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2ª FASE DO EXAME DA OAB - DIREITO PENAL

Aula 05: Aplicação da lei processual penal no espaço.

Alexandre Zamboni

COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA.


Aplicação da lei processual penal no espaço e no tempo.

No espaço:

Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts.
86, 89, § 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130)
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos
nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
- O CPP consagra a adoção do princípio da territorialidade
(locus regit actum). Com isto, teremos a aplicação da lei
processual penal brasileira para os crimes ocorridos em
território nacional e com relação aos atos processuais
praticados em território brasileiro.
Assim, mesmo que um ato processual tenha que ser
praticado no exterior (citação, intimação, interrogatório, oitiva
de testemunha, etc.), a lei processual penal a ser aplicada é a
do país onde tais atos venham a ser realizados.

Na mesma linha, aplica-se a lei processual brasileira aos atos


referentes às relações jurisdicionais com autoridades
estrangeiras que devam ser praticados em nosso país, tais
como os de cumprimento de carta rogatória (CPP, arts. 783 e
seguintes), homologação de sentença estrangeira (CPP, arts.
787 e seguintes), procedimento de extradição (Lei n°
6.815/80, arts. 76 e seguintes), etc.
- Cuidado:

a) para os crimes militares, aplica-se o CPPM;


b) para os crimes de responsabilidade praticados pelo
Presidente da República, ministros de Estado (nos crimes
conexos com os do Presidente da República) e dos ministros
do Supremo Tribunal Federal, não se aplica o CPP;
c) não se aplica o CPP nos casos onde há imunidade
diplomática ou consular.
Exceções previstas em leis penais especiais.

1) O processo e julgamento dos crimes de abuso de


autoridade é regulado pela Lei n° 4.898/65.

2) Os crimes da competência originária dos Tribunais


possuem procedimento específico previsto na Lei n°
8.038/90.
3) As infrações de menor potencial ofensivo, assim
compreendidas as contravenções penais e crimes cuja pena
máxima não seja superior a 02 (dois) anos, cumulada ou não
com multa, submetidos ou não a procedimento especial,
devem ser processadas e julgadas pelos Juizados Especiais
Criminais, pelo menos em regra, com procedimento
regulamentado pela Lei n° 9.099/95.

4) Os crimes falimentares também possuem procedimento


especial disciplinado na Lei n° 11.101/05 (arts. 183 a 188).
5) O Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741/03, art. 94) também
possui dispositivos expressos acerca do procedimento a ser
aplicado aos crimes ali previstos.

6) A Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/06) também


estabelece dispositivos processuais penais específicos
quanto às hipóteses de violência doméstica e familiar contra a
mulher.
7) A Lei de drogas (Lei n° 11.343/06) traz em seu bojo um
capítulo inteiro dedicado ao procedimento penal, prevendo
expressamente a possibilidade de aplicação, subsidiária, do
Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal (art.
48, caput).

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