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Sentir (-se bem)

a permissão dos sentidos

Cláudia Pinheiro

Julho 2006
Introdução

O título – Sentir (-se bem), a permissão dos sentidos – sintetiza a ideia base, o
fio condutor deste Trabalho Final do Curso de Massagem Biodinâmica.

Como a Massagem Biodinâmica, valorizando a experiência sensorial, contribui


para a paz e o Bem-estar na nossa sociedade, seria um possível subtítulo,
dado que representa a questão subjacente ao trabalho.

É frequente depararmo-nos com o sofrimento mudo de familiares e amigos ou


com o semblante pesado de muitas pessoas com quem nos cruzamos nas
ruas. De uma maneira geral, assistimos com preocupação à degradação do
estado de saúde das sociedades humanas, à falta do Amor Fundamental.

Às pessoas que procuram a Massagem Biodinâmica é proposto o alívio através


da permissão dos sentidos: permitir-se sentir o toque mas também a emoção,
através do sorriso, do choro, de uma oportunidade de soltar e deixar acontecer.
O objectivo deste convite é fazer fluir a energia vital da pessoa, equilibrando,
harmonizando, e restabelecendo assim a saúde – o seu bem-estar original.
Esta atitude constitui uma das diferenças mais visíveis e profundas, quando a
Massagem Biodinâmica é comparada com outros tipos de massagens e de
terapias psico-corporais.

Esta Reflexão teórica procura as condições básicas e essenciais, a origem


dessa “atitude Biodinâmica” (a permissão dos sentidos), cujo objectivo (Sentir-
se bem – promover a saúde) é atingido através do convite a entrar num
relacionamento seguro (sentir – tanto a nível corporal como emocional).

O ponto 1- O toque alimenta o bebé, descreve como a vivência plena da


dimensão sensorial da pessoa humana, está directamente relacionada com a
qualidade da sua vinculação (a relação físico-emocional com a figura materna)
no início da vida.

Partindo da observação da evolução da humanidade desde as sociedades


matriarcais, o ponto 2- Resgatar o princípio feminino, apresenta a importância
de recuperar o feminino para uma sociedade mais sensorial, saudável e
amorosa.

O ponto 3 – Uma oportunidade de ser, analisa como a Massagem Biodinâmica,


relacionando as duas ideias anteriores (essenciais para uma sensorialidade
individual e social gratificantes), contribui para ajudar as pessoas a recuperar o
seu bem-estar original.

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1- O toque alimenta o bebé

“Os delicados inícios da vida são de grande importância. São o


fundamento do bem-estar da alma e do corpo. Gostaria de lhes pedir
o apoio a esses esforços. Precisamos de paz sobre a terra – paz que
começa no ventre da mãe.” Eva Reich

Cada vez mais se reconhecem as aptidões sensoriais do feto, já que têm vindo
a ser confirmadas por diversos estudos científicos realizados nas últimas
décadas: ele recebe informações através de todos os sentidos, reage a essas
informações e memoriza-as. Estas percepções estimulam e afinam o
desenvolvimento dos órgãos dos sentidos e o cérebro, e constituem também
aquisições precoces que favorecerão o despertar e a adaptação da criança ao
mundo.

Entre a mãe e o seu bebé estabelecem-se desde muito cedo trocas


importantes intra-útero. Para além das trocas realizadas pelo órgão altamente
especializado que é a placenta, que exerce uma função extraordinária na
escolha e quantificação de nutrientes, e na eliminação dos produtos restantes,
as trocas psico-afectivas alimentam as necessidades de ternura, de afeição e
de humanidade que o pequeno feto já demonstra. Ao adoptar uma atitude
positiva e estabelecendo com o ser em crescimento um vínculo de amor
crescente e reconfortante, a mãe vai proporcionar-lhe o melhor
desenvolvimento possível, no seio do processo natural da gravidez, de acordo
com a própria dinâmica do bebé e as potencialidades contidas no seu material
genético.
O nascimento é uma experiência extremamente importante para a formação do
ser humano. Quanto mais humanizado for o nascimento, melhor para a criança,
melhor para os pais e melhor para o mundo. Ao nascer, a criança tem uma
percepção muito intensa de tudo o que acontece, e grava tudo na sua memória
sensorial. Se passar por um processo violento ou de indiferença, a primeira
sensação da vida que ela retém é de sofrimento, é negativa.
Numa situação normal o processo do nascimento, apesar de ser uma
experiência muito marcante e extenuante para o bebé em termos físicos, não é
dolorosa, ele deseja-o ardentemente e participa nele como sujeito activo. A
unidade entre a mãe e o bebé é particularmente intensa no momento do parto.
Quanto mais a mãe (em sintonia com o bebé) puder seguir os impulsos e
ritmos naturais do seu corpo, mais pleno e bem sucedido será esse momento.
É assim essencial que o nascimento seja realizado num ambiente acolhedor e
íntimo.

Michel Odent explica deste modo a desumanização ou violentação do


nascimento em termos de evolução humana:

“Desde a altura em que a estratégia básica da sobrevivência da


maior parte dos grupos humanos era dominar a Natureza e dominar
outros grupos humanos, foi uma vantagem tornar os seres humanos
mais agressivos e capazes de destruir a vida.
Por outras palavras, foi uma vantagem perturbar os processos
fisiológicos no período do nascimento, particularmente na terceira

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fase do trabalho de parto, que é hoje em dia considerada crítica no
desenvolvimento da capacidade de amar. Foi uma vantagem
moderar a capacidade de amar, incluindo o amor à Natureza, ou
seja, o respeito pela Mãe Terra.
Ao longo dos milénios tem havido uma selecção de grupos humanos
segundo o potencial de agressão que apresentam. Todos somos
frutos dessa selecção.
Hoje precisamos mais do que nunca das energias do Amor. Todas as
crenças e rituais que desafiem o instinto maternal protector e
agressivo estão a perder as vantagens evolucionárias. Temos novos
motivos para perturbar os processos fisiológicos o menos possível.
Temos novos motivos para redescobrir as necessidades básicas das
mulheres em trabalho de parto e dos bebés recém-nascidos.”

Após o nascimento, o bebé relaciona-se ao mesmo tempo com o novo mundo


e, na sua experiência referencial, com "o mundo antigo" intra-útero, totalmente
contido e nutrido numa existência fusional. É através da qualidade da relação
fisico-emocional da unidade mãe-bebé que esses dois mundos serão ligados
harmoniosamente (bonding). As experiências positivas vividas nesta fase
contribuem em grande medida para que a criança tenha mais facilidade para
aprender a amar e a desenvolver de modo saudável a sua personalidade.

O feto vem de um sistema ideal de sobrevivência e nutrição, a unidade


simbiótica original com o organismo materno.
No momento do nascimento, ele é confrontado com a necessidade de inspirar
para sobreviver. A somar ao choque que esta experiência lhe causa, o bebé
experimentará depois uma quantidade de novas sensações físicas que poderá
interpretar como ameaçadoras para a sua sobrevivência. Dado que nesta fase
o sistema nervoso não está de todo formado, as sensações vividas não são
elaboráveis intelectualmente. Estas sensações são registadas na própria
memória celular e ficam guardadas no que podemos chamar de memória
sensorial.

À medida que vai crescendo, e enquanto na “memória dos sentidos” se vão


acumulando registos, o bebé entra no seu segundo estágio de
desenvolvimento – a dimensão emocional (entre os seis meses e os seis anos
de idade). A partir daí o bebé, munido do seu frágil corpo físico ainda em
formação, começa a aventurar-se na experiência da relação com os outros, e a
descobrir os sentimentos e as emoções. A carga existente na memória
sensorial do feto/bebé, onde ficam os registos da sua vivência desta fase da
vida, vai moldar também o crescimento físico da criança. Existe uma clara
interacção entre a dimensão física e a dimensão emocional, pelo que só por
meio do corpo e da emoção se terá acesso a essas recordações.

“Se os bebés berram quando acordam não é porque a fome os


atormente. Eles não morrem de inanição. Eles estão aterrorizados
pela novidade da sensação. Por essa coisa qualquer que assume
imensas proporções justamente porque o mundo exterior está morto.
É preciso alimentar os bebés. Sem dúvida alguma. Alimentar a sua
pele tanto quanto o ventre.” Frédérick Leboyer

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Enquanto na fase pré-natal, o feto é nutrido através do sangue da mãe, depois
de cortado o cordão umbilical a criança é obrigada a absorver pelos seus
próprios meios os nutrientes que recebe através do seu alimento. É através
desta interacção que se constrói o vínculo, o afecto e o amor tão necessário
para o nosso crescimento somático, desenvolvimento pessoal/espiritual e o
exercício da nossa plena maternidade/paternidade.

A amamentação é uma das fases mais significativas na vida do ser humano. O


toque da mãe é o primeiro que a criança recebe no útero, o feto é carregado,
envolvido... Em seguida, enquanto a mãe amamenta o bebé, ela pega na
criança, leva-a de encontro ao seio e envolve-a nos seus braços, há o contacto
da boca do bebé com o mamilo da mãe; ele começa a mamar graças a um
movimento reflexo de sucção sem, no início, se sentir ainda diferenciado da
sua mãe. A partir do momento em que o bebé tira o leite, torna seu o leite da
sua mãe, ele constrói a sua própria existência separando-se da mãe
progressivamente.

A pele é o mais extenso órgão dos sentidos do corpo, e o sistema táctil é o


primeiro sistema sensorial do bebé a tornar-se funcional. No quadro de uma
relação segura, e de um contacto físico útil da mãe, o bebé é conduzido a
diferenciar uma interface – a pele – como uma membrana. Aos poucos, ele vai
tomando consciência dos limites do seu corpo, vai-se permitindo a distinção do
externo e do interno, vai formando a experiência de um “continente”. O
elemento pele, sendo de ordem orgânica, exerce ao mesmo tempo a função de
continente que envolve o aparelho psíquico.
É através dos cuidados maternos, e toques cheios de afecto, que esta função é
desenvolvida, garantindo ao bebé a integridade do seu envelope corporal.

Um recurso para o toque é a massagem em bebés. Segundo o médico obstetra


Fréderick Leboyer, que trouxe os ensinamentos da massagem denominada
Shantala da Índia para o ocidente, esta é uma arte hindu tão antiga quanto
profunda. A massagem transmite o amor intuitivo e primordial contido no toque,
é a troca energética.

Segundo Eva Reich existe uma dimensão espiritual no toque quando aplicado
à prática da massagem do bebé. Segundo esta pediatra e psicoterapeuta a
massagem do bebé oferece aos pais a possibilidade de entender e apoiar o
suave processo da livre pulsação Bioenergética do seu bebé. Deste processo
depende a capacidade de auto-regulação da saúde presente e futura da
criança.

Os movimentos expressivos do corpo do bebé traduzem também uma função


primitiva e essencial de comunicação, de troca, são um modo de relação. O
seu corpo, através do tónus muscular, está ligado inseparavelmente à sua
vivência afectiva. A função tónica do corpo do bebé é o tecido com o qual ele
se liga ao mundo e primeiro à mãe. São movimentos faciais e movimentos de
todo o corpo que se vão moldando, para traduzir conforto/ desconforto,
demanda/ satisfação, prazer/ desprazer, criando um código corporal, em
função das reacções positivas ou negativas da mãe.

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A comunicação estabelece-se na origem através da linguagem corporal, e a
função psíquica apoia-se e desenvolve-se a partir da vivência corporal.
O contacto físico, o 'carregar', os gestos para nutrir, para banhar a criança, são
gestos técnicos, certamente indispensáveis, mas não suficientes à
sobrevivência da criança, faltando-lhes, digamos a intenção, isto é, um gesto
focalizado, condutor de amor, de desejo, de ansiedade... para com ela.
Só assim se cria uma fusão através da união corporal, onde cada um sente o
outro e se sente existir pelo corpo do outro.

O poder das mãos é incontestável, o tacto dissolve todas as tensões, é calor


humano; é a manutenção, o aconchego, e o conforto necessários para que o
pequeno novo ser possa sentir-se amado, querido e protegido.

Na década de vinte nos Estados Unidos a taxa de mortalidade para bebés com
menos de um ano em diversas instituições e orfanatos era muito próxima dos
cem por cento. O Dr. Fritz Talbot, de Boston, lançou a ideia do "Cuidado Terno
e Amoroso" que surgiu após uma visita a uma clínica de crianças em
Dusseldorf, depois da Segunda Gerra Mundial. Talbot ficou muito
impressionado com o método que era usado, com muito sucesso para a
recuperação de crianças que não respondiam aos tratamentos médicos.
Apesar da clínica manter um determinado padrão de higiene e beleza, aquelas
crianças eram entregues aos cuidados de uma ama, que cuidava delas com
carinho mantendo-as próximas do seu corpo.
Em pesquisas realizadas nos anos seguintes, tornou-se evidente que a causa
de alta mortalidade infantil estava relacionada com a falta de amor e de toque
das crianças órfãs, mesmo que se tivessem superado as dificuldades de
privação material.

O facto de um terço dos bebés prematuros e com baixo peso, que no mundo
correspondem a vinte milhões de nascimentos por ano, morrer antes de
completar um ano de vida, levou muitos estudiosos a pesquisas e discussões
permanentes. Um modelo eficaz de atendimento a estes bebés, que se
denominou de método “Mãe Canguru, assenta no contacto da pele do bebé
prematuro com a pele da sua mãe. O recém-nascido é retirado da incubadora e
permanece ao colo da mãe, com a cabeça encostada ao seu coração.
Observou-se que este procedimento favorece os batimentos cardíacos, a
temperatura e a respiração do bebé, além de mantê-lo inclinado, impedindo o
refluxo do alimento para o pulmão. Ao permitir um maior contacto com a mãe
vai ainda promover o aleitamento materno.

Segundo as investigações de Michael Meaney, do Douglas Hospital Research


Centre em Montreal, publicados este ano:

“Há importantes modificações químicas em redor do ADN dos recém-


nascidos desde que entram em contacto com a mãe. O toque da
mãe imprime uma marca particular no organismo do bebé, marca
essa que permanece no futuro adulto”.

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No seu projecto de investigação MAVAN (Maternal Adversity Vulnerability and
Neurodevelopment), Meaney vai estudar durante os próximos cinco anos essa
marca, que consiste numa resistência acrescida ao stress e à ansiedade
activada pela dedicação materna na infância. O que se observaram até agora
foram subtis modificações químicas que se produzem em redor da sequência
do ADN, e que são como pequenos interruptores que controlam a actividade
dos genes. Constatou-se assim que existe a possibilidade de que haja traços
de carácter de um adulto que possam ter sido determinados, não pelos genes
herdados, mas pelo impacto dos comportamentos maternos sobre os genes.

Estamos deste modo a chegar a uma evidência científica de que, ao contrário


do que costuma ser uma opinião generalizada, a dedicação materna, para além
de boa e reconfortante, é mesmo vital:

O colo não estraga, constrói um indivíduo e uma sociedade mais pacíficos.

Geny de O. Cobra no seu trabalho - Cem anos de Wilhelm Reich, questiona-se:


“De que forma é que nós, seres femininos, podemos contribuir para uma
ecologia humana?” Refere ela, que Wilhelm Reich no seu livro - As Crianças do
Futuro -, nos coloca a sua preocupação com o futuro da humanidade, pondo
nas mãos dos pais, e principalmente das mães, um caminho de mudança das
gerações futuras.

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2- Resgatar o princípio feminino

A nossa cultura e sociedade actual são extremamente violentas. A


agressividade está presente na relação do homem com a natureza e com o
próprio Planeta, nos indivíduos em si, e nos relacionamentos. A fragilidade das
relações entre homem e mulher é preocupante, enquanto a mulher luta ainda
por ser reconhecida como sujeito. Assiste-se à derrocada da família. Todos se
sentem desgovernados.

Falta a dimensão feminina na nossa vida espiritual e psicológica, perdemos a


ligação interior com o poder outrora conhecido como a Grande Mãe de todos,
falta o Amor Fundamental.

A sensorialidade, a faculdade de sentir em todos os seus aspectos, contribui


para uma evolução segura do ser humano, e a inibição da sensorialidade está
relaciona com o aumento da agressividade. O indivíduo que não consegue
viver a sua dimensão sensorial tende a ser mais agressivo.

Na antiguidade (até cerca de 3 000 a.C.) as sociedades humanas eram


baseadas na liberdade e na sensorialidade. Essas sociedades primitivas,
chamadas “sensoriais” eram sociedades matriarcais isto é materlineares, em
que a descendência é determinada pela mãe.

Nessa época a fertilidade da terra, os ciclos da lua e a mulher estavam


interrelacionados. A mulher, sendo quem dá à luz, dava a vida e era admirada
e respeitada por isso. Para o homem de então, a referência mitológica era
feminina, era a Deusa-Mãe.
Estas sociedades eram pacíficas, a base das suas relações eram os sentidos e
os sentimentos, nomeadamente, a sexualidade, considerando-se a actividade
sexual no contexto de liberdade e expressão da natureza mais íntima do ser
humano.

Nas sociedades matriarcais a divindade suprema era concebida como a


“Deusa-Mãe de muitos nomes”, conforme a designação de Robert Graves, no
livro The Greek Myths, já que continha em si todas as possibilidades da
existência: vida, morte, juventude, velhice, sabedoria – e também o masculino
e o feminino.
A Grande Mãe, como arquétipo universal implícito naturalmente nas mulheres e
homens daquelas sociedades, e vinculado à sabedoria do princípio feminino da
consciência humana, cultiva qualidades como a criatividade e inspiração, a
paciência e a passividade desperta e sensitiva, a necessidade de acalentar e
cuidar, os aspectos do erotismo e da sexualidade, o que impele à união e à
proximidade humana, os impulsos de absorver e de reproduzir e duplicar, e o
conhecimento da real delicadeza e profundidade do ser.

Um antropólogo polaco, Bronislaw Malinowski, estudou, na década de 1920,


uma sociedade matriarcal (sensorial) que ainda existia bastante intacta na ilha
de Trobriand, Nova Guiné. Ele observou que sem as restrições impostas por
uma cultura repressora e castradora, o homem expressava espontaneamente
as suas necessidades. A boa saúde, psíco-emocional e física, dessa sociedade

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era o resultado da manifestação plena da sexualidade, da expressão artística,
da expressão filosófica-religiosa e da sensorialidade como um todo (prazer do
tacto, do paladar, das relações humanas, da audição e da visão). É, para nós,
difícil de estimar o profundo grau de confiança na vida que esses povos antigos
devem ter sentido.

Foi a partir da época dos romanos que, como explica Michel Odent, a evolução
humana enveredou por uma estratégia básica para a sobrevivência que
consistia em dominar a Natureza e dominar outros grupos humanos, havendo
vantagem em tornar os seres humanos mais agressivos e capazes de destruir
a vida. Nessa fase, que dura até aos nossos dias (que podemos chamar de
patriarcal), houve vantagem em moderar a capacidade de amar, incluindo o
amor à Natureza, ou seja, o respeito pela Mãe Terra.

Na sociedade pré-patriarcal o controle das forças da natureza não era


questionado, e não havia a consciência da separação entre o indivíduo e o
todo.
“O matriarcado abrange tanto o princípio masculino quanto o
feminino, numa unidade indiferenciada. A sua derrocada é a
precondição da separação e desenvolvimento dos dois princípios na
consciência humana. Sem o seu massacre o ulterior
desenvolvimento do entendimento teria sido paralizado, pois no
abraço incestuoso da Grande Mãe a humanidade teria permanecido
um prisioneiro inconsciente dos hábitos da natureza, nunca o seu
colaborador consciente.” Sukie Colegrave(1979)

Ao longo da história, com a progressiva implantação da cultura patriarcal, essa


harmonia foi sendo substituída pela ambição de domar e ordenar a natureza
por meio do entendimento, em busca de independência, autonomia e liberdade.

Quando o homem se inteirou que a semente, que germinava no ventre da


mulher para o nascimento de um novo ser provinha dele, entendeu-o como
razão para uma relação de autoridade e poder sobre a mulher.
A cultura judaico-cristã com a sua atitude de expurgar tudo o que estivesse
relacionado com a expressão da sexualidade, acabou por conduzir a, como
afirma Roger Woogler,

“…quase dois mil anos de culpa e repressão em torno das funções


do corpo humano, uma repressão colectiva que nos levou
directamente ao triste caos em que paira hoje a nossa sexualidade.”

Jean Shinoda Bolen (1995) descreve deste modo como admite que, apesar da
repressão, a memória da Deusa-Mãe ainda perdura:

“Uma mulher não tem que ser uma mãe biológica para se tornar
numa iniciada na faceta maternal da Deusa: isso vem-lhe da sua
natureza materna encarnada e feminina – por meio da qual sente o
seu parentesco com as mulheres, os animais, e a Natureza. A psique
reside-lhe no corpo e a sabedoria brota-lhe de um conhecimento
instintivo de como usar as mãos e o corpo para mitigar, confortar ou

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se encarregar de uma situação que o exija. Algures nas nossas
almas, lembramos uma época em que a divindade era chamada
Deusa-Mãe.”

As mulheres chamadas de curandeiras, pitonisas, mulheres de virtude ou


magas são herdeiras de umas das facetas individualizadas da Deusa-Mãe.
Consoante essas faculdades correspondessem ou não aos interesses da
ordem estabelecida – o patriarcado, elas eram consideradas "boas" ou "más".
Em relação aos mistérios femininos, refere ainda Jean Shinoda Bolen:

“Existe uma memória colectiva, do tempo das perseguições e das


fogueiras, que torna as mulheres ansiosas quando descobrem as
suas experiências sagradas e acham as palavras para as designar.
Na medula da nossa experiência feminina colectiva sabemos que há
riscos.”

Tendo sido descriminada e negada na sua autonomia e liberdade, e até


diminuída pelo seu corpo feminino, a própria mulher foi abandonando as suas
características específicas, para se fundir no projecto masculino e se identificar
cada vez mais com os valores característicos do homem – razão, hierarquia,
domínio.

O processo de despersonalização do princípio feminino e da mulher foi-se


estabelecendo nas sociedades humanas. (Ver poema no final)

Hoje são mulheres, quem procura em maior número os programas de


desenvolvimento pessoal e as terapias de auto-conhecimento, o que sugere
que elas não se revêem onde estão, elas procuram a sua essência.
A mulher está a ser convidada a mergulhar no seu inconsciente e a procurar
cada vez mais resgatar os seus próprios valores ancestrais, para lhe servirem
de descanso, para darem rumo à sua condição de Ser feminino num corpo
feminino, confirmando-lhe que não precisa de competir com o homem para se
sentir valorizada.

“Temos observado na nossa prática clínica com mulheres, que à


medida que se restabelece o desbloqueio emocional e bio-
energético, e por consequência a auto-percepção corporal se
processa, ocorre a consciência das expressões femininas e essas
mulheres tornam-se mais produtivas e mais potentes.”
Geny de O. Cobra, (1997).

Assistimos durante os últimos séculos a uma profunda desarmonia entre as


forças vitais masculinas e as femininas – energias arquetípicas fundamentais
que nutrem e inspiram cada um de nós. Os aspectos masculinos - liberdade,
razão, domínio e acção, predominam em desfavor dos femininos - inter-
relacionamento, nutrição, emoção, imaginação e intuição.
Quando o feminino, com o seu papel sábio e distinto, ocupar o seu lugar ao
lado do masculino, criando uma unidade em que ambos os aspectos têm
expressão, a nossa sociedade lucrará pela participação construtiva,
direccionada, lúdica, intensa e profunda das suas mulheres e homens.

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“O desequilíbrio entre as polaridades, masculina e feminina, priva a
nossa cultura e a nossa vida individual, da sua plenitude e riqueza
fundamentais, pondo em risco a qualidade da vida como um todo,
mesmo quando procuramos melhorá-la”. Sukie Colegrave(1979)

Resgatar o amor-próprio da mulher, valorizando a sua consciência feminina


encarnada, é importante para deixar emergir o Amor Fundamental para com os
outros e para com a Natureza.

A gente não lê
Ai Senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
E rezar a Deus que nos guarde
Confiar-lhe o destino nas mãos
Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialecto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais
E do resto entender mal
Soletrar, assinar em cruz
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por trás da luz
Ai Senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Agente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezíria
De boca em boca passando o saber
Com os provérbios que ficam na gíria
De que nos vale essa pureza
Sem ler fica-se pedreneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entende-los à nossa maneira
Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
Mas não negar a tradição
Que dos nossos avós já vem
De Carlos Tê e Rui Veloso, cantado por Isabel Silvestre.

Lêem-se aqui sentimentos como a resignada melancolia e a baixa auto-estima,


presentes nas pessoas que, vivendo sintonizadas com as facetas reprimidas da
Deusa – da ligação à natureza, ao poder da tradição, ao oculto/divino, ao
maternal – são obrigadas a desvalorizar esses seus impulsos pela
necessidade, que a nossa actual cultura lhes impõe, de elevar a todo o custo
apenas aquela faceta civilizacional, intelectual e competitiva da Grande Mãe.

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3- Uma oportunidade de ser

“O feminino é o princípio da relação, ele nutre e abarca todas as


coisas dando-lhes protecção e apoio indiscriminados, tornando-se
assim resplandecente, brilhante. A sua característica essencial é a
alegre aceitação,”

afirma Sukie Colegrave no seu livro Unindo o Céu e a Terra, citando Karl
Gustav Jung. Esta curta definição do princípio feminino é muito coincidente
com a descrição da “atitude Biodinâmica”, do massagista para com o cliente.

Num mundo ideal, a nossa mãe é o protótipo da pessoa com quem nos
sentimos seguros sem nos sentirmos observados nem julgados. É sinónimo de
necessidade primária e de conforto do domínio terreno, encarnado, emocional
e instintivo.
Criar um vínculo seguro com o bebé, amando-o e respeitando-o, como um ser
completo e consciente, representa o Amor Fundamental que o vai beneficiar
para toda a sua vida futura. Os gestos de ternura, estabelecidos através do
toque corporal, desde a concepção, proporcionaram ao indivíduo um
desenvolvimento mais completo, mais humano.

Na Massagem Biodinâmica são gestos amorosos, estabelecidos principalmente


através do contacto corporal, que ajudam a restabelecer o equilíbrio saudável
do organismo como um todo, nos seus níveis físico, energético, e psico-
emocional. O toque é aqui utilizado como um instrumento terapêutico de
construção de um relacionamento para a transformação dos aspectos falhados
da experiência de vinculação do cliente com a sua mãe (entendida em termos
latos, tanto da sua mãe pessoa como da mãe ambiente).

Não significa isto que não existam também na Massagem Biodinâmica,


técnicas com um efeito vitalizante, tipo “paternal”, que (re) activam a força e a
identidade na pessoa a fim de que possa agir e enfrentar o mundo.
Qualquer que seja o caso, o massagista convida o cliente a um relacionamento
terapêutico seguro, um vínculo maternal, baseado na abundância de espaço
para sentir e se emocionar (ser), e também na permissão de seguir e confiar
nos seus movimentos espontâneos e instintivos.

“O toque biodinâmico centra a pessoa sobre si mesma; respeitoso e


sensível, permite à pessoa massajada perceber seu esquema
corporal e suas sensações cinestésicas, mais ainda, graças à
qualidade da intenção terapêutica de despertar os afectos, de
exprimir os sentimentos e de tomar consciência das imagens
inconscientes que os acompanham, este toque leva então a pessoa
a ver e sentir o mais profundo de si mesma. “
Jacqueline Besson (1991)

“Através da Massagem Biodinâmica o cliente pode tomar consciência


do seu mundo interior, da sua riqueza e singularidade.

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Gradualmente o cliente torna-se também, consciente dos seus
movimentos internos, do ritmo do seu "oceano interno" e finalmente
do ritmo do oceano cósmico do qual faz parte. Ao mesmo tempo vem
a percepção do prazer de estar vivo, um sentimento de força e
celebração.
O cliente, aqui, está a tomar consciência de si mesmo; de si mesmo
vivendo como um corpo, como carne em forma própria, vivificado e
movido por sua própria energia. Em última instância, isso significa
compreender-se como um espírito encarnado.”
Clover Southwell

O cliente sentirá a confiança suficiente para se entregar ao processo de cura,


na medida em que o terapeuta lhe dê indícios de que está suficientemente
aberto, sincero e amoroso – a mãe suficientemente boa.
Glória Cintra (2000), no seu trabalho, Gerda Boyesen, a mãe suficientemente
boa descrita por Winnicott, explica deste modo este conceito:

“Para Winnicott (1983), “A mãe suficientemente boa é monótona e


adapta-se activamente aos ritmos e às necessidades do bebé (na
medida em que a criança é quase uma parte dela mesma), sem se
ressentir por isso. Ela cria um ambiente emocionalmente estável e
protegido de excessos de estímulos sensoriais (luz, som,
temperatura, movimentação, etc.), evitando choques” – ou o reflexo
de susto que, para Gerda (1986), é o que perturba a circulação
libidinal, gerando padrões de stress e as couraças como forma de
defesa.
Assim, também, o terapeuta suficientemente bom é o que contém e
mantém a linha de continuidade do processo terapêutico do paciente,
por intermédio da sua integridade psicossomática, da confiança que
oferece e da constância tanto das suas atitudes quanto ao setting.”

Partindo desta “atitude biodinâmica” de aceitação incondicional de tudo, tanto


dos aspectos mais sombrios (medo, morte, sofrimento e dissociação), como
dos mais iluminados (abertura à espiritualidade, consciência, vida), o terapeuta
pode funcionar como um espelho. Ela devolve à pessoa a sua imagem para
que ela enxergue aquilo que não conseguia ver em si e assim atinja o auto-
conhecimento que procurava – uma ajuda para a auto-ajuda.

Boyesen trouxe para a psicoterapia uma grande contribuição ao unir


as suas descobertas sobre o funcionamento emocional/corporal, ao
propor uma forma original e eficiente de intervir nesse
funcionamento, a partir de uma postura que privilegia os recursos do
cliente. Toda a sua proposta de trabalho é coerente com a ideia de
que tendemos ao crescimento, de que somos capazes de auto-
regular-nos e de que ao organismo devem ser dadas condições
externas favoráveis à actualização desta capacidade. Boyesen
recupera para as psicoterapias corporais o valor do encontro sobre a
técnica ou, dito de uma outra forma, a técnica ao serviço da
qualidade da relação. Vera Iaconelli (1997)

Curso de Massagem Biodinâmica, Asas e Raízes, Porto, Portugal 13/16


Cláudia Pinheiro Julho de 2006
O ponto de vista da Biodinâmica não é o da observação da doença, mas do
paciente visto como uma pessoa total na sua individualidade, e no seu
potencial de cura.

“Tanto Winnicott como Gerda mantêm com seus pacientes uma


intimidade que cura, um amor que leva à sobrevivência e a um viver
melhor. Ambos, têm uma visão bastante positiva do ser humano,
acreditando que existe algo de intrinsecamente belo dentro de cada
pessoa, denominando isso personalidade primária ou verdadeiro self.
A ênfase do trabalho de ambos não é sobre a patologia, mas sobre a
possibilidade de actualização dos potenciais humanos e de
amadurecimento emocional através do processo terapêutico.”
Glória Cintra (2000)

“Existem técnicas mais ou menos padronizadas de tratamento, que


têm a sua lógica e a sua fundamentação na experiência. Entretanto,
as regras gerais muitas vezes não se aplicam, dada a enorme
diversidade que caracteriza o ser humano. Desta maneira, nada
substitui a sintonia e o diálogo verbal e não verbal com cada pessoa
atendida, pois ela pode ser muito bem ser uma excepção à regra
geral.” Ricardo Amaral Rego

A “presença inteira” do massagista, a forma afectiva, tolerante e não-invasiva


como está em contacto e em sintonia com o cliente é determinante para o
sucesso da relação terapêutica. Esta presença implica também a ACEITAÇÃO
com letra maiúscula, isto é, sem expectativa, sem ansiedade, sem julgamento e
com amor. Na formação que deu em Portugal em 2003, Gerda Boyesen disse
como explicação à sua exemplificação da terapia biodinâmica: “It’s all right to
love” (amar é permitido, e está indicado neste contexto terapêutico).

Naturalmente que, na medida em que o massagista tiver os suas próprias


questões e medos resolvidos, maior será a sua disponibilidade para acolher “as
feridas” do seu cliente. Isto porque o cliente se sentirá invadido se se identificar
com “as dores” do terapeuta (recebe-as como ameaçadoras), inibindo o seu
próprio processo de cura.

A “atitude Biodinâmica” consiste assim de uma atitude maternal, amorosa, em


que o terapeuta está disponível para a pessoa, criando um relacionamento com
ela, de modo que ela sinta que tem a liberdade de fazer e pensar tudo aquilo
que quiser fazer ou pensar.
Esta perspectiva é de uma atitude terapêutica transformadora em que a
transformação vem de dentro, o terapeuta apenas a ajuda a nascer.

“A postura básica do terapeuta é de permissão, confiando


plenamente na força de auto-cura do cliente. Boyesen várias vezes
comparou a função terapêutica com a de uma parteira.”
Sandner (1994)

Na imagem da parteira, como uma mulher experiente, sábia (no francês a


“sage-fêmme”) é ilustrada a ideia de que na Biodinâmica importa essa postura
feminina e essa sabedoria intuitiva e profundamente distinta do padrão
masculino que é por definição racional, directivo e controlador.

Curso de Massagem Biodinâmica, Asas e Raízes, Porto, Portugal 14/16


Cláudia Pinheiro Julho de 2006
Conclusão

“O tema do retorno da Grande Deusa e de seu consorte é


encontrado repetidamente nos sonhos e fantasias inconscientes
daqueles que buscam ajuda psicológica para superar o
entorpecimento de suas vidas. A arte, o cinema, a literatura e as
agitações políticas também reflectem cada vez mais essa mesma
dinâmica. As mudanças que ela exige implicam um novo
entendimento da masculinidade e da feminilidade – no homem, na
mulher e nas relações entre os sexos – bem como novas
concepções de realidade.”
Edward C. Whitmont, Return of the Goddess

Olhando em volta, deparamo-nos com muitos sinais evidentes da procura


generalizada e crescente de sensorialidade.
Nos meios de comunicação, nas artes, na literatura, na política e na
investigação referem-se cada vez mais os sentidos, as emoções
(nomeadamente no trabalho de António Damásio). Há cada vez mais a
necessidade de resgatar esta temática para a nossa cultura e consciência
social, assiste-se ao ressurgimento do princípio feminino.

Permitir-se sentir é de facto uma necessidade premente.


Com a reverência exclusiva ao princípio paterno acabamos por provocar
graves danos à nossa saúde individual e colectiva, além da saúde do nosso
corpo e a do próprio planeta. Na nossa sociedade actual falta o colo da Grande
Mãe para uma vida individual e social mais pacífica e feliz.

Com a permissão dos sentidos a Massagem Biodinâmica contribui para


preencher essa lacuna, valorizando a experiência da sensorialidade, do amor-
próprio, e a partir daí, do Amor Fundamental para com os outros seres
humanos e a Natureza.

Actuar junto das pessoas numa “atitude biodinâmica”, nomeadamente a nível


da gravidez, nascimento e da primeira infância, é um modo de participar na
prevenção precoce das agressões e interferências à vivência plena da
dimensão sensorial, e à construção mais saudável da personalidade.

“Estamos hoje no séc. XXI, numa altura em que a Humanidade tem


de inventar estratégias de sobrevivência radicalmente novas:
estamos a chegar a uma percepção dos limites das estratégias
tradicionais. Temos de levantar novas questões, tais como: “como
desenvolver esta forma de amor que é o respeito pela Mãe -
Natureza?”
Precisamos mais do que nunca das energias do Amor.” Michel Odent

Esta é apenas uma primeira pedra de um trabalho que me proponho continuar


para o futuro, dado que estou no início da minha investigação nesta área.
Tenho consciência que estas reflexões e conclusões são as que neste
momento me são possíveis, e que estarão em contínua evolução.

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Cláudia Pinheiro Julho de 2006
Bibliografia

-Amar e educar para a VIDA, Brochura da Associação Nacional para a


Educação Pré-Natal, ANEP Portugal
-Besson, Jacqueline: Toque Maternal, Toque Paternal,Revista ADIRE,Nº6 1991
-Berti, Clélio: Estudo analisa Sociedades matriarcais (sensoriais) Universidade
de Yôga www.planetanatural.com.br
-Bolen, Jean Shinoda: Travessia para Avalon, Planeta Editora, 1995
-Boyesen, Gerda: A Teoria Biodinâmica da Neurose, Cadernos de Psicologia
Biodinâmica 1, Summus editorial
-Boyesen, Mona Lisa e Boyesen, Gerda: O Bebé e a Alfa, Cadernos de
Psicologia Biodinâmica 2, Summus editorial
-Cintra, Glória: Gerda Boyesen, a mãe suficientemente boa descrita por
Winnicott, Monografia em Psicologia Biodinâmica, 2000 www.ipbp.com.br
-Colegrave, Sukie: Unindo o Céu e a Terra, Editora Cultrix, 1997
-Cobra, Geny de O. - Excertos do Trabalho apresentado no Encontro de
Psicoterapia Somática - Cem Anos de Wilhelm Reich, em 5 e 6 de Setembro de
1997, na Universidade Santa Úrsula - Rio de Janeiro, www.bapera.com.br
-Fegter, Renate: Bonding – As primeiras duas horas de vida – O momento mais
sensível na definição da criança, IBCLC, Kongressberichte 48 Laktation und
Stillen 2 · 2002
-Iaconelli, Vera: Psicologia Biodinâmica: Reflexão de uma Prática organizando-
se em Teoria Dissertação de Mestrado em Psicologia, Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo. 1997
-Leboyer, Frédérick: Shantala, uma arte tradicional, massagem para bebés,
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-Mireya, Sónia: Mulher e heresia, http://pt.indymedia.org
-Rego, Ricardo Amaral, Factores importantes na Massagem Biodinâmica,
Instituto Brasileiro de Psicologia Biodinâmica, www.ipbp.com.br
-Reich, Eva e Zornànszky, Eszter: Energia Vital pela Bioenergética Suave,
Summus editorial
-Sacharny, Silvana: Relação Mãe – Bebé, Instituto Brasileiro de Psicologia
Biodinâmica 1988 www.ipbp.com.br
-Southwell, Clover: O Tratamento de Distribuição de Energia, Instituto Brasileiro
de Psicologia Biodinâmica, www.ipbp.com.br
-Stilwell, Isabel: As festinhas têm um efeito genético – artigo da revista.
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- Woolger, Roger: A Deusa Interior, Cultrix, S. Paulo, 2000

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Cláudia Pinheiro Julho de 2006

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