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4ª Edição - 2014

Engº José Roberto Pereira


APRESENTAÇÃO

Este trabalho é o resultado de muitos dias (e noites) de pesquisa, estudo,


planejamento, organização, redação, desenho, compilação, cálculos, etc., e foi
elaborado sem finalidade comercial ou sequer para obtenção de qualquer espécie de
remuneração ou lucro financeiro.
Seu objetivo é, unicamente, divulgar e propagar o seu conteúdo entre o maior número
possível de pessoas, de modo a fomentar o saber e estimular o conhecimento. Espero
assim que, de alguma forma, ele seja uma forma de contribuição para o
aprimoramento e a elevação do espírito humano, e da evolução da nossa espécie.
Por esta razão, o seu conteúdo não está protegido por qualquer tipo de patente ou
“copyright”, sendo a sua cópia, distribuição e divulgação não apenas permitida, mas
também (e principalmente) estimulada, no todo ou em parte, em qualquer tipo de
mídia, seja ela física, eletrônica ou qualquer outra que, futuramente, possa surgir,
desde que não seja vendida ou comercializada de qualquer forma e que a fonte seja
devidamente citada.
Acredito que, com este pequeno legado, estarei contribuindo, mesmo que
humildemente, para fazer deste nosso mundo um lugar melhor para se viver.
Serão muito bem-vindas quaisquer colaborações apontando eventuais erros ou
sugerindo melhorias para este trabalho, que poderão ser enviadas para o e-mail do
autor, indicado no rodapé.

Rio de Janeiro, março de 2011.

José Roberto Pereira

“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas
novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam
criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes
que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se
propõe.”
(Jean Piaget)

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – Magnetismo 03

CAPÍTULO 2 – Eletromagnetismo 10

CAPÍTULO 3 – Indução Eletromagnética 22

CAPÍTULO 4 – Transformadores 29

CAPÍTULO 5 – Geradores de C.C. 58

CAPÍTULO 6 – Motores de C.C. 75

CAPÍTULO 7 – Exercícios Propostos 84

APÊNDICE I – Proteção dos Circuitos Elétricos 86

APÊNDICE II – Subestações Abaixadoras 96

BIBLIOGRAFIA 102

ÍNDICE 103

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CAPÍTULO 1
MAGNETISMO

O magnetismo é uma forma de energia apresentada apenas por alguns materiais, tais como ferro,
aço, compostos de ferro, ligas especiais, níquel e cobalto.
Entre outras propriedades, os corpos com magnetismo apresentam a de atrair outros corpos.
Nota-se, entretanto, que só os corpos feitos com os materiais citados no parágrafo anterior podem
ser atraídos.
Existem diversas aplicações para o magnetismo, como por exemplo: motores e geradores
elétricos, alto-falantes, fitas e discos magnéticos, etc.

1.1 – O Ímã
Os corpos que possuem magnetismo são denominados ÍMÃS. Os ímãs são, em sua maioria,
produzidos pelo homem (ÍMÃS ARTIFICIAIS); há, porém, o ÍMÃ NATURAL, a MAGNETITA,
que é composta de tetróxido de triferro (F3O4), encontrado na natureza. Quando se faz um corpo
adquirir propriedades magnéticas, ele pode perdê-Ias em pouco tempo ou conservá-Ias por toda a
sua existência. No primeiro caso temos um ÍMÃ TEMPORÁRIO e no segundo caso um ÍMÃ
PERMANENTE. Ambos possuem aplicações práticas. Por exemplo, os ímãs permanentes são
usados em microfones, alto-falantes, pequenos motores elétricos, bússolas, medidores elétricos,
etc. Exemplos de aplicações típicas dos ímãs temporários são o guindaste magnético e a
fechadura elétrica. Um ímã natural é permanente.

1.2 – A natureza dos materiais magnéticos


Várias teorias têm sido apresentadas para explicar o magnetismo, entre as quais destacamos a de
Weber-Ewing (Teoria dos Ímãs Moleculares) e a dos DOMíNIOS MAGNÉTICOS, esta última
mais moderna e mais completa.
A teoria dos ímãs moleculares diz que as moléculas das substâncias magnéticas (as que podem
apresentar propriedades magnéticas) são pequenos ímãs, cujos efeitos não podem ser
apreciados porque estão dispostos no corpo de tal forma que suas ações se anulam mutuamente.
A imantação de um corpo consiste em "arrumar" os ímãs moleculares de modo que suas ações se
somem. Esta teoria, com o conhecimento atual da constituição da matéria, cedeu lugar a novas
idéias.
A teoria dos domínios magnéticos baseia-se no fato de que os fenômenos magnéticos resultam do
movimento de cargas elétricas. É fato comprovado e de grande aplicação que uma carga elétrica
em movimento apresenta não só um campo elétrico como também, e principalmente,
propriedades magnéticas; convém ressaltar que as propriedades magnéticas só são observadas
quando a carga está em movimento, ao passo que o campo elétrico existe também quando ela
está em repouso.
Conhecendo o fato acima e sabendo que os elétrons dos átomos de um corpo estão sempre em
movimento ("spin" e movimento em suas órbitas), concluiu-se que todos os elétrons de um corpo
têm propriedades magnéticas (são ímãs pequeníssimos).
Mas, esta conclusão não contraria o que foi afirmado no primeiro parágrafo? Se todos os corpos
apresentam elétrons em movimento, todos têm propriedades magnéticas?

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A resposta é NÃO para as duas perguntas. Sabe-se que quando duas cargas elétricas iguais se
movimentam em sentidos opostos os seus efeitos magnéticos se anulam. Sabe-se também que
os elétrons dos átomos constituem dois grupos que giram em sentidos opostos. Quando esses
dois grupos são iguais (em número de elétrons), as propriedades magnéticas dos átomos são
nulas, fato que ocorre com a maioria das substâncias.
Quando os grupos são em quantidades de elétrons diferentes, há o predomínio de um deles, e os
átomos são minúsculos ímãs; isto é o que ocorre com os materiais aos quais nos referimos no
início do capítulo e que são chamados MATERIAIS MAGNÉTICOS.
Átomos que apresentam um campo magnético resultante diferente de zero são denominados
dipólos magnéticos.
Os átomos com propriedades magnéticas reúnem-se em grupos de aproximadamente 1015
unidades, constituindo DOMíNIOS MAGNÉTICOS (ou ímãs elementares). Um pedaço de ferro,
por exemplo, é formado por domínios. Observa-se, entretanto, que os efeitos dos domínios não se
somam, como acontece com os efeitos dos átomos que os constituem, e, em verdade,
praticamente se anulam. É por este motivo que normalmente um corpo de material magnético não
é um ímã. Este fato é conseqüência da má disposição dos domínios, cujas ações estão em
oposição, fazendo com que o corpo, como um todo, não apresente qualidades magnéticas.
Na figura ao lado está ilustrado um material magnético não
magnetizado, mostrando os dipólos alinhados formando os domínios
que, por sua vez, encontram-se orientados aleatoriamente.
É possível, porém, dar nova disposição aos domínios, que resultenuma ajuda mútua por parte
desses grupos de átomos, produzindo-se então um ímã.

1.3 – Magnetização e desmagnetização


Fazer um corpo apresentar propriedades magnéticas, (IMANTÁ-LO, ou MAGNETIZÁ-LO), é,
portanto, orientar os seus ímãs elementares de modo que somem suas ações magnéticas.
Isso pode ser feito basicamente de duas maneiras. Uma é através do uso da corrente elétrica
contínua, o que será estudado no próximo capítulo. A outra maneira, bastante simples, consiste
em esfregar ou simplesmente aproximar um ímã permanente da barra que se deseja magnetizar.
A figura abaixo mostra um ímã permenente sendo aproximado de uma barra desmagnetizada, na
qual os ímãs elementares encontram-se desorientados, a fim de magnetizá-la.
Ao ser aproximado, o ímã atrairá a barra. No entanto, note que, antes de atrair a barra, o ímã a
magnetiza para, só então, atraí-la

O ímã é aproximado da barra desmagnetizada A barra se transforma em ímã e é atraída

Por outro lado, também existem duas maneiras básicas de se desmagnetizar um ímã. A primeira,
é através do uso da corrente elétrica contínua, num processo semelhante ao da magnetização. A
outra é elevando-se a sua temperatura até um valor determinado, chamado “Ponto de Curie”,
que varia de acordo com o material.
Ponto de Curie é a temperatura na qual um ímã se desmagnetiza.

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1.4 – Princípio da inseparabilidade dos pólos
Se quebrarmos ao meio um ímã em forma de barra, veremos que os pólos norte e sul não se
separam. Ao invés disso, ambas as partes se transformam em dois novos ímãs, cada qual com os
seus respectivos pólos norte e sul.
Se quebrarmos novamente ao meio cada uma dessas partes, ainda assim os seus pólos não
serão separados e obteremos agora quatro ímãs completos, cada um com seus respectivos pólos
norte e sul. O processo pode se repetir até o nível atômico que o resultado obtido será sempre
igual.

1.5 - Campo Magnético


Qualquer região do espaço ou da matéria em que são observados efeitos magnéticos é um campo
magnético.
Pode-se tomar conhecimento de um campo magnético com auxílio de uma bússola (agulha
magnética) ou de um fio conduzindo corrente elétrica. Quando o campo existe, age uma força
sobre a agulha magnética, forçando-a a mudar de posição. No caso do fio, o campo magnético
atua sobre as cargas em movimento no mesmo, obrigando-as a mudar de direção, o que, por
sua vez, provoca o deslocamento do fio.
Para representar graficamente um campo magnético, dando uma idéia de sua grandeza em
diferentes pontos, bem como da sua forma (que dependerá da forma do corpo magnetizado),
usamos linhas que são chamadas LINHAS DE FORÇA. Estas linhas são traçadas de tal modo
que indicam as ações do campo sobre corpos magnéticos nele colocados.

1.6 - Magnetismo Terrestre


A Terra é um gigantesco (porém relativamente muito fraco) ímã. A ação do seu campo magnético
sobre pequenas agulhas imantadas que giram livremente sobre eixos (as bússolas) permite um
traçado da sua forma e o conhecimento da sua direção e do seu sentido.
Quando o campo magnético da Terra age sobre uma bússola, os extremos desta ficam apontados
aproximadamente para os pólos norte e sul geográficos, e por este motivo são chamados
respectivamente de pólo norte e pólo sul. Este fato pode ocorrer com qualquer ímã em barra que
possa mover-se livremente; daí a designação de pólo norte e sul dada às extremidades desses
ímãs.
A ação do campo magnético terrestre sobre a bússola não se faz sentir apenas no plano
horizontal, fazendo-a deslocar-se para estacionar na direção norte-sul da Terra. Verifica-se
também que a bússola apresenta uma inclinação em relação à horizontal do lugar em que está
situada, dando-se ao ângulo em apreço a denominação de INCLINAÇÃO MAGNÉTICA.
A direção norte-sul verdadeira não corresponde perfeitamente à indicada por uma bússola. O
ângulo formado pelas duas direções é a DECLINAÇÃO MAGNÉTICA.

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1.7 - Atração e Repulsão Entre Ímãs
Quando lidamos com ímãs, notamos que quando seus campos magnéticos são colocados em
oposição se repelem, e quando os campos se somam há atração entre os ímãs; em outras
palavras, pólos de nomes iguais se repelem e pólos de nomes diferentes se atraem.

1.8 - Fluxo Magnético ( φ )


É o conjunto de todas as linhas do campo magnético que emergem do pólo norte de um ímã, ou
seja: é o número de linhas de força que atravessam uma determinada superfície perpendicular às
linhas. Sua unidade no SI é o WEBER (Wb).
Quando um condutor é submetido a um campo magnético e este é feito variar do valor máximo a
zero, no tempo de um segundo, provocando o aparecimento de uma d.d.p. de 1 VOLT entre os
terminais do condutor, dizemos que o fluxo máximo é de 1 WEBER.
A unidade de fluxo magnético no sistema CGS é o Maxwell.
8 8
Um Weber é igual a 10 Maxwell ou 10 linhas de campo magnético.

A figura abaixo mostra um fluxo magnético “φ “através de uma superfície “S”

1.9 – Vetor Campo Magnético ou Intensidade de Campo Magnético (H)


Vimos que o campo magnético é a região em torno do ímã onde ele exerce sua influência.
Sabemos também que, quanto mais próximo dos pólos do ímã, maior essa influência. Assim,
podemos atribuir ao campo magnético uma intensidade em um determinado ponto, e a linha de
força que passará por esse ponto terá uma direção e um sentido, ou seja:
O Campo Magnético é uma grandeza vetorial, pois possui módulo, direção e sentido.
O Vetor Campo Magnético é sempre tangente à linha de força no ponto considerado, como pode
ser visualizado na figura abaixo:

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Sua unidade é o Newton / Weber, que é definida como a intensidade do campo magnético num
ponto tal que uma massa magnética puntiforme de um Weber colocada nesse ponto fica sujeita à
força de um Newton.

F
H =
m
F = Força (Newtons)
m = Massa magnética (Webers)

Observação: A unidade de intensidade de campo magnético também pode ser expressa em


Ampères por metro, como veremos no próximo capítulo.

1.9.1 – Campo magnético uniforme


Um campo magnético é dito uniforme quando possui, em todos os pontos, mesma intensidade,
mesma direção e mesmo sentido. Isso pode ser visualizado na figura abaixo, na qual as linhas de
força que saem do pólo norte vão diretamente para o pólo sul à sua frente. Isso faz com que na
região central entre os pólos um campo magnético uniforme.
Um campo magnético uniforme é representado por linhas de força paralelas e eqüidistantes entre
si.
H

1.10 - Indução Magnética ou Densidade de Fluxo Magnético ( β ou B )


Trata-se do número de linhas de força por unidade de área, ou seja: as linhas que "atravessam"
uma seção do campo de área unitária:

φ
β=
S
2
No SI a densidade de fluxo magnético é expressa em Weber por metro quadrado (Wb/m ) e a sua
unidade recebeu o nome de TESLA (T).
−4
A unidade de indução magnética do sistema CGS é o Gauss. 1 Gauss = 10 Tesla.
Para melhor compreendermos o conceito de indução magnética, imaginemos um campo
magnético “H”, uniforme, no vácuo. Se colocarmos uma barra de ferro desmagnetizada em seu
interior, ocorrerá uma orientação dos seus domínios magnéticos, magnetizando-a (figura abaixo).

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A barra, agora magnetizada, comporta-se como um ímã, apresentando portanto o seu próprio
campo magnético, que chamaremos de campo “M”, ou de magnetização, pois foi criado pela
magnetização da barra de ferro.
M

A interação desses dois campos gera um campo resultante Podemos observar que, internamente
à barra, as linhas de força têm sentidos coincidentes enquanto que, fora dela, há pontos onde os
sentidos são exatamente opostos ou formam ângulos entre si. O campo resultante terá
aproximadamente a forma abaixo:

A indução magnética (campo “B”) é, então, o campo magnético efetivo induzido em um


determinado meio.
É comum fazer-se confusão entre “B” e “H”, uma vez que possuem basicamente a mesma
natureza, e muitas vezes falamos em campo magnético quando queremos nos referir à indução
magnética

1.11 – Permeabilidade ( µ )
A permeabilidade exprime a facilidade que um determinado meio oferece ao estabelecimento de
um campo magnético. Esta grandeza é expressa pela relação

β
µ =
H

que é praticamente constante em meios não-magnéticos, porém apresenta variações em meios


magnéticos, pois depende do grau de imantação do material.
A permeabilidade absoluta de um material qualquer (µ) e a permeabilidade absoluta do vácuo (µ0)
são dadas em uma unidade conhecida como Henry/metro (H/m);
–7
A permeabilidade absoluta do vácuo é: µ0 = 4 π x 10 H/m.

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1.12 - Permeabilidade Relativa ( µr )

É comum exprimir-se a permeabilidade de um determinado material comparativamente à do vácuo


(ou do ar), tomada como referência. Assim, a permeabilidade relativa de um determinado material,
chamada de µr, (muitas vezes representada apenas como µ), é a razão entre a sua
permeabilidade absoluta (µ)e a permeabilidade do ar ou do vácuo (µ0).
µ
µr =
µ0

Por ser uma razão entre duas grandezas de mesma natureza, a permeabilidade relativa é um
número adimensional. A permeabilidade do ar é igual a 1.

A classificação dos materiais em magnéticos e não magnéticos baseia-se nas fortes propriedades
magnéticas do Ferro e é dividida em três grupos:

1 – Materiais ferromagnéticos (µr >> 1) – Neste grupo estão o Ferro, o Aço, o Níquel, o Cobalto
e algumas ligas como o Alnico (Fe + Al + Ni + Co), o Permalloy (Ni + Fe), o Mumetal (76% Ni +
17% Fe + 5% Cu + 2% Cr) e as Ferrites, que são materiais cerâmicos.
Abaixo, a permeabilidade relativa de alguns materiais ferromagnéticos:
Ferro = até 6.500
Permalloy = até 200.000
Mumetal = até 100.000
Ferrite = até 3.000
2 – Materiais paramagnéticos (µr > 1) – Este grupo de materiais apresenta permeabilidade
relativa ligeiramente maior do que 1 e a ele pertencem o Alumínio, a Platina, o Manganês e o
Cromo.
3 – Materiais diamagnéticos (µr < 1) – Neste grupo estão o Bismuto, o Antimônio, o Cobre, o
Zinco, o Mercúrio, o Ouro e a Prata.

Observação:
Da equação da permeabilidade na página anterior, podemos escrever:

β = H. µ

Analisando esta equação, observamos que a permeabilidade de um meio atua como um variador
do campo magnético, concentrando-o ou dispersando-o, dependendo se o material do campo
induzido “B” possui permeabilidade maior ou menor que a do campo original “H”.

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CAPÍTULO 2
ELETROMAGNETISMO

2.1 - Força Magnetomotriz (Fmm)

OERSTED foi o primeiro homem a observar que uma corrente elétrica pode dar origem ao
magnetismo, mostrando que há estreita ligação entre magnetismo e eletricidade. Sua experiência
foi simples: fazendo passar uma corrente por um condutor, pôde notar que isto provocava o
deslocamento de uma bússola próxima do mesmo, e que o sentido e a intensidade do movimento
da bússola estavam relacionados com o sentido e a intensidade da corrente elétrica.
Hoje utilizamos normalmente a corrente elétrica para produzir campos magnéticos. A esse campo
magnético produzido pela passagem de uma corrente elétrica, chamamos CAMPO
ELETROMAGNÉTICO. Toda vez que há uma corrente elétrica circulando num condutor cria-se
um campo magnético ao redor desse condutor, cujo sentido depende do sentido da corrente
elétrica.
Chamamos de FORÇA MAGNETOMOTRIZ (f.m.m.) à causa do aparecimento de um campo
magnético. Num condutor percorrido por uma corrente elétrica, a força magnetomotriz é a própria
corrente,
Fmm = I

e sua unidade é também o AMPÈRE.

Observa-se, porém, que quando o condutor é enrolado em forma de bobina (ou SOLENÓIDE),
isto é, em forma helicoidal ou semelhante, os efeitos do campo magnético tornam-se "N" vezes
mais fortes, conforme o número de VOLTAS ou ESPIRAS descritas pelo mesmo, o que nos
permite dizer que a força magnetomotriz é então

Fmm = N . I
N = número de espiras

Neste caso, a unidade de força magnetomotriz pode ser denominada AMPÈRE-ESPIRA, (Ae)
porém alguns autores usam apenas o símbolo (A).

2.2 – Vetor Campo Magnético ou Intensidade de Campo Magnético (H)


Esta grandeza, também chamada “FORÇA MAGNETIZANTE”, tem exatamente a mesma
natureza da já estudada em 11.9. Aqui, no entanto, ela está sendo produzida pela passagem de
uma corrente elétrica. Sua intensidade em um ponto qualquer próximo do condutor que conduz a
corrente é diretamente proporcional à intensidade da corrente e inversamente proporcional ao
comprimento do "caminho" magnético que passa pelo ponto (caminho representado por uma linha
de força). Esse caminho é uma circunferência com o centro no condutor e raio igual à distância
entre o ponto e o condutor. O sentido é dado pela regra de mão direita.

A unidade de intensidade de campo magnético é o Ampère/metro (A/m).

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A figura abaixo mostra uma linha de força do campo “H” passando por um ponto “P”, à distância
de um raio “r” de um condutor atravessado por uma corrente “I”.:

r P

A intensidade do campo no ponto “P”, em Ampères/metro, será dada por:

I
H=
L
onde:
I = intensidade da corrente, em Ampères (A)
L = 2.π.r = comprimento da linha de força, em metros (m)

No caso de uma bobina (ou solenóide), a intensidade no seu interior será dada por:

N.I
H =
√ 4.R2 + L2
onde:
N = Número de espiras
I = intensidade da corrente, em Ampères (A)
R = Raio do solenóide (m)
L = Comprimento do solenóide (m)

EXEMPLO: Calcular a intensidade do campo magnético no interior de um solenóide de 300


espiras, com seção transversal circular de raio 2cm e comprimento 15cm, no qual circula uma
corrente de 2A.

300 x 2
H = H = 3.865 A/m
√ 4 x 0,02 2
+ 0,15 2

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2.3 - Sentido do Campo em Torno de um Condutor que Conduz Corrente
Existe uma relação definida entre o sentido da corrente e o sentido do campo magnético em torno
do condutor. Esta relação pode ser mostrada empregando-se a regra da mão direita. Esta regra
diz que se segurarmos um condutor com a mão direita, com o polegar apontando no sentido da
corrente convencional, os outros dedos indicarão o sentido das linhas de força do campo
magnético. A figura abaixo mostra a aplicação da regra da mão direita na determinação do sentido
do campo magnético ao redor do condutor.

H H

Obs.: Caso se utilize o sentido eletrônico da corrente, deve-se usar a mão esquerda.

2.4 - Sentido do Campo Produzido por uma Bobina Helicoidal


Verifica-se experimentalmente que o campo magnético produzido por uma corrente elétrica, numa
bobina deste tipo, é semelhante ao de um ímã em barra. Observa-se também que nas
extremidades da bobina os efeitos do campo são mais aparentes, como ocorre nos extremos do
ímã em barra, dando a mesma idéia de pólos. Realmente, a bobina age sobre um ímã colocado
perto dela, do mesmo modo que agiria um ímã em barra, e podem ser observadas as mesmas
ações entre pólos; isto permite que as extremidades da bobina possam ser designadas como
"NORTE" e "SUL".
Também neste caso é possível determinar o sentido do campo com ajuda das mãos. Basta que se
suponha estar segurando a bobina com a mão direita, de modo que os dedos (com exceção do
polegar) indiquem o sentido da corrente convencional nas espiras; o dedo polegar indica, então, a
extremidade "NORTE" da bobina (deverá ser usada a mão esquerda quando se trabalhar com o
sentido eletrônico da corrente).

I
– +

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2.5 – Relutância (ℜ )
É a dificuldade que um determinado meio oferece ao estabelecimento de um campo magnético. É
diretamente proporcional ao comprimento (L) do corpo ou região em que está sendo criado o
campo e inversamente proporcional à permeabilidade (µ) e à área (S) da seção transversal do
corpo ou região em que está sendo criado o campo. Sua unidade é o Ampère por Weber (A /
Wb).

L
ℜ =
µ.S

2.6 - “Lei de Ohm” para Magnetismo


“O FLUXO MAGNÉTICO PRODUZIDO É DIRETAMENTE PROPORCIONAL À FORÇA
MAGNETOMOTRIZ E INVERSAMENTE PROPORCIONAL À RELUTÂNCIA.”

Fmm
φ =

2.7 - Circuitos Magnéticos


Sabemos que para produzir um campo magnético é necessário uma força magnetomotriz, e que
esta é obtida fazendo-se passar uma corrente elétrica por um condutor, de preferência uma
bobina, porque quanto maior o produto “N.I” mais forte o campo produzido.
Sabemos também que o campo magnético produzido depende da relutância, que por sua vez
varia com a seção transversal e a permeabilidade.
Quando uma bobina está enrolada em um núcleo magnético (uma peça feita de material
ferromagnético), o campo magnético produzido por uma corrente elétrica fica praticamente
limitado ao núcleo, dada a grande diferença entre as permeabilidades do núcleo e do ar que o
cerca; a permeabilidade de um material magnético pode ser centenas de vezes maior que a do ar.
Chamamos de CIRCUITO MAGNÉTICO a uma região em que existe fluxo magnético e
podemos melhor observá-lo quando se trabalha com materiais magnéticos.
Consideremos o circuito magnético representado na figura abaixo, constituído por um núcleo
retangular, de seção uniforme e feito de um único tipo de material magnético.
Nele está enrolada uma bobina percorrida por uma corrente elétrica, produtora do fluxo magnético
no núcleo.

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Para produzir fluxo neste circuito magnético é necessária uma força magnetomotriz. Se for
mantida constante a seção do núcleo e variado o seu comprimento, verificar-se-á que será menor
a força magnetomotriz necessária para produzir o mesmo fluxo, à medida que o comprimento for
diminuindo.

2.8 - Resolução de Circuitos Magnéticos

EXEMPLO: Na bobina abaixo, de 1.000 espiras, determinar a corrente necessária para gerar um
fluxo de 4 mWb em um núcleo de ferrite maciço de espessura 8 cm, cuja permeabilidade relativa é
de 2.000.

20 cm
30 cm
I

25 cm

35 cm

O comprimento médio do circuito magnético será igual a:


L = 30 x 2 + 25 x 2 = 110 cm = 1,1 m

A seção transversal igual a:


S = 5 x 10-2 x 8 x 10-2 = 40 x 10-4 m2

A permeabilidade absoluta do núcleo será igual a:


µ = µ0 x µr = 4 π x 10-7 x 2.000 = 8 π x 10-4 H/m

A relutância será igual a:


L 1,1
ℜ = µ . S = 8 π x 10-4 x 40 x 10-4 = 1,094 x 105 A / Wb

A força magnetomotriz será igual a:


Fmm = φ . R = 4 x 10-3 x 1,094 x 105 = 437,6 Ae

A corrente será então igual a:


Fmm 437,6
I = N = 1.000 I = 0,438 A

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Uma outra forma de resolver este circuito magnético:

φ 4 x 10-3
β = = = 1T
S 40 x 10-4

µ = µ0 x µr = 4 π x 10-7 x 2.000 = 8 π x 10-4 H/m

β 1
H = = = 397,89 A/m
µ 8 π x 10-4

Fmm = H . L = 397,89 x 1,1 = 437,6 Ae

Fmm 437,6
I = = 1.000 I = 0,438 A
N

2.9 – Circuito Magnético com Entreferro


Um circuito magnético pode conter uma ou mais aberturas de ar chamadas de “entreferro” (“gap”
em inglês). Estes podem ser feitos propositadamente ou podem aparecer devido às
características construtivas do núcleo, onde as suas duas partes não ficam perfeitamente unidas,
como a da figura abaixo à direita:

Nos motores elétricos, que são circuitos magnéticos mais complexos, o entreferro é inevitável,
pois o rotor deve ficar livre para girar no interior do estator. Contactores, relés e cabeças
magnéticas de gravadores de fita e de discos magnéticos também são dispositivos que
apresentam entreferro.
O seu tamanho pode variar de milésimos de milímetros até alguns poucos milímetros e, apesar do
seu pequeno comprimento, afetam o comportamento do circuito magnético de forma significativa,
uma vez que o ar apresenta uma relutância muito mais alta do que o núcleo, dificultando assim, a
passagem do fluxo magnético.
Este, por sua vez, ao atravessar o entreferro, se dispersa, ocupando uma área maior que a do
núcleo. Esse fenômeno se chama “espraiamento”. Como consequência, a área da seção aparente
do entreferro (Se), que é a área efetivamente ocupada pelo fluxo, é maior do que a área da seção
do núcleo (SN).
O valor da área da seção aparente do entreferro é estimada através do “Coeficiente de Dispersão”
(cd). Este é sempre maior que 1 (um) e deve ser multiplicado pela área do núcleo para se obter a
área do entreferro.

Se = SN . cd

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2.9.1 - Cálculo de um Circuito Magnético com Entreferro
Este cálculo deve ser feito em duas partes: Primeiramente calcula-se as grandezas referentes ao
núcleo propriamente dito, como já vimos anteriormente. Em seguida, calcula-se a parte do
entreferro. Neste caso, a relação entre β e H é obtida através da fórmula: β = H.µ0

EXEMPLO: Calcular a corrente necessária na bobina abaixo para que o fluxo gerado seja igual a
15 x 10-3 Wb. O núcleo é quadrado, sua espessura é de 18 cm e as dimensões no desenho estão em
centímetros.

N = 1.100 espiras
µr = 242 (núcleo)
0,2
cd = 1,167

5 30 5

O comprimento médio do núcleo será:


L = 4 x 35 – 0,2 = 139,8 x 10-2 m

Área da seção transversal do núcleo:


SN = 5 x 10-2 x 18 x 10-2 = 90 x 10-4 m2

A indução no núcleo será:


φ 15 x 10-3
βN = S = = 1,67 T
90 x 10-4
A permeabilidade do núcleo será igual a:
µN = µ0 x µr = 4 π x 10-7 x 242 = 3,04 x 10-4 H/m

Logo:
β 1,67
HN = = = 5.500 A/m
µ 3,04 x 10-4
A Fmm no núcleo será então:
FmmN = HN . LN = 5.500 x 139,8 x 10-2 = 7.689 Ae

Indução no entreferro:
φ 15 x 10-3
βe = = = 1,43 T
S.cd 90 x 10-4 x 1,166
O campo magnético no entreferro será:
β 1,43
He = = = 1.137.957 A/m
µ0 4 π x 10-7

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Força magnetomotriz no entreferro:
Fmme = He.Le = 1.137.957 x 0,002 = 2.276 Ae

A Fmm total será igual a:


Fmm = FmmN + Fmme = 7.689 + 2.276 = 9.965 Ae

A corrente necessária será, então:


Fmm 9.965
I = N = 1.100 I = 9,06 A

2.10 - Força Portante de um Eletroímã


Um circuito magnético com entreferro apresenta uma força de atração entra as partes separadas.
A parte móvel é chamada de “âncora”. Chama-se força atrativa de um ímã ou eletroímã a força
com que este atrai a sua âncora. Esta força será máxima quando a âncora estiver encostada ao
núcleo e recebe o nome de “força portante”.
Força portante é a força mínima exercida pelo eletroímã para segurar um objeto ferromagnético.
Essa força depende da área de contato entre núcleo e âncora e da indução magnética existente
no circuito.
A força portante de um eletroímã pode ser dada por uma das seguintes equações:

F = µ0 . H2 . S

β2.S
F =
µ0

φ2
F =
µ0 . S

onde:

F = Força portante (N)


µ0 = Permeabilidade do vácuo (4 π x 10-7 H/m)
H = Campo magnético no núcleo do eletroímã (A/m)
S = Área da sapata polar do eletroímã (m2)
β = Indução na sapata polar do eletroímã (T)
φ = Fluxo no núcleo do eletroímã (Wb)

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EXEMPLOS: 1 - Calcular a força portante do eletroímã da figura abaixo, cuja espessura do núcleo
é igual a 1,5 cm.

N = 60 espiras

2 cm
I = 0,5 A
µr = 3.000 (núcleo)

8 cm
2 cm

2 cm 2 cm

8 cm

Comprimento total do circuito magnético:


L = 6 x 4 = 24 cm = 0,24 m

Área da seção transversal do núcleo:


S = 0,015 m x 0,02 m = 0,0003 m2 = 3 x 10-4 m2

Fmm = 0,5 A x 60 esp = 30 Ae

Permeabilidade absoluta do núcleo:


µ = µ0 x µr = 4 π x 10-7 x 3.000 = 3,77 x 10-3 H/m

A relutância será igual a:

L 0,24
ℜ= = = 2,122 x 105 A / Wb
µ.S 3,77 x 10-3 x 3 x 10-4

O fluxo no núcleo será:


Fmm 30
φ = = -4
5 = 1,414 x 10 Wb
ℜ 2,122 x 10

A força portante será então igual a:


φ2 (1,414 x 10-4)2 53
F = µ0 . S =
4 π x 10-7 x 3 x 10-4
F = 53 N ou F = = 5,4 Kgf
9,8

Calculando de outra forma, a indução no núcleo será igual a:


φ 1,414 x 10-4 = 0,4713 T
β = =
S 3 x 10-4

E a força portante será então igual a:


β2.S 0,47132 x 3 x 10-4 53
F =
µ0
=
4 π x 10-7
F = 53 N ou F = = 5,4 Kgf
9,8

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Obs.: No caso de núcleos do tipo indicado na figura abaixo, nos quais as seções S1 e S3 das
colunas laterais têm a metade da área da coluna central (S2), usa-se a área desta última para o
cálculo da força portante.

2.11 - Métodos para Magnetização ou Imantação


Para que os domínios magnéticos de um corpo sejam orientados, é necessário submetê-los a um
campo magnético suficientemente forte para provocar o deslocamento dos mesmos.
Para tanto pode ser usado o campo magnético de um outro corpo imantado ou o campo produzido
numa bobina (ou mesmo num condutor) pela passagem de uma corrente elétrica.
O grau de imantação adquirida pelo corpo depende do número de domínios orientados e,
evidentemente, será conseguido o máximo de imantação quando todos os domínios estiverem
orientados. Esta última condição corresponde à SATURAÇÃO MAGNÉTICA do material.

2.12 - Curvas de Magnetização


Estas curvas, também conhecidas como curvas β x H , mostram de que modo varia a densidade
de fluxo (β)num material magnético, à medida que varia a força magnetizante (H), que por sua vez
depende da intensidade da corrente elétrica, aplicada ao mesmo. Estas curvas, evidentemente,
exprimem também a variação do fluxo magnético em função da força magnetomotriz.
A seguir são apresentadas algumas curvas de materiais magnéticos comumente utilizados:

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2.13 - Histerese
As relações entre a densidade de fluxo magnético e a força magnetizante para certos materiais,
expressas pelas suas curvas de magnetização, dependem não só da força magnetomotriz
utilizada como também do histórico magnético desses materiais. Isto significa que essas
substâncias não voltam a sua situação magnética primitiva, após serem submetidas a um
processo de magnetização.
Se uma amostra de um material ferromagnético sem qualquer imantação inicial fosse submetida a
uma força magnetizante crescente, sua curva de magnetização seria semelhante à da figura
abaixo (de "0" para "A"):

A redução da força magnetizante a zero deveria fazer cair também a zero o valor da densidade de
fluxo. Entretanto, isto não ocorre, e o material permanece com alguma imantação (0-B), na figura);
este resíduo é chamado DENSIDADE DE FLUXO REMANENTE (REMANESCENTE ou
RESIDUAL). O maior valor da densidade de fluxo residual, que é conseguido com a imantação
da amostra até a saturação, é conhecido como REMANÊNCIA do material.
Para fazer desaparecer esse magnetismo residual é necessário imantar o material em sentido
contrário, invertendo o sentido da corrente. A força magnetizante necessária para anular a
densidade de fluxo remanente (0-C) é chamada FORÇA COERCITIVA ou CAMPO
COERCITICO, e o maior valor desta força, justamente o correspondente ao maior valor da
densidade de fluxo remanente, é chamado COERCIVIDADE do material.
O aumento progressivo da força magnetizante, em setido inverso, provoca um aumento na
densidade de fluxo, também no sentido inverso, até, novamente, a saturação do material (C-D),
desta vez também no sentido inverso.
Reduzindo a força magnetizante até zero, verificamos que o material apresenta, novamente, um
magnetismo remanente, desta vez no sentido inverso (0-E) e para desmagnetizá-lo é necessário
submetê-lo a uma força magnetizante no mesmo sentido inicial da experiência (0-F), invertendo
novamente o sentido da corrente.
O retardamento observado na variação da densidade de fluxo justifica o nome de HISTERESE
adotado para designar o fenômeno em apreço, pois esta palavra significa atraso, retardamento.

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A curva completa (A-B-C-D-E-F-A) obtida é denominada CICLO ou CURVA DE HISTERESE. É
também conhecida como LAÇO DE HISTERESE.

O fluxo remanente é causa de perda de energia, quando um material é submetido a uma


força magnetizante alternada.

Essa perda é devida à energia necessária para desmagnetizar o material e magnetizá-lo no


sentido oposto. Naturalmente, ela é tão maior quanto maior for a remanência do material.

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CAPÍTULO 3
INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

Se um condutor fosse submetido a um campo magnético variável (onde todos os pontos


apresentam intensidade de campo variável), entre seus extremos poderia aparecer uma diferença
de potencial que, no caso, é conhecida como FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA; o
fenômeno em questão é chamado de INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA.
Também poderia ser produzida uma força eletromotriz induzida num condutor, se o mesmo fosse
aproximado ou afastado de um ímã (introduzido ou retirado do campo magnético do ímã).
Teríamos ainda o mesmo efeito, se o condutor fosse mantido em repouso e o ímã dele se
aproximasse ou se afastasse.
As três situações a que nos referimos apresentam uma coisa em comum: PARA O CONDUTOR,
ESTÁ SEMPRE HAVENDO UMA VARIAÇÃO DE FLUXO. Realmente esta é a condição para
que se produza uma força eletromotriz induzida, isto é, É NECESSÁRIO QUE EXISTA MOVI-
MENTO RELATIVO ENTRE O CONDUTOR E O CAMPO MAGNÉTICO.
Mas, que acontece no condutor, produzindo a d.d.p.?
Sabemos que elétrons em movimento são minúsculos ímãs. Num material condutor os elétrons
livres existem em grande quantidade e estão normalmente em movimento desordenado. Quando
o condutor é submetido ao campo magnético, nas condições citadas nos primeiros parágrafos, o
campo atua sobre os elétrons (não esquecer que são ímãs) obrigando-os a se deslocarem para
uma das extremidades do condutor, estabelecendo-se deste modo uma d.d.p.

3.1 - Lei de Lenz


Faraday foi o primeiro homem a produzir uma força eletromotriz induzida e a determinar seu
valor, porém a determinação do seu sentido é devida a Lenz, Após estudar o fenômeno, Lenz
apresentou a conclusão que se segue, conhecida como LEI DE LENZ:

"O SENTIDO DE UMA FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA É TAL QUE ELA SE OPÕE,
PELOS SEUS EFEITOS, À CAUSA QUE A PRODUZIU."

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3.2 - Sentido da F.E.M. Induzida
Conclui-se que é geralmente necessário conhecer a direção e o sentido do campo, que, por
convenção, correspondem à direção e ao sentido indicados respectivamente pelo eixo longitudinal
e pela extremidade "NORTE" da agulha imantada de uma bússola colocada no mesmo.
Para tornar mais prática a determinação do sentido de uma força eletromotriz induzida, existe A
“Regra de Fleming”, ou Regra da Mão Direita.
Esta regra consiste na utilização dos dedos indicador, polegar e médio da mão direita como se
fossem as arestas de um cubo que saem do mesmo vértice. Se o indicador apontar o sentido do
campo e o polegar indicar o sentido do movimento do condutor (movimento relativo), o dedo
médio mostrará o sentido da corrente convencional no condutor.
Caso se utilize o sentido eletrônico da corrente elétrica, a mão esquerda deve ser usada.

Sentido do
Movimento
Sentido do
Campo

Sentido da
Corrente

Regra de Fleming (Regra da Mão Direita)

3.3 - Valor da F.E.M. Induzida (Lei de Faraday)


o valor médio da força eletromotriz induzida, quando o condutor é submetido a um campo
magnético variável, é proporcional à rapidez com que o fluxo varia (razão de variação do fluxo
magnético); esta é a LEI DE FARADAY, expressa pela relação

∆φ
E= –
∆t
E = força eletromotriz induzida (valor médio), em VOLTS (V)
∆φ = variação de fluxo magnético, em WEBERS (Wb)
∆t = tempo decorrido durante a variação de fluxo, em SEGUNDOS (s)

Observação: O sinal (–) indica que a f.e.m. induzida se opõe, pelos seus efeitos, à causa que a
produziu.

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Quando se trata de uma bobina submetida a um campo magnético variável, a tensão média
induzida na mesma é obtida com a equação

∆φ
E= –N.
∆t

N = número de espiras da bobina

É importante ressaltar que a f.e.m. induzida depende na realidade da rapidez com que o fluxo
magnético varia (∆φ / ∆t) e não propriamente do fluxo, pois um condutor em repouso submetido a
um campo magnético constante não apresenta f.e.m. induzida.
Quando um condutor se movimenta num campo magnético, ou quando o ímã produtor do campo
é aproximado ou afastado do condutor em repouso (ou ainda quando o ímã e o condutor se
movimentam com velocidades diferentes), a f.e.m. induzida depende diretamente da grandeza do
campo, da velocidade com que o condutor se movimenta em relação ao campo e do comprimento
da parte do condutor submetida ao campo:

N Emáx
α
S
e = β . L . v . sen α
e = valor instantâneo da f.e.m. induzida no condutor, em Volts (V)
β = densidade do fluxo magnético, em Teslas (T)
L = comprimento da parte do condutor submetida ao campo magnético, em Metros (m)
v = velocidade com que o condutor atravessa o campo, em (m/s)
sen α = seno do ângulo entre a direção do movimento do condutor e a direção do campo

Esse valor será zero quando α = 0º ou α = 180º, uma vez que sen 0º = sen 180º = 0.
Por outro lado, esse valor será máximo quando α = 90º, resultando em sen 90º = 1.

Nesta condição, podemos dizer que e = β . L . v = Emáx

A equação da f.e.m. instantânea pode então ser escrita como:

e = Emáx . sen α

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NOTA: “v.sen α” é, portanto, a componente da velocidade do condutor perpendicular à direção do
campo. A equação acima mostra que a f.e.m. induzida é máxima quando o condutor “corta” o
campo perpendicularmente (sen α = 1). Também que não há tensão induzida quando o condutor
se movimenta paralelamente à direção do campo (sen α = 0).

3.4 - Indutância
Indutância é a propriedade que tem um corpo condutor de fazer aparecer em si mesmo ou noutro
condutor uma força eletromotriz induzida.
Para que seja criada uma força eletromotriz induzida num condutor, é necessário, como já foi
estudado, que o mesmo esteja submetido a um campo magnético variável. Portanto, a indutância
de um corpo é uma propriedade que só se manifesta quando a corrente que passa pelo corpo
varia de valor, o que produz um campo magnético variável, ao qual está submetido o próprio
corpo ou um outro condutor.
Quando o corpo induz em si mesmo uma força eletromotriz, chamamos o fenômeno de AUTO-
INDUÇÃO e dizemos que o corpo apresenta AUTO-INDUTÂNCIA. A força eletromotriz induzida
neste caso é conhecida também como FORÇA ELETROMOTRIZ DE AUTO-INDUÇÃO ou
FORÇA CONTRA - ELETROMOTRIZ (f.c.e.m.), como descrito na página anterior (Lei de
Faraday).
Em muitos casos, porém, a indutância estará submetida a uma fonte de corrente alternada
senoidal. Neste caso, podemos dizer que o valor médio da f.c.e.m. em uma espira calculado para
um quarto de ciclo (T / 4) será:

∆φ
Emédia =
∆t

φmáx
Emédia = = 4 . f . φmáx
T
4

2 . Emáx
Como numa onda senoidal Emédia = , temos:
π

4 . π . f . φmáx
Emáx = 2
=> Emáx = 2 . π . f . φmáx

Como ω = 2 . π . f , temos: Emáx = ω . φmáx

Para um número “N” de espiras,

Emáx = 2 . π . f . φmáx . N ou Emáx = ω . φmáx . N

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O outro caso de indutância é conhecido como INDUTÃNCIA MÚTUA, e o fenômeno é conhecido
como INDUÇÃO MÚTUA. Sempre que dois condutores são colocados um próximo do outro, mas
sem ligação entre eles, há o aparecimento de uma tensão induzida num deles, quando a corrente
que passa pelo outro é variada. Este é o princípio de funcionamento de um dispositivo chamado
TRANSFORMADOR (figura abaixo), de grande aplicação em circuitos elétricos e eletrônicos, e
que, na sua forma mais simples, é constituído por dois enrolamentos isolados eletricamente,
chamados de “primário” e “secundário”, porém ligados indutivamente, isto é, um fica submetido ao
campo magnético do outro.
Um transformador é utilizado para elevar ou reduzir uma tensão, e a razão entre as tensões do
primário e do secundário é diretamente proporcional à razão entre os números de espiras desses
dois enrolamentos, respectivamente, como mostra a equação abaixo. Essa razão é chamada de
“relação de transformação”.
Primário Secundário

V1 N1
= V1 N1 N2 V2
V2 N2

Obs.: O estudo mais detalhado dos transformadores se encontra em nossa Apostila de Máquinas
Elétricas I.
Um corpo pode apresentar pequena ou grande indutância, conforme suas características físicas.
Como unidade de indutância foi escolhido HENRY (H).
Um corpo condutor tem uma autoindutância de 1 HENRY, quando é capaz de produzir em si
mesmo uma força eIetromotriz induzida de 1 VOLT, sempre que é percorrido por uma corrente
que varia na razão de 1 AMPÈRE POR SEGUNDO.
Dois condutores apresentam uma indutância mútua de 1 HENRY, quando uma força eletromotriz
de 1 VOLT é induzida em um deles, em conseqüência da variação de corrente no outro, na razão
de 1 AMPÈRE POR SEGUNDO.

3.4.1 – Cálculo de um indutor


O valor da indutância apresentado por um indutor depende, basicamente, das suas dimensões
físicas, do número de espiras e da permeabilidade do material empregado no núcleo.
O seu cálculo exato depende de matemática avançada, o que foge ao escopo deste trabalho. No
entanto, podemos utilizar a fórmula abaixo, que dá o valor aproximado de indutâncias com espiras
enroladas em uma única camada, conforme a figura abaixo.

N2.d2.µr.10-6
L=
0,46.d + c

µr = Permeabilidade relativa

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3.5 - Coeficiente de Indutância Mútua (M)
O número que exprime a possibilidade que um condutor tem de induzir em outro uma força
eIetromotriz é o coeficiente de indutância mútua do par de condutores ou de bobinas, como na
figura anterior, e é dado pela equação abaixo:

µ . NA . NB . S
M=
L

µ = permeabilidade do meio
NA = No. de espiras da bobina A
NB = No. de espiras da bobina B
S = Seção do circuito magnético
L = comprimento do circuito magnético

3.6 - Coeficiente de Acoplamento


A indutância mútua entre duas bobinas (ou dois circuitos) depende da auto-indutância de cada
bobina, e da fração do fluxo magnético (produzido por uma delas) que é aproveitada pela outra.
Chamamos de COEFICIENTE DE ACOPLAMENTO (K) à percentagem do fluxo produzido por
uma das bobinas que é aproveitada pela outra, isto é, que vai influir na produção de uma força
eletromotriz induzida na outra.

2
M2
K =
LA . LB
M = Coeficiente de Indutância Mútua
LA = Coeficiente de auto-indutância da bobina A
LB = Coeficiente de auto-indutância da bobina B

3.7 - Associação de Indutâncias sem indutância mútua


A associação de indutores deve ser considerada sob dois aspectos: SEM INDUTÂNCIA MÚTUA E
COM INDUTÂNCIA MÚTUA.
Em qualquer dos dois casos, podemos associar as indutâncias EM SÉRIE ou EM PARALELO.
Na associação em série sem indutância mútua, as bobinas deverão estar dispostas de tal modo
que o campo magnético de uma não possa induzir uma força eletromotriz nas outras. Como
estarão em série, a mesma corrente fluirá em todas, e elas estarão sujeitas à mesma variação de
corrente. O valor total da indutância é dado pela fórmula:

Lt = L1 + L2 + L3 + . . .

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Na associação em paralelo sem indutância mútua não haverá acoplamento magnético entre elas e
a força contra-eletromotriz induzida será a mesma em todos os indutores. Cada braço do circuito
apresentará uma razão de variação de corrente diferente (a não ser que todos os braços
apresentem a mesma auto-indutância). O seu valor total é dado pela fórmula:

1 1 1 1
= + + + ...
Lt L1 L2 L3

Na associação com indutância mútua, temos as seguintes expressões para cálculo da indutância
total ou equivalente:

3.8 - Associação em série com indutância mútua

Lt = L1 + L2 ± 2M

O sinal (+) é usado quando as forças eletromotrizes induzidas mutuamente se somam às de auto-
indução. O sinal (–) é usado quando as forças eletromotrizes induzidas mutuamente se opõem às
de auto-indução.

3.9 - Associação em paralelo com indutância mútua

( L1 . L2 ) – M2
Lt =
L1 + L2 ± 2M

O sinal (–) é usado no denominador quando os indutores se ajudam mutuamente; o sinal (+) é
usado quando estão em oposição.

3.10 - Correntes de Foucault


Os núcleos de transformadores e outras máquinas ficam sujeitos a campos magnéticos
variáveis e, portanto, aparecem neles correntes induzidas. Essas correntes parasitas são
chamadas CORRENTES DE FOUCAULT e, como é evidente, representam um consumo de
energia desnecessário.
Para diminuir o efeito das correntes em questão, os núcleos de transformadores e de outros
dispositivos que trabalham com campos magnéticos variáveis são feitos geralmente de
materiais ferromagnéticos de grande resistividade e constituídos por lâminas. A laminação é
feita no sentido do fluxo, porque as correntes produzidas são perpendiculares ao fluxo. As
lâminas são isoladas umas das outras com verniz isolante, como mostrado na figura abaixo.

28 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 28


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CAPÍTULO 4
TRANSFORMADORES

4.1 - Necessidade de transformação das correntes alternadas


As exigências técnicas e econômicas impõe a construção de grandes usinas elétricas, em geral
situadas muito longe dos centros de consumo de energia, pois costumam utilizae a energia
hidráulica dos lagos e rios das montanhas. Surge assim a necessidade do transporte da energia
elétrica por meio de linhas de transmissão de grande comprimento.
Por motivos econômicos e de construção, as seções dos condutores destas linhas devem ser
mantidas dentro de determinados limites, o que torna necessária a limitação da intensidade das
correntes nas mesmas. Como sabemos, a corrente elétrica circulando num condutor provoca uma
queda de tensão e uma perda de potência que, pelo efeito Joule, é igual ao produto da resistência
2
do condutor pelo quadrado da corrente (P = R . I ).
Desta forma, quanto menor a corrente, menor a perda. Sabemos também que a potência é igual
ao produto da tensão pela corrente (P = V . I). Então, a forma de transmitirmos a mesma potência
reduzindo a corrente por uma determinada razão, é aumentar a tensão na mesma razão, para que
o produto de ambas permaneça o mesmo.
Exemplo:
Desejamos transmitir uma potência de 10.000 kW por uma linha de transmissão cuja resistência
ôhmica, devido ao seu comprimento, é de 1Ω. Caso essa potência seja transmitida a uma tensão
de 10 kV, a corrente deverá ser de 1 kA, o que provocará uma perda de potência de P1 = 1.0002 x
1 = 1.000 kW.
Caso a transmissão seja feita em 100 kV, a corrente será de 100A, gerando uma perda de
potência de P2 = 1002 x 1 = 10 kW.
Por esta razão, as linhas de transmissão para longas distâncias são construídas para funcionar
com uma tensão elevada, que em certos casos atinge a centenas de milhares de volts.
Estas realizações são possíveis em virtude da corrente alternada poder ser transformada
facilmente de baixa para alta tensão e vice-versa, por meio de uma máquina estática, de
construção simples e rendimento elevado, que é o transformador.
Os geradores instalados nas usinas geram a energia elétrica com uma tensão que varia entre
6.000V e 13.800V, dependendo da usina. Para efetuar-se o transporte desta energia, eleva-se a
tensão a um valor oportuno por meio de um transformador-elevador. Existem linhas de
transmissão de até 750kV.
Na chegada da linha, outro transformador executa a função inversa, isto é, reduz a tensão ao
valor necessário para a utilização.

4.2 - O Transformador
No capítulo 2 vimos que quando um condutor (ou uma bobina) é atravessado(a) por uma corrente
elétrica variável é produzido um campo magnético também variável que, caso suas linhas de força
atravessem um outro condutor ou bobina, aparece neste(a) uma f.e.m. induzida. A este fenômeno,
dá-se o nome de Indutância Mútua.
Transformadores são máquinas elétricas muitíssimo importantes, que podem ser usadas para
transformar valores de tensões ou correntes variáveis, para casar impedâncias e para isolar
partes de um circuito elétrico.

29 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 29


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Em Eletrotécnica os transformadores são projetados para operar com tensões e correntes
senoidais relativamente grandes; em Eletrônica, os transformadores lidam com formas de onda
complexas de freqüências diversas, geralmente em potências baixas.
Os transformadores são máquinas de grande eficiência, e os de grandes potências apresentam
comumente 99% de rendimento.
Seu funcionamento é baseado no fenômeno da indução mútua. Um transformador é constituído
no mínimo por duas bobinas, dispostas de tal modo que uma delas fica submetida a qualquer
campo magnético produzido pela outra. Estas bobinas geralmente estão enroladas em um mesmo
núcleo de ferro, que é o NÚCLEO DO TRANSFORMADOR. As duas bobinas constituem os
enrolamentos PRIMÁRIO e SECUNDÁRIO do transformador; o enrolamento primário é aquele no
qual é produzido um campo magnético variável, para que apareça uma força eletromotriz induzida
na outra bobina, ou enrolamento secundário.
Na figura abaixo, temos o esquema básico de um transformador monofásico:

4.3 - O Transformador Ideal


De acordo com o que já estudamos, um transformador apresenta perdas resultantes da
resistência oferecida pelos condutores de cobre (PERDAS NO COBRE ou PERDAS POR EFEITO
JOULE) e também em virtude das Correntes de Foucault e da Histerese (PERDAS NO NÚCLEO
ou PERDAS NO FERRO).
Além disto, deve ser considerado num transformador o fato de que nem todo o fluxo produzido no
primário é aproveitado pelo secundário (DISPERSÃO MAGNÉTICA).

4.4 - Princípio de Funcionamento


Para podermos facilmente entender o princípio de funcionamento do transformador, é necessário
analisar um transformador ideal, no qual sejam nulas as resistências elétricas dos enrolamentos,
as perdas no ferro e as dispersões magnéticas.
Consideremos, inicialmente, o funcionamento a vazio, quando se aplica ao enrolamento primário
uma tensão V1 deixando o enrolamento secundário aberto.
Seja V1 o valor eficaz da tensão alternada com freqüência f, aplicada nos extremos do
enrolamento primário e seja N1 o número de espiras deste enrolamento.

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Estando o enrolamento secundário aberto, o mesmo não é percorrido por nenhuma corrente,
ficando inativo. Tendo suposto nula a resistência ôhmica, o enrolamento primário comporta-se
como um circuito puramente indutivo. Nele circulará, portanto, uma corrente I0, defasada de 90º,
em atraso com relação à tensão aplicada V1. Esta corrente produzirá um fluxo φ0 que, na hipótese
feita, fica totalmente canalizado no núcleo. Tal fluxo é evidentemente um fluxo alternado que varia
com a mesma fase da corrente I0 que o produz.

Se φM é o valor máximo deste fluxo e ω = 2.π.f (sua pulsação), ele induz, como vimos na página
14, em cada espira que o abraça, uma f.e.m. cujo valor máximo é de ω.φM. Esta f.e.m. é
defasada de 90º em atraso com respeito ao fluxo, conforme mostra o diagrama da figura abaixo:

V1

I0 φ

E2

E1

No enrolamento primário composto de N1 espiras agrupadas em série, gera-se uma f.e.m.


(primária) que adquire o seu valor máximo

E1M = ω . φM . N1

Esta f.e.m. é representada no diagrama pelo vetor E1 a 90º em atraso com relação ao vetor φ que
representa o fluxo. Analogamente, o mesmo fluxo induz no outro enrolamento composto por N2
espiras, a f.e.m. secundária cujo valor máximo será:

E2M = ω . φM . N2

Esta f.e.m. é representada no diagrama pelo vetor E2, a 90º atrasado em relação a φ, e portanto
em fase com E1.

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Dividindo membro a membro, temos:

E1 ω . φM . N1
=
E2 ω . φM . N2

Considerando que a freqüência à qual os dois enrolamentos estão submetidos é a mesma e que o
transformador é ideal, no qual todo o fluxo produzido pelo primário é aproveitado pelo secundário,
temos:

E1 N1
=
E2 N2

isto é, as duas f.e.m., primária e secundária, estão entre si na razão direta do número de espiras
dos respectivos enrolamentos.

Estas razões são chamadas RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO ( α ).


O diagrama evidencia que as f.e.m. induzidas nos dois enrolamentos resultam em oposição de
fase com a tensão primária. Portanto, a f.e.m. primária, E1, reage sobre a tensão aplicada V1
como uma força contra-eletromotriz (f.c.e.m.).

Podemos ainda, deduzir a relação de transformação de outra forma:

Pela Lei de Faraday (pág. 13), a tensão média de auto-indução no primário de um transformador é
igual a:

∆ φp
Ep = – Np .
∆t
donde

Ep ∆ φp
= – (1)
Np ∆t

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Similarmente, temos a mesma lei aplicada ao secundário:

∆ φp
Es = – Ns .
∆t
donde

Es ∆ φp
= – (2)
Ns ∆t

Como estamos considerando um transformador ideal, em que todo o fluxo magnético produzido
no primário é aproveitado pelo secundário, temos

∆φP = ∆φS = ∆φ

Assim podemos igualar as equações (1) e (2), obtendo:

EP ES EP NP
NP = NS ou =
ES NS

Pelas expressões acima, podemos deduzir que, dependendo dessa relação, é possível fazer
TRANSFORMADORES REDUTORES DE TENSÃO e TRANSFORMADORES ELEVADORES DE
TENSÃO. Tudo depende da relação entre o número de espiras do primário e o número de espiras
do secundário.

Um transformador pode funcionar ligado a uma fonte de C.C. desde que a intensidade da corrente
no primário seja variável. Como exemplo, pode-se citar a bobina de ignição do sistema elétrico de
um automóvel.

33 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 33


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Geralmente, porém, um transformador é calculado para trabalhar com C.A. Assim, podemos dizer
que, para um quarto de ciclo (T / 4) da tensão senoidal aplicada ao primário, o valor médio da
tensão de auto-indução no primário é:

∆φp
Emédia = Ep = Np .
∆t

φmáx
Emédia = Ep = Np . = 4 . f . Np . φmáx
T
4

2 . Emáx
Como numa onda senoidal Emédia = , temos:
π

4 . π . f . Np . φmáx
Ep (máxima) = 2
= 2 . π . f . Np . φmáx

O valor eficaz (rms) da tensão será:

Ep (eficaz) = 0,707 x 6,28 . f . Np . φmáx

Ep (eficaz) = 4,44 . f . Np . φmáx

Ep = Volts (rms)
f = Hertz
φmáx = Weber

Esta equação é conhecida como a EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DE UM TRANSFORMADOR.

Obs.: Caso o fluxo esteja em Maxwells, ao invés de Webers, a equação ficará:

Ep (eficaz) = 4,44 . f . Np . φmáx . 10-8

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4.5 - Relação entre a corrente primária e secundária
Num transformador ideal, podemos dizer que a potência do primário é igual à potência do
secundário, uma vez que não existem perdas. Assim, temos que:

Sp = Ss ou Ep . Ip = Es . Is

então

Ep Is Np
= =
Es Ip Ns

4.6 - Impedância Refletida


Qualquer variação na impedância ligada ao secundário de um transformador implica na variação
da corrente no seu enrolamento primário. Se a impedância do secundário aumenta, diminui a
corrente que ele fornece, e é menor a potência solicitada do secundário. No entanto, o secundário
não cria potência, e toda potência que ele fornece à carga lhe é transferida pelo primário. Como a
tensão no primário é constante, a sua corrente cai na mesma razão que a do secundário.
Sabemos que:

Ep
Zp = (1)
Ip
e que:

Np . Es
Ep = = α . Es (2)
Ns

Mas,
Ns . Is Is
Ip = = (3)
Np α

Substituindo (3) e (2) em (1):

Zp = α . Es = α2 .
Es
Is Is
α
donde:

Zp 2
Zp = α2 . Zs ou = α
Zs

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4.7 - Polaridade dos enrolamentos (Fase)
O símbolo usado para o transformador não fornece qualquer indicação sobre a fase da tensão
através do secundário, uma vez que esta depende do sentido dos enrolamentos em volta do
núcleo. Para resolver este problema são usadas pintas de polaridade para indicar a fase dos
sinais do primário e do secundário. A figura abaixo mostra a tensão secundária em fase ou
defasada de 180º em relação ao primário.

4.8 - Ensaio de polaridade


Quando não existe marcação no transformador e se deseja saber as fases dos seus
enrolamentos, monta-se o circuito abaixo, alimenta-se o primário com sua tensão nominal (Vn) e
mede-se a tensão nos dois pontos indicados:

V1

Vn = 127 V

Se V1 > Vn => Polaridade aditiva (secundário defasado)


Se V1 < Vn => Polaridade subtrativa (secundário em fase)

Exemplo:
Enrolamento com
polaridade desconhecida

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4.9 - Transformadores de vários enrolamentos
É possível construir transformadores com vários enrolamentos, seja no lado do primário, do
secundário ou em ambos, dependendo da aplicação. Em pequenos transformadores, comumente
usados em fontes de alimentação de aparelhos eletrônicos, costuma-se dividir o primário em dois
enrolamentos, de forma que o mesmo possa ser ligado em duas tensões, como por exemplo, 110
e 220V. Nesse caso, para ligá-lo na tensão menor, os enrolamentos são conectados em paralelo e
para a maior tensão, ligamos os enrolamentos em série, como mostra a figura abaixo:

110V

220V

Uma outra forma de se construir um transformador para múltiplas tensões de entrada é através da
instalação de “taps”, que são terminais de derivação do enrolamento, como mostra a figura
abaixo:

220 V

127 V

110 V

0V
(Comum)

Uma desvantagem deste tipo de configuração é que, dependendo da tensão de alimentação, uma
parte do enrolamento fica sem utilização.
Da mesma forma, enrolamentos múltiplos podem ser usados no secundário, inclusive
proporcionando a possibilidade de isolação galvânica entre eles, o que pode ser interessante ao
utilizar-se um mesmo transformador para alimentar cargas diferentes e de circuitos e/ou tensões
independentes:

12 V

127 V

35 V

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Obviamente, é possível combinar-se enrolamentos múltiplos em ambos os lados do transformador
(primário e secundário), dependendo da aplicação.

4.10 - Autotransformadores
Os autotransformadores possuem estrutura magnética idêntica à dos transformadores normais,
mas diferem destes na parte elétrica: os dois enrolamentos A.T. e B.T. não formam dois
complexos de espiras distintas, mas são, pelo contrário, agrupados num único enrolamento.
Nestas condições, o enrolamento B.T. é constituído por uma parte das espiras que forma o
enrolamento A.T.
Sua principal vantagem é a economia de cobre, uma vez que parte das espiras do enrolamento
A.T. são substituídas pelo enrolamento B.T. Além disso, também economiza-se na seção dos
condutores do enrolamento B.T. pelo fato de parte da corrente neste enrolamento ser suprido pela
corrente do enrolamento A.T. Esta economia, porém, é tanto menor quanto maior for a diferença
entre as tensões nos enrolamentos A.T. e B.T. Na prática o autotransformador não é utilizado
quando a relação entre a alta e a baixa tensão é maior do que 3.
Além disso, o autotransformador apresenta menor queda de tensão e maior rendimento em
virtude da parcial compensação das correntes no enrolamento B.T.
O autotransformador também tem a característica de ser reversível, isto é, pode funcionar tanto
como redutor como elevador de tensão.
Deve-se ficar atento quando da utilização de autotransformadores, ao fato de neste caso não
existir isolação galvânica entre os dois enrolamentos,
O diagrama esquemático do autotransformador pode ser visualizado na figura abaixo:

4.10.1 - Funcionamento em vazio


Nestas condições o enrolamento B.T. é constituído por uma parte das espiras que forma o
enrolamento A.T. O esquema elétrico do autotransformador adquire a forma representada na
figura abaixo:

I0
I1’

N1
I2
N2
I1’
I0 I2

Autotransformador Monofásico

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No funcionamento a vazio, alimentando o enrolamento entre os bornes A e B com tensão V1, este
absorve a corrente a vazio I0 necessária para produzir o fluxo φ0, que por sua vez gera no próprio
enrolamento uma f.e.m. E1 que equilibra a tensão aplicada. Correspondentemente, entre os
bornes secundários a e b resulta disponível uma f.e.m. E2, que é igual a:

E2 = E1 . N2
N1

4.10.2 – Funcionamento sob carga


Passando ao funcionamento com carga, quando o enrolamento secundário fornece uma corrente
I2, o enrolamento primário, além da corrente em vazio. absorve a corrente de reação I1’, definida
em valor pela conhecida igualdade

N2 . I2 = N1 . I1’

No grupo de espiras compreendidas entre os dois bornes secundários, que são comuns também
ao enrolamento primário, as duas correntes I2 e I1’ sobrepõe-se, pois possuem sentido contrário,
formando uma corrente igual em valor à diferença aritmética das mesmas. No autotransformador
com carga, as correntes adquirem assim a distribuição indicada na figura abaixo:

I1’

I2
(I2 – I1’)

I1’ I2

É fácil ver que se realiza uma dupla economia de cobre. Fazendo de fato a comparação com um
transformador normal, observa-se em primeiro lugar que das N1 espiras necessárias ao
enrolamento A.T., N2 espiras são economizadas, pois estas são substituídas pelas N2 espiras
necessárias ao enrolamento B.T. Em segundo lugar, enquanto no transformador normal a seção
dos condutores do enrolamento B.T. deve suportar integralmente a corrente I2, no
autotransformador as N2 espiras do enrolamento B.T. (desprezando a corrente em vazio I0)
devem suportar somente a diferença das correntes (I2 – I1’).

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Esta economia é tanto maior quanto menor a diferença entre as duas tensões (V1 – V2); por
exemplo, para uma transformação de 250V para 200V, um autotransformador emprega um peso
de Cobre de apenas 1/5 do peso necessário a um transformador normal de igual potência.
Além disso o autotransformador apresenta menor queda de tensão e maior rendimento em virtude
da parcial compensação das correntes no enrolamento B.T.

4.11 - Identificação dos Terminais


Em geral, os transformadores de potência, tais como os usados em subestaçãoes ou em
distribuição, têm os seus terminais de entrada e saída identificados com letras e números. Os
terminais dos enrolamentos de alta tensão são identificados pela letra “H”, seguida dos números
1 e 2 (monofásicos) ou 1, 2 e 3 (trifásicos), correspondentes à cada fase.
Os enrolamentos de baixa tensão são identificados pela letra “X”, seguidos de números de forma
análoga ao enrolamento de alta tensão.
O número “0” é utilizado para identificaro o neutro, em ligações em estrela.

Exemplo:
Um transformador abaixador trifásico com primário em triângulo e secundário em estrela terá os
seus terminais identificados como:
H1, H2, H3 => Enrolamento primário
X0, X1, X2, X3 => Enrolamento secundário

Exercícios:
1 – Um transformador monofásico ideal possui 500 espiras no primário e 100 espiras no secundário.
Qual será sua tensão secundária, se alimentarmos seu primário com uma tensão de 220V? R: 44 V
2 – Que número de espiras deverá ter o secundário de um transformador monofásico ideal cujo
primário tem 300 espiras, se quisermos elevar uma tensão de 220V para 380V? R: 518 espiras
3 – Um transformador ideal de 1000 VA possui 250 espiras no primário, no qual circula uma
corrente de 2A. Qual o número de espiras do secundário, cuja tensão é de 100V? R: 50 espiras
4 – Calcule a tensão nas velas de ignição ligadas ao secundário de um transformador com 60 espiras
no primário e 36.000 espiras no secundário, se o primário está ligado a um alternador de 12V.
R: 7.200V
5 – O primário de 110V de um trafo de potência tem 220 espiras. Três secundários fornecem 600V,
35V e 12,5V cada um. Calcule o número de espiras necessárias em cada secundário. Calcule
também a potência do primário, sabendo que os enrolamentos secundários alimentam cargas de
100Ω, 7Ω e 25Ω, respectivamente, e que o seu rendimento η = 87%. R: 1200, 70 e 25 espiras;
P1 = 4.346,26W
6 – Um autotransformador abaixador de 600/480V alimenta uma carga de 10kVA. Calcule as
correntes nas linhas do primário e do secundário e a corrente no enrolamento comum a ambos os
circuitos (primário e secundário). R: I1 = 16,67A; I2 = 20,83A; I2 – I1 = 4,17A
7 – Um transformador precisa casar a impedância de saída de um amplificador, que é de 512Ω, com
um alto-falante de 8Ω. Calcular o número de espiras do secundário, sabendo que o seu primário tem
1.000 espiras. R: 125 espiras

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4.12 - Transformador Real
Até o presente momento, para facilitar o entendimento do funcionamento dos transformadores,
estudamos o caso hipotético do transformador ideal, no qual não existiriam perdas. No entanto, o
transformador real, como toda máquina, apresenta perdas que influenciam o seu desempenho e o
seu rendimento em condições reais de trabalho.
Existem dois tipos de perdas nos transformadores: perdas no ferro e perdas no cobre.
As perdas no ferro são devidas às correntes parasitas (correntes de Foucault) e à histerese. As
perdas no cobre ocorrem por efeito Joule, devido à resistência ôhmica dos enrolamentos primário
e secundário, que causam queda de tensão à passagem da corrente.
As perdas no cobre variam ao se variar a carga do transformador e precisamente em proporção
2
ao quadrado da corrente fornecida (R.I ). No funcionamento a vazio, as perdas produzidas pela
corrente a vazio verificam-se somente na resistência primária, tornando-se, portanto, desprezíveis.
As perdas no ferro, pelo contrário, dependem do valor da indução máxima do núcleo, que por sua
vez, depende da tensão e da freqüência, como podemos verificar a partir da equação da pág. 22:

EM
EM = ω . φM . N ou φM = ω.N

EM = Tensão
ω=2.π.f
N = Número de espiras

Desta forma, se o transformador for alimentado com tensão e freqüência constantes, as perdas no
ferro independerão da carga, sendo consideradas constantes tanto em vazio como com carga.
Estas compreendem, além das perdas no pacote laminado do núcleo, também as perdas
adicionais, que são devidas aos defeitos de isolamento entre as lâminas e as perdas nos
parafusos e porcas de fixação do núcleo que são sujeitos aos fluxos dispersos.

4.13 - Circuito equivalente de um transformador real


Um transformador real com núcleo de ferro pode ser representado pelo circuito equivalente
abaixo:
XL1 XL2

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Ie = Corrente de excitação que depende da tensão aplicada e da freqüência. É relativamente
independente da corrente de carga.
Ti = Representa um transformador ideal, com relação de espiras α = N1 / N2
Rm = Simboliza as perdas no ferro (correntes de Foucault e Histerese)
R1 = Perda no cobre do enrolamento primário
R2 = Perda no cobre do enrolamento secundário
XL1 = Reatância de perda no primário
XL2 = reatância de perda no secundário
X1 e X2 representam as perdas de fluxo nos dois enrolamentos. Estas perdas não constituem
um consumo de energia, mas reduzem a tensão de saída do transformador, e essa redução é
proporcional à corrente no transformador.
Xm = Reatância de magnetização do transformador; o fluxo é criado pela corrente através de Xm.

Como os parâmetros em questão possuem valores que dependem de circunstâncias diversas, é


geralmente possível representar o circuito equivalente de modo mais simples, com pequena
margem de erro, com a vantagem de permitir a análise independente das perdas no ferro e
no cobre:

Xm

Xm

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Esses circuitos utilizam a propriedade da impedância refletida no primário (pág. 26) para
referenciar todas as impedâncias, resistências e reatâncias ao primário, concentrando todas as
perdas em um enrolamento apenas. Utilizando o circuito equivalente simplificado (c), podemos
afirmar que:
Re1 = R1 + α2 . R2 = resistência equivalente referida ao primário
Xe1 = XL1 + α2 . XL2 = reatância equivalente referida ao primário
Ze1 = Re1 + j Xe1 = impedância equivalente referida ao primário

4.14 – Rendimento de um transformador


O rendimento de um transformador é definido como a relação entre a potência elétrica PS
fornecida pelo secundário e a potência elétrica PP correspondentemente absorvida pelo primário, e
é normalmente dada em percentagem.

PS PP - Pperdas
η= x 100 = x 100
PP PP

Pperdas = corresponde às perdas totais (no ferro e no cobre). As perdas no ferro são constantes
para tensão de entrada e freqüência constantes; as perdas no cobre variam com a carga
aplicada ao transformador.

4.15 - Regulação de um Transformador


A regulação exprime a diferença entre a tensão secundária em vazio e a plena carga, ou seja, o
quanto a tensão de saída cai ao se aplicar a carga total no transformador, e é dada, em
percentagem, pela relação:

VS(vazio) – VS(carga)
R(%) = x 100
VS(carga)

Obs.: Quanto menor o seu valor, melhor a regulação de tensão do transformador.

4.16 - Ensaios
Normalmente, um transformador de potência, após a sua fabricação, é submetido a uma série de
ensaios, a fim de verificar se sua construção se deu de acordo com o seu projeto. Entre os
diversos ensaios aos quais os transformadores são submetidos, podemos destacar três principais:
ensaio da relação de transformação, ensaio em vazio e ensaio em curto-circuito.
Esses ensaios se destinam a determinar a relação de tensão entre o primário e o secundário, o
rendimento e a regulação de um transformador.

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4.17 - Ensaio em vazio da relação de transformação
Muitos transformadores de potência são construídos com diversos “taps” (derivações no
enrolamento), de forma a atenderem a diversas condições de tensão de alimentação e de saída.
Este teste é conduzido alimentando-se cada enrolamento primário com uma tensão reduzida (por
questões de segurança e para facilitar a sua execução) e na freqüência nominal, medindo-se a
tensão (ou tensões) de saída no secundário. Faz-se, então, uma regra de três para a tensão
nominal de alimentação, calculando-se a tensão correspondente do secundário. Este ensaio é
executado com o transformador sem carga.

4.18 - Ensaio em vazio das perdas no ferro


Como vimos, as perdas no ferro não dependem da carga aplicada, mas tão somente da tensão de
alimentação e da freqüência. Este teste é desenvolvido aplicando-se a tensão nominal no
enrolamento de tensão mais baixa do transformador. A razão é facilitar o teste, evitando-se a
utilização de fontes de alta tensão, tornando assim o teste também mais seguro.
A ligação típica para um transformador de dois enrolamentos, com tensão nominal aplicada aos
terminais de baixa tensão X1-X2 e com os terminais de alta tensão, H1-H2, a circuito aberto, é
mostrada na figua abaixo:

Uma vez que a tensão nominal é aplicada aos terminais de baixa tensão, a tensão nominal
também aparece nos terminais do lado de alta tensão. Deve-se atentar para que estes terminais
de alta tensão estejam apropriadamente isolados um do outro e do contato com as pessoas.
O processo para a execução do ensaio a vazio é o que se segue:
1 – Leva-se o transformador ajustável, desde zero até a tensão nominal, para o enrolamento em
que está ligado o voltímetro;
2 – Lê-se a potência a circuito aberto Pca no wattímetro, a tensão nominal Vnom no voltímetro e a
corrente de magnetização Im no amperímetro;
3 – Calculam-se as perdas no ferro a partir da fórmula abaixo, onde Rx é a resistência do
enrolamento de baixa tensão escolhido.

Pperdas = Pca – I2m . Rx

4.19 - Ensaio de curto-circuito


O objetivo deste teste é determinar as perdas no cobre e, por conseguinte, a regulação de tensão
do transformador. O ensaio é executado curto-circuitando-se o secundário do transformador e
aplicando-se a corrente nominal ao seu primário.

44 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 44


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O esquema de ligações típico para este ensaio é mostrado na figura abaixo:

O procedimento do ensaio é descrito a seguir:


1 – Fecha-se os terminais de baixa tensão X1-X2 em curto-circuito;
2 – Lenta e cuidadosamente, aumenta-se a tensão usando o transformador ajustável, até que a
corrente nominal primária seja lida no amperímetro (a corrente nominal primária é determinada a
partir da capacidade nominal do transformador em VA, dividida pela tensão nominal do lado da
alta tensão (In = S / Vn);
3 – Lê-se a potência de curto-circuito, Pcc; a tensão de curto-circuito, Vcc e a corrente primária de
curto-circuito, Icc = In;
4 – Calcula-se a impedância Ze1 pela relação das leituras do voltímetro e do amperímetro:

Vcc
Ze1 =
Icc

5 – Calcula-se Re1 pela leitura do wattímetro dividida pela leitura do amperímetro ao quadrado:

Pcc
Re1 =
I2cc

6 – Calcula-se Xe1 a partir de Ze1 e Re1, obtidos pelos passos 4 e 5 acima, usando:

Xe1 = √ Z2e1 – R2e1

O ensaio de curto-circuito, bem como seus dados, cálculos e sua aplicação à regulação dos
transformadores, é ilustrado no exemplo que se segue:

Exemplo:
Um transformador abaixador de 2.300 / 230V x 20kVA, é ligado conforme a figura no topo desta
página, com o lado de baixa tensão curto-circuitado. Os dados lidos no lado de alta tensão são:
Leitura do wattímetro = 250W
Leitura do voltímetro = 50V
Leitura do amperímetro = 8,7A

45 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 45


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Calcular:
a) a impedância, a reatância e a resistência equivalentes referidas ao lado de alta tensão;
b) a impedância, a reatância e a resistência equivalentes referidas ao lado de baixa tensão;
c) a regulação de tensão a fator de potência unitário;
d) a regulação a fator de potência 0,7 em atraso.

Solução:

Vcc 50V
a) Ze1 = = = 5,75 Ω
Icc 8,7A

Pcc 250
Re1 = = = 3,3 Ω
(Icc)2 (8,7)2

Re1 3,3
para Xe1, θ = arc cos = arc cos = 55º
Ze1 5,75

Xe1 = Ze1 sen θ = 5,75 sen 55º = 4,71 Ω

Ze1 5,75 Ω
b) Ze2 = = = 0,0575 Ω
α 2
102

Re1 3,3 Ω
Re2 = = = 0,033 Ω
α 2
102

Xe1 4,71 Ω
Xe2 = = = 0,0471 Ω
α2 102

c) Corrente de carga nominal secundária:

kVA x 1.000 20.000


I2 = = = 87 A
V2 230

I2 . Re2 = 87 A x 0,033 Ω = 2,87 V


I2 . Xe2 = 87 A x 0,0471 Ω = 4,1 V

46 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 46


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A f.e.m. induzida, com corrente secundária nominal e fator de potência unitário:

E2 = (V2 cos θ + I2 Re2) + j (V2 sen θ + I2 Xe2)


= (230 x 1 + 2,87) + j (0 + 4,1)
= 232,87 + j 4,1 = 232,9 V

Para fator de potência unitário (cos θ = 1):

E2 – V2 232,9 – 230 2,9


R(%) = x 100 = x 100 = x 100 = 1,26 %
V2 230 230

d) A f.e.m. induzida com corrente secundária nominal e fator de potência = 0,7:

E2 = (V2 cos θ + I2 Re2) + j (V2 sen θ + I2 Xe2)


= (230 x 0,7 + 2,87) + j (230 x 0,713 + 4,1)
= (161 + 2,87) + j (164 + 4,1)
= 163,9 + j 168,1 = 235 V

Para fator de potência (cos θ = 0,7):

E2 – V2 235 – 230 5
R(%) = x 100 = x 100 = x 100 = 2,175 %
V2 230 230

4.20 - Transformação Trifásica


Para transformar-se a tensão de uma fonte trifásica, é necessário: ou um conjunto de três
transformadores monofásicos, ou alternativamente, um único transformador trifásico com seis
enrolamentos num núcleo de ferro comum a todos. Ambos se comportam de forma idêntica e
podem ser ligados das mesmas maneiras.
O sistema com três transformadores, no entanto, possui uma maior confiabilidade e
disponibilidade de operação, uma vez que, em caso de queima de um dos transformadores, ele é
capaz de funcionar com apenas dois, entregando a mesma tensão secundária, mas à potência
reduzida (apenas 57% da potência total). Esta solução, porém, tem um custo mais elevado do que
o da utilização de um transformador trifásico.
No caso de se utilizar três transformadores monofásicos, estes devem ser idênticos, com a
mesma capacidade (em kVA), a mesma relação de transformação (α) e a mesma impedância. No
momento da sua ligação, atenção especial deve ser dada às fases dos enrolamentos, a fim de se
evitar inversões.

47 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 47


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Um exemplo de sistema utilizando três transformadores monofásicos idênticos pode ser visto na
figura abaixo:

Os transformadores trifásicos são constituídos pelo agrupamento de três transformadores


monofásicos sobre o mesmo núcleo de três colunas, conforme a figura abaixo:

4.21 - Principais ligações


Para facilitar o entendimento, estudaremos as ligações trifásicas como se estivessémos utilizando
três transformadores monofásicos, mas o resultado e o comportamento ao se utilizar um único
transformador trifásico é idêntico.
Existem quatro combinações possíveis de se ligar os primários e os secundários de um sistema
de transformação trifásico:
1 – Primários em triângulo e secundários em triângulo (ligação ∆-∆)
2 – Primários em estrela e secundários em estrela (ligação Y-Y)
3 – Primários em estrela e secundários em triângulo (ligação Y-∆)
4 – Primários em triângulo e secundários em estrela (ligação ∆-Y)

Cada tipo de ligação acima possui um comportamento específico e é utilizado de acordo com a
necessidade da aplicação. No entanto, a forma mais comum em transformadores de potência
abaixadores é a última (4), com o primário em triângulo e o secundário em estrela. Esta
configuração tem a vantagem de possuir, no secundário, um ponto comum aos três enrolamentos
(neutro).

48 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 48


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4.22 - Deslocamento angular
Dependendo do tipo de ligação, as tensões no secundário terão um determinado ângulo de fase
em relação ao primário. Considere o diagrama fasorial de uma tensão trifásica, como mostrado
abaixo:
B

VAB VB
VBC

N
VA VC
30º
30º
A VCA C
As tensões de fase VA, VB e VC, que se encontram defasadas entre si de 120º, formam as
bissetrizes do triângulo equilátero (cujos ângulos internos são de 60º) formado pelas tensões de
linha VAB, VBC e VCA, o que significa que entre aquelas e estas, existe uma defasagem de 30º.
Na pág. 25 vimos que um transformador monofásico pode ter o seu primário em fase ou
deslocado de 180º em relação ao primário, dependendo da sua polaridade. No caso dos
transformadores trifásicos, quando existe uma diferença no tipo de ligação entre primário e
secundário (∆-Y ou Y-∆), haverá também um deslocamento adicional de 30º entre primário e
secundário, como mostrado na figura acima.
A figura abaixo mostra os diferentes deslocamentos angulares, de acordo com o tipo de ligação:

H2 X2 H2 X2
Grupo 1
Deslocamento
Angular = 0º H1 H3 X1 X3 H1 H3 X1 X3

H2 H3 X1 H2 X3 X1
Grupo 2
Deslocamento
Angular = 180º H1 X3 X2 H1 H3 X2

H2 X2 H2 X2
Grupo 3
Deslocamento
Angular = 30º H1 H3 X3
X1 H1 H3 X1 X3

H2 X3 X1 H2 H3 X1
Grupo 4
Deslocamento
Angular = 210º X3 X2
H1 H3 X2 H1

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Enquanto a carga secundária for equilibrada e simétrica, o funcionamento do transformador
trifásico pode ser estudado observando-se uma só fase, qualquer que seja o esquema das
conexões das fases primárias e secundárias (estrela ou triângulo). No caso de cargas
desbalanceadas o seu comportamento dependerá do tipo de agrupamento das fases primárias e
secundárias.
Estudaremos a seguir, o caso mais comum de agrupamento de um transformador abaixador, com
o primário ligado em triângulo e o secundário ligado em estrela com neutro, como na figura
abaixo:

Observando-se a figura, vê-se que esta conexão presta-se otimamente para suportar uma carga
desequilibrada, como por exemplo, uma carga monofásica.
A carga monofásica em questão é alimentada por uma fase secundária e o neutro, e não altera as
tensões das demais fases.
A corrente secundária I2 provoca a absorção da corrente primária I1, a qual circula através dos fios
1’ e 2’ sem interferir nas outras duas fases primárias.
Cada coluna do transformador funciona como um transformador monofásico independente e por
esta razão este tipo de conexão é o indicado para transformadores redutores que alimentam redes
de distribuição de baixa tensão com quatro fios.
Da mesma forma que os transformadores normais, os autotransformadores podem ser
monofásicos ou trifásicos, sendo que neste último caso praticamente só é utilizado o agrupamento
em estrela, sendo o condutor neutro (centro da estrela) comum a ambos os circuitos, primário e
secundário, como mostra a figura abaixo.

H1 H2 H3

X1 X2 X3

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4.23 - Transformadores de Potência
A figura abaixo representa um transformador de potência abaixador típico, mostrando o núcleo de
ferro e os enrolamentos no seu interior:

Atualmente já existem transformadores de potência secos, impregnados com Epóxi, mas a grande
maioria ainda é banhada a óleo. Os transformadores secos, apesar de mais simples e
praticamente não exigirem manutenção, ainda são mais caros do que os a óleo.
O óleo, no transformador, tem duas funções:
1 – Aumentar o isolamento entre as espiras e bobinas
2 – Refrigerar os enrolamentos e o núcleo
Em geral, é utilizado o óleo mineral puro, mas já existem óleos sintéticos à base de silicone, que
possuem a vantagem de não serem inflamáveis, mas são mais caros.
No passado era utilizado um tipo de óleo chamado “ASCAREL” ou PCB (Bifenila Policlorada), que
hoje tem a sua utilização proibida devido o seu alto teor tóxico e agressividade ao Meio Ambiente.
Ainda existem transformadores e capacitores de correção de fator de potência antigos em
funcionamento que usam esse tipo de óleo. No entanto, por ocasião da sua reforma ou
manutenção (a vida útil de um transformador pode chegar aos 30 anos e às vezes mais,
dependendo das suas condições de trabalho), é obrigatória a sua substituição por outro tipo de
óleo, devendo o transformador ser descontaminado e o Ascarel descartado por empresas
especializadas e credenciadas pelos órgãos ambientais.
O óleo isolante, com o passar do tempo, vai alterando as suas características, seja por ação da
temperatura, da umidade ou outros fatores. Assim, ele pode perder gradativamente as suas
propriedades isolantes e ter sua rigidez dielétrica reduzida, o que pode colocar em risco a
integridade tanto do transformador quanto das pessoas que trabalham nas suas proximidades,
uma vez que estamos falando de risco de explosão.
Por esta razão deve-se, pelo menos uma vez por ano, recolher uma amostra do óleo isolante e
submetê-la a uma série de análises (as mais utilizadas são a Físico-Química e a Cromatográfica)
e, dependendo do resultado, o óleo deve ser submetido a um tratamento, que pode ser o
chamado TERMOVÁCUO (para reduzir a umidade e aumentar a rigidez dielétrica),
REGENERAÇÃO (quando existe acidez elevada, ou outra contaminação), ou em alguns casos
mais graves, o óleo deverá ser substituído.

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4.24 - Normas aplicáveis aos Transformadores
Os transformadores de potência são regidos por normas da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) e existem diversas delas que se aplicam, dependendo do tipo de transformador
a ser usado. Na tabela abaixo, algumas dessas normas:

NBR 5356 Transformador de Potência


NBR 5380 Transformadores de Potência - Método de ensaio
Aplicação de cargas em transformadores de potência -
NBR 5416
Procedimento
Recebimento, Instalação e Manutenção de Transformadores
NBR 7037
de Potência Imersos em Óleo Isolante Mineral
NBR 8667 Comutador de derivações em carga - Especificação
NBR 10295 Transformadores de potência secos.
NBR 10729 Transformador seco para uso naval.
Transformadores de potência de tensões máximas até 36,2kV
NBR 12454
e potência de 225 kVA até 3.750 kVA.
Indicador, detector e transdutor de temperatura do óleo e do
NBR 12455 enrolamento para transformadores de potência nominal acima
de 500 kVA.
Indicador magnético de nível de óleo, relé detector de gás tipo
NBR 12456 Buchholz e respirador do conservador de óleo para
transformadores de potência nominal acima de 500 kVA
Dispositivo de alívio de pressão para transformadores de
NBR 12457
potência acima de 500 kVA.
Recebimento, instalação e manutenção de trafos de potência
NBR 13297
secos

4.25 - Impedância de um transformador de potência


Em geral, a impedância dos transformadores de potência é dada em P.U. (Per Unit ou, em
português, Por Unidade). O valor de uma grandeza em “P.U.” é definido como sendo a relação
entre esta grandeza e o valor adotado arbitrariamente como sua base, sendo expresso em um
número decimal. O valor em “P.U.” pode ser também expresso em percentagem, que corresponde
a 100 vezes aquele valor decimal.
Os valores de tensão, corrente, potência e impedância de um circuito são, muitas vezes,
expressos desta forma.
Valores de impedância típicos para transformadores abaixadores com tensão de saída 220/127V
e potência da ordem de 1kVA situam-se na faixa de 4% a 8%. Conhecer a impedância de um
transformador é importante para se dimensionar corretamente o seu sistema de proteção
(disjuntores, fusíveis), através da sua corrente de curto-circuito. A capacidade de interrupção dos
dispositivos de proteção deve ser superior à corrente de curto-circuito do trecho a ser protegido.

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4.26 - Cálculo da corrente de curto-circuito
Usando a impedância em (%), a corrente de curto-circuito trifásica na saída de um transformador
é calculada pela fórmula:

100 . In
IK3 =
Z(%)

IK3 = corrente de curto-circuito trifásica


In = corrente nominal
Z(%) = impedância em P.U. (%)

Exemplo:
Calcular a corrente de curto-circuito na saída de um transformador com as seguintes
características:
Potência = 1.000 kVA
Tensão secundária = 380 V
Impedância = 4,63%

Em primeiro lugar calculamos a corrente nominal do secundário.


Sabemos que S = V . I . √ 3 .
Logo,
I=S/V.√3

In = 1.000.000 / 380 . 1,732 = 1.519 A

IK3 = 100 . 1.519 / 4,63


IK3 = 32.815 A

Isso significa que o dispositivo de proteção a ser instalado imediatamente na saída do


transformador (disjuntor ou fusível), deve ter uma capacidade de interrupção superior a essa
corrente, operando na tensão de 380V.

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4.27 - Partes de um transformador de potência a óleo
Já vimos que as partes principais de um transformador são os seus enrolamentos primário e
secundário e o seu núcleo de ferro. No entanto, os transformadores de potência, particularmente
os em óleo, precisam de diversos dispositivos para o seu perfeito funcionamento e proteção.
Abaixo, listamos alguns mais importantes:
a – Tanque
É o local onde fica instalada a sua parte ativa (núcleo e enrolamentos) e deve ficar cheio de óleo.
Por medida de proteção, o tanque dos transformadores deve ser devidamente aterrado, através
do seu terminal apropriado.
b – Radiadores
Servem para resfriar o óleo e ficam conectados ao tanque. Neles circula, por convecção ou
através de bombas, o óleo isolante. Em alguns casos, são instalados ventiladores para forçar a
ventilação através dos radiadores.
c – Conservador de óleo (ou tanque de expansão)
É um reservatório de óleo instalado acima do tanque e com ele interligado, a fim de garantir a
imersão do núcleo, compensando a diferença de volume do óleo com a variação da temperatura.
d – Indicador de nível de óleo
Normalmente instalados no Conservador, possuem a finalidade de indicar o nível do óleo. Alguns
são providos de um contato elétrico que aciona um alarme em caso de nível baixo e/ou ainda
desligam o transformador em caso de nível muito baixo.
Na figura abaixo, podemos ver esses acessórios:

Conservador de óleo

Indicador de nível de óleo

Tanque

Radiadores

e – Buchas e isoladores cerâmicos


São os terminais para a conexão elétrica dos cabos e/ou
barras de entrada e saída de energia do
transformador. A figura ao lado mostra, à esquerda, as
buchas de B.T e, à direita, as buchas de A.T.

Buchas B.T.

Buchas A.T.

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f – Termômetro do óleo
Utilizado para indicar a temperatura do
óleo isolante. Em geral, é dotado de
contatos elétricos que servem para ligar
a ventilação forçada – VF (no caso de
existirem ventiladores), o alarme de
temperatura alta e comandar o
desligamento do transformador em caso
de temperatura muito alta.
Ao lado, uma figura mostrando diversos
modelos de termômetro de óleo e uma
tabela das regulagens típicas de acordo
com a classe de elevação de
temperatura do transformador.
g – Termômetro de imagem térmica
A imagem térmica é a técnica comumente utilizada para se medir a temperatura no enrolamento
do transformador. Ela é denominada imagem térmica por reproduzir indiretamente a temperatura
do enrolamento. A temperatura do enrolamento, que é a parte mais quente do transformador,
nada mais é do que a temperatura do óleo acrescida da sobreelevação da temperatura do
enrolamento (t) em relação ao óleo. Sua aparência é idêntica à dos termômetros de óleo.
h – Secador de ar (desumidificador)
O processo de expansão e contração do óleo provocado pela variação de temperatura exige a
instalação de um tubo respirador para que o ar possa entrar e sair livremente. No entanto, a fim de
evitar que a umidade presente no ar externo passe para o óleo, é instalado um dispositivo à base
de Sílica Gel para reter essa umidade. A sílica gel muda a sua coloração quando está saturada,
devendo então ser substituída ou regenerada.
i – Relé de gás tipo Bushholz
Defeitos tais como perda de óleo, descargas internas, isolação defeituosa dos enrolamentos, do
ferro ou mesmo contra a terra, ocorridos em transformadores, costumam produzir gás. Esses
defeitos, se não detectados e sanados a tempo, podem evoluir causando avarias de grandes
proporções. O Relé Buchholz é instalado em transformadores justamente para, em tempo hábil,
indicar por meio de alarme ou através do desligamento do transformador, defeitos como os acima
citados e, deste modo, possibilitar sua recuperação.
O Relé Buchholz normalmente é instalado entre o tanque principal e o tanque de expansão do
óleo do transformador (conservador). Quando acionado, deve-se
verificar o tipo de gás por ele detectado. Isso é feito acendendo-se
um isqueiro, colocando sua chama próxima da saída da válvula de
drenagem de gás e abrindo-a.
Caso a chama apague ou permaneça igual, trata-se apenas de ar e
o transformador pode ser religado sem problemas, depois de
verificado o nível de óleo. Caso a chama aumente, o gás de saída é
Acetileno, indicando que ocorreu uma descarga interna (arco
voltaico), possivelmente causada por um curto-circuito entre espiras,
entre bobinas ou para a massa. Neste caso o transformador não
deve ser religado sem que antes seja submetido a uma série de
ensaios. Um Relé Bushholz típico é mostrado na figura ao lado.

55 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 55


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j – Dispositivo de alívio de pressão
Os dispositivos de alívio de pressão são instalados em transformadores imersos em líquido
isolante com a finalidade de protegê-los contra possíveis deformações ou ruptura do tanque, em
casos de defeito interno, com aparecimento de pressão elevada.
O princípio de funcionamento baseia-se em uma válvula com mola, provida de um sistema de
amplificação instantânea da força de atuação. fecha-se automaticamente após a operação,
impedindo, assim, a entrada de qualquer agente externo no interior do transformador.
k – Relé de pressão súbita
O relé de pressão súbita é um acessório de proteção que visa detectar variações rápidas de
pressão no centro do tanque. É projetado para atuar quando ocorrem defeitos no transformador
que produzem pressão interna anormal, sendo sua operação ocasionada somente pelas
mudanças rápidas da pressão interna, independentemente da pressão de operação do
transformador.

4.28 - Placa de identificação


Em todo transformador deve vir afixada uma placa onde constam todos os seus dados mais
importantes, como: fabricante, número de série, data ou ano de fabricação, tensão (ou tensões)
de entrada, tensão (ou tensões) de saída, potência, pesos, volume de óleo, impedância, diagrama
elétrico, tabela de ligação dos taps, classe de temperatura, etc. Uma placa típica de transformador
de potência é reproduzida na figura abaixo:

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Exemplos:
1 - Um transformador abaixador trifásico tem 9.000 espiras em cada enrolamento do seu primário,
que está conectado em triângulo a uma rede de 13.800V. Qual deverá ser o número de espiras de
cada enrolamento secundário, ligado em estrela, para que a tensão de linha seja de 220V?
Solução:
Como um transformador trifásico se comporta como três transformadores monofásicos, basta
calcularmos para uma fase e as outras duas serão iguais.
Para que no secundário a tensão de linha seja de 220V, a tensão de fase deverá ser igual a
220 / √ 3 = 127V. Esta será a tensão do secundário de cada transformador monofásico.
Fazendo a regra de três, temos: N2 = N1.V2 / V1 = 9.000 x 127 / 13.800
N2 = 82,8 espiras

2 – Um transformador abaixador tem os seguintes dados de placa:


Tensão de entrada = 25kV
Tensão de saída = 220V
Potência = 500kVA
Impedância = 5,2%
Calcular:
a) A corrente nominal do primário
b) A corrente nominal do secundário
c) A corrente de curto-circuito do secundário

Solução:
a) Sabemos que S = V . I . √ 3 Logo, I = S / V . √ 3
Ip = (500 x 103) / (25 x 103 x 1,732)
Ip = 11,5 A

b) Is = (500 x 103) / (220 x 1,732)


Is = 1.312 A

c) Ik3 = (100 x 1.312) / 5,2


Ik3 = 25.230 A

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CAPÍTULO 5
GERADORES DE C.C.

5.1 - O Gerador Elementar de C.C.


Vimos, no capítulo 1 da Apostila de Eletricidade II, como uma espira girando em um campo
magnético produz uma f.e.m. alternada e senoidal, como nas figuras abaixo que, recordando,
demonstram o funcionamento de um gerador elementar:

5.2 - A conversão de C.A. em C.C.


Vimos como o gerador elementar gera C.A. Entretanto, desejamos obter uma C.C. em sua saída e
é possível executar a conversão de C.A. em C.C. utilizando-nos de uma chave inversora na saída
do gerador, como passamos a descrever.
A tensão induzida na espira do gerador elementar inverte a sua polaridade cada vez que a espira
passa pelas posições de zero ou 180º.
Nestes pontos, os condutores da espira invertem a direção de seu movimento no campo
magnético. Sabemos que a polaridade da f.e.m. induzida depende da direção do movimento do
condutor no campo magnético. Se esta direção é invertida, a polaridade da f.e.m. induzida
também se inverte. Como a espira continua a girar no campo, os seus condutores sempre estão
gerando uma f.e.m. induzida alternada. Assim, a única maneira de se obter C.C. do gerador é
converter em C.C. a C.A. produzida. Uma das maneiras de se conseguir isto é por meio de uma
chave inversora ligada à saída do gerador. Esta chave pode ser ligada de uma maneira tal que
possa inverter a polaridade da tensão de saída toda vez que esta tensão for invertida dentro do
gerador.

58 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 58


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A chave está mostrada no diagrama abaixo e deve ser invertida manualmente quando a
polaridade da tensão muda. Quando isto é feito, a tensão aplicada à carga tem sempre a mesma
polaridade e a corrente passa sempre na mesma direção pelo resistor, embora seu valor aumente
e diminua, conforme a posição da espira.

Observemos a ação da chave para converter a C.A. gerada em C.C. variável, no resistor. A
primeira figura mostra o resistor de carga, a chave, as escovas do gerador e os fios de ligação. A
tensão nos terminais do gerador é mostrada no primeiro semiciclo, de zero a 180º, quando a
tensão é positiva e, portanto, acima da linha de referência zero. Esta tensão aparece nas escovas
e é aplicada à chave, com a polaridade mostrada. A tensão causa o fluxo de uma corrente que
parte da escova negativa, passa pela chave, pelo resistor de carga e retorna à escova positiva. A
forma de onda da tensão nos terminais do resistor de carga está mostrada. Observe que é
exatamente a mesma que a tensão nos terminais do gerador, já que o resistor está ligado
diretamente às escovas.

59 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 59


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Quando a rotação da armadura ultrapassa a posição de 180º, a polaridade da tensão no gerador é
invertida. Neste instante, a chave é colocada manualmente em outra posição, ligando o ponto A
do resistor de carga na escova de baixo, que agora está positiva. Embora a polaridade da tensão
nas escovas tenha sido invertida, a polaridade da tensão nos terminais do resistor de carga ainda
é a mesma. O efeito da chave, portanto, é o de inverter a polaridade da tensão de saída toda vez
que ela se inverte no gerador. Desta maneira, a C.A. produzida pelo gerador é convertida em uma
C.C. variável no circuito externo.

Para converter a tensão C.A. gerada em uma tensão C.C. variável, a chave deve ser invertida
duas vezes em cada ciclo. Se o gerador tem uma saída de 60 ciclos de C.A. em cada segundo, a
chave deve ser invertida 120 vezes por segundo, para converter C.A. em C.C. É impossível
manusear a chave com esta alta velocidade. Também não seria prático o projeto de um
dispositivo mecânico que funcionasse com a chave. Embora ela possa, teoricamente, fazer o seu
serviço, tem de ser substituída por algo que consiga trabalhar em alta velocidade.
Os anéis coletores do gerador elementar podem ser alterados de maneira a produzir o mesmo
efeito da chave mecânica. Para tal fim, eliminamos um dos anéis e cortamos o outro
longitudinalmente. Cada uma das extremidades da espira e ligada a um dos segmentos do anel.
Estes segmentos são isolados eletricamente entre si, assim como do eixo ou qualquer outra parte
da armadura. O anel cortado é chamado de "comutador" e seu efeito de converter C.A. em C.C. é
chamado de comutação.
As escovas são agora colocadas em posições opostas, com relação ao comutador. Os segmentos
do anel são dispostos de tal maneira, que são colocados em curto circuito pelas escovas quando
a espira passa nas posições onde a sua tensão é zero.
Quando a espira do induzido gira, o comutador liga automaticamente cada uma das extremidades
da espira de uma escova para a outra, cada vez que a espira completa meia rotação. Isto tem
exatamente o mesmo efeito que a chave inversora.

60 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 60


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5.3 - Melhorando a saída de C.C.
Antes de estudar os geradores, estávamos familiarizados com as tensões de C.C. invariáveis e
planas, produzidas, por exemplo, por uma bateria. Agora descobrimos que a saída de C.C. de um
gerador elementar de C.C. é bastante irregular - uma tensão de C.C. pulsante, que varia,
periodicamente, de zero até um máximo. Embora esta tensão pulsante seja de C.C., seu valor não
é suficientemente constante para alimentar os equipamentos e aparelhos de C.C. Portanto, o
gerador elementar de CC deve ser modificado até que produza uma forma regular de C.C.
Isto é conseguido pela adição de mais espiras ao induzido.
A figura abaixo mostra um gerador cujo induzido tem duas bobinas, colocadas em ângulo reto.

O comutador tem agora quatro segmentos, chamados "lâminas do comutador". As lâminas


opostas são ligadas aos terminais de uma mesma espira. Na posição mostrada, as escovas estão
ligadas à espira branca, onde uma tensão máxima está sendo gerada, porque ela está se
movendo perpendicularmente ao campo. Quando o induzido gira no sentido do movimento dos
ponteiros do relógio, a saída da espira branca começa a decrescer. Depois de um oitavo de
rotação (45º) as escovas passam para as lâminas pretas do comutador, cuja espira está
começando a cortar as linhas do campo. A tensão de saída começa a crescer novamente, atinge
um máximo a 90º e, então, volta a diminuir, quando a espira preta passa a cortar um número
menor de linhas de força. A 135º, há uma nova comutação e as Escovas são outra vez ligadas à
espira branca. A forma de onda da tensão de saída está mostrada abaixo durante toda uma
rotação, superposta à tensão de uma única espira. Observe que a saída nunca é menor do que o
valor Y. A variação da tensão fica limitada entre Y e o máximo e não entre zero e o máximo. Esta
variação da tensão de saída do gerador de CC é chamada de "ondulação". Obviamente, a tensão
produzida pelo induzido com duas espiras está muito mais próxima da C.C. constante que a
tensão produzida pelo induzido com uma única espira.

Embora a saída do gerador com duas espiras seja muito mais próxima de C.C. constante do que a
saída do gerador de uma só espira, ainda há ondulação demais para aplicação nos equipamentos
elétricos. Para tornar a saída verdadeiramente constante, constrói-se o induzido com um grande
número de espiras e o comutador é dividido em um grande número de lâminas.

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As espiras estão dispostas em redor do induzido de modo que sempre haja algumas delas
cortando as linhas de força do campo magnético em ângulo reto. Como resultado, a saída do
gerador contém uma ondulação muito pequena e, para todas as finalidades práticas, pode ser
considerada constante ou uma C.C. "pura".
A tensão induzida em uma bobina de uma só espira não é muito grande. Para produzir uma
tensão alta de saída, cada bobina do induzido de um gerador de tipo comercial consiste de várias
espiras de fio, ligadas em série. Como resultado, a tensão de saída é muito maior do que a gerada
em uma bobina de uma só espira. O resultado final está mostrado na figura abaixo:

5.4 - A construção do gerador C.C


Todos os geradores – sejam de CC ou CA – consistem de uma parte rotativa, chamada “rotor”, e
uma parte estacionária, chamada “estator”. Na maioria dos geradores de CC, também chamados
“dínamos”, o enrolamento do induzido é colocado no rotor e o enrolamento de campo no estator.
Nos geradores de CA acontece o contrário – o enrolamento de campo está no rotor e o
enrolamento do induzido está no estator.
Em qualquer caso, há um movimento relativo entre os enrolamentos do induzido e do campo, tal
que as espiras do induzido cortam as linhas de força do campo magnético. Como resultado, uma
f.e.m. é induzida nas espiras, caudando o fluxo de uma corrente no circuito externo. Como o
gerador fornece energia elétrica a uma carga externa, ele necessita que lhe seja fornecida energia
mecânica para girar o rotor e produzir eletricidade. O gerador simplesmente converte energia
mecânica em energia elétrica. Portanto, todos os geradores têm de ser acoplados a máquinas que
lhes forneçam energia mecânica para girar o rotor. Estas máquinas motoras podem ser máquinas
a vapor, turbinas a vapor ou a gás, turbinas hidráulicas, motores elétricos, motores a explosão,
etc.

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Embora a construção dos geradores seja bastante variada, os componentes básicos e suas
funções são os mesmos para todos os tipos. Uma vista explodida de um gerador genérico pode
ser vista na fugura abaixo:

As figuras abaixo mostram a aparência de um gerador montado, comparando-o com o gerador


elementar esquemático:

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A figura abaixo detalha os conjuntos do induzido e das escovas:

Vimos que uma corrente pode ser induzida em um condutor, quando ele corta as linhas de força
de um campo magnético. Se uma peça de metal sólido corta as linhas de um campo magnético,
uma corrente será induzida no interior dessa peça. Se essa mesma peça tiver uma seção
transversal de grande área, oferecerá uma pequena resistência à passagem da corrente. Como
resultado, passará uma corrente de grande intensidade na peça de metal. Esta corrente chama-se
“CORRENTE PARASITA” ou “CORRENTE DE FOUCAULT”.
Como os induzidos e as peças polares do estator são construídos com fios condutores enrolados
em torno de peças (núcleos) de metal, correntes parasitas serão induzidas nestes núcleos, da
mesma maneira que a corrente útil é induzida nos condutores do gerador. Essas correntes
parasitas são prejudiciais porque não têm utilidade prática, apenas aquecendo os núcleos de
metal (o que representa perda de energia), e reduzindo o rendimento das máquinas.
Para manter as correntes parasitas com o mínimo de intensidade os núcleos são construídos de
chapas finas laminadas sobrepostas, em lugar de peças sólidas. As lâminas são isoladas
eletricamente entre si, limitando o valor das correntes parasitas.

5.5 - Tipos de geradores C.C.


Na prática, a maioria dos geradores C.C. tem campos gerados por eletroímãs. Só os geradores
muito pequenos, chamados “magnetos”, usam ímãs permanentes. As bobinas de campo devem
ser ligadas a uma tensão C.C., a fim de que possam produzir o campo constante necessário para
o gerador. A corrente CC nas bobinas de campo é chamada “corrente de excitação” e pode ser
suprida por uma fonte de CC separada ou pela própria saída do gerador.
Os geradores são classificados de acordo com a maneira de se fornecer corrente de excitação ao
campo. Se esta é suprida por uma fonte externa, diz-se que o gerador tem “excitação em
separado”, ou “excitação independente”. Se, por outro lado, uma parte da saída do gerador é
usada para fornecer a corrente do campo, diz-se que o gerador é “auto-excitado”.
O circuito das bobinas do induzido e do campo do gerador determinam o seu tipo e afetam o seu
desempenho.
Os diversos tipos de geradores utilizam os três circuitos básicos de CC – série, paralelo e misto
(também chamado série-paralelo ou composto).

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5.6 - Geradores de C.C. com excitação em separado
O campo de um gerador CC com excitação em separado é independente do induzido, porque a
sua corrente é fornecida por uma fonte externa ao gerador. O campo com excitação em separado
proporciona um controle muito sensível da potência de saída do gerador, já que a corrente de
campo é independente da corrente da carga. Uma pequena variação na corrente de campo
resulta em uma grande variação na corrente da carga. A figura abaixo mostra um gerador com
excitação em separado.

5.7 - Geradores de C.C. auto-excitados


Os geradores auto-excitados usam uma porção da sua própria saída para fornecer corrente de
excitação para o campo. Estes geradores são classificados de acordo com o tipo das ligações do
seu campo.

Um gerador “série” tem as suas bobinas de campo ligadas em série com o induzido e, portanto,
toda a corrente passa tanto pelo campo como pela carga. Quando o gerador não está ligado a
uma carga, o circuito estã aberto e não há passagem de corrente para excitar o campo. O campo
série típico tem poucas espiras de fio grosso, uma vez que por ele circula a mesma corrente do
induzido e da carga.

As bobinas de campo de um gerador “paralelo” são ligadas em paralelo com o circuito do


induzido. Apenas uma pequena parte da corrente do induzido passa pelas bobinas de campo. O
restante passa pela carga. Como o campo paralelo e o induzido formam um circuito fechado
independente da carga, o gerador é excitado mesmo quando sem carga. O campo paralelo
contém, normalmente, muitas espiras de fio fino.

Um gerador composto tem tanto um campo série como um campo paralelo, formando um circuito
série-paralelo. Existem duas bobinas em cada uma das peças polares, uma delas ligada em série
e a outra em paralelo. As bobinas do campo paralelo são excitadas por uma parte da corrente do
induzido, enquanto que a corrente total da carga passa pelas bobinas em série. Dessa forma,
quando a carga aumenta, a intensidade do campo também aumenta.

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A figura abaixo mostra o esquema de ligação dos três tipos de geradores auto-excitados:

Para que um gerador produza uma f.e.m., é necessário que haja rotação do seu induzido no
campo magnético criado pela corrente nas bobinas de campo. No entanto, nos geradores auto-
excitados, se a corrente do campo depende da corrente do induzido, como a geração é iniciada?
A resposta está no “magnetismo remanescente ou residual”, causado pelo seu uso anterior,
devido ao efeito da histerese. Este magnetismo é suficiente para iniciar o processo de geração.

5.8 - O Gerador Série


Neste gerador, o induzido, as bobinas de campo e a carga estão todos ligados em série. Isto quer
dizer que a mesma corrente que passa no induzido e na carga passa também pelas bobinas de
campo. Quando não há carga, não há corrente e portanto uma f.e.m. muito pequena, que
depende do magnetismo remanescente, será induzida na armadura.
Quando uma carga é ligada, haverá passagem de corrente, a intensidade do campo aumenta e,
conseqüentemente, a tensão nos seus terminais também aumenta. Se a corrente de carga
aumenta, a intensidade do campo também aumenta e, portanto, uma tensão maior é gerada no
enrolamento da armadura. Isso ocorre até ser atingido um ponto “A”, onde qualquer novo aumento
da corrente de carga não acarreta um aumento correspondente de tensão, porque o campo
magnético atingiu o seu ponto de saturação.
Além deste ponto “A”, um aumento de corrente diminui a tensão de saída, por causa do acréscimo
da queda de tensão nas resistências do campo e da armadura. O gerador série normalmente
funciona além desse ponto, onde a tensão começa a cair rapidamente (entre A e B), de modo que
a corrente da carga será aproximadamente constante, mesmo quando a carga varia. POr esta
razão os geradores série são chamados de “geradores de corrente constante”. O gráfico que
mostra o seu comportamento está na figura abaixo:

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5.9 - O Gerador Paralelo (ou Gerador em Derivação)
Como vimos, o gerador paralelo tem o seu enrolamento de campo ligado em paralelo com o
induzido. Portanto, a corrente do campo é determinada pela tensão nos terminais do induzido e
pela resistência do campo. O enrolamento de campo tem um número grande de espiras e,
portanto, requer uma corrente relativamente pequena para produzir o fluxo necessário.
Quando um gerador paralelo é posto em movimento, o crescimento da tensão nos seus terminais
até o valor nominal é muito rápido, porque existe uma corrente de campo, mesmo que o circuito
externo esteja aberto. Se a carga passa a consumir uma corrente maior, a tensão nos terminais
diminui, devido ao aumento da queda de tensão no induzido. Observe que a queda de tensão nos
terminais de saída, quando a corrente de carga aumenta na zona normal de funcionamento (A-B),
desde a condição sem carga até a condição de plena carga, é relativamente pequena. Como
conseqüência, usa-se o gerador paralelo quando se deseja uma tensão praticamente constante,
independente das variações na carga. A figura abaixo mostra a sua curva característica:

5.10 - O Gerador Composto


Este gerador é uma combinação dos geradores série e paralelo. Existem dois conjuntos de
bobinas de campo – um deles em série e o outro em paralelo com o induzido. Estas bobinas são
montadas na mesma peça polar. Se o campo paralelo (em derivação) de um gerador composto é
ligado em paralelo com o conjunto do induzido e do campo série, ele é chamado de “Derivação
Longa”. Se o campo em derivação for ligado em paralelo apenas com o induzido, ele é chamado
de “Derivação Curta”. As características desses dois tipos de conexão são praticamente as
mesmas.
Se o campo série é ligado de maneira a reforçar o campo paralelo, o gerador é chamado de
composto “cumulativamente”. Se o campo série se opõe ao campo paralelo, o gerador é chamado
de composto “diferencialmente”.
Os geradores compostos foram projetados para remediar a queda de tensão na saída dos
geradores paralelos, quando a carga é aumentada. A adição do campo série, que aumenta a
intensidade do campo magnético total quando a corrente de carga aumenta, compensa a queda
de tensão na armadura. Desta maneira, uma saída com tensão praticamente constante é
conseguida.
As características de um gerador composto “cumulativamente” dependem da relação entre o
número de espiras nos enrolamentos série e paralelo. Se o enrolamento série é feito de tal modo
que a tensão de saída é praticamente constante para todas as cargas na região de
funcionamento, dizemos que o gerador é “plano-composto”, ou tem excitação normal. Um gerador
“hiper-composto” ou “superexcitado” tem um número de espiras no campo série tal que que a
tensão na condição de plena carga é maior do que na condição sem carga.

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Estes geradores são usados quando a carga está distante do gerador, para compensar a queda
de tensão na linha de alimentação. Quando a tensão a plena carga é menor do que a tensão sem
carga, diz-se que o gerador é “sub-composto” ou “subexcitado”. Estes geradores raramente são
usados.
A figura abaixo mostra as curvas características desses três tipos de geradores:

5.11 - Controle da excitação


É possível alterar a corrente de excitação de um gerador de forma a controlar o fluxo do campo
em derivação e, por conseguinte, a f.e.m. gerada pelo gerador. Isso é conseguido através da
inserção de reostatos (resistores variáveis) ou circuitos eletrônicos de controle em série com as
bobinas de campo. No campo em série não é possível fazer esse tipo de controle, pois a corrente
do campo é a própria corrente da armadura e também a da carga.
As figuras abaixo mostram exemplos de controle de excitação:

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5.12 - Comutação
No estudo do gerador elementar, vimos que as escovas são colocadas de maneira tal que
produzem um curto-circuito na bobina do induzido quando esta não está cortando as linhas do
campo. Neste instante não há f.e.m. induzida e, por consegüinte, não há passagem de corrente,
não havendo centelhamento nas escovas (que estão passando de uma lâmina do comutador para
a seguinte).

Bobina Escova

Se girarmos as escovas de alguns graus, elas passarão a formar um curto-circuito nas bobinas
quando estas ainda estão cortando linhas de força. Como conseqüência, uma tensão será
induzida na espira em curto e a corrente de curto-circuito causará centelhamento nas escovas.
Esta condição é indesejável, porque a corrente de curto-circuito pode danificar seriamente as
bobinas e queimar o comutador. Ela pode ser corrigida pela rotação de ambas as escovas, de
maneira que a comutação ocorra quando a bobina esté perpendicular ao campo.
Os geradores de CC funcionam eficientemente quando o plano da bobina faz um ângulo reto com
as linhas do campo, no momento em que as escovas colocam a bobina em curto. Este plano, que
faz um ângulo reto com o campo, é chamado “Plano de Comutação” ou “Plano Neutro”. As
escovas colocarão a bobina em curto quando não há corrente passando pela mesma.

5.13 - Reação do Induzido


Vimos que a comutação deve ocorrer no momento em que a f.e.m. no induzido é igual a zero e
que isso ocorre quando as espiras estão num plano perpendicular às linhas de força. Isso é
verdadeiro para um gerador sem carga. Ao circular corrente no induzido, essa corrente provoca o
aparecimento de um campo magnético nas espiras do induzido que irá interferir e provocar uma
distorção no campo magnético principal (gerado pelas bobinas de campo), como veremos a
seguir.
Considere o funcionamento de um gerador CC simples de dois pólos. Na figura abaixo, o induzido
aparece de forma simplificada e a seção reta da bobina é representada por círculos. Quando o
induzido gira no sentido horário, a corrente na parte esquerda da bobina corre para fora do papel
e, na parte direita, para dentro do papel. A figura mostra, também, o campo gerado em cada lado
da bobina.

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Agora existem dois campos – o campo principal e o campo ao redor de cada lado da bobina. A
figura mostra como o campo do induzido distorce o campo principal, deslocando o plano neutro da
vertical e inclinando-o no sentido da rotação. Se as escovas forem mantidas no plano neutro
original, elas colocarão em curto as bobinas em um momento em que há tensão induzida.
Conseqüentemente, haverá centelhamento entre as escovas e o comutador.
O efeito que tem o induzido de deslocar o plano neutro é chamado de “Reação do Induzido”.

Para evitar esse centelhamento, as escovas deveriam ser deslocadas para o novo plano neutro.
No entanto, como esse efeito varia com a corrente, o plano neutro se desloca com a variação da
corrente, exigindo uma nova posição das escovas para cada corrente do induzido.
Em máquinas pequenas, os efeitos da reação do induzido são reduzidos e o deslocamento
mecânico das escovas pode ser utilizado. Nas máquinas de maior porte, no entanto, são usados
meios mais aperfeiçoados para eliminar a reação do induzido, tais como enrolamentos de
compensação e interpolos.
Os enrolamentos de compensação consistem de uma série de bobinas embutidas em ranhuras na
superfície dos pólos. Estas bobinas são ligadas em série com o induzido, de modo que o campo
por elas gerado irá cancelar o efeito da reação do induzido, para todos os valores de corrente.
Como resultado, o plano neutro fica estacionário e as escovas, uma vez ajustadas, não têm de ser
movidas.
Uma outra maneira de minimizar os efeitos da reação do induzido é a colocação de pequenos
pólos auxiliares, chamados “interpolos”, entre os pólos principais. Os interpolos são enrolados
com poucas espiras de fio grosso, ligadas em série com o induzido. O campo por eles gerado
cancela exatamente a reação do induzido para todos os valores da corrente de carga, melhorando
a comutação.

70 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 70


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Na figura abaixo vemos esquematizados o enrolamento de compensação e os interpolos.

5.14 - Circuito equivalente de um gerador CC


As relações entre tensão e corrente num circuito equivalente de um gerador CC são, de acordo
com a Lei de Ohm:

Vta = Vg – Ia ra (1)
Vt = Vg – Ia (ra + rs ) (2)
IL = Ia – I d (3)

As equações acima se referem ao circuito equivalente de um gerador composto, mostrado na figura


abaixo:

rs IL
Ia

ra Vt

Vta
Vg

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onde: Vta = tensão no terminal da armadura (V)
Vg = tensão gerada na armadura (V)
Ia = Corrente na Armadura (A)
Vt = tensão de saída no terminal do gerador (V)
ra = resistência do circuito da armadura (Ω)
rs = resistência do campo série (Ω)
rd = resistência do campo em derivação (Ω)
IL = Corrente na linha (A)
Id = Corrente do campo em derivação (A)
Exemplo:
Um gerador CC de 100kW e 250V tem uma corrente na armadura de 400A, uma resistência da
armadura (incluindo as escovas) de 0,025 Ω, e uma resistência de campo em série de 0,005 Ω. Ele é
mantido em 1.200 rpm através de um motor diesel de velocidade constante. Calcule a tensão gerada
na armadura.
Da equação (2):
Vg = Vt + Ia (ra + rs )
Vg = 250 + 400 (0,025 + 0,005) = 250 + 12 = 262 V

5.15 - Tensão gerada em um gerador CC


A tensão que será gerada em um gerador depende de diversos fatores, como: número de pólos,
número de espiras na armadura, etc. e o seu cálculo foge ao escopo deste trabalho. No entanto,
para um determinado gerador, é importante sabermos que a sua tensão é diretamente
proporcional a duas variáveis: o fluxo magnético do campo (Φ) e a sua velocidade de rotação (n).
Assim, se Φ duplicar e n permanecer constante, Vg também será duplicada. Analogamente, se n
dobrar, permanecendo Φ constante, Vg dobra. Deste modo, existem duas formas de se controlar
a tensão de saída de um gerador: variando-se a sua rotação ou a corrente de campo.

Exemplo:
Um gerador girando a 1.200 rpm tem uma tensão gerada de 120V. Calcular a nova tensão gerada se:
a) o fluxo do campo diminuir de 10%, permanecendo constante a velocidade;
b) a velocidade cair para 1.000 rpm, permanecendo invariável o fluxo.

a) Se o fluxo cair 10% a tensão gerada cairá na mesma proporção, ficando igual a 90% da tensão
original:
Vg2 = 120V x 90% = 120 V x 0,9 Vg2 = 108V

1.200 1.000
b)
120
=
Vg2
Vg2 = 120 x 1.000 / 1.200 Vg2 = 100V

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5.16 - Regulação de tensão em um gerador
Como no transformador, a regulação exprime a diferença entre a tensão de saída (Vt) em vazio e
a plena carga, ou seja, o quanto a tensão de saída cai ao se aplicar a carga total no gerador, e é
dada, em percentagem, pela relação:

VS(vazio) – VS(carga)
R(%) = x 100
VS(carga)

Obs.: Quanto menor o seu valor, melhor a regulação de tensão do gerador.

Exemplo:
Um gerador em derivação tem uma tensão de saída de 120V com carga máxima. Quando a carga é
retirada, a tensão aumenta para 150V. Qual o seu percentual de regulação de tensão?

150 – 120 30
R(%) = 120 x 100 = 120 x 100 = 0,25 x 100 R(%) = 25%

5.17 - Perdas e Rendimento de uma Máquina CC


As perdas, tanto nos geradores como nos motores, consistem em perdas no cobre, perdas no
ferro e perdas mecânicas devido à rotação da máquina. Essas perdas incluem:

- Perdas no cobre:
2
Perdas por I R na armadura
2
Perdas por I R no campo em derivação
2
Perdas por I R no campo em série

- Perdas no ferro:
Perdas por correntes parasitas
Perdas por histerese

- Perdas mecânicas:
Perdas por atrito no mancal (rolamento)
Perdas por atrito das escovas com o comutador
Perdas por atrito com o ar

As perdas no cobre são por efeito Joule, devido à resistência elétrica presente no fio dos
enrolamentos.

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O rendimento, ou eficiência, é a razão entre a potência útil de saída e a potência total na entrada.
Ele é representado pela letra grega η (eta) e costuma ser dado em percentagem:

Pu Pu
η= x 100 ou η= x 100
Pt Pu + Perdas

η = rendimento (%)
Pu = Potência Útil na saída
Pt = Potência Total na entrada

Exemplo:
Um gerador em derivação tem uma resistência de armadura de 0,4 Ω, uma resistência de campo de
60 Ω e uma tensão no terminal de saída de 120V quando está fornecendo uma corrente de carga de
30A. Calcule: (a) a corrente de campo; (b) a corrente na armadura; (c) as perdas no cobre com a
carga acima; (c) se as perdas mecânicas e no ferro forem de 350W, qual o rendimento com a carga
dada?
Solução:
O circuito equivalente do gerador está representado na figura abaixo:

Ia IL = 30A
ra = 0,4 Ω

rd = 60 Ω Vt = 120V Carga
+ Id
Vg

a) Id = Vt / Rd = 120 / 60 Id = 2 A
b) Ia = IL + Id = 30 + 2 Ia Ia = 32 A
c) Perda na armadura = I2a ra = 322 (0,4) = 410 W
Perda no campo em derivação = I2d rd = 22 (60) = 240 W
Perdas no cobre = 410 + 240 Perdas no cobre = 650 W
d) Rendimento = 100 x Psaída / (Psaída + Perdas)
Psaída = Vt . IL = 120 x 30 = 3.600 W
Perdas totais = Perdas no cobre + Perdas no ferro + Perdas mecânicas
perdas totais = 650 + 350 = 1.000 W
Rendimento = 100 x 3.600 / (3.600 + 1.000) = 100 x 3.600 / 4.600
Rendimento = 78,3 %

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CAPÍTULO 6
MOTORES DE C.C.

6.1 - Regra de Fleming para motores


Vimos, nos itens 2.3 e 2.4 deste trabalho, que uma corrente elétrica circulando em um condutor
provoca, em torno deste, um campo magnético, cujo sentido é dado pela Regra da Mão Esquerda
(sentido eletrônico). Se este condutor, pelo qual circula uma corrente, for submetido a um outro
campo magnético, haverá uma força de atração e/ou repulsão, dependendo da polaridade dos
dois campos, e um movimento resultante desta força, caso o condutor tenha liberdade para se
movimentar.
Suponhamos um condutor, como na figura abaixo, no qual circula uma corrente eletrônica
entrando no papel. Haverá a formação de um campo magnético, em torno do condutor, no sentido
anti-horário. Se esse condutor estiver sob a influência de um campo magnético externo cujo
sentido é da direita para a esquerda, haverá uma oposição das linhas dos dois campos na região
acima do condutor e um reforço na região sob o condutor. Como as linhas de força de dois
campos magnéticos no mesmo sentido tendem a se repelir, o condutor sofrerá uma força de baixo
para cima, que poderá resultar em movimento, caso o condutor não esteja fixado a algum ponto.

Fleming, de forma análoga aos geradores, estabeleceu uma regra para se determinar o sentido do
movimento de um condutor submetido a um campo magnético e pelo qual circula uma corrente
elétrica. Essa regra se chama Regra da Mão Direita e pode ser visualizada na figura abaixo. Com
ele é possível se determinar o sentido de rotação de um motor, desde que conhecidos os sentidos
do campo magnético e da corrente elétrica (sentido eletrônico).
Se o dedo indicador apontar para o sentido do campo e o dedo médio apontar para o sentido do
movimento dos elétrons, o indicador apontará para o sentido do movimento do condutor.

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(eletrônica)

6.2 - O Motor elementar C.C.


O motor elementar de C.C. é construído de maneira semelhante ao gerador elementar de C.C. Ele
consiste de uma espira de fio, que gira entre os pólos de um ímã. As extremidades da espira são
ligadas às lâminas do comutador, que por sua vez fazem contato com as escovas. As escovas
têm fios de ligação que vão ter a uma fonte de tensão de C.C.
Com a espira na posição 1, a corrente que passa através dela torna a sua parte superior um pólo
norte e a sua parte inferior um pólo sul, de acordo com a regra da mão esquerda. Os pólos
magnéticos da espira serão atraídos pelos pólos de nomes opostos do campo. Como resultado, a
espira gira no sentido do movimento dos ponteiros do relógio, aproximando os pólos de nomes
opostos. Quando a espira girar de 90 graus, até a posição 2, haverá uma comutação e a corrente
na espira muda de direção. Como resultado, o campo magnético por ela gerado também se
inverte. Agora, pólos de nomes iguais estão próximos e, portanto, se repelindo. A espira continua
a girar, tentando aproximar novamente os pólos de nomes contrários. 180 graus depois da
posição 2, a espira chega à posição 3. Agora a situação é a mesma que na posição 2. Dá-se uma
nova comutação e a espira continua a girar. Esta é a ação fundamental do motor de C.C.

76 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 76


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Da mesma forma que no gerador, a espira única do motor elementar é substituída por um
conjunto de várias bobinas, com várias espiras cada uma. O comutador também tem o seu
número de lâminas aumentado na mesma proporção. O campo magnético do estator (parte fixa)
normalmente é fornecido por bobinas chamadas “bobinas de campo” (BC). A parte giratória, ou
rotor, é chamada de “induzido” ou "armadura".
Sendo assim, da mesma forma que nos geradores CC, existem diversas maneiras para se ligar
um motor C.C. à linha de alimentação: associação em série, associação em paralelo e associação
composta, ou mista.

6.3 – A ação do comutador em um motor CC


O comutador desempenha um papel muito importante no funcionamento de um motor CC. Ele faz
com que a corrente na espira seja invertida no momento em que os pólos de nomes contrários se
defrontam, causando uma inversão na polaridade do campo e mantendo o giro do motor.
Em um induzido com muitas bobinas, o seu enrolamento age como uma bobina cujo eixo seja
perpendicular ao campo magnético principal e cuja polaridade seja a mostrada na figura abaixo. O
pólo norte do campo do induzido é atraído pelo pólo sul do campo principal, o mesmo ocorrendo
entre o pólo sul do induzido e o pólo norte do campo. Esta atração exerce uma força que faz o
induzido girar no sentido horário.

6.4 - Reação do induzido


Como existe corrente passando pelo induzido do motor, será gerado um campo magnético em
torno das suas bobinas, como resultado dessa corrente. Este campo do induzido distorce o campo
principal, causando o que chamamos de "reação do induzido", exatamente como no caso do
gerador. No entanto, a direção da distorção causada pela reação do induzido no motor é oposta ä
do gerador. No motor, a reação do induzido desloca o plano neutro de comutação na direção
contrária ä da rotação.
Para compensar este efeito no motor, as escovas podem ser deslocadas para trás, até que o
centelhamento seja mínimo. Neste ponto, a bobina posta em curto-circuito pelas escovas estará
no plano neutro e não haverá f.e.m. induzida nela. No entanto, a reação do induzido varia com a
variação da corrente que nele circula e, em motores cuja velocidade é variável (veremos mais
adiante que uma das formas de se variar a velocidade de um motor CC é variando a corrente do
induzido), o plano neutro se deslocará de acordo com a corrente do induzido. Neste caso,
instalam-se, da mesma forma que no gerador, bobinas de compensação e interpolos, em série
com o induzido, de modo que o plano neutro fique sempre no mesmo ponto, independentemente
da corrente que circula no induzido.

77 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 77


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Plano Neutro

6.5 - Inversão do sentido de rotação


Como a direção de rotação depende da direção do campo magnético e esta, por sua vez,
depende do sentido da corrente elétrica, para invertermos a rotação de um motor C.C. basta
invertermos a ligação de um de seus enrolamentos (campo ou induzido).
Caso sejam invertidas as polaridades de ambos os enrolamentos, a direção da rotação não se
altera. Por esta razão, como veremos adiante, o motor C.C. série funciona também em C.A. e é
chamado também de Motor Universal. Este tipo motor é muito utilizado em ferramentas portáteis
(furadeiras, esmerilhadeiras, etc.) e eletrodomésticos (liquidificadores, batedeiras, etc.).

6.6 - Força Contra-Eletromotriz


Quando o induzido de um motor CC gira, as suas bobinas cortam as linhas de força do campo
magnético principal e uma tensão, ou força eletromotriz, é induzida nelas. Como esta tensão
induzida se opõe à tensão aplicada nos terminais, é chamada de "força contra-eletromotriz", ou
abreviadamente, "f.c.e.m.". Esta f.c.e.m. depende dos mesmos fatores que a f.e.m. produzida em
um gerador – a velocidade, a direção da rotação e a intensidade do campo. Quanto mais intenso
for o campo e quanto maior for a velocidade de rotação, maior será a f.c.e.m. No entanto, a
f.c.e.m. será sempre menor que a tensão aplicada, em virtude da queda de tensão interna
causada pela resistência interna do induzido. A figura abaixo mostra o circuito equivalente de um
motor CC e representa a f.c.e.m. como se fosse uma bateria com polaridade oposta à da tensão
aplicada. A resistência total da armadura é mostrada simbolicamente por um único resistor (ra).

Id IL
rs
Ia

rd ra Vt

Vta
Vg

78 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 78


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onde: Vta = tensão no terminal da armadura (V)
Vg = força contra-eletromotriz, f.c.e.m. (V)
Ia = Corrente na Armadura (A)
Vt = tensão de alimentação no terminal do gerador (V)
ra = resistência do circuito da armadura (Ω)
rs = resistência do campo série (Ω)
rd = resistência do campo em derivação (Ω)
IL = Corrente na linha (A)
Id = Corrente do campo em derivação (A)

Na realidade, o que causa a passagem da corrente através das bobinas do induzido é a diferença
entre a tensão aplicada ao motor (Vt) e a f.c.e.m. (Vg). Assim, a tensão verdadeiramente efetiva
na armadura é Vt – Vg. Esta tensão efetiva determina o valor da corrente no induzido, que será
dada pela expressão:

Vt – Vg
Ia =
Ra

Além disso, de acordo com a segunda lei de Kirchoff, a soma das quedas de tensão ao longo de
um circuito fechado é igual ä soma das tensões aplicadas. Portanto, temos:

Vt = Vg + Ia . ra + Ia . rs

Parcela existente apenas quando


houver campo em série

A resistência interna do induzido de um motor CC é muito baixa, geralmente menor que 1Ω. Se
esta resistência fosse a única oposição à passagem da corrente, esta corrente seria muito intensa.
Por exemplo, suponhamos um motor com uma resistência de induzido de 1Ω e uma tensão de
alimentação de 230V. A corrente no induzido, de acordo com a lei de Ohm, teria um valor de I = V
/ R = 230 / 1 = 230A. Esta corrente excessiva queimaria o induzido.
No entanto, a f.c.e.m. se opõe à tensão aplicada e limita o valor da corrente no induzido. Se este
mesmo motor posuir uma f.c.e.m. de 220V, a nova tensão efetiva que atuará no induzido será de
V = 230 – 220 = 10V e a nova corrente de armadura será igual a: Ia = 10 / 1 = 10A.
No momento da partida, uma vez que não há movimento, pois o motor se encontra parado, não há
ainda a produção de f.c.e.m. e isso faria com que a corrente de partida atingisse valores
excessivamente elevados. Para contornar esse inconveniente, instalam-se dispositivos de partida
nos motores CC a fim de limitar a corrente de partida. No passado, utilizavam-se resistores
limitadores em série com a armadura, que iam sendo retirados gradativamente à medida em que o
motor ia ganhando velocidade e a f.c.e.m. ia aumentando de valor.
Modernamente, dispositivos eletrônicos são utilizados com a mesma função e de forma mais
eficiente. Porém, para fins didáticos, os dispositivos de partida limitadores de corrente serão
representados, nas figuras, como resistores variáveis.

79 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 79


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6.7 - Variação da Velocidade
O conjugado desenvolvido por um motor para movimentar uma certa carga depende da
intensidade da corrente no induzido, fornecida pela linha de alimentação. Quanto maior a carga,
maior será o conjugado necessário e maior deverá ser a corrente no induzido. Quanto menor a
carga, menor será o conjugado necessário e menor deverá ser a corrente no induzido.
A velocidade de um motor CC depende da intensidade do campo magnético e da tensão aplicada,
assim como da carga. Se a intensidade do campo diminui, o motor acelera tentando manter o
valor correto da f.c.e.m. Se o circuito do campo se abrisse, restaria apenas o magnetismo residual
e a velocidade do motor aumentaria perigosamente, tentando manter a f.c.e.m. necessária para se
opor à tensão aplicada. Com uma carga leve ou sem carga, um circuito de campo aberto pode
causar tal aumento de velocidade que o motor se despedaçará. A força centr[ifuga será tão
grande que as lâminas do coletor e outras peças serão lançadas para longe, podendo causar
ferimentos graves nas pessoas. Certifique-se sempre de que o circuito de campo está fechado,
antes de dar a partida num motor CC. Certifique-se também de que a resistência de partida está
ajustada para o seu máximo valor (se for outro dispositivo, deverá estar ajustado para a corrente
mínima), antes de aplicar tensão aos seus terminais.
A velocidade do motor pode ser regulada pelo controle da intensidade do campo, por meio de um
reostato (resistor variável) ou outro dispositivo. Aumentando a resistência no circuito do campo, a
sua corrente diminui e, portanto, a intensidade do campo também diminui. A redução da
intensidade do campo implica no aumento da velocidade do motor, a fim de que seja mantida a
mesma f.c.e.m.
A velocidade também pode ser regulada pelo controle da tensão aplicada ao induzido, por meio
do reostato do induzido ou outro dispositivo com função semelhante. O aumento da resistência no
circuito do induzido tem o mesmo efeito que a redução da tensão fornecida ao motor. Este efeito é
o da redução da velocidade. Aumentando-se a tensão no induzido, a velocidade do motor
aumenta.
Em resumo, a velocidade de um motor CC depende da intensidade do campo e da tensão no
induzido.

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6.8 - O Motor Paralelo
Em um motor paralelo o campo é ligado diretamente aos terminais da linha e é, portanto,
independente das variações da carga e da corrente no induzido. O conjugado desenvolvido varia
com a corrente no induzido. Quando a carga do motor aumenta, sua velocidade diminui. A
f.c.e.m., que tanto depende da velocidade como da intensidade de campo, é assim reduzida. A
redução na f.c.e.m.. permite um acréscimo na corrente do induzido. Este acréscimo tem como
efeito um aumento do conjugado, necessário para movimentar a carga maior. Quando a carga do
motor diminui, este aumenta sua velocidade. A f.c.e.m. aumenta, diminuindo a corrente no
induzido e o conjugado desenvolvido pelo motor. Qualquer variação da carga acarreta uma
variação na velocidade até que haja novo equilíbrio elétrico no motor. A variação da velocidade,
em um motor paralelo, desde a condição sem carga até a condição de plena carga é apenas de
cerca de 10% da velocidade na condição sem carga. Por esta razão, os motores paralelos são
considerados como motores de velocidade constante.
Na partida dos motores paralelos, deve ser ligada uma resistência ou qualquer outro dispositivo de
partida em série com o induzido, a fim de limitar a corrente até que a velocidade seja suficiente
para gerar a f.c.e.m. necessária. Como a corrente de partida é pequena, devido à resistência de
partida, o conjugado de partida também é pequeno. Os motores paralelos são usados, em geral,
quando se deseja uma velocidade constante para uma carga variável e também quando é
possível dar partida ao motor com uma carga muito leve ou sem carga.

Motor C.C. Paralelo

6.9 - O Motor Série


O motor série tem o seu campo ligado em série com o induzido e a linha de alimentação, como
mostra a figura abaixo. A bobina de campo consiste de umas poucas espiras de fio grosso, porque
a corrente do induzido passa por ela. Se a carga aumenta, a velocidade diminui, assim como a
f.c.e.m. Isto faz com que a corrente aumente, permitindo um conjugado maior, necessário para
movimentar o acréscimo da carga. O motor série gira lentamente com cargas pesadas e muito
rapidamente com cargas leves.
Também pode-se ver que os motores série são motores de velocidade variável, isto é, sua
velocidade varia bastante com a variação de carga. Por esta razão, os motores série são
raramente usados quando é necessária uma velocidade constante de funcionamento
O conjugado - a força de giro - desenvolvido por qualquer motor de C.C. depende da corrente do
induzido e da intensidade do campo. Em um motor série, a própria intensidade do campo depende
da corrente no induzido. Portanto, o valor do conjugado desenvolvido depende duplamente da
intensidade da corrente no induzido. Quando a velocidade do motor é baixa, a f.c.e.m. é
conseqüentemente baixa e a corrente no induzido é intensa. Isto significa que o conjugado será
muito grande quando a velocidade do motor é pequena ou zero, como na partida. Diz-se, então,
que o motor série tem um alto conjugado de partida.

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No caso do motor série, o controle de velocidade é conseguido variando-se a tensão total aplicada
ao motor (figura abaixo).

Motor C.C. Série

6.10 - O Motor Composto


Um motor composto é uma combinação dos motores série e paralelo. O campo consiste de dois
conjuntos separados de bobinas. Um deles, enrolado com muitas espiras de fio fino, é ligado em
paralelo com o induzido e constitui o campo em derivação. O outro é o campo série, enrolado com
poucas espiras de fio grosso.
As características dos motores compostos são uma combinação das características dos motores
série e paralelo. Os motores compostos cumulativamente, cujos campos paralelo e série se
reforçam, são os mais comuns. Nestes motores, um aumento de carga acarreta uma pequena
diminuição da velocidade e um grande aumento do conjugado. O conjugado de partida também é
alto. Eles têm a velocidade razoavelmente constante, excelente rendimento com cargas pesadas
e um bom conjugado de partida.
Nos motores compostos diferencialmente, o campo série se opõe ao campo em derivação e o
campo total diminui quando a carga aumenta. Isto permite que a velocidade aumente com um
aumento de carga, até um ponto seguro de funcionamento. O conjugado de partida é muito
pequeno. Estes motores são raramente usados.

Motor Composto

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As figuras abaixo mostram as curvas características típicas dos diversos tipos de motores CC.

A B
O gráfico “A” mostra a variação da velocidade em função da carga (conjugado). Ele contém quatro
curvas. Podemos observar que a velocidade do motor paralelo é menos sensível aos aumentos de
carga, enquanto que, no motor série, a velocidade aumenta muito com a redução da carga. O
motor composto assume comportamento intermediário.
Já o gráfico “B” mostra o conjugado em função da corrente no induzido. Enquanto que no motor
paralelo ele varia linearmente, no motor série ele varia segundo uma parábola, uma vez que é
função do quadrado da corrente.

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CAPÍTULO 7
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

7.1 - Transformadores
1 – Um transformador monofásico possui os seguintes dados de placa:
Primário = 127V
Secundário = 220V x 1kVA
Espiras do primário = 200
η = 93%
Calcular, admitindo uma densidade de corrente de 3A/mm2:
a) O número de espiras do secundário;
b) A seção do fio do primário;
c) A seção do fio do secundário.

2 – Um transformador monofásico tem as seguintes características:


Primário = 110V + 110V
Secundário = 24V x 1A
Espiras no secundário = 50
Calcular o número de espiras de cada enrolamento primário

3 – Um transformador deverá ser usado na saída de um amplificador de áudio de 50W, casando


uma impedância de 250Ω com um alto-falante de 8Ω. Se o enrolamento secundário tiver 20
espiras, qual será o número de espiras do primário? Calcule também a bitola dos fios do primário
e do secundário, para uma densidade de corrente de 3A/mm2.

4 – Um transformador monofásico será usado em uma fonte de alimentação que utiliza um


retificador de onda completa a dois diodos e filtro a capacitor. Esta fonte deve apresentar uma
tensão CC de 14V em vazio e fornecer uma corrente máxima de 2A. Calcular o transformador,
considerando 2,2 espiras/Volt e densidade de corrente de 3A/mm2. Esta fonte deverá estar apta a
ser ligada em uma rede de 127V ou 220V.

5 – Um transformador trifásico de potência apresenta os seguintes dados de placa:


Primário = 13,8kV ∆
Secundário = 380 / 220V Y x 1.000 kVA
η = 96%
Z = 4,7%
Calcular, considerando a razão de 1,8 espiras/Volt e a densidade de corrente de 2,5A/mm2:
a) O número de espiras de cada enrolamento primário;
b) O número de espiras de cada enrolamento secundário;
c) A corrente máxima drenada da linha de AT;
d) A corrente máxima fornecida à linha de BT;
e) A seção do fio do enrolamento primário;
f) A seção do fio do enrolamento secundário;
g) A capacidade mínima de interrupção do disjuntor de BT na saída do transformador;
h) Caso o seu primário seja ligado em Y, qual deverá ser a tensão de alimentação?
i) Qual a máxima potência útil que esse transformador pode fornecer, considerando
um fator de potência de 0,9?

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7.2 - Geradores CC

1 – Um gerador em derivação produz 100V quando sua rotação é de 800rpm. Qual será a sua
tensão de saída se sua velocidade aumentar para 1.200rpm, mantendo-se constante o fluxo do
campo?

2 – Um gerador em derivação tem uma especificação de 200kW em 250V.


a) Qual a corrente com carga máxima?
b) Se a resistência de campo for de 125Ω, qual a corrente de campo?
c) Qual a corrente na armadura, na condição de carga máxima?

3 – Um gerador em derivação tem uma resistência de campo de 50Ω em série com um reostato.
Quando a tensão de saída do gerador é de 110V, a corrente de campo é de 2A. Qual a resistência
do reostato?

4 – Um gerador solicita 80CV de um motor diesel quando a sua saída é de 50kW. Qual o
rendimento deste gerador?

5 – Um gerador tem uma saída de 230V em vazio. Qual o seu fator de regulação, se a tensão a
plena carga for de 220V?

6 – Um gerador em derivação de excitação independente, cujo enrolamento de campo possui uma


resistência de 100Ω, produz 220V a 1.200rpm e uma tensão de alimentação do campo de 100V.
Ao se aumentar a carga, sua rotação cai para 1.100 rpm. Para que a tensão de saída permaneça
constante, qual deverá ser a nova tensão de alimentação do campo?

7.3 - Motores CC

1 – As bobinas de campo de um motor em derivação possuem uma resistência de 100Ω.


Sabendo-se que o motor apresenta uma corrente de armadura de 75A ao ser alimentado com
uma tensão de 240V, calcular:
a) A corrente do campo
b) A corrente total drenada da linha
c) A potência drenada da linha
d) A potência entregue no eixo (em CV), considerando η = 90%

2 – Calcule a corrente de armadura de um motor em derivação quando a tensão de alimentação é


de 110V, a f.c.e.m. é de 108V e a resistência do circuito de armadura é de 0,2Ω. Calcule também
a potência total drenada da linha e a potência entregue no eixo (em CV), sabendo que rd = 55Ω e
η = 85%.

3 – Qual o rendimento de um motor em derivação que, alimentado por uma tensão de 200V,
apresenta uma f.c.e.m. de 190V e possui resistência do circuito de armadura de 0,2Ω, resistência
de campo de 100Ω e impulsiona uma bomba d’água que requer 12CV no seu eixo?

4 – Um motor composto de 10HP em derivação longa é alimentado por uma fonte de 120V. A
corrente com carga máxima é de 86A. A resistência do campo em derivação é 90Ω, a resistência
da armadura de 0,07Ω e a resistência do campo série de 0,06Ω. Calcule:
a) A corrente do campo em derivação;
b) A corrente na armadura;
c) A f.c.e.m.;
d) O rendimento, com carga máxima;
e) As perdas no cobre em condições de carga máxima;
f) As soma das perdas por rotação e no ferro.

85 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 85


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APÊNDICE I
PROTEÇÃO DOS CIRCUITOS ELÉTRICOS

Introdução
A elaboração de um esquema completo de proteção para uma instalação elétrica industrial
envolve várias etapas, desde o estabelecimento de uma estratégia de proteção, selecionando os
respectivos dispositivos de atuação, até a determinação dos valores adequados para a calibração
destes dispositivos.
Para que um sistema de proteção atinja a finalidade a que se propõe, deve responder aos
seguintes requisitos básicos:

a) Seletividade
É a capacidade que possui o sistema de proteção de selecionar a parte danificada da rede e
retirá-Ia de serviço sem afetar os circuitos sãos.
b) Exatidão e segurança de operação
Garante ao sistema.uma alta confiabilidade operativa.
c) Sensibilidade
Representa a faixa de operação e não operação do dispositivo de proteção.

Todo projeto de proteção de uma instalação industrial deve ser feito globalmente e não
setorialmente. Projetos setoriais Implicam numa descoordenação do sistema de proteção,
trazendo, como conseqüência, interrupções desnecessárias de setores de produção, cuja rede
nada depende da parte afetada do sistema.
Basicamente, um projeto de proteção é feito com dois dispositivos: fusível e relé. E para que os
mesmos sejam selecionados adequadamente é necessário se proceder à determinação das
correntes de curto-circuito nos vários pontos do sistema elétrico.
Os dispositivos de proteção contra correntes de curto-circuito devem ser sensibilizados pelo valor
mínimo desta corrente.
A proteção é considerada ideal, quando reproduz a imagem fiel das condições do circuito para o
qual foi projetada, isto é, atua dentro das limitações de corrente, tensão e tempo para as quais
foram dimensionados os equipamentos e materiais da instalação.
A capacidade de um determinado circuito ou equipamento deve ficar limitada ao valor do seu
dispositivo de proteção, mesmo que isto represente a sub-utilização da capacidade dos
condutores ou da potência nominal do equipamento. .
Os dispositivos de proteção devem ser localizados e ligados adequadamente aos circuitos,
segundo regras gerais estabelecidas por normas e a seguir resumidamente abordadas:

a) Os dispositivos devem ser ligados em cada condutor não aterrado do circuito a ser
protegido.
b) Nos circuitos em que há derivação de ramal com seção inferior ao circuito principal,
protegido por um dispositivo de corrente nominal adequado aos condutores de menor seção,
não há necessidade de se aplicar nenhuma proteção adicional no ponto de derivação.

86 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 86


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c) Os dispositivos de proteção devem ser localizados em pontos de fácil acesso.
d) Os dispositivos de proteção de um circuito de carga motriz devem proteger os condutores,
o dispositivo de comando e o próprio motor contra curto-circuito trifásico ou fase-terra.
e) Os motores acima de 1 cv devem possuir proteção de sobrecorrente desde que funcionem
em regime contínuo.
f) Todos os motores trifásicos devem possuir proteção de sobrecarga e de curto-circuito.

PROTEÇÃO DE SISTEMAS DE BAIXA TENSÃO


Dispositivos de proteção
Os condutores e equipamentos, de uma maneira geral, componentes de um sistema industrial de
baixa tensão, são, freqüentemente, solicitados por correntes e tensões acima dos valores
previstos para operação em regime para os quais foram projetados. Estas solicitações,
normalmente, vêm em forma de sobrecarga, corrente de curto-circuito, sobretensões e
subtensões. Todas estas grandezas anormais devem ser limitadas no tempo de duração e
módulo. . .
Portanto, dispositivos de proteção encontrados nas instalações elétricas industriais devem permitir
o desligamento do circuito, quando este está submetido às condições adversas anteriormente
previstas.
Na prática, os principais dispositivos utilizados são os fusíveis, tipos Diazed e NH, os disjuntores e
os relés térmicos.

Fusíveis
São dispositivos destinados à proteção dos circuitos elétricos e que se fundem quando são
percorridos por uma corrente de valor superior àquele para a qual foram projetados.
Os fusíveis operam dentro de suas características próprias de tempo x corrente, conforme pode
ser observado pela figura abaixo, para fusíveis NH:

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Os fusíveis NH apresentam características de limitação de corrente, isto é, o elo se funde durante
a ascensão da onda de impulso, conforme pode ser observado na figura abaixo.

Quando instalados em circuitos onde existem motores instalados, deve-se garantir que o fusível
não atue com a corrente de partida do motor.

Fusível tipo NH Fusível tipo Diazed

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Disjuntores de Baixa Tensão
São dispositivos destinados à proteção de circuitos elétricos, os quais devem atuar, quando
percorridos por uma corrente de valor superior ao estabelecido para funcionamento normal.

As principais características nominais dos disjuntores são:


a) Corrente nominal
É aquela que pode circular permanentemente pelo disjuntor.
Os disjuntores ditos tropicalizados, são constituídos de um bimetal duplo que permite manter a
sua corrente nominal até a uma temperatura, em geral, de 50°C, sem que o mecanismo de
atuação opere. Ao contrário, os disjuntores providos de somente um bimetal são ajustados para
atuarem a uma temperatura de 25°C.
Considerando a utilização de disjuntores tropicalizados em quadros de distribuição industriais,
onde a temperatura pode ser elevada, superior a 50°C, deve-se corrigir a sua corrente nominal
aplicando-lhe um fator de 0,80. Para temperaturas iguais ou inferiores a 50°C, pode-se utilizar
toda a capacidade de corrente nominal do disjuntor, sem necessidade de aplicar nenhum fator de
correção.
Entretanto, para os disjuntores calibrados para 25oC, recomenda-se utilizar somente 70% da sua
corrente nominal, já que na prática, as temperaturas internas dos quadros de distribuição são
geralmente superiores a este valor.
b) Tensão nominal
É aquela à qual estão referidas a capacidade de interrupção e as demais características nominais.
c) Capacidade nominal de interrupção de curto-circuito
É a máxima corrente presumida de interrupção, valor eficaz, que o disjuntor pode interromper,
operando dentro de suas características nominais de tensão e freqüência, e para um fator de
potência determinado.

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Os disjuntores termomagnéticos operam de acordo com as suas curvas de características
térmicas (curva T) e magnéticas (curva M), conforme pode ser observado na figura abaixo:

Disjuntor Termomagnético em Caixa Moldada

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Relés bimetálicos de sobrecarga para contatores
São dispositivos dotados de um par de lâminas construídas com metais de diferentes coeficientes
de dilatação linear e que, quando atravessados por uma corrente de intensidade ajustada,
aquecendo o bimetal, provoca, sob o efeito da dilatação térmica de suas lâminas, a operação de
um contato móvel.
Os relés bimetálicos de sobrecarga são constituídos de tal modo a permitir ajustes da corrente
nominal dentro de determinadas faixas que podem ser escolhidas, conforme o valor da corrente e
natureza da carga.
Quanto maior for o valor da corrente de sobrecarga, menor será o tempo decorrido para a atuação
do relé térmico.
Normalmente, os relés de sobrecarga são acoplados a contatores, de largo emprego no
acionamento de motores elétricos (figura abaixo).

Relé de Sobrecarga Contator

Em geral, são tropicalizados, isto é, podem operar em ambientes cuja temperatura esteja
compreendida numa faixa de - 25°C a + 55°C (característica dos relés térmicos, tipo 3UA, de
fabricação SIEMENS). Para outros fabricantes, deve ser consultado o catálogo correspondente.
Os relés de sobrecarga, quando aquecidos à temperatura de serviço, têm, nas suas curvas
características de disparo, os tempos reduzidos, em geral, a 25% ou a 50% dos tempos indicados.
Os relés de sobrecarga devem ser protegidos contra as elevadas correntes de curto-circuito.
Normalmente, os fabricantes fornecem a capacidade máxima dos fusíveis que devem ser
empregados no circuito para garantir a integridade do relé e que em nenhuma hipótese deve ser
superada.

Dimensionamento dos Dispositivos de Proteção


Conhecidos os dispositivos de proteção e suas características básicas de funcionamento, podem
agora ser determinados os seus valores nominais quando indicados para atuarem num esquema
de proteção.
Inicialmente, os dispositivos de proteção serão dimensionados em função das características
elétricas do sistema, quais sejam:
a) Corrente nominal;
b) Corrente de curto-circuito;
c) Corrente de partida dos motores.

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Posteriormente, deverão ser aplicados sobre o esquema de proteção os conceitos de seletividade.
Cabe advertir que os ajustes necessários ao esquema de proteção, impostos pelos requisitos da
seletividade, não devem comprometer a segurança da instalação.

Curto-Circuito
Como vimos, ao dimensionarmos dispositivos de proteção, um dos parâmetros decisivos para sua
correta escolha é sua capacidade de interrupção de corrente. É de suma importância que esta
seja maior que a máxima corrente de curto-circuito calculada para o trecho a ser protegido pelo
dispositivo, sob pena do dispositivo não cumprir corretamente sua função.
Por esta razão, a determinação das correntes de curto-circuito nas instalações elétricas é
fundamental para elaboração do projeto de proteção e coordenação dos seus diversos elementos.
Os valores destas correntes são baseados no conhecimento das impedâncias, desde o ponto de
defeito até a fonte geradora.
As correntes de curto-circuito adquirem valores de grande intensidade, porém, com duração
geralmente limitada a frações de segundo. São provocadas, mais comumente, pela perda de
isolamento de algum elemento energizado do sistema elétrico. Os danos provocados na
instalação ficam condicionados à intervenção correta dos elementos de proteção. Os valores de
pico estão, normalmente, compreendidos entre 10 e 100 vezes a corrente nominal do ponto de
defeito da instalação e dependem da localização deste.
Além das avarias provocadas pela queima de componentes da instalação, as correntes de curto-
circuito geram solicitações de natureza mecânica, atuando, principalmente, sobre os barramentos,
chaves e condutores, ocasionando o rompimento dos apoios e deformação na estrutura dos
quadros de distribuição, caso o dimensionamento destes não seja adequado.

Tipos de Curto-Circuito
Os defeitos nas instalações elétricas podem ocorrer em uma das seguintes formas:

a) Curto-circuito trifásico
Quando as tensões nas três fases se anulam no ponto de defeito. Na maioria das instalações
industriais, o máximo valor da corrente de curto-circuito é obtido durante a ocorrência de uma
falha trifásica. É utilizado na seleção dos dispositivos de proteção e manobra e no
dimensionamento dos barramentos.
b) Curto-circuito bifásico
Este defeito pode ocorrer em duas situações distintas, ou seja: na primeira, há o contato somente
entre dois condutores de fases diferentes e na segunda, além do contato direto entre os citados
condutores, há a participação do elemento terra.
c) Curto-circuito fase-terra
À semelhança do anterior, o defeito monopolar pode ocorrer em duas situações diversas: na
primeira, há somente o contato entre um condutor fase e a terra e na segunda, há o contato
simultâneo entre dois condutores fase e a terra.

92 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 92


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É interessante reduzir-se a intensidade das correntes de curto-circuito, de uma maneira geral.
Algumas prescrições de projeto podem ser adotadas, ou seja:
a) Dimensionar os transformadores de força com impedância percentual elevada;
b) Dividir a carga da instalação em circuitos parciais alimentados por vários transformadores;
c) inserir uma impedância no neutro do transformador, quando se deseja limitar a corrente
monopolar.

A base de qualquer sistema de proteção está calcada no conhecimento dos valores das correntes
de curto-circuito da instalação. Deste modo são dimensionados os fusíveis e disjuntores, e
determinados os valores nominais dos dispositivos e equipamentos a serem utilizados, em função
dos limites da corrente de curto-circuito indicados pelos fabricantes dos mesmos.

Cálculo de uma Corrente de Curto-Circuito


No cálculo das correntes de curto-circuito, utiliza-se uma forma de expressão das grandezas
envolvidas chamada “Per Unit” ou em Português, “Por Unidade” (PU).
O valor de uma grandeza em “pu” é definido como sendo a relação entre esta grandeza e o valor
adotado arbitrariamente como sua base, sendo expresso em um número decimal. O valor em “pu”
pode ser também expresso em percentagem, que corresponde a 100 vezes aquele valor decimal.
Os valores de tensão, corrente, potência e impedância de um circuito são, muitas vezes,
expressos desta forma.
Usando a impedância em (%), a corrente de curto-circuito trifásica é calculada pela fórmula:

100 . In
IK3 =
Z%

IK3 = corrente de curto-circuito trifásica


In = corrente nominal
Z% = impedância em (%)

Exemplo:
Calcular a corrente de curto-circuito na saída de um transformador com as seguintes
características:
Potência = 1.000 kVA
Tensão primária = 25 kV
Tensão secundária = 380 V
Impedância = 4,63%

93 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 93


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Em primeiro lugar calculamos a corrente nominal; sabemos que S = V . I . √ 3 .
Logo,
I=S/V.√3

In = 1.000.000 / 380 . 1,732 = 1.519 A

IK3 = 100 . 1.519 / 4,63

IK3 = 32.815 A

Isso significa que o dispositivo de proteção instalado imediatamente na saída do transformador


(disjuntor ou fusível), deve ter uma capacidade de interrupção superior a essa corrente, operando
na tensão de 380V.

Aterramento
Toda instalação elétrica de alta e baixa tensão, para funcionar com desempenho satisfatório e ser
suficientemente segura contra risco de acidentes vitais, deve possuir um sistema de aterramento
dimensionado adequadamente para as condições particulares de cada projeto.
Um sistema de aterramento visa:
a) Segurança de atuação da proteção;
b) Proteção das instalações contra descargas atmosféricas;
c) Proteção do indivíduo contra contatos em partes metálicas da instalação energizadas
acidentalmente;
d) Uniformização do potencial em toda área do projeto, prevenindo contra tensões perigosas
que possam surgir durante um curto fase-terra.

As normas brasileiras NBR-5410 (Instalações Elétricas de Baixa Tensão), NBR-5419 (Proteção de


Estruturas contra Descargas Atmosféricas), NBR-14039 (Instalações Elétricas de Média tensão de
1,0 kV a 36,2 kV) e NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços de Eletricidade) abordam e
regulamentam as instalações elétricas, incluindo o aterramento.

Perigos da Corrente Elétrica


Os acidentes mais comuns a que estão submetidas as pessoas, principalmente aquelas que
trabalham em processos industriais ou desempenham tarefas de manutenção e operação de
processos industriais, é o toque acidental em partes metálicas energizadas, ficando o corpo ligado
eletricamente sob tensão entre fase e terra.
O limite de corrente suportado pelo indivíduo é de 25mA, em média, para uma freqüência de
60Hz, apesar do sofrimento físico do acidentado. Para corrente contínua esse valor sobe a 50mA.
Foi comprovado também, que, entre um eletrodo seguro com a mão e o solo úmido, uma pessoa
vestindo calça molhada, calçada com sapatos, apresenta uma resistência elétrica entre 1.000 e
2.000 Ω. Nestas condições, o limite de tensão suportável é de 25V para corrente alternada e de
50V para corrente contínua. Estes valores máximos de tensão são os tolerados pela CEI
(Comissão Eletrotécnica Internacional).

94 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 94


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Para a proteção de indivíduos contra desgargas elétricas em instalações de Baixa Tensão, devem
ser empregados os dijuntores do tipo “DR” (Diferencial residual), que detectam fugas de corrente
para a terra.

Elementos da Malha de Terra


Os principais elementos de uma malha de terra são:
a) Eletrodos de terra – geralmente em cobre ou aço cobreado;
b) Condutor de aterramento – interliga os terminais de aterramento à malha de terra;
c) Condutor de proteção – interliga as carcaças dos equipamentos aos terminais de
aterramento.

À malha de terra, devem ser ligadas as seguintes partes do sistema elétrico:


a) Neutro do transformador de potência;
b) Pára-raios de distribuição;
c) Carcaças metálicas dos equipamentos elétricos: transformadores de potência e medição,
disjuntores, capacitores, motores, etc.;
d) Suportes metálicos das chaves fusíveis e seccionadoras, isoladores de apoio,
transformadores de medição, chapas de passagem, telas de proteção, etc.;
e) Estruturas dos quadros de distribuição de luz e força;
f) Estruturas metálicas em geral.

Resistência de Terra
Para um perfeito funcionamento de um sistema de aterramento, sua resistência de terra deverá
estar dentro de certos limites, que são estabelecidos por normas específicas. De uma maneira
geral, considera-se como resistência de terra o efeito de três resistências, a saber:
a) A resistência relativa às conexões existentes entre os eletrodos de terra (hastes e cabos);
b) A resistência relativa ao contato entre os eletrodos de terra e a superfície do terreno em
torno dos mesmos;
c) A resistência relativa ao terreno nas imediações dos eletrodos de terra, denominada
também, de “resistência de dispersão”.

O primeiro componente é de valor desprezível perante os demais e, por isso, não é considerado
no dimensionamento do sistema de aterramento. Na prática, a resistência de terra pode ser
geralmente identificada como sendo as resistências especificadas em “b” e “c”.

95 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 95


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APÊNDICE II
SUBESTAÇÕES ABAIXADORAS – MÉDIA / ALTA TENSÃO

Generalidades
Normalmente as concessionárias de serviço público de eletricidade, estabelecem limites de carga
para o fornecimento de energia elétrica aos consumidores em tensão secundária, ou baixa tensão.
A partir desses limites, há necessidade de instalação de uma subestação abaixadora a qual deve
obedecer aos padrões estabelecidos pela concessionária, para que possa ser aprovada. A
entrada será em média tensão em 13 kV, 25kV, 34kV, ou mesmo em alta tensão, como 138kV.
Por se tratar de uma instalação de alta tensão, devem ser tomadas todas as medidas exigidas
pelas normas específicas. Além disso, todos devem estar cientes de que se trata de uma
instalação perigosa, exigindo medidas e procedimentos de segurança.
Veremos a seguir, de uma forma sucinta, os componentes básicos de uma subestação
abaixadora, de forma a permitir que tenhamos uma visão global do assunto.

12

13 13
Barramento de A.T.

15
14 14

Barramento de B.T.

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(1) – Pára-raios de distribuição
Destinado à proteção de sobretensão provocada por descargas atmosféricas ou por
chaveamento na rede.

(2) – Chave fusível


Equipamento destinado à proteção de sobrecorrente da rede.

(3) – Mufla terminal primária ou terminação


Dispositivo destinado a restabelecer as condições de isolação da extremidade de um
condutor isolado, quando este for conectado a um condutor nu.

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(4) – Cabo de energia

(5) – Transformador de corrente para medição de energia (TC)


Equipamento capaz de reduzir a corrente que circula no seu primário para um valor
inferior, no secundário, compatível com o instrumento registrador de medição (medidores).

(6) – Transformador de potencial (TP)


É um equipamento capaz de reduzir a tensão do circuito para níveis compatíveis com a
máxima suportável pelos aparelhos de medida.

(7) – Medidores de energia

(8) – Chave seccionadora primária


É um equipamento destinado a interromper, de modo visível, a continuidade elétrica de um
determinado circuito. Devido à sua capacidade de interrupção de corrente ser praticamente
nula, as chaves seccionadoras somente devem ser operadas com o circuito a vazio (sem
carga). Existem também, chaves seccionadoras interruptoras, que são capazes de
desconectarem um circuito operando a plena carga.

98 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 98


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(9) – Relé secundário de sobrecorrente
Destinado a proteger o circuito contra sobrecorrentes. O desenho abaixo mostra um relé
tradicional, eletromecânico, que ainda é encontrado em subestações antigas. Hoje existem relés
eletrônicos que desempenham funções múltiplas.

(10) – Disjuntor de potência


É um equipamento destinado à manobra e proteção de circuitos primários, capaz de
interromper grandes potências de curto-circuito durante a ocorrência de um defeito. Pode
ser a óleo, a vácuo ou a gás SF6 (hexafluoreto de enxofre). Este gás deve ser manuseado
somente por pessoas habilitadas por se tratar de um gás causador de efeito estufa.

99 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 99


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(11) – Transformador de potência
Equipamento para reduzir a tensão. Estudado no capítulo 1.

(12) – Relé de Sobretensão


Destinado a proteger o circuito contra sobretensões. Existem relés eletrônicos que
executam esta função juntamente com a proteção de sobrecorrente.

(13) – Relé Diferencial


Funciona comparando a corrente do primário com a do secundário e desliga se houver
alguma diferença entre elas (corrigidas, obviamente, as diferenças inerentes à relação de
transformação). É normalmente usado apenas em transformadores de 138kV ou mais.

(14) – Disjuntor de B.T.

(15) – Banco de Capacitores


Usado para corrigir o fator de potência. Pode ser manual ou automático. Devido à sua
natureza, os capacitores podem acumular carga mesmo depois de desligados. Alguns modelos
incorporam, interna ou externamente, resistores de descarga, mas existe um tempo para que ela
se efetue, e que pode chegar até 5 minutos. Sempre que for manusear ou executar algum
trabalho que envolva capacitores, verificar, antes, se estão descarregados.

Aterramento
Devido à presença de altas tensões, é importante garantir que todos os pontos que possam ser
tocados estejam devidamente aterrados a fim de proteger os indivíduos que estiverem na
subestação. Para reduzir a “Tensão de Toque” e a “Tensão de Contato”, todas as partes
metálicas da subestação devem estar aterradas, incluindo estruturas, equipamentos, painéis, etc.
Para reduzir a “Tensão de Passo”, uma malha de aterramento deve ser instalada no piso da
subestação.
Mais detalhes sobre aterramento e outras proteções podem ser encontrados no capítulo 5 da
norma NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão (de 1 kV a 36,2 kV).

100 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 100
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Procedimentos básicos de segurança em uma subestação e em eletricidade em geral

Uma vez que estamos lidando com níveis de tensão e corrente elevados e que apresentam riscos
para a vida humana, são necessários diversos cuidados e procedimentos de segurança ao
executarmos serviços em subestações ou em eletricidade em geral. Lembraremos aqui alguns
desses procedimentos básicos, porém fundamentais:

1 – Utilizar sempre ferramentas, instrumentos e EPI’s (incluindo a vestimenta de trabalho)


apropriados e certificados pela NR-10;
2 – Jamais executar serviços ou entrar sozinho em uma subestação, sem que haja um outro
profissional observando, da entrada da subestação, a execução do serviço;
3 – Nunca abrir um circuito energizado através de um dispositivo que não seja apropriado para
operação sob carga;
4 – No caso de existirem capacitores para correção do Fator de Potência, verificar se os mesmos
já se encontram descarregados;
5 – Em qualquer caso, mas em particular se existir gerador de emergência ou alguma outra fonte
possível de alimentação, seja ela em AT ou em BT, verificar se o trecho que será alvo do serviço
está completamente isolado à montante e à jusante, a fim de evitar retornos;
6 – Sempre efetuar o aterramento temporário em uma linha de AT, utilizando a vara de manobra,
antes de executar qualquer serviço nela ou mesmo dela se aproximar.
7 – Verificar, com o Detetor de Tensão, operando-o com a vara de manobra, a presença de
tensão na linha, antes de fazer o seu aterramento temporário;
8 – Ao fazer o aterramento temporário, conectar, em primeiro lugar, a extremidade do lado da
“Terra”. Só então conectar a outra extremidade à linha.
9 – Utilizar bloqueios (cadeados, etc.) e colocar avisos de “NÃO LIGAR” nos disjuntores, chaves
seccionadoras, fusíveis, etc., para evitar que a subestação ou o trecho alvo seja energizado
acidentalmente durante a execução do serviço;
10 – Utilizar um documento do tipo “Permissão de Trabalho” para liberação da área onde o
trabalho será executado. Essa permissão deverá ser assinada pelo encarregado ou responsável
da área elétrica e também pelo técnico de segurança da empresa;
11 – Em geral, a seqüência simplificada de operação para se desenergizar uma subestação antes
de nela executar qualquer serviço, é a seguinte:

1 – Desligar o disjuntor de AT;


2 – Abrir a chave seccionadora;
3 – Verificar a presença de tensão utilizando o Detetor de Tensão;
4 – Fazer o aterramento temporário;
5 – Emitir a “Permissão de Trabalho” após a verificação das condições de
segurança do local;
6 – De posse da “Permissão de Trabalho” assinada, executar o trabalho, porém não
sem antes verificar pessoalmente se as condições de segurança são
adequadas.

101 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 101
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Bibliografia:

- A COURSE IN ELECTRICAL ENGINEERING – Chester L. Dawes


- ELECTRIC CIRCUITS – Joseph A. Edminister
- BASIC ELECTRICITY – U.S. Navy, Bureau of Naval Personel
- ELECTRIC MACHINERY AND TRANSFORMERS – Irving L. Kosow
- BASIC ELECTRICITY – Van Valkenburgh, Nooger & Neville, Inc.
- TEORIA DA ELETROTÉCNICA – Alfonso Martignoni
- TRANSFORMADORES – Alfonso Martignoni
- MÁQUINAS ELÉTRICAS DE CORRENTE CONTÍNUA – Alfonso Martignoni
- ELETRICIDADE BÁSICA – Milton Gussow
- FUNDAMENTOS DE ELETROTÉCNICA – P. J. Mendes Cavalcanti
- CÁLCULO DE ENROLAMENTOS DE MÁQUINAS ELÉTRICAS – Nardo T. Muñoz
- CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA – Rômulo Oliveira Albuquerque
- CIRCUITOS EM CORRENTE CONTÍNUA – Marco Cipelli e Otávio Markus
- FUNDAMENTOS DE ELETROMAGNETISMO – Belmiro Wolski
- NOÇÕES DE ELETROTÉCNICA – Senai
- CATÁLOGO GERAL DE MOTORES – WEG
- NORMAS DIVERSAS – ABNT

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ÍNDICE

CAPÍTULO 1 – Magnetismo 3
1.1 - O Ímã 3
1.2 - A Natureza dos Materiais Magnéticos 3
1.3 - Magnetização e Desmagnetização 4
1.4 - Princípio da Inseparabilidade dos Pólos 5
1.5 - Campo Magnético 5
1.6 - Magnetismo Terrestre 5
1.7 - Atração e Repulsão Entre Ímãs 6
1.8 - Fluxo Magnético (φ) 6
1.9 - Intensidade de Campo Magnético (H) 6
1.9.1 – Campo magnético uniforme 7
1.10 - Densidade de Fluxo Magnético (β) 7
1.11 - Permeabilidade (µ) 8
1.12- Permeabilidade Relativa (µr) 9

CAPÍTULO 2 – Eletromagnetismo 10
2.1 - Força Magnetomotriz (Fmm) 10
2.2 - Intensidade de Campo Magnético (H) 10
2.3 - Sentido do Campo em Torno de um Condutor 12
2.4 - Sentido do Campo Produzido por uma Bobina Helicoidal 12
2.5 - Relutância (ℜ ) 13
2.6 - “Lei de Ohm” para Magnetismo 13
2.7 - Circuitos Magnéticos 13
2.8 – Resolução de Circuitos Magnéticos 14
2.9 - Circuito Magnético com Entreferro 15
2.9.1 - Cálculo de um Circuito Magnético com Entreferro 16
2.10 - Força Portante de um Eletroímã 17
2.11 - Métodos para Magnetização ou Imantação 19
2.12 - Curvas de Magnetização 19
2.13 - Histerese 20

CAPÍTULO 3 – Indução Eletromagnética 22


3.1 - Lei de Lenz 22
3.2 - Sentido da F.E.M. Induzida 23
3.3 - Valor da F.E.M. Induzida (Lei de Faraday) 23
3.4 - Indutância 25
3.4.1 - Cálculo de um indutor 26
3.5 - Coeficiente de Indutância Mútua (M) 27
3.6 - Coeficiente de Acoplamento 27
3.7 - Associação de Indutâncias sem indutância mútua 27
3.8 - Associação em série com indutância mútua 28
3.9 - Associação em paralelo com indutância mútua 28
3.10 - Correntes de Foucault 28

103 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 103
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CAPÍTULO 4 – Transformadores 29
4.1 - Necessidade de transformação das correntes alternadas 29
4.2 - O Transformador 29
4.3 - O Transformador Ideal 30
4.4 - Princípio de Funcionamento 30
4.5 - Relação entre a corrente primária e secundária 35
4.6 - Impedância Refletida 35
4.7 - Polaridade dos enrolamentos (Fase) 36
4.8 - Ensaio de polaridade 36
4.9 - Transformadores de vários enrolamentos 37
4.10 - Autotransformadores 38
4.10.1 - Funcionamento em vazio 38
4.10.2 - Funcionamento sob carga 39
4.11 - Identificação dos Terminais 40
4.12 - Transformador Real 41
4.13 - Circuito equivalente de um transformador real 41
4.14 - Rendimento de um transformador 43
4.15 - Regulação de um Transformador 43
4.16 - Ensaios 43
4.17 - Ensaio em vazio da relação de transformação 44
4.18 - Ensaio em vazio das perdas no ferro 44
4.19 - Ensaio de curto-circuito 44
4.20 - Transformação Trifásica 47
4.21 - Principais ligações 48
4.22 - Deslocamento angular 49
4.23 - Transformadores de Potência 51
4.24 - Normas aplicáveis aos Transformadores 52
4.25 - Impedância de um transformador de potência 52
4.26 - Cálculo da corrente de curto-circuito 53
4.27 - Partes de um transformador de potência a óleo 54
4.28 - Placa de identificação 56

CAPÍTULO 5 – Geradores de C.C. 58


5.1 - O Gerador de C.C. 58
5.2 - A conversão de C.A. em C.C. 58
5.3 - Melhorando a saída de C.C. 61
5.4 - A construção do gerador C.C 62
5.5 - Tipos de geradores C.C. 64
5.6 - Geradores de C.C. com excitação em separado 65
5.7 - Geradores de C.C. auto-excitados 65
5.8 - O Gerador Série 66
5.9 - O Gerador Paralelo (ou Gerador em Derivação) 67
5.10 - O Gerador Composto 67
5.11 - Controle da excitação 68
5.12 - Comutação 69
5.13 - Reação do Induzido 69
5.14 - Circuito equivalente de um gerador CC 71
5.15 - Tensão gerada em um gerador CC 72
5.16 - Regulação de tensão em um gerador 73
5.17 - Perdas e Rendimento de uma Máquina CC 73

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CAPÍTULO 6 – Motores de C.C. 75
6.1 - Regra de Fleming para motores 75
6.2 - O Motor elementar C.C. 76
6.3 – A ação do comutador em um motor CC 77
6.4 - Reação do induzido 77
6.5 - Inversão do sentido de rotação 78
6.6 - Força Contra-Eletromotriz 78
6.7 - Variação da Velocidade 80
6.8 - O Motor Paralelo 81
6.9 - O Motor Série 81
6.10 - O Motor Composto 82

CAPÍTULO 7 – Exercícios Propostos 84


7.1 - Transformadores 84
7.2 - Geradores CC 85
7.3 - Motores CC 85

APÊNDICE I – Proteção dos Circuitos Elétricos 86

APÊNDICE II – Subestações Abaixadoras 96

BIBLIOGRAFIA 102

ÍNDICE 103

105 Máquinas Elétricas I – Engº. José Roberto Preira - 4ª Edição - 2014 105
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