer a rotação de um ângulo θ, o espelho está na posição b, sendo P" a
nova imagem de P. O ponto C é ponto onde o eixo de rotação intercepta
θ H E
o plano da figura. Como o objeto e a imagem são sempre simétricos em C (a)
G
relação ao plano do espelho, podemos afirmar que: α E
F
Cp = Cp' = Cp" (b)

isso nos leva a concluir que os pontos P, P' e P" pertencem a uma
P'
mesma circunferência γ de centro C. portanto, à medida que o espelho
gira, a imagem de P move-se sobre uma circunferência. Observando a P''
figura 26, da semelhança dos triângulos CFH e HGp inferimos que os Figura 26.
ângulos FĈH e Hp̂G têm a mesma medida. portanto, Hp̂G = θ.
podemos observar, também, que o ângulo p'p̂ p" é inscrito na circunferência γ e o
ângulo p'Ĉp" é central em relação à mesma circunferência. Como esses dois ângulos
compreendem o mesmo arco, temos: medida de p'Ĉp" = 2 (medida de p'p̂p"), isto é:
α = 2θ 4
Conclusão:

O deslocamento angular da imagem é o dobro do ângulo de rotação do espelho.

velocidade angular da imagem


sejam ωe e ωi as velocidades angulares do espelho e da imagem de P, respectivamen-
te. Como o espelho e a imagem se movimentam no mesmo intervalo de tempo, vale
para as velocidades angulares uma relação análoga à relação 4 :

ωi = 2ωe

Conclusão:

A velocidade angular da imagem é igual ao dobro da velocidade angular do


espelho.

Exercícios de aplicação

44. Um raio de luz incide na superfície de um espe- O espelho possui uma articulação em M e pode
lho plano MN como nos mostra a figura. sofrer rotação em qualquer sentido. Determine
o desvio angular sofrido pelo raio de luz quan-
do o espelho sofrer uma rotação, nos seguintes
casos:
60° 60° a) No sentido horário, de 20°.
M N
articulação b) No sentido horário, de 60°.
Figura a. c) No sentido anti-horário, de 30°.

226 Capítulo 9
Resolução: 45. Um raio de luz incide num espelho plano articula-
do em A, como mostra a figura. Num dado instan-
a) Na figura b mostram-se:
te o espelho sofre uma rotação de um ângulo θ
• a rotação de 20° do espelho, no sentido ho- e o raio refletido fica perpendicular à posição
rário; original do espelho, isto é, torna-se horizontal.
• o novo ponto de incidência e o novo raio
refletido; posição inicial
(vertical)
• o ângulo Δ entre os raios refletidos: inicial
RR
e final.

ilustrações: zapt
raio refletido
(antes)
raio refletido
60° (fixo)
(depois)
M 20°

nova posição N
do espelho A RI
articulação
Figura b.
Sabemos que o raio refletido sofre um desvio Sabendo-se que o ângulo de incidência inicial
angular igual ao dobro do ângulo de rotação. é de 60°, determine o ângulo de rotação θ e o
sentido da rotação.
Δ = 2 ∙ 20° ⇒ Δ = 40°
Observação importante: precisamos ter certeza a) 60° no sentido anti-horário.
de que o raio incidente realmente atinge o b) 30° no sentido anti-horário.
espelho após a rotação deste. Sempre ajuda c) 45° no sentido horário.
fazer uma boa figura.
d) 30° no sentido horário.
b) Girando-se o espelho de 60° no sentido
horário, o raio incidente torna-se paralelo ao e) 60° no sentido horário.
espelho e não atinge a sua superfície. Nesse
caso não temos reflexão (fig. c). 46. Na montagem da figura temos um espelho verti-
RI cal fixo e uma caneta laser lançando um raio de
luz sobre o espelho, com ângulo de incidência
M 60°
articulação posição inicial 20°. A caneta está fixa num suporte que possui
60° do espelho uma articulação em A e nos permite alterar o
ângulo de incidência.
raio incidente
paralelo ao
nova espelho
posição RR
N

Figura c.
(fixo)
c) Girando o espelho no sentido anti-horário, em 120°
30°, o raio refletido também gira de 30° e,
portanto, ele volta sobre si mesmo. A figura d RI
nos mostra essa situação.
o raio volta A
sobre si mesmo articula•‹o
N
Girando-a de 30°, no sentido horário, e manten-
do fixo o espelho, determine:
M 30° a) o novo ângulo de incidência;
articulação
b) o desvio angular do raio refletido, comparado
Figura d. com o raio refletido inicial.

Reflexão da luz 227


Exercícios de reforço

47. (Unesp-SP) Considere um objeto luminoso pontual, II. Se um espelho plano girar de um ângulo α em
fixo no ponto P, inicialmente alinhado com o torno de um eixo fixo perpendicular à direção
centro de um espelho plano E. O espelho gira, da de incidência da luz, o raio refletido girará de
posição E1 para a posição E2, em torno da aresta um ângulo 2α.
cujo eixo passa pelo ponto O, perpendicularmen-
III. Para que uma pessoa de altura h possa obser-
te ao plano da figura, com um deslocamento
var seu corpo inteiro em um espelho plano, a
angular de 30° como indicado.
altura deste deve ser de no mínimo 2h .

ilustrações: zapt
E1 3
E2 Então, podemos dizer que,
P
a) apenas I e II são verdadeiras.
30°
b) apenas I e III são verdadeiras.
c) apenas II e III são verdadeiras.
d) todas são verdadeiras.
O (ponto de e) todas são falsas.
articulação)

Em sua resolução, copie o ponto P, o espelho em 49. (UFR-RJ) A figura a seguir mostra um objeto pon-
E1 e em E2 e desenhe a imagem do ponto P quan- tual P que se encontra a uma distância de 6,0 m
do o espelho está em E1 (P'1) e quando o espelho de um espelho plano.
está em E2 (P'2). Considerando um raio de luz
espelho
perpendicular a E1, emitido pelo objeto luminoso
em P, determine os ângulos de reflexão desse
raio quando o espelho está em E1(α'1) e quando o 6,0 m 60°
espelho está em E2 (α'2). P

48. (ITA-SP) Considere as seguintes afirmações:


I. Se um espelho plano transladar de uma dis-
tância d ao longo da direção perpendicular a Se o espelho for girado de um ângulo de 60° em
seu plano, a imagem real de um objeto fixo relação à posição original, como mostra a figura,
transladará de 2d. qual a distância entre P e a sua nova imagem?

8. associação de espelhos planos


podemos obter várias imagens de um objeto utilizando mais de
um espelho. analisaremos neste item as imagens produzidas pela
associação de dois espelhos planos.
Consideremos, por exemplo, a situação representada na figura 27, E'
na qual uma fonte puntiforme de luz (P) é colocada entre dois es-
pelhos planos, E e E', os quais formam entre si um ângulo θ. um
raio de luz que sai de P pode refletir-se tanto no espelho E como
P
em E', e assim temos duas séries de imagens: uma que começa pela
reflexão em E e outra em E'.
analisemos primeiramente a série de imagens que se inicia pela θ E
C
reflexão em E (fig. 28). um raio de luz pa que incide no espelho E e é
refletido de modo que a imagem de P em relação a E seja o ponto I1. Figura 27. Associação de
esse ponto, por sua vez, funciona como objeto para o espelho E' e, dois espelhos planos.

228 Capítulo 9
assim, temos o ponto I2, que é imagem de I1 em relação a E'. se o O1

ilustrações: zapt
E'
ponto l2 estivesse “na frente” de E, a série poderia continuar, pois
l2 funcionaria como objeto para E. porém, como l2 ficou “atrás” de
E, a série é interrompida.
Vejamos agora a série que se inicia pela reflexão em E' (fig. 29). P

a imagem de P em relação a E' é o ponto I'1, o qual, por sua vez,


funciona como objeto para o espelho E, sendo I'2 a sua imagem θ E
em relação a E. O ponto I'2 não pode funcionar como objeto para C A
I2
o espelho E', pois fica atrás deste e assim a série é interrompida.
a figura 30 representa as quatro imagens do ponto P. Cada
I1
uma dessas quatro imagens poderá ser observada desde que o ob-
servador se coloque numa posição conveniente. por exemplo, o
observador O1 da figura 28 está enxergando a imagem I2, enquanto Figura 28.
o observador O2da figura 29 está enxergando a imagem I2. a região
situada entre os prolongamentos dos espelhos (região sombrea-
da na fig. 30) é denominada ângulo morto. Os pontos dessa re- E'

gião ficam, simultaneamente, “atrás” dos dois espelhos. assim, ao I'1


construirmos as séries de imagens, a construção será interrompida
O2
quando uma imagem qualquer “cair” nessa região. P
sabemos que cada objeto e a respectiva imagem devem ser si-
métricos em relação ao plano do espelho. portanto, na figura 29 θ E
devemos ter: C
Cp = Ci1 = Ci2 = Ci'1 = Ci'2

donde se conclui que o objeto e suas imagens devem estar sobre


uma mesma circunferência de centro C. I2
Observando a figura 28, suponhamos que P seja um objeto ex-
tenso. lembrando que, em relação a um espelho plano, um objeto
Figura 29.
e sua imagem são enantiomorfos, podemos afirmar que “P e I1 são
enantiomorfos“ e “l1 e I2 são enantiomorfos“.
portanto, I2 e P têm a mesma forma (são homomorfos). Do mes- E'
mo modo, podemos dizer que “P e l'1 são enantiomorfos” e “l'1 e l'2 I'1
são enantiomorfos”, donde se conclui que I'2 e P são homomorfos.
P
assim, dentre as imagens de P, l1 e I'1 têm forma oposta a P, enquan-
to as imagens l2 e I'2 têm a mesma forma que P. θ E
em alguns casos é possível calcular o número de imagens for- I2 C
madas por uma associação de espelhos que formam ângulo θ. po-
360° I1
de-se demonstrar que, se o quociente for um número inteiro
θ I'2
(com θ medido em graus), o número (N) de imagens é dado pela
igualdade: Figura 30.

N = 360° –1
θ

de modo que:
360°
1o. ) se for um número par, a igualdade será válida para qualquer posição do ob-
θ
jeto entre os espelhos;
360°
2o. ) se for ímpar, a igualdade só será válida quando o objeto estiver no plano
θ
bissetor de θ.

Reflexão da luz 229


Exemplo 6

Consideremos um objeto P colocado entre dois espelhos planos E

ilustrações: zapt
E e E' que formam entre si um ângulo θ = 90°, como representa a
figura 31.
I1 P
O ponto I1 é a imagem de P produzida pelo espelho E; o ponto I1'
é a imagem de P produzida por E'. O ponto I1 funciona como objeto
E'
para o espelho E', sendo I2 sua imagem. O ponto I1' funciona como O
objeto para o espelho E, sendo I2' sua imagem. Nesse caso, podemos
observar que I2 coincide com I2'. A construção de imagens é interrom- I2 – I'2 I'1
pida com I2, pois esse ponto cai no ângulo morto. Obtivemos então
três imagens.
360° 360° 360° Figura 31.
Observando que = = 4, isto é, a razão =
θ 90° θ
360°
é um número par, podemos usar a equação N = –1 para cal-
θ
cular o número de imagens, qualquer que seja a posição de P entre os
espelhos. Assim:
E2
360°
N= –1=4–1=3
90°
Consideremos dois espelhos planos associados perpendicular- 1
mente entre si e perpendicularmente ao chão (fig. 32). Vamos colocar E1
2
diante deles, deitada no chão, uma seta bicolor: vermelha e amarela.
Haverá formação de três imagens. Vamos numerá-Ias a partir da ima- 3
gem da direita: 1, 2 e 3. A imagem 1 é enantiomorfa, ou seja, não
pode ser superposta ao objeto, com a coincidência de cores. A imagem
3 também é enantiomorfa. A imagem 2 é apenas uma imagem inver- Figura 32. Dois espelhos perpendiculares entre si e ao
chão fornecendo três imagens de uma seta.
tida, podendo ser superponível (basta girar de 180°).

Espelhos paralelos
Consideremos agora o caso em que um objeto está entre dois espelhos planos pa-
ralelos, como exemplifica a figura 33.
E E'

I'2 I1 P I'1 I2

Figura 33.
a imagem de P em relação a E é o ponto I1. este, por sua vez, funciona como objeto
para o espelho E', sendo que a imagem de I1 é o ponto I2. este funciona como objeto
para o espelho E, e assim por diante. Do mesmo modo, a imagem de P em relação a E'
é o ponto I'1. este funciona como objeto para o espelho E, produzindo-se a imagem, I'2
e assim por diante. Desse modo são formadas infinitas imagens, todas situadas numa
mesma reta que passa por P e é perpendicular aos dois espelhos. para as imagens re-
presentadas na figura 33 temos (supondo P extenso):
• P e I1 são enantiomorfas.
• P e I2 têm a mesma forma.
• P e I'1 são enantiomorfas.
• P e I'2 têm a mesma forma.

230 Capítulo 9
Exemplo 7
obsErvação

ilustrações: zapt
Um periscópio rudimentar pode ser construído
colocando-se dois espelhos planos paralelos em Os periscópios
um tubo vertical, como indica a figura 34, de modo E utilizados em
que os espelhos formem ângulos de 45° com o eixo P submarinos são
45°
do tubo. O observador em O vê a imagem do obje- sistemas mais
complexos. Usam
to P, formada por dupla reflexão nos espelhos E e
várias lentes e
E'. Por causa dessa dupla reflexão, a imagem vista
têm prismas de
por um observador em O tem a mesma forma do
reflexão total (que
objeto P. serão estudados
O
45° no capítulo 11)
E' no lugar dos
espelhos.

Figura 34. Periscópio.

Exercícios de aplicação

50. Nas figuras abaixo foi colocado um objeto pun-


Resolução:
tiforme luminoso na bissetriz do ângulo entre
os dois espelhos E1 e E2. Em cada figura há um Consideremos inicialmente a equação N =
360°
–1.
ângulo diferente entre os espelhos. Determine θ
o número de imagens formadas em cada caso. Sendo N = 7, temos:
(Sugestão: use a equação deduzida na teoria do
360°
item 8.) 7= –1 ou θ = 45°.
θ
E1 (bissetriz) 360°
Observando que a razão é um número par,
45°
P podemos então afirmar que, se θ = 45°, o núme-
ro de imagens poderia ser calculado pela equação
E2
360°
N = –1 para qualquer posição do objeto
E1 θ
entre os espelhos e obteríamos sete imagens.
(bissetriz) Isso significa que uma das soluções do proble-
P ma é θ = 45°. No entanto, essa não é a única
60° E2 solução. É possível que se formem sete imagens
para um ângulo diferente de 45° (dependendo,
E1 naturalmente, da posição do objeto).
(bissetriz)

P 52. Um objeto foi colocado no plano bissetor entre


dois espelhos planos que formam entre si um
120° E2 ângulo θ. Obtenha para θ um valor tal que o
número de imagens do objeto seja igual a 35.

51. Um objeto foi colocado entre dois espelhos planos 53. Dois espelhos planos formam entre si um ângulo
que formam entre si um ângulo θ, obtendo-se de 90° medido entre as superfícies refletoras. Um
assim sete imagens do objeto. Dê um valor de θ objeto em forma de seta foi colocado na bissetriz
que satisfaça essas condições. do ângulo reto.

Reflexão da luz 231


S. Podemos efetuar qualquer rotação em S1 e

ilustrações: zapt
E1 S
P S3 que não conseguiremos superpô-las a S.
Com relação à imagem S2, esta é invertida em
45° relação ao objeto S. Girando-a de 180º ela se
E2 superpõe ao objeto S. Observe o ponto P mar-
cado na seta.
a) Determine o número de imagens formadas.
b) Desenhe essas imagens.
c) Identifique as imagens enantiomorfas. 54. Temos dois espelhos E1 e E2, perpendiculares e
dispostos como nos indica a figura. Apoiado nas
Resolução: suas superfícies refletoras está um quadro no
qual foi pintada a letra R.
360° 360°
a) N = –1 ⇒ N = – 1 ⇒ N = 3 imagens E1
α 90°
b) S1 E1 S
P1 P

E2
45° 45°
E2 a) Quantas imagens desse quadro foram forma-
das?
P2 P3
S2 S3 b) Em alguma dessas imagens aparece a letra R
c) As imagens enantiomorfas são S1 e S3, pois escrita de modo normal (R)?
não são superponíveis ao objeto inicial, a seta c) Copie a figura no seu caderno e desenhe as
imagens.

Exercícios de reforço

55. Considere dois espelhos planos, E1 e E2, associa-


dos conforme representa a figura a seguir, com
suas superfícies refletoras formando um ângulo
de 120° entre si.
E1 E1
2
3
5,0 cm
1

8,0 cm F

E2 2
O
120°
E2

Se um objeto luminoso P for fixado diante dos Um observador (O) olhando os espelhos através
dois espelhos, a 5,0 cm de E1 e a 8,0 cm de E2, da fenda (F) tem seu campo visual delimitado
conforme está ilustrado, pode-se afirmar que a pelas linhas tracejadas.
distância entre as duas imagens de P, obtidas por
simples reflexão da luz nos espelhos, será igual a: É correto afirmar que este observador verá:

a) 12,0 cm c) 16,0 cm e) 26,0 cm a) apenas a imagem do objeto 1.


b) 14,0 cm d) 18,0 cm b) apenas a imagem do objeto 2.
c) apenas a imagem do objeto 3.
56. (UFF-RJ) Três objetos 1, 2 e 3 são dispostos à
frente dos espelhos planos E1 e E2, conforme d) as imagens dos objetos 1 e 2.
mostra a figura. e) as imagens dos objetos 2 e 3.

232 Capítulo 9
57. Um comerciante, na intenção de criar uma gran- c) Se o vermelho da banqueta era pé direito,
de quantidade de sapatos em seu mostruário, quantas imagens vermelhas eram pé esquerdo?
armou dois grandes espelhos, articulados por um d) Quantos pares pretos (pé direito + pé esquer-
eixo vertical com as superfícies refletoras volta- do) o cliente visualizava?
das entre si. Numa banqueta entre os espelhos
colocou três sapatos: um preto, outro vermelho e 58. Uma pessoa entra em um elevador em que as
um outro azul. Para os clientes, passava a ideia paredes opostas são espelhadas. Quantas imagens
de 18 sapatos, contando com os 3 da banqueta. dela se formaram?
a) Qual a abertura dos espelhos? a) 3 c) 6 e) infinitas
b) Quantos pés azuis eram vistos pelo cliente? b) 4 d) 8

Exercícios de aprofundamento

59. A figura mostra um raio de luz refletindo-se atra-


vés de paredes espelhadas que formam os corre-
dores de um labirinto óptico montado numa feira
de ciências do colégio. O raio incide inicialmente
em A sob ângulo de 30° medido com a normal. As
paredes são paralelas ou perpendiculares entre si.
F
a
ilustrações: zapt

e
C
Determine:
E a) o ângulo agudo formado pelo raio incidente e
o emergente;
D b) o ângulo de incidência em uma parede espe-
B
lhada.

A 61. (ITA-SP) Um apreciador de música ao vivo vai a


um teatro, que não dispõe de amplificação ele-
trônica, para assistir a um show de seu artista
predileto. Sendo detalhista, ele toma todas as
Determine: informações sobre as dimensões do auditório,
cujo teto é plano e nivelado. Estudos compa-
a) o ângulo de incidência nos pontos B, C, D, E
rativos em auditórios indicam preferência para
e F;
aqueles em que seja de 30 ms a diferença de
b) o ângulo entre o raio incidente em A e o raio tempo entre o som direto e aquele que primeiro
emergente em F; chega após uma reflexão. Portanto, ele conclui
c) o ângulo entre os raios BC e EF. que deve se sentar a 20 m do artista, na posição
indicada na figura. Admitindo a velocidade do
60. A figura representa um conjunto de cinco pare- som no ar de 340 m/s, a que altura h deve estar
des verticais espelhadas dispostas sobre os lados o teto com relação à sua cabeça?
de um hexágono regular. Um raio a incide, atra-
vés da porta de entrada do sistema, no primeiro
espelho da direita, ocasionando reflexões suces- h
sivas até que o raio emergente e sai pela mesma 20,0 m
porta de entrada. A figura desenhada pelo raio
de luz no interior do sistema de espelhos é um
hexágono regular e os pontos de incidência são
os pontos médios das cinco paredes espelhadas.

Reflexão da luz 233


62. (Unesp-SP) O fenômeno de retrorreflexão pode Após as reflexões, suas imagens finais são:
ser descrito como o fato de um raio de luz emer- a)
gente, após reflexão em dois espelhos planos
dispostos convenientemente, retornar paralelo ao
raio incidente. Esse fenômeno tem muitas aplica-
b)
ções práticas.
No conjunto de dois espelhos planos mostrado na
figura, o raio emergente intercepta o raio incidente c)
em um ângulo β. Da forma que os espelhos estão
dispostos, esse conjunto não constitui um retrorre-
fletor. Determine o ângulo β, em função do ângulo d)
θ, para a situação apresentada na figura e o valor
que o ângulo θ deve assumir, em radianos, para que
o conjunto de espelhos constitua um retrorrefletor. e)

ilustrações: zapt

65. (IME-RJ) Uma fonte luminosa puntiforme é


β colocada no interior de um tanque vazio, com
θ paredes opacas, onde existe um anteparo de
dimensão vertical L e espessura desprezível,
equidistante da fonte e da parede de projeção,
63. (ITA-SP) Ao olhar-se num espelho plano, retan-
gular, fixado no plano de uma parede vertical, como mostrado na figura abaixo. O centro do
um homem observa a imagem de sua face tan- anteparo está na mesma altura da fonte. Deseja-
genciando as quatro bordas do espelho, isto é, se iluminar na parede de projeção uma região de
a imagem de sua face encontra-se ajustada ao dimensão igual à do anteparo e na mesma altura
tamanho do espelho. A seguir, o homem afasta- em que este se encontra. Para isso, utiliza-se um
se, perpendicularmente à parede, numa certa espelho plano de espessura desprezível, posicio-
velocidade em relação ao espelho, continuando a nado horizontalmente no fundo do tanque. Obs.:
observar sua imagem. Nestas condições, pode-se analise o problema no plano da figura.
afirmar que essa imagem:
L 3
a) torna-se menor que o tamanho do espelho tal
como visto pelo homem. fonte
b) torna-se maior que o tamanho do espelho tal luminosa
como visto pelo homem.
c) continua ajustada ao tamanho do espelho tal L

como visto pelo homem. anteparo


d) desloca-se com o dobro da velocidade do homem. 5L
4 parede de
e) desloca-se com metade da velocidade do homem. projeção

64. (UFR-RJ) Dois sistemas ópticos, representados a espelho


seguir, usam espelhos planos, ocorrendo as refle-
xões indicadas.
sistema A sistema B
Determine:
objeto objeto a) o valor das tangentes do maior e menor ângu-
los de reflexão no espelho;
b) a dimensão do espelho (analiticamente em
função de L);
c) analiticamente em função de L, a que dis-
tância a extremidade direita do espelho deve
ficar da parede de projeção.

234 Capítulo 9
CaPÍtULO

Espelhos esféricos
10
1. Construção dos espelhos esféricos 1. Construção dos
espelhos esféricos
Imagine uma superfície esférica seccionada por um pla- 2. Elementos geométricos
no π (fig.1). ele a divide em duas superfícies (C1 e C2), cada
uma das quais denominada calota esférica. C1 3. Incidência e reflexão da
Denomina-se espelho esférico a uma calota esférica luz
que tem uma das superfícies (interna ou externa) polida e π
C2 4. Formação de imagens
refletora.
O espelho esférico é convexo quando a superfície re- 5. Cáustica de reflexão
fletora for a externa (fig. 2a). O espelho esférico é côncavo Figura 1.
quando a superfície refletora for a interna (fig. 2b). 6. Espelho esférico
astigmático e
estigmático – espelho
esférico de Gauss

7. Foco de um espelho
esférico de Gauss

8. Resumo das
propriedades dos
(a) Espelho convexo: a (b) Espelho côncavo: a espelhos esféricos de
superfície externa é refletora. superfície interna é refletora. Gauss
Figura 2.
9. Determinação
gráfica de imagens
2. elementos geométricos puntiformes

Considere a figura 3 nas descrições e definições que se seguem. 10. Determinação


Raio de curvatura (r): é o raio da superfície esférica que originou a calota (o gráfica da imagem
espelho). evidentemente, ele é também o raio da calota. de pequenos objetos
Centro de curvatura (C): é o centro da esfera que originou a calota. frontais
Vértice do espelho (V): é o polo da calota.
Eixo principal (e. p.): é a reta definida pelo centro 11. Estudo analítico. O
IlUstrAções: ZAPt

A
de curvatura C e pelo vértice V do espelho. referencial de Gauss
Secção principal ou plano meridiano: é qualquer
e. p. C α V 12. Associação de dois
plano que corta a calota passando pelo seu eixo principal.
espelhos
Por exemplo, o plano do papel é um plano meridiano. R
De maneira geral, os raios de luz considerados per-
tencem ao plano meridiano. B b
Abertura do espelho (α): é o ângulo AĈB, no qual Figura 3. Elementos geomé-
os pontos A e B são simétricos em relação ao eixo prin- tricos do espelho esférico.
cipal e pertencem ao plano meridiano do papel.

Espelhos esféricos 235


Eixo secundário (e. s.): é qualquer reta que passa pelo centro de
curvatura C, “fura” a calota do espelho, mas não passa pelo vértice V.
Observemos que tanto o eixo principal como todos os eixos secundá-
rios são perpendiculares (normais) à superfície do espelho.
Plano frontal: é qualquer plano perpendicular ao eixo principal.

Representações do espelho esférico


Provisoriamente, usaremos apenas duas representações para o (a) Espelhos convexos. (b) Espelhos côncavos.
espelho esférico (fig. 4). No item 6 veremos outras duas. Usaremos Figura 4. Modos de representação dos espelhos
indistintamente qualquer uma das duas. esféricos.

3. Incidência e reflexão da luz


Valem para o espelho esférico, evidentemente, as duas leis da reflexão:
1ª. ) O raio incidente, o raio refletido e a normal estão no mesmo plano meridiano.
2ª. ) O ângulo de reflexão (r) e o ângulo de incidência (i) são iguais.
A normal (N), no ponto de incidência, é um dos eixos secundários, isto é, passa pelo
centro de curvatura C.
RI
e. s. N RI: raio incidente
N RI
i i RR: raio refletido
r r
e. s. RR N: normal no ponto de incidência
V C C V i: ângulo de incidência
RR i=r
r: ângulo de reflexão

ObseRvaçãO

(a) Luz incidente e luz refletida (b) Luz incidente e luz refletida no
É muito comum,
no espelho esférico côncavo. espelho esférico convexo.
ao enunciar uma
Figura 5. propriedade válida
tanto para os
espelhos esféricos
Há um interessante caso particular que merece ser citado neste momento: “se o
côncavos quanto
raio de luz incidente coincidir com um eixo secundário, isto é, passar pelo centro de
para os convexos,
curvatura, o raio refletido voltará sobre o incidente” (fig. 6). Costumamos dizer que o escrevermos: “O
raio volta sobre si mesmo. raio de luz passa
pelo ponto tal”. Na
IlUstrAções: ZAPt

N realidade, isso nem


sempre acontece
no espelho esférico
N
convexo. Por ele,
C V V C
o que passa é o
prolongamento
desse raio. Porém,
para simplificar,
continuaremos a
(a) Raio incidente, passando efetivamente (b) Raio incidente, normal, e raio refletido coin- dizer que “o raio
pelo centro de curvatura C do espelho esférico cidindo. Seu prolongamento passa pelo centro passa” para ambos os
côncavo, normal e raio refletido coincidindo. de curvatura C no espelho esférico convexo. espelhos.
Figura 6.

236 Capítulo 10
4. Formação de imagens
Consideremos um espelho esférico côncavo (fig. 7a) e um ponto luminoso P tomado
sobre o seu eixo principal. Para determinar uma imagem P' desse ponto, basta tomar
dois raios luminosos emergindo de P, refletindo no espelho. A sua interseção define a
imagem P'. Um desses raios pode estar no próprio eixo principal.
Para espelhos convexos, o processo é análogo (fig. 7b). Observa-se, no entanto, que
a imagem é formada atrás do espelho; isto é, trata-se de uma imagem virtual, e o
ponto imagem P' foi encontrado por prolongamento.
N
N
i r
r i
P e. p. P C e. p.
C P' P'

i=r i=r

(a) P' é a imagem de P, conjugada (b) P' é a imagem de P, conjugada pelo


nesse espelho côncavo. espelho esférico convexo.
Figura 7.
se o ponto objeto estiver colocado sobre o centro de curvatura C, do espelho côncavo,
sua imagem formar-se-á sobre ele mesmo. Desse modo, o ponto objeto será, ao mesmo
tempo, objeto real e imagem real. Dizemos que ele é um ponto autoconjugado.
Do mesmo modo, para o espelho esférico convexo, o centro de curvatura poderá
ser um objeto virtual e sua imagem coincidirá sobre ele, sendo também virtual. ele tam-
bém é um ponto autoconjugado. este caso será estudado juntamente com os objetos
virtuais, mais adiante.

5. Cáustica de reflexão
Na realidade, um espelho esférico poderá conjugar infinitas imagens do ponto P.
Para melhor entender, vamos determinar três imagens distintas de P no espelho côn-
cavo (fig. 8). A partir delas poderão ser obtidas outras tantas. Observemos que os res-
pectivos raios refletidos cruzarão o eixo principal em pontos distintos, formando duas
imagens distintas P'1 e P'2 sobre o eixo. No entanto, os dois raios refletidos se cruzarão
formando uma terceira imagem P'3, fora do eixo principal.
É fácil concluir, então, que, para cada um dos raios luminosos distintos que partem
de P e que se refletem no espelho, haverá a formação de diversos pontos imagens dis-
tintos. Isso formará uma mancha luminosa denominada cáustica de reflexão (fig. 9),
o que também ocorre no espelho esférico convexo.
IlUstrAções: ZAPt

P'3 P
V V
P'1 P'2

Figura 8. Espelho côncavo. Figura 9. Cáustica de reflexão.

Espelhos esféricos 237


6. espelho esférico astigmático e estigmático –
espelho esférico de Gauss
sempre que um sistema óptico conjugar apenas um ponto imagem de um objeto
puntiforme luminoso P, ele será chamado de sistema estigmático. em determinadas
condições, o espelho esférico poderá se comportar como um espelho estigmático. Os
espelhos planos regulares são espelhos estigmáticos.
sempre que o sistema óptico conjugar diversas imagens de um mesmo ponto obje-
to, formando então uma mancha luminosa, ele será denominado sistema astigmáti-
co. Nas condições anteriores, o espelho esférico da figura 9 é astigmático.

Condições de estigmatismo de Gauss


Um espelho esférico com grande abertura é astigmático. No entanto, verifica-
se que, se os raios incidentes, paralelos ao eixo, estiverem próximos do eixo prin-
cipal, os raios refletidos conjugam um único ponto imagem. também se verifica
que, se os raios incidentes, oblíquos ao eixo principal, formarem com este um
ângulo de pequena abertura, então os raios refletidos também formam imagens r1 A

nítidas. Denominaremos esses raios, próximos do eixo, de raios paraxiais. P P' V


C
Observemos na figura 10 que os raios de luz próximos ao eixo principal ao
se refletirem incidem todos no mesmo ponto P' (a imagem de P). No entanto, r2 B
os raios mais afastados do eixo, no caso r1 e r2, ao se refletirem no espelho não
passam por P'. Desse modo, a região útil do espelho (AB) tem pequena abertura.
essas duas propriedades foram descobertas experimentalmente por Gauss e Figura 10. Raios de luz paraxiais
hoje levam o seu nome: condições de estigmatismo de Gauss. refletem-se num único ponto P'.

Representação dos espelhos esféricos de Gauss


O uso dos raios paraxiais em espelho de pequena abertura resolve o problema da nitidez
da imagem, mas traz-nos um outro problema didático: o de representação da figura do es-
pelho e o trajeto dos raios de luz que nele incidem e se refletem. Assim, nasceu a ideia de se
“esticar” o símbolo do espelho esférico na direção y, como nos mostram as figuras 11 e 12.
Usaremos indistintamente todos os quatro modos de representação do espelho esférico.
y

V C V C

Figura 11. Representações do espelho esférico côncavo de Gauss.


y
IlUstrAções: ZAPt

V C V C

Figura 12. Representações do espelho esférico convexo de Gauss.

238 Capítulo 10
7. Foco de um espelho esférico de Gauss
Fazendo-se incidir um feixe de raios de luz em um espelho esférico côncavo, para-
lelamente ao seu eixo principal, todos os raios refletidos convergem para um mesmo
ponto F (fig. 13), denominado foco principal ou simplesmente foco do espelho.
Para que se tenha nitidez, os raios devem ser paraxiais.
De modo análogo, pode-se deduzir que no espelho convexo os raios refletidos são
divergentes e os seus prolongamentos passam pelo foco que se situa atrás do espelho
(fig. 14).
resumindo, no espelho côncavo o foco é real, pois fica diante dele, e, no espelho
convexo, é virtual, pois fica atrás dele.

F V V F e. p.

Figura 13. Foco F do espelho côncavo. Figura 14. Foco F de um espelho convexo.

Demonstraremos mais adiante que:

O foco do espelho esférico fica situado entre o centro C, e o vértice V, do espelho,


exatamente no ponto médio do segmento CV .

Focos secundários
Fazendo incidir num espelho côncavo de Gauss um feixe de luz cilíndrico, oblíquo
ao seu eixo principal, observaremos que os raios refletidos convergirão para um mesmo
ponto Fs. esse ponto é um foco secundário do espelho côncavo. Como sabemos, a reta
determinada por C e por Fs denomina-se eixo secundário; ele é paralelo aos raios r1 e
r2 do feixe incidente (fig. 15).
IlUstrAções: ZAPt

r1
r2 F: foco principal
C F V e. p. e. p.: eixo principal
Fs: foco secundário
Fs e. s.: eixo secundário
π e. s. r1 // r2 // e. s.

Figura 15. Espelho côncavo e a representação de um foco secundário.

se repetirmos a experiência mudando a inclinação do feixe incidente, encontra-


remos outro foco secundário F's, distinto de Fs. Na realidade, existem infinitos focos
secundários, cada um correspondente ao respectivo feixe incidente. No entanto, todos
eles estarão contidos aproximadamente num mesmo plano π, frontal ao espelho, o qual
passa pelo foco principal. esse plano é denominado plano focal. ele é mediador do
segmento CV, conforme demonstraremos adiante.

Espelhos esféricos 239


De maneira análoga, obtêm-se o plano focal e seus infinitos focos secundários no
espelho esférico convexo.

A posição do foco principal e do plano focal


Vamos demonstrar geometricamente as duas propriedades anteriores:
• CF = FV
• O plano focal é um plano mediador do segmento CV.

Para fazer a verificação geométrica dessa propriedade, consideremos um raio de luz


i, incidente no vértice V do espelho côncavo (fig. 16), sob um ângulo α formado com
o eixo principal. O raio refletido r forma, também, um ângulo α com o eixo principal.
Considere um eixo secundário e. s. paralelo ao raio incidente i. Teremos:
• Fs: foco secundário (intersecção do raio refletido com o eixo secundário).
• π: plano frontal passando por Fs e sendo perpendicular ao eixo principal.
• F: foco principal (determinado pela intersecção do plano π com o eixo prin-
cipal e. p.).

zAPT
e. p.: eixo principal
C F α V e. p. e. s.: eixo secundário
β α
C: centro de curvatura
Fs V: vértice
r
π e. s. // i

Figura 16. Espelho côncavo.

Sendo o eixo secundário paralelo ao raio incidente i, temos:


α = β (ângulos alternos internos)
Assim, o △CVFs é isósceles.
Logo:
CFs = VFs

Isso demonstra que todos os pontos do plano π são equidistantes de C e V, pois


o foco Fs é um ponto arbitrário dele. Assim, fica demonstrado que o plano focal π é
mediador do segmento CV e também que o foco principal F é ponto médio desse seg-
mento. Ressaltemos, mais uma vez, que esta demonstração somente é válida para os
espelhos esfŽricos de Gauss.

8. Resumo das propriedades dos espelhos


esféricos de Gauss
1ª. ) Todo raio de luz que, ao incidir no espelho esférico, passa pelo centro de
curvatura reflete-se sobre si mesmo.

240 Capítulo 10
em algumas situações ele passa efetivamente pelo centro C (fig. 17a); em outras
situações, é o seu prolongamento que passa pelo centro C (fig. 17b).

C F V
V F C

(a) Espelho côncavo. (b) Espelho convexo.


Figura 17.

2ª. ) Todo raio de luz que, ao incidir no espelho, “passa” pelo foco principal
reflete-se paralelamente ao eixo principal (fig. 18).

C F V V F C

(a) Espelho côncavo. (b) Espelho convexo.


Figura 18.

3ª. ) Todo raio de luz que incide no espelho paralelamente ao eixo principal, ao
refletir-se, “passa” pelo foco principal (fig. 19).

C F V V F C

(a) Espelho côncavo. (b) Espelho convexo.


Figura 19.

4ª. ) Todo raio de luz que incide no vértice do espelho, ao refletir-se, forma com o eixo principal
ângulo de reflexão igual ao de incidência (raios simétricos em relação ao eixo principal).
IlUstrAções: ZAPt

α α
C F α α V F C
V

(a) Espelho côncavo. (b) Espelho convexo.


Figura 20.

Espelhos esféricos 241


5ª. ) Todo raio de luz (i ) que incide no espelho obliquamente ao eixo principal,
ao refletir-se, “passa” pelo respectivo foco secundário.
nOta
i
e. s.
i
Nos espelhos
Fs côncavos, o raio
e. p. C F V e. p.
de luz passa
V F C efetivamente pelo
Fs foco, mas nos
e. s. convexos é apenas o
π π seu prolongamento
que por ele passa.
(a) Espelho côncavo. (b) Espelho convexo.
Figura 21. Plano focal (π); foco secundário (Fs); foco principal (F); eixo secundário (e. s.) paralelo ao raio
incidente (i ) e o eixo secundário (e. s.).

9. Determinação gráfica de imagens


puntiformes
A imagem de um ponto P é obtida do seguinte modo: escolhemos dois raios notá-
veis que partam do objeto P; a intersecção dos respectivos raios refletidos nos dará a
imagem P'.

exemplo 1

a) Na figura 22a temos um ponto objeto real P diante de um espe-


lho esférico côncavo que obedece às condições de Gauss. Um dos
P
raios escolhidos parte de P e passa pelo foco F. O outro raio esco-
lhido parte de P e é paralelo ao eixo principal. A intersecção dos C F V
respectivos raios refletidos (r ' e r'') nos dá a posição da imagem r'
P'. Observemos que a imagem P' se encontra diante do espelho; r"
portanto: é uma imagem real. P'

(a) Espelho côncavo: a imagem P' conjugada pelo


espelho é real, pois está diante dele.
b) Na figura 22b temos um ponto objeto real P diante de um espe-
lho esférico convexo que obedece às condições de Gauss. Tal qual
r"
IlUstrAções: ZAPt

fizemos anteriormente, um dos raios escolhidos parte de P e pas-


sa pelo foco F. O outro parte de P e é paralelo ao eixo principal. A P P'
intersecção dos respectivos raios refletidos (r ' e r'') nos dá a posi- r'
ção da imagem P '. Observemos que, neste exemplo, a imagem P '
se encontra atrás do espelho; portanto, é uma imagem virtual. V F C

Você pode verificar também que tanto na figura 22a como na


(b) Espelho convexo: a imagem P' conjugada pelo
figura 22b os pontos P, C e P ' estão alinhados, como nos ensinou a espelho é virtual, pois está atrás dele.
primeira propriedade.
Figura 22.

242 Capítulo 10
exercícios de aplicação

1. Obtenha graficamente a imagem do ponto objeto passando por P, e uma reta (r) passando por
P colocado diante de um espelho esférico que P ' e por F. Elas se interceptam no ponto I do
obedece às condições de Gauss. A seguir, verifi- espelho.
que se a imagem obtida é real ou virtual. b) O espelho é côncavo, pois P e P ' são reais e o
centro de curvatura resulta real.

3. O ponto P da figura é um objeto real, ao passo


que sua imagem P ', conjugada por um espelho
esférico, é virtual, MN é o eixo principal e V o
C F V
vértice do espelho.
P
P P'
Figura a.
M N
V
a) Determine graficamente o foco e o centro de
curvatura.
V F C b) Qual é a natureza do espelho?
4. Um raio de luz AB incide num espelho esférico
P côncavo, como mostra a figura. Determine o raio
refletido, usando o conceito de foco secundário.
Figura b.
A
2. A figura representa um objeto real P e sua ima- B
gem P', conjugada por um espelho esférico de
foco F e eixo principal MN.
C F V
P e. p.

M F N

P' Resolução:
a) Obtenha graficamente o centro de curvatura e
o vértice do espelho. Usaremos o conceito de foco secundário. Vamos
determiná-lo:
b) Qual é a natureza do espelho?
1°.) Pelo ponto C (centro de curvatura) desenhamos
Resolução: o eixo secundário correspondente ao raio AB.
Ele deve ser paralelo ao raio incidente AB (i).
a) Estão alinhados: o objeto P, a imagem P'
e o centro de curvatura. Daí, obtemos C. 2°.) Pelo foco F, desenhamos o plano focal π.
Lembrando que CF = FV, obtemos o vértice V. 3°.) Na intersecção do eixo secundário com π
obtemos o foco secundário Fs. Por ele passará
o raio refletido (r).
P
IlUstrAções: ZAPt

i A
I
B
M C F V N i
r
C F V
P' e. p.
r

Outra maneira para determinar o espelho e raio Fs


refletido π
o vértice seria: uma paralela (i) ao eixo MN, e. s.

Espelhos esféricos 243


5. Um raio de luz a) No seu caderno desenhe o raio de luz refletido
r parte de P r '. (Sugestão: use o conceito de eixo secundá-
e incide num r rio.)
espelho esfé- P b) A imagem P ' do ponto P encontra-se sobre o
rico côncavo, V F C eixo principal do espelho. Determine-a.
o qual obede- c) A imagem anterior é real ou virtual? Por
ce às condi- quê?
ções de Gauss.

exercícios de Reforço

6. Localize graficamente a C
imagem de um objeto P
puntiforme P colocado
acima de um espelho
F
esférico côncavo, como d d e. p.
mostra a figura ao lado. G M N

7. Identifique: o foco, o
centro de curvatura e o
vértice de cada um dos espelhos a seguir. Figura b. Espelho convexo.

8. Copie a figura
em seu cader-
no e obtenha,
d d e. p. graficamente, P
X Y Z a imagem do
V F C
ponto lumino-
so P diante do
espelho esfé-
Figura a. Espelho côncavo. rico côncavo.

10. Determinação gráfica da imagem de


pequenos objetos frontais
Quando um objeto é colocado diante de um espelho esférico de Gauss, perpen-
dicularmente ao seu eixo principal, o espelho fornece uma imagem que também é
perpendicular ao eixo.
relativamente ao espelho, a imagem pode estar à sua frente (fig. 23a) e a chama-
remos de real, ou atrás
IlUstrAções: ZAPt

dele (fig. 23b) e a cha-


A'
maremos de virtual. essa
nomenclatura foi usada A A
anteriormente para o es-
pelho plano. V B' V
F B C B' B F C
relativamente ao ob-
jeto, a imagem pode es-
tar invertida (fig. 23a),
A'
ou na mesma posição
(fig. 23b), a qual chama- (a) Imagem real e invertida. (b) Imagem virtual e direita.
remos de direita. Figura 23.

244 Capítulo 10
Para a determinação gráfica da imagem de um objeto AB, frontal ao espelho, per-
pendicular ao eixo principal, é suficiente determinar a imagem A', da extremidade A,
pois A'B' será perpendicular ao eixo principal também.

exemplo 2

Um objeto extenso AB está posicionado diante de um espelho esférico


côncavo, sendo perpendicular ao seu eixo principal (fig. 24a).
A
Vamos construir graficamente a sua imagem. A seguir, vamos classificá-la
em real ou virtual e, em relação ao objeto, em direita ou invertida. V
F B C

A construção gráfica será mostrada passo a passo.

Figura 24a.
1º. ) Na figura 24b traçamos um raio de luz que, saindo de A, incide no espelho, paralelamente ao eixo principal, reflete-se e
passa pelo foco.

V
F B C

Figura 24b.
2º. ) Na figura 24c ignoramos o raio anterior e traçamos um segundo raio de luz que, saindo de A, passa pelo foco, incide no
espelho, reflete-se paralelamente ao eixo principal.

V
F B C

Figura 24c.
3º. ) Na figura 24d vamos superpor os dois raios e obter o ponto de
IlUstrAções: ZAPt

intersecção A' dos raios refletidos: a imagem de A.


A
4º. ) Ainda na figura 24d, desenhamos a seta A'B', perpendicular ao
eixo principal. A'B' é a imagem do objeto AB. V B'
F B C
A imagem é real, pois formou-se diante do espelho; as imagens
virtuais formam-se atrás dele. A'
Em relação ao objeto, ela é uma imagem invertida. Constatamos
pelo quadriculado da figura, que a imagem A'B' é maior que o objeto
Figura 24d.
AB, sendo então denominada ampliada.

Espelhos esféricos 245


exemplo 3

Um objeto extenso AB está posicionado diante de um espelho esférico con-


vexo, sendo perpendicular ao seu eixo principal (fig. 25a).
A
Vamos fazer a construção gráfica da sua imagem. A seguir, vamos classifi-
car em real ou virtual e, em relação ao objeto, em direita ou invertida.
As figuras 25b, 25c e 25d mostram os passos seguidos. Na figura 25d
B V F C
fizemos a superposição dos raios das figuras 25b e 25c.

A
Figura 25a.

B V F C

Figura 25b.

B V F C

Figura 25c.
IlUstrAções: ZAPt

A'

B V B' F C

Figura 25d.

A imagem fornecida pelo espelho convexo é virtual, pois se encontra atrás do espelho. É direita, pois está na mesma posi-
ção que o objeto. É menor que ele, como podemos observar pelo quadriculado da figura.

246 Capítulo 10
ObseRvações

• No Exemplo 3, aproximando-se ou afastando-se o objeto do espelho convexo, a sua imagem


sempre será virtual, direita e menor que o objeto.
• No Exemplo 2, afastando-se ou aproximando-se o objeto do espelho, haverá três possibilidades
a serem estudadas: antes do centro C, entre o centro C e o foco F e entre o foco F e o vértice
V. Para cada uma dessas três posições poderemos ter uma imagem: real e invertida ou virtual e
direita, como veremos nos Exercícios de Aplicação.

rICHArD MeGNA/FUNDAMeNtAl PHOtOGrAPHs

rICHArD MeGNA/FUNDAMeNtAl PHOtOGrAPHs


(a) Imagem virtual e direita de um (b) Imagem refletida no espelho esférico
objeto diante de um espelho esféri- convexo. O espelho esférico convexo con-
co côncavo. juga sempre uma imagem virtual, direita e
Figura 26. menor que o objeto.

exercícios de aplicação

IlUstrAções: ZAPt
9. Nas figuras abaixo, F representa o foco e C o
centro de curvatura do espelho esférico. Obtenha
A
graficamente a posição da imagem do objeto AB.
Classifique-a quanto a sua natureza (real ou vir- V
tual), tamanho e orientação em relação ao objeto F B
(direita ou invertida).

A
Figura c. Objeto entre o foco F e o
V vértice V.
B C F
10. Se colocarmos um objeto frontal a um espelho
esférico côncavo, perpendicularmente ao eixo
principal, sua imagem será sempre real? Ela será
Figura a. Objeto antes do centro C. sempre invertida? E o seu tamanho relativo ao
objeto: será maior ou menor?

Resolução:
A

V
O exercício 9 tem a resposta para essas pergun-
C B F tas.
Na figura a a imagem é real e invertida. Seu
tamanho relativo ao objeto: menor.
Na figura b a imagem também é real e invertida.
Figura b. Objeto entre o centro C e
o foco F. Seu tamanho relativo ao objeto: maior.

Espelhos esféricos 247


Na figura c, que resolvemos abaixo, a imagem 12. O esquema representa um objeto real AB e sua
obtida é virtual e direita. Seu tamanho relativo imagem A'B', conjugada por um espelho esférico
ao objeto: maior. de eixo principal MN.
A' B

F B V B' M A' N
A

B'
Observação: os espelhos esféricos côncavos Obtenha graficamente:
podem ser usados para ampliação. Basta que o
a) o vértice do espelho;
objeto seja colocado entre o foco e o vértice.
Um homem poderá utilizá-lo para barbear-se; a b) o centro de curvatura;
mulher para maquiar-se. c) o foco.
11. Na figura, AB é um objeto real, ao passo que A'B' A seguir, responda: o espelho é côncavo ou con-
é sua imagem, conjugada por um espelho esféri- vexo?
co de eixo principal MN. 13. a) Qual é o espelho esférico que nos fornece
B' uma imagem:

B
I. virtual, direita e reduzida (comparada
com o tamanho do objeto)?
II. virtual, direita e ampliada (comparada
M A A' N com o tamanho do objeto)?
b) Os esquemas abaixo representam, nas figuras a
a) Qual é a natureza da imagem: real ou virtual?
e b, um objeto AB, um espelho esférico E (não
b) Qual é o tipo de espelho: convexo ou côncavo? identificado) e a correspondente imagem con-
c) Obtenha graficamente a posição do centro de jugada. Identifique os respectivos espelhos.
curvatura, foco e vértice. E
A
Resolução:
A'
a) A imagem é direita e ampliada. Sendo o
objeto real e a imagem direita, concluímos ser
esta virtual.
B V B'
B'
B

α
Figura a.
C F Aα V A'
E
IlUstrAções: ZAPt

A'

A
B''

b) O único espelho que amplia imagens de obje-


B V B'
tos reais é o espelho côncavo.
c) O centro de curvatura C é obtido pelo alinha-
mento de B e B'.
O vértice é encontrado invertendo-se a ima- Figura b.
gem (A'B') e unindo B'' ao ponto B (é a 4ª.
propriedade do item 8 – página 241). 14. Para se projetar a imagem numa parede branca ou
O foco do espelho é o ponto médio do seg- num anteparo pode-se usar um espelho esférico,
mento CV. desde que ela seja real. Queremos projetar a ima-
gem da chama de uma vela cinco vezes ampliada

248 Capítulo 10
numa tela branca. Qual é o tipo correto de espelho? 3º. ) Seja r3 um terceiro raio de luz, que sai de B e
Em que posição se deve colocar a chama da vela? passa por F; ele interceptará r'1 após refletir-se
a) Espelho côncavo, posicionando a chama entre no espelho e determinará B'.
o centro de curvatura e o foco. 4º. ) Sendo AD perpendicular ao eixo, concluí-
b) Espelho côncavo, posicionando a chama entre mos que A'D' também o será; analogamen-
o vértice e o foco. te B'C' também será perpendicular ao eixo.
c) Espelho côncavo, posicionando a chama antes Observemos que B'C' é uma imagem real, inver-
do centro de curvatura. tida e do mesmo tamanho que BC, pois C é o
d) Espelho convexo, posicionando a chama entre centro de curvatura (ponto autoconjugado).
o centro de curvatura e o foco.
e) Espelho côncavo, posicionando a chama em A B r1
qualquer posição no eixo principal, porém r3
r2
diante do espelho.
(Sugestão: uma vez descoberta a resposta, faça F
C' D'
você mesmo este experimento. É muito simples e D C V e. p.
o sucesso é total.) r'2
A'
15. A figura mostra um quadrado ABCD com o lado r'3
B'
CD sobre o eixo principal de um espelho esférico
côncavo; o vértice C do quadrado coincide com r'1
o centro de curvatura do espelho. Obtenha, por
processo gráfico, a imagem do quadrado e identi- Concluímos que a figura obtida é um trapézio
fique a figura formada. retângulo A'B'C'D'.

A B
16. Na figura temos um triângulo retângulo ABC
diante de um espelho côncavo. AB é um cateto
perpendicular ao eixo principal. O vértice C coin-
F
cide com o centro de curvatura do espelho.
D C V e. p. F = foco do espelho
C = centro de curvatura A

e. p.
V F B C

Resolu•‹o:
1º. ) Seja r1 um raio de luz que passa por A e B
e incide no espelho; ele é paralelo ao eixo
principal e será refletido pelo foco F. Obtenha graficamente a imagem do triângulo e
responda:
2º. ) Seja r2 um segundo raio de luz que sai de A e
a) A imagem A'B'C' é um triângulo retângulo?
passa por F; ele interceptará, após refletir-se
b) O lado A'C' é maior ou menor que a hipotenu-
no espelho, o raio r'1 e determinará A'.
sa AC?

exercícios de Reforço

17. (ITA-SP) Determine graficamente a imagem de um A imagem é:


objeto OA colocado diante de um espelho cônca- a) virtual, direita e menor que o objeto.
vo, esférico, de raio R. A distância do centro de b) real, invertida e maior que o objeto.
curvatura C ao objeto é igual a 2R . c) real, invertida e menor que o objeto.
3
IlUstrAções: ZAPt

d) real, direita e maior que o objeto.


O e) virtual, direita e maior que o objeto.
(Observação dos autores: Cuidado! O espelho não
C está obedecendo às condições de Gauss e o seu
A foco não está definido. Use as leis da reflexão.)
18. (UF-PA) A figura a seguir mostra um objeto O e
sua correspondente imagem I fornecida por um
espelho côncavo.

Espelhos esféricos 249


20. Uma grande loja de produtos eletrodomésticos
40 cm
necessitou instalar um espelho na saída do cor-
redor, com a finalidade de visualizar, desse cor-
O I F redor, uma grande parte do ambiente. O espelho
V
recomendado e a justificativa para tal é:
10 cm a) plano, para maior nitidez de imagem.
b) convexo, devido ao seu grande campo visual.
Se F representa o foco do espelho e V o seu vérti- c) côncavo, devido ao seu grande campo visual.
ce, então a distância focal do espelho, em cm, é: d) côncavo, para que as imagens sejam todas
a) 8 b) 10 c) 20 d) 25 e) 30 reais e não fictícias.
e) convexo, para se obter todas as imagens
19. (U. E. Maringá-PR)
ampliadas e reais.
A figura ao lado
ilustra um espelho 21. (Unifesp-SP) Considere as situações seguintes:
esférico côncavo I. Você vê a imagem ampliada do seu rosto,
de distância focal V conjugada por um espelho esférico.
F O
igual a 30 cm. Um
objeto de 5 cm de II. Um motorista vê a imagem reduzida de um
altura é colocado carro atrás do seu, conjugada pelo espelho
a 15 cm do vértice retrovisor direito.
do espelho. III. Uma aluna projeta no teto da sala de aula,
a) Obtenha a localização da imagem, usando, por meio de um espelho côncavo, a imagem
no mínimo, dois raios luminosos incidentes do lustre pendurado acima de sua carteira.
no espelho. A respeito dessas imagens, em relação aos dis-
b) Classifique a imagem (real ou virtual; direita positivos ópticos referidos, pode-se afirmar que:
ou invertida; maior, menor ou igual ao tama- a) as três são virtuais.
nho do objeto).
b) I e II são virtuais; III é real.
c) Determine a posição da imagem em relação ao
vértice do espelho. c) I é virtual; II e III são reais.
d) Determine o aumento linear transversal do d) I é real; II e III são virtuais.
objeto. e) as três são reais.

11. estudo analítico. O referencial de Gauss


Usando o espelho esférico de Gauss e suas propriedades, vimos que a um ponto ob-
jeto corresponde uma única imagem, também puntiforme. Por outro lado, se o objeto
for extenso, sua imagem conjugada também é extensa.
As posições do objeto e de sua imagem podem ser caracterizadas por abscissas,
bem como às suas respectivas alturas podem ser associadas ordenadas. Para tanto,
construiremos um sistema de referência, denominado referencial de Gauss (fig. 27).
y y
IlUstrAções: ZAPt

luz luz
incidente incidente

F C F C
V x x V

(a) Sistema de referência gaussiano para o espelho côncavo. (b) Sistema de referência gaussiano para o espelho convexo.
Figura 27. No sistema de referência de Gauss o eixo das abscissas (x) é orientado no sentido oposto ao da luz incidente.

250 Capítulo 10
No referencial de Gauss temos um eixo de abscissas (x) e um eixo de ordenadas (y):
• O eixo das abscissas coincide com o eixo principal do espelho esférico e a sua
orientação tem o sentido oposto ao da luz incidente, como se mostra na figura
27a. A origem coincide com o vértice do espelho.
• O eixo das ordenadas (y) é perpendicular ao das abscissas, orientado como se
mostra na figura 27b. sua origem também coincide com o vértice do espelho.
• O vértice do espelho tem coordenadas (0; 0).

No referencial de Gauss objetos e imagens reais terão abscissa positiva;


objetos e imagens virtuais terão abscissa negativa.

Usaremos a seguinte nomenclatura: y

• No eixo x das abscissas: objeto


p = abscissa do objeto; A
p' = abscissa da imagem; F y C (p')
V
f = abscissa do foco = distância focal. x
(f) (p) y'
• No eixo y das ordenadas: imagem
y = altura do objeto (ordenada do ponto objeto A da A'
fig. 28);
y' = altura da imagem (ordenada do ponto imagem A'
Figura 28. Coordenadas de um objeto e sua imagem.
da fig. 28).

Distância focal
A abscissa do foco (F ) é denominada dist‰ncia focal e se indica por f (minúsculo).
Não se deve confundir: foco (ponto F ) com o valor da distância focal (f ).
A distância focal é uma abscissa e seu valor pode ser positivo ou negativo:
a) espelho côncavo: o foco F é um ponto real e sua abscissa é positiva: f > 0.
b) espelho convexo: o foco F é um ponto virtual e sua abscissa é negativa: f < 0.

exemplo 4

Na figura 29 temos um objeto AB e sua respectiva imagem A'B' conjugada por um espelho côncavo. Vamos ler na figura
as abscissas e ordenadas do ponto do objeto A e de sua imagem A' e também a distância focal do espelho. Vamos considerar
o lado de cada quadradinho igual a 1 cm, e esta será a nossa unidade de comprimento nos eixos x e y.
Leituras:
p = +10 cm (abscissa do ponto objeto A)
IlUstrAções: ZAPt

y (cm)
p' = +15 cm (abscissa do ponto imagem A')
y = +4 cm (ordenada do ponto objeto A) A

y' = – 6 cm (ordenada negativa do ponto imagem A')


f = +6 cm (abscissa do foco = distância focal) V F C B'
Observemos que a altura do objeto AB é igual à ordenada de A: B
x (cm)
AB = y = +4 cm
Observemos ainda que a altura da imagem A'B' é igual à orde-
nada de A'. Embora não seja usual na geometria, aqui a imagem A'
poderá ter altura positiva ou negativa, conforme seja sua posição:
direita ou invertida. Figura 29.

A'B' = y' = – 6 cm

Espelhos esféricos 251


aumento linear transversal
sendo y a altura do objeto AB e y' a altura de sua imagem A'B', denominamos au-
mento linear transversal o quociente:

y'
A=
y

O aumento linear transversal poderá ser positivo ou negativo, dependendo da posi-


ção relativa da imagem em relação ao objeto.

Imagem invertida: A < 0


Imagem direita: A > 0

equação do aumento linear transversal y

A
É possível estabelecer uma relação entre o aumento linear transversal e
as respectivas abscissas p e p' do objeto e da imagem respectivamente. Para y
isso, basta considerar os triângulos semelhantes VBA e VB'A' (fig. 30). B' F α V
B α
BA = VB x y'
B'A' V'B'
A'
B'A' = – y' BA = y VB' = p' VB = p
temos:
y y' p' Figura 30. São semelhantes os triângulos
= p ⇒ A= =– 1 VBA e VB'A'.
– y' p' y p

equação dos espelhos esféricos (equação de Gauss)


É possível estabelecer uma relação entre a distância focal do espelho esfé-
rico e as respectivas abscissas do objeto e da imagem conjugada. Para tanto, y

IlUstrAções: ZAPt
basta considerar os triângulos semelhantes FB'A' e FVD (fig. 31).
A D
B'F = B'A' 2
VF VD
y
sendo: B' F 0
x B C y' V
B'F = p' – f FV = f B'A' = –y' e ainda VD = BA = y
substituindo na equação 2 , vem: A'

p'– f –y'
= 3
f y
Figura 31. São semelhantes os triângulos
sendo ainda:
FB'A' e FVD.
y'
= p'
– 4
y p
substituindo 4 em 3 , temos:
p'– f
= p' 5
f p
Desenvolvendo a equação 5 :
p(p' – f) = fp' ⇒ pp' – pf = fp' ⇒ pp' = fp + fp' 6

252 Capítulo 10
Dividindo os dois membros da equação 6 por (fpp'), vem:

1=1+ 1
7
f p p'
Resumindo:
Quando um objeto extenso tem sua imagem conjugada por um espelho esférico,
podem ocorrer as seguintes situações:

Objeto Imagem Posição relativa Sinal de A


real real imagem invertida A<0
real virtual imagem direita A>0
virtual real imagem direita A>0
virtual virtual imagem invertida A<0

O objeto virtual só aparece em caso de associação de dois ou mais espelhos ou


lentes.

exemplo 5

Determinemos a distância focal de um espelho esférico de Gauss que fornece uma imagem real a 6,0 cm do espelho
quando um objeto pontual luminoso estiver situado a 3,0 cm do vértice, colocado no seu eixo principal.
Estratégia:
Para objetos e imagens reais as abscissas são positivas e podemos anotar:
p = +3,0 cm e p' = +6,0 cm
Usemos a equação 7 :
1=1+ 1
f p p'
1 = 1 + 1 ⇒ 1 = 2,0 + 1,0 ⇒ 1 = 3,0 ⇒ f = 6,0 ⇒ f = 2,0 cm
f 3,0 6,0 f 6,0 6,0 f 6,0 3,0

exemplo 6

Vamos colocar na mesma posição do exemplo 5 um objeto extenso com 4,0 cm de altura. Determinemos sua altura e
posição relativa.
Estratégia:
• Como o objeto e a imagem são reais, então suas posições relativas são opostas, isto é, a imagem é invertida em
relação ao objeto.
• Usando a equação 1 determinemos sua altura:
ZAPt

y' p' B
=–
y p 4,0 cm
6 A F V
Temos:
7 A' 5 4 3 2 1
p = +3,0 cm; p' = +6,0 cm; y = +4,0 cm
Substituindo na equação 1 : 8,0 cm
y' y'
= – 6,0 ⇒ = –2,0 ⇒ y' = –8,0 cm B'
4,0 3,0 4,0
Concluindo: a imagem tem 8,0 cm de altura e está invertida. Figura 32. Ilustração para os exemplos 5 e 6.

Espelhos esféricos 253


exercícios de aplicação

22. Colocou-se diante de um espelho esférico de Gauss a) a distância que o espelho deve ficar da parede;
um objeto extenso, perpendicularmente a seu b) a distância entre a lâmpada e a parede.
eixo principal. Sua imagem formou-se a 2,0 cm (Sugestão: esboce uma figura mostrando, em
do espelho; é direita e tem metade da altura do corte lateral, o experimento.)
objeto. Determine:
a) a abscissa do objeto e a natureza da imagem; 25. Num anteparo, a 10 cm de um espelho esférico,
forma-se a imagem nítida, com 10 cm de altura,
b) a distância focal e a natureza do espelho.
de um objeto real de 2,5 cm de altura.
Resolução:
10 cm

ZAPt
a) Como o objeto é real e a imagem é direita,
pelo quadro da página anterior concluímos
A
que ela é virtual.
Logo: p' = –2,0 cm B'
y α V
Sendo a imagem direita e tendo ela metade da x (cm) B α
altura do objeto, o aumento linear é dado por: y'

A = y' = + 1 A'
y 2
Usemos a equação 1 do aumento linear trans- anteparo
versal, na qual substituiremos p' acima dado.
Determine:
y' = – p'
y p a) a posição do objeto;
1 = – –2,0 ⇒ p = +4,0 cm b) o raio de curvatura do espelho e sua natureza
2 p (convexo ou côncavo).
b) Para determinar a distância focal, temos
Resolução:
p' = –2,0 cm e p = +4,0 cm. Usando a equa-
ção de conjugação de Gauss: a) Antes de se aplicar a equação 1 , vamos
1 1 1 determinar quais devem ser as características
= + da imagem. Queremos que ela seja projetada
f p p'
1 1 1 num anteparo; portanto ela deve ser uma
= + ⇒ f = –4,0 cm imagem real, pois somente as imagens reais
f 4,0 (–2,0)
são projetáveis. O objeto é real. Pelo quadro
Como a distância focal é negativa, concluí-
anterior, concluímos que a imagem deve ser
mos que o espelho é convexo.
invertida.
23. Um objeto extenso é colocado diante de um espe- y'
A= <0
lho esférico de Gauss. Forma-se uma imagem com y
as seguintes características: virtual, medindo Para entender a resolução, acompanhe pela
metade da altura do objeto e situada a 6,0 cm do figura. Como o anteparo recebe a imagem níti-
vértice do espelho. da a 10 cm do espelho, temos: p' = +10 cm.
a) Em relação ao objeto, a imagem é direita ou é Sendo y' = –10 cm e y = +2,5 cm, vem:
invertida? y' p' –10 (+10)
=– ⇒ =– ⇒
b) Qual é a abscissa da imagem? y p +2,5 p
c) Qual é a distância focal do espelho? ⇒ p = +2,5 cm
d) Qual é a natureza do espelho: côncavo ou
convexo? b) Para determinarmos o raio de curvatura R,
precisamos antes calcular a distância focal.
24. Dispomos de um espelho côncavo cuja distância Usaremos a equação 7 de Gauss:
focal vale 7,2 m. Pretende-se projetar sobre uma
1 1 1
parede a imagem de 1,5 m de uma lâmpada fluores- = +
f p p'
cente muito potente, cujo comprimento real é de
1,0 m. O experimento será realizado num ambien- Sendo p = +2,5 cm e p' = +10 cm, vem:
te totalmente escurecido. Estando a lâmpada a 1 1 1
= +
12 m do espelho, determine: f 2,5 10

254 Capítulo 10
1 = 4 + 1 = 5 ⇒ f = 10 = 2,0 cm Temos ainda uma imagem virtual e, portanto,
f 10 10 10 5 p' = –15 cm:
(–15)
R = 2f ⇒ R = 2 · 2,0 cm ⇒ R = 4,0 cm 0,50 = – p ⇒ 0,50p = +15 ⇒ p = +30 cm
Para calcular a distância focal, devemos usar
26. Necessitamos projetar a chama de uma vela numa
a equação de Gauss:
parede e queremos que ela esteja ampliada cinco
1 = 1 + 1
vezes, isto é, sua altura é cinco vezes a do objeto.
f p p'
Dispomos de um espelho côncavo e de um espe-
1 1 1
lho convexo, ambos de raio de curvatura 60 cm. f = (+30) + (–15)
a) Como você deve proceder? Qualquer um dos O mmc é 30 e temos:
espelhos vai servir? 1 (+1,0) (–2,0)
= +
b) Escolhido o espelho, determine a distância f 30 30
entre o espelho e a parede. 1 –1,0
= ⇒ f = –30 cm
27. A imagem de um objeto extenso, conjugada por f 30
um espelho esférico côncavo, de distância focal O sinal negativo mostra que, no espelho con-
f, tem o triplo da altura desse objeto. Sabendo-se vexo, a distância focal é negativa, pois o foco
que a imagem é invertida, podemos afirmar que é virtual.
a distância p do objeto ao espelho, em função da b) Para obter a distância entre o objeto e a ima-
distância focal f, pode ser determinada por: gem, vamos desenhar os dois elementos sobre
f as suas respectivas abscissas:
a) p = d) p = 3f
2
objeto

IlUstrAções: ZAPt
3f
b) p = e) p = 4f imagem
4 y
4f V y' F
c) p =
3 x (cm) +30 0 –15 –30
28. Usando um espelho convexo fixo numa parede 45 cm
e um objeto extenso diante dele, obteve-se uma
imagem reduzida em 50% e situada a 15 cm de Pela figura, concluímos que a distância entre
distância do vértice. Sabendo que o objeto é per- o objeto e a imagem é 45 cm.
pendicular ao eixo principal, determine: 29. Um objeto de altura 6,0 cm, colocado diante de
a) a distância focal do espelho; um espelho convexo, perpendicularmente ao
b) a distância entre o objeto e a imagem. eixo, apresentou uma imagem virtual reduzida
Resolução: em 1 do seu tamanho. A distância do objeto ao
3
a) No espelho convexo, a imagem é sempre vir-
espelho é 12 cm. Determine:
tual e direita. A figura esquematiza o experi-
mento. a) a altura da imagem;
b) a abscissa da imagem;
y c) a distância focal do espelho.
y' 30. Relativamente a um espelho convexo de raio de
x (cm) F curvatura 20 cm (em módulo), a imagem de um
objeto extenso, perpendicular ao eixo principal,
apresentou-se invertida, virtual e a 30 cm do
espelho.
Como o tamanho da imagem é 50% do tama- a) Qual é a natureza do objeto?
nho do objeto, temos: b) Qual é a abscissa do objeto?
y'
= 0,50 Resolução:
y
Usando a equação do aumento linear trans- a) Consultando a nossa tabela de posições rela-
versal, vem: tivas da página 253, encontramos o seguinte
y' p' caso: objeto virtual, imagem virtual, posição
=–
y p relativa ao objeto: invertida.

Espelhos esféricos 255


Conclusão: o objeto é virtual. Esse caso é 32. A figura a seguir representa um espelho esférico
raro, pois a formação de um objeto virtual côncavo, um objeto frontal e a imagem conjuga-
depende da presença de um outro elemento da pelo espelho. A distância entre o objeto e a
óptico. Geralmente usa-se a lente convergen- imagem é 24 cm.
te, como na figura a seguir:

IlUstrAções: ZAPt
A B'
F y
24 cm (p')
V (p)
y' x (cm)
B A'
L E
A'B' é a imagem de AB, produzida pela lente L. O
espelho E foi interposto entre a lente L e a imagem Tendo a imagem uma altura quatro vezes maior
A'B'; desse modo, A'B' tornou-se um objeto virtual que o objeto, obtenha:
para o espelho. a) as abscissas gaussianas do objeto e da imagem;
b) Temos: |R| = 20 cm. Como o espelho é con- b) a distância focal do espelho.
vexo e a distância focal é a metade do valor
Resolução:
algébrico do raio de curvatura:
f = 2 ⇒ f = –20 ⇒ f = –10 cm
R a) Da figura, tiramos a primeira equação:
2
Temos, também, p' = –30 cm. Usando a equa- p' – p = 24 1
ção dos pontos conjugados, vem: Como a imagem é invertida, temos:
1 1 1
= + A = y' < 0
f p p' y
1 1 1 Por outro lado a imagem é quatro vezes maior
= +
(–10) p (–30) que o objeto: |y'| = 4y, ou seja:
1 1 1
= – A = y' = –4
p 30 10 y
1 1 3 1 –2 Usemos a equação do aumento linear trans-
= – ⇒ = ⇒ versal:
p 30 30 p 30
y' p' p'
–30 =– ⇒– = –4 ⇒ p' = 4p 2
⇒p= ⇒ p = –15 cm y p p
2
O objeto tem abscissa negativa, o que com- Substituindo 2 em 1 , vem:
prova que se trata de um objeto virtual, como 4p – p = 24
havíamos determinado no item anterior, com 3p = 24 ⇒ p = 8,0 cm
uma mera consulta à tabela página 253.
31. Um ponto objeto virtual está posicionado sobre Voltando à equação 2 , obtemos a abscissa
o eixo principal de um espelho esférico, a 12 cm da imagem:
de seu vértice. O espelho conjuga uma imagem p' = 4 · 8,0 cm ⇒ p' = 32 cm
virtual a 4,0 cm do vértice. Determine a distância
focal do espelho e a sua natureza. b) A distância focal se determina pela equação
de Gauss:
Resolução: 1 1 1 p · p'
f = p + p' ⇒ f = p + p' (produto pela soma)
8,0 · 32 8,0 · 32
f = 8,0 + 32 = 40 ⇒ f = 6,4 cm
V P' P
33. Um objeto frontal a um espelho côncavo, perpen-
x (cm) (– 4, 0) (–12) dicular ao seu eixo, apresenta a imagem inverti-
da e distanciada de 60 cm dele. Sabe-se que ela
tem apenas 50% da altura do objeto. Considere
que o sistema seja gaussiano. Determine:
1 1 1 1 1 1
= + ⇒ = + ⇒
f p p' f (–12) (–4,0) a) a natureza da imagem;
⇒ f = –3,0 cm ⇒ espelho convexo b) as abscissas do objeto e da imagem;
c) a distância focal do espelho.

256 Capítulo 10
exercícios de Reforço

34. Um objeto está diante de um espelho esférico. c) Calcule a distância focal do espelho.
Ele é extenso e perpendicular ao eixo principal.
A respeito de sua imagem são feitas as seguintes 37. O triângulo retângulo ABC da figura tem o cateto
afirmativas: BC sobre o eixo principal do espelho esférico, de
centro de curvatura C e raio 12 cm. O cateto AB,
I. Sendo o objeto real a sua imagem será inver-
perpendicular ao eixo, tem 8,0 cm de comprimen-
tida.
to, ao passo que BC tem 6,0 cm de comprimento.
II. Se a imagem for real ela será invertida. Determine a área da imagem do triângulo ABC.
III. Se a imagem for virtual ela será direita. A
IV. Se o espelho for côncavo a imagem será inver-
tida.
Do que se afirmou, são verdadeiras, apenas:
B C F V
a) I e II c) II, III e IV e) I, II e IV
b) II e III d) I e IV
35. A respeito de um objeto luminoso, extenso,
situado perpendicularmente ao eixo de um espe- 38. (Fuvest-SP) A imagem de um objeto forma-se a
lho esférico e frontalmente a ele, são feitas as 40 cm de um espelho côncavo com distância focal
seguintes afirmativas: de 30 cm. A imagem formada situa-se sobre o
I. Se o espelho for convexo, a imagem será eixo principal do espelho, é real, invertida e tem
reduzida. 3 cm de altura.
II. Se o espelho for convexo, a imagem será vir-
tual e direita.
III. Se o espelho for côncavo, a imagem será
ampliada. x C B' F V
IV. Se o espelho for côncavo, a imagem será real
e invertida.
V. Se o espelho for côncavo e a imagem virtual,
esta será direita e ampliada. A'
São verdadeiras apenas:
a) Determine a posição do objeto.
a) I, II e V d) II, III e IV
b) Determine a altura do objeto.
b) I, II, III e IV e) I e V
c) Transporte a figura dada para o seu caderno e
c) III e V localize, graficamente, o objeto, utilizando-se
36. Deseja-se projetar sobre uma tela a imagem de de dois raios notáveis.
um objeto extenso, ampliada seis vezes e conju-
39. (OBF-Brasil) Na figura abaixo são mostrados um
gada por um espelho esférico côncavo.
espelho esférico, um objeto (o) e sua imagem
O objeto é disposto perpendicularmente ao eixo
(i). Sobre o eixo principal foi estabelecido um
do espelho. A distância entre a tela e o objeto é
referencial de abscissas. Determine a distân-
de 35 cm.
cia focal f e o raio de curvatura R do espelho.
“A figura está em escala horizontal correta,
A tela
porém não em escala vertical, e os tamanhos de
o
objeto e imagem são apenas figurativos”.
V
IlUstrAções: ZAPt

B
o

35 cm
30
x (cm) 80 70 60 50 40 20 10 0
i
a) A imagem será direita ou invertida?
b) Calcule a distância entre o objeto e o espelho
para que a imagem seja nítida na tela.

Espelhos esféricos 257


a) f = 20 cm e R = 40 cm e) pôde observar a imagem de seu rosto em
b) f = 30 cm e R = 60 cm tamanho ampliado e disposta em posição
invertida, formada a 1,5 m do espelho.
c) f = –20 cm e R = 40 cm
d) f = 60 cm e R = 120 cm 41. (AFA-SP) Considere um objeto AB, perpendicular
ao eixo óptico de um espelho esférico gaussiano,
e) f = 20 cm e R = 10 cm e sua imagem A'B' conjugada pelo espelho, como
mostra a figura abaixo.
40. (U. F. São Carlos-SP) Uma mocinha possuía um 1 cm
grande espelho esférico côncavo que obedecia A 1 cm
às condições de astigmatismo de Gauss. Com seu
espelho, de raio de curvatura 3,0 m, estava acos- B'
B eixo
tumada a observar recentes cravos e espinhas. A' óptico
Certo dia, sem que nada se interpusesse entre ela
Movendo-se o objeto AB para outra posição p em
e seu espelho, observando-o diretamente, a uma
relação ao espelho, uma nova imagem é conjuga-
distância de 2,0 m da superfície refletora e sobre
da de tal forma que o aumento linear transversal
o eixo principal: proporcionado é igual a 2. Nessas condições, essa
a) não pôde observar a imagem de seu rosto, que nova posição p do objeto, em cm, é:
é de tamanho menor e em posição invertida, a) 1 b) 2 c) 3 d) 4
formada a 6,0 m do espelho.
42. (ITA-SP) Um objeto linear de altura h está assen-
b) não pôde observar a imagem de seu rosto, que tado perpendicularmente no eixo principal de
é de tamanho maior e em posição invertida, um espelho esférico, a 15 cm de seu vértice. A
formada a 6,0 m do espelho. imagem produzida é direita e tem altura de h .
5
c) pôde observar a imagem de seu rosto em Este espelho é:
tamanho reduzido e disposta em posição a) côncavo, de raio 15 cm.
direita, atrás do espelho. b) côncavo, de raio 7,5 cm.
d) pôde observar a imagem de seu rosto em c) convexo, de raio 7,5 cm.
tamanho ampliado e disposta em posição d) convexo, de raio 15 cm.
direita, atrás do espelho. e) convexo, de raio 10 cm.

12. associação de dois espelhos


em um banco óptico, montamos dois espelhos esféricos de tal maneira que suas su-
perfícies refletoras estejam voltadas uma para a outra e que eles sejam coaxiais (tenham
o mesmo eixo principal). O sistema assim montado (fig. 33) constitui uma associação de
dois espelhos esféricos.
IlUstrAções: ZAPt

E1 E2

V1 V2
C2 C1

Figura 33.
De modo geral as associações são usadas do seguinte modo: coloca-se um objeto
luminoso entre os dois espelhos, obtém-se sua imagem em um deles e esta serve de
objeto para o segundo espelho, fornecendo uma segunda imagem e assim sucessiva-
mente. Com isso obtém-se um número muito grande de sucessivas imagens. Vamos
mostrar no exemplo 7 uma estratégia de como se obtêm essas imagens.

258 Capítulo 10
exemplo 7

Seja O um objeto colocado entre os dois espelhos, perpendicularmente


ao eixo principal. Vamos determinar a imagem I1 deste objeto, refletido em
E1. A seguir, vamos usar I1 como um objeto para o espelho E2 e obter I2, O1
V1 α
sua imagem refletida em E2. α
I1 C1
A estratégia é a seguinte:
E1
1º. ) Determinamos a imagem I1, do objeto O1, conjugada pelo espelho E1
considerando apenas o espelho E1, como se não existisse o espelho E2; Figura 34. Obtenção da imagem I1 do objeto O1,
acompanhe pela figura 34. conjugada por E1.

2º. ) Usaremos I1 como se fosse um objeto O2 para o espelho E2. Sua ima-
gem refletida por esse espelho é I2. Nesse segundo passo ignoramos a O1
presença do espelho E1; acompanhe pela figura 35. V1 I2 C2 V2
β
β
3º. ) O processo pode ser repetido n vezes, sempre se considerando a últi-
ma imagem como objeto para o outro espelho. No entanto, para não I1 ≡ O2
complicar a nossa figura, ficaremos com I2 como imagem final. E1 E2

É comum, também, fazerem-se associações entre um espelho esférico Figura 35. Obtenção da imagem I2 do objeto
e um espelho plano. O2 ≡ I1, conjugada por E2.

exercícios de aplicação

43. Sobre um banco óptico são associados, coaxial- Façamos, agora, sua resolução analítica:
mente, dois espelhos esféricos côncavos, de tal
maneira que seus centros de curvatura sejam p1 = abscissa de O1 em relação ao sistema
coincidentes. O espelho E1 tem raio de curvatu- p'1 = abscissa de I1 de Gauss fixado em E1
ra R1 = 12 cm e o E2 tem raio R2 = 18 cm. Um
objeto frontal real O1 situa-se a 18 cm de E1. f1 = R1 = 12 ⇒ f = 6,0 cm
2 2 1

Localize a imagem fornecida por E2 ao receber os 1 = 1 + 1


raios luminosos que emanam do objeto, incidem f1 p1 p'1
primeiramente em E1 e, após se refletirem nele,
incidem em E2. 1 1 1 p'1 = 9,0 cm
6,0 = 18 + p'1 ⇒
Resolu•‹o:
Estando a imagem I1 distante 9,0 cm de V1, estará
Inicialmente, vamos resolver graficamente o a 3,0 cm de C1. No entanto, a imagem I1 será o
problema. objeto real O2 para o espelho E2.

p2 = abscissa de O2 em relação ao sistema


IlUstrAções: ZAPt

E1 E2
O1 p'2 = abscissa de I2 de Gauss fixado em E2
V1 F1
I2
I1 ≡ O2 C1 ≡ C2 F2 V2 p2 = 3,0 + 18 ⇒ p2 = 21 cm

f2 = R2 = 18 ⇒ f2 = 9,0 cm
2 2
O1: objeto real para E1 1 = 1 + 1 ⇒ 1 = 1 + 1
I1: imagem real para E1 f2 p2 p'2 9,0 21 p'2
O2 ≡ I1: objeto real para E2
I2: imagem real pedida p'2 ≅ 15,8 cm

Espelhos esféricos 259


44. Dois espelhos esféricos côncavos idênticos, E1 uma primeira imagem I1 do objeto luminoso.
e E2, são montados, coaxialmente, num banco Em seguida, refletindo-se em E2, formam uma
óptico. Seus centros de curvatura são coinci- segunda imagem I2.
dentes. Um objeto extenso O1, de 3,0 cm de
altura, é colocado sobre o centro de curvatura E1 E2
comum, perpendicularmente ao eixo princi-
pal. Determine as características da imagem I2 A
conjugada por E2, sabendo que os raios de luz
emanam do objeto, incidem em E1, refletem-se V F C
em E2 e formam I2. 0 60 100 120 180 x (cm)

45. Na figura mostram-se dois espelhos associados:


E1 é um espelho côncavo cujo raio de curvatura
é 120 cm e E2 é um espelho plano, disposto I1 ≡ o2
perpendicularmente ao eixo principal de E1. Um
objeto luminoso A, com 40 cm de altura, foi a) Obtenha, graficamente, as imagens I1 e I2.
interposto entre os espelhos, ficando a 100 cm Para o espelho E2, use a simetria entre o obje-
do côncavo e a 80 cm do plano. O eixo de to e a imagem.
abscissas (x) coincide com o eixo principal do b) Determine a abscissa de I1.
espelho esférico e sua origem é o vértice V. Os
valores numéricos indicados referem-se às abs- c) Determine a abscissa de I2.
cissas de cada elemento. Raios de luz emanam d) Determine a distância, medida sobre o eixo x,
de A e incidem primeiramente em E1 formando entre as imagens I1 e I2.

exercícios de Reforço

46. (Cesgranrio-RJ) Em um farol de automóvel, dois 47. (UF-RJ) Um espelho esférico côncavo de 50 cm
espelhos esféricos côncavos são utilizados para de raio e um pequeno espelho plano estão frente
se obter um feixe de luz paralelo a partir de uma a frente. O espelho plano está disposto per-
fonte aproximadamente pontual. O espelho prin- pendicularmente ao eixo principal do côncavo.
cipal, E1, tem 16,0 cm de raio. O espelho auxiliar, Raios luminosos paralelos ao eixo principal são
E2, tem 2,0 cm de raio. refletidos pelo espelho côncavo; em seguida,
refletem-se também no espelho plano e tornam-
se convergentes num ponto do eixo principal
E2 distante 8 cm do espelho plano, como mostra a
figura.
N S M
Calcule a distância do espelho plano ao vértice V
do espelho côncavo.
IlUstrAções: ZAPt

E1

Para que o feixe produzido seja efetivamente


paralelo, as distâncias da fonte S aos vértices M V
e N dos espelhos devem ser iguais, respectiva-
mente, a:
Distância SM Distância SN
a) 8,0 cm 1,0 cm 8 cm
b) 16,0 cm 2,0 cm
c) 16,0 cm 1,0 cm
d) 8,0 cm 2,0 cm
e) 8,0 cm 4,0 cm

260 Capítulo 10
exercícios de aprofundamento

48. Sobre o eixo principal de um espelho esférico 52. (Unicamp-SP) Para espelhos esféricos nas condi-
côncavo deitou-se uma seta luminosa de F a C, ções de Gauss, a distância do objeto ao espelho,
como mostra a figura. Esboce a sua imagem. p, a distância da imagem ao espelho, p', e o raio
de curvatura do espelho, R, estão relacionados
através da equação 1 + 1 = 2 . O aumento
p p' R
V F C linear transversal do espelho esférico é dado
p'
por A = – p , onde o sinal de A representa a
orientação da imagem, direita quando positivo e
invertida quando negativo. Em particular, espe-
lhos convexos são úteis por permitir o aumento
49. Considere o espelho esférico côncavo de Gauss da do campo de visão e por essa razão são frequen-
figura no qual está incidindo um raio de luz r. Um temente empregados em saídas de garagens e em
objeto luminoso AB está sobre o raio r. corredores de supermercados. A figura a seguir
B mostra um espelho esférico convexo de raio de
curvatura R. Quando uma pessoa está a uma
A
distância de 4,0 m da superfície do espelho, sua
r
imagem virtual se forma a 20 cm deste, conforme
V F C mostra a figura. Usando as expressões fornecidas
acima, calcule o que se pede.

IlUstrAções: ZAPt
H R

a) Desenhe o trajeto do raio refletido r', usando h


o conceito de foco secundário.
C
b) Determine, graficamente, a imagem A'B' do
objeto AB utilizando necessariamente o raio
refletido r '.
50. (Fuvest-SP) A imagem de um objeto forma-se 4,0 m 20 cm
a 40 cm de um espelho côncavo com distância a) O raio de curvatura do espelho.
focal de 30 cm. A imagem formada situa-se sobre
b) O tamanho h da imagem, se a pessoa tiver
o eixo principal do espelho, é real, invertida e
H = 1,60 m de altura.
tem 3,0 cm de altura.
a) Determine a posição do objeto.
53. (U. F. Juiz de Fora-MG) A luz de um feixe paralelo
de um objeto distante atinge um grande espelho,
b) Construa o esquema referente à questão, de raio de curvatura R = 5,0 m, de um poderoso
representando o objeto, a imagem, o espelho telescópio, como mostra a figura a seguir. Após
e os raios utilizados e indicando as distâncias atingir o grande espelho, a luz é refletida por um
envolvidas. pequeno espelho, também esférico e não plano
51. (Fuvest-SP) As faces de uma calota esférica de como parece, que está a 2 m do grande.
30 cm de raio funcionam como espelhos. Um obje- grande
to luminoso de 5,0 cm de comprimento é colocado espelho
defronte à face côncava da calota, sobre seu eixo pequeno
principal e a 30 cm dela. Em seguida, o objeto é espelho
colocado do outro lado da calota, a 30 cm da face
convexa, sobre seu eixo principal. Pede-se: C F

a) a distância entre as imagens formadas nas


duas situações;
b) a relação entre os tamanhos das imagens for-
madas na primeira e na segunda situação. 2m

Espelhos esféricos 261


Sabendo que a luz é focalizada no vértice do interceptará os eixos nos pontos p e p', que
grande espelho esférico, faça o que se pede nos representam um objeto e sua imagem conjuga-
itens seguintes. da. Leem-se nos respectivos eixos as posições do
a) O objeto no ponto F, para o pequeno espelho, objeto e da imagem.
é real ou virtual? Justifique sua resposta.
b) Calcule o raio de curvatura R do pequeno p' (cm)
espelho.
+60
c) O pequeno espelho é côncavo ou convexo?
Justifique sua resposta. +40

54. (OBF-Brasil) Dois espelhos metálicos parabóli- +20


F
cos e côncavos são dispostos frente a frente de
modo que seus eixos principais coincidam. Um 0
20 40 60 p (cm)
aluno coloca o dedo no foco de um dos espelhos
enquanto a chama de uma vela está posicionada –20
no foco do outro.

lUIZ AUGUstO rIBeIrO


55. Usando a metodologia proposta, bem como o sis-
tema cartesiano fornecido, determine a posição
da imagem correspondente a um ponto objeto
real de abscissa p = 30 cm.

56. Usando a metodologia proposta, bem como o sis-


tema cartesiano fornecido, determine a posição
Analise as proposições: do objeto correspondente a uma imagem virtual
de posição p' = –20 cm.
I. O aluno sente o aquecimento, pois seu dedo
recebe mais energia radiante do que é capaz 57. Um relógio de ponteiros (analógico) não possui
de emitir. nenhuma inscrição numérica em seu mostrador,
II. O aluno não percebe nenhuma elevação da mas apenas pontinhos escuros na posição dos
temperatura e o único evento percebido con- doze números indicadores das horas. Os pontei-
siste na iluminação do dedo. ros têm a mesma cor. Esse relógio foi colocado
III. O aluno sentirá seu dedo resfriar-se se a vela frontalmente a um espelho côncavo de tal modo
for substituída por um pedaço de gelo, pois que o seu mostrador estivesse no plano mediador
seu dedo estará emitindo mais energia radian- do foco F com o centro de curvatura C. A figura
te do que o gelo. mostra o relógio e os seus ponteiros indicando
IV. O aluno não sentirá frio se o gelo estiver no que realmente são 3h25min.
lugar da chama, pois o gelo não emite radia-
ZAPt

plano
ção. mediador
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
relógio

a) I apenas. d) I e III apenas. C F V


b) III apenas. e) II apenas.
c) II e IV apenas.

Texto para as questões 55 e 56: Figura a . Figura b.

O ambiente é escurecido e o relógio é iluminado


No sistema cartesiano da figura a seguir estão interiormente com lâmpadas de led situadas nos
representados nos seus eixos valores de p, seus doze mostradores. Surge no espelho uma
posição do objeto, e de p', posição da imagem, imagem dele. Que horas são nessa imagem?
conjugada por um espelho esférico. O foco F
representado tem coordenadas (f; f), em que a) 2h05min d) 9h55min
f é a distância focal do espelho. Traçando-se b) 3h35min e) 13h55min
uma reta qualquer que passe pelo ponto F, esta c) 8h35min

262 Capítulo 10
CAPÍTULO

Refração da luz
11
1. Refração da luz 1. Refração da luz

2. Índice de refração
A passagem da luz de um meio de propagação para outro, acompanhada de absoluto
variação em sua velocidade de propagação, recebe o nome de refração da luz.
Nas figuras seguintes, representamos dois meios homogêneos e transparentes, 3. Índice de refração
1 e 2 , separados por uma superfície S, sendo, respectivamente, v1 e v2 as veloci- relativo
dades de propagação da luz nesses meios. Quando a luz incide normalmente à su-
perfície S, ocorre refração sem desvio (fig. 1). Quando a luz incide obliquamente, 4. Leis da refração
temos refração com desvio (fig. 2). 5. Dispersão da luz

ILuSTrAçõES: zAPT
v1 v1
6. Reflexão total

1 1 7. Refração atmosférica.
(S) (S)
2 2 Posição aparente dos
v2 v2 astros

8. Miragens
Figura 1. Incidência perpen- Figura 2. Incidência oblíqua
dicular à superfície S: refra- à superfície S: refração com 9. Arco-íris
ção sem desvio. desvio.
10. Dioptro plano
2. Índice de refração absoluto 11. Lâmina de faces
Índice de refração absoluto (n) de um meio, para uma dada luz monocromática, paralelas
é o quociente entre a velocidade de propagação da luz no vácuo (c) e a velocidade 12. Prisma óptico
(v) de propagação dessa luz monocromática nesse meio:
13. Prismas de reflexão
c
n= total
v
O que caracteriza a refração é a variação da velocidade de propagação e não o
desvio que a luz pode ou não sofrer.
Para levar em conta a velocidade de propagação da luz, definimos, para os meios
homogêneos e transparentes, uma grandeza chamada
n
índice de refração.
Dessa definição podemos tirar as seguintes conclusões:
a) O índice de refração n é adimensional, por ser o
quociente entre duas velocidades.
b) O índice de refração é inversamente proporcional à 0 v
velocidade de propagação da luz. Portanto, o gráfi-
Figura 3. n · v = c (constan-
co de n em função de v é uma hipérbole equilátera te). Se n diminui, v aumenta e
(fig. 3). vice-versa.

Refração da luz 263


c) O índice de refração de qualquer meio material é sempre maior do que 1. De fato,
sendo c > v, resulta n > 1.
d) O índice de refração do vácuo é igual a 1, qualquer que seja a luz monocromática.
Isso ocorre porque, qualquer que seja o tipo de luz monocromática, a velocidade de
propagação no vácuo é a mesma e igual a c.
Logo, de v = c, vem: nvácuo = c = 1.
c
Para o ar temos: nar ≅ 1.
e) O índice de refração de um dado meio material varia com o tipo de luz monocro-
mática que nele se propaga.
Vimos que a velocidade de propagação da luz nos meios materiais decresce da luz
vermelha para a luz violeta. Portanto, para um dado meio material, o índice de refração
cresce da luz vermelha para a luz violeta (fig. 4).

zAPT
vermelho amarelo azul violeta

Figura 4.

Exemplo 1

Vamos verificar o que acontece com quatro cores Vidro crown Vidro flint
monocromáticas (vermelha, amarela, azul e violeta), Luz
leve médio
propagando-se em dois tipos de vidro distintos: o vi-
dro crown e o flint. vermelha 1,5146 1,6224

A tabela 1 mostra que o índice de refração cresce amarela 1,5171 1,6272


do vermelho para o violeta. E isso não depende do
azul 1,5233 1,6385
meio material, é sempre nesse sentido.
violeta 1,5325 1,6625
nverm < nam < nazul < nviol
Tabela 1. Índice de refração.

Exemplo 2

Retomemos a tabela 1. Verificamos que para uma dada cor o índice de refração é maior no
vidro flint do que no vidro crown.
Isso acontece por causa da densidade: o flint é um vidro menos denso que o crown, pois este
contém chumbo em sua composição. O índice de refração varia no mesmo sentido da densidade.

O exemplo 2 justifica por que o índice de refração


de uma dada cor é maior no vidro flint do que no vidro
crown. Temperatura n
A temperatura também influencia o valor do índice de
água a 20 °C 1,3330
refração, principalmente nos fluidos. Seus volumes variam
sensivelmente com a variação de temperatura. Tomemos água a 40 °C 1,3307
por exemplo a água: um pequeno aumento de tempera- água a 80 °C 1,3230
tura interfere no índice de refração (tabela 2). Tabela 2.

264 Capítulo 11
Diante desse quadro, vamos convencionar o seguinte: quando
Substância Índice de
não mencionarmos a cor da luz, estaremos nos referindo ao ama-
relo-sódio (tabela 3). sólidos refração
Quando não especificarmos a pressão do meio fluido nem tam- gelo (H2O) 1,309
pouco sua temperatura, estaremos nos referindo a CNTP. As varia- quartzo fundido 1,460
ções são muito pequenas para as levarmos em conta.
quartzo 1,544
diamante 2,417
3. Índice de refração relativo
Substância Índice de
Considere dois meios homogêneos e transparentes, 1 e 2 , e vidros refração
sejam v1 e v2 as velocidades de propagação de uma luz monocromá-
crown 1,520
tica e n1 e n2 seus índices de refração absolutos, respectivamente.
Define-se índice de refração relativo do meio 2 em relação flint leve 1,580
ao meio 1 , representado por n21, o quociente entre os índices de flint médio 1,620
refração absolutos do meio 2 e do meio 1 :
n flint denso 1,660
n21 = 2
n1 flint superdenso 1,890
O índice de refração do meio 1 em relação ao meio 2 será:
n
n12 = 1 . Substância Índice de
n2
líquidos a 20 °C refração
Relação entre a velocidade da luz e o índice de água 1,333
refração tetraclorocarbono (CCℓ4) 1,460
c c álcool etílico 1,360
Sendo n2 = e n1 = , vem:
v2 v1
Tabela 3. Índices de refração para a luz
c
amarela do sódio (padrão).
n2 v2 n2 v1
n21 = = ⇒ n21 = =
n1 c n1 v2
v1
Analogamente:
n1 v
n12 = = 2
n2 v1

Mais uma vez observamos que a razão entre os índices de


refração e a razão entre as respectivas velocidades da luz no
meio são inversamente proporcionais.

Refringência de um meio
Entre dois meios, aquele que possui maior índice de refração é chamado mais re-
fringente. Assim, se o meio 2 for mais refringente do que o meio 1 , vem: n2 > n1,
ou seja, v2 < v1. Portanto, ao meio mais refringente corresponde menor velocidade
de propagação da luz e vice-versa.

Dioptro
Chamamos de dioptro ao conjunto constituído por dois meios 1 e 2 , homogê-
neos e transparentes, separados por uma superfície S. Essa é denominada superfície
dióptrica. Na figura 5 do exemplo 3, a seguir, a superfície S é um plano e o conjunto
recebe o nome de dioptro plano.

Refração da luz 265


Exemplo 3

4
Para a luz vermelha, a água tem índice de refração absoluto igual a e o vidro do tipo flint, 1,71. Dizemos, portanto, que
3
o vidro é mais refringente que a água. Por outro lado, na água a luz se propaga com velocidade 2,25 · 108 m/s. Se um raio de
luz monocromática, de cor vermelha, incidir na superfície de separação água-vidro a sua velocidade no vidro será reduzida (fig. 5).
Para calculá-la basta usar a equação anterior, ou seja:
nvidro vágua

ILuSTrAçõES: zAPT
=
nágua vvidro
água
1,71 2,25 · 108 4 vidro
= ⇒ 1,71 · vvidro = · (2,25 · 108) ⇒
4 vvidro 3
3
9,0 m Figura 5. Dioptro plano
⇒ vvidro = · 108 ⇒ vvidro ≅ 1,75 · 108 m/s
3 · 1,71 s constituído por água e vidro.
Concluindo: no vidro a velocidade da luz foi reduzida para 1,75 ∙ 108 m/s.

Continuidade óptica
Existem meios materiais que, embora tenham composições químicas diferentes,
apresentam o mesmo índice de refração. A luz, ao passar de um meio para outro de
mesmo índice, não sofre refração, isto é, não ocorre variação em sua velocidade de
propagação. Nesse caso, diz-se que há continuidade óptica entre os meios.

Exemplo 4

O tetracloreto de carbono (CCℓ4) possui o mesmo índice de tetracloreto


de carbono
refração do vidro feito com quartzo fundido, ou seja: 1,460. Se
um recipiente desse material, de paredes espessas, contiver certa
quantidade de tetracloreto de carbono e um raio de luz atraves-
sar as suas paredes, não haverá refração na interface dos dois,
como mostra a figura 6.
Figura 6. Continuidade
óptica entre o vidro e o
tetracloreto de carbono. quartzo fundido

Exemplo 5

Vamos colocar num copo de Becker (fig. 7) uma determinada (a) (b)
quantidade de tetracloreto de carbono (fig. 7a) e, a seguir, mer-
gulhar nele um pequeno cilindro de quartzo fundido (fig. 7b). O
que se “vê”, para uma pessoa leiga, parece uma mágica: sumiu
a parte do cilindro mergulhada no tetracloreto de carbono. A
explicação física é a seguinte: o quartzo e o líquido são transpa-
rentes, portanto, para se ver o bastão imerso, precisaríamos ver
o contorno, o que não é possível , pois eles têm o mesmo índice Becker com bastão
tetracloreto de quartzo
de refração e a luz que os atravessa não se refrata e nem se de carbono fundido
reflete, uma vez que não encontra uma superfície de separação.
É a continuidade óptica. Figura 7. Continuidade óptica.

266 Capítulo 11
Exercícios de Aplicação

1. A velocidade de propagação da luz em certo Determine:


líquido é a metade da velocidade de propagação a) o índice de refração relativo entre os dois
da luz no vácuo. Determine o índice de refração meios.
absoluto do líquido.
b) a velocidade da luz azul nesse tipo de vidro.
Resolução:
c 1 Resolução:
De n = v , sendo v = 2 · c, vem:

c a) O índice de refração relativo entre o meio 2


n= ⇒ n=2
1 ·c e o meio 1 é:
2
n 2,4
n21 = n2 ⇒ n21 = 1,2 ⇒ n21 = 2,0
2. O vidro crown leve possui índice de refração 1

igual a 1,5. Determine a velocidade da luz ao


atravessá-lo. Use c = 3,0 · 108 m/s. b) As velocidades e os respectivos índices de
refração são inversamente proporcionais:
3. Um raio de luz monocromá-
ILuSTrAçõES: zAPT

v2 n1 v2 1,2
tico, azul, passa do meio v1 = n2 ⇒ v1 = 2,4 ⇒
1 para o meio 2 , como
mostra a figura. O meio 1
é constituído por um vidro 1
⇒ 1,2 v1 = 2,4 · v2 ⇒ v1 = 2 · v2
de índice de refração 1,2 2
e o meio 2 é diamante,
de índice de refração 2,4. 4. As velocidades de propagação da luz em dois
Sabe-se que o azul, no dia- meios, A e B, são respectivamente iguais a
mante, possui velocidade v. 2,5 · 108 m/s e 2,0 · 108 m/s. Determine o índice
de refração do meio A em relação ao meio B.

Exercícios de Reforço

5. A velocidade da luz no vidro é de 2,0 · 108 m/s. Isso ocorre porque:


Qual é o índice de refração absoluto do vidro? A a) o índice de refração do vidro é maior do que
velocidade da luz no vácuo é de 3,0 · 108 m/s. o do ar.
b) o índice de refração do vidro utilizado é igual
6. O índice de refração absoluto da água vale 43 .
ao do monoclorobenzeno e a luz, ao atraves-
Com que velocidade a luz se propaga na água? A sar o sistema óptico líquido-vidro, não sofre
velocidade da luz no vácuo é 3,0 · 108 m/s. refração e nem tampouco reflexão, não mos-
trando então o contorno do bastão.
7. Um recipiente de vidro transparente contém
monoclorobenzeno. Uma barra de vidro transpa- c) o índice de refração do vidro utilizado é igual
rente é mergulhada no recipiente. Observa-se que ao do monoclorobenzeno e, devido à ocorrên-
a parte da barra imersa no monoclorobenzeno cia de reflexão, a luz não penetra no interior
fica completamente invisível. do líquido e não permite a visualização da
peça imersa.
d) o índice de refração do vidro é menor do que o
do monoclorobenzeno e a luz não atravessa
o bastão imerso.
e) o índice de refração do vidro é maior do que o
do monoclorobenzeno e a luz não reflete no
bastão imerso.

Refração da luz 267


Verifica-se que a luz não sofre desvio ao passar

ILuSTrAçõES: zAPT
8. Um raio de luz ver-
A de B para C.
melha atravessa três
substâncias diferen- Responda:
tes. A substância A é B a) Como se chama o fenômeno ocorrido de B
um líquido de índice para C ? Quanto vale o índice de refração do
de refração 1,3 e B meio C ?
C
é um sólido de índi- b) Sendo v a velocidade da luz no meio C, deter-
ce de refração 2,6. mine a velocidade no meio A.

4. Leis da refração
Considere uma luz monocromática propagando-se no meio 1 , incidindo na super- N
fície S que o separa do meio 2 e sofrendo refração. Sejam n1 e n2 os índices de refração RI
absolutos e v1 e v2 as velocidades de propagação da luz nos meios 1 e 2 , respectiva-
mente (fig. 8). Sejam ainda: i
P 1
rI: raio incidente (S)
2
r
rr: raio refratado
N: normal à superfície S no ponto de incidência P RR

i: ângulo de incidência
Figura 8. Refração de um
r: ângulo de refração raio de luz monocromática.
As leis da refração são resultados de experimentos feitos em laboratório.

1a. lei da refração

O raio incidente RI, o raio refratado RR, a reta auxiliar N, normal à superfície S,
estão num mesmo plano. Na figura 8, os três estão no plano desta página.

2a. lei da refração: Lei de Snell-Descartes

É constante o produto do índice de refração do meio em que o raio se encontra pelo


seno do respectivo ângulo que o raio faz com a normal. Na figura 8, temos:
n1 · sen i = n2 · sen r 1

Exemplo 6
N
Se um raio de luz incide num meio 1 , cujo índice de refração vale 2 , fazendo com a
normal um ângulo de 45°, e refrata-se para o meio 2 com um ângulo de 30° com a normal, RI
então o índice de refração do meio 2 será facilmente calculado pela Lei de Snell-Descartes: 45°
1
n1 · sen i = n2 · sen r (S)
2
2 · sen 45° = n2 · sen 30°
30°
2 RR
2 · = n2 · 1 ⇒ n2 = 2
2 2
Figura 9.

268 Capítulo 11
Quando a incidência da luz for perpendicular à superfície de separação S, o ângulo

ILuSTrAçõES: zAPT
N
de incidência não será 90°, pois ele é medido entre o raio de luz e a reta normal. Esse RI
ângulo será nulo. Desse modo, o produto que aparece do lado esquerdo da equação
de Snell-Descartes será nulo: i
1
(S)
n1 · sen i = n1 · sen 0° = 0 2
r
Consequentemente, também será nulo o produto do lado direito, pois o produto é
o mesmo. RR
No caso de incidências oblíquas à superfície, poderemos prever se o raio de luz re-
fratado estará mais próximo ou mais afastado da reta normal N, em comparação com
Figura 10. n2 > n1. O raio
o raio incidente. Vamos dividir em dois casos: refratado RR aproxima-se
1º. caso: O meio 2 é mais refringente que o meio 1 e a luz se propaga do meio 1 da normal N.
para o meio 2 . usando a equação de Snell-Descartes:
N
n1 · sen i = n2 · sen r RR

n1 r
sen r = · sen i
n2 1
(S)
n 2
n2 > n1 ⇒ 1 < 1 ⇒ sen r < sen i
n2 i

Concluindo, o raio de luz aproxima-se da reta normal (fig. 10).


RI

2º. caso: O meio 2 é mais refringente que o meio 1 e a luz se propaga do meio 2
para o meio 1 . Nesse caso, não precisamos fazer nova demonstração, basta usar a Figura 11. n2 > n1. O raio
reversibilidade da luz (fig. 11) e verificaremos que o raio afastou-se da normal. refratado RR afasta-se da
normal N.

Exercícios de Aplicação

9. Um raio de luz monocromática, propagando-se no ar, 1,0 · sen 45° = 2 · sen r


incide a 45° na superfície plana que separa o ar e um
líquido transparente cujo índice de refração é 2. 2
1,0 · = 2 · sen r ⇒
2
1,0
incidente refletido ⇒ sen r = 2 = 0,5
i t
1
(S) r = 30°
2
r b) O ângulo de reflexão é igual ao de incidência;
refratado
portanto t = 45° .

Sendo igual a 1,0 o índice de refração da luz no


ar, determine: 10. A trajetória de um raio
de luz que atravessa um
a) o ângulo de refração do raio refratado; 45°
meio A, de índice de
b) o ângulo de reflexão do raio refletido. A
(S)
refração 2, e penetra
B
Resolução: no meio B, está repre- 60°

Quando um raio de luz incide num dioptro, parte sentada na figura.


refratado
da luz é refletida e parte é refratada. Determine:
a) Usemos a Lei de Snell-Descartes para o diop- a) o índice de refração do meio B;
tro plano 1 + 2 :
b) a relação entre a velocidade de propagação da
n1 ∙ sen i = n2 · sen r luz no meio A e a velocidade de propagação
da luz no meio B.

Refração da luz 269


11. Sob um ângulo de incidência de 60°, faz-se inci- a) Determine o ângulo de incidência i2 do raio de
dir sobre a superfície de um material transparen- luz no dioptro BC;
te um raio de luz monocromática. Observa-se que 2 3
b) O índice de refração no meio A vale ;
o raio refratado é perpendicular ao raio refletido. 3
Qual o índice de refração do material? (O primeiro determine o índice de refração do meio B.
meio onde a luz se propaga é o ar, cujo índice de c) Determine o índice de refração do meio C.
refração é 1,0.)
Resolução:
Resolução:
a) Como as duas retas normais N1 e N2 são para-
Devido à simetria da reflexão: α = 60° lelas, concluímos que o ângulo de 45° e o
N
ângulo i2 são alternos internos; portanto são

ILuSTrAçõES: zAPT
iguais.

60° α i2 = 45°
1
(S)
2 b) Usemos a Lei de Snell-Descartes no dioptro AB:
r
nA · sen 60° = nB · sen 45°
2 3
Sendo ainda nA = , temos:
3
Para os ângulos à direita da reta normal N, temos:
2 3
· sen 60° = nB · sen 45°
α + 90° + r = 180° 3
60° + 90° + r = 180° ⇒ r = 30° 2 3
·
3
= nB ·
2
⇒ nB = 2
3 2 2
Usemos a Lei de Snell-Descartes:
n1 · sen i = n2 · sen r c) Usemos a Lei de Snell-Descartes no dioptro
BC:
1,0 · sen 60° = n2 · sen 30°
nB · sen 45° = nC ∙ sen 30°
3 1
= n2 · 2 ⇒ n2 = 3
2 2 1
2 · = nC · ⇒ nC = 2
2 2

12. Um raio de luz, propagando-se no ar (nar = 1,0),


incide num ângulo de 53° sobre a superfície de 14. Uma fonte de luz em A, puntiforme, emite raios
um material transparente de índice de refração de luz vermelha. A figura mostra um raio de luz
2,0. Qual o ângulo entre os raios refletido e refra- incidindo numa esfera transparente num ponto B
tado? (São dados: sen 37° = 0,6; cos 37° = 0,8.) e emergindo dela em C. O material da esfera apre-
senta índice de refração, para a luz vermelha, 2;
o meio onde se encontra a esfera é o ar, cujo
13. Na figura temos três meios transparentes: A, B índice de refração é 1,0.
e C. Um raio de luz monocromática incide na
superfície que separa o dioptro AB, refrata-se e
incide na superfície que separa o dioptro BC. Os B 45°
ângulos estão indicados na própria figura.
r1 A
C
i2 fonte
N1 r2
A O de luz
60°

N2 B
45° i2

Determine os ângulos:
C
a) de refração em B, ou seja: r1.
30°
b) de incidência em C, ou seja: i2.
c) de emergência em C, ou seja: r2.

270 Capítulo 11
Exercícios de Reforço

15. (PUC-RJ) Um feixe luminoso se propagando no 18. Na figura um raio de luz monocromática incide num
ar incide em uma superfície de vidro. Calcule o dioptro plano. Uma parte da luz incidente refletiu
ângulo que o feixe refratado faz com a normal à e a outra parte refratou-se. Sendo nA o índice de
superfície sabendo que o ângulo de incidência θ1 refração do meio A e sendo nB o índice de refração
é de 60o e que os índices de refração do ar e do do meio B, indique as afirmativas verdadeiras:
vidro, nar e nvidro, são respectivamente 1,0 e 3.
a) 30o d) 73o refletido
incidente
b) 45o e) 90o i α
A
c) 60o (S)
B
r
16. Um raio de luz monocromática passa de um meio refratado
A para um meio B, como mostra a figura. Os índi-
ces de refração dos meios A e B para essa luz são
nA = 3 e nB = 2,5, respectivamente. I. α = i
É dado: c = 3,0 · 108 m/s. II. r < i
A B
III. Se o meio B for mais refringente que o meio
ILuSTrAçõES: zAPT

A, então o raio refratado se aproxima da nor-


mal e teremos r < i.
N α IV. Se o meio B for menos refringente que o meio
60° A, então o raio refratado se afasta da normal
e teremos r > i.
São verdadeiras apenas:
a) I, II e III
Calcule:
b) I, III e IV
a) o ângulo α formado entre a normal e o raio
refratado; c) I, II e IV
d) II e III
b) a velocidade da luz em cada um dos dois
meios. e) I e III

17. Na figura abaixo representamos um raio de luz 19. (UF-PI) Considere um feixe de luz, inicialmente
que passa de um meio A para um meio B. no ar, incidindo sobre pequenos blocos de dia-
mante, vidro e gelo, e sobre uma porção de água.
O índice de refração dos diversos meios por onde
a luz passa é dado na tabela abaixo.
α
Substância Índice de refração
A
B ar 1,003
β
gelo 1,310

água 1,333

vidro 1,520
Suponha que cada divisão do quadriculado meça diamante 2,417
1,0 cm.
a) Calcule os valores de sen α e sen β. Entre as sentenças a seguir, quais são as verda-
b) Sabendo que o índice de refração do meio A deiras?
8
é igual a , calcule o índice de refração do I. A velocidade da luz no diamante é maior que
5
meio B. no ar.

Refração da luz 271


II. Quando a luz passa do ar para o gelo, ela se 22. (Vunesp-SP) Em uma experiência de óptica, um
afasta mais da normal do que quando passa estudante prepara uma cuba transparente, onde
do ar para a água. incidem dois feixes luminosos, conforme aparece
III. Quando a luz passa do ar para o vidro, ela se na figura abaixo:
afasta menos da normal do que quando passa
do ar para o gelo. feixe 2 feixe 1
IV. A luz refrata-se igualmente ao passar do ar
para o gelo ou do ar para a água.

20. (UF-PE) A figura apresenta um experimento com


um raio de luz monocromática que passa de um
bloco de vidro para o ar. Considere a velocidade Em seguida, ele enche a cuba de água, enquanto
da luz no ar como sendo igual à velocidade da mantém os feixes luminosos incidentes fixos na
luz no vácuo. Qual é a velocidade da luz dentro posição inicial. O esboço que melhor representa o
do bloco de vidro, em unidades de SI? (Dado: que o estudante viu ao acabar de colocar a água
c = 3,0 · 108 m/s.) é representado pela figura:
ILuSTrAçõES: zAPT a)
N
feixe 2 feixe 1
bloco
de vidro
30°

ar
45° b)

feixe 2 feixe 1

21. (U. F. Uberlândia-MG) A tabela abaixo mostra


o valor aproximado dos índices de refração de
alguns meios, medidos em condições normais
de temperatura e pressão, para um feixe de luz
incidente com comprimento de onda de 600 nm.
c)

Material Índice de refração feixe 2 feixe 1

ar 1,0

água (20 °C) 1,3

safira 1,7

vidro de altíssima dispersão 1,9 d)

feixe 2 feixe 1
diamante 2,4

O raio de luz que se propaga inicialmente no


diamante incide com um ângulo θi = 30° em um
meio desconhecido, sendo o ângulo de refração
θr = 45°. O meio desconhecido é:
e)
a) vidro de altíssima dispersão.
b) ar. feixe 2 feixe 1

c) água (20 °C).


d) safira.
e) diamante.

272 Capítulo 11
ILuSTrAçõES: zAPT
5. Dispersão da luz luz solar
N
vácuo
Vamos analisar o que acontece quando a luz policromáti-
ca, como, por exemplo, a luz solar, propagando-se no vácuo,
passa a se propagar num meio material homogêneo e trans-
parente. Sabemos que num meio material a luz violeta possui
vermelho
maior índice de refração e, portanto, é a que mais se desvia,
alaranjado
ou seja, é a que mais se aproxima da normal. Por outro lado, amarelo
a luz vermelha, que possui o menor índice de refração, é a verde
azul
que menos se desvia, ou seja, é a que menos se aproxima da anil
meio transparente
normal. As demais luzes monocromáticas apresentam desvios
violeta
intermediários (fig. 12).
Portanto, quando a luz policromática se refrata, ela se de- Figura 12. Dispersão da luz. (Figura ilustrati-
compõe nas diversas luzes monocromáticas que a constituem. va, com destaque para os raios de luz.)
A esse fenômeno dá-se o nome de dispersão da luz.
Na figura 12 mostra-se apenas uma ilustração didática da
dispersão, com a finalidade de se nomear a cor de cada raio luz branca 2a. face
de luz monocromática e a sua respectiva ordem. Para se ve-
rificar a dispersão da luz usa-se um prisma de cristal e faz-se 1a. face
a incidência de um estreito feixe de luz branca sobre uma de
suas faces (fig. 13).
Quando a luz incide na primeira face já acontece a dis-
persão no interior do prisma e, ao incidir na segunda face, o
efeito aumenta. Figura 13. Dispersão da luz em um prisma.

Exercícios de Aplicação

23. Quando um feixe cilíndrico de luz branca incide b) o índice de refração da luz no prisma é dife-
na face de um prisma ocorre: rente para cada uma das cores; todas elas têm
a mesma velocidade de propagação no interior
a) refração da luz branca com a consequente
do prisma.
dispersão, no interior do prisma, nas cores
principais do espectro; ao emergir através da c) cada uma das cores se propaga no interior do
segunda face, o feixe continua disperso em prisma com uma velocidade diferente e con-
cores monocromáticas. sequentemente seus índices de refração são
diferentes; isso leva a valores diferentes para
b) refração da luz branca, sem dispersão.
o ângulo de refração individual.
c) refração na primeira face, não se notando
d) todas as cores se propagam com a mesma velo-
dispersão no interior do prisma e dispersão da
cidade no interior do prisma, porém seus índices
luz na saída da segunda face.
de refração são diferentes, o que leva a valores
d) reflexão da luz na primeira face, com a conse- diferentes para o ângulo de refração individual.
quente decomposição em sete cores.
e) algumas cores têm diferentes índices de refra-
e) refração da luz na face de incidência, decom- ção e outras têm diferentes valores de velo-
posição em sete cores no interior do prisma; cidade, o que leva a valores diferentes para o
ao emergir através da segunda face novamen- ângulo de refração individual.
te teremos o feixe de luz branca.

24. A dispersão da luz branca no prisma ocorre por- 25. O prisma da figura a seguir apresenta índices de
que: refração diferentes para cada cor da luz refrata-
da. Para as luzes de cor amarela, verde e azul,
a) o índice de refração da luz no prisma é cons- os índices de refração são respectivamente iguais
tante para todas as cores e ainda porque a nam; nv; naz, tal que essa é a ordem crescen-
todas elas têm a mesma velocidade de propa- te. Quando um estreito feixe de luz cilíndrico,
gação no interior do prisma. constituído por raios das três cores, incide num

Refração da luz 273


prisma, ocorre refração na primeira face e conse-
Para a luz vermelha:
quente dispersão da luz, como mostra a figura.
nar · sen i = nve · sen rve

ILuSTrAçõES: zAPT
1,000 · sen 30° = 1,618 · sen rve
feixe 1,000 · 0,500 = 1,618 · sen rve
cilíndrico
3 sen rve ≅ 0,3090
2 Da tabela do CD, tiramos:
1 rve ≅ 18°
a) Identifique as cores 1 , 2 e 3 . N
b) Quem sofreu o maior desvio: amarelo ou azul?
i = 30°
c) Escreva as velocidades, medidas no interior do ar
prisma, em ordem crescente. nar = 1,000
material
26. Um raio de luz solar, propagando-se no ar transparente
(nar = 1,000), incide na superfície de um mate- rve
rial transparente cujos índices de refração para as rvi
luzes vermelha e violeta valem, respectivamente, vermelho
1,618 e 1,709. Sabendo que o ângulo de inci- violeta
dência é 30°, determine o ângulo entre os raios
O ângulo entre os raios refratados de cor verme-
refratados vermelho e violeta.
lha e de cor violeta é:
Resoluç‹o:
rve – rvi = 18° – 17° ⇒ rve – rvi = 1°
Para a luz violeta, temos:
nar · sen i = nvi · sen rvi
27. Um raio de luz solar, propagando-se no ar
1,000 · sen 30° = 1,709 · sen rvi
(nar = 1,000), incide com ângulo de 60° na
1,000 · 0,500 = 1,709 · sen rvi superfície de um material transparente cujo
sen rvi ≅ 0,2926 índice de refração para a luz vermelha é igual a
Da tabela no CD, tiramos: 1,439. O ângulo entre os raios refratados verme-
rvi ≅ 17° lho e violeta é de 3,0°. Determine o índice de
refração do material para a luz violeta.

Exercícios de Reforço

28. (UF-RS) A luz policromática proveniente do ar 29. Um estreito feixe de luz bicromática, provenien-
sofre refração e dispersão ao penetrar no vidro, te de um meio 1 , contendo luz verde e violeta
conforme mostra a figura. penetra num bloco de vidro, meio 2 , ocorrendo
decomposição nas duas cores. No entanto, a luz
ar vidro
verde não sofreu desvio.
1
2 luz bicromática
3

luz meio 1
meio 2
vidro
Quais as cores que estão mais bem representadas
pelos raios 1, 2 e 3, respectivamente?
a) vermelho, verde e azul.
luz violeta luz verde
b) azul, amarelo e vermelho.
c) verde, azul e amarelo. a) Por que o verde não sofreu desvio?
d) amarelo, verde e vermelho. b) Qual das duas cores tem o maior índice de
e) vermelho, azul e verde. refração no meio 2 ?

274 Capítulo 11
6. Reflexão total normal

ILuSTrAçõES: zAPT
Consideremos um dioptro formado pelos meios 1 e 2 separados pela i
superfície S. Vamos supor também que o meio 2 seja mais refringente que tangente
o meio 1 , ou seja: n2 > n1. um raio de luz monocromática proveniente S 1
do meio 1 incide na superfície S e refrata-se através do meio 2 (fig. 14). 2
Tanto para o ângulo de incidência como para o ângulo de refração r
existem limites. Vamos determinar esses limites.

Limite do ângulo de incidência Figura 14. Luz monocromática inci-


dindo no dioptro.
Na figura 14 verificamos facilmente que o maior ângulo de incidência
será a 90° e o menor ângulo de incidência será 0°. Portanto, o ângulo de
incidência deve variar entre 0° e 90°.

(a) Incidência perpendicular à superfí-


Limite do ângulo de refração cie; i = 0°.
O menor valor do ângulo de refração é 0°, quando o raio de luz incide normal

perpendicularmente à superfície, coincidindo com a reta normal (fig. 15a).


i = 0°
Ainda na figura 14, observemos que o raio refratado se aproxima da
tangente
reta normal. Isso aconteceu porque o meio 2 é mais refringente que o
meio 1 . Portanto o ângulo r atingirá um valor limite inferior a 90°. Con- 1
cluindo, ele está compreendido entre zero e um valor limite superior, o 2
qual chamaremos de ‰ngulo limite, indicado por L (fig. 15b). r = 0°

Para calcularmos o valor do ângulo limite basta usarmos a Lei de Snell-


Descartes na figura 15b.
n1 · sen i = n2 · sen r
Fazendo: i = 90° e r = L (ângulo limite), temos: (b) Ângulo de refração limite; r = L (limite).
normal
n1 · sen 90° = n2 · sen L
Lembrando que sen 90° = 1:
n1 · 1 = n2 · sen L i tangente
n2 1
sen L = 2
n1 L 2

Vale lembrar também que sen L < 1, o que faz com que o numerador
seja menor que o denominador da equação 2 . Então:
n1 n
sen L = = menor < 1 Figura 15. Os limites do ângulo de refração.
n2 nmaior

Concluindo:
Para qualquer raio de luz monocromática proveniente do meio 1 , menos
refringente, incidindo na superfície, o correspondente raio refratado estará na
região colorida da figura 15b, cuja abertura é o ângulo limite L acima calculado.

Reflexão total
retomemos o dioptro anterior; vamos inverter o caminho da luz: a fonte estará no meio
2 , o mais refringente, e o raio de luz vai incidir na superfície S, refratando-se para o meio 1 .
Façamos com que o ângulo de incidência seja igual ao ângulo limite mostrado na
figura 15b e calculado pela equação 2 .

Refração da luz 275


Nessas condições, usando o caminho inverso da luz, verificamos que o raio emer-
gente será rasante à superfície dióptrica, ou seja: o ângulo de refração atinge o seu
valor máximo, que é 90° (fig. 16a).
Esse caso nos dá o ângulo limite de incidência da luz na superfície dióptrica. Te-
mos, portanto, a seguinte propriedade:

i = L (limite) ⇔ r = 90°

Assim, para que um raio de luz monocromática, procedente do meio mais refringen-
te, sofra refração, o ângulo de incidência deve ser menor que o ângulo limite.

(a) O ângulo limite no meio mais re- (b) Os raios a, b, c e d sofrem refração,

ILuSTrAçõES: zAPT
fringente. pois estão dentro da região limite.
a N
b
c
N d
rasante tangente rasante tangente

1 1
2 2
L
raio raio
S limite S d limite
a b c

Figura 16.

Qualquer raio de luz incidente na superfície, dentro da região do ângulo


limite, sofrerá refração, como nos mostra a figura 16b.
Se o ângulo de incidência for superior ao ângulo limite, no meio 2 , haverá
reflexão do raio de luz e não refração. Esse fenômeno é conhecido como re- N
flexão total da luz. Na figura 17 ilustra-se a reflexão total de um raio de luz tangente
(a) cujo ângulo de incidência ultrapassou o ângulo limite.
1
L L
EstratŽgia:
(a) (a)
Para haver reflexão total de um raio de luz, devem ser satisfeitas duas condições: raio
1a.) A luz deve estar se propagando do meio mais refringente para o meio menos S 2 limite
refringente. O ângulo limite ocorre no meio mais refringente.
a.
2 ) O ângulo de incidência deve ser superior ao ângulo limite, dado pela equação 2 . Figura 17. O raio de luz (a) sofreu
reflexão total na superfície S.

Exemplo 7

Na figura 18 temos uma fibra óptica conduzindo um feixe de luz. Para que a fibra cumpra a sua finalidade, que é a de levar
o feixe para outro local mais distante, os raios do feixe devem sofrer reflexão total no miolo da fibra. A capa transparente da
fibra tem índice de refração n1, enquanto o material do miolo, transparente, tem índice de refração n2.
capa transparente
n1
luz
n2 miolo
n1 transparente

Figura 18. Fibra óptica.


Somente vai ocorrer a reflexão total se forem cumpridos os dois itens a seguir:
• O material transparente do miolo deve ser mais refringente que o da capa: n2 > n1.
• Os raios de luz devem incidir nas paredes da fibra óptica com ângulo superior ao ângulo limite.

276 Capítulo 11
Exemplo 8

Um dioptro plano (superfície de separação plana) é constituído por dois meios transparentes cujos índices de refração
são: nA = 2,0 e nB = 4,0. Um raio de luz vermelha, cuja fonte se encontra no meio mais refringente, incide na superfície de
separação dos meios, formando um ângulo de 32° com a normal. Vamos verificar se houve refração ou reflexão total.
Estratégia:

ILuSTrAçõES: zAPT
B A
• Calculamos o ângulo limite.
• Comparamos o ângulo de incidência com o ângulo limite.
Usaremos a equação 2 : L = 30°
n N
sen L = A ⇒ sen L = 2,0 = 0,5 L = 30°
nB 4,0
Consultando nossa tabela trigonométrica, verificamos que L = 30°.
Comparando o ângulo de incidência com o ângulo limite: Figura 19.
i = 32° ; L = 30°
i > L ⇒ houve reflexão total.

Exercícios de Aplicação

30. Na figura temos qua- ar Resolução:


tro placas transpa- 1,3 A
rentes feitas de ma- a) Quando a luz se propaga do meio menos
1,4 B
teriais diferentes, cu- refringente para o meio mais refringente,
1,2 C ocorre, com certeza, a refração. A Lei de
jo índice de refração
1,5 D Snell-Descartes permite determinar o ângulo
à cor azul está inseri- ar
do na própria figura. de refração.
Um raio de luz azul incide ao lado esquerdo de n1 · sen i = n2 · sen r
cada uma das placas. Em qual delas é possível a 1,0 · sen 60° = 2,0 · sen r
reflexão mostrada como se fosse uma fibra ópti-
ca? Justifique sua resposta. 1,0 · 3 = 2,0 · sen r
2
sen r = 3
31. Os meios A e B, representados na figura, possuem 4
índices de refração 1,0 e 2,0, respectivamente, sen r ≅ 0,4330
para uma dada luz monocromática. Para essa luz Da tabela do CD tiramos: r ≅ 26°
monocromática:
b) Nesse caso, no qual a luz se propaga no sen-
tido do meio mais refringente para o meio
N N
menos refringente, pode haver reflexão total.
60° Vamos, inicialmente, calcular o ângulo limite L.
A
S
B N N
60°
60°
A
S
B
a) Analise o comportamento de um raio de luz r 60° 60°
que se propaga no meio A e incide na super-
fície de separação S formando um ângulo de
60° com a normal. nmenor n 1,0
sen L = = 1 = = 0,5
nmaior n2 2,0
b) Analise o comportamento de um raio de luz
que se propaga no meio B e incide na super- L = 30°
fície de separação S formando um ângulo de Sendo i = 60°, temos i > L e, portanto, ocor-
60° com a normal. re reflexão total.

Refração da luz 277


32. Um raio de luz propaga-se num líquido de índice 4
de refração 1,4, aproximando-se da superfície de sen L =
5
separação entre esse líquido e o ar (nar = 1,0),
segundo um ângulo de incidência i. Analise o sen L = 0,8
comportamento desse raio de luz nos casos: cos L = 1 – sen2 L
a) sen i = 0,80 cos L = 1 – (0,8)2
b) sen i = 0,60
cos L = 0,6
33. Uma pequena lâmpada encontra-se 1,5 m abaixo sen L 0,8 4
tg L = = ⇒ tg L =
da superfície livre de um líquido contido num cos L 0,6 3
tanque exposto ao ar. O índice de refração do C R A ar 1
5 5
líquido é e o do ar é 1. Determine o raio líquido
4 4
mínimo de um disco opaco que deve ser colocado L
h = 1,5 m
sobre o líquido para que um observador, situado
no ar, não consiga ver a lâmpada.
L

Resoluç‹o:
Observe, na figura a seguir, que a luz proveniente O
da lâmpada emerge para o ar através de um cone No triângulo OCA, temos:
de abertura 2L, onde L é o ângulo limite. Desse R
modo, a luz passa pela superfície do líquido atra- tg L =
h
vés de um círculo. Para que o observador não veja
a lâmpada, isto é, não receba luz proveniente R = h · tg L 1
desta, o disco opaco deve cobrir, no mínimo, o
círculo por onde a luz emerge. Em 1 , vem:
4
C A ar R = 1,5 · ⇒ R=2m
3
líquido
>L L <L <L L >L
34. Uma pequena caixa é colocada 2,0 m abaixo da
LL
superfície livre da água límpida de um lago. Um
disco opaco é colocado sobre a água de forma que
O
seu centro fica situado na vertical que passa pela
Cálculo de tg L: caixa. Qual deve ser o raio mínimo do disco para
n 1 impedir a visão da caixa?
sen L = menor =
nmaior 5 4
Dados: o índice de refração da água é igual a
4 3
e o do ar é igual a 1.

Exercícios de Reforço

35. Nas figuras temos três blocos de vidros diferen- Podemos afirmar que:
tes. Um raio de luz vermelho, cuja fonte de luz a) n1 > n2 > n3
está no interior do bloco, faz reflexão total na
face em contato com o ar. Nos três casos o ângu- b) n1 > n2 = n3
lo limite está colorido de amarelo. O índice de c) n1 < n2 < n3
refração de cada bloco está indicado na própria d) n2 > n3 > n1
figura.
e) n3 > n1 > n2
ar ar ar
ILuSTrAçõES: zAPT

36. (UF-GO) Um raio de luz monocromático incide


perpendicularmente na face A de um prisma
e sofre reflexões internas totais com toda luz
n1 n2 n3 emergindo pela face C, como ilustra a figura a

278 Capítulo 11
seguir. Considerando o exposto e sabendo que o II. Quando a luz passa do ar para a água, existe
meio externo é o ar (nar = 1), calcule o índice de um ângulo de incidência para o qual ocorre a
refração mínimo do prisma.
reflexão total.
III. Quando um raio de luz monocromático passa
60° face A
do ar para a água, a sua cor se altera.
Está correto o que se afirma em:
face C
face B 30° a) I, II e III.

37. Analise as afirmativas a seguir: b) I e II, apenas.


I. Se um raio de luz que se propaga num meio c) II e III, apenas.
mais refringente incide na superfície dióp-
d) I e III, apenas.
trica com ângulo superior ao limite, ocorre
reflexão total. e) I, apenas.

7. Refração atmosférica.
Posição aparente dos astros
A atmosfera, como um todo, não pode ser considerada um
meio homogêneo. À medida que a altitude aumenta, a densi- A'
dade do ar em geral diminui e, consequentemente, diminui o
seu índice de refração. Assim, em camadas inferiores o índice de A
refração do ar é maior do que em camadas mais altas.
um raio de luz proveniente de um astro percorre, no vácuo,
uma trajetória retilínea, até atingir a atmosfera. Ao penetrar na vácuo
atmosfera, o raio de luz passa a se aproximar cada vez mais da
normal, pois vai atravessando camadas de ar cada vez mais
refringentes. Assim, o raio de luz percorre na atmosfera uma
curva, com a concavidade voltada para a superfície terrestre. atmosfera
um observador na Terra, recebendo esse raio de luz, associa a
ele uma trajetória retilínea e, nessas condições, vê o astro na po-
sição aparente A', mais elevada do que a posição real A (fig. 20). Terra
Devido à elevação aparente é que o Sol pode ser visto, mes-
mo quando está abaixo da linha do horizonte, antes de nascer Figura 20. Elevação aparente de um astro.
e após se pôr (fig. 21).
ILuSTrAçõES: LuIz AuguSTO rIbEIrO

linha do
horizonte

Terra

Figura 21. Elevação aparente do Sol.

Refração da luz 279


8. Miragens
Os raios solares, quando atingem o solo, provocam
seu aquecimento. Por isso, nos dias quentes e secos,
as camadas de ar nas proximidades do solo tornam-se
mais aquecidas do que as camadas superiores e, por-

ILuSTrAçõES: zAPT
tanto, menos densas. um raio de luz que parte de um
objeto em direção ao solo vai se afastando da normal,
pois passa de camadas mais densas, e portanto mais
refringentes, para camadas menos densas, e portanto
menos refringentes. Em camadas inferiores, o ângulo
de incidência pode superar o ângulo limite e ocorrer
reflexão total. A seguir, o raio de luz volta, passando
de camadas menos refringentes para camadas mais
Figura 22. Miragem em dias quentes e secos.
refringentes, até atingir o globo ocular de um obser-
vador. Este vê o objeto, por receber raios de luz dire-
tamente, e, por reflexão total, vê a imagem (fig. 22).
Assim, o observador tem a impressão de se encontrar
diante de uma superfície plana capaz de refletir a luz
regularmente, como a superfície livre de um lago. Por
isso, o solo parece estar molhado. É o que acontece,
por exemplo, nas estradas asfaltadas e no deserto,
formando-se as miragens.
Nas regiões frias, as camadas inferiores de ar são
mais densas e, portanto, mais refringentes do que
as camadas superiores; por isso, ali pode, também,
ocorrer o fenômeno da miragem. Os raios de luz que
partem de um objeto e sobem vão se afastando da Figura 23. Miragem em regiões frias.
normal até sofrerem reflexão total. O observador
Nota: as curvaturas estão exageradas para salientar o fenômeno.
pode ver o objeto no solo e sua imagem num nível
acima (fig. 23).

9. Arco-íris
Quando existem gotas de chuva em suspensão no ar e olhamos do lado oposto
àquele em que se encontra o Sol, podemos ver um arco-íris (fig. 27).
A luz proveniente do Sol incide nas gotas, sofre refração e se decompõe. A seguir,
a luz reflete-se no interior da gota e novamente se refrata (fig. 24). Observe que a
luz violeta é a que mais se desvia e a luz vermelha é a que menos se desvia. Os raios de luz
violeta e vermelho formam com a luz incidente ângulos de aproximadamente 41° e 43°,
respectivamente (fig. 25).

luz solar luz solar


41°

43°
violeta

vermelho

Figura 24. Luz solar sofre reflexão Figura 25. Ângulos formados entre os
total no interior de uma gota. raios emergentes e o raio incidente.

280 Capítulo 11
Das gotas emergem luzes de todas as cores. Mas, devido a essa dife-

THINkSTOCk/gETTy IMAgES
rença de ângulos, um observador recebe luz vermelha de gotas situadas
acima daquelas de onde recebe luz violeta (fig. 26).
Como os raios vermelhos emergentes formam um ângulo de 43°
com os correspondentes raios solares incidentes, e sendo estes parale-
los, concluímos que todos os raios vermelhos constituem as geratrizes
de um cone em cujo vértice encontra-se o observador.

luz solar

ILuSTrAçõES: zAPT
43°
luz solar
41°

ha
el
rm
ve ta
z le
lu io
zv
lu

Figura 26. Figura 27. Arco-íris.

Exercícios de Aplicação

38. Os fenômenos chamados “altura aparente dos gota de água com forma esférica e a incidência de
astros” e “miragem” são consequências diretas: luz branca conforme mostrado de modo simplifi-
cado na figura.
a) da difusão ou dispersão da luz na atmosfera.
b) da forma esférica da Terra. O raio incidente sofre refração ao entrar na
c) da reflexão da luz durante a sua trajetória. gota (ponto A) e apresenta uma decomposição
de cores. Em seguida, esses raios sofrem refle-
d) da variação do índice de refração do ar com a
xão interna dentro da gota (região B) e saem
sua densidade.
para o ar após passar por uma segunda refração
e) das grandes distâncias entre os objetos e os
(região C).
olhos do observador.
Posteriormente, com a experiência de Newton
39. Uma pessoa na Terra pode ver o Sol, mesmo quan- com prismas, foi possível explicar corretamente
do ele está abaixo da linha do horizonte, porque a decomposição das cores da luz branca. A figura
o ar atmosférico: não está desenhada em escala e, por simplicida-
a) anula a luz solar. de, estão representados apenas os raios violeta
e vermelho, mas deve-se considerar que entre
b) reflete a luz solar.
eles estão os raios das outras cores do espectro
c) absorve a luz solar.
visível.
d) polariza a luz solar.
Sobre esse assunto, avalie as seguintes afirma-
e) refrata a luz solar.
tivas:
40. (UF-PR) Descartes 1. O fenômeno da separação de cores quando a
desenvolveu uma luz branca A luz sofre refração ao passar de um meio para
B
teoria para expli- outro é chamado de dispers‹o.
car a formação do
arco-íris com base 2. Ao sofrer reflexão interna, cada raio apresen-
nos conceitos da violeta C ta ângulo de reflexão igual ao seu ângulo de
óptica geométri- incidência, ambos medidos em relação à reta
ca. Ele supôs uma vermelho normal no ponto de incidência.
Refração da luz 281
Exercícios de Reforço

41. (UF-MG) Um arco-íris forma-se devido à dispersão c) luz branca


da luz do Sol em gotas de água na atmosfera. Após azul
incidir sobre gotas de água na atmosfera, raios
de luz são refratados; em seguida, eles são total-
mente refletidos e novamente refratados. Sabe-se vermelha
que o índice de refração da água para a luz azul
é maior que para a luz vermelha.
Considerando essas informações, assinale a alter-
nativa em que estão mais bem representados os d) luz branca
fenômenos que ocorrem em uma gota de água e vermelha
dão origem a um arco-íris.
a) luz branca

ILuSTrAçõES: zAPT
azul

42. (ITA-SP) Com respeito ao fenômeno do arco-íris,


pode-se afirmar que:
azul
I. Se uma pessoa observa um arco-íris a sua fren-
te, então o Sol está necessariamente a oeste.
vermelha II. O Sol sempre está à direita ou à esquerda do
observador.
III. O arco-íris se forma devido ao fenômeno de
b) luz branca dispersão da luz nas gotas de água.
Das afirmativas mencionadas, pode-se dizer que:
a) todas são corretas.
b) somente a I é falsa.
vermelha c) somente a III é falsa.
d) somente II e III são falsas.
azul
e) somente I e II são falsas.

10. Dioptro plano


No dioptro plano, a superfície S, de separação entre os meios 1 e 2 , é
plana. Apenas relembrando, ela é chamada de superfície dióptrica.

Formação de imagens
meio 1
Num dioptro plano, considere um ponto objeto real P situado no meio 2 (ar)
S
(por exemplo, água), mais refringente do que o meio 1 (por exemplo, ar). meio 2
Vamos considerar dois raios de luz provenientes de P, que incidem na P' (água)

superfície de separação S. Os correspondentes raios refratados definem a


imagem P ' (fig. 28). Ela é virtual, pois é definida pelos prolongamentos de
raios refratados. Observe que P e P' estão situados do mesmo lado, em rela-
ção à superfície S, estando P' mais próxima de S. um observador, situado no P
meio 1 , vê P'. Figura 28.

282 Capítulo 11
Esses fatos permitem-nos entender por que, em relação a um observador

ILuSTrAçõES: zAPT
fora da água, uma piscina parece mais rasa do que realmente é; por que um
lápis, parcialmente mergulhado num copo contendo água, parece quebrado ar
para cima (fig. 29).
‡gua
Considere, agora, o ponto objeto real P no meio 1 , menos refringente do
que o meio 2 . Note que a imagem P' é virtual e situa-se do mesmo lado.
Indiquemos por n o índice de refração do meio onde está o objeto e por n'
o índice de refração do outro meio. No exemplo da figura 28, n é o índice de
refração da água e n' é o índice de refração do ar, ao passo que, na figura 30, Figura 29.
n é o índice de refração do ar e n' da água. P'
Chamemos de d e d' as distâncias do ponto objeto P e do ponto imagem P
P' até a superfície S, respectivamente (fig. 31). Vamos provar que, quando os
meio 1
raios são pouco inclinados em relação à normal, a relação entre n, n', d e d' é (ar)
S
dada por: meio 2
(água)
n = n'
d d'
Demonstra•‹o
Nos triângulos PI1I2 e P'I1I2, temos: Figura 30.
ll ll
tg i = 1 2 e tg r = 1 2
d d'
Dessas duas igualdades resulta: r meio 1
l1 l2 n'
S
d · tg i = d' · tg r ⇒ d · sen i = d' · sen r 1 d' r meio 2
cos i cos r i n
A Lei de Snell-Descartes fornece: d P'
i
n · sen i = n' · sen r 2
P
Dividindo membro a membro 2 por 1 , vem:
Figura 31.
n · cos i = n' · cos r
d d'
Fixados os valores de n, n' e d, o valor de d' dependerá de i e r. Isso significa que
teremos, a um dado ponto objeto P, infinitos pontos imagens, o que vai formar uma
mancha luminosa. Portanto, o dioptro plano é astigmático. Entretanto, considerando os
ângulos i e r pequenos, em relação à normal, podemos fazer cos i ≅ cos r ≅ 1. Nesse
caso, vem:
n = n' 3
d d'
De acordo com essas condições, a um ponto objeto P corresponde um ponto ima-
gem P', e o dioptro plano é considerado estigmático.

Exemplo 9

Quando olhamos para o fundo de uma piscina temos a sensação de que suas águas não
são tão profundas. Por exemplo, se olharmos para o fundo de uma piscina de mergulho, de
4,0 m de profundidade, temos a sensação de que ela só possui 3,0 m. A explicação está na
equação 3 e no índice de refração da água: 4 .
3
4
nágua nar 3 1,0
= ⇒ =
preal pap 4,0 pap
pap = profundidade aparente (aquela que vemos)
Resolvendo a equação, vamos obter: pap = 3,0 m

Refração da luz 283


Experimento

zAPT
Coloque uma moeda numa xícara vazia. Afaste seus
olhos da xícara, o suficiente para deixar de ver a moeda.
Sem sair dessa posição relativa à xícara, vá despejando
água lentamente na xícara, até que a moeda apareça.
Agora explique: como a moeda reapareceu? Figura 32.
Xícara vazia; moeda ao fundo.

Exercícios de Aplicação

43. Considere, para um determinado instante, a Observação: no cálculo da profundidade apa-


seguinte situação: uma andorinha A encontra-se rente de um objeto somente nos interessa a
a 0,90 m da superfície S da água e um peixe P profundidade real medida a partir da superfí-
encontra-se a 2,0 m da superfície S e na mesma cie. Não nos interessa a distância do olho do
vertical que passa por A, conforme a figura. observador até a superfície.
4
Sendo o índice de refração da água e 1 o do
3
ar, determine a que distância de S: 44. O índice de refração da água é 4 e o do ar é
3
1. Uma moeda, no fundo de uma piscina de
a) a andorinha vê o peixe; 1,6 m de profundidade, é vista do ar, segundo
b) o peixe vê a andorinha. uma linha de visada vertical. A que distância da
superfície da água a moeda aparenta estar?
LuIz AuguSTO rIbEIrO

A 45. Na seção Experimento anterior, uma moeda foi


colocada no fundo de uma xícara vazia e ao se
0,90 m colocar água ela reapareceu. Vamos supor que a
ar xícara tenha profundidade real de 10 cm e que a
(S) moeda somente reapareceu com água no nível de
água 4
8,0 cm. A água tem índice de refração e, para
3
o ar, adote 1,0.
2,0 m
a) Determine a profundidade aparente da moeda.
b) Faça um esquema mostrando um raio de
luz partindo do centro da moeda, passando
P
tangente à borda da xícara e chegando ao
olho do observador, permitindo, assim, que a
Resolução:
moeda seja vista.
a) Neste caso, o peixe é objeto e, portanto,
4 46. Um observador e um peixe encontram-se, num
temos n = ; n' = 1; d = 2,0 m.
3 dado instante, nas posições indicadas na figura.
n n' 4
De = , vem: O índice de refração da água é e o do ar é 1.
d d' 3
LuIz AuguSTO rIbEIrO

4
3 1
= ⇒ d' = 1,5 m
2,0 d'
b) Agora a andorinha é o objeto e, portanto, 0,60 m ar
4
n = 1; n' = ; d = 0,90 m. água
3
n n' 1,0 m
De = , vem:
d d'
4
1 3
= ⇒ d' = 1,2 m
0,90 d'

284 Capítulo 11
Determine: nar h 1,0 0,60
= real ⇒ = ⇒
a) Para o observador, de quanto parece ter subi- nágua hapar 4 hapar
3
do o peixe?
4
b) A que distância da superfície da água o peixe 0,60 ·
⇒ hapar = 3 ⇒ h = 0,80 m
apar
vê o olho do observador? 1,0
c) A que distância de seus olhos o observador vê c) A distância total aparente do peixe, vista pelo
o peixe? observador, deverá agora levar em conta a sua
altura da água: 0,60 m.
d) A que distância de seus olhos o peixe vê o
A profundidade aparente obtida no item b
observador?
foi calculada da superfície para baixo. A dis-
Resoluç‹o: tância total aparente do peixe aos olhos do
observador é a soma:
a) O problema se resolve pela aplicação da equa-
ção 3 . No entanto, ela é válida da superfície D1 = 0,60 m + 0,75 m ⇒ D1 = 1,35 m
da água para baixo. Assim, a distância real a
d) A altura total do observador vista pelo peixe
ser usada é d = 1,0 m e não a soma 1,6 m. deverá levar em conta a distância de 1,0 m do
n' d' 1,0 d'
= ⇒ = ⇒ peixe à superfície.
n d 4 1,0 m
A altura aparente calculada no item b foi medida
3
4 3 da linha da água para cima. A distância total
⇒ · d' = 1,0 · 1,0 ⇒ d' = m ⇒
3 4 aparente do peixe ao observador é a soma:

⇒ d' = 0,75 m D2 = 0,80 m + 1,0 m ⇒ D2 = 1,80 m

Como o peixe estava a 1,0 m de profundidade 47. Parado à beira da piscina, Mateus, que tem quase
e sua imagem virtual a 0,75 m, aparentemen- 1,20 m de altura, olha desoladamente para o seu
te ele teria subido 0,25 m ou 25 cm. celular que lhe escapou das mãos e que fora parar
Observemos que, mais uma vez, não usamos a no fundo da água. A piscina naquele local tem
4
distância do observador à superfície da água. 1,60 m de profundidade. Sendo o índice de
3
b) Para calcular a altura aparente do observador, refração da água e 1,0 o do ar, determine:
vista pelo peixe, vamos usar novamente a
a) a profundidade aparente da piscina naquele
equação 3 , com os valores fora da água, ou
local;
seja: 0,60 m.
b) a que distância de seus olhos ele vê o celular.

Exercícios de Reforço

48. Um objeto linear AB, de comprimento 0,40 m, 49. O mesmo objeto AB do exercício anterior agora é
encontra-se imerso na água, conforme mostra disposto horizontalmente a 0,80 m de profundi-
a figura. Qual o comprimento da imagem A'B', dade, como mostra a figura.
vista pelo observador situado no ar praticamente
na vertical que passa pelo objeto? O índice de
4
refração da água é e o do ar é 1.
3
ILuSTrAçõES: zAPT

ar
ar água
água

B
0,40 m A B
A

Refração da luz 285


Usando os índices de refração anteriores, deter- lança
mine:
a) a profundidade aparente do objeto AB; x = 0,9 m
β
b) o comprimento aparente do objeto AB. ar
água
50. Um bastão é colocado sequencialmente em 3 y
1m α
recipientes com líquidos diferentes. Olhando-se
o bastão através de cada recipiente, observam-se
as imagens I, II, III, conforme ilustração a seguir,
peixe
pois os líquidos são transparentes. Sendo nAR, nI,
nII, nIII os índices de refração do ar, do líquido em
I, do líquido em II e do líquido em III, respecti- Para essas condições, determine:
vamente, a relação que está correta é: a) o ângulo α, de incidência na superfície da
I II III água, da luz refletida pelo peixe.
b) o ângulo β que a lança faz com a superfície
ILuSTrAçõES: zAPT da água.
c) a distância y, da superfície da água, em que
o jovem enxerga o peixe.

Note e adote:
a) nAR < nI < nII d) nIII > nII > nI Índice de refração do ar = 1
b) nII < nAR < nIII e) nIII < nI < nII Índice de refração da água = 1,3
v1 sen θ1
c) nI > nII > nIII Lei de Snell-Descartes: =
v2 sen θ2
51. (Fuvest-SP) Um jovem pesca em uma lagoa de Ângulo θ sen θ tg θ
água transparente, utilizando, para isto, uma
30° 0,50 0,58
lança. Ao enxergar um peixe, ele atira sua lança
na direção em que o observa. O jovem está fora 40° 0,64 0,84
da água e o peixe está 1 m abaixo da superfície. 42° 0,67 0,90
A lança atinge a água a uma distância x = 90 cm 53° 0,80 1,33
da direção vertical em que o peixe se encontra, 60° 0,87 1,73
como ilustra a figura a seguir.

11. Lâmina de faces paralelas


Lâmina de faces paralelas é a associação de dois dioptros planos cujas superfícies
dióptricas são paralelas (fig. 33).
O caso mais comum é aquele em que os meios 1 e 3 coincidem. É o exemplo de
uma lâmina de vidro, que constitui o meio 2 , imersa no ar.
Na figura 34 representamos o trajeto de um raio de luz mono- R
cromática que atravessa a lâmina no caso em que n1 ∙ n3. N1
i
1 n1 n1
S1 S1

2 n2 r N2 n2
r

S2 S2

3 n3 n3
i'
R'
Figura 33. Lâmina de faces paralelas. Figura 34.

286 Capítulo 11
A aplicação da Lei de Snell-Descartes, nas superfícies S1 e R
N1
S2, fornece: i
n1 · sen i = n2 · sen r n2 · sen r = n3 · sen i' l1 n1
S1
Observe que, se n1 = n3, i = i'. (i – r)
Isso significa que, se os meios extremos são idênticos, os e r
r B n2
raios emergente R' e incidente R são paralelos (fig. 35).
Nessa última situação o raio que incide na lâmina não sofre des- d
S2
vio angular e sim desvio lateral d, conforme mostra a figura 35. A l2
n3
i'
d
Determinação do desvio lateral d Figura 35.
N2 R'

Consideremos a figura 35.


No triângulo I1I2b, temos:
d
sen (i – r) = d ⇒ I1I2 = 1
I1I2 sen (i – r)
E do triângulo I1I2A, vem:
IA
cos r = 1
I1I2
Mas I1A é a espessura da lâmina que indicamos por e. Assim, resulta:
e
cos r = e ⇒ I1I2 = 2
I1I2 cos r
De 1 e 2 , eliminamos I1I2 e tiramos o desvio lateral d:

d
=
e
⇒ d = e · sen (i – r) 3
sen (i – r) cos r cos r

Exercícios de Aplicação

52. Na figura temos uma lâmina de faces paralelas d) se n3 > n2, então o ângulo de emergência r3
na qual incide um raio de luz monocromática, será maior que o de refração r2.
sendo RI o raio incidente e RE o raio emergente
e) são sempre iguais os ângulos de incidência i1
da lâmina.
e de emergência r3.
RI
53. Uma lâmina de material transparente que apre-
N1
i1
senta índice de refração n2 = 3 e espessura
1 e = 12 cm, está imersa no ar, o meio 1 , cujo
índice de refração vale 1,0. Um raio de luz de cor
r2 vermelha incide na primeira face da lâmina sob
2
N2 ângulo de incidência i = 60°.
RI

r3 3
N1
i
ILuSTrAçõES: zAPT

RE 1

Sendo n1, n2 e n3 os respectivos índices de refra- r


2
ção nos meios 1 , 2 e 3 , então: N2
a) RI é sempre paralelo a RE.
b) o ângulo de refração r2 é sempre menor que o i
3
de incidência i1.
c) se n1 = n3, então os raios RI e RE serão para- RE
lelos.

Refração da luz 287


Determine: 55. Um raio luminoso incide numa lâmina de faces
paralelas de índice de refração 3, conforme indica
a) o ângulo de refração r, no meio 2 ; a figura. Determine o desvio lateral d sofrido pelo
b) o desvio lateral do raio incidente. raio ao atravessar a lâmina. (Dados: espessura da
lâmina = 3,0 cm; índice de refração do ar = 1.)
Resolução:
a) Usemos a Lei de Snell-Descartes no dioptro i = 60°
1, 2: ar
n1 · sen i = n2 · sen r
1,0 · sen 60° = 3 · sen r
3
1,0 · = 3 · sen r ar
2
1
sen r = ⇒ r = 30°
2
b) O desvio lateral da luz é calculado pela equa- 56. Um ponto objeto real P está situado na superfície
ção 3 deduzida anteriormente:
S1 de uma lâmina de faces paralelas, de espessura
sen (i – r)
d=e· 3,0 cm e índice de refração 1,5. Seja P ' a imagem
cos r
sen (60° – 30°) sen 30° de P conjugada pela lâmina. Determine a distân-
d = 12 · = 12 ·
cos 30° cos 30° cia de P ' até a superfície S2 da lâmina. O índice
1 3 de refração do ar é 1,0.
Temos: sen 30° = e também cos 30° =
2 2
Substituindo esses valores, temos: S1 S2
1
3
d = 12 · 2 = 12 · ⇒ d = 4 3 cm
3
3
2 P

54. (U. E. Londrina-PR) Um raio de luz r atravessa


uma lâmina de faces paralelas, sendo parcialmen-
te refletido nas duas faces. A lâmina está imersa
no ar.
Resolução:
normal
ILuSTrAçõES: zAPT

r
O ponto objeto P está no vidro e, portanto,
α temos: n = 1,5; n' = 1,0; d = 3,0 cm.
β
S1 S2

γ N

δ
P
P'
d'
θ

d = 3,0 cm

normal
n n'
Considerando os ângulos indicados no esquema, De = , vem:
d d'
o ângulo θ é igual a:
1,5 1,0
=
a) γ + δ d) 90° – β 3,0 d'
b) 90° – δ e) 90° – α d' = 2,0 cm
c) 90° – γ

288 Capítulo 11
Exercícios de Reforço

57. (Mackenzie-SP) Tem-se uma lâmina de faces 59. (UF-PI) Observa-se que um laser incide em uma
paralelas, de espessura L, feita de material homo- placa de faces planas e paralelas cuja espessura é
gêneo, transparente e isótropo, possuindo índice 10,0 cm, formando um ângulo de 60° com a nor-
de refração maior do que o do meio que a envol- mal. O material da placa possui índice de refração
ve. O esquema que melhor representa a trajetória 3 . Considerando que a placa está imersa no ar,
de um raio luminoso que incide na lâmina é: o deslocamento do raio emergente, em centíme-
tros, é de aproximadamente:

ILuSTrAçõES: zAPT
a)
a) 8,0 b) 5,7 c) 4,3 d) 3,3 e) 1,5

60. Uma lâmina de vidro de faces paralelas tem


espessura de 1,5 cm e índice de refração 1,5. Um
ponto luminoso P encontra-se a 2,0 cm da face S1
da lâmina, conforme a figura. Seja P ' a imagem
b)
de P conjugada pela lâmina.
S1 S2

ar ar

c) P

Sendo 1,0 o índice de refração do ar, então a


distância entre a imagem P ' e a superfície S2 da
d) face é:
a) 1,5 cm c) 4,5 cm e) 6,0 cm
b) 3,0 cm d) 5,5 cm
61. Na figura temos uma lâmina de vidro de faces
paralelas imersa no ar, tendo a sua face inferior
e) espelhada internamente. Um raio luminoso de
luz monocromática propaga-se no ar e incide em
uma das faces da lâmina, segundo um ângulo α e
refrata-se segundo um ângulo β. O raio refratado
incide na face inferior de onde é refletido. Este
raio refletido é novamente refratado na face não
espelhada, voltando a propagar-se no ar. Sendo
58. (UF-MT) Um raio (R) de luz atravessa uma lâmina nar e nvidro, respectivamente, os índices de refração
de vidro de faces paralelas (L). A relação entre os da luz no ar e no vidro, os ângulos α, β, δ, ρ,
ângulos X e Y (para qualquer valor de X ) é: e θ, indicados na figura, obedecem à equação de
R Snell-Descartes ou a propriedades geométricas.
X
ar

α ar ρ

β δ

ar Y

vidro
a) X = Y d) X = 180° – Y θ
b) X = 90° + Y e) X = 180° + Y
espelho plano
c) X = 90° – Y

Refração da luz 289


Assinale o que for verdadeiro: D1
(ar)
I. α = θ D2
2
II. δ = β
III. nvidro · sen β = nar · sen ρ

ILuSTrAçõES: zAPT
A
IV. β + δ = θ
V. nar · sen α = nvidro · sen θ
lâmina
E D B de tecido
2
Estão corretas: biológico
C
a) Todas as afirmativas.
b) Apenas I, II e V. a) A b) B c) C d) D e) E
c) Apenas II, III, IV e V. Suponha que o tecido biológico seja transparente
à luz e tenha índice de refração uniforme, seme-
d) Apenas II, III e IV.
lhante ao da água.
e) Apenas I, II e IV.
63. (UF-RJ) Um raio lumi-
ar vidro ar
62. (Fuvest-SP) Dois sistemas ópticos, D1 e D2, são noso proveniente do ar
utilizados para analisar uma lâmina de tecido atravessa uma placa de
biológico a partir de direções diferentes. Em vidro de 4,0 cm de θ
normal
uma análise, a luz fluorescente, emitida por um espessura e índice de
indicador incorporado a uma pequena estrutura, refração 1,5.
presente no tecido, é captada, simultaneamente, Sabendo que o ângu-
pelos dois sistemas, ao longo das direções trace- lo de incidência θ do
jadas. Levando-se em conta o desvio da luz pela raio luminoso é tal que 4,0 cm
refração, dentre as posições indicadas, aquela sen θ = 0,90 e que o
que poderia corresponder à localização real dessa índice de refração do ar é 1,0, calcule a distância
estrutura no tecido é: que a luz percorre ao atravessar a placa.

12. Prisma óptico


O prisma óptico é um prisma de base triangular constituído por um material trans- secção
C reta
parente: vidro, cristal, diamante, quartzo, gelo, etc. De um modo geral não se usam plano π
as suas bases, mas apenas uma secção transversal, perpendicular às suas três arestas
laterais, que é chamada de secção reta (fig. 36). D
A E
O plano π será o nosso plano de trabalho. Ele será coincidente com esta folha do
livro, facilitando assim a visualização da refração da luz no interior do prisma. um raio
de luz monocromática, pertencente ao plano π, incide em uma face lateral do prisma, Figura 36. Prisma transpa-
refratando-se através dela, percorrendo o seu interior e emergindo através de outra rente.
face (fig. 37).
Na figura 36 definimos o ângulo de abertura ou ângulo de refringência: ângulo A
formado entre a face 1 e a face 2.
No plano π um raio de luz monocromática incide na face 1, refrata-se, percorre o plano π C
interior do prisma até atingir a face 2, onde sofre nova refração e emerge do prisma face 1 face 2
(fig. 37). Definimos: A
n 1 n1
• i1: ângulo de incidência na face 1
• r1: ângulo de refração na face 1 i1
r1 r2 i2
• r2: ângulo de incidência do raio na face 2
n2
• i2: ângulo de emergência (saída) na face 2 D
face 3 (base)
E

Se esse raio de luz incidir no prisma pela face 2, sob ângulo de incidência i2, percorrerá Figura 37. Secção reta do
o caminho inverso do raio anterior. Assim, o ângulo de emergência na face 1 será i1. prisma.

290 Capítulo 11
Usando a Lei de Snell-Descartes
Sendo n1 o índice de refração do meio externo e n2 o índice de refração do material trans-
parente do prisma, podemos usar a Lei de Snell-Descartes na face 1 e, a seguir, na face 2.
• Na face 1: n1 · sen i1 = n2 · sen r1
• Na face 2: n2 · sen r2 = n1 · sen i2

O desvio angular do raio incidente

ILuSTrAçõES: zAPT
plano π C
O efeito do prisma sobre um raio de luz que o atravessa é o desvio angular Δ, que é
o ângulo de deflexão do raio emergente em relação ao raio incidente. A
n1 n1
Para determinar o desvio angular usaremos a figura 38.
P
Observemos que: M Δ
i1 α β N
α + r1 = i1 ⇒ α = i1 – r1 1 r1 r2 i2
β + r2 = i2 ⇒ β = i2 – r2 2 A
n2 Q
D E
No triângulo MNP, o ângulo externo é a soma dos internos não adjacentes:
Figura 38.
Δ=α+β 3
No triângulo MNQ, o ângulo externo A é a soma dos internos não adjacentes:
A = r1 + r2 4
Substituindo-se as equações 1 e 2 em 3 , vem:
Δ = (i1 – r1) + (i2 – r2)
Δ = (i1 + i2) – (r1 + r2)
usando a equação 4 , temos:

Δ = (i1 + i2) – A 5

O desvio angular mínimo


O estudo experimental da variação do desvio angular Δ em função do ângulo de Δ
incidência i mostra que, à medida que o ângulo de incidência cresce, o desvio angular
Δ
decresce, atinge um valor mínimo e a seguir passa a crescer (fig. 39). uma análise da Δ
mín
figura revela que existem dois ângulos de incidência, i1 e i2, que correspondem ao mes-
mo desvio angular Δ.
Esse fato é explicado pela reversibilidade da luz, como mostramos anteriormente: se 0 i1 i i2 i
i1 for o ângulo incidente, i2 será o emergente e vice-versa.
Quando os ângulos de incidência e de emergência forem iguais, teremos desvio Figura 39.
mínimo e vice-versa.
Por outro lado, quando tivermos i1 e i2 iguais, também serão iguais r1 e r2. Assim, a
propriedade se escreve:
i1 = i2 ⇔ r1 = r2 ⇔ Δ = Δmín
A
Teremos então: n1 n1

• r1 = r2 = r
Δmín
• i1 = i2 = i i i
r r
• A = r + r ⇒ A = 2r
A
• Δmín = i + i – A ⇒ Δmín = 2i – A n2

Observemos que a trajetória do raio de luz através do prisma é simétrica. Figura 40. Desvio mínimo. A traves-
sia do raio Ž simŽtrica.
O ângulo de entrada é igual ao de saída (fig. 40).

Refração da luz 291


Exemplo 10

ILuSTrAçõES: zAPT
Se um raio de luz monocromática incidir num prisma de abertura A = 60°, fazendo com
a reta normal um ângulo de incidência de 45°, teremos: 60°
A = 2r ⇒ 60° = 2r ⇒ r = 30° Δmín = 30°

Δmín = 2i – A 45° 45°


30° 30°

Δmín = 2 ∙ 45° – 60° ⇒ Δmín = 30°


A figura 41 mostra o trajeto do raio de luz nesse prisma. Figura 41.

13. Prismas de reflexão total (a)


Podemos construir prismas de modo que a luz atravesse uma face, sofra
reflexão total na outra e emerja sofrendo desvios convenientes. Tais prismas 45° normal
recebem o nome de prismas de reflexão total.
Na figura 42 apresentamos os prismas de reflexão total mais utilizados na 45°
prática. A secção principal de tais prismas é um triângulo retângulo isósceles.
Observe, na figura 42a, que o raio incidente sofre um desvio de 90°. Pris-
mas desse tipo são utilizados, por exemplo, nos periscópios.
(b)
No prisma da figura 42b, os raios incidentes sofrem um desvio de 180°.
Note que os raios emergem em sentido contrário ao dos raios incidentes. A
A face onde ocorre reflexão total funciona como um espelho plano. A pe- B
lícula de prata existente nos espelhos planos danifica-se com facilidade. Por
isso, muitos instrumentos de óptica utilizam os prismas de reflexão total em B
substituição aos espelhos planos. A
Dê uma espiada no capítulo 14 e verifique: os binóculos mais sofisticados
usam prismas de reflexão total; os telescópios com visor lateral usam prismas
de reflexão total. Figura 42. Prismas de reflexão total.

Exercícios de Aplicação

64. Sobre uma das faces de um prisma de índice de Resolu•‹o:


refração 2 e imerso no ar (nar = 1) incide um a) Vamos, inicialmente, calcular o ângulo de
raio de luz monocromática, fazendo com a normal refração r1, na 1ª. face:
um ângulo de 45°. O ângulo de refringência do
prisma é de 75°. Determine:
A = 75°
1a. face 2a. face
A = 75°
1a. face 2a. face i1 = 45° Δ = 60°

r1 = 30° i2 = 90°
i1 = 45° r2 = 45°
r1 i2
nar = 1 r2
np = 2
nar · sen i1 = np · sen r1
a) o ângulo de incidência r2, na segunda face; 1 · sen 45° = 2 · sen r1
b) o ângulo de emergência i2, na segunda face; 1 · 2 = 2 · sen r1
c) o desvio angular Δ do raio que atravessa o 2
1
prisma. sen r1 = ⇒ r1 = 30°
2

292 Capítulo 11
De A = r1 + r2 e sendo A = 75°, vem:
67. Na figura temos um prisma de vidro transparen-
te, homogêneo, cujo índice de refração vale 2,0,
75° = 30° + r2 ⇒ r2 = 45° imerso no ar, onde o índice de refração vale 1,0.
Um raio monocromático de cor anil incide numa
b) Lei de Snell-Descartes aplicada à 2a. fase: de suas faces (cateto maior).
np · sen r2 = nar · sen i2
2 · sen 45° = 1 · sen i2

2 · 2 = 1 · sen i2 30¡
2
sen i2 = 1 ⇒ i2 = 90° (emerge rasante
à 2ª. face)
c) O desvio angular é dado por:
Δ = i1 + i2 – A
Δ = 45° + 90° – 75°
a) Determine o ângulo r2 de incidência do raio
Δ = 60° na face oposta.
b) Verifique se haverá refração da luz nessa face
65. Um prisma de vidro tem ângulo de refringência (hipotenusa). Em caso afirmativo, determine
igual a 60° e o seu índice de refração, em relação o ângulo de emergência.
ao ar, para a luz amarela é 3 . Um raio luminoso c) Faça, em seu caderno, uma figura mostrando
amarelo, no ar, incide em uma das faces do pris- o trajeto da luz.
ma segundo um ângulo de 60°. Qual o ângulo
de incidência na segunda face e qual o desvio 68. Um raio de luz incide sobre uma das faces de
angular do raio que atravessa o prisma? um prisma imerso no ar, como mostra a figura.
Experimentalmente verifica-se que o desvio míni-
66. Um raio de luz de cor verde incide perpendicular- mo sofrido pelo raio é igual a 54°.
mente a uma das faces de um prisma óptico de
vidro, cujo ângulo de abertura é de 30° e emerge
ar ar
tangenciando a outra face. Determine o índice i 74°
de refração, n, do vidro de que é constituído o
prisma.

Resolução:
Na figura representamos o trajeto do raio de luz. Calcule:
Note que o ângulo de incidência r2 é igual a A,
isto é, r2 = 30°. A Lei de Snell-Descartes, aplica- a) o ângulo i que produz o desvio mínimo;
da à 2a. face, fornece: b) o índice de refração do prisma.
(Adote para o ar n1 = 1,0; para valores de seno
ILuSTrAçõES: zAPT

consulte uma tabela ou use uma calculadora.)

A = 30° Resolução:
a) Sendo o desvio mínimo igual a 54°, podemos
ter:
60°
Δmín = 2i – A
r2 54° = 2i – 74° ⇒ 2i = 54° + 74° ⇒
i2 = 90°
⇒ 2i = 128° ⇒ i = 64°
n
b) A = 2r ⇒ 74° = 2r ⇒ r = 37°
nar = 1
Usando a Lei de Snell-Descartes:
n · sen r2 = nar · sen i2 n1 · sen i = n2 · sen r
n · sen 30° = 1 · sen 90° 1,0 · sen 64° = n2 · sen 37°
1 Consultando uma tabela trigonométrica:
n· =1·1⇒ n=2
2 sen 64° = 0,9 e, ainda, sen 37° = 0,6

Refração da luz 293


Substituindo esses valores na equação: B

1,0 · 0,9 = n2 · 0,6


45° normal
0,9 3
n2 = ⇒ n2 = ⇒ n2 = 1,5
0,6 2
n1 = 1 45°

69. Um prisma de índice de refração 2 está imerso n2 45°


no ar. Sobre uma das faces incide um raio de luz, C D
como mostra a figura, tal que i = 45º.

ILuSTrAçõES: zAPT
n 1
ar
60°
Sendo sen 45° = 2 e sen L = menor = ,
2 nmaior n2
vem:
i
2 > 1 ⇒
2 n2 n2 > 2
S1 S2
O prisma deve ser constituído de material cujo
n2
índice de refração, em relação ao ar, seja maior
que 2 , isto é, maior do que 1,41, aproximada-
Calcule:
mente.
a) o ângulo de refração na face S1;
b) o ângulo de incidência na face S2;
c) o ângulo de emergência na face S2; 71. Considere um prisma cuja secção principal é um
d) o desvio sofrido pelo raio incidente ao atra- triângulo retângulo isósceles. Um feixe cilíndrico
vessar o prisma. de luz branca incide perpendicularmente na face
Use uma tabela ou calculadora eletrônica. BC. O prisma está imerso no ar, cujo índice de
refração é 1,00.
70. Considere um prisma cuja secção principal é um B
triângulo retângulo isósceles. Quais os possíveis
valores do índice de refração do material que cons-
45°
titui o prisma para que o raio de luz monocromática luz branca
que incide perpendicularmente pela face BC sofra
reflexão total na face BD? O meio que envolve o
prisma é o ar, cujo índice de refração é igual a 1.
45°
B
C D

45°
Os índices de refração do prisma para as sete
luzes monocromáticas são dados na tabela.

Luz monocromática Índice de refração

45° vermelha 1,36


C D
alaranjada 1,38

amarela 1,40
Resolução: verde 1,43
O ângulo de incidência na face BD é igual a 45°.
azul 1,46
Para que haja reflexão total, devemos ter:
45° > L (ângulo limite) anil 1,48
Portanto: violeta 1,50
sen 45° > sen L
Quais dessas cores sofreram reflexão total?

294 Capítulo 11
Exercícios de Reforço

72. Considere o prisma de material transparente, A


imerso no ar, mostrado na figura. O raio de
luz (0) incide na superfície de separação AB e 60°
sai rasante a esta. Os demais raios incidem no
60°
mesmo ponto sob ângulos diferentes. 30°

ILuSTrAçõES: zAPT
A
1
ar B C

a) 90° e 120°
0 b) 60° e 120°
c) 60° e 60°
2 30° B
rasante d) 30° e 60°
3
4 e) 30° e 90°

a) Determine o índice de refração do material 75. (Aman-RJ) Um raio luminoso vindo do ar incide
do prisma usando o raio (0). Adote para o ar perpendicularmente sobre uma das faces de um
índice de refração igual a 1,0. prisma de ângulo de refringência 30°. O valor
b) Transfira para o seu caderno a figura e conti- máximo do índice de refração para que o raio
nue o trajeto de cada raio. No caso de haver possa emergir na outra face é:
reflexão total basta indicar a primeira refle-
xão do raio. a) 3
4
b)
73. (UE-CE) A figura a seguir mostra um prisma feito 3
de um material, cujo índice de refração é 1,5, 3
localizado na frente de um espelho plano verti- c)
2
cal, em um meio onde o índice de refração é igual d) 2
a 1. Um raio de luz horizontal incide no prisma.
e) 2

76. (Vunesp-SP) A figura representa o gráfico do


6° desvio (δ) sofrido por um raio de luz monocro-
mática que atravessa um prisma de vidro imerso
no ar, de ângulo de refringência 50°, em função
do ângulo de incidência θ1.
δ (°)

Sabendo que sen (6°) ≅ 0,104 e sen (9°) ≅ 0,157,


o ângulo de reflexão no espelho é de:
a) 2° d) 6°
b) 3° e) 9° δ

c) 4° 30

74. Um raio luminoso monocromático penetra na face


AB de um prisma, imerso no ar, conforme sugere 0 θ1 θ2 θ (ângulo de
incidência)
a figura a seguir. Os ângulos que o raio emergente
faz com a normal à face AC e o ângulo entre os Determine os ângulos de incidência (θ1) e de
prolongamentos dos raios emergente e incidente emergência (θ2) do prisma na situação de desvio
valem, respectivamente: mínimo.

Refração da luz 295


Exercícios de Aprofundamento

77. (ITA-SP) Um tarugo de vidro de índice de refração


3
n= e seção transversal retangular é moldado
2
na forma de uma ferradura, como ilustra a figura. n3

ILuSTrAçõES: zAPT
P d
n2
n0
R n1

Nestas condições, é correto afirmar que:


Q a) n0 > n1 > n2 > n3 c) n0 = n1 < n2 < n3
b) n0 = n1 > n2 > n3 d) n0 < n1 < n2 < n3
Um feixe de luz incide perpendicularmente sobre
80. (UF-PR) O fenômeno da refração da luz está
a superfície plana P. Determine o valor mínimo da associado com situações corriqueiras de nossa
R vida. Uma dessas situações envolve a colocação
razão para o qual toda a luz que penetra pela
d
superfície P emerja do vidro pela superfície Q. de uma colher em um copo com água, de modo
que a colher parece estar “quebrada” na região da
78. (UE-RJ) Um raio de luz vindo do ar, denominado superfície da água. Para demonstrar experimen-
meio A, incide no ponto O da superfície de sepa- talmente a refração, um estudante propôs uma
montagem, conforme figura abaixo. Uma fonte
ração entre esse meio e o meio B, com um ângulo
de luz monocromática F situada no ar emite feixe de
de incidência igual a 7°.
luz com raios paralelos que incide na superfície
No interior do meio B, o raio incide em um espe- de um líquido de índice de refração n2. Considere
lho côncavo E, passando pelo foco principal F. o índice de refração do ar igual a n1. O ângulo de
incidência é α1, e o de refração é α2. Por causa da
O centro de curvatura C do espelho, cuja distân-
refração, a luz atinge o fundo do recipiente no
cia focal é igual a 1,0 m, encontra-se a 1,0 m da ponto P e não no ponto Q, que seria atingido se a
superfície de separação dos meios A e B. luz se propagasse sem que houvesse refração.
Observe o esquema: F

α1

7° O
O meio A (ar)
meio B L α2

C M a P Q

b
F a) Mostre que as distâncias a e b na figura
E
valem, respectivamente:
n1 L · sen α1
a= · ; b = L · tan α1
Considere os seguintes índices de refração: n2 n 2
1 – n1 · sen α1
nA = 1,0 (meio A); nB = 1,2 (meio B). Determine 2

a que distância do ponto O o raio emerge, após a b) Obtenha a distância D de separa-


reflexão no espelho. ção entre os pontos P e Q se n1 = 1,
n2 = 3 , α1 = 60°, L = 2 3 cm, sabendo
79. (UE-CE) Um raio luminoso monocromático pro-
3 1
paga-se através de quatro meios materiais com que sen 60° = 2 e cos 60° = . Sugere-
2
índices de refração n0, n1, n2 e n3, conforme mos- se trabalhar com frações e raízes, e não com
tra a figura a seguir. números decimais.

296 Capítulo 11
81. (ITA-SP) Um hemisfério de vidro maciço de raio de b) Durante a leitura, a velocidade angular de rota-
3 ção do CD varia conforme a distância do sistema
10 cm e índice de refração n = 2 tem sua face plana
óptico de leitura em relação ao eixo de rotação.
apoiada sobre uma parede, como ilustra a figura.
Isso é necessário para que a velocidade linear do

ILuSTrAçõES: zAPT
ponto de leitura seja constante. Qual deve ser a
razão entre a velocidade angular de rotação do
10 cm
CD quando o sistema óptico está na parte cen-
tral, de raio r1 = 2,0 cm e a velocidade angular
de rotação do CD quando o mesmo está na parte
1 cm externa, de raio r2 = 10 cm?
83. (Fuvest-SP) Luz proveniente de uma lâmpada de
n vapor de mercúrio incide perpendicularmente em
uma das faces de um prisma de vidro de ângulos
30°, 60° e 90°, imerso no ar, como mostra a
figura a seguir.
Um feixe colimado de luz de 1 cm de diâmetro
y
incide sobre a face esférica, centrado na direção
do eixo de simetria do hemisfério. Valendo-se das
aproximações de ângulos pequenos, sen θ ≅ θ
e tg θ ≅ θ, o diâmetro do círculo de luz que se 30°
feixe
forma sobre a superfície da parede é de: de luz
1 1
a) 1 cm c) 2 cm e) 10 cm
lâmpada
2 1 de mercúrio
b) 3 cm d) 3 cm prisma de vidro anteparo

82. (Unicamp-SP) A informação digital de um CD é A radiação atravessa o vidro e atinge um ante-


armazenada em uma camada de gravação que paro. Devido ao fenômeno de refração, o prisma
reside abaixo de uma camada protetora, compos- separa as diferentes cores que compõem a luz da
ta por um plástico de 1,2 mm de espessura. A lâmpada de mercúrio e observam-se, no antepa-
leitura da informação é feita através de um feixe ro, linhas de cor violeta, azul, verde e amarela.
de laser que passa através de uma lente conver- Os valores do índice de refração n do vidro para
gente e da camada protetora para ser focalizado as diferentes cores estão dados adiante.
na camada de gravação, conforme representa a a) Calcule o desvio angular α, em relação à
figura a seguir. Nessa configuração, a área cober- direção de incidência, do raio de cor violeta
ta pelo feixe na superfície do CD é relativamente que sai do prisma.
grande, reduzindo os distúrbios causados por b) Desenhe no seu caderno uma figura mostrando:
riscos na superfície. o prisma e o raio de cor violeta que dele sai.
Indique corretamente o ângulo de refração.
feixe de laser
c) Indique, na representação do anteparo no seu
lente caderno, a correspondência entre as posições
R das linhas L1, L2, L3 e L4 e as cores do espectro
30° do mercúrio.
superfície do CD
1,2 mm camada de proteção Note e adote:
θ (graus) sen θ Cor n (vidro)
ponto de leitura camada de gravação 60 0,866 violeta 1,532
a) Considere que o material da cama- 50 0,766 azul 1,528
da de proteção tem índice de refração
n = 1,5, e que o ângulo de incidência do 40 0,643 verde 1,519
feixe é de 30° em relação ao eixo normal 30 0,500 amarelo 1,515
à superfície do CD. Usando a Lei de Snell, n = 1 para qualquer
n1 · sen θ1 = n2 · sen θ2, calcule o raio R do Lei de Snell-Descartes:
comprimento de onda
feixe na superfície do CD. Considere R = 0 no n1 · sen θ1 = n2 · sen θ2
no ar
ponto de leitura.
Refração da luz 297
84. Um cubo de aresta igual a 12 cm está totalmente a) Determine, em função de α, o índice de refra-
imerso na água, sendo que a face ABCD está para- ção absoluto do prisma.
lela à superfície, ou seja, está num plano hori- b) Determine o limite máximo do índice de refra-
zontal, a 12 cm da superfície. Sendo 1,0 o índice ção do prisma, nas condições do problema.
4
de refração do ar e 3 o da água, determine, para c) Se diminuirmos ligeiramente o ângulo α,
um observador fora da água: haverá reflexão total ou refração em Q?

ar 86. (ITA-SP) A figura mostra um raio de luz propa-

ILuSTrAçõES: zAPT
água
D C gando-se num meio de índice de refração n1 e
A
transmitido para uma esfera transparente de raio
B
R e índice de refração n2. Considere os valores dos
H G ângulos α, ϕ1 e ϕ2 muito pequenos, tal que cada
E F ângulo seja respectivamente igual à sua tangente
e ao seu seno.
a) a profundidade aparente da face ABCD;
b) o comprimento aparente de cada uma das ϕ2
arestas da face ABCD;
c) o comprimento aparente de cada uma das R h
arestas laterais do cubo (AE, BF, ...); ϕ1 α

d) faça, no seu caderno, uma figura do cubo tal O


qual ele é visto pelo observador externo. n1 n2

85. Na figura que se segue, um raio de luz monocro-


mática incide em P sob ângulo α e emerge rasan-
te em Q. O prisma está imerso no ar. A secção O valor aproximado de ϕ2 é de:
transversal do prisma é um triângulo retângulo
n
isósceles e no seu interior o raio segue uma tra- a) ϕ2 = n1 (ϕ1 – α)
2
jetória paralela à sua hipotenusa.
n
b) ϕ2 = n1 (ϕ1 + α)
2

n n
c) ϕ2 = n1 ϕ1 + 1 – n1 α
2 2
α P Q
n
d) ϕ2 = n1 ϕ1
2

n n1
e) ϕ2 = n1 ϕ1 + n2 – 1 α
2

298 Capítulo 11
cAPÍTuLo

Lentes esféricas
12
1. Introdução 1. Introdução

2. Nomenclatura
Denomina-se lente esférica uma associação de dois dioptros na qual um deles é
necessariamente esférico, enquanto o outro pode ser esférico ou plano. Para simpli- 3. Comportamento óptico
ficar, chamaremos de lente esférica o corpo transparente limitado pelas superfícies das lentes esféricas
S1 e S2 dos dois dioptros (região sombreada das figuras 1a e 1b). delgadas

iLustrAções: zAPt
4. Centro óptico de uma
lente delgada

5. Focos de uma lente


esférica delgada

6. Resumo das
propriedades
geométricas
S1 S2 7. Determinação de
S1 S2
imagens
(a) Lente esférica constituída (b) Lente esférica constituída por
por dois dioptros esféricos. um dioptro esférico e outro plano. 8. Focos secundários de
uma lente delgada
Figura 1.
9. Estudo analítico das
Geralmente, as lentes são constituídas de vidro ou de acrílico, como nos óculos, imagens nas lentes
e o meio ambiente é o ar. Pode-se, no entanto, usar outros materiais para fazê-las,
bem como colocá-las em outro meio que não seja o ar. Chamemos, então, de n1 o 10. Equação dos
índice de refração do meio homogêneo em que se encontra a lente e de n2 o índice fabricantes de lentes
de refração do material de que ela é constituída. Vamos definir, também, seus ele-
11. Associação de lentes
mentos geométricos, de acordo com a figura 2.
12. Lentes justapostas

13. Associação de lentes


com espelhos
R1
V1 e V2
C2 C1
eixo
R2 principal

S1 S2

Figura 2. Secção transversal de uma lente


esférica e seus elementos geométricos.

Lentes esféricas 299


2. Nomenclatura
É possível distinguir seis tipos diferentes de lente, levando-se em con-

iLustrAções: zAPt
Lentes de
ta sua secção transversal (fig. 3). Para um observador externo à lente, Lentes de
bordas
que esteja olhando cada uma de suas faces, elas podem apresentar-se bordas finas
espessas
côncavas, convexas ou planas. Lembre-se: as lentes têm duas faces com-
binadas, e uma delas é esférica, necessariamente.
A composição do nome da lente é feita da seguinte maneira:
• em primeiro lugar, colocamos o nome da face de maior raio de
curvatura;
biconvexa bic™ncava
• em segundo, o nome da face de menor raio de curvatura;
• quando as duas faces têm nomes iguais, usamos o prefixo bi
(bicôncava ou biconvexa);
• quando uma das faces é plana, seu nome vem em primeiro lugar
(plano-côncava ou plano-convexa);
plano-convexa plano-c™ncava
• faces da lente: S1 e S2;
• centros de curvatura das faces: C1 e C2;
• raios de curvatura das faces: R1 e R2;
• eixo principal da lente: C1C2;
c™ncavo-convexa convexo-c™ncava
• vértices das faces: V1 e V2;
• espessura da lente: e (e = V1V2). Figura 3. Tipos de lente.

Leitura

As lentes de bordas finas têm seu nome terminando pela palavra convexa, ao passo que as de bordas
espessas terminam com a palavra côncava.
Para melhor compreendermos a composição do nome das lentes côncavo-convexa e convexo-côncava,
observemos as figuras a e b, nas quais essas lentes estão reproduzidas com mais detalhes.
Na lente côncavo-convexa, a face S1 é côncava e tem maior raio de curvatura que S2, que é convexa; daí citarmos
S1 antes de S2.
Na lente convexo-côncava, a face S1 é côncava, porém tem menor raio de curvatura que S2, que é convexa;
daí citarmos S2 antes de S1.
Quando a espessura da lente for desprezível, em confronto com os raios de curvatura, a lente será
chamada de lente esférica delgada. Daqui por diante, a menos que se diga algo em contrário, sempre
consideraremos esse tipo de lente. Não devemos nos esquecer, porém, de que a lente delgada pode ter bordas
finas ou espessas.

S1 Procure No cD

R1 R1 Veja, no capítulo
C1 C2 C1
12 do CD, o texto
C2 R2 Aberrações
R2
cromáticas
S1 na lente, bem
S2
S2 como exercícios
relativos ao tema.
Figura a. Lente côncavo- Figura b. Lente convexo-
convexa: R1 > R2. côncava: R2 > R1.

300 Capítulo 12
3. comportamento óptico das lentes esféricas
delgadas
O comportamento óptico de uma lente esférica pode r'
r
ser convergente ou divergente conforme definiremos a r
r'
seguir.
Consideremos uma lente esférica qualquer e vamos fa-
zer incidir um raio de luz r paralelamente ao seu eixo prin- e. p. e. p.

cipal. se o raio refratado r' se aproximar do eixo principal,


então a lente será chamada de convergente (fig. 4a); se o
raio refratado r' se afastar do eixo principal, então a lente
será chamada de divergente (fig. 4b). (a) Lente convergente. (b) Lente divergente.
Qualquer lente esférica pode se comportar como con- Figura 4. Comportamento óptico de uma lente.
vergente ou divergente; este comportamento é o resul-
tado de uma combinação entre o índice de refração do

eDuArDO sAntALiestrA
meio com o índice de refração da lente. Mais adiante, no
item 10, estudaremos essa propriedade. Por ora, vamos
adiantar que uma lente de vidro ou de acrílico, no ar ou
no vácuo, cujo índice de refração é o menor de todos os
meios (vale 1), tem o seguinte comportamento:
• Lentes de bordas finas comportam-se como lentes
convergentes.
• Lentes de bordas espessas comportam-se como len-
tes divergentes.
uma aplicação extremamente útil no nosso cotidiano
são as lentes dos óculos, como as da figura 5: lentes de
bordas finas, convergentes. Figura 5. Lentes em um par de óculos.

As lentes delgadas

iLustrAções: zAPt
O traçado de um raio de luz ao atravessar uma lente
espessa é bastante complicado; há uma refração na face
de incidência e outra refração na face de saída do raio de
e. p. e. p.
luz. isso acaba desviando o trajeto da luz e provocando
algumas aberrações (borrões) nas imagens dos objetos.
Os físicos descobriram, experimentalmente, que as len-
tes delgadas, ou seja, de pequena espessura, atenuavam (a) Símbolo da lente con- (b) Convergência do raio
bastante essa aberração. Desse modo, passaremos a usar vergente. refratado.
em nosso curso as lentes delgadas. Figura 6. Lente convergente.
Para representar as lentes delgadas usaremos uma figura
alongada ou então um símbolo já consagrado: um segmen-
to de reta com seta dupla em oposição, ou seja, setas em
sentidos opostos, cada uma em um extremo do segmento.
• As lentes convergentes serão representadas tal e. p. e. p.
como se indica na figura 6, simbolizando uma lente
de borda fina.
• As lentes divergentes serão representadas tal como (a) Símbolo da lente divergente. (b) Divergência do raio
se indica na figura 7, simbolizando uma lente de refratado.
borda espessa. Figura 7. Lente divergente.

Lentes esféricas 301


exemplo 1

As três lentes delgadas, de bordas finas (figuras 8a, 8b e 8c), são de vidro ou de acrílico e, no ar, comportam-se como
convergentes. O símbolo usado para representar qualquer uma das três é a seta dupla alongada (fig. 8d), simbolizando a

iLustrAções: zAPt
borda fina e o fato de se tratar de uma figura delgada.

(a) Lente biconvexa. (b) Lente plano-convexa. (c) Lente côncavo-convexa. (d) Símbolo da lente
convergente.
Figura 8. Lentes de bordas finas, no ar, são convergentes.

exemplo 2

As três lentes delgadas, de bordas grossas (figuras 9a, 9b e 9c), são de vidro ou de acrílico e, no ar,
comportam-se como divergentes. O símbolo usado para representar qualquer uma das três é a seta dupla
invertida e alongada (fig. 9d), simbolizando a borda grossa e o fato de se tratar de uma figura delgada.

(a) Lente bicôncava. (b) Lente plano-côncava. (c) Lente convexo-côncava. (d) Símbolo da lente di-
vergente.
Figura 9. Lentes de bordas grossas, no ar, são divergentes.

exercícios de Aplicação

1. Uma lente esférica tem uma face convexa de raio que todas as lentes de bordas finas têm nome
de curvatura R1 = 15 cm e uma face côncava de terminando pela palavra convexa.
raio de curvatura R2 = 25 cm. Ela é de acrílico e S2 S1
o índice de refração é igual a 2,0.
R1
a) Faça um esboço de sua secção transversal. C2 C1
Qual é o seu nome?
R2
b) Qual é o seu comportamento óptico no ar?
Resolução:
a) A face convexa S1 tem menor raio que a face
côncava S2. Cita-se, em primeiro lugar, a face de b) As lentes de bordas finas no ar sempre têm
maior raio de curvatura (S2). Portanto, a comportamento convergente, pois seu índice
lente chama-se côncavo-convexa. Observe de refração certamente é maior que o do ar.

302 Capítulo 12
2. Tem-se uma lente esférica cuja face convexa tem
raio de curvatura R1 = 8,0 cm, enquanto a face
côncava tem raio de curvatura R2 = 6,0 cm.
a) Qual é o seu nome?
b) Desenhe sua secção transversal.
c) Qual é o seu comportamento no ar?

3. Dê o nome de cada uma das lentes representadas Sabendo que a lente possui duas faces circulares
nas figuras abaixo. A seguir, indique o comporta- de mesmo raio, a lente no interior da caixa é:
mento óptico de cada uma delas quando usadas a) biconvexa. c) convexo-côncava.
em óculos para míopes ou hipermetropes.
b) bicôncava. d) côncavo-convexa.
a) c)

iLustrAções: zAPt
Resolução:
A lente no interior da
caixa é divergente. Assim,
concluímos que suas bor-
das são espessas. Como os
raios de curvatura das duas
faces são iguais, a lente é
Lente bicôncava
bicôncava e simétrica. simétrica (faces
b) d)
Resposta b. iguais).

5. Um feixe de luz paralelo penetra em uma caixa oca e


sai da maneira mostrada na figura. Entre os elemen-
tos ópticos a seguir, qual poderia estar na caixa?
ar

4. No interior de uma caixa preta há uma lente a) Lente convergente.


esférica. Para descobrir qual é o tipo de lente,
foram feitos dois orifícios circulares na caixa: um b) Lente divergente.
deles na sua face esquerda e o outro na sua face c) Lente de faces paralelas.
direita. Através deles um aluno fez passar um d) Espelho convexo.
feixe de luz e obteve o resultado da figura. e) Espelho plano.

exercícios de reforço

6. Sabemos que as pessoas que têm miopia necessitam d) e)


usar óculos com lentes divergentes e as que têm
hipermetropia, lentes convergentes. Considere as
lentes da figura. Quais são indicadas para um míope?

a) b) c)

L4 L5

7. (F. U. Itaúna-MG) Um feixe de luz paralelo penetra


num orifício de uma caixa oca, saindo por outro
L1 L2 L3 orifício da maneira mostrada na figura a seguir.

Lentes esféricas 303


iLustrAções: zAPt
No meio da caixa, há um dos 5 elementos ópticos
a seguir:

3. Lente de 4. Espelho 5. Espelho


faces paralelas convexo plano

Sabendo-se que o elemento é colocado da manei-


ra mostrada, no meio da caixa, onde existe ar, o
elemento óptico usado é:
1. Lente convergente 2. Lente divergente a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

4. centro óptico de uma lente delgada


nas lentes esféricas usuais, os vértices V1 e V2 ficam muito próximos um do outro.
nas lentes bicôncavas, são quase coincidentes. O ponto médio (O) do segmento V1V2 é
denominado centro geométrico da lente. Quando definimos a lente esférica delgada,
impusemos a condição de ela ter espessura desprezível, isto é, seus vértices V1 e V2
teoricamente coincidirem. Consequentemente, o centro geométrico também é coinci-
dente com V1 e V2. A esse ponto comum nas lentes delgadas, chamaremos de centro
óptico (fig. 10).

V1 O V2 e. p. V1 O V2 e. p.

(a) Lente biconvexa. (b) Lente bicôncava.

O ≡ V1 ≡ V2 O ≡ V1 ≡ V2
e. p. e. p.

(c) Lente convergente. (d) Lente divergente.

Figura 10. desvio δ

um raio de luz, ao atravessar uma lente qualquer pelo seu centro geométrico,
sofre um desvio lateral δ. no entanto, se a lente for delgada, esse desvio será tão Figura 11. Pequeno desvio do
pequeno que poderemos desprezá-lo. trajeto do raio de luz. Figura
Veja a representação desse desvio na figura 11. fora de escala.

304 Capítulo 12
usando-se as lentes delgadas o desvio é praticamente nulo. temos:

iLustrAções: zAPt
(a) (b)

O e. p. O e. p.

Figura 12. Raios de luz que atravessam a lente delgada pelo centro óptico O.

Podemos enunciar então a seguinte propriedade, válida para as lentes delgadas:

Todo raio de luz que incide na lente delgada, passando pelo seu
centro óptico O, consegue atravessá-la sem sofrer nenhum desvio.

5. Focos de uma lente esférica delgada

o foco da lente convergente


Consideremos uma lente delgada convergen-
te. se fizermos incidir nela um feixe de luz estrei-
to, constituído de raios paralelos ao eixo principal F' F
e muito próximos dele, após a refração, todos os e. p. e. p.

raios emergentes convergirão para um mesmo


ponto F', denominado foco da lente. esses raios
paralelos e próximos do eixo principal são denomi-
nados paraxiais (fig. 13). Figura 13. F ' é um dos focos da Figura 14. F é o outro foco da
lente convergente. Ele se en- lente.
repetindo a experiência anterior, agora fazen-
contra sobre o eixo principal.
do a luz incidir na lente pelo outro lado, isto é, da
direita para a esquerda, como ilustra a figura 14,
notaremos que a luz refratada converge para um
ponto F, sobre o eixo principal, revelando, assim, a
existência de um segundo foco.

os focos da lente divergente


Vamos repetir o experimento anterior, agora
usando uma lente divergente. Fazendo incidir so- (a) (b)
bre ela um estreito feixe cilíndrico de luz, consti-
tuído de raios paralelos ao eixo principal e muito
próximos deste (paraxiais), os respectivos raios F' F F' F
emergentes terão prolongamento passando por
um único ponto F'. esse ponto é um dos focos da
lente divergente e sua natureza é virtual (fig. 15a).
se fizermos o mesmo do outro lado da lente, ob-
teremos o outro foco F (fig. 15b). Figura 15. Os focos da lente divergente.

Lentes esféricas 305


Distância focal

iLustrAções: zAPt
Os dois focos encontrados são simétricos em rela-
ção ao centro óptico da lente. A distância do foco ao F O F' F' O F

centro óptico denomina-se distância focal e será indi- f f f f


cada por f. essa propriedade vale para as duas lentes,
convergente e divergente.
Figura 16. A distância fo- Figura 17. A distância fo-
cal da lente convergente. cal da lente divergente.
os pontos antiprincipais
Considere um ponto objeto A sobre o eixo de uma lente delgada, tal que sua posi-
ção dista do centro óptico o dobro da distância focal, 2f. sua imagem, A', coinciden-
temente também dista do centro óptico 2f, estando situada do lado oposto da lente.
essa propriedade de simetria entre A e A' somente acontece para essa posição. nós a
demonstraremos mais adiante no item 8, quando estudarmos o foco secundário, ou
ainda no item 9, quando estudarmos a equação de Gauss.

A F O F' A' A' F' O F A

f f f f f f f f

Figura 18. Pontos antiprincipais da lente convergente: Figura 19. Pontos antiprincipais da lente divergente:
A é ponto objeto real; A' é ponto imagem real. A é ponto objeto virtual; A' é ponto imagem virtual.

6. resumo das propriedades geométricas


A seguir vamos resumir as propriedades mais importantes das lentes delgadas e as-
sim definir também os raios notáveis, tal como fizemos com o espelho esférico.

RI RI
Todo raio de luz incidente (RI) que atravessa a lente,
passando pelo seu centro óptico, prossegue sem desvio F F' F' F
como raio emergente (RE) (figuras 20a e 20b). O O

RE RE

(a) Lente convergente. (b) Lente divergente.


Figura 20.

Todo raio de luz que incide (RI) na lente, paralelamente RE


ao eixo principal, emerge da lente como raio emergente RI RI
F F' F' F
(RE), passando, efetivamente (fig. 21a) ou por meio do O
O
prolongamento (fig. 21b), por um foco principal. RE

(a) Lente convergente. (b) Lente divergente.


Figura 21.

306 Capítulo 12
iLustrAções: zAPt
Todo raio de luz que incide (RI) na lente, passando RI
por um foco, efetivamente (fig. 22a) ou por meio RE RE
do prolongamento (fig. 22b), emerge (RE) da lente F F' F' F
O O
paralelamente ao eixo principal. RI

(a) Lente convergente. (b) Lente divergente.


Figura 22.

7. Determinação de imagens
Para determinarmos a imagem de um objeto vamos proceder de modo análogo ao
que fizemos com os espelhos planos e esféricos: elaboraremos um método para deter-
minar a imagem de cada um de seus pontos e contornaremos a figura.

Determinação da imagem de um objeto puntiforme


A imagem de um objeto puntiforme será obtida com a mesma estratégia usada nos
espelhos esféricos: traçamos dois raios notáveis, e os respectivos raios emergentes da len-
te nos darão a imagem. inicialmente vamos determinar apenas a imagem de um ponto
objeto fora do eixo principal da lente. Mais adiante colocaremos o ponto objeto sobre o
eixo principal.

exemplo 3

Consideremos uma lente convergente e um ponto objeto lumino- (a)


so P colocado diante dela, fora do eixo principal, como nos mostra a
P
figura 23a. Para determinarmos a sua imagem, usaremos a seguinte
estratégia:
1. Traçamos um raio de luz, r1, partindo de P e incidindo na lente, A F O F' A'
paralelamente ao eixo principal. O raio emergente r1', refratado,
passará pelo foco F'.
2. Traçamos um segundo raio de luz, r2, partindo de P, passando pelo
foco F e incidindo na lente. O raio emergente r2', refratado, será (b)
paralelo ao eixo principal. r1
P
3. A intersecção dos dois raios emergentes nos dá o ponto P', imagem
r2
de P.
A F O F' A'
Observemos que o ponto P' é um ponto imagem real, pois foi de- r'2
terminado pela intersecção efetiva de dois raios de luz emergentes. Os P'
r'1
pontos imagens reais de uma lente situam-se do lado oposto ao da
incidência da luz. Numa linguagem mais clara: ficam atrás da lente. Figura 23.

Determinação da imagem de um pequeno objeto extenso


A imagem de um objeto em forma de um pequeno segmento de reta PQ, colocado
frontalmente a uma lente, será feita de um modo muito simples: basta determinarmos
a imagem de seus dois extremos, P'Q', como mostraremos no exemplo a seguir.

Lentes esféricas 307


exemplo 4

Consideremos uma lente convergente e um objeto luminoso

iLustrAções: zAPt
PQ colocado diante dela, como nos mostra a figura 24a. O segmen- (a)
to PQ é perpendicular ao eixo da lente e, ainda, a extremidade Q P

está sobre o seu eixo principal.


Para determinarmos a sua imagem, usaremos a seguinte es- AQ F O F' A'
tratégia:
1. Determinamos a imagem de P do mesmo modo como fizemos
no exemplo 3.
2. A imagem Q' está no eixo principal.
(b)
3. Como o segmento PQ é perpendicular ao eixo principal, sua
P r1
imagem P'Q' também será. Assim localizaremos Q'.
Observemos que o segmento P'Q' é uma imagem real, pois P ' Q'
foi determinado pela intersecção efetiva de dois raios de luz emer- A Q F O F' A'
r2
gentes. Além disso, a imagem está situada do lado oposto ao da r'2
P'
incidência da luz (atrás da lente). r'1

A imagem é invertida em relação ao objeto PQ e ampliada em Figura 24.


relação a ele.

exemplo 5

Consideremos uma lente divergente e um objeto luminoso PQ (a)


P
colocado diante dela, como nos mostra a figura 25a. O segmento
PQ é perpendicular ao eixo da lente e, ainda, a extremidade Q está
sobre o seu eixo principal.
A Q F O F' A'
De modo análogo ao que fizemos no exemplo 4, determinamos
a imagem P ' e, a seguir, traçamos uma perpendicular ao eixo e ob-
temos Q'. Devemos tomar cuidado ao traçarmos os raios na lente
divergente: os raios refratados afastam-se do eixo principal da lente.
Na figura 25b traçamos o raio r1 paralelo ao eixo e o raio r2
incidindo na lente através de seu centro óptico O e não sofrendo (b) r'1
r1
nenhum desvio ao refratar-se. P

Observemos que a imagem P'Q' é uma imagem virtual, por dois r2 P'
motivos: está à frente da lente e foi determinada pelo prolonga-
mento do raio emergente. A Q F Q' O F' A'
Convém notarmos também que, se mexermos na posição do
segmento PQ, afastando-o ou aproximando-o da lente, a sua ima-
r'2
gem continuará virtual e sempre menor do que PQ. Essa é uma
propriedade das lentes divergentes. Figura 25.

Conclusões:
1. Sendo o objeto extenso real, as lentes convergentes podem fornecer uma imagem conjugada real e invertida ou virtual e direita.
2. Sendo o objeto extenso e real, as lentes convergentes podem fornecer uma imagem ampliada ou reduzida.
3. Sendo o objeto real, as lentes divergentes sempre fornecem uma imagem conjugada virtual, direita e reduzida.

308 Capítulo 12
exercícios de Aplicação

8. Um objeto PQ é colocado frontalmente a uma 11. O objeto PQ dos exercícios anteriores foi trans-
lente convergente a uma distância maior que ladado até o foco F. Onde está a sua imagem?
2f do seu centro óptico, ou seja, aquém do Comente.
ponto antiprincipal A. Obtenha a imagem P'Q' e,
Resolução:
a seguir, classifique-a em relação à lente e em
relação ao objeto. Transladando o objeto PQ até o foco F, teremos
uma indeterminação da imagem, como nos mos-
Resolução: tra a figura abaixo.

Basta seguirmos a mesma estratégia do Exemplo


P
4: determinamos a imagem P ' usando dois raios
notáveis. A seguir, traçamos uma perpendicu- F'

lar ao eixo principal, passando por P ', e vamos Q≡F O


encontrar o ponto imagem Q' no eixo da lente. P'∞
A figura abaixo esclarece o método empregado. iLustrAções: zAPt

P
Os raios emergentes tornam-se paralelos e não se
encontram. Costuma-se dizer que a imagem de
PQ foi para o infinito. Também se usa a nomen-
O F' Q' A' clatura "imagem imprópria" para designar que ela
Q A F está no infinito.
P'

12. Com uma vela acesa e uma lente convergente, de


Observamos então que a sua correspondente distância focal f, projetamos a imagem da chama
imagem P'Q' cairá entre o foco F ' e o ponto anti- de uma vela sobre a parede. Estando a imagem
principal A', porém será invertida e de tamanho nítida, pode-se afirmar que:
menor que o do objeto. a) ela é real, direita e a vela estava entre o foco
e o ponto antiprincipal da lente.
9. Na figura dada temos um objeto extenso PQ colo- b) ela é real, invertida e a vela estava sobre o
cado frontalmente a uma lente convergente e de foco da lente.
tal modo que a extremidade Q está sobre o ponto c) ela é virtual, direita e a vela estava no ponto
antiprincipal A, e o segmento PQ é perpendicular antiprincipal da lente.
ao eixo principal. d) ela é real, invertida e a vela estava a uma dis-
tância maior que a distância focal f da lente.
P e) ela é virtual, direita e a vela estava a uma dis-
tância menor que a distância focal f da lente.
A
Q F O F' A'
13. Com um palito de fósforo aceso e uma lente con-
2f vergente, projetamos numa parede a imagem de
sua chama, e esta ficou do mesmo tamanho que
a chama real. Sendo A e A' os pontos antiprinci-
a) Determine graficamente a imagem P'Q'. pais e F e F ' os dois focos, podemos afirmar que a
b) Classifique-a em real ou virtual; direita ou chama real estava exatamente:
invertida.
a) no ponto antiprincipal objeto, A, da lente.
c) Compare os tamanhos do objeto e da imagem.
b) no foco objeto, F, da lente.
10. Use a figura obtida no exercício 9 e demonstre c) no ponto médio do segmento AF.
mais uma vez que os pontos antiprincipais A e A' d) no ponto médio do segmento AO.
são simétricos em relação à lente. e) fora do segmento AF.

Lentes esféricas 309


14. Considere um objeto luminoso extenso PQ dispos- • e. p.: eixo principal de uma lente delgada L;
to obliquamente ao eixo principal de uma lente • o: objeto real;
delgada convergente. Determine sua correspon- • i: imagem real conjugada do objeto pela lente L.
dente imagem P'Q'. Obtenha graficamente:
a) o centro óptico O;

iLustrAções: zAPt
P
b) os focos principais;
c) o tipo de lente.
Q
F' e. p.
Resolução:
F O Q'
a) Unindo P e P ', obtemos o centro óptico O (fig. a).
P
Resolução:

Devemos determinar a imagem de cada ponto o


objeto, conforme vimos na teoria. Usaremos,
O e. p.
então, dois raios de luz notáveis saindo de cada
ponto objeto, P e Q:
i
• um raio paralelo ao eixo principal, que, refra-
tado, passará pelo foco F ';
• um raio passando diretamente pelo centro Figura a. P'
óptico da lente (O), que, ao atravessá-la, não b) Uma vez obtida a posição correta da lente,
sofrerá nenhum desvio. fazemos incidir nela um raio de luz paralelo ao
eixo principal, saindo de P. Ele emerge da lente
P passando pelo ponto imagem P ' e, ao cruzar o
eixo principal, determina o foco F '. De maneira
Q inversa, determinamos o foco F. Devemos levar
F' e. p.
em conta, ainda, que F e F ' são simétricos em
F O
Q' relação ao centro óptico O da lente L. (fig. b).
L
P

P' o
15. Usando uma lente convergente de distância focal O F' e. p.
f, queremos obter a imagem de um triângulo F
isósceles ABC, em que o lado BC é paralelo ao i
eixo principal e, ainda, a medida dos lados do
triângulo é menor que f.
P'
Figura b.
B C
c) A lente é convergente, pois seus dois focos
e. p. principais são reais. Além disso, o raio que
A F O F' A' nela incidiu, paralelamente ao eixo principal,
2f emergiu convergindo para esse eixo (fig. b).

17. Nas figuras a seguir estão representados objetos


16. Na figura estão representados: reais e imagens reais conjugadas por lentes del-
gadas.
P P

o o
Q'
e. p. e. p.
Q
i
i

P' P'
Figura a. |i| > |o|

310 Capítulo 12
P

zAPt
Copie cada uma das figuras e determine grafica-
mente:
o a) o centro óptico O;
b) os focos principais F e F ';
Q'
e. p. c) o tipo de lente (convergente ou divergente).
Q

Figura b. |i| = |o| P'

exercícios de reforço

18. Com o uso de uma lupa conseguimos ler aquelas d) A e F e que a lente é convergente. A imagem
letras miudinhas das bulas dos remédios e dos é real, ampliada e invertida, porém a película
dicionários. é colocada de ponta-cabeça.
e) A e F e que a lente é divergente. A imagem é
CristinA XAVier real, ampliada e invertida, porém a película é
colocada de ponta-cabeça.

20. (Cesgranrio-RJ) Um estudante deseja queimar


uma folha de papel, no menor tempo possível,
usando os raios solares e uma lente convergente
de distância focal f. Para tanto, ele deverá manter
a folha de papel num plano perpendicular ao eixo
óptico da lente, a uma distância desta igual a:
Qual é a lente usada na lupa?
a) divergente (biconvexa) a) 0,5f d) 2,0f
b) convergente (biconvexa) b) 1,0f e) 2,5f
c) divergente (bicôncava) c) 1,5f
d) convergente (bicôncava)
e) convergente (convexo-côncava) 21. Diante de uma lente convergente colocou-se uma
seta luminosa vermelha de ponta-cabeça; seu
19. Nos projetores cinematográficos a película é colo- comprimento é 20 cm e a distância à lente, 40 cm.
cada antes de uma lente. Uma vez iluminada, tem- Os focos da lente são F e F '.
se a imagem projetada ampliada.

zAPt
eDuArDO sAntALiestrA

F' O F

Determine, graficamente, a imagem da seta e


Pode-se concluir que a película está passando
responda:
entre os pontos:
a) Qual é o comprimento da imagem da seta?
a) F e O e que a lente é divergente, pois a ima-
gem não está invertida. b) Relativamente à seta objeto, a imagem é
b) A e F e que a lente é divergente, pois a ima- invertida ou direita?
gem não está invertida. c) A imagem é real ou virtual?
c) F e O e que a lente é convergente, pois a ima- d) Se transladarmos a seta para o ponto F, onde
gem não está invertida. vai parar a imagem?

Lentes esféricas 311


22. (UF-PE) A figura a seguir representa uma lente
delgada convergente. O ponto O é o centro óptico,
F é o foco principal objeto, f é a distância focal
O
e A é o ponto antiprincipal, que dista em relação
ao centro óptico 2f. F1 F2

iLustrAções: zAPt
e. p.
A F O F' A' Nessas condições, a imagem do objeto fornecida
f pela lente é:
a) real, invertida e menor que o objeto.
Em referência ao posicionamento do objeto e à
respectiva imagem, analise as proposições que b) real, invertida e maior que o objeto.
se seguem. c) real, direita e maior que o objeto.
(1) Quando a distância do objeto ao centro óptico d) virtual, direita e menor que o objeto.
é maior que o dobro da distância focal, a ima- e) virtual, direita e maior que o objeto.
gem obtida é real, invertida e menor.
(2) Quando o objeto se encontra sobre o ponto 24. (Unifor-CE) No esquema, L representa uma lente
antiprincipal, a imagem é real, invertida e de delgada convergente e as setas 1, 2, 3 e 4 repre-
mesmo tamanho. sentam possíveis objetos e imagens.
(3) Quando a imagem é real, invertida e menor, o
objeto encontra-se entre A e F.
(4) Quando o objeto encontra-se entre o foco e o
centro óptico, a imagem é real, direita e maior. 2 3 4
(5) Quando a imagem é imprópria, o objeto encon-
1
tra-se na metade do ponto antiprincipal.
A soma dos números entre parênteses que corres-
pondem aos itens errados é igual a:
L
a) 15 c) 6 e) 4
b) 7 d) 8 As setas que podem representar um par conjuga-
do de objeto e respectiva imagem são:
23. (UF-RS) A figura a seguir representa um objeto a) 1 e 2 d) 3 e 2
real O colocado diante de uma lente delgada de
vidro, com pontos focais F1 e F2. O sistema todo b) 1 e 4 e) 3 e 4
está imerso no ar. c) 2 e 4

8. Focos secundários de uma lente delgada


seja r uma reta qualquer que passa pelo centro óptico O da lente delgada, porém
que não contenha os centros de curvatura C1 e C2. Por definição, ela é chamada de eixo
secundário dessa lente (fig. 26a).
sejam π e π' dois planos perpendiculares ao eixo principal da lente e passando,
respectivamente, pelos focos F e F'. Por definição, eles são os planos focais dessa lente
delgada (fig. 26b).
As intersecções da reta r (eixo secundário) com cada um dos planos focais, π e π',
determinam dois focos secundários, Fs e F 's, respectivamente (fig. 26c).
Observemos, ainda, que r é uma das infinitas retas que passam pelo centro óptico
O, o que nos leva a concluir que podemos “escolher” infinitos eixos secundários para
uma mesma lente delgada.

312 Capítulo 12
L

iLustrAções: zAPt
L L
π π' π π'
Fs
F O F' F O F' e. p. F O F'
e. p. e. p.

F's
r

(a) Um eixo secundário (r). (b) Dois planos focais (π e π'). (c) Dois focos secundários (Fs e F 's).
Figura 26. Um eixo secundário e os dois focos secundários.

uma construção análoga poderá ser feita para uma lente divergente e resultarão
focos secundários virtuais. tanto para as lentes convergentes como para as divergentes,
os focos secundários, para um mesmo eixo secundário, serão simétricos em relação ao
centro óptico O da lente.
Consideremos uma lente convergente (LC) e façamos incidir nela um estreito feixe
de luz cilíndrico, cuja direção dos raios é oblíqua ao eixo principal da lente (fig. 27a). seja
r um conveniente eixo secundário traçado paralelamente à direção do feixe (fig. 27b)
e sejam Fs e F 's os dois focos secundários em r. Os respectivos raios de luz emergentes
convergirão para o foco secundário F 's (fig. 27c).

LC LC LC

π' π'
Fs Fs
F F'
e. p. e. p. e. p.
O F O F' F O F'
F's F's
π π
r r

(a) Um feixe cilíndrico de luz (b) r é um eixo secundário para- (c) A luz emergente converge
incidindo na lente convergente. lelo ao feixe cilíndrico incidente. para o foco secundário F s'.

Figura 27. Usando um eixo secundário e os respectivos focos secundários em uma lente convergente.

Consideremos novamente uma lente convergente e um eixo secundário r qual-


quer. Consideremos ainda um feixe de luz divergente com vértice no foco secundário
Fs e que incide na lente. seus raios emergirão da lente paralelamente ao eixo secun-
dário r (fig. 28).
π

F O F'
e. p.

Fs

Figura 28. Feixe de luz com vértice em Fs emerge pa-


ralelamente ao eixo secundário r.
se repetirmos o experimento anterior para uma lente divergente, obteremos um
resultado análogo.

Lentes esféricas 313


Aplicação do foco secundário
Quando se pretende determinar a imagem de um objeto puntiforme que se encon-
tra sobre o eixo principal da lente, usamos o recurso do foco secundário. Vamos a um
exemplo.

exemplo 6

iLustrAções: zAPt
O ponto luminoso P encontra-se sobre o eixo principal da lente, (a)
como nos mostra a figura ao lado (fig. 29a). Pretendemos determi-
nar a posição de sua imagem P', a qual também se encontra sobre P
o eixo principal da lente. A F O F' A'
A estratégia é a seguinte (acompanhe pela figura 29b):
• Partindo de P desenhamos um raio de luz r incidente na lente;
• Desenhamos o plano focal π', passando pelo foco F'; (b) π'
eixo secund‡rio
• Pelo centro óptico da lente desenhamos um eixo secundá- r F's
rio (e. s.) paralelo ao raio incidente e na intersecção com o P P'
plano focal π' obtemos o foco secundário F 's; A F O F' A'
r'

• O raio refratado r' passará necessariamente pelo foco se-


cundário F 's e interceptará o eixo principal da lente no pon-
to imagem P' procurado. Figura 29.

exemplo 7

Vamos provar que os pontos antiprincipais, A e A', de uma π'


lente convergente são simétricos em relação à lente. eixo secundário
B
r Fs
Consideremos a figura 30, na qual temos o ponto antiprincipal
a
A, disposto sobre o eixo da lente tal que: α α b A'
A f F' f O f F x
AO = 2 · FO = 2f (por definição) r'

Vamos determinar a posição da imagem A' e provar que este


ponto é simétrico ao ponto A em relação à lente.
Usaremos a estratégia do exemplo 6 para obtermos a imagem
Figura 30.
A, como nos mostra a figura 30.
Pela figura, verificamos que a posição do ponto A' está determinada, estando ele distante do centro em (x + f).
Observemos os triângulos AOB e OFFs: eles são semelhantes, pois o eixo secundário é paralelo à hipotenusa de AOB. Pode-
se escrever a relação de semelhança:
a 2f a 2
= ⇒ =
b f b 1
Por outro lado, os triângulos OBA' e A'FFs também são semelhantes e pode-se escrever a relação:
a (f + x) 2 (f + x)
= ⇒ = ⇒ 2x = f + x ⇒ x = f
b x 1 x
Conclusão: A distância de A' ao centro óptico também vale 2f e podemos concluir que A e A' são simétricos em relação
à lente, como havíamos dito no item 5.
Observação: Para uma lente divergente a demonstração é análoga.

314 Capítulo 12
exercícios de Aplicação

25. Toda lente delgada possui dois pontos antiprinci- O raio emergente 3 não sofrerá desvio.
pais, A e A', situados sobre o seu eixo, simétricos O raio emergente 4 será determinado com o
em relação à lente e posicionados à distância recurso de um foco secundário, como mostra a
2f do centro óptico. Nas figuras a e b temos os figura a seguir.
pontos antiprincipais das lentes convergente e O ponto P tem duas propriedades: ele é um foco
divergente. secundário e, ao mesmo tempo, é a imagem de

iLustrAções: zAPt
um objeto impróprio, isto é, situado no infinito.
A F F' A'
O plano focal

2f 2f 4
3
Figura a. Pontos antiprincipais da lente convergente. P
2
A é o ponto objeto e A', o ponto imagem. A F O F'
1 A' 1
A' F' F A 2
O 3
2f 2f 4
Figura b. Pontos antiprincipais da lente divergente.
A é o ponto objeto e A', o ponto imagem.
27. A figura representa
Analise cada uma das afirmativas e assinale falsa uma lente delga- 1
ou verdadeira: da convergente e 2
I. Na lente convergente, se colocarmos um objeto dois raios paralelos
luminoso em A, a respectiva imagem formar-se-á incidentes sobre F F'
em A'. ela. Obtenha os O
II. Na lente convergente, se um raio de luz sair respectivos raios
de A e incidir na lente, o respectivo raio refra- emergentes.
tado emergente da lente incidirá em A'. Resolução:
III. Na lente divergente, se um raio de luz sair de Nesse caso, devemos fazer uso de um eixo secun-
A e incidir na lente, o respectivo raio refrata- dário, paralelo aos raios, e do respectivo foco
do emergente da lente incidirá em A'. secundário F s', conforme a figura a seguir.
IV. Na lente divergente, o ponto A é objeto virtual Os raios emergentes passam pelo foco secundá-
e A' é imagem virtual. rio F s'.
V. Todo raio de luz que incidir na lente parale-
plano
lamente ao eixo principal sofrerá refração e 1 focal
passará pelo ponto A'. 2

26. Dada uma lente delgada convergente, esboce a


trajetória dos raios refratados 1 , 2 , 3 e 4 . F F'
A seguir, responda: os raios emergentes passam O
F's eixo secundário
todos por um mesmo ponto P. Qual é esse ponto? paralelo aos
raios 1 e 2

28. Na figura temos uma lente delgada, divergente,


A F O F' e três raios de luz notáveis incidindo sobre ela.
1 A' Construa os respectivos raios refratados pela lente.
2
3

Resolução: A' F' F A


O
O raio emergente 1 incidirá no ponto antiprin-
cipal imagem A'.
O raio emergente 2 será paralelo ao eixo principal.

Lentes esféricas 315


29. Determine a imagem do segmento de reta PQ Ao incidirem na lente produzirão raios refra-
deitado sobre o eixo de uma lente convergente, tados paralelos ao eixo secundário.
como nos mostra a figura. O ponto antiprincipal A 4o. A intersecção dos raios refratados com o eixo
é o ponto médio do segmento PQ. principal nos dará, respectivamente, os pon-
tos P' e Q'.

iLustrAções: zAPt
a) Pela figura se percebe que P'A' < A'Q'.
P A Q F F' A' Portanto, A' não é o ponto médio de P'Q'.
b) A imagem P'Q' foi ampliada devido à proximi-
dade de Q com o foco F da lente.
c) Não houve inversão da imagem, ou seja, P'Q' é
Uma vez obtida a imagem P'Q', responda:
direita em relação ao segmento objeto PQ.
a) O ponto imagem antiprincipal A' é o ponto
médio do segmento P'Q'? 30. Uma formiguinha passeia no eixo principal de
b) A imagem P'Q' é maior ou menor que o objeto PQ? uma lente convergente, partindo do ponto anti-
principal A e indo até um ponto B, à esquerda de
c) Relativamente ao segmento objeto PQ, a ima-
A, como mostra a figura a seguir. O seu movimen-
gem P'Q' está invertida ou direita?
to é retilíneo e uniforme.
Resolu•‹o:
Vamos fazer uso do foco secundário para determi-
nar a posição de P' e de Q'.
π
e. s. B A F F' A'

P A Q F F' P' Q'


Fs A'

Analise cada uma das afirmativas e indique quais


são as verdadeiras:

1o. Desenhamos um eixo secundário com uma I. A imagem da formiguinha se desloca da


inclinação qualquer para servir de direção dos esquerda para a direita.
raios refratados. II. O movimento da sua imagem é retilíneo e
2o. Desenhamos o plano focal π que será inter- uniforme.
ceptado pelo eixo secundário anterior e vai III. A distância percorrida pela imagem é menor que
determinar o foco secundário Fs. a distância percorrida pela formiguinha objeto.
3 Dois raios de luz saem de P e de Q incidindo na
o.
IV. Durante a sua caminhada pelo segmento AB, em
lente, porém passando pelo foco secundário. nenhum instante a sua imagem desapareceu.

exercícios de reforço

31. (Fuvest-SP) Na figura estão representados uma lente 32. Obtenha graficamente a imagem do ponto P,
delgada convergente e três raios paralelos inciden- situado no ponto médio do segmento FO da lente
tes. Complete a trajetória dos raios luminosos. convergente da figura. Use as técnicas do eixo
secundário e do foco secundário.

F P F'
O foco O

316 Capítulo 12
33. Na figura temos uma lente convergente onde 34. (Fuvest-SP) A figura representa, na linguagem da
estão representados os seus focos F e F', os pontos óptica geométrica, uma lente L de eixo E e centro
antiprincipais e um quadrado ABDC, com o vérti- C, um objeto O com extremidades A e B, e sua
ce A sobre o ponto antiprincipal objeto. imagem I com extremidades A' e B'. Suponha que
a lente L seja girada de um ângulo α em torno de

iLustrAções: zAPt
um eixo perpendicular ao plano do papel e fique
D
na posição L* indicada na figura. Responda as
questões, na figura, utilizando os procedimentos
C e as aproximações da óptica geométrica. Faça
B as construções auxiliares a lápis e apresente o
O F' A'
A F e. p. resultado final utilizando caneta.
f f f f
L* L

α
A
O C
B'
a) Na figura desenhe um raio de luz r1 que passe B I
E
por A e por B e incida na lente. Desenhe tam-
bém r'1, o correspondente raio refratado. Use A'
um eixo secundário paralelo ao raio r1; trace o
plano focal π' que passa em F' e use o conceito
de foco secundário.
b) Desenhe também um raio r2 que emana de D
para B e refrata-se na lente. Desenhe também a) Indique com a letra F as posições dos focos da
o raio r'2, refratado de r2. Use o mesmo plano lente L.
focal π' e obtenha outro foco secundário. b) Represente, na mesma figura, a nova imagem
c) Complete sua figura obtendo a imagem do I* do objeto O, gerada pela lente L*, assina-
quadrado, conjugada pela lente. lando os extremos de I* por A* e por B*.

9. estudo analítico das imagens nas lentes

o referencial de Gauss
É muito útil adotarmos, para as lentes, um sistema de referência a fim de determinar
a posição do objeto e de sua correspondente imagem. Para isso, vamos fixar um eixo
de abscissas.
em nosso estudo analítico usaremos o referencial de Gauss (fig. 31), o qual é cons-
tituído de dois eixos distintos: um para abscissas do objeto (Ox) e outro para abscissas
da imagem (Ox'). Há ainda um terceiro eixo, de ordenadas (Oy).
(a) (b) (c)
y (ordenadas)

luz luz luz luz


O O O
x (abscissa x' (abscissa x x'
de objeto) de imagem)

lado frontal lado de tr‡s


Figura 31.

Lentes esféricas 317


Orientação dos eixos:
• O eixo das abscissas para os objetos Ox tem orientação contrária ao da luz inci-
dente (fig. 31a).
• O eixo das abscissas para as imagens Ox' tem orientação no mesmo sentido da
luz incidente (fig. 31b).
• O eixo das ordenadas Oy é comum para os objetos e para as imagens. sua orien-
tação é tradicionalmente para cima, como se mostra na figura 31c.

exemplo 8

Na figura 32 temos um objeto extenso, perpendicular ao eixo principal da lente esférica, posicionado na abscissa
x = +60 cm e a sua respectiva imagem posicionada na abscissa x' = +30 cm. O objeto tem altura de 6,0 cm e a imagem
tem altura de 3,0 cm. Observe que a imagem é real, pois está no lado de trás da lente, e é invertida em relação à posição
do objeto. A extremidade P tem ordenada y = +6,0 cm e sua imagem P ' tem ordenada y' = –3,0 cm.

P y (cm)

iLustrAções: zAPt
y = +6,0 lado de trás

x (cm) (+30) x' (cm)


(+60) O
lado frontal y' = –3,0

P'

Figura 32.

Lentes convergentes
nas lentes convergentes tanto o foco objeto como o foco ima- (f > 0) (f > 0)
gem são reais. Dessa maneira, a distância focal é uma abscissa x x'
F O F'
positiva: foco foco
objeto imagem
f>0 real real

Figura 33. A lente convergente tem focos reais


e as abscissas focais são positivas (f > 0).
Lentes divergentes
nas lentes divergentes tanto o foco objeto como o foco ima-
gem são virtuais. Dessa maneira, a distância focal é uma abscissa (f < 0) O (f < 0)
x x'
negativa: F' F
foco foco
f<0 imagem objeto
virtual virtual

no item 10 deste capítulo será determinada uma relação entre Figura 34. A lente divergente tem focos virtuais e
a distância focal f e os raios de curvatura R1 e R2. as abscissas focais são negativas (f < 0).

318 Capítulo 12
Vergência da lente
A vergência da lente é, por definição, o inverso da distância focal. Vamos indicá-la
por V. Assim, teremos:
1
V=
f
A vergência é também conhecida como convergência da lente. A sua unidade é o
inverso do metro (m–1), também chamada de dioptria (di).

A unidade dioptria é conhecida como grau da lente.

Aumento linear transversal


tal qual fizemos nos espelhos esféricos, definimos aumento linear transversal
y
como sendo a razão ' e o indicaremos novamente por A:
y
y
A= '

iLustrAções: zAPt
y
(a)
se a imagem tiver a mesma orientação do objeto, como quando ambos são di-
reitos, o aumento linear transversal será positivo. esse caso acontece para objeto y'
y
real e imagem virtual (fig. 35a). x F O x'

A>0

se a imagem tiver orientação contrária à do objeto, como é o caso da imagem


(b)
invertida, então o aumento linear transversal será negativo. esse caso acontece
para objeto e imagem reais (fig. 35b). y
O F'
x F y' x'
A<0

Figura 35.
equação do aumento linear transversal
A equação do aumento linear transversal, tal qual nos espelhos esféricos, relacio-
na as abscissas do objeto (p) e da imagem (p') com as respectivas dimensões lineares.
na figura 36, os triângulos QPO e Q'P'O são semelhantes:
Q'P' OQ' –y' p
= ⇒ = '
QP OQ y p P
y' p' y
=– O F' Q'
y p
x Q F y' x'

sendo A o aumento linear transversal, temos: P'

y p'
A= ' =– Figura 36.
y p

equação das lentes delgadas (equação de Gauss)


tal como se deduziu para os espelhos esféricos, temos também aqui a mesma equa-
ção para as lentes delgadas, relacionando a distância focal f com as respectivas abscis-
sas de imagem p' e de objeto p:
1 = 1 + 1
f p p'

Lentes esféricas 319


Passemos à sua demonstração. Para tanto, usaremos a figura 37.

iLustrAções: zAPt
P
Os triângulos QPF e OiF são semelhantes e podemos escrever:
y F O F' Q'
OF Oi
= 1 Q y'
FQ QP
Mas: I P'
OF = f
Figura 37.
Oi = Q'P' = –y'
QP = y
FQ = p – f
então, a equação 1 fica:
f y' y' f obserVAção
=– ou, ainda, = 2
p–f y y f–p
no entanto, a equação do aumento linear transversal nos garante que: A equação 2
nos fornece uma
y' p'
=– quarta equação
y p
que poderá ser
Assim, a equação 2 se transforma em: útil em exercícios
p' f de ampliação de
– = imagens:
p f–p
y' f
– p'(f – p) = pf A= = 4
y f–p

– p'f + pp' = pf

pp' = p'f + pf

Dividindo cada monômio por (p · p' · f), vem:

1 = 1 + 1
3
f p p'
Procure No cD
As equações 2 e 3 são válidas apenas para lentes esféricas delgadas, sob as
condições de Gauss. Veja, no capítulo
As equações de lentes e de espelhos esféricos mostram, mais uma vez, o 12 do CD, o
comportamento análogo de ambos. texto Método
gráfico das
coordenadas, bem
no quadro a seguir e na figura 38, apresentamos um resumo da convenção de sinais como exercícios
para aplicação na equação do aumento linear e na equação de Gauss. relativos ao tema.

objeto real p>0


y
objeto virtual p<0 luz
lente delgada
p'
imagem real p' > 0 x y x'
imagem virtual p' < 0 y'
p

imagem direita y' > 0


imagem invertida y' < 0 Figura 38. Orientação dos eixos de
abscissas de objeto (Ox) e de ima-
lente convergente f>0 gem (Ox').
lente divergente f<0

320 Capítulo 12
exemplo 9

Na figura 39 estão ilustrados uma lente convergente, um objeto MN e sua respectiva imagem M'N'. No quadriculado,
cada quadradinho tem lado de 1 cm. y (cm)

iLustrAções: zAPt
Observemos o referencial de Gauss impresso sobre a lente.
M
Em primeiro lugar, vamos identificar as abscissas de objeto e
y F' N' A'
imagem, bem como sua altura.
x (cm) N A F O y' x' (cm)
• abscissa do objeto: p = +6 cm abscissa M' abscissa
do objeto da imagem
• abscissa da imagem: p' = +3 cm
1 cm
• altura do objeto (ordenada do ponto objeto M): y = +2 cm 1 cm
Figura 39.
• altura da imagem (ordenada do ponto imagem M'): y' = –1 cm
Vamos verificar o aumento linear transversal:
y' = –1
y 2
(Significa uma imagem invertida e com metade da altura do objeto, como se vê na figura.)
Agora, vamos verificar a distância focal f da lente:
1 = 1 + 1
f p p'
Substituindo os valores de p e p', temos:
1 = 1 + 1 ⇒ 1 = 1 + 2 ⇒ 1 = 3
f 6 3 f 6 6 f 6
Ou seja:
f = 6 ⇒ f = 2 cm
3
Observamos que esse resultado confere com a figura dada.

exercícios de Aplicação

35. Considere uma lente delgada cuja distância focal 1 = 1 1 1 1


+ ⇒ = 1 + ⇒ f = +4,0 cm
é f. No seu eixo principal é colocado um objeto f p p' f 6,0 12
puntiforme luminoso a 6,0 cm do centro óptico e Como obtivemos distância focal positiva, deduzi-
obtida uma imagem real a 12 cm do centro. mos que se trata de uma lente convergente.
Determine a distância focal da lente e a natureza
dela. 36. Um ponto objeto luminoso foi colocado sobre o
lente eixo de uma lente, a 18 cm do centro óptico. Sua
imagem formou-se entre ele e o centro óptico,
x P O P' x'
exatamente no ponto médio dos dois. Determine:

6,0 cm 12 cm
a) A abscissa e a natureza dessa imagem;
b) A distância focal da lente e sua natureza.

37. Uma lente convergente de distância focal f pro-


Resolu•‹o: jeta sobre um anteparo a imagem de um objeto
luminoso pontual que se encontra sobre o seu
Apliquemos, inicialmente, a equação de Gauss,
eixo. Para que a imagem ficasse nítida, ela foi
lembrando que temos: colocada a uma distância 4f do anteparo. A dis-
p = +6,0 cm (objeto real, abscissa positiva) tância do objeto ao anteparo vale:
16f 5f 4f f
p' = +12 cm (imagem real, abscissa negativa) a) 5f b)
3
c)
3
d)
3
e)
3

Lentes esféricas 321


40. Usando as equações de Gauss para as lentes,
38. Uma lente delgada divergente, como sabemos, demonstre que os dois pontos antiprincipais são
conjuga sempre imagens virtuais para objetos
simétricos em relação à lente. Você deve partir da
reais. Na figura a seguir, o objeto frontal foi
posição do ponto antiprincipal objeto.
colocado a 40 cm da lente e a imagem “direita”
formou-se a 20 cm dela. 41. Um objeto extenso de altura 5,0 cm é colocado
frontalmente a uma lente convergente de distân-

zAPt
cia focal f = +8,0 cm. Sendo de 16 cm a distân-
cia do objeto à lente, determine:
a) a abscissa e a natureza da imagem;
b) a posição relativa da imagem em relação ao
objeto imagem O
objeto;
c) a altura da imagem e o aumento linear trans-
versal.
lente
divergente
Observação: identifique o local onde se colocou
o objeto e onde se formou a imagem.
Determine:
a) a distância focal da lente; 42. Queremos projetar a imagem de um slide sobre
b) o aumento linear transversal. uma tela de tal modo que obtenhamos uma
figura 100 vezes maior que a original. A tela foi
Resolução:
colocada a 5,0 m da lente. Determine:
a) Para calcular a distância focal da lente, fazemos:
a) o tipo de lente a usar;
p = +40 cm (objeto real, p > 0)
b) a distância do slide à lente.
p' = –20 cm (imagem virtual, p' < 0)
Resolução:
1 1 1 1 1 1
= + ⇒ = + ⇒
f p p' f +40 –20 a) Como vimos nos exemplos anteriores, bem
1 +1 – 2 –1 como no experimento em questão, a lente
⇒ = = ⇒ f = –40 cm adequada é a convergente. Somente ela pro-
f +40 40
Obtivemos uma distância focal negativa, pois duzirá, desse objeto real, uma imagem real a
a lente é divergente. ser projetada numa tela.
b) O aumento linear, neste exercício, fica assim: b) Para determinar a distância do objeto à
y' p' y' (–20) lente, usaremos a equação do aumento linear
A= =– p ⇒A= = – +40 ⇒
y y transversal. Antes, porém, lembremos que a
20 imagem real é invertida e o aumento linear
⇒A= ⇒ A = +1 transversal é negativo:
40 2
Obtivemos um aumento linear positivo, pois a A = –100
imagem é “direita”. O fato de o resultado ser A distância da tela à lente é a abscissa da
menor que 1 mostra que ela é reduzida. No caso, imagem:
tem metade do tamanho do objeto. p' = 5 cm
39. Uma lente produz uma imagem com um aumento A=
y' p' 5
= – p ⇒ –100 = – p ⇒ p = 0,05 m
1 y
linear transversal igual a + , desde que o objeto O slide deverá ser colocado a 0,05 m (ou
2
esteja colocado frontalmente a ela e a uma dis- 5,0 cm) da lente.
tância de 24 cm. Determine:
a) a abscissa da imagem e sua natureza; 43. Nos projetores de imagens em geral há uma
b) a posição relativa da imagem em relação ao ampliação da figura em algumas dezenas de
objeto; vezes. Na figura a seguir temos um projetor rudi-
c) a distância focal da lente e seu comportamen- mentar constituído por uma lâmpada e uma lente
to óptico. de aumento. O filme passa entre a lâmpada e a
Essa imagem poderia ser projetada num antepa- lente e a imagem é projetada sobre um anteparo
ro? Justifique. e ampliada em 120 vezes.

322 Capítulo 12
iLustrAções: zAPt
filme selo

lupa

Resolução:
Uma lupa de 5,0 dioptrias de vergência corres-
ponde à seguinte distância focal:
1 1 1,0 100
V= ⇒f= = m= cm ⇒ f = 20 cm
f V 5,0 5,0

6 cm 24 cm Se a pessoa enxerga nitidamente a 25 cm de dis-


tância do olho (no mínimo), então o selo deverá
Determine: ter imagem a 25 cm da lente, porém, será virtual
a) a distância do projetor à tela de projeção; (p' = –25 cm).
b) o tamanho do slide (quadrinho do filme) 1 1 1 1 1 1
= + ⇒ = + ⇒ p ≅ 11 cm
sabendo que o quadro projetado tem 4,80 m f p p' 20 p (–25)
por 3,60 m; O selo deverá ficar aproximadamente a 11 cm da
c) a distância focal da lente. lupa.

45. (UF-PE) Um objeto de altura h = 2,5 cm está loca-


44. Pessoas que não apresentam nenhuma deficiên- lizado a 4,0 cm de uma lente delgada de distância
cia em relação à acomodação visual são denomi- focal f = +8,0 cm. Determine a altura deste objeto,
nadas emetropes. A distância mínima de visão em cm, quando observado através da lente.
distinta (focalização) para o olho emetrope é de
a) 2,5 b) 3,0 c) 4,5 d) 5,0 e) 6,5
cerca de 25 cm. Assim, quando o emetrope olha
um selo de cartas através de uma lupa, a imagem observador
deve formar-se a 25 cm de distância do seu olho.
h
Usando uma lupa de 5,0 dioptrias, uma pessoa
emetrope pretende observar detalhes de um selo
4,0 cm
de cartas. Se ela encostar a lupa em seu olho, a
que distância deverá estar o selo?

exercícios de reforço

46. (Vunesp-SP) Sobre o eixo de uma lente conver- 47. (Cesgranrio-RJ) Um objeto real é colocado per-
gente, de distância focal 6,0 cm, encontra-se um pendicularmente ao eixo principal de uma lente
objeto, afastado 30 cm da lente. Nessas condi- convergente de distância focal f. Se o objeto está
ções, a distância da imagem à lente será: a uma distância 3f da lente, a distância entre o
a) 3,5 cm objeto e a imagem conjugada por essa lente é:

b) 4,5 cm a) f b) 3f c) 5f d) 7f e) 9f
2 2 2 2 2
c) 5,5 cm Sugestão: Considere que a imagem obtida é real e
d) 6,5 cm faça um esboço das posições do objeto e da imagem
e) 7,5 cm em seu caderno para avaliar a distância pedida.

Lentes esféricas 323


48. (Udesc-SC) Para projetar um filme sobre planeja- a) 20 vezes.
mento estratégico, na empresa em que trabalha, um b) 19 vezes.
engenheiro dispõe, no momento, de um velho proje-
c) 18 vezes.
tor, que aumenta os quadros do filme em 150 vezes.
A imagem formada sobre a tela, a 3,0 m da lente de d) 17 vezes.
projeção, deve ser superficialmente grande para que e) 16 vezes.
todos assistam ao filme com uma imagem nítida.
52. (Udesc-SC) Uma lente convergente de distância
a) A imagem formada deve ser direita ou inver- focal d é colocada entre um objeto e uma parede.
tida? Justifique sua resposta. Para que a imagem do objeto seja projetada na
b) Qual a distância focal da lente de projeção? parede com uma ampliação de 20 vezes, a distân-
cia entre a lente e a parede deve ser igual a:
49. (UF-PE) Usando uma lente biconvexa, queremos
formar a imagem de um objeto numa tela loca- a) 20 c) 19d e) 21
d d
lizada a 80 cm do objeto. O tamanho da imagem
b) 20d d) 21d
deve ser igual ao tamanho do objeto. Qual deverá
ser a distância focal da lente, em cm? 53. (UF-PE) Um anteparo é colocado a 90 cm de um
objeto, e uma lente situada entre eles projeta, no
50. (Unifesp-SP) Uma lente convergente pode servir anteparo, a imagem do objeto diminuída 2 vezes.
para formar uma imagem virtual, direita, maior Pode-se afirmar que:
e mais afastada do que o próprio objeto. Uma
lente empregada dessa maneira é chamada lupa, I. o objeto está posicionado a 60 cm do centro
e é utilizada para observar, com mais detalhes, óptico.
pequenos objetos ou superfícies. II. a distância focal da lente é de 20 cm.
Um perito criminal utiliza uma lupa de distân- III. a convergência da lente é de 5 dioptrias.
cia focal igual a 4,0 cm e fator de ampliação da IV. a imagem é real, invertida, menor e está posi-
imagem igual a 3,0 para analisar vestígios de cionada a 20 cm da lente.
adulteração de um dos números de série identifi- V. a imagem é virtual, invertida, menor e está
cador, de 0,7 cm de altura, tipado em um motor posicionada a 20 cm da lente.
de um automóvel.
Quais são as afirmativas verdadeiras?
zAPt

54. (Unesp-SP) Uma lupa utilizada para leitura é


2
2 confeccionada com uma lente delgada conver-
gente, caracterizada por uma distância focal f.
olho
Um objeto é colocado a uma distância 0,8f, medi-
lente da a partir da lente. Se uma letra de um texto
tem altura 1,6 mm, determine o tamanho da letra
a) A que distância do número tipado no motor o observado pelo leitor.
perito deve posicionar a lente para proceder
sua análise nas condições descritas? 55. Uma pessoa, desconhecedora das teorias da
Óptica Geométrica, resolveu fabricar uma lupa.
b) Em relação à lente, onde se forma a imagem
Erroneamente, usou uma lente bicôncava, cuja
do número analisado? Qual o tamanho da
distância focal era –f. Para testá-la, usou uma
imagem obtida?
régua de 20 cm e tentou focalizá-la. Ficou decep-
51. (UF-PB) Um projetor de slide é um dispositivo cionada com o que viu, pois:
bastante usado em salas de aula e/ou em con-
a) a imagem pareceu-lhe ter 15 cm de altura.
ferências, para projetar, sobre uma tela, imagens
ampliadas de objetos. Basicamente, um projetor b) cada centímetro da régua ficou reduzido a
é constituído por lentes convergentes. uma imagem de 1 mm.
c) cada milímetro da régua ficou ampliado em
Nesse sentido, considere um projetor formado por
uma imagem de 1 cm.
apenas uma lente convergente de distância focal
igual a 10 cm. Nesse contexto, a ampliação da d) a régua de 20 cm pareceu-lhe ter apenas 5 cm.
imagem projetada, em uma tela a 2 m de distân- e) cada centímetro da régua ficou reduzido a
cia do projetor, é de: uma imagem de 5 mm.

324 Capítulo 12
10. equação dos fabricantes de lentes
nos espelhos esféricos, a distância focal é igual à metade do raio de curvatura e não
depende do meio que os envolve. nas lentes esféricas delgadas, o cálculo da distância
Procure No cD
focal é um pouco mais complexo, pois ela depende:
• do material de que é feita a lente, ou seja, do seu índice de refração absoluto n2; Veja, no capítulo
12 do CD, a
• do meio que envolve a lente, ou seja, do seu índice de refração absoluto n1;
dedução da
• do raio de curvatura de cada uma de suas faces. Equação dos
fabricantes de
Pode-se demonstrar que a equação que nos dá o valor da distância focal é: lentes.

1 = n2 – 1 · 1 + 1
f n1 R1 R2 (equação dos fabricantes de lentes ou equação de Halley)

Para aplicar essa equação, existe uma convenção de


sinais para os raios das duas faces da lente, que é a se-
guinte:

iLustrAções: zAPt
face côncava
R>0
i. Faces convexas terão raio de curvatura positivo.
O O
ii. Faces côncavas terão raio de curvatura negativo. R<0
1
iii. Face plana: o termo tende a zero.
r face convexa
A figura 40 ilustra essa convenção. Figura 40. Convenção de sinais para os raios de face de uma lente.

Lentes de bordas finas


Há três tipos de lentes de bordas finas: biconvexa, pla-
no-convexa e côncavo-convexa. nas duas primeiras lentes
os raios de face são positivos, no entanto na terceira lente 2 face
convexa R1
temos que discutir os sinais dos raios, pois uma face é côn-
cava e a outra é convexa (fig. 41).
nesta o raio R2 da face convexa é positivo. O raio R1 R2
da face côncava é negativo, sendo que, em valor absolu- 1 face côncava
to, temos: |r1| > |r2|. então, a expressão:
Figura 41. Lente côncavo-convexa.
1 1
+ >0
r1 r2
evidentemente esse resultado positivo também vale para a lente biconvexa, na qual
os dois raios são positivos, e na plano-convexa, em que o único raio é também positivo.

Lentes de bordas espessas


Há também três tipos de lentes de bordas espessas: bicôncava, a qual possui os dois
raios de face negativos; plano-côncava, em que o único raio é negativo; e convexo-
côncava, que possui um raio negativo e o outro positivo.
De modo análogo se deduz que a expressão anterior é negativa:
1 1
+ <0
r1 r2

Lentes esféricas 325


Lentes imersas em meio menos refringente que o seu
material (n1 < n2)
Vamos considerar uma lente imersa num meio ambiente de menor índice de refra-
ção que o seu material e determinar o sinal de sua vergência e da distância focal.
A expressão que aparece na equação dos fabricantes, relativa aos índices de refra-
n
ção, é positiva, pois o termo 2 > 1. Portanto:
n1
n2
–1>0
n1
Vamos reescrever a equação dos fabricantes de lentes:
n 1 1
V= 2 –1 · +
n1 r1 r2
I II
sendo o termo i positivo, o sinal da vergência depende do sinal do termo ii , o
qual varia para cada tipo de lente:
1. Lentes de bordas finas: o termo ii é positivo e sua vergência é positiva. Por isso o
seu comportamento óptico é o de uma lente convergente.
2. Lentes de bordas espessas: o termo ii é negativo e sua vergência é negativa. Por
isso o seu comportamento óptico é divergente.

Lentes imersas em meio mais refringente que o seu


material (n1 > n2)
Vamos considerar uma lente imersa num meio ambiente de maior índice de refração
que o seu material e determinar o sinal de sua vergência e da distância focal.
A expressão que aparece na equação dos fabricantes de lentes, relativa aos índices
n
de refração, torna-se negativa, pois o termo 2 < 1.
n1
n2
–1<0
n1
sendo o termo i negativo, o sinal da vergência depende da combinação de sinais
com o termo ii :
1. Lentes de bordas finas: o termo ii é positivo e sua vergência é negativa. Por isso o
seu comportamento óptico é o de uma lente divergente.
2. Lentes de bordas espessas: o termo ii é negativo e sua vergência é positiva. Por
isso o seu comportamento óptico é convergente.
esse comportamento é justamente o inverso do primeiro, com o qual nos acostuma-
mos em nosso dia a dia. Vejamos o exemplo 10:

exemplo 10
zAPt

Uma lâmina de vidro apresentou um defeito em sua fabricação: apareceu uma bolha
de ar no seu interior, como nos mostra a figura 42. Pois bem, essa bolha se comporta como
uma lente de bordas finas, de índice de refração 1, imersa num vidro de índice de refração
certamente maior que 1. Ela se comporta como uma lente divergente. Fazendo com que um
feixe de luz monocromática de raios paralelos incida sobre ela, notaremos a divergência.
Figura 42. Uma bolha de ar
no interior do vidro.

326 Capítulo 12
Resumindo:
Nos meios menos refringentes que o do material da lente, aquelas que têm bordas finas se comportam
como convergentes e as que têm bordas espessas são divergentes.
Nos meios mais refringentes que o do material da lente, aquelas que têm bordas finas se comportam
como divergentes e as que têm bordas espessas são convergentes.

exercícios de Aplicação

56. Suponha que em uma lente delgada a face côn- e) divergente, divergente, divergente e conver-
cava tenha raio de valor absoluto |R1| = 10 cm gente.
e que a face convexa tenha raio de curvatura 58. Precisamos de uma lente convergente, para traba-
R2 = 20 cm. Suponha ainda que a lente tenha lhar mergulhada na água, que seja biconvexa e de
índice de refração absoluto n2 = 1,52 e que o faces simétricas (raios iguais). Sua vergência deve
ambiente seja o ar, n1 = 1,0. ser igual a 8,0 dioptrias, dentro da água. Determine
a) Determine a distância focal e a vergência da o raio de curvatura de suas faces, usando os seguin-
lente nesse meio. tes índices de refração:
b) Qual é o seu comportamento óptico? para a água: n1 = 1,4
Resolução: para o material da lente: n2 = 7,0
Resolução:
a) Face côncava: R1 = –10 cm (raio negativo)
Inicialmente se deve fazer uma figura, ilustrando
Face convexa: R2 = +20 cm (raio positivo)
o que se pretende obter.
1 n 1 1
= 2 –1 · +

zAPt
f n1 R1 R2
1 1,52 1 1 R
= –1 · +
f 1,0 –10 20 C1 C2
1 –1 –20 R
= +0,52 · ⇒f= ⇒ f ≅ –38,5 cm
f 20 0,52
A vergência é o valor do inverso da distância
focal. Agora vamos usar a equação dos fabricantes de
1 1
V= = ⇒ V = –2,60 di lentes:
f –0,385 m
n 1 1
b) Como a vergência e a distância focal são V= 2 –1 · +
n1 R R
negativas, a lente tem um comportamento
n 2
divergente nesse meio. V= 2 –1 ·
n1 R
57. Sobre a bancada do laboratório do colégio havia: Substituindo os valores dados:
um espelho côncavo, um espelho convexo, uma 2
8,0 = 7,0 – 1 ·
lente de bordas finas (convergente) e outra lente 1,4 R
de bordas espessas (divergente). Ambas as lentes 2 4,0 · 2
eram constituídas por um material de índice de 8,0 = (5,0 – 1) · ⇒ 8,0 = ⇒
R R
refração inferior ao da água. Mergulhamos os
⇒ 8,0 · R = 8,0 ⇒ R = 1,0 m
quatro instrumentos na água. O comportamento
de cada um foi, respectivamente: A unidade obtida para o raio é o metro, pois a
vergência está em dioptria, expressa em m–1.
a) divergente, convergente, divergente e conver-
gente. 59. Uma lente biconvexa, simétrica, é fabricada com
b) divergente, convergente, convergente e diver- um polímero cujo índice de refração vale n2 = 2,2.
gente. Estude o comportamento dessa lente quando
mergulhada nos seguintes meios:
c) convergente, divergente, divergente e conver-
gente. a) no ar, em que o índice de refração é n1 = 1,0;
d) convergente, divergente, convergente e diver- b) em um líquido transparente, muito denso, em
gente. que o índice de refração é n1 = 4,4.

Lentes esféricas 327


60. Nas três figuras que se seguem as lentes têm Com relação ao comportamento óptico de cada
seu índice de refração indicado na legenda. Elas uma delas, verifique quais são as afirmativas
estão mergulhadas em um líquido transparente verdadeiras:
cujo índice de refração é n1 = 2,0. A primeira e a I. A lente A tem comportamento convergente.
terceira lentes têm suas faces simétricas. II. A lente B tem comportamento divergente.
III. A lente C tem comportamento convergente.
a) b) c)
São verdadeiras:
a) as três afirmativas. d) apenas II e III.
b) apenas a I. e) apenas I e III.
A B C
c) apenas I e II.
61. Construiu-se uma lente com um polímero cujo
índice de refração absoluto era n2 = 2,0. Uma
das faces da lente era plana e a outra convexa, de
biconvexa plano-convexa bicôncava raio de curvatura 25 cm. Determine sua vergência
n2 = 3,0 n2 = 1,8 n2 = 1,8 quando imersa no ar.

exercícios de reforço

62. (Vunesp-SP) Uma lente esférica delgada bicon- a) 60 cm c) 24 cm e) 6 cm


vexa tem índice de refração 1,5. Com ela imersa b) 30 cm d) 12 cm
sucessivamente em dois meios A e B de índices
de refração respectivamente iguais a 1,0 e 1,7, 64. (Aman-SP) Uma lente delgada, convergente,
faz-se incidir sobre ela raios luminosos paralelos biconvexa, de índice de refração 1,5 em relação ao
ao seu eixo principal. Os feixes de luz emergen- meio que a envolve, tem superfícies esféricas de
tes serão: raios 4,0 cm e 6,0 cm. A distância focal da lente
vale:
a) convergentes em A e B.
a) 2,4 cm c) 4,8 cm e) 10,0 cm
b) convergentes em A e divergentes em B.
b) 3,6 cm d) 7,2 cm
c) divergentes em A e convergentes em B.
d) divergentes em A e B. 65. Para uma lente delgada, biconvexa, de faces
e) convergentes ou divergentes, dependendo da simétricas, de raio R, imersa no ar e fabricada
luz visível incidente. com um polímero transparente de índice de
refração absoluto n, a equação dos fabricantes se
63. (ITA-SP) Uma vela se encontra a uma distância de simplifica e se escreve:
30 cm de uma lente plano-convexa que projeta
V = (n – 1) · 2
uma imagem nítida de sua chama em uma parede R
a 1,2 m de distância da lente. Qual é o raio de Determine o valor de n para que essa lente tenha
curvatura da parte convexa da lente se o índice raio de curvatura igual ao dobro da distância
de refração da mesma é 1,5? focal: R = 2f.

P
iLustrAções: zAPt

11. Associação de lentes


Duas lentes delgadas estão dispostas como na figura 43. A Q
montagem é feita de tal maneira que seus eixos principais sejam
coincidentes. Diremos então que elas são coaxiais. Diante da len- L1 L2 trilho
te L1 colocamos um objeto luminoso QP, perpendicularmente ao
eixo principal. Figura 43. Duas lentes coaxiais num banco óptico.

328 Capítulo 12
A luz proveniente do objeto sofre uma primeira refração L1 L2
em L1 e uma segunda em L2. em cada uma delas haverá for- P Q1 P2
mação de imagem. A lente L1 conjugará, do objeto QP, uma
e. p.
primeira imagem Q1P1. esta, por sua vez, será um objeto para
a lente L2 e dele conjugará uma imagem Q2P2. Acompanhe
Q P1 Q2
na figura 44.

Figura 44. Imagens sucessivas da associação das duas


lentes.

Leitura

Aplicação de lentes
A associação de lentes é utilizada na construção de microscópios, lunetas e telescópios, como veremos no
capítulo 14. Nos três aparelhos, de um modo geral, usam-se duas lentes convergentes: a primeira captura a
imagem do objeto e a segunda funciona como se fosse uma lupa, em que o observador coloca seu olho quase
encostado nela. Respectivamente, elas são chamadas de objetiva e ocular.
Por exemplo, em uma luneta comum o foco das lentes objetiva e ocular são coincidentes. No exemplo, a luz
proveniente da Lua chega em raios paralelos, da direita para a esquerda, incidindo na lente objetiva L1. Uma
vez atravessada essa lente, a luz converge para o foco comum e, continuando a sua trajetória, incide na lente
ocular L2. Sofre refração e os raios emergentes paralelos vão incidir no olho do observador.

Luiz AuGustO ribeirO


F1 = F2
Lua

L2 L1

12. Lentes justapostas


iLustrAções: zAPt
Quando duas ou mais lentes coaxiais estiverem encostadas umas às outras, como na (a)
figura 45, elas serão denominadas lentes justapostas.
se duas faces convexas estiverem encostadas (fig. 45a), elas terão apenas um ponto
em comum. no caso particular de estarem encostadas uma face côncava e outra con-
vexa, de mesmo raio de curvatura, haverá acoplamento (figs. 45b e 45c).
A justaposição de lentes é muito usada em aparelhos ópticos, com a finalidade (b)
de atenuar aberrações cromáticas. uma lente esférica de grande curvatura apresenta
aberrações cromáticas, ao passo que as de pequena curvatura apresentam pouca ou
nenhuma aberração. A justaposição de diversas lentes de pequena curvatura atenua,
então, o fenômeno.
um conjunto de duas ou mais lentes justapostas funciona como se fosse uma única (c)
lente, a qual denominaremos lente equivalente.
sejam V1, V2, V3 as respectivas vergências das lentes delgadas justapostas L1, L2, L3 e
seja ainda Veq a vergência equivalente desse sistema, a equação que nos dá a vergência
equivalente é:
Veq = V1 + V2 + V3 Figura 45. Lentes
justapostas.

Lentes esféricas 329


exemplo 11

Na figura 45b, temos duas lentes justapostas. Vamos supor que a lente convergente tenha
distância focal 0,5 m e que a lente divergente, –2,0 m.
Suas vergências valem:
1
V=
f
A lente convergente terá vergência positiva:
1
V1 = ⇒ V1 = +2,0 di
0,5
A lente divergente terá vergência negativa:
1
V2 = ⇒ V2 = –0,5 di
–2,0
A associação dessas lentes justapostas terá vergência equivalente:
Veq = V1 + V2
Veq = (+2,0) + (–0,5)
Veq = +1,5 di
Conclusão: o sistema de lentes justapostas é convergente.

13. Associação de lentes com espelhos


Vamos montar num banco óptico um sistema constituído por uma lente (L) e por um
espelho (E ). A lente pode ser convergente ou divergente e o espelho pode ser plano ou
esférico: côncavo ou convexo.
no exemplo 12, vamos usar uma lente convergente (L) e um espelho plano (E).

exemplo 12

A lente convergente tem distância focal f e o espelho plano está situado a uma distância 3f da lente. Colocamos um objeto
extenso e luminoso PQ a uma distância 2f da lente, como mostra o esquema da figura 46. O nosso objetivo é apenas deter-
minar a imagem dada pelo espelho plano.
Observemos que o objeto PQ encontra-se posicionado sobre o ponto antiprincipal A da lente L; então: a imagem P1Q1
estará posicionada sobre o ponto antiprincipal A'.
Observemos ainda que a imagem P1Q1 (objeto para o espelho plano) está a uma distância f deste espelho. Logo, sua
imagem P2Q2 estará a uma distância f de E, pois ela é simétrica em relação ao objeto.
L
P E
PQ: objeto para a lente.
zAPt

P1Q1: imagem conjugada pela lente.


F O A' Q2
Q
A F' Q1
P1Q1: objeto para o espelho plano. f

P2Q2: imagem conjugada pelo espelho plano.


P1 P2
Figura 46. Representação de um banco óptico com lente convergente e
espelho plano.

330 Capítulo 12
exercícios de Aplicação

66. Em um banco óptico montam-se duas lentes con- a) Determine a distância de L1 a L2.
vergentes coaxialmente. A primeira delas tem dis- b) Determine a distância da imagem final, con-
tância focal 60 cm, e a segunda, 45 cm. Um feixe jugada pelo sistema à lente L2.
de luz cilíndrico, paralelo ao eixo principal, incidiu
na primeira lente. Os raios de luz, após as duas Resolução:
refrações sucessivas, emergiram da segunda lente a) Observemos que o segmento PQ está sobre um
formando novamente um feixe cilíndrico, paralelo ponto antiprincipal da lente L1, pois:
ao eixo principal. A distância entre as duas lentes
PO1 = 10 cm; f1 = 5,0 cm; PO1 = 2f1
é 105 cm e as lentes têm um foco em comum.
Como ficam os raios de luz para a associação? Assim, a imagem P1Q1 forma-se sobre o outro
ponto antiprincipal da lente L1, ou seja, a

iLustrAções: zAPt
L1 L2 10 cm de O1.
luz luz O1O2 = O1P1 + P1O2
incidente emergente
O1O2 = 10 + 6,0
F
O1O2 = 16 cm (Essa é a distância entre as
lentes.)
b) A imagem final do sistema é a conjugada por
105 cm
L2, tomando P1Q1 como objeto.
Figura a.
p2 = 6,0 cm
Resolução: f2 = 4,0 cm
O feixe de luz paralelo ao eixo principal, ao Da equação de Gauss:
refratar-se na primeira lente, converge para o seu p2 · f2 6,0 · 4, 0
p'2 = ⇒ p'2 =
foco F e incide na segunda lente. Em L2, temos p2 – f2 6,0 – 4,0
raios incidindo, passando pelo foco e, portanto,
refratando-se paralelos ao eixo (fig. b). p'2 = 12 cm
L1 L2
68. Considere as duas lentes abaixo associadas e o
objeto O. São conhecidas: f1 = 3,0 cm e f2 = 6,0 cm.
F1 = F2 Determine a distância da imagem final, conjuga-
da pelo sistema, à lente L2.
O

4,0 cm O1 24 cm O2
60 cm 45 cm
Figura b. L1 L2

67. Um objeto PQ está situado a 10 cm de uma lente 69. Considere a associação de lentes L1 e L2, de eixo
convergente L1 de distância focal 5,0 cm. Uma comum, da figura que se segue. A lente L1 tem
segunda lente, L2, convergente, de distância focal distância focal 200 cm e a lente L2 tem distância
4,0 cm, encontra-se a 6,0 cm de distância da ima- focal, em módulo, igual a 20 cm. O olho do obser-
gem de PQ conjugada por L1, como ilustra a figura. vador está a 60 cm de L2.
Q

Q
400 cm 360 cm 60 cm
O1 P1 O2 P O1 O2
P 6,0 cm L1 L2

Q1
a) Determine a que distância do olho do obser-
vador forma-se a imagem final de PQ conju-
gada pelo sistema.
L1 L2 b) Em relação a PQ, o observador verá uma ima-
gem direita ou invertida?

Lentes esféricas 331


70. Sobre o trilho metálico de um banco óptico, são refrata-se e determina a imagem conjugada P1
montadas duas lentes convergentes coaxialmen- sobre o eixo principal. Por sua vez, este raio tam-
te. A primeira delas tem distância focal f1 = 40 cm bém incide no espelho, reflete-se e torna a cruzar
e a segunda, f2 = 15 cm. Qual deve ser a distância o eixo principal dando uma segunda imagem P2,
entre as duas lentes para que os raios de luz de agora conjugada pelo espelho.
um feixe cilíndrico incidente na primeira lente,
L

zAPt
na direção do eixo principal, continuem paralelos E
ao eixo após emergirem da segunda lente? r

anteparo

Luiz AuGustO ribeirO


P V
F1 O F2 F3
suporte da lente

fonte de luz
f

a) Determine a posição de P1, imagem do objeto


escala
P conjugada pela lente;
b) Determine a distância de P1 ao espelho;
c) Determine a posição de P2, imagem de P1 con-
jugada pelo espelho;
71. (U. E. Londrina-PR) Duas lentes delgadas conver- d) Desenhe o trajeto do raio r até refletir-se no
gentes, de distâncias focais f1 e f2, estão a uma espelho e cruzar o eixo principal.
distância d, uma da outra. Um feixe de raios
paralelos incide na primeira lente e origina um Resolu•‹o:
feixe de raios, também paralelos, conforme mos- O problema poderia ser resolvido apenas traçan-
tra o esquema. do-se o trajeto do raio r, mas para isso devería-
mos usar eixos secundários e focos secundários.
A figura ficaria incompreensível. Vamos resolver
zAPt

os itens a, b e c usando a equação de Gauss.


d a) Para a lente:
1 = 1 + 1 ⇒ 1 = 1 + 1
f p p' f 2f p1
L1 L2 Resolvendo a equação, vamos obter: p1 = 2f
Assim, é correta a relação: Observemos que não é surpresa esse resulta-
a) f1 + f2 = d d) f1 – f2 = d do, pois o ponto P está sobre o ponto prin-
b) f1 + 2f2 = d e) f1 – f2 > d cipal A da lente e sua imagem está no outro
ponto principal A'.
c) f1 + f2 > d
b) Distância de P1 ao espelho:
72. (UF-MG) Ao associar duas lentes delgadas de Usando a própria figura verificamos que a
distâncias focais f1 = 10 cm e f2 = 40 cm, ambas distância de P1 ao espelho é:
convergentes, você obtém um sistema equivalen-
3f
te a uma lente de convergência: d=f+ f ⇒ d=
2 2
a) 0,125 di d) 12,5 di
Observemos que P1 será objeto para o espelho
b) 2,0 di e) 50 di esférico e sua imagem conjugada será P2.
c) 8,0 di c) Para o espelho esférico, vamos usar a equação
de Gauss:
73. Sobre um banco óptico estão montados, coaxial- 1 = 1 + 1 ⇒ 1 = 1 + 1
mente, um espelho esférico côncavo de distân- f p p' f 3f p2
cia focal f e uma lente convergente de distância 2
focal f. Um ponto luminoso P foi colocado no eixo Resolvendo a equação vamos obter: p2 = 3f
principal do sistema a uma distância p = 2f da Conclusão: a imagem final P2 está posicionada
lente, como mostra a figura a seguir. Do ponto
P emana um raio de luz r que incide na lente, a uma distância 3f do espelho e a f da lente.
2

332 Capítulo 12
lado luminoso esteja voltado para o espelho. A
d) No traçado do raio de luz r, você pode plotar
distância entre o vértice do espelho e o centro
os pontos P1 e P2 e traçar o raio refratado e
óptico da lente é 4f.
refletido de tal maneira que ele passe por
esses pontos. Pode também usar o conceito
de eixo secundário e foco secundário, como luz
foi feito na figura abaixo.
L 2f 2f

iLustrAções: zAPt
E
r Fs

P O F2 C P1 F3 V
F1 P2 Podemos afirmar que a imagem final, conjugada
pela lente, será:
Fs a) do mesmo tamanho que o objeto luminoso e
f invertida em relação a este.
b) do mesmo tamanho que o objeto luminoso e
não será invertida em relação a este.
74. Sobre um banco óptico montamos, coaxialmente,
c) coincidente com o objeto luminoso.
um espelho esférico côncavo e uma lente delgada
convergente, ambos com a mesma distância f. d) menor que o objeto luminoso e invertida em
Perpendicularmente ao eixo principal do siste- relação a este.
ma montamos um objeto semiluminoso, a uma e) maior que o objeto luminoso e não será inver-
distância focal 2f do espelho esférico, tal que o tida em relação a este.

exercícios de reforço

75. (ITA-SP) Uma lente A, convergente (fA = 10 cm), b) Convergente, 10,0 cm.
é justaposta a outra lente, convergente, c) Divergente, 20,0 cm.
B (fB = 5,0 cm). A lente equivalente é:
d) Convergente, 20,0 cm.
a) divergente e |f| = 3,33 cm. e) Divergente, 30,0 cm.
b) divergente e |f| = 5,2 cm.
77. (U. E. Londrina-PR) Um raio de luz r1 incide
c) convergente e f = 5,2 cm. num sistema de duas lentes convergentes, L1 e
d) convergente e f = 15 cm. L2, produzindo um raio emergente r2, conforme
e) convergente e f = 3,33 cm. indicações e medidas do esquema abaixo:
76. (Cesgranrio-RJ) Duas lentes delgadas, ∙1 e ∙2, de L1 L2
eixos ópticos coincidentes, estão separadas por r1
uma distância d = 10,0 cm (figura). A lente ∙1
é convergente e de distância focal f1 = 30,0 cm. 3,0 cm 20 cm
O sistema formado pelas duas lentes é tal que eixo
C1 C2 principal
raios paralelos ao eixo óptico incidentes em ∙1
1,0 cm
continuam nessa mesma direção ao emergir de ∙2 r2
(sistema afocal).
ℓ1 ℓ2
As distâncias focais das lentes L1 e L2 são, respec-
tivamente, em cm, iguais a:
a) 16 e 4,0 c) 6,0 e 14 e) 3,0 e 2,0
b) 15 e 5,0 d) 5,0 e 15
d
78. (Fuvest-SP) Um sistema de duas lentes, sendo
Qual das opções fornece, então, corretamente, o uma convergente e outra divergente, ambas com
tipo e a distância focal (em módulo) da lente ∙2? distâncias focais iguais a 8 cm, é montado para
a) Divergente, 10,0 cm. projetar círculos luminosos sobre um anteparo.

Lentes esféricas 333


O diâmetro desses círculos pode ser alterado, 79. (UF-MG) Observe a figura:
variando-se a posição das lentes.
Em uma dessas montagens, um feixe de luz, ini- L1 L2
cialmente de raios paralelos e 4 cm de diâmetro, objeto
incide sobre a lente convergente, separada da
F1 F1 F2 observador
divergente por 8 cm, atingindo finalmente o
anteparo, 8 cm adiante da divergente. F2
f
lente lente anteparo

iLustrAções: zAPt
convergente divergente

4 cm Uma lente delgada convergente L1 tem distância


8 cm 8 cm focal f. Outra lente delgada convergente, L2, tem
distância focal 2f. Essas lentes são colocadas
sobre um mesmo eixo óptico, de modo que os
seus focos coincidem. Um objeto luminoso está
Nessa montagem específica, o círculo luminoso a uma distância 3f da lente L1, como mostra a
formado no anteparo é melhor representado por: figura.
a) pequeno d) 6 cm a) Por um processo gráfico, aproximado, mostre
c’rculo
como será formada a imagem do objeto vista
pelo observador situado na posição indicada
na figura.
b) 2 cm e) b) Cite as características da imagem vista pelo
8 cm observador (real ou virtual; maior, menor ou
igual ao objeto; direita ou invertida).
c) Sabendo que a altura do objeto é de 2,0 cm,
c) 4 cm determine a altura da imagem formada pela
lente L1.

exercícios de Aprofundamento

80. A figura nos mostra um quadrado de lado 2f 81. (IJSOF) Um garoto usando uma lupa (lente con-
vergente) está observando o salto vertical de um
apoiado sobre o eixo principal de uma lente con-
grilo G. O grilo está posicionado sobre o eixo
vergente de distância focal f. Num dado instante
principal da lente, no ponto médio entre o foco
um ponto luminoso X se põe a percorrer o qua-
objeto F e o centro óptico C da lente. O grilo G
drado com velocidade escalar constante v.
salta verticalmente com velocidade inicial de
módulo V0. A aceleração da gravidade tem módu-
P Q lo g e o efeito do ar é desprezível. O grilo iniciou
o salto no instante t0 = 0 e atinge o ponto mais
A'
alto de sua trajetória no instante t1 = T.
A R F O F'
lupa

C
a) Obtenha graficamente a imagem do quadrado F G
conjugada pela lente.
b) Determine a velocidade escalar média da ima-
gem X' em cada lado do quadrado.
c) Em qual(is) lado(s) o ponto X' tem velocidade Admita serem válidas as condições de aproxima-
escalar constante? Justifique. ção para o uso das Equações de Gauss.

334 Capítulo 12
As proposições a seguir se referem ao movimento a) Calcule a distância focal da lente.
da imagem G' que a lente fornece para o grilo G. b) Calcule a distância inicial entre a lente e a vela.
I. No instante t0 = 0, a imagem do grilo, G', tem
velocidade com módulo 2V0. 84. (ITA-SP) Uma pequena lâmpada é colocada a 1,0 m
de distância de uma parede. Pede-se a distância
II. No instante t1 = T, a imagem do grilo, G', tem
a partir da parede em que deve ser colocada uma
aceleração com módulo 2g.
lente de distância focal 22,0 cm para produzir na
III. A altura máxima atingida pela imagem do parede uma imagem nítida e ampliada da lâmpada.
grilo, G', é o dobro da altura máxima atingida
pelo grilo. parede
lente
Está correto o que se afirma:
a) em I, apenas. d) em II e III, apenas. L x

b) em II, apenas. e) em I, II e III.


c) em I e III, apenas.

82. (Unesp-SP) Desde maio de 2008 o IBAMA recebe


imagens do ALOS, um satélite japonês de senso- 100 cm
riamento remoto que orbita a cerca de 700 km da
superfície da Terra. Suponha que o sistema óptico a) 14 cm d) 32,7 cm
desse satélite conjugue imagens nítidas no seu b) 26,2 cm e) Outro valor.
sensor quando este se localiza 4,0 cm atrás da lente c) 67,3 cm
(objetiva) e seja capaz de fotografar áreas quadradas
do solo com, no mínimo, 900 m2, correspondente a 85. (ITA-SP) A figura mostra uma barra LM de
um pixel (elemento unitário de imagem) do sensor 10 2 cm de comprimento, formando um ângulo de
óptico da câmara. Qual a distância focal dessa lente 45° com a horizontal, tendo o seu centro situado a
e a área de cada pixel sobre a qual a imagem da x = 30,0 cm de uma lente divergente, com distância
superfície da Terra é conjugada? focal igual a 20,0 cm, e a y = 10,0 cm acima do
eixo ótico da mesma. Determine o comprimento da
83. A altura da chama de uma vela é 5 cm. Com uma imagem da barra e faça um desenho esquemático
lente, projeta-se em uma tela a imagem desta para mostrar a orientação da imagem.
chama, resultando uma imagem invertida de altu-
ra 15 cm (fig. a). Sem mover a lente, a vela foi M
afastada 1,5 cm e, logo depois, a tela foi afastada
da lente, resultando novamente uma imagem níti- y
da, porém com apenas 10 cm de altura (fig. b). L
tela O
iLustrAções: zAPt

F
lente

86. (Fuvest-SP) Um indivíduo idoso perdeu a aco-


modação para enxergar de perto, permanecendo
sua visão acomodada para uma distância infinita.
L Assim, só consegue ver nitidamente um objeto
fixa pontual quando os raios de luz, que nele se
Figura a.
originam, atingem seu olho (O) formando um
tela
feixe paralelo. Para ver de perto, ele usa óculos
com lentes convergentes L, de distância focal f.
lente Ele procura ver uma pequena esfera P, colocada
a uma distância constante, d = 0,4f, de um
espelho E. A esfera é pintada de preto na parte
voltada para a lente e de branco na parte voltada
para o espelho.
A figura I refere-se aos itens a e b e representa
L
fixa o observador enxergando nitidamente a parte
Figura b. preta da esfera.

Lentes esféricas 335


a) Na figura dada, trace, com clareza, três raios Utiliza-se um lápis com 4 cm de comprimento
de luz que se originam na esfera e atravessam como objeto, o qual é posicionado a 15 cm da
a lente passando pelo seu centro C e pelos lente 1. Com base nesses dados:
pontos A e B. a) Determine a posição da imagem formada pelo
b) Determine o valor da distância Xp, em função sistema de lentes.
de f. b) Determine o tamanho da imagem formada
A figura II refere-se aos itens c e d e representa pelo sistema. Ela é direita ou invertida, em
o observador enxergando nitidamente a parte relação ao objeto? Justifique sua resposta.
branca da esfera. 88. Uma lente convergente de distância focal
c) Na figura a seguir, trace, com clareza, três raios f1 = +1,0 m está montada coaxialmente a um
de luz que se originam na esfera, se refletem espelho côncavo de raio de curvatura R2 = 1,0 m.
no espelho, e atravessam a lente passando pelo
seu centro C e pelos pontos A e B. luz
d) Determine o valor da distância Xb, em função
de f.
As figuras a seguir não estão em escala.
lente espelho côncavo
L E A que distância do espelho deve-se montar a
iLustrAções: zAPt

A d
lente a fim de que um raio incidente na lente,
paralelo ao eixo óptico principal, atravesse a
lente e reflita no espelho e posteriormente haja
C
reincidência na lente e depois dela saia coinci-
O dindo com o raio incidente?

B
89. Um sistema óptico é constituído por uma lente
convergente de distância focal f e um espelho
Xp plano articulado em A', ponto antiprincipal ima-
gem da lente. Um objeto luminoso, em forma de
Figura I.
seta, foi colocado em A, ponto antiprincipal obje-
L E
to da lente. Sua imagem é conjugada pela lente e
esta, por sua vez, acaba dando uma imagem final
A d refletida no espelho plano.

B
A'
A
Xb 45¡

Figura II.

87. (UF-PR) A figura a seguir é a representação


esquemática de um sistema óptico formado por
duas lentes convergentes, separadas por 50 cm.
As distâncias focais das lentes 1 e 2 são, respec-
tivamente, 10 cm e 15 cm.
O espelho é posicionado a 45° para que o obser-
lente 1 lente 2 vador enxergue a imagem final por ele conjuga-
da. O observador está vendo a seguinte imagem:
l‡pis
a) c) e)

b) d)

336 Capítulo 12
CAPÍtuLO

Óptica da visão
13
1. O globo ocular humano 1. O globo ocular humano

2. Características da
Inicialmente, descreveremos macroscopicamente cada um dos elementos que imagem
constituem o globo ocular. Assim, você terá acesso a uma série de conceitos neces-
sários e suficientes para entender o seu funcionamento. A descrição pormenorizada 3. Acomodação visual
desses elementos cabe à Biologia; porém, cumpre ressaltar que o funcionamento do
4. Ponto remoto e ponto
olho, como sistema óptico, envolve também muitos conceitos físicos. Seu estudo é,
portanto, multidisciplinar. próximo
O nosso olho é muito semelhante a uma máquina fotográfica: a luz entra por 5. Amplitude de
um diafragma, sofre refração em um sistema convergente e forma a imagem acomodação
sobre um anteparo situado numa câmara escura.
Na figura 1 vemos as principais partes do olho humano, considerado sistema 6. Ametropias do olho
óptico.
7. Lente corretiva da
miopia
zApT

pálpebra esclera
retina
8. Lente corretiva da
íris
corioide hipermetropia
fóvea
central 9. Outras anomalias da
córnea
humor eixo
visão
pupila vítreo óptico
10. Persistência retiniana
humor
aquoso

cristalino ponto nervo


cego óptico
músculos ciliares
Figura 1. Seção transversal do globo ocular.

O olho humano tem forma aproximadamente esférica de 2,5 cm de diâmetro;


daí seu nome: globo ocular. É envolvido por uma camada de tecido fibroso, branco
em sua quase totalidade: a esclera. É ela que dá consistência ao globo ocular. Na
parte dianteira central, a esclera torna-se transparente, formando a córnea, uma
calota saliente.
Vamos “entrar” no globo ocular pelo eixo óptico e conhecer os principais elemen-
tos que nos serão úteis na descrição de seu funcionamento como sistema óptico.
• Comecemos pela córnea. Atravessando-a, caímos na primeira câmara do
globo ocular, que contém um líquido homogêneo e transparente, denomi-
nado humor aquoso, cujo índice de refração é 1,336. O conjunto córnea
mais humor aquoso é a principal lente convergente do olho humano. Ele é
responsável por cerca de 80% da refração.

Óptica da visão 337


• Na parede oposta à córnea está a íris, de geometria circular, responsável pela ObservAçãO
cor dos olhos: castanhos, verdes, azuis. Na região central da íris há uma janela dOs AutOres
circular, a pupila, por onde penetra a luz para o interior do globo. O diâmetro
dessa janela varia entre 1 mm e 2 mm, conforme nos encontremos em ambiente O cristalino
com muita ou pouca luminosidade. A pupila é o diafragma do olho (similar ao também é
denominado lente
da máquina fotográfica), e quem comanda seu movimento de abrir e fechar é
intraocular ou,
o cérebro. Um exemplo é o que acontece ao entrarmos numa sessão de cinema
simplesmente,
quando o filme já começou e a sala está às escuras. Como nossa pupila ainda lente e o globo
está “fechada”, sentimos, por alguns minutos, certa dificuldade de visão. ocular também é
• Atrás da íris, encostada nela, está uma lente convergente: o cristalino. Ele pode denominado bulbo
ser descrito como algo parecido com uma “grande lentilha” gelatinosa e trans- ocular. Essas
parente e de cor ligeiramente amarelada. Seu índice de refração é 1,437, um denominações
pouco maior que o do humor aquoso. Ele é sustentado em sua posição pelos são encontradas
músculos ciliares, por isso pode ser continuamente achatado ou alongado, con- no Nomina
forme o cérebro o determinar. Anat™mica, que
é editado pela
• Atravessamos o cristalino e caímos na segunda câmara ocular. Comparada com
Comissão de
a primeira, esta é bem grande e escura. Também aqui temos um líquido de con-
Nomenclatura
sistência gelatinosa preenchendo-a totalmente: é o humor vítreo, cujo índice da Sociedade
de refração é 1,336, idêntico ao do humor aquoso. Brasileira de
• Caminhando pelo eixo óptico, ainda na grande câmara, chegamos ao fundo do Anatomia.
olho, onde encontramos fixa à parede uma das peças mais admiráveis do globo
ocular e talvez até do corpo humano: a retina, uma membrana transparente,
com cerca de 0,1 mm de espessura. É como se fosse um selo colado num enve-
lope. Sobre ela formam-se as imagens que enxergamos.
• Ligando a retina ao cérebro, temos o nervo óptico, capaz de transmitir impulsos
nervosos. O ponto de ligação entre o nervo óptico e a retina denomina-se ponto
cego. Se a imagem cair nessa região, não será visível.

O caminho da luz
A luz chega ao globo ocular e penetra inicialmente pela córnea, onde so-
fre a primeira refração. Entra no olho pela pupila e, ao atravessar o cristalino,
cristalino

ILUSTrAçõES: zApT
sofre a segunda refração. Atravessa o humor vítreo e forma imagem sobre a córnea retina
retina. A grande câmara é escura, o que facilita a formação da imagem, sem que eixo
óptico
ocorra difusão. Na retina, graças às suas células fotossensíveis, a luz é convertida
em impulsos elétricos (impulsos nervosos), que são enviados ao cérebro por meio
do nervo óptico (fig. 2). pupila
nervo
A refração na qual se dá o maior desvio da luz acontece na superfície externa óptico
câmara posterior
da córnea, quando a luz atinge o globo ocular. No cristalino, o desvio da luz é (humor vítreo)
pequeno, tendo em vista que o seu índice de refração é muito próximo dos índi-
ces do humor aquoso e do vítreo. Na realidade, o cristalino faz o ajuste fino da Figura 2. O caminho da luz.
focalização, como veremos adiante.

A retina cone

O funcionamento da retina tem chamado a atenção da Ciência há muito


tempo. Hoje sabemos que suas principais células são os bastonetes e os cones, bastonete
que ganharam esses nomes devido ao formato geométrico (fig. 3).
Cones e bastonetes são células fotossensíveis, responsáveis, portanto, pela
conversão da luz em impulsos elétricos, que serão enviados ao cérebro. Os bas-
tonetes funcionam bem com baixa luminosidade e são os responsáveis pela
visão noturna e pela visão cinza. Figura 3. Cones e bastonetes.

338 Capítulo 13
Os cones funcionam bem com alta luminosidade e são responsáveis fóvea central

ILUSTrAçõES: zApT
pela visão das cores e dos detalhes dos objetos. Se uma pessoa tiver falta
de cones, ou ocorrer o mau funcionamento deles, sua visão poderá ser eixo
em preto e branco ou dicromática. Distingue-se, na retina, uma pequena óptico
região central onde se forma a quase totalidade da imagem: é a fóvea
central (fig. 4). Seu diâmetro é aproximadamente 0,25 mm. Quando fi- ponto cego nervo
xamos bem de frente um objeto, sua imagem é formada na fóvea, o que óptico

nos permite distinguir bem seus detalhes, contorno e cores. Na fóvea pre- Figura 4. A fóvea central e
dominam os cones, enquanto no resto da retina predominam os basto- o ponto cego.
netes. Isso explica por que, na visão periférica (imagem fora da fóvea), há
dificuldade de distinguir as cores do objeto, além de essa visão ser pobre
em detalhes.

2. Características da imagem o
i
Se o objeto estiver à frente do olho, sua imagem será formada sobre
um anteparo, a retina. Na figura 5, verificamos que essa imagem é inverti-
da, o que não causa às pessoas nenhum tipo de problema, pois o cérebro
dá uma interpretação correta ao estímulo recebido.
A imagem formada é extremamente reduzida. Como vimos anterior-
Figura 5. Características da imagem
mente, ela se forma sobre a fóvea central, que tem aproximadamente em uma representação simplificada do
0,25 mm de diâmetro. olho.

3. Acomodação visual
para cada abscissa p do objeto, o olho é capaz de reproduzir uma
imagem focalizada sobre a retina. Esse mecanismo de ajuste se chama
o
acomodação visual.
i
Exemplifiquemos: um objeto é colocado relativamente perto do olho
e por ele focalizado; afastando-se lentamente o objeto, o olho continua-
mente focalizará sua imagem, ou seja, para cada nova posição ele se aco- p p' = 17 mm
modará.
para você entender esse mecanismo, usaremos a figura 6 e aplicare- Figura 6. Acomodação visual.
mos a equação de Gauss. ressaltemos mais uma vez que simplificamos o
olho. O que estamos fazendo é uma aproximação matemática.

1 = 1 + 1
f p p'

Sendo p' = 17 mm a distância da lente ao anteparo (retina), a qual permanecerá


constante, a equação fica:

1 = 1 + 1
(f e p em mm)
f p 17

Vale, portanto, o seguinte raciocínio:


• Se a abscissa p do objeto aumentar, então a distância focal f também deverá
aumentar.
• Se a abscissa p do objeto diminuir, então a distância focal f também deverá
diminuir.

Óptica da visão 339


Como ocorre a acomodação visual
A córnea possui raio de curvatura constante. Logo, o dioptro esférico córnea +
humor aquoso, onde ocorre o maior desvio da luz, tem vergência constante, da ordem
músculos músculos

ILUSTrAçõES: zApT
de 50 dioptrias. ciliares ciliares
O olho ajusta-se para as diferentes abscissas p do objeto alterando a distância focal relaxados contraídos
do cristalino, o qual faz o ajuste da focalização da imagem na retina.
Embora o cristalino não seja uma lente delgada, podemos, sem muito rigor, usar a
equação dos fabricantes de lentes:
1 n 1 1
V= = 2 –1 · +
f n1 r1 r2
em que R1 e R2 são os raios das faces do cristalino; n1 e n2 são, respectivamente, os
índices de refração do humor (aquoso ou vítreo) e do cristalino; e f é a distância focal
do cristalino.
Os músculos ciliares têm a propriedade de modificar o raio de curvatura das faces do
cristalino (fig. 7). Se o cristalino estiver relaxado, os raios das faces convexas aumentam; Figura 7. Cristalino relaxado
se estiver contraído, os raios das faces convexas diminuem, alterando, portanto, a sua e contraído pelos músculos
distância focal. Esse mecanismo possibilita a acomodação visual da imagem. ciliares.

O ajuste fino da imagem


Os índices de refração do cristalino e do humor (tanto aquoso como vítreo) são,
respectivamente: 1,437 e 1,336. Observemos, mais uma vez, que são valores muito
próximos e, levando-os para a equação dos fabricantes de lentes, resulta uma vergência
1
pequena para o cristalino: cerca de da vergência do olho. O cristalino é responsável
3
apenas por um pequeno ajuste de focalização. É comum dizer que ele faz o ajuste fino
da focalização da imagem na retina.

4. Ponto remoto e ponto próximo


retomando a equação dos fabricantes de lentes, observemos a consequência de
alterar o raio de uma das faces.
1 n2 1 1
V= = –1 · +
f n1 r1 r2
F
Primeiro caso
Se os músculos ciliares estiverem relaxados, o cristalino fica mais delgado e seus
raios de curvatura atingem valores máximos. A equação dos fabricantes nos mostra, Figura 8. Músculos ciliares
então, que a distância focal assume valor máximo, e a vergência, valor mínimo. Nesse relaxados. Ponto remoto.
caso, o sistema convergente “córnea + humor + cristalino”, de um olho normal, tem
o foco imagem sobre a retina, exatamente na fóvea central (fig. 8). Isso facilita a foca-
lização de objetos muito afastados do olho, pois raios de luz incidentes e paralelos ao
eixo após a refração incidem no foco.
A posição do objeto correspondente a essa situação em que o olho não realiza
nenhum esforço de acomodação é denominada ponto remoto. A correspondente dis-
tância D do ponto remoto ao olho é denominada distância máxima de visão distin-
ta. O globo ocular emetrope (normal) tem ponto remoto no infinito (D → ∞).
No cotidiano, distâncias superiores a 6 m já são consideradas infinitamente grandes,
se o objeto a ser visualizado for de pequenas dimensões.

340 Capítulo 13
segundo caso
Se os músculos ciliares estiverem contraídos (fig. 9), o crista-

zApT
lino fica mais espesso, isto é, seus raios de curvatura assumem
valores menores. A equação dos fabricantes de lentes nos mos- objeto
imagem
tra, então, que a distância focal diminui e a vergência aumenta.
Isso facilita a focalização de objetos próximos do olho. Se os
músculos ciliares estiverem com contração máxima, será máxima
também a vergência do cristalino. Figura 9. Músculos ciliares contraídos.
Ponto próximo.
A posição do objeto correspondente a essa situação de má-
ximo esforço de acomodação é denominada ponto próximo
(fig. 9). A distância d do ponto próximo ao globo ocular é deno-
minada distância mínima de visão distinta. Seu valor é variá-
vel com a idade das pessoas (veja a tabela 1). zona de acomoda•‹o

Idade d
10 anos 7 cm PP d
20 anos 10 cm D
PR
30 anos 14 cm
Figura 10. A distância entre o ponto remoto (PR)
40 anos 22 cm e o ponto próximo (PP) é chamada de zona de
50 anos 40 cm acomoda•‹o.

Tabela 1. Distância mínima de visão


distinta de acordo com a idade.
Cotidianamente, convencionou-se como normal a distância d = 25 cm.
resumindo, temos a representação esquemática da figura 10.

experimento

Ponto próximo
Pegue uma régua pequena (20 cm) com uma das mãos e estique o braço ao máximo, para que ela fique
o mais longe possível de seus olhos. Com a outra mão, tape um dos olhos. Procure focalizar (enxergar com
nitidez) os algarismos e as letras impressos na régua. Depois, comece a aproximá-la lentamente de seu olho,
procurando sempre a focalização em cada nova posição. Você encontrará, com certeza, determinada posição em
que a focalização já não é possível. Essa posição limite é o ponto próximo de seu olho.
Repita a experiência para o outro olho. Encontre o seu ponto próximo.
Procure avaliar cada uma das distâncias mínimas de visão distinta. Olhos emetropes apresentarão o mesmo
valor. Compare com os valores da tabela 1 e considere como normal até 25 cm. O olho míope apresentará valor
inferior ao da tabela e o olho hipermetrope apresentará valor superior a 25 cm.

5. Amplitude de acomodação
Denominamos amplitude de acomodação a variação de vergência do globo ocu-
lar entre as situações extremas da zona de acomodação: pp e pr.
para calculá-la, basta determinar cada uma das vergências limites. Sejam, então:
Vpp: vergência do olho correspondente ao ponto próximo;
Vpr: vergência do olho correspondente ao ponto remoto;
p: abscissa do objeto;

Óptica da visão 341


p': abscissa da imagem (portanto: p' = 17 mm, constante, equivale ao diâmetro
aproximado do globo ocular, conforme a figura 6).
1 1 1
Vpp = = +
fpp p p'
Colocando-se um objeto no pp, sua imagem deverá se formar na retina:
p = d e ainda p' = 17 mm = 0,017 m
1 1
resulta: Vpp = +
d 0,017
Colocando-se um objeto no pr, sua imagem também deverá se formar na retina:
p = D e ainda p' = 0,017 m
1 1
resulta: Vpr = +
D 0,017
por definição, a amplitude de acomodação é a = Vpp – Vpr.
Logo:
1 1
a= –
d D

exemplo 1

Uma pessoa com visão normal tem em ambos os olhos a mesma distância mínima de visão distinta d = 25 cm,
e para a distância máxima, o infinito. Assim, a amplitude de acomodação para o olho normal é dada por:
a= 1 – 1
d D
d = 25 cm = 0,25 m
Como o olho é normal: D → ∞ ⇒ 1 → 0
D
a = 1 – 0 ⇒ a = 4 di
0,25

exemplo 2

Vamos calcular a vergência de um olho normal correspondente ao seu ponto remoto (PR), ou seja, quando os
músculos ciliares estão completamente relaxados e o observador olha para o infinito.
VPR = 1 + 1
D 0,017
Como o olho é normal: D → ∞ ⇒ 1 → 0
D
VPR = 0 + 1 ⇒ VPR ≅ 60 di
0,017

exemplo 3

Vamos calcular a vergência de um olho normal correspondente ao seu ponto próximo (PP), ou seja, quando os
músculos ciliares estão contraindo o cristalino. Nesse caso o observador terá uma distância mínima de visão distinta
de aproximadamente 25 cm.
VPP = 1 + 1 ⇒ VPP = 1 + 1 ⇒ VPP = 4,0 + 60 ⇒ VPP ≅ 64 di
d 0,017 0,25 0,017
Observação: se fizermos a diferença entre as duas vergências (VPP e VPR), teremos: 64 di – 60 di = 4,0 di, que
corresponde à amplitude de acomodação de um olho normal, obtida no Exemplo 1.

342 Capítulo 13
exercícios de Aplicação

1. Na figura representou-se, esquematicamente, a III. O cristalino contraído permite a focalização de


seção transversal de um globo ocular. objetos no PP (ponto próximo) e o cristalino
relaxado permite a visualização de objetos no
2

ILUSTrAçõES: zApT
PR (ponto remoto) da zona de acomodação.
3 IV. Se os músculos ciliares deixarem de atuar sobre
1 o cristalino, a zona de acomodação do olho
diminui, ou seja, o PP e o PR se aproximam.
Do que se afirmou, estão corretas apenas:

4
a) II e III. c) I, II e IV. e) I e III.
b) II, III e IV. d) I, III e IV.
5
4. Certo animal consegue enxergar nitidamente
Os pontos 1 a 5 , sequencialmente, indicam: objetos situados no intervalo entre 0,50 m e 4,0 m
dos seus olhos. Determine a amplitude de acomo-
a) cristalino, córnea, retina, humor aquoso e
dação visual de sua vista.
humor vítreo.
b) cristalino, retina, córnea, humor aquoso e Resolução:
humor vítreo. Vimos que a amplitude de acomodação pode ser
c) cristalino, retina, córnea, humor vítreo e expressa por:
humor aquoso. d: distância mínima de visão distinta
d) retina, córnea, humor aquoso, cristalino e a= 1 – 1
d D D: distância máxima de visão distinta
humor vítreo.
e) retina, cristalino, córnea, humor aquoso e No caso, d = 0,50 m e D = 4,0 m. Portanto:
humor vítreo.
a= 1 – 1
0,50 4,0
2. Quando a luz incide no olho, atravessando seus
meios transparentes, ela sofre algumas refrações. O a = 2,0 – 0,25 ⇒ a = 1,75 di
maior desvio de um raio de luz ocorre ao atravessar:
a) o cristalino. 5. Um jovem possui, em cada vista, uma amplitude
b) o dioptro córnea-humor aquoso. de acomodação visual igual a 9,9 dioptrias (acima
do normal). No entanto, a distância máxima de
c) a antecâmara constituída pelo humor aquoso.
visão distinta é de apenas 10 m. A distância
d) a retina. mínima de visão distinta é:
e) o dioptro cristalino-humor vítreo. a) 1,0 cm c) 7,5 cm e) 25 cm
3. A acomodação visual nos permite focalizar obje- b) 5,0 cm d) 10 cm
tos que estejam dentro da zona de acomodação
do olho. Isso é possível graças 6. Um olho míope possui distância mínima de visão
à ação dos músculos ciliares distinta inferior à de um olho normal e, por
que ora contraem, ora relaxam outro lado, a distância máxima de focalização é
o cristalino, permitindo assim limitada. Calcule a amplitude de acomodação de
que seu raio de curvatura seja um olho míope que apresenta os seguintes valo-
variável. Usando a imagem ao res: d = 20 cm e D = 2,0 m.
lado e a equação dos fabrican- Resolução:
tes de lentes, responda se cada 1 1 1 1
uma das afirmativas é verda- a = d – D ⇒ a = 0,20 – 2,0 ⇒
Cristalino relaxado
deira ou falsa.
e contraído. ⇒ a = 5,0 di – 0,5 di ⇒ a = 4,5 di
V = n2 – 1 · 1 + 1
n1 R R
7. Uma pessoa míope, de olhos idênticos, enxerga
I. Com o cristalino relaxado a vergência diminui muito bem a partir de 10 cm, porém a máxima
e podemos focalizar objetos afastados do olho. distância focalizada é de 2,5 m. Determine a
II. Com o cristalino contraído o raio de curva- amplitude de acomodação visual dessa pessoa e
tura aumenta e a vergência diminui. compare à de um olho normal.

Óptica da visão 343


exercícios de reforço

8. (Fuvest-SP) Na formação das imagens na retina 04. O cristalino funciona como uma lente con-
da vista humana normal, o cristalino funciona vergente e forma uma imagem real, invertida
como uma lente: e diminuída sobre a retina.
a) convergente, formando imagens reais, direitas 08. Se a superfície do globo ocular não apre-
e diminuídas. sentar absoluta simetria, em relação ao eixo
óptico, ele apresenta um defeito conhecido
b) divergente, formando imagens reais, direitas como astigmatismo.
e diminuídas.
Dê como resposta a soma das corretas.
c) convergente, formando imagens reais, inver-
tidas e diminuídas. 12. A figura nos mostra um olho humano com alguns
d) divergente, formando imagens virtuais, direi- detalhes: A é a córnea, B é o cristalino, mas
tas e ampliadas. entre ambos se percebem a íris (estriada) e a
pupila (orifício escuro). Como sabemos, a córnea
e) convergente, formando imagens virtuais,
é responsável por 70% da vergência do olho e o
invertidas e diminuídas.
cristalino pelos outros 30%. A retina encontra-se
9. (UF-PA) O olho humano pode ser considerado, no fundo do olho.
de forma simplificada, como um sistema óptico

zApT
que atua como uma lente biconvexa. Para que a A
imagem de um objeto se forme sempre na retina,
é necessário que a vergência do globo ocular se
altere. Um objeto muito distante (no infinito)
pode se aproximar de um observador até o ponto
próximo, distância mínima necessária para visão
distinta. Para uma pessoa de visão normal, o B
ponto próximo pode ser assumido como 25 cm.
A variação da vergência do globo ocular durante Podemos afirmar que:
esse processo é denominada amplitude de acomo- a) a íris é um diafragma que regula o fluxo de
dação visual. luz pela pupila; a córnea e o cristalino são
Com base no enunciado, responda: lentes convergentes responsáveis pela focali-
zação da imagem na retina.
a) Quais as características da imagem formada
na retina? b) a retina funciona como um espelho côncavo
e a córnea como uma lente convergente. Esse
b) Enquanto o objeto se aproxima do olho do sistema óptico é responsável pela acomodação
observador, o que acontece com os raios de visual.
curvatura da lente do globo ocular (não se
alteram, aumentam ou diminuem)? c) ao entrarmos numa sessão cinematográfica
com a luz apagada, a íris se contrai, fechando
10. Uma pessoa hipermetrope enxerga muito bem de a pupila, mas em compensação a retina fica
longe, mas tem dificuldade de enxergar objetos mais sensível.
próximos. Determine a amplitude de acomodação d) o cristalino e a córnea formam um sistema de
visual de um hipermetrope que focaliza objetos a lentes divergentes nos míopes e convergentes
uma distância mínima de 2,0 m. Considere que a nos hipermetropes.
máxima distância seja infinita. e) o cristalino é uma lente divergente e a córnea
convergente; suas vergências se subtraem e o
11. (U. E. Ponta Grossa-PR) Sobre o olho humano e resultado é a vergência do olho; esse sistema
suas anomalias, assinale o que for correto. é responsável pela focalização da imagem na
01. Para um olho normal, a imagem de um retina.
objeto situado no infinito se forma sobre a 13. (Unesp-SP) Para que alguém, com o olho normal,
retina. possa distinguir um ponto separado de outro, é
02. Acomodação é o ajustamento da distância necessário que as imagens desses pontos, que são
focal do cristalino por ação dos músculos projetadas em sua retina, estejam separadas uma
ciliares. da outra a uma distância de 0,005 mm.

344 Capítulo 13
ILUSTrAçõES: zApT
uma esfera cujo diâmetro médio é igual a 15 mm,
1 mm a maior distância x, em metros, que dois pontos
luminosos, distantes 1 mm um do outro, podem
0,005 mm
estar do observador, para que este os perceba
separados, é:
x 15 mm
fora de escala a) 1 d) 4
Adotando-se um modelo muito simplificado do b) 2 e) 5
olho humano, no qual ele possa ser considerado c) 3

6. Ametropias do olho
Chamemos de ametropia qualquer deficiência no globo ocular
F'
que resulte na alteração do posicionamento do ponto próximo (pp) ou
do ponto remoto (pr). São exemplos: a miopia, a hipermetropia e a
presbiopia. As ametropias não são consideradas doenças, mas apenas
defeitos.
Conforme vimos anteriormente, num olho emetrope (normal),
Figura 11. Olho emetrope; cristalino
com os músculos ciliares relaxados, isto é, sem nenhum esforço visual, relaxado.
o foco do sistema está na retina, na fóvea central. Sua vergência é de
60 dioptrias, aproximadamente. Assim, se um feixe de luz cilíndrico
incidir sobre o olho emetrope, paralelamente ao seu eixo óptico, os
raios refratados no interior do globo convergirão para esse foco na
retina, a fóvea (fig. 11). Isso não ocorrerá se houver alguma anomalia F'
no globo ocular.
Alguns problemas de visão resultam da incorreta relação entre a
vergência e a distância da retina ao cristalino, como, por exemplo, na
miopia e na hipermetropia.
Num olho míope, se o cristalino estiver relaxado e um feixe de luz Figura 12. Olho míope; cristalino re-
cilíndrico incidir sobre ele, paralelamente ao seu eixo óptico, os raios laxado.
refratados no interior do globo convergirão para um foco situado an-
tes da retina (fig. 12). A vergência é excessiva em relação à distância da
retina ao cristalino. Geralmente, a córnea é muito abaulada, sua face
tem pequeno raio de curvatura, causando vergência muito grande. F'
Num olho hipermetrope, se o cristalino estiver relaxado e um feixe
de luz cilíndrico incidir sobre ele, paralelamente ao seu eixo óptico, os
raios refratados no interior do globo convergirão para um foco situado
atrás da retina (fig. 13). A vergência é pequena em relação à distância
da retina ao cristalino. Geralmente, a superfície da córnea tem pouca Figura 13. Olho hipermetrope; crista-
curvatura, o que diminui a sua vergência. lino relaxado.

Miopia
Num olho normal, o ponto remoto encontra-se no infinito, ao passo que num olho
míope ele se encontra a uma distância finita do olho, o que lhe traz certa dificuldade
para enxergar até mesmo a médias distâncias. Caso o observador tente fazer um esfor-
ço de acomodação, os músculos ciliares contrairão o cristalino e a vergência aumentará,
piorando a focalização do objeto.

Óptica da visão 345


Considera-se, na prática, que um olho é míope

ILUSTrAçõES: zApT
quando não enxerga nitidamente além dos 10 m.
O olho do míope tem o ponto próximo (PP) a PR PP
uma distância inferior a 25 cm, sem que isso lhe acar-
rete nenhum problema; aliás, há até uma vantagem:
objetos colocados mais próximos do olho são enxer- d < 25 cm
gados sob maior ângulo visual e, portanto, com mais
D < 10 m
detalhes. A zona de acomodação do olho míope é um
segmento finito (fig. 14). Figura 14. Zona de acomodação do olho míope.
Como o olho míope tem excesso de vergência,
para corrigi-lo recomenda-se uma lente divergente,
que possui vergência negativa.

Hipermetropia
Num olho normal, o ponto próximo encontra-se a uma distância relativamente peque-
na, convencionalmente a 25 cm do globo ocular, ao passo que num olho hipermetrope
ele se encontra mais afastado, o que lhe traz certa dificuldade para “visão de perto”. Co-
tidianamente, considera-se hipermetrope o olho com distância mínima de visão distinta
superior a 25 cm (à vista desarmada, a leitura de um livro tornar-se-ia impraticável).
para uma hipermetropia não muito acentuada, o
olho não apresenta problemas de focalização de obje-
tos infinitamente afastados (fig. 15). Basta um peque- PR no ∞ PP
no esforço de acomodação.
Como o olho hipermetrope tem vergência insufi-
ciente, para corrigi-lo recomenda-se uma lente con- d > 25 cm
vergente, que possui vergência positiva. Figura 15. Zona de acomodação do olho hipermetrope.

Presbiopia (“vista cansada”)


PR PP
Com o avançar da idade, o cristalino vai perdendo
sua elasticidade, o que dificulta o trabalho dos múscu-
los ciliares. O ponto próximo (pp) afasta-se do globo
ocular (d > 25 cm), como na hipermetropia (fig. 16). d > 25 cm
Essa anomalia, que não chega a ser considerada uma D
doença do olho, é denominada presbiopia (popular-
Figura 16. Zona de acomodação do olho presbiope.
mente, "vista cansada"). Aquele que tem presbiopia
será um presbiope ou presbita.
No começo, a presbiopia só atrapalha a leitura, visão de
não tendo grande interferência na visão a longa dis- longe
tância. Assim, basta corrigir esse defeito com os famo- visão de
sos “oculozinhos de leitura”, dotados de lentes con- perto
vergentes. Assim, corrige-se a presbiopia do mesmo
Figura 17. Lente bifocal.
modo que se corrige a hipermetropia.
Com o passar do tempo a visão longa também in-
EDUArDO SANTALIESTrA

comodará. A amplitude de acomodação vai diminuindo visão de longe


com a evolução da presbiopia. Costuma-se dizer que
o pp e o pr estão se aproximando. Desse modo o por- visão intermedi‡ria
tador de presbiopia é obrigado a usar dois óculos: um
para perto e outro para longe. Existe ainda a opção das visão de perto
famosas lentes bifocais (fig. 17). Modernamente exis-
tem as lentes multifocais, que apresentam graduações
progressivas, como se mostra na figura 18. Figura 18. Lente com graduação progressiva.

346 Capítulo 13
7. Lente corretiva da miopia
A miopia deve ser corrigida com uma lente diver-
gente, cuja função é trazer a imagem de um objeto
situado a longa distância do olho (infinitamente afas-
F' F'
tado) para uma posição sobre o ponto remoto do olho
míope.
para um objeto impróprio (que está no infinito:
p → ∞), a lente deverá fornecer uma imagem virtual de (a) Olho míope sem a lente (b) Olho míope com a lente
abscissa igual à distância máxima de visão distinta (D), corretiva. corretiva divergente.
acrescida de um sinal negativo (p' = –D). Aplicando Figura 19.
para essa lente a equação de Gauss, temos:
1 1 1 1 1
= + ⇒ =0+ ⇒ fL = –D
fL p p' fL (–D)

exemplo 4

Tomemos o caso de um olho míope que não enxerga além de 2,0 m, isto é, seu ponto remoto está situado a 2,0 m do
globo ocular. Calculemos a vergência da lente corretiva para esse olho.
fL = –D ⇒ fL = –2,0 m
Sendo:
VL = 1 ⇒ VL = 1 ⇒ VL = –0,5 di
fL –2,0
Nos consultórios oftalmológicos e nas ópticas em geral, essa lente é denominada “lente negativa de 0,5 grau”.

8. Lente corretiva da hipermetropia


A hipermetropia deve ser corrigida com uma lente convergente, a fim de aumen-
tar a vergência do sistema. para um objeto situado a 25 cm do olho, essa lente deverá
fornecer uma imagem virtual, direita e posicionada sobre o ponto próximo (pp) do olho
hipermetrope. Desprezando a distância da lente ao olho, deveremos ter, então, as se-
guintes abscissas:
p = 25 cm = 0,25 m
p' = –d
Aplicando a equação de Gauss para essa lente corretiva, temos:
1 1 1
= +
fL p p'

1 1 1
= –
fL 0,25 d
ILUSTrAçõES: zApT

F' F'

(a) Olho hipermetrope sem a lente corretiva. (b) Olho hipermetrope com a
lente corretiva convergente.
Figura 20.

Óptica da visão 347


exemplo 5

Um olho hipermetrope não enxerga objetos próximos dele, situados a distâncias inferiores a 1,0 m, ou seja, o seu ponto
próximo (PP) está situado a 1,0 m. Como corrigi-lo?
Devemos colocar uma lente convergente. Vamos fazer com que objetos situados a 25 cm possam ser vistos pelo olho. Para
tanto, a lente convergente deve “jogar” a sua imagem para o ponto próximo (PP) a 1,0 m do olho. Temos:
p = 25 cm ⇒ p = 0,25 m
p' = –1,0 m (imagem virtual)
1 = 1 + 1 ⇒ 1 = 1 + 1 ⇒
fL p p' fL 0,25 (–1,0)

⇒ 1 = (+4,0) + (–1,0) ⇒ 1 = +3,0 m–1 ⇒ VL = +3,0 di


fL fL

Nos consultórios oftalmológicos e nas ópticas em geral, essa lente é denominada “lente positiva de 3,0 graus”.

Assim, pelo estudo da Óptica da visão, podemos fazer as seguintes relações entre a
visão normal e as ametropias:

Olho normal

PR no ∞ PP

zona de acomodação 25 cm

ILUSTrAçõES: zApT
Olho míope

Uso de lente corretiva


PR PP divergente.
zona de acomodação d < 25 cm fL = – D

Olho hipermetrope
Uso de lente corretiva
convergente.
PR no ∞ PP
1 1
zona de acomodação d > 25 cm V= –
0,25 d

Olho presbiope

Uso de lentes corretivas bifocais, geralmente


PR PP
ambas convergentes.
zona de acomoda•‹o d > 25 cm

Figura 21.

348 Capítulo 13
exercícios de Aplicação

14. Nas figuras abaixo o cristalino está relaxado. c) Usando óculos, ele enxergaria o objeto ante-
Não há nenhum esforço visual de acomodação. rior? Faça um esquema mostrando o caminho
Identifique as duas anomalias. da luz partindo desse objeto e atravessando a
sua lente.

zApT
o∞ Resolução:
F' a) A correção da miopia é feita com lentes diver-
i gentes, cuja distância focal é dada por:
fL = –D

V = 1 ⇒ –2,0 = 1
Figura a. fL fL
f = –1 ⇒ fL = –0,50 m = –50 cm

zApT
L 2,0
o∞
Concluindo: a distância máxima de visão
F' distinta é D = 50 cm = 0,50 m.
i
b) Evidentemente ele não enxergaria um objeto
situado a 1,5 m de distância.
c) Estando, porém, de óculos, ele passaria a ver
Figura b. a imagem do objeto, como mostra a figura a
15. Um olho deficiente apresenta miopia. A possível seguir.
causa é:

zApT
a) cristalino enrijecido.
b) cristalino excessivamente abaulado. F'
c) músculos ciliares preguiçosos.
d) córnea excessivamente abaulada.
e) córnea com pouca curvatura.

16. Um oftalmologista recomendou ao seu paciente 17. Uma pessoa tem hipermetropia nas duas vistas.
que usasse lentes divergentes de –2,0 graus (–2,0 Feito um exame oftalmológico, constatou-se que
dioptrias). A partir dessa informação responda:
ela não conseguia ler a uma distância inferior a
a) Qual é a distância máxima de visão distinta 50 cm. Com essa informação responda ao que se
do paciente? pede:
b) Ele enxergaria sem óculos um objeto a 1,5 m a) Qual a lente corretiva indicada?
de distância?
b) Determine a vergência dessa lente.

exercícios de reforço

18. (U. F. Triângulo Mineiro-MG) Um estudante a) Indique o tipo de lente esférica (convergente
percebeu que, quando assistia às aulas sentado ou divergente) adequada para corrigir o defei-
no fundo da sala, encontrava dificuldade para to de visão do estudante.
ver com nitidez o que seu professor escrevia na b) Calcule a vergência, em dioptrias, das lentes
lousa. Ao consultar um oftalmologista, foi infor- que o estudante deve usar para corrigir seu
mado de que era portador de um defeito de visão defeito de visão.
muito comum na população, a miopia, facilmente Dê a resposta em função da distância máxima de
corrigível com lentes esféricas apropriadas. visão distinta: D.

Óptica da visão 349


19. (U. F. Ouro Preto-MG) O olho humano, em con- normal é 0,25 m, pode-se supor que o defeito de
dições normais, é capaz de alterar sua distância visão de um dos olhos dessa pessoa é:
focal, possibilitando a visão nítida de objetos
a) hipermetropia, e a distância mínima de visão
situados desde o “infinito” (muito afastados)
distinta desse olho é 40 cm.
até aqueles situados a uma distância mínima de
aproximadamente 25 cm. Em outras palavras, b) miopia, e a distância máxima de visão distin-
o ponto remoto desse olho está no infinito e o ta desse olho é 20 cm.
seu ponto próximo, a 25 cm de distância. Uma c) hipermetropia, e a distância mínima de visão
pessoa com hipermetropia não consegue enxer- distinta desse olho é 50 cm.
gar objetos muito próximos porque seu ponto d) miopia, e a distância máxima de visão distin-
próximo está situado a uma distância maior do ta desse olho é 10 cm.
que 25 cm. Com base nessas informações, resolva e) hipermetropia, e a distância mínima de visão
as questões propostas. distinta desse olho é 80 cm.
a) Que tipo de lente uma pessoa com hiperme- 21. (Unifesp-SP) Um estudante observa que, com
tropia deve usar? uma das duas lentes iguais de seus óculos,
b) Supondo que o ponto próximo de um hiper- consegue projetar no tampo da sua carteira a
metrope esteja a 100 cm de seus olhos, deter- imagem de uma lâmpada fluorescente localizada
mine, em valor e em sinal, quantos “graus” acima da lente, no teto da sala. Sabe-se que a
devem ter os óculos dessa pessoa para que ela distância da lâmpada à lente é de 1,8 m e desta
veja um objeto a 25 cm de distância. ao tampo da carteira é de 0,36 m.

20. (Unifesp-SP) Uma das lentes dos óculos de uma a) Qual a distância focal dessa lente?
pessoa tem convergência +2,0 di. Sabendo que b) Qual o provável defeito de visão desse estu-
a distância mínima de visão distinta de um olho dante? Justifique.

9. Outras anomalias da visão


Além das três ametropias estudadas, o olho humano pode apresentar outras defi-
ciências: astigmatismo, estrabismo, daltonismo, etc. Vamos comentar as principais.

Astigmatismo
O olho normal é denominado estigmata e possui uma córnea perfeitamente esféri-
ca. No entanto, ocorrem casos em que a córnea não é exatamente uma calota esférica,
apresentando certa ondulosidade. Esse olho é denominado astigmata, e o defeito,
astigmatismo.
O astigmata não consegue focalizar simultaneamente linhas verticais e horizontais
de um pequeno quadriculado. Indicam-se, para a sua correção, lentes cilíndricas.

estrabismo
O estrabismo é uma anomalia que consiste no desvio do eixo óptico do globo ocular.
Normalmente, as lentes corretivas indicadas são as prismáticas.

daltonismo
O daltonismo é uma anomalia genética que faz com que o seu portador não consiga
distinguir cores. Até hoje não se conseguiu descobrir um modo de corrigi-lo.

350 Capítulo 13
10. Persistência retiniana
A persistência retiniana consiste na permanência da imagem na retina por certo
intervalo de tempo (da ordem de um décimo de segundo), quando um objeto sai da
frente de nossos olhos. Esse tempo de permanência depende da intensidade do estí-
mulo.
Numa projeção cinematográfica, temos a ideia de movimento da imagem graças à
persistência retiniana. Na realidade são projetados, sequencialmente, diversos quadros
fotográficos com ligeiras diferenças de posição dos objetos. Geralmente, são 24 qua-
dros por segundo. Não percebemos a mudança de um quadro devido à persistência
retiniana, que prolonga a imagem do quadro anterior sobre a do quadro projetado. A
velocidade é tão grande que o olho mal registrou uma fotografia e já lhe aparece uma
segunda. As imagens superpostas são percebidas pelo nosso cérebro como movimento.
Nos animais, a persistência retiniana é praticamente inexistente; sua retina retém a
imagem por muito menos tempo que a nossa. Com isso, se um cachorro, por exemplo,
assistisse a um filme no cinema, veria uma exposição de quadros estáticos na tela. O
mesmo ocorreria diante da TV.

experimento

Persistência retiniana
1) O rastro da vela.
Coloque uma vela em um castiçal. No escuro, acenda a vela, segure-a na mão e movimente-a diante de seus
olhos. Você verá a sua trajetória desenhada no espaço.

EDUArDO SANTALIESTrA

2) A ilusão óptica do movimento.


Pegue um bloquinho de papel em branco. Na primeira página, faça uma marquinha (uma bolinha preta).
Na segunda página, faça outra marquinha, numa posição quase idêntica à da página anterior, porém deslocada
de 1 mm. Continue a desenhar marquinhas nas páginas sucessivas, sempre com um deslocamento de 1 mm em
relação à página anterior, no mesmo sentido. Faça isso até a décima página.
Agora passe diante de seus olhos página a página, o mais rápido possível, para ver cada uma das
marquinhas de modo sucessivo. Você terá uma sensação de movimento da bolinha desenhada. Eis o truque
do cinema.

Óptica da visão 351


exercícios de Aprofundamento

22. (Unicamp-SP) O olho humano só é capaz de 24. (U. F. São Carlos-SP) Pesquisas recentes mostram
focalizar a imagem de um objeto (fazer com que que o cristalino humano cresce durante a vida,
ela se forme na retina) se a distância entre o aumentando seu diâmetro cerca de 0,02 mm por
objeto e o cristalino do olho for maior que a de ano. Isso acarreta, na fase de envelhecimento,
um ponto conhecido como ponto próximo, PP um defeito de visão chamado presbiopia, que
(ver figura abaixo). A posição do ponto próximo pode ser corrigido de forma semelhante:
normalmente varia com a idade. Uma pessoa, aos
25 anos, descobriu, com auxílio do seu oculista, a) à miopia, com uso de lentes divergentes.
que o seu ponto próximo ficava a 20 cm do cris- b) à miopia, com uso de lentes convergentes.
talino. Repetiu o exame aos 65 anos e constatou c) à hipermetropia, com uso de lentes divergentes.
que só conseguia visualizar com nitidez objetos d) à hipermetropia, com uso de lentes conver-
que ficavam a uma distância mínima de 50 cm. gentes.
e) ao astigmatismo, com uso de lentes conver-
gentes ou divergentes.
PP 25. (ITA-SP) Num oftalmologista, constata-se que
zApT

um certo paciente tem uma distância máxima


e uma distância mínima de visão distinta de
cristalino retina
5,0 m e 8,0 cm, respectivamente. Sua visão
Considere que para essa pessoa a retina está deve ser corrigida pelo uso de uma lente que
sempre a 2,5 cm do cristalino, sendo que este lhe permita ver com clareza objetos no “infini-
funciona como uma lente convergente de distân- to”. Qual das afirmações é verdadeira?
cia focal variável.
a) O paciente é míope e deve usar lentes diver-
a) Calcule as distâncias focais mínimas do crista- gentes cuja vergência é 0,2 dioptria.
lino dessa pessoa aos 25 e aos 65 anos.
b) O paciente é míope e deve usar lentes conver-
b) Se essa pessoa, aos 65 anos, tentar focalizar gentes cuja vergência é 0,2 dioptria.
um objeto a 20 cm do olho, a que distância
da retina se formará a imagem? c) O paciente é hipermetrope e deve usar
lentes convergentes cuja vergência é 0,2
23. (OBF-Brasil) Um míope não consegue focalizar dioptria.
com nitidez objetos que estejam a mais de 1 m d) O paciente é hipermetrope e deve usar
de sua vista. Qual deve ser a distância focal das lentes divergentes cuja vergência é – 0,2
lentes dos óculos para que esse míope possa ver dioptria.
com nitidez objetos distantes?
e) A lente corretora de defeito visual desloca
a) 1 m c) –1,5 m e) –1 m a distância mínima de visão distinta para
b) 1,5 m d) –0,5 m 8,1 cm.

352 Capítulo 13
CAPÍTULO

Instrumentos ópticos
14
o olho humano é uma das partes mais fantásticas do nosso corpo. No entanto, 1. Ângulo visual
ele também tem seus limites. tem um campo visual restrito, entre o pp (ponto pró-
ximo) e o pr (ponto remoto), não consegue ver detalhes de objetos muito afastados 2. Tipos de
e de objetos muito pequenos. instrumentos
para melhorar seu desempenho, foram inventados os instrumentos ópticos, ópticos
como óculos, lentes de aumento, microscópios, lunetas, binóculos, telescópios, pro-
3. A lupa
jetores, entre outros.
os instrumentos ópticos usam lentes que nem sempre são delgadas. assim, as 4. O microscópio
equações de gauss (vistas no capítulo 12) valem apenas de modo aproximado. composto

5. Lunetas e

1. Ângulo visual telescópios

6. Os binóculos
a sensação óptica de ver um objeto pequeno ou grande, maior ou menor que
outro tomado como referência, é dada pelo ângulo visual, que é medido entre o 7. A máquina
olho e o objeto (fig. 1). fotográfica

8. Os projetores de
A
ilustrações: zapt

imagens
α objeto

B
Figura 1. Medida do ângulo visual α
com que o olho enxerga o objeto.

muitas vezes somos iludidos, ao pensar que um objeto é pequeno e na realidade


o ângulo visual com que o observamos é que está muito fechado.
para entender por que isso acontece, vamos prolongar os raios visuais que pro-
vêm do objeto e chegam até a retina (fig. 2). o tamanho da imagem que vemos é
aquele que está impresso na retina. o nosso cérebro recebe essa informação e pro-
cessa a imagem. observemos que o tamanho da imagem não depende apenas do
tamanho do objeto, mas também do ângulo visual α com que o olho o enxergará.

imagem α objeto

Figura 2. O tamanho da imagem na


retina depende do ângulo visual.

Vejamos alguns exemplos.

Instrumentos ópticos 353


Exemplo 1

Quando vemos um avião no céu, temos a sensação de que se trata de um aviãozinho; porém, na realidade ele pode ter
vinte metros ou mais de comprimento. Devido à distância entre nós e o avião, o ângulo visual se torna muito pequeno e nos
iludimos, achando que ele é pequeno.

Exemplo 2

Apesar de a Lua ser muito menor que o Sol, quando comparamos, a olho nu, o tamanho do Sol com o da Lua cheia, temos
a sensação de que a Lua é do tamanho do Sol. A explicação está no ângulo visual. Dada a proximidade da Lua com a Terra,
nós a vemos com um ângulo visual praticamente igual ao do Sol.
Concluindo: O ângulo visual é que determina o tamanho aparente do objeto. Caso ele seja menor que meio grau, perde-
mos os detalhes do objeto. Assim, uma estrela pode parecer um ponto.
Quanto maior for o ângulo visual maior será o tamanho aparente dos objetos. Por esse motivo, uma das propriedades de
um aparelho óptico é proporcionar o aumento angular visual; outra propriedade é dar brilho à imagem.

2. Tipos de instrumentos ópticos


os instrumentos ópticos podem ser classificados em: instrumentos
de projeção e instrumentos de observação. os primeiros incluem
todos os aparelhos usados para projetar a imagem num anteparo, en-

ilustrações: zapt
quanto os de observação são aqueles aparelhos usados para observar α objeto
pequenos objetos ou objetos muito distantes.
os instrumentos de projeção trabalham com imagem real, caso do
Figura 3. Ângulo visual α medido a olho nu.
projetor cinematográfico, do projetor de slides, do data-show, da má-
quina fotográfica. os instrumentos de observação trabalham com a
imagem virtual, caso das lunetas, dos binóculos e dos telescópios.
alguns dos aparelhos ópticos de observação que iremos descre-
ver adiante aumentam o ângulo visual da imagem, criando a ilusão
α' imagem
óptica de que os objetos foram ampliados. observemos as figuras
3 e 4.
Na figura 3, o objeto é colocado diante do olho do observador e
Figura 4. Ângulo visual α' medido com o uso
se mede o ângulo visual a olho nu (vista desarmada). Na figura 4, o de um instrumento óptico (omitido na figura).
objeto é mantido na mesma distância anterior e, com o uso de um
instrumento óptico adequado, a imagem foi aproximada do olho, au-
mentando o ângulo visual. De nada serviria um instrumento óptico
sami sarkis/photographer's ChoiCe rF /
getty images

que ampliasse a imagem do objeto, mas que, em contrapartida, for-


necesse uma imagem mais afastada do olho do observador, pois isso
diminuiria o ângulo visual.

3. A lupa
a lupa é constituída de uma única lente convergente que fornece
uma imagem virtual direita e aumentada do objeto real visualizado
(fig. 5). Figura 5. Utilização de lupa.

354 Capítulo 14
para ser vista pelo observador, a imagem

ilustrações: zapt
deve estar situada dentro de seu campo de
acomodação, o mais próxima possível do pp
(ponto próximo). para tanto, o observador
deve interpor a lente entre o olho e o objeto
e acomodar a posição dela até obter uma boa F2
focalização da imagem.
F1 objeto
imagem
Aumento visual
Quando se usa uma lupa, tem-se a sensação de aumento do tamanho
da imagem observada. essa sensação óptica é causada pelo aumento do Figura 6. Diagrama de raios
de luz da lupa.
ângulo visual. assim, as letras miúdas da página de um livro parecem cres-
cer com o uso da lupa.
Vejamos um exemplo.

Exemplo 3

Num primeiro evento, um objeto é colocado diante do olho desarmado e mede-


se o ângulo visual α0 (fig. 7). Num segundo evento, o objeto é mantido na posição α0
anterior e interpõe-se uma lupa entre o olho e o objeto (fig. 8). Mede-se o novo
Figura 7. A olho nu. Ângulo visual: α0.
ângulo visual αL. Esse ângulo é medido com a imagem vista pelo olho.
Verificamos que o novo ângulo visual é maior que o primeiro e temos a sensação
óptica de que o objeto cresceu. Na realidade o olho não vê o objeto, mas sim a sua
imagem ampliada. Essa sensação óptica de ampliação só acontece porque αL>α0.
De nada adiantaria usar a lupa se a imagem fosse ampliada, porém muito αL
afastada da lente. O ângulo visual seria menor que a olho nu.
Figura 8. Usando a lupa. Ângulo visual: αL.
(A lupa foi omitida na figura.)

Exercícios de Aplicação

1. “Era noite de lua cheia e o seu brilho era muito Assinale as explicações corretas:
intenso. Parecia até que a Lua era do mesmo I. Os ângulos indicados correspondem aos ângulos
tamanho do Sol.” visuais com que são vistos a Lua e o Sol.
Com essa proposta um professor de Física abriu II. A sensação óptica de maior, menor ou igual
sua aula, chamando os alunos para discutir o
para o disco solar e para o disco lunar é dada
paradoxo.
pelo ângulo visual.
Em consenso, os alunos propuseram duas figuras
III. Os discos solar e lunar parecem iguais porque
para resolvê-lo:
αL= αS.
Estão corretas:
disco
αL circular a) todas. d) apenas II e III.
da Lua
b) apenas I e III. e) apenas I.
c) apenas I e II.

2. Com um tubo de PVC e uma lente convergente


disco é possível fazer um microscópio simples, ainda
αS circular
do Sol
que um pouco rudimentar. Na figura a seguir, o
tubo tem 8,0 cm, e a lente, uma distância focal
de 5,0 cm.

Instrumentos ópticos 355


Admite-se que: Sendo:
• o observador não tenha ametropias, isto é, que f = +5,0 cm (lente convergente)
o PP esteja a 25 cm do olho; p = +x (objeto real)
• o observador encoste o olho na ocular. p' = –20 cm (imagem virtual)
Determine a distância x indicada, ou seja, da 1 1 1 4,0x 20 1,0x
5,0 = x – 20 ⇒ 20x = 20x – 20x ⇒
lente à lâmina a ser observada.
⇒ 4,0x = 20 – 1,0x ⇒ 5,0x = 20 ⇒

zapt
20
⇒ x = 5,0 ⇒ x = 4,0 cm

Devemos regular a altura do microscópio até que


a lente fique a 4,0 cm da lâmina.
5,0 cm 3. (UE-RJ) Uma pessoa utiliza uma lente conver-
gente para a leitura da página de uma revista,
como mostra a figura. A natureza e a posição da
lente imagem formada pela lente são, respectivamente:
x

luiz augusto riBeiro


Resoluç‹o:

O objeto é a lâmina e temos: p = +x.


A imagem será virtual e deve estar situada a
25 cm do olho, portanto, 20 cm abaixo da lente. revista
Temos: p' = –20 cm. a) virtual / entre a lente e a revista.
Vamos usar a equação das lentes de Gauss: b) real / entre a lente e a revista.
1 1 1 c) virtual / à direita da revista.
= p + p'
f d) real / à direita da revista.

Exercícios de Reforço

4. (UF-ES) Uma lupa é construída com uma lente


thiNkstoCk/getty images

convergente de 3,0 cm de distância focal. Para


que um observador veja um objeto ampliado de
um fator 3, a distância entre a lupa e o objeto
deve ser, em centímetros:

a) 1,5
Para obter uma boa focalização da figura:
b) 2,0
a) a que distância deverá se formar a imagem da
c) 3,0 lente?
d) 6,0 b) a que distância da lente ele deverá posicionar
e) 25 a figura?

5. Um estudante está usando uma lupa para visua- 6. (Unesp-SP) Uma lupa utilizada para leitura é
confeccionada com uma lente delgada conver-
lizar uma figura. Ele tem hipermetropia nos dois
gente, caracterizada por uma distância focal
olhos, sendo que o seu PP (ponto próximo) está
f. Um objeto é colocado a uma distância 0,8f,
a 50 cm e o PR (ponto remoto) está a 50 m. A medida a partir da lente. Se uma letra de um
lupa tem uma vergência de 10 dioptrias e ele a texto tem altura 1,6 mm, determine o tamanho
usará muito próximo do olho, quase colada. da letra observado pelo leitor.

356 Capítulo 14
4. O microscópio composto 1
1 - lente ocular
o microscópio é um instrumento óptico destinado 2 - lente objetiva
à visualização de pequenos objetos, tais como células, 3
3 - tubo escuro – estrutura do
micróbios, etc. a lupa é um microscópio simples. Qual- microscópio
quer lente convergente apoiada num suporte são con- 5 4 - lâmina contendo pequeno
siderados microscópios simples. objeto
o microscópio composto, por sua vez, é consti- 5 - suporte de altura regulável
tuído por duas lentes convergentes, como se descreve 2 4
a seguir (fig. 9):
• uma lente convergente ocular (onde se coloca
Figura 9. Esquema de um microscópio composto.
o olho).
• uma lente objetiva (que se aproxima do objeto).
Na figura 10 a lente objetiva forma uma primeira ocular
imagem (I ) ampliada do objeto e a lente ocular usa essa objetiva
imagem como um objeto e conjuga uma segunda ima- O F2 F'1 F'2
gem (I' ) ampliada. a ocular aproxima a imagem do olho F1 I
e produz um aumento do ângulo visual, aumentando raios
mais ainda o tamanho aparente do objeto. Desse modo, I' paralelos
o objeto teve a sua imagem ampliada duas vezes. Para uma imagem virtual distante
lembremos que essa segunda imagem dada pela fob fob s foc
ocular deve ficar aquém do pp (ponto próximo do olho
do observador). Figura 10. O caminho da luz no interior do microscópio composto.
o motivo de se usar duas ampliações sucessivas
(fig. 10) e não apenas uma com uma lente muito po-
tente é a distorção de imagem que acarretaria e as

thiNkstoCk/getty images
aberrações cromáticas que surgiriam.
Na figura 9, temos o esquema de um microscópio composto. a objetiva é uma lente
convergente que fica no interior de uma canopla cuja altura é regulável (canopla retrá-
til), permitindo assim uma maior ou menor aproximação do objeto. a ocular é outra
lente convergente que está no interior de outra canopla regulável, ajudando a focaliza-
ção da imagem do objeto. o corpo fixo do microscópio é um tubo escuro, no interior
do qual se formam as imagens.
De modo geral, a objetiva tem distância focal pequena, da ordem de alguns milí-
metros, enquanto a ocular tem maior distância focal, da ordem de alguns centímetros.
a objetiva de posição regulável é uma comodidade para os observadores que apre-
sentam defeitos de miopia ou hipermetropia, pois com isso se procura uma melhor
acomodação da imagem.
Figura 11. Microscópio com-
modernamente os microscópios possuem um conjunto de lentes objetivas comu- posto de lentes comutáveis.
táveis, como na figura 11, as quais modificam a ampliação do objeto devido à sua
potência (vergência).

Exercícios de Aplicação

7. Na figura ao lado tem-se um esquema simpli-


ilustrações: zapt

ficado de um microscópio composto em que a lente ocular (L1)


ocular é a lente L1 e a objetiva é a L2. Ambas tubo deslizante
são lentes convergentes. Sabe-se que a lente cŽlulas lente objetiva (L2)
L2 fornece uma primeira imagem I1 das células
contidas na lâmina.

Instrumentos ópticos 357


a) O que faz a lente L1? A abscissa da imagem fornecida pela objetiva
b) Admitindo-se que o observador tenha olho nor- é p'1, dada pela equação de Gauss:
mal, onde deverá formar-se a imagem final I2? 1 1 1
Resolução: fob = p1 + p'1 ⇒
1 1 1
a) A lente L1 usa a imagem I1 como objeto e conju- ⇒ = + p' (abscissas em cm)
ga uma imagem virtual I2, que é a imagem final. 4,0 6,0 1
5 7
b) A imagem final deverá ser virtual, ou seja, 5 7 1 1 30 – 28
forma-se abaixo da lente L1 e a 25 cm de dis- 4,0 = 6,0 + p'1 ⇒ p'1 = 24 ⇒
tância do observador, pois o olho normal tem o
24 cm
PP igual a 25 cm. ⇒ p'1 = 2 ⇒ p'1 = 12 cm

8. Podemos construir um microscópio composto b) A primeira imagem dada pela objetiva será
usando dois tubos de PVC, em que um se encaixa objeto para a ocular. Vamos determinar a sua
no outro e desliza por dentro. Nos extremos colo- posição. Em relação à ocular, lente 2, temos:
camos apenas duas lentes, como indica a figura. 1
Voc = f = 21 di
lente 1 oc
zapt

p'2 = –25 cm = –0,25 m (imagem virtual)


1 1
Voc = p + p' ⇒
2 2
1 1
⇒ 21 = p + –0,25 (em unidade SI)
2
1 1 1
lente 2 21 = p – 4,0 ⇒ p = 21 + 4,0 ⇒ p = 25 di ⇒
2 2 2

1 100
⇒ p2 = 25 m = 25 cm ⇒ p2= 4 cm

Determine a alternativa correta: ocular


a) 1 é a ocular, e sua lente é divergente. objetiva
B
b) 2 é a objetiva, e sua lente é biconvexa.
A' Fob A1
c) 1 é a ocular, e sua lente é bicôncava. A Foc
d) 2 é a ocular, e 1 é a objetiva.
B1
e) 2 é a objetiva, e 1 é a ocular, sendo ambas
bicôncavas. p'1 = 12 cm
p2

9. Um microscópio composto possui uma lente B'


p'2 = – 25 cm
ocular de vergência 21 dioptrias e uma objetiva
convergente de distância focal 8,0 mm. Para Observando a figura, concluímos que a dis-
focalizar uma lâmina, foi necessário trazer a tância D entre as duas lentes é:
6
objetiva até uma distância de 7 cm, com o que
D = p'1 + p2
se obteve uma focalização final de uma imagem
a 25 cm da ocular. Determine: D = 12 cm + 4 cm
a) a que distância a objetiva conjugou a primeira
D = 16 cm
imagem;
b) qual é a distância entre as duas lentes.
10. Um microscópio composto forneceu a imagem de
Resolução:
uma lâmina, conjugada pela objetiva, a 20 cm
Inicialmente, vamos nomear a lente objetiva de seu centro óptico. A lente ocular usada tem
como lente 1 e a lente ocular como 2. 16 dioptrias. A distância entre as duas lentes, a
objetiva e a ocular, é:
a) Para a objetiva, lente 1, temos:
6 a) 10 cm d) 25 cm
p1 = 7 cm
8,0 4,0 b) 15 cm e) 30 cm
fob = 8,0 mm = 10 cm = 5 cm
c) 20 cm

358 Capítulo 14
Exercícios de Reforço

11. Um biólogo tem presbiopia nas duas vistas, o 13. Um microscópio composto é constituído de duas
que modificou seu campo visual para PP (ponto lentes convergentes: a objetiva de distância focal
próximo) a 50 cm e PR (ponto remoto) a 10 m.
17 mm e a ocular de 50 mm. Uma pessoa de vistas
No microscópio que ele usa, com vista desarmada
(sem óculos), a imagem final deve estar a: normais vai operar o microscópio e focaliza uma
lâmina a 18 mm da objetiva.
a) 10 m da objetiva. d) 50 cm da objetiva.
b) 10 m da ocular. e) 1,0 m da ocular. a) Determine a posição, em relação à objetiva, da
c) 50 cm da ocular. imagem conjugada;
12. (Cesgranrio-RJ) O sistema óptico de um micros- b) Adotando 25 cm como a distância mínima
cópio composto é constituído de duas lentes, a
de visão distinta, qual deverá ser a distância
ocular e a objetiva. Podemos afirmar que:
entre as duas lentes?
a) ambas as lentes são divergentes.
c) O aumento linear, ou ampliação, dado pelo
b) a ocular é divergente e a objetiva convergente.
microscópio é igual à relação entre os módulos
c) a ocular é convergente e a objetiva divergente.
da altura da imagem final, y2, e da do objeto,
d) ambas as lentes são convergentes.
y
e) as duas lentes têm convergências negativas. y, ou seja: A = y2 . Determine essa ampliação.

5. Lunetas e telescópios

Um pouco de sua história

alBum/akg-images/latiNstoCk
os telescópios e as lunetas são instrumentos ópticos destinados
a observar objetos situados a uma grande distância. os telescópios
de baixa potência óptica são denominados de lunetas (instrumento
para ver a lua); os de maior potência óptica são telescópios.
as lunetas surgiram no princípio de século XVii e muitos reivindi-
caram a sua invenção. até hoje há quem diga que teria sido galileu,
mas não o foi. ele apenas a aperfeiçoou. oficialmente, a sua patente
foi requerida em 1608 pelo holandês hans lippershey, da cidade de
midelburgo.
galileu, assim que soube da existência de um instrumento que
aproximava a visão da lua, logo tratou de construir um para seu pró-
prio uso. Conta a história que ele acabou virando fabricante de lune-
tas na itália, pois elas eram muito úteis nos teatros e nas navegações.
Foi com uma luneta que galileu descobriu as crateras da lua.
Buscando outros astros, descobriu que o planeta Vênus se movia em
torno do sol, descobriu também os anéis de saturno.

Lunetas
uma luneta é um telescópio simples, constituída por duas lentes
delgadas coaxiais montadas nas extremidades de um tubo oco escu- Figura 12. Lunetas de Galileu (1609), atualmente
recido em seu interior: a objetiva é uma lente convergente e a ocular guardadas no Museu da História da Ciência em
é outra lente convergente. Florença, na Itália.

Instrumentos ópticos 359


objetiva

ilustrações: zapt
Nas figuras 13 e 14, estão representadas as lunetas de canopla
ocular
kepler e de galileu, respectivamente. observemos nos es- Foc Fob
quemas apresentados que as duas lentes são coaxiais, isto objeto y2 y1
é, seus centros ópticos estão alinhados sobre um mesmo no infinito
eixo comum. estando o objeto infinitamente distante, a
Figura 13. Luneta de Kepler. A lente ocular funciona
imagem conjugada pela objetiva está praticamente sobre
como uma lupa.
o seu plano focal. essa imagem não é ampliada.
kepler usava uma luneta para ver os astros: planetas
objetiva canopla
e estrelas, por isso a chamava de luneta astronômica. Na ocular
luneta de kepler a imagem final era invertida, o que não
y2
fazia nenhuma diferença. Foc Foc
galileu logo vislumbrou também a possibilidade de se objeto y1
distante
usar uma luneta terrestre, isto é, para observar objetos
longínquos, mas na terra. Como a imagem invertida era plano focal
da objetiva
um empecilho, trocou a ocular por uma lente divergente; a
imagem final deixava de ser invertida. esta luneta acabou Figura 14. Luneta de Galileu. A lente ocular é divergente; y1
fazendo sucesso entre os frequentadores de teatro, o que é objeto virtual para a ocular e y2 é a imagem final direita.
deu a galileu, como seu fabricante, um grande prestígio.
as lunetas evoluíram e ganharam uma canopla retrátil 2
e lentes de melhor qualidade. permitiam assim a visualiza- 1
ção de planetas e estrelas. eram as lunetas astronômicas
(fig. 15), também chamadas de telescópios de refração. 4
3
sua potência óptica era maior que uma simples luneta de 5
kepler. a lente ocular passou a ter distância focal da or- 1 - lente ocular
dem de alguns centímetros, ao passo que a objetiva usava 2 - lente objetiva – convergente
lentes de distância focal da ordem de alguns metros. isso 3 - corpo tubular do telescópio
obrigou a aumentar o tamanho da canopla da objetiva 4 - canopla retrátil da ocular
e, consequentemente, do corpo tubular, aumentando o 5 - canopla da objetiva
tamanho do telescópio. Figura 15. Luneta astronômica ou telescópio refrator.

Como é o esquema de formação de imagem de uma luneta ou


de um telescópio?
Vamos supor que a luneta astronômica esteja apon-
tada para a lua (fig. 16). esta será o nosso objeto. sua
objetiva ocular
imagem conjugada pela objetiva será uma lua reduzida,
no interior da canopla escura do telescópio, sobre o plano P1 ≡ F 2
focal da objetiva: representada por P1. esta imagem servirá F1
de objeto para a lente ocular, que deverá então conjugar
uma segunda imagem próxima a 25 cm do olho do obser-
vador. a imagem é virtual, pois o olho do observador está imagem final
praticamente encostado na lente ocular. por esse motivo Figura 16.
a canopla da lente ocular é retrátil, isto é, pode ser movi-
mentada para dentro ou para fora, ajustando a focalização
da imagem.
a imagem final da lua, fornecida pela ocular, é evidentemente menor que a lua.
No entanto, devido à sua proximidade com o olho, há um aumento do ângulo visual,
dando ao observador a sensação óptica de ampliação da lua.
esses telescópios foram apenas os precursores de uma grande evolução de apare-
lhos ópticos. o planeta urano foi descoberto em 1781 por William herschel (1738-
1822), num “observatório” de madeira, usando um telescópio refrator cujas lentes ele
mesmo polira. apenas para que tenhamos um registro, atualmente temos espalhados

360 Capítulo 14
pelo mundo muitos observatórios que ainda usam os te-

hemis/DiomeDia
lescópios refratores. Na figura 17 temos o potentíssimo
telescópio refrator do observatório de Nice, na França.
para determinarmos o aumento visual ou poder
ampliador de um telescópio refrator usaremos a figura
18, mostrando o caminho dos raios de luz com a forma-
ção das imagens, da qual destacamos os ângulos α e θ .
sendo A o aumento visual, vamos defini-lo por:
θ
a=–
α
sendo α e θ dois ângulos muito pequenos, podemos
aproximá-los às suas respectivas tangentes:
α = tg α e ainda θ = tg θ Figura 17. Telescópio refrator do Observatório de Nice, na França.
assim, o aumento visual ficará:
tg θ
a=– 1
tg α objetiva

ilustrações: zapt
Vamos admitir que F seja ao mesmo tempo o foco ocular

imagem da objetiva e o foco objeto da ocular, ou seja, o F


α θ
sistema é avergente. temos: objeto y1
no infinito
y1 y1
tg α = e ainda tg θ = 2
fob foc
substituindo-se 2 em 1 , vem:
y1 Figura 18. Determinação da imagem no telescópio refrator.
foc f
a = – y ⇒ A = – ob
1 foc
fob
Conclusão: para que o telescópio refrator tenha grande aumento visual, a distância
focal da objetiva deve ser maior que a da ocular. os grandes telescópios refratores usam
lentes oculares com distância focal da ordem de poucos centímetros e as objetivas da
ordem de alguns metros.

Os telescópios de reflexão
os telescópios refratores do século XVii esbarraram na falta de tecnologia da fabri-
cação das lentes de grande porte. elas apresentavam aberrações cromáticas, não se
tinha um vidro de alta qualidade e havia distorção de imagens. era muito complicado
fazer uma lente de 1 m de diâmetro.
isaac Newton, em 1672, fabricou um telescópio de apenas 30 cm de comprimento,
no qual substituiu a lente objetiva da luneta astronômica por um espelho côncavo e
parabólico, solucionando assim o problema anterior. esse novo instrumento passou a
se denominar telescópio refletor. a luz focalizada pelo
espelho côncavo era refletida para um espelho plano
convenientemente inclinado e que a jogava para a ocu-
lar (lente convergente), permitindo assim a focalização
ocular
da imagem final. Na figura 19 temos um esquema do
objetiva Lua
telescópio de Newton. refletora
em meados do século XX começaram a surgir os
grandes telescópios de reflexão, todos com base no
espelho plano
telescópio de Newton. tecnologicamente, é mais fácil
fazer um espelho grande do que uma lente delgada de
1,0 m de diâmetro. Figura 19. Esquema do telescópio de Newton.

Instrumentos ópticos 361


atualmente existe em órbita da terra um gi-

thiNkstoCk/getty images
gantesco telescópio refletor, o hubble, cujo espe- O telescópio Hubble
lho esférico tem 2,4 m de diâmetro. ele é conside- recebeu esse nome
rado um observatório espacial (fig. 20). em homenagem ao
modernamente, desenvolveu-se uma moderna astrônomo Edwin
tecnologia da composição de diversos pequenos Hubble (1889-1953),
espelhos hexagonais que, colocados lado a lado, do Observatório
se fecham numa calota esférica, como os gomos de Mount Wilson,
de uma bola de futebol. isso facilitou a constru- Califórnia (EUA).
ção de gigantescos telescópios de reflexão. No
sul do arizona, o observatório de Whipple possui
um dos maiores telescópios de reflexão construído Figura 20. O telescópio Hubble está no
com essa tecnologia. espaço desde 1990.

Exercícios de Aplicação

14. Um grande telescópio refrator possui duas lentes b) O aumento visual do telescópio refrator se
convergentes, no qual uma delas é a ocular e a calcula como na luneta:
outra a objetiva. Sendo: f f 600 cm
|A| = fob = f1 = 3,0 cm ⇒ |A| = 200
L1 de distância focal f1 = 6,0 m oc 2

L2 de distância focal f2 = 3,0 cm 15. Num pequeno telescópio refrator a lente ocular
Responda: tem uma distância focal de 8,0 mm e a lente
objetiva 80 cm. Determine o poder ampliador
a) Qual delas é a ocular e qual é a objetiva?
desse telescópio.
b) Quanto vale, em módulo, o poder ampliador
desse telescópio refrator? Resolução:

Temos: fob = 80 cm = 800 mm e ainda foc = 8,0 mm


Resolução:
a) Uma das propriedades que deve ter o teles- O poder ampliador ou aumento visual é dado pelo
cópio é a luminosidade interna, ou seja: a quociente entre as duas distâncias focais:
quantidade de luz captada. Isso é um dos f 800 mm
A = – fob ⇒ A = – – 8,0 mm ⇒ A = –100
fatores que melhora a visualização da ima- oc
gem. Desse modo devemos ter um diâmetro
O sinal negativo é porque se trata de uma ima-
maior na entrada da luz e consequentemente
gem invertida. Embora o telescópio refrator não
uma objetiva de diâmetro grande. Pela equa-
amplie a imagem, ele a aproxima de nossas vistas
ção dos fabricantes de lentes, sabemos que
e devido ao aumento do ângulo visual dá a sensa-
a distância focal é proporcional ao raio das
ção óptica de que a imagem aumentou 100 vezes.
faces e, por outro lado, a lente deve ser delga-
da. Logo, o diâmetro grande implica distância
16. Uma luneta astronômica apresenta objetiva com
focal grande.
distância focal de 2,5 m e ocular com distância
A distância focal da objetiva deve ser maior focal de 0,5 cm, separadas por uma distância L.
que a da ocular. Um observador cola seu olho à ocular para visua-
Concluindo: L1 é a objetiva e L2 a ocular. lizar um astro com essa luneta. Nessas condições,
determine:
zapt

a) a distância da imagem final ao olho do obser-


vador em condições de máxima ampliação.
ocular Admita que o olho do observador seja normal.
(L2) objetiva
(L1) b) o módulo do aumento visual da luneta.
hastes c) nas condições do item a, a distância L.
telescópicas (Sugestão: faça um esboço das posições das
imagens.)

362 Capítulo 14
Exercícios de Reforço

17. (Vunesp-SP) Uma luneta astronômica é usada Em relação às lentes da luneta, determine:
para aproximar objetos distantes. Ela é constituí- a) suas vergências;
da de duas lentes, chamadas de ocular e objetiva,
que são, respectivamente, b) o tipo de imagem produzida por cada uma
delas.

luiz augusto riBeiro


20. (UC-MG) Com relação à luneta astronômica, é
correto afirmar-se que:
a) ambas as lentes são convergentes.
b) a ocular tem grande distância focal.
c) a imagem final é direita.
d) a objetiva é convergente e a ocular divergente.
e) apenas a ocular é convergente.

a) divergente, de pequena distância focal, e 21. (Cesgranrio-RJ) A figura representa um sistema


divergente, de grande distância focal. de duas lentes, que constitui uma luneta (cha-
mada Galileu). Dois raios luminosos que atraves-
b) divergente, de grande distância focal, e con-
sam a luneta são também representados.
vergente, de grande distância focal.
c) convergente, de pequena distância focal, e
convergente, de pequena distância focal.
A B C D E

zapt
d) convergente, de pequena distância focal, e
convergente, de grande distância focal.
e) convergente, de pequena distância focal, e Qual dos pontos indicados é o foco comum às
divergente, de grande distância focal. duas lentes?

18. (UE-CE) Uma estudante constrói uma luneta a) A d) D


usando uma lente convergente de 58,2 cm de dis- b) B e) E
tância focal como objetiva e uma lente conver- c) C
gente com 1,9 cm de distância focal como ocular.
Sabendo-se que a distância entre as lentes ocular 22. Dispondo de uma lente convergente de distância
e objetiva é de 60 cm, qual é, aproximadamente, focal 100 cm e de outra divergente de distância
a distância, em centímetros, entre a imagem focal –5 cm, podemos obter o seguinte instru-
final de um astro observado e a ocular? mento óptico, quando as lentes são associadas
convenientemente:
a) 10,0 b) 30,6 c) 34,2 d) 36,4
a) microscópio composto.
19. (UE-RJ) Um transatlântico dispõe de uma lune- b) microscópio simples.
ta astronômica com aumento visual G, de valor
c) luneta astronômica.
absoluto igual a 10, composta por duas lentes
convergentes. A distância focal da objetiva é d) telescópio.
igual a 40 cm. e) luneta terrestre de Galileu.
thiNkstoCk/getty images

6. Os binóculos rolete

a ideia do binóculo nasceu da luneta terrestre, que era usada


desde os tempos de galileu. inicialmente eram apenas duas lunetas
montadas em paralelo. o objetivo do binóculo é o mesmo da lune-
ta: visualizar objetos distantes. No entanto, ele precisa ser ainda um
objeto de fácil transporte, o que não acontece com as lunetas. pode- Figura 21. Binóculo com avanço de ocular.
mos, então, definir o binóculo como um telescópio portátil (fig. 21). Destaque para o rolete entre os dois corpos.

Instrumentos ópticos 363


os binóculos de reflexão foram inventados no século XiX e usavam um espelho de

zapt
45° como elemento refletor. mais tarde esse espelho foi substituído por um prisma de
reflexão total.
o princípio de seu funcionamento é o seguinte: nas lunetas o cano é longo, pois a
lente objetiva deve ter uma distância mínima da lente ocular. o raio de luz deve per-
correr internamente essa distância (fig. 22). Devido à estratégia usada no binóculo de
prisma de reflexão total, a luz percorre essa mesma distância e os seus canos podem ser
mais curtos, tornando o aparelho mais fácil de transportar. além disso, unindo os dois Figura 22. Binóculo de pris-
monóculos há um sistema de regulagem que aproxima ou afasta a ocular, para se obter ma de reflexão total. Esque-
melhor focalização de uma imagem. ma do percurso da luz.

7. A máquina fotográfica

luiz augusto riBeiro


a máquina fotográfica é constituída de uma lente con- diafragma
vergente, também denominada objetiva, e um anteparo
(o filme). Do objeto real a ser fotografado, a objetiva con- objetiva
juga uma imagem real, invertida e reduzida, focalizada
sobre a película fotográfica (o filme).
uma máquina fotográfica possui quatro elementos
básicos:
• objetiva: lente convergente;
filme obturador
• obturador: abre e fecha a entrada de luz;
Figura 23. Elementos básicos da máquina fotográfica.
• diafragma: regula a quantidade de luz;
• filme: faz o papel do anteparo da imagem final.

A máquina fotográfica digital


Na máquina fotográfica digital o processo é semelhante, porém não existe o filme
para receber a imagem. esta é armazenada num cartão digital ou na memória da pró-
pria máquina.
No entanto, não podemos negar os incrementos de recursos contidos numa câmera
digital: copiar, colar, transferir arquivos para o computador, anexar a foto ao e-mail,
transferir a imagem para o Facebook e twitter, no celular; tudo isso com um fio ligado
ao pC ou pela tecnologia sem fio (Bluetooth.)

Uma analogia com o olho humano


No capítulo anterior estudamos o olho humano, cuja analogia com a máquina foto-
gráfica é bastante acentuada. Vejamos os elementos correspondentes:

Na máquina fotográfica No olho humano

filme ou cartão de memória retina

obturador pálpebras

lente objetiva cristalino

diafragma íris

364 Capítulo 14
8. Os projetores de imagens
o projetor de slides e o projetor cinemato-

zapt
slide ou
gráfico têm funcionamento análogo. a diferen- filme
4
ça básica é que o slide fica em repouso, enquan-
2 tela e
to o filme apresenta movimento frontal à lente. F
suporte
Nesses dois instrumentos ópticos, o objeto é
objetiva
a figura impressa na película transparente. ela é
espelho condensador fixador 5
colocada frontalmente a uma lente convergen- refletor óptico de slide
te de pequena distância focal (objetiva). Basica- 1 3
mente, as partes de um projetor de slides são Figura 24. Trajetória da luz em um projetor de slides.
cinco (fig. 24):
• um espelho esférico refletor de foco F;
• uma fonte de luz colocada sobre o foco do espelho e voltada para ele;
• um condensador óptico, conjunto convergente de lentes acopladas que con-
centra a luz proveniente do espelho esférico, produzindo um estreito feixe cilín-
drico, de luz muito intensa, que incide na película;
• a película (slide ou filme), colocada entre o condensador e a objetiva;
• a objetiva, sistema convergente constituído por uma única lente ou conjunto de
lentes acopladas. essas lentes estão fixadas num canhão que pode ser deslocado
para a frente ou para trás.

a imagem conjugada pela objetiva é real, ampliada e invertida, e deve ser focalizada
numa tela. para o ajuste dessa focalização, translada-se o canhão-suporte da objetiva
para a frente ou para trás.

Exercícios de Aplicação

23. A lente objetiva de uma câmara fotográfica é a) A imagem de um objeto no infinito cairá no
uma lente convergente de vergência 10 dioptrias. plano focal da lente. Assim a distância da obje-
Esta poderá ser aproximada ou afastada do filme tiva ao filme deverá ser igual à sua distância
à medida que se fizer necessário, sendo a maior focal. A lente deverá ser aproximada do filme
distância 16 cm e a menor a sua distância focal. até que seu foco encoste na película do filme.
Responda: d = fob
a) A que distância do filme deverá ser posiciona- 1 1
V = f ⇒ 10 = f ⇒ fob = 0,1 m = 10 cm
da a lente objetiva para se obter uma fotogra- ob ob
fia nítida de uma paisagem no infinito? Logo, a distância da objetiva ao filme é:
b) Qual é a distância mínima que se pode foto- d = 10 cm .
grafar um selo? b) Quando aproximamos o objeto da lente
c) A que distância deverá estar posicionada a a sua imagem também se afasta. Na
objetiva do filme para se obter uma foto níti- nossa máquina a lente poderá ser afas-
da de um objeto a 5,0 m de distância? tada do filme a uma distância máxima
p' = D = 16 cm. A distância mínima p que se
Resolução:
pode fotografar um selo se calcula por:
A estratégia é a seguinte: o exercício com a 1 1 1
máquina fotográfica se resolve do mesmo modo f = p' + p
como se resolveram os exercícios de projeção de Temos: f = 10 cm e p' = D = 16 cm
imagens sobre um anteparo. Nesse caso, o ante- 1 1 1
paro é o seu filme. 10 = 16 + p

Instrumentos ópticos 365


Resolvendo a equação encontraremos aproxi- 24. (UF-RN) Uma pessoa deseja fotografar um objeto
madamente: p ≅ 26,6 cm . cuja altura é dois metros e, para isso, ela dispõe
c) Usaremos a equação de Gauss para lentes. de uma câmera fotográfica de 3,5 cm de pro-
1 1 1 fundidade (distância da lente ao filme) e que
f = p' + p permite uma imagem de 2,5 cm de altura (no
1 1 1 filme). A mínima distância em que ela deve ficar
10 = p' + 500 do objeto é:
50p' = 500 + p'
500 a) 1,8 m
p' = 49 ⇒ p' ≅ 10,2 cm
b) 2,0 m
Observe que a imagem quase se formou no
plano focal da lente. Para distâncias supe- c) 2,5 m
riores a 10 m, as imagens praticamente se d) 2,8 m
formam no plano focal da lente.
e) 3,5 m

Exercícios de Reforço

25. (Unesp-SP) Uma câmara fotográfica rudimentar 26. (Unesp-SP) Um projetor rudimentar, confeccio-
utiliza uma lente convergente de distância focal nado com uma lente convergente, tem o objetivo
f = 50 mm para focalizar e projetar a imagem de de formar uma imagem real e aumentada de um
um objeto sobre o filme. A distância da lente ao slide. Quando esse slide é colocado bem próximo
filme é p' = 52 mm. A figura a seguir mostra o do foco da lente e fortemente iluminado, produz-
esboço dessa câmara. se uma imagem real, que pode ser projetada em
ilustrações: zapt

uma tela, como ilustrado na figura.


tela

filme
slide
lente F
Para se obter uma boa foto, é necessário que a
imagem do objeto seja formada exatamente sobre
o filme e o seu tamanho não deve exceder a área
sensível do filme. Assim: A distância focal é de 5 cm e o slide é colocado
a 6 cm da lente. A imagem projetada é real e
a) Calcule a posição que o objeto deve ficar em
direita. Calcule:
relação à lente.
b) Sabendo-se que a altura máxima da imagem a) a posição, em relação à lente, onde se deve
não pode exceder a 36,0 mm, determine a colocar a tela, para se ter uma boa imagem;
altura máxima do objeto para que ele seja b) a ampliação lateral (aumento linear trans-
fotografado em toda a sua extensão. versal).

Exercícios de Aprofundamento

27. (ITA-SP) Um dos telescópios utilizados por Galileu a) 192 mm, direita.
era composto de duas lentes: a objetiva, de
b) 8 mm, direita.
16 mm de diâmetro e distância focal de 960 mm,
e a ocular, formada por uma lente divergente. O c) 48 mm, invertida.
aumento era de 20 vezes. Podemos afirmar que
d) 960 mm, direita.
o valor absoluto da distância focal da ocular e a
imagem eram, respectivamente: e) 48 mm, direita.

366 Capítulo 14
28. (Unesp-SP) Assinale a alternativa correspondente 31. Nas figuras temos o sistema óptico de quatro ins-
ao instrumento óptico que, nas condições nor- trumentos. Com exceção da figura II, não foram
mais de uso, fornece imagem virtual. mostradas as canoplas, mas apenas as lentes.
A lente maior tem maior distância focal que a
a) Projetor de slides. outra. A posição do observador indica a ocular.
b) Projetor de cinema.
(I)
c) Cristalino do olho humano.
d) Câmara fotográfica comum.
e) Lente de aumento (lupa).
(II)
29. (ITA-SP) O sistema de lentes de uma câmera foto-
gráfica pode ser entendido como uma fina lente
convergente de distância focal igual a 25,0 cm.
A que distância da lente (p') deve estar o filme
para receber a imagem de uma pessoa sentada a
1,25 m da lente?
a) 8,4 cm c) 12,5 cm e) 25,0 cm
b) 31,3 cm d) 16,8 cm (III)
30. (UF-MG) Usando uma lente convergente, José
Geraldo construiu uma câmera fotográfica sim-
plificada, cuja parte óptica está esboçada nesta
figura. (IV)
ilustrações: zapt

x Pela ordem crescente, os quatro instrumentos


são:
a) luneta de Galileu, telescópio de reflexão
de Newton, telescópio refrator ou luneta de
lente Kepler, microscópio.
b) telescópio refrator ou luneta de Kepler,
Ele deseja instalar um mecanismo para mover a microscópio, luneta de Galileu, telescópio de
lente ao longo de um intervalo de comprimento reflexão de Newton.
x, de modo que possa aproximá-la ou afastá-la c) microscópio, telescópio de reflexão de Newton,
do filme e, assim, conseguir formar, sobre este, telescópio refrator ou luneta de Kepler, luneta
imagens nítidas. de Galileu.
a) Sabe-se que a distância focal da lente usada d) telescópio refrator ou luneta de Kepler, micros-
é de 4,0 cm e que essa câmera é capaz de cópio, telescópio de reflexão de Newton, lune-
fotografar objetos à frente dela, situados a ta de Galileu.
qualquer distância igual ou superior a 20 cm e) microscópio, telescópio de reflexão de
da lente. Considerando essas informações, Newton, luneta de Galileu, telescópio refrator
determine o valor de x. ou luneta de Kepler.
b) Pretendendo fotografar a Lua, José Geraldo
posiciona a lente dessa câmera a uma distân- 32. (U. F. São Carlos-SP) Neste ano [2009] o mundo
cia D do filme. Em seguida, ele substitui a todo comemora os 400 anos das primeiras obser-
lente da câmera por outra, de mesmo formato vações astronômicas realizadas por Galileu Galilei.
e tamanho, porém feita com outro material, Popularizam-se esquemas de montagens caseiras
cujo índice de refração é maior. Considerando de lunetas utilizando materiais de baixo custo,
essas informações, responda: tais como, por exemplo, tubos de PVC, uma lente
convergente (objetiva) e uma lente divergente
Para José Geraldo fotografar a Lua com essa
ou convergente (ocular).
nova montagem, a distância da lente ao
filme deve ser menor, igual ou maior que D? Na escolha das lentes a serem utilizadas na mon-
Justifique sua resposta. tagem da luneta, geralmente, não são relevantes

Instrumentos ópticos 367


as suas distâncias focais, f1 e f2 (medidas em

luiz augusto riBeiro


metros), mas sim as suas potências de refração
(vergência), cuja unidade de medida é a dioptria
(“grau”). A vergência V de uma lente convergen-
te ou divergente é dada pelo inverso da distância ?
focal.
Na montagem da luneta, a distância entre as duas
lentes é igual à soma das distâncias focais des- vidro
sas lentes e o aumento no tamanho da imagem
observada com a luneta é dado pela razão entre Desejando manter a folha esticada, é colocada
as distâncias focais das lentes objetiva e ocular. uma placa de vidro, com 5 cm de espessura, sobre
a mesma. Nesta nova situação, pode-se fazer com

luiz augusto riBeiro


que a fotografia continue igualmente nítida:
a) aumentando D0 de menos de 5 cm.
b) aumentando D0 de mais de 5 cm.
c) reduzindo D0 de menos de 5 cm.
d) reduzindo D0 de 5 cm.
e) reduzindo D0 de mais de 5 cm.

34. (Fuvest-SP) Uma máquina fotográfica, com uma


lente de foco F e eixo OO', está ajustada de modo
que a imagem de uma paisagem distante é forma-
De posse dessas informações e desejando cons-
da com nitidez sobre o filme. A situação é esque-
truir uma luneta, um estudante adquiriu tubos matizada na figura 1. O filme, de 35 mm, rebati-
de PVC, uma lente objetiva convergente de 1,50 do sobre o plano, também está esquematizado na
grau e uma lente ocular divergente com distância figura 2, com o fotograma K correspondente. A
focal de 3 cm. fotografia foi tirada, contudo, na presença de um
a) Calcule a que distância máxima da lente fio vertical P, próximo à máquina, perpendicular
objetiva ele deverá fixar a ocular. A imagem à folha de papel, visto de cima, na mesma figura.
formada será direita ou invertida? a) Represente, na figura 1, a imagem de P, iden-
b) Empolgado com essa montagem, o estudante tificando-a por P' (observe que essa imagem
deseja construir uma luneta com o triplo não se forma sobre o filme).
da capacidade de ampliação da imagem. b) Indique, na figura 1, a região AB do filme que
Mantendo-se fixa a objetiva em 1,50 grau, cal- é atingida pela luz refletida pelo fio, e os raios
cule qual será o valor da vergência da ocular e extremos, RA e RB, que definem essa região.
o tamanho máximo da luneta. c) Esboce, sobre o fotograma K da figura 2,
a região em que a luz proveniente do fio
33. (Fuvest-SP) Certa máquina fotográfica é fixada impressiona o filme, hachurando-a.
a uma distância D0 da superfície de uma mesa,
montada de tal forma a fotografar, com nitidez, Note e adote:
Em uma máquina fotográfica ajustada para
um desenho em uma folha de papel que está
fotos de objetos distantes, a posição do
sobre a mesa.
filme coincide com o plano que contém o
foco F da lente.
luiz augusto riBeiro

Figura 2. Figura 1.
zapt

filme
D0 lente
O F convergente O'
K P

368 Capítulo 14
CAPÍtuLO

Movimento harmônico
simples 15
1. Oscilações 1. Oscilações

2. Oscilador bloco-mola
Tomemos uma régua e, com uma das mãos, fixemos uma de suas extremidades
(A) sobre uma mesa (fig. 1). Com a outra mão, abaixemos levemente a outra extre- 3. Movimento harmônico
midade (B) e depois soltemos. simples retilíneo
Percebemos que, durante algum tempo, a parte da régua que está fora da mesa
vai executar um movimento de vaivém, para cima e para baixo. O movimento acaba 4. Movimento harmônico
cessando, pois a energia mecânica da régua se transfere para as moléculas de ar simples angular
em volta e também para o seu interior. As deformações, durante o movimento de 5. Pêndulo simples
vaivém, provocam o aumento das energias cinéticas das moléculas no interior da
régua e, se dispuséssemos de um termômetro muito sensível, perceberíamos que a 6. Ressonância
temperatura da régua aumentou um pouco.
7. Relação entre o MHS e o
Na figura 2 apresentamos uma situação familiar que tem semelhança com o exem-
MCU
plo da régua: a criança executa um movimento de vaivém, para a frente e para trás.
Movimentos de vaivém, como os exemplificados nas figuras 1 e 2, são chamados 8. Equações horárias do
de movimentos oscilatórios (ou vibratórios). MHS
THINkSTOCk/GeTTY IMAGeS

9. Gráficos do MHS

10. Movimento harmônico


amortecido

A B

Figura 1. Figura 2. O movimento de um balanço é um


movimento oscilatório.
Dizemos que a régua e o balanço das figuras executam oscilações e qualquer
sistema que execute oscilações é chamado oscilador.
edifícios, pontes, construções em geral também podem oscilar e, se as oscilações
forem muito grandes, a estrutura poderá se quebrar. Por isso, ao planejarem as
construções, os engenheiros devem levar em conta as possibilidades de oscilações.

Oscilações periódicas
Na prática, em geral, as oscilações não se mantêm indefinidamente. elas vão dimi-
nuindo aos poucos até que o sistema se estabiliza na posição de equilíbrio. A régua da
figura 1, por exemplo, após ser atingida, vibra com deslocamentos cada vez menores
até atingir o repouso. Dizemos que, nessas situações, as oscilações são amortecidas,
já que aos poucos a energia mecânica do sistema oscilante vai sendo dissipada por

Movimento harmônico simples 369


efeito dos atritos internos ou mesmo com o ar. Para manter as oscilações, é necessário
um suprimento contínuo de energia. Por exemplo, no caso da figura 2, para manter o ba-
lanço, a criança executa movimentos com o corpo, transformando a energia química do
seu corpo em energia mecânica oscilante. Nesse caso dizemos que a oscilação é forçada.
Há situações, porém, em que o atrito é desprezível e o sistema se mantém oscilando
g
durante muito tempo entre suas posições extremas, gastando sempre o mesmo tempo
para uma oscilação completa.
Por oscilação completa, entendemos o movimento que parte de uma das posi- T T
Y 4 4 W
ções extremas, vai até a outra posição extrema e volta à posição inicial. Por exemplo,
consideremos o sistema representado na figura 3. Trata-se de um pêndulo simples, o T T
Z
qual é formado por um corpo de pequenas dimensões preso à extremidade de um fio 4 4
ideal. A posição de equilíbrio é a Z, isto é, se o pêndulo for abandonado nessa posição, Figura 3.
permanecerá em equilíbrio.
Se abandonarmos o pêndulo na posição Y, ele ficará oscilando entre Y e W.
Se o tempo gasto para cada oscilação completa for sempre o mesmo, esse tempo
será chamado de período (T ) e a oscilação será chamada de periódica. No caso do
pêndulo da figura 3, o período (T ) é o tempo para ir de Y a W e voltar a Y. Os tempos
gastos nos trajetos YW e WY são iguais e valem T . Os tempos gastos nos trajetos YZ,
2
ZW, WZ e ZY são iguais, valendo T cada um.
4
A frequência (f ) da oscilação periódica é o número de oscilações em cada unidade
de tempo:
número de oscilações N
f = frequência = =
tempo gasto nas oscilações Δt
Mas, pela definição de período, quando N = 1, Δt = T, isto é:

1 1
f= ou T=
T f

Pela equação acima, vemos que, no SI, a unidade de frequência é s–1, também cha-
mado de hertz (Hz).
Nas equações que fornecem a posição, a velocidade e a aceleração de um corpo
em movimento oscilatório, em geral aparecem as funções seno e cosseno, conhecidas
como funções harmônicas. Por esse motivo, os movimentos oscilatórios são também
chamados de movimentos harmônicos.
Neste capítulo vamos analisar com algum detalhe o tipo mais simples de movimento
harmônico, que é denominado movimento harmônico simples (MHS). Começare-
mos apresentando um caso concreto para depois formalizar a definição de MHS. IluSTrAçõeS: ZAPT

(a)
2. Oscilador bloco-mola Z
S
Consideremos um bloco de massa m, apoiado sobre uma superfície x
O
horizontal S, sem atrito, e ligado a uma mola ideal, de constante elástica k
F1
(fig. 4). Na figura 4a o sistema está em repouso, isto é, a mola não (b)
está deformada, e o bloco está na posição de equilíbrio. Para analisar
Z
a situação, vamos adotar um eixo x em relação ao qual consideramos a S
abscissa de um ponto qualquer do bloco. Por exemplo, consideraremos O x1 x
o ponto Z.
(c) F2
Se o bloco for deslocado para a direita, de modo que a abscissa de Z
seja x1 (fig. 4b), sabemos (ver capítulo 16 do volume 1 desta coleção) que Z
a mola exercerá uma força F1 sobre o bloco tal que: S
x2 O x
|F1| = kx1 Figura 4.

370 Capítulo 15
Se o bloco for deslocado para a esquerda, de modo que a abscissa de Z
seja x2 (fig. 4c), a mola exercerá sobre o bloco uma força F2 tal que:

|F2| = k|x2|
F
F2
Para facilitar a análise é conveniente considerar a força como positiva se
ela tiver o sentido do eixo, e negativa se ela tiver sentido oposto ao do eixo. x1
Assim, na figura 4 temos F1 < 0 e F2 > 0. Como x1 > 0 e x2 < 0, podemos x2 0 x
expressar a relação entre a força e a abscissa do seguinte modo:
F1

Figura 5. Gráfico da for-


F = – kx 1
ça exercida no bloco em
função do deslocamento.

e o gráfico de F em função de x é retilíneo e tem inclinação mostrada na


figura 5.
À abscissa x do ponto Z vamos dar o nome de elongação. (a)
Suponhamos que, inicialmente, o bloco esteja em repouso, na posição
de equilíbrio (fig. 6a). Em seguida puxamos um pouco o bloco para a direita
e o abandonamos na posição de elongação A (fig. 6b). O bloco passará en- (b) F
tão a executar um movimento oscilatório entre as posições de elongações
v=0
A e –A, e nessas posições sua velocidade será nula. À elongação máxima A
daremos o nome de amplitude do movimento.
(c) F
Vamos acompanhar o movimento do bloco em uma oscilação completa, v=0
isto é, uma ida e uma volta.
Na posição da figura 7a o bloco tem elongação mínima –A, e sua ve-
locidade é nula. A partir daí ele tem movimento acelerado até chegar à –A O A x
posição de elongação nula (fig. 7c), quando sua velocidade é máxima (v2 ). Figura 6.
A seguir, ele tem movimento retardado até chegar à posição extrema
de elongação A (fig. 7e), quando sua velocidade é novamente nula. A

IluSTrAçõES: ZAPT
(a)
partir daí ele adquire movimento acelerado para a esquerda até atingir v=0
a posição de equilíbrio (fig. 7g), quando sua velocidade v5 tem módulo
(b) v1
máximo:

|v5| = |v2| = módulo máximo da velocidade (c) v2

Finalmente, da posição da figura 7g até atingir a outra posição extrema, (d) v3


de elongação –A, o movimento é retardado e para x = –A teremos v = 0.
Mais adiante mostraremos que o movimento do bloco é periódico, isto (e)
é, o tempo gasto para efetuar cada oscilação é sempre o mesmo e é cha- v=0
mado período (T ) do movimento. O valor de T é:
(f) v4

m (g) v5
T = 2π 2
k
(h) v6

É importante destacar que o período não depende da amplitude, mas


(i)
apenas de m e k. v=0
Para ir da posição de elongação –A (fig. 7a) até a posição de elongação
x
A (fig. 7e), o tempo gasto é T , e para ir da posição de elongação –A até a –A O A
2
posição de elongação nula (fig. 7c), o tempo gasto é T . Figura 7. Representação de uma oscila-
4 ção completa do bloco.

Movimento harmônico simples 371


No estudo da Gravitação (capítulo 24 do volume 1) comentamos a

SPl/lATINSTOCk
questão da imponderabilidade.
um astronauta, dentro da nave que se move em torno da Terra, não
sente a gravidade, isto é, ele se sente flutuar e, assim, quando precisa medir
sua massa, não pode usar uma balança comum. Por isso, quando se trata
de longas permanências na nave, há dentro dela um sistema oscilatório
cuja constante elástica k é conhecida. Na figura 8 a astronauta instala-se
nesse sistema, que é posto a oscilar. Medindo-se o período de oscilação, é
Figura 8. Astronauta medindo sua massa
possível determinar a massa da astronauta por meio da equação 2 .
num sistema oscilatório.

Energia do oscilador bloco-mola


No capítulo 19 do volume 1 desta coleção vimos que a energia potencial elástica
(EP ) é dada por:
2
EP = kx
2

Vimos também que o sistema que estamos analisando é conservativo, isto é, a


soma da energia potencial (EP) com a energia cinética (EC) se mantém constante durante E

ZAPT
o movimento, e essa constante é a energia mecânica (EM): EM

mv2 kx2 EC
eM = eC + eP = + = constante
2 2
EP
Na figura 9 apresentamos os gráficos de EC, EP e EM em função da elongação x. Nos
pontos de elongação A e –A, a velocidade é nula e, portanto, a energia cinética tam- –A 0 A x
bém é nula. Nos pontos de elongação A e –A, a energia potencial é máxima. Figura 9. Gráfico das energias
Como a energia mecânica é constante, podemos obter seu valor considerando um potencial, cinética e mecâni-
ponto qualquer. Tomemos, por exemplo, o ponto de elongação máxima (x = A), no ca em função da elongação.
qual a velocidade é nula. Portanto:

mv2 kA2 kA2


eM = + ⇒ EM = 3
2 2 2
0
Podemos expressar essa energia de outro modo. Temos:

T = 2π m ⇒f= 1 k ⇒ k = 4π2mf2
k 2π m
Substituindo em 3 :

kA2 4π2mf2A2
eM = = ⇒ EM = (2π2m)f2A2
2 2

Assim, vemos que a energia mecânica de uma partícula em MHS é proporcional ao


quadrado da frequência e proporcional ao quadrado da amplitude.

3. Movimento harmônico simples retilíneo


Mais adiante apresentaremos outras situações em que um corpo tem movimento
semelhante ao oscilador bloco-mola que acabamos de analisar, isto é, o corpo tem mo-
vimento retilíneo sobre um eixo Ox, de modo que a resultante (F ) das forças atuantes
no corpo é do tipo:
F = –kx

372 Capítulo 15
em que k é uma constante. Toda vez que isso ocorrer, diremos que o corpo tem
movimento harmônico simples (MHS) retilíneo e, em qualquer desses casos, o
movimento será periódico, de período dado pela equação 2 :

T = 2π m 2
k
Podemos definir o MHS retilíneo de outra maneira, procedendo do modo a seguir.

F = –kx ⇒ ma = –kx ⇒ a = –
k
x
F = ma m

Fazendo:
k
=c 4
m
temos:

a = –cx 5

sendo c uma constante.


Assim, se uma partícula se move sobre um eixo x, de modo que sua aceleração es-
calar a e sua abscissa x estão relacionadas por
a = –cx
com c constante, diremos que a partícula executa MHS retilíneo.
O período pode ser expresso de outro modo:

T = 2π m 1
k ⇒ T = 2π 6
c= k c
m
Veremos a seguir dois exemplos de MHS retilíneos, diferentes do oscilador bloco-mola
na horizontal.

Oscilador bloco-mola na vertical


(a) (b) (c)

IluSTrAçõeS: ZAPT
Na figura 10a representamos uma mola ideal não deformada, de constante
elástica k. Prendendo-se à extremidade da mola um corpo de massa m, a situa-
ção de equilíbrio está representada na figura 10b.
Na posição de equilíbrio atuam no corpo o peso P e a força elástica F0, sendo
y F0
F0 = ky. Como o sistema está em equilíbrio, temos: O
x FE
F0 = P ⇒ ky = P
x
Adotemos um eixo cuja origem está na posição de equilíbrio, como mostra a P
figura. Se o corpo for deslocado verticalmente da posição de equilíbrio, a força x
P
exercida pela mola terá módulo dado por: Figura 10.
Fe = k(y + x) = ky + kx
Porém, ky = P. então:
Fe = ky + kx = P + kx
Assim, a força resultante F tem módulo dado por:
|F | = Fe – P = (P + kx) – P = kx

|F | = kx

Movimento harmônico simples 373


Portanto, nessa situação, a força resultante (tomando-se o eixo da figura) é dada por
F = –kx, em que x = 0 corresponde à posição de equilíbrio. Sendo assim, deslocando-se
o corpo verticalmente e em seguida abandonando-o, ele executa um MHS, cujo perío-
do pode ser calculado pela mesma fórmula do oscilador bloco-mola na horizontal, que
é a equação 2
T = 2π m 2
k
ou seja, o período não depende da aceleração da gravidade.
usando o mesmo raciocínio, podemos mostrar que a equação 2 vale também
para o caso em que o sistema bloco-mola esteja oscilando apoiado em um plano
inclinado.

Corpo flutuante
Consideremos um corpo em forma de cilindro ou prisma, cuja área da base é A e (a)

IluSTrAçõeS: ZAPT
A
cuja massa é m (fig. 11a). m
Colocando esse corpo em um líquido de densidade dl, vamos supor que ele fique
em equilíbrio na posição indicada na figura 11b, em que h é a distância entre o fundo
do corpo e a superfície do líquido. Como vimos no capítulo 26 do volume 1, as forças (b) P
que atuam no corpo são o peso (P) e o empuxo (E), sendo que:

P = mg e e = dlAhg
h
em que g é a aceleração da gravidade. Como o sistema está em equilíbrio, temos:
dL E
P = e ⇒ mg = dlAhg ⇒ m = dlAh

Se empurrarmos o corpo levemente para baixo e depois soltarmos (fig. 11c), ele
ficará oscilando. em relação à posição da figura 11b, na posição da figura 11c, o corpo (c) P
afundou uma distância x. Assim, nessa posição, a força resultante F é igual ao acrésci-
mo de empuxo, isto é: F
|F | = dlAxg = (dlAg)x = kx h+x
k
L
d E'
Portanto, a força resultante tem módulo dado por kx e tende a levar o corpo à posi-
ção de equilíbrio. Assim, concluímos que o movimento é harmônico simples de período
T dado por: Figura 11.

T = 2π m = 2π dlAh ⇒ T = 2π h
k dlAg g

4. Movimento harmônico
simples angular S S

Na figura 12a representamos um disco horizontal g


g
preso por seu centro a um fio, que por sua vez está preso
B B'
a um suporte S. Na posição de equilíbrio, a linha de
O C''
referência OB está fixa. Ao girarmos levemente o disco, A C
B''
θ0 θ0 C
soltando-o em seguida, ele passa a executar um movi- θ0
B
C'
mento oscilatório rotacional e a linha de referência θ0
OB movimenta-se entre as posições OA e OC, sendo θ0
o ângulo máximo girado de cada lado da posição inicial (a) Disco horizontal oscilando. (b) Barra horizontal oscilando.
da linha OB. Figura 12. Exemplos de MHS angular.

374 Capítulo 15
No capítulo 15 do CD mostraremos que, para θ0 “pequeno”, isto é, para oscilações
PrOCurE nO CD
de “pequena” amplitude angular θ0, a aceleração angular (γ ) do disco e seu desloca-
mento angular (θ) estão relacionados por: Veja, no capítulo
γ = –cθ 15 do CD, o texto
Movimento
sendo c uma constante. esta última equação tem a mesma forma da equação 5 : harmônico simples
α = –cx angular, bem como
exercícios relativos
Isso nos leva a concluir que o disco executa um MHS angular, cujo período é dado ao tema.
pela equação 6 :
T = 2π 1 6
c
Na figura 12b apresentamos um outro exemplo de MHS angular: uma barra hori-
zontal BC, presa a um fio, oscila entre as posições B'C' e B''C''. esse caso da barra é
semelhante ao dispositivo usado por Cavendish para medir a constante de gravitação
universal, de um modo que descrevemos no capítulo 24 do volume 1.
Os dois sistemas da figura 12 são também chamados pêndulos de torção e são
analisados com mais detalhes no texto do CD referido ao lado.

Exercícios de Aplicação

1. Um bloco de massa m = 5,0 kg oscila preso a c) A máxima velocidade ocorre no ponto de abs-
uma mola ideal de constante elástica k = 20 N/m cissa nula, no qual a energia potencial é nula,
e apoiado sobre uma superfície horizontal S sem isto é, a energia cinética é igual à energia
atrito, como ilustra a figura a. mecânica:
mv2 kA2
EC = EM ⇒ = ⇒
IluSTrAçõeS: ZAPT

2 2
S ⇒ (5,0)v2 = (20)(0,20)2 ⇒
Figura a. ⇒ v2 = (4,0)(0,20)2 ⇒ v = (2,0)(0,20) ⇒

⇒ v = 0,40 m/s

S d) A aceleração tem módulo máximo nos pontos


Figura b. onde a força tem módulo máximo. Como a
força é dada por F = –kx, a força máxima Fm
é dada por:
S Fm = k · A
Figura c. Mas, pela Segunda Lei de Newton, temos:
–0,20 0 0,20 x (m) Fm = m · am

Sabendo que a amplitude do movimento é em que am é a aceleração máxima. Assim:


A = 0,20 m, calcule: m · am = kA ⇒
a) o período do movimento; ⇒ (5,0 kg) · am = (20 N/m)(0,20 m) ⇒
b) a frequência do movimento; am = 0,80 m/s2

c) a máxima velocidade adquirida pelo bloco;
d) a máxima aceleração adquirida pelo bloco. 2. Na figura a temos um bloco de massa
m = 4,0 kg preso a uma mola de constante elás-
Resolução: tica k = 1 600 N/m, cujo comprimento natural
é L; assim, nessa posição a mola não está defor-
a) T = 2π m = 2π 5,0 kg ⇒ T = π s ≅ 3,14 s mada (x = 0). O bloco é então empurrado, de
k 20 N/m
modo que a mola sofre uma compressão de 0,5 m
1 1
b) f = ⇒ f = Hz ⇒ f ≅ 0,32 Hz (fig. b). Abandonando-se o bloco nessa posição
T π
e supondo que não haja atrito, ele adquire MHS.

Movimento harmônico simples 375


L 9. Um corpo está preso nas extremidades de duas
molas idênticas, não deformadas, de constante
elástica 100 N/m, como ilustra a figura. Quando
Figura a. o corpo é afastado, horizontalmente, de uma
0,5 m pequena distância e, depois, abandonado, passa
A a oscilar. Supondo que não haja atrito e que a
massa do corpo seja igual a 0,32 kg, calcule o
período do movimento.

–0,5 m 0 x (m)
Figura b.
Determine:
a) a amplitude do movimento; 10. Uma partícula oscila ligada a uma mola leve,
executando movimento harmônico simples de
b) o período do movimento;
amplitude 2,0 m. O diagrama abaixo represen-
c) a frequência do movimento; ta a variação da energia potencial elástica EP
d) a velocidade máxima do bloco; acumulada na mola em função da elongação da
partícula em (x).
e) a aceleração máxima do bloco;
f) a velocidade e a aceleração do bloco para EP (103 J)
4,0
x = 0,2 m.

3. Para a situação da questão anterior, esboce os


gráficos das energias cinética, potencial e mecâ-
nica em função da elongação.
–2,0 0 +2,0 x (m)
4. Um bloco realiza MHS de amplitude A = 20 cm.
Pode-se afirmar que a energia cinética da partí-
Determine o valor da elongação quando a energia
cula no ponto de elongação x = 1,0 m vale:
cinética for o dobro da energia potencial.
a) 3,0 · 103 J d) 1,0 · 103 J
5. Um bloco, preso a uma mola de constante elásti- b) 2,0 · 103 J e) 5,0 · 103 J
ca 20 N/m, realiza MHS, de modo que sua energia c) 1,5 · 103 J
mecânica seja 90 J. Determine a amplitude do
movimento.
11. Uma partícula que executa MHS tem velocidade
máxima 6,0π m/s e amplitude 30 cm. Calcule o
período do movimento.
6. Um bloco, preso a uma mola ideal cuja constante
elástica é 16 N/m, tem MHS de frequência 2,0 Hz. 12. Um cilindro homogêneo, de área da base A,
Determine a massa do bloco. altura H e densidade d, flutua em um líquido de
densidade dL, como indica a figura.
7. Na Terra, num local onde g = 9,81 m/s2, um
IluSTrAçõeS: ZAPT

oscilador bloco-mola disposto verticalmente osci-


g
la com período T = 4,0 s. Se esse oscilador for A
levado para a Lua, onde g = 1,6 m/s2, qual será H
o período de oscilação do bloco?

8. Um bloco B, de massa 16 kg, oscila sobre uma O cilindro é afundado levemente e depois aban-
superfície horizontal S sem atrito, ligado a duas donado, passando a oscilar. Determine o período
molas idênticas, cada uma com constante elásti- do movimento em função de A, dL, d, H e da
ca 2,0 N/m, como ilustra a figura. Determine o aceleração da gravidade g.
período de oscilação.
13. Um tubo em U, de seção reta cuja área é constan-
te e igual a A, está na posição vertical, contendo
B
um líquido em equilíbrio cuja densidade é d,
como ilustra a figura a, sendo L o comprimento
total da coluna líquida dentro do tubo.

376 Capítulo 15
da gravidade, determine o período desse movi-
mento, em função de A, d, L e g.
A
14. Um bloco de massa m é preso a uma mola de
g
constante elástica k, a qual tem sua outra extre-
x midade presa a um suporte S, de modo que o
x bloco oscila sobre um plano inclinado, como mos-
tra a figura. Determine o período dessa oscilação.
S

IluSTrAçõeS: ZAPT
g

Figura a. Figura b.
θ
Em um dos ramos do tubo introduzimos um
êmbolo (fig. b) fazendo que o nível do líquido, 15. Uma partícula executa MHS sobre um eixo x de
nesse ramo, abaixe de uma pequena distância x. modo que sua aceleração escalar a e sua elonga-
Quando retiramos o êmbolo, o líquido executa ção x estão relacionadas por a = –16x, com x em
oscilações dentro do tubo. Sendo g a aceleração metros e a em m/s2. Calcule o período do MHS.

Exercícios de reforço

16. (UF-BA) Uma mola ideal, de constante elástica Considere as afirmações:


igual a 16 N/m, tem uma de suas extremidades fixa I. O período do movimento independe de m.
e outra presa a um bloco de massa 4, 0 · 10–2 kg. II. A energia mecânica do sistema em qualquer
O sistema assim constituído passa a executar um ponto da trajetória é constante.
MHS de amplitude 3,5 · 10–2 m. Determine, em
III. A energia cinética é máxima no ponto O.
10–1 m/s, a velocidade máxima atingida pelo
bloco. É correto afirmar que somente:
a) I é correta. d) I e II são corretas.
17. (UF-RS) Dois corpos de massas diferentes, cada b) II é correta. e) II e III são corretas.
um preso a uma mola distinta, executam movi-
c) III é correta.
mentos harmônicos simples de mesma frequência
e têm a mesma energia mecânica. Nesse caso: 19. (Mackenzie-SP) Uma partícula em MHS tem
velocidade máxima 2,0π m/s. Se a amplitude do
a) o corpo de menor massa oscila com menor
movimento é 20 cm, seu período é de:
período.
b) o corpo de menor massa oscila com maior a) 2,0 min d) 2,0 s
período. b) 0,20 min e) 0,20 s
c) os corpos oscilam com amplitudes iguais. c) 20 s
d) o corpo de menor massa oscila com menor 20. (UF-SC) Determine a afirmativa incorreta.
amplitude.
a) A velocidade de um corpo em MHS pode ter
e) o corpo de menor massa oscila com maior
sentido oposto ao de sua aceleração, quando
amplitude.
não nula.
18. (U. E. Londrina-PR) A partícula de massa m, presa b) A velocidade e a aceleração de um corpo em
à extremidade de uma mola, oscila num plano MHS nunca são simultaneamente nulas.
horizontal de atrito desprezível, em trajetória c) Nos extremos do MHS, a elongação tem o
retilínea em torno do ponto de equilíbrio O. O mesmo valor da amplitude, em módulo.
movimento é harmônico simples, de amplitude x.
d) A aceleração de um corpo em MHS é constan-
m te em módulo.
e) A velocidade de um corpo em MHS é máxima
na posição de elongação zero, e nula nos pon-
–x O +x tos de elongação máxima (em módulo).

Movimento harmônico simples 377


21. (UnB-DF) A figura mostra um sistema ideal mas- distintos entre si, como o diamante, o grafite e
sa-mola apoiado sobre uma superfície horizontal os diversos polímeros. Há alguns anos foi des-
sem atrito. O corpo de massa m é deslocado desde coberto um novo arranjo para esses átomos: os
a posição de equilíbrio (posição O) até a posição nanotubos, cujas paredes são malhas de átomos
–A e em seguida abandonado.
de carbono. O diâmetro desses tubos é de apenas
m alguns nanometros (1 nm = 10–9 m). No ano
k
passado [2002], foi possível montar um sistema
no qual um “nanotubo de carbono” fechado nas
–A A O A +A
– + pontas oscila no interior de um outro nanotubo
2 2
de diâmetro maior e aberto nas extremidades,
Analise as sentenças a seguir e dê como resposta
conforme ilustração seguinte.
a soma dos números correspondentes às senten-
ças verdadeiras.
(01) A energia mecânica do corpo no ponto +A

IluSTrAçõeS: ZAPT
é maior que a energia no ponto –A.
A
(02) A energia mecânica do corpo no ponto +
2
é 50% potencial e 50% cinética. Figura a.
(04) A energia mecânica do corpo, ao passar
pela posição de equilíbrio, é menor que a
energia mecânica no ponto +A ou –A.
A
(08) A energia cinética do corpo no ponto – é
2
A
menor que a energia cinética no ponto + . Figura b.
2
(16) A energia mecânica do corpo nos pontos
+A e –A é exclusivamente potencial.
(32) A energia mecânica do corpo, ao passar
pela posição de equilíbrio, é exclusivamente
cinética.
Figura c.
22. (ITA-SP) Uma forma de medir a massa m de um
objeto em uma estação espacial com gravidade
zero é usar um instrumento como o mostrado na
figura.
k
m0 Figura d.

Primeiro o astronauta mede a frequência f0 de


oscilação de um sistema elástico de massa m0
conhecida. Depois, a massa desconhecida é adi-
cionada a esse sistema e uma nova medida de fre- Figura e.
quência, f, de oscilação é tomada. Como podemos
determinar a massa desconhecida a partir dos
dois valores de medida da frequência?
f2 f2
a) m = m0 20 d) m = m0 20 – 2
f f
2
f Figura f.
b) m = m0(f 20 – f2) e) m = m0 20 + 1
f
f 20
c) m = m0 2 – 1
f

23. (Unicamp-SP) Os átomos de carbono têm a pro-


priedade de se ligarem formando materiais muito Figura g.

378 Capítulo 15
As interações entre os dois tubos dão origem a 27. (UF-MA) Na figura os blocos A e B têm massas m1
uma força restauradora representada no gráfico e m2 e estão presos a molas ideais de constantes
(1nN = 10–9 N). elásticas k1 e k2.
for•a (nN)
1,5

k1 k2 g
30
–30 0 x (nm)

–1,5 A m B m
1 2

a) Encontre, por meio de gráfico, a constante de


Os dois blocos foram colocados a oscilar verti-
mola desse oscilador.
calmente. Sabendo que os dois oscilam com o
b) O tubo oscilante é constituído de 90 átomos mesmo período, podemos afirmar que:
de carbono. Qual é a velocidade máxima desse
tubo, sabendo-se que um átomo de carbono a) k1k2 = m1m2 d) m1k2 = m2k1
equivale a uma massa de 2,0 · 10–26 kg? m1 k
b) k1 + k2 = m1 + m2 e) = 2
m2 k1
24. (OBF-Brasil) A extremidade de uma mola oscila c) m1k1 = m2k2
com período T quando um corpo A, de massa M,
está ligado a ela. 28. (ITA-SP) Um sistema massa-molas é constituído
Quando unimos ao corpo A um corpo B de massa por molas de constantes k1 e k2, respectivamen-
te, barras de massas desprezíveis e um corpo de
m, o período de oscilação passa a ser 3T . A razão
m é igual a: 2 massa m, como mostrado na figura. Determine a
M frequência desse sistema.

a) 5 b) 9 c) 5 d) 1 e) 1
9 4 4 2 3
k2 k2 k2
25. (UF-MS) Uma partícula executa movimento har-
mônico de amplitude A e período 4,0 s, sobre o
eixo Ox, sendo a origem O a posição de equilíbrio. k1 k1
Analise as sentenças a seguir e dê como resposta
a soma dos números que antecedem as sentenças
verdadeiras. m
(01) A velocidade da partícula é nula quando
x = ±A. 29. (ITA-SP) Uma bolinha de massa M é colocada na
(02) A frequência do movimento é 0,25 Hz. extremidade de dois elásticos iguais de borracha,
(04) A aceleração da partícula é nula quando L
cada qual de comprimento , quando na posição
2
x = ±A.
horizontal. Desprezando o peso da bolinha, esta
(08) A energia cinética da partícula é nula no permanece apenas sob a ação da tensão T de
ponto de abscissa x = 0. cada um dos elásticos e executa no plano ver-
(16) A energia mecânica da partícula é igual à tical um movimento harmônico simples, tal que
sua energia potencial quando x = ±A. sen θ ≅ tg θ.
IluSTrAçõeS: ZAPT

(32) O módulo da força resultante na partícula é M


proporcional ao módulo de sua abscissa.
y
26. (PUC-SP) Um corpo de 500 g é preso a uma mola θ
L L
ideal vertical e vagarosamente baixado até o
2 2
ponto em que fica em equilíbrio, distendendo a
mola de um comprimento de 20 cm. Admitindo Considerando que a tensão não se altera durante
g = 10 m/s2, o período de oscilação do sistema o movimento, o período deste vale:
corpo-mola, quando o corpo é afastado de sua
posição de equilíbrio e, em seguida, abandonado, a) 2π 4ML c) 2π ML e) 2π 2ML
será aproximadamente: T T T
a) 281 s c) 8,0 s e) 0,9 s ML ML
b) 2π d) 2π
b) 44,5 s d) 4,0 s 4T 2T

Movimento harmônico simples 379


rAFAel JáureGuI/GruPO keYSTONe
5. Pêndulo simples
Conta-se que, num dia, enquanto esperava o início da missa na Catedral
de Pisa, Galileu observou alguns homens empenhados em acender um lustre
(naquele tempo usavam-se velas, pois não havia energia elétrica). Para tanto,
os homens ficavam no balcão superior da igreja (fig. 13) e puxavam o lustre
com uma vara que tinha um gancho na ponta.
Quando o lustre foi solto, ficou oscilando durante algum tempo, de
modo que sua amplitude (ângulo máximo com a vertical) foi diminuindo
até ficar em repouso. Galileu observou algo que o deixou curioso: o perío-
do de oscilação do lustre não variava com a diminuição da amplitude. Su-
postamente ele teria usado as “batidas” de seu pulso para medir o tempo.
um objeto que oscila pendurado, do mesmo modo que o lustre, é cha-
mado pêndulo. essa história sobre Galileu é – até onde sabemos – a mais
antiga observação da isocronia (do grego, isos, que significa “mesmo”, e
khrónos, que significa “tempo”) do pêndulo. Mais tarde, essa proprieda-
de foi usada para construir os relógios de pêndulo (fig. 14). Figura 13. Lustre da Catedral de Pisa, Itália.
Hoje é possível demonstrar que, desde que a amplitude seja pequena (não

THINkSTOCk/GeTTY IMAGeS
maior que 15°), o período de oscilação de um pêndulo qualquer não depen-
de da amplitude. A seguir, vamos fazer essa demonstração para um caso
particular: o chamado pêndulo simples.
um pêndulo simples é constituído por um fio inextensível e de massa
desprezível, tendo em sua extremidade inferior um corpo de “pequeno
tamanho” (fig. 15).
Afastemos o pêndulo até que o fio, de comprimento L, forme um ân-
gulo θ0 com a vertical (fig. 16). Abandonando o pêndulo nessa posição,
ele passará a oscilar, como ilustra a fotografia estroboscópica da figura 17.
Nessa figura podemos observar que as fotografias das extremidades estão
mais próximas, indicando que perto dos extremos a velocidade é menor
que na parte de baixo.
IluSTrAçõeS: ZAPT

C C Figura 14. Relógio


θ0 de pêndulo.
g L
L

v=0

Figura 15. Figura 16.


BereNICe ABBOTT/PHOTO reSeArCHerS/
lATINSTOCk

Figura 17.

380 Capítulo 15
IluSTrAçõeS: ZAPT
Se pudermos desprezar a resistência do ar e o
C C C
atrito no ponto de fixação C, o pêndulo oscilará
θ0 θ0 L θ L θ
entre as posições I e II da figura 18, sendo θ0 o ân- L L
gulo máximo formado com a vertical. esse ângulo (II) (I) FT FT
é chamado amplitude angular do movimento.
Na figura 19 consideramos o pêndulo numa po- D D x
sição em que o fio forma com a vertical um ângulo θ. E
θ Pt
As forças que atuam no corpo preso ao fio são o Figura 18. Pn
peso P e a força de tração do fio FT . Na figura 20 P P
fazemos a decomposição do peso nas componen-
Figura 19. Figura 20.
tes Pt (tangente à trajetória) e Pn (normal à trajetó-
ria). A força responsável pela aceleração tangencial
do corpo e que o acelera na direção do ponto de
equilíbrio E é Pt . Sendo m a massa do corpo e g a
aceleração da gravidade, temos:
Pt = P · sen θ = m · g · sen θ 7
Para ângulos pequenos e medidos em radianos,
conforme a tabela 1: Ângulo em
Ângulo em graus Sen Tg
sen θ ≅ θ 8 radianos
Além disso, nas aulas de Trigonometria você 0 0 0 0
deve ter aprendido que, sendo θ um ângulo cen- 2 0,035 0,035 0,035
tral de uma circunferência de raio R (fig. 21), se DE 4 0,070 0,070 0,070
é o arco oposto a θ, para θ medido em radianos, 6 0,105 0,104 0,105
temos:
8 0,140 0,139 0,140
DE
θ= 10 0,174 0,174 0,176
r
No caso da figura 20, o corpo descreve uma Tabela 1. Valores de seno e tangente de alguns ângulos.
trajetória circular de raio L. Assim, para θ medido
em radianos, temos:
DE
θ=
l
Mas, como o arco DE é pequeno, podemos escrever:
DE ≅ x
isto é:
DE x
θ= ≅ 9 C
l l
R θ
Assim, de 7 , 8 e 9 obtemos: R

DE x mg D
Pt = mg sen θ ≅ mg θ ≅ mg ≅ mg = x E
l l l
mg Figura 21.
Considerando = constante = k, concluímos que:
l
Pt ≅ kx 10
Portanto, a força Pt é do tipo que impulsiona o corpo para a posição de equilíbrio e
tem módulo dado pela equação 10 . Assim, concluímos que o corpo descreve, aproxi-
madamente, um MHS e, portanto, seu período pode ser calculado por:

T = 2π m = 2π m ⇒ T = 2π L 11
k mg g
l

Movimento harmônico simples 381


Como podemos observar, esse período não depende da massa do corpo, e essa foi
uma segunda característica do pêndulo simples que deixou Galileu pensativo. embora
na época ele não tivesse condição de deduzir a equação 11 , seus experimentos mos-
traram que o período não dependia da massa. ele interpretou o movimento do pêndulo
como uma alternância de subida e descida. Assim – pensou ele – se o tempo de descida
e o tempo de subida não são alterados pela massa do corpo, é possível que o mesmo
ocorra com a queda livre de corpos. essa foi, então, uma das “inspirações” de Galileu
que o levaram a fazer os experimentos descritos no volume 1, demonstrando que a
queda dos corpos não dependia da massa (desprezando a resistência do ar).
Como já explicamos, a equação 11 vale apenas para os
casos em que a amplitude angular θ0 não supera 15°. Se a T

ZAPT
amplitude angular for maior que esse valor, o período deve ser 3T0
calculado por uma outra fórmula que, devido à sua complexi- 2T0
dade, não apresentaremos. A partir dessa fórmula, é possível
obter o gráfico da figura 22, isto é, o gráfico do período do T0
pêndulo simples em função da amplitude angular θ0. Nesse
gráfico, T0 é o valor dado pela equação 11 . 0 π π π 2π 5π π (rad) θ0
6 3 2 3 6

T0 = 2π l
0 30 60 90 120 150 180 (graus)
g
Devemos reafirmar que a equação 11 só vale para o pêndu- Figura 22. Gráfico do período (T ) do pêndulo sim-
ples em função da amplitude angular (θ0).
lo simples. ela não pode ser aplicada para pêndulos de outras
formas, como, por exemplo, o lustre da Catedral de Pisa. No
capítulo 15 do CD mostramos como calcular o período do pên- PrOCurE nO CD
dulo não simples (também chamado de pêndulo físico).
um pêndulo que passa pela posição de equilíbrio uma vez Veja, no capítulo
15 do CD, o
a cada segundo é chamado pêndulo que bate o segundo. O
texto O pêndulo
período desse pêndulo é igual a 2 segundos.
físico, bem como
exercícios relativos
O pêndulo simples e a massa inercial ao tema.

No volume 1 vimos que, na Mecânica Newtoniana, não há nada que garanta que a
massa inercial seja igual à massa gravitacional. O fato de essas massas serem iguais
é um resultado experimental e a isocronia do pêndulo é mais uma prova da igualdade
dessas massas. Vejamos por quê.
O peso é resultado da massa gravitacional (mG). Assim, na dedução anterior, em vez
de escrevermos: k = mg
l
poderíamos escrever: k = mGg
l
Por outro lado, como veremos adiante, na equação: T = 2π m
k
a massa que aparece é a massa inercial mi, isto é: T = 2π m i
k
Portanto:
mi mi · l
T = 2π = 2π 12
mGg mG g
l

Comparando as equações 12 e 11 concluímos que:


mi = 1
mG
isto é, as massas inercial e gravitacional são iguais.

382 Capítulo 15
Leitura

O pêndulo de Foucault

kPA/uNITeD ArCHIVeS/WHA/NeWSCOM/GlOW IMAGeS


No estudo da Gravitação (volume 1), tivemos oportunidade de comentar
a luta de Galileu na defesa do sistema de Copérnico, contra o sistema de
Ptolomeu. O fato é que, além de o sistema de Copérnico ser tão complicado
quanto o de Ptolomeu, não havia provas do movimento da Terra. A primeira
prova de que a Terra tem movimento de rotação só aconteceu em 1851, ano
em que o físico francês Jean-Bernard Léon Foucault (1819-1868) efetuou um
experimento para evidenciar isso. No teto do Panthéon de Paris (construção
destinada originalmente a ser a Igreja de Santa Genoveva), ele prendeu um
pêndulo formado por uma bola de ferro de 28 kg e um fio de aço de 67 m.
Em seguida, colocou o fio a oscilar. A fixação do pêndulo no teto foi feita
de tal modo que aquele poderia oscilar com facilidade em qualquer plano. Figura 23. O experimento de Foucault
O experimento mostrou que o plano de oscilação girava. Na realidade, no Panthéon de Paris.
em relação a um referencial inercial, esse plano não muda. O que acontece

ZAPT
é que, pelo fato de a Terra girar, a posição do plano de oscilação, em relação
à Terra, é que vai mudando.
Se o experimento for feito no polo norte (ou no polo sul), um observador N
nesse ponto perceberá o plano de oscilação do pêndulo efetuar uma rotação
completa num intervalo de tempo Δt igual a 1 dia:
θ
Δt = 24 h
equador
Mas se o experimento for feito num ponto da Terra de latitude θ (fig. 24),
o valor de Δt será maior que 24 horas. Pode-se demonstrar que: S
24 horas
Δt =
sen θ
para θ ≠ 0. Se o experimento for feito no equador (θ = 0), o plano de Figura 24.
oscilação do pêndulo não muda.
O experimento de Foucault foi feito em Paris. Consultando um mapa, podemos verificar que a latitude de
Paris é, aproximadamente, 49°. Consultando uma tabela ou usando uma calculadora, obtemos sen 49° ≅ 0,755.
Substituindo na fórmula acima, concluímos que no experimento de Foucault o plano de oscilação do pêndulo
executava uma revolução completa, num intervalo de tempo Δt dado por:
24 24 h
Δt = ≅ ≅ 31,79 h = 31 h + (0,79)(60 min) ≅ 31h47min
sen 49° 0,755

6. ressonância
Apresentamos aqui alguns exemplos de sistemas que oscilam com frequências de-
terminadas. Tomemos, por exemplo, o caso de um pêndulo simples. Obviamente, se
o pegássemos com a mão, poderíamos fazê-lo oscilar com uma frequência qualquer.
Mas se o deixarmos livre, ele oscilará com uma frequência determinada, dada por
f= 1 g (o inverso do período), e que chamamos de frequência própria do pêndulo.
2π l
Há sistemas mais complexos que têm mais de uma frequência própria (daremos
alguns exemplos no capítulo 16). Quando um sistema recebe a ação de uma força que
é periódica e que tem frequência igual a uma das frequências próprias, a tendência é
que o sistema oscile com amplitude cada vez maior. esse efeito chama-se ressonância,

Movimento harmônico simples 383


e um exemplo familiar é o apresentado na figura 25, em que temos um pêndulo sobre
o qual uma pessoa exerce uma força periódica, aumentando a amplitude de oscilação
daquele. Outro exemplo está ilustrado na figura 26, em que uma taça de cristal quebra-
se ao ser atingida por uma onda sonora. Como veremos no próximo capítulo, o som
que ouvimos é causado pelas oscilações das moléculas do ar que atingem nossa orelha.
Se a frequência de vibração do som for igual a uma das frequências próprias da taça,
haverá ressonância entre esta e a onda sonora, aumentando a amplitude de oscilação
das moléculas que constituem a taça. Se o som for bastante intenso, quebrará a taça.
Foi exatamente isso o que aconteceu, em 7 de novembro de 1940, com uma ponte
situada sobre o estreito de Tacoma, nos Estados Unidos. Um vento forte oscilou com
uma das frequências próprias da ponte e, vagarosamente, a amplitude de oscilação da
ponte foi aumentando (fig. 27) até ela se quebrar.
WESTEnd61/GrUpO KEySTOnE

SpL/LaTinSTOCK

HULTOn arCHivE/GETTy imaGES


Figura 25. Empurrando um Figura 26. Exemplo de ressonância. A Figura 27. A ponte de Tacoma oscilando.
balaço, aumentamos sua vibração do ar pode quebrar um copo.
amplitude.

Exercícios de Aplicação

30. Um pêndulo simples, de comprimento L = 3,6 m, Determine:


oscila num local em que g = 10 m/s². Para o a) o período do movimento;
movimento desse pêndulo, calcule: b) a frequência do movimento;
c) o menor intervalo de tempo para que o pên-
a) o período; b) a frequência. dulo vá da posição D à posição F;
Resolução: d) o menor intervalo de tempo para que o pên-
dulo vá da posição F à posição E.
a) T = 2π L = 2π 3,6 m = 2π 0,36 s2 =
g 10 m/s2 32. Calcule o comprimento de um pêndulo simples que
= 2π(0,6 s) = 1,2 πs ≅ (1,2)(3,14) s ⇒ T ≅ 3,8 s bate o segundo, num local onde g = 9,81 m/s².
1 1
b) f = ≅ ⇒ f ≅ 0,26 Hz 33. Um pêndulo simples, de comprimento 144 cm,
T 3,8 s é colocado a oscilar da maneira ilustrada na
31. Um pêndulo simples, de comprimento L = 4,9 m, figura. Na posição A há um pino horizon-
oscila com amplitude angular α, como ilustra a tal, que faz que o
iLUSTraçõES: ZapT

figura, num local onde g = 10 m/s². corpo, na extremi-


dade do fio, des- g
creva a trajetória
indicada, oscilan- 108 cm
144 cm
α α g do entre as posi-
L
ções B e C. Sendo
A
g = 10 m/s 2,
determine o perío- B C
D F
E do do movimento
desse sistema.

384 Capítulo 15
34. Uma bolinha está inicialmente em repouso no É possível demonstrar que, para esse pêndulo, o
fundo de uma taça que tem a forma de metade
período é dado por: T = 2π 2L , quando a barra
de uma casca esférica de diâmetro d. 3g
executa oscilações de pequena amplitude. Se essa
d

IluSTrAçõeS: ZAPT
barra for levada para a Lua, onde a aceleração
1
da gravidade é da aceleração da gravidade na
6
g
superfície da Terra, o seu período ficará:
a) dividido por 2.
3
Se a bolinha for levemente afastada da posição b) multiplicado por .
2
de equilíbrio e depois abandonada, efetuará um
c) multiplicado por 6 .
movimento oscilatório. Supondo que não haja
atrito, calcule o período desse movimento em 3
d) dividido por .
função de d e da aceleração da gravidade g. 2

35. Uma barra homogênea, de


P e) multiplicado por 2 .
3
comprimento L, oscila como L g
um pêndulo, com uma de 36. Um pêndulo simples, de comprimento L1, tem
suas extremidades presa a período T1. Um outro pêndulo simples, de compri-
um pino P que permite que a mento L2, tal que L1 = 9L2, tem período T2. Qual
barra oscile sem atrito. a relação entre T1 e T2?

Exercícios de reforço

37. (UF-RS) Um pêndulo simples, de comprimento L, e) o período do pêndulo aumenta para o dobro
tem um período de oscilação T, num determina- do valor que tem na Terra.
do local. Para que o período de oscilação passe
a valer 2T, no mesmo local, o comprimento do 39. (Unicamp-SP) Um pêndulo simples, de comprimen-
pêndulo deve ser aumentado em: to 0,40 m, oscila num local em que g = 10 m/s²,
dentro de um quarto escuro, sendo iluminado por
a) 1L c) 3L e) 7L
uma lâmpada estroboscópica. Determine:
b) 2L d) 5L
a) a frequência do movimento do pêndulo;
38. (UE-PA) Suponha que medíssemos o período b) a frequência máxima do estroboscópio, de
de um pêndulo metálico para calcular o valor modo que o pêndulo pareça estar parado na
da aceleração da gravidade em Belém do Pará e posição vertical.
depois o período do mesmo pêndulo fosse medi-
do, na superfície de Marte, em um local onde 40. (Fund. Carlos Chagas-SP) O fato de o período de
a temperatura seja de –50 °C e a aceleração da um pêndulo não depender do peso suspenso está
gravidade seja metade do valor de g em Belém. mais aproximadamente relacionado com:
Podemos afirmar que: a) a constante de gravitação universal depender
a) como o comprimento do pêndulo e a acele- das massas que se atraem.
ração da gravidade diminuem, o período de b) a conservação da energia cinética.
oscilação medido em Marte seria mais curto.
c) o fato de as massas inercial e gravitacional
b) o período medido em Marte seria o mesmo serem diretamente proporcionais.
que na Terra, pois a variação no comprimento
do pêndulo é compensada pela diminuição da d) a conservação da quantidade de movimento.
aceleração da gravidade. e) o princípio da inércia.
c) em Marte o comprimento do pêndulo dimi- 41. (U. E. Londrina-PR) Há algum tempo um repór-
nui, mas o período medido é mais longo, em ter de televisão noticiou uma marcha em algum
consequência da diminuição da aceleração da lugar do Brasil. Em dado momento, citou que
gravidade. os seus integrantes pararam de marchar quando
d) o período do pêndulo diminui, pois seu com- estavam passando sobre uma ponte, com medo
primento aumentará ligeiramente. de que pudesse cair. Na ocasião, o repórter

Movimento harmônico simples 385


atribuiu tal receio a “crendices populares”. Com 42. (UF-RS) Quando você anda em um velho ônibus
base nos conceitos da Física, é correto afirmar urbano, é fácil perceber que, dependendo da fre-
que os integrantes da marcha agiram corre- quência de giro do motor, diferentes componentes do
tamente, pois a ponte poderia cair devido ao ônibus entram em vibração. O fenômeno físico que
fenômeno da(o): está se produzindo nesse caso é conhecido como:
a) reverberação. d) batimento. a) eco. d) ressonância.
b) interferência. e) efeito Doppler. b) dispersão. e) polarização.
c) ressonância. c) refração.

7. Relação entre o MHS e o MCU


Neste item vamos justificar a fórmula que dá o período de um
MHS, apresentada no item 2 (equação 2). Vamos também preparar
o caminho para a obtenção das equações horárias da elongação,

zAPT
da velocidade escalar e da aceleração escalar do MHS. Tudo isso feixe de luz de
pode ser feito por meio do Cálculo Diferencial e Integral. Porém, raios paralelos
P2
P3 P1
como esse cálculo só é estudado em cursos de nível superior, usa-
remos um artifício matemático que consiste em apelar para uma
disco num
ligação que existe entre o MHS e o Movimento Circular e Uniforme C plano vertical
(MCU). P4
Consideremos um disco disposto verticalmente (fig. 28) e girando
no sentido anti-horário em torno de um eixo que passa por seu cen-
tro C. Fixemos, na borda do disco, um prego P e suponhamos que o tela
conjunto esteja em um quarto escuro. Acendendo uma lâmpada que horizontal
B P'3 P'4 P'2 P'1 D
emite um feixe de luz de raios paralelos e verticais, por cima do disco,
podemos obter a sombra (P') do prego, projetada em uma tela plana
e horizontal, situada abaixo do disco. Na figura destacamos quatro Figura 28.
posições do prego (P1, P2, P3, P4) e suas correspondentes sombras (P'1,
P'2, P'3, P'4). As setas acima das sombras indicam o sentido dos mo-
vimentos delas. Enquanto o prego executa um movimento circular, a
sombra executa um movimento de vaivém (oscilatório) ao longo do
segmento de reta BD.
Vamos demonstrar que, se o movimento do prego for uniforme, o
P
movimento da sombra será harmônico simples.
Para facilitar a análise matemática, em vez de considerar a som- r
bra projetada em uma tela distante, vamos considerar a projeção B C D
ortogonal (P') do ponto P (que executa MCU) sobre um eixo Cx –r 0 P' r x
(fig. 29) que passa pelo centro da circunferência que é a trajetória
do ponto P.
Enquanto P executa MCU, P' executa oscilações ao longo do seg-
mento BD. Sendo r o raio da circunferência, a abscissa (elongação) do Figura 29.
ponto B é –r, a abscissa do ponto D é r, e a abscissa do centro (C) da
circunferência é nula.
O movimento circular e uniforme de P e o movimento de vaivém de
P' têm o mesmo período T e a mesma frequência f. A velocidade angu-
lar (ω) do MCU de P é chamada de frequência angular ou pulsação
do movimento de P'.

386 Capítulo 15
Abscissa de P' em função de θ
Na figura 30 apresentamos os pontos P e P' em algumas posições:

(a) (b) (c)


P P

r r
α θ θ
C θ P' P' P'
0 x x 0 x 0
α
r

P
Figura 30.

Considerando, na figura 30a, o triângulo retângulo sombreado, temos:


CP' x
cos θ = = ⇒ x = r cos θ 13
CP r
Pode-se verificar que a equação 13 vale também quando P e P' estão em outras
posições. Por exemplo, consideremos o caso da figura 30b, na qual x < 0 (e, portanto,
–x > 0). No triângulo sombreado temos:
–x
cos α = 14
r
Mas, da Trigonometria, sabemos que:
cos α = – cos θ
Assim, a equação 14 fica:
–x
– cos θ =
r
ou:
x = r cos θ
No caso da figura 30c, temos:

x<0
–x
cos α = ⇒ x = r cos θ
r
cos α = –cos θ

O ângulo θ é chamado fase do movimento de P'.

Velocidade escalar de P' em função de θ r


v
No estudo da Cinemática Vetorial (capítulo 9 do volume 1), vimos que vy s
o vetor velocidade instantânea de uma partícula é tangente à trajetória. θ

Portanto, para o ponto P na posição da figura 31, o vetor velocidade ins- vx P ω


tant‰nea é v, o qual está sobre a reta r, que é tangente à circunferência
no ponto P. (As retas r e s são perpendiculares.) Decompondo o vetor v em C θ
uma componente paralela ao eixo Cx (vx) e outra componente perpendicu- –r O vx P' r x
lar ao eixo Cx, a velocidade de P' é vx . Considerando o triângulo retângulo
sombreado na figura, obtemos:

sen θ = | vv | ⇒ |v | = |v | · sen θ
x
x
15
Figura 31.

Movimento harmônico simples 387


Mas, quando medimos os ângulos em radianos, vimos no estudo da Cinemática
Angular (capítulo 11 do volume 1) que:
|v | = ωr 16
Introduzindo 16 em 15 obtemos:
|vx| = ωr sen θ
Para a situação da figura 31 temos sen θ > 0. Além disso, vx tem sentido oposto
ao do eixo Cx, o que significa que a velocidade escalar vx é negativa. Assim, a partir da
equação anterior obtemos:
vx = –ωr sen θ 17

esta última equação foi obtida para o ponto P na posição da figura 31, mas você
poderá verificar que ela é válida para P em qualquer outra posição.

Aceleração escalar de P' em função de θ


Num movimento circular e uniforme, a única aceleração que existe é a
aceleração centrípeta ac dirigida para o centro da trajetória (fig. 32) e cujo
ax
módulo é dado por: P
θ
|ac| = ω2r aC ay

Decompondo ac nas componentes ax e ay, a aceleração de P' é ax, cujo C θ P'


–r O ax x r x
módulo pode ser obtido a partir do triângulo retângulo sombreado:
|ax| |a |
cos θ = = 2x ⇒ |ax| = ω2r cos θ 18
|ac| ω r
Para a situação da figura 32, temos cos θ > 0. Além disso, o sentido de ax
é oposto ao do eixo Cx, o que significa que a aceleração escalar ax é negativa. Figura 32.
Com essas considerações, a partir de 18 temos:

ax = –ω2r cos θ 19

eliminando o índice x nas equações 17 e 19 , as equações da abscissa (x), da veloci-


dade escalar (v) e da aceleração escalar (a) do ponto P' ficam:

x = r cos θ 20
v = –ωr sen θ 21 (equações para P')
a = –ω2r cos θ 22

relação entre a abscissa e a aceleração de P'


Comparemos as equações 20 e 22 :
x = r cos θ
a = –ω2x
a = –ω2r cos θ ⇒
23
x
Suponhamos que o ponto P' represente uma partícula de massa m. A força re-
sultante sobre ela será dada por F = m · a, em que a é a aceleração escalar (já que o
movimento de P' é retilíneo). Mas, juntando essa equação com a equação 23 , temos:
F=m·a
⇒ F = –mω2 x
a = –ω2x k

388 Capítulo 15
Porém, como m e ω são constantes, o produto mω2 também será constante. repre-
sentando essa constante por k, teremos:
F = –mω2x ⇒ F = –kx 24
k = mω2
Mas a equação 24 é a equação que define um MHS e, assim, acabamos de demons-
trar que:
O movimento de P' é harmônico simples.

O período (T ) do MHS de P' é igual ao período do MCu de P. Mas, no estudo da


Cinemática Angular, vimos que:

ω=
T
Portanto: k = mω 2
2
2π ⇒ k = m 2π ⇒ T = 2π m
ω= T k
T
Assim, finalmente conseguimos demonstrar a fórmula do período de um MHS, que
foi apresentada no início do capítulo.
Observando que o raio r da trajetória do ponto P é a amplitude (A) do MHS de P',
vamos reescrever as principais equações do MHS.


ω= = 2πf
T
x = A cos θ 25
T = 2π m
k
v = –ωA sen θ 26
F = –kx
a = –ω2A cos θ 27
kx2
EP =
2

8. Equações horárias do MHS


t qualquer
Suponhamos que, no instante t = 0 (instante inicial), o ponto P esteja P
numa posição determinada pelo ângulo θ0 (fig. 33) e, num outro instante t=0
θ
P
t qualquer, esteja numa posição determinada pelo ângulo θ. Dizemos que: C θ0
–A O A x
θ0 = fase inicial (ou constante de fase)
θ = fase no instante t
Como vimos no estudo da Cinemática Angular, temos:
Figura 33.
θ = θ0 + ωt 28
Introduzindo a equação 28 nas equações 25 , 26 e 27 , obtemos as equa-
ções horárias da elongação (x), da velocidade escalar (v) e da aceleração es-
calar (a) do MHS:
x = A cos (ωt + θ0) 29

v = –ω A sen (ωt + θ0) 30

a = –ω2 A cos (ωt + θ0) 31

Movimento harmônico simples 389


Tanto o seno como o cosseno têm valor máximo 1. Portanto, das equações 30 e
31 tiramos que os valores máximos da velocidade escalar e da aceleração escalar são:
PrOCurE nO CD
vmáx = ωA e amáx = ω2A
Veja, no capítulo
ObSErVAçãO 15 do CD, o texto
Outras formas
A maioria dos autores adota as equações 29 , 30 e 31 como equações para as equações
horárias do MHS. Porém, alguns autores (e algumas questões de vestibular) horárias no
usam outras equações. Por exemplo, para a elongação, esses autores usam a MHS, bem como
equação exercícios relativos
x = A sen (ωt + φ0) ao tema.

Exercícios de Aplicação

43. Uma partícula executa MHS de amplitude A = 4 m π π


com período T = 16 s. Tomando como instante c) x = A cos (ωt + θ0) ⇒ x = 4 cos 8 t + 3
inicial aquele em que a elongação é 2 m (fig. a)
e a velocidade é negativa, determine: v = –ωA sen (ωt + θ0) ⇒
a) a pulsação (frequência angular) do movimento. π π π
⇒v=– · (4) sen t+ ⇒
b) a fase inicial do movimento. 8 8 3
c) as equações horárias da elongação, da veloci- π
π π
dade escalar e da aceleração escalar. ⇒ v = – 2 sen 8 t + 3
d) os valores da elongação, da velocidade escalar
e da aceleração escalar no instante t = 8 s. a = –ω2A cos (ωt + θ0) ⇒
(t = 0)
v0
π 2 π π
⇒a=– · (4) cos t+ ⇒
8 8 3
M C N
–4 0 2 4 x (m) π2 π π
⇒ a = – 16 cos 8 t + 3
Figura a.
Resolução:
d) Para t = 8 s, temos:
π
a) ω = 2π ⇒ ω = 2π ⇒ ω = rad/s π π π π π
T 16 8 t + = · (8) + = π + =
8 3 8 3 3
b) O ponto P' (fig. b), que executa MHS, é proje-
ção do ponto P, que executa MCU. No instante = 4π (rad) = 240°
t = 0, a velocidade de P' (v0) é negativa, isto 3
é, o vetor v0 aponta para a origem C. Percebemos então (fig. c) que, nesse instante,
a elongação é negativa e a velocidade é posi-
P
tiva. Da Trigonometria sabemos que:
P
4
1
cos 240° = –cos 60° = –
θ0 2
M C v0 P' N
3
–4 O 2 4 x (m) sen 240° = –sen 60° = –
2
IluSTrAçõeS: ZAPT

Figura b. 240°
P' v
A fase inicial θ0 pode ser obtida usando o
–4 60° 4 x (m)
triângulo retângulo sombreado na figura:
CP' 2 1
cos θ0 = = =
CP 4 2
1 π P
cos θ0 = ⇒ θ0 = 60° = rad
2 3 Figura c.

390 Capítulo 15
Portanto, usando as equações obtidas no item
x = A · cos (θ0 + ωt) ⇒
anterior, para t = 8 s teremos:
2π π
x = 4 cos 240° = 4 –
1
⇒ x = –2 m ⇒ x = 6 cos 3 + 4 t
2
v = –ω · A · sen (θ0 + ωt) ⇒
π π 3
v=– sen 240° = – – ⇒
2 2 2 3π 2π π
⇒ v = – 2 sen 3 + 4 t
π 3
⇒v= m/s ⇒ v ≅ 1,4 m/s
4 a = –ω2 · A · cos (θ0 + ωt) ⇒
π2 π2 1 3π2 2π π
a=– cos 240° = – · – ⇒ ⇒ a = – 8 cos 3 + 4 t
16 16 2
π2
⇒a= m/s2 ⇒ a ≅ 0,3 m/s2 Essas equações valem para x em cm, v em
32
cm/s e a em cm/s².
44. Consideremos uma partícula executando MHS de
amplitude A = 6 cm e período T = 8 s, de modo b) θ = θ0 + ωt = 2π + π t
3 4
que no instante inicial a elongação é –3 cm e a 2π π 5π
t = 4 s ⇒ θ = 3 + 4 (4) ⇒ θ = 3 rad = 300°
velocidade é negativa (fig. a).
1
(t = 0) cos θ = cos 300° = cos 60° = 2
v0
3
sen θ = sen 300° = –sen 60° = – 2
–6 –3 0 6 x (cm)

IluSTrAçõeS: ZAPT
Figura a.
Determine: θ = 300°
x v
a) as equações horárias da elongação, da veloci- –6 –3 0 6 x (cm)
dade escalar e da aceleração escalar; 60°

b) a elongação, a velocidade escalar e a acelera-


ção escalar no instante t = 4 s. (t = 4 s)
Figura c.
Resolu•‹o:
2π 2π π x = 6 cos θ = 6 · 1 ⇒ x = 3 cm
a) ω = = ⇒ ω = s–1 2
T 8s 4
3π 3π 3
v = – 2 · sen θ = – 2 – 2 ⇒

6 3π 3
θ0 ⇒ v= cm/s
v0 α
4
–6 –3 0 6 x (cm) 3π2 3π2 1
a = – 8 · cos θ = – 8 · 2 ⇒

3π2
⇒ a = – 16 cm/s2
Figura b.

No triângulo sombreado, temos: 45. Uma partícula executa MHS de amplitude 0,20 m
e período 6,0 s. Apresente as equações horárias
3 1
cos α = = ⇒ da elongação, da velocidade escalar e da acelera-
6 2
ção escalar, no SI, nos seguintes casos:

⇒ α = 60° ⇒ θ0 = 120° = rad a) no instante t = 0, a elongação é igual a 0,20 m;
3
b) no instante t = 0, a elongação é –0,20 m;
ωA = π s–1 (6 cm) = 3π cm/s
4 2 c) no instante t = 0, a elongação é nula e a
2 velocidade é negativa;
ω2A = π s–1 (6 cm) = 3π cm/s2
2

4 8 d) no instante t = 0, a elongação é nula e a


velocidade é positiva.

Movimento harmônico simples 391


46. A equação horária da elongação de um MHS, no b) Sendo θ a fase do movimento, temos:
SI, é: x = 5 cos 4t + π . Apresente as equações x = A cos θ 2,0 = 3,0 cos θ
6 ⇒ ⇒
horárias da velocidade escalar e da aceleração v = –ωA sen θ v = –π(3,0) sen θ
escalar.
2,0 4,0
cos θ = cos2 θ = 1
47. Para o MHS da questão anterior, dê os valores de: ⇒ 3,0 9,0
v ⇒ v2
a) frequência angular; b) período. sen θ = – sen2 θ = 2
(3,0)π (9,0)π2
48. Uma partícula executa MHS de amplitude 2,0 m
Da Trigonometria sabemos que:
e período 4,0 s. Determine os valores de:
a) velocidade máxima; b) aceleração máxima. sen2 θ + cos2 θ = 1 3

49. Uma partícula executa MHS de frequência angu- Assim, introduzindo 1 e 2 em 3 :


lar 2,0 rad/s, de modo que, num determinado 4,0 v2
+ = 1 ⇒ v2 = 5π2 ⇒ |v| = 5 π cm/s
instante, a elongação é 6,0 m e a velocidade é 9,0 (9,0)π2
–16 m/s. Determine a amplitude do movimento. Como o movimento é retrógrado temos:
50. Uma partícula executa MHS de amplitude 10 cm v = – 5 π cm/s
e período 2,4 s. Supondo que no instante t = 0
sua elongação seja 10 cm, determine os instantes 52. Consideremos um movimento harmônico simples
em que a partícula passa, pela primeira vez, nos de amplitude A e pulsação ω. Sendo x e v, res-
pontos de elongação:
pectivamente, a elongação e a velocidade escalar
a) 5 3 cm b) 5 2 cm c) 5 cm do movimento, podemos afirmar que:
51. Uma partícula executa MHS de amplitude x2 v2 v2 x2
a) 2 2 + 2 = 1 d) 2 2 – 2 = 1
A = 3,0 cm e frequência f = 0,50 Hz. Determine: ωA A ωA A
x2 v2 A2x2 v2
a) a pulsação do movimento; b) 2 – 2 2 = 1 e) + ω2A2
=1
A ωA 1
b) a velocidade escalar da partícula quando x 2
v 2
passa em movimento retrógrado pelo ponto c) 2 + 2 2 = 1
A ωA
de alongação x = 2,0 cm.
53. Uma partícula executa MHS. Quando passa pelo
Resolu•‹o: ponto de elongação 3,2 cm, o módulo de sua
a) ω = 2πf = 2π(0,50) ⇒ ω = π rad/s velocidade é igual a 60% de sua velocidade máxi-
ma. Qual a amplitude do movimento?

Exercícios de reforço

54. (UF-PE) Um corpo de massa m está preso à extremi- d) é de 32 J nas extremidades e 64 J na posição
dade de uma mola de constante elástica k = 32 N/m de equilíbrio.
e oscila de acordo com a equação a seguir, onde e) é nula nas extremidades e na posição de equi-
todas as variáveis estão com unidades do SI: líbrio.
x = 2 cos 3t + π 55. (OPF-SP) Em um barbeador elétrico, a lâmina move-
2
se para frente e para trás de uma distância máxi-
k
ZAPT

ma de 2,0 mm, com uma frequência de 60 Hz.


m
Interpretando-se o movimento como sendo um mo-
x
vimento harmônico simples, é correto afirmar que:
O
a) a amplitude do movimento é 2,0 mm.
Pode-se concluir que a energia mecânica do corpo:
a) é nula nas extremidades e máxima na posição b) a aceleração máxima durante o movimento é
de equilíbrio. aproximadamente 1,4 m/s².
b) é de 32 J nas extremidades e nula na posição c) a velocidade máxima durante o movimento é
de equilíbrio. aproximadamente 0,38 m/s.
c) é constante e igual a 64 J. d) nenhuma das alternativas acima está correta.

392 Capítulo 15
56. (UF-PB) Um oscilador harmônico desloca-se entre dirigindo-se para a direita, e a segunda passagem
os pontos A e B, conforme a figura. pelo mesmo ponto X decorrem 4 segundos, qual é
A C B o período desse movimento?
a) 1 s b) 2 s c) 4 s d) 6 s e) 8 s
d d
O oscilador passa pelo ponto C com velocidade 61. (Mackenzie-SP) Uma partícula em MHS obedece à
3,0 m/s, e sua aceleração no ponto B tem módulo π π
equação x = 0,05 · cos 2 + 4 t com dados no
3,6 · 104 m/s2. Adotando π = 3, calcule, em kHz,
a frequência do movimento. SI a partir do instante t = 0. A velocidade escalar
dessa partícula no instante t = 6 s é:
57. (UF-PA) A equação horária da posição de uma a) zero d)
π
m/s
π 4
partícula em MHS é: x = 10 cos 100πt + 3 com π
b) 0,05 m/s e) m/s
2
x em centímetros e t em segundos. A amplitude e c) 0,05 π m/s
a frequência do movimento são, respectivamente: 4
a) 10 cm e 50 Hz d) 50 cm e 100 Hz 62. (UF-BA) A figura a seguir representa a posição
b) 10 cm e 100 Hz e) 10 cm e π Hz ocupada no instante t, por uma partícula P que
3 descreve movimento circular uniforme de veloci-
c) 50 cm e 50 Hz
dade angular 4π rad/s, no sentido anti-horário,
58. (UF-PI) Uma partícula executa um movimento sobre uma circunferên-

IluSTrAçõeS: ZAPT
P t
harmônico simples na direção x, em torno do cia de raio R = π cm. A +
figura representa tam- O
ponto x = 0, com frequência angular ω = 1 rad/s. O'
bém a posição da proje-
Em um dado instante t, observa-se que a posição
ção P' da partícula sobre
da partícula é x = 3 metros, e sua velocidade é
um eixo Ox, paralelo ao
vx = –4 m/s. A amplitude do movimento dessa
diâmetro OO' da circun-
partícula, em metros, vale: P'
ferência, com Ox, OO' e a
a) 3,5 b) 4,0 c) 4,5 d) 5,0 e) 5,5 circunferência contidos –R 0 x R x
no mesmo plano.
59. (Mackenzie-SP) Um corpo A seguir são feitas afirmações sobre o movimen-
apoiado sobre uma superfí-
to da projeção P'. Dê como resposta a soma dos
cie horizontal lisa e preso a O números que antecedem as sentenças verdadeiras.
uma mola ideal, comprimida
(01) O movimento é harmônico simples de ampli-
de 20 cm, é abandonado 20 cm
tude 2π cm.
como mostra a figura.
Esse corpo realiza um MHS de frequência 5,0 Hz, (02) O período do movimento é 0,5 s.
sendo O o seu ponto de equilíbrio. A velocidade (04) Se a fase inicial for nula, a equação horária
(v) adquirida pelo corpo, no SI, varia com o da velocidade escalar é v = –4π2 sen (4πt),
tempo (t) obedecendo a função: com v em cm/s.
a) v = –2π sen (10πt + π) (08) No ponto de abscissa x = –π cm, a acelera-
b) v = 2π cos (10πt + π) ção escalar é máxima e igual a 16π3 cm/s².
(16) Ao se deslocar de x = π cm até x = 0, a
c) v = –π sen 10πt + π energia cinética diminui.
2
d) v = π cos 10πt + π 63. (ITA-SP) Uma partícula em movimento harmôni-
2
co simples oscila com frequência 10 Hz entre os
e) v = –2π sen 10πt + 2π pontos L e –L de uma reta. No instante t1 a par-
2
60. (OBF-Brasil) Um corpo executa um movimento tícula está no ponto 3 L caminhando em direção
2
harmônico simples de amplitude igual a 40 cm 2L
a valores inferiores e atinge o ponto – 2 no
sobre um segmento de reta AB (figura a seguir).
A X O B instante t2. O tempo gasto nesse deslocamento é:

20 cm a) 0,021 s d) 0,21 s
Sendo O o ponto de equilíbrio, e considerando b) 0,029 s e) 0,29 s
que entre a primeira passagem pelo ponto X, c) 0,15 s

Movimento harmônico simples 393


9. Gráficos do MHS
Vimos que as equações horárias da elongação, da velocidade escalar e da ace-
leração escalar de um MHS envolvem as funções seno e cosseno. Mas, nas aulas
de Matemática, aprendemos que os gráficos das funções y = sen t e y = cos t
têm a mesma forma, que é a apresentada na figura 34, e, por isso, a curva que
vemos nessa figura pode ser chamada de senoide ou cossenoide. Assinalamos
também, na figura, vários modos de obter o período T da função.
T
y T 4
1
0
t
–1
T T T
2
x
T A
Figura 34. Gráfico da função y = sen t ou y = cos t. O
t
–A
Tanto a função y = sen t como a função y = cos t têm valor máximo +1
e mínimo –1. Mas, como as equações horárias da elongação, da velocidade
v
escalar e da aceleração escalar do MHS são dadas por:
ωA

x = A cos (θ0 + ωt) v = – ω · A · sen (θ0 + ωt) a = – ω · A · cos (θ0 + ωt)


2 O
↓ t
máx ↓ ↓
máx
–ωA
máx

os valores máximos de x, v e a serão, respectivamente, A, ωA e ω2A. Portanto, a


os gráficos de x, de v e de a, em função do tempo, terão os aspectos da ω2A
figura 35. Observe que nos gráficos deixamos pontilhada parte do eixo dos O
tempos para indicar que as posições exatas dos eixos verticais dependem das t
–ω2A
condições iniciais (a elongação inicial, a velocidade inicial e a aceleração inicial).
Figura 35.

Gráfico de v em função de x

IluSTrAçõeS: ZAPT
v
ωA
No exercício 52 vimos que a equação que relaciona a velocidade escalar (v)
com a elongação (x) de um MHS é:
x2 + v2 = 1 32 –A 0 A x
A2 ω2A2
Nas aulas de Matemática, na parte de Geometria Analítica, você aprenderá –ωA
que o gráfico correspondente à equação 32 é uma elipse (fig. 36). Como ve- (a) A > ωA.
mos, para cada elongação x (tal que x ≠ A e x ≠ –A) temos dois valores para v
a velocidade, sendo um positivo e outro negativo. Isso já era esperado, pois a ωA
partícula em MHS passa duas vezes por cada ponto (que não seja um extremo):
uma vez no sentido progressivo e outra no sentido retrógrado.
Se, na equação 32 , fizermos x = 0, obteremos:
–A 0 A x
v2 = 1 ou v = ± ωA
ω2A2
isto é, a elipse corta o eixo da velocidade nos pontos de ordenadas ωA e –ωA.
Se fizermos v = 0, a equação 32 nos fornecerá: –ωA
(b) A < ωA.
x2 = 1 ou x = ±A
A2 Figura 36. Gráfico de v em
isto é, a elipse corta o eixo da elongação nos pontos de abscissas A e –A. função de x.

394 Capítulo 15
10. Movimento harmônico amortecido
Vimos que a energia mecânica de uma partícula em MHS x
kA2
é dada por e = , em que k é a constante que aparece em
2
F = –kx e A é a amplitude. Nos casos reais, há uma perda gra-
dual de energia mecânica devido aos vários tipos de atrito e 0 t
também à energia gasta nas deformações internas dos objetos
kA2
oscilantes. Como e = , uma diminuição de energia me-
2
cânica acarreta uma diminuição da amplitude, e o gráfico da Figura 37. Gráfico da elongação (x) em função do tempo.
elongação em função do tempo é semelhante ao que vemos
na figura 37. Dizemos, então, que se trata de um movimento
harm™nico amortecido.
Às vezes esse amortecimento é desejável e, nesses casos, tomam-se providências
para que ele ocorra. um exemplo é o caso dos amortecedores usados em automóveis.
Na figura 38 temos um detalhe da suspensão de um automóvel. Vemos uma mola
helicoidal destinada a absorver impactos quando, por exemplo, a roda passa por um
buraco ou depressão, o que ocasiona a oscilação da mola. Para que a mola não fique
oscilando por muito tempo, dentro dela há uma peça – o amortecedor – cujos detalhes
estão esquematizados na figura 39. No interior do amortecedor há um líquido muito
viscoso (com muito atrito) que amortece rapidamente o movimento do pistão.
AlAMY/OTHer IMAGeS

IluSTrAçõeS: ZAPT
amortecedor

mola

pistão

líquido
viscoso

Figura 38. Suspensão de automóvel. Figura 39. Esquema do amortece-


dor do automóvel.

Exercícios de Aplicação

64. Um MHS tem amplitude A = 6 cm e período Logo após o instante t = 0 as elongações ficam
T = 4 s. Tomando como instante inicial aque- negativas, aproximando-se do valor –6 cm.
le em que a elongação é nula e a velocidade é Portanto, o gráfico da elongação em função do
negativa, apresente os gráficos da elongação, tempo é o indicado na figura b.
da velocidade escalar e da aceleração escalar em P (t = 0)
função do tempo.
Resolu•‹o:
π
Na figura a apresentamos a correspondência θ0 =
v0 P' 2
entre o MHS e o MCU. No instante t = 0 o ponto –6 6 x (cm)
0
P' tem elongação nula. Como, nesse instante, a (t = 0)
velocidade é negativa, o ponto P está na posição
indicada na figura, o que significa que a fase
inicial é 90°, isto é, π rad.
2 Figura a.

Movimento harmônico simples 395


x (cm) O início do gráfico de a em função de t poderia
ter sido obtido de modo mais rápido, lembrando
6
que a = –ω2x. Isso significa que a e x sempre
têm sinais contrários (quando não nulos). Assim,
0 1 2 3 4 5 6 t (s) a forma do gráfico de a pode ser obtida a partir
do gráfico de x, girando este em torno do eixo
–6 dos tempos (compare as figs. b e e).
T=4s
Figura b. 65. O gráfico representa a elongação de um corpo em
Como T = 4 s, temos: movimento harmônico simples (MHS) em função
do tempo.
ω = 2π = 2π ⇒ ω = π s–1
T 4s 2 x (m)
Assim, os valores máximos da velocidade escalar 10
e da aceleração escalar serão:
vmáx = ωA = π s–1 · (6 cm) = 3π cm/s 0 2
2 4 6 8 t (s)

amáx = ω2A = π s–1 · (6 cm) = 3π cm/s2


2 2
–10
2 2
No instante inicial a elongação é nula e, portan- Para esse movimento, determine:
to, a velocidade tem módulo máximo. Mas, como a) a amplitude;
v, nesse instante, é negativa, o gráfico de v em
b) o período;
função de t é o da figura c.
v (cm/s) c) a frequência;


d) a frequência angular;
e) a fase inicial;
f) a equação horária da elongação;
0 1 2 3 4 5 6 t (s)
g) a equação horária da velocidade escalar;
–3π h) a equação horária da aceleração escalar.
T=4s
Figura c.
66. O gráfico a seguir representa a elongação em
função do tempo para uma partícula em MHS.
No instante t = 0 a elongação é nula, o que sig-
x (m)
nifica que a força é nula (pois F = –kx); portan-
to, nesse instante a aceleração é nula. Logo após 0,6
o instante t = 0, a elongação torna-se negativa
(x < 0), o que acarreta F > 0 (já que F = –kx).
0 1 2 3 t (s)
Como a aceleração e a força têm sempre o mesmo
sinal (já que F = ma), temos a situação da figura
–0,6
d. Portanto, o gráfico de a em função do tempo
é o da figura e. Para esse movimento, determine:
a>0
P' F>0
a) a fase inicial; d) a velocidade máxima;
–6 0 6 x (cm)
b) a amplitude; e) a aceleração máxima.
Figura d. c) o período;
a (m/s2) 67. O gráfico a seguir representa a velocidade escalar
3π2 em função do tempo para uma partícula em MHS.
2
IluSTrAçõeS: ZAPT

v (cm/s)
8
0 1 2 3 4 5 6 t (s)
4π 8π
3π2
– 0 2π 6π t (s)
2
Figura e. –8

396 Capítulo 15
Para esse movimento, determine: 0,40 m, com período de 12 s. Tomando como
a) a fase inicial; instante inicial aquele em que a elongação da
partícula é nula e a velocidade é positiva, apre-
b) o período;
sente as equações horárias da elongação (x), da
c) a pulsação; velocidade escalar (v) e da aceleração escalar (a).
d) a amplitude;
e) a equação horária da elongação; 71. Para a partícula da questão anterior, determine:
f) a equação horária da velocidade escalar; a) a energia mecânica;
g) a equação horária da aceleração escalar. b) a energia cinética no instante t = 3,0 s;
68. O gráfico a seguir representa a aceleração escalar c) a energia cinética no instante t = 6,0 s;
em função do tempo para uma partícula em MHS. d) a energia cinética no ponto de elongação
a (cm/s )
2 x = 0,20 m.
2π2 72. Na figura a seguir temos o gráfico da elongação
2 4 6 8 x em função do tempo para uma partícula que
0 t (s) executa movimento harmônico simples.
–2π2
x (m)
2
Para esse movimento, determine:
1
a) a fase inicial;
b) o período; 0 2 14 26 t (s)
–1 3 3 3
c) a frequência angular;
–2
d) a amplitude.
Podemos afirmar que a fase inicial e a pulsação
69. Na figura a seguir representamos um oscilador
harmônico mola-bloco, disposto verticalmente, (frequência angular) do movimento são, respec-
com uma caneta presa ao bloco. À medida que tivamente:

a) π rad e π rad/s
o bloco oscila verticalmente, a caneta registra a
posição dele em uma fita de papel que se desloca 2 2
com uma velocidade horizontal constante v = π π
b) rad e rad/s
4,0 cm/s. 4 2
π π
IluSTrAçõeS: ZAPT

c) rad e rad/s
3 2
g d) π rad e π rad/s
movimento
4 3
5π rad e π rad/s
do papel v
e)
3 2
73. A velocidade escalar v de uma partícula em movi-
mento retilíneo varia em função de sua abscissa x
d
D de acordo com o gráfico a seguir.
v (m/s) elipse
3,0

Sendo d = 10 cm e D = 36 cm, determine, para


–1,0 0 1,0 x (m)
o movimento do bloco:
a) a amplitude; –3,0
b) o período; a) Caracterize o tipo de movimento que a partí-
c) a frequência; cula descreve.
d) a frequência angular. b) Qual a pulsação do movimento?
70. Uma partícula de massa m = 0,20 kg executa c) Qual a velocidade escalar da partícula, quan-
movimento harmônico simples, de amplitude do sua abscissa é x = 0,50 m?

Movimento harmônico simples 397


Exercícios de reforço

74. (Acafe-SC) O gráfico abaixo mostra a elongação 76. A velocidade escalar v de uma partícula varia em
em função do tempo para um movimento harmô- função de sua abscissa x, de acordo com o gráfico.
nico simples. v (m/s)
x (m)
elipse

4 –1,0 0 1,0 x (m)


0 2 6 t (s)

–2

A alternativa que contém a equação horária cor- A velocidade da partícula tem módulo igual à meta-
respondente, no SI, é: de da velocidade máxima nos pontos de abscissas:
π a) – 0,50 m e +0,50 m
a) x = 4 · cos 3 ·t+π
2
b) – 0,25 m e +0,25 m
π π 2
b) x = 4 · cos
2
·t+3
2 c) – m e+ 2 m
2 2
c) x = 2 · cos πt 3
d) – m e+ 3 m
2 2
π
d) x = 2 · cos ·t+π e) –0,75 m e +0,75 m
2
π 77. (PUC-MG) Num laboratório fez-se o seguinte
e) x = 2 · cos πt + experimento:
2

75. (UF-BA) Um corpo de massa 1 kg executa movi- I. Construiu-se um pêndulo, tendo, na sua extre-
mento harmônico simples cuja elongação x em midade livre, um frasco de tinta e um estilete.
função do tempo t é dada pelo diagrama a seguir.

IluSTrAçõeS: ZAPT
x (m)

6
0 2 4 8 t (s)
v
–5

Entre as proposições a seguir, verifique quais são


verdadeiras e dê como resposta a soma dos núme- II. Fez-se o pêndulo oscilar transversalmente a
ros que precedem as proposições verdadeiras. uma tira de papel que se deslocava com velo-
(01) A equação horária da elongação, no SI, é: cidade constante v.
π 3π III. O estilete registrou as diversas posições do
x = 5 · cos 4 t +
2 pêndulo, na tira do papel.
(02) A equação horária da velocidade escalar, no IV. Para um tempo T, correspondente a uma osci-
SI, é: lação completa, obteve-se a figura abaixo.
5π π
v = – 4 sen t
4
(04) No instante t = 2 s, a velocidade é nula.
(08) No instante t = 6 s, a aceleração escalar é
5π2
m/s2.
16
(16) No instante t = 8 s, a energia cinética do
corpo é nula.

398 Capítulo 15
Dividindo-se o comprimento do pêndulo por 4 79. (UFF-RJ) Na figura, um corpo de massa M, capaz de
e considerando-se o mesmo tempo T anterior, a mover-se sem atrito sobre uma superfície horizon-
figura obtida nessas condições será: tal, é preso à extremidade livre de uma mola ideal,
a) d) que tem sua outra extremidade fixa à parede.

–A O A x
b) e)
Com a mola relaxada, a posição de equilíbrio do
corpo é a indicada por O. O corpo é deslocado até
a posição x = –A, de forma a comprimir a mola,
e é solto sem velocidade inicial.
c) Sendo ω a pulsação e a a aceleração escalar do
movimento, o gráfico de a em função da elonga-
ção x é:
a) a d) a
78. (Fuvest-SP) Enquanto uma folha de papel é ω2A ω2A
puxada com velocidade constante sobre uma
mesa, uma caneta executa movimento de vaivém A –A A
perpendicularmente à direção de deslocamento –A O x O x
do papel, deixando registrado na folha um traço
–ω2A –ω2A
em forma de senoide. A figura abaixo representa
um trecho AB do traço, bem como as posições de b) a e) a
alguns de seus pontos e os respectivos instantes. ω2A
ω2A

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 (s) A
–A O A x –A O x
A B
–ω2A –ω2A
0 4 8 12 16 20 24 (cm) c) a
ω2A
Pede-se:
a) a velocidade de deslocamento da folha; –A O
b) a razão das frequências do movimento de vai- A x
vém da caneta entre os instantes 0 s a 6 s e
6 s a 12 s. –ω2A

Exercícios de Aprofundamento

80. Um túnel é feito atravessando a Terra, como Suponha que o corpo possa mover-se sem atrito
ilustra a figura, e um corpo de massa m é aban- ao longo do túnel e que a Terra seja esférica e
donado em uma das extremidades dele. homogênea.
São dados:
IluSTrAçõeS: ZAPT

corpo M = massa da Terra = 5,98 · 1024 kg


R = raio da Terra = 6,37 · 106 m
G = constante de gravitação universal =
= 6,67 · 10–11 N · m2/kg2
a) Determine a força resultante sobre o corpo, em
função de G, M, m, R e da abscissa x do corpo
O x em relação ao eixo desenhado na figura.

Movimento harmônico simples 399


b) Determine o período do movimento do corpo
em função de G, M e R. t=0
v=0
c) O período depende da massa do corpo?
C B (a)
d) O período depende da posição em que foi feito
o túnel?
e) Calcule o valor do período usando os dados
fornecidos. v (b)
C B
f) Quanto tempo o corpo demora para ir de uma
extremidade a outra do túnel? d

81. Um projétil de massa m = 50,0 g, que tem ini- a) Em que instante os blocos perdem o contato?
cialmente velocidade v0 = 600 m/s, atinge um b) Qual a velocidade de C no momento em que
bloco de madeira de massa M = 4,95 kg, o qual perde o contato com B?
está inicialmente em repouso sobre uma super- c) Calcule o valor da distância d no momento
fície horizontal e lisa, e preso a uma mola de em que a mola atinge o comprimento máximo
constante elástica k = 4 500 N/m. pela primeira vez.
v0 84. Uma plataforma A, presa a uma mola, oscila
M k verticalmente com MHS de amplitude 3,0 cm,
m num local onde g = 10 m/s². Sobre a plataforma
apoiamos um bloco B. Calcule a maior frequência
Supondo que o projétil fique incrustado no bloco, que pode ter o movimento, de modo que o bloco
determine: não perca contato com a plataforma.
a) a velocidade do conjunto projétil + bloco
logo após a colisão; B
A
g
b) a amplitude do MHS do conjunto;
c) o período do MHS do conjunto.
82. Temos inicialmente um bloco B, de massa 1,60 kg,
preso a uma mola que tem MHS de amplitude
40 cm sobre uma superfície horizontal lisa. Num
determinado instante cai sobre o bloco uma pelo- 85. Um bloco B está apoiado sobre um bloco C, que
ta (C) de massa de modelar, de massa 0,90 kg, está preso a uma mola e apoiado em um plano
que fica grudada no bloco. horizontal sem atrito.

C B
g
B
C

Determine a nova amplitude do movimento nos


seguintes casos: O coeficiente de atrito estático entre C e B é 0,80,
a aceleração da gravidade tem módulo 10 m/s²
a) C cai sobre B quando este passa pela posição
e o sistema oscila com frequência 1,2 Hz. Qual
de equilíbrio.
o maior valor da amplitude, de modo que B não
b) C cai sobre B quando este está numa das posi- escorregue sobre C ?
ções extremas.
86. (PUC-SP) Os pêndulos A e B representados na
83. Um bloco B, de massa 16,0 kg, está apoiado sobre figura realizam, respectivamente, 60 e 72 oscila-
uma superfície horizontal sem atrito e preso a ções por minuto.
IluSTrAçõeS: ZAPT

uma mola de constante elástica 400 N/m. Um


bloco C, de massa 9,0 kg, é comprimido contra B
até que a mola fique comprimida de 35 cm (fig. a).
A B
No instante t = 0 o sistema é liberado e o bloco
B empurra o bloco C até que este perde o contato
P P'
com B.

400 Capítulo 15
Sendo postos em liberdade, no mesmo instante, 90. Suponha um pêndulo simples, de comprimento
nas posições extremas P e P', voltam a ocupar L, suspenso por um ponto S de um plano inclina-
juntos essas posições pela primeira vez, após do que forma um ângulo θ com a horizontal. A
serem postos em movimento, no instante: massa pendular oscila mantendo-se em contato
com o plano inclinado, sem atrito. Determine o
a) 5 s d) 5 s período de oscilação desse pêndulo.
6
b) 5 s e) 6 s
3
c) 25 s
S
6
87. (E. Naval-RJ) A frequência de um pêndulo sim-
ples de 1 metro de comprimento, ao nível do
θ
mar, é 16 Hz. A frequência, em Hz, de um outro
pêndulo simples de 4 metros de comprimento,
num local em que a extremidade fixa do mesmo 91. Um elevador está parado no andar térreo de um
encontra-se a uma distância, do centro da Terra, edifício. No teto do elevador estão pendurados
de 4 vezes o raio terrestre, é: um pêndulo simples e um sistema mola + bloco.
Com o elevador em repouso, os períodos de osci-
a) 2 b) 4 c) 8 d) 16 e) 32
lação do pêndulo e do sistema mola + bloco são,
88. (ITA-SP) Um relógio tem um pêndulo de 35 cm de respectivamente, 2,0 s e 0,40 s. Sabendo que
comprimento. Para regular seu funcionamento, g = 10,0 m/s², determine os novos períodos de
ele possui uma porca de ajuste que encurta o oscilação dos dois sistemas se o elevador começar
comprimento do pêndulo de 1 mm a cada rotação a subir com aceleração 4,4 m/s².
completa à direita e alonga este comprimento
de 1 mm a cada rotação completa à esquerda. Se 92. Um pêndulo simples de comprimento L está
o relógio atrasa um minuto por dia, indique o preso no teto de um carrinho num local em que
número aproximado de rotações da porca e sua a aceleração da gravidade tem módulo g.
direção necessários para que ele funcione corre-

IluSTrAçõeS: ZAPT
tamente.
a
a) 1 rotação à esquerda.

b) 1 rotação à esquerda. (a)


2
c) 1 rotação à direita.
2
d) 1 rotação à direita.

e) 1 e 1 rotação à direita.
2
θ
89. Na figura a seguir representamos duas bolinhas,
(b)
B e D, abandonadas em uma superfície esférica
lisa cujo centro é o ponto C e cujo raio é R. Determine o período desse pêndulo nos seguintes
C
casos:
a) o carrinho move-se sobre um plano horizontal
g com movimento acelerado de aceleração a
10° 15°
(fig. a);
R R R b) o carrinho é abandonado em um plano incli-
nado sem atrito, que forma ângulo θ com a
B D horizontal (fig. b).
E
93. O fenômeno em que uma cantora consegue, com
sua voz, quebrar um copo, ocorre mais facilmente
Sendo E o ponto mais baixo da superfície, qual se o copo for de cristal de boa qualidade do que
bolinha chegará antes em E? se for de vidro comum. Por quê?

Movimento harmônico simples 401


94. Um corpo de massa m, preso a uma mola disposta c) Determine a deformação das molas na posição
verticalmente, oscila com período 1,2 s. Se cor- de equilíbrio.
tarmos essa mola ao meio e colocarmos o mesmo
corpo a oscilar preso a uma dessas metades, qual 96. (UF-CE) Um corpo de massa m executa o movi-
será o novo período? mento oscilatório ilustrado abaixo, onde mos-
tramos as posições nos instantes t0, t1, ..., t7.
95. (EEM-SP) Na figura a seguir temos um bloco
de massa 0,200 kg, preso a duas molas ideais Sabe-se que a resultante das forças que atuam
e idênticas, dispostas verticalmente. O sistema no corpo é dada por F = –kx.
está inicialmente em repouso, e a aceleração da

IluSTrAçõeS: ZAPT
gravidade é 10 m/s². v0

t0 = 0
x
t1
x
g t2
x
t3
x
O t4
x
t5
y (m) x
t6
O bloco é levemente puxado para baixo e, ao ser x
solto, executa um movimento harmônico simples t7
x
cujo gráfico da elongação y em função do tempo –A –
A 0 A A
t é dado a seguir. 2 2

y (m) Considere: δ = constante de fase; ω = frequên-


0,100 cia angular; v = velocidade do corpo; amáx = ace-
leração máxima do corpo. Podemos afirmar que:
0,050
a) δ = 0
0,000
0,200 0,400 0,600 0,800 t (s)
–0,050 b) v(t5) = A π
2 t7 – t3
–0,100 c) ω = 2π
t7 – t3
a) Para esse movimento determine a amplitude π 2

(A), o período (T), a frequência angular (ω). d) k = mA


t7 – t3
b) As duas molas são equivalentes a uma única
mola de constante elástica k. Qual o valor e) amáx = A π 2

de k? t7 – t3

SuGEStãO DE LEIturA

CREASE, Robert P. Os 10 mais belos experimentos científicos. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

• No capítulo 7 há uma apresentação da história do pêndulo de Foucault.

402 Capítulo 15
cAPÍTuLO

Ondas
16
Na natureza encontramos

THiNksTOCk/GeTTy iMAGes
1. Ondas mecânicas
uma série de fenômenos que são
classificados como ondas. Nor- 2. Ondas periódicas
malmente, quando se fala em on- unidimensionais
das, a primeira imagem que vem transversais
à nossa mente é a de uma onda
3. Ondas periódicas
do mar. No entanto, há outros ti-
unidimensionais
pos de onda, como, por exemplo,
longitudinais
o som e a luz. Neste capítulo va-
mos estudar o conceito de onda 4. O som
e definir o que os diversos tipos
de onda têm em comum. Figura 1. 5. Os sons da música
ocidental

6. Ondas periódicas
1. Ondas mecânicas bidimensionais e
tridimensionais
Na figura 2 representamos uma corda elástica esticada horizontalmente, tendo
uma das extremidades fixa e a outra segura por um operador. se o operador fizer 7. Velocidade das ondas
com a mão um rápido movimento para cima e para baixo, poderemos perceber uma mecânicas
ondulação percorrendo a corda. Quando a ondulação atinge um ponto qualquer P,
8. Ondas
inicialmente em repouso (fig. 3), ela faz com que esse ponto também execute um
eletromagnéticas
movimento para cima e para baixo, voltando a ficar em repouso após a passagem
da ondulação. 9. Intensidade de uma
ilusTrAções: zAPT

P onda

P
10. Nível sonoro

11. Efeito Doppler


P
12. Ondas de choque

Figura 2. Figura 3.

um fato importante a observar é que as partículas da corda não se movem ao


longo dela; elas apenas executam um movimento para cima e para baixo. Dizemos
então que o que caminha através da corda é uma perturba•‹o, que transporta
energia e quantidade de movimento.

Ondas 403
O experimento que acabamos de descrever é um (a) P A
exemplo de onda mecânica.

ilusTrAções: zAPT
Onda mec‰nica é a perturbação de um meio (b) P
A
material elástico que se propaga por esse
meio, transportando energia e quantidade de C
movimento.
(c) P
A

A palavra “mecânica” serve para diferenciar esse R C


tipo de onda de outro tipo, que veremos mais adian-
(d) P
te e que pode se propagar no vácuo: onda eletro- A

magnética.
R C
Vejamos um outro exemplo. Na figura 4 temos
uma mola helicoidal presa a um pistão P inicialmente (e) P A
em repouso. Façamos o pistão sofrer um rápido mo-
vimento de vaivém para a direita e para a esquerda. R C
Observamos que se forma um pequeno trecho C no (f) P
qual a mola está mais comprimida. Daremos a C o A

nome compressão. Teremos a impressão de que esse


R C
trecho C move-se para a direita com velocidade v . Figura 4.
Porém, não são os pontos da mola que se movem
para a direita com velocidade v . Cada ponto, como o
ponto A, executará um pequeno movimento de vai-
vém na direção horizontal e depois voltará à posição (a)
inicial de repouso. O que se move para a direita, com
velocidade v , é a forma comprimida, isto é, a com-
pressão. Podemos também observar, imediatamente
atrás de C, um trecho R em que a mola está mais (b)
esticada do que na posição inicial. A esse trecho R
damos o nome rarefação.

(c)
Pulso e trem de ondas
Nos dois exemplos apresentados, consideramos
uma única perturbação do meio material em cada (d)
caso: um movimento de sobe e desce na corda es-
ticada e um movimento de vaivém no pistão ligado
à mola. Nessas situações, costuma-se dizer que a
onda é formada por um único pulso. No entanto, na
(e)
maioria dos casos de interesse prático, temos mais
de uma perturbação, isto é, mais de um pulso. Por
exemplo, imaginemos uma corda esticada horizon-
talmente. Nela podemos executar, com a mão, vários (f)
movimentos de sobe e desce (fig. 5), obtendo desse
modo vários pulsos. Teremos, então, um trem de
ondas.
Na figura 5, as flechas verticais indicam os sentidos (g)
das velocidades instantâneas dos pontos da corda.
Quando as perturbações são produzidas periodi-
camente, temos um trem de ondas periódicas ou,
simplesmente, uma onda periódica. Figura 5.

404 Capítulo 16
Em uma onda periódica, todas as partículas do meio vibram com o
mesmo período e a mesma frequência da fonte de perturbações.

O caso mais importante de ondas periódicas é o das ondas harmônicas. Dizemos


que uma onda é harmônica (ou senoidal) quando as partículas do meio vibram em MHs.

Ondas transversais e longitudinais


Há uma diferença importante entre os dois exemplos apresentados nas figuras 4 e 5. No oscilação
exemplo da figura 5 cada ponto da corda executa uma oscilação na direção vertical enquan-
to a propagação da onda ocorre na direção horizontal (fig. 6a), isto é, a direção de oscila­ propagação

ção é perpendicular à direção de propagação. Já no caso da figura 4 cada ponto da mola (a) Onda transversal.
oscila na mesma direção em que se dá a propagação (fig. 6b). No caso da figura 6a dizemos
que a onda é transversal e no caso da figura 6b dizemos que a onda é longitudinal. oscilação
As ondas mecânicas longitudinais podem se propagar através de sólidos, líquidos ou propagação
gases. Porém, em geral, as ondas mecânicas transversais só conseguem se propagar nos
(b) Onda longitudinal.
meios sólidos, pois, em líquidos e gases, as moléculas não têm as ligações necessárias
à transmissão de perturbações transversais. (Há uma exceção que veremos a seguir.) Figura 6.

Ondas superficiais
As ondas que nos são mais familiares são certamente aquelas formadas na superfí-
cie da água, como, por exemplo, as ondas do mar, num lago (fig. 7) ou mesmo numa
poça de água. Na figura 7 vemos ondas circulares produzidas por “algo” no centro das
ondulações. esse “algo” pode ser uma haste vertical ou alguma pedra jogada na água.
um fato interessante sobre as ondas formadas na superfície da água é que elas não são
longitudinais nem transversais.
reTrOFile CreATiVe/GeTTy iMAGes

ilusTrAções: zAPT
movimento da onda

Figura 7. Figura 8.

isso pode ser verificado facilmente. Coloquemos sobre a água de um lago (ou uma
piscina ou um tanque) uma rolha boiando (fig. 8). Ao produzirmos ondas na superfície
da água, quando as ondas atingirem a rolha, esta descreverá um movimento aproxima-
damente circular, isto é, ao mesmo tempo em que sobe e desce, executa um pequeno
movimento de vaivém na horizontal. Podemos dizer que essa onda é uma mistura de
longitudinal com transversal e, por isso, alguns autores a chamam de onda mista.

Ondas 405
Vale a pena repetir que no interior de líquidos (e gases) as ondas transversais não
se propagam. Porém, na superfície podemos ter uma onda que é mistura de longitu-
dinal com transversal. Nesse caso, a componente transversal da onda não é ocasionada
pelas propriedades elásticas do meio, mas sim pela gravidade e, em parte, pela tensão
superficial.

Ondas sísmicas
Há situações em que temos vários tipos de ondas que se propagam simultaneamen-
te em um mesmo meio. um exemplo são as ondas produzidas por terremotos, chama-
das de ondas sísmicas (do grego seismós, que significa “abalo”, “tremor de terra”).
Os terremotos produzem em geral quatro tipos de ondas simultaneamente: longitudi-
nal, transversal vertical (as partículas oscilam verticalmente), transversal horizontal (as
partículas oscilam horizontalmente) e superficial (como na superfície da água).

Exercícios de Aplicação

1. A figura a representa um pulso triangular, movi- 2. Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada
sentença a seguir.
mentando-se para a direita, com velocidade v, ao
longo de uma corda esticada. Para essa situação, a) Uma onda transversal pode se propagar em
represente as velocidades vetoriais dos pontos A e B. gases.
b) Uma onda longitudinal pode se propagar em
ilusTrAções: zAPT

v
A gases.
B c) Uma onda transporta matéria.
Figura a. d) Uma onda transporta energia e quantidade de
movimento.
Resolu•‹o: e) Tanto as ondas transversais como as longi-
tudinais podem se propagar no interior de
A figura b, a seguir, representa as posições do
sólidos.
pulso em dois instantes próximos, t1 e t2, com
t2 > t1. 3. Nas figuras a seguir representamos um pulso que
B'
A v se propaga ao longo de uma corda esticada, com
t1 t2 > t1 velocidade v . Em cada caso, represente as veloci-
A' B dades vetoriais instantâneas dos pontos D e E.

Figura b. a) v b)
D E
Observando a figura b, notamos que, no intervalo D E
de tempo considerado, o ponto A desceu para a v
posição A' e o ponto B subiu para a posição B'.
Portanto, as velocidades vetoriais instantâneas 4. Uma onda periódica transversal propaga-se ao longo
dos pontos A e B são representadas na figura c. de uma corda esticada, de modo que cada ponto
v da corda tem MHS de período T. Nas duas figuras
A a seguir, representamos o perfil da corda em dois
vB
vA instantes, t1 e t2, tais que t2 – t1 = 0,5 s < T.
B
t1
Figura c. (cm) v
D
6
É conveniente ressaltar que vA e vB são as velo-
cidades instantâneas dos pontos A e B da corda, 3
enquanto v é a velocidade de propagação do
pulso. 0
2 4 6 8 10 12 (cm)

406 Capítulo 16
t2 Sendo v a velocidade de propagação da onda,

ilusTrAções: zAPT
(cm) v determine:
6
a) o módulo de v ;
3 b) a velocidade escalar média do ponto D da
D
corda, entre os instantes t1 e t2;
0 c) o período de oscilação de cada ponto da
2 4 6 8 10 12 (cm)
corda.

Exercícios de Reforço

5. (UF-PI) A figura abaixo mostra um pulso moven- Podemos afirmar que a velocidade de propagação
do-se para a direita, ao longo de uma corda. da onda na corda e a velocidade média do ponto
P da corda, nesse intervalo de tempo, valem res-
pectivamente:
x a) zero e 4 m/s.
b) 0,2 m/s e 4 m/s.
c) 4 m/s e 4 m/s.
d) 4 m/s e 0,2 m/s.
A direção e o sentido do movimento do ponto x e) 0,2 m/s e 0,8 m/s.
da corda, neste momento, está mais bem repre-
7. (UF-RJ) A figura representa a fotografia, em um
sentado na alternativa: determinado instante, de uma corda na qual se
a) b) c) d) e) propaga um pulso assimétrico para a direita.
B v
6. (Fuvest-SP) As curvas A e B representam duas
fotografias de uma corda, na qual se propaga um
pulso. O intervalo de tempo entre as fotografias A
é menor que o período da onda e vale 0,10 s. 60 cm 20 cm

(m)
Seja tA o intervalo de tempo necessário para que o
0,03
P ponto A da corda chegue ao topo do pulso; seja tB
0,02 A B o intervalo de tempo necessário para que o ponto
0,01
B da corda retorne à sua posição horizontal de
–0,01 1 2 3 4 (m) equilíbrio. Tendo em conta as distâncias indica-
–0,02 t
das na figura, calcule a razão A .
–0,03 tB

2. Ondas periódicas unidimensionais


transversais
Vamos agora considerar alguns aspectos das ondas periódicas transversais
que se propagam numa única dimensão, como é o caso, por exemplo, da
onda numa corda.
A fonte de perturbação (que pode ser a mão de um operador ou um
aparelho qualquer) faz com que uma das extremidades da corda execute
v
MHs de amplitude A, período T e frequência f. Assim, teremos uma onda
A
propagando-se através da corda, de modo que todos os pontos atingidos
fonte
pela onda vibrem em MHs de mesma frequência (f ) e mesmo período (T ) da
A
fonte. se o atrito interno for desprezível, todos os pontos vibrarão também
com a mesma amplitude A da fonte (fig. 9). Porém, se o atrito interno não for Figura 9.

Ondas 407
desprezível, ocorrerá uma diminuição gradual da amplitude, à medida que a

zAPT
onda se afastar da fonte (fig. 10). Daqui em diante consideraremos apenas fonte
os casos em que o atrito interno é desprezível. (Desprezaremos também o
atrito com o ar em volta.) Figura 10.
A figura 11 apresenta a configuração da corda em determinado instante.
O eixo x, usado para medir as abscissas dos pontos da corda, está na posição
ocupada por esta antes de ser perturbada.

λ
B C D E
X Y A
K L M N O P Q R S
O A x

F G H J
λ λ λ
2
Figura 11.

imaginando a figura 11 num plano vertical, os pontos mais altos são denominados
cristas e os mais baixos vales. Assim, os pontos B, C, D e E são cristas, enquanto os
pontos F, G, H e J são vales.
supondo que a onda se propague com velocidade constante v, o comprimento da
onda λ é definido como a distância percorrida pela onda em um intervalo de tempo
igual a um período. Desse modo, facilmente se conclui que λ é igual à distância entre
dois vales sucessivos, ou duas cristas sucessivas. Observando a figura 11, notamos tam-
bém que a distância entre os pontos P e R é igual a λ.
Podemos afirmar que os pontos B, C, D e E oscilam “juntos”, isto é, quando um
sobe, os outros também sobem; quando um desce, os outros também descem; quando
um atinge o ponto mais alto, os outros também atingem o ponto mais alto. em casos
como esse, dizemos que os pontos oscilam em fase ou, simplesmente, que estão em
fase. Assim, podemos afirmar que:
• os pontos F, G, H e J estão em fase;
• os pontos L, N, P e R estão em fase;
• os pontos K, M, O, Q e S estão em fase;
• os pontos X e Y estão em fase.

Verificamos então que o comprimento de onda λ é a menor distância entre dois


pontos (distintos) que oscilam em fase. Podemos observar também que, se X e X' são
dois pontos quaisquer, que oscilam em fase, a distância entre eles é dada por:

XX' = n á λ

em que n é um número natural.


Voltando à figura 11, consideremos agora os pontos B e F. Observamos que, quan-
do um deles atinge o ponto mais alto, o outro atinge o ponto mais baixo. Nesse caso,
dizemos que os pontos estão em oposição de fase. Assim, podemos dizer que:
• os pontos C e G estão em oposição de fase;
• os pontos F e C estão em oposição de fase;
• os pontos C e H estão em oposição de fase;
• os pontos M e N estão em oposição de fase.

408 Capítulo 16
λ
Os pontos B e F estão em oposição de fase, e a distância entre eles é , enquanto
3λ 2
entre os pontos D e F, também nessa situação, a distância é . De modo geral, a dis-
2
tância entre dois pontos X e X ' em oposição de fase é dada por:

λ
XX' = i
2

em que i é um número natural ímpar.


uma vez que v é a velocidade da onda, para um intervalo de tempo igual a um
período (isto é, para Δt = T), a distância percorrida pela onda será igual a um compri-
mento de onda (isto é, Δs = λ). Assim:
Δs λ
v= ⇒ v=
Δt T
1
lembrando que f = , a igualdade acima transforma-se em:
T
v=λ·f 1

É importante observar que a velocidade v, mencionada acima, é a velocidade da


onda, isto é, trata-se da velocidade com que a onda se propaga, e não da velocidade dos
pontos da corda. Cada ponto da corda vibra em MHs; portanto, tem velocidade variável.

Gráficos da elongação
y λ
A elongação de um ponto atingido por uma onda pode ser
A
dada graficamente de dois modos: gráfico da elongação em fun­
ção da posição e gráfico da elongação em função do tempo. O
x
No caso de uma onda transversal, como a onda em uma
–A
corda da figura 11, o gráfico de elongação y em função da
posição x ao longo da corda é um gráfico instantâneo, ou Figura 12.
seja, é como se fosse uma fotografia instantânea da corda
y t1 t2
(fig. 12). A cada instante teremos um gráfico diferente. Assim,
A
se no instante t1 o gráfico é a linha laranja da figura 13, num
instante t2, tal que t2 > t1, o gráfico poderá ser, por exemplo, O
x
a linha azul da figura 13.
–A
O gráfico da elongação y em função do tempo t nos dá a
elongação de um determinado ponto da corda em função do Figura 13.
tempo (fig. 14).
Quando a onda é harmônica, os dois tipos de gráfico te- y T
rão formas semelhantes: serão senoides. Assim, devemos tomar A
cuidado para não confundir os dois casos. No gráfico da elon-
O
gação em função da posição, a distância entre dois picos é igual t
a λ (fig. 12); já no gráfico da elongação em função do tempo, a –A
distância entre dois picos é igual ao período T (fig. 14). Figura 14.

3. Ondas periódicas unidimensionais


longitudinais
Vimos que, no caso de uma onda transversal em uma corda, o comprimento da
onda λ é igual à distância entre duas cristas (ou dois vales) consecutivos. Porém, em
uma onda longitudinal, não vemos cristas nem vales. Como então definir λ?

Ondas 409
Voltemos ao exemplo da perturbação longitudinal produzida na mola da figura 4.
suponhamos que agora o pistão oscile horizontal e periodicamente (fig. 15).

ilusTrAções: zAPT
R C

Figura 15.

Teremos uma série de compressões (C ) e rarefações (R) propagando-se pela mola.


O comprimento de onda (λ) é a distância entre os centros de duas compressões (ou
duas rarefações). se o pistão oscilar com período T e frequência f, cada ponto da mola
também oscilará com período T e frequência f, valendo as mesmas equações de uma
onda transversal:
λ
v= ou v = λ · f
T
Para esse caso também podemos fazer os gráficos da elongação. Porém, aqui, o gráfico
da elongação em função da posição não pode ser pensado como uma fotografia da mola.
ele apenas representa, num determinado instante, a elongação de cada ponto da mola em
PROcuRE nO cD
relação à posição de equilíbrio, isto é, a posição do ponto antes da produção da onda.
Vejamos outro exemplo que será útil adiante. suponhamos que, em um tubo bem No capítulo 16 do
longo, haja uma certa quantidade de gás (fig. 16a). Por meio de um êmbolo, uma pes- CD, apresentamos
soa faz movimentos periódicos de vaivém, na horizontal. Ao longo do tubo, teremos a equação de
uma situação semelhante à da mola da figura 15: compressões e rarefações propagan- onda de uma
do-se ao longo do tubo (fig. 16b). onda periódica
unidimensional.
(a)
•mbolo Essa equação
fornece o valor da
elongação de um
ponto qualquer
atingido pela
onda, em cada
instante.
Veja também
exercícios
relativos a esse
(b) compressão
tema.
rarefação λ

λ λ
2
Figura 16.

Exercícios de Aplicação

8. Em uma corda esticada propaga-se uma onda Resolução:


harmônica de frequência f = 20 Hz e velocidade v
a) Uma vez que v = λ ∙ f, temos: λ = f
v = 30 m/s. Calcule:
Como v = 30 m/s e f = 20 Hz, obtemos:
a) o comprimento de onda; 30
λ = 20 ⇒ λ = 1,5 m
b) a menor distância entre dois pontos que osci-
lam em fase; b) A menor distância d entre dois pontos que
c) a menor distância entre dois pontos que osci- estão em fase é igual a um comprimento de
lam em oposição de fase. onda. Portanto:

410 Capítulo 16
c) a frequência;
d = λ = 1,5 m d) o comprimento de onda;
c) A menor distância d entre dois pontos em e) a velocidade da propagação.
oposição de fase é igual à metade de um com-
primento de onda: 11. Na figura a seguir apresentamos o gráfico da
λ 1,5 elongação ( y) em função da posição (x), para uma
d = 2 = 2 ⇒ d = 0,75 m
onda harmônica que se move ao longo de uma
9. Uma onda de frequência 40 Hz propaga-se ao longo corda, num determinado instante.
de uma corda, com velocidade 20 m/s. Calcule: y (m)
a) o comprimento de onda; 0,05
b) a menor distância entre dois pontos que osci- 12
lam em fase; 0
4 8 16 20 24 x (m)
c) a menor distância entre dois pontos que osci- –0,05
lam em oposição de fase.
Sabendo que a velocidade da onda é 40 m/s,
10. Num determinado instante, o gráfico da elon- esboce o gráfico da elongação em função do
gação y em função da posição x, para uma onda tempo para um dos pontos da corda, tomando
transversal que se propaga em uma corda, é apre- como instante inicial aquele em que a elongação
sentado na figura a. Na figura b apresentamos o é máxima.
gráfico da elongação y em função do tempo t,
para um dos pontos da corda. 12. Na figura a seguir temos a representação de uma
y (m) mola esticada, ao longo da qual se propaga uma
0,10 onda harmônica transversal.

0 v
1 2 x (m)
–0,10 B
Figura a.
y (m) 60 cm
0,10
Sabe-se que o ponto B, ao ser atingido pela onda,
0 volta à posição inicial, pela primeira vez, após
0,2 0,4 0,6 t (s)
–0,10
0,10 s. Determine para essa onda:
Figura b. a) o período;
Para essa onda, determine: b) a frequência;
a) a amplitude; c) o comprimento de onda;
b) o período; d) a velocidade de propagação.

Exercícios de Reforço

13. (UF-RJ) O gráfico a seguir registra um trecho de D H


uma corda esticada, onde foi gerada uma onda
15 cm

progressiva, por um menino que vibra sua extre- O G


C E
midade com um período de 0,40 s.
B F
luiz AuGusTO ribeirO

49 cm

A partir do gráfico, obtenha as seguintes infor-


mações:
a) amplitude e comprimento de onda;
b) frequência e velocidade de propagação.

Ondas 411
14. (Fuvest-SP) Um grande aquário, com paredes 15. (UF-MG) Bernardo produz uma onda em uma
laterais de vidro, permite visualizar, na superfí- corda, cuja forma, em certo instante, está mos-
cie da água, uma onda que se propaga. A figura trada na figura a. Na figura b está representado
representa o perfil de tal onda no instante T0. o deslocamento vertical de um ponto dessa corda
Durante sua passagem, uma boia, em dada posi- em função do tempo.
ção, oscila para cima e para baixo e seu deslo- y (cm)
camento vertical (y) em função do tempo está 20
representado no gráfico. 10

ilusTrAções: zAPT
0
25 50 75 100 x (cm)
–10
–20
5m 5m 5m 5m 5m 5m 5m
Figura a.
y (m) y (cm)
20
0 10
5 10 15 t (s)
0
0,25 0,50 0,75 t (s)
–10
Com essas informações, é possível concluir que a
–20
onda se propaga com uma velocidade, aproxima-
damente, de: Figura b.
a) 2,0 m/s Considerando-se essas informações, é correto
b) 2,5 m/s afirmar que a velocidade de propagação da onda
c) 5,0 m/s produzida por Bernardo, na corda, é de:
d) 10 m/s a) 0,20 m/s c) 1,0 m/s
e) 20 m/s b) 0,50 m/s d) 2,0 m/s

4. O som

zAPT
O som é uma onda mecânica longitudinal que, ao se propagar no ar
e chegar à nossa orelha, faz vibrar uma membrana chamada tímpano,
a qual, por sua vez, ocasiona impulsos elétricos que percorrem alguns
nervos até atingir o cérebro, produzindo a sensação de audi•‹o. (No
volume 3 veremos o que são esses impulsos elétricos.)
Consideremos, por exemplo, o bongô (fig. 17a). Quando batemos
em sua membrana, esta vibra para fora e para dentro (fig. 17b), produ-
zindo compressões e rarefações no ar, que se propagam e podem atingir
nossa orelha (anteriormente chamada de “ouvido”).
THiNksTOCk/GeTTy iMAGes

membrana

(a) O artista toca o bongô... (b) ... e o som se propaga em ondas no ar.
Figura 17.

412 Capítulo 16
De modo semelhante são produzidos o som emitido por um

zAPT
alto-falante (fig. 18) e o som emitido quando falamos. Na nossa
garganta há um par de membranas denominadas pregas vocais
(ou cordas vocais), que, ao vibrarem, produzem ondas longitudi-
nais que se propagam pelo ar.
Há porém uma limitação: não conseguimos ouvir qualquer Figura 18. Representação do som emitido por
onda. Para os seres humanos, apenas as ondas longitudinais cujas um alto-falante.
frequências estão, em média, entre 20 Hz e 20 000 Hz conseguem
ser ouvidas. Na realidade, isso varia de pessoa para pessoa. Por outro lado, há também
uma perda de sensibilidade auditiva conforme a pessoa vai envelhecendo ou quando
é exposta por longos períodos a sons de intensidades muito altas. Assim, podemos,
por exemplo, encontrar pessoas cuja faixa de audição esteja entre 40 Hz e 18 000 Hz.
Devemos observar também que há animais que conseguem ouvir ondas longitudinais
de frequências inferiores a 20 Hz ou superiores a 20 000 Hz.
Com base no caso humano, chamamos de som qualquer onda mecânica longitudinal
cuja frequência esteja entre 20 Hz e 20 000 Hz, mesmo quando se propaga em outros
meios que não o ar. Assim, uma onda mecânica longitudinal de frequência maior que
20 000 Hz é chamada de ultrassom, e uma onda que tem frequência inferior a 20 Hz
é chamada de infrassom.
uma observação importante sobre o som é que se trata de uma onda mecânica, isto
é, uma onda em que partículas materiais transmitem perturbações entre si. Portanto, o
som não pode se propagar no espaço vazio (vácuo). A luz, ao contrário, pode se pro-
pagar no vácuo. Desse modo, em filmes de ficção científica, os sons ouvidos durante
batalhas no espaço sideral não existem. Tais batalhas seriam totalmente silenciosas.

Timbre de um som e

Nos exemplos apresentados até agora consideramos apenas 0


ondas senoidais. No entanto, a maioria dos sons que ouvimos não t (s)
são ondas senoidais e, às vezes, também não são periódicas (ruí-
T=4s T=4s
dos). Por exemplo, na figura 19 temos o gráfico da elongação em
função do tempo para uma onda periódica não harmônica, cujo Figura 19. Onda periódica não senoidal.
período é T = 4 s. um dos poucos casos em que a onda é aproxi-
uNiVersAl iMAGes GrOuP/GeTTy iMAGes

madamente senoidal é o do diapasão (fig. 20), instrumento que


os músicos usam para afinar seus instrumentos.
Digamos que, num determinado instante, um som de frequên-
cia 880 Hz seja produzido em um violino e, logo em seguida, um
som também de frequência 880 Hz seja produzido em um piano.
embora os dois sons tenham a mesma frequência, perceberemos
que há uma diferença entre eles, e não teremos dúvida em iden- Figura 20. Diapasão.
tificar qual som veio do piano e qual veio do violino. Os músicos
dizem que os dois sons têm timbres diferentes. Mas o que origina (a) e
essa diferença?
suponhamos que, quando o som emitido por um determinado
0
instrumento atinge uma molécula de ar, faz esta oscilar de modo t
que o gráfico da elongação em função do tempo seja o gráfico da
figura 21a. Vamos supor que para um outro instrumento o grá- (b) e
fico seja o da figura 21b. Podemos observar que, nos dois casos,
temos oscilação de mesmo período e mesma frequência. Porém,
0
os gráficos, além de não serem senoidais, têm formas diferentes. t
É essa diferença de forma que ocasiona a diferença de timbre.
No próximo capítulo voltaremos a falar de timbre. Figura 21.

Ondas 413
Altura de um som
Quando estudamos a luz, vimos que a frequência dela está

TAxi/GeTTy iMAGes
associada a sua cor. Mas, no caso do som, que diferenças de
sensações produzem sons de frequências diferentes? É difícil
explicar com palavras; a única maneira é experimentar. Vamos
então sugerir dois experimentos que podem ser feitos para se
sentir a diferença entre sons de frequências diferentes.
se você ou um amigo tiver um instrumento que funcione
com teclas, como um piano (fig. 22a), um órgão ou teclado
eletrônico, escolha uma tecla qualquer e aperte-a: você ouvirá
um som.
suponhamos que você tenha apertado a tecla assinalada
com o número 1 na figura 22b. em seguida, vá apertando, su-
cessivamente, as teclas de números 2, 3, ..., etc. Ao ouvir os (a) Piano de armário.
sons produzidos, você terá a sensação de que “algo” está “su-

zAPT
bindo”. Devido a essa sensação, os músicos dizem que, nessa
situação, a altura do som está aumentando. A palavra altura
foi introduzida por músicos numa época em que ainda não se
sabia da natureza ondulatória do som. Hoje, sabemos que o 1 2 3 4 5 6 7 8
que aumenta no experimento descrito é a frequência do som.
(b) Representação das teclas do piano.
Assim, se representarmos por:
Figura 22.
f1, f2, f3, ...
as frequências dos sons produzidos pelas teclas de números 1,
2, 3 ..., teremos:
f1 < f2 < f3 < ...
se você não conseguir nenhum instrumento de teclas, faça
o seguinte experimento: pegue vários copos idênticos e colo-
que quantidades diferentes de água em cada um deles (como
na fig. 23), isto é, coloque os copos numa sequência em que
a quantidade de água em seu interior aumente da esquerda
para a direita. Depois, com um objeto de metal, bata levemen-

eDuArDO sANTAliesTrA
te na parte superior de cada copo, da esquerda para a direita.
Você terá a sensação de que “algo” aumenta e esse algo é a
frequência (no capítulo 17 veremos por que as frequências são
diferentes).
Consideremos dois sons, S1 e S2, de frequências f1 e f2, res-
pectivamente.
se f1 < f2, diremos que S1 é mais grave que S2; ou, então,
que S2 é mais agudo que S1.
O intervalo f’sico (i) entre dois sons de frequências f1 e f2,
com f1 < f2, é definido por: Figura 23.

f2
I= 2
f1

Assim, por exemplo, se dois sons têm frequências 55 Hz e


220 Hz, o intervalo físico entre eles é:
220 Hz
i= =4
55 Hz

414 Capítulo 16
Entre os instrumentos musicais, o piano é o que tem a mais ampla faixa de frequên­
cias: emite sons de frequências que vão de 27 Hz até 4 186 Hz, aproximadamente. Os
músicos chamam a faixa de frequências emitidas por um instrumento musical (ou pela
voz humana) de tessitura.
Como exemplo, damos a seguir as tessituras de alguns instrumentos:
• violino: de 196 Hz a 3 136 Hz;
• violoncelo: de 65,4 Hz a 698,5 Hz;
• flauta: de 261,3 Hz a 2 349 Hz.

Quanto à voz humana, em geral, os sons emitidos por homens adultos são mais gra-
ves que os sons emitidos pelas mulheres, mas tanto entre homens como entre mulheres
há diferenças. No caso dos cantores, é costume dividi-los em categorias determinadas
pelas frequências dos sons que conseguem emitir. Na tabela 1 temos as categorias com
os valores aproximados das frequências dos sons que emitem ao cantar.

Homens Mulheres
baixo de 87 Hz a 349 Hz contralto de 174 Hz a 698 Hz
barítono de 110 Hz a 440 Hz meio-soprano de 220 Hz a 880 Hz
tenor de 130 Hz a 523 Hz soprano de 261 Hz a 1 047 Hz

Tabela 1. Tessituras das vozes masculina e feminina.

As palavras contralto, meio­soprano e soprano, embora se refiram a vozes femi-


ninas, são palavras masculinas. Por isso, mesmo se tratando de mulheres, dizemos: o
contralto, o meio-soprano, o soprano. A razão disso é histórica. Antigamente, as mu-
lheres eram proibidas de cantar em público. Assim, nas apresentações públicas, as can-
ções que exigiam vozes mais agudas que as dos homens eram cantadas por meninos,
que, antes da adolescência, têm voz mais aguda (é durante a adolescência que a voz
dos meninos vai ficando mais grave) ou por homens que conseguiam emitir voz aguda
como a das mulheres. Hoje, esses homens são chamados de contratenores.
É interessante verificar que, nas seis categorias, o intervalo físico entre o som mais
grave e o som mais agudo é aproximadamente igual a 4:
349 440 523 698 880 1 047
≅ ≅ ≅ ≅ ≅ ≅4
87 110 130 174 220 261
Devemos observar que as categorias acima não são rígidas. Podemos, por exemplo,
encontrar um barítono que consegue emitir sons que vão de 116 Hz a 464 Hz, ou um
soprano que consegue emitir sons de 246 Hz a 984 Hz. Mas continua valendo que,
para um cantor bem treinado, o intervalo físico entre o som mais grave e o som mais
agudo que ele consegue emitir é aproximadamente igual a 4. Assim, nos dois últimos
exemplos, temos:
464 984
= =4
116 246
Há casos raros de cantores que têm tessituras tais que o intervalo físico entre o som
mais grave e o mais agudo que conseguem emitir é maior que 4.

5. Os sons da música ocidental


Como o piano é o instrumento musical (ocidental) de maior tessitura, vamos tomá-
lo como exemplo para a análise dos sons usados na música ocidental.

Ondas 415
O piano tem 88 teclas, sendo 52 brancas e 36 pretas, e ao apertarmos cada tecla
será produzido um som de frequência diferente, que aumenta da esquerda para a direi-
ta. Na figura 24 representamos um trecho do teclado de um piano.
Dó# Ré# Fá# Sol# Lá#

zAPT
ou Ré ou Mi ou Sol ou Lá ou Si

Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si ...

Figura 24. Trecho do teclado de um piano.

Podemos observar que no teclado do piano há um padrão que se repete. As teclas


pretas aparecem em grupos alternados de duas e três e, separando cada grupo, há
duas teclas brancas. A tecla branca que fica imediatamente à esquerda de um grupo de
duas pretas corresponde a um som (ou nota) que é sempre chamado de dó e as teclas
brancas seguintes correspondem às notas: ré, mi, fá, sol, lá e si.
Já as teclas pretas são identificadas de modo um pouco diferente, como mostra a fi-
gura 24, usando-se os símbolos #, chamado sustenido, e o símbolo , chamado bemol.
O símbolo # colocado após uma nota qualquer x indica a tecla imediatamente à
direita de x e o símbolo colocado após uma nota qualquer x indica a tecla imediata-
mente à esquerda de x. Assim, por exemplo, temos:
• a tecla preta logo após a tecla sol pode ser chamada de sol sustenido (sol #)
ou lá bemol (lá )
• mi # (mi sustenido) = fá
• fá (fá bemol) = mi

Do que foi dito acima vemos que há várias notas com o mesmo nome dó, várias
com o mesmo nome ré, e assim por diante.
Para facilitar a escrita, os músicos usam as sete primeiras letras do alfabeto e desig-
nam as notas do seguinte modo:
A b C D e F G

lá si dó ré mi fá sol
Assim, por exemplo, temos:
D# = ré sustenido e = mi bemol
É interessante observar que:
• Na Alemanha, em vez de B usa-se H para designar a nota si.
• Na França, a nota dó é chamada de ut (mais adiante veremos por quê).

Intervalo musical
Consideremos a sequência de notas a seguir:
4 notas
..., si, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó, ré, mi, ...
3 notas 5 notas
8 notas

416 Capítulo 16
De dó a mi temos três notas. Por isso, os músicos dizem que entre um dó e o mi
seguinte há um intervalo de terça. De ré a sol há quatro notas e então os músicos di-
zem que, de um ré ao sol seguinte, há um intervalo de quarta. seguindo esse padrão,
de um fá até o dó seguinte há intervalo de quinta e de um dó até o dó seguinte há
um intervalo de oitava.
De modo geral, entre uma nota x qualquer e a nota x seguinte, dizemos que há um
intervalo de oitava. Por exemplo:
1 oitava

dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó
1 oitava 1 oitava
2 oitavas

As frequências das notas são ajustadas de tal modo que a um intervalo musical de
oitava corresponda sempre um intervalo físico igual a 2. Por exemplo, uma das notas lá
tem frequência 440 Hz. Portanto, o lá seguinte (para a direita) tem frequência 880 Hz
(880 = 2 · 440) e o próximo, frequência 1 760 Hz (1 760 = 2 ∙ 880).
... lá, si, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó, ré, mi, fá, sol, lá, ...
×2 ×2
440 Hz 880 Hz 1 760 Hz
×4

Designação das notas


Já vimos que no teclado do piano existem várias notas dó, várias notas ré, e assim
por diante. Portanto, é interessante estabelecer uma convenção para diferenciar notas
de mesmo nome, mas que têm frequências diferentes. Há várias convenções e adotare-
mos aqui a mais usual delas, que consiste em dividir o teclado em oitavas, como indica
a figura 25, onde os nomes das notas são dados pelas letras do alfabeto.

zAPT
ABCDE FGABCDE FGABCDE FGAB CDE FGABCDE FGABCDE FGABCDE FGABC

C1 F1 A1 C2 G2 C3 G3 C4 C5 C6 C7 C8
Figura 25. Teclado completo de um piano de 88 teclas.

O primeiro dó à esquerda é notado C1; o dó seguinte é C2, e assim por diante. Todas as
notas que estão após C1, e antes de C2, recebem o índice 1. Do mesmo modo, todas
as notas que estão após C2, mas antes de C3, recebem o índice 2, e assim por diante. As
notas que antecedem C1 recebem o índice zero. As notas iniciais ficam:
A0, b0, C1, D1, e1, F1, G1, A1, b1, C2, D2, e2, F2, G2, A2, b2, C3, ...
O dó (C4), que fica aproximadamente no meio do teclado, é chamado de dó central.

A afinação temperada
O fato de que duas notas separadas por um intervalo de oitava correspondam a um
intervalo físico igual a 2 vale há muito tempo entre os músicos. Porém, havia um ponto
que causava muita divergência no passado: que frequência atribuir a cada nota? Havia
várias opções do processo de escolha das frequências atribuídas a cada nota, chamado
afinação. Assim, podemos dizer que, no passado, havia várias afinações diferentes
na música ocidental. Foi só em meados do século xix que se chegou a um acordo e a
escolha foi chamada pelos músicos de afinação temperada.

Ondas 417
Consideremos o seguinte trecho de um teclado:
Dó# Fá# Lá#

zAPT
Ré# Sol#

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó

Figura 26.

sendo f1, f2, ... , f13, … as frequências dessas notas, vamos colocá-ias em ordem
crescente.
Dó , Dó# , Ré , Ré# , Mi , Fá , Fá# , Sol , Sol# , Lá , Lá# , Si , Dó

f1 f2 f3 f4 f5 f6 f7 f8 f9 f10 f11 f12 f13


×k ×k ×k ×k ×k ×k ×k ×k ×k ×k ×k ×k

× k12
Figura 27.

Já sabemos que:
f13 = 2 · f1 3
De acordo com a afinação temperada (fig. 27), a frequência de uma nota qualquer
deve ser igual à frequência da nota anterior multiplicada por uma constante k.
Assim, devemos ter:
f
f1 = 2
f2 = k · f1 f2 = k · f1 k
f
f3 = k · f2 ou f3 = k2 · f1 ou também f1 = 32
k
f4 = k · f3 f4 = k3 · f1 f
f1 = 43
k
etc. etc. etc.
Na linguagem dos matemáticos, podemos dizer que as frequências formam uma
Progressão Geométrica (P.G.) de razão k.
Pela figura 27 percebemos que:
f13 = f1 ∙ k12 4
Considerando as equações 3 e 4 , temos:

f13 = 2 · f1 12
⇒ k12 = 2 ⇒ k = 2 ≅ 1,05946
f13 = k · f1
12

Portanto, conhecida a frequência de uma das notas, podemos obter as frequências


de todas as outras pela constante k.

As frequências das notas


A afinação temperada estabelece que as frequências das notas formem uma pro-
12
gressão geométrica de razão k = 2 ≅ 1,05946. Mas resta ainda um problema: quais
as frequências das notas?
embora desde meados do século xix o Ocidente tenha passado a usar a afinação
temperada, havia ainda uma divergência quanto às frequências a serem usadas, até que
em 1939 foi feito um acordo (depois ratificado em 1953) segundo o qual a frequência
do lá4, seria 440 Hz.

418 Capítulo 16
Desse modo, as frequências das notas lá são:
PROcuRE nO cD
Nota lá0 lá1 lá2 lá3 lá4 lá5 lá6 lá7
Veja, no capítulo
Frequência (Hz) 27,5 55 110 220 440 880 1 760 3 520 16 do CD, a tabela
de frequência dos
Tabela 2. Frequência das notas lá.
sons musicais,
com afinação
A partir desses valores, fazendo uso da constante k, podemos obter as frequências
temperada e
das outras notas. A frequência da nota mais grave do piano (A0) é 27,5 Hz e a frequên- adotando 440 Hz
cia da nota mais aguda (C8) é 4 186 Hz. para lá4.
Devemos observar que a constante k é um número irracional. Assim, embora as fre-
quências das notas lá sejam números racionais, as outras frequências serão dadas por
números irracionais e, portanto, os valores que aparecem na tabela são aproximados.

Tom e meio-tom
12
Na escala temperada o menor intervalo físico que existe é igual a k, isto é, 2 . Os
músicos chamam esse intervalo de meio­tom e o intervalo físico igual a k2 de 1 tom.
Como exemplo, tomemos algumas teclas consecutivas do piano e usemos a letra T para
representar o tom:
... dó dó# ré ré# mi fá fá# ...
1 1 1 1 1 1
T T T T T T
2 2 2 2 2 2
1T
1,5 T
2T

Como no Ocidente a mesma afinação já é usada há cerca de 150 anos, nossa orelha
12
já está acostumada com um intervalo físico mínimo de 2 , isto é, um intervalo musical
mínimo de meio­tom. Porém, em alguns países orientais, como na Índia e no Japão,
são usados intervalos menores e é por esse motivo que a música deles às vezes nos
parece diferente.

Origem dos nomes das notas


Os nomes das notas musicais foram introduzidos pelo italiano Guido D’Arezzo
(c. 995-1050), que aproveitou as letras iniciais (em latim) de um hino a são João, bas-
tante conhecido na época.

Ut queant laxis Para que os vossos servos


Resonari fibris Possam cantar livremente
Mira gestorum As maravilhas dos vossos feitos
Famuli tuorum
Tirai toda a mácula do pecado
Solve polluti
Dos seus lábios impuros
Labii reatum
Sante Johannes Ó são João

em latim, o J tem som de i. Assim, a junção de S com J deu origem ao nome si.
As palavras ré, mi, fá, sol, lá e si são muito fáceis de pronunciar, predominando
o som de uma vogal. Porém a palavra ut não tem uma pronúncia tão rápida quanto
as outras, e isso era um incômodo nas aulas de solfejo, em que os alunos devem falar,
rapidamente, os nomes das notas. Assim, no século xVii, um músico italiano de nome
Doni começou a usar em suas aulas as iniciais do seu nome (Do) no lugar de ut, e com
o tempo isso se difundiu. Hoje a palavra ut só é usada na França.

Ondas 419
Exercícios de Aplicação

16. Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada c) Um tenor, ao cantar, consegue emitir sons
sentença a seguir. mais agudos que um barítono.
a) O som é uma onda transversal.
20. Num determinado momento e numa determinada
b) O som pode se propagar no vácuo. região, a velocidade do som é 340 m/s. Supondo
c) Uma onda mecânica longitudinal, que se que os sons sejam ondas cujas frequências variam
propaga com velocidade 340 m/s e tem com- de 20 Hz a 20 000 Hz, determine os comprimentos
primento de onda de 1 cm, é um ultrassom. de onda das ondas sonoras nessa região.
d) Uma onda mecânica longitudinal de frequên-
cia 10 Hz é um infrassom.
21. Dois instrumentos musicais próximos emitem som
A e B cujos comprimentos de onda são λA = 3 m
e) Uma onda mecânica transversal, de frequên- e λB = 80 cm. Qual som é mais agudo?
cia 3 · 104 Hz, é um ultrassom.
22. Uma pessoa consegue distinguir a mesma nota
17. Três instrumentos diferentes emitiram sons S1, musical emitida por um violão e um piano. A carac-
S2 e S3, de frequências f1 = 370 Hz, f2 = 740 Hz terística do som que permite fazer essa distinção é:
e f3 = 370 Hz, respectivamente. Classifique como
a) intensidade. d) comprimento de onda.
verdadeira (V) ou falsa (F) cada sentença a seguir.
b) frequência. e) velocidade.
a) S3 é mais agudo que S2.
c) timbre.
b) S1 e S3 têm a mesma altura.
c) S1 é mais grave que S2. 23. Uma das notas fá tem frequência 349,2 Hz. Qual
a frequência da nota situada duas oitavas acima
d) S2 é mais agudo que S3.
desse fá?
18. Determine o intervalo físico entre dois sons de 24. Um determinado som tem frequência f. A
frequências 350 Hz e 700 Hz. frequência do som que está um tom e meio acima
do primeiro é:
19. Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F) cada 12
a) 1,5f c) 3 2 f e) f3
sentença a seguir. 4
a) Um barítono, ao cantar, consegue emitir sons b) 2,5f d) 2
mais agudos que um tenor. 25. Uma das notas ré tem frequência 73,42 Hz e uma
b) Um contralto, ao cantar, consegue emitir sons outra nota ré tem frequência 587,3 Hz. Quantas
mais agudos que um meio-soprano. oitavas o segundo ré está acima do primeiro?

Exercícios de Reforço

26. (Fuvest-SP) O som de um apito é analisado com gato 60 Hz-65 000 Hz


o uso de um medidor que, em sua tela, visua-
liza o padrão apresentado na figura a seguir. O morcego 1 000 Hz-120 000 Hz
gráfico representa a variação da pressão que a
variação de

onda sonora exerce sobre o medidor, em função


pressão

do tempo, em μs (1 μs = 10–6 s). Analisando a


tabela de intervalos de frequências audíveis, por
diferentes seres vivos, conclui-se que esse apito tempo
pode ser ouvido apenas por: 10 μs

a) seres humanos e cachorros.


Seres vivos Intervalos de frequência
b) seres humanos e sapos.
cachorro 15 Hz-45 000 Hz
c) sapos, gatos e morcegos.
ser humano 20 Hz-20 000 Hz
d) gatos e morcegos.
sapo 50 Hz-10 000 Hz
e) morcegos.

420 Capítulo 16
27. Verifique se cada frase a seguir é verdadeira ou 31. (U. F. São Carlos-SP) Em música, uma oitava
falsa: da escala denominada temperada constitui um
grupo distinto de doze sons, cada um correspon-
I. A altura de um som é a propriedade usada dendo a uma frequência de vibração sonora.
para classificá-lo como grave ou agudo e está
relacionada com a frequência. Assim, um som

zAPT
grave tem frequência baixa e um som agudo
tem frequência alta.
II. O timbre é a propriedade do som relacionada
serra
com a forma das ondas sonoras, e depende da
fonte que emite o som.
Escala musical
28. (U. F. Lavras-MG) Vários instrumentos musicais (5a. oitava da escala temperada)
emitem a mesma nota. Um espectador consegue
distinguir a nota emitida pelos diferentes instru- Nota
Frequência aproximada (Hz)
mentos por causa: musical
dó 1 047
a) das frequências diferentes.
dó # 1 109
b) das alturas diferentes.
ré 1 175
c) dos timbres diferentes.
ré # 1 245
d) dos comprimentos de ondas diferentes.
mi 1 319
e) dos períodos diferentes.
fá 1 397
29. (Fuvest-SP) Um estudo de sons emitidos por fá # 1 480
instrumentos musicais foi realizado, usando um sol 1 568
microfone ligado a um computador. O gráfico a sol # 1 661
seguir, reproduzido da tela do monitor, registra lá 1 760
o movimento do ar captado pelo microfone, em
lá # 1 865
função do tempo, medido em milissegundos,
si 1 976
quando se toca uma nota musical em um violino.
Numa marcenaria, uma serra circular, enquanto
executa o corte de uma prancha de madeira,
gira com frequência de 4 500 rpm. Além do ruído
do motor da máquina e do ruído produzido pelos
modos de vibração do disco de serra, o golpe
0 5 10 t (ms) frenético de cada um dos 20 dentes presentes
no disco de serra sobre a madeira produz um
Nota dó ré mi fá sol lá si som característico dessa ferramenta. O som pro-
Frequência duzido pelos golpes sequenciados dos dentes da
262 294 330 349 388 440 494 serra em funcionamento produzem, junto com a
(Hz)
madeira que vibra, um som próximo ao da nota
Consultando a tabela anterior, pode-se concluir musical:
que o som produzido pelo violino era o da nota: a) ré # b) mi c) fá # d) sol e) lá #
1 ms = 10–3 s 32. Considere as notas musicais relacionadas na
tabela da questão anterior. Podemos afirmar que
a) dó. d) lá. o intervalo musical entre:
b) mi. e) si. a) dó e dó # é de 1 tom.
c) sol. b) mi e fá é de 1 tom.
30. Para as notas relacionadas na tabela da questão c) sol e lá é de meio-tom.
anterior, qual é o intervalo físico entre o ré e o d) dó e ré # é de 1 tom e meio.
sol? e) mi e sol é de 2 tons.

Ondas 421
6. Ondas periódicas bidimensionais e
tridimensionais
Já analisamos com algum detalhe as ondas que se propagam em uma única dimen-
são, como, por exemplo, as ondas longitudinais e as transversais em uma mola. Vamos
agora analisar situações em que as ondas se propagam em duas dimensões (plano),
como as ondas na superfície da água, e em três dimensões (espaço), como o som. Para
esses casos, se a onda for periódica, pode-se também considerar o comprimento de
onda (λ) como a distância percorrida pela onda durante um intervalo de tempo de um
período (T), isto é, sendo v a velocidade de propagação da onda, continuam válidas as
equações:
v = λ ou v = λ · f
T
em alguns casos é possível visualizar o comprimento de onda. Por exemplo, no caso
de ondas periódicas produzidas na superfície da água, o comprimento de onda é a dis-
tância entre duas cristas consecutivas (ou entre dois vales consecutivos).

Superfície e linha de onda


Voltemos ao exemplo de ondas produzidas na superfície da água. supondo que a
perturbação seja originada por uma haste fina que penetra e sai da água num determi-
nado ponto C, perpendicularmente à superfície, perceberemos cristas e vales circulares,
de centro C e que se afastam de C (fig. 28).
Vamos representar as cristas por circunferências de centro C (fig. 29). se a perturba-
ção for periódica, a distância entre cristas consecutivas será igual ao comprimento de
onda λ. As circunferências da figura 29 são chamadas de linhas de onda, e dizemos
que a onda é circular.
v

zAPT
v
AlAMy/OTHer iMAGes

λ λ
v λ
C
v

P
v
Figura 28. Ondas circulares na superfície da água.
v
v
Figura 29. Representação esquemática das
ondas circulares.

Na realidade, as linhas de onda não têm de representar, obrigatoriamente, as cris-


tas. elas podem representar vales ou outra configuração qualquer. O importante é que
todos os pontos de uma linha de onda oscilem juntos, isto é, oscilem em fase. Por
exemplo, no caso do ponto P da figura 29, no instante representado ele está em uma
crista, mas, logo depois, começará a descer. Porém, uma circunferência que passe por P
continua a ser chamada de linha de onda, qualquer que seja a elongação de P.
Façamos agora outro experimento sobre a superfície da água. em vez de usarmos
uma haste fina que penetra na água perpendicularmente à superfície, tomemos uma

422 Capítulo 16
placa fina e comprida que atinja periodicamente a superfície da água ao longo de uma
reta s contida na superfície, como ilustra a figura 30.
Perceberemos que, nesse caso, as cristas e os vales serão retilíneos. Portanto, as
linhas de onda também serão retilíneas (fig. 31), e a onda é denominada onda reta.

zaPt
v S v S

v v

λ λ λ λ

Figura 31.
λ λ λ λ
Figura 30.

Voltemos a um exemplo discutido anteriormente: o das ondas longitudinais produ-


zidas num gás contido em um tubo (fig. 16).

LuIz augusto RIbEIRo


êmbolo

λ λ λ λ
C
superfícies
de onda

Figura 32.

Na figura 32, se tomarmos, por exemplo, um ponto P e todos os seus vizinhos que
têm a mesma elongação, obteremos o círculo C assinalado. Portanto, nesse caso, em
vez de linhas de onda teremos superfícies de onda planas e, por esse motivo, essa
onda é chamada de onda plana.
Imaginemos agora uma fonte sonora F muito pequena (puntiforme), produzindo on-
das que se propagam de modo uniforme em todas as direções. Nesse caso, as compres-
sões e rarefações serão cascas esféricas (fig. 33), e as superfícies de onda serão superfícies
esféricas de centro F, como ilustra a figura 34, na qual desenhamos apenas as metades
das superfícies esféricas (hemisférios). Essa onda é denominada onda esfŽrica.
superfícies de
zaPt

onda
λ
λ
λ Fonte F
λ

Figura 33. Representação de onda esférica. Figura 34. Representação de onda esférica.

Ondas 423
À superfície de onda (ou linha de onda) que separa a região já atingida pela onda da
região aonde a onda ainda não chegou daremos o nome de frente de onda. Porém,
alguns autores usam o nome frente de onda como sinônimo de superfície de onda.

Raio de onda
Do mesmo modo que fizemos com a luz (ver estudo da óptica geométrica no capí-
tulo 8), para representar a direção e o sentido de propagação de uma onda, usam-se
linhas orientadas chamadas de raios de onda. se o meio em que a onda se propaga
for homogêneo e isótropo, os raios de onda serão retilíneos e perpendiculares às super-
fícies (ou linhas) de onda (fig. 35).
raio

linha
de onda

raio
de onda
(c) Onda plana.
raio

linha raio
de onda de onda F

(a) Onda circular. (b) Onda reta. (d) Onda esférica.

Figura 35. Representação dos raios de onda para os diferentes tipos de onda. raio

ilusTrAções: zAPT
um meio é homogêneo quando todas as suas partes têm as mesmas
propriedades. um meio é chamado de isótropo quando qualquer proprie-
dade referente a ele não depende da direção. um meio não isótropo é tam-
bém chamado de anisótropo.
Quando um meio é isótropo, mas não homogêneo, os raios podem ser
linha de
curvos (fig. 36). Vimos isso acontecer no estudo da refração atmosférica onda
(capítulo 11 deste volume). Porém, neste caso, os raios continuam perpen-
diculares às superfícies (ou linhas) de onda, em cada ponto.
Figura 36.
Há alguns cristais que são anisótropos, isto é, a velocidade de propaga-
ção do som não é a mesma em todas as direções. Nesses casos, o raio de
onda pode não ser perpendicular à superfície (ou linha) de onda (fig. 37).
Daqui em diante, a não ser que se mencione o contrário, suporemos que raio
os meios são homogêneos e isótropos. α ≠ 90°
β ≠ 90°
α
Amplitude de uma onda não reta e não plana β

No caso de uma onda que se propaga em uma corda, vimos que, des- linha de onda
prezando-se os atritos internos, a amplitude da onda se mantém constante.
Figura 37.
O mesmo ocorre para ondas retas e planas que se propagam numa única
direção. Porém, no caso de ondas que se propagam em várias direções, a
amplitude diminui à medida que a onda se afasta da fonte.
Tomemos, por exemplo, o caso das ondas circulares produzidas na superfície da
água. À medida que a onda se afasta da fonte, as linhas de onda têm perímetros cada
vez maiores. isso significa que a energia da onda se distribui por um número de partí-
culas cada vez maior, isto é, as partículas que estão mais distantes da fonte têm menos

424 Capítulo 16
ilusTrAções: zAPT
energia que as que estão mais próximas. Mas, no estudo haste vibrat—ria
do MHs, vimos que a energia mecânica de uma partícula
2
em MHs é dada por e = kA , em que A é a amplitude da
2
oscilação. Assim, uma diminuição da energia acarreta uma
diminuição de amplitude. Na figura 38 temos uma visão do
perfil da onda na superfície da água, destacando a diminui-
λ λ λ λ
ção da amplitude à medida que a onda se afasta da fonte de
ondas (a haste vibratória). Figura 38.
A diminuição de amplitude acontece também com as on-
das esféricas.

Exercícios de Aplicação

33. Sobre a superfície da água propagam-se ondas 35. Uma onda sonora esférica propaga-se no ar de
retas, como ilustrado na figura. Sabendo que a modo que a distância entre duas rarefações con-
velocidade de propagação da onda é 2,0 m/s, secutivas é 34 cm. Determine a velocidade dessa
calcule a frequência da onda. onda, sabendo que sua frequência é 1 000 Hz.
v
36. (Unifor-CE) Na superfície de um lago, o vento
produz ondas periódicas que se propagam com
velocidade de 2,0 m/s. O comprimento de onda é
de 8,0 m. Uma embarcação ancorada nesse lago
executa movimento oscilatório de período:
20 cm
a) 0,1 s d) 4,0 s
34. Na figura a seguir representamos ondas circulares b) 0,4 s e) 16 s
que se propagam na superfície da água de uma c) 0,8 s
piscina.
37. Classifique como verdadeira (V ) ou falsa (F ) cada
sentença a seguir.
a) Os raios de onda são sempre perpendiculares
às linhas (ou superfícies) de onda.
b) Em meios isótropos os raios de onda são
perpendiculares às linhas (ou superfícies) de
onda.
c) Desprezando-se os atritos, numa onda plana a
8 cm amplitude se mantém constante à medida que
As linhas cheias representam cristas e as linhas a onda se afasta da fonte.
tracejadas representam vales. Determine a velo- d) Desprezando-se os atritos, numa onda esféri-
cidade da onda, sabendo que sua frequência é ca a amplitude se mantém constante à medi-
3,0 Hz. da que a onda se afasta da fonte.

7. Velocidade das ondas mecânicas


A velocidade de uma onda mecânica depende de vários fatores. em primeiro lugar,
depende do tipo de onda, isto é, se a onda é longitudinal, transversal ou superficial.
Como podemos observar na tabela 3, a seguir, em um sólido a onda longitudinal tem
velocidade maior que a transversal. A velocidade depende também da densidade e das
propriedades elásticas do meio.

Ondas 425
Na maioria dos casos, a velocidade não depende da frequência, mas, como veremos
adiante, há situações em que depende dela. Normalmente a velocidade não depende
da amplitude, mas em situações em que a amplitude é muito grande (como numa ex-
plosão) a velocidade pode depender da amplitude.
em geral, a velocidade das ondas longitudinais é maior nos sólidos do que nos lí-
quidos e, nos líquidos, maior que nos gases. Mas há exceções. Por exemplo, uma onda
longitudinal tem velocidade maior no gás hidrogênio do que na acetona, que é líquida
em temperatura ambiente, como pode ser constatado na tabela 3.

Ondas transversais (vt) e


Ondas longitudinais em líquidos e gases
longitudinais (vl)
líquidos (a 25 °C) v (m/s) gases (a 0 °C) v (m/s) sólidos vt (m/s) vl (m/s)
acetona 1 174 ar (seco) 331 aço (carbono) 3 220 5 940
água 1 497 hélio 965 alumínio 3 040 6 420
clorofórmio 987 hidrogênio 1 284 vidro (pirex) 3 280 5 640
etanol 1 207 neônio 435 chumbo 700 2 160
mercúrio 1 450 nitrogênio 334 cobre 2 325 4 760

Tabela 3. Velocidade das ondas mecânicas.

Vamos, a seguir, analisar alguns casos particulares.

Onda transversal em um fio esticado


O caso de um fio esticado é importante porque há vários instrumentos musicais que
produzem som por meio da vibração de fios (piano, violão, violino, etc.). Vamos apre-
sentar, sem demonstração, a equação que dá a velocidade de propagação (v) de uma
onda transversal em um fio, pois precisaremos dela no próximo capítulo ao analisar os
sons produzidos por fios vibrantes.
suponhamos que um fio cilíndrico, homogêneo, de massa m e comprimento L, es-
teja esticado, sendo F a intensidade da força que atua em cada extremo do fio (tração).
Definimos a densidade linear (μ) do fio por:
μ=m
l
A velocidade de propagação de uma onda ao longo desse fio é dada por:
zAPT

F (a)
v= 5
μ S

F F
Às vezes, pode ser útil expressar a densidade linear μ em fun-
L
ção da densidade volumétrica (d). sendo V o volume do fio e S a
área de sua seção reta (fig. 39a), teremos: (b)
m m v
d= = ⇒m=d·s·l
V sl F F
m d·s·l Figura 39.
μ= = =d·s
l l
Portanto, a equação 5 transforma-se em:

F
v=
d·s

426 Capítulo 16
Ondas superficiais em líquidos
A velocidade de uma onda superficial em um líquido depende, em geral, da nature-
za do líquido, da frequência da onda e da profundidade h do líquido. Descreveremos o
que ocorre para o caso da água apresentando dois casos. sendo λ o comprimento de
onda, temos:
λ
1º. caso: h <
2
Nesse caso, a influência da frequência é desprezível, e a velocidade de propagação
é dada por:
v = gh 6
em que g é a aceleração da gravidade.
λ
2º. caso: h >
2
Nesse caso, a influência da profundidade é pequena, mas a da fre- f (Hz) v (m/s)
quência é grande. Não apresentaremos a fórmula para esse caso devido
62 0,31
a sua complexidade. Apenas a título de ilustração, damos alguns valores
na tabela 4. 25 0,25
Quando a velocidade de uma onda depende da frequência, dizemos 13,6 0,23
que há dispersão; e o meio no qual a onda se propaga é chamado de 6,8 0,27
dispersivo. Na realidade, já vimos outro exemplo de dispersão no ca- 4,5 0,36
pítulo 11: a dispersão da luz branca ao passar por um prisma. A razão
dessa dispersão é que a velocidade da luz nos meios materiais depende Tabela 4. Velocidade de ondas superficiais
da frequência. em águas profundas em comparação com
A equação 6 nos ajuda a entender por que as ondas do mar só λ em função da frequência.
arrebentam quando chegam perto da praia. enquanto as águas são pro-

THiNksTOCk/GeTTy iMAGes
λ
fundas, isto é, a profundidade é maior que , a velocidade da onda
2
não depende da profundidade. Mas, à medida que a onda se aproxima
da praia, a profundidade vai diminuindo e, a partir de um determinado
λ
ponto, teremos h < . A partir desse ponto a velocidade da onda é
2
dada por v = gh. isso significa que a velocidade diminui e, como a fre-
quência não se altera, λ diminui, isto é, as cristas ficam mais próximas.
Além disso, a velocidade da parte superior da crista torna-se maior que
a velocidade das partes mais baixas, provocando o arrebentamento da
Figura 40. Onda do mar arrebentando.
onda (fig. 40).

Velocidade do som nos gases


Quando a temperatura de um gás aumenta, aumenta também a agitação de suas
moléculas, o que favorece a transmissão de perturbações de uma molécula a outra. Por-
tanto, quanto maior a temperatura de um gás, maior será a velocidade de propagação
do som no seu interior.
Os gases em geral são maus condutores de calor. Assim, quando uma onda sonora
se propaga num gás, muito pouco calor é transmitido entre regiões de alta e baixa
densidade, isto é, podemos admitir que as variações de pressão e volume ocorrem
adiabaticamente. usando a lei de Poisson para as transformações adiabáticas (veja o
capítulo 7), é possível demonstrar que a velocidade do som em um gás é dada por:

γp
v= 7
d

Ondas 427
sendo γ a razão de Poisson, p a pressão do gás e d a densidade do gás. Mas:
nRT
pV = nRT ⇒ p = nRT
V V
⇒ p = = RT
d= =m nM d nM M
V V V
Assim, a equação 7 transforma-se em:

γ RT
v= 8
M
No capítulo 6 vimos que para gases monoatômicos γ ≅ 1,67, para gases diatômicos
γ ≅ 1,4, e para gases poliatômicos γ ≅ 1,3. Vimos também que a velocidade média (v )
das moléculas de um gás é dada a por:
v = 8 · RT
π M
γ
Portanto: v = ≅ 0,63 γ
v 8
π
Assim:
para γ ≅ 1,67, temos v ≅ 0,81
v
para γ ≅ 1,4, temos v ≅ 0,75
v
para γ ≅ 1,3, temos v ≅ 0,72
v
Vemos, então, que em todos os casos o valor da velocidade do som num gás (v) é
um pouco menor que a velocidade média das moléculas do gás.
Para o caso do ar há uma fórmula que dá o valor aproximado da velocidade em
função da temperatura em graus Celsius, que vamos deduzir a seguir.
Seja v0 a velocidade do som à temperatura absoluta T0 = 273 K (ou θ0 = 0 °C) e seja v
a velocidade do som à temperatura absoluta T, que é igual a 273 + θ, com θ em graus
Celsius. Da equação 8 , tiramos:
γ RT
v=
M 273 + θ ≅ 1 + 0,003663θ ⇒
⇒ v = T =
γ RT0 v0 T0 273
v0 =
M
1
⇒ v ≅ (1 + 0,003663θ) 2 9
v0
Para –40 °C ⩽ θ ⩽ 40 °C, o módulo do produto 0,003663θ é bem menor que 1.
Assim, podemos usar a seguinte aproximação, obtida a partir do desenvolvimento do
Binômio de Newton:
|x| << 1 ⇒ (1 + x)n ≅ 1 + nx
Portanto:
1
(1 + 0,003663θ) 2 ≅ 1 + 1 (0,003663θ) ≅ 1 + 0,0018315θ
2
Substituindo em 9 :
v ≅ 1 + 0,0018315θ ⇒ v ≅ v (1 + 0,0018315θ)
0
v0
No exercício resolvido 42 mostraremos que:
v0 ≅ 331 m/s
Assim:
v0 ≅ 331(1 + 0,0018315θ) ou v ≅ 331 + 0,6θ

com v em m/s, θ em graus Celsius e – 40 °C ⩽ θ ⩽ 40 °C.

428 Capítulo 16
Exercícios de Aplicação

38. Uma das cordas de um piano tem comprimento 43. Obtenha uma equação que forneça a velocidade
L = 2,0 m e massa m = 25 g. Sabendo que a do som no ar em função da temperatura absoluta
tração nessa corda tem intensidade F = 800 N, T, sabendo que o ar é composto de 21% de oxi-
determine a velocidade de propagação de uma gênio e 78% de nitrogênio. São dados:
onda transversal nessa corda. massa molar do oxigênio = 32 · 10–3 kg/mol
Resolução: massa molar do nitrogênio = 28 · 10–3 kg/mol
m 25 g 25 · 10–3 kg R = 8,31 J/K · mol
μ = L = 2,0 m = 2,0 m =
Resolução:
= 1,25 · 10–2 kg/m Como 21% + 78% = 99%, vemos que os gases
v= F = 800 N ⇒ oxigênio e nitrogênio formam a quase totalidade
μ 1,25 · 10–2 kg/m do ar. Assim, a massa molar média do ar é:
⇒ v ≅ 2,5 · 102 m/s (21)(32 · 10–3) + (78)(28 · 10–3)
M≅ kg/mol ⇒
99
39. Um fio, de massa 48 g e comprimento 160 cm, ⇒ M ≅ 29 · 10–3 kg/mol
está esticado de modo que a tração nele tem Como tanto o oxigênio como o nitrogênio são
intensidade 360 N. Determine a velocidade de gases diatômicos, temos γ = 1,4. Assim:
propagação de uma onda transversal nesse fio. γ RT = γR · T =
v=
M M
40. Um fio de aço, constituído de duas partes de
grossuras diferentes, está esticado sob a ação de = (1,4)(8,31–3J/mol · K) · T ⇒
29 · 10 kg/mol
forças de tração de intensidade F.
X
v1 v2 ⇒ v ≅ 20,03 T (T em kelvin)
zAPT

F Y Z F

44. Usando a equação obtida no exercício anterior,


Na parte mais grossa, o raio da seção transversal determine a velocidade do som no ar em cada
r
é r e, na parte mais fina, é 2 . Uma onda trans- temperatura a seguir:
versal propaga-se ao longo do fio no sentido de a) 0 °C b) 15 °C c) 20 °C
X para Z. Sabe-se que no trecho XY a velocidade
Resolução:
da onda é v1 = 150 m/s. Qual a velocidade no
trecho YZ? a) T = 0 ºC = 273 K
v ≅ 20,03 T ≅ 20,03 273 ⇒ v ≅ 331 m/s
41. Em uma piscina de profundidade h = 1,6 m são
produzidas ondas superficiais de comprimento b) T = 15 ºC = 288 K
λ
de onda λ = 5,0 m. Nesse caso, temos h < 2 e, v ≅ 20,03 288 ⇒ v ≅ 340 m/s
portanto, a velocidade da onda pode ser calcula-
da pela equação v = gh . Qual a frequência da c) T = 20 ºC = 293 K
onda? v ≅ 20,03 293 ⇒ v ≅ 343 m/s

42. Calcule a velocidade do som no ar, sob condi- 45. A velocidade do som no interior do gás hidrogê-
ções normais de pressão e temperatura, saben- nio é v1 = 1 284 m/s à temperatura T1 = 0 °C.
do que, nessas condições, a densidade do ar é Calcule a velocidade do som no interior do hidro-
d = 1,29 kg/m3. gênio à temperatura T2 = 37 °C.
Resolução: Resolução:
p = 1 atm = 1,01 ∙ 105 Pa; T = 273 K T1 = 0 °C = 273 K T2 = 37 °C = 310 K
No capítulo 6 vimos que o ar é quase totalmente γRT2
v2 = v v2
formado por oxigênio (21%) e nitrogênio (78%) M T2
⇒ v2 = ⇒ 1 284 = 310 ⇒
que são gases diatômicos. Assim, podemos adotar γRT1 1 T1 273
γ ≅ 1,4. Usando a equação 7 : v1 =
M
γp (1,4)(1,01 · 105 Pa) ⇒
v= = v ≅ 331 m/s ⇒ v2 = 1 369 m/s
d 1,29 kg/m3

Ondas 429
46. Calcule a velocidade do som no interior do gás CO2, à c) multiplicada por 1,2.
temperatura de 27 °C, sabendo que a massa molar d) dividida por 1,2.
desse gás é 44 ∙ 10–3 kg/mol, que R = 8,31 J/mol ∙ K
e que, para gases poliatômicos, γ ≅ 1,3. 50. Sabendo que a velocidade do som no ar, à tempe-
47. A velocidade do som no gás oxigênio, à tempera- ratura de 0 °C, é 331 m/s, calcule a velocidade a
tura de 0 °C, é 316 m/s. Calcule a velocidade do 20 ºC.
som no oxigênio, à temperatura de 120 °C.
51. Uma onda sonora propaga-se em um gás com
48. A propagação do som em um gás é um processo: velocidade v1. Sendo v2 a velocidade média das
a) isotérmico. c) isobárico. moléculas do gás, podemos afirmar que:
b) isovolumétrico. d) adiabático. a) v1 > v2
49. Se a temperatura absoluta de um gás for multipli- b) v1 = v2
cada por 1,44, a velocidade do som nesse gás fica: c) v1 < v2
a) multiplicada por 1,44. d) v1 pode ser igual, menor ou maior que v2,
b) dividida por 1,44. dependendo da temperatura.

Exercícios de Reforço

52. (UF-PE) Um cabo de telefone tem 4,00 m de com- da região rasa do lago e propaga-se para a direita,
primento e massa 0,20 kg. Um pulso ondulatório passando pelo desnível. Considerando que a onda
transversal é produzido, dando-se um arranco em em ambas as regiões possui mesma frequência,
uma extremidade do cabo. O pulso realiza desloca- pode-se dizer que o comprimento de onda na
mentos de ida e volta ao longo do cabo em 0,80 s. região mais profunda é:
A tensão no cabo vale, em newtons: λ
a)
a) 60 2
b) 80 b) 2λ
c) 40 c) λ
d) 20
d) 3λ
e) 100 2
e) 2λ
53. (Vunesp-SP) Considere um lago onde a velocidade 3
de propagação das ondas na superfície não depen- 54. (Vunesp-SP) No final de dezembro de 2004, um
de do comprimento de onda, mas apenas da pro- tsunami no oceano Índico chamou a atenção pelo
fundidade. Essa relação pode ser dada por v = gd , seu poder de destruição. Um tsunami é uma onda
onde g é a aceleração da gravidade e d é a profun- que se forma no oceano, geralmente criada por
didade. Duas regiões desse lago têm diferentes abalos sísmicos, atividades vulcânicas ou pela
profundidades, como ilustrado na figura. queda de meteoritos. Este foi criado por uma
superfície do lago falha geológica reta, muito comprida, e gerou
zAPT

ondas planas que, em alto-mar, propagaram-se


2,5 m
com comprimentos de onda muito longos, ampli-
plataforma tudes pequenas se comparadas com os compri-
10 m mentos de onda, mas com altíssimas velocidades.
Uma onda desse tipo transporta grande quanti-
dade de energia, que se distribui em um longo
plataforma
comprimento de onda e, por isso, não representa
perigo em alto-mar. No entanto, ao chegar à
O fundo do lago é formado por extensas plata- costa, onde a profundidade do oceano é peque-
formas planas em dois níveis; um degrau separa na, a velocidade da onda diminui. Como a ener-
uma região de 2,5 m de profundidade de outra gia transportada é praticamente conservada, a
com 10 m de profundidade. Uma onda plana, com amplitude da onda aumenta, mostrando assim o
comprimento de onda λ, forma-se na superfície seu poder devastador. Considere que a velocidade

430 Capítulo 16
da onda possa ser obtida pela relação v = gd , c) em pontos próximos à embarcação, a energia
onde g = 10 m/s2 e h são, respectivamente, a do banzeiro é menor do que em pontos mais
aceleração da gravidade e a profundidade no local distantes.
de propagação. A energia da onda pode ser esti- d) suas velocidades não dependem das proprie-
mada através da relação E = kvA2, onde k é uma dades físicas do meio no qual se propagam.
constante de proporcionalidade e A é a amplitude
da onda. Se o tsunami for gerado em um local e) para um banzeiro com determinada velocida-
com 6 250 m de profundidade e com amplitude de de, quanto maior a frequência da onda, maior
2 m, quando chegar à região costeira, com 10 m o comprimento de onda.
de profundidade, sua amplitude será:
57. (UF-RS) Ondas periódicas que se propagam na
a) 14 m superfície da água contida num tanque são
b) 12 m produzidas na razão de 20 cristas a cada 10 s
c) 10 m e têm um comprimento de onda igual a 10 cm.
d) 8m Passando-se a produzir 40 cristas em 10 s, qual
será o comprimento de onda dessas ondas na
e) 6m
superfície da água?
55. (UFF-RJ) Ao iluminar a caverna, um espeleolo- a) 2 cm
gista descobre um lago cristalino e observa que a
água de uma infiltração através das rochas goteja b) 5 cm
periodicamente sobre o lago, provocando pulsos c) 10 cm
ondulatórios que se propagam em sua superfície. d) 20 cm
Ele é capaz de estimar a distância (d) entre dois
pulsos consecutivos, assim como a velocidade (v) e) 60 cm
de propagação dos mesmos. Com o aumento da
infiltração, o gotejamento aumenta e a quantidade 58. (UF-PR) A figura abaixo mostra uma lâmina presa
de gotas que cai sobre a superfície do lago, por a um suporte rígido, a qual oscila passando 100
minuto, torna-se maior. vezes por segundo pela posição vertical, onde
Comparando essa nova situação com a anterior, o estaria se estivesse em repouso.
espeleologista observa que:

zAPT
a) v permanece constante e d aumenta.
b) v aumenta e d diminui.
c) v aumenta e d permanece constante.
d) v permanece constante e d diminui.
e) v e d diminuem.

56. (UF-PA) Na escola ribeirinha em que João estu-


dou, uma das tarefas mais difíceis para a profes-
sora era manter os alunos na sala, quando uma Verifique quais das sentenças a seguir são ver-
grande embarcação se aproximava. Os pequenos dadeiras.
estudantes precipitavam-se em suas canoas para
“pegar” o banzeiro — onda que se propaga na I. A frequência da onda sonora emitida no ar
superfície da água, devido a perturbações produ- pela vibração da lâmina é de 50 Hz.
zidas pela embarcação em movimento. No ritmo II. Se a lâmina vibrasse no vácuo, não seriam
do banzeiro, as canoas subiam e desciam enquan-
produzidas ondas sonoras.
to a onda se propagava.
A respeito do banzeiro, é correto afirmar que: III. Aumentando-se a amplitude da oscilação da
lâmina e mantendo-se a mesma frequência,
a) se propaga por vibrações de partículas que se
movimentam na mesma direção de propagação haverá uma diminuição do comprimento de
da onda. onda da onda sonora emitida no ar.
b) uma diferença entre os banzeiros produzidos IV. A velocidade de propagação da onda sonora
por grandes e por pequenas embarcações é a emitida pela vibração da lâmina no ar depende
amplitude da onda. da amplitude desta vibração.

Ondas 431
8. Ondas eletromagnéticas
Nas aulas de Química, aprendemos que os átomos são feitos de três partículas: pró-
tons, elétrons e nêutrons.
Quando estudarmos a eletricidade (volume 3), veremos que prótons e elétrons criam
em volta deles duas grandezas vetoriais, que são chamadas de campo elétrico (E ) e
campo magnético (B ). O campo elétrico sempre existe; já o campo magnético só existe
quando essas partículas estão em movimento. Quando um próton ou um elétron sofre
algum tipo de aceleração, ocorre uma alteração (ou perturbação) nesses campos, a qual
se propaga de modo semelhante ao que ocorre com as ondas mecânicas. Por isso, a
propagação dessa perturbação é chamada de onda eletromagnética (OeM). Vejamos
como isso acontece, fixando nossa atenção primeiramente sobre o campo elétrico E .
suponhamos que uma OeM esteja passando por um ponto P do espaço. Nesse pon-
to, o módulo de E varia, periodicamente, de zero até um valor máximo Em, e o sentido
de E também muda periodicamente. sendo T o período da onda, consideremos como
instante t = 0 aquele em que |e | = 0 (fig. 41).
T T 3T T 5T 3T 7T
t=0 t= t= t= t= t= t= t= t=T
8 4 8 2 8 4 8
E

E E
P P P P
P P P P P
E E

E
Figura 41.

No instante t = T , E já tem uma intensidade diferente de zero e que continua a au-


8
mentar. No instante t = T , E atinge sua intensidade máxima e, a partir desse momento,
4
a intensidade começa a diminuir até que, no instante t = T , é novamente nula. A partir
2
desse momento, a intensidade de E vai aumentando no sentido oposto ao anterior, até
que, no instante t = 3T , ela se torna novamente máxima. em seguida, a intensidade
4
vai diminuindo até se anular novamente no instante t = T, quando recomeça o ciclo.
se atribuirmos um sinal à intensidade de E , considerando-a positiva quando o senti-
do é para cima e negativa quando o sentido é para baixo, o gráfico de E em função do
tempo t, para a situação descrita anteriormente, é o da figura 42. supondo que a onda
se propague na direção do eixo Ox, se para um determinado instante fizermos o gráfico
de E em função da posição x, obteremos o que está desenhado na figura 43.

E T
Em E v λ
3T
O 4
T T 5T t O
x
–Em 4 2 4

Figura 42. Figura 43.

Fazendo analogia com as ondas mecânicas, dizemos que o campo elétrico oscila
com período T. sendo v a velocidade de propagação da onda eletromagnética, conti-
nuam a valer as equações:
v= λ e v=λ·f
T
em que λ é o comprimento de onda e f é a frequência da onda.

432 Capítulo 16
O comportamento do campo magnético B é semelhante ao de E , sendo que os
campos E e B oscilam com o mesmo período (portanto, com a mesma frequência),
em fase e em direções mutuamente perpendiculares. A figura 44 ilustra a variação si-
multânea dos campos E e B num ponto P pelo qual passa uma onda eletromagnética.
Observe que, pelo fato de os dois campos oscilarem com o mesmo período e em fase,
ambos se anulam simultaneamente e atingem a intensidade máxima também simulta-
neamente.

T T 3T T 5T 3T 7T
t=0 t= t= t= t= t= t= t= t=T
8 4 8 2 8 4 8
E

E E
B P B P B P P
P P B P B P B P
E E

E
Figura 44.

A velocidade de propagação da onda eletromagnética (v ) é simultaneamente per-


pendicular a E e B . Assim, se num determinado instante os vetores E e B , em um pon-
to P, estiverem contidos num plano α (fig. 45), a velocidade v será perpendicular a α.
supondo que a onda se propague ao longo do eixo Ox, a configuração dos campos E
e B para cada ponto do eixo Ox é apresentada na figura 46.

ilusTrAções: zAPT
α
E E
v
v
B

x
z B

Figura 45. Figura 46.


Vemos, então, que as ondas eletromagnéticas são ondas transversais.
No vácuo, uma onda eletromagnética se propaga com velocidade v , cujo módulo é
representado por c e dado por:
c = 3,0 ∙ 108 m/s
qualquer que seja a frequência da onda. A propagação ou não de uma OeM num meio
material depende da frequência e da natureza do meio. se a OeM conseguir se propa-
gar em um meio, sua velocidade vai depender do meio e da frequência e, como vimos
no capítulo 11, o valor de v é dado por:
v= c
n
sendo n o índice de refração.
No ar, embora a velocidade de uma OeM dependa da frequência, verifica-se que
para todas as frequências temos:
v ≅ c = 3 · 108 m/s
A cada instante, os módulos de E e B estão relacionados por:
e = cb

Ondas 433
A luz é uma OeM cuja frequência está, aproximadamente, entre 4,3 · 1014 Hz e
7,5 · 1014 Hz (fig. 47) e a diferença das cores da luz está na frequência. Colocando as
cores em ordem crescente de frequência, temos:
vermelho – alaranjado – amarelo – verde – azul – anil – violeta

4,3 5,0 6,0 7,5 frequência (1014 Hz)

Figura 47.
As ondas de frequências menores que 4,3 · 1014 Hz ou maiores que frequência (Hz)
7,5 · 1014 Hz não produzem em nosso olho a sensação de visão. elas re- 1023
cebem nomes especiais (fig. 48), cuja origem é determinada pelo modo 1022 raios gama (γ)
de produção da onda ou pela maneira como a onda é utilizada. 1021
1020
O conjunto das ondas eletromagnéticas com os respectivos nomes é 1019
raios X
conhecido como espectro eletromagnético. As ondas de frequência um 1018
1017
pouco abaixo do vermelho são chamadas de infravermelho, e as que têm 1016 ultravioleta
frequência um pouco acima do violeta são chamadas de ultravioleta. 1015 luz visível
O controle remoto de um televisor envia ao aparelho ondas eletro- 1014
1013 infravermelho
magnéticas na faixa do infravermelho, e o chamado forno de micro- 1012
ondas usa essas ondas para aquecer ou cozinhar alimentos. 1011 micro-ondas
1010
Podemos observar que existem algumas interseções entre as faixas. 109 ondas curtas de rádio
Por exemplo, ondas cujas frequências estão entre, aproximadamente, 108 televisão e FM de rádio
1019 Hz e 1020 Hz fazem parte tanto da faixa dos raios x como da faixa 107
AM de rádio
106
dos raios γ. A razão é que, como já dissemos acima, os nomes levam 105
em conta o modo de produção. As ondas de raios x são produzidas 104
ondas longas de rádio
103
fazendo incidir um feixe de elétrons de alta velocidade em uma placa 102
metálica. Ao serem desacelerados os elétrons emitem OeM. Já as OeM 10
denominadas raios γ são produzidas durante algumas transformações Figura 48.
que ocorrem nos núcleos dos átomos e que estudaremos no volume 3,
na parte de Física Moderna.

cor da luz e cor de um corpo


Quando um feixe de luz é formado por OeM de uma única frequência, dizemos que
a luz é monocromática (as luzes monocromáticas são as que aparecem na figura 47).
Como já vimos no capítulo 8, a sensação de branco é dada pela mistura de todas as cores.
Olhando para a figura 47, você deve achar que faltam outras cores que observamos
em objetos que nos rodeiam, como, por exemplo, o marrom, o bege, o cor-de-rosa.
essas cores são obtidas pela mistura, em várias proporções, das cores básicas monocro-
máticas. Na figura 49 damos dois exemplos de misturas e seus resultados.
ilusTrAções: zAPT

vermelho azul azul verde

magenta ciano
Figura 49.

434 Capítulo 16
A cor com que um objeto se apresenta a nossos olhos S
depende também de um outro fator.
O olho humano não tem a mesma sensibilidade para
todas as cores. Na figura ao lado, temos um gráfico da
100
sensibilidade relativa (S) em função do comprimento de
onda no vácuo (λ), em nanometros. Como podemos ob- 80

servar, nossos olhos apresentam sensibilidade máxima 60


para o verde-amarelado. Assim, se um corpo estiver en-
40
viando a nossos olhos uma luz de baixa intensidade, e
para a qual eles têm baixa sensibilidade, poderemos não 20
perceber essa cor. 0
400 450 500 550 600 650 700 λ (nm)
Figura 50.

Exercícios de Aplicação

59. Uma onda eletromagnética de frequência 6 · 1014 Hz 62. Em qual das alternativas a seguir as ondas eletro-
propaga-se no vácuo. Determine o comprimento magnéticas são apresentadas em ordem crescente
de onda dessa onda em: de frequências?
a) nanometro; b) angström. a) TV, raios X, raios gama, luz.
Resolu•‹o: b) Luz, ultravioleta, infravermelho, FM.
a) No vácuo, a velocidade de uma onda eletro- c) Micro-ondas, luz, raios X, raios gama.
magnética é: d) Ondas de rádio, luz, micro-ondas, ultravioleta.
v = c = 3 · 108 m/s e) FM, raios X, raios gama, luz.
Assim, v = λf ⇒ (3 · 108 m/s) = 63. Dentre as afirmações a seguir, verifique quais são
= λ (6 · 1014 Hz) ⇒ λ = 5 · 10–7 m verdadeiras.
Mas: 1 nanometro = 1 nm = 10–9 m a) Todas as ondas eletromagnéticas são transver-
Assim: λ = 5 · 10–7 m = 500 · 10–9 m ⇒ sais.
b) As ondas de ultrassom são eletromagnéticas.
⇒ λ = 500 nm
c) Ondas eletromagnéticas propagam-se no
b) 1 angström = 1 Å = 10–10 m vácuo.
Assim: λ = 5 · 10–7m = 5 000 · 10–10 m ⇒ d) Quando se propaga no vácuo, uma onda de
⇒ λ = 5 000 Å raios X tem comprimento de onda maior que
uma de infravermelho.
60. Determine o comprimento de onda de uma onda e) No vácuo, todas as ondas eletromagnéticas
eletromagnética de frequência 60 MHz que se propagam-se com a mesma velocidade.
propaga no vácuo.
64. Vimos que a luz tem frequências que vão de
61. O comprimento de onda de uma onda eletro- 4,3 ∙ 1014 Hz a 7,5 ∙ 1014 Hz. Determine, em angs-
magnética que se propaga no vácuo é 6 500 Å. tröms, o menor e o maior comprimento de onda
Determine a frequência dessa onda. da luz no vácuo, sabendo que c = 3,0 ∙ 108 m/s.

Exercícios de Reforço
ilusTrAções: zAPT

65. (UF-RJ) Antenas de recepção ou de L L 66. (PUC-RJ) A figura representa a variação do campo
transmissão de ondas eletromagné- elétrico de uma onda eletromagnética no vácuo,
ticas eficientes têm a dimensão da em um certo ponto do espaço. O tempo está em
ordem dos comprimentos de ondas microssegundos, e a velocidade de propagação
recebidas ou emitidas. Sabendo que dessa onda é 3 ∙ 108 m/s.
a frequência de um celular é de E
6,0 ∙ 108 Hz, calcule o comprimen-
to L das antenas de uma estação 0
0,1 0,3 0,5 0,7 t (μs)
repetidora. (Dado: velocidade da
luz = 3,0 ∙ 108 m/s)

Ondas 435
A frequência e o comprimento de onda dessa 69. (Fuvest-SP) Em um ponto fixo do espaço, o
onda são, respectivamente: campo elétrico de uma radiação eletromagnética
a) 250 kHz e 7,5 ∙ 10 m 14 tem sempre a mesma direção e oscila no tempo,
b) 5 MHz e 60 m como mostra o gráfico abaixo, que representa
c) 2,5 MHz e 120 m sua projeção E nessa direção fixa; E é positivo ou
d) 0,4 Hz e 7,5 ∙ 105 km negativo conforme o sentido do campo.

ilusTrAções: zAPT
e) 250 Hz e 120 m E

67. (Unifesp-SP) As micro-ondas geradas pelos telefo-


nes celulares são ondas de mesma natureza que: 0

a) o som, mas de menor frequência.


b) a luz, mas de menor frequência.
0 2 4
c) o som, e de mesma frequência.
tempo (10−16 s)
d) a luz, mas de maior frequência.
e) o som, mas de maior frequência. Radiação
Frequência f (Hz)
eletromagnética
68. (U. F. Santa Maria-RS) A figura representa,
esquematicamente, a quantidade de radiação rádio AM 106
absorvida (I ) por certos tipos de vegetais, em tv (VHF) 108
função do comprimento de onda (λ) da radiação micro-onda 1010
eletromagnética proveniente do Sol.
infravermelha 1012
vermelho

I visível 1014
ultravioleta 1016
laranja

amarelo

raios X 1018
violeta
azul
verde

raios γ 1020

Consultando a tabela acima, que fornece os


valores típicos de frequência f para diferentes
800 700 600 500 400 300 λ (10−9 m) regiões do espectro eletromagnético, e analisan-
do o gráfico de E em função do tempo, é possível
A frequência, em Hz, que os seres humanos per-
cebem como verde é cerca de: classificar essa radiação como:

a) 1,5 ∙102 d) 1,5 ∙ 1011 a) infravermelha. d) raio X.


b) 1,5 ∙ 103 e) 6 · 1014 b) visível. e) raio γ.
c) 6 ∙ 105 c) ultravioleta.

9. Intensidade de uma onda


Quando uma fonte produz uma onda, há transferência de energia da fonte para a
onda. se a absorção do meio puder ser desprezada (daqui em diante, consideraremos
que isso acontece), podemos supor que toda a energia fornecida pela fonte é transpor-
tada pela onda.
sendo ΔeF a energia fornecida pela fonte em um intervalo de tempo Δt, a potência
média da fonte é:
ΔE
PF = F 10
Δt
que é também a potência transmitida pela onda. lembremos que, no si, a unidade de
potência é o watt (W):
1 watt = 1 W = 1 joule/segundo = 1 J
s

436 Capítulo 16
Assim, uma fonte cuja potência é 4 W emite energia de 4 J a cada segundo.
Dada uma superfície S, seja ΔES a energia da onda que atravessa essa superfície (fig. 51)
num intervalo de tempo Δt.
A potência média que atravessa essa superfície é:
S
ΔE
PS = S 11 Figura 51.
Δt
Se a superfície considerada coincidir com uma das superfícies de onda teremos PS = PF.

Intensidade de uma onda num ponto


A intensidade de uma onda em um ponto M é definida do seguinte modo:
1o.) Consideramos uma pequena superfície plana de área A, que contenha o ponto M
e seja perpendicular à direção de propagação da onda (fig. 52). M
2o.) Sendo PS a potência que atravessa essa superfície, a intensidade (I ) no ponto M é Figura 52.
dada por:
P
IS = S 12
A
isto é, a intensidade é a potência por unidade de área, sendo sua unidade no SI o W/m2.
Na linguagem informal, um som de pequena intensidade é classificado como fraco,
e um som de alta intensidade é classificado como forte. Essas palavras são também
usadas para classificar a intensidade da luz. Ainda na linguagem informal, usa-se a pa-
lavra volume como sinônimo de potência. Nos aparelhos de som, rádios e televisores,
há um botão para variar o volume, isto é, para variar a potência do som emitido pelo
aparelho.

Intensidade de uma onda esférica

IluSTrAçõES: ZAPT
Calculemos a intensidade de uma onda esférica num ponto situado a uma distância
r da fonte F. Na figura 53 representamos metade da superfície de onda que passa pelo
ponto M. Como a onda esférica se propaga uniformemente em todas as direções, a
r
intensidade será a mesma em todos os pontos dessa superfície, e teremos PS = PF = P, M
F
isto é, toda a potência emitida pela fonte atravessa a superfície. Como a área de uma
superfície esférica de raio r é dada por A= 4πr2, teremos:

I= P ⇒ I= P2 13
A 4πr
Figura 53.
Assim, supondo que a potência da fonte seja constante, a intensidade de uma onda
esférica é inversamente proporcional ao quadrado da distância à fonte.
Esse resultado não deve nos surpreender, pois, à medida que a onda se afasta da
fonte, a mesma potência se “espalha” por uma superfície cada vez maior e, portanto, a
potência por unidade de área diminui. Isso pode ser observado quando nos afastamos
de uma fonte sonora e percebemos o som cada vez mais “fraco”.

Constante solar
Por meio de instrumentos instalados num satélite artificial girando em torno da Terra,
foi possível medir a intensidade da radiação solar no topo da atmosfera terrestre. Essa
intensidade é representada por F e chamada de constante solar. O valor obtido foi:
F = 1 367 W/m2

Ondas 437
Na realidade esse valor oscila um pouco (±2 W) dependendo da atividade no interior
do sol.
Como a distância entre a Terra e o sol é conhecida, usando a constante solar, é
possível calcular a potência total emitida pelo sol (pediremos que você faça isso no
exercício 75). A constante solar é medida antes de a radiação solar atingir a atmosfera
terrestre, já que a atmosfera e as nuvens refletem uma parte e absorvem outra parte da
radiação solar. A consequência é que, na superfície da Terra, a intensidade é aproxima-
damente a metade de F, variando com as condições atmosféricas.

Intensidade sobre uma superfície


Considere a situação ilustrada na figura 54, em que uma lanterna emite um feixe de
luz. Vamos colocar no caminho do feixe um anteparo que, na situação da figura 54a,
está perpendicular ao feixe e, na situação da figura 54b, está oblíquo ao feixe. Na figura
54a, o feixe ilumina uma região S, de área A, e na figura 54b, ilumina uma região S', de (a)
área A'. Tanto S como S' recebem a mesma potência P. Assim, sendo I e I' as intensida- S
des sobre S e S', respectivamente, temos:
(b)
i = P e i' = P
A A' S'
Mas A' > A. Portanto:
P < P , isto é, i' < i Figura 54. Intensidade da
A' A onda sobre uma superfície.

Notamos então que devemos fazer uma distinção entre intensidade da onda num
ponto e intensidade da onda numa superfície.
Como vimos, por definição, a intensidade da onda na região do anteparo é I, mas a
intensidade sobre S' é I' que é menor do que I. S (A) S' (A')
Na figura 55 fazemos a representação em perfil das superfícies S e S' (da fig. 54) θ

cujas áreas são A e A', respectivamente. supondo um feixe de raios paralelos, θ é o Figura 55.
ângulo formado entre os raios e a superfície S'. Temos:

sen θ = A ⇒ A' = A
A' sen θ
Assim:
P
i' = P = = P · sen θ ⇒ I' = I sen θ
A' A A
sen θ I

Estações do ano
eixo de rotação
Com base no que dissemos anteriormente, podemos en- set.
ilusTrAções: zAPT

tender a razão de haver quatro estações durante o ano: prima-


vera, verão, outono e inverno. dez. jun.
inicialmente, suponhamos que o eixo de rotação da Terra
Sol
fosse perpendicular ao plano da órbita da Terra em torno do
sol (fig. 56, fora de escala). Na região do equador, a intensida-
de da radiação seria máxima (fig. 57) e, à medida que nos afas-
tássemos do equador, a intensidade iria diminuindo. Porém,
mar.
em cada ponto da Terra, a intensidade da radiação seria pra-
d D
ticamente a mesma durante todo o ano; tanto no hemisfério
Figura 56. Representação de como seria a radiação do Sol na
norte como no hemisfério sul, a cada instante, as intensidades
Terra se o eixo de rotação fosse perpendicular à sua órbita.
seriam iguais.

438 Capítulo 16
Haveria, é verdade, uma variação de intensidade pelo fato
de a distância entre a Terra e o sol variar um pouco durante o
ano. Mas, como vimos no estudo da Gravitação (volume 1 desta
coleção), a elipse descrita pela Terra tem excentricidade peque-
na, de modo que a menor distância (d) e a maior distância (D)
são quase iguais. Desse modo, a diferença de intensidade entre
as posições extremas é muito pequena e, de qualquer maneira, equador
as situações dos hemisférios norte e sul continuariam a ser as Figura 57. A intensidade
mesmas, a cada instante. Porém, sabemos que as situações dos da radiação solar dimi-
hemisférios norte e sul são opostas: quando é verão no hemis- nui à medida que nos
fério norte, é inverno no hemisfério sul e vice-versa. afastamos do equador.
A razão de haver as quatro estações é que o eixo de rota-
r

zAPT
ção da Terra não é perpendicular ao plano da órbita terrestre 21/22 set.
(fig. 58). Há um ângulo de aproximadamente 23,5° entre o eixo 23,5¡
de rotação e uma reta r perpendicular ao plano da órbita. Por
isso, durante o ano, em cada ponto da Terra o ângulo formado 21/22 dez.
entre os raios da radiação solar e o solo varia, alternando assim a Sol
21/22 jun.
intensidade. Durante uma parte do ano, a intensidade do hemis-
fério norte é maior que a do hemisfério sul, e na outra parte do
ano a situação se inverte.
21/22 mar.
Relação entre intensidade e amplitude Figura 58. Representação das estações do ano.

No capítulo anterior, vimos que a energia mecânica de uma partícula de massa m,


em MHs, é dada por:
e = 2 π2 m f2 A2
em que f é a frequência e A é a amplitude do MHs.
Como a potência é energia por tempo e a intensidade é potência por área, concluí-
mos que a intensidade de uma onda mec‰nica harm™nica é dada por:

I = αf2 A2 14

em que α é uma constante, isto é, a intensidade é proporcional ao quadrado da frequên-


cia e ao quadrado da amplitude.
No caso de uma onda eletromagnética harmônica, vale uma equação semelhante à
equação 14 :
I = βA2 15
ObSERVAçãO
em que β é uma constante e A é a amplitude do campo elétrico. Observamos que,
nesse caso, I não depende da frequência. Além de energia,
as ondas
transportam
Amplitude de uma onda esférica quantidade de
suponhamos que uma fonte emita ondas mecânicas esféricas e harmônicas, com movimento. No
potência constante. De acordo com as equações 13 e 14 , temos: volume 3, na parte
de Física Moderna,
P
i= P γ → constante mostraremos
4πr2 ⇒ A = 2
· 1 ⇒ A= 16
como calcular
4παf r r
i = αf2A2 a quantidade
constante = γ
de movimento
Assim, a amplitude é inversamente proporcional à distância r da fonte. transportada
se tivermos uma onda eletromagnética harmônica e esférica, vale uma equação por uma onda
semelhante à equação 16 com a única diferença que a constante γ não envolve a eletromagnética.
frequência.

Ondas 439
Exercícios de Aplicação

70. Uma fonte puntiforme emite ondas com potência 74. Sabendo que o raio da Terra é R ≅ 6,37 ∙ 106 m e
P = 540 W. Calcule a intensidade dessa onda: que a constante solar é F ≅ 1 370 W/m2, calcule
a) a 3,0 m da fonte; o valor aproximado da potência da radiação solar
sobre a Terra.
b) a 6,0 m da fonte.
Resolução:
Resolução:
O diâmetro do Sol é cerca de 110 vezes maior
a) P = 540 W; r1 = 3,0 m que o diâmetro da Terra, isto é, a proporção
P P 540 W entre os tamanhos da Terra e do Sol é seme-
I1 = S = 4πr2 = 4π(3,0 m)2 ⇒
1 lhante à proporção que existe entre um grão de
15 arroz e uma bola de futebol. Por isso os raios
⇒ I1 = π W/m2 ⇒ I1 ≅ 4,8 W/m2
da radiação solar que atingem a Terra são prati-
camente paralelos (fig. a).
b) 1º. modo:
radiação solar
P = 540 W; r2 = 6,0 m

ilusTrAções: zAPT
P 540 W
I2 = 4πr2 = 4π(6,0 m)2 ⇒ I2 ≅ 1,2 W/m2
2
Terra
2º. modo:
Podemos usar o resultado do item a. R

r1 = 3,0 m; r2 = 6,0 m
P
I1 = 4πr2 2 2 Figura a.
1 I r 4,8 6
⇒ I1 = r2 ⇒ ≅ 3 ⇒
P I2
I2 = 4πr2
2 1

2
R
S
⇒ I2 ≅ 1,2 W/m2

seção reta da Terra


71. Uma fonte puntiforme F emite ondas com potên- Figura b.
cia constante P = 960 W. Calcule:
a) a energia emitida em 5,0 minutos; Como a intensidade da onda é calculada usando
uma superfície perpendicular à direção de pro-
b) a intensidade da onda a uma distância de 4,0 m pagação da onda, para calcular a potência total
da fonte. incidente na Terra devemos usar o círculo S da
figura b, que tem a mesma área de uma seção
72. Uma fonte puntiforme F emite ondas com potên- reta da Terra (que passa por seu centro). O raio
cia constante. Sabe-se que, à distância de 4,0 m de S é igual ao raio da Terra e sua área é:
da fonte, a intensidade da onda é 90 W/m2.
A = π R2
Calcule a intensidade da onda a 6,0 m da fonte.
Portanto:
73. Duas pequenas lâmpadas, L1 e L2, emitem radia- I= P
ção de maneira uniforme em todas as direções, A ⇒ F = P ⇒ P = F · A ⇒ P = FπR2 ⇒
A
sendo que L1 emite energia com potência 4,0 W. I=F
L1 L2 ⇒ P ≅ (1 370 W/m2)(3,14)(6,37 · 106 m)2 ⇒
Y
⇒ P ≅ 1,75 · 1017 W

75. A distância entre a Terra e o Sol é, aproximada-


1,5 m 4,5 m
mente, 150 milhões de quilômetros. Sabendo que a
Determine a potência da lâmpada L2, sabendo constante solar é, aproximadamente, 1 370 W/m2,
que as radiações das duas lâmpadas atingem o calcule o valor aproximado da potência com que
ponto Y com a mesma intensidade. o Sol emite radiação.

440 Capítulo 16
76. Uma pessoa está deitada em uma praia, tomando 78. Uma fonte puntiforme F emite ondas de modo
banho de Sol, de modo que os raios da radiação que no ponto M1 situado à distância r1 da fonte,
solar fazem ângulo de 30° com o solo. a amplitude é A1, e, no ponto M2, situado à
distância r2 da fonte, a amplitude é A2. Sabendo
3

luiz AuGusTO ribeirO


que r2 = 8,0 m e A1 = 2 A2, determine o valor
de r1.
30¡

zAPT
M1
r1
Supondo que na região a intensidade da radia- M2
F r2
ção solar seja 700 W/m2 e que a área da parte de
cima do corpo da pessoa seja 0,80 m2, calcule:
a) a intensidade da radiação que atinge a pessoa;
b) a energia radiante que atinge a pessoa em 5,0
minutos. 79. Apresente a equação dimensional da intensidade.
77. Uma fonte puntiforme F emite ondas mecânicas 80. Em uma casca esférica de raio 2,0 metros há um
esféricas. Sabe-se que a 18 m da fonte a amplitu- pequeno orifício de área 4π cm2. No centro da
de é 6,0 m. Calcule a amplitude a 27 m da fonte. casca esférica há uma pequena lâmpada acesa,
Resolu•‹o: cuja potência é 100 W. Em um intervalo de tempo
de 20 minutos, a quantidade de energia da lâm-
r1 = 18 m; A1 = 6,0 m; r2 = 27 m; A2 = ? pada que atravessa o orifício é aproximadamente
γ igual a:
A1 = r
1 A r 6 27
⇒ A1 = r2 ⇒ A = 18 ⇒ A2 = 4,0 m a) 1 J d) 5 J
γ 2 1 2
A2 = r b) 3 J e) 6 J
2
c) 4 J

Exercícios de Reforço

81. (Fuvest-SP) Para a orelha humana, a mínima 83. (ITA-SP) A distância de Mercúrio ao Sol é de apro-
intensidade perceptível é 10–16 W/cm2 e a máxi-
ximadamente 1 daquela entre a Terra e o Sol.
ma intensidade suportável sem dor é 10–4 W/cm2. 3
Uma fonte sonora produz som que se propaga Superfícies planas, de mesma área, em Mercúrio
uniformemente em todas as direções do espaço e e na Terra, perpendiculares aos raios solares, res-
que começa a ser perceptível pela orelha humana pectivamente, recebem por segundo as energias
a uma distância de 1 km. U
UM e UT. Pode-se afirmar que M é igual a:
a) Determine a potência sonora da fonte. UT
a) 1 c) 9 e) um
b) Determine a menor distância à fonte a que 3
uma pessoa poderá chegar sem sentir dor.
b) 3 d) 1
9
82. (Mackenzie-SP) Uma fonte sonora puntiforme
84. (FEI-SP) Duas fontes sonoras independentes,
emite ondas em um meio homogêneo e isótropo.
A e B, emitem sons uniformemente em todas
A 20 cm de distância da fonte, cada cm2 (disposto
perpendicularmente aos raios) é atravessado em as direções do espaço. A fonte A tem potência
cada segundo por 1 000 J. A energia que atravessa acústica PA = 2,0 ∙ 10–3 W. Determinar a potên-
por segundo um trecho de 1 cm2 situado a 80 cm cia acústica da fonte B, sabendo que um obser-
da fonte (e disposto perpendicularmente aos vador situado em C ouve as duas fontes com a
raios) valerá: mesma intensidade.
A C B
a) 62,5 J c) 72,5 J e) 41,3 J
b) 52,5 J d) 82,5 J x 2x

Ondas 441
85. (UF-GO) O Brasil possui aproximadamente 27 campo

ilusTrAções: zAPT
elétrico λ
milhões de chuveiros elétricos instalados em
residências. Mesmo que apenas uma fração desses
chuveiros esteja ligada ao mesmo tempo, o con- E0
sumo de energia desses aparelhos ainda é muito
grande, principalmente em horários de maior
observador
demanda de energia. Uma alternativa viável é
a utilização de coletores de energia solar com
o objetivo de aquecer a água. Suponha que um Considere as seguintes proposições:
sistema de aquecimento solar de água, com pla-
cas coletoras de área igual a 8 m2, seja utilizado I – Se a amplitude E0 do campo elétrico for
em uma residência para aquecer 1 m3 de água dobrada, o observador perceberá um aumen-
contido em um reservatório. O sistema possui to do brilho da onda eletromagnética.
uma eficiência de 60%, isto é, converte 60% da II – Se a frequência da onda for multiplicada por
energia solar incidente em calor. Considere que a 1,2, o observador não distinguirá qualquer
intensidade da radiação solar vale 700 W/m2, que variação no brilho da onda eletromagnética.
o calor específico da água vale 4 200 J/kg °C e
III – Se a amplitude do campo elétrico for dobrada
que a densidade da água vale 1,0 ∙ 103 kg/m3.
e a frequência for quadruplicada, o observador
a) Calcule, em horas, o tempo necessário para deixará de visualizar a onda eletromagnética.
que a temperatura da água no reservatório Lembrando que a faixa de comprimento de onda
aumente 10 °C. em que a onda eletromagnética é perceptível ao
b) Sabendo que um kWh de energia elétrica olho humano vai de 400 nm a 700 nm, pode-se
custa R$ 0,27, calcule quanto se gastaria para afirmar que:
realizar o mesmo aquecimento usando energia
a) apenas II é correta.
elétrica.
b) somente I e III são corretas.
86. (ITA-SP) Uma onda eletromagnética com um c) todas são corretas.
campo elétrico de amplitude E0, frequência f e
comprimento de onda λ = 600 nm é vista por d) somente II e III são corretas.
um observador como mostra a figura. e) somente I e II são corretas.

10. nível sonoro


O escocês Alexander Graham bell (1847-1922), que em 1882 se tornou cidadão
norte-americano, é bastante conhecido por ter sido o inventor do telefone, que ele
patenteou em 1876. Porém, antes disso, trabalhou com seu pai, que era especialista
em ensinar surdos a falar. suas pesquisas nessa área o habilitaram a se tornar professor
de fisiologia vocal na universidade de boston (estados unidos). Os experimentos de
Graham bell o levaram a concluir que, se temos a sensação de que a intensidade de um
som dobrou, na realidade ela foi multiplicada por 10. Assim, para medir a sensação
sonora, decidiu-se definir uma nova grandeza denominada nível de intensidade so­
nora ou, simplesmente, nível sonoro.
Para chegar a essa definição, em primeiro lugar, foram realizados experimentos
com muitas pessoas, para determinar a menor intensidade (I0) que a orelha humana
consegue sentir. embora isso varie de pessoa para pessoa, chegou-se a um valor
médio:
i0 = 10–12 W/m2
usando-se então o conceito de logaritmo (log), se um determinado som tem inten-
sidade I, dizemos que seu nível sonoro (β) é dado por:

I 17
β = log
I0

442 Capítulo 16
em homenagem a Graham bell, a unidade de nível sonoro é o bel (símbolo: b), cujo
plural é bels.
Para os cálculos do nível sonoro convém lembrar algumas propriedades dos logarit-
mos. sendo b e c números reais positivos, temos:

log (b · c) = log b + log c log b = x ⇒ b = 10x


log b = log b – log c log 1 = 0
c
log 10 = 1 log 10x = x

O nível sonoro de I0 é:
i0
β0 = log = log 1 = 0
i0
ao qual chamamos de limiar de audição.

O decibel
Os experimentos revelaram que, dados dois sons de níveis sonoros, β1 e β2, com β1 > β2,
a nossa orelha, em média, só consegue perceber que esses sons têm intensidades di-
ferentes se:
β1 − β2 ⩾ 0,1 bel
Por isso, em vez de se usar o bel, prefere-se usar a décima parte do bel (decibel) para
medir os níveis sonoros:
1 decibel = 1 db = 10–1 b = 1 b = 0,1 b
10
ou 1 b = 1 bel = 10 decibels = 10 db
usando o decibel como unidade de nível sonoro, temos:

I
β = 10 log 18 (β em decibel)
I0
Na tabela 5, fornecemos os valores aproximados dos níveis sonoros de alguns sons.

Fonte do som Nível sonoro


farfalhar das folhas de uma árvore 10
murmúrio 20
conversa normal a 50 cm 65
trânsito urbano intenso 70
concerto de rock 110
turbina de avião a jato (a 20 m) 130
Tabela 5. Níveis sonoros aproximados de alguns sons (em db).

em média, o maior nível que não nos provoca sensação dolorosa é 120 db, e esse
valor é chamado de limiar de sensação dolorosa.

Sensibilidade auditiva
A sensibilidade de nossa orelha não é a mesma para todas as frequências. O valor
i0 = 10–12 W/m2, que dissemos ser a menor intensidade percebida pela orelha humana,
na realidade vale quando a frequência do som é aproximadamente 1 000 Hz. Para uma

Ondas 443
frequência de 500 Hz, por exemplo, a intensidade mais baixa que conseguimos perce-
ber é 2,5 ∙ 10–12 W/m2. Assim, após experimentos realizados com um grande número de
pessoas, obteve-se o resultado apresentado na figura 59, na qual cada linha representa
os sons que parecem ter a mesma intensidade.

ilusTrAções: zAPT
limiar da sensação
120 dolorosa

100
nível sonoro (dB)

80

60
X

40

Y
20
limiar da audição

20 50 100 500 1 000 5 000 10 000


frequência (Hz)

Figura 59. Curva de sensibilidade auditiva para diferentes intensidades de sons.

Considere, por exemplo, os pontos X e Y assinalados na figura. O ponto X corres-


ponde a um som de frequência 100 Hz e nível sonoro aproximadamente igual a 50 db,
enquanto o ponto Y corresponde a um som de frequência 1 000 Hz e nível sonoro igual
a 20 db. Como os dois pontos estão sobre a mesma linha, os dois sons parecem ter a
mesma intensidade, embora tenham níveis e intensidades diferentes.

Exercícios de Aplicação

87. Determine o nível sonoro de um som cuja inten- Resolução:


sidade é I = 10-4 W/m2. I
β = 10 log ⇒ 80 = 10 log I–12 ⇒
Resolução: I0 10
I 10–4 I I
β = log = log –12 = log 108 = 8 ⇒ log = 8 ⇒ –12 = 10 ⇒ I = 10–4 W/m2
8
I0 10 10–12 10
β = 8 bels = 8 B 90. Sabendo que log 6 ≅ 0,78 calcule, em decibels,
o nível sonoro de um som cuja intensidade é
88. Sabendo que log 3 ≅ 0,48, calcule, em decibels, 6,0 ∙ 10-10 W/m2.
o nível sonoro de um som cuja intensidade é
I = 3,0 ∙ 10–7 W/m2.
91. Para uma frequência de 1 000 Hz, o limiar de sen-
Resolução: sação dolorosa é 120 dB. Determine a intensidade
I 3,0 · 10 –7 do som cujo nível é esse.
β = 10 log = 10 log =
I0 10–12
92. Um som cuja intensidade é I1 tem nível sonoro
= 10 log (3,0 · 105) = 10 log 3,0 + log 105 ≅
de 30 dB e um outro som, cuja intensidade é I2,
0,48 5 I
tem nível sonoro 70 dB. Calcule a razão 2 .
≅ 10 [0,48 + 5] ⇒ β ≅ 55 dB I1
93. Uma fonte sonora puntiforme emite um som que, à
89. Calcule a intensidade de um som cujo nível sono- distância de 20 m da fonte, tem nível sonoro 90 dB.
ro é 80 dB.
Qual o nível sonoro desse som a 200 m da fonte?

444 Capítulo 16
Exercícios de Reforço

94. (PUC-MG) Um murmúrio, a um metro de distân- de frequências você recomenda que ele utilize
cia, tem intensidade I1 e nível sonoro 20 dB, para dar avisos sonoros que sejam ouvidos
enquanto um grito forte, à mesma distância, tem pela maior parte da população?
I b) A relação entre a intensidade sonora, I, em
intensidade I2 e nível sonoro 70 dB. A razão 2 é
I1 W/m2, e o nível de intensidade, β, em dB, é
igual a:
a) 7 b) 2 c) 105 d) 50 e) 103 β = 10 · log I , onde I0 = 10–12 W/m2. Qual
I0
2 7
a intensidade de um som, em W/m2, num
95. (Vunesp-SP) O gráfico da figura indica, no eixo lugar onde seu nível de intensidade é 50 dB?
das ordenadas, a intensidade de uma fonte Consultando o gráfico, você confirma o resul-
sonora, I, em watts por metro quadrado (W/m2), tado que obteve?
ao lado do correspondente nível de intensida-
de sonora, β, em decibels (dB), percebido, em
96. (UF-RJ) O gráfico a seguir sintetiza o resultado
de experiências feitas com vários indivíduos sobre
média, pelo ser humano. No eixo das abscissas,
o desempenho do ouvido humano. Ele mostra
em escala logarítmica, estão representadas as
a região do som audível, indicando para cada
frequências do som emitido. A linha superior
frequência qual é a intensidade sonora abaixo
indica o limiar da dor – acima dessa linha, o
da qual não é possível ouvir (limiar da audição),
som causa dor e pode provocar danos ao sistema
auditivo das pessoas. A linha inferior mostra o assim como qual é a intensidade sonora acima da
limiar da audição – abaixo dessa linha, a maioria qual sentimos dor (limiar da dor). Calcule a razão
das pessoas não consegue ouvir o som emitido. entre as intensidades que caracterizam respectiva-
mente o limiar da dor e o limiar da audição, para
Nível de intensidade (dB)

limiar da dor
Intensidade (W/m2)

100 120 a frequência de 1 000 Hz.

IlusTrações: ZapT
10–2 100
10–4 limiar da dor
Intensidade em watts/cm2

80 10–4
10–6 60 música
10–8 40 10–6
10–10 20 limiar
10–12 0 da audição 10–8
10–10
10
20
40

200
400
0
00

00

20 00
0
10

00
10

40

10–12
10

Frequência (Hz)
10–14
Suponha que você assessore o prefeito de sua limiar da audição
10–16
cidade para questões ambientais.
20

50

0
0
00

00

10 0
20 0
0
10

20
50

0
00
00
10

20
50

a) Qual o nível de intensidade máximo que pode


ser tolerado pela municipalidade? Que faixa Frequ•ncia em Hz

11. Efeito Doppler


Você talvez já tenha constatado que o som da sirene de uma ambulância ou de um
carro de bombeiros parece ser mais agudo durante a aproximação do veículo do que
durante seu afastamento. Na realidade, a frequência emitida pela sirene é sempre a
mesma; o que muda é nossa sensação auditiva.
De modo geral, quando há movimento relativo entre a fonte sonora e o observador
(ou um medidor de frequência), a frequência observada (ou medida) é diferente da
frequência emitida pela fonte; esse efeito é chamado Efeito Doppler, pelo fato de o
primeiro a ter analisado essa alteração de frequência, ter sido o físico austríaco Christian
Johann Doppler (1803-1853).
Inicialmente vamos fazer a análise do efeito colocando três restrições:
• o observador e a fonte sonora movem-se sobre a mesma reta;
• a velocidade da fonte e a velocidade do observador são menores que a veloci-
dade do som;
• o ar está parado em relação à Terra, isto é, não há vento.

Ondas 445
Consideremos também:
v = módulo da velocidade do som
vF = módulo da velocidade da fonte
vO = módulo da velocidade do observador (ou do medidor de frequência)
Primeiramente vamos analisar separadamente dois casos:
• Fonte em repouso e observador em movimento.
• Fonte em movimento e observador em repouso.

Depois apresentaremos a equação geral que vale para todos os casos, inclusive
quando a fonte e o observador estão em movimento.
Porém, antes de analisar o efeito, recordaremos um conceito apresentado no volu-
me 1, na parte de Cinemática: velocidade relativa.
Consideremos dois corpos A e B movendo-se sobre uma mesma reta com velocida-
des cujos módulos são vA e vb. O módulo da velocidade relativa (vr) entre os corpos é
obtido do seguinte modo:
• se os corpos movem-se no mesmo sentido, temos:
vr = |vA – vb| = |vb – vA|
• se os corpos movem-se em sentidos opostos, temos:
vr = vA + vb

Exemplo 1

ilusTrAções: zAPT
Vamos calcular vR nos quatro casos a seguir:

8 m/s 3 m/s
A B vR = 8 m/s – 3 m/s = 5 m/s

2 m/s 6 m/s
A B vR = 6 m/s – 2 m/s = 4 m/s

2 m/s 3 m/s
A B vR = 2 m/s + 3 m/s = 5 m/s

3 m/s 4 m/s
A B vR = 3 m/s + 4 m/s = 7 m/s

(a)
Fonte parada e observador em movimento
A
suponhamos que uma fonte sonora F, puntiforme e em repouso, esteja F

emitindo som de frequência fF. Na figura 60a, representamos as compressões observador


e um observador A parado. esse observador ouvirá, naturalmente, som de fre-
quência fF.
suponhamos agora que o observador A se aproxime da fonte com veloci- (b)
dade vO e outro observador, B, afaste-se da fonte com velocidade vO (fig. 60b).
A cada unidade de tempo o observador A receberá um número de compres- B
vO vO A
sões maior que fF, isto é, o observador A ouvirá um som de frequência fA tal F
que: fA > fF.
enquanto isso, o observador B, que se afasta da fonte, em cada unidade de
tempo receberá um número de compressões menor que fF, isto é, ele ouvirá um
som de frequência fb tal que: fb < fF. Figura 60. Fonte em repouso.

446 Capítulo 16
Primeiramente vamos calcular a frequência fO per-

ilusTrAções: zAPT
(a) t = 0 v v
cebida pelo observador A que se aproxima da fon- vO
S2 S1
te. Na figura 61a representamos o observador rece-
bendo a compressão (que chamaremos de crista) S1
num determinado instante. Depois de um intervalo
(b) t = T' v v
de tempo T ', ele receberá a crista S2 (fig. 61b). Para
o observador, T ' é o intervalo de tempo entre o rece- S2 S1
bimento de duas cristas consecutivas, isto é, T' é o
período aparente e, assim, a frequência aparente fO
obedece à equação: vT' vOT'

T' = 1 λ
fO
Figura 61.
No intervalo de tempo T ' a crista S2 percorreu a dis-
tância vT' para a direita, enquanto o observador percor-
reu a distância vO T ' para a esquerda. Da figura, tiramos:

λ = vT' + vO T' = (v + vO)T' = (v + vO) · 1


fO

isto é:
v + vO
λ= 19
fO

Mas a soma v + vO é o módulo da velocidade relativa (vOs) entre o observador e


uma crista S que se dirige ao observador:

vOs = v + vO

Assim, a equação 19 fica:

vOS vOS
λ= 20 ou fO = 21
fO λ

se fizermos a análise da situação em que o observador afasta-se da fonte (fig. 62),


chegaremos a:
v – vO
λ= (observador afastando-se)
fO

S
v vO
F O

Figura 62.

Mas, nesse caso, v – vO é o módulo da velocidade relativa (vOs) entre o observador


e uma crista S que se dirige ao observador. Assim, novamente obteremos as equações
20 e 21 :
vOs vOs
λ= e fO =
fO λ

Ondas 447
Façamos um resumo. A frequência da fonte (fF) é dada por:

fF = v 22
λ
O movimento do observador não altera o valor de λ, mas altera a velocidade relativa
entre o observador e uma crista S que se dirige a ele, que passa de v para vOs, acarre-
tando uma alteração na frequência percebida, que passa de fF para fO de modo que:
vOS
fO = 23
λ
Portanto:
vOs
fO =
λ fO v v
⇒ = Os ⇒ fO = OS fF 24
v fF v v
fF =
λ
(observador em movimento e fonte parada)

Não é necessário memorizar a equação 24 , pois mais adiante obteremos uma equa-
ção geral que vale para todas as situações.

Observador parado e fonte em movimento


Vejamos agora o que acontece se os observadores estão em repouso, mas a fonte
está em movimento, com velocidade vF. Na figura 63a, representamos as compressões
emitidas pela fonte quando passa, sucessivamente, pelas posições 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Podemos observar que há uma diminuição do comprimento de onda do lado direito (as
compressões estão mais próximas) e um aumento do comprimento de onda do lado
esquerdo (as compressões estão mais distantes).
zAPT

(a) (b) luiz AuGusTO ribeirO

fonte movendo-se
para a direita
B A

vF
123456 123456

λ'' > λ λ' < λ

Figura 63. Esquema da propagação do som com a fonte em movimento.

Como a velocidade do som não muda, o número de com-


pressões que o observador A da figura 63b recebe, a cada uni-
dade de tempo, é maior que fF, isto é, o observador A ouve um (a) t = 0 S1
zAPT

som de frequência fA tal que: fA > fF. v


F
Por outro lado, o observador B receberá, em cada unidade vF
de tempo, um número de compressões menor que fF, isto é, o
observador B ouvirá um som de frequência fb tal que: fb < fF. (b) t = T S2 S1
v v
Poderíamos argumentar de outro modo. Como a velocidade F
vF
do som (v) não muda e v = λf, um aumento de λ provoca uma
diminuição de f, e vice-versa.
vFT λ'
Vamos calcular os comprimentos de onda λ' e λ" percebidos
pelos observadores A e B da figura 63b, começando com o cál- vT
culo de λ'. Figura 64.

448 Capítulo 16
Num certo instante a fonte emite a crista S1 (fig. 64a). Após um intervalo de
tempo igual ao período da fonte (T ), esta emite a crista S2 (fig. 64b). Nesse intervalo
de tempo, a fonte percorreu a distância vFT e a crista S1 percorreu a distância vT. Da
figura, tiramos:
vFT + λ' = vT

ou:
λ' = (v – vF)T = (v – vF) · 1
fF
isto é:
v – vF
λ' = 25
fF
Mas (v – vF) é o módulo da velocidade relativa (vFs) entre a B A

luiz AuGusTO ribeirO


fonte e uma crista S que se dirige ao observador:
v – vF = vFs
v F v
Assim, a equação 25 fica: vF
vFS
λ' = 26
fF
λ'' λ'
Para o observador B da figura 65, do qual a fonte F está se afas-
v + vF v – vF
tando, o comprimento de onda é λ". Fazendo a análise para essa λ'' = λ' =
fF fF
situação, obtemos: vFS vFS
λ'' = λ' =
v+ vF fF fF
λ" =
fF Figura 65.
Mas nesse caso a soma (v + vF) é o módulo da velocidade relati-
va entre a fonte e uma crista que se dirige ao observador:
v + vF = vFs
Assim, a equação anterior fica:
vFs
λ" =
fF

isto é, mais uma vez obtemos a equação 26 .


Façamos um resumo. Com a fonte em repouso, sua frequência é dada por:
v
fF =
λ
Quando a fonte se movimenta, a velocidade da onda (v) não se altera, mas o com-
primento de onda muda de λ para λ' (ou λ"), ocasionando uma alteração na frequên-
cia, que vai de fF para fO:
v
fO =
λ'
Portanto:
v
fO =
λ' v v f
⇒ fO = v ⇒ fO = 27
v Fs vFS F
λ' = Fs fF
fF (fonte em movimento e
observador em repouso)

A equação 27 também não precisa ser memorizada, pois veremos a equação geral
adiante.

Ondas 449
Fonte e observador em movimento
O movimento da fonte produz uma alteração no comprimento de onda, que passa
a ser dado pela equação 26 :
v
λ' = Fs
fF
Para o observador em movimento, a onda tem uma velocidade v ' dada por:
v' = vOs
Assim, a frequência observada fO é dada por:
v vOS
fO = v' = Os ou fO = f 28
λ' vFs vFS F
fF
(equação geral do Efeito Doppler)

A equação 28 tem como casos particulares as equações 24 e 27 e ao usá-la é im-


portante lembrar que vOs e vFs são as velocidades do observador e da fonte em relação
a uma crista S que se dirige ao observador.
Para facilitar a memorização há quem prefira escrever a equação 28 na forma:
fO v
= Os
fF vFs
Exemplo 2

Uma fonte sonora F emite som de frequência fF = 1 000 Hz em direção a um observador O, numa região onde a velocidade
do som é v = 340 m/s. Vamos calcular a frequência fO, recebida pelo observador em duas situações:
a) a fonte está em repouso e o observador se aproxima da fonte com velocidade de módulo 20 m/s (fig. 66a).
b) o observador está em repouso e a fonte se aproxima do observador com velocidade de módulo 20 m/s (fig. 66b).
(a) (b) vF = 20 m/s

ilusTrAções: luiz AuGusTO ribeirO


vF = 0
vO = 20 m/s S S
v v
vO = 0

Figura 66.
Vamos usar a equação geral 28 :
vOS
fO = f
vFS F

Situação a Situação b
v = 340 m/s; vO = 20 m/s; vF = 0; fF = 1 000 Hz vO = 0; vF = 20 m/s; v = 340 m/s
vOS = v + vO = 340 m/s + 20 m/s = 360 m/s vOS = v = 340 m/s
vFS = v = 340 m/s vFS = v – vF = 340 m/s – 20 m/s = 320 m/s
v v
fO = OS fF = 360 (1 000 Hz) ⇒ fO ≅ 1 059 Hz fO = OS fF = 340 (1 000 Hz) ⇒ fO ≅ 1 062 Hz
vFS 340 vFS 320

Podemos observar que, tanto na situação a como na situação b, há uma aproximação entre observador e fonte com
velocidade relativa de 20 m/s, mas os resultados foram diferentes (embora próximos). Isso ocorre porque, fisicamente, as
situações são diferentes: na situação b, ocorre uma variação no comprimento de onda λ, enquanto na situação a não existe
essa variação.

450 Capítulo 16
Exemplo 3

Na figura 67 representamos uma ambulância que se move para vF = 25 m/s S


a esquerda, com velocidade vF = 25 m/s, ao mesmo em que um v
O
observador move-se para a direita, com velocidade vO = 15 m/s.
Supondo que a velocidade do som seja v = 340 m/s e que a sire- vO = 15 m/s
ne da ambulância esteja emitindo som de frequência fF = 3 000 Hz,
vamos calcular a frequência fO percebida pelo observador. Figura 67.
vOS = v – vO = 340 m/s – 15 m/s = 325 m/s
vFO = vF + v = 25 m/s + 340 m/s = 365 m/s
vOS
fO = f = 325 (3 000 Hz) ⇒ fO ≅ 2 671 Hz
vFS F 365

Efeito Doppler com ondas não sonoras


O efeito Doppler ocorre com outros tipos de onda, como, por exemplo, ondas na

ilusTrAções: luiz AuGusTO ribeirO


água. Na situação da figura 68, ondas são produzidas na água por uma haste que oscila
verticalmente, ao mesmo tempo que se move para a direita.
O efeito Doppler é observado também com a luz (e as ondas eletromagnéticas em
geral). Porém esse efeito é mais difícil de ser observado em nosso cotidiano porque a ve-
locidade da luz é muito maior que as velocidades com que lidamos em nosso dia a dia.
Há estrelas e galáxias que se afastam da Terra com velocidades muito altas e, nesse
Figura 68.
caso, o efeito Doppler pode ser observado. sendo f a frequência de uma luz monocro-
mática emitida pela estrela e f ' a frequência observada na Terra:
• se a estrela estiver se afastando, a frequência observada será menor que a emi-
tida: f' < f.
Como o vermelho é a cor de mais baixa frequência, diz-se, nesse caso, que houve
um desvio para o vermelho.
• se a estrela estiver se aproximando, a frequência observada será maior que a
emitida: f' > f.
Como o violeta é a cor de mais alta frequência, diz-se, nesse caso, que houve um
desvio para o violeta.
As fórmulas apresentadas para o som não valem para a luz, pois esta tem um com-
portamento especial que é explicado pela Teoria da relatividade.
Assim, deixaremos para comentar o efeito Doppler no caso da luz no volume 3, no
capítulo da Teoria da relatividade.

cálculo aproximado de fO
Como veremos adiante, nas aplicações do efeito Doppler, frequentemente encon-
tramos situações em que tanto vO como vF são muito menores que v, isto é, vO << v e
vF << v. Para esses casos, há uma fórmula que dá o valor aproximado de Δf, isto é,
(fF – fO), e que vamos deduzir a seguir.
Para facilitar o raciocínio vamos considerar um caso específico, que está ilustrado na
figura 69. Para esse caso temos: S
zAPT

vOs = v + vO e vFs = v + vF O F
Assim: vO v vF

vOs v + vO Figura 69.


fO = fF = f 29
vFs v + vF F

Ondas 451
Dividindo por v o numerador e o denominador da fração, temos:
v
v + vO 1+ O vO v –1

= v
v + vF vF = 1 + v 1+ F
v
30
1+
v
Mas:
vF
vF << v ⇒ << 1
v
Portanto, podemos usar a aproximação a seguir, obtida do desenvolvimento do bi-
nômio de Newton:
|x| << 1 ⇒ (1 + x)n ≅ 1 + nx
Desse modo:
–1
vF vF v
1+ = 1 + (–1) =1– F 31
v v v

substituindo 31 em 30 :

v + vO v vF v v v v
≅ 1+ O 1– = 1 + O – F – O2 F 32
v + vF v v v v v
desprezamos
vO v v v v v
Como << 1 e F << 1, o quociente O2 F é muito menor que O e F e, assim,
v v v v v
pode ser desprezado.
Desse modo, a igualdade 32 fica:
v + vO v –v
≅1+ O F 33
v + vF v

Mas (vO – vF) é a velocidade relativa entre o observador e a fonte. Fazendo:


μ = vO – vF
a equação 33 fica:
v + vO μ
≅1+ 34
v + vF v
substituindo 34 em 29 :
μ μ μ Δf μ
fO ≅ 1 + fF ⇒ fO ≅ fF + fF ⇒ fO – fF ≅ fF ⇒ ≅ 35
v v v fF v
Δf

Dependendo do caso, podemos ter Δf > 0 ou Δf < 0 e μ > 0 ou μ < 0. Para abran-
ger todos os casos, alteramos a equação 35 para:

|Δf| |μ|
≅ 36
fF v

Medida de velocidade
O efeito Doppler pode ser usado para medir a velocidade de objetos. um aparelho
emissor de ondas sonoras envia uma onda ao objeto que reflete a onda (como no caso
da luz), mandando-a de volta ao aparelho. Medindo a diferença de frequência entre a
onda que vai e a onda que volta, podemos obter a velocidade do objeto.

452 Capítulo 16
suponhamos, por exemplo, que um objeto afasta-se de um aparelho (em repouso)
com velocidade cujo módulo é x (fig. 70a). Neste caso o aparelho é a fonte e o objeto
é o observador:
vO = x e vF = 0
(a)

ilusTrAções: zAPT
aparelho f1 f2 objeto

parado

(b)
aparelho f3 f2 objeto

parado
Figura 70.
sendo f1 a frequência emitida pelo aparelho e f2 a frequência recebida pelo objeto,
temos:
v–x
f2 = f1 37
v
em que v é a velocidade do som.
O objeto refletirá ondas de frequência f2, isto é, agora o objeto é a fonte, e o aparelho
é o observador, que receberá frequência f3. Portanto, para o caso da figura 70b, temos:
v
f3 = v + x f2 38

Das equações 37 e 38 obtemos:

f3 = f1 v–x v ⇒ f3 = f1 v – x 39
v v+x v+x
Da equação 39 tiramos:
f1 – f3
x= v
f1 + f3
se, em vez de afastamento, houver aproximação, o valor de x será dado por:
f3 – f1
x= v
f1 + f3
se x << v, podemos usar a equação 36 duas vezes, obtendo:
|Δf|
≅ 2x 40
f1 v
Por meio dessa técnica, aparelhos são usados em exames médicos para determinar a
velocidade das células sanguíneas e, também, obter informações sobre os movimentos
do peito e do coração de fetos. Nesses casos, como as ondas sonoras no nosso corpo
têm velocidades da ordem de 103 m/s, temos x << v e, assim, é usada a equação 40 .
Por razões que serão apresentadas no próximo capítulo (no item de Difra•‹o) em
vez de ondas de som são usadas ondas de ultrassom. No caso de exames médicos são
usadas frequências que vão de 1 MHz a 10 MHz.
Os aparelhos de radar, usados para medir velocidades de automóveis nas ruas urba-
nas ou nas rodovias, funcionam do mesmo modo, mas usando ondas eletromagnéticas
em vez de ultrassom. No volume 3, ao analisarmos o efeito Doppler para as ondas
eletromagnéticas, discutiremos essa situação.

Ondas 453
Velocidades fora da reta FO
Até agora consideramos situações em que tanto a fonte (F) como o observador (O)
movem-se sobre a mesma reta. se F ou O movem-se em outras direções (como no caso
da fig. 71), as equações anteriormente deduzidas dão o valor aproximado da frequên-
cia observada, desde que a distância entre O e F seja grande em comparação com λ e
com as seguintes alterações:
• no lugar de vF usamos a projeção de vF sobre a reta r que liga F e O: vO
vF cos α vF
• no lugar de vO usamos a projeção de vO sobre a reta r: r F α O β
vF cos α vO cos β
vO cos β
Figura 71.

Quando o meio tem movimento


As equações deduzidas valem para o caso em que o meio de propagação das ondas
está em repouso. Por exemplo, no caso do som se propagando no ar, supusemos que
não havia vento. se o meio estiver em movimento a velocidade do meio (vM) deve ser
somada (vetorialmente) à velocidade da onda em relação ao meio (v ), isto é, nas equa-
ções deduzidas, no lugar de v colocamos |v + vM|. Porém, se tanto a fonte como o
observador estiverem em repouso, a aplicação da equação 28 mostra que o movimento
do meio não altera a frequência observada: fO = fF.
É isso que permite a ocorrência de apresentações de orquestras ao ar livre. A eventual
existência de vento não modificará as frequências dos sons produzidos pela orquestra.

Os casos vO > v e vF > v


Na análise feita até agora supusemos que tanto a velocidade do
observador (vO) como a velocidade da fonte (vF) são menores que a (a)

ilusTrAções: zAPT
velocidade da onda (v). O F
se vO > v (mas vF < v) temos duas possibilidades: vO v

• se o observador se aproxima da fonte (fig. 72a), continuam (b)


válidas as equações deduzidas. O F
• se o observador se afasta da fonte (fig. 72b), a onda não al- vO v
cança o observador e, portanto, não há frequência observada
Figura 72.
(ou fO = 0).
Quando vF > v ocorre um outro fenômeno, chamado onda de
choque, que analisaremos no próximo item.

Exercícios de Aplicação

97. Em um lago, são produzidas ondas superficiais perió- Resolução:


dicas, que se propagam com velocidade v = 4,0 m/s, a) De v = λf, tiramos f = v .
λ
cujo comprimento de onda é λ = 20 m. Como v = 4,0 m/s e λ = 20 m, temos:
a) Calcule a frequência dessa onda.
f = v = 4,0 ⇒ f = 0,2 Hz
b) Consideremos um barco que se movimenta λ 20
nesse lago, em sentido oposto ao de propaga- A frequência da onda é f = 0,2 Hz. Isso sig-
ção das ondas, com velocidade vB = 16 m/s nifica que um barco ancorado nesse lago rece-
(em relação ao solo). Calcule o número de berá 0,2 crista por segundo. Se supusermos
cristas que esse barco encontra por segundo. que o barco não é “muito pesado”, podemos

454 Capítulo 16
admitir que esse barco ficará oscilando com a 100. Um observador em repouso ouve o som de uma
mesma frequência da onda. fonte móvel cuja frequência é de 6 000 Hz.
Sabendo que a velocidade do som é 340 m/s,
b) Seja fO o número de cristas encontradas pelo
calcule a frequência ouvida pelo observador nos
barco em cada segundo. Podemos chamar fO de
seguintes casos:
“frequência aparente” da onda.
vB a) a fonte se aproxima do observador com velo-
v
cidade 40 m/s;
b) a fonte se afasta do observador com veloci-
S
dade 40 m/s.
Como o barco e a onda se movem em sentidos 101. Considere uma fonte sonora que emite som de
opostos, a velocidade do barco em relação a uma frequência 4 000 Hz e suponha que a velocida-
crista S tem módulo dado por: de do som seja 340 m/s. Sendo fo a frequência
vBS = v + vB = 4,0 m/s + 16 m/s = 20 m/s ouvida por um observador, verifique em qual
A partir deste ponto podemos encaminhar a reso- das duas situações fo será maior.
lução de dois modos: I. O observador aproxima-se da fonte, que está
1º. modo: em repouso, com velocidade 40 m/s.
A frequência da onda é fF = v . O movimento do II. A fonte aproxima-se do observador, que está
λ
barco não altera λ mas altera v, que passa de v em repouso, com velocidade 40 m/s.
para vBS, acarretando uma alteração na frequên-
102. A figura a seguir representa uma ambulância, que se
cia, que passa de fF para fO:
move para a esquerda com velocidade vF = 20 m/s
v 20 m/s e cuja sirene emite som de frequência fF = 2 000 Hz.
fO = λBS = 20 m ⇒ fO = 1,0 Hz
A velocidade do som na região é v = 350 m/s, o
2º. modo: comprimento de onda atrás da ambulância é λ',
Vamos usar a equação geral. A fonte de ondas o comprimento de onda na frente é λ'' e os obser-
não aparece no desenho, mas podemos supor que vadores A e B estão em repouso.
está em repouso. Assim, a velocidade da fonte em
λ'' λ'

ilusTrAções: zAPT
relação a uma crista é:
vF
vFS = v = 4,0 m/s
O barco neste caso é o observador: B A
v
fO = BS f = 20 (0,2 Hz) ⇒ fO = 1,0 Hz
vFS 4,0

98. Em um lago são produzidas ondas superficiais


a) Calcule λ'.
periódicas cuja frequência é 0,24 Hz e que se
propagam com velocidade v em relação ao solo. b) Calcule λ''.
Dois barcos, A e B, movem-se sobre esse lago c) O som ouvido por A é mais agudo ou mais
com velocidades vA e vB , respectivamente, (em grave que o som emitido pela sirene?
relação ao solo) como indica a figura. d) Qual o intervalo físico entre o som ouvido
vA vB por B e o som emitido pela sirene?
v
103. Um observador que está parado numa calçada
A B
ouve o som emitido por uma ambulância que
passa pela rua emitindo som de frequência
São dados: vA = 2,0 m/s; v = 6,0 m/s; 2 920 Hz. Sabe-se que a frequência ouvida pelo
vB = 4,0 m/s. observador é 2 720 Hz e que a velocidade do
a) Qual o comprimento de onda dessas ondas? som no ar é 340 m/s.
b) Quantas cristas por segundo o barco A encontra? a) A ambulância está se aproximando ou se
c) Quantas cristas por segundo o barco B encontra? afastando do observador?
b) Qual a velocidade da ambulância?
99. Uma fonte sonora em repouso emite som de
frequência 6 000 Hz. Sabendo que a velocidade c) Qual o intervalo físico entre o som emitido
do som no ar é 340 m/s, determine a frequência pela ambulância e o som percebido pelo
percebida por um observador que: observador?
a) se aproxima da fonte com velocidade 40 m/s; 104. Numa região em que a velocidade do som é
b) se afasta da fonte com velocidade 40 m/s. 350 m/s, um observador se aproxima de uma

Ondas 455
fonte sonora em repouso. Calcule a velocidade
do observador sabendo que o intervalo físico
entre o som ouvido pelo observador e o som
emitido pela fonte é 1,08. vS

105. Uma fonte sonora passa por um observador


parado. Na aproximação da fonte, a frequência
ouvida é 2 000 Hz e, no afastamento, 1 500 Hz. 109. Para se orientar e localizar suas presas, os
Considerando a velocidade do som no ar igual a morcegos emitem ondas de ultrassom. Num
350 m/s, determine: determinado instante, um morcego está voando
a) a velocidade da fonte; horizontalmente, com velocidade vM = 8 m/s,
perseguindo um inseto que se afasta, também
b) a frequência do som que a fonte emite.
horizontalmente, com velocidade menor que
106. A figura representa dois carros de polícia a do morcego. O morcego emite uma onda de
movendo-se em sentidos opostos em uma estra- 70 000 Hz que se reflete no inseto e volta ao
da retilínea, com velocidades vA = 20 m/s e morcego. Sabendo que a onda recebida pelo mor-
vB = 30 m/s. Sabe-se que a velocidade do som cego tem frequência 70 200 Hz e que a velocida-
na região é 350 m/s e que os dois carros estão de do som no ar é 350 m/s, determine o valor
equipados com aparelhos que emitem e detec- aproximado da velocidade do inseto.
tam ondas de ultrassom. (Sugestão: Como vM << v e queremos apenas o
20 m/s 30 m/s valor aproximado, pode ser usada a equação 40 ).
A v B
AICÍLOP POLÍCIA
110. A figura a seguir representa um observador
parado que observa a aproximação de um carro
Num determinado instante, o carro B emite uma de polícia, que tem velocidade vF = 72 km/h.
onda de ultrassom de frequência 32 000 Hz. A sirene do carro de polícia emite um som de
frequência 1 700 Hz e a velocidade do som na
a) Qual a frequência detectada em A? região é 350 m/s.
b) A onda emitida por B reflete-se em A e volta vV vF
para B. Qual a frequência da onda recebida
por B? POLêCIA

107. Em uma estrada retilínea, um carro de polícia parado


A persegue um carro B como ilustra a figura. A Sabendo que sopra um vento para a esquerda,
velocidade de A é vA = 144 km/h e a velocidade cuja velocidade é vV = 36 km/h, determine a
do som no ar é 340 m/s. frequência ouvida pelo observador.
vA vB
111. Um carro de polícia A e um carro B movem-se
POLêCIA em ruas perpendiculares, como ilustra a figura,
A B com velocidades vA = 10 m/s e vB = 15 m/s,
estando a sirene do carro de polícia emitindo
O carro de polícia, que está equipado com um som de frequência 3 320 Hz, cuja velocidade é
aparelho que emite e detecta ondas de ultras- 340 m/s.
som, emite para a direita uma onda de frequên- 40 m
ilusTrAções: zAPT

cia 50 000 Hz que se reflete em B e retorna a


A, que detecta uma onda de 53 000 Hz. Qual a
velocidade de B em km/h? A
POLÍCIA
POLÍCIA

vA

108. Um submarino move-se horizontalmente, mer- 30 m


gulhado no Oceano Atlântico, com velocidade vB
vS = 15 m/s, como ilustra a figura a seguir. Sabe-se
que na água a velocidade do som é v = 1 500 m/s.
Num determinado instante o submarino emite uma
onda de ultrassom de frequência f1 = 60 000 Hz B
que se reflete em uma rocha e retorna ao submari- Supondo que não haja obstáculos entre A e B,
no que detecta uma frequência f2. Calcule f2. determine o valor aproximado da frequência do
(Sugestão: como vS << v, pode ser usada a som ouvido por um passageiro no carro B, no
equação 40 ). momento representado na figura.

456 Capítulo 16
112. Um trem move-se em trajetória retilínea, no sen- Na realidade a velocidade do sangue não é cons-
tido de norte para sul, com velocidade 72 km/h tante, variando com a pulsação do coração.
quando o apito da locomotiva emite um som Sendo Δf a diferença de frequências da onda
de frequência 800 Hz. Um passageiro está no emitida e recebida pelo aparelho, determine
último vagão, à distância de 34 metros do apito a velocidade máxima do sangue, supondo que
e sentado perto de uma janela aberta. Sabendo o valor máximo do módulo de Δf seja 2,6 kHz.
que a velocidade do som é 340 m/s, determine Sugestão: como vS << v, pode ser usada a
a frequência do som ouvido pelo passageiro, nos equação 40 , levando em conta o ângulo θ.
seguintes casos:
114. Uma fonte sonora puntiforme está na beirada de
a) o ar está em repouso em relação ao solo, isto uma plataforma horizontal de raio R = 2,0 m e
é, não há vento; que gira com velocidade angular ω = 3,5 rad/s.
b) há um vento com velocidade 18 km/h em A fonte emite ondas com frequência 2 000 Hz e
relação ao solo, no sentido de sul para o a velocidade do som na região é 350 m/s.
norte.

ilusTrAções: zAPT
detector
113. A figura a seguir apresenta um esquema da
medição da velocidade do sangue (vS) por um
aparelho que emite e detecta ondas de ultras- R
som. A onda incidente atinge um glóbulo ver-
melho que reflete a onda, mandando-a de volta
ao aparelho.
Calcule os valores aproximados da maior e da
aparelho menor frequência detectada por um aparelho
v que está a grande distância da plataforma.
v
θ vS 115. A cor da luz emitida por uma determinada
glóbulo vermelho estrela aparenta estar mais avermelhada do que
é na realidade. Isso é explicado pelo fato de:
vaso sanguíneo
São dados: a) haver refração da luz na atmosfera.
v = velocidade do ultrassom no corpo b) a estrela estar muito próxima da Terra.
humano = 1 500 m/s c) a estrela estar muito distante da Terra.
sen θ = 0,66; cos θ = 0,75 d) a estrela estar se aproximando da Terra.
frequência da onda emitida = 4,0 MHz e) a estrela estar se afastando da Terra.

Exercícios de Reforço

116. (Fuvest-SP) Em um lago, o vento produz ondas a) Para o salva-vidas nadando, qual é o intervalo
periódicas, que se propagam com a velocidade de tempo entre vagalhões consecutivos?
de 2 m/s. O comprimento de onda é 10 metros. b) Quantos vagalhões o salva-vidas transpôs
Determine o período de oscilação de um barco: até alcançar o banhista?
a) quando ancorado nesse lago;
118. (UF-RS) Indique a alternativa que preenche
b) quando se movimenta em sentido contrário
corretamente o texto abaixo:
ao da propagação das ondas, com uma velo-
cidade de 8 m/s. O alarme de um automóvel está emitindo som
de uma determinada frequência. Para um obser-
117. (FEI-SP) Junto a uma praia, os vagalhões vador que se aproxima rapidamente deste auto-
sucedem-se de 10 em 10 segundos e a distân- móvel, esse som parece ser de ΔΔΔ frequência.
cia entre os vagalhões consecutivos é 30 m. Ao afastar-se, o mesmo observador perceberá
Presenciando um banhista em dificuldades, um um som de ΔΔΔ frequência.
salva-vidas na praia atira-se ao mar, logo após
a) maior - igual d) menor - maior
a chegada de um vagalhão; nadando com veloci-
dade de 1,0 m/s em relação à praia, ele alcança b) maior - menor e) igual - menor
o banhista após 3,0 minutos. c) igual - igual

Ondas 457
119. (Unifor-CE) Quando uma ambulância, com sire- d) afasta-se da fonte com velocidade de
ne ligada, se aproxima de um observador, este 640 m/s.
percebe: e) aproxima-se da fonte com velocidade de
880 m/s.
a) aumento da intensidade sonora e da frequên-
cia. 123. Um observador aproxima-se de uma fonte sono-
b) aumento da intensidade sonora e diminui- ra (F) em repouso. O som ouvido pelo obser-
ção da frequência. vador é mais grave ou mais agudo que o som
c) mesma intensidade sonora e mesma fre- emitido por F?
quência.
124. (UF-RJ) Considere uma estrela de uma galáxia
d) diminuição da altura e variação no timbre
distante da nossa e que, mesmo assim, conse-
sonoro.
guimos observar sua luz usando um potente
e) variação no timbre e manutenção da altura. telescópio. Além disso, essa estrela está se
afastando de nosso planeta com uma velo-
120. (Fuvest-SP) Considere uma onda sonora com cidade considerável e constante. Em relação
comprimento de onda 1 m que se propaga com à luz que observamos da estrela, podemos
uma velocidade de 300 m/s. afirmar que:
a) Qual é a frequência do som emitido? a) o movimento da estrela não altera em nada
b) Qual é a frequência detectada por um obser- o comprimento de onda que observamos da
vador movendo-se com uma velocidade de luz emitida pela estrela.
50 m/s em sentido oposto ao de propagação b) as estrelas apenas possuem movimento de
da onda? rotação em torno de seu eixo e não de trans-
lação.
121. (U. F. Juiz de Fora-MG) Um trem se aproxima, c) as estrelas não se movem em hipótese
apitando, a uma velocidade de 10 m/s em nenhuma.
relação à plataforma de uma estação. A fre- d) há uma mudança no comprimento de onda
quência sonora do apito do trem é 1,0 kHz, da luz que observamos devido ao movimen-
como medida pelo maquinista. Considerando to da estrela.
a velocidade do som no ar como 330 m/s,
e) o comprimento de onda observado da luz da
podemos afirmar que um passageiro parado estrela irá depender do tempo de observação
na plataforma ouviria o som com um compri- dela.
mento de onda de:
a) 0,32 m 125. (U. F. Juiz de Fora-MG) Quando observamos a
luz emitida por átomos de oxigênio num labo-
b) 0,33 m
ratório, notamos que existe uma linha espectral
c) 0,34 m com uma determinada frequência f, em que esta
d) 33 m emissão é muito intensa. Entretanto, ao obser-
e) 340 m varmos a luz emitida por átomos de oxigênio
de galáxias distantes, notamos que esta linha
122. (PUC-SP) Uma fonte sonora em repouso, situa- espectral desloca-se no sentido de menores fre-
da no ar, emite uma nota com frequência de quências do espectro. Sobre esse fato, podemos
440 Hz. Um observador, movendo-se sobre uma afirmar:
reta que passa pela fonte, escuta a nota com a) Devido à diminuição na frequência, observa-
frequência de 880 Hz. Supondo a velocidade mos que a luz torna-se azul.
de propagação do som no ar igual a 340 m/s,
b) Esta alteração na frequência ocorre porque a
podemos afirmar que o observador: galáxia está se aproximando da Terra.
a) aproxima-se da fonte com velocidade de c) Esta alteração na frequência ocorre porque a
340 m/s. galáxia está se afastando da Terra.
b) afasta-se da fonte com velocidade de d) Isto ocorre porque, durante o tempo em que
340 m/s. viaja da galáxia até a Terra, grande parte
c) aproxima-se da fonte com velocidade de da luz é absorvida pela poeira interestelar,
640 m/s. diminuindo, portanto, a frequência.

458 Capítulo 16
e) Isto indica que a galáxia observada é mais A figura a seguir representa o alto-falante do
fria que a Terra e assim a luz emitida torna- parque e o carrossel girando nas suas proxi-
se vermelha. midades. Nela são indicados os pontos I, II,
III e IV; em dois desses pontos, o maestro
126. (Aman-RJ) Uma pessoa ouve o som produzi-
percebeu mudanças na frequência do som
do pela sirene de uma ambulância, com uma
frequência aparente de 1 100 Hz e de 900 Hz, emitido.
respectivamente, quando a ambulância se
aproxima e se afasta da pessoa. Sendo a velo- II
cidade do som no ar igual a 340 m ∙ s–1, a
velocidade da ambulância vale:
I III
a) 20 m ∙ s–1
alto-falante
b) 17 m ∙ s–1 IV
–1
c) 34 km ∙ h carrossel
d) 34 m ∙ s–1
e) 68 km ∙ h–1 O maestro percebeu que o som era mais grave e
mais agudo, respectivamente, nos pontos:
127. (UF-PA) Um automóvel de corrida movia-se em
uma parte retilínea do circuito de Las Vegas. a) II e IV
Um observador, sentado à beira do circuito, b) II e III
ouvia o som produzido pelas explosões do
motor. Após o automóvel ultrapassar o obser- c) I e IV
vador, este passou a ouvir o som das explosões d) I e III
uma oitava contígua à do inicial. Sendo a
velocidade do som 340 m/s, a velocidade do 130. (Fuvest-SP) Uma onda sonora considerada
automóvel em km/h será: plana, proveniente de uma sirene em repou-
a) 390 so, propaga-se no ar parado, na direção hori-
b) 400 zontal, com velocidade v igual a 330 m/s e
comprimento de onda igual a 16,5 cm. Na
c) 408
região em que a onda está se propagando, um
d) 486
atleta corre, em uma pista horizontal, com
e) 498
velocidade u igual a 6,60 m/s, formando um
128. (FAAP-SP) Uma fonte sonora emitindo uma ângulo de 60° com a direção de propagação
nota de frequência 400 Hz está se deslocan- da onda.
do para oeste com velocidade de 20 m/s. Um
observador dirige-se para leste da fonte com
velocidade de 30 m/s. O vento está soprando u
de leste com 45 m/s, e a velocidade do som 60°
v
no ar parado é de 340 m/s. Pergunta-se: qual
a frequência da nota recebida pelo observa-
dor? frentes de onda

129. (UF-RN) Um maestro divertia-se com o seu O som que o atleta ouve tem frequência apro-
filho no carrossel de um parque de diversões, ximada de:
enquanto o alto-falante do parque tocava
a) 1 960 Hz
uma música. Tendo a orelha muito sensível a
variações de frequências, o maestro percebeu b) 1 980 Hz
que, enquanto o carrossel girava, os sons c) 2 000 Hz
emitidos pelo alto-falante se tornavam mais
graves ou mais agudos, dependendo da posi- d) 2 020 Hz
ção do carrossel. e) 2 040 Hz

Ondas 459
12. Ondas de choque
Vamos agora analisar a situação em que a velocidade da fonte (vF) é maior que a
velocidade da onda (v).
Na figura 73a reproduzimos uma situação já nossa conhecida: a fonte F move-se
para a direita, com velocidade vF tal que vF < v. No lado direito há uma diminuição no
valor de λ e no lado esquerdo há um aumento no valor de λ.

ZAPT
v
vF vF
v
v
F v F v ondas de θ
choque vF

v
v
(a) vF < v (b) vF = v (c) vF > v v

LUiZ AUgUSTO RiBEiRO


Figura 73.
Quando vF torna-se igual a v (fig. 73b), as cristas emitidas se empilham sobre a fonte
F. Para um observador situado à esquerda, continuam válidas as equações do Efeito
Doppler, mas à direita não.
Se vF ficar maior que v, a fonte ultrapassa as cristas que ela produz e as cristas se
sobrepõem de tal maneira que se forma a configuração representada na figura 73c,
com uma superfície de onda na forma de V (na representação bidimensional) na qual se
concentra uma grande quantidade de energia e, por isso, é chamada onda de choque. Figura 74. Ondas de choque
A figura 74 representa um experimento realizado em um recipiente com água (de produzidas na água.
baixa profundidade). Uma haste oscila verticalmente ao mesmo tempo que se move
para a direita com velocidade vF tal que vF > v. v

ZAPT
Tomando como base a figura 75, suponhamos que, no instante t = 0, a fonte esteja B v
vt v
em F0. Depois de um tempo t, a crista terá percorrido uma distância F0B = vt, enquanto
θ F
a fonte terá percorrido a distância F0F = vFt. O ângulo θ assinalado na figura é chamado F 0
θ
ângulo de Mach, em homenagem ao físico austríaco Ernst Mach (1838-1916), que foi t = 0 v
o primeiro a analisar esse fenômeno. v
No triângulo retângulo F0BF, temos: v vt F

FB vt v
sen θ = 0 = ou sen θ = 41 Figura 75.
F0F vFt vF
Assim:

v
ângulo de Mach = arc sen
LUiZ AUgUSTO RiBEiRO

vF
Consideremos agora um corpo que se move no ar com ve-
locidade maior que a do som (velocidade supersônica). Pode
ser uma bala de fuzil ou um avião. Nesse caso, a onda de θ
choque, em vez de ser um V, é uma superfície cônica (fig. 76),
chamada cone de Mach, e cuja abertura (2θ) é o dobro do
avião
ângulo de Mach. Quando a onda de choque atinge um obser- supersônico
vador, este ouve um estrondo forte e de curta duração (como
se fosse uma explosão), que é denominado estrondo sônico. onda de
Se o avião estiver voando a baixa altitude, a onda de choque choque
pode causar danos a objetos, como, por exemplo, quebrar
vidraças. Depois que a onda de choque passar e o observador
ficar no interior do cone, ouvirá um som cuja frequência pode
ser calculada pelas equações do Efeito Doppler. Figura 76.

460 Capítulo 16
Quando um avião supera a velocidade do som,

LUiZ AUGUsTO RibEiRO


costuma-se dizer que ele quebrou a barreira do
som e um engano comum é pensar que o estron-
do sônico ocorre apenas nesse momento. A onda de
choque, porém, segue o movimento do avião, como
ilustra a figura 76.
É importante destacar que a onda de choque é
criada pelo movimento do objeto e não por alguma
fonte sonora no objeto, como, por exemplo, o ruído
do motor do avião. Assim, uma bala de fuzil não possui Figura 77.
nenhuma fonte sonora, mas gera onda de choque. Um outro exemplo é o estalo que ou-
vimos sair da ponta de um chicote longo quando movimentado rapidamente. Esse estalo
é a onda de choque produzida pela ponta do chicote.
Na realidade, o estrondo sônico produzido pelo avião é formado por dois ou mais
estrondos, pois, além da onda de choque que se forma na frente do avião, há outra na
cauda (fig. 77) e também nas asas.

Número de Mach
É costume expressar a velocidade de um avião que voa a uma velo-
cidade maior que a do som por meio de um número chamado número
de Mach e definido por:
(a)
v

FOTOs: ThiNksTOCk/GETTy iMAGEs


número de Mach = F 42
v

sendo vF a velocidade do avião e v a velocidade do som na região em que


se move o avião. Assim, por exemplo, se um avião voa a uma velocidade
vF = 900 m/s, a uma altitude de 10 000 m, onde a temperatura é cerca de
–50 °C e a velocidade do som é 300 m/s, tem sua velocidade expressa por:

número de Mach = 900 m/s = 3


300 m/s
e dizemos que a velocidade é Mach 3. Porém, esse mesmo avião, voan-
do com a mesma velocidade (900 m/s), em uma altitude menor, onde a
velocidade do som é 340 m/s, terá sua velocidade expressa por: (b)

número de Mach = 900 m/s ≅ 2,65


340 m/s
Comparando as equações 41 e 42 vemos que, sendo θ o ângulo de
Mach, temos:

sen θ = 1
número de Mach

Rastos de barcos
O rasto (ou sulco) deixado por um barco (fig. 78a) ou um pato na-
(c)
dando (fig. 78b) é diferente das ondas de choque que representamos
ZAPT

na figura 74, em que as ondas de choque na água foram produzidas


com água de baixa profundidade. Nos casos do barco e do pato, a
profundidade é maior e, como vimos no item "Velocidade das ondas F
39°
mecânicas", nesse caso a velocidade depende da frequência e, por
isso, não podemos aplicar a equação 41 . Tanto no caso do pato como
no do barco, embora as velocidades sejam diferentes, verifica-se que o
ângulo entre os lados do V é cerca de 39° (fig. 78c). Figura 78.

Ondas 461
Exercícios de Aplicação

ilusTrAções: zAPT
131. Um avião supersônico voa à velocidade de (a)
450 m/s numa região onde a velocidade do som
é 300 m/s. Determine:
a) o ângulo de Mach para as ondas de choque;
b) a abertura do cone de Mach;
c) a velocidade do avião expressa em número θ
de Mach.
t=0
Resolução:
h
a) v = 300 m/s; vF = 450 m/s
v 300 m/s
sen θ = v = 450 m/s ≅ 0,667
F

Usando uma calculadora eletrônica, obtemos:

θ ≅ 41,8°

b) A abertura do cone é o dobro do ângulo de (b)


Mach:
abertura = 2θ ≅ 2(41,8°) ≅ 83,6°

v 450 m/s
c) número de Mach = vF = 300 m/s = 1,5
θ
Assim, o avião está se movendo com veloci-
dade Mach 1,5. t=?

h
132. Numa região onde as ondas sonoras se propagam
à velocidade de 350 m/s, um projétil se move
com a velocidade de 1 050 m/s. Determine:
a) a abertura do cone de Mach para esse projétil;
b) a velocidade do projétil expressa em número
de Mach.
136. Um observador no solo ouve o estrondo sôni-
133. Um avião voa com velocidade Mach 2. Calcule o co de um avião que voa horizontalmente,
ângulo de Mach. 1,5 s após o instante em que o avião esteve
exatamente sobre sua cabeça. Sabendo que a
134. O ângulo de Mach para um avião supersônico é velocidade do som na região é 350 m/s e que
14,5° numa região onde a velocidade do som no a velocidade do avião é Mach 2, determine a
ar é 300 m/s. altitude do avião.
a) Expresse a velocidade do avião em número 137. Um avião militar supersônico voa horizontal-
de Mach. mente. No instante em que o avião está exata-
b) Calcule a velocidade do avião em km/h. mente acima de um observador no solo, este vê
um míssil ser lançado pelo avião. Depois de 10,0
135. Um avião move-se horizontalmente, a uma alti- segundos o observador ouve o estrondo sônico
tude h = 1 000 m, com velocidade Mach 2,6, e depois de mais 3,0 segundos ele ouve o som
numa região onde a velocidade do som é 340 m/s. produzido no momento do lançamento do mís-
Quanto tempo depois de o avião passar sobre a sil. Supondo que a velocidade do som não mude
cabeça de um observador no solo (fig. a) este entre o avião e o solo, qual é a velocidade do
ouvirá o estrondo sônico (fig. b)? avião, expressa em número de Mach?

462 Capítulo 16
Exercícios de Aprofundamento

138. (UF-CE) A figura representa a fotografia, tirada 143. Em filmes de ficção científica, é comum apare-
no tempo t = 0, de uma corda longa em que cerem cenas em que no espaço vazio vemos e
uma onda transversal se propaga com velocida- ouvimos, simultaneamente, uma explosão. Já
de igual a 5,0 m/s. comentamos que esse som não pode existir.
y (cm) Mas, mesmo que houvesse ar, há outro erro
P nessas cenas. Qual é?
10
144. O som não se propaga no espaço vazio, e sabe-
1,0 mos que na Lua não há ar. Então, como dois
0 x (m)
astronautas na Lua podem conversar?
0,50

–10 145. Apresente uma evidência de que a velocidade


Q do som não depende da frequência (desde que
a amplitude não seja muito grande).
Podemos afirmar corretamente que a distância
entre os pontos P e Q, situados sobre a corda,
146. (E. Naval-RJ) Considere o movimento do pulso
será mínima no tempo t igual a:
transversal indicado, num cabo homogêneo não
a) 0,01 s c) 0,05 s e) 0,09 s
dispersivo. Sabe-se que sua velocidade de pro-
b) 0,03 s d) 0,07 s pagação vx é 100 cm/s para a direita e que no
139. (UF-PA) Uma pessoa observa gotas de água da instante inicial o pulso encontra-se na posição
chuva que caem do telhado de sua casa. As gotas mostrada na figura.
caem praticamente na vertical sobre um pequeno y (cm) vx
lago formado por elas, de maneira que, quando 2
uma toca a superfície do pequeno lago, a gota
1
seguinte se desprende do telhado. Desse modo, M
forma-se na superfície da água uma onda que se 0 1 2 3 4 5 6 x (cm)
propaga com velocidade 15 cm/s. Sabendo que
g = 10 m/s2 e que a distância entre o telhado e A velocidade transversal vy do ponto M do cabo
a superfície da água é 3,2 m, calcule o período e no instante t = 0,04 s, em cm/s, é:
o comprimento de onda da onda. a) zero c) 100 e) –50
b) 50 d) –100
140. Um fio de seção transversal cuja área é 0,02 cm2
está submetido a uma tração de 64 N. Uma onda 147. (Unifesp-SP) O eletrocardiograma é um dos
transversal de frequência f = 20 Hz propaga-se exames mais comuns da prática cardiológica.
ao longo do fio. Sabendo que o material de que é Criado no início do século XX, é utilizado para
feito o fio tem densidade d = 5,0 g/cm3, calcule: analisar o funcionamento do coração em função
a) a velocidade de propagação da onda; das correntes elétricas que nele circulam. Uma
b) o comprimento de onda. pena ou caneta registra a atividade elétrica do
coração, movimentando-se transversalmente ao
141. Suponha que um fio homogêneo e longo seja movimento de uma fita de papel milimetrado,
pendurado em uma haste que está no alto de que se desloca em movimento uniforme com
um edifício. Na base velocidade de 25 mm/s. A figura mostra parte
do fio prendemos um de uma fita de um eletrocardiograma.
motor que produz
v
um pulso transversal
que sobe pelo fio.
A velocidade desse M
pulso não é constan-
te. Por quê? Sabendo-se que a cada pico maior está associada
142. Quando ocorre uma explosão em um ponto distan- uma contração do coração, a frequência cardíaca
te de nós, além de ouvir o som, podemos even- dessa pessoa, em batimentos por minuto, é
tualmente sentir sob nossos pés um tremor de a) 60 c) 80 e) 100
terra. Qual perturbação perceberemos primeiro? b) 75 d) 95

Ondas 463
148. Uma casca esférica de raio R = 13 m tem um e N. No canal se propaga uma onda com velo-
buraco circular de raio r = 5,0 m. No centro da cidade v0 tal que v0 > vg, no mesmo sentido da
casca esférica há uma pequena lâmpada acesa, cuja correnteza. Todas as velocidades são medidas
potência é 52 W. Calcule a quantidade de energia em relação à jovem. A distância entre cristas
da lâmpada que passa pelo buraco sucessivas é igual a λ. A jovem vê então a gar-
em 5,0 minutos. h rafa e o barquinho oscilando para cima e para
É dada a fórmula da área da baixo com frequências fg e fB que valem:
calota esférica (ver figura)

ilusTrAções: luiz AuGusTO ribeirO


R
S = 2πRh, na qual R é o raio da M
superfície esférica e h é a altura v0 B
da calota.
vg N
149. (Unifesp-SP) O Sol tem diâmetro de 1,4 ∙ 10 m 9
λ
e a sua distância média à Terra é de 1,5 ∙ 1011 m.
Um estudante utiliza uma lente convergente vO + vg vO
a) fg = λ e fB = λ
delgada de distância focal 0,15 m para proje-
tar a imagem nítida do Sol sobre uma folha vO + vg vO + vg
b) fg = λ e fB = λ
de papel. Ele nota que, se mantiver a imagem
do Sol projetada sobre o papel durante alguns vO vO – vg
c) fg = λ e fB = λ
segundos, o papel começa a queimar.
a) Qual o diâmetro da imagem do Sol projetada vO – vg vO
d) fg = λ e fB = λ
no papel?
b) A potência por unidade de área da radiação vO vO
e) fg = λ e fB = λ
solar que atinge a superfície da Terra, no Brasil,
é da ordem de 1 000 W/m2. Se a lente que 152. (Faap-SP) Os sons emitidos por duas fontes
o estudante usa tem contorno circular com sonoras situadas em dois pontos, A e B, respec-
0,10 m de diâmetro, qual a potência por unida- 4
de de área da radiação solar que atinge o papel tivamente, têm um intervalo de 3 . Que inter-
na região onde a imagem do Sol é projetada? valo aparente terão, para um observador que se
(Despreze a radiação absorvida e refletida pela move, com velocidade de 20 m/s sobre a reta
lente). Como você explica a queima do papel AB, quando se dirige para A ou para B? Adote
utilizando esse resultado? Dado: π = 3,1. para a velocidade do som: 340 m/s.

150. Na figura a representamos uma menina se 153. (ITA-SP) Numa planície, um balão meteorológi-
balançando, perto de uma pessoa que assopra co com um emissor e receptor de som é arrasta-
um apito, emitindo um som de frequência cons- do por um vento forte de 40 m/s contra a base
tante. Em qual das posições assinaladas na figu- de uma montanha. A frequência do som emitido
ra b a orelha da menina recebe som de maior pelo balão é de 570 Hz e a velocidade de pro-
frequência? Para qual sentido de movimento? pagação do som no ar é de 340 m/s. Assinale
a opção que indica a frequência da onda que
após ser refletida pela montanha é registrada
no receptor do balão.
a) 450 Hz c) 646 Hz e) 1 292 Hz
b) 510 Hz d) 722 Hz
Figura a.
154. (ITA-SP) Quando em repouso uma corneta elé-
A E trica emite um som de frequência 512 Hz. Numa
B D experiência acústica, um estudante deixa cair a
C
corneta do alto de um edifício. Qual a distância
percorrida pela corneta, durante a queda, até o
Figura b. instante em que o estudante detecta o som na
frequência de 485 Hz? (Despreze a resistência do
151. (Fuvest-SP) Uma jovem, repousando à margem ar e adote: aceleração da gravidade = 9,8 m/s2;
de um canal, observa uma garrafa levada pela velocidade do som no ar = 340 m/s.)
correnteza com velocidade vg e um barquinho B a) 13,2 m c) 16,1 m e) 19,3 m
preso às margens por fios fixados nos pontos M b) 15,2 m d) 18,3 m

464 Capítulo 16
cAPÍTuLO

Algumas propriedades
das ondas 17
1. Reflexão e transmissão de ondas 1. Reflexão e transmissão
de ondas
em Óptica Geométrica, estudamos a reflexão e a refração da luz. Agora veremos 2. Reflexão e refração de
que esses fenômenos ocorrem também com as ondas mecânicas. ondas em fios
Suponhamos que uma onda I, que se propaga inicialmente em um meio A, incida na
superfície S (fig. 1a) que separa o meio A de outro meio, B. Dependendo do caso, pode 3. Reflexão de ondas
haver uma onda refletida R e uma onda transmitida T (fig. 1b). Como as ondas trans- bidimensionais e
portam energia, uma parte da energia (ou toda ela) pode ser absorvida pelo meio B. tridimensionais
(a) S (b) S

ILUStRAçõeS: ZAPt
A B
4. Refração de ondas
A B
bidimensionais e
I R T tridimensionais

5. Difração e
espalhamento
Figura 1.
No caso das ondas eletromagnéticas, a ocorrência de um ou mais fenômenos 6. O Princípio de Huygens
(reflexão, transmissão, absorção) vai depender da frequência e da natureza do meio.
7. Polarização
Por exemplo, o vidro de uma janela deixa passar a luz, o que não acontece com nos-
sa mão. Já as ondas de raios X conseguem atravessar músculos da mão (fig. 2), mas 8. Refletância e
são absorvidas pelos ossos, permitindo que sejam obtidas radiografias. transmitância da luz
LUIZ AUGUStO RIBeIRO

chapa fotográfica 9. Interferência

10. Ondas estacionárias em


fios

11. Tubos sonoros


aparelho de raios X
Figura 2. 12. Interferência em duas
dimensões
Para que haja a onda refletida, é necessário que as velocidades de propagação
nos dois meios sejam diferentes ou que a onda não possa se propagar em B, como, 13. Batimentos
por exemplo, ondas superficiais na água incidindo em uma parede. Se as veloci-
dades de propagação forem iguais, só haverá onda transmitida, como no caso da 14. Interferência da luz
continuidade óptica que vimos no capítulo 11.
15. Interferência da luz em
Se houver onda transmitida e as velocidades de propagação forem diferentes nos
películas finas
dois meios, a transmissão é chamada de refração, e a onda transmitida recebe o
nome de onda refratada.
Quando a onda incidente é periódica, tanto a onda refletida como a onda trans-
mitida têm a mesma frequência da onda incidente.
Começaremos o estudo da reflexão e refração de ondas mecânicas com o caso
de ondas em fios esticados, sob a ação de uma força de tração F.

Algumas propriedades das ondas 465


2. Reflexão e refração de ondas em fios
Consideremos um pulso percorrendo um fio e se aproximando de uma extremidade
E fixa (fig. 3a). Ao atingir E, forma-se um pulso refletido, o qual é invertido em relação
ao pulso incidente (fig. 3b). Dizemos que houve uma reflexão com inversão de fase.
(a) v S (b) S

F E F E

v
Figura 3. Quando a extremidade do fio é fixa, ocorre inversão de fase.
Lembrando a Lei da Ação e Reação, podemos entender essa inversão de fase. Quan-
do o pulso atinge E, exerce sobre o suporte S uma força para cima. Pela Lei da Ação
e Reação, o suporte exerce sobre o fio uma força para baixo, ocasionando a inversão.
Vejamos agora o caso em que a extremidade é livre para movimentar-se verticalmen-
te, mas a corda continua esticada, sob a ação de uma força de intensidade F. Um modo
de conseguir isso é prender o extremo da corda a um anel de massa desprezível, que
pode deslizar sem atrito ao longo de uma haste S (fig. 4). Nesse caso, observa-se que a
reflexão ocorre sem inversão de fase.
(a) v S
(b) v S

F E F E

Figura 4. Quando a extremidade do fio é solta, não há inversão de fase.


Consideremos agora o caso de um fio A, de densidade linear μA, ligado a um fio B,
de densidade linear μB, tal que μA ≠ μB (fig. 5). Como vimos na página 426 do capítulo
anterior, a velocidade de propagação de pulsos transversais nos dois fios é dada por:

vA = F e vB = F
μA μB
sendo F a tração nos fios. Assim, onde a densidade linear for maior, a velocidade será
menor.
F A B F
X
Figura 5.

Suponhamos que um pulso transversal I seja produzido em A. Como vA ≠ vB, quan-


do esse pulso atingir o ponto de ligação dos dois fios (X ), haverá a formação de um
pulso refletido R e um pulso transmitido (ou refratado) T. Vamos analisar dois casos.

1º. caso: μA > μB


Neste caso, tanto a reflexão como a transmissão ocorrem sem inversão de fase
(fig. 6).
I
ILUStRAçõeS: ZAPt

R T

X X
Figura 6.
Observe que os pulsos R e T têm amplitudes menores que o pulso incidente I. Isso
está de acordo com a conservação da energia. Sabemos que a energia de um pulso está
relacionada com a amplitude. Assim, a energia de I se divide entre R e T.

466 Capítulo 17
I
2º. caso: μA < μB
Nesse caso, há inversão de fase na reflexão, mas não
na transmissão (fig. 7). X
Observemos que, também neste caso, os pulsos R e T
têm amplitudes menores que I. T

Ondas periódicas X
R
Se em vez de um pulso único a onda incidente I for
periódica de frequência f, tanto a onda refletida como a Figura 7.
transmitida terão a mesma frequência da onda incidente.
Assim, sendo vA e vB as velocidades e λA e λB os compri-
mentos de onda nos dois fios, teremos:

vA = λAf vA λ
⇒ = A 1
vB = λBf vB λB

Exercícios de Aplicação

1. Nas figuras a seguir temos pulsos que se propa- F B A F


X
gam em fios esticados, de modo que, no caso da
figura a, a extremidade é fixa e, no caso da figura I
b, a extremidade é livre. Desenhe em seu caderno Sendo μA e μB, respectivamente, as densidades
os pulsos refletidos. lineares de A e B, desenhe em seu caderno os pulsos
refletidos e transmitidos em X, nos seguintes casos:
a) E
a) μA > μB b) μA < μB

v 3. A figura a seguir representa uma onda trans-


versal periódica, que se propaga com velocidade
Figura a. v1 = 60 m/s em uma corda 1 . A corda 1 está
ligada a uma corda 2 , onde a velocidade de
b) E propagação da onda é v2 = 40 m/s.
3,0 m v1 v2
1 P 2
v

Figura b. Calcule:
2. Na figura a seguir temos um pulso que se propaga a) o comprimento de onda, quando a onda se
em um fio A, dirigindo-se para o fio B. Os dois propaga na corda 2 ;
fios estão esticados e unidos no ponto X. b) a frequência da onda.

Exercícios de Reforço

v v
ILUStRAçõeS: ZAPt

4. (UFF-RJ) A figura representa a propagação de


dois pulsos em cordas idênticas e homogêneas.
A extremidade esquerda da corda, na situação I,
está fixa na parede e, na situação II, está livre
para deslizar, com atrito desprezível, ao longo de
uma haste. Situação I. Situação II.

Algumas propriedades das ondas 467


Identifique a opção em que estão mais bem extremidade esquerda da corda e se propaga para
representados os pulsos refletidos nas situações a direita, com velocidade constante v. Quando
I e II: o pulso incidente atinge a corda mais fina, no
ponto A, ele é parcialmente refletido e parcial-
a) mente transmitido.

A
I II

b) Com base nesses dados, podemos afirmar que:


a) a velocidade do pulso transmitido é maior do
que a do pulso incidente.
I II b) a velocidade do pulso transmitido é menor do
que a do pulso incidente.
c) os pulsos incidente e transmitido têm a
c) mesma velocidade.
d) a velocidade do pulso refletido é maior do
que a do pulso incidente.
I II e) a velocidade do pulso refletido é menor do
que a do pulso incidente.
d) 6. (U. F. Viçosa-MG) A figura mostra uma onda
transversal periódica, que se propaga com veloci-
dade v1 = 12 m/s, numa corda AB, cuja densida-
de linear é μ1. Essa corda está ligada a uma outra,
I II
BC, cuja densidade linear é μ2, sendo a velocidade
de propagação da onda v2 = 8 m/s.
e) 1,5 m

ILUStRAçõeS: ZAPt
μ1
μ2
fonte
I II A v1 B v2 C

Calcule:
5. (UF-PE) A figura mostra uma corda esticada, sob
tensão constante, que consiste de uma parte a) o comprimento de onda quando se propaga na
mais grossa ligada a outra mais fina, de densi- corda BC;
dade linear menor. Um pulso é estabelecido na b) a frequência da onda.

3. Reflexão de ondas bidimensionais e


tridimensionais
No caso de ondas mecânicas bidimensionais e tridimensionais, a reflexão de ondas N
obedece às mesmas leis vistas para a luz no estudo da Óptica Geométrica (capítulo 9). I R
Suponhamos que a onda incidente propague-se inicialmente em um meio A (fig. 8),
i r
dirigindo-se para um meio B. Sendo I um dos raios da onda incidente e R o raio refleti- A
S
do, teremos o ângulo de incidência î igual ao ângulo de reflexão r̂. Os ângulos î e r̂ são B X
medidos em relação à normal N no ponto de incidência X. Além disso, I, N e R estão
em um mesmo plano. Figura 8.

468 Capítulo 17
Reflexão de uma onda reta
Consideremos uma onda reta, de comprimento de onda λ, que se reflete em uma
n
superfície plana S. Na figura 9 representamos algumas linhas de onda (separadas por λ λ
uma distância λ) e um raio AP da onda incidente. O ângulo que a linha de onda XY faz A Y K B

com S é igual ao ângulo de incidência î. O raio refletido é PB. Como a velocidade (v) e a i
i r
r
frequência (f ) não mudam, da equação v = λf concluímos que o comprimento de onda X P W S
também não muda.
A figura 10 ilustra o que ocorre com uma das linhas de onda durante a reflexão.
Figura 9.
Na figura 10a representamos o momento em que a linha XY atinge a superfície (S) de
separação dos dois meios. Na figura 10b, o trecho XM já se refletiu, enquanto o trecho
MY ainda está se aproximando de S. Na figura 10c, toda a linha se refletiu.

(a) Y (b) (c) X

X Y
θ θ θ θ
X S M S Y S
Figura 10.

Reflexão de uma onda circular


Consideremos agora uma onda circular que se reflete em uma superfície plana S. A
figura 11a representa algumas linhas e alguns raios de onda. O ponto F é a fonte das ondas.
Para desenhar os raios refletidos, podemos usar a mesma técnica desenvolvida ao
estudarmos os espelhos planos (capítulo 9). Consideramos o ponto imagem (F') de F
em relação a S (fig. 11b) e, a seguir, traçamos os raios refletidos, de modo que seus
prolongamentos passem por F'. As linhas de onda da onda refletida serão arcos de
circunferência cujo centro é F'.
(a) (b) F
IlustrAções: ZAPt

A B C D E S

A B C D E S F'
Figura 11.
Vejamos agora, com mais detalhe, o que ocorre com uma das linhas de onda du-
rante a reflexão. A figura 12 representa uma linha antes que ela atinja S. A figura 13
representa um instante em que parte da linha já se refletiu.
A parte já refletida é o arco ABC, que está contido na circunferência de centro F' e
raio r. A parte que ainda não se refletiu é o arco AXC, que está contido na circunferên-
cia de centro F e raio r.

X
F
r F
d B
A C
S S
d F'
r
F'

Figura 12. Figura 13.

Algumas propriedades das ondas 469


Reflexão em superfície parabólica (a) (b)

Um caso interessante de reflexão é aquele em que a su- r r


perfície refletora S é parabólica de foco F e eixo r (fig.14), F F
que tem a propriedade qualquer raio que parta do foco e
atinja S deve refletir-se paralelamente ao eixo r (fig. 14a), e
S S
qualquer raio paralelo ao eixo r, após refletir-se em S, passa
pelo foco (fig. 14b).
Consideremos, então, um pulso circular P, produzido em Figura 14.
F (fig. 15a). Após a reflexão em S, o pulso terá o aspecto do
pulso P' da figura 15b. Podemos observar que P' tem uma (a) S
(b)
S P'
parte reta e uma parte curva. A parte reta corresponde ao
trecho de P que foi refletido em S; a parte curva corresponde P
ao trecho de P que não atingiu S. F r F r
As antenas usadas em telecomunicações são parabólicas,
com o emissor (ou o receptor) de ondas situado no foco. As
conchas acústicas usadas para concertos ao ar livre também
têm o formato aproximado de um paraboloide, ficando os
músicos aproximadamente no foco. Obviamente, as paredes
Figura 15.
da concha devem ser rígidas, de modo que haja pouca ab-
sorção do som e praticamente toda a energia incidente seja

IlUStrAçõES: ZAPt
refletida.
A figura 16 ilustra um dispositivo encontrado em alguns
museus de ciências. Dois indivíduos estão situados aproxi- r
madamente nos focos F1 e F2 de duas superfícies rígidas em F1 F2
forma de paraboloides de mesmo eixo r. Se um deles falar
baixo, o outro poderá ouvi-Io melhor do que ouviria sem os
“espelhos”.
Figura 16.
Reflexão em superfície elipsoidal
Outro caso interessante é o de uma superfície em forma de elipsoide de focos F1 e
F2 (fig. 17). Essa superfície tem uma propriedade geométrica tal que qualquer raio que
saia de um dos focos e se reflita na superfície passa pelo outro foco. Assim, se um pulso
circular for produzido no foco F1 (fig. 18) deverá convergir no outro foco após reflexão
(fig. 19).

F1 F2 F2
F1 F2 F1

Figura 17. Figura 18. Figura 19.

Uma aplicação disso é a chamada “câmara de sussurro”. Essa câmara consiste


numa sala em forma de elipsoide. Imaginemos duas pessoas, uma em cada foco.
Se uma delas “sussurrar”, a outra poderá ouvi-Ia, pois praticamente toda a energia
emitida pela que sussurrou vai se concentrar no outro foco (supondo que as paredes
absorvam pouco som).

470 Capítulo 17
ILUStRAçõeS: LUIZ AUGUStO RIBeIRO
Eco e sonar
Quando o som sofre reflexão, a onda refletida é chamada de
eco. Há instrumentos que, a partir do eco, determinam a po-
sição ou a velocidade de objetos. Um desses instrumentos é o
sonar. essa palavra é formada pelas iniciais de sound navigation
ranging, que significa “localização por som na navegação”. esse
instrumento é usado por navios para localizar objetos submersos,
como rochas, o fundo do mar, cardumes ou submarinos (no caso
de navios de guerra). O aparelho transmite uma onda de ultras-
som que, depois de refletida (fig. 20), é detectada. Medindo o Figura 20.
intervalo de tempo entre a emissão e a recepção e conhecendo
a velocidade de propagação dessa onda na água, pode-se de-
terminar a que distância está o objeto que refletiu a onda. Os
morcegos têm um órgão semelhante ao sonar, que lhes permite
voar no escuro. Pela emissão e recepção de ondas de ultrassom,
eles percebem se há algum obstáculo pela frente.
existem câmaras fotográficas com autofoco. elas conseguem
determinar a distância D entre elas e o objeto a ser fotografado
e ajustam a distância focal do conjunto de lentes. Isso é feito por
meio de um sonar no interior da câmara (fig. 21). D
Mais adiante, no item 5, veremos a razão do uso de ondas de Figura 21.
ultrassom em vez de ondas de som.

Reverberação
Quando nossa orelha recebe um determinado som, a sensa-
ção por este produzida persiste por cerca de 0,1 s depois que
o som já se extinguiu. Por isso, para que dois sons sucessivos
sejam percebidos como sons distintos pela nossa orelha, deve-
mos recebê-los com intervalo de tempo superior a 0,1 s. Com eco
base nisso, suponhamos que uma fonte sonora F emita um som
que atinja nossa orelha de duas maneiras (fig. 22): diretamente som
direto
e por reflexão em uma parede. Se essas duas ondas chegarem
à nossa orelha com um intervalo de tempo superior a 0,1 s, va-
F
mos percebê-Ios como dois sons distintos. Mas, se o intervalo de
tempo for inferior a 0,1 s, vamos sentir as duas ondas como se parede
fossem um único som prolongado. esse efeito é denominado Figura 22.
reverbera•‹o.

4. Refração de ondas bidimensionais e


tridimensionais
Suponhamos que uma onda vá de um meio A para um meio B. Sendo vA e vB , res-
pectivamente, as velocidades das ondas nesses meios, se vA ≠ vB, temos refração. Como
a frequência (f ) não muda, da equação v = λf concluímos que o comprimento de onda
(λ) muda, como no caso das ondas unidimensionais:

vA = λAf vA λ
⇒ = A 1
vB = λBf vB λB

Algumas propriedades das ondas 471


Índice de refração
No estudo da refração da luz (capítulo 11) definimos índice de refração para o caso
da luz. Vamos agora estender essa definição para qualquer onda eletromagnética. Sen-
do v a velocidade de uma onda eletromagnética em um determinado meio, o índice de
refração dessa onda nesse meio é:
c
n=2
v
sendo c a velocidade da onda eletromagnética no vácuo, que é c = 3 ∙ 108 m/s. Convém
lembrar que o índice de refração de um meio depende da frequência da onda.

Leis da refração
Para as ondas mecânicas continuam valendo as leis da refração válidas para a luz,

ILUStRAçõeS: ZAPt
com uma pequena alteração.
I N
Na figura 23, I é um dos raios de uma onda que passa do meio A para o meio B, e
N é a normal no ponto de incidência de I. O ângulo de incidência é θA, e o ângulo de θA
refração é θB. A
No caso da luz, vimos que a Lei de Snell-Descartes é:
B
nA ∙ sen θA = nB ∙ sen θB 3 θB
c c
Mas: nA = 4 e nB = 5 R
vA vB
Substituindo 4 e 5 em 3 , temos:
Figura 23.

c c sen θA sen θB
· sen θA = · sen θB ⇒ = 6
vA vB vA vB

A equação 6 é uma variante da equação 3 , que vale também para as ondas me-
cânicas. Considerando as equações 1 e 6 , obtemos:

vA λ
= A
vB λB sen θA sen θB
⇒ = 7
sen θA sen θB λA λB
=
vA vB

Desde que θA e θB sejam diferentes de zero, também podemos escrever:

sen θA v λ
= A = A 8
sen θB vB λB N
λA
λA

Continua valendo também a outra lei da refração que


vimos para o caso da luz: o raio incidente (I ), a normal (N ) e
o raio refratado (R) estão num mesmo plano. θA
θA
θB λB
θB λB
Refração de uma onda reta
Na figura 24 representamos a refração de uma onda reta.
Para esse caso temos θA > θB e, portanto, λA > λB e vA > vB.
Na figura 25 representamos o que ocorre com a passagem,
de uma das linhas de onda, de um meio para outro. Figura 24.

472 Capítulo 17
vA

θA θA
A A A
B B θB B θB

vB

Figura 25.

Refração de uma onda circular

ILUStRAçõeS: ZAPt
tomemos agora o caso de uma onda circular que se refrata através
F
de uma superfície plana S. A figura 26 representa uma onda circular
cuja fonte é F e que passa de um meio A para um meio B tais que
vB > vA. Através da construção de raios é fácil concluir que os raios re-
fratados, ao serem prolongados para trás (tracejados), não passam por
um mesmo ponto, o que significa que a onda refratada não é circular. X A
Os cruzamentos dos prolongamentos dos raios refratados formam S B
uma linha denominada cáustica de refração. Isso significa que a ima-
gem do ponto F produzida por refração não é um único ponto, mas sim a
cáustica. Apenas para raios bem próximos do raio FX (fig. 26), os cruza-
mentos ficarão aproximadamente em um único ponto. Figura 26.

Exemplo 1

Lente acœstica
Na figura 27 representamos um balão B de borracha bastante fina, cheio com gás carbônico e envolto pelo ar. No ponto
A uma fonte produz uma onda sonora. A velocidade do som é maior no ar do que no gás carbônico (supondo os dois gases à
mesma temperatura). Assim, temos uma situação análoga à encontrada no estudo das lentes (capítulo 12), quando a luz ia do
ar para o vidro (a velocidade da luz é maior no ar do que no vidro). Como o balão tem o formato de uma lente biconvexa, vai
se comportar como uma lente convergente.
B
A A'

d d'
Figura 27.
Se a distância d for maior que a distância focal da lente, as ondas vão convergir para um ponto A' (o ponto A' é a imagem so-
nora de A). Em particular, deve haver uma situação semelhante ao caso das lentes ópticas, em que as distâncias d e d ' são iguais;
A e A' serão nesse caso os pontos antiprincipais. Esse fato é aproveitado para fazer uma interessante demonstração em alguns
museus de ciências. Algumas pessoas sentam-se em círculo em torno de um balão de raio aproximadamente igual a 1 m, de modo
que cada pessoa tem sua cabeça aproximadamente na posição de um ponto antiprincipal. Cada pessoa conseguirá conversar, em
voz bem baixa, com a pessoa que está em posição diametralmente oposta à sua, sem interferência das outras conversas.
Você pode construir em casa uma lente acústica rudimentar. Pegue uma dessas bexigas usadas em festas de criança,
inicialmente vazia, e coloque dentro dela quatro ou cinco pedaços de gelo-seco, que pode ser obtido nas sorveterias e que é
gás carbônico solidificado. Feche o bico da bexiga e aguarde alguns minutos. À temperatura ambiente o gelo-seco vai se vapo-
rizando e a bexiga vai se enchendo. Pegue um pequeno rádio (cujo alto-falante seja também pequeno) e ajuste o volume de
tal modo que você possa ouvir com o ouvido bem próximo do rádio, mas que a aproximadamente 50 cm você já não consiga
ouvir. Nessa posição, coloque a bexiga entre o rádio e seu ouvido. Ao colocar a bexiga, você conseguirá ouvir o rádio.

Algumas propriedades das ondas 473


Refrações sucessivas
Vejamos uma situação semelhante à considerada no capítulo 11: lâminas de faces
paralelas.
Consideremos três meios, A, B e C, de modo que a onda tenha velocidades vA, vB, vC,
respectivamente, nos três meios e tais que vA > vB > vC (figs. 28 e 29).

ILUStRAçõeS: ZAPt
A C

B B

C A

Figura 28. Figura 29.

Dependendo das posições dos três meios, podemos ter o raio curvando para um
lado ou para o outro. Suponhamos agora uma situação semelhante à que encontramos
no capítulo 11, ao analisarmos a refração atmosférica, isto é, no lugar de três meios, te-
remos um meio não homogêneo em que a velocidade, em vez de mudar bruscamente
como nos casos das figuras 28 e 29, vá mudando gradualmente. Nesse caso, teremos
um raio curvo (figs. 30 e 31).

Figura 30. Figura 31.


Há dois casos interessantes em que isso ocorre. Um deles é o das ondas
do mar. Vimos no capítulo 16 que, para águas rasas (em comparação com
o comprimento de onda), a velocidade de uma onda superficial na água é
dada por v = gh, em que h é a profundidade. Assim, à medida que a onda
se aproxima da praia, a profundidade e a velocidade diminuem. Portanto,
mesmo que inicialmente as cristas da onda sejam inclinadas em relação à
linha da praia (fig. 32), à medida que elas se aproximam dela, os raios vão Figura 32.
se curvando e as cristas tendem a ficar paralelas à praia.
Outro caso é o do som. Sabemos que a velocidade do som no ar aumen- F
ta com a temperatura, isto é, quanto maior a temperatura, maior a veloci-
dade do som. Suponhamos então que a temperatura do ar diminua com a
altitude. Nesse caso, os raios sonoros emitidos por uma fonte puntiforme solo

F (fig. 33), à medida que descem, vão encontrando regiões mais quentes Figura 33.
e, portanto, onde as velocidades do som são maiores. Isso ocasiona o en-
curvamento mostrado na figura 33, havendo, a partir de certo ponto, uma
reflexão total. O efeito final é que, a partir de certa distância da fonte, já F

não se ouve o som, formando-se as chamadas sombras acœsticas.


Se a temperatura do ar aumentar com a altitude, os raios sonoros terão
solo
a curvatura da figura 34, facilitando a audição em regiões distantes da
fonte. Figura 34.

474 Capítulo 17
Leitura

Aplicações do ultrassom na Medicina


Em Medicina o som pode ser usado para duas finalidades: diagnóstico e tratamento.

Diagnóstico

PHOtOGRAPHeR'S CHOICe/GettY IMAGeS


Quando uma onda que se propaga inicialmente em um meio A
encontra um outro meio B, já sabemos que sempre ocorre reflexão.
Dependendo da natureza do meio B, poderá também haver refração. A
porcentagem da energia incidente que é refletida depende da natureza
dos dois meios.
Com base nesse fenômeno, existem aparelhos que enviam ondas de
ultrassom para o interior do corpo humano e, analisando as ondas
refletidas, formam imagens de órgãos ou anomalias.
Essa é a técnica usada para produzir a imagem de um feto em
desenvolvimento (fig. 35). As ondas nesse caso são de intensidades
menores que 104 W/m2.
Como vimos no capítulo anterior, há também aparelhos que detectam
o movimento do sangue ou o pulsar do coração de um feto, usando o
efeito Doppler.
Figura 35.
Tratamento
Ultrassom de alta intensidade (da ordem de 107 W/m2) pode ser usado como tratamento de algumas
doenças. Um exemplo é a destruição de cálculos renais. Esse método é considerado o melhor tratamento por
ser não invasivo, ou seja, não há necessidade de cirurgia nem internação. No caso, um feixe estreito e intenso
de ultrassom é dirigido para o cálculo, que é destruído ou fragmentado em pedaços menores que depois são
eliminados pela urina.
Esse processo é chamado de litotripsia extracorpórea e foi desenvolvido na Alemanha em 1980.

Limitações das leis da reflexão e refração

ILUStRAçõeS: ZAPt
As leis da reflexão e refração apresentadas valem sob duas condi-
ções. Uma delas apresentamos agora e a outra será apresentada mais θ θ
adiante, no item “difração e espalhamento”. S
Uma condição é que a profundidade média das irregularidades da
superfície onde a onda incide seja pequena em comparação com o com- Figura 36. Reflexão regular de um feixe
primento de onda. cilíndrico.
Consideremos, por exemplo, o caso da luz. No capítulo 9, vimos que
uma superfície metálica polida é um bom espelho, isto é, podemos obser-
var nossa imagem produzida pela reflexão nessa superfície. Isso acontece
porque a superfície metálica polida é lisa (em comparação com o com-
primento de onda da luz), e a reflexão é regular, isto é, um feixe cilíndri-
co de luz (fig. 36) reflete-se regularmente nessa superfície, mantendo-se
cilíndrico após a reflexão. Porém, se a superfície metálica for áspera (em
comparação com o comprimento de onda da luz), não perceberemos S
mais a formação de imagens. Isso significa que houve um espalhamento
da luz (reflexão difusa). Neste caso, um feixe cilíndrico de luz, ao incidir na Figura 37. Reflexão difusa de um feixe
superfície áspera (fig. 37), espalha-se em todas as direções. cilíndrico.

Algumas propriedades das ondas 475


Porém, essa superfície metálica, que é considerada áspera para a luz, poderá ser
considerada lisa para ondas de rádio, as quais têm comprimento de onda bem maior
que o da luz. Por exemplo, as antenas parabólicas usadas para a recepção e emissão de
micro-ondas (cujos comprimentos de onda são da ordem de centímetros) em telecomu-
nicações não refletem regularmente a luz: se chegarmos perto de uma dessas antenas,
não perceberemos nossa imagem.

ILUStRAçõeS: ZAPt
Inversão de fase na reflexão S (A)
(B)
De modo análogo ao que ocorre em cordas, tanto as ondas sonoras
como as eletromagnéticas podem sofrer inversão de fase ao serem refleti-
das e esse fato será importante no estudo da interferência de ondas, que
faremos mais adiante. Figura 38.
No caso do som propagando-se no ar, quando a onda encontra uma
superfície fixa, a reflexão ocorre com inversão de fase. PROcuRE nO cD
No caso de uma onda eletromagnética que se propaga inicialmente
Veja, no capítulo 17 do CD, o
em um meio A, com velocidade vA, e que incide na superfície de separação
texto em que fazemos o cálculo
(S) do meio A com um meio B (fig. 38), onde a velocidade de propagação
de defasagem entre duas ondas,
é vB, a onda refletida terá sua fase invertida se vA > vB, incluindo-se aí o
no caso em que uma delas
caso vB = 0, isto é, o caso em que a onda não se propaga no meio B. sofreu inversão de fase.
É importante ressaltar que, para a onda refratada (quando existir), não Veja, também, exercícios
ocorre inversão de fase. relativos ao tema.

Exercícios de Aplicação

7. Um pulso reto, AB, aproxima-se, com velocidade B


v = 2,0 m/s, de uma superfície refletora S. A A v
26 m
figura representa a posição do pulso no instante
t = 0. B1
θ θ S
A1 M
B
30 m
18 m Figura a.
A v
O segmento MB1 representa uma parte do
pulso que ainda não atingiu S, enquanto o
θ S
segmento A1M corresponde a uma parte que
na realidade já se refletiu. Para determinar-
Desenhe esse pulso nos instantes: mos a parte refletida, podemos construir o
segmento simétrico de A1M em relação a S,
a) t = 13 s
obtendo o segmento A2M (fig. b).
b) t = 30 s
B
Resolu•‹o: 26 m
A
a) De t = 0 a t = 13 s temos um intervalo de A2 v
tempo Δt = 13 s, durante o qual cada ponto θ θ θ
B1
do pulso percorreu a distância d: A1 M v

d = v ∙ Δt = (2,0 m/s) · (13 s) = 26 m Figura b.


Na figura a o segmento A1B1 representa a Desse modo, a linha A2MB1 representa o pulso
posição em que estaria o pulso se não se no instante t = 13 s (fig. c). A parte MB1 ainda
refletisse na parede S. está se aproximando de S enquanto a parte A2M

476 Capítulo 17
já se refletiu. Se desenharmos o raio incidente Em seguida, sobre o raio XZ determinamos um
que passa por A, o raio refletido passará por A2. ponto A2 e sobre o raio YT determinamos
B um ponto B2 tais que:

ILUStRAçõeS: ZAPt
A AX + XA2 = 60 1
Y
θ θA
2
B1 BY + YB2 = 60 2
θ θ θ S
X M v Mas, de acordo com o enunciado, temos:
AX = 18 m e BY = 30 m
Figura c.
Poderíamos ter resolvido o problema de outro Substituindo nas equações 1 e 2 obtemos:
modo. Em primeiro lugar, desenharíamos o XA2 = 42 m e YB2 = 30 m
raio incidente AX (fig. c) e, em seguida, o
raio refletido XY. Depois, sobre o raio refletido
determinaríamos o ponto A2 de modo que: 8. A figura a seguir representa, no instante t = 0,
AX + XA2 = 26 ou 18 + XA2 = 26 ou um pulso reto AB, que se aproxima com veloci-
XA2 = 8 cm dade v = 10 m/s de uma superfície refletora S.
b) De t = 0 a t = 30 s temos um intervalo de
tempo Δt = 30 s. Nesse intervalo de tempo, S
θ
cada ponto do pulso percorreu uma distância
d dada por:
d = v ∙ Δt = (2,0 m/s) · (30 s) = 60 m v
A
Observando a figura dada no enunciado, 20 m
vemos que, no instante t = 0, o ponto do 32 m
B
pulso que está mais distante de S é o ponto
B e sua distância a S é de 30 metros. Como,
até o instante t = 30 s, cada ponto do pulso
percorreu 60 metros, concluímos que nesse Esboce esse pulso nos instantes:
instante todo o pulso já foi refletido. a) t = 2,8 s
Um dos modos de resolver o problema é b) t = 7,0 s
desenharmos inicialmente o segmento A1B1
(fig. d), o qual representa a posição em que 9. Na figura a seguir, S representa uma das paredes
o pulso estaria no instante t = 30 s, se não de um tanque de água. No instante t = 0, é
houvesse S. Em seguida, desenhamos o seg- produzido no ponto F da superfície da água um
mento A2B2, simétrico de A1B1 em relação a pulso circular que se propaga com velocidade
S. O segmento A2B2 representa o pulso (já v = 4,0 m/s. Represente esse pulso no instante
refletido) no instante t = 30 s. t = 2,0 s (supondo que não haja reflexão nas
Outro modo de resolver o problema é desenhar- outras paredes do tanque até esse instante).
mos os raios incidentes que passam por A e B
e os correspondentes raios refletidos XZ e YT. F
Z

T
A2 v
B 6,0 m
B2
A v
BY = YB2
θ θ θ θ
θ S S
X
Y
10. Num meio em que a velocidade de propagação
do som é 1 500 m/s, qual deve ser a distância
B1
mínima entre uma pessoa e um anteparo refletor
A1 do som para que ela perceba o eco de um som
emitido por ela mesma? Admita o tempo de per-
Figura d.
sistência auditiva igual a 0,10 s.

Algumas propriedades das ondas 477


11. Entre as sentenças a seguir, verifique quais são as a) Calcule a velocidade v2.
verdadeiras.
b) Calcule o valor de λ2.
a) Quando uma onda sofre refração, sua frequên-
cia se altera.
b) Na refração, o período de uma onda não se
15. A figura abaixo representa algumas linhas de
altera. onda de uma onda que passa do meio 1 para
o meio 2 . Sabendo que a velocidade de pro-
c) Na refração, o comprimento de onda é alterado.
pagação no meio 1 é v1 = 600 m/s, calcule a
d) Quando uma onda sofre refração, pode acon-
velocidade de propagação v2 no meio 2 .
tecer que sua velocidade não sofra alteração.
12. A figura abaixo representa uma onda periódica
reta, que passa de um meio 1 para um meio 2 .
A figura fornece também os comprimentos de
v1
onda λ1 e λ2 nos dois meios.

1 60°
λ1 = 8,0 m
v1 2 30°
1
S
2
λ2 = 6,0 m
v2

v2

Sabendo que a frequência da onda no meio 1 é 16. Em um tanque de água há duas regiões de pro-
f = 20 Hz, calcule: fundidades diferentes, representadas por 1 e 2
a) a frequência da onda no meio 2 ; na figura abaixo, sendo mais profunda a região
2 . Na figura, AP representa um dos raios de
b) a velocidade da onda no meio 1 ;
uma onda superficial, que se propaga da região
c) a velocidade da onda no meio 2 .
1 para a região 2 . Entre as semirretas PX e PY,
13. Uma onda de luz de frequência f = 5,0 ∙ 1014 Hz qual poderia representar o correspondente raio
passa do vácuo para um bloco de vidro, cujo refratado?
índice de refração para essa frequência é n = 1,5.
N

ILUStRAçõeS: ZAPt
Calcule:
A
a) o comprimento de onda dessa onda no vácuo;
b) a velocidade dessa onda no vidro;
c) o comprimento de onda no vidro.
1 P
14. Uma onda reta propaga-se inicialmente em um 2
X
meio 1 , com velocidade v1 = 40 3 m/s e com-
Y
primento de onda λ1 = 2 3 m. A seguir essa
onda passa para um meio 2 , onde a velocidade
de propagação é v2 e o comprimento de onda é
λ2. A figura abaixo representa um raio incidente
e o correspondente raio refratado.
17. Em regiões planas, de manhã cedo, é comum
N as pessoas se comunicarem mesmo estando um
λ1
pouco distantes umas das outras. No entanto,
quando a superfície da Terra fica mais aquecida,
60° essas pessoas não conseguem ser ouvidas. Por
1
2 que isso ocorre?
30° λ2

18. Apresente uma evidência de que a frequência da


luz não muda na reflexão.

478 Capítulo 17
Exercícios de Reforço

19. (Fuvest-SP) Em um grande tanque, uma haste a) 85 m c) 51 m e) 17 m


vertical sobe e desce continuamente sobre a b) 68 m d) 34 m
superfície da água, em um ponto P, com fre-
Dado: velocidade do som no ar = 340 m/s.
quência constante, gerando ondas, que são
fotografadas em diferentes instantes. A partir
dessas fotos, podem ser construídos esquemas,
21. (UE-RJ) Um geotécnico a bordo de uma peque-
na embarcação está a uma certa distância de
onde se representam as cristas das ondas, que
um paredão vertical que apresenta uma parte
correspondem a círculos concêntricos com centro
submersa. Usando um sonar que funciona tanto
em P. Dois desses esquemas estão apresentados
na água quanto no ar, ele observa que, quando
a seguir, para um determinado instante t0 = 0 s
o aparelho está emerso, o intervalo de tempo
e para outro instante posterior, t = 2 s. Ao
entre a emissão do sinal e a recepção do eco é de
incidirem na borda do tanque, essas ondas são
0,731 s, e que, quando o aparelho está imerso, o
refletidas, voltando a se propagar pelo tanque,
intervalo de tempo entre a emissão e a recepção
podendo ser visualizadas através de suas cristas.
ILUStRAçõeS: ZAPt
diminui para 0,170 s.

LUIZ AUGUStO RIBeIRO


3m P
sonar

água
sonar
borda

Calcule:
3m P vágua
a) a razão entre a velocidade do som na
var
água e a velocidade do som no ar;
λ
b) a razão água entre o comprimento de onda do
borda
λar
som na água e o comprimento de onda do som
no ar.
Considerando tais esquemas:
a) estime a velocidade de propagação v, em m/s, 22. (U. F. Santa Maria-RS) Quando uma onda sonora
das ondas produzidas na superfície da água se desloca de um meio material para outro meio
do tanque; diferente:
a) a frequência permanece inalterada, mas a
b) estime a frequência f, em Hz, das ondas pro-
velocidade de propagação e o comprimento de
duzidas na superfície da água do tanque;
onda mudam.
c) usando um papel quadriculado, represente b) a frequência, a velocidade de propagação e o
as cristas das ondas que seriam visualizadas comprimento de onda mudam.
em uma foto obtida no instante t = 6,0 s,
c) a frequência muda, mas a velocidade de pro-
incluindo as ondas refletidas pela borda do
pagação e o comprimento de onda permane-
tanque.
cem inalterados.
20. (UF-CE) A orelha humana percebe distintamente d) o comprimento de onda permanece inaltera-
dois sons quando separados de um intervalo de do, mas a frequência e a velocidade de propa-
tempo mínimo de 0,1 s. Uma pessoa emite um gação mudam.
som breve e forte que se reflete num anteparo e) a velocidade de propagação muda, mas o
situado a uma distância d. O mínimo valor de d comprimento de onda e a frequência perma-
para que a pessoa perceba com distinção o eco é: necem inalterados.

Algumas propriedades das ondas 479


23. (Fuvest-SP) Uma fonte emite ondas sonoras de IV. A velocidade de propagação das ondas mecâ-
200 Hz. A uma distância de 3 400 m da fonte está nicas é maior nas rochas do que na água.
instalado um aparelho que registra a chegada das Estão corretas somente as afirmativas:
ondas através do ar e as remete de volta através
a) I e II. c) II e IV. e) I e IV.
de um fio metálico retilíneo. O comprimento
dessas ondas no fio é 17 m. Qual o tempo de ida b) II e III. d) I, II e III.
e volta das ondas?
a) 11 s c) 22 s e) 200 s 26. (UF-BA) A figura abaixo mostra, esquematica-
mente, as frentes de ondas planas, geradas em
b) 17 s d) 34 s
uma cuba de ondas, em que duas regiões, nas
Dado: velocidade do som no ar = 340 m/s. quais a água tem profundidades diferentes, são
24. (UF-PE) Um feixe de luz de cor laranja, cujo separadas pela superfície imaginária S. As ondas
comprimento de onda, no vácuo, é λ = 600 nm são geradas na região 1, com frequência de 4 Hz,
(1 nm = 1 ∙ 10–9 m), atravessa um bloco de cristal e se deslocam em direção à região 2. Os valores
de espessura L. Essa luz demora apenas um tempo medidos, no experimento, para as distâncias
Δt = 2 ns para atravessar o cristal e seu compri- entre duas cristas consecutivas nas regiões 1 e 2
mento de onda ali fica reduzido a λn = 400 nm. valem, respectivamente, 1,25 cm e 2,00 cm.
O índice de refração n do cristal e sua espessura L

ZAPt
têm valores dados, respectivamente, por:
a) 1,5 e 16 cm. d) 1,2 e 60 cm.
b) 1,5 e 40 cm. e) 1,5 e 60 cm.
cristas
c) 1,2 e 40 cm. cristas

25. (UE-PA) Na busca por reservatórios de petróleo,


os geofísicos investigam o interior da Terra,
usando ondas mecânicas chamadas ondas sís-
micas, que são geradas por explosões próximas região 1 região 2
S
à superfície e se propagam nas rochas, sofrendo
reflexões e refrações nas várias camadas e estru- Com base nessas informações e na análise da
turas subterrâneas. Quando os levantamentos figura, dê a soma dos números das afirmativas
sísmicos são feitos no mar, as ondas são geradas corretas.
na água, se propagam até o fundo e penetram [...]
nas rochas, como representado na figura a seguir. (02) A frequência da onda na região 2 vale 4 Hz.
(04) Os comprimentos de onda, nas regiões 1 e 2,
LUIZ AUGUStO RIBeIRO

valem, respectivamente, 2,30 cm e 4,00 cm.


(08) A velocidade da onda, na região 2, é maior
água
do que na região 1.
(16) Seria correto esperar-se que o comprimento
de onda fosse menor nas duas regiões, caso
a onda gerada tivesse frequência maior do
que 4 Hz.
rocha

27. (UF-RN) Informações diagnósticas sobre a estru-


tura do corpo humano podem ser obtidas pela
Sobre a propagação dessas ondas, analise as ultrassonografia. Nessa técnica, um pulso de
seguintes afirmações: ultrassom é emitido por um transdutor através
do corpo e é medido o intervalo de tempo entre
I. Quando a onda passa da água para a rocha,
o instante da emissão desse pulso e o da recep-
sua frequência diminui.
ção dos pulsos refletidos pelas interfaces dos
II. A propagação da onda mecânica na água órgãos internos. A figura a seguir representa um
é longitudinal, enquanto que nas rochas é exame de ultrassonografia, no qual o transdutor
tanto transversal quanto longitudinal. colocado na altura do pescoço de um paciente,
III. Quando a onda passa da água para a rocha, cujo diâmetro da artéria carótida se deseja medir,
seu comprimento de onda diminui. emite pulsos com velocidade de 1,5 ∙ 105 cm/s.

480 Capítulo 17
Mostram-se, também, os tempos em que os pul- I
sos refletidos pela pele do paciente e pelas pare-
des anterior e posterior da sua carótida foram

gráfico I
detectados.

ZAPt
transdutor

pele
5 · 10– 6 s
pulsos pulso emitido t (μs)
refletidos 15 · 10– 6 s

carótida
–6
35 · 10 s I

É correto afirmar que o diâmetro da carótida do


paciente, na altura do pescoço, mede:

gráfico II
a) 0,15 cm c) 0,25 cm
b) 1,5 cm d) 2,25 cm
28. (Fuvest-SP) Imagens por ultrassom podem ser
obtidas a partir da comparação entre o pulso 0 40 80 120 160 200 240 t (μs)
de um sinal emitido e o pulso proveniente da
reflexão em uma superfície do objeto que se quer Considere:
analisar. Em um teste de controle de qualidade,
para conferir a espessura de uma placa de plás- • Velocidade do ultrassom no plástico = 1 200 m/s.
tico, são usados pulsos de ondas com frequência • Os gráficos representam a intensidade I em
f = 1,5 MHz. Os gráficos I e II representam,
uma escala arbitrária.
respectivamente, as intensidades em função do
tempo dos pulsos emitidos e dos pulsos captados • Cada pulso é composto por inúmeros ciclos da
no receptor, em uma certa parte da placa. onda de ultrassom.
• Cada pulso só é emitido depois da recepção do
LUIZ AUGUStO RIBeIRO

pulso anterior.
emissor
e receptor
a) Determine o intervalo de tempo Δt, em μs,
D entre os pulsos emitidos e os pulsos captados.
b) Estime a espessura D, em mm, da placa.
plástico
c) Determine o comprimento de onda λ, em mm,
das ondas de ultrassom utilizadas.

5. Difração e espalhamento
LUIZ AUGUStO RIBeIRO

Suponha que você esteja de um lado de um muro


e, do outro lado, haja um alto-falante emitindo som
(fig. 39). Você ouvirá o som vindo do alto-falante, mas
não o verá. Isso significa que o som emitido contornou
o muro e atingiu seus ouvidos, mas a luz emitida (por
reflexão) pelo alto-falante não contornou o muro.
Quando uma onda contorna um obstáculo, dizemos
que houve difra•‹o. Mas por que o som sofreu difração
e a luz não? Figura 39.

Algumas propriedades das ondas 481


A experiência mostra que, quando o comprimento de onda (λ) é pequeno em com-
paração ao tamanho do obstáculo (ou orifício), não ocorre difração (fig. 40). Mas,
quando λ tem valor aproximadamente igual (ou maior) ao dos obstáculos, ocorre difra-
ção (fig. 41).

ILUStRAçõeS: ZAPt
Figura 40. Figura 41.

No ar, os comprimentos de onda do som variam entre, aproximadamente, 2 cm e 20 m,


enquanto os comprimentos de onda da luz visível variam entre, aproximadamente,
4 ∙ 10–7 m e 7 ∙ 10–7 m. Portanto, os comprimentos de onda da luz são muito menores
que os do som; isso explica por que é mais fácil observar a difração do som do que a da
luz. No entanto, se fizermos a luz incidir em um orifício com tamanho próximo de seu
comprimento de onda, a difração da luz poderá ser observada.

Espalhamento
É costume usar o termo “difração” nos casos em que os obstáculos têm dimensões
(d ) próximas do valor de λ, mas com d > λ.
Nos casos em que d ≅ λ ou d < λ é costume usar o termo espalhamento. A figura
42 ilustra um espalhamento. Uma onda atinge um objeto de tamanho menor que λ e
o objeto espalha a onda para todas as direções.

λ λ

Figura 42.
A difração e o espalhamento impõem limites às leis da reflexão e refração. Para que
a reflexão e a refração sejam regulares, é necessário que as dimensões da superfície S
onde a onda incide sejam grandes em comparação com o comprimento da onda. As-
sim, os instrumentos de observação, como o microscópio apresentado no capítulo 14,
só conseguem formar imagens nítidas quando os objetos observados são bem maiores
que o comprimento de onda da onda utilizada. Como os comprimentos de onda da luz
(no vácuo) estão, aproximadamente, entre 4 ∙ 10–7 m e 7 ∙ 10–7 m, esse instrumento só
consegue formar imagens nítidas de objetos que tenham tamanhos bem maiores que
esses valores.
Quando, no capítulo anterior, mencionamos o uso do efeito Doppler para a medida
da velocidade de objetos, dissemos que as ondas usadas são de ultrassom (e não de
som) e a razão é o espalhamento. Quanto maior a frequência do ultrassom usado, me-
nor será o seu comprimento de onda e objetos menores poderão ser detectados. Pelo
mesmo motivo são usadas ondas de ultrassom no sonar e em exames médicos.

482 Capítulo 17
6. O Princípio de Huygens
A propagação de uma onda pode ser determinada a partir das propriedades elásti-
cas do meio (no caso das ondas mecânicas), ou das leis do eletromagnetismo (no caso
das ondas eletromagnéticas). No entanto, em alguns casos, essa determinação exige
cálculos muito complicados. Nesses casos, frequentemente pode-se obter a solução do
problema aplicando-se um princípio formulado originalmente por Huygens (Christian
Huygens, holandês, 1629-1695), em 1678, para explicar a propagação da luz. Porém,
ele pode ser usado para qualquer tipo de onda.
Antes de apresentarmos o princípio, é conveniente ressaltar que ele foi enunciado
numa época em que ainda não havia certeza sobre a natureza da luz. Alguns (como, por
exemplo, Newton) achavam que a luz era formada por partículas, e outros (como,
por exemplo, Huygens) achavam que a luz era uma onda. Mas ninguém nessa época
conseguia explicar convincentemente muitos fenômenos observados com a luz. O fato
de que a luz é uma onda eletromagnética só veio a ser estabelecido no século XIX.
O Princípio de Huygens serve para determinar a posição de uma frente de onda
num determinado instante, desde que conheçamos sua posição num instante anterior.
O enunciado é o seguinte:

Cada ponto de uma frente de onda comporta-se como fonte de “pequenas”


ondas secundárias, que se propagam em todas as direções, com velocidade igual
à da onda principal. Após um intervalo de tempo Δt, a nova posição da frente de
onda é a envoltória das frentes das ondas secundárias.

Por “envoltória das frentes das ondas secundárias” entende-se a superfície que tan-
gencia as frentes das ondas secundárias.
Consideremos, por exemplo, o caso ilustrado na figura 43, em que S é a frente de
onda no instante t, para uma onda que se propaga com velocidade v. Para obter a po-
sição S da frente de onda no instante t' = t + Δt, consideramos cada ponto de S como
um emissor de ondas secundárias. Supondo que o meio seja homogêneo e isotrópico,
a velocidade de propagação será a mesma em todas as direções. Assim, no instante t',
as frentes de ondas secundárias serão circunferências (ou superfícies esféricas), de raio
r = v ∙ Δt. A frente de onda S', no instante t', é a superfície (ou linha) que tangencia
todas as frentes de ondas secundárias.
Huygens afirmou também que as ondas secundárias só eram efetivas no ponto de
contato com a envoltória, tendo intensidade desprezível nos outros pontos. Assim, no
caso da figura 43, a onda secundária ABC só é efetiva no ponto B; os trechos AB e BC
têm intensidade desprezível.
PROcuRE nO cD
B
ZAPt

C Veja, no capítulo
v v 17 do CD, o texto
A v
r v v Princípio de
S'
Huygens e as
leis da reflexão e
refração.
S

Figura 43.
A partir desse princípio é possível demonstrar algumas propriedades das ondas,
como, por exemplo, as leis da reflexão e refração, o que fazemos no capítulo 17 do CD.

Algumas propriedades das ondas 483


7. Polarização
Vimos várias propriedades que valem tanto para ondas longitudinais como para
transversais: reflexão, refração, difração, efeito Doppler. Porém, há uma propriedade
que vale apenas para ondas transversais: a polarização.
Na figura 44 representamos uma onda transversal propagando-se em uma corda
em duas situações. Na figura 44a as oscilações ocorrem em um plano vertical e, na
figura 44b, as oscilações ocorrem em um plano horizontal. Nos dois casos dizemos que
a onda está polarizada em um plano.

(a) (b)

ILUStRAçõeS: ZAPt
Figura 44.

Suponhamos que coloquemos uma placa, com uma fenda vertical, no caminho de
uma onda na corda, que esteja polarizada em um plano vertical (fig. 45a); a onda con-
seguirá passar. Já uma onda polarizada em um plano horizontal (fig. 45b) não conse-
guirá passar pela fenda vertical.

(a) (b)

Figura 45.

No caso das ondas eletromagnéticas, para determinar sua polarização,


considera-se apenas o campo elétrico E.
Quando dizemos que um feixe de luz está polarizado, a situação é um v
pouco diferente do caso da corda vibrante. No caso da corda, há um único r
plano de oscilação. No caso da luz polarizada, há inúmeros planos paralelos
nos quais o campo elétrico oscila (fig. 46). A reta r, paralela aos campos
elétricos, caracteriza a direção de oscilação.
A luz natural não é polarizada, isto é, há uma mistura de ondas nas quais
o campo elétrico oscila em inúmeros planos não paralelos. Na figura 47,
as retas r, s e t representam algumas das direções de oscilação do campo Figura 46.
elétrico de um feixe de luz não polarizado.
A luz não polarizada pode ser polarizada usando-se alguns cristais espe-
ciais (como, por exemplo, a turmalina) ou uma lâmina de um material cha- s r v
t
mado polaroide. Nesses materiais as moléculas têm um arranjo especial,
de modo que há uma série de fendas paralelas que, de modo semelhante
ao que ocorreu na figura 45, só deixam passar a luz com uma determinada luz
natural
direção de oscilação. Assim, a luz fica polarizada, e o material usado é cha-
mado de polarizador. Figura 47.

484 Capítulo 17
Na figura 48 ilustramos um experimento semelhante ao da corda.

ILUStRAçõeS: ZAPt
luz não luz
polarizada polarizada
não há luz
transmitida
v

P1 P2
Figura 48.

Um feixe de luz não polarizada incide num polarizador P1, perpendicular à direção
de propagação v e cujas fendas são verticais. Depois de passar por P1 a luz estará pola-
rizada, de modo que a direção de oscilação é paralela às fendas. A seguir, essa luz incide
no polarizador P2, cujas fendas são horizontais: não há passagem de luz.
Suponhamos agora que uma onda de luz polarizada incida em um polarizador, de
modo que a direção de oscilação do campo elétrico seja inclinada em relação à direção
das fendas, como ilustra a figura 49, em que E0 representa a amplitude do campo elétri-
co da onda incidente. Nesse caso, a componente Ex, paralela às fendas, passa pelo pola-
rizador (fig. 50), mas a componente Ey não passa. Desse modo, o polarizador alterou a
direção de oscilação de uma onda que era polarizada e assim continua após passar pelo
polarizador. Antes do polarizador a amplitude da onda é E0 e depois dele é Ex, sendo:

Ex = E0 · cos θ

Ey E0 I0
I
direção E0
Ex
θ das fendas
Ex v v

(Intensidade I0) (Intensidade I )

Figura 49. Figura 50.

Vimos que a intensidade de uma onda é proporcional ao quadrado da amplitude.


Assim, se antes do polarizador a intensidade da onda é I0 e depois dele a intensidade
é I, temos:
I (e )2 (e · cos θ)2
= x2 = 0 2 = cos2 θ
I0 (e0) e0
ou:
I = I0 · cos2 θ

existem óculos que utilizam lentes de polaroide para diminuir a intensidade da luz
que atinge nossos olhos. Se você colocar dois desses óculos em direções cruzadas,
como na figura 51, nenhuma luz passará pela região de superposição.
eDUARDO SANtALIeStRA

Figura 51. Superposição de lentes polari-


zadoras de eixos perpendiculares: nesse
caso não ocorre a passagem de luz.

Algumas propriedades das ondas 485


Polarização por reflexão

ILUStRAçõeS: ZAPt
Quando luz não polarizada incide em uma superfície não metáli-
ca, com ângulo de incidência não nulo, a luz refletida está polarizada
preferencialmente em um plano paralelo à superfície (fig. 52). Isso sig-
nifica que a componente polarizada perpendicularmente à superfície
é bastante absorvida ou transmitida. Você pode perceber isso girando
lentes de polaroide ao olhar para superfícies planas, tais como lagos,
estradas ou vitrines (figs. 53a e 53b). Como a maioria das superfícies
externas são horizontais, os óculos de polaroide são feitos com eixo
vertical, de modo a eliminar a componente horizontal, mais intensa. Figura 52.

FOtOGRAFIAS: eDUARDO SANtALIeStRA


(a) Foto sem lente (b) Foto com filtro
de polaroide. Não polaroide. Vê-se me-
se vê bem o inte- lhor o interior da vi-
rior da vitrine. trine.
Figura 53.

Na figura 53a a foto foi tirada com lente normal; portanto, há bastante luz refletida, θp
θp
dificultando a visão do interior da vitrine. Na figura 53b foi usada uma lente com filtro
polaroide, eliminando-se assim uma boa parte da luz refletida e possibilitando uma
1 n1
melhor visão do interior. Pescadores também gostam de usar óculos de polaroide para
2 n2
diminuir a luz refletida e, assim, ver melhor o fundo do rio ou do lago.
A proporção de luz polarizada no feixe refletido depende do ângulo de incidência θr

e atinge a proporção de 100% quando o ângulo de incidência for igual a θp (fig. 54),
dado por: Figura 54. Os pontos re-
n presentam a polarização
tg θp = 2 9 (Lei de Brewster)
n1 perpendicular ao plano da
figura.
sendo n1 o índice de refração do meio onde está o raio incidente e n2 o índice de
refração do outro meio.
A equação 9 pode ser obtida pela aplicação das leis do eletromagnetismo. Porém,
antes de essas leis estarem completas, em 1812, o físico escocês David Brewster (1781-
1868) obteve essa equação experimentalmente. Por isso, a equação 9 é conhecida
como Lei de Brewster e o ângulo θp é chamado ângulo de Brewster. A partir da
equação 9 e da Lei de Snell-Descartes, é possível demonstrar que, quando o ângulo
de incidência for θp, o raio refletido e o raio refratado são perpendiculares. (No exercício
38 pediremos que você faça essa demonstração.)

cinema em 3D
Atualmente há alguns filmes em três dimensões (3D), isto é, filmes em que temos a
noção de profundidade que ocorre quando observamos os objetos reais. essa visão em
profundidade, que é chamada visão estereoscópica (do grego stere—s, que significa

486 Capítulo 17
“sólido”, “tridimensional”, e do grego skopŽo, que significa “observar”) é consequên-
cia do fato de cada um dos nossos olhos observar um mesmo objeto sob ângulos
ligeiramente diferentes. Assim, para produzir um filme em 3D são usadas duas câmeras
próximas, de modo que a distância entre as lentes das duas é aproximadamente igual
à distância entre nossos olhos. As duas séries de imagens são projetadas com luzes
polarizadas em direções perpendiculares. Usando óculos de polaroide, cujas lentes têm
eixos perpendiculares, cada olho receberá uma série diferente de imagens, dando a
sensação de profundidade.

Exercícios de Aplicação

29. Quando uma onda contorna obstáculos, dizemos 33. Considere dois polaroides paralelos, P1 e P2, tais
que houve: que o eixo de P1 é vertical e o eixo de P2 forma
um ângulo θ com a vertical. Luz polarizada com
a) refração. c) polarização.
intensidade I0 incide perpendicularmente a P1 e
b) reflexão. d) difração. a seguir passa por P2. Determine o valor de θ de
modo que, após passar por P2, a intensidade da
30. O princípio de Huygens estabelece que: luz:
a) o som é uma onda transversal. 3
a) fique reduzida a da inicial.
b) o som é uma onda longitudinal. 8
b) sofra uma redução de 75%.
c) cada ponto de uma frente de onda é fonte de
ondas secundárias. 34. No texto teórico vimos que, quando a luz passa
d) a luz é constituída de partículas e ondas. por dois polaroides cruzados (eixos formando
ângulo de 90°), nenhuma luz emerge do segun-
31. Classifique cada frase a seguir como verdadeira do (fig. 48). No entanto, se pusermos entre os
ou falsa: dois um terceiro polaroide, é possível que haja
a) Ondas sonoras podem ser polarizadas. luz emergente do último. Na figura a seguir
representamos três polaroides paralelos, P1, P2 e
b) Ondas de luz podem ser polarizadas.
P3, sendo que o eixo de P1 é vertical, o eixo de P3
c) A polarização só existe para ondas transversais. é horizontal e o eixo de P2 forma ângulo de 60°
com a vertical.
32. A figura representa dois polaroides paralelos, P1
e P2, sendo que o eixo de P1 é vertical e o eixo P1 P2 P3

ILUStRAçõeS: ZAPt
de P2 forma ângulo de 60° com a vertical. Luz
não polarizada incide perpendicularmente em P1,
luz não
com intensidade I0. Qual a intensidade da luz que polarizada
emerge de P2? I0 I1 I2 I3
P1 P2
Luz não polarizada, com intensidade I0, incide
perpendicularmente a P1. Sejam I1, I2 e I3 as
luz não intensidades da luz após emergir de P1, P2 e P3,
polarizada
I0 I1 I2 respectivamente. Determine, em função de I0, os
valores de:
Resolu•‹o:
a) I1 b) I2 c) I3
O primeiro polaroide reduz a intensidade do feixe
à metade:
I 35. Luz não polarizada, propagando-se inicial-
I1 = 0 mente no ar, incide na superfície de um lago.
2
Sabendo que o índice de refração da água é
Sendo I2 a intensidade do feixe que emerge de
1,33, determine:
P2, temos:
I0 1 2 I0 a) o ângulo de Brewster para essa situação;
I2 = I1 · cos2 60° = · ⇒ I2 = b) o ângulo de refração quando o ângulo de
2 2 8
incidência for igual ao ângulo de Brewster.

Algumas propriedades das ondas 487


Resolução: 36. Um feixe de luz não polarizada, propagando-se
inicialmente na água, incide num bloco de vidro.
a) O índice de refração do ar é aproximadamente
igual a 1. Portanto, neste caso temos:

ILUStRAçõeS: ZAPt
n1 = 1 e n2 = 1,33
n2 1,33
tg θp = = = 1,33 S
água
n1 1
vidro
Assim: θp = arc tg 1,33

θp θp Sabendo que o índice de refração da água é 1,33


ar n1 = 1 e o do vidro é 1,66, determine:
água n2 = 1,33 a) o ângulo de incidência para o qual a luz refle-
θr tida é totalmente polarizada.
b) o ângulo de refração quando o ângulo de inci-
dência for o determinado no item a.
Consultando uma tabela trigonométrica ou
usando uma calculadora eletrônica, obtemos: 37. Próximo de sua casa, no alto de uma montanha,
há duas antenas transmissoras: uma de rádio
θp ≅ 53,1° AM e outra de rádio FM. Porém, entre sua casa
e a montanha há um alto edifício. Você nota
b) Quando o ângulo de incidência é θp, o ângulo que a recepção de AM é boa, mas a de FM não.
de refração θr é dado por: Por quê?
θp + θr = 90°
38. Demonstre que, quando o ângulo de incidência
Assim: 53,1° + θr ≅ 90° ⇒ θr ≅ 36,9° for o ângulo de Brewster, os raios refletido e
refratado são perpendiculares.

Exercícios de Reforço

39. (UF-GO) Um funcionário de um banco surpreen- 42. (U. F. Viçosa-MG) A tabela abaixo apresenta as
de-se ao ver a porta da caixa-forte entreaberta e, frequências f, correspondentes a algumas das
mesmo sem poder ver os assaltantes no seu inte- cores do espectro da luz visível.
rior, ouve a conversa deles. A escuta é possível
graças à combinação dos fenômenos físicos da: Cor f (hertz)
a) interferência e reflexão. vermelha 4,6 ∙ 1014
b) refração e dispersão. amarela 5,3 ∙ 1014
c) difração e reflexão. verde 5,6 ∙ 1014
d) interferência e dispersão.
azul 6,3 ∙ 1014
e) difração e refração.
violeta 6,7 ∙ 1014
40. (UF-RS) Entre as dimensões citadas nas alter-
nativas a seguir, para a abertura de uma fenda Caso se incida um feixe de luz monocromática,
simples, a mais adequada para produzir difração de uma das cores da tabela, em um orifício
da luz é: retangular de pequena largura, a difração mais
a) 105 m b) 10 cm c) 1 cm d) 10–7 m pronunciada será observada para o feixe de cor:
a) violeta.
41. (PUC-SP) A hipótese de a luz ser constituída por
ondas transversais é exigida pelo fenômeno da: b) amarela.
a) reflexão. d) polarização. c) verde.
b) refração. e) difusão. d) azul.
c) difração. e) vermelha.

488 Capítulo 17
43. (ITA-SP) Uma luz não polarizada de intensidade 44. (ITA-SP) “Cada ponto de uma frente de onda
I0 ao passar por um primeiro polaroide tem sua pode ser considerado como a origem de ondas se-
intensidade reduzida pela metade, como mostra cundárias tais que a envoltória dessas ondas
a figura. A luz caminha em direção a um segun- forma a nova frente de onda”.
do polaroide que tem seu eixo inclinado em um I. Trata-se de um Princípio aplicável somente a
ângulo de 60° em relação ao primeiro. ondas transversais.

ZAPt
II. Tal Princípio é aplicável somente a ondas
sonoras.
60¡
I0 III. É um Princípio válido para todos os tipos de
I0 2 ondas tanto mecânicas quanto ondas eletro-
magnéticas.
Das afirmativas feitas pode-se dizer que:
a) somente I é verdadeira.
A intensidade de luz que emerge do segundo b) todas são falsas.
polaroide é: c) somente III é verdadeira.
a) I0 c) 0,375I0 e) 0,125I0 d) somente II é verdadeira.
b) 0,25I0 d) 0,5I0 e) I e II são verdadeiras.

8. Refletância e transmitância da luz


A luz emitida pelas fontes usuais (Sol, lâmpadas, chama de uma vela, etc.) é não
polarizada, sendo chamada de luz natural.
Consideremos dois meios transparentes, A e B, e um raio de luz natural que se
propaga inicialmente no meio A e incide no meio B (fig. 55). Supondo que não ocorra
reflexão total, o feixe incidente i divide-se em dois feixes: um feixe refletido r e um
transmitido t. A absorção, se houver, ocorrerá depois, durante o percurso. Assim, sendo
I0 a intensidade da luz incidente, Ir a intensidade da luz refletida e It a intensidade da luz
transmitida, devemos ter:
I0 = Ir + It 10
eDUARDO SANtALIeStRA
ZAPt

r i

θ θ
A S

Figura 55. Figura 56. A luz incide na superfície e sofre


transmissão e reflexão.
Os valores de Ir e It em geral são diferentes e vão depender da natureza dos meios
A e B e do ângulo de incidência θ. No caso da figura 56, por exemplo, vemos que a
intensidade (brilho) da luz transmitida é maior que a da luz refletida, isto é, It > Ir.
A refletância R e a transmitância T são definidas por:

Ir It
R= e T= 11
I0 I0

Algumas propriedades das ondas 489


É fácil concluir, a partir da equação 10 e das definições 11 , que:

R+T=1 12
Vejamos:
i
I0 I + It I I r
θ θ
I0 = Ir + It ⇒ = r ⇒1= r + t ⇒1=R+t
I0 I0 I0 I0 ar
R T vidro

A maneira como variam R e T com a variação do ângulo de inci- t


dência vai depender do sentido do raio incidente, isto é, se ele vai do
meio mais refringente para o menos refringente ou o contrário. Para
Figura 57.
exemplificar, vamos comentar o caso em que os dois meios são o ar e
um tipo de vidro, cujo índice de refração é 1,5; considerando as duas
possibilidades: passagem do ar para o vidro (fig. 57) e passagem do
vidro para o ar. intensidade da radiação (%)
1,0
0,96
0,9
0,8 T
1ª. possibilidade: Passagem do ar para o vidro 0,7
0,6
Como o índice de refração do vidro é maior que o do ar, neste caso 0,5
não pode haver reflexão total: haverá um feixe refletido e um transmi- 0,4
tido. experimentalmente verifica-se que os gráficos de R e T em função 0,3
de θ são os da figura 58. 0,2
R
0,1
Podemos observar que, para ângulos de incidência pequenos, a re- 0,04
0
fletância é pequena e a transmitância é grande, isto é, quase toda a 20° 40° 60° 80° ângulo θ de
energia que incide no vidro é transmitida através dele. Por exemplo, incidência
(graus)
com incidência normal, isto é, θ = 0° (fig. 59), temos: Figura 58.
4 96
R = 0,04 = = 4% e t = 0,96 = = 96%
100 100
isto é, 4% da energia incidente são refletidos e 96% são transmitidos.
ILUStRAçõeS: ZAPt

(a) (b) 4%

100%
ar ar
vidro vidro
96%

Figura 59.

Já para θ ≅ 70° (fig. 60), da figura 58 obtemos:


R = 0,2 = 20% e t = 0,8 = 80%

(a) (b) 20%

100% 70¡ 70°


ar ar
vidro vidro
39°
80%

Figura 60.
O ângulo de 39° da figura 60b foi obtido aplicando a Lei de Snell-Descartes, lem-
brando que o índice de refração do vidro que estamos usando é 1,5.

490 Capítulo 17
R
2ª. possibilidade: Passagem do vidro para o ar 1,0
Agora temos a passagem de um meio mais refringente para um menos re-
fringente. Na figura 61, apresentamos, para este caso, o gráfico de R em função 0,8

do ângulo de incidência θ (no exercício 45 pediremos que você esboce o gráfico


0,6
de T ). Podemos observar que para θ ≅ 42° a refletância R torna-se bruscamente
igual a 1, isto é, 100%. Isso significa que 42° é o ângulo limite (L) após o qual te-
0,4
mos reflexão total, isto é, toda a energia incidente na superfície de separação do
dioptro vidro-ar é refletida. Para conferir, apliquemos a Lei de Snell-Descartes. 0,2
n 1
sen L = ar = ≅ 0,67 0,04
nvidro 1,5 0 10º 20º 30º 50º 60º 70º 80º θ
42º
Consultando uma tabela ou usando uma calculadora eletrônica, veremos
que o ângulo cujo seno é 0,67 tem o valor aproximado de 42°: Figura 61.
L ≅ 42°

Exercícios de Aplicação

45. Para o caso representado na figura 61 do texto, Sendo I1 a intensidade do feixe que se propa-
esboce o gráfico da transmitância (T ) em função ga para a direita no interior da lâmina e I2 a
do ângulo de incidência θ. intensidade do feixe ao abandonar a lâmina,
calcule:
Texto para as questões de números 46 a 48: I1 I2 I2
a) b) c)
Na figura a seguir, temos os gráficos da refle- I0 I1 I0
tância em função do ângulo de incidência para a
passagem da luz do ar para um tipo de vidro e de 47. Um feixe de luz de intensidade I0 incide na face
vidro para o ar. AB de um prisma de vidro, como ilustra a figura.
A

ILUStRAçõeS: ZAPt
R (%)
100 vidro ar
ar
90 vidro → ar
80 I1
E
70 70º
D 40º I2
60 I0
50 ar → vidro B C
40
30 Sendo I1 a intensidade do feixe que se propaga
20 de D para E e I2 a intensidade do feixe que sai do
10 prisma em E, calcule:
5
0 I1 I2 I2
10 20 30 40 50 60 70 80 90 θ (¡) a) b) c)
I0 I1 I0
46. Um feixe de luz de raios paralelos, cuja intensi-
dade é I0, incide perpendicularmente em uma das
48. Um feixe de luz de intensidade I0 incide em um
prisma de vidro como mostra a figura. Sendo I2 a
faces de uma lâmina de faces paralelas feitas de
intensidade do feixe que sai do prisma pela face
vidro, como ilustra a figura.
I
AC, calcule 2 .
I0

I0 I2 I0 I2

I1 30¡
B C

Algumas propriedades das ondas 491


Exercícios de Reforço

49. (U. F. Juiz de Fora-MG) Numa experiência em a) Calcule a razão entre n2 e n1.
que se mediu a razão R entre a energia lumino-
b) Tomando como referência a direção do raio de
sa refletida e a energia luminosa incidente na
interface entre dois meios de índices de refração incidência, o raio refratado deve se aproximar
n1 e n2 em função do ângulo de incidência θ, ou se afastar da normal?
obteve-se o gráfico a seguir, em que R é dada em
porcentagem. c) Calcule a relação ente a energia refletida e a
energia refratada, quando θ = 30°.
normal
50. Para a situação da questão anterior, a razão entre
n1 θ a intensidade da onda refratada e a intensidade
n2 da onda refletida é:

a) 1
2
R (%) 100 b) 1
80
c) 2
60
40 d) 3
20
0 e) 1
20 40 60 80 θ (¡) 3

9. Interferência
Suponhamos que várias ondas mecânicas ou várias ondas eletromagnéticas passem
ao mesmo tempo por um ponto P do espaço. Dizemos que nesse ponto há uma su-
perposição ou interferência de ondas. O efeito resultante em P, em geral, pode ser
obtido fazendo-se a soma vetorial dos efeitos que cada onda teria sozinha, e esse fato
é chamado Princípio de Superposição.
Para exemplificar, vamos supor que dois pulsos transversais, de amplitudes A1 e A2,
percorram uma corda esticada, em sentidos opostos, como ilustra a figura 62a.

(a) (b) (c)


ILUStRAçõeS: ZAPt

A
A1 A1
P A2 A2 P

Figura 62.

Supondo que esses pulsos cheguem ao mesmo tempo em P, nesse ponto forma-se
um pulso resultante (fig. 62b) de amplitude A tal que A = A1 + A2. Logo depois de
ocorrer a situação da figura 62b, os dois pulsos iniciais continuam a se propagar nos
sentidos iniciais (fig. 62c).

492 Capítulo 17
Vejamos agora a situação representada na figura 63a. Se os pulsos atingirem P
ao mesmo tempo, nesse momento forma-se em P um pulso de amplitude A' tal que
A' = A1 – A2 (fig. 63b). Um pouco depois, os pulsos iniciais continuam a se propagar
como antes da superposição (fig. 63c).

(a) (b)
P

A1 A'
A2

(c)

A1
A2 P

Figura 63.

Suponhamos agora uma situação semelhante à da figura 63, mas com pulsos de
mesma forma e mesma amplitude (fig. 64a).

(a) (b)

ILUStRAçõeS: ZAPt
A1
P P

A2
A1 = A2 A1 – A2 = 0

(c)

A1
P

A2 A1 = A2

Figura 64.

Se esses pulsos chegarem simultaneamente ao ponto P, durante um pequeno inter-


valo de tempo veremos a corda sem deformação (fig. 64b), mas, logo após, os pulsos
originais reaparecem (fig. 64c), movendo-se nos mesmos sentidos iniciais.
em situações como a da figura 62, em que há uma soma de amplitudes, dizemos
que houve uma interferência construtiva e, em casos como os das figuras 63 e 64,
em que temos uma subtração de amplitudes, dizemos que houve uma interferência
destrutiva.
Numa situação como a da figura 62, se as amplitudes forem muito grandes pode
acontecer de a amplitude resultante ser menor que a soma das amplitudes originais,
isto é, A < A1 + A2. Isso acontece pelo fato de haver um limite para a elasticidade do
meio. No entanto, não trataremos desse caso no nosso curso. Vamos supor que o meio
é suficientemente elástico para que se aplique o Princípio de Superposição.

Algumas propriedades das ondas 493


10. Ondas estacionárias em fios
Consideremos um fio esticado, de comprimento L e extremidades N1 e N2, tais
que N2 esteja fixa em um suporte S e N1 esteja ligada a um aparelho que pode
produzir uma onda transversal no fio (fig. 65a). Vamos supor que a oscilação de N1
seja muito “pequena”, de modo que possamos admitir que N1 esteja “quase” em
repouso.
A onda produzida em N1 viaja até N2, onde é refletida (com inversão de fase) e, ao
voltar, irá interferir com a onda que está indo de N1 para N2. O efeito resultante vai de-
pender da frequência (f ) da onda produzida pelo aparelho vibratório. existem algumas
frequências (que logo veremos como calcular) que produzem efeitos como os exempli-
ficados na figura 65. Os pontos N1, N2, N3, N4 e N5 ficam em repouso e são chamados
de nós ou nodos. Cada trecho do fio que está entre dois nós consecutivos oscila para
baixo e para cima com a mesma frequência f da onda e de modo que, quando um tre-
cho está descendo, o trecho seguinte está subindo, e vice-versa. Isso pode ser percebido
pelas cores usadas na figura 65. Observe, por exemplo, a linha vermelha na figura 65d.
ela indica a configuração do fio em um determinado instante, e o mesmo ocorre para as
linhas de outras cores. O ponto V1 na figura 65b é o que oscila com a maior amplitude
entre todos os pontos que estão entre N1 e N2: ele é chamado ventre ou antinó (ou
antinodo). Os pontos V2, V3, V4, V5 e V6 também são ventres.
A distância entre dois nós consecutivos é igual à metade do comprimento de onda
λ
em cada caso.
2
Configurações como as exemplificadas na figura 65 são chamadas

ZAPt
L
S
de ondas estacionárias. A configuração da figura 65b é chamada de vibrador
N1 N2
modo fundamental ou 1º. harmônico (1º. H); a configuração da figura (a)
65c é chamada de 2º. harmônico (2º. H), e assim por diante. Na figura
V1
65 representamos configurações até o 3º. harmônico (3º. H), mas o
número de harmônicos é, teoricamente, infinito. (b) (1º. H) N1 N2
Observando a figura 65, percebemos que:

λ1
o 1º. harmônico tem 1 ventre e 2 nós; V2 2 V3
o 2º. harmônico tem 2 ventres e 3 nós;
(c) (2º. H) N1 N2
o 3º. harmônico tem 3 ventres e 4 nós; N3
.
.
.
λ2 λ2
o nº. harmônico tem n ventres e n + 1 nós. 2 2
V4 V5 V6

(d) (3º. H) N1 N2
Calculemos agora as frequências que produzem os diversos harmô- N4 N5
v
nicos, lembrando que v = λf ou λ = , em que v é a velocidade de
f λ3 λ3 λ3
propagação da onda. 2 2 2

No caso do 1º. harmônico, temos:


Figura 65. Ondas estacionárias em um fio de
comprimento L.
λ1
L= 1 v v
2 ⇒L= · ⇒ f1 =
v 2 f1 2L
λ1 =
f1

494 Capítulo 17
No caso do 2º. harmônico, temos:

L = λ2
v v
v ⇒L= ⇒ f2 = ⇒
λ2 = f2 L
f2
v
⇒ f2 = 2
2L
Procedendo de modo semelhante para os outros casos, você perceberá que, para o
harmônico de ordem n, temos:

v
fn = n 13
2L

No capítulo anterior vimos que a velocidade de propagação de uma onda transversal


num fio esticado é dada por:
F
v= 14
μ
sendo F a tração no fio e μ a densidade linear do fio. Assim, introduzindo 14 em 13 ,
obtemos:

n F 15
fn =
2L μ

O ar em volta do fio vibrará com a mesma frequência f deste, produzindo, assim, um


som (ou infrassom, ou uItrassom) de frequência f.
Há vários instrumentos musicais que produzem som pela vibração de cordas, como,
por exemplo, o violão, o violino e o piano. esses instrumentos conseguem produzir sons
de várias frequências, variando as três grandezas que aparecem na equação 15 : L, F
e μ. Mantendo-se fixas duas quaisquer dessas grandezas e variando-se a terceira, pela
equação 15 concluímos:
I. Quanto maior for o valor de L, menor será fn.
II. Quanto maior for o valor de F, maior será fn.
III. Quanto maior for o valor de μ, menor será fn.

Exercícios de Aplicação

51. Num fio tenso, de comprimento L = 0,60 m, a V1 V2 V3


ZAPt

velocidade de propagação de pulsos transversais N2 N3


é v = 240 m/s. Calcule a frequência do 3º. har- N1 N4
mônico.

Resolu•‹o:
λ λ λ
1º. modo: 2 2 2
Usando a equação 13 : L

Portanto:
fn = n v ⇒ f3 = 3 240 m/s ⇒ f3 = 600 Hz
2L 2(0,60 m)
L = 3 λ ⇒ λ = 2L
2 3
2º. modo:
Mas v = λf. Assim:
Sem usar a fórmula.
O terceiro harmônico deve ter três ventres e qua- v = 2L f ⇒ f = 3v = 3(240 m/s) ⇒ f = 600 Hz
3 2L 2(0,60 m)
tro nós, como ilustra a figura.

Algumas propriedades das ondas 495


52. Um fio de comprimento 1,50 m está tracionado, de 54. Para um determinado fio vibrante, as frequên-
modo que a velocidade de propagação de um pulso cias de dois harmônicos consecutivos são 320 Hz
transversal é 270 m/s. Determine para esse fio: e 400 Hz. Qual a frequência do modo funda-
a) a frequência do modo fundamental (1º. harmô- mental?
nico);
b) a frequência do 6º. harmônico. 55. Em um fio tracionado, de comprimento 75 cm,
53. Uma das cordas de um piano tem comprimento observa-se a formação de uma onda estacionária
1,10 m e massa 9,00 g. Sabendo que a tração com 6 nós, quando a frequência do aparelho que
nessa corda é 680 N, determine a frequência do produz a onda é 1 000 Hz. Qual a velocidade de
som fundamental produzido por essa corda. propagação das ondas nesse fio?

Exercícios de Reforço

56. (UF-MS) A figura abaixo mostra ondas estacionárias 59. (Unifesp-SP) A figura representa uma configura-
em uma corda de comprimento 45 cm, densidade ção de ondas estacionárias produzida num labo-
linear de massa 6,2 g/m, com as duas extremidades ratório didático com uma fonte oscilante.
fixas, e que está vibrando a 450 hertz. Com base
d d
nessas informações e na análise da figura, dê a

ILUStRAçõeS: ZAPt
soma dos números das afirmativas corretas.

(01) Todos os pontos da corda vibram com a


mesma amplitude. P

(02) Todos os pontos da corda vibram com a


mesma frequência.
(04) O comprimento de onda na corda é de 90 cm. a) Sendo d = 12 cm a distância entre dois nós
(08) A velocidade de propagação da onda na sucessivos, qual o comprimento de onda da
corda é de 135 m/s. onda que se propaga no fio?
(16) A força tensora na corda é de 113 N, b) O conjunto P de cargas que traciona o fio
aproximadamente. tem massa m = 180 g. Sabe-se que a den-
sidade linear do fio é μ = 5,0 ∙ 10–4 kg/m.
57. (UF-BA) A corda de um instrumento musical Determine a frequência de oscilação da fonte.
possui massa igual a 40 g e encontra-se presa,
Dados: velocidade de propagação de uma onda
horizontalmente, em dois pontos fixos separados
F
por 40 cm. Aplicando-se uma tensão de módulo numa corda: v = μ ; g = 10 m/s2
igual a 10 N, a corda vibra, refletindo as vibra-
ções nos extremos fixos, de modo a formar ondas
60. (ITA-SP) Quando afinadas, a frequência funda-
estacionárias. De acordo com essas informações,
mental da corda lá de um violino é 440 Hz e a
calcule, em unidades do Sistema Internacional, a
frequência fundamental da corda mi é 660 Hz. A
frequência fundamental do som emitido. que distância da extremidade da corda deve-se
colocar o dedo para, com a corda lá, tocar a nota
58. (UF-PE) Uma corda de violão de 1,0 m de com- mi, se o comprimento total dessa corda é L?
primento tem massa 20 g. Considerando que a
velocidade (v) de uma onda na corda, a tensão a) 4 L
9
(T ) e a densidade linear de massa da corda (μ) L
T b)
2
estão relacionadas por v = μ , calcule a tensão,
c) 3 L
em unidades de 102 N, que deve ser aplicada na 5
corda, para afiná-la em dó médio (260 Hz), de L
d) 2
modo que o comprimento da corda seja igual a 3
meio comprimento de onda. e) não é possível tal experiência.

496 Capítulo 17
11. Tubos sonoros
existem instrumentos musicais em que o som é produzido quando o músico assopra
o ar para dentro do instrumento (fig. 66) e, por isso, são chamados de instrumentos
de sopro. O órgão (fig. 67) também é classificado como instrumento de sopro, embora
não haja ninguém assoprando o ar. Nesse caso, há um mecanismo que produz um fluxo
de ar que, ao penetrar nos tubos do órgão, produz os sons.

RADIUS/LAtINStOCk

IROCHkA/FOtOLIA/GLOw IMAGeS
Figura 66. Instrumentos de sopro. Figura 67. Órgão.

Os vários instrumentos usam tubos de dois tipos: tubo (a)

ILUStRAçõeS: ZAPt
aberto, que é aberto nas duas extremidades (fig. 68a), e tubo
aberto
fechado, que é fechado em um extremo, mas aberto no outro
(fig. 68b).
Quando o ar é impulsionado para dentro do tubo, podem (b)
se formar ondas estacionárias, de forma semelhante à que
fechado
ocorre com os fios. Nesse caso, numa extremidade aberta
forma-se sempre um ventre, e numa extremidade fecha-
da forma-se sempre um nó. Figura 68. Representação dos tipos de tubo dos instru-
Vamos determinar as frequências que produzem ondas es- mentos de sopro.
tacionárias num tubo de comprimento L. Para isso, embora
as ondas sonoras sejam longitudinais, para facilitar a análise
vamos representá-Ias como se fossem transversais. (a) L

Tubo aberto (1º. H)

Na figura 69 representamos os três primeiros harmônicos λ1 λ1


de um tubo aberto, observando que, nesse caso, nas duas 4 4
extremidades devemos ter ventres. λ1
λ 2
Na figura 69a temos o 1º. harmônico, sendo L = 1 . (b)
2
Como v = λf, temos: (2º. H)
λ
L= 1 v λ2
2 ⇒ f1 =
2L
(c)
v = λ1 · f1
(3º. H)
Para o 2º. harmônico (fig. 69b), temos:
3λ3
L = λ2 v v
⇒ f2 = ⇒ f2 = 2 2
v = λ2 · f2 L 2L
Figura 69.

Algumas propriedades das ondas 497


Para o 3º. harmônico (fig. 69c), temos:

3λ3
L= v
2 ⇒ f3 = 3
2L
v = λ3 · f3

Podemos então generalizar, afirmando que a frequência do harmônico de ordem n


é dada por:

v
fn = n 16
2L

sendo v a velocidade de propagação das ondas sonoras no ar e n = 1, 2, 3, 4, ...

Tubo fechado
Na figura 70 representamos as três primeiras configurações possíveis em um tubo
fechado, observando que na extremidade aberta deve haver um ventre e na extremida-
de fechada deve haver um nó. Para a situação da figura 70a, temos:
(a)

ZAPt
λ L
L= v
4 ⇒f=
4L (1º. H)
v = λf

Para a situação da figura 70b, temos: λ


4

3λ (b)
L= v
4 ⇒f=3
4L
v = λf (3º. H)

Para a situação da figura 70c, temos:



5λ 4
L= v
4 ⇒f=5 (c)
4L
v = λf

Continuando a análise, poderemos perceber que, num tubo fechado, as (5º. H)


frequências das ondas estacionárias são dadas por:

4
v
fi = i 17 Figura 70.
4L

sendo i um número natural ímpar, isto é, só existem as frequências que são múltiplos
v
ímpares da frequência fundamental . Dito de outra forma: num tubo fechado não
4L
há harmônicos de ordem par, só existem harmônicos de ordem ímpar. Por isso, a
configuração da figura 70b corresponde ao 3º. harmônico, e a da figura 70c corresponde
ao 5º. harmônico.
No capítulo 16 sugerimos que você fizesse um experimento com vários copos con-
tendo quantidades diferentes de água. Com isso você construiu uma série de tubos
sonoros fechados de comprimentos diferentes. Ao bater na parte superior dos copos
com um objeto metálico, você excitou o modo fundamental de cada copo. Mas, pela
equação 17 , quanto menor o comprimento L, maior a frequência do modo fundamen-
tal, isto é, mais agudo fica o som.

498 Capítulo 17
Experimento

Material
• um cano ou tubo de metal

Procedimento e observa•‹o

SeRGIO DOttA/tHe NeXt


Encoste um tubo de metal em sua orelha interna
como ilustra a foto. Você ouvirá o som fundamental
do tubo. Embora não haja ninguém assoprando
para dentro do tubo, o ambiente tem vários sons de
fundo, de várias frequências, uma das quais entrará
em ressonância com a coluna de ar dentro do tubo.
Se você encostar o tubo na orelha, terá um tubo
fechado; se você afastar um pouco o tubo da orelha,
terá um tubo aberto. Em cada caso você ouvirá um
som de frequência diferente.

Timbre e harmônicos
No capítulo 15 do CD (volume 2) apresentamos o teorema de Fou-
rier, que afirma que qualquer função periódica f(t) de período T pode
ser expressa na forma:

f(t) = b + (c1 cos ωt + d1 sen ωt) + (c2 cos 2 ωt + d2 sen 2 ωt) + …



sendo ω = . Fazendo uma translação no gráfico da função podemos
t
adotar b = 0.
Podemos observar que:
• no 1º. par de parênteses temos uma função harmônica de pe-

ZAPt
ríodo t =
ω
• no 2º. par de parênteses temos uma função harmônica de perío- 1º. H
2π 1 2π 1
do t = = = t
2ω 2 ω 2
etc.

Isso significa que no primeiro par de parênteses temos o 1º. har- 2º H


.

mônico, no 2º. par de parênteses temos o 2º. harmônico e assim por


diante.
Isso significa que qualquer som periódico pode ser obtido pela su- 3º H
.

perposição dos vários harmônicos, com intensidades não necessaria-


mente iguais.
superposição dos
Suponhamos, por exemplo, o caso da figura 71, em que represen- três harmônicos
tamos um som fundamental (1º. H) e os dois harmônicos seguintes. A
superposição dos três resulta no quarto som.
Por esse motivo, costuma-se dizer também que a diferença de tim-
bre entre dois sons é devida à maneira como os harmônicos se combi-
nam para produzir o som. Figura 71.

Algumas propriedades das ondas 499


Exercícios de Aplicação

61. Considere um tubo aberto de comprimento 85 cm.


Supondo que a velocidade do som seja 340 m/s,
determine, para esse tubo:
a) a frequência do som fundamental;
b) a frequência do 4º. harmônico. 5,0 m

62. Dado um tubo fechado de comprimento 85 cm e


supondo que a velocidade do som no ar seja 340 m/s, 65. Consideremos dois tubos sonoros, T1 e T2, de
determine as frequências dos três sons de fre- mesmo comprimento, sendo T1 aberto e T2 fecha-
quências mais baixas emitidas por esse tubo. do. Sendo f1 e f2 as frequências dos sons funda-
mentais emitidos por T1 e T2, podemos afirmar
63. Num dia em que a temperatura do ar é 7 °C, a que:
frequência do som fundamental emitido por um
tubo sonoro é 1 000 Hz. Num dia em que a tem- a) f2 = 2f1
peratura do ar for 37 °C, qual será a frequência f
b) f1 = 2
do som fundamental emitido por esse tubo? 4

64. A figura a seguir representa uma onda estacioná- c) o som fundamental emitido por T1 está uma
ria formada em um tubo fechado numa extremi- oitava acima do som fundamental emitido
dade e aberto na outra. Sabendo que a velocidade por T2.
do som no ar é 340 m/s, determine a frequência d) o som fundamental emitido por T2 está uma
do som emitido pelo tubo. oitava acima do emitido por T1.

Exercícios de Reforço

66. (UF-AM) Os tubos sonoros fechados apresentam: 68. (U. F. Juiz de Fora-MG) O “conduto auditivo”
humano pode ser representado de forma aproxi-
a) somente os harmônicos de ordem ímpar.
mada por um tubo cilíndrico de 2,5 cm de com-
b) somente os harmônicos de ordem par.
primento (veja a figura).
c) todos os harmônicos.

ILUStRAçõeS: ZAPt
d) somente os harmônicos na ordem dos núme- abertura
t’mpano
do ouvido
ros primos.

67. (Fuvest-SP) Um músico sopra a extremidade aber-


ta de um tubo de 25 cm de comprimento, fechado
2,5 cm
na outra extremidade, emitindo um som na fre-
quência f = 1 700 Hz. A velocidade do som no ar, A frequência fundamental do som que forma
nas condições do experimento, é v = 340 m/s. ondas estacionárias nesse tubo é:
Dos diagramas abaixo, aquele que melhor repre-
senta a amplitude de deslocamento da onda a) 340 Hz d) 1,7 kHz
sonora estacionária, excitada no tubo pelo sopro b) 3,4 kHz e) 170 Hz
do músico, é: c) 850 Hz
a) b) c) d) e) Dado: velocidade do som no ar = 340 m/s.
25 cm
20 69. (UF-PR) Com relação aos fenômenos ondulatórios
15 observados na natureza, verifique quais senten-
10 ças são verdadeiras.
5 I. Ondas mecânicas necessitam de um meio
0 material para se propagarem.

500 Capítulo 17
II. Em uma onda estacionária, a distância entre Considerando a velocidade do som no ar 340 m/s
ventres consecutivos é igual a um compri- e a aceleração da gravidade 10 m/s2, calcule:
mento de onda. a) a frequência da onda sonora produzida;
III. O efeito Doppler consiste na variação da b) a massa total do balde com areia, quando
frequência das ondas percebidas por um ocorre a ressonância.
observador, devido ao movimento relativo
entre este e a fonte geradora das ondas. 72. (Unirio-RJ) Um tubo sonoro, como o da figura,
IV. Em um tubo aberto, só podemos estabelecer emite um som com velocidade de 340 m/s.
harmônicos pares de frequência funda-
mental.
V. A interferência que determina a formação
de um nó é denominada interferência des- 1,00 m
trutiva.

70. (UF-MA) No tubo de Kundt, ilustrado na figura


abaixo, a fonte sonora emite som na frequência
de 825 Hz. O pó de cortiça existente no inte-
Pode-se afirmar que o comprimento de onda e a
rior do tubo acumula-se em locais espaçados de
frequência da onda sonora emitida são, respec-
20 cm. tivamente:
fonte sonora a) 0,75 m e 340 Hz. d) 1,50 m e 455 Hz.
ILUStRAçõeS: ZAPt

b) 0,80 m e 425 Hz. e) 2,02 m e 230 Hz.


c) 1,00 m e 230 Hz.

20 cm 20 cm 20 cm
73. Um diapasão de 440 Hz soa acima de um tubo
de ressonância contendo um êmbolo móvel
A velocidade de propagação da onda no tubo, em
como mostrado na figura. A uma temperatura
m/s, é, aproximadamente:
ambiente de 0 °C, a primeira ressonância ocorre
a) 360 d) 270 quando o êmbolo está a uma distância h abaixo
do topo do tubo.
b) 330 e) 240
c) 300

71. (UF-GO) O esquema da figura mostra uma expe-


riência em que pouco a pouco se adiciona areia
ao balde que tensiona o fio, até que o som
emitido pelo fio, quando tangido, produza, no
h
interior de um tubo aberto na parte superior e
fechado na parte de baixo, ondas estacionárias •mbolo
ressonantes no modo fundamental. A densidade
linear do fio é de 5 g/m, a distância entre a
roldana e a parede é de 30,0 cm e o tubo tem
42,5 cm de comprimento.

30 cm
Dado que a velocidade do som no ar (em m/s)
a uma temperatura T (em 0 ºC) é v = 331,5 +
+ 0,607T, conclui-se que a 20 °C a posição do
êmbolo para a primeira ressonância, relativa à
m sua posição a 0 ºC, é:
a) 2,8 cm acima. d) 1,4 cm abaixo.
b) 1,2 cm acima. e) 4,8 cm abaixo.
c) 0,7 cm abaixo.

Algumas propriedades das ondas 501


12. Interferência em duas dimensões
Nos itens anteriores analisamos a interferência de ondas em uma dimensão:

RICHARD MeGNA/FUNDAMeNtAL PHOtOGRAPHS


ondas em fios e ondas em tubos de ar. Vamos agora analisar a interferência
de ondas que se propagam em duas dimensões, como, por exempIo, ondas na
superfície da água. Na figura 72 vemos duas ondas circulares produzidas na su-
perfície da água. em cada ponto da superfície os efeitos das duas ondas vão se
superpor. Onde houver o encontro de duas cristas (ou dois vales) teremos inter-
ferência construtiva, e onde houver o encontro de uma crista e um vale teremos
interferência destrutiva. Vamos fazer a análise dessa interferência considerando
duas situações: fontes em fase e fontes em oposição de fase. Nas duas situa-
ções, para facilitar o entendimento, imaginaremos ondas na superfície da água.
Porém, as conclusões valerão para qualquer onda. Figura 72. Interferência de ondas
circulares na água.

Interferência de fontes em fase


Suponhamos que as ondas na água sejam produzidas por duas hastes, F1 e F2,
que penetram e saem da água, periódica e perpendicularmente à superfície. F1 e F2
serão as fontes das duas ondas. Admitamos que F1 e F2 oscilem em fase, isto é, as
duas oscilam juntas, entram e saem da água ao mesmo tempo. Portanto, as duas
ondas terão a mesma frequência f e o mesmo comprimento de onda λ. Vamos admi-
tir, ainda, que as duas fontes produzam ondas de mesma amplitude. Determinemos,
então, as condições para que haja interferência construtiva ou interferência destruti-
va num determinado ponto X.

ZAPt
X
Fontes em fase são também chamadas de fontes coerentes. λ
λ
λ
Interfer•ncia construtiva
λ λ
Na figura 73 representamos trechos de algumas cristas pro-
duzidas pelas fontes F1 e F2. Suponhamos que as cristas C1 e C2 λ
λ
tenham sido emitidas ao mesmo tempo. então, a distância entre
λ
C1 e F1 deve ser igual à distância entre C2 e F2. Representamos
λ
essa distância por b. λ
Observamos que no ponto X há o encontro de duas cristas e, b b
portanto, nesse ponto ocorre uma interferência construtiva. As F1 F2
distâncias entre as fontes e o ponto X são: C1 C2

F1X = b + 6λ e F2X = b + 4λ d
Portanto, a diferença d entre as duas distâncias é: Figura 73.
d = F1X – F2X = (b + 6λ) – (b + 4λ) = 2λ

número natural

De modo geral, observamos que a condição para que haja interferência construtiva
num ponto X qualquer é que o módulo da diferença F1X – F2X seja dado por:

d = |F1X – F2X| = nλ 18

em que: n = 0, 1, 2, 3, ...
Se considerarmos todos os pontos em que há interferência construtiva, obteremos
várias linhas cujas formas vamos investigar agora, tomando dois casos:
n=0 e n≠0

502 Capítulo 17
ILUStRAçõeS: ZAPt
Para n = 0, a equação 18 fica: s
X'
|F1X – F2X| = 0 ⇒ F1X = F2X
O conjunto de todos os pontos X tais que F1X = F2X está X
contido na reta s (fig. 74), que é a mediatriz do segmento de
reta F1F2.
Assim, na figura 74, temos:

F1X = F2X; F1X' = F2X'; F1X" = F2X" F1 F2

Para n ≠ 0, a equação 18 define uma linha que você estuda-


rá nas aulas de Matemática e cujo nome é hipérbole. Para cada X''
n ≠ 0 existe uma hipérbole diferente. Na figura 75 representa- d d
mos a reta s e as hipérboles correspondentes a n = 1 e n = 2. 2 2

As hipérboles e a reta s são denominadas linhas ventrais d


pelo fato de conterem os ventres, isto é, os pontos que oscilam Figura 74.
com amplitude máxima.
Os pontos F1 e F2, que representam as fontes, são os focos
das hipérboles.
n=1 n=0 n=1

Interfer•ncia destrutiva s
n=2 n=2
Na figura 76 representamos trechos de algumas cristas (linhas
cheias) e vales (linhas tracejadas) das ondas emitidas por F1 e F2.
F1 F2
Se C1 e C2 são cristas emitidas ao mesmo tempo, a distância b
entre F1 e C1 é igual à distância entre F2 e C2.
Consideremos o ponto X, que está sobre uma crista emitida
por F1 e um vale emitido por F2. Portanto, nesse ponto há inter-
ferência destrutiva. Da figura, tiramos:
Figura 75.
λ λ λ
d = F2X – F1X = b + 5 – b+2· =3·
2 2 2 X λ
↓ λ 2 λ
ímpar 2 2 λ
λ 2 λ
É fácil perceber que, em geral, para haver interferência des- C1 2 2 λ
C2
2
trutiva em um ponto X qualquer, devemos ter: b b
F1 F2

λ
d = |F1X – F2X| = i · 19 d
2
Figura 76.

em que i = 1, 3, 5, 7, ... 3λ λ λ 3λ
d= d=λ d= d=0 d= d=λ d=
Para cada valor de i, a equação 19 definirá uma hipérbole 2 2 2 2
chamada de linha nodal, pois nela ficam os nós, isto é, os
pontos onde há interferência destrutiva. Na figura 77 dese-
nhamos algumas linhas ventrais (linhas cheias) e algumas li-
nhas nodais (linhas tracejadas). Observe que elas se alternam.
É importante ressaltar que os pontos que formam as li-
F1 F2
nhas nodais não estão totalmente em repouso. Como vimos
no capítulo 16, à medida que a onda se afasta da fonte, a am-
plitude vai diminuindo. Assim, no caso da figura 76, o ponto
X está mais próximo de F1 do que de F2. Dessa forma, a elon-
gação da crista de F1 é maior que a do vale de F2 e, portanto,
embora seja uma interferência destrutiva, não há no ponto X
um anulamento completo. Figura 77.

Algumas propriedades das ondas 503


Interferência de fontes em oposição de fase
Continuemos com o caso de duas fontes produzindo ondas circulares na água, de
modo que as duas ondas tenham a mesma amplitude e a mesma frequência. Porém,
suponhamos que agora as fontes oscilem em oposição de fase. Nesse caso, enquanto
uma haste está entrando na água, a outra está saindo, de modo que, enquanto uma
está produzindo uma crista, a outra está emitindo um vale.
É fácil concluir que, nesse caso, as condições de interferências construtiva e destruti-
va são opostas àqueIas válidas para fonte em fase (equações 18 e 19 ). Para fontes em
oposição de fase, temos:
I. Interferência construtiva:

λ
|F1X – F2X| = i · (i = 1, 3, 5, ...) 20
2

II. Interferência destrutiva:

|F1X – F2X| = nλ (n = 0, 1, 2, 3, ...) 21

Há inversão também em relação às linhas nodais e ventrais. Observando a figura


77, se for o caso de oposição de fase, as linhas cheias serão linhas nodais, e as linhas
tracejadas serão linhas ventrais.

13. Batimentos
Nos itens anteriores analisamos a interferência de duas ondas de mesma frequência.
Quando as frequências são diferentes, a análise é, em geral, complexa, e não a faremos
aqui. Há, porém, um caso particular simples: quando temos duas ondas de frequências
diferentes, mas muito próximas. Sendo f1 e f2 as frequências das duas ondas, a onda
resultante da superposição das duas tem frequência f dada por:

f1 + f2 22
f=
2
Porém, a amplitude da onda resultante não permanece constante. ela aumenta e
diminui periodicamente, como exemplificado na figura 78. esse fenômeno recebe o
nome de batimento.
O período do batimento (Tb) é o intervalo de tempo entre duas ocorrências suces-
sivas de amplitude máxima. A frequência do batimento (fb), que é o inverso de Tb, é o
número de amplitudes máximas que ocorrem por unidade de tempo. Pode-se demons-
trar que, sendo f1 > f2, temos:

fb = f1 – f2 23

Tb
ZAPt

Figura 78.

Quando ocorrem batimentos de ondas sonoras, ouvimos um som que aumenta e


diminui de intensidade, com frequência fb. A orelha humana consegue perceber bati-
mentos de frequência até, aproximadamente, 10 Hz.

504 Capítulo 17
Exercícios de Aplicação

74. Duas fontes sonoras puntiformes, F1 e F2, emitem 76. Na figura representamos dois alto-falantes, A e B,
sons de mesma amplitude e mesma frequência que emitem sons de mesma amplitude e mesma
f = 85 Hz, num momento em que a velocidade de frequência f = 170 Hz, numa região em que a
propagação no ar é v = 340 m/s. velocidade do som no ar é v = 340 m/s.
F1 6,0 m
A B

Zapt
32 m

F2

4,5 m
x

Zapt
56 m

Verifique que tipo de interferência ocorrerá no P


ponto X em cada caso a seguir: Determine o tipo de interferência ocorrida no
a) as fontes emitem em fase; ponto P, nos seguintes casos:
b) as fontes emitem em oposição de fase. a) os alto-falantes emitem em fase;
Resolução: b) os alto-falantes emitem em oposição de fase.

a) v = λf ⇒ 340 = λ(85) ⇒ λ = 4 m
77. Duas fontes sonoras, X e Y, emitem em fase sons
de mesma amplitude A e mesmo comprimento de
d = F2X – F1X = 56 m – 32 m = onda λ = 8 m.
= 24 m = 6(4 m) ⇒ d = 6λ (I)
X P Y

natural

Para fontes em fase, a condição (I) implica 3,6 m 7,6 m

interferência construtiva. Uma pessoa nesse A amplitude da onda no ponto P será aproxima-
ponto ouvirá um som mais forte do que ela damente igual a:
ouve separadamente de cada fonte. A
a) 2A b) A c) 0 d) e) A 2
2
b) Para fontes em oposição de fase, a condição (I)
implica interferência destrutiva. Como expli-
78. Na figura representamos uma pessoa que rece-
be ondas sonoras de duas fontes, F1 e F2, cujas
camos na teoria, pelo fato de as distâncias F1X
frequências são f1 = 432 Hz e f2 = 428 Hz.
e F2X serem diferentes, em X não haverá um
Determine:
anulamento total. Porém, nesse ponto uma
pessoa ouviria um som mais fraco do que ela a) a frequência da onda ouvida pela pessoa;
ouviria, separadamente, de cada fonte. b) a frequência dos batimentos percebidos pela
pessoa.
75. Na figura a seguir, F1 e F2 representam duas fon- Resolução:
tes sonoras que emitem ondas de mesma ampli- f + f2 432 Hz + 428 Hz
tude e mesma frequência 57 Hz. a) f = 1 = ⇒ f = 430 Hz
2 2
Zapt

F1 b) fb = f1 – f2 = 432 Hz – 428 Hz ⇒ fb = 4 Hz
60 m
LuiZ augusto RibeiRo

F1

F2

P d
45 m

Sabendo que a velocidade do som no ar é 342 m/s, F2


determine o tipo de interferência que ocorre no
ponto P nos seguintes casos:
a) as fontes oscilam em fase;
b) as fontes oscilam em oposição de fase.

Algumas propriedades das ondas 505


79. Duas ondas sonoras de frequências f1 e f2 se R
superpõem, produzindo batimentos de frequên- y y
cia 6 Hz. Sabendo que f1 = 300 Hz, determine: x
F T P
a) os possíveis valores de f2; 15 m 15 m
b) os possíveis valores da frequência da onda 30 m
resultante.
Figura b.
80. Uma fonte sonora puntiforme F emite som, de Da figura b tiramos:
comprimento de onda 4,0 m, que atinge o ponto
P tanto diretamente como por reflexão na parede d = 2y – 30 (II)
S. Determine o menor valor de x, de modo que no De (I) e (II) concluímos:
ponto P haja interferência destrutiva.
2y – 30 = 4,0 ou y = 17 m
S
Aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo
x TRP, temos:
F P
y2 = x2 + 152 ⇒ 172 = x2 + 152 ⇒ x = 8 m
30 m

Figura a. 81. Na figura a seguir, F é uma fonte sonora puntifor-


me. As ondas produzidas por F atingem o ponto
Resoluç‹o:
P tanto diretamente como por reflexão em uma
Como ocorre inversão de fase na reflexão na pare- parede S.
de S, o ponto P recebe ondas em oposição de fase.
Assim, a condição de interferência destrutiva é: S
d=k∙λ F P 5,0 m
sendo d a diferença de percurso, k um número
natural e λ o comprimento de onda. O valor 24 m
mínimo de x corresponde a k = 1. Assim, deve-
mos ter: Determine os três maiores valores do comprimen-
d = λ = 4,0 m (I) to de onda do som, para os quais há interferência
construtiva em P.

Exercícios de Reforço

82. (Unicamp-SP) A velocidade do som no ar é 83. (UF-RS) Em um tanque de ondas, duas fontes
aproximadamente 330 m/s. Colocam-se dois alto- F1 e F2 oscilam com a mesma frequência e sem
falantes iguais, um defronte ao outro, distan- diferença de fase, produzindo ondas que se
ciados 6,0 m, conforme a figura abaixo. Os alto- superpõem no ponto P, como mostra a figura.
falantes são excitados simultaneamente por um
F1 P
mesmo amplificador com um sinal de frequência
de 220 Hz.
A B
F2
ILUStRAçõeS: ZAPt

A distância entre F1 e P é 80 cm e entre F2 e P é


85 cm. Para qual dos valores de comprimento de
onda das ondas produzidas por F1 e F2 ocorre um
6,0 m mínimo de intensidade (interferência destrutiva)
no ponto P?
a) Qual é o comprimento de onda do som emiti-
do pelos alto-falantes? a) 1,0 cm d) 10 cm
b) Em que pontos do eixo, entre os dois alto- b) 2,5 cm e) 25 cm
falantes, o som tem intensidade máxima? c) 5,0 cm

506 Capítulo 17
84. (Fuvest-SP) Duas hastes, A e B, movendo-se representar o deslocamento vertical y da boia,
verticalmente, produzem ondas em fase, que se em relação ao nível médio da água, em função
propagam na superfície da água, com mesma do tempo t, é:
frequência f e período T, conforme a figura. a) y
t

LUIZ AUGUStO RIBeIRO


0

b) y
t
0

c) y
t
0

d) y
t
0

e) y
t

0 T T 3T
2 2

85. (ITA-SP) Dois tubos sonoros A e B emitem sons


simultâneos de mesma amplitude, de frequências
fA = 150 Hz e fB = 155 Hz, respectivamente. Adote
o valor 300 m/s para a velocidade do som no ar.
a) Calcule a frequência do batimento do som
A P B
ouvido por um observador que se encontra
próximo aos tubos e em repouso em relação
aos mesmos.
b) Calcule a velocidade que o tubo B deve pos-
No ponto P, ponto médio do segmento AB, uma suir para eliminar a frequência do batimento
boia sente o efeito das duas ondas e se movimen- calculada no item a, e especifique o sentido
ta para cima e para baixo. O gráfico que poderia desse movimento em relação ao observador.

14. Interferência da luz


Até o final do século XVIII, não se tinha certeza sobre a natureza da luz. Alguns
achavam que a luz era feita de partículas (teoria corpuscular); outros acreditavam que a
luz era uma onda (teoria ondulatória). A teoria corpuscular tinha bastante prestígio pelo
fato de ter sido defendida por Newton.
em 1801, o físico inglês thomas Young (1773-1829) en-
cerrou a polêmica. ele conseguiu executar um experimento
ZAPt

demonstrando que a luz apresentava o fenômeno da inter-


ferência e, portanto, deveria ser uma onda.
Mas, antes de conseguir produzir a interferência, Young F1
precisou resolver um problema: como obter duas fontes de
F2
luz coerentes? No caso da luz, é difícil conseguir fontes que
F0
oscilem em fase ou em oposição de fase. No tempo de Young
tela
não se sabia, mas hoje sabemos que os vários átomos de um
corpo emitem luz independentemente uns dos outros. Vamos
apresentar o experimento de Young com uma pequena alte-
ração, que mais adiante mencionaremos. luz do Sol

ele fez incidir a luz do Sol numa estreita fenda F0 (fig. 79). Figura 79.

Algumas propriedades das ondas 507


Nessa fenda, a luz sofre difração e funciona como uma fonte de luz que atinge duas
outras fendas, F1 e F2, as quais funcionam como fontes de luz em fase, pois receberam
a mesma luz vinda de F0. As ondas que partem de F1 e F2 sofrem interferência e produ-
zem, numa tela distante, faixas alternadamente claras e escuras, que correspondem aos
ventres e nós e que são chamadas franjas de interfer•ncia. Na figura 80 apresenta-
mos uma visão de perfil do aparato e na figura 81 uma foto das franjas obtidas em um
experimento. Podemos observar que as franjas têm brilho máximo no centro; o brilho
vai diminuindo à medida que elas se afastam do centro.

RICHARD MeGNA/FUNDAMeNtAL PHOtOGRAPHS


ZAPt
onda
incidente F2

F0

F1

A B
Figura 80. Figura 81. Foto das franjas de interferência.
Com esse aparato é possível determinar o comprimento de
onda da luz usada no experimento. Na realidade, como Young y
tela
usou a luz do Sol e esta é uma mistura de todas as cores, ele obte-
y
ve um valor médio para o comprimento de onda λ da luz do SoI. A
Porém, para facilitar a argumentação, suponhamos que a luz seja θ
F1
monocromática.
Na figura 82, x é a distância entre as fendas e B é o ponto mé- θ 0
x B
C I
dio do segmento F1F2. A tela está a uma distância D das fendas, e
F2 d
suporemos que D >> x, isto é, D é muito maior que x. Suporemos
também que D >> y. D
A diferença de percurso (d) entre os raios que saem de F1 e F2 é
Figura 82.
dada por:
d = F2A – F1A
Como D >> x e D >> y, podemos tratar o triângulo colorido na figura como sendo
retângulo e, portanto:
d
sen θ = ou d = x sen θ
x
Por outro lado, como θ é “pequeno”, podemos fazer a aproximação:
y
sen θ = tg θ =
D
Desse modo:
d y xy
sen θ = = ⇒d= 24
x D D
Pelo fato de F1 e F2 estarem em fase, as condições para interferência construtiva e
destrutiva são:

construtiva: d = kλ (para k = 0, 1, 2, 3, ...) 25

λ
destrutiva: d=i (para i = 1, 3, 5, ...) 26
2

508 Capítulo 17
Para obtermos o valor de λ, fazemos k = 1 na equação 25 e consideramos a orde-
nada y1 da primeira franja clara acima da central, dada pela equação 24 :

d = 1λ xy1
xy ⇒λ=
D
d= 1
D
Para obtermos as ordenadas das franjas claras e das franjas escuras usamos as equa-
ções 24 , 25 e 26 :

xy
d= λD
D ⇒ y=k 27 (franjas claras)
x
d = kλ

xy
d= i λD
D ⇒ y= 28 (franjas escuras)
λ 2 x
d=i
2
Observando as equações 27 e 28 , percebemos que a distância entre duas franjas
claras consecutivas é igual à distância entre duas franjas escuras consecutivas e essa
distância é:
λD
x
Na realidade, Young não usou fendas em seus experimentos, mas sim pequenos
furos em anteparo, produzidos por um alfinete.

Exercícios de Aplicação

86. Em um experimento de Young, as fendas estão 87. Em um experimento como o realizado por Young,
separadas por uma distância x = 0,50 mm, e a a distância entre as fendas F1 e F2 é x = 0,100 mm,
tela está a uma distância D = 3,0 m. o comprimento de onda da luz é λ = 5,00 · 10–7 m
tela
e o anteparo (A) está a uma distância D = 1,20 m
do plano das fendas. Na figura a seguir a reta r é
a mediatriz do segmento F1F2.

Ilustrações: ZaPt
A
F1 R
y
x
F2 F1 P
x θ C
D F2
D
Observa-se que entre a faixa brilhante central e a
primeira faixa brilhante acima da central há uma a) Sendo P a posição da segunda franja brilhante
distância y = 3,0 mm. Qual o comprimento de acima de C, calcule a distância PC.
onda da luz usada? b) Sendo R a posição da terceira franja escura
Resolu•‹o: acima de C, calcule RC e sen θ.

x = 0,50 mm = 5,0 · 10–4 m 88. Em um experimento do tipo realizado por Young,


y = 3,0 mm = 3,0 · 10–3 m a distância entre as fendas é 1,0 mm e a distância
–4 –3 entre o plano das fendas e o anteparo é 1,50 m.
xy (5,0 · 10 m)(3,0 · 10 m)
λ= = ⇒ Determine o comprimento de onda da luz usada,
D 3,0 m
sabendo que, no anteparo, duas franjas brilhan-
⇒ λ = 5,0 · 10–7 m = 500 nm = 5 000 A
°
tes consecutivas estão separadas por uma distân-
cia de 0,75 mm.

Algumas propriedades das ondas 509


Exercícios de Reforço

89. (U. F. Ouro Preto-MG) Na figura a seguir temos c) a interferência só é explicada satisfatoria-
o esquema de um experimento do tipo realizado mente por meio da teoria ondulatória da luz.
por Thomas Young, com luz monocromática a d) tanto a teoria corpuscular quanto a ondula-
partir de uma fonte F. tória explicam satisfatoriamente esse fenô-
meno.

ZAPt
anteparo
e) nem a teoria corpuscular nem a ondulatória
conseguem explicar esse fenômeno.

F d 91. (ITA-SP) Considere as afirmativas:


I. Os fenômenos de interferência, difração e
polarização ocorrem com todos os tipos de
50 cm onda.
A separação entre as fendas é d = 0,10 mm, e a II. Os fenômenos de interferência e difração
velocidade da luz no ar é aproximadamente igual ocorrem apenas com ondas transversais.
a 3,0 · 108 m/s. Sabendo que a distância entre III. As ondas eletromagnéticas apresentam o
duas franjas claras consecutivas é de 2,0 mm, fenômeno de polarização, pois são ondas
determine: longitudinais.
a) o comprimento de onda da luz usada; IV. Um polarizador transmite os componentes
da luz incidente não polarizada, cujo vetor
b) a frequência da luz usada. campo elétrico E é perpendicular à direção
de transmissão do polarizador.
90. (U. F. Lavras-MG) A experiência de Young, relati-
va aos fenômenos de interferência luminosa, veio Então, está(ão) correta(s):
mostrar que: a) nenhuma das afirmativas.
a) a interferência pode ser explicada indepen- b) apenas a afirmativa I.
dentemente da estrutura íntima da luz. c) apenas a afirmativa II.
b) a interferência só pode ser explicada com d) apenas as afirmativas I e II.
base na teoria corpuscular da luz. e) apenas as afirmativas I e IV.

15. Interferência da luz em películas finas LARRY MULVeHILL/PHOtO ReSeARCHeRS, INC./LAtINStOCk

Você já deve ter observado as cores produzidas em bolhas de sabão (fig. 83) ou
em películas de óleo boiando na água. esse fenômeno é chamado iridescência (por
causa da semelhança com o arco-íris) e tem origem na interferência da luz. Vamos ver
como isso acontece lembrando, primeiramente, a inversão de fase que às vezes ocorre
na reflexão. Vimos que a luz refratada não sofre inversão de fase, mas a luz refle-
tida pode sofrer; isso ocorre quando a luz vai de um meio menos refringente para um
meio mais refringente.
Comecemos considerando o caso de um raio de luz monocromática que inicialmen-
te se propaga no ar e incide num ponto A de uma película de água de faces paralelas S
e W (fig. 84). Na figura representamos algumas reflexões e refrações que ocorrem. en-
tre os raios representados, o único que sofre inversão de fase é o raio 2, pois resulta da
reflexão do raio 1, que ia do meio menos refringente (ar) para o mais refringente (água).
Figura 83. Iridescência em
Suponhamos que a incidência seja quase normal, isto é, o ângulo de incidência α uma película de água com
seja “pequeno”. Na figura 84 os ângulos e proporções estão exagerados para facilitar o sabão no interior de um
desenho e a exposição. A situação real é mais parecida com o que vemos na figura 85. aro.

510 Capítulo 17
Os raios 2 e 6 são muito próximos, atingindo o olho do O1

ILUStRAçõeS: ZAPt
observador O1. Do mesmo modo, os raios 5 e 8 também são
muito próximos, atingindo o olho do observador O2. Depen- raio incidente E
dendo da espessura e da película, as interferências entre os 1 2
F
raios 2 e 6 e entre os raios 5 e 8 poderão ser construtivas
ou destrutivas. Se as interferências forem construtivas, os 6
α α
trechos AC e BD parecerão brilhantes e se as interferências
ar β β β
forem destrutivas esses trechos estarão escuros para os ob- C S
A
servadores (apesar de haver luz incidindo na película). água
Vamos agora obter as condições para os dois tipos de 3
θ θθ 7
e
interferência, considerando os dois casos: o caso do obser- θ θ 4 9
vador O1, que recebe luz refletida, e o caso do observador
O2, que recebe luz transmitida.
ar B β D β W
8
Observador O1
5
H
O raio 1 incide no ponto A. A partir daí, O1 recebe luz por G
dois percursos: percurso Ae e percurso ABCF. A diferença
O2
entre esses dois percursos é: Figura 84.
d = AB + BC
Mas, levando em conta que a incidência é quase normal,
podemos admitir que
AB = BC ≅ e
sendo e a espessura da película. Assim, temos, aproxima-
damente:
d = 2e 29
Sendo n o índice de refração da água, λ o comprimento
de onda da luz no ar e λ' o comprimento de onda da luz na
água, temos:
λ
λ' = 30 Figura 85.
n
Como o raio 2 sofreu inversão de fase, a condição para interferência construtiva
entre os raios 2 e 6 é:
λ'
d=i 31
2
sendo i um número natural ímpar. Das equações 29 , 30 e 31 , concluímos:

λ i = natural ímpar (interferência construtiva para O1)


e=i 32
4n

Como um número ímpar i qualquer pode ser representado por


i = 2k + 1
com k = 0, 1, 2, 3, ..., a equação 32 pode ser apresentada de outro modo:

λ
e = (2k + 1) 33
4n
ou ainda k = 0, 1, 2, 3, ...
1 λ
e= k+ 34
2 2n

Algumas propriedades das ondas 511


Para que a interferência seja destrutiva, devemos ter:
d = kλ' 35
com k = 0, 1, 2, ...
Das equações 29 , 30 e 35 tiramos:

λ k = 0, 1, 2, 3, ... (interferência destrutiva para O1)


e=k 36
2n

Observador O2
O observador O2 recebe luz por dois percursos: ABG e ABCDH. Como
AB = BC = CD ≅ e
também neste caso a diferença de percurso (d) é dada, aproximadamente, por:
d = 2e
Porém, os raios que atingiram O2 não sofreram inversão de fase. Assim, neste caso,
as condições de interferência construtiva e destrutiva são inversas às do caso anterior.

λ
e=i (interferência destrutiva para O2)
4n

λ
e=k (interferência construtiva para O2)
2n

É importante ressaltar que as equações deduzidas acima valem para a situação da


figura 84, em que temos uma película de índice de refração n imersa em um meio de
índice de refração menor que n. Se tivermos outra situação, como, por exemplo, uma
película de óleo sobre a água, devemos analisar novamente a situação para verificar as
inversões de fase.
Nas questões de provas, se não for especificada a interferência que se quer, suben-
tende-se que é a vista pelo observador O1, isto é, interferência por reflexão.

A iridescência
Suponhamos agora que a película seja iluminada com luz branca. Levando em con-
ta que a luz branca é uma mistura de várias cores e que a espessura da película não é
constante, em cada pequeno trecho da película poderemos ter destruição ou reforço de
uma cor diferente, produzindo-se assim a variedade de cores observadas na figura 83.
A iridescência pode ser observada também nas penas de alguns pássaros e nas asas de
alguns tipos de borboletas.

A influência da espessura da lâmina


A análise que fizemos acima vale para uma situação em que a espessura da lâmina
(e) seja da ordem de grandeza do comprimento de onda da luz (λ). Quando a espessura
é muito menor ou muito maior que λ, a situação é diferente.
Quando e << λ, a diferença de percursos entre os raios 2 e 6 da figura 84 é despre-
zível e, assim, a única diferença entre eles é a inversão de fase do raio 6, ocasionando

512 Capítulo 17
uma interferência destrutiva para todas as cores; dessa forma, a aparência da película
(por reflexão) será escura, como mostra a parte superior da figura 83. Nessa figura te-
mos uma película de água e sabão que se formou no interior de um aro. Como o aro foi
disposto verticalmente, a tendência da água é descer, de modo que, na parte superior,
a película fica muito fina.
Quando e >> λ nós também não observamos a iridescência. Um exemplo é o vidro
de uma janela, que tem espessura de alguns milímetros. À noite, podemos observar
nossa imagem por reflexão no vidro, mas não observamos a iridescência. A razão é que,
para se formar um padrão estável de interferência, a diferença de fase entre as ondas
deve permanecer constante. Porém, a luz do Sol e a luz produzida por lâmpadas são

ZAPt
formadas por pequenos jatos cujos comprimentos são um pouco maiores que 10–6 m
(fig. 86), que é um valor bem maior que os comprimentos de onda da luz visível (que  10–6 m
vão, aproximadamente, de 4 ∙ 10–7 m a 7 ∙ 10–7 m). Desse modo, quando a película é
Figura 86.
fina, os dois raios, 2 e 6, pertencem ao mesmo jato. Mas, quando a película é grossa, os
raios 2 e 6 pertencerão a jatos distintos, não havendo entre eles uma diferença de fase
constante, o que faz com que não haja um padrão constante de interferência.
No capítulo 17 do CD (volume 2), analisamos dois casos de películas com espessura PROcuRE nO cD
variável: a cunha e um dispositivo que produz os chamados anŽis de Newton.
Veja, no capítulo
17 do CD, o texto
Revestimento antirreflexivo Interferências
em cunhas e
Lentes de instrumentos ópticos são revestidas com uma fina camada de um material anéis de Newton.
transparente, cuja função é diminuir a reflexão da luz que vem de fora e, consequen-
temente, aumentar a intensidade da luz transmitida para o interior do instrumento. A
espessura da camada é escolhida de modo a produzir a interferência destrutiva da luz
de comprimento de onda λ = 550 nm (no vácuo), que corresponde ao verde-amarelado
e para a qual nosso olho tem sensibilidade máxima (veja a figura 50 do capítulo 16).
Para essa espessura há destruição total da luz de comprimento de onda λ dado acima e
uma destruição parcial das luzes de comprimentos de onda próximos de λ. eliminando
as luzes do centro do espectro sobram as luzes mais próximas dos extremos (violeta e
vermelho), cuja mistura dá o magenta (veja a figura 49 do capítulo 16). Assim, quando
vemos a luz refletida por essas lentes, notamos uma coloração magenta.

ZAPt
Um dos materiais usados é o fluoreto de magnésio (MgF2), cujo índice S2 S1
de refração é 1,38. Vamos calcular o valor mínimo da espessura e da cama-
vidro MgF2 ar
da desse material (fig. 87), de modo que haja interferência destrutiva para n3 = 1,50 n2 = 1,38 n1 = 1
λ1 = 550 nm. tomando a figura 87 como base, vemos que n2 > n1 e n3 > n2. λ2 λ1
Portanto, há inversão de fase nas faces S1 e S2 e os raios 1 e 2 estão em fase.
Assim, para termos interferência destrutiva, o valor mínimo de e é dado por:
λ2
2e = 37
2
1
Mas:
λ1
λ2 = 38
1,38 2
Substituindo 38 em 37 obtemos:
λ1 550 nm
e= = ⇒ e = 99,6 nm e
4(1,38) 4(1,38) Figura 87.
Você já deve ter ouvido falar de aviões militares que não são detectados pelo radar.
Isso é conseguido recobrindo o avião com uma camada de material transparente, de
espessura tal que produz interferência destrutiva para o comprimento de onda usado
no radar, que é de 3 cm.
Há situações em que é desejável um reforço na luz refletida. Uma dessas situações
é um dispositivo em que se usa laser de um determinado comprimento de onda que se

Algumas propriedades das ondas 513


reflete em um espelho. Nesse caso é aplicada sobre o espelho uma camada de material
transparente cuja espessura é tal que produz interferência construtiva para esse compri-
mento de onda, aumentando a intensidade da luz refletida. Uma outra situação em que
a interferência construtiva é desejável é na fabricação de bijuterias (imitação de joias).
Para que um pedaço de vidro comum apresente brilho parecido com o do diamante, o
vidro é recoberto com uma camada de material transparente, cuja espessura é tal que
produz interferência construtiva para a luz, cujo comprimento de onda está no meio do
espectro (550 nm).

Exercícios de Aplicação

92. Uma película transparente, cujo índice de refra- material transparente, de índice de refração 1,4,
ção é 1,38, está imersa no ar e recebe luz, com cuja função é reforçar a reflexão da luz incidente.
incidência normal, cujo comprimento de onda é Considerando o comprimento de onda no centro
° °
5 520 A (no ar). Determine as duas menores do espectro visível como sendo 5 500 A no ar, cal-
espessuras da película de modo que a luz refle- cule a menor espessura que deve ter essa camada.
tida apresente:
95. Uma película de óleo, cujo índice de refração é
a) interferência construtiva; 1,5, flutua sobre a água, cujo índice de refração
b) interferência destrutiva. é 1,33.

ZAPt
93. Luz branca incide perpendicularmente numa luz O
película de água imersa no ar, de espessura
350 nm, cujo índice de refração é 1,33.
óleo e
a) Determine os três maiores valores do compri-
mento de onda para os quais a interferência
por reflexão é construtiva. água
b) Sabendo que as ondas eletromagnéticas visíveis
estão na faixa de, aproximadamente, 400 nm
a 700 nm, qual o comprimento de onda da luz Calcule a menor espessura que deve ter a película
vista refletindo na película? de óleo, de modo que, ao incidirmos sobre o óleo,
perpendicularmente, luz cujo comprimento de
94. Uma lâmina de vidro, cujo índice de refração é onda no ar é 600 nm, o observador O da figura
1,6, é recoberta com uma fina camada de um perceba interferência construtiva.

Exercícios de Reforço

96. (UF-MT) Uma bolha de sabão observada sob a luz a reflexão mínima no centro do espectro visível.
°
solar apresenta-se multicolorida. Esse fenômeno Considere o comprimento de onda λ = 5 500 A ,
é devido à: o índice de refração do vidro nv = 1,50 e, o da
a) reflexão da luz. película, np = 1,30. Admita a incidência lumino-
b) refração da luz. sa como quase perpendicular ao espelho.
c) polarização da luz.
98. (ITA-SP) Um filme fino de sabão é sustentado
d) difração da luz. verticalmente no ar por uma argola. A parte
e) interferência da luz. superior do filme aparece escura quando é obser-
97. (ITA-SP) Uma fina película de fluoreto de mag- vada por meio de luz branca refletida. Abaixo
nésio recobre o espelho retrovisor de um carro da parte escura aparecem bandas coloridas.
a fim de reduzir a reflexão luminosa. Determine A primeira banda tem cor vermelha ou azul?
a menor espessura da película para que produza Justifique sua resposta.

514 Capítulo 17
Exercícios de Aprofundamento

99. (UF-CE) Na figura as cordas A e B, de mesmo do ruído. Calcule P na frequência de 1 000 Hz


comprimento, têm densidades μA e μB, respec- para o caso do asfalto emborrachado.
tivamente, (μA < μB) e estão presas a um bloco b) Uma possível explicação para a origem do
como mostra a figura. pico em torno de 1 000 Hz é que as ranhuras
longitudinais dos pneus em contato com o

ILUStRAçõeS: ZAPt
solo funcionam como tubos sonoros abertos
nas extremidades. O modo fundamental de
vibração em um tubo aberto ocorre quando
A B o comprimento de onda é igual ao dobro
do comprimento do tubo. Considerando que
a frequência fundamental de vibração seja
1 000 Hz, qual deve ser o comprimento do
tubo? A velocidade de propagação do som no
ar é v = 340 m/s.
30 kg
101. (ITA-SP) A figura mostra dois alto-falantes
alinhados e alimentados em fase por um ampli-
ficador de áudio na frequência de 170 Hz.
As duas cordas são perturbadas de tal modo que
A B
cada uma vibra em sua respectiva frequência
fundamental. Em relação às velocidades e fre-
quências nas cordas (v é a velocidade de propa-
gação da onda, e f é a frequência fundamental),
podemos afirmar, corretamente:
a) vA > vB e fA < fB
b) vA < vB e fA < fB
700 cm
c) vA > vB e fA > fB
Considere desprezível a variação da intensidade
d) vA < vB e fA > fB do som de cada um dos alto-falantes com a dis-
tância e que a velocidade do som é de 340 m/s.
100. (Unicamp-SP) O ruído sonoro nas proximidades A maior distância entre dois máximos de inten-
de rodovias resulta predominantemente da
sidade sonora formada entre os alto-falantes é
compressão do ar pelos pneus de veículos que
igual a:
trafegam a altas velocidades. O uso de asfalto
emborrachado pode reduzir significativamente a) 2 m d) 5 m
esse ruído. O gráfico a seguir mostra duas cur- b) 3 m e) 6 m
vas de intensidade do ruído sonoro em função c) 4 m
da frequência, uma para asfalto comum e outra
para asfalto emborrachado. 102. (ITA-SP) Um ginásio de esportes foi projetado
na forma de uma cúpula com raio de curva-
1,5 · 10–5 tura R = 39,0 m, apoiada sobre uma parede
intensidade (W/m2)

1,2 · 10–5
9,0 · 10–6
lateral cilíndrica de raio y = 25,0 m e altura
6,0 · 10–6 h = 10,0 m, como mostrado na figura. A cúpula
3,0 · 10–6 comporta-se como um espelho esférico de dis-
tância focal f = R , refletindo ondas sonoras,
2
0

0
00

00

00

00

00

00

00
50
10

15

20

25

30

35

40

sendo seu topo o vértice do espelho. Determine


frequência (Hz) a posição do foco relativa ao piso do ginásio.
Discuta, em termos físicos, as consequências
a) As intensidades da figura foram obtidas a práticas deste projeto arquitetônico.
uma distância r = 10 m da rodovia. Considere
que a intensidade do ruído sonoro é dada por R h
I = P 2 , onde P é a potência de emissão
4 πr y

Algumas propriedades das ondas 515


103. (ITA-SP) Considere o modelo de flauta simplifica- detectam uma variação periódica na intensidade
do mostrado na figura, aberta na sua extremida- do som resultante das duas fontes, passando por
de D, dispondo de uma abertura em A (próxima máximos e mínimos consecutivos de intensida-
à boca), um orifício em B e outro em C. de. Sabe-se que a velocidade do som é 340 m/s
nas condições do experimento. Levando em
vista superior conta a posição inicial das fontes, determine:

ILUStRAçõeS: ZAPt
a) a separação La entre as fontes para a qual o
A B C D
observador A detecta o primeiro mínimo de
intensidade;
b) a separação Lb entre as fontes para a qual o
observador B detecta o primeiro máximo de
intensidade.
corte longitudinal
A B C D 105. (ITA-SP) Num experimento de duas fendas de
Young, com luz monocromática de comprimen-
to de onda λ, coloca-se uma lâmina delgada de
vidro (nv = 1,6) sobre uma das fendas. Isto pro-
duz um deslocamento das franjas na figura de
Sendo AD = 34 cm, AB = BD, BC = CD, e a interferência. Considere que o efeito da lâmina
velocidade do som de 340,0 m/s, as frequên- é alterar a fase da onda.
cias esperadas nos casos: (I) somente o orifício l‰mina d anteparo
C está fechado, e (II) os orifícios B e C estão
fechados, devem ser, respectivamente:
a) 2 000 Hz e 1 000 Hz. F1

b) 500 Hz e 1 000 Hz.


c) 1 000 Hz e 500 Hz.
d) 50 Hz e 100 Hz.
e) 10 Hz e 5 Hz.

104. (Fuvest-SP) Duas fontes sonoras F1 e F2 estão


inicialmente separadas de 2,5 m. Dois obser-
vadores A e B estão distantes 10 m da fonte F2
F1, sendo que o observador A está no eixo x, e λ
o observador B, no eixo y, conforme indica a
figura abaixo. Nestas circunstâncias, pode-se afirmar que a
espessura d da lâmina, que provoca o desloca-
y mento da franja central brilhante (ordem zero)
para a posição que era ocupada pela franja bri-
B
lhante de primeira ordem, é igual a:
a) 0,38λ d) 1,2λ
b) 0,60λ e) 1,7λ
10 m
c) λ

SugESTÃO DE LEITuRA
A F1 F2
x CREASE, Robert. P. Os dez mais belos
10 m 2,5 m experimentos científicos. Rio de Janeiro: Zahar,
2006.

As duas fontes estão em fase e emitem som • No capítulo 6 é apresentada a história


numa frequência fixa f = 170 Hz. Num dado do experimento de Young, que foi
instante a fonte F2 começa a se deslocar lenta- fundamental para o estabelecimento da
mente ao longo do eixo x afastando-se da fonte teoria ondulatória da luz.
F1. Com esse deslocamento, os dois observadores

516 Capítulo 17
Análise dimensional e APÊNdICE
previsão de fórmulas

No capítulo 1 do volume 1 desta coleção, apresentamos as grandezas básicas Previsão de fórmulas


usadas na Física e o conceito de dimensão de uma grandeza física. Na tabela a
seguir, lembramos as grandezas básicas utilizadas até agora, com as respectivas Uma limitação da análise
unidades no SI e os respectivos símbolos dimensionais. dimensional

ALGUMAS GRANDEZAS BÁSICAS


Grandeza Unidade no SI Símbolo dimensional
comprimento metro (m) L
massa quilograma (kg) M
tempo segundo (s) T
temperatura termodinâmica kelvin (K) θ
quantidade de matéria mol N

Além das grandezas básicas, há as grandezas derivadas, que são expressas em


função das grandezas básicas. Ao longo do nosso curso, à medida que as grande-
zas derivadas foram sendo definidas, pedimos que você apresentasse as equações
dimensionais dessas grandezas. Agora, vamos mostrar uma utilidade da análise das
dimensões (também chamada análise dimensional): a previsão de fórmulas. Po-
rém, antes de mostrar como isso é feito, vamos considerar algumas das equações
que já estudamos:

1ª. ) Segunda Lei de Newton: F = m · a

2ª. ) Quantidade de movimento: Q = m · v


1
3ª. ) Energia cinética: Ec = mv2
2
|força| F
4ª. ) Pressão: p = = = F · A–1
área A
5ª. ) Velocidade de uma onda transversal em uma corda esticada, sob tração F e ten-
do densidade linear μ:
1
1 1
F F F2 –
v= = = 1 = F2 · μ 2
μ μ
μ2

Como vemos, de modo geral, uma grandeza derivada é dada por um produto
de outras grandezas, eventualmente elevadas a expoentes diferentes de 1 e que
podem ser negativos. Vemos também que, às vezes, as grandezas são multiplicadas
por um número (adimensional), como é o caso da energia cinética, em que aparece
1
o fator .
2

Análise dimensional e previsão de fórmulas 517


Previsão de fórmulas
A previsão de fórmulas usando a análise dimensional é baseada no seguinte fato: só
podemos estabelecer igualdade entre duas grandezas que tenham a mesma dimensão.
Assim, se, por exemplo, dadas duas grandezas A e B, afirmamos que
A=B
então, certamente, a dimensão de A é igual à dimensão de B:
[A] = [B]
Vamos mostrar como é feita a previsão de fórmulas por meio de um exem-
plo: o cálculo do período de um pêndulo simples. Representando esse período por
p (para não confundir com o símbolo dimensional T) e o comprimento do pêndulo por 𝓵
(para não confundir com o símbolo dimensional L), vimos no capítulo 15 deste volume que:

p = 2π 𝓵
g
sendo g a aceleração da gravidade. Deduzimos essa fórmula usando a Segunda Lei
de Newton. Porém, coloquemo-nos no lugar de Galileu, que, até onde sabemos, foi o
primeiro a descrever os fatos importantes sobre o pêndulo. Ele não conhecia as leis de
Newton. Então, como poderia obter a fórmula que dá o período? Ele poderia ter usado
a análise dimensional.
O primeiro passo seria verificar, por meio de experimentos, quais são as grandezas
que afetam o período. Galileu logo percebeu que havia duas: o comprimento (𝓵) e a
aceleração da gravidade (g). Ele notou que, quanto maior fosse o comprimento, maior
era o período e que, para um mesmo comprimento, realizando o experimento ao nível
do mar e no alto de uma montanha (onde g é menor), os resultados eram diferentes.
Ele observou também que o valor da massa do corpo preso na extremidade do fio não
influenciava o período. Portanto, levando em conta que, talvez, haja um fator numérico
k (sem dimensão), o período p deve ser dado pela equação:

p = k𝓵xgy 1

sendo x e y expoentes cujos valores podem ser determinados impondo-se que os


dois membros da equação 1 tenham a mesma dimensão. Assim, como k não tem
dimensão, da equação 1 tiramos:

[p] = [𝓵x ∙ gy] 2

Como o período é um tempo, sua dimensão é T:


[p] = T
A dimensão de 𝓵 é L, e g, cuja unidade no SI é m ∙ s–2, tem dimensão dada por:
[g] = LT–2
Desse modo, da equação 2 obtemos:
T = Lx (LT–2)y
ou:
T = Lx Ly T–2y
ou ainda:

T = Lx + y T–2y 3

518 Apêndice
Como a dimensão L não aparece no membro esquerdo da equação 3 , para que ele
também não apareça no membro direito, devemos ter:

x+y=0 4

Os expoentes de T, nos dois membros da equação 3 , devem ser iguais. Assim:

1 = –2y 5

Resolvendo o sistema formado pelas equações 4 e 5 , obtemos os valores de x e y:

1
x=
x+y=0 ⇒ 2
1 = –2y y=–
1
2

Colocando esses valores na equação 1 , obtemos:

1 1

p = k𝓵 2 g 2

ou:
1
p=k 𝓵 ·
g

ou ainda:

p=k 𝓵
g

A análise dimensional não permite calcular o valor do fator numérico k, o qual deve
ser obtido experimentalmente. Se Galileu fizesse o experimento obteria:
k ≅ 6,28
que é aproximadamente igual a 2 π.

Uma limitação da análise dimensional


No capítulo 16 deste volume vimos que a velocidade (v) do som em um gás pode
ser calculada por

γp
v= 6
d

sendo p e d, respectivamente, a pressão e a densidade do gás e sendo γ a razão de


Poisson, que é o quociente entre dois calores molares: o calor molar a pressão constante
e o calor molar a volume constante. Vimos também que o valor de γ depende da
atomicidade do gás: para gases monoatômicos ele vale 1,67, para gases diatômicos ele
vale 1,4, e para gases cuja molécula tem mais de dois átomos ele vale 1,3.

Análise dimensional e previsão de fórmulas 519


Suponhamos que você necessite da equação 6 , mas não se lembra de como ela é;
apenas de que v depende de p e d. Você poderá, então, tentar obtê-la usando a análise
dimensional. Se você fizer isso (como pedimos no exercício 2), obterá:

p
v=k 7
d

sendo k um fator numérico. Neste caso, o fator numérico k tem duas diferenças em
relação ao fator k que aparece na fórmula do período do pêndulo simples. Em primeiro
lugar, aqui, k não Ž constante. Comparando as equações 7 e 6 percebemos que:

k= γ

isto é, para gases monoatômicos, teremos k = 1,67 , para gases diatômicos, teremos
k = 1,4, e, para gases cujas moléculas têm mais de dois átomos, teremos k = 1,3.
Esse fato não é revelado pela análise dimensional. A segunda diferença é que aqui,
embora k seja um número, isto é, não tenha dimensão, ele tem um significado físico
que também não é revelado pela análise dimensional: ele é a raiz quadrada de γ.
Portanto, embora a análise dimensional seja uma ferramenta muito útil, há situa-
ções em que informações importantes não são obtidas por meio de seu uso.

Exercícios de Aplicação

1. Usando a análise dimensional obtenha a equação 5. Na equação p = 12 bv2, p é uma pressão e v é uma
que dá a velocidade de propagação de uma onda
velocidade. Podemos então afirmar que a grande-
transversal em uma corda esticada, supondo que
za b tem dimensão de:
ela dependa da tração F na corda, da massa m e
do comprimento d da corda. a) força. d) densidade.
b) aceleração. e) comprimento.
2. Suponha que a velocidade (v) de propagação do
som em um gás dependa apenas da pressão (p) c) energia.
e da densidade (d) do gás. Por meio da análise
dimensional obtenha a equação que dá o valor 6. A grandeza cuja equação dimensional é: ML–1T–2
de v. é:
a) energia. d) força.
3. A velocidade mínima (v) de uma moto, para
que consiga descrever um movimento contido b) potência. e) quantidade de movimento.
num plano vertical, no interior de um “globo da c) pressão.
morte”, depende, no ponto mais alto, do raio (R)
do globo e da aceleração da gravidade (g). Por 7. Apresente as equações dimensionais das seguin-
meio da análise dimensional obtenha a equação tes grandezas:
que dá o valor de v.
a) capacidade térmica; c) calor molar;
4. Um pequeno objeto esférico de raio R move-se b) calor específico; d) momento angular.
com velocidade v no interior de um líquido, cuja
viscosidade é h, que aplica no objeto uma força 8. Num novo sistema de unidades, as grandezas
de atrito cuja intensidade é F e que depende de fundamentais e seus símbolos dimensionais são,
v, R e h. Sabendo que a equação dimensional de respectivamente: volume, V; força, F; e tempo, T.
h é: [h] = ML–1T–1, obtenha uma equação que dá Determine, nesse sistema, a equação dimensional
o valor de F. de potência.

520 Apêndice
Exercícios de Reforço

9. (ITA-SP) Uma certa grandeza física A é definida a) Quais são as unidades de σ no Sistema
como o produto da variação de energia de uma Internacional de Unidades?
partícula pelo intervalo de tempo em que esta b) Encontre a expressão para o peso total da
variação ocorre. Outra grandeza, B, é o produto viga em termos de γ, d e L.
da quantidade de movimento da partícula pela
c) Suponha que uma viga de diâmetro d1 se
distância percorrida. A combinação que resulta
rompa sob a ação do próprio peso para um
em uma grandeza adimensional é:
comprimento maior que L1. Qual deve ser o
A A A2 diâmetro mínimo de uma viga feita do mesmo
a) AB b) c) 2 d) e) A2B
B B B
material com comprimento 2L1 para que ela
10. (Cesgranrio-RJ) Na expressão seguinte, x repre- não se rompa pela ação de seu próprio peso?
senta uma distância, v uma velocidade, a uma
aceleração, e k uma constante adimensional. 13. (ITA-SP) Um exercício sobre a dinâmica da par-
n
v tícula tem seu início assim enunciado: Uma
x=k partícula está se movendo com uma aceleração
a
a3
Qual deve ser o valor do expoente n para que a cujo módulo é dado por μ r + 2 , sendo r a dis-
r
expressão seja fisicamente correta?
tância entre a origem e a partícula. Considere que
11. (ITA-SP) Em um experimento verificou-se a pro- a partícula foi lançada a partir de uma distância
porcionalidade existente entre energia e a fre- a com uma velocidade inicial 2 μa . Existe algum
quência de emissão de uma radiação característi- erro conceitual nesse enunciado? Por que razão?
ca. Neste caso, a constante de proporcionalidade,
a) Não, porque a expressão para a velocidade é
em termos dimensionais, é equivalente a
consistente com a da aceleração.
a) força. b) Sim, porque a expressão correta para a velo-
b) quantidade de movimento. cidade seria 2a2 μ.
c) momento angular. c) Sim, porque a expressão correta para a velo-
d) pressão. μ
cidade seria 2a2 .
e) potência. r
d) Sim, porque a expressão correta para a velo-
12. (Unicamp-SP) Além de suas contribuições funda- μ
mentais à Física, Galileu é considerado também cidade seria 2 a2 r .
o pai da Resistência dos Materiais, ciência muito e) Sim, porque a expressão correta para a velo-
usada em engenharia, que estuda o comporta-
cidade seria 2a μ.
mento de materiais sob esforço. Galileu propôs
empiricamente que uma viga cilíndrica de diâ-
14. (Cesgranrio-RJ) Na análise de determinados movi-
metro d e comprimento (vão livre) L, apoiada nas
mentos, é bastante razoável supor que a força de
extremidades, como na figura a seguir, rompe-se
atrito seja proporcional ao quadrado da velocida-
ao ser submetida a uma força vertical F, aplicada
de da partícula que se move. Analiticamente:
d3
em seu centro, dada por F = σ , onde σ é a
L F = Kv2
tensão de ruptura característica do material do
A unidade da constante de proporcionalidade K
qual a viga é feita. Seja γ o peso específico (peso
no SI é:
por unidade de volume) do material da viga.
kg · m2 kg · m kg
L a) c) e)
ZAPT

2 s2 s s
F
kg · s2 kg
b) d)
m2 m
d
15. (ITA-SP) Pela teoria Newtoniana da gravitação, o
potencial gravitacional devido ao Sol, assumindo
GM
simetria esférica, é dado por –V = , em que
r
L r é a distância média do corpo ao centro do Sol.

Análise dimensional e previsão de fórmulas 521


Segundo a teoria da relatividade de Einstein, a) x = 2; y = 2 d) x = –2; y = 2
essa equação de Newton deve ser corrigida para b) x = 1; y = 2 e) x = –2; y = –2
GM A
–V = + 2 , em que A depende somente de G, c) x = 1; y = 1
r r
de M e da velocidade da luz, c. Com base na aná-
lise dimensional e considerando k uma constante 18. (Unicamp-SP) Quando um recipiente aberto con-
adimensional, assinale a opção que apresenta a tendo um líquido é sujeito a vibrações, observa-
expressão da constante A, seguida da ordem de se um movimento ondulatório na superfície do
A líquido. Para pequenos comprimentos de onda
grandeza da razão entre o termo de correção, 2 , λ, a velocidade de propagação v de uma onda
r
GM na superfície livre do líquido está relacionada à
obtido por Einstein, e o termo da equação
r tensão superficial σ conforme a equação
de Newton, na posição da Terra, sabendo a priori
que k = 1. v=
2πσ
ρλ
ObsERvAçãO dOs AUtOREs
onde ρ é a densidade do líquido. Essa equação
Caso necessário, use os seguintes dados: pode ser utilizada para determinar a tensão
Constante gravitacional: G = 6,67 ∙ 10–11 m3/s2 · kg superficial induzindo-se na superfície do líquido
Massa do Sol: M = 1,99 ∙ 1030 kg um movimento ondulatório com uma frequência
Velocidade da luz: c = 3 ∙ 108 m/s f conhecida e medindo-se o comprimento de
Distância média do centro da Terra ao centro do onda λ.
Sol: 1,5 ∙ 1011 m a) Quais são as unidades da tensão superficial σ
no Sistema Internacional de Unidades?
kGM kG2M2
a) A = e 10–5 d) A = e 10–5 b) Determine a tensão superficial da água,
c c2
sabendo que para uma frequência de 250 Hz
kG2M2 kG2M2
b) A = e 10–8 e) A = e 10–8 observou-se a formação de ondas superficiais
c c2
com comprimento de onda λ = 2,0 mm.
kG2M2 Aproxime π ≈ 3.
c) A = e 10–3
c
19. (ITA-SP) Quando camadas adjacentes de um flui-
16. (Vunesp-SP) Num determinado processo físico, a do viscoso deslizam regularmente umas sobre as
quantidade de calor Q transferida por convecção
outras, o escoamento resultante é dito laminar.
é dada por
Sob certas condições, o aumento da velocidade
Q = h · A · ΔT ∙ Δt provoca o regime de escoamento turbulento, que
é caracterizado pelos movimentos irregulares
onde h é uma constante, Q é expresso em joules (aleatórios) das partículas do fluido. Observa-se,
(J), A em metros quadrados (m2), ΔT em kelvins experimentalmente, que o regime de escoamento
(K) e Δt em segundos (s), que são unidades do (laminar ou turbulento) depende de um parâme-
Sistema Internacional (SI). tro adimensional (Número de Reynolds) dado por
R = ραvβdγ ητ, em que ρ é a densidade do fluido,
a) Expresse a unidade da grandeza h em termos
v, sua velocidade, η, seu coeficiente de viscosi-
de unidades do SI que aparecem no enuncia-
dade, e d, uma distância característica associada
do.
à geometria do meio que circunda o fluido. Por
b) Expresse a unidade de h usando apenas as outro lado, num outro tipo de experimento,
unidades kg, s e K, que pertencem ao conjun- sabe-se que uma esfera, de diâmetro D, que se
to das unidades de base do SI. movimenta num meio fluido, sofre a ação de uma
força de arrasto viscoso dada por F = 3πDηv.
17. (ITA-SP) Define-se intensidade I de uma onda Assim sendo, com relação aos respectivos valores
como a razão entre a potência que essa onda de α, β, γ e τ, uma das soluções é:
transporta por unidade de área perpendicular
à direção dessa propagação. Considere que para a) α = 1, β = 1, γ = 1, τ = –1
uma certa onda de amplitude a, frequência f e b) α = 1, β = –1, γ = 1, τ = 1
velocidade v, que se propaga em um meio de
densidade p, foi determinada que a intensidade c) α = 1, β = 1, γ = –1, τ = 1
é dada por: I = 2π2fxρvay. Indique quais são os d) α = –1, β = 1, γ = 1, τ = 1
valores adequados para x e y, respectivamente. e) α = 1, β = 1, γ = 0, τ = 1

522 Apêndice
Respostas
1 • Termometria 35. c 36. d = 6,9 g/cm3
36. a) 400 K b) 5,46 atm 38. ΔV = 0,264 cm3
1. a 39. e
2 • Dilatação térmica
2. c 40. Corretas: 01, 16 e 32.
4. e 2. a) 0,66 cm b) 200,66 cm 42. V = 155,4 cm3
5. a) 100 °C b) 50 °C 3. α = 1,00 · 10–4 °C–1 44. 4,8 cm3
6. a) 12 °C b) 32 °C c) 18 cm 6. L0 = 5,0 m 45. γlíq. = 6,7 · 10–5 °C–1
8. 40 °C 7. zinco: 438,18 cm; cobre: 428,18 cm 47. 200 cm3
9. b 8. αB > αA 49. γ = 5 · 10–4 °C–1
12. a 9. d 50. e
14. d 10. e 51. e
15. a) Δθ = –10,8 °C 11. e 52. c
b) T = 288 K 12. c 53. b
17. d αB
13. =3 54. d
18. a αA
14. a 55. c
19. c
15. c 57. a) ΔVap = 6 cm3
21. a) θ (ºC)
b) γap = 1,5 · 10–4 °C–1
100 16. d
50 c) γreal = 1,77 · 10–4 °C–1
0 17. a
5,0 10 15 20 25 h (cm) d) V = 507,1 cm3
– 50 19. α = 1,5 · 10–5 °C–1
b) q = 5h – 25
58. γreal = 8,0 · 10–4 °C–1
20. A = 800,88 cm2
22. a) θ = 10 · h + 12 60. a) γap = 1,5 · 10–4 °C–1
21. d
b) h = 11 cm b) γreal = 1,8 · 10–4 °C–1
22. c
23. d 61. c
23. b
24. a 62. 1,0 L
24. e
25. d 63. e
26. ABASE = 100,072 cm2
26. c 64. c
27. d
27. Δθ = 108 °F 65. a
29. e
28. a) 492 °Ra b) 672 °Ra 66. e
30. b
29. b 67. a
31. b
30. c 32. e 68. c
31. a 34. a) Vi = 103 cm3 69. b
32. Corpo B. b) γ = 135 · 10–6 °C–1 70. b
33. e c) Vf = 1 002,7 cm 3 71. d
34. 176,7 °F = 353,4 K d) Af = 100,12 cm 2
72. c
Respostas 523
73. d 18. a) Pot = 600 cal/min 56. e
74. a b) C = 0,3 cal/g·°C 57. 76 g
75. Ordem de grandeza: ΔL = 10–2 cm; 19. d 58. T = 225 °C
ΔA = 10–2 cm2; ΔV = 10–2 cm3 22. a) θ (ºC)
alumínio
76. b θ
i
1 4 • Mudança de estado
77. c 22
2
78. e 20
2. a) Gasoso.
água
79. Δθ = 416,7 °C tE
b) Sólido.
t
H1 c) Curva de sublimação.
80. H0 = b) 42 °C
1 + (β – 3α) · t1 d) A substância pode coexistir
81. c
23. 50 °C
nas fases sólida e gasosa.
82. a) A água perde calor por estar 24. e e) Vaporização.
em contato com o ar mais frio. 25. a
3. b
A camada superficial, que está 26. d
em contato com o ar, é a pri- 4. Corretas: 01, 02, 08, 16.
meira a congelar. Por ser um
27. e Incorreta: 04.
mau condutor de calor, o gelo 28. e
5. c
formado na superfície inter- 29. a
rompe o fluxo de calor entre 6. b
as camadas mais profundas e 30. e 8. Diminui.
o ar. 31. e
10. A pressão na base é maior que a
b) T' = 0,22 N 32. θe = 73 · T pressão no topo e, ultrapassando
certo valor, pode ocorrer a fusão.
33. a) 63,3 °C b) 31,67 °C
3 • Calorimetria 35. Δt = 3,28 min 11. c
37. m = 27 13. a) O aumento de pressão abaixa
2. a) Q = 84 kcal M o ponto de fusão e ocorre o
b) C = 2,1 kcal/°C 39. a) θe = 0 °C b) m = 100 g regelo.
3. a) C = 90 cal/°C 41. θe = 0 °C b) O aumento de pressão abaixa o
ponto de solidificação.
b) Δθ = 100 °C 42. a
c) A base da geleira, sob grande
5. a) C = 2 360 J/K 43. θe = 12 °C pressão, se funde e ocorre o
b) e = 472 J/kg · K 44. a deslizamento.
7. a) Q = 735 kJ 45. 250 g de água e 750 g de gelo. 16. 30 g
b) Δt = 1 470 s = 24,5 min 46. e 17. 2,5%
8. a) Pot = 18 000 cal/min 47. 0,7 kg 18. e
b) Δt = 1,67 min 48. a) 70 g 19. e
10. Δθ = 4 °C b) 22 °C; não há gelo. 20. d
11. b 49. b 21. Em São Paulo a temperatura de
12. d 50. c = 0,42 cal/g · °C ebulição é menor que 100 °C e
13. b 51. c no Rio de Janeiro e em Fortaleza,
igual a 100 °C.
14. b 52. a) 0 °C b) 16 °C
22. O vapor do ambiente se conden-
15. e 53. b sa ao entrar em contato com a
16. Pot = 3,5 · 103 W 54. 64 cubinhos. superfície fria da garrafa.
17. Pot = 50 W 55. T = 90 °C 24. a) Fortaleza e Salvador.
524 Respostas
b) Em Fortaleza. 43. a) 2,0 kg b) 10,18 kg 20. a
c) A pressão atmosférica em São 44. d 21. d
Paulo é menor que 1,0 atm.
45. a) p > 760 mmHg 22. e
26. a) T: ponto triplo; C: ponto críti-
co.
b) Quanto maior é a pressão, 24. a) ≅ 5,8 · 103 K c) Verde.
maior é o ponto de ebulição.
b) Pode coexistir nos estados b) ≅ 6,0 · 10 Hz 14

46. b
líquido e vapor. 25. Não.
47. d
c) 15 atm. 26. c
d) Para a água, a pressão máxima 48. a) 70 g b) 22 °C; não há gelo
27. Sim, pois diminui a área de emis-
é 1 atm a 100 °C.
são de calor.
e) Vapor.
5 • Transmissão de calor 28. 300 K
27. No interior da panela a pressão é
maior que 1,0 atm e a água fer- 29. 56
1. Por causa do ar existente entre
vente se encontra a temperatura
os fragmentos de madeira (o ar é
30. Efeito estufa.
maior que 100 °C, transferindo
menos condutor que a madeira). 31. c
calor para o feijão mais rapida-
mente. 2. Para aprisionar o ar entre as 32. e
penas. 33. e
30. O éter absorve calor da pele
e evapora rapidamente. Quanto 3. Por causa do ar aprisionado em 34. b
mais rápida é a evaporação, maior seu interior.
35. a
é a sensação de “frio”. 5. a) ≅ 2,9 · 107 J/s
31. d b) ≅ 8,7 · 109 J
36. e
33. a 6. A condutividade térmica do aço é 37. e
maior que a da madeira e absorve 38. b
34. e
calor mais rapidamente.
35. a 39. c
7. d 40. d
36. c
8. 3,0 s
37. a 41. I. Quando a porta e a maçaneta
10. 90 °C tiverem temperatura superior
38. b
11. d à da nossa mão.
39. a II. Quando a temperatura da
12. e
40. a) 10,0 N/cm c) P = 1,0 N
2 porta, da maçaneta e da mão
13. a forem iguais.
b) 15,0 N/cm2
14. 400 °C 42. Como os metais são bons condu-
41. d
15. d tores, o calor se distribui rapi-
42. a) I: fase líquida; II: fase gasosa; damente por toda a extensão da
III: fase sólida. 16. Como a parte aquecida é a supe-
rior, não há convecção. Só ocorre tela, permitindo que a parte de
b) t ≅ 210 °C cima (a) ou a de baixo (b) fiquem
condução, que é lenta, pois a
c) Não. Para uma pressão p = 1,0 atm condutividade da água é pequena. suficientemente aquecidas para
pode-se passar pela curva de emitir luz.
17. Figura I.
fusão por aumento da tempe- 43. 40 Wh
ratura. 18. O ar quente move-se para cima.
44. a) 100 °C b) 4,0 · 105 J/s
d) Ponto triplo é a temperatura em 19. Aquecendo-se a parte de cima
da água não haverá convecção. 45. 6,7 · 10 J/s
3
que a substância encontra-se
em equilíbrio nos três estados Assim, a transmissão do calor 46. a) 160 cal/s b) 1,44 · 107 cal
físicos. Graficamente é o ponto para baixo será por condução
de intersecção das três curvas: apenas, e a água tem baixa con-
47. a) ≅ 210 °C b) ≅ 115 cal/s
p = 0,4 atm e t ≈ 90 °C. dutividade. 48. 2,7 K
Respostas 525
6 • Leis dos Gases Ideais 38. a) 10 c) 280 g 70. a) 3,74 · 103 J
b) 6,02 · 1024 b) 1,37 · 103 m/s
2. 24,3051 u 40. 24 71. e
3. a) 2 c) 32 e) 36,5 42. a) 4 atm 72. 12
b) 18 d) 44 f) 72 b) X → 60%; Y → 40%
73. a
4. 3,0 · 1024 c) 10,4
74. a
5. 7,0 43. a) 1,43 kg/m3 b) 14,3 g
75. e
6. a) 32 g/mol b) 256 g 44. 0,90 g/L
76. c
7. a) 50 b) 3,0 · 1025 45. b
77. a
8. e 47. a) 3,62 · 1025 moléculas/m3
78. No mais frio.
9. c b) 3,02 · 10–9 m
79. Cada molécula tem uma ener-
10. d 48. a gia grande, mas a concentração
12. 1,0 atm 49. a de moléculas é muito pequena.
Assim, a energia que as molé-
13. V1 = 4,0 L; V2 = 8,0 L 50. b
culas transferem ao nosso corpo
14. 180 cmHg 51. ≅ 2,2 atm é insuficiente para compensar a
15. b 52. ≅ 3 atm perda de calor por irradiação.

16. 2,5 53. a) 23 L b) 36 atm 80. a) 1,04 b) 1,3 c) 1,73


18. 1 400 K 54. a) ≅ 293 K b) 2,4 atm 81. 32,9 𝓵b/in2
19. 3,2 atm 55. a
21. 500 L 56. a 7 • As leis da Termodinâmica
22. 300 K 57. a) A de refrigerante dietético.
23. ≅ 2 atm b) 5,3 kg/m3
2. 6,0 · 105 J
24. p 58. d 3. a) −20,4 J b) 20,4 J

59. a) 21,7 · 103 L 4. –6,0 · 103 J


0 T b) ≅ 1,8 · 10–2 g/L 5. 1,0 · 106 J
25. Falsa, pois entre as moléculas há 60. a) 5,8 m/s b) ≅ 6,2 m/s 7. ≅ 2,9 · 103 J
espaço vazio. 61. c 8. 1,5 · 106 J
26. c 62. a) 4,5 d) 8,27 · 10−21 J 9. ≅ 7,5 · 102 J
27. 5,0 kg b) 2,24 · 104 J e) 558 m/s 10. Nos dois casos a variação da ener-
28. 1,5 g; 1,4 · 10 Pa
5 24 gia interna é a mesma.
c) 2,71 · 10
29. c 63. ≅ 6,2 · 10−21 J 11. Sim. Por exemplo, na fusão ou na
vaporização.
30. a) 800 cm3 c) 102 °C 64. 1,51 · 105 J
b) –400 N/m2 12. 52 nRT
65. 7,32 · 10−26 kg
31. b 66. b 13. e
p 2
32. b 67. a) 461 m/s b) 408 m/s
14. a) pB = 3A b) – p · VA
3 A
33. 16 N 69. a) 2,26 · 10–7 m 15. zero
34. 0,62 b) 471 m/s 16. 36 (04 + 32)
35. b c) 4,8 · 10−10 s 17. e
37. ≅ 3,6 atm d) 2,1 · 109 colisões/s 18. c
526 Respostas
20. 436 J 40. 900 J 62. a) Positivo.
21. a) 300 K d) 1,2 · 105 J 41. a) 400 K b) 6,75 · 104 J
b) ≅ 24 e) 6,0 · 104 J b) 800 J/K c) Recebe.
c) –6,0 · 104 J c) Não. d) 6,75 · 104 J

22. Recebeu calor. d) 3,6 · 105 J; 4,8 · 105 J e) 6,75 · 105 W

23. b e) 1,2 · 105 J 63. a) Negativo.


24. e 42. a) 7,2 · 10 J; 8,4 · 10 J
5 5 b) Forneceu.
5 5
b) 2,4 · 10 J; 3,6 · 10 J c) –6,0 · 104 J
25. a) Isocórico: –2,0 · 105 Pa e zero;
c) 4,8 · 105 J; 6,0 · 105 J d) –6,0 · 104 J
isobárico: zero e 4,0 · 10–2 m3.
Ta = Tc 43. a) 800 K 64. a) 1,0 · 105 J
b) 4,0 · 103 J b) 9 b) 3,75 · 105 J
26. a) 6 · 103 Pa c) zero c) 1,57 · 105 J c) –1,25 · 105 J
b) 5,8 d) 1,7 · 104 d) 4,5 · 104 J 65. –5,08 · 103 J
5
27. a) Contraiu. e) Negativo. e) 1,12 · 10 J 66. c
f) 0,66 J/g · K
b) 12 · 10 Pa3
f) Forneceu. 67. 40 °C
g) –1,98 · 104 J 45. a) 21,1 J/mol · K
c) zero 68. a
d) 8,7 b) 9,2 · 102 J/kg · K
69. 26 (02 + 08 + 16)
c) 6,6 · 102 J/kg · K
28. c 70. 04
29. b 46. −180 J
71. c
31. a) 8,4 · 104 J d) 20
47. c
72. 26 J
b) zero e) 21 J/mol · K 48. 41 (01 + 08 +32)
74. a) 150 J b) 750 W c) 30%
c) 8,4 · 104 J 49. a) 415 J b) 10 K
76. a) 40% b) 480 J c) 720 J
32. a) 5,8 · 103 J b) 5,8 · 103 J 50. a) 150 J
b) 225 J 77. Não, pois o rendimento seria
33. a) 3,0 cal/mol · K maior que o de Carnot.
b) 0,15 cal/g · K c) 375 J
78. d
34. a) 11,8 51. d
79. e
b) 47 g 52. 08
80. 52 · 106 J
c) –3,5 · 103 cal 53. a) 1,1 · 105 Pa
d) zero b) 450 K 81. I e IV
e) –3,5 · 103 cal c) 3% 82. e
35. a) zero 54. 2,9 · 104 J 83. I. Não. III. Sim; 25%.
b) 3,0 · 104 J 56. a) zero II. Não.
c) 200 K; 600 K b) –1,3 · 104 J 84. c
36. a) zero c) Diminuiu. 85. a) 60 J b) 4
b) 500 cal d) Diminuiu. 86. a) 1 440 J
c) 0,16 cal/g · °C e) −250 K b) 1 890 J
38. a) 2,4 · 10 J 4 4
b) 3,6 · 10 J 57. p = 4 2 atm ≅ 5,7 atm; 87. a) 6,5
T = 200 2 K ≅ 283 K
39. a) 19,3 b) 1 300 J
b) 77 g 58. –3,75 · 10 J3
c) 1 500 J
c) 1,24 cal/g · K 59. c 88. a) 2,93 · 103 J/s
d) 4,96 cal/mol · K 60. 20 2 cm3 ≅ 28 cm3 b) 2,4

Respostas 527
89. a) 4,5 · 103 J/s 16. a 7. c
3
b) 3,0 · 10 J/s 17. c 8. c
90. Não. 18. c 9. d
91. 250 J 19. c 10. c
92. a) 840 W 20. d
12. P'
b) 5 22. 68 m
E
93. b 23. 40 cm I
α
94. 26 (02 + 08 + 16) 24. d
α
P

95. d 26. c
Figura a.
96. c 28. c
E
97. c 31. 108 cm
98. b 32. b
α
I

99. Água líquida. 34. 300 m α


P'
100. Não. 35. 3,75 · 10 km
5

101. e 36. c
102. d 37. cos α = 3 1010 P
103. a) zero 38. d
b) Menor que zero. Figura b.
39. d P
104. a) 70%; 67%
40. b
b) 810 K
41. c
105. a) 1,0 · 102 kg E α α
2 42. 1,5 · 108 km I
b) 4,8 · 10 J
43. 550 m
44. c
8 • Os princípios da Óptica P'
Geométrica 45. 3,75 · 105 km
46. d Figura c.
2. c 47. b 14.
4. c 48. Preto. F

5. a) 1 ano-luz.
b) 296,8 anos-luz.
9 • Reflexão da luz
7. Todas têm a mesma velocidade O

(c).
1. a) î1 = 60°
9. a) 1- preta; 2- preta; 3- amarela. b) î2 = r̂2 = 60° α α
EP
b) 1- preta; 2- vermelha; 3- preta.
c) θ = 120°
c) 1- preta; 2- preta; 3- preta.
3. a) î = 70°
10. c b) r̂ = 70°
11. a c) 140°
13. Ambos em preto. d) 20°
14. a 5. a) x = 22,5 cm F'

15. a) 20 anos. b) 1,9 · 1017 m b) 33,7° Figura a.

528 Respostas
O 27. a) Imagem idêntica, simétrica em c)
relação ao espelho.
F
b) 6L
c) 3L
EP α α
28. d 55. b
29. d 56. d
30. a 57. a) θ = 60°
F'
b) 6 sapatos.
Figura b.
31. b
c) 3
15. a) 3,0 cm
32. c
d) 3 pares pretos.
x 35. a) v' = –4 m/s b) vR = 8 m/s
P' P 58. e
36. 3 m/s
59. a) B: 30°; C: 60°; D: 60°; E: 30°;
20 cm y 37. a) +4,0 m/s c) 2,0 m/s F: 60°
b) +1,0 m/s b) zero

Q
39. a) 2,0 m/s c) 120°
3,0 cm 12 cm b) Trajetória 1 60. a) 120° ou 60° b) 60°
2,0 m/s
61. h = 11,3 m
15 cm 1,0 m/s

b) x = 4,0 cm 5 m/s 62. 1º. ) β = 180° – 2·θ


Trajetória 2 2º. ) θ = 90°
c) P'Q = 25 cm 5 m/s
1,0 m/s 63. c
17. a
64. b
18. d 2,0 m/s

40. c 65. a) tg α = 23 , tg β = 33 ,
19. a) L
E1 β = 30°
1,0 cm 41. c
5 3
x 42. a b) x = L
P 24
43. a) 0,6 m/s b) 1,2 m/s c) d =
3 3
L
x x
8
E2 45. d
b) d = 6 2 cm 46. a) 50° b) 60°
10 • Espelhos esféricos
20. d = 40 cm 47. E1
E2
21. d = 5 2 m P P'1 1.
22. F1 F2
α
C α
F
P
P imagem
virtual
P'
P'2
EP
48. e Figura a.

49. 6,0 m
50. Figura 1: 3 imagens; figura 2: 5
F'1 F'2 α F C
imagens; figura 3: 2 imagens. α

24. 6 h e 55 min 52. 10° P'


imagem virtual
26. a) d = 0,60 m 54. a) 3 imagens. P

b) h = 0,90 m b) Sim, a diametralmente oposta. Figura b.

Respostas 529
3. a) A' 21. b
P A
P' C F 23. a) Direita. c) –12 cm
M V F C N B V B' b) – 6,0 cm d) Convexo.
24. a) 18 m b) 6 m

Figura c. 26. a) Colocar o objeto a 36 cm de


b) Espelho esférico convexo. um espelho côncavo.
12.
5. a) A
A"
b) p' = 180 cm
C VN
π M
B
B'
F
27. c
Fs
V
A' 29. a) y' = 2,0 cm
F P C P' 13. a) Convexo. b) p' = – 4,0 cm
b) Côncavo. c) f' = – 6,0 cm
b) Veja figura da alternativa a. c) Figura a: convexo; figura b: 33. a) Real.
c) Virtual, porque se forma atrás côncavo. b) p = 60 cm e p' = 120 cm
do espelho. 14. b c) f = 40 cm
6. 16. 34. b
P' A

C
35. a
P
V F C = C' 36. a) Invertida. c) f = 6,0 cm
B B'
F
b) p = 7,0 cm
37. A = 6,0 cm2
A' 38. a) p = 120 cm
x: centro A partir da figura, temos as b) y = 9 cm
7. figura a y: foco seguintes respostas para os c)
A
z: vértice itens a e b.
a) A imagem A'B'C' é um triângu- y
G: centro x C B' F V
lo retângulo. B y'
figura b M: foco A'
b) O lado A'C' é maior que a hipo-
N: vértice tenusa AC do triângulo ABC.
8. π 17. e 39. a
18. c 40. b
V Fs

F P' C P 19. a) 41. a


40 cm
10 cm
42. c
9.
30 cm
A 44. Real, direita em relação ao obje-
A to, possui 3 cm de altura e
α I F
B' F V V situada no centro de curvatura
O C
B C
d A' comum.
A' x
E1 E2
45.
Figura a. objeto

F 120 160
A b) A imagem é virtual, direita e 0 20 40 60 80 100 140 I1 180 I x
2
B' C F V maior que o objeto.
B
c) 30 cm
A' d) 2 46. d
Figura b. 20. b 47. 17 cm
530 Respostas
48. vA 36. 2,0
10. a) nB = 233 b)
vB
= 2
3
V F 37. e
C
12. 103°
38. d
14. a) r1 = 30° c) r2 = 45°
b) i2 = 30° 39. e
49.
B
15. a 40. 1 e 2 verdadeiras.
A
V C e. s.
e. p. 16. a) α = 37° 41. a
FS
Q π B'
b) vA = 3 · 108 m/s 42. e
A'
P vB = 1,2 · 108 m/s 44. 1,2 m
17. 3
a) sen α = ; sen β =
4 45. a) d' = 6,0 cm
50. a) p = 120 cm 5 5
b) observador
6
b) b) nB =
5 N

objeto 18. b
y = 9,0 cm
F C 19. Apenas II e III. d'
d
y' = –3,0 cm
p' = 40 cm 20. v = 2,1 · 108 m/s
p = 120 cm
21. d 47. a) d' = 1,20 m b) 2,40 m
y'1 22. c 48. 0,30 m
51. a) 20 cm b) =3
y'2 23. a 49. a) 0,60 m (profundidade aparente)
52. a) R = – 800
19
cm 24. c b) 0,40 m (não se modifica)
b) h = 8,0 cm 25. a) (1) azul; (2) verde; (3) ama- 50. d
53. a) Virtual, atrás do espelho. rela. 51. a) α = 42° c) y = 0,52 m
4
b) R = – m b) azul b) β = 30°
3
c) Convexo, pois R < 0. c) vaz < vv < vam 52. c
54. d 27. nvioleta = 1,549 54. e
55. p' = 60 cm 28. a 55. d = 3 m
56. p = 10 cm 29. a) Ocorreu continuidade óptica, 57. a
ou seja, para a luz verde, os
57. d índices de refração dos meios
58. d
y
objeto imagem
1 e 2 são iguais. 59. b
b) O desvio da luz violeta é maior 60. b
que o da verde, aproximando-
x
61. c
se da normal. Portanto, o índi-
ce de refração do meio 2 é 62. c
maior para a luz violeta. 63. 5 cm
11 • Refração da luz
30. A reflexão total é possível na 65. i2 = 60°; Δ = 60°
placa D, porque é envolta por
2. v = 2,0 · 108 m/s 67. a) r2 = 30°
materiais menos refringentes.
4. nA,B = 1,25 b) i2 = 90°
32. a) O raio se reflete, voltando a se
c) O raio de luz emerge tangen-
5. n = 1,5 propagar no líquido.
ciando a face (hipotenusa).
6. v = 2,25 · 108 m/s b) O raio se refrata, passando a se
69. a) 30° b) 30° c) 45° d) 30°
propagar no ar.
7. b 71. Verde, azul, anil e violeta.
8. a) Continuidade óptica. n = 2,6 34. R = 677 m ≅ 2,3 m
b) vA = 2v 35. e 72. a) 233

Respostas 531
b) O raio 1 sofreu reflexão total
12 • Lentes esféricas 17.
na hipotenusa, enquanto 2, 3
e 4 sofreram refração. P

73. b 2. a) convexo-côncava
o
74. c b)
Q F O
F' Q' e. p.

75. d i

76. 40°
P'
77. Rd ⩾ 2; o valor mínimo é 2.
c) divergente Figura a.
78. d = 0,30 m
79. d 3. a) biconvexa (convergente)
P
b) bicôncava (divergente)
80. a) demonstração
b) D = (6 – 6) cm c) côncavo-convexa (convergen-
o

81. b te)
O F' Q'
82. a) R = 0,3 2 mm d) plano-côncava (divergente) Q F
ω1
b) =5 5. a i
ω2
83. a) 20° 6. L1, L4 e L6 P'

b) 7. a
Figura b.
9. a)
30° normal 18. b
50° P
19. d
i
A O F' Q' 20. b
Q F A'
i = 30° 21. a) 20 cm c) real
P'
b) invertida d) no infinito
c) y
L1 (amarela)
b) Real e invertida.
22. d
L2 (verde)
23. d
L3 (azul) c) O tamanho do objeto é igual
L4 (violeta) ao tamanho da imagem. 24. b
25. I – V; II – V; III – F; IV – F; V – F
84. a) 9,0 cm 10. Ver figura do exercício anterior.
28.
b) 12 cm (não varia) Os triângulos PQO e P'Q'O são
c) 9,0 cm (diminuem) semelhantes. Como PQ = P'Q',
A' F' F A
d) 12 cm
D
12 cm
C temos que AO = A'O. O
A B 9 cm
12. d
E H
13. a 30. I – V; II – F; III – F; IV – V
F G
15. 31.
A figura do cubo ficou achata-
da na direção vertical.
B C
foco
85. a) n2 = 2 sen α F' A'
secund‡rio
O foco
b) α = 90°; n2 = 2 A F B'

c) Reflexão total.
86. e C'

532 Respostas
32. Es
41. a) p' = 16 cm 78. e
b) 32 cm 79. a)
L1 L2
c) y = – 5 cm, invertida.
P' objeto

F P F'
43. a) p' = 28,80 m F
i1
b) 4,00 cm por 3,00 cm
i2
c) f = 23,80 cm
33. 45. d
46. e
b) A imagem final é virtual,
D FS
47. e
r'1 1 direita e ampliada.
C r1 48. a) Apenas imagem real e inverti- c) I2 = 4,0 cm
B O F' A'
da pode ser projetada.
A F C' B' 80. a)
π' b) f = 1,96 cm
P Q
D' 49. f = 20 cm
r2 A' R'
FS
2
50. a) p = 83 cm A R O
P'
r'2
b) p' = – 8 cm; y' = 2,1 cm
51. b Q'

52. d b) VA'R' = 2 · v; VR'Q' = 2 · v;


34. a) VQ'P' = 5 · v; VA'P' = v
53. I e III
L' L c) Apenas nos lados A'P' e R'Q'.
54. 8 mm
81. e
A α 55. e
O
C 82. f = 4 cm; A = 2,9 · 10–8 cm2
F B' E 57. c
B F' I 83. a) f = 9,0 cm b) p = 12 cm
A' 59. a) Convergente. b) Divergente.
84. d
60. a 85. d = 4,8 cm
61. V = 4,0 di 86. a)
b) 62. b plano
L
63. d
focal
L'
A

A
α 64. c
F' C
O
F C B' B
I
2
E 65. n = 2 foco
B secundário
I2
A' 68. 12 cm B

A2 69. a) A imagem forma-se 40 cm à


b) 1,4 f
esquerda de L2.
c)
b) Direita.
36. a) p' = – 9,0 cm, virtual. espelho

b) f = – 18 cm, lente divergente.


70. d = f1 + f2 = 55 cm plano
focal
37. b 71. a A

39. a) p' = – 12 cm, virtual. 72. d


C

b) 36 cm 74. b
B
c) f = – 24 cm, lente divergente. 75. e
Não, porque é virtual. 76. c 0,2 f 0,4 f 0,4 f

40. demonstração 77. b d) 0,6 f

Respostas 533
87. a) 60 cm à direita de L2. 4. b e) 200 m/s2
25 f) 2 21 m/s; 80 m/s2
b) Imagem direita e de 24 cm de 5. a) – 0,5 m b)
3
cm
altura. 3. E (J)
6. 8,0 mm 200 EM
88. d = 2,0 m EP

89. d 8. b EC
10. d
– 0,5 0 0,5 x (m)
11. c
13 • Óptica da visão
12. d 4. ± 203 3 cm
1. e 13. a) 306 mm c) – 68 5. 3,0 m
2. b b) 368,5 mm 6. ≅ 0,1 kg
3. d 16. a) 25 cm c) 2 504,2 cm 7. 4,0 s
b) 500
5. d 8. 4π s
17. d
7. 9,6 di 9. 8π · 10–2 s
18. c
8. c 10. a
19. a) vob = 2,5 di; voc = 25 di
9. a) Real, invertida e menor. 11. 0,1 s
b) Objetiva: real e invertida.
b) Diminuição.
Ocular: virtual e direita. 12. 2π dH
10. a = 0,5 di dLg
20. a
11. soma = 15 21. e 13. 2π L
2g
12. a 22. e
14. 2π m
13. c 24. d k
15. π s
14. Figura a: miopia; figura b: hiper- 25. a) p = 1,3 m b) y = 0,9 m 2
metropia.
26. a) 30 cm b) A = – 5 16. 7 · 10–1 m/s
15. d
27. e 17. e
17. a) Convergente. b) V = 2 di
28. e 18. e
18. a) Divergente. b) V = – D1
29. b 19. e
19. a) Convergente. b) V = 3,00 di
30. a) 1,0 cm b) Menor. 20. d
20. c
31. c 21. 48 = 16 + 32
21. a) f = 0,30 m
32. a) d = 63,7 cm. Imagem direita. 22. c
b) Hipermetropia.
b) – 100 di; 65,7 cm 23. a) 5,0 · 10–2 N/m
22. a) 25 anos: f = 2,2 cm; 65 anos:
f = 2,4 cm 33. a b) 5,0 · 103 m/s

b) d = 0,2 cm 34. demonstração 24. c


23. e 25. 51 = 01 + 02 + 16 + 32
24. d 15 • Movimento harmônico 26. e
25. e simples 27. d
1 6k k
28. f = 2π 1 2
2. a) 0,5 m m(2k1 + 3k2)
14 • Instrumentos ópticos 29. b
b) π s
10 31. a) ≅ 4,4 s c) ≅ 2,2 s
10
1. a c)
π
Hz b) ≅ 0,23 Hz d) ≅ 1,1 s
3. c d) 10 m/s 32. 0,994 m
534 Respostas
33. ≅ 1,8 s 49. 10 m 70. x = 0,40 cos π t + 3π
6 2
34. 2π d 50. a) 0,2 s b) 0,3 s c) 0,4 s
2g
35. c 52. c v = – 0,20π sen π t + 3π
3 6 2
T 53. 4,0 cm
36. T1 = 3 a = – 0,10π cos π t + 3π
2

2 9 6 2
37. c 54. c
38. c 55. c 2
71. a) 0,004π J
2
c) 0,004π J
5 9 9
39. a) 2π Hz b)
5
Hz 56. 2,0 kHz 0,001π2
2π b) zero d) J
40. c 57. a 3
72. e
41. c 58. d
73. a) MHS
42. d 59. a
b) 3,0 rad/s
45. a) x = A cos (ωt + θ0) ⇒ 60. d 3 3
c) ± ≅ ±2,6 m/s2
⇒ x = (0,20) · cos π t 61. a 2
3 74. d
v = – ωA sen(ωt + θ0) ⇒ 62. 14 = 02 + 04 + 08
75. 13 (01 + 04 + 08)
63. b
⇒ v = – 0,20π sen π t 76. d
3 3
65. a) 10 m
a = – ω2A cos(ωt + θ0) ⇒ 77. b
b) 8 s f1
78. a) 2 cm/s b) =2
⇒ a = – 0,20π cos π t
2 1 f2
c) Hz
9 3 8 79. e
b) x = 0,20 cos π t + π d) π s–1 80. a) F = – GmM x
3 4 R3

v = – 0,20π sen π t + π e) π
3

2 b) T = 2π R
3 3 GM
f) x = 10 cos π t + π
a = – 0,20π cos π t + π
2
4 2 c) Não.
9 3 d) Não.
g) v = – 5π sen π t + π
c) x = 0,20 cos π t + π 2 4 2 e) 5,06 · 103 s = 84,3 min
3 2
f) 42,1 min
h) a = – 5π cos π t + π
2

v = – 0,20π sen π t + π
3 3 2
8 4 2 81. a) 6,0 m/s c) π s
15
a = – 0,20π cos π t + π
2
66. a) 3π d) π(0,6) m/s b) 0,20 m
2
9 3 2
b) 0,6 m e) π2(0,6) m/s2 82. a) 32 cm b) 40 cm
d) x = 0,20 cos π t + 3π
3 2 c) 2 s 83. a) t = π s c) ≅ 16 cm
8
v = – 0,20π sen π t + 3π 67. a) zero e) x = 16 cos (0,5 t) b) 1,4 m/s
3 3 2
b) 4π s f) v = –8 sen (0,5 t)
a = – 0,20π cos π t + 3π
2
84. fmáx = 53π30 Hz
9 3 2 c) 0,5 s –1
g) a = –4 cos (0,5 t)
85. 0,14 m
46. v = –20 sen 4t + π d) 16 cm
86. d
6
68. a) π c) π s–1
2 2 87. a
a = –80 cos 4t + π b) 4 s d) 8 cm
6 88. c
b) π s
1
47. a) 4 s–1 69. a) 5 cm c)
6
Hz 89. Chegam juntas.
2
d) π s–1 90. T = 2π L
b) π m/s2
2
48. a) π m/s b) 6 s
3 g sen θ
2
Respostas 535
91. Pêndulo → 53 s; Bloco → 0,40 s 14. a 58. I. V; II. V; III. F; IV. F
15. c 60. 5,0 m
92. a) T = 2π L
g2 + a2 16. a) F b) F c) V d) V e) F 61. ≅ 4,6 · 1014 Hz
17. a) F b) V c) V d) V 62. c
b) T = 2π L
g cos θ 18. 2 63. a, c, e
93. No cristal de boa qualidade os 19. a) F b) F c) V 64. Menor → 4 000 Å; maior → 6 977 Å.
átomos estão arranjados de modo 20. 17 mm < λ < 17 m 65. 0,5 m
mais regular e há uma frequência
de ressonância determinada. No 21. b
66. c
vidro comum a estrutura é mais 22. c 67. b
desorganizada e não há uma 23. 1 396,8 Hz 68. e
frequência de ressonância bem
definida que valha para todas as 24. d 69. c
partes do corpo. 25. 3 71. a) ≅ 2,9 · 105 J
94. 0,85 s 26. d b) ≅ 4,8 W/m2

95. a) A = 0,100 m; T = 0,400 s; 27. I. V; II. V 72. 40 W/m2


W = 5π s–1
28. c 73. 36 W
b) k = 5π2 N/m 75. ≅ 3,87 · 1026 W
29. c
2
c) x = 2 m 76. a) 350 W/m2
5π 30. ≅ 1,32
96. e 31. c b) 8,4 · 104 J
78. 16 m
32. d 3
16 • Ondas 33. 20 Hz 79. [I] = MT–3

34. 48 cm/s 80. b


2. a) F b) V c) F d) V e) V 81. a) 4π · 10–6 W
35. 340 m/s
3. a) D↑ ↓E b) D↑ ↓E b) 0,1 cm
36. d
4. a) 4 cm/s c) 2 s 82. a
37. a) F b) V c) V d) F
b) 6 cm/s 83. c
39. ≅ 1,1 · 10 m/s
2
5. b 84. 8,0 · 10–3 W
40. 300 m/s
6. d 85. a) ≅ 3,47 h.
41. 0,8 Hz
7. 13 Valor exato: 3 h 28 min 20 s.
46. ≅ 271 m/s b) ≅ R$ 3,16
9. a) 0,50 m b) 0,50 m c) 0,25 m 47. ≅ 380 m/s
86. c
10. a) 0,10 m d) 2 m 48. d 90. ≅ 27,8 dB
b) 0,4 s e) 5 m/s
49. c 91. 1 W/m2
c) 2,5 Hz
50. 343 m/s 92. 104
11. y (m)
0,05 51. c 93. 70 dB
0
0,1
0,2
0,3 0,4 0,5
52. b 94. c
t (s)
–0,05 53. b 95. a) Máximo: 110 dB.
12. a) 0,20 s c) 80 cm 54. c Faixa: 2 000 Hz a 4 000 Hz.
b) 5,0 Hz d) 4,0 m/s 55. d b) 10–7 W/m2; Sim.
13. a) 7,5 cm; 28 cm 56. b 96. 1012
b) 2,5 Hz; 70 cm/s 57. b 98. a) 25 m b) 0,16 c) 0,40

536 Respostas
99. a) ≅ 6 706 Hz b) ≅ 5 294 Hz 135. ≅ 2,71 s 3. a) 2,0 m b) 20 Hz
100. a) 6 800 Hz b) ≅ 5 368 Hz 136. ≅ 606 m 4. b
101. Situação II. 137. ≅ 1,56 5. a
102. a) 0,185 m c) Mais grave. 138. c 6. a) 1 m b) 8 Hz
b) 0,165 m d) ≅ 1,12 139. 0,8 s; 12 cm 8. a)
103. a) Afastando-se. 140. a) 80 m/s b) 4,0 m S
θ B'
b) 25 m/s A'
141. A tração aumenta com a altura.
c) ≅ 1,074 A 28 m
142. Tremor de terra.
104. 28 m/s
143. Percebemos a luz e o som ao B
105. a) 50 m/s b) ≅ 1 714 Hz
mesmo tempo. b)
106. a) 37 000 Hz
144. Usando rádios que emitem
b) ≅ 42 606 Hz ondas eletromagnéticas que, 70 m
107. ≅ 108 km/h no interior dos trajes, transfor-
θ
S

108. 61 200 Hz mam-se em som.

109. ≅ 7,5 m/s 145. Se v dependesse de f, a audi- A


B B'
ção de uma música perto da
110. 1 800 Hz fonte nos pareceria diferente de
A'

111. 3 490 Hz quando estivéssemos distante 9.


112. a) 800 Hz b) 800 Hz da fonte. x

113. ≅ 0,65 m/s 146. d d = 8,0 m


F
114. 2 041 Hz; 1 961 Hz 147. b
6,0 m
115. e 148. 6 · 102 J D S
A C
116. a) 5 s b) 1 s 149. a) 1,4 · 10–3 m d = 8,0 m 6,0 m

117. a) 7,5 s b) 24 b) 5,1 · 106 W/m2


F'

118. b 150. Ponto C. Para a direita. 10. 75 m


119. a 151. d 11. b; c
120. a) 300 Hz b) 350 Hz 152. 1,18 ou 1,5 12. a) 20 Hz c) 120 m/s
121. a 153. d b) 160 m/s
122. a 154. e 13. a) 6,0 · 10–7 m
123. Mais agudo. b) 2,0 · 108 m/s
124. d 17 • Algumas propriedades c) 4,0 · 10–7 m

125. c das ondas 14. a) 40 m/s b) 2 m

126. d 15. 200 3 m/s


1. a)
127. c 16. PX
128. 336 Hz b) 17. Pela curvatura dos raios ocasiona-
da pela refração (veja a teoria).
129. a
18. As cores da imagem produzida
130. b 2. a) por um espelho são iguais às
132. a) ≅ 19,5° b) 3 cores do objeto.
133. 30° b)
19. a) 0,3 m/s
134. a) 4 b) 4 320 km/h b) 0,5 Hz

Respostas 537
c) 49. a) 23 c) 0,25 90. c 91. a
P 92. a) 100 nm; 300 nm
b) Afasta-se.
50. b b) 200 nm; 400 nm

borda 52. a) 90 Hz b) 540 Hz 93. a) 1 862 nm; 621 nm; 372 nm


b) 621 nm
53. ≅ 131 Hz
P' 54. 80 Hz 94. ≅ 1 964 Å 97. ≅ 1 058 Å
55. 300 m/s 95. 100 nm 98. azul
56. 26 (02 + 08 + 16) 96. e 99. c
20. e 100. a) ≅ 3,6 · 10–3 W b) 0,17 m
57. 12,5 Hz
21. a) 4,3 b) 4,3 101. e
58. ≅ 5,4 · 103 N
22. a 24. b 102. O foco situa-se a 0,4 m abaixo
59. a) 0,24 m b) 250 Hz
23. a 25. c do piso. Há concentração de
60. d ondas num ponto situado 0,4 m
26. 26 (02 + 08 + 16) 61. a) 200 Hz b) 800 Hz acima do piso.
27. b 62. 100 Hz; 300 Hz; 500 Hz 103. c
28. a) 40 μs c) 0,80 mm 63. ≅ 1 053 Hz 104. a) 3 m b) ≅ 6,6 m
b) 24 mm 105. e
64. 85 Hz
29. d 30. c 65. c 67. e
31. a) F b) V c) V 66. a 68. b Apêndice
33. a) 30° b) 45° 69. I; III; V
I0 I0 3I0
34. a) b) c) 70. b 1. v = k Fd 4. F = khvR
2 8 32 m
71. a) 200 Hz b) 7,2 kg
p
36. a) 51,3° b) 38,7° 2. v = k 5. d
72. b 73. c d
37. As ondas de AM têm maiores com- 3. v = k Rg 6. c
75. a) Destrutiva. b) Construtiva.
primentos de onda, cujos valores
são mais próximos dos tamanhos 76. a) Destrutiva. b) Construtiva. 7. a) M L2 T–2 θ–1 c) M L2 T–2 N–1
dos obstáculos e sofrem mais 77. c b) L2 T–2 θ–1 d) M L2 T–1
1
difração. 8. [P] = F V T–1 10. 2
3
79. a) 294 Hz; 306 Hz
38. Demonstração. b) 297 Hz; 303 Hz 9. b 11. c
39. c 42. e 81. 2 m; 1 m; 2 m 12. a) kg ∙ m–1 ∙ s–2
3
40. d 43. e 82. a) 1,5 m b) p = π γ d2 L
4
41. d 44. c b) c) d2 = 4d1
45. 0 0,75 1,5 2,25 3 3,75 4,5 5,25 6 (m)
T 13. e
0,96
83. d 14. d
0,75
84. e 15. e
85. a) 5 Hz 16. a) J ∙ m–2 ∙ K–1 ∙ s–1
b) 10 m/s; afastamento. b) kg ∙ s–3 ∙ K–1
0 10 20 30 50 θ (º)
42º 87. a) 12 · 10–3 m 17. a
46. a) 0,95 b) 0,95 c) ≅ 0,9 –3
b) 15 · 10 m; 0,0125 18. a) kg ∙ s–2 (ou N/m)
47. a) 0,80 b) 0,90 c) 0,72 88. 5,0 · 10–7 m b) 8,3 ∙ 10–2 kg ∙ s–2
48. zero 89. a) 4,0 · 10–7 m b) 7,5 · 1014 Hz 19. a
538 Respostas
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SEARS E ZEMANSKY; YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física. São Paulo: Pearson Addson Wesley, 2003.
SERWAY, R. A.; JEWETT, J. W. Jr. Princípios de Física. São Paulo: Cengage Learing, 2004.
TATON, R. (org.). História geral das ciências. São Paulo: Difel, 1960.
TIPLER, P. Física. Rio de Janeiro: LTC, 1995.
WESTFALL, R. S. A vida de Isaac Newton. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.

Bibliografia 539
Significado das siglas de
vestibulares e olimpíadas
Acafe-SC — Associação Catarinense das Fundações Educacionais, UF-AM — Universidade Federal do Amazonas
Santa Catarina
UF-BA — Universidade Federal da Bahia
AFA-SP — Academia da Força Aérea, São Paulo
UF-CE — Universidade Federal do Ceará
Aman-RJ — Academia Militar de Agulhas Negras, Rio de Janeiro
UF-ES — Universidade Federal do Espírito Santo
Cefet-MG — Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Ge-
UFF-RJ — Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro
rais
UF-GO — Universidade Federal de Goiás
Cefet-PR — Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
U. F. Juiz de Fora-MG — Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas
Cesgranrio-RJ — Centro de Seleção de Candidatos ao Ensino Superior
Gerais
do Grande Rio, Rio de Janeiro
U. F. Lavras-MG — Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais
Efoa-MG — Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas, Minas Ge-
rais UF-MA — Universidade Federal do Maranhão
E. Naval-RJ — Escola Naval do Rio de Janeiro UF-MG — Universidade Federal de Minas Gerais
Enem-MEC — Exame Nacional do Ensino Médio, Ministério da Edu- UF-MS — Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
cação
UF-MT — Universidade Federal do Mato Grosso
Esal-MG — Escola Superior de Agricultura de Lavras, Minas Gerais
U. F. Ouro Preto-MG — Universidade Federal de Ouro Preto, Minas
Faap-SP — Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo Gerais
FEI-SP — Faculdade de Engenharia Industrial, São Paulo UF-PA — Universidade Federal do Pará
FGV-SP — Fundação Getúlio Vargas, São Paulo UF-PB — Universidade Federal da Paraíba
F. M. Jundiaí-SP — Faculdade de Medicina de Jundiaí, São Paulo UF-PE — Universidade Federal de Pernambuco
Fuvest-SP — Fundação para o Vestibular da Universidade de São Pau- U. F. Pelotas-RS — Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul
lo, São Paulo
UF-PI — Universidade Federal do Piauí
IJSO — Olimpíada Internacional Júnior de Ciências
UF-PR — Universidade Federal do Paraná
IME-RJ — Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro
UF-RS — Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ITA-SP — Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São Paulo
UF-RJ — Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mackenzie-SP — Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo
UF-RN — Universidade Federal do Rio Grande do Norte
OBF-Brasil — Olimpíada Brasileira de Física
UFR-RJ — Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
OPF-SP — Olimpíada Paulista de Física, São Paulo
UF-RS — Universidade Federal do Rio Grande do Sul
PUC-MG — Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
U. F. Santa Maria-RS — Universidade Federal de Santa Maria, Rio
PUC-RJ — Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Grande do Sul
PUC-RS — Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul UF-SC — Universidade Federal de Santa Catarina
PUC-SP — Pontifícia Universidade Católica de São Paulo U. F. São Carlos-SP — Universidade Federal de São Carlos, São Paulo
Udesc-SC — Universidade do Estado de Santa Catarina U. F. Uberlândia-MG — Universidade Federal de Uberlândia, Minas
UE-CE — Universidade Estadual do Ceará Gerais
UE-GO — Universidade Estadual de Goiás U. F. Viçosa-MG — Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais
U. E. Londrina-PR — Universidade Estadual de Londrina, Paraná Uneb-BA — Universidade do Estado da Bahia
U. E. Maringá-PR — Universidade Estadual de Maringá, Paraná Unesp-SP — Universidade Estadual Paulista, São Paulo
UE-PA — Universidade do Estado do Pará Unicamp-SP — Universidade Estadual de Campinas, São Paulo
UE-PB — Universidade Estadual da Paraíba Unifap-AP — Universidade Federal do Amapá
UE-PI — Universidade Estadual do Piauí Unifesp-SP — Universidade Federal de São Paulo
U. E. Ponta Grossa-PR — Universidade Estadual de Ponta Grossa, Pa- Unifor-CE — Universidade de Fortaleza, Ceará
raná Unirio-RJ — Universidade do Rio de Janeiro
UE-RJ — Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Vunesp-SP — Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual
UF-AL — Universidade Federal de Alagoas Paulista, São Paulo

540 Significado das siglas de vestibulares e olimpíadas


Índice remissivo
A C constante
calefação, 90 de Boltzmann, 137
aberração cromática, CD Cap. 12; p. 4
de Stefan-Boltzmann, 108
abertura de um espelho esférico, 235 calor
solar, 437
de combustão, 53 universal de gases ideais, 129 e 130
acomodação visual, 339
de fusão, 69
adiabática, 63 continuidade óptica, 266
de liquefação, 69
contralto, 415
afinação, 417 de solidificação, 69
temperada, 417 de transformação, 68 contratenor, 415
de vaporização, 69 convecção de calor, 103
altura de um som, 414
latente, 69 cor
ametropia, 345
molar da luz, 434
análise dimensional, 517 sob pressão constante, 158 de um corpo, 192
anéis de Newton, CD Cap. 17; p. 5 sob volume constante, 155 do céu, 192
calor específico, 57 do Sol, 192
ângulo
sob pressão constante, 158 cordas vocais, 413
de Brewster, 486
sob volume constante, 155 córnea, 337
de incidência, 207 e 468
de Mach, 460 calorímetro, 63 corpo negro, 109
de reflexão, 207 e 468 câmara escura de orifício, 199 crista de uma onda, 408
de refração, 268 e 472 campo visual de um espelho plano, 213 cristalino, 338
limite de refração, 275 capacidade térmica, 57 curva
visual, 199 e 353 de fusão, 77
cáustica
de sublimação, 77
ano-luz, 189 de reflexão, 237
de vaporização, 77
aquecimento de refração, 473
global, 113 centro
D
solar, 111 de curvatura de um espelho esférico, 235
daltonismo, 353
óptico de uma lente, 304
arco-íris, 280 decibel (dB), 443
ciclo de Carnot, 174
astigmatismo, 350 defasagem, CD Cap. 16
coeficiente
aumento linear transversal densidade linear de um fio, 426
de desempenho
de um espelho esférico, 252 de um refrigerador, 179 desvio
de uma lente, 319 de uma bomba de calor, 179 mínimo em um prisma, 291
aumento visual, 355 e 361 de dilatação para o azul, 451
aparente, 45 para o vermelho, 451
linear, 28 diafragma, 337
B
superficial, 34 diagrama de fases, 77
baixo, 415 volumétrica, 36 diâmetro aparente, 199
balanço energético da Terra, 112 comprimento de onda, 408 diapasão, 413
barítono, 415 condensação, 76 difração, 481
barreira do som, 461 condicionador de ar, 178 dilatação térmica, 27
bastonetes, 338 condições normais de temperatura e pressão aparente, 44
(CNTP), 130 da água, 48
batimento, 504
de cavidades, 37
condução de calor, 98
bel (B), 443 dos líquidos, 41
condutividade térmica, 99 linear dos sólidos, 27 e 38
bemol, 416
condutores de calor, 99 superficial dos sólidos, 34
binóculo, 363
cone volumétrica dos sólidos, 36
bomba de calor, 178 dimensão de uma grandeza, 517
de Mach, 460
brisas marítimas, 104 de sombra, 197 dioptro plano, 265 e 282
Btu, 180 cones, 338 dispersão, 272 e 427

Índice remissivo 541


distância escala termométrica, 17 frequências
focal absoluta, 20 de luz, 434
de um espelho esférico, 251 Celsius, 18 dos sons musicais, 418 – CD Cap. 16; p. 1
de uma lente, 306 Fahrenheit,19 fusão, 68
máxima de visão distinta, 340 Kelvin, 21
mínima de visão distinta, 341 espalhamento G
distribuição de velocidades das moléculas de da luz, 191
garrafa térmica, 112
um gás, 139 de uma onda, 482
gás, 86
dó, 416 espectro eletromagnético, 434 ideal, 122
espelho gases da atmosfera, 140
E esférico, 235
globo ocular, 337
ebulição, 88 côncavo, 235
eclipse convexo, 235
plano, 206 H
da Lua, 198
estações do ano, 438 harmônicos, 494 e 498
do Sol, 197
estado normal de um gás, 130 hipermetrope, 345
eco, 471
estados de agregação, 76 hipermetropia, 345
efeito
Doppler, 445 estrabismo, 350 humor
estufa, 113 aquoso, 337
estufa, 111
vítreo, 338
eficiência estrondo sônico, 460
de uma máquina frigorífica, 179
de uma máquina térmica, 171
evaporação, 88 I
experimento de Young, 507 imagem
eixo
de um espelho esférico, 235 e 236 expoente de Poisson, 159 direita, 217
de uma lente, 300 invertida, 217
F num espelho esférico, 237
elongação, 371
num espelho plano, 212
emetrope, 345 fá, 416
numa lente
emissividade, 108 fase real, 308
de um MHS, 387 virtual, 212
enantiomorfas, 217
oposição de, 408
energia índice de refração, 263 e 472
fases relativo, 265
cinética de um gás ideal, 137 – CD Cap.
da lua, 198
6; p. 1 infrassom, 413
de uma substância, 76
cinética média das moléculas de um gás infravermelho, 434
ideal, 137 fluxo de calor, 99
instrumentos ópticos
de um MHS, 372 foco principal de um espelho esférico, 239
de observação, 354
degradada, 184
focos de projeção, 354
interna, 147
principais de uma lente, 305
de um gás ideal, 148 intensidade de uma onda, 436
secundários
térmica, 54 esférica, 437
de um espelho esférico, 239
num ponto, 437
entropia, 184 de uma lente, 312
numa superfície, 438
equação fontes
interferência
de Clapeyron, 129 de onda
construtiva, 493 e 502
de Gauss em fase, 502 de ondas, 493
para espelhos esféricos, 253 em oposição de fase, 504 destrutiva, 493 e 503
para lentes, 319 de luz, 199 em cunhas, CD Cap. 17; p. 1
de onda, 410 – CD Cap. 16; p. 1 extensa, 199 em duas dimensões, 502
de Poisson, 165 primária, 199 em fios, 492
dos fabricantes de lentes, 325 – CD Cap. puntiforme, 199 em películas, 510
12 secundária, 199
termométrica, 14 intervalo entre sons
franjas de interferência, 508 físico, 414
horária do MHS
para a aceleração, 389 – CD Cap. 15; frente de onda, 424 musical, 416
p. 1 frequência de meio-tom, 419
para a elongação, 389 – CD Cap. 15; angular, 386 de oitava, 417
p. 1 de um MHS, 372 de tom, 419
para a velocidade, 389 – CD Cap. 15; de uma onda, 405 inversão
p. 1 fundamental, 494 de fase, CD Cap. 17; p. 1
equilíbrio térmico, 14 própria, 383 térmica, 105

542 Índice remissivo


iridescência, 510 M O
irradiação de calor, 106 máquina onda, 403
irreversibilidade, 183 a vapor, 146 e 171 bidimensional, 422
isolante térmico, 99 fotográfica, 364 circular, 422
digital, 364 de choque, 460
isoterma, 123
térmica, 170 eletromagnética, 432
massa
L esférica, 423
atômica, 119 estacionária, 494
lá, 416
molar, 119 longitudinal, 405
lâmina de faces paralelas, 286 molecular, 119
mecânica, 403
lei meio
de Boyle, 122 periódica, 404
anisótropo, 424
de Brewster, 486 plana, 423
heterogêneo, 424
de Fourier, 99 sísmica, 406
homogêneo, 424
de Joule, 148 superficial, 405
isótropo, 190 e 424
de Snell-Descartes, 268 transversal, 405
opaco, 190
de Stefan-Boltzmann, 108 tridimensional, 422
ordinário, 190
do deslocamento de Wien, 109
translúcido, 190 unidimensional, 407
geral dos gases ideais, 125
transparente, 190 oscilação, 369
zero da Termodinâmica, 15 e 146
leis meio-soprano, 415 oscilador, 369
da irradiação de calor, 108 método Pierre Lucie, CD Cap. 12; p. 5 bloco-mola, 370 e 373
da reflexão, 206 e 468 mi, 416
da refração, 268 e 472
micro-ondas, 434 P
de Charles, Gay-Lussac, 124
microscópio, 357 pêndulo
lente
miopia, 345 compensado, 33
acústica, 473
bicôncava, 206 e 468 miragem, 280 composto, CD Cap. 15; p. 4
biconvexa, 300 de Foucault, 383
mol, 119
côncavo-convexa, 300 de torção, CD Cap. 15; p. 1
morte térmica, 184
convexo-côncava, 300 físico, 382 – CD Cap.15; p. 4
esférica, 299 motor que bate o segundo, 382
convergente, 301 a explosão, 172 simples, 370 e 380
delgada, 300 de combustão interna, 172
penumbra, 197
divergente, 301 movimento
objetiva, 357 browniano, 140 período
ocular, 357 harmônico do MHS, 371
plano-côncava, 300 amortecido, 395 do pêndulo
plano-convexa, 300 simples, 372 de torção, 371 – CD Cap. 15; p. 1
limiar angular, 374 – CD Cap. 15 físico, CD Cap. 15; p. 1
de audição, 443 oscilatório, 369 simples, 381
de sensação dolorosa, 443 periódico, 369 persistência retiniana, 351
linha mudanças de estado, 68
poder ampliador, 361
de onda, 422 endotérmicas, 76
nodal, 503 polarização, 484
exotérmicas, 76
ventral, 503 por reflexão, 486
liquefação, 68
N polaroide, 484
livre caminho médio, 141 poluição térmica, 173
nível
luneta, 359 de intensidade sonora, 442 ponto
astronômica, 360 sonoro, 442 cego, 338
de Galileu, 360
nó, 494 crítico, 86
de Kepler, 360
terrestre, 360 nodo, 494 de ebulição, 86
notas musicais, 416 de fusão, 70
lupa, 354
origem dos nomes, 419 próximo, 340
luz
remoto, 340
monocromática, 184 e 434 número
natural, 489 de Avogadro, 119 triplo, 78
policromática, 189 de Mach, 461 pontos antiprincipais, 306

Índice remissivo 543


potência refração teorema de Fourier, 499
de uma onda, 436 atmosférica, 279 Teoria cinética dos gases, 136 – CD Cap. 6;
irradiada, 108 da luz, 191 e 263 p. 1
pregas vocais, 413 de onda, 465
Termodinâmica, 146
de um pulso, 466
presbiopia, 346 termograma, 110
refrigerador, 177
pressão termômetro, 16
mecanismo do, 180
crítica, 86 clínico, 16
máxima de vapor, 89 refringência, 265
de gás a volume constante, 24
primeira lei da Termodinâmica, 151 relação de Mayer, 158 padrão, 24
rendimento tessitura, 415
princípio
de uma máquina térmica, 170
da independência dos feixes de luz, 196 timbre de um som, 413 e 499
do ciclo de Carnot, 175
da propagação retilínea, 195
trabalho de um gás, 147 – CD Cap. 7; p. 1
da reversibilidade, 196 ressonância, 383
transformação
da superposição, 492 retina, 338
adiabática, 164 – CD Cap. 7; p. 1
de Huygens, 483 – CD Cap. 17; p. 2 reverberação, 471
cíclica, 167
prisma óptico, 290 revolução industrial, 146 isobárica, 124 e 157
de reflexão total, 292
rotação de um espelho plano, 225 isocórica, 124 e 155
processos isométrica, 124
irreversíveis, 183
S isotérmica, 123 e 153
reversíveis, 183 isovolumétrica, 124
segunda lei da Termodinâmica, 182
projetor, 365 translação de um espelho plano, 219
sensibilidade
pulsação do MHS, 386 auditiva, 443 transmitância, 489
pulso, 404 visual, 435 trem de ondas, 404
pupila, 338 si, 416 tubo sonoro, 497
sistema óptico aberto, 497
Q astigmático, 212 e 238 fechado, 497
quarto estigmático, 212 e 238
crescente, 198 sobrefusão, 83 U
minguante, 198 sol, 416 ultrassom, 413
solidificação, 68 ultravioleta, 434
R
som, 412 umidade do ar, 89
radar, 453 agudo, 414 unidade de massa atômica, 118
raio grave, 414
ut, 416
de luz, 188 sombra
de onda, 424 acústica, 474
gama, 434 V
projetada, 197
X, 434 própria, 197 vale de uma onda, 408
raio de curvatura sonar, 471 vapor, 86
de um espelho esférico, 235 vaporização, 68
soprano, 415
de uma face de uma lente, 304
sublimação, 90 velocidade
rastos de barcos, 461 da luz, 189
superaquecimento, 88
ré, 416 das moléculas de um gás, 136
superfície de onda, 423
referencial de Gauss mais provável, 139
superfusão, 83 média, 136
para lentes, 317
para os espelhos esféricos, 250 sustenido, 416 quadrática média, 136
das ondas mecânicas, 425, 426 e 427
refletância, 489
T do som em um gás, 427
reflexão
telescópio ventre, 494
da luz, 191
de um pulso, 466 de Newton, 361 vergência, 319
Hubble, 362
de uma onda, 465 vértice de um espelho esférico, 235
refletor, 361
difusa, 475 vista cansada, 346
refrator, 360
em superfície plana, 468
temperatura, 13 volume molar, 130
em superfície parabólica, 470
em superfície elíptica, 470 absoluta, 21
regular, 191 e 475 crítica, 86 Z
total, 275 tenor, 415 zero absoluto, 21 e 25

544 Índice remissivo


FÍSICA
CLÁSSICA
Caio Sérgio Calçada • José Luiz Sampaio Caio Sérgio Calçada • José Luiz Sampaio Caio Sérgio Calçada • José Luiz Sampaio

FÍSICA FÍSICA FÍSICA


CLÁSSICA CLÁSSICA CLÁSSICA

1
MECÂNICA
2
TERMOLOGIA,
ÓPTICA E
3
ELETRICIDADE
E FÍSICA
ONDAS MODERNA

Caio Sérgio Calçada


Bacharel em Matemática e engenheiro eletricista pela
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Professor de Física na rede particular de ensino desde 1968.

José Luiz Sampaio


Bacharel em Física pelo Instituto de Física da Universidade
de São Paulo. Professor de Física na rede particular
de ensino desde 1968.

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