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Conservação de Frio

Cezar Augusto Beltrame


Câmaras Frigoríficas

Uma Câmara frigorífica é qualquer edifício


ou recinto utilizado em condições controladas
para estocagem, com o auxilio de refrigeração.
Temperaturas
• Câmaras para produtos resfriados
Temperaturas inferiores a 18o C
• Câmaras para produtos congelados
Temperaturas inferiores a 0o C
• Câmaras para resfriar/congelar produtos
Câmaras aonde os produtos passam antes de
irem para suas estocagem para retirada de
calor. ( Túneis )
Processo ideal
Produto Resfriado
( 7°C )

Túnel de
congelamento
-30o C

Produto
Congelado
( -18°C )

Câmara de estocagem Produto


-22o C Congelado
( -18°C )
Fatores que afetam
• Temperatura
• Umidade Relativa do ar
• Circulação de ar
• Produtos
• Movimentação na câmara
• Densidade do armazenamento
Temperatura
• Deve ser constante em toda a câmara
• Depende do produto armazenado
• Vai sofrer variações que devem ser pequenas
• Deve ser medida no ponto mais quente da
câmara.
Umidade relativa
• aquela que garanta melhores condições ao
produto em causa.
• mais alta favorece o desenvolvimento de
fungos.
• mais baixa promove a perde de peso.
• será constante se a temperatura for constante.
Circulação de ar
• Essencial para uma boa transferência de calor
• Responsável homogeneidade da temperatura e
Umidade Relativa no interior da câmara frigorifica
• Circulação de ar natural
Usada quando os produtos são desidratáveis.
• Circulação de ar forçada
Utilizada para congelar ou resfriar produtos.
Produtos
• Mistura de produtos congelados e resfriados é
muito prejudicial a manutenção da
temperatura e pode afetar os produtos que já
estão estocados. Mesmo produtos congelados
em temperaturas diferentes podem prejudicar
a manutenção da temperatura na Câmara.
• Produtos voláteis também devem ser
conservados em ambientes diferentes.
Movimentação
• Portas abertas prejudicam a manutenção da
temperatura.
• Muita circulação de equipamentos.
• Muita iluminação.
Densidade
• Volume útil 20% inferior ao volume total
• Produto colocado em paletes (transporte), a
30 cm das paredes e 50 cm do teto
• Permite a fácil a inspeção, circulação do ar e
homogeneidade da temperatura.
Projetos
Dados do Produto
 Natureza do produto
 Frequência de entradas e saídas dos produtos durante
a semana.
 Planos de produção e colheita.
 As temperaturas dos produtos ao entrarem nas
câmaras.
 Quantidade diária (kg/dia) de produtos a serem
mantidos resfriados, congelados, ou que devam ser
resfriados ou congelados rapidamente.
 Especificação de embalagens .
Projetos
Condições de Estocagem
Temperaturas internas.
 Umidade relativa interna.
 Duração da estocagem, por produto.
 Método de movimentação das cargas
(empilhadeiras, elevadores, etc...).
 Método de empilhamento (pallets, racks,
etc...) .
Isolamento Térmico
• A finalidade do isolamento térmico, é reduzir as trocas
térmicas indesejáveis e, manter a temperatura da
parede externa do recinto isolado, próximo à do
ambiente externo, para evitar problemas de
condensação. O isolamento térmico é formado por
materiais de baixo coeficiente de condutividade
térmica. Os materiais isolantes são porosos, sendo que
a elevada resistência térmica se deve à baixa
condutividade térmica do ar contido nos seus vazios. A
transferência de calor ocorre, principalmente, por
condução. Nos espaços vazios ocorre também
convecção e irradiação, porém com valores
desprezíveis.
Isolamento Térmico
Qualidades de um isolante térmico
• Coeficiente de transferência de calor de acordo com o custo
do isolamento;
• Boa impermeabilidade à água e umidade;
• Um baixo coeficiente de expansão térmica;
• Pouca variação da condutividade térmica devida à utilização;
• Total ausência de odores;
• Resistência ao apodrecimento;
• Resistência a roedores e outros animais;
• Material à prova de fogo;
• Baixa densidade; especialmente para isolamento do piso e
do teto, apesar de uma boa resistência à compressão ser
necessária para o isolamento do piso;
Isolamento Térmico
Isolamento do Piso
Placas de poliuretano - usamos um isolamento de duas camadas
desencontradas de 25cm para câmaras com temperaturas positivas.
Já para câmaras de temperaturas negativas, para produtos
congelados, usamos um isolamento de duas camadas
desencontradas de 50cm.
Após a colocação das placas horizontais é colocado placas verticais de
25cm fazendo todo contorno da área isolada. Estas placas no
sentido vertical são chamadas de breaks. São usadas justamente
para não deixar a umidade gerada, pela diferença de temperatura
interna da câmara frigorífica e a temperatura externa do ambiente
passe para fora e venha a molhar o chão em volta da câmara
frigorífica. Repare que estas placas devem ter uma altura maior
para fazer a barreira necessária.
Isolamento Térmico
Isolamento do Piso

• Devidamente instaladas cobrimos elas com uma lona impermeável


para que a água do concreto não venha encharca-las.

• Feita a cobertura colocamos o concreto de alta resistência por cima


das placas e em seguida aplicamos um acabamento também de alta
resistência podendo ser por exemplo cerâmica.
Materiais Isolantes
• As construções podem ser feitas em alvenarias
e posteriormente aplicado um material
isolante ou painéis autoportantes ( mais
utilizados atualmente )

• Os materiais mais utilizados atualmente são os


poliuretanos e os poliestirenos expandidos.
Poliestireno
Poliestireno Expandido (EPS): é um derivado de petróleo que
expandido por meio de vapor d'água torna-se um material
plástico altamente poroso e praticamente impermeável.
Poliuretano
Espuma Rígida de Poliuretano (PUR): obtida pela reação
química de 2 componentes líquidos (isocianato e poli-
hidroxilo), em presença de catalisadores.
Poliuretano
Tabela com relação de temperatura interna da câmara com
espessura do poliuretano a ser utilizado.

Temperatura ( ºC ) Espessura Poliuretano ( mm )


8 a 20 60
3a8 80
- 5a3 100
- 15 a -5 150
- 20 a - 15 180
- 30 a -20 200
- 40 a -30 240
Poliestireno X Poliuretano
• Pelas tabelas, verifica-se que para a mesma espessura de
isolamento, o painel com PUR apresenta um coeficiente
global de transmissão de calor (U) menor do que o de EPS,
tornando-o um isolamento mais eficiente.
• Entretanto, esta diferença pode ser compensada
aumentando-se a espessura do isolamento de EPS. Na maioria
das vezes isto é conveniente, inclusive por questões de custo,
uma vez que os de aquisição do EPS são menores do que o de
PUR.

EPS 150mm – U= 0,19 Kcal/hm²°C


PUR150mm – U= 0,11 Kcal/hm²°C
Carga Térmica
• A quantidade de calor a ser retirada do
sistema a refrigerar, na unidade de tempo,
pode tomar o nome de potência frigorifica, ou
carga térmica de refrigeração.
• Na prática a potência frigorífica é avaliada em
toneladas de Refrigeração ( TR ).
1 kW = 0,28 TR
Carga Térmica
Perdas
• Tipo do isolamento
• Carga Térmica
- Transmissão de calor
- Infiltração
- Produto
- Outras fontes de Calor
Carga - Transmissão
• É o calor que entra por transmissão através das
paredes.

Q = S.U(Te-Ti), onde:
Q= Calor
S = área das paredes, piso e teto
U= Coeficiente global de transmissão de calor
Te = Temperatura Externa
Ti = Temperatura Interna
Carga - Infiltração
• É o calor que entra através das aberturas (
portas ).
Q= (V/v).n.(he-hi)
V= Volume interno da Câmara
v= volume específico do ar externo
n= número de trocas de ar em 24 horas
he=entalpia do ar externo
hi=entalpia do ar interno
Carga - Infiltração
• O volume de ar que entra numa câmara é de
difícil determinação, por isso usaremos
valores aproximados, tabela abaixo:
Volume interno ( m³ ) Trocas de ar
100 9
150 7
200 6
250 5
500 4
750 3
1000 2,5
1250 2
1800 1,7
2400 1,4
Carga - Infiltração
Cortinas de Ar
De forma a minimizar o fluxo de ar quente e úmido para o
interior das câmaras de estocagem que trabalham à baixa
temperatura deverá ser prevista a utilização de cortinas de
ar. Isto é especialmente recomendado quando existe uma
movimentação intensa de produtos e a contínua abertura
de portas.
A utilização das cortinas de ar serve para proteger a câmara,
de cargas térmicas adicionais, que irão aumentar a
temperatura e a umidade no interior da câmara. A entrada
de vapor d'água para o interior da câmara, poderá trazer
problemas de condensação em excesso na superfície do
evaporador, com a consequente formação de gelo.
Tabela Volume específico e entalpia

Temperatura ºC
UR
(%) 30 10 0 -20 -30
Vol. Espec
60 ( m³/kg) 0,88 0,81 0,77 0,72 0,69
Entalpia
( kcal/kg) 17,1 5,3 1,3 -4,6 -7,2
Vol. Espec
90 ( m³/kg) 0,89 0,81 0,75 0,72 0,69
Entalpia
( kcal/kg) 22,3 6,6 2,1 -4,5 -7
Carga - Produto
• A carga térmica devida ao produto consiste de
varias etapas:
- Calor removido no resfriamento
Q = mc(ti-tf)
- Calor removido do resfriamento até o
congelamento
Q= mc (ti-tic)
Carga - Produto
- Calor removido no congelamento
Q= mL
- Calor removido no congelamento até a
temperatura Final
Q= mc(tic-tfc)
Carga - Iluminação
• Para saber a carga gerada pela lâmpadas,
existem tabelas com a dissipação de calor dos
diversos tipos, porem para fins de cálculos,
considerando que uma câmara não precisa de
iluminação intensa, usaremos 260kcal/h para
cada 100m² do teto
Carga – Motores
• O calor dissipado por motores esta na tabela
abaixo:

Motor Kcal/HPh
1/8 - 1/2 1070
1/2 - 3,0 930
3,0 - 20 740
Carga - Pessoas
• O calor dissipado depende da movimentação,
da roupa, do tipo de trabalho executado, etc,
porem podemos considerar um valor médio.

Temperatura ( ºC ) Kcal/h
10 180
4 210
-12 300
-24 350
Carga Total

Origem Carga
Transmissão
Infiltração
Produto
Iluminação
Motores
Pessoas
Total
Exercício - 1
• Câmara de armazenagem de congelados ( T= -
25°C)
• Localizada em Santa Maria
• Dimensões de 30mx20mx8m ( CxLxA )
• Um empilhadeira – motor de 5 HP
• 2 pessoas
• Isolante ( Poliestireno 200 mm )
Calcular a quantidade de calor a ser retirado do
sistema por hora. ( 29682 kcal/h )
Exercício - 2
• Câmara de armazenagem de resfriados ( 5°C)
• Localizada em Santa Maria.
• Dimensões de 20mx20mx6m ( CxLxA)
• Uma empilhadeira – motor de 3 HP
• 2 pessoas
• Isolante ( Poliestireno 150 mm )
Calcular a quantidade de calor a ser retirado do
sistema por hora. ( 13561 kcal/h )

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