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XXXVII ENSEA– Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

RIO 2019
XX CONABEA – Congresso da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

Equipamentos culturais brasileiros contemporâneos: a


experiência de um grupo de pesquisa

Ivo GIROTO
Fac. Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo (FAUUSP); igiroto@gmail.com
Arthur Lamberti FALLEIROS
Fac. Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo (FAUUSP); arthur.falleiros@usp.br
Gabriel de Moura CORREA
Fac. Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo (FAUUSP); gabriel.moura.correa@usp.br
Victor Henrique da Cruz Bueno FIDÉLIS
Fac. Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo (FAUUSP); victor.fidelis@usp.br
RESUMO
O presente artigo relata e avalia a experiência de um grupo de pesquisadores que, ao longo de 2018,
desenvolveu uma série de estudos inter-relacionados sobre a produção de equipamentos culturais no
panorama arquitetônico contemporâneo do Brasil. O grupo envolveu quatro estudantes do programa
interno de Iniciação Científica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
(FAU USP), e um pesquisador-orientador em nível de pós-doutorado. Foram objetos da pesquisa obras
projetadas e construídas entre 1985 e 2018, com programas diversos, desde que de alguma forma
relacionados à cultura, de múltiplas escalas e de caráter público ou privado, indistintamente, de forma a
criar um conjunto amplo o suficiente para que afinidades, divergências e peculiaridades pudessem ser
reveladas. Os estudos refletiram a necessidade de análises e valorações acerca da produção
contemporânea da arquitetura brasileira, bem como na identificação do pensamento que a fundamenta.
Mais especificamente, pretenderam construir um panorama quantitativo e qualitativo da produção
recente de equipamentos culturais no país, proporcionando uma leitura fundamentada em bases factuais
que podem, inclusive, abrir caminho a outras pesquisas e estudos sobre o tema.
PALAVRAS-CHAVE: equipamentos culturais, arquitetura contemporânea, arquitetura para cultura,
Iniciação Científica, grupo de pesquisa,

1 INTRODUÇÃO: CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA E DO


GRUPO DE PESQUISADORES
O presente artigo relata e avalia a experiência de um grupo de pesquisadores que, ao longo de
2018, desenvolveu uma série de estudos inter-relacionados sobre a produção de equipamentos
culturais no panorama arquitetônico contemporâneo do Brasil. O grupo envolveu quatro
estudantes do programa interno de Iniciação Científica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo (FAU USP), e um pesquisador-orientador em nível de pós-
doutorado, cujos estudos iniciados em 2017 na mesma instituição contam com o apoio da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Integram-se também ao
escopo de trabalho do Observatorio de Arquitectura Latinoamericana Contemporánea (ODALC),
rede tri-nacional formada por acadêmicos do Brasil (FAU USP), México (Universidad Autónoma
Metropolitana) e Colômbia (Universidad Nacional de Colombia), dedicada a estudar a
arquitetura contemporânea no subcontinente.
A estruturação do grupo partiu de uma chamada pública, aberta aos estudantes do curso de
Arquitetura e Urbanismo da FAU USP, feita pelo orientador, Prof. Dr. Ivo Giroto. Vinculando-se à
temática de trabalho do orientador, os interessados tinham como requisito propor e desenvolver
investigações relacionadas à arquitetura de equipamentos culturais no Brasil contemporâneo,
de forma a compor um coletivo de pesquisas relacionadas ao tema e que trabalhasse de maneira
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integrada.
Dada a escassez de bibliografia específica sobre o tema, nas reuniões iniciais discutiu-se a
necessidade de se levantar o que foi publicado acerca dessa produção, de modo a compor um
panorama que permitisse desenvolver posteriores análises críticas. Assim, os estudantes Victor
Henrique Bueno da Cruz Fidélis e Arthur Lamberti Falleiros decidiram concentrar suas pesquisas
iniciais nos conteúdos publicados sobre o tema nas revistas especializadas de maior circulação
do país, a saber, Projeto e aU – Arquitetura e Urbanismo. Complementarmente, a estudante
Yasmin Ali Ribeiro optou por investigar a existência de artigos acadêmicos e publicações
existentes em revistas internacionais.
Observou-se também que os dados levantados, indicadores gerados e análises produzidas pelo
conjunto da pesquisa poderia ser de grande interesse a outros pesquisadores, docentes e
estudantes. Considerou-se que, de forma geral, a produção acadêmica tem ficado restrita a
meios de difusão pouco conhecidos e divulgados, possuindo pouca penetração entre estudantes
de graduação. Decidiu-se, então, que as formas de difusão do material produzido pela pesquisa
deveria ser uma das frentes de investigação, trabalho que ficou a cargo do pesquisador Gabriel
Moura Correa.
Os estudos do grupo partiram da hipótese de que investigar as obras produzidas pela atual
geração pode contribuir para a compreensão do papel da arquitetura e de suas relações com a
complexa realidade contemporânea frente ao cenário arquitetônico global. Perscrutar discursos,
matrizes e relações entre obras brasileiras recentes, pode ajudar a revelar suas afinidades e
especificidades
A opção pelos edifícios de cunho cultural, tais como museus, teatros, centros culturais e
artísticos, memoriais, bibliotecas e afins, responde, além da necessidade de se delimitar o campo
temático da pesquisa, a um critério analítico relacionado às potencialidades interpretativas
proporcionadas por programas relacionados ao universo da cultura. O recorte temático deve-se
à consideração de que edifícios de cunho cultural materializam usos, costumes e idiossincrasias
através da linguagem arquitetônica, e costumam expor de forma mais contundente discursos e
pensamentos, revelando a interpretação que seus autores fazem da arquitetura como fato
cultural.
A pesquisa também partiu da constatação de que, nas duas décadas quase completas do século
XXI, o Brasil assistiu a um notável aumento numérico da inauguração de novos museus e centros
de cultura, cuja visibilidade só encontrou paralelo na profusão de obras para as grandes
infraestruturas esportivas destinadas à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Com
efeito, desde a redemocratização o país tem experimentado um considerável aumento do
número de equipamentos culturais projetados e construídos, algo também verificado pela
importância dada à temática pela escassa bibliografia nacional que trata do período
contemporâneo (ARANTES, 1993; SEGAWA, 1998; SEGRE, 2003, 2004 e 2010; MILHEIRO, NOBRE,
WISNIK, 2006; JUNQUEIRA BASTOS, 2007; ZEIN, JUNQUEIRA BASTOS, 2010; WISNIK, 2018)
Todos os estudos apoiaram-se na necessidade de análises e valorações acerca da produção
contemporânea da arquitetura brasileira, bem como na identificação do pensamento que a
fundamenta. Mais especificamente, pretenderam construir um panorama quantitativo e
qualitativo da produção recente de equipamentos culturais no país, proporcionando uma leitura
fundamentada em bases factuais que podem, inclusive, abrir caminho a outras pesquisas e
estudos sobre o tema.
Foram objetos da pesquisa obras projetadas e construídas entre 1985 e 2018, com programas
diversos, desde que de alguma forma relacionados à cultura, de múltiplas escalas e de caráter
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público ou privado, indistintamente, de forma a criar um conjunto amplo o suficiente para que
afinidades, divergências e peculiaridades pudessem ser reveladas. Os levantamentos abarcaram
edifícios novos e intervenções sobre o existente, instituições públicas e privadas, projetos
desenvolvidos por arquitetos de diferentes gerações e procedências, incluindo obras de
estrangeiros no Brasil e de brasileiros no exterior.
A metodologia de levantamento e análise que possibilitou a reunião de tais obras configurou, de
forma inédita, um panorama analítico – estatístico e crítico – dos projetos e obras de
equipamentos culturais que permite desenhar um panorama relacional interno entre as obras
nacionais, e deste conjunto com a produção contemporânea global.
A importância da pesquisa reside em sua proposta de geração de conhecimento sobre a
arquitetura brasileira em curso, através de uma análise estruturada a partir da ênfase na
construção de uma visão conjunta e inter-relacionada sobre as produções em questão.
Pela primeira vez se reuniu, classificou e disponibilizou à comunidade científica e ao público em
geral, de forma integrada e relacionada, as obras e projetos culturais de maior impacto no
cenário da arquitetura contemporânea do Brasil. A pesquisa considera relevante a criação de
meios de difusão da produção recente da arquitetura brasileira, para que seja ampliado o acesso
ao conhecimento entre o público geral e acadêmico, constituindo-se como potencial ferramenta
de ensino-aprendizagem.

2 DESENVOLVIMENTO: UM GRUPO, QUATRO PESQUISAS


A trajetória e os resultados produzidos pela pesquisa só podem ser corretamente
compreendidos a partir da dinâmica de trabalho conjunta e de retroalimentação estabelecida
entre os quatro pesquisadores do grupo e seu orientador. Os levantamentos e indicadores
gerados individualmente conformaram uma base inicial comum, sobre a qual cada integrante
pôde apoiar suas análises individuais. A lógica estruturadora da pesquisa foi, portanto,
fundamentada na troca de experiências e descobertas ao longo de todo o processo.
De forma geral, o trabalho dividiu-se em duas etapas principais: a primeira, mais longa e
extenuante, caracterizou-se pelos esforços de levantamentos bibliográficos e investigações
referenciais, configurando uma base de dados comum e compartilhada por todos; e a segunda,
ao longo da qual cada pesquisador desenvolveu suas próprias análises e ponderações sobre o
material levantado. Definiu-se, portanto, uma etapa de coleta de material e produção de dados
quantitativos, seguido por outra de caráter qualitativo, analítico e crítico.

PRIMEIRA ETAPA: BASE COMUM E ATIVIDADES INDIVIDUAIS


A partir da definição do escopo e do caráter de cada pesquisa dentro do grupo, definiu-se um
plano de trabalho para cada pesquisador, respeitando-se as especificidades de cada investigação
e prevendo-se as formas de interação entre elas ao longo do processo.
Os levantamentos nas revistas Projeto e aU compartilharam a mesma estrutura analítica, e foram
divididos por períodos de publicação, um compreendido entre 1985 e 1999, a cargo de Victor
Fidélis, e outro do ano 2000 a 2018, sob responsabilidade de Arthur Falleiros. A escolha das
publicações deveu-se ao fato de que foram, durante esse tempo, as revistas de maior circulação
e impacto no país. Tanto a Revista Projeto, lançada em 1977, quanto a aU, em 1985, têm suas
primeiras edições datadas do último quarto do século XX, e foram publicadas mensalmente,
enfocando a divulgação da produção contemporânea do país.
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Os dois pesquisadores organizaram as informações levantadas nas edições das revistas em uma
planilha comum, estruturada por grupos de afinidade – programa, obra, arquiteto, cidade,
Estado, região, ano de projeto, ano de inauguração, investimento (público ou privado), tipo de
intervenção (novo, reforma, ampliação, intervenção em patrimônio), situação (construída, em
andamento, não construída) – e destaque nas publicações – capa, número de páginas, número
de republicações, etc.- além da montagem de um arquivo iconográfico das obras.
Referente ao período compreendido entre 1985 e 1999, foram levantadas 369 publicações
alusivas a equipamentos culturais na revista Projeto e 138 na aU. No período compreendido
entre 2000 e 2018, foram inicialmente catalogadas 351 publicações referentes ao tema na
Projeto, e 99 na aU. Os levantamentos valeram-se do apoio do Índice de Arquitetura Brasileira,
catálogo organizado pela biblioteca da FAUUSP, que abrange obras publicadas entre 1950 e 2018.
Após um filtro sobre a adequação das reportagens aos interesses gerais da pesquisa, restaram,
no total, um universo de 442 publicações e 311 obras levantadas, entre projetos e obras
construídas.
A partir da planilha analítica completa, extraiu-se indicadores relevantes para a compreensão da
produção de equipamentos culturais no Brasil contemporâneo. Entre muitos outros, foi possível
verificar a curva histórica de projeto e construção de equipamentos culturais ao longo do
período; quais obras e arquitetos receberam maior atenção das publicações; e como se deu a
distribuição territorial desses equipamentos. Além disso, diversas comparações foram
realizadas, por exemplo, entre o número de obras novas e as intervenções em edificações
existentes/patrimoniais, entre os equipamentos financiados pelo poder público e privado.
(Figura 01)

Figura 01: Imagem da planilha analítica para levantamento de obras publicadas.


Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.

Acerca desses levantamentos e seus indicadores, cabe fazer uma ressalva. Essa parte da pesquisa
não teve como pretensão levantar tudo o que foi construído ou projetado no país sobre a
temática estudada, mas identificar os exemplares que as publicações reconhecem como
detentores de certo valor arquitetônico. No mesmo sentido, não se trata de crer que o conjunto
levantado seja uma amostragem fiel do panorama arquitetônico nacional, senão tão somente
uma seleção indicativa feita por duas publicações sediadas na capital paulista e que,
naturalmente, podem refletir opções editoriais específicas.
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Essa etapa consumiu cerca de metade dos doze meses do plano de trabalho, e colocou os
pesquisadores em contato direto com o amplo conjunto de equipamentos culturais produzidos
no período, além de revelar-lhes a variedade intrínseca ao panorama contemporâneo da
arquitetura brasileira.
Por sua vez, a pesquisadora Yasmin Ali Ribeiro levantou, compilou e analisou publicações em
livros e revistas acadêmicas nacionais e internacionais sobre as obras de maior impacto midiático
e editorial realizadas no país, por arquitetos brasileiros ou estrangeiros, ou por arquitetos
brasileiros no exterior. Essa pesquisa tinha como interesse principal analisar a recepção crítica
das obras, para além de seu impacto midiático, identificando quais obras receberam maior
interesse para posteriormente analisar o teor das análises publicadas.
O levantamento foi realizado a partir de uma seleção prévia de uma dezena de obras,
inicialmente feita a partir de estudos já realizados pelo orientador e periodicamente revisadas a
partir dos dados revelados pelos levantamentos em curso nas revistas Projeto e aU, quais sejam:
o Cais das Artes (2007-?) e o Museu Nacional dos Coches (2008-16), de Paulo Mendes da Rocha;
o Museu Oscar Niemeyer (2001-02) de Oscar Niemeyer; o Instituto Moreira Sales (2011-17), de
Andrade e Morettin, a Praça das Artes (2006-12) de Brasil Arquitetura; o Museu de Arte do Rio
de Janeiro (2010-13), de Bernardes e Jacobsen; a Galeria de Claudia Andujar em Inhotim (2012-
15), de Arquitetos associados; o Museo de la Memoria y Derechos Humanos (2007- 09), de
Estúdio América; o Museu do Amanhã, de Santiago Calatrava (2008-15); a Cidade das Artes
(2002-13), de Christian de Portzamparc; a Fundação Iberê Camargo (1998-2008), de Álvaro Siza;
e o Museu da Imagem e do Som (2009-?), de Diller Scofidio + RENFRO.
O levantamento abrangeu 25 revistas de 9 países diferentes, a partir do qual realizou-se
fichamentos e ponderou-se quais obras tiveram maior interesse no âmbito acadêmico e
internacional. Em revistas, foram privilegiados textos e artigos críticos sobre as obras em estudo,
evitando publicações em formato de reportagem.
Finalmente, a primeira etapa do trabalho de Gabriel Moura Correa partiu do interesse sobre as
formas de comunicação e difusão do material produzido por pesquisas acadêmicas. A hipótese
inicial era de que dados e artigos acadêmicos possuíam penetração restrita no meio estudantil,
enquanto portais eletrônicos assumiram notável protagonismo como fontes de pesquisa e
estudo no âmbito da arquitetura e do urbanismo. Ainda que haja muitas plataformas virtuais
com dados textuais e gráficos sobre arquitetura disponíveis atualmente, são raros os casos em
que as informações são oferecidas de forma estruturada e com conteúdo crítico. No mesmo
sentido, a profusão de fontes de consulta online dificulta a identificação de conteúdos e
informações confiáveis.
A pressuposição inicial foi confirmada a partir de pesquisas qualitativas realizadas online entre
87 estudantes de Arquitetura e Urbanismo de 6 instituições diferentes, majoritariamente da
FAUUSP e da Universidade São Judas Tadeu, mas com respostas pontuais de estudantes de
outras faculdades (Universidade Presbiteriana Mackenzie, PUC Rio, SENAC-SP, FIAM/FIAAM),
que ajudaram a definir quais seriam os meios e formas mais adequadas de difundir e comunicar
resultados provenientes de pesquisas científicas. Considerou-se o universo pesquisado
suficientemente representativo do cenário global dos estudantes de Arquitetura e Urbanismo,
com alunos de todos os semestres do curso, sendo a grande maioria dos respondentes situados
entre 20 e 24 anos, divididos entre 66% de representantes do sexo feminino e 33% do sexo
masculino.
De forma geral, as perguntas buscaram entender quais eram os hábitos de pesquisa dos
entrevistados e, a partir das respostas, conseguir identificar quais os assuntos mais pesquisados,
para qual finalidade, em que meios/suportes, etc. (Figura 02)
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Figura 02: Gráficos que exemplificam alguns resultados da entrevista sobre hábitos de pesquisa.
Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.

De forma complementar, outro bloco de perguntas questionava sobre o uso de referências


bibliográficas e sua proveniência. (Figura 03)

Figura 03: Gráficos que exemplificam alguns resultados da entrevista sobre uso de referências bibliográficas.
Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.
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A partir dos resultados do questionário, definiu-se que segundo a cultura de uso dos estudantes,
a melhor forma de difusão de conteúdos acadêmicos seria através da publicação de um portal
na internet que disponibilizasse, de forma livre e gratuita, conteúdos referentes à produção de
equipamentos culturais brasileiros na contemporaneidade, e proporcionasse maior alcance aos
resultados das pesquisas realizadas pelo grupo e por outros pesquisadores.
Sua elaboração deu-se a partir de uma análise referencial de outros portais que oferecem
conteúdos sobre obras ou períodos da arquitetura. Entre muitos outros, destacam-se:
Arquitetura Brutalista (http://www.arquiteturabrutalista.com.br), e Brutalist Connections
(http://brutalistconnections.com/), ambos coordenados pela professora doutora Ruth Verde
Zein, que trata de edificações construídas no Brasil ou por brasileiros entre 1953 e 1973 seguindo
a linguagem arquitetônica brutalista; Arquigrafia (www.arquigrafia.org.br), portal gerido por um
grupo de pesquisa homônimo da FAUUSP, que reúne conteúdos sobre projetos em comunidades
lusófonas em uma plataforma de colaboração virtual; The Archigram Archival Project
(http://archigram.westminster.ac.uk/), de uma pesquisa vinculada à Universidade de
Westminster, que disponibiliza o trabalho do grupo que dá nome ao site; e ArchDaily
(https://www.archdaily.com/), o mais popularizado site de divulgação de arquitetura
internacional, cuja principal característica é divulgar a produção arquitetônica mundial, seja
contemporânea ou histórica. Fotos dos projetos, plantas, cortes, linhas do tempo, informações
de autoria e fornecedores, além de notícias sobre o meio arquitetônico, são exemplos dos
conteúdos presentes em cada um desses portais.
Esse primeiro momento de construção da plataforma foi importante pelo fato de gerar a
compreensão do funcionamento e organização de plataformas digitais voltadas ao público
interessado em arquitetura. A partir da ótica do "internauta-pesquisador", foi possível elaborar
suposições, posteriormente respaldadas por pesquisas, sobre o público alvo desse tipo de portal.
A pesquisa referencial, juntamente com a análise dos usuários entrevistados, contribuiu para
definir que tipos de conteúdos interessavam ao público alvo, e como seria a melhor forma de
organizá-los no portal. Para tanto, uma série de estudos com protótipos que simulavam a
trajetória de navegação foram realizados, e contaram com a ajuda dos demais colegas de
Iniciação Científica para a validação das ideias propostas.
Uma vez que conteúdo e público alvo estavam definidos, iniciou-se a busca das ferramentas para
a construção da página do portal eletrônico. Optou-se por utilizar ferramentas online de
desenvolvimento e publicação de websites, tais como Wordpress e Wix. Neste caso, a plataforma
Wix mostrou-se mais interessante pela facilidade de manipulação dos conteúdos e agilidade no
momento de publicação dos mesmos. Através de um plano pago, tem-se acesso a uma gama de
recursos que contribuem para a transmissão do conteúdo de maneira adequada.
A parte final dessa etapa do trabalho foi a curadoria de conteúdos que seriam apresentados no
portal. Assim como o desenho e as funcionalidades oferecidas, a seleção de textos, artigos
científicos, imagens e vídeos sobre obras e sobre a temática geral contou com a participação
direta dos demais pesquisadores e do orientador, dado que grande parte do material
disponibilizado provém das pesquisas e análises feitas pelos demais integrantes do grupo.
Isso exigiu um intenso trabalho de investigação, pois para além de disponibilizar informações
gerais e gráficas, o intuito principal da plataforma é oferecer referências historiográficas e
críticas, tanto a partir de análises feitas pelo grupo, quanto por textos desenvolvidos por outros
autores.
De forma geral, a primeira etapa dos trabalhos se desenvolveu em intensa troca de informações
e experiências entre os integrantes do grupo, de forma a construir uma base comum de pesquisa.
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Na segunda etapa, esse acervo coletivo serviu de base fundamentadora para os exercícios
individuais de análise crítica, desenvolvida por cada pesquisador ao longo do segundo semestre
de 2018.

SEGUNDA ETAPA: BASE COMUM E ANÁLISES INDIVIDUAIS


Em que pese o caráter reflexivo das análises críticas desenvolvidas individualmente na segunda
etapa da pesquisa, a grande afinidade entre os trabalhos de Victor Fidélis e Arthur Falleiros
possibilitou o prosseguimento de uma dinâmica de troca de informações e experiências entre
ambos. A partir do acervo levantado, cada pesquisador realizou um inventário crítico do que foi
publicado nas revistas Projeto e aU sobre equipamentos culturais brasileiros nos períodos entre
1985 a 1999, e entre 2000 e 2018.
Além dos indicadores gerados pela planilha analítica, o material recolhido foi reunido por cada
estudante de forma a compor outros possíveis grupos de afinidade, com aproximações a partir
da linguagem arquitetônica das obras. Para tal, a produção das análises contou com revisão
bibliográfica complementar sobre o período, bem como com os textos críticos recolhidos pela
colega Yasmin Ribeiro.
Considerando-se os dados analisados pelos dois pesquisadores durante o período total
analisado, pôde-se notar que São Paulo é o Estado que possui maior visibilidade, com 48% das
obras levantadas, seguido por Rio de Janeiro e depois Minas Gerais, com 11,1% e 8,5%,
respectivamente, os três localizados na região sudeste do território brasileiro. Igualmente, a
cidade com a grande maioria das matérias publicadas é São Paulo, com 39 obras publicadas,
seguida pela cidade do Rio de Janeiro, com 12, e, posteriormente, as cidades de Belo Horizonte
e Brasília, com 5 obras publicadas cada, não coincidentemente, as capitais dos três estados
citados anteriormente, além da capital federal. Esse resultado parece refletir no campo cultural
o desequilíbrio econômico e populacional do país. Possivelmente também representa o caráter
editorial das fontes pesquisadas.
O tratamento dos dados publicados também aponta para um claro crescimento de projetos e
obras para equipamentos culturais a partir da virada do século XXI, refletindo o bom momento
econômico do país e a euforia com a chegada dos grandes eventos esportivos sediados pelo país
em 2014 e 2016. (Figura 04)

Figura 04: Gráfico de projetos (linha tracejada) e obras (linha cheia) publicadas no período de 1985 a 2018.
Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.

Além do notável crescimento numérico, outra diferença afasta os dois períodos: somente após
o ano 2000 obras de grande escala, orçamento e impacto foram encomendadas, a exemplo da
Cidade das Artes e do Museu do Amanhã.
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Ao longo do período estudado, o programa que mais aparece são os museus, seguido pelos
centros culturais, bibliotecas, salas de teatro e música, e galerias de arte, respectivamente. Estes
cinco programas são os grandes protagonistas do cenário dos equipamentos culturais do começo
do século, com publicações em menor número sobre outros tipos, como pavilhões, memoriais e
galerias, entre outros. (Figura 05)

Figura 05: Gráfico da quantidade de obras publicadas por programa - à esquerda os números de 1985 a 1999, e à
direita de 2000 a 2018.
Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.

Observou-se que desde a redemocratização e, especialmente, a partir do século XXI, o Brasil


assistiu a um considerável aumento do número de equipamentos culturais projetados e
construídos, aproximando-se de um movimento verificado principalmente nos países ricos a
partir dos anos 1980 (MONTANER, 2003). No país, as primeiras décadas do século XXI são
marcadas pela construção de grandes museus e instituições culturais, com autoria de
reconhecidos e/ou jovens arquitetos brasileiros, bem como de célebres arquitetos
internacionais, marcando o ingresso do Brasil na “era dos museus”.
Três escritórios aparecem como protagonistas deste panorama: o de Oscar Niemeyer e o de
Paulo Mendes da Rocha, mais o Brasil Arquitetura, formado pela dupla Marcelo Ferraz e
Francisco Fanucci.
Niemeyer e Mendes da Rocha são amplamente conhecidos, no Brasil e no exterior, como os
maiores representantes da geração que consolidou a arquitetura moderna brasileira. Isso indica
que início do terceiro milênio a arquitetura brasileira vem se desenvolvendo sob a peculiar
condição de ter tido dois de seus mais importantes arquitetos modernos entre as principais
figuras da produção contemporânea: Niemeyer, falecido em 2012 aos quase 105 anos, e Mendes
da Rocha, ainda muito atuante do alto de suas nove décadas de vida.
Além da qualidade excepcional da arquitetura e da notável longevidade de ambos, um
importante movimento de revalorização de suas obras, já próximo ao final do século XX,
contribuiu para que tal cenário se desenhara. No refluxo das experiências pós-modernas,
Niemeyer foi agraciado com o prêmio Pritzker em 1988, e a obra de Mendes da Rocha abriu um
novo ciclo de protagonismo a partir do projeto para o MUBE (1986-95), em São Paulo. Já no
século XXI, o então quase centenário arquiteto carioca foi convidado a desenhar o pavilhão de
2003 da Serpentine Gallery, em Londres, enquanto o paulistano começava a acumular as mais
importantes premiações de arquitetura, entre elas o Pritzker de 2006.
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Entre a produção das gerações mais jovens, destaca-se a do escritório paulistano Brasil
Arquitetura, especialmente pelo grande número de conversões de edificações de valor histórico
em equipamentos culturais. A notável quantidade de museus desenvolvidos pelo escritório
reflete a continuidade de uma trajetória iniciada desde que Marcelo Ferraz trabalhou com Lina
Bo Bardi em diversos projetos para museus e centros culturais, especialmente a partir da
requalificação de edificações históricas (NAHAS, 2008, p. 29). (Figura 06)

Figura 06: Gráfico de obras publicadas por arquiteto.


Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.

Quanto ao tipo de intervenção realizada, ainda que a grande maioria tenham sido obras novas,
houve um número considerável de intervenções no patrimônio, que em sua maioria se
constituíram de antigos prédios reformados e reciclados para abrigarem centros culturais e
museus, programas que diferem muito de suas funções originais. Efetivamente, o grupo de
edifícios históricos convertidos em centros culturais representa uma forte tendência observada
no Brasil a partir de meados da década de 1980 quando, em meio ao cenário instável da pós-
modernidade, o acervo construído – com especial atenção ao patrimônio eclético - passou a ser
valorizado como legado cultural a ser reutilizado (SEGAWA, 2014, p. 197; BASTOS, ZEIN, 2010,
333-347). (Figura 07)

Figura 07: Esquema comparativo de obras publicadas por tipo de intervenção.


Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.

No caso da pesquisa levada a cabo por Yasmin Ribeiro, verificou-se que entre as revistas
pesquisadas, a Fundação Iberê Camargo (1998-2008), de Álvaro Siza Vieira em Porto Alegre, e o
Museu Nacional dos Coches (2008-2016), de Paulo Mendes da Rocha em Lisboa, foram as que
tiveram a maior repercussão e atenção da crítica especializada nacional e internacional.
Levantou-se publicações sobre a Fundação Iberê Camargo nas revistas nacionais Arqtextos -
UFRGS, Risco - IAU São Carlos e Arquitetura Revista - Unisinos; e nas revistas internacionais
Architectural Record (EUA), Casabella (Itália) e GA Document (Japão). O Museu Nacional dos
Coches, por sua vez, recebeu destaque nas revistas nacionais Arquitextos e Monolito; e nas
internacionais Casabella (Itália), GA Document (Japão), Summa+ (Argentina), Em Blanco
(Espanha), e Blueprint (Inglaterra).
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Com base nessa constatação, optou-se por concentrar o esforço de análise nos diálogos
interculturais presentes na arquitetura desses dois museus. Através de ambos pôde-se investigar
diversas questões relacionadas ao exercício de projeto na contemporaneidade. O trânsito
internacional de obras e arquitetos é algo recorrente em tempos de globalização, ensejando uma
reflexão sobre como atua um estrangeiro em contextos diferentes daquele no qual sua obra foi
gestada (SEGAWA; GIROTO, 2018).
Siza e Mendes da Rocha estão entre os mais célebres arquitetos de seus países. Entre diversos
outros prêmios e reconhecimentos, o português recebeu o Pritzker em 1992 e o brasileiro em
2006. Por sua vez, as obras estudadas pela pesquisa figuram entre as mais importantes da
produção recente de ambos, e tiveram ampla divulgação internacional. Através dos dois museus
analisou-se as diferenças e afinidades entre o pensamento e a forma de projetar de seus
arquitetos.
Mais especificamente, pretendeu-se investigar os diálogos entre as obras segundo sua relação
com a cultura arquitetônica dos países de origem e destino, com o contexto urbano e
paisagístico, destacando como o modus operandi de cada arquiteto refletiu-se na espacialidade,
na forma, e na técnica construtiva.
A análise comparada revelou uma série de diálogos travados entre as tradições arquitetônicas
de dois países historicamente vinculados, como são Portugal e Brasil. Dessa forma buscou-se
identificar as possíveis relações entre as tradições arquitetônicas e culturais de cada país e as
referências que os arquitetos eventualmente fizeram ao lugar, à história e à cultura do país onde
a obra é implantada.
Tratou-se, também, de cotejar a recepção das obras por parte das comunidades arquitetônicas
e acadêmicas de cada país, discutindo a reação à presença e à atuação de arquitetos
estrangeiros.
Todo o material levantado e analisado, em grupo ou individualmente, pelos pesquisadores foram
reunidos e disponibilizados no portal eletrônico Arquitetura para Cultura
(www.arquiteturaparacultura.info), o principal resultado da pesquisa desenvolvida por Gabriel
Correa.
O portal, denominado Arquitetura para Cultura, oferece uma ampla seleção de obras e projetos
de equipamentos culturais construídos no Brasil do século XXI, cuja curadoria privilegiou o
acesso a referências historiográficas e críticas sobre os projetos. Além de disponibilizar de forma
facilitada artigos, reportagens, teses e monografias sobre diversas obras, o portal oferece vídeos,
fotos e material gráfico exclusivo.
Em constante expansão, o portal conta atualmente com 86 obras publicadas, de um total de 146
levantadas. Os conteúdos específicos a cada obra provieram das pesquisas feitas pelos outros
integrantes do grupo, depositados no banco de dados comum gerado na primeira etapa dos
trabalhos. Algumas possuem maior destaque e informações mais detalhadas, em função da
importância e repercussão observadas nas publicações. As obras apresentam-se organizadas por
tipo de projeto (museus, teatros, centros culturais, galerias e memoriais), e também agrupadas
em função de seus grupos produtores (jovens arquitetos, arquitetos consagrados, arquitetos
estrangeiros).
O portal também disponibiliza informações sobre o grupo de pesquisa e acesso a artigos
acadêmicos produzidos pelos pesquisadores, bem como uma extensa listagem de referências
bibliográficas e links de outros portais relacionados ao tema dos equipamentos culturais. (Figura
08)
XXXVII ENSEA– Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo
RIO 2019
XX CONABEA – Congresso da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

Figura 08: Imagem da página de apresentação geral de obras do portal Arquitetura para Cultura.
Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.

Acorde com a intenção de oferecer conteúdo crítico aos visitantes, na segunda etapa da pesquisa
o estudante desenvolveu análises gráficas sobre as obras apresentadas com maior destaque. Os
diagramas e esquemas gerados auxiliam na compreensão de cada objeto de estudo, e também
foram utilizados pelos demais membros do grupo em seus relatórios finais de Iniciação Científica.
Essas análises consistem em perspectivas, plantas e cortes construídos sobre imagens e modelos
virtuais disponibilizados na internet, em revistas ou pelos respectivos escritórios de arquitetura.
Sobre essas bases foram realizadas análises de aspectos relevantes de cada edifício, tais como
análises estruturais, de fluxos, funcionais, formais, volumétricas, entre outras. Para isso foram
utilizadas como referências bibliográficas as obras de Francis D. K. Ching (1982), Geoffrey H.
Baker (1998), Simon Unwin (2003) e Herman Hertzberger (1999). (Figura 09)

Figura 09: Exemplo de análise gráfica, neste caso, do sistema de percursos do Museu nacional dos Coches.
Fonte: arquivo da pesquisa, 2018.
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3 CONCLUSÃO: RESULTADOS COLETIVOS


Para além de sua relevância científica, a experiência do grupo significou uma valiosa experiência
de ensino e pesquisa, baseada na construção conjunta e inter-relacionada de conhecimentos
acerca de um objeto comum, com derivações diversificadas e adaptadas aos interesses
individuais de cada pesquisador do grupo.
A comparação entre os pontos de partida e de chegada de cada uma das quatro pesquisas revela
a dimensão dinâmica e imponderável inerente à pesquisa científica, que nem mesmo a mais
rígida e bem delimitada metodologia é capaz de prever. Os trabalhos finais de Arthur Lamberti
Falleiros e Victor Henrique da Cruz Bueno Fidélis demonstraram grande fidelidade ao objeto
geral incialmente escolhido para estudar; no caso de Yasmin Ali Ribeiro, a ponderação sobre o
material levantado levou a uma substancial mudança de rumo no trabalho, e o que deveria ser
um balanço crítico acerca de um grupo de obras, resultou em uma interessante análise
comparativa entre dois museus; por sua vez, a especificidade do tema de investigação de Gabriel
Moura Correa indicou a necessidade de trabalhos complementares, porém de naturezas tão
diversas como entrevistas, curadoria de conteúdos e análises gráficas, que somente foram se
revelando com o decorrer da pesquisa.
Em que pese o término oficial da pesquisa em fevereiro de 2019, com a consequente aprovação
dos quatro pesquisadores de Iniciação Científica pela Comissão de Pesquisa da FAU USP, os
trabalhos seguem em andamento. As pesquisas de Yasmin Ribeiro e Gabriel Correa já foram
apresentadas à etapa interna do Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica da
USP – SIICUSP de 2018, e os resultados de Arthur Falleiros e Victor Fidélis deverão participar da
edição de 2019 do mesmo simpósio.
Contando-se a produção acadêmica do orientador, que muito tem se apoiado no material
trabalhado pelo grupo do qual fez parte, a pesquisa contabiliza seis artigos acadêmicos e uma
entrevista já publicados, bem como a participação em quatro eventos acadêmicos entre janeiro
de 2017 e julho de 2019.
O portal eletrônico segue em constante processo de expansão de seu acervo virtual. Os próximos
passos planejados são a inclusão de obras referentes ao período compreendido entre 1985 e
1999, e a publicação das versões em espanhol e inglês, a depender de financiamento.
A construção coletiva de um amplo panorama da produção de equipamentos culturais brasileiros
na contemporaneidade é o principal resultado do grupo de pesquisa. Este inédito banco de
dados e indicadores possibilitou aos pesquisadores compreender a complexidade e a
diversidade do panorama arquitetônico nacional neste início de século. As diferentes análises
individuais, feitas a partir dos interesses de cada integrante, funcionam como amostra do
potencial que esse material pode oferecer aos interesses de outros pesquisadores.

AGRADECIMENTOS
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (processo nº 2016/21108-2)

REFERÊNCIAS
ARANTES, Otília. O lugar da arquitetura depois dos modernos. São Paulo: Edusp, 1993.
ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura na era digital-financeira: desenho, canteiro e renda da forma. São
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Paulo: editora 34, 2012.


BAKER, Geoffrey H. Le Corbusier – uma análise da forma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
BASTOS, Maria Alice Junqueira. Pós-Brasília: rumos da arquitetura brasileira: discurso, prática e
pensamento. São Paulo: Perspectiva, 2007.
BASTOS, Maria Alice Junqueira; ZEIN, Ruth Verde. Brasil: arquiteturas após 1950.São Paulo: Perspectiva,
2010.
CHING, Francis D. K. Arquitetura – forma, espaço e ordem. Porto Alegre: Bookman, 1998.
HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MILHEIRO, Ana Vaz; NOBRE, Ana Luiza; WISNIK, Guilherme. Coletivo – arquitetura paulista
contemporânea. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
MONTANER, Josep Maria. Museus para o século XXI. Barcelona: Gustavo Gili, 2003.
NAHAS, Patrícia Vicenconti. Brasil Arquitetura: memória e contemporaneidade. Um percurso do Sesc
Pompéia ao Museu do Pão. Dissertação (Mestrado) Arquitetura e Urbanismo – Universidade
Presbiteriana Mackenzie, 2008.
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil. 1900-1990. 3. ed. São Paulo: Edusp, 1998.
SEGAWA, Hugo Massaki; GIROTO, Ivo. Terra de forasteiros: Brasil cá e lá. Arquitetura e globalização no
século XXI. Anais. Salvador: [s.n.], 2018.Disponível em: https://www.enanparq2018.com/copia-
resultados.
SEGRE, Roberto. Arquitetura contemporânea brasileira. Petrópolis: Viana&Mosley, 2003.
_____ Jovens arquitetos – Young Architects. Petrópolis: Viana&Mosley, 2004.
_____ Museus brasileiros. Petrópolis: Viana&Mosley, 2010.
UNWIN, Simon. A análise da arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2013.
WISNIK, Guilherme. Dentro do nevoeiro. Arquitetura, arte e tecnologia contemporâneas. São Paulo:
Ubu, 2018.

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