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3 Dinâmica de Ensaio - Conteúdo

Ensaio de Conjuntos Musicais

Local de Ensaio

Preparação, Relaxamento e Alongamento

Aquecimento e Técnica Vocal

Vocalises

Ensaios por Naipes e de Conjunto

Ensaio como Situação de Aprendizagem

Conjunto no Palco

Lembretes Finais para o sucesso de seu Ensaio

Música
Aplicada

Material elaborado para o Curso de Licenciatura em Música da UFRGS e Universidades Parceiras, do Programa Pró-Licenciaturas II da CAPES.
Produzido pela equipe do CAEF. Porto Alegre, 2010
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3 Dinâmica de Ensaio - Conteúdo
Ensaio de Conjuntos Musicais

O professor de música pode se valer de muitos conhecimentos adquiridos a partir das atividades
de regência para o desenvolvimento de suas atividades coletivas em sala de aula. Fazer música
coletivamente é uma atividade que pode envolver a todos rapidamente. O professor de música e o
regente trabalham regularmente com grupos e isto quer dizer que ambas as atividades – a do
professor de música e a do regente - possuem diversos elementos comuns, cujas relações serão
aqui trabalhadas.

O professor de música poderá utilizar o fazer musical em conjunto como uma excelente atividade
para desenvolver habilidades e competências musicais nas crianças, adolescentes, jovens e
adultos. Este fazer musical inclui momentos de ensaios e de apresentações públicas dos
resultados. Ambos devem proporcionar prazer e conhecimento. Nesta unidade, focaremos nossa
atenção nos ensaios, apresentando sugestões de como proceder durante estes importantes
momentos de convívio musical.

Tão importante quanto momento do ensaio é a preparação para o mesmo. Precisamos deixar
claro para nós mesmos quais os nossos objetivos para eles, quais as atividades que serão
realizadas e quanto tempo cada uma vai durar, sempre entendendo que esta organização deve
ser flexível e levar em conta as situações dos contextos onde acontecerão. Tenha sempre seu
plano de ação, incluindo soluções alternativas para eventuais situações inesperadas, antes de
chegar no ensaio, assim como você tem antes de chegar para dar uma aula na escola!

Música
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Local de Ensaio

O local do ensaio é muito importante para o desenvolvimento de atividades musicais. É bastante


óbvio que nos preocupemos com os locais de apresentação, onde muitas pessoas estarão
assistindo as atividades que apresentaremos. Devemos nos preocupar igualmente com o
momento do ensaio, organizando, dentro do possível, um local adequado para a realização das
atividades musicais. Devemos levar em consideração o tamanho do grupo e o espaço que ele
deve ocupar.

Pontos fundamentais de serem observados são: se há iluminação adequada para todos, se a


ventilação é suficiente para que ninguém se sinta desconfortável, se há espaço suficiente para
acomodar a todos, se a acústica do local é boa (pois uma sala com muita ou pouca reverberação
atrapalharão o trabalho), se há outras salas disponíveis (em caso de ensaios parciais, de naipe).
Tudo isso é o que devemos buscar de uma forma ideal. Nem sempre todos estes pontos poderão
ser atendidos, pelas mais diversas razões. Por isso devemos ser cuidadosos com os espaços,
buscando aqueles que são mais adequados para o que desejamos realizar.

No caso de apresentações ao ar livre, devemos observar especialmente se a sonorização é


adequada. Por exemplo, para não desgastar os músicos e cantores, sugere-se o uso de
microfones e o retorno através de caixas de som. É importante também que o palco tenha
cobertura apropriada, para que o sol, o vento ou a umidade não danifiquem instrumentos e
partituras, e não atrapalhem os artistas na hora da apresentação. A cobertura também ajudará na
sonorização, favorecendo que cantores e instrumentistas tenham melhores condições de se ouvir.

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Preparação, Relaxamento e Alongamento

É muito importante que, ao fazer música, estejamos preparados fisicamente para cantar e tocar.
Alongamento e relaxamento são atividades que podem preceder um ensaio ou uma apresentação,
contribuindo para a realização das tarefas musicais, sem promover cansaço ou esforço
desnecessário. Algum esforço e alguma tensão serão necessários para a realização de vários
eventos musicais, mas não poderão atrapalhar a realização musical. O que precisamos aprender
é relaxar aquilo que não é necessário para a execução musical, e também aprender o que exige
apoio, contração ou resistência muscular. O corpo tem que estar pronto para que possamos nos
expressar com plenitude.

Isso é uma preocupação para além do ensaio, pois é fundamental que pratiquemos atividades e
descanso adequados. Não pratique o sedentarismo – o corpo e a mente reclamarão a médio
prazo; mas descanse o tempo necessário, entendendo que o tempo de sono não é tempo perdido!

Comece seu ensaio sempre relaxando e alongando o corpo todo, desde os pés até a cabeça, sem
esquecer do rosto. Pratique a flexibilidade corporal, prestando especial atenção à flexibilização
das articulações corporais. Utilize exercícios de rotações articulatórias, girando tornozelos,
joelhos, ombros, cotovelos, pulsos e pescoço, sem pressa. Instrumentistas devem dar muita
atenção ao alongamento de braços, mãos e dedos. Cantores precisam preocupar-se com o
aparelho fonador, exercitando e trabalhando a musculatura pertinente (abdômen, tórax, laringe,
pregas vocais...) .

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Aquecimento e Técnica Vocal

Ninguém deve começar a tocar um instrumento ou cantar sem aquecer antes. Assim como os
atletas aquecem antes de entrar em ação, nós também devemos preparar o nosso físico para
isso, senão podemos nos machucar. Em torno de 10 a 15 minutos é o mínimo que devemos
dedicar ao aquecimento antes do ensaio.

Atenção à LER (lesão por esforço repetitivo): o(a) regente pode promover a saúde mental,
emocional e mesmo física do grupo através de atividades bem planejadas e equilibradas. Pode,
também, ocasionar LER (e outros problemas) se, por mau planejamento e preparação, vier a
insistir demasiado tempo em alguma passagem musical que pode agredir fisicamente (braços,
mãos, dedos dos instrumentistas e voz dos cantores) com a repetição demasiada.

Lembre-se que a ideia principal do aquecimento é começar aos pouquinhos. Não vá logo fazendo
movimentos bruscos com os dedos ou com a voz, pois isso irá certamente machucar alguém. Nos
coros, também deve ser trabalhada técnica vocal, principalmente com vistas a homogeneizar o
som dos integrantes, realizando um trabalho minucioso e talvez até individual, com exercícios
específicos. Reveja e coloque em prática os vários exercícios já apresentados em outras
disciplinas do seu curso para a realização de aquecimento e de técnica vocal.

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Vocalises

Dos diversos tipos de aquecimento que integram a parte inicial do ensaio, nos grupos vocais,
temos as vocalises. Para Wöhl Coelho (1994),

“A despeito da riqueza de suas possibilidades, os exercícios de técnica vocal são percebidos pela maioria
dos regentes e coralistas como algo a ser superado (ou suportado?!) para a viabilização futura do
espetáculo. Mas um trabalho bem feito de técnica vocal já é um, senão o próprio espetáculo. O concerto
não é um altar de sacrifícios e fim último de toda a veneração; é apenas uma oportunidade de dividir com o
público experiências autênticas e já vivenciadas anteriormente.”

As vocalises são, portanto, peças musicais em miniatura e devem ser executadas musicalmente,
isto é, com sensibilidade, técnica e expressão. Na prática de vocalises, portanto, são válidas todas
as observações aqui registradas como dinâmicas de ensaio. Da mesma forma, por intermédio de
vocalises entendidas como pequenas canções podemos exercitar todas as dinâmicas estudadas,
ensaiando expectativas das obras do repertório previsto para cada determinado grupo vocal.

Além da importância de entender todos os momentos do ensaio musicalmente, a execução de um


determinado repertório implica alto grau de compromisso e exposição dos cantores. No sentido do
parágrafo anterior, também a execução de vocalises, solfejos, declamações, etc. Sendo assim, o
educador ou regente deve ter consciência da dimensão psicológica que tais atividades
desencadeiam no grupo. Este enfoque foi particularmente discutido por Edgar Willems, autor
escolhido para fundamentar nossas Atividades nesta UE.

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Ensaio por Naipes e de Conjunto

Quando estamos ensaiando com um conjunto, poderemos proceder de diferentes maneiras. Ao


ler um repertório novo, podemos ensaiar os naipes separadamente ou o todo de uma vez só. O
ensaio de naipes é muito eficaz no momento da leitura do repertório, e se esta for a opção
escolhida, é fundamental que naipes com dificuldades semelhantes ensaiem juntos, pois assim
terão um melhor aproveitamento.

Ao mesmo tempo, o ensaio de naipes pode ser realizado não somente para a leitura, mas tambem
para o aprimoramento da sonoridade de cada grupo de instrumentos ou vozes, promovendo
homogeneidade sonora, clareza na execução e articulação de passagens específicas, e assim
por diante.

Se a opção for ensaiar o conjunto todo ao mesmo tempo, devemos nos preocupar com não deixar
ninguém sem fazer nada, pois quando se lê uma parte com um naipe, a tendência é que os
demais se dispersem. A sugestão que damos é que todo o conjunto acompanhe qualquer naipe
que estiver lendo (todos aprendem a frase que está sendo lida com determinado naipe), pois
poderão existir elementos semelhantes (ritmo, melodia, texto, etc.) e, quando o outro naipe for ler
sua parte, este processo será bem mais rápido.

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Ensaio como Situação de Aprendizagem

A atividade musical em grupo envolve um número considerável de participantes em muitos


contextos sociais. O processo de aprendizagem destes grupos, mesmo que informalmente
constituídos, depende de algumas estratégias que ajudam os participantes a aprenderem
elementos musicais, mesmo quando não estão conscientes disso. Por exemplo, a imitação é um
recurso muito utilizado para ensinar as pessoas a cantarem, e a partir de bons modelos as
pessoas desenvolvem sua percepção e sua capacidade de emitir sons adequadamente.

Na realidade brasileira, onde a música apenas recentemente é disciplina obrigatória, muitas


pessoas gostam de música, mas não possuem conhecimento formal sobre os aspectos que
compõem esta prática social presente em todas as sociedades humanas. Ao mesmo tempo
muitas atividades musicais estão à nossa volta. É o caso do coral, no qual muitas pessoas
participam por sentirem necessidade de conhecer mais sobre música. O(a) regente pode
contribuir muito para a educação musical dos participantes de qualquer grupo, proporcionando
uma experiência rica em conteúdos.

Não se trata de tornar a atividade musical em aula de teoria musical ou em qualquer atividade
descritiva sobre a história da vida dos compositores ou algo assim. Trata-se de aproveitar a
experiência musical prática para compreender a constituição da música e participar de forma
intensa das atividades musicais. Procure identificar sempre os elementos musicais que podem ser
trabalhados durante um ensaio de grupo, contribuindo para a educação musical das pessoas,
procurando sempre manter a atividade prazerosa, como é o ato de fazer música. Um ensaio tem
que ser tão bom quanto se apresentar publicamente.
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Conjunto no Palco

Quando pensamos em palco, devemos pensar também na exposição visual que o conjunto terá.
Se forem usados uniformes e adereços, preste atenção a enfeites que brilham e tiram o foco da
música. Nunca esqueça que todos devem estar com uma postura elegante, discreta e gentil no
palco, cuidando especialmente para manter atitudes naturais e calmas, mesmo que decididas,
evitando movimentos desnecessários ou que levam músicos e platéia à distração.

O(a) regente, como já dissemos, deve estar posicionado de maneira que veja todos os integrantes
e que todos o vejam. Aqui você pode ver alguns exemplos de posicionamento do conjunto em
relação ao(à) regente, lembrando que o mais indicado é o que está em vermelho, por atender
mais facilmente a esta necessidade. Atente também para outros dois aspectos: posicionamento
de cada integrante dento do conjunto (ex.: diferenças de estatura, por exemplo) e distribuição dos
naipes (ex.: cantores agrupados por vozes ou misturados).

O(a) regente, conhecendo as habilidades individuais dos integrantes, pode dispô-los de tal forma
que o conjunto possa projetar-se homogeneamente na direção do público. Já o posicionamento
dos naipes dependerá de vários outros fatores. Em geral, segue-se o critério sonoro do
posicionamento de uma orquestra, que são universais: agudos localizam-se à esquerda do(a)
regente, graves à direita. Veja aqui exemplos de formações tradicionais de coro e aqui o exemplo
da formação básica de orquestra com coro. Estes exemplos de coral e orquestra podem ser
adaptados para os diferentes agrupamentos a serem trabalhados na escola ou em outros espaços
sociais.

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Um aspecto fundamental de qualquer ensaio, seja ele de naipes ou do conjunto completo, é o


dinamismo das atividades. Não se deve insistir demais em algo que ainda não pode ser bem
executado musicalmente, assim como não se deve permanecer sempre executando o que já está
bom, em relação ao que o grupo já está em condições de produzir.

Falando de canção para grupos vocais, precisamos lembrar de dedicar um tempo especial do
ensaio ao estudo do texto. Sua pronúncia e expressividade, tanto quanto seu sentido. O público
deve entender a mensagem perfeitamente, o que começa pelo fato de os cantores o entenderem,
e por isso ele deve ser evidenciado (e, portanto, compreendido e ensaiado) tanto quanto possível.

O exercício disciplinado e o equilíbrio entre as atividades e desafios propostos depende da


percepção do regente sobre as atividades a serem desenvolvidas e o tempo dedicado a cada uma
delas. Lembre-se de manter o foco no próprio momento da experiência musical, explorando-ao ao
máximo e extraindo dela conhecimento e prazer. Valorize o que está acontecendo agora pelo
cantar e pelo tocar, pelo puro e absoluto fazer musical, sem preocupar-se demais com eventuais
apresentações públicas, premiações nem outros eventos e retornos extramusicais.

Acima de tudo, mantenha a paciência, o bom humor, a empatia e a confiança no bom rendimento
de todos, garantindo o foco das atividades em vivências musicais!

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