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sódio metálico (0,078 mol) e 60 mL de THF seco, figura 2. da em λmáx = 323, 425 e 550 nm, sendo esta última a que
_ determina a cor verde da solução.
A figura 4 mostra o espectro de RMN 1H do ânion radical
o THF
+ Na Na
+ naftaleno em DMSO-d6. Os picos correspondentes ao tetrai-
drofurano em δ 3,6 e δ 1,7 ppm e o pico em δ 2,5 ppm a-
THF proximadamente referente ao DMSO-d6, foram omitidos do
espectro, pois o solvente representa 85 % do total das espé-
Figura 2. Estrutura do ânion radical naftaleno. cies, desta forma foi necessário ampliar o espectro, defor-
mando com isso, as bandas do solvente.
A mistura foi deixada sob agitação magnética na ausência O espectro do anion radical naftaleno, figura 4 a, apresen-
de luz por três horas obtendo-se uma solução esverdeada. O ta apenas um pico em δ 7,10 ppm, esperava-se a presença de
produto, ânion radical naftaleno :Naft•-Na+, foi identificado dois picos ao invés de apenas um, para o ânion radical nafta-
por espectroscopia UV-Vis e ressonância magnética nuclear, leno, correspondentes aos hidrogênios α e β do nafatleno.
RMN. Porem no ânion a ressonância, acontece de duas maneiras:
B. Descloração de Organoclorados [8] na forma de pares de elétrons e homolíticamente, desta
forma os hidrogênios α e β são indistinguiveis. A figura 4 b
Os estudos iniciais da reação de descloração foram reali-
mostra a presença de dois picos δ 8,04 e 7,64 ppm caracte-
zados usando uma solução padrão de 1000 ppm (cloreto),
rísticos dos hidrogênios α e β do naftaleno, que aparecem
em óleo mineral, de 1,2,4 – triclorobenzeno. A reação foi
após a decomposição do ânion radical naftaleno.
feita em um funil de separação, adicionando-se 10 mL de
solução padrão e 2,5 mL de :Naft•-Na+, sob agitação por 10
Figura 4. Espectro RMN 1H do e Ânion Radical Naftaleno
min. Em seguida neutralizou-se com HNO3 0,1 mol L-1. A
fase orgânica foi lavada várias vezes com pequenas porções
de água para proceder a extração do cloreto. O mesmo pro-
cedimento foi seguido com amostras reais.
C. Determinação de Cloreto pelo Método Potenciométrico. a b
Transferiu-se uma alíquota da fase aquosa para um bé-
quer e adicionou-se o ajustador de força iônica (ISA, Na-
NO3 5 mol L-1). Fez-se a leitura através do eletrodo íon sele- em DMSO (a) recém preparado, (b) após sua degradação.
tivo [6]. O aparelho foi previamente calibrado com padrões
de NaCl (3,55 – 35,5 – 355 ppm). Foram usados os potenci- B. Reação do Ânion Radical Naftaleno.
ômetros: Orion mod. 920A com eletrodo combinado íon
seletivo, Orion Chloride Plus, 9617 e o Analion AN2000 O :Naft•-Na+ apresenta um potencial de redução de -2,5
com eletrodo de íon seletivo, Cl 651. V, similar a outros solventes como NH3, - 2,59 V e em hexa
metil fosforamida (HMPA) – 2,96 V. A vantagem está no
D. Determinação de Cloreto pelo Método Mercurimétrico fato de que as reações laterais são minimizadas e muitas
Em uma alíquota com um volume conhecido da amostra determinações do ponto de equivalência em titulações po-
manteve-se o pH abaixo de 2, adicionou-se 1 mL de indica- dem ser através da colorimetria, visto que o ânion formado é
dor misto e titulou-se com Hg(NO3)2 0,0141 mol L-1 até de coloração verde intenso [9].
coloração roxa [7]. A aplicação deste ânion radical é grande como, doador de
um elétron que promove ciclização radicalar de cetil-
III. RESULTADOS E DISCUSSÃO alquenos e cetil-alquinos, além de ciclização redutiva de
cetonas acetilênicas esteroidais, redução de epóxidos, possi-
A. Identificação do Ânion Radical Naftaleno bilita acoplamento de cetonas e tiocarbonilas funcionais;
A figura 3, mostra o espectro de UV-Visível, do ânion ra- remove grupos protetores mesitil, tosil e benzil gerando o
dical nafatleno em THF. alqueno ou álcool correspondente [9]. De maneira geral, as
reações de :Naft•-Na+, com haletos de alquilas (RX) são
regidas por quatro sub reações: redução, redução bimolecu-
lar, mono-alquilação e di-alquilação.
Os produtos da alquilação são geralmente derivados 1,2 -
e 1,4 - dihidronaftalenos, sendo que a proporção bimolecu-
lar depende muito do halogênio. Iodetos têm bom rendimen-
to ~70 %, brometos 10 %, cloretos 1 % e fluoretos não rea-
gem.
A tabela 1 mostra os resultados comparativos da análise
de amostras de óleo de transformador contaminadas com o
ascarel (~75% aroclor e ~25% triclorobenzeno). As amos-
tras foram padronizadas por cromatografia gasosa e os valo-
Figura 3. Espectro de UV-Vis., do ânion radical nafatleno res em ppm são aproximados. O método não especifica
quantos átomos de cloro estão na molécula do bifenila e
O ânion apresenta três bandas, com comprimentos de on- qual a porcentagem de aroclor e triclorobenzeno.
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As análises realizadas pelo método potenciométrico e minar os índices de contaminação e também demonstra ser
mercurimétrico levaram em conta a descloração de todas as uma ferramenta a ser usada na destruição dos PCB’s.
espécies organocloradas existentes na amostra (aroclor e
triclorobenzeno). Portanto o resultado indica o total de íons V. AGRADECIMENTOS
cloreto na amostra sem especificar qual a origem dos íons
Os autores agradecem ao programa CELESC de pesquisa
indicando apenas que nas amostras existem íons cloreto
e desenvolvimento pelo financiamento e ao Departamento
provenientes de espécies organocloradas.
Os resultados comparativos entre as duas técnicas podem de Química da UFSC pelo apoio e infra-estrutura.
ser observados na tabela I. Isto considerando que na molé-
cula do bifenila temos em maior porcentagem as espécies VI. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1242, 1254 e 1260, respectivamente 42%, 54% e 60% em [1] J.C.P. Penteado, J.M. Vaz, “O Legado das Bifenilas
peso do átomo de cloro na molécula do bifenila com 12 á- Policloradas”, Química Nova, vol. 24, nº.3, pg. 390-
tomos de carbono. Desta forma para comparar estes dados 398, 2001.
temos que a média entre 42, 54 e 60 é = 52%, portanto os [2] P. E. de T. Salgado, Bifenilas Policloradas, Poluentes
valores dos métodos potenciométrico e mercurimétrico de- Orgânicos Persistentes, POPs, Série Cadernos de Refe-
vem ser multiplicados por um fator de aproximadamente 2, rência Ambiental, vol 13, cap 2, pg. 65-119, Salvador,
para comparação com os dados cromatográficos. 2002.
Esses resultados demonstram que o método de desclora- [3] J. A. Silva, “Resíduos de Bifenilas Policloradas (PCBs):
ção juntamente com a determinação de íons cloreto por po- Metodologia e Aplicação em Amostras de Óleo Isolan-
tenciometria e mercurimetria é adequado para determinar te”. Tese de Mestrado, Instituto de Química de Arara-
qual o grau de contaminação que o óleo se encontra. Esta quara, Universidade Estadual Paulista, UNESP, São
metodologia pode indicar claramente com segurança os ní- Paulo, 1997.
veis de contaminação do óleo dentro de uma faixa de ±50 [4] L. R. Silva, M. M. Ferreira, “Estudo do Coeficiente De
ppm, baseado na legislação brasileira vigente. Partição Octanol-Água de Bifenilas Policloradas Utili-
zando Parâmetros Topológicos”, Química Nova, vol.
TABELA I 26, nº. 3, pg. 312-318, 2003.
RESULTADOS COMPARATIVOS PELOS MÉTODOS POTENCIOMÉ- [5] A.Voguel, Química Orgânica, Vol 1, 3a Ed., Pg 154,
TRICO E MERCURIMÉTRICO 1980.
Amostras de óleo de Potenciométrico Mercurimétrico [6] APHA, AWWA & WPCF, Chloride Potenciometric
transformador a cloreto, ppm b cloreto, ppm c Method, In: Standard Methods for the Examination of
A ~50, ppm 26,8±12,4 37,1±7,0 Water and Wastewater, 14th Ed. Washington, (APHA
B ~50, ppm 27,5±4,0 26,0±5,2 408c)1193p, pg 874-5, 1975.
C ~400, ppm 162,3±34,0 176,3±37,4 [7] American Public of Health Association – Standard Me-
D ~400, ppm 170,8±36,0 165,5±45,0 thods for the Examinations of Water and Wastewater.
13th Ed. New York, pg 769, 1965.
E -, ppm 23,5±8,7 25,6±15,7
[8] D.L. Pavia, G.M. Lampman G.S. Kriz, Introduction to
F -, ppm 14,7±2,2 19,1±5,5
a Spectroscopy, 2nd Ed. Pg 217, 1996.
Amostras de óleo de transformador padronizadas através [9] S.D. Burke, R. L. Danheiser, John Willey & Sons Ltd,
de cromatografia gasosa. New York, USA. Handbook of Reagents for Organic
b,c
Total de íons cloreto no óleo após a reação de desclora- Synthesis, Oxidizing and Reducing Agents, 2000.
ção.
IV. CONCLUSÕES
A conversão total do naftaleno em ânion radical naftale-
no, proporciona uma solução de coloração verde intenso,
estável na ausência água e luz e a baixas temperaturas (-
10oC).
As reações de descloração de aletos de arilas com ânion
radical naftaleno mostrou-se muito eficaz obtendo excelen-
tes resultados.
Os métodos, potenciométrico e mercurimétrico usados na
determinação de cloreto revelam-se como uma metodologia
operacional barata, que pode ser empregada em análise de
campo.
Esses resultados demonstram que o método de desclora-
ção juntamente com a determinação de íons cloreto por po-
tenciometria e mercurimetria é adequado para determinar
qual a faixa de contaminação que o óleo se encontra indi-
cando com segurança os níveis de contaminação do óleo
dentro de uma faixa de ±50 ppm.
Os resultados obtidos são consistentes permitindo deter-