DETERMINAÇÃO DO PERFIL DE VELOCIDADES EM ESCOAMENTO
TURBULENTO EM DUTOS
E. O. da SILVA¹, F. P. GUTERRES¹, L. B. AVILA¹, V. D. SANTOS¹
1 Universidade Federal do Pampa, Programa de Pós-Graduação em Engenharia e-mail: elenara.oliveira93@gmail.com
RESUMO – O estudo de escoamentos internos é de grande interesse dentro da mecânica
de fluidos, sendo estes caracterizados pelo número de Reynolds em laminares e turbulentos. Nesse sentido, o presente estudo visou a obtenção do perfil de velocidade para um escoamento turbulento de ar em um duto. Para isto, realizou-se o cálculo da velocidade real a partir das medidas de pressão fornecidas por um tubo de Pitot em diferentes pontos do escoamento. Calculou-se, também, a velocidade a partir da Lei de Potência para escoamento turbulento e construiu-se as curvas dos perfis com as velocidades experimentais e modeladas. A partir dos cálculos realizados, obteve-se valores de Reynolds superiores a 104 caracterizando o escoamento como turbulento. Os valores de velocidades experimentais e calculadas pela Lei da Potência foram próximas e apresentaram perfis similares.
o regime é turbulento e não se pode mais
INTRODUÇÃO utilizar a abordagem analítica. O escoamento de fluidos pode ser Para obter o perfil de velocidade de escoamentos em regime turbulento é necessário caracterizado conforme o regime de utilizar equações semi-empíricas baseadas na escoamento a partir do número de Reynolds. O análise dimensional e em dados experimentais regime pode ser dividido em dois principais (POTTER e WIGGERT, 2011). Entretanto, os tipos, o laminar em vazões baixas, com valores de velocidade obtidos por esse tipo de predominância das forças viscosas e o análise só serão válidos dentro do intervalo de turbulento em vazões maiores que um valor Reynolds estudado (FOX e PRITCHARD, crítico, com domínio das forças inerciais 2010). (POTTER e WIGGERT, 2011). Com isso, o objetivo desse artigo foi Para escoamentos internos em dutos com calcular a velocidade de um fluxo mássico de ar número de Reynolds menores que 2300 o dentro de um duto, construir as curvas com o regime de escoamento é laminar e o perfil de perfil obtido da velocidade em função da seção velocidade pode ser obtido analítica ou circular e ajustar os dados na equação da Lei da numericamente. O escoamento interno em Potência. dutos é caracterizado pela formação de um perfil parabólico. Esse perfil parabólico é devido à resistência ao movimento ser maior MATERIAIS E MÉTODOS nas paredes do duto e mais baixo em direção ao centro do duto (FOX e PRITCHARD, 2010). Para diferentes vazões de ar, com Quando o valor de Reynolds é superior a 2300 Reynolds superior a 1x104 mapeou-se o fluxo de ar com um paquímetro digital a cada RESULTADOS E DISCUSSÃO 10 mm em torno do raio do duto. A tubulação utilizada possui 100 mm de diâmetro. Para o O regime e o valor do número de mapeamento utilizou-se um tubo de Pitot Reynolds do experimento estão apresentados na conectado a um transdutor de pressão com Tabela 1. capacidade de máxima de 1 mm de coluna de água. Para a determinação do ∆H manométrico Tabela 1: Regime e número de Reynolds. do transdutor de pressão utilizou-se a Reynolds Regime Equação 1, 2,3.104 Turbulento 5,1.104 Turbulento ∆𝐻 = 0,0127𝑉 (1) 8,2.104 Turbulento 5 1,1.10 Turbulento onde, ∆H é a variação de altura no manômetro 1,3.10 5 Turbulento em mm e V é a tensão em volts. 1,6.105 Turbulento Para a conversão do ∆H em pressão, utilizou-se a equação da hidrostática, expressa Para todas as velocidades do ar o regime pela Equação 2. de escoamento obtido foi o turbulento, o que justifica o uso da equação da lei da potência ∆𝑃 = (𝜌á𝑔𝑢𝑎 − 𝜌𝑎𝑟 )𝑔∆𝐻 (2) para a determinação da velocidade simulada em cada posição. Na qual, ∆P é a variação de pressão (Pa), Na Tabela 2 são apresentados os valores ρagua e ρar as massas específicas da água e do ar, de velocidade experimental obtidos a partir das expressas em kg/m³ e g é a aceleração da medições realizadas pelo tubo de Pitot. Na gravidade em m/s². Tabela 3 são mostrados os valores calculados A velocidade de escoamento do ar (v) no pela equação da lei da potência. interior do duto, em m/s, foi obtida pela Na Figura 1 são apresentados os perfis Equação 3. das velocidades calculadas (representados pelos símbolos) e simulados (representados 2∆𝑃 pelas linhas) a partir da lei da potência. 𝑣 = 0,99√ (3) 𝜌𝑎𝑟
A velocidade para escoamento turbulento
calculada com base na Lei da Potência é apresentada na Equação 4,
⁄𝑛 (𝑟𝑑𝑢𝑡𝑜 − 𝑥) 1 𝑣𝑡 = 𝑣 ( ) (4) (𝑟𝑑𝑢𝑡𝑜 )
onde, vt e v são as velocidades de ar em
diferentes pontos do duto, rduto é o raio do duto Figura 1 - Perfis de velocidade para os em m e x é a posição em que é realizada a escoamentos de ar. medição de velocidade. Para a obtenção dos perfis de A partir da análise da Figura 1 pode-se velocidade, foram apresentadas as curvas com comparar as velocidades obtidas os dados de velocidade em cada ponto e de experimentalmente e simuladas pela lei da velocidade calculada em função da posição. potência, as quais não apresentam grande diferença entre os valores. Essa resposta evidencia o fato de que o cálculo das velocidades em cada ponto, para escoamento interno em dutos, apresenta valores próximos NOMENCLATURA aos reais. Percebe-se também que a velocidade é Aceleração g m s-2 maior no centro do perfil devido ao fato de da gravidade haver menor resistência ao movimento, já nas rduto Raio do duto m paredes dos dutos a velocidade é a mínima V Tensão V devido ao atrito das moléculas do ar com as do Velocidade duto. v m s-1 real do ar Observa-se também que o perfil de Velocidade velocidade é parabólico em todas as vt m s-1 simulada velocidades estudadas. Entretanto, para as Posição da velocidades mais baixas o perfil é mais medição de achatado no centro devido a pequena diferença x m velocidade entre a velocidade mínima e máxima. Em no duto velocidades maiores a predominância das Variação de forças de inércia faz com que a velocidade ∆H altura do mm máxima no perfil seja mais próxima da manômetro velocidade do ar que foi ajustada. Variação de ∆P Pa pressão CONCLUSÃO Massa ρagua específica da Kg/m³ Para todas as velocidades testadas, água obteve-se um perfil de escoamento turbulento, Massa com valores de Reynolds entre 2,4 x 104 e ρar específica do Kg/m³ 1,6 x 105. ar Os valores obtidos para as velocidades teóricas e experimentais foram bem próximos e REFERÊNCIAS apresentram um perfil de escoamento parabólico. FOX, R. W.; PRITCHARD, P. J.; McDONALD, A. T. (2010). “Introdução à mecânica dos fluidos”, LTC, p. 341- 355. POTTER, M. C.; WIGGERT, D. C. (2011) “Mecânica dos Fluidos”, McGraw-Hill, p. 523-553.