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As expressões da modernidade no Brasil:

o lugar da arquitetura associada ao termo


art déco

PPGAU + UFPB
Mucambo (CE). Fonte: IBGE João Pessoa, 2018
Ipiaú (BA) Fonte: IBGE
Bagé (RS) Fonte: IBGE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

FERNANDA DE CASTRO FARIAS

As expressões da modernidade no Brasil:


o lugar da arquitetura associada ao termo art déco

João Pessoa

2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

FERNANDA DE CASTRO FARIAS

As expressões da modernidade no Brasil:


o lugar da arquitetura associada ao termo art déco

Tese apresentada ao Programa de Pós


Graduação em Arquitetura e Urbanismo
(PPGAU) da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB) para a obtenção do título
de doutor.

Área de concentração: História da


Arquitetura e do Urbanismo.

Orientadora: Prof. Dra. Nelci Tinem

João Pessoa

2018
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação

F224e Farias, Fernanda de Castro.


As expressões da modernidade no Brasil:o lugar da
arquitetura associada ao termo art déco / Fernanda de
Castro Farias. - João Pessoa, 2018.
277 f. : il.

Tese (Doutorado) - UFPB/Tecnologia.

1. Arquitetura art déco. 2. Disseminação. 3.


Historiografia. 4. Arquiteturas da modernidade. I.
Título

UFPB/BC
As expressões da modernidade no Brasil:
o lugar da arquitetura associada ao termo art déco
por
Fernanda de Castro Fariass
Tese aprovada em 29 de outubro de 2018
Agradecimentos

Nesta longa jornada de desenvolver uma tese de doutorado, muitas mudanças


acontecem pelo caminho, páginas deste trabalho foram escritas em Patos e em João
Pessoa, na Paraíba, assim como em São Roque, São Carlos e São Paulo, no Estado de
São Paulo, e, ainda, nas viagens entre essas cidades, e elencar as pessoas me
ajudaram e acompanharam nesta fase da minha trajetória acadêmica é tarefa árdua.
Agradeço, em especial, à Nelci Tinem, minha orientadora, mentora e referência
profissional, por todo apoio, dedicação e paciência durante toda a jornada.
Agradeço aos meus pais, Idervando e Maria Ana, e a minha tia Ana Maria (uma
segunda mãe), pelos ensinamentos e exemplos que sempre nos guiaram na
importância da educação. Às minhas irmãs que me deram colo, força e apoio.
Obrigada por serem minhas companheiras de vida.
Ao meu marido, que esteve ao meu lado em toda a jornada, mesmo quando
fisicamente longe, por seu meu cúmplice, parceiro, por estar junto nas pesquisas, nos
finais de semana de estudo, por compartilhar os desabafos e as angústias.
Aos colegas do PPGAU + UFPB, pela aprendizagem, conversas e trocas de
ideias, em especial à Kaline Abrantes, que se mostrou uma amizade especial nesta
jornada. À Maryá Aldrigue, pela amizade, recepção e apoio, especialmente em São
Carlos.
Aos membros da banca Hugo Segawa, Edja Trigueiro, Juliana Nery, Fúlvio
Pereira e Márcio Cotrim, pelas imensuráveis considerações e comentários que tanto
acrescentaram e contribuíram ao amadurecimento deste.
Ao PPGAU - Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo
através, do secretário Synval Gleryston Maciel Quirino.
Ao colega Marcus Vinícius Queiroz, pela inestimável sugestão da Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros como fonte de pesquisa.
Aos colegas professor do IFPB + Campus Patos, em especial a Mario Lyra, por
todo incentivo e conversas nas longas viagens, Monique Ximenes, Magdalena Duarte,
Susana Lucena e Alan Nóbrega. Ao IFPB pelo incentivo à capacitação através do
afastamento cedido, tão fundamental para o desenvolvido desta tese.
Agradeço a todos que, de alguma forma, ajudaram diretamente e
indiretamente na realização desta pesquisa.
Resumo

O termo art déco é usado para designar uma produção arquitetônica que busca
expressar a modernidade em suas fachadas, através da geometrização do
ornamento, apresentando elementos decorativos e características formais
singulares. A premissa desta tese é que a produção associada ao termo participa do
processo de modernização brasileiro e se dissemina pelo país no segundo quartel do
século XX. Contudo, a versão hegemônica da história da arquitetura moderna,
desenvolvida no Brasil até os anos 1990, não contempla, efetivamente, estes
exemplares. Desta forma, o objetivo é identificar os modos e meios de disseminação
desta arquitetura no Brasil e rever o lugar dessa produção arquitetônica na história
da arquitetura brasileira, através de uma análise historiográfica. A investigação
fundamenta-se nas seguintes fontes de pesquisa, que foram subdivididas em quatro
narrativas: 1) cinco livros para a versão da historiografia canônica, 2) quatro livros e
uma dissertação de mestrado para a versão da historiografia recente, 3) vinte e sete
títulos acadêmicos sobre o tema (06 livros, 03 teses de doutorado, 07 dissertações de
mestrado e 11 artigos) para as pesquisas recentes e 4) um documento histórico, trinta
e seis volumes da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, editada pelo IBGE entre os
anos de 1957 e 1964. Com base na análise e na identificação dos elementos formais
que caracterizam a produção construída foi desenvolvido um mapa que permite
visualizar a extensão dessa arquitetura pelo país e dar uma noção do estado da arte
da produção acadêmica, acerca do art déco no Brasil. A implicação deste trabalho é a
possibilidade de organizar uma linha de raciocínio sobre como esta arquitetura se
dissemina no país, identificar uma unidade estilística e apreender o lugar dessa forma
de ser moderno no Brasil.

Palavras-chave: Arquitetura art déco; Disseminação; Historiografia; Arquiteturas da


modernidade;
Abstract

Art deco is a nomenclature used to an architectonic production that strives to express


modernity in building forefronts through ornament geometrization, presenting
decorative elements and singular formal features. This thesis assumes that the
production associated with art deco participates in the Brazilian modernization
process, and it is spread over the country during the second quarter of the 20th
century. However, the modern architecture hegemonical history version does not
adequately consider this production. The purpose of this study is to identify this
architectonic production dissemination in Brazil and place it in the history of Brazilian
architecture through a histographical analysis. This investigation has as its basis the
following research resources, divided into four narratives: 1) five books to the
canonical historiography version, 2) four books and one mastering dissertation for the
recent historiography version, 3) twenty-seven recent academic works regarding the
theme, comprising six books, three doctoral theses, seven mastering dissertations,
and eleven papers and 4) one historical document, thirty-six volumes of Brazilian
cities Encyclopedia, edited by IBGE between 1957 and 1964. According to this analysis
and identification of formal elements that characterize the developed production, we
developed a map that enables visualizing this architecture extension through the
country and allows understanding its academic context. The implication of this work is
the possibility of organizing the knowledge about how this architecture is
disseminated through the country, identify a stylist unity and to learn the place of this
modern production in Brazil.

Keywords: Art deco architecture; Dissemination; Historiography; Architectures of


modernity;
Lista de figuras

Figura 1: Linha do tempo com a criação do termo art déco.............................................. 36


Figura 1: Cartaz do XI Congresso Mundial de art déco realizado em 2011 no Rio de
Janeiro. ...................................................................................................................................... 47
Figura 2:Pavilhão de L`Espirit Nouveau. ............................................................................... 52
Figura 3: Pavilhão do Colecionador por Pierre Patout. ...................................................... 52
Figura 4: O pavilhão do Bon Marché...................................................................................... 53
Figura 5: Entrada do pavilhão da Galeries Lafayette .......................................................... 53
Figura 6: Exposição do Centenário da Revolução Farroupilha, de 1935: Pórtico de
entrada. ...................................................................................................................................... 68
Figura 7:Exposição do Centenário da Revolução Farroupilha, de 1935: O Grande
Cassino....................................................................................................................................... 68
Figura 8: Obras Públicas: Projeto da Prefeitura de Belo Horizonte - MG, de Rafaello
Berti e Luiz Signorelli, 1935. ................................................................................................... 69
Figura 9: Obras Públicas: Postal do Palácio das Esmeraldas em Goiânia + GO. ........... 69
Figura 10: Coluna da Hora em Fortaleza (CE), na década de 1950. ................................... 71
Figura 11: Prefeitura Municipal de São Leopoldo (RS). ....................................................... 71
Figura 12: Agência dos Correios e Telégrafos em Belém (PA). ......................................... 71
Figura 13: Agência dos Correios e Telégrafos em Curitiba (PR). ...................................... 71
Figura 15: Linha do tempo da versão historiográfica produzida até os anos 1990. ........ 73
Figura 14: Poster do Transatlântico Normandie, 1935......................................................... 77
Figura 15:Cartaz da Cia Aérea Air France, 1950. .................................................................. 77
Figura 16: Praça Central do Bairro de Campinas, Praça Coronel Joaquim Lúcio, em
Goiânia (GO). .............................................................................................................................. 78
Figura 17: Praça Central do Bairro de Campinas, Praça Coronel Joaquim Lúcio, em
Goiânia (GO). .............................................................................................................................. 78
Figura 18:Publicações sobre o art déco em Minas Gerais. ................................................ 79
Figura 19: Presença de elementos déco na agência dos correios (edificação amarela)
em Uauá (BA). ........................................................................................................................... 80
Figura 20: Influências do art déco nas singelas casas do interior do Nordeste, nas
imagens registro dos exemplares no município de Serra Talhada (PE). ........................ 81
Figuras 21, 22 e 23: Influências do art déco nas singelas casas do interior do NE , nas
imagens registro dos exemplares nos municípios de Condado (PE), Piaçabuçu( AL) e
Ingá (PB). ................................................................................................................................... 81
Figura 24: Edifício-tipo I, Pesqueira (PE). ............................................................................. 84
Figura 25: Edifício-tipo II + Quixeramubim (CE). ................................................................. 84
Figura 26: Edifício-tipo III, Princesa Isabel (PB). ................................................................. 84
Figura 27: Representantes do art déco Popular na cidade de Salvador (BA)................. 87
Figura 28: Projeto de construção de prédio em Florianópolis (SC), de 1934. ................. 89
Figura 29: Projeto de construção de prédio em Florianópolis (SC), de 1941. .................. 89
Figura 30: Projeto de construção de prédio em Florianópolis (SC), de 1938. ................. 89
Figura 31: Cartão Postal da Rua Cardoso Vieira, Campina Grande (PB). ......................... 97
Figura 32: Cartão Postal mostrando o prédio dos Correios e a Praça da Bandeira,
Campina Grande (PB). ............................................................................................................. 97
Figura 33:Postal da Cidade de São Luís (MA) ...................................................................... 98
Figura 34: Os elementos símbolo da modernização na capa de O Estado de Sergipe.
................................................................................................................................................... 110
Figura 35:Divulgação da modernidade dos equipamentos da nova Biblioteca Pública do
Estado....................................................................................................................................... 110
Figura 38: Linha do tempo com contexto histórico da publicação da Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros. .......................................................................................................... 118
Figura 36: “Edifícios modernos”, segundo os termos descritos na Enciclopédia, em
Vitória (ES)............................................................................................................................... 122
Figura 37: Aeroporto de Natal (RN), um exemplo de “estilo arquitetônico moderno”,
segundo os termos da Enciclopédia.................................................................................... 122
Figura 38: Construções de traços “tradicionais, modernos e neogóticos”, segundo os
termos da Enciclopédia, no Município de Araripina (PE), ano de 1957. .......................... 123
Figura 39: Cine-TeatroBrasil em São Leopoldo (RS). ....................................................... 123
Figura 40: Cine-Teatro Independência em São Leopoldo (RS). ...................................... 123
Figura 41: Palácio das Esmeraldas, em Goiânia (GO). ...................................................... 124
Figura 42: Exemplar de arquitetura Moderna, Sede do Departamento Nacional de
Estradas de Rodagem em Santana do Ipanema (AL), nos anos 1950. ........................... 125
Figura 43: Exemplar de arquitetura Moderna, Tênis Cube Santanense em Santana do
Ipanema (AL), nos anos 1950. ............................................................................................... 125
Figura 44: Residências modernas de veranistas em Itapemirim (ES),1958. ................. 126
Figura 45: Conjunto residencial moderno composto de 20 casas que o I.A.P.C. estava
construindo no município de Bacabal (MA). ....................................................................... 126
Figura 46: Exemplar predominantemente déco, com o telhado aparente, Colégio
Estadual e Escola Normal em Piraju (SP). ......................................................................... 127
Figura 47: Exemplar predominantemente déco, com o telhado aparente, Ginásio e
Escola Normal São José em Ibiá (MG). ............................................................................... 127
Figura 48: Exemplar com despojo ornamental, no Banco Arthur Scatena S. A. em
Limeira (SP). ........................................................................................................................... 127
Figura 49: Exemplar com despojo ornamental, no Prédio da Agência do Banco de
Crédito da Amazônia em Porto Velho (RO). ....................................................................... 127
Figura 50: Exemplar com uso de elementos de distintas expressões “modernas”,
Banco de Curitiba em Rolândia (PR). .................................................................................. 128
Figura 51: Exemplar com uso de elementos de distintas expressões “modernas”, no
Senai, em Uberaba (MG). ....................................................................................................... 128
Figura 52: Edificações déco na Rua Marechal Deodoro: Xique-Xique (BA), 1949. ........ 129
Figura 53: Edifícios comerciais déco na Praça Doutor Lauro de Freitas: Xique-Xique
(BA), 1957. ................................................................................................................................ 129
Figura 54: Prefeitura Municipal de Jacaraci (BA), marcada pela ornamentação
geometrizada. ......................................................................................................................... 132
Figura 55: Grupo escolar Municipal em Antonina (PR), com elementos decorativos em
zig-zag, típicos do estilo........................................................................................................ 132
Figura 56:Elementos ornamentais geometrizados na platibanda da Agência dos
Correios e Telégrafos do Município de São Bento (MA). .................................................. 133
Figura 57: Elementos ornamentais geometrizados na platibanda da Residência do
Padre Cícero: Juazeiro do Norte (CE). ................................................................................ 133
Figura 58: Ornamentos geometrizados na Casa Paroquial no Município de Mucambo
(CE). .......................................................................................................................................... 133
Figura 59: Ornamentos geometrizados na Casa Paroquial no Município de Mauriti (CE).
................................................................................................................................................... 133
Figura 60: Ornamentos geometrizados na Sede do Cetema Clube em Barbalha (CE).
................................................................................................................................................... 133
Figura 61: Prefeitura Municipal de União da Vitória (PR), marcada pela ornamentação
geometrizada. ......................................................................................................................... 133
Figura 62: Ornamentos geometrizados na União Artística Operária Agrícola
Passagense, em Passagem Franca (MA), 1957. ................................................................. 134
Figura 63:Elementos geometrizados no Mercado Municipal de Xique-Xique (BA). ..... 134
Figura 64: Recurso do escalonamento empregado na platibanda da Belchior e Costa
Ltda em Xapuri (AC). .............................................................................................................. 134
Figura 65: Recurso do escalonamento presente na marquise, nas luminárias e nos
elementos decorativos na Biblioteca Municipal de Juíz de Fora (MG). ......................... 134
Figura 66: Efeito escalonado obtido através da sobreposição de planos verticais no
Ginásio Escola de Comércio de Itapetininga, no município que dá o nome ao ginásio
(SP). .......................................................................................................................................... 135
Figura 67: Efeito escalonado obtido através da sobreposição de planos verticais no
Clube União Recreativo em Sorocaba (SP). ....................................................................... 135
Figura 68: Recurso do escalonamento empregado no Cine Rex e Teatro 4 de Setembro
em Teresina (PI)...................................................................................................................... 135
Figura 69: Recurso do escalonamento empregado no Departamento de Saúde Pública
em Rio Branco (AC). ............................................................................................................... 135
Figura 70: Recurso do escalonamento empregado na platibanda da Prefeitura
Municipal de Muqui (ES). ....................................................................................................... 136
Figura 71: Recurso do escalonamento empregado na platibanda do Grupo escolar no
Município de Muqui (ES). ....................................................................................................... 136
Figura 72:Recurso do escalonamento na platibanda do Hospital São Francisco de
Assis no Crato (CE). ............................................................................................................... 136
Figura 73: Recurso do escalonamento empregado no Instituto Histórico e Geográfico
Estadual Aracajú (SE). ........................................................................................................... 136
Figura 74: Policlínica Ana Elizabeth no município de Paulista (PE), exemplar com
platibanda com elementos geometrizados. ....................................................................... 137
Figura 75: Imprensa Oficial em Colatina (ES), exemplar com platibanda arrematada
por friso decorativo. ............................................................................................................... 137
Figura 76: Platibanda decorada com elementos do repertório déco no Mercado
municipal no município de Muritiba (BA). ........................................................................... 137
Figura 77: Platibanda decorada com elementos do repertório déco na Prefeitura
Municipal de Campos Sales (CE). ........................................................................................ 137
Figura 78: Platibanda decorada com elementos associados ao repertório déco no
Prédio das indústrias alimentícias Carlos DE Brito S.A. em Pesqueira (PE). .............. 138
Figura 79: Platibanda decorada com elementos associados ao repertório déco na
Fábrica de Charutos Pimentel e Costa Penna em Muritiba (BA). ................................... 138
Figura 80:Platibanda com letreiro na Rádio Cultura em Feira de Santana (BA).......... 138
Figura 81: Platibanda com elementos geometrizados na Fiação e tecelagem São
Martins em Miracema (RJ).................................................................................................... 138
Figura 82: Platibanda com ornamentação discreta no Clube Ipiranga em Mossoró
(RN). .......................................................................................................................................... 138
Figura 83: Platibanda com ornamentação discreta na Casa residencial do Sr. Bernardo
Simião no Município de Porto Velho (RO). .......................................................................... 138
Figura 84: Platibanda com elementos geometrizados no Edifício do Departamento de
Viação e Obras Públicas no Município de Maceió (AL). .................................................... 139
Figura 85: Platibanda com frisos e elementos geometrizados no Banco Caixeiral no
Crato (CE). ............................................................................................................................... 139
Figura 86: Platibanda com frisos na Clínica Centro Goiano no Município de Ceres (GO).
................................................................................................................................................... 139
Figura 87: Platibanda com ornamentos geometrizados no Armazém Caxias em Caxias
(MA). ......................................................................................................................................... 139
Figura 88: Balcões de alvenaria na esquina da Rua XV de Novembro: Seção de Modas
da Casa Peiter: Blumenau (SC). ........................................................................................... 141
Figura 89: Balcões de alvenaria no Edifício Inhuma. Trecho comercial da Rua Seis em
Goiânia (GO). ............................................................................................................................ 141
Figura 90: Balcão na quina do edifício do Palácio do Comércio, onde funciona a
Agência Municipal de Estatística em Caxias (MA). ........................................................... 141
Figura 91: Balcão nas três faces do edifício da .................................................................. 141
Figura 92: Marquises no prédio de esquina da Avenida Getúlio Vargas em Colatina
(ES). .......................................................................................................................................... 142
Figura 93: Marquise no Banco de Minas Gerais S. A. Montes Claros (MG). .................. 142
Figura 94: Recursos de Marquise e Mísula usados na Cooperativa Agro-Pecuária de
Macuco no Município de Cordeiro (RJ). .............................................................................. 142
Figura 95: Recursos de Marquise e Mísula usados na Agência do Banco Nacional de
Minas Gerais no Município do Carmo (RJ). ........................................................................ 142
Figura 96: Uso dos recusos de marquises, frisos e mísulas Prefeitura de Russas (CE).
................................................................................................................................................... 142
Figura 97: Uso de recursos do balcão e das mísulas na Prefeitura Ibiraçu (ES)......... 142
Figura 98: Faixas com desenhos em auto-relevo no Centro de Saúde do Estado, em
Vitória (ES)............................................................................................................................... 142
Figura 99: Faixas com desenhos em auto-relevo no Fórum de Salinas (MG), onde
também aparecem o balcão e as mísulas. ......................................................................... 142
Figura 100: Edifício do Grande Hotel em Sete Lagoas (MG); reúne diversos elementos
do repertório déco: balcões, frisos,marquises, escalonamento e mísulas. ................. 143
Figura 101: Presença de varandas e guarda corpo de alvenaria e ferro no Edifício do
Cine-TeatroPalace em Barbacena (MG), 1970. .................................................................. 144
Figura 102: Edifício de linhas gerais simplificadas na Estação Ferroviária em
Uruguaiana(RS)....................................................................................................................... 145
Figura 103: Despojo ornamental no edifício da Secretaria Geral do Governo de Mato
Grosso, em Cuiabá (MT) ........................................................................................................ 145
Figura 104:Limpeza ornamental no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina (PI). .......... 146
Figura 105: Despojo ornamental na Faculdade de direito de Florianópolis (SC).......... 146
Figura 106: Simplificação formal e decoração discreta no edifício da Associação
Comercial do Amazonas em Manaus (AM)......................................................................... 146
Figura 107: Presença de um terraço no edifício da Prefeitura de Betim (MG), associado
ao uso de elementos decorativos déco. ............................................................................. 148
Figura 108: Discretos recortes volumétricos associadas a elementos decorativos déco
em uma casa residencial na Rua Meneses Pimentel no Município de Campos Sales
(CE). .......................................................................................................................................... 148
Figura 109: Exemplar com terraço, varanda e elementos decorativos déco na
Prefeitura Municipal de Itiruçu (BA). ................................................................................... 149
Figura 110: Exemplar com terraço, varanda e elementos decorativos déco na
Prefeitura Municipal de Xanxarê(SC). ................................................................................. 149
Figura 111: Presença de uma varanda e de um guarda corpo de ferro associados aos
elementos decorativos déco na Casa Paroquial de Acopiara (CE). ............................... 149
Figura 112: Presença de um terraço central associado aos elementos decorativos déco
no Círculo operário em Jardim (CE).................................................................................... 149
Figura 113: Discreto recorte volumétrico associado aos elementos do repertório déco
na Coletoria Estadual em Baixio (CE) ................................................................................. 150
Figura 114: Discreto recorte volumétrico com elementos do repertório déco na escola
Dr. João úrsulo em Santa Rita (PB)..................................................................................... 150
Figura 115: Exemplares déco no município de Rua de Juazeiro do Norte (CE), 1957. .. 167
Figura 116: Exemplares déco no município de Patos (PB) ............................................... 167
Figura 117: Exemplares déco no município de Inhumas (GO), 1957. ................................ 168
Figura 118: Exemplares déco na Rua comercial de Araçatuba (SP), 1960. .................... 168
Figura 119: Exemplares déco na Rua velha Gal. Portinho em Porto Alegre (RS), 1959.
................................................................................................................................................... 168
Figura 120: Exemplares déco na Avenida Paraná, Londrina, PR + 1948. ...................... 169
Figura 121: Exemplares déco na Rua do Município de Carazinho (RS), 1959. ................ 169
Figura 204:Conjunto de exemplares déco no município de Caxias (MA). .................... 170
Figura 205:Conjunto de exemplares Déco no município de Colatina (ES). ................... 171
Figura 206:Conjunto de exemplares déco no município de Juazeiro do Norte (CE).... 173
Figura 207:Conjunto de exemplares Déco no município de Passos (MG) ..................... 173
Figura 208:Conjunto de exemplares no município de Uruguaiana (RS) ........................ 174
Figura 209:Conjunto de exemplares no município de Itumbiara (GO)............................ 175
Figura 122: Edifício tipo dos correios em Princesa Isabel (PB). ...................................... 181
Figura 123: Edifício tipo dos correios em Camocim (CE). ................................................. 181
Figura 124: Edifício tipo dos correios em Pesqueira (PE). ............................................... 181
Figura 125: Edifício especial tipo em Muriaé (MG). ............................................................ 182
Figura 126: Edifício tipo especial em Jaraguão (RS). ........................................................ 182
Figura 127: Edifício tipo especial em Pelotas (RS). ........................................................... 182
Figura 128: Edifício tipo especial em Juiz de Fora (MG). .................................................. 182
Figura 129: Foto recente da Agência dos Correios e Telégrafos de Alfenas (MG). ...... 183
Figura 130: Liceu Piauiense em Teresina (PI) .................................................................... 183
Figura 131: Croqui do Liceu Piauiense. ................................................................................ 183
Figura 132: Imagem aérea do Liceu Piauiense................................................................... 184
Figura 133: Prefeitura da cidade de Belo Horizonte (MG). ............................................... 184
Figura 134: Prefeitura Municipal de São Brás (AL). .......................................................... 185
Figura 135: Prefeitura Municipal de Cariré (CE). ............................................................... 185
Figura 136: Prefeitura de Jaraguá do Sul (SC). .................................................................. 185
Figura 137: Prefeitura de Foz do Iguaçu (PR). .................................................................... 185
Figura 138: Fachadas principais da Prefeitura de Patos (PB). ........................................ 186
Figura 139: Imagem aérea vendo-se o telhado e o recorte na volumetria. .................. 186
Figura 140: Fachada principal da Prefeitura Municipal de Itiruçu (BA).......................... 187
Figura 141: Imagem aérea vendo-se o telhado tradicional e o recorte na volumetria. 187
Figura 142:Posto Policial do Município de Orizona (GO) . ................................................. 187
Figura 143:Prédio da Agência dos Correios e Telégrafos do Município de Orizona (GO).
................................................................................................................................................... 187
Figura 144: Delegacia do 2º Distrito, Rio Branco (AC), 1949. ............................................ 188
Figura 145: Prefeitura Municipal de Baixio (CE). ............................................................... 188
Figura 146: Cine-Teatro Estrela, 1956 em Ipameri (GO). ................................................... 191
Figura147:Imagem recente do Cine Estrela........................................................................ 191
Figura 148: Radio difusora em Pesqueira (PE) .................................................................. 192
Figura 149: Outro ângulo da Radio difusora em Pesqueira (PE) ..................................... 192
Figura 150: Clube Aliança no município de Esteio (RS) .................................................... 193
Figura 151: Clube Aliança no município de Esteio (RS) ..................................................... 193
Figura 152:Hotel Municipal no Município de Jacarezinho (PR) ........................................ 194
Figura 153: Imagem atual e aérea do Hotel Municipal de Jacarezinho (PR), hoje
desativado................................................................................................................................ 194
Figura 154: Antigo edifício da companhia Paulista de Estrada de Ferro, projeto de
ElisiárioBahiana. ..................................................................................................................... 195
Figura 155: Avenida São João, município de São Paulo, 1956. ......................................... 196
Figura 156: Rua da Conceição, junto ao cruzamento da Avenida Ipiranga, município de
São Paulo, 1956. ...................................................................................................................... 196
Figura 157: Banco do Brasil, à esquerda e o Banco do Estado de São Paulo, ao fundo. O
edifício Martinelli completa o quadro, à direita. ................................................................ 196
Figura 158: Edifício déco no Município de Ribeirão Preto (SP), na Praça XV de
Novembro ................................................................................................................................ 197
Figura 159 e Figura 160: Edifícios déco na Rua XV de Novembro,PRJ-2 Rádio Clube
Ponta-grossense e Cine Ópera em Ponta Grossa (PR). .................................................. 197
Figura 161: Edifício déco - Majestic Colonial Hotel em Juiz de Fora (MG), edifícios de
térreo mais três pavimentos ................................................................................................ 198
Figura 162: Edifício déco na Rua Felipe Schmidt: Florianópolis (SC) ............................. 198
Figura 163: Edifício déco da Associação Comercia no município de Parnaíba (PI) ..... 198
Figura 164: Rua comercial e mercado municipal no município de Fortaleza (CE). ...... 200
Figura 165: Rua principal no município de Campo Grande, 1952. .................................... 200
Figura 166: Sobrados comerciais no município de Ponta Grossa (PR). ......................... 200
Figura 167: Rua comercial no município de Bagé (RS). .................................................... 200
Figura 168: Palace Hotel e o Cine Theatro Rex, fundado em 1938, que ocupa lugar
estratégico em frente a Praça Manoel Bonito em Araguari (MG). ................................. 201
Figura 169: Cine Pax em Mossoró (RN), fundado em 1943, através de uma parceria de
empresários da cidade e prefeitura municipal, em frente a uma praça Rodolfo
Fernandes. ............................................................................................................................... 202
Figura 170: Município de Anápolis (GO), prédio da Prefeitura e Fórum que ocupam
lugar estratégico na malha urbana do município em frente a Praça Bom Jesus........ 202
Figura 171: Município de Santa Cruz do Sul (RS), vendo-se o Colégio Marista Liceu São
Luiz que ocupa lugar estratégico na malha urbana do município em frente a Praça
Getúlio Vargas......................................................................................................................... 203
Figura 172: Exemplares “simplificados” em Goiânia (GO) localizados estrategicamente
ao redor da Praça Coronel Joaquim Lúcio......................................................................... 203
Figura 173: Sobrados com elementos déco na Praça Ruy Barbosa no município de
Castelo (ES). ............................................................................................................................ 204
Figura 174: Prefeitura do município de Tupaciguara (MG), localizada em lote de
esquina. .................................................................................................................................... 205
Figura 175:Assistência Municipal do município de Fortaleza (CE), de 1938, localizada
em lote de esquina. ................................................................................................................ 205
Figura 176: Agência dos Correios e Telégrafos no município de Senhor do Bonfim (BA).
................................................................................................................................................... 205
Figura 177: Agência dos Correios e Telégrafos no município de Mossoró (RN). .......... 206
Figura 178: Rua Pedro II, vendo-se a Agência dos Correios e Telégrafos, em primeiro
plano, no município de Cipó (BA). ........................................................................................ 206
Figura 179: Fórum do município de Salinas (MG)............................................................... 207
Figura 180: Localização na malha urbana que garante visibilidade ao prédio do Fórum
de Salinas (MG). ...................................................................................................................... 207
Figura 181: Exemplo de elemento de influência marajoara na Rádio Difusora em
Pesqueira (PE): relógio e índio. ............................................................................................ 208
Figura 182: Exemplo de influência marajoara no pórtico do Edifício Itahy, projeto de
Pedro Correia de Araújo, no Rio de Janeiro (1881-1955). ................................................. 208
Figura 183:Repertório déco aplicado nas edificações do sertão nordestino. ............... 209
Figura 184: Repertório déco aplicado nas edificações do subúrbio carioca. ................ 210
Figura 185: Repertório déco aplicado nas edificações do subúrbio carioca. ................ 210
Figura 186: Balcão chanfrado no repertório déco no Recife (PE). .................................. 211
Figura 187: Frisos horizontais e marquises no repertório déco no Recife (PE). .......... 211
Figura 188: Platibanda ornamentada com ornatos geométricos e marquise no
repertório déco no Recife (PE). ............................................................................................ 211
Figura 189: Platibanda escalonada, frisos e marquise no repertório déco no Recife
(PE). .......................................................................................................................................... 211
Figura 190:Sobrados déco no município de Pirenópolis (GO). ......................................... 216
Figura 191: Sobrados no município João Pessoa (PB). ..................................................... 216
Figura 192: Sobrado déco no município de Vitória (ES). ................................................... 216
Figura 193 :Sobrado déco no município do Rio de Janeiro (RJ). .................................... 216
Figura 194: Sobrado déco no município de João Pessoa (PB)........................................ 216
Figura 195: Sobrados no município de Tubarão (SC). ....................................................... 216
Figura 196: Sobrados déco de uso misto no município do Rio de Janeiro (RJ). ........... 217
Figura 197: Sobrados déco de uso misto no município de Juiz de Fora (MG). .............. 217
Figura 198: Projeto de residência com elementos déco em Belo Horizonte (MG). ...... 217
Figura 199: Projeto de residência como elementos déco em João Pessoa (PB), de 1936.
................................................................................................................................................... 217
Figura 200: Projeto de residência com elementos déco em Florianópolis (SC), de 1935.
................................................................................................................................................... 217
Figura 201: Residência com elementos déco no interior de Pernambuco..................... 217
Figura 202: Residência com elementos déco em Ingá (PB) ............................................ 217
Figura 203: Residências com elementos déco em Jaguarão (RS) ................................ 217
Figura 213: Linha do tempo com contraposição do registro da arquitetura déco nas
fontes de pesquisa ................................................................................................................. 220
Sumário

INTRODUÇÃO 18

QUESTÕES DA TESE 22

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ETAPAS DE TRABALHO 25


Etapa 1: Os conceitos e as definições acerca do termo art déco 25
Etapa 2: Pesquisas Historiográficas:art déco na versão canônica e recente 26
Etapa 3: Pesquisas Historiográficas:art déco nas pesquisas 27
Etapa 4: Déco em documentos históricos 27
Etapa 5: Levantamento dos dados e escolha dos exemplares. 27
Etapa 6: Sistematização dos dados: tabelas, quadros, mapas e gráficos 29
Etapa 7: Análise e reflexões 30

ESTRUTURA DO TRABALHO 30

CAPÍTULO 01. A ARQUITETURA ART DÉCO 33

1.1Art déco e a designação tardia 34

1.2 Sobre a existência de um “estilo art déco” 42

1.3 A premissa da disseminação nacional – O art déco produzido no Brasil 49

CAPÍTULO 02. AS VERSÕES HISTORIOGRÁFICAS SOBRE A PRODUÇÃO DÉCO


NO BRASIL 56

2.1 O art déco na versão da historiografia canônica 59

2.2 O art déco na versão da historiografia recente 64

CAPÍTULO 03. O ESTADO DA ARTE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA ACERCA DO


ART DÉCO NO BRASIL 74

3.1 Mapeamento das pesquisas sobre déco: livros, teses de doutorado e dissertações de
mestrado 76

3.2 Mapeamento das pesquisas sobre déco: artigos 94

3.3 A disseminação nas pesquisas – os agentes da disseminação 102

CAPÍTULO 04. A PRODUÇÃO ART DÉCO NA ÓTICA DA ENCICLOPÉDIA DOS


MUNICÍPIOS BRASILEIROS 113

4.1 A enciclopédia como fonte 114


4.1.1 A descrição da fonte de pesquisa 119

4.2 As expressões da modernidade na ótica da Enciclopédia 121

4.3 A escolha dos exemplares art déco 129


4.3.1 A caracterização do art déco 130

4.4 Os exemplares déco na Enciclopédia 150

CAPÍTULO 05. A DISSEMINAÇÃO DA PRODUÇÃO ART DÉCO CONSTRUÍDA PELO


PAÍS: OS NÚMEROS DA ENCICLOPÉDIA 153

5.1 A produção déco e a expansão urbana dos municípios 155

5.2 A análise dos dados da Enciclopédia 156

5.3 A análise dos exemplares na Enciclopédia – as fontes da disseminação 160

5.4 Que art déco se dissemina pelo país 165

CAPÍTULO 06. O LUGAR DO ART DÉCO NA MODERNIDADE DA PRIMEIRA


METADE DO SÉCULO XX: OS AGENTES DA DISSEMINAÇÃO DA PRODUÇÃO 177

6.1 As modalidades de disseminação da arquitetura art déco pelo país 179


6.1.1 Efeito demonstração: Edifícios públicos 179
6.1.2 Efeito demonstração: Novos programas 190
6.1.3 Efeito demonstração: Edifícios altos 195
6.1.4 Edifícios localizados em locais estratégicos: visibilidade. 199

6.2 A análise das diferenciações regionais 207

6.3 O mínimo recurso torna a produção similar em todo o país 213

CONSIDERAÇÕES FINAIS 219

REFERÊNCIAS 224

APÊNDICE A – Tabela com identificação dos agentes de disseminação nas pesquisas sobre o
tema 232

APÊNDICE B – Quadro de exemplares déco identificados na Enciclopédia dos Municípios


Brasileiros 237

APÊNDICE C – Classificação dos exemplares Déco por estado. 277


Introdução

No segundo quartel do século XX, conviviam na cena arquitetônica do


Brasil, exemplares tão distintos como os ecléticos, os art déco e as primeiras
experiências da arquitetura moderna, todos buscando a desejada modernidade
da arquitetura e a adaptação aos novos tempos. A produção art déco + foco
desta tese –, não obstante ser contemporânea, era distinta, tanto das
propostas ecléticas, quanto dos pioneiros modernos, em um período marcado
pelas tentativas de definição de uma linguagem arquitetônica que
representasse a modernidade.
A tese tem como objeto teórico o papel desempenhado pelo art déco na
modernização da produção arquitetônica no Brasil, entre os anos 1930 e 1940,
com construção de exemplares tardios nos anos 1950.
O art déco é apresentado oficialmente na Exposição Internacional de Artes
Decorativas e Industriais Modernas, realizada em abril de 1925 em Paris, o
termo, contudo, só começa a ser empregado para referir-se a essa produção
arquitetônica nos anos 1960.
Nesta pesquisa, o termo art déco segue a definição adotada pela maioria
dos estudiosos dedicados ao tema: uma produção que buscava expressar a
modernidade arquitetônica em suas fachadas, através da geometrização do
ornamento, apresentando elementos decorativos e características formais
singulares e que teve, no Brasil, sua implantação e disseminação no segundo
quartel do século XX.
Nas pesquisas sobre art déco (datados de finais do século XX e inícios do
século XXI) é recorrentemente relatado que esta produção não foi
contemplada pela versão oficial da historiografia da arquitetura moderna
brasileira.

Essa linguagem [déco] tem sido omitida sistematicamente da


historiografia oficial da arquitetura, como se o fenômeno jamais
18

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


tivesse ocorrido por aqui [no Brasil] ou sua presença tivesse
sido de menor importância (...). Admita-se, ou não, o fato é que a
pretendida ruptura entre o ecletismo e o racionalismo ortodoxo
não se deu de uma forma tão abrupta como a historiografia
corrente sugere. Sistematicamente, tem sido negada a presença
de “ações mediadoras” para usar as palavras de SEGRE (1991),
no processo de consolidação do ideário moderno na arquitetura
e urbanismo produzidos no início do século XX nas principais
cidades latino-americanas, como é o caso do art déco (CAMPOS,
2003, p. 10-11).

A versão oficial da historiografia da arquitetura moderna, durante


muitos anos, mostrava-se interessada em destacar as primeiras experiências
relativas a essa produção no país e, com isso, outras produções
“modernizantes”, contemporâneas a ela, são colocadas à margem.
O art déco, uma dessas produções “modernizantes”, só foi reconhecida
como tal tardiamente. A falta de um termo para abarcar e diferenciar esta
produção no momento em que ela acontecia, pode ter contribuído para a
demora no seu reconhecimento historiográfico.
É a partir de meados dos anos 1990, em um contexto de expansão dos
programas de pós-graduação pelo país, que o déco começa a ganhar voz, com
a realização de seminários + em 1996, realiza-se o Primeiro Seminário
Internacional da arquitetura art déco na América Latina1, coordenado por Jorge
Czajkowski , com a publicação de livros que registram a produção no país +
como Arquiteturas no Brasil 1900-1990, de Hugo Segawa (1998) e o Guia da
arquitetura art déco no Rio de janeiro (Czajkowski (org), 1996)+ e com uma
dissertação de mestrado sobre o tema +de Vitor Campos (1996).

1
O livro 1º Seminário Internacional art déco na América Latina é publicado em 1997 com
registro das conferências de pesquisadores da arquitetura art déco na América Latina como:
Enrique De Anda Alanis (México), Humberto Eliash Diaz (Chile), Roberto Segre (Cuba), Jorge
Ramos (Argentina) e Salvador Schelotto (Uruguai) e Luiz Paulo Conde (Brasil + Rio de
Janeiro), entre outros. Sobre o Brasil são publicadas as comunicações de Celina Borges
Lemos, sobre a produção que unifica a centro e a periferia em Belo Horizonte, de Edson
Mahfuz, acerca das influências do art déco em Porto Alegre e de Gustavo Neiva Coelho, a
respeito dos signos do poder na arquitetura oficial em Goiânia, entre outros.
19

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Nas duas primeiras décadas do século XXI, o número de publicações sobre
a arquitetura déco se expande e registra esta produção em diversos
munícipios do país. Está documentada em livros, teses, dissertações e artigos
que estudam esta produção malha urbana de diferentes cidades em distintas
regiões e, tanto as pesquisas quanto os edifícios construídos, mostram a
amplitude de sua disseminação.
A partir de uma leitura contemporânea busca-se verificar como o art déco
foi e tem sido tratado pelas pesquisas desenvolvidas no âmbito das pós-
graduações e por documentos históricos que reforçam estas pesquisas para,
com base nessas fontes de dados, avaliar o estado da arte dos estudos sobre
esta produção em território nacional, com o objetivo de identificar os modos e
meios de disseminação desta arquitetura no Brasil e rever o lugar e o papel
dessa produção arquitetônica na história da arquitetura brasileira através de
uma análise historiográfica.
Para atingir os objetivos propostos, o primeiro passo foi a seleção das
fontes documentais. Essa seleção, que daria suporte à pesquisa, centrou-se,
por um lado, nos livros sobre a história da arquitetura moderna brasileira e
nos livros, teses, dissertações e artigos sobre a produção déco em diversos
municípios do país, para compreender como as pesquisas vêm tratando o
tema e, por outro, na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros2, editada pelo
IBGE entre os anos de 1957 e 1964, que testemunha o registro das obras
construídas.
As fontes de pesquisa foram analisadas e subdivididas em quatro
narrativas: 1) a versão historiográfica canônica, com a seleção de obras
desenvolvidas até os anos 1970, 2) a versão historiográfica recente, com a
seleção de obras que realizam uma revisitação crítica a versão da

2
“A coleção Enciclopédia dos Municípios Brasileiros foi editada pelo IBGE entre 1957 e 1964,
objetivando uma sistematização das informações estatísticas e geocientíficas do território
brasileiro, priorizando o município, mas oferecendo também informações sobre as grandes
regiões brasileiras, tanto no que tangia aos aspectos físicos (relevo, clima, vegetação,
hidrografia), quanto nas características demográficas e socioeconômicas” Disponível em
<http://loja.ibge.gov.br/enciclopedia-dos-municipios-brasileiros.html>Acesso em: 16 mar. 2017.
20

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


historiografia canônica sobre a arquitetura moderna no país e ampliam o
entendimento sobre a busca de “modernidade” arquitetônica na primeira
metade do século XX, 3) as pesquisas, com a seleção de livros, dissertações,
teses e artigos3, que têm como foco central a produção em alguma localidade
do Brasil e 4) a produção construída, que se detém, na seleção dos
exemplares e análise da produção registrada nos volumes da Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros.
Nesta amostragem foram analisados, 1) cinco livros para a versão da
historiografia canônica, 2) quatro livros e uma dissertação de mestrado para a
versão da historiografia recente, 3) vinte e sete títulos acadêmicos sobre o
tema (06 livros, 03 teses de doutorado, 07 dissertações de mestrado e 11
artigos) para as pesquisas recentes e 4) trinta e seis volumes da Enciclopédia,
de modo a verificar como esta produção foi e está sendo registrada no país.
Após o levantamento de dados nas pesquisas acadêmicos e da
identificação e seleção dos exemplares déco na Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros, as informações foram organizadas na forma de um levantamento
dos municípios documentados com os respectivos registros de edificações.
Ainda a partir dessas informações, foram produzidos mapas, que dão
visibilidade a essa produção e que auxiliam no entendimento desta arquitetura.
Ou seja, a partir dos mapas pode ser visualizada a abrangência geográfica da
disseminação do art déco e vislumbrado como este fenômeno foi
compreendido tanto pelas pesquisas, quanto pelo registro do que foi
construído com o objetivo de identificar os agentes de disseminação desta
arquitetura na modernidade brasileira.
A premissa central desta tese é que o art déco é um estilo que surge
como estratégia de modernização e, efetivamente, participa do processo de
modernização brasileiro, sendo bem aceito por boa parte da sua população e
que se disseminou pelo Brasil no segundo quartel do século XX. A opção por

3
A seleção dos artigos tinha, entre outros, o objetivo de incluir a presença da produção art
déco em regiões que não aparecem nas fontes pesquisadas, ou seja, incluí-las no mapa dos
municípios brasileiros com registro de produção art déco.
21

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


tomar esta afirmação como premissa fundamenta-se no levantamento das
fontes de pesquisa que documentam esta arquitetura pelo país (capítulos 02 e
03) e na identificação de exemplares registrados na Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros (capítulo 04 e 05).
A tese analisa a produção art déco desenvolvida e disseminada no
Brasil, nos anos 1930 - 1950, negligenciada inicialmente pela versão da
historiografia “canônica” - desenvolvida até os anos 1970, apesar da evidente
disseminação em território nacional, possível de ser visualizada no
mapeamento das fontes de pesquisa (pesquisas recentes e Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros), que finalmente, ganha relevância na versão da
historiografia recente, desenvolvida a partir dos anos 1990.
A presente pesquisa baseia-se no entendimento de que não é possível
entender o papel que o art déco assume na modernidade brasileira, sem
entender o alcance e os significados do processo de disseminação desta
arquitetura. As fontes de pesquisa escolhidas cumprem esse papel, explicar
como ocorreu esse processo.
As motivações para a escolha desta temática estão fundamentadas em
pesquisas anteriores da autora4, na percepção da recorrência do estilo em
diversos municípios do país, baseadas tanto em visitas de campo quanto em
pesquisas desenvolvidos por outros autores e nos questionamentos sobre a
disseminação desta produção.

Questões da tese

No Brasil, o art déco aparece associado ao processo de modernização


do país na primeira metade do século XX, processo de modernização que se
confunde, na maior parte das cidades brasileiras, com o processo de expansão
urbana e incremento populacional. Em 1920 a população urbana brasileira era

4
FARIAS, Fernanda de Castro. A produção ART DÉCO e as transformações na arquitetura de
João Pessoa com o advento da modernidade. Trabalho Final de Graduação. João Pessoa,
CAU/UFPB, 2008 e FARIAS, Fernanda de Castro. Cidade em expansão, arquitetura em
transformação: o art déco na João Pessoa de 1932 + 1955. Dissertação de mestrado.
PPGAU/UFPB, 2011.
22

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


16% da população total (cerca de 5 milhões de habitantes) atingindo 31% em
1940 (cerca de 13 milhões de habitantes) e 36% em 1950 (cerca de 19 milhões de
habitantes)5. “O desenvolvimento econômico industrial dirigido pelo Estado
tem início no Brasil com a revolução de 1930 e impulsiona definitivamente o
processo de urbanização” (BOTAS; KOURY, 2014, p.163).
O Governo Vargas (1930 + 1945) participa efetivamente deste processo
de busca de uma “imagem moderna” utilizando diferentes linguagens
“modernas” de arquitetura em seus edifícios públicos.

[...] o governo brasileiro daquele período não adotou o


neocolonial luso-brasileiro como estilo oficial, embora
tentativas tivessem sido feitas nessa direção. Contrariamente,
aderiu sem maiores reservas a todas as tendências
arquitetônicas em voga naquele momento, e assistiu às
movimentações e disputas acirradas entre os grupos de
profissionais adeptos ou do neocolonial, ou do art déco, ou do
modernismo corbusiano. Interessados que estavam no
emergente mercado estatal de obras, tais grupos
sacramentaram suas ideias nos concursos de projetos para as
sedes ministeriais e entidades mais representativas, e se
empenharam em defendê-las junto às autoridades
governamentais (REIS, 2014, p.13).

Na versão historiográfica desenvolvida até os anos 1990 é recorrente o


enquadramento do art déco em algum lugar entre as últimas manifestações
ecléticas e a efetiva incorporação do moderno. Contudo, o art déco acontece
antes, durante e depois da afirmação da arquitetura moderna e com objetivos
semelhantes, superar as limitações do academicismo.
Jameson argumenta, em “O pós-modernismo ou a lógica cultural do
Capitalismo tardio”, que a dificuldade em entender determinado momento pode
ser decorrente da periodização da história. Esse argumento se adéqua ao
nosso objeto de estudo: “um dos problemas frequentemente associados a
hipóteses de periodização é que estas tendem a obliterar a diferença e a
projetar à ideia de um período histórico como uma massa homogênea”
5
Dados calculados por BOTAS; KOURY (2014), a partir dos censos demográficos do IBGE +
Séries Históricas acessados em 2011.
23

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


(JAMESON, 1997, p.29). Ou seja, a periodização convencional tende a suprimir
a heterogeneidade e buscar uma lógica cultural dominante ou uma produção
hegemônica.

Nos últimos anos a ótica exclusivista usualmente reiterada


pela historiografia tem sido revista, propondo-se em seu lugar
uma postura mais abrangente. A despeito da inegável
qualidade e repercussão internacional da Arquitetura Moderna
praticada pelos modernistas brasileiros em meados do século
XX, [...] a produção arquitetônica nacional no último século não
pode ser resumida a padrões hegemônicos e generalizadores
(BLANCO; CAMPOS NETO, 2003).

O art déco não deve ser visto como uma arquitetura de transição entre
o ecletismo e o movimento moderno (ou seja, não deve ser associado à ideia
de uma produção “intermediária”), situado em um ponto de intersecção entre
essas duas produções ou como uma preparação do caminho para o
surgimento de experiências da arquitetura moderna, deve ser entendido como
um dos caminhos em busca da modernidade arquitetônica, ou melhor, como
uma das opções que buscavam renovar a arquitetura no segundo quartel do
século XX.
No âmbito da revisão crítica dos discursos historiográficos sobre a
modernidade no Brasil, mais precisamente a partir dos anos 1990, cresce o
interesse no art déco e sua produção passa a ser estudada e documentada em
diversos municípios brasileiros. A quantidade de pesquisas e o número de
exemplares registrados autorizam a formulação da premissa de que a
produção foi amplamente disseminada no país.
A partir dessa premissa inicial surgem algumas questões: Como o
processo de disseminação é lido pelas pesquisas sobre o tema? Como e por
que a produção déco de arquitetura se dissemina no Brasil? Que déco é
produzido no Brasil no segundo quartel do século XX?
Algumas pesquisas da historiografia recente tangenciam o tema e
antecipam alguns argumentos que podem justificar a disseminação desta
24

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


produção pelo país. Tais estudos contribuem para o registro e ratificam a
disseminação, mas em geral, buscam classificações6 que se limitam as
características dos edifícios, e não aprofundam as reflexões sobre o
significado dessa produção, inclusive porque este não é o objetivo desses
estudos.
Assim, o tema central desta pesquisa é o papel desempenhado pelo art
déco no processo de modernização da arquitetura brasileira, nos anos 1930 +
1950, com o objetivo de identificar os agentes de disseminação desta
arquitetura, entender o alcance e o significado deste processo na produção
construída no Brasil, e, finalmente, apreender o lugar desta produção na
modernidade do país.

Procedimentos Metodológicos e Etapas de trabalho

Esta narrativa acerca do significado da experiência brasileira em


relação ao art déco baseia-se em uma revisão historiográfica sobre como
essa produção foi lida pela historiografia canônica, como vem sendo lida pelas
pesquisas recentes e por documentos históricos que reforçam os resultados
destas pesquisas.
Para atingir os objetivos propostos, os procedimentos necessários a
construção da tese foram divididos em sete etapas de trabalho:

Etapa 1: Os conceitos e as definições acerca do termo art déco

Nesta etapa foram estudados conceitos e definições fundamentais ao


entendimento do processo de disseminação desta arquitetura na

6
O art déco é classificado em três correntes: a Streamline, inspirada nos transatlânticos,
aviões, rádios e na estética da máquina, é uma corrente de influência norte-americana; a Zig-
Zag ou Escalonada marcada pelo uso de materiais cotidianos em edifícios de pouca altura,
difundida com a arquitetura de Miami Beach; e a Afrancesada ou Requintada, de influência
francesa, marcada pelo uso de materiais e ornamentos sofisticados e utilizada nos grandes
edifícios de Nova York e Chicago. Contudo, como esta é uma classificação que não representa
a experiência Déco no Brasil, tanto que alguns autores realizam uma classificação própria,
este assunto será abordado no capítulo 3.

25

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


modernização do Brasil. O objetivo era entender o contexto da criação do
termo art déco, a partir do entendimento de que sua designação tardia pode
ter colaborado para a demora no reconhecimento historiográfico desta
produção. Cabe também apreender as visões dos estudiosos do tema acerca
da definição do art déco como “estilo”, “linguagem” ou “movimento”
arquitetônico.

Etapa 2: Pesquisas Historiográficas:art déco na versão canônica e recente

Apesar dos trabalhos recentes sobre a arquitetura art déco insinuarem


que essa produção não foi contemplada pela historiografia da arquitetura
moderna, procura-se encontrar o lugar ocupado por esta produção ou as
lacunas deixadas por esta historiografia. O foco de análise da versão
historiográfica canônica foi a presença (ou não) da produção art déco nas
páginas dessas importantes obras. Para tanto, foram selecionadas, para
análise, cinco obras: Brazil Builds (GOODWIN, 1943), Modern Architecture in
Brazil (MINDLIN, 1956), Arquitetura Contemporânea no Brasil (BRUAND,
1981[1971]), Arquitetura Brasileira (LEMOS, 1979) e A Arquitetura Moderna na
coletânea “Arte no Brasil”, (JOVER, In:CIVITA (org), [1979] 1982)7.
A versão historiográfica recente é composta por obras desenvolvidas
no contexto da revisão crítica produzida no Brasil, a partir dos anos 1990, entre
as quais: Por uma história não Moderna da Arquitetura Brasileira (PUPPI, 1998)
e Arquiteturas no Brasil (SEGAWA,1998). Para ratificar a presença do art déco
no cenário arquitetônico, selecionou-se, para análise, três obras precoces
nesse final de século XX: Guia da Arquitetura art déco no Rio de Janeiro,
(CZAJKOWSKI (org)1996), 1º Seminário Internacional art déco na América
Latina(CZAJKOWSKI (org)1997), e O art déco na Arquitetura Paulistana: Uma
outra face do Moderno (CAMPOS, 1996).

7
Sugestão da Prof. Dra. Juliana Cardoso Nery no exame de qualificação.
26

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Etapa 3: Pesquisas Historiográficas:art déco nas pesquisas

Nesta etapa foram identificados livros, teses, dissertações e artigos que


tinham como foco a produção art déco em diversas cidades do país para
compreender como as pesquisas recentes vêm tratando do tema. Estes
estudos têm contribuído para registrar um número significativo de
exemplares, além de mostrar a abrangência desta arquitetura no território
nacional, e, na maioria dos casos, optam por um olhar específico sobre a
produção.

Etapa 4: Déco em documentos históricos

Nesta etapa realiza-se uma pesquisa acerca da produção art déco


registrada em um documento histórico, a Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros, editada pelo IBGE, entre os anos de 1957 e 1964. Esta obra é
composta de duas partes principais: uma referente às regiões geográficas do
Brasil no seu aspecto geral e outra composta das informações específicas
sobre cada município, ou seja, um grande número de edificações art déco, de
interesse particular desta tese. A partir do universo total de edificações
registradas por essa fonte foram identificados e selecionados os exemplares
art déco, objeto de análise posterior. A filiação ao estilo foi determinada pelas
características que definem essa produção (capítulo 4), tendo em vista que na
época da publicação da coleção tal termo ainda não tinha sido cunhado: não há
uma referência direta ao termo, mas é comum o uso de expressões como:
“estilo moderno” ou “edifícios de linhas modernas” para se referir a estes
edifícios.

Etapa 5: Levantamento dos dados e escolha dos exemplares.

Para atingir os objetivos propostos, procedeu-se à análise das fontes de


pesquisas que abordam temas distintos e documentam a produção em

27

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


diversas cidades do país. Nesta etapa trata-se das fontes das pesquisas
(capítulos 02, 03, 04 e 05).
5.1: Os dados nas pesquisas

A partir da leitura e análise das pesquisas recentes detectou-se oito


“agentes de disseminação” identificadas pelos estudiosos do tema. Entre os
possíveis condicionantes da disseminação estão: [1] “Efeito demonstração”8 ou
“edifícios de referência”: edifícios públicos, edifícios altos e programas novos
[2] Apropriação popular dos elementos de repertório por parte de um não
profissional ou construtor comum, [3] Redução dos custos da construção, [4]
Divulgação nos veículos de comunicação, especialmente no rádio e nas
revistas, [5] Difusão por Irradiação, através da influência internacional e das
grandes cidades, [6] A legislação urbanística, visto que algumas das
características típicas do art déco, só foram possíveis, devido as orientações
dos códigos de obras vigente naquele momento, [7] A atuação de profissionais
migrantes e de engenheiros-arquitetos protagonistas e [8] A manutenção do
ornamento, que torna maior a aceitação devido a manutenção do vínculo
historicista. Estes oito “agentes” mencionadas nas pesquisas consultadas são
tentativas de entender como são abordadas as questões referentes a
disseminação desta produção no país, que não foram exploradas, porque não
era esse o objetivo, mas serão examinadas no capítulo 4.

5.2: Os dados na Enciclopédia

Para eleger os exemplares desse documento que seriam analisados


posteriormente, foi preciso avaliar, em um primeiro momento, o universo total
de edificações registradas nos 36 volumes da Enciclopédia. Havia material de
todo tipo, fotos de edifícios e conjunto de edifícios, imagens aéreas, de áreas

8
Conceito usado por Martins em texto publicado em 1999 e retomado por Freire (2015) para
esclarecer que a difusão da arquitetura Moderna se dá antes mesmo de Brasília e não teria
sido, portanto, o “intenso efeito-demonstração da exposição na mídia da aventura de Brasília o
detonador dessa adesão” (MARTINS, 2010 [1999]: 160 apud FREIRE, 2015, p. 118)

28

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


rurais e mapas variados. Era necessário escolher fotos de edifícios
construídos passíveis de análise. Delimitado o universo total de edifícios, em
um segundo momento, foram selecionados os exemplares déco, segundo as
características e elementos formais que identificam as construções filiadas ao
estilo, tratadas no capítulo 4: a manutenção do ornamento geometrizado, o uso
do escalonamento, o uso da platibanda e o uso de recursos adicionais, como
marquises, balcões, mísulas, frisos e faixas em alto relevo. Selecionadas as
edificações déco encontradas na Enciclopédia foi possível registrar o
percentual de edificações filiadas ao estilo presente na malha urbana dos
municípios brasileiros.

Etapa 6: Sistematização dos dados: tabelas, quadros, mapas e gráficos

As tabelas e quadros resultantes da sistematização dos dados


encontrados das pesquisas e na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros foram
fundamentais para o entendimento da amplitude da produção art déco no país.
Os dados provenientes das diferentes fontes de pesquisa precisaram
ser tratados de maneira distinta, a análise dos dados provenientes da pesquisa
historiográfica demandava uma sistemática diferente daquela requisitada para
a análise do material proveniente da pesquisa na Enciclopédia.
Nas tabelas e gráficos referentes ao material historiográfico, foram
tratados: os principais dados das pesquisas consultadas, estados e municípios
citados e os chamados “agentes de disseminação” encontrados nas pesquisas.
Nas tabelas e quadros referentes aos dados dos volumes da
Enciclopédia foram sintetizados: o número de edificações registradas e a
porcentagem de exemplares déco por município e por estado.
Com base nos dados das tabelas e dos quadros foram produzidos
mapas que localizam os municípios onde há edificações art déco
documentadas pela Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e pela versão da

29

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


historiografia recente e que dão visibilidade a essa produção e contribuem
para o entendimento de sua amplitude no país.
A partir da construção dos mapas visualiza-se a abrangência geográfica
da disseminação desta produção e como este fenômeno foi registrado tanto
pelas pesquisas (historiografia), quanto pelo registro do que foi construído
(enciclopédia). Apoiado nesta visualização os registros foram analisados para
examinar a complexidade do fenômeno de disseminação desta produção pelo
país.
Com a sistematização é possível organizar uma linha de raciocínio
sobre como as pesquisas documentam e analisam esta arquitetura no país,
mostrar o que já foi documentado, ratificar o alcance desta produção e lançar
hipóteses sobre a disseminação desta produção.

Etapa 7: Análise e reflexões

As etapas anteriores mostram que a disseminação da arquitetura art


déco está sendo registrada e que as pesquisas sobre o tema estão
reconstituindo a importância desta produção no Brasil.
Através da pesquisa histórica na Enciclopédia dos municípios
brasileiros somada à pesquisa bibliográfica nas narrativas canônicas e
recentes pretende-se mapear os modos e meios da disseminação e a partir
daí construir uma narrativa que dê voz a proposta de ser “moderna” da
arquitetura intitulada art déco.
Desta forma, esta etapa baseia-se na análise do material levantado
para uma reflexão sobre as razões da disseminação desta produção pelo país.

Estrutura do trabalho

No capítulo 1, sob o título de “A arquitetura art déco” procura-se entender


os conceitos necessários para uma abordagem adequada do processo, das
questões e dos mecanismos que influenciaram na disseminação desta
30

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


produção por todo o país. Para tanto, discute-se a questão da “designação
tardia”, ou seja, o fato do termo para designar a produção ter surgido
posteriormente ao período de construção dos seus exemplares e as
conseqüências desse fato no reconhecimento historiográfico desta
arquitetura. Não obstante a polêmica sobre a ausência dessa arquitetura nos
manuais de história da arquitetura, discute-se a respeito da existência ou não
de um “estilo art déco”. E, por fim, antecipa-se alguns esclarecimentos iniciais
referentes a essa arquitetura que se dissemina no Brasil.
No segundo capítulo, sob o título de “As versões historiográficas sobre a
produção déco no Brasil” aborda-se as questões encontradas nos manuais de
história da arquitetura moderna brasileira, procurando entender como a
produção é contemplada pela versão da historiografia “canônica”, desenvolvida
até aos anos 1970 e pela versão da historiografia recente, apreendida, no
âmbito da revisão do discurso historiográfico vigente, na última década do
século XX.
No capítulo 3, “O estado da arte das pesquisas acerca do art déco no Brasil”
trata-se das pesquisas recentes (livros, teses; dissertações e artigos) que
documentam e analisam esta produção pelo país e realiza-se um mapeamento
do que foi registrado para dar uma noção do estado da arte da produção
acadêmica, acerca do art déco no Brasil, e de como a disseminação da
produção foi apreendida por estas pesquisas.
No quarto capítulo, “A produção art déco na ótica da Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros”, analisa-se o registro construído desta produção, ou
seja, o registro de um órgão público em uma fonte ainda pouco explorada, a
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.
No capitulo 5, sob o título “A produção art déco construída no país: os
números da Enciclopédia” , realiza-se um mergulho mais profundo no
documento, contemplando o universo de exemplares déco, nos municípios
brasileiros e mostrando a extensão da disseminação desta produção pelo país.

31

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Por fim, no capítulo 6, “O lugar do art déco nos modernismos da primeira
metade do século XX: os agentes da disseminação da produção” foram
analisados os dados dos capítulos anteriores para relacionar as principais
fontes de pesquisa + a historiografia recente e a Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros + para compreender como a arquitetura art déco se insere no
processo de modernização do país, convivendo com outras expressões
arquitetônicas. Em resumo, procura-se entender o lugar da modernidade art
déco no cenário da arquitetura no Brasil da primeira metade do século XX.

32

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Capítulo 01. A arquitetura art déco

33

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Este capítulo trata de três sub-temas necessários à compreensão do
significado da produção arquitetônica art déco no processo de construção da
modernidade no Brasil: a adoção tardia do termo, a sua definição como estilo e
as questões que envolvem a premissa principal da tese acerca da
disseminação nacional dessa arquitetura como uma forma de ser moderno.
O termo art déco é adotado para designar uma produção arquitetônica
desenvolvida e disseminada no Brasil no segundo quartel do século XX, cujas
características formais que a distinguem e identificam são analisadas no
decorrer desta tese (capítulo 03).

1.1Art déco e a designação tardia

Ao tratar das questões acerca da disseminação da arquitetura art déco


é fundamental entender que até 1960 não existia uma terminologia para
designar essa produção. Assim, surgiram vários termos para caracterizá-la:
estilo moderno, futurismo, streamlinedmodern, zigzagmodern, arte decorativa
moderna, jazz modernstyle, style 1925, arte funcional são algumas das
denominações utilizadas pela historiografia.
A arquitetura associada ao termo art déco é apresentada oficialmente
na Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas,
realizada em abril de 1925 em Paris, fruto da crescente industrialização e do
advento de novas tecnologias. A Exposição pretendia ser a “grande celebração
à modernidade” + de “qualquer modernidade”, “a necessidade de exprimir
ideias novas, de tentar ser moderno mesmo que não se pudesse esclarecer o
que isso significava ou como se chegava à condição de moderno” (SEGAWA,
1998, p.54).
O termo “estylo moderno” foi usado nas revistas brasileiras para se
referir a produção apresentada na Exposição e todas as vertentes ali
apresentadas foram indistintamente identificadas como modernas nos
periódicos, “A casa” e “Arquitetura e Urbanismo” entre os anos 1923 e 1942
(NERY, 2013, p.409).
34

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


O início dos anos 1930 marca o momento em que começa a sair
nas capas das revistas obras construídas em linhas modernas,
propriamente art déco, distinção inexistente naquele momento
em que eram igualmente consideradas como “estylo moderno”
ou “arte nova” + nome dado aos primeiros projetos nessa
expressão desde 1925. A primeira casa sai na capa de
novembro de 1931 e a partir daí outros tipos de edifícios de
maior evidência irão segui-la, como o Teatro Carlos Gomes
(NERY, 2013, p.300).

A denominação “estilo moderno” é registrada na Enciclopédia dos


Municípios Brasileiras, nos anos 1957 a 1964, para identificar algumas
arquiteturas da modernidade, entre as quais, principalmente, o que hoje se
denomina art déco.
A expressão arts déco (diminutivo de arts décoratifs) é usada pela
primeira vez em 1957:

Foi no livro Paris 1925, de Armand Lanoux, editado em 1957,


onde surgiu pela primeira vez a expressão “arts déco”, em
referência ao estilo promovido na Exposição Internacional de
Artes Decorativas e Industriais Modernas + conhecida pela
abreviação Exposição de Paris de 1925 + a mostra pioneira [...]
cunhou o estilo em meados dos anos 1920 (ROITER,2011, p.46).

Contudo, apenas na década de 1960, o termo é adotado para se referir a


esta produção arquitetônica. Contribuem para tornar corrente o uso do termo,
a realização, em 1966, da Exposição “LesAnnés 25: Art
Déco/Bauhaus/Stijl/Espirit Nouveau”, uma mostra retrospectiva que retoma as
“vanguardas” do início do século XX e a publicação, em 1968, do livro “Art Déco
of the 20s and 30s” (Art Déco dos anos 20 e 30), do historiador inglês Bevis
Hillier.

Descuradas por aquela historiografia [canônica] e tendo vivido


o seu auge nas décadas de vinte e trinta, essas linguagens
arquitetônicas, entretanto, efetivamente modernas, foram
trazidas à baila em meados dos anos sessenta, através do
termo arquitetura déco [...] De maneira mais consistente,
começava-se, então, a admitir o heterogêneo como um
elemento construtivo da arquitetura moderna (GALEFFI, 2014).
35

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 1: Linha do tempo com a criação do termo art déco.

Fonte: a autora.

Alguns estudiosos do tema afirmam que no Brasil, nos anos 1970, o


termo ainda era pouco conhecido, especialmente para se referir ao que se
entende como a disseminação da produção:

A descoberta do que viria a ser para mim art déco Sertanejo nasceu
em junho de 1972, andando pelas ruas de Caruaru, Pernambuco.
Casas "abotoadas", casas "listradas", casas "engravatadas”... Que
estilo era esse? De volta ao Rio de Janeiro, nenhum arquiteto amigo
também sabia informar. O Nordeste e o Estilo ficaram no desejo. Em
1979, em Campina Grande, Paraíba, reencontrei as casas parecidas, e
também letreiros, móveis, objetos. Comecei a pesquisar, a fotografar,
a comparar as coisas da cidade com outros exemplos de art déco do
mundo. Mas na cidade ninguém sabia de registros, de nomes, de
dados, de datas (ROSSI, 2010)9.

Art déco é, a partir dos anos 1980, “o termo mais comumente aceito”
para se referir a esta produção arquitetônica (UNES, 2001, p.16).

Todavia, esta não é uma classificação unânime, embora


recorrente nas pesquisas brasileiras mais recentes. Os
exemplares arquitetônicos aparecem sob o rótulo de obras “ao
gosto déco”, segundo a orientação “art déco” [com traços Déco]
ou ainda sob a classificação de arquitetura “proto-moderna”,
“proto-racionalista” ou “pré-moderna” (SILVA, etal, 2010).

9
Disponível em:< http://www.art-deco-sertanejo.com>. Acesso em: 05 ago.2018.
36

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Até os anos 1980, era recorrente o uso do termo proto-moderno, para
designar o que foi produzido antes da hegemonia da arquitetura moderna.
O termo proto-moderno foi usado por Luís Paulo Conde, em artigos
publicados nos anos 1980, “Proto-modernismo em Copacabana: uma
arquitetura que não está nos livros” (CONDE, NOGUEIRA, ALMADA e SOUZA,
1985) e “Anônimo, mas fascinante, o proto-modernismo em Copacabana”
(CONDE, 1988), pesquisas pioneiras que documentam edifícios “anônimos” na
versão da historiografia desenvolvida até aquele momento.

Para nomear, então, o que oficialmente dentro da academia


não existia, surgiram classificações como: „arquitetura proto-
modernista‟ que, malgrado a boa intenção e o ótimo
conhecimento de seus autores aos fins que se destinavam,
foram rapidamente absorvidas pela massa de estudantes que
viram naquelas imagens de certos tipos arquitetônicos uma
série de edifícios correspondentes que possuíam em suas
cidades. O termo pouco a pouco começou a entrar no circuito
acadêmico. O problema é que esses alunos, muitas vezes já
arquitetos, só fizeram a leitura do título „proto-moderno‟ e
olharam as figuras, as imagens nos artigos, sem muito
entender o conteúdo do texto original (FUÃO, 2012).

Assim, Luís Paulo Conde, um dos primeiros a dar voz ao Déco no Brasil
com a publicação sobre a produção no município do Rio de Janeiro, em 1996,
disseminava, na década anterior, o uso do termo proto-modernismo na área
acadêmica.
Os autores que recorrem (recorriam) ao proto-moderno entendiam a
produção como um dos “troncos fundadores” (CONDE; ALMADA, [1996] 2000,
p.13) do movimento moderno no Brasil, uma versão historiográfica que se
aproxima da “história vencedora” do movimento moderno. O termo, em sua
essência, faz referência a uma produção que precede a arquitetura moderna,
propriamente dita. O problema é que o termo conduz ao entendimento de que o
que foi construído antes deste marco da arquitetura não era, efetivamente,
moderno.

37

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Esta denominação era infeliz pela simples razão de que a cada
momento de nossa existência nós somos condenados
(perdoem-me os existencialistas) a sermos contemporâneos +
para não insistir no termo “moderno” + isto é, em
conformidade com o momento presente de nossa existência
(...) os ditos proto-modernos eram modernos em seu tempo.
Daí o impasse (WEIMER,2010, p.10).

Corroborando-se com o raciocínio de Fernando Fuão em artigo


intitulado: O que é o protomodernismo, protoracionalismo e o art déco?
entende-se que começou aí o problema de identificação, conceituação,
classificação das expressões arquitetônicas da modernidade.

Também se começou a identifica-lás equivocadamente, muitas


vezes, ao art déco. Expressão esta que começou a associar a
um determinado tipo de arquitetura localizado num bairro,
num distrito de Miami que foi revitalizado, onde eram notórias
as características déco principalmente em suas formas de
decoração, e de vocabulários de pequenos elementos
arquitetônicos como marquises de entrada, platibandas. Essa
revitalização foi tão divulgada pela mídia arquitetônica, e
absorvida rapidamente, através de fotos (FUÃO, 2012).

Assim, alguns autores entendem (entediam) que os termos proto-


moderno e art déco referem-se (referiam-se) a mesma arquitetura; outros,
entretanto, distinguem as construções proto-modernas que “deslocam” a
ornamentação das fachadas para a volumetria, configurando composições
compostas.

Alguns autores nacionais mobilizaram o adjetivo proto-


moderno para designar determinadas construções + que para
outros [...] se associam ao art déco, nas quais a ornamentação
se desloca das fachadas para a volumetria, configurando
composições compostas que assumem um nítido caráter
decorativo, ao qual, freqüentemente, correspondiam detalhes
decorativos de viés claramente déco no desenho de portões e
luminárias e na ornamentação de portarias (CORREIA, 2008).

Nesta seara, é recorrente a inclusão do termo “proto-racionalista”,


proposto por Renato De Fusco (1975), e retomado por Guilah Naslavsky em
trabalho final de graduação (1992), Estudo do Protorracionalismo no Recife, O

38

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


termo é usado pela autora para se referir a uma arquitetura “pós-eclética ou
pré-moderna” (NASLAVSKY, 1992:06). “Como características gerais o proto-
racionalismo apresenta em primeiro lugar uma vertente classicista [...] outra
característica relevante é a sua constante atitude simplificadora e
reducionista” (NASLAVSKY, 1992:07). Entende-se, contudo, que tal termo, se
aproxima da produção art nouveu, e que se aplica ao contexto de
modernização europeu (onde a produção acontece antes da arquitetura
racionalista).
Ainda para se referir a arquitetura que hoje é entendida como art déco,
aparece o termo tardo-ecletismo, para os que enxergavam como eclética a
“produção entre o declínio do barroco e a consolidação do movimento
moderno”:

O art déco poderia ser classificado como uma das derradeiras


manifestações do ecletismo, ao mesmo tempo que se
constituía como uma das primeiras expressões do
Modernismo, daí seu caráter ambíguo” (CONDE; ALMADA,
[1996] 2000, p.14).

Para os que entendem o art déco como uma “arquitetura de transição”,


é recorrente o uso do termo “ambíguo” para tentar explicar o uso de
elementos de diferentes expressões artísticas. Ou seja, o fato do art déco
associar elementos da vida moderna com a manutenção do ornamento gerou
uma certa dificuldade na “periodização”, alguns entendiam a produção como a
última versão do ecletismo, outros a colocavam como antecedente da
arquitetura moderna.
O uso das expressões tardo-ecletismo e proto-moderno gera outra
dificuldade, ao contrário do que as palavras sugerem, não se trata de uma
arquitetura que se desenvolveu depois do eclético e antes do moderno, mas
sim, de forma simultânea e paralela a estas outras manifestações.
No final dos anos 1990 autores como Anna Paula Canez começam a
ampliar o entendimento e ratificar a convivência das distintas expressões da

39

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


modernidade na arquitetura no Brasil. No livro sobre a produção do arquiteto
autoditada Fernando Corona, nos anos 1928 a 1951, a autora justifica razão da
escolha da sua produção como objeto de estudo:

Sua trajetória inclui obras ecléticas, neoclássicas,


expressionistas, que se avizinham do art déco, californianas,
neocoloniais e modernas, uma instigante variedade, que
permite um passeio arquitetônico pelo período de transição
entre os estilos históricos até a consolidação da arquitetura
moderna em Porto Alegre (CANEZ, 1998, p.18).

Nesta mesma direção, e com o objetivo de registrar as distintas


expressões da modernidade no país, tanto que fala em “Arquiteturas do
Brasil”, Hugo Segawa faz distinção entre o que ele chama de “Modernismo
Programático” (1917-1932) e a “Modernidade Pragmática” (1922-1943).
O autor engloba o art déco na chamada “modernidade pragmática”,
arquitetura desenvolvida no Brasil dos anos 1920 aos anos 1940 que apresenta
ainda expressões arquitetônicas com “toques perretianos” e de vertente
nacionalista, assim, o déco não é o foco dessa definição. O autor enfatiza a
questão do art déco conciliar a modernidade da sociedade da era da máquina,
mas que não conseguir se desligar de seu passado historicista (SEGAWA, 199,
p.54).
Nesta pesquisa, adota-se a versão recorrente da historiografia recente,
posterior aos anos 1990, de que o art déco representa um dos caminhos
escolhidos para representar a modernidade, no segundo quartel do século XX.
Ou seja, entende-se que as produções ecléticas, art déco e modernas foram
distintas e, em um determinado período, conviveram como opções
arquitetônicas no cenário brasileiro.

É fato que vários profissionais praticaram concomitantemente


a arquitetura eclética, a neocolonial, a art déco e a modernista,
em vários graus de erudição (MASCARO, 2008, p.77)10.

10
Luciana Mascaro corrobora com essa visão ao demonstrar, em trabalho com foco na difusão
do estilo neocolonial no interior de São Paulo, projetos de profissionais que praticaram
concomitantemente a arquitetura eclética, a neocolonial, a art déco e a modernista (MASCARO,
40

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Assim, considerando os argumentos acima, entende-se esta produção
como uma das arquiteturas da modernidade brasileira.

Diante das imprecisões das denominações alternativas, a


nosso ver, art déco + apesar de suas limitações + ainda se
coloca como o termo mais apropriado e abrangente para
categorizar uma determinada tendência de arquitetura que se
difunde no país entre a década de 1930 e meados dos anos
1950, na medida em que dá conta de características relevantes
dessa produção e está claramente vinculado a um período
específico (CORREIA, 2008).

A demora na “definição” de um termo que abarcasse essa produção é


utilizada como argumento para a falta de prestígio historiográfico do art déco
na versão canônica da arquitetura moderna no Brasil. Para exemplificar a
questão Francisco Peralta (2005) analisa o texto de Leonardo Benévolo, em
“História da Arquitetura Moderna” (1976):

É perceptível seu desdém para com as manifestações que não


consegue classificar, atribuindo-lhes um certo grau de
irracionalidade por não se “comportarem” como seria esperado,
como se fosse possível que elas não refletissem a sociedade em que
se expressam (PERALTA,2005, p.12).

Wolney Unes ratifica este entendimento e acrescenta que o termo art


déco não foi incluído na maioria dos compêndios arquitetônicos disponíveis no
período, nem por Leonardo Benevolo ([1960]1976), nem por Giulio Carlo
Argan([1970]1992).

Se uma área de conhecimento carece até mesmo de um nome


que a identifique, de terminologia adequada, não é de se
espantar que suas manifestações sejam também igualmente
desconhecidas e desvalorizadas (UNES, 2001, p.16).

2008). Em trabalho anterior, a autora desta tese, demonstra cenário semelhante na cidade de
João Pessoa (FARIAS, 2008), com o exemplo das obras realizadas pelo “arquiteto construtor”
Alcides Cordeiro de Lima, onde aparecem projetos de distintas filiações arquitetônicas
construídas nos anos 1930 e 1940 naquela cidade.
41

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Esta discussão e outros argumentos que buscam entender a falta de
reconhecimento dessa produção, por parte da versão historiográfica canônica
da arquitetura moderna, serão retomados e desenvolvidos no segundo
capítulo desta tese.

1.2 Sobre a existência de um “estilo art déco”

A partir dos anos 1990, com a ampliação do interesse historiográfico


sobre o tema inicia-se um debate a respeito da existência ou não de um
“estilo11 art déco”.
Nesta pesquisa, estilo é entendido como uma manifestação
arquitetônica, com elementos reconhecíveis e identificáveis, produzida em
determinada época e que se dissemina por determinada região. É um conceito
utilizado pela historiografia da arquitetura para classificar períodos da sua
história de acordo com suas características formais, técnicas e materiais,
“cada estilo possui um determinado número de elementos arquitetônicos bem
definidos” (KOCH,1994, p.07).
Até meados do século XIX a compreensão do conceito de estilo remetia
a um “modelo de produção” (BENEVOLO, 1960, p.08) a partir do qual se
agrupava elementos (e ornamentos) e se reproduzia uma determinada
arquitetura.
No livro “Problemas de Estilo: fundamentos para uma história do
ornamento”, publicado no final do século XIX, Alois Riegl se dedica à análise
dos estilos de ornamentação e questiona a concepção materialista, de
Gottfried Semper, até então vigente entre os historiadores da arte, de “que na
origem [de] uma forma artística entra em consideração matéria e técnica”. O
autor combate a teoria de que “apenas a técnica tinha valor, uma técnica da

11
Palavra derivada do grego “stylos” e do latim “stylis” que designava estencil ou estilete,
usado na antiguidade para desenhar e escrever sobre tabuinhas cobertas de cera. Com o
tempo foi designado a peculiaridade que apresentam as obras de arte que eram produzidas
segundo certos princípios, numa determinada época, por determinado povo, segundo
determinadas técnicas (CORONA e LEMOS, 1972, p.206).
42

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


qual até o [profissional] erudito pouco ou nada entendia”12 e acrescenta a
importância da criação no processo de produção do ornamento
(RIEGL,[1893]1980, p.02)13.
Os historiadores da arte, tradicionalmente, costumavam desenvolver
uma narrativa organizada através dos estilos, até chegar ao contexto do final
do século XIX, quando, devido à coexistência de diferentes produções
estéticas, não era mais possível referir-se a um único estilo.

Os movimentos de vanguarda, no fim do século XIX, abalaram,


simultaneamente, a classificação dos estilos no campo da
história da arte e o uso dos estilos como modelos do projeto
(BENEVOLO, 1960, p.09).

A busca pela “modernidade” na construção conduz aos experimentos do


ecletismo, do art nouveau, do art déco e da arquitetura moderna.

O futuro pertencia àqueles que decidissem começar de novo e


livrar-se da preocupação com estilo ou adornos, fossem estes
novos ou velhos (GOMBRICH,[1909] 2001, p.429).

Uma das principais bandeiras dos “modernos” foi a rejeição à ideia de


estilo e do uso de regras de composição para se construir arquitetura. Há
também a rejeição ao ornamento, elemento típico dos estilos históricos.

Esse rigor [de enxergar o ornamento com degradante]


impiedoso foi extremamente importante para a época, e ainda
é um dos aspectos do Movimento Moderno que não pode ser
descartado [...]. Porém, teve uma conseqüência secundária
devastadora + o dano que causou à imagem da arquitetura
moderna aos olhos do público (SUMMERSON, 1982, p.117).

12
Tradução Nossa
Os autores citados também argumentam a respeito da origem do “ornamento geométrico”
13

que vai ser reutilizado pelo Déco. Segundo Riegl, Semper foi o primeiro a relacionar a origem
dos ornamentos geometrizados (zig-zag, linhas geométricas) às técnicas têxteis das tranças e
tecelagens das artes têxteis da época neolítica(RIEGL,1980, p.12).

43

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Neste contexto, alguns estudiosos apontam que “sucesso” do art déco,
deve-se ao fato de que, ao mesmo tempo em que mantém o ornamento, se
propõe a simplificar as linhas das fachadas, mantendo-se, de certa forma,
atualizado com as discussões modernas.

Conquanto adotasse linhas simples, não abandonava


inteiramente a ornamentação, amenizando o choque causado
pelos dogmas puristas das obras modernistas (PERALTA,
2005, p.80).

O fato de não ter sido suficientemente revolucionário, por não libertar-


se dos antigos cânones da composição clássica14, com a manutenção do
ornamento como elemento importante no resultado plástico final, é um dos
argumentos utilizado pelos estudiosos do tema para afirmar que o art déco
não deve ser considerado um “movimento arquitetônico”.
Outros argumentos utilizados:

Ausência de uma doutrina unificadora (manifestos,


associações, publicações) que ordenasse a produção segundo
conceitos e paradigmas bem definidos e consensuais (...)
apesar de difundido mundialmente, não chegou a abarcar a
totalidade da produção de uma época ou região, convivendo
em sincronia, ao longo do seu desenvolvimento, com outras
correntes artísticas (CONDE; ALMADA, 2000, p.09-10).

Apesar da adesão ao art déco ser mundial, não é possível


designá-lo como movimento, pois em momento algum os
adeptos procuraram definições ou buscaram apresentar
qualquer tipo de manifesto teórico” (FIGUEIRÓ, 2007. p.15).

Os pesquisadores do tema corroboram com o conceito de “movimento”


proposto por Anatole Kopp, ao tratar da arquitetura moderna, “uma verdadeira

14
Para Summerson um edifício clássico é aquele “cujos elementos decorativos derivam direta
ou indiretamente do vocabulário arquitetônico do mundo antigo + o mundo clássico”, contudo,
o autor propõe-se a aprofundar esta definição “uma série de afirmações sobre os aspectos
essenciais da arquitetura que permitem dizer que o objetivo dessa arquitetura sempre foi
alcançar uma harmonia inteligível entre as partes” (SUMMERSON, 1982, p.04)

44

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


revolução arquitetônica [...] que ocorreu em todos os domínios da cultura”
(KOPP, 1986, p.15-16). A arquitetura associada ao déco não foi suficientemente
revolucionária e não seguiu princípios apoiados em escritos teóricos e, por
isso, não pode ser considerada um “movimento arquitetônico”.
Campos prefere o uso do conceito de “linguagem arquitetônica” e afirma
que um dos problemas que busca resolver com a sua pesquisa sobre o déco
diz respeito “à definição dos componentes de linguagem mais recorrentes
utilizados pela versão paulistana do art déco” (CAMPOS, [1996] 2000, p.11).
Gallefi (2003) afirma que é possível falar em “linguagens arquitetônicas
déco”, no plural, e identifica como princípios compositivos dessa produção,
“não apenas as meras relações estruturais entre volumes, espaços e
superfícieis, mas as conexões desses elementos com outras dimensões da
cultura”.

A arquitetura déco engendra seus estilemas no seio de uma


heterogeneidade difusa, recolhendo sugestões formais de
dimensões várias + o exótico e o autóctone, o popular e o
erudito, o artesanato e a indústria, o (neo)clássico e o cubismo
+ elaborando-as em seu plano de composição estética
(GALLEFI, 2003, p.08).

Da mesma forma, Reis (2014) entende o art déco como uma linguagem:

A linguagem arquitetônica, enquanto um sistema sígnico


aberto possibilitou a incorporação de elementos regionais ao
repertório básico plástico-formal e compositivo,
potencializando diretamente seu enriquecimento (REIS, 2014,
p.28).

Essa linguagem refere-se ao uso de componentes facilmente


identificáveis, com o intuito de se chegar à uma composição arquitetônica. A
produção art déco construída no Brasil e analisada nesta pesquisa possui
componentes de linguagem e caracterísicas próprias e identificáveis.
Quanto aos argumentos a respeito do debate sobre a existência de um
“estilo déco”, Victor Campos (2003) afirma que a produção não deve ser

45

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


enxergada como “mais um estilo de moda, efêmero e passageiro, mas como
uma alternativa assimilável de modernidade arquitetônica de grande
penetração na América Latina”,entende que o conceito de estilo:

Não parece ser capaz de contemplar, de maneira satisfatória,


a diversidade de formas de expressão reunidas sob o manto
do art déco, potencializada pelas variantes surgidas em várias
partes do mundo (CAMPOS, 2003, p.39).

Para o autor o estilo arquitetônico é resultante da combinação de um


conjunto de elementos de caracterização de repertório, que conferem a
necessária unidade de linguagem a testemunhos de um período determinado
da história da arquitetura:

A unidade de linguagem é fator determinante para a


caracterização de um estilo, implicando a delimitação de um
repertório formal básico e a definição de parâmetros
compositivos, claramente identificáveis, que, no caso da
arquitetura déco, é matéria de difícil consenso (CAMPOS, 2003,
p.97).

Afirma ainda que a diversidade de manifestações estéticas reunidas sob


o rótulo de art déco não configura uma unidade de linguagem e não deve ser
enquadrada como um único estilo arquitetônico. É importante lembrar que
Campos (2003) realiza uma classificação do déco paulistano em cinco
correntes15 e a utiliza como argumento para não enquadrá-lo em um único
estilo, concluindo que não é possível identificar uma “unidade estilística” .
Peralta (2005, p.78) acrescenta o argumento de que muitos autores
relutavam em usar o termo estilo para identificar o art déco, devido “à sua
característica de promiscuidade plástica, adotando indistintamente
particularidades típicas de diferentes estilos”. O autor chama de
“promiscuidade”, o que outros autores entendem como “hibridismo” ou

15
Art déco Requintado, art déco Escalonado, art déco Aerodinâmico, art déco Classicizante e
art déco Popular.

46

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


“ambigüidade”, ou seja, o déco não poderia ser considerado um estilo, pelo fato
de empregar elementos de diferentes expressões artísticas o que pode ser
visto com um empecilho à clareza de repertório.
Contudo, em pesquisas recentes, a partir da segunda década dos anos
2000, há uma crescente aceitação do termo estilo para se referir a essa
produção. Em 2011, durante a realização do XI Congresso Mundial de art déco
realizado no Rio de Janeiro, o Instituto art déco do Brasil usou o termo “estilo”
no cartaz que divulgava o evento.

Figura 2: Cartaz do XI Congresso Mundial de art déco realizado em 2011 no Rio de


Janeiro.

Fonte: Instituto art déco do Brasil16.

Assim, apesar do entendimento inicial de Vitor Campos (2003) + que


acredita que entender o art déco como estilo arquitetônico é inadequado e
pouco esclarecedor +, diversos autores como Unes (2003), Figueiró (2007),
D‟Elboux (2013), Reis(2014) e Barthel (2015), para citar alguns, recorrem ao
termo, sem maiores problemas e realizam pesquisas densas sobre o tema.

16
Disponível em: <http://www.artdecobrasil.com/congresso>. Acesso em: 15mar. 2017.
47

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


No próprio nome da exposição fundadora + Exposição Internacional de
Artes Decorativas e Industriais Modernas +, o art déco já se auto-define como
arte, como decorativa, como internacional com ampla difusão, como industrial
porque se associa à sociedade industrial em ascensão e, finalmente, como
moderno porque associou sua imagem aos elementos da vida moderna
(CONDE; ALMADA, [1996] 2000, p.10).
É recorrente a definição do déco como um estilo com decoração
moderna ou como uma arte decorativa moderna, entendendo-se decorativo
com:

Adjetivo de larga aplicação e que designa todo aquele


elemento que possui condições para complementar o espaço
arquitetônico. Isto é, que caracteriza a decoração como
necessária a arquitetura (CORONA; LEMOS, 1972, p.164).

Contudo, esse termo “originalmente relacionado ao âmbito artístico do


art nouveau, assume certa particularização, quando, após a primeira grande
guerra, lhe é anexado o adjetivo moderno” (GALEFFI, 2004, p.34).
Assim, para referir-se ao déco o termo “decorativo” aparece,
recorrentemente, associado à ideia de “moderno”, uma produção arquitetônica,
decorativa e moderna.

É importante entender que a ornamentação tem sua matéria,


função e status alterados a partir da segunda metade do
século XIX. Como mercadorias industriais, produzidas em larga
escala, os ornamentos deixaram de ser produzidos por
artesãos em pequenas oficinas utilizando técnicas tradicionais,
aperfeiçoadas durante gerações, para serem produzidos em
grandes galpões, segundo uma produção em série.
Direcionados ao consumo generalizado, a diferentes camadas
sociais, os ornamentos perderam sua especificidade de
produção e aplicação (PEDRONI, 2013).

Ou seja, entende-se o conceito do termo “estilo moderno”, usado para


se referir a esta produção na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, uma
modernidade que continua associada à ideia de estilo.

48

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Não obstante a polêmica estabelecida a respeito da existência ou não do
estilo art déco é plausível a identificação da constância de elementos de
repertório (características) identificáveis na produção construída (analisadas
no capítulo 03) que identificam esta produção como um estilo arquitetônico.
Estilo envolve produção e criação [...] sua presença pode ser muito bem
delineada pelos elementos de que se utiliza e da forma como os utiliza
(ANZOLCH, 1996, p.42). Nesta pesquisa o conceito de “produção” é visto como a
produção de arquitetura em determinado momento, sob determinada
conjuntura, em determinado recorte temporal e em determinado espaço
geográfico.
O art déco foi um “estilo intrinsecamente cosmopolita” e “moderno”,
porque associou sua imagem aos elementos da vida moderna, como arranha-
céus, automóveis, rádio, cinema, música popular, moda/vestuário e
emancipação da mulher (CONDE; ALMADA, [1996] 2000, p.12); esta alusão a
“uma imagem cosmopolita” remete a capacidade de adaptação da produção a
diferentes hábitos culturais ou modos de vida, provavelmente um dos
argumentos que fundamentam a disseminação desta arquitetura.
Assim, a produção art déco no Brasil foi um estilo arquitetônico que
buscava exprimir a modernidade no segundo quartel do século XX, com
elementos de repertório cuja repetição caracteriza a produção e, no contexto
brasileiro, se disseminou pelo país em uma determinada época (1930 -1950).

1.3 A premissa da disseminação nacional – O art déco produzido no Brasil

A premissa desta pesquisa é a de que a arquitetura art déco se


disseminou17 por todo Brasil, no segundo quartel do século XX. A opção de

17
O conceito é entendido nesta pesquisa como a disseminação de uma produção arquitetônica
em um determinado lugar, por um determinado período. No processo de disseminação o
receptor é parte ativa do processo de criação. O conceito é similar ao de difusão de uma
produção arquitetônica onde “estão envolvidos os agentes receptores, os promotores ou
fontes e o conteúdo a ser transmitido” “a essência do processo de difusão é a interação
humana na qual uma pessoa comunica uma nova ideia a uma outra” (ROGERS, 1962, p.13 apud
49

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


tomar esta afirmação com premissa tem a ver com a observação inicial
(intuitiva) da amplitude das construções déco ainda existentes nas cidades
brasileiras, que as pesquisas analisadas no capítulo 03 e os exemplares
construídos identificados nos capítulos 04 e 05 parecem confirmar. As fontes
de pesquisas mostram o número de edificações e a extensão da produção
construída durante o período estudado. Um dos objetivos desta tese é
entender porque se construiu tanto art déco no Brasil.
É importante lembrar que a arquitetura de tendência art déco
apresentada oficialmente na Exposição Internacional de Artes Decorativas e
Industriais Modernas, realizada na França, em 1925, apesar de exercer
(alguma) influência, em um processo de difusão, é distinta da arquitetura
assimilada e disseminada no Brasil a partir dos anos 1930.

Em abril de 1925 inaugurou em Paris a Exposição Internacional


de Artes Decorativas e Industriais Modernas, atraindo, até o
seu encerramento, em outubro, quase seis milhões de
visitantes. Deu repercussão universal ao estilo Arts Déco,
popularizado internacionalmente (RODRIGUES, 2013, p.42 e
43)18.

O objetivo primordial da Exposição de 1925 era, de acordo com o


relatório da Comissão Organizadora apresentado em 1915, “excluir toda e
qualquer referência à tradição”.

A proposta era reunir num só evento e num só lugar todas as


Artes Decorativas que se aplicassem aos objetos ou à
arquitetura. Estes deveriam ser modernos, não poderiam ser
cópias (BARTHEL,2015, p.85).

PEREIRA 2008, p.11). Na difusão também há possibilidade de participação ativa do


receptor.Logo, o receptor pode agir sobre o conteúdo assimilado, “por conseguinte a
apropriação pode levar a distintos resultados e não apenas à mera reprodução dos
conhecimentos propagados” (PEREIRA, 2008, p.12)
18
A autora realiza uma pesquisa sobre “A percepção portuguesa nas Exposições Universais na
perspectiva do design de equipamento” (RODRIGUES, 2013) e, afirma que, embora Portugal não
tenha participado oficialmente da Exposição de 1925, “muitos artistas nacionais visitaram a
Exposição Francesa trazendo para Portugal o gosto de praticar o estilo Deco” (RODRIGUES,
2013, p.06)
50

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Assim, o art déco, como outras modernidades da época foram
apresentados na Exposição.

A intenção da Exposition de 1925 era fazer com que Paris


voltasse a ser o centro planetário da modernidade e que os
franceses retomassem o título de árbitros e mentores do
gosto mundial, como fora desde o século XVI. [...] O
regulamento impunha que só seriam aceitas criações novas e
modernas, os envolvidos se diziam criadores de arte e
arquitetura modernas, as construções de época eram
proibidas e o próprio título da Exposition anexava o adjetivo. E
moderno, naquele contexto, acabou significando tudo aquilo
que os organizadores qualificassem de moderno (DUDEQUE,
2001, p.109).

A arquitetura apresentada pelos países participantes nos pavilhões da


Exposição, distribuídos pela Esplanade des Invalides, no Centro de Paris, na
sua maioria, procurava:

Apresentar ao público visitante uma nova linguagem visual, um


novo universo decorativo, que objetivava em suma criar uma
ambientação cenográfica apropriada para o modo de vida
progressiva e agitado (D‟ALAMBERT, 2003, p.65).

Havia duas tendências na Exposição: os objetos de luxo e a


arte industrial. Os pavilhões utilizavam o ferro, o concreto
armado, o vidro. Le Corbusier fez um pavilhão cubista, melhor
seria dizer purista, o Pavilhão L`Espirit Nouveau, mesmo nome
da revista do movimento de vanguarda criado por ele em 1915.
Não foi bem aceito pelo público da exposição. O pavilhão mais
admirado foi o de Pierre Patout, o Hôtel Du Collectionneur,
como se fosse uma casa particular, projeto do arquiteto
Ruhlmann (BARTHEL, 2015, p.88).

51

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 3:Pavilhão de L`Espirit Nouveau. Figura 4: Pavilhão do Colecionador por
Pierre Patout.

Fonte: Diseñoyarquitectura19. Fonte: Housesof Maputo20.

Antes da abertura da Exposição, o comitê:

Pretensamente motivado por atrasos nos acabamentos,


cercou de tapumes o Pavilhão L`Espirit Nouveau, de Le
Corbusier, por julgar que a obra estava em desalinho com a
estética reinante no evento (ROITER,2011, p.49).

Ou seja, para o autor, apesar da Exposição apresentar diversas


manifestações artísticas do início do século XX, a estética “reinante” era a de
filiação déco.
A produção apresentada na Exposição e empregada na França era
marcada pelo uso de materiais nobres como mármore, bronze, laca, marfim,
madeira de lei, esculturas e ornamentos geométricos. A princípio, a produção
era luxuosa e consumida por uma elite que demandava estes produtos.

19
Disponível em <https://www.disenoyarquitectura.net/2008/12/el-pabellon-de-nouveau-1922-
le.html> Acesso em:08 ago. 2018.
20
Disponível em: <http://housesofmaputo.blogspot.com/2015/01/expo-de-paris-1925-alguns-
dos-pavilhoes.html> Acesso em:08 ago. 2018.
52

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 5: O pavilhão do Bon Marché Figura 6: Entrada do pavilhão da Galeries
Lafayette

Fonte: Archdaily21 Fonte: Archdaily22

A produção déco de influência francesa é classificada pelos estudiosos


do tema como uma das “correntes” que marcam o estilo internacionalmente
como uma produção “requintada”, em que “a decoração é exuberante e os
materiais de revestimentos nobres” (CAMPOS, 2003, p.70) (CONDE; ALMADA,
[1996] 2000, p.35) (FIGUEIRÓ, 2007, p.30).
A corrente de influência francesa, a mais “luxuosa” em termos de
materiais e ornamentos, foi utilizada nos grandes edifícios de Nova York e
Chicago, que representavam, na época, a imponência e austeridade de que
necessitavam estes prédios, geralmente pertencentes a ricas corporações:

Proporcionavam uma atmosfera magnífica de luxo, riqueza e


modernidade na limpeza e geometrização das formas e
elementos decorativos (FIGUEIRÓ, 2007,p.30).

A influência desta produção, contudo, tem presença discreta no


conjunto da produção art déco disseminado no Brasil e está longe de
representar um olhar do nosso país sobre o estilo.
Segundo Segawa (1998, p.59), o relatório final da Exposição, na seção de
arquitetura, é permeado pelo ideário do arquiteto franco-belga Auguste Perret.

21
Disponível em: <https://www.archdaily.com/793367/ad-classics-exposition-internationale-
des-arts-decoratifs-et-industriels-modernes> Acesso em: 08 ago. 2018.
22
Disponível em: <https://www.archdaily.com/793367/ad-classics-exposition-internationale-
des-arts-decoratifs-et-industriels-modernes> Acesso em: 08 ago. 2018.
53

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Definia-se a arquitetura moderna como a que “tirando
vantagem das conquistas da indústria, utiliza, para realizar os
novos programas, os materiais e procedimentos da construção
de seu tempo” [...] “o “material”, ou, se preferir, o “aparelho” da
arquitetura moderna é, sem dúvida, o concreto armado”
(Exposition.... 1928, p.15,apud SEGAWA,1988, p.59).

A produção déco, disseminada no Brasil não tem praticamente nenhuma


relação com o discurso de Perret, divulgado no relatório final da Exposição,
aqui as estruturas de concreto armado só aparecem de forma tímida, em
elementos como marquises, mísulas e balcões.
O foco desta pesquisa é como o art déco chega ao Brasil, depois da
Exposição de 1925, e os caminhos que esta produção arquitetônica percorre ao
ser disseminada pelo país.

Diferentemente de outros momentos da História da


Arquitetura na América Latina, onde o “novo” sempre chegava
com uma defasagem de alguns anos, o art déco disseminou-
se com muita rapidez contando com a vantagem de não ter
ficado restrito aos círculos internos das elites econômica e
cultural. Pelo contrário, foi absorvido por amplos setores da
sociedade, contemplando praticamente todas as categorias de
edificações + do grande edifício comercial à casa
operária(CAMPOS, 2003, p.13).

No contexto brasileiro o art déco era um caminho para uma possível


modernidade que não necessitava de grandes investimentos tecnológicos e
financeiros, a simplificação formal e a ornamentação geometrizada
barateavam o custo da construção e permitiam que o estilo se disseminasse
até pelas construções mais simples.

A simplificação das formas propostas pelo art déco, além de


atender a necessidade de demonstrar progresso e
modernidade, vem de encontro a uma desejável contenção de
custos na indústria da construção civil, que adota o estilo,
tornando-o popular (D`Elboux, 2013, p.279).

54

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Neste contexto, é recorrente nas teses e dissertações da historiografia
recente o uso do termo “arquitetura popular” para tratar deste fenômeno no
país, no que concerne a construção art déco realizada sem arquitetos ou
engenheiros.

Apropriação popular dos elementos de repertório por parte de


um não profissional ou construtor comum, invariavelmente, a
versão mais econômica e mais rica do ponto de vista criativo
(CAMPOS, 2003, p.73).

A “arquitetura popular” apresenta como características: a simplicidade,


a adaptabilidade, a criatividade, a intencionalidade e a multi-secularidade, a
arquitetura popular é aquela que, no nível mais elementar, atende as
“necessidades mais imediatas de abrigo” e que, no nível mais superficial, o
cultural, “a intenção plástica” é elemento central (WEIMER, 2005, p.188).

A popularização do estilo, além da busca pelo moderno,


ocorreu pela simplificação das fachadas através da diminuição
dos ornamentos que barateavam a construção, demonstrando
mais racionalidade e funcionalidade, adequando-se as
necessidades e desejos da época (SALVADOR, 2012, p.47).

Essa “popularização” é um dos fatores decorrentes do processo de


disseminação da arquitetura déco, ou seja, de uma determinada produção
arquitetônica, cujos elementos característicos são reproduzidos nos
exemplares, em um determinado lugar, por um determinado período.
Em um momento inicial, deve-se entender que são múltiplas as razões
e os fatores que explicam a disseminação de uma produção arquitetônica em
uma determinada região. Com o objetivo de aprofundar a questão e identificar
os fatores e as fontes de disseminação desta arquitetura no Brasil foram
desenvolvidos os argumentos que se seguem.

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As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Capítulo 02. As versões historiográficas sobre a produção déco no Brasil

56

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


O objetivo deste capítulo é refletir sobre a versão historiográfica da
arquitetura moderna canônica, desenvolvida até os anos 1970, a respeito do art
déco no Brasil e a versão historiográfica recente, escrita a partir dos anos
1990 no contexto de expansão dos programas de pós graduação pelo país, para
entender como a historiografia tratou esta produção nestes dois momentos
historiográficos.
O estudo das versões, tramas e narrativas historiográficas constitui
campo da historiografia, não é apenas o registro da História, mas a reflexão
sobre o conhecimento da produção histórica.

O que é historiografia? Nada mais que a história do discurso +


um discurso escrito e que se firma como verdadeiro + que os
homens têm sustentado sobre o seu passado. É que a
historiografia é o melhor testemunho que podemos ter sobre
culturas desaparecidas, inclusive sobre a nossa + supondo que
ela ainda existe e que a semi-amnésia de que parece ferida
não é reveladora da morte. Nunca uma sociedade se revela tão
bem como quando projeta para trás de si a sua própria
imagem (CARBONELL,[1981] 1986, p.08).

Margareth Pereira explica que o termo historiografia, que começa a


circular no Brasil em fins dos anos 1980, é usado no país em dois sentidos:

Isto é, pode referir ao conjunto da produção dedicada aos


estudos históricos ou designar, apenas, os trabalhos que
tratam, especificamente, da crítica das suas posições teóricas,
dos objetos de estudo eles próprios, das ferramentas
mobilizadas pelos autores, dos recortes temporais adotados
ou das formas de construção textual (PEREIRA, 2013, p.201 e
202).

Le Goff (2003, p.468) afirma que a partir da segunda metade do século


XX, no domínio da historia, sob a influência das novas concepções do tempo
histórico, desenvolve-se uma nova forma de tratar esse campo disciplinar + a
“história da história” + ou seja, a utilização da memória coletiva no tratamento
do fenômeno histórico, que até então não havia sido utilizada pela história
tradicional.

57

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


O conhecimento é um processo que está em constante transformação.
Michel de Certeau, em “A escrita da História”, no capítulo sobre a “Operação
historiográfica” afirma que:

A história “objetiva”, aliás, perpetuava essa idéia de uma


“verdade”, um modelo tirado da filosofia de ontem ou da
teologia de ante-ontem; contentava-se com traduzi-la em
termos de “fatos” históricos [...] Os bons tempos desse
positivismo estão definitivamente acabados (De CERTEAU,
[1975] 1982, p.67).

De Certeau entende que o objetivo do historiador é dar voz ao “não dito”,


é missão do historiador encontrar o que está oculto nas narrativas históricas:

Mostrou-se que toda interpretação histórica depende de um


sistema de referência; que neste sistema permanece uma
“filosofia” implícita particular; que infiltrando-se no trabalho de
análise, organizando-o à sua revelia, remete à “subjetividade”
do autor (De CERTEAU,[1975] 1982, p.67).

Em “Narrativa e História”, Irene Cardoso (2000) trata da narrativa


histórica, cuja atenção está voltada para os “esquecimentos” na história.
Quando as “ausências” se constituem em questão para um trabalho de
construção em história, é necessário que se estabeleça a distinção entre as
noções de memória coletiva e memória histórica.
A autora esclarece essa dissociação para refletir sobre o destino de
alguns acontecimentos na história marcados por “esquecimentos voluntários”:

Essa perspectiva da memória histórica, que acentua a sua


diferença em relação à memória coletiva das sociedades,
busca empreender então um trabalho de construção [...] para o
qual as ausências na história significam também construções
de esquecimentos, de silêncios, cujos sentidos embora
apagados constituem-se em cenas organizadoras da história
(CARDOSO, 2000, p.05).

Um problema a ser enfrentando pelas narrativas históricas


contemporâneas cuja atenção está nos “esquecimentos da história” é o de

58

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


pensar na construção dos acontecimentos “ausentes”, isto é, pensar nas
construções produzidas pelos “silêncios”, pelos “não-ditos”, pelas “lacunas”,
pelos “recalques”.

A especificidade desta narrativa histórica estaria na


possibilidade de encontrar uma forma de narratividade cuja
composição possa dar conta desses entrecruzamentos
temporais a partir de uma configuração do que se chamou de
“ausências” na história, as “construções desaparecidas”
produzidas pelo esquecimento (CARDOSO, 2000, p.09).

Ou seja, apesar dos esforços dos historiados, uma parte do material


coletado e alguns temas podem ser descartados por opção dos mesmos,
contudo, tais assuntos podem ser revistos ganhando novos significados
através de outras narrativas históricas.
No caso da versão canônica da história da arquitetura moderna, o
objeto de estudo era a produção arquitetônica moderna e o historiador
escrevia a história em presença de seu objeto. O objetivo neste capítulo é
realizar uma revisão historiográfica das versões canônica e recente acerca
das arquiteturas da modernidade no Brasil, para entender o lugar que a
proposta de ser “moderna” da arquitetura intitulada art déco ocupa nestas
narrativas.

2.1 O art déco na versão da historiografia canônica

Em sua versão canônica, a historiografia da arquitetura moderna no


Brasil tem Oscar Niemeyer como protagonista, se baseia na trama iniciada por
Lúcio Costa e resulta em uma única versão dos acontecimentos que permitiam
inúmeras leituras (TINEM, 2006:11). Esta versão prioriza a história da produção,
chamada de arquitetura moderna, que se tornaria hegemônica na segunda
metade do século XX.
Assim, a produção arquitetônica art déco foi, pelo menos até os anos
1970, negligenciada pela versão canônica da historiografia da arquitetura

59

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


moderna no Brasil. Não só o art déco, mas as diversas expressões modernas
da produção arquitetônica brasileira da primeira metade do século XX não
foram tratadas por esta versão historiográfica.
Para fundamentar essa afirmação, selecionou-se, para análise, cinco
obras da história da arquitetura moderna brasileira: Brazil Builds (GOODWIN,
1943), Modern Architecture in Brazil (MINDLIN,1956), Arquitetura
Contemporânea no Brasil (BRUAND, 1981), Arquitetura Brasileira (LEMOS,1979)
e Arte Moderna, (JOVER, [1979] 1982:262-263) no livro “Arte no Brasil” (CIVITA
(org), [1979] 1982), que, apesar de não ser uma obra de referência para a
arquitetura, merece menção pela referência ao déco.
O foco da análise é a presença moderna da produção art déco nas
páginas dessas importantes obras, que desenvolvem a versão da
historiografia canônica, que parece, a princípio, prestigiar apenas uma parte da
história que resultaria em uma única versão para a modernização da
arquitetura no Brasil.
Brazil Builds, Architecture New and Old 1652/1942, de Philip Goodwin23 é
lançado em 1943, como catálogo da exposição de mesmo nome, pelo Museu de
Arte Moderna de Nova York, MoMA/NY. Goodwin deixa claro o seu objetivo de
difundir a imagem da arquitetura Moderna brasileira como uma produção
hegemônica no Brasil a partir do final dos anos 1920 e, com isso, descarta
manifestações modernas coetâneas. O autor foca, conforme sub-título do livro:
“arquitetura Moderna e Antiga -1652 - 1942”, em mostrar a coexistência
pacífica entre a arquitetura Moderna (novo) e a arquitetura colonial (antiga) e
prioriza esses dois momentos da arquitetura em nosso país.
Em 1956, a publicação de Modern Architecture in Brazil, de Henrique
Mindlin24, busca “dar uma imagem mais completa do desenvolvimento da

23
Philip L. Goodwin (1885 + 1958) era arquiteto, presidente da Comissão de Relações
Exteriores, A.I.A., e da Comissão de Arquitetura do Museu de Arte Moderna de Nova York e
Membro correspondente do Instituto de Arquitetos do Brasil.
24
Henrique Mindlin (1911 - 1971) formou-se engenheiro-arquiteto, em 1932, na Escola de
Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, foi professor da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro
60

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


arquitetura moderna no Brasil, dos seus primórdios no final dos anos 1920 até
os dias de hoje” (MINDLIN,1956: 21). Contextualiza o surgimento da arquitetura
moderna em um país colonizado pelos portugueses.

Talvez o problema não pudesse ser definido como uma


simples oposição de termos como passadismo e futurismo +
um futurismo que não era, na realidade, o do italiano Marinetti,
e sim uma mistura de tudo que era novo e atual (MINDLIN,1956:
p.25-26).

Do ponto de vista da historiografia da arquitetura, distintas produções


arquitetônicas foram reunidas sob o termo genérico de “Futurismo”. Esse
reducionismo pode ter contribuído para a omissão de algumas dessas
manifestações. Alguns autores localizaram o art déco no “futurismo” citado
por Mindlin, contudo, é somente uma suposição, ainda não suficientemente
argumentada.
Convém lembrar que os livros de Goodwin (1943) e Mindlin (1956) foram
escritos antes da denominação art déco ser empregada para nomear esta
produção arquitetônica (anos 1960), entretanto nesse momento, os exemplares
associados a arquitetura déco já estavam presente na malha urbana das
cidades brasileiras.
O livro Arquitetura contemporânea no Brasil, escrito na virada das
décadas de 1960 e 1970 e publicado em português somente em 1981, é uma
tradução da tese do paleógrafo e arquivista francês Yves Bruand25,
apresentada à Université Paris IV, em 23 de dezembro de 1971, publicada em
1973. Está no limiar entre os escritos até os anos 1960 e os posteriores. Apesar
de ser fiel à versão canônica, apresenta novidades metodológicas,
principalmente em relação ao tratamento de fontes e cita como “antecedentes”
outras tentativas de modernismos, fazendo uma breve menção a produção

do conselho diretor do IAB - Instituto de Arquitetos do Brasil, entre os anos 1944-1946 e 1957.
“Foi um dos principais arquitetos da sua geração, sendo de sua autoria importantes projetos
de torres verticais, residências, hotéis, prédios religiosos e sedes de jornais”(CAVACANTI
(1999) in MINDLIN,1956, p.14).
25
Yves Bruand (1926-2011) paleógrafo, arquivista Francês, Professor de História da Arte
Moderna e Contemporânea na Universidade de Toulouse.
61

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


déco: “estilo fluido e afetado, posto em prática pela Exposição Internacional de
Artes Decorativas de Paris de 1925” (BRUAND, [1971] 2008, p.94) 26.
A primeira exceção ao tratamento da produção déco na historiografia
canônica brasileira é o Arquitetura Brasileira27, de Carlos Lemos, que pretende
“ser um retrato mais fiel possível da arquitetura brasileira produzida pelas
nossas várias gerações” (LEMOS, 1979, p.09).

A década de 1930 não foi quantitativamente muito rica em


manifestações da modernidade racionalista na arquitetura. Foi
o período áureo da arquitetura “art déco”, que chegou a ter
certa popularidade e, devido a compreensíveis confusões
dentro do povo mal informado, era, na maioria das vezes,
chamada de “futurista”, apelido que já haviam dado à “casa
modernista” de Warchavchik (LEMOS, 1979, p.136).

Esse estilo foi o dos primeiros arranha-céus paulistas,


surgidos depois do prédio Martinelli, o pioneiro de todos e
construído dentro de uma mistura de modismos inventados
pelo seu proprietário [...] Foi o “artdéco” o estilo dos primeiros
prédios de Goiânia, a nova capital do Estado de Goiás,
projetada por Atílio Correia Lima (LEMOS, 1979, p.136).

Lemos entende o cenário de diversidade da modernização brasileira e


para ilustrar este cenário recorre a trajetória profissional de Oswaldo Arthur
Bratke.
Com passagens [...] por estilos indefinidos onde se aliavam o
“art deco”, o neocolonial, o missões, o neo-romântico, [...]
chegou em sua maturidade profissional a um estilo próprio,
“moderno” (LEMOS, 1979, p.155-156).

26
Nas três obras supracitadas, em que o art déco praticamente não é citado, o
Neocolonial é prestigiado. Os dois estilos datam praticamente do mesmo período e
com objetivos semelhantes, expressar a modernidade nas edificações, mas o fazem
de maneiras distintas. O Neocolonial se apresentava, desde o princípio, como um
movimento de renovação, com a adesão da importante figura de Lúcio Costa, que
defendia ferrenhamente a escolha deste estilo como opção de modernidade. Talvez,
por associar-se à ideia de uma “produção com raízes brasileiras”, o Neocolonial tenha
tido mais prestígio que o art déco junto aos historiadores.
27
Carlos A C. Lemos, nascido em 1925, é arquiteto formado na Mackenzie em 1950, foi
professor do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da
FAUUSP..

62

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Essa é a primeira vez, em 1979, com Carlos Lemos, que a produção art
déco é estudada e, este fato, é um marco para o entendimento da diversidade
de linguagens que conviviam nas cidades brasileiras neste período. Neste
momento, Lemos já aponta a “popularidade” desta produção entre a população,
contudo, ainda não aparecem registros fotográficos das edificações. Em
publicação posterior, de 1987, Lemos acrescenta o papel do arquiteto carioca
Elisiário Bahiana como um dos precursores e grande “cultuador” do estilo em
São Paulo (LEMOS, 1987, p.97).
No livro Arte no Brasil, organizado por Victor Civita28, com primeira
edição também em 1979, há, no início do capítulo sobre A Arquitetura Moderna
escrito por Ana Maria Jover, uma referência ao “apogeu do art déco” nos anos
1930 e a reafirmação de algumas informações colocadas por Lemos como a de
que a arquitetura art déco alcançou “certa popularidade” e “era popularmente
chamada de futurista” (JOVER, [1979] 1982, p.262-263). O texto ratifica também
que o art déco esteve presente nos arranha-céus paulistas e inspirou os
primeiros prédios de Goiânia.
Apesar do breve espaço dedicado ao déco, a publicação, dirigida a um
“público bastante amplo” 29
, dá indícios de um princípio de mudança no
reconhecimento historiográfico desta produção:

Mesmo sem uma expressiva produção intelectual na área, as


colocações dessa autora, pelo tipo de publicação,
provavelmente, alcançou uma visibilidade bem maior que os
mais reconhecidos autores no campo e ultrapassou em muito
o público especializado (NERY,2017, p.23).

28
CIVITA, Victor (editor). Arte no Brasil. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1979. PRIMEIRA
EDIÇÃO. Prefácio de Pietro Maria Bardi.Textos de Carlos A. C. Lemos, José Roberto Teixeira
Leite, Ana Maria Jover, Ottaviano de Fiore e Ivo Zanini.
29
Arte no Brasil é uma publicação Editora Abril. “Boa parte do sucesso dos fascículos da Abril
Cultural se deve à estrutura de distribuição da Editora Abril (...) A principal estratégia foi a
utilização das bancas de jornal para a venda dos produtos, resolvendo o problema do baixo
número de pontos de comercialização de livros e congêneres no Brasil. Além do eficiente
sistema de distribuição, os fascículos e as coleções da Abril Cultural tiveram amplas
campanhas publicitárias” (PEREIRA, 2005).
63

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Nas duas obras, de Lemos (1979) e Jover ([1979]1982) há um avanço no
entendimento da diversidade das arquiteturas “modernas” na primeira metade
do século XX no Brasil, contudo, mesmo nessas publicações, o espaço
reservado ao art déco é de antecessor do movimento moderno, tanto que o
espaço reservado a esta produção é reduzido a poucas imagens e os textos
introduzem outros textos sobre a arquitetura moderna, que são apresentados
na seqüência.
A versão canônica traz contribuições relevantes acerca do “não dito”
sobre o art déco no Brasil. Com base nos trabalhos investigados é possível
organizar uma linha de raciocínio sobre como a versão canônica descreve (ou
não) o processo de disseminação desta arquitetura pelo país.
A análise de como a produção déco no Brasil foi lida pela historiografia
canônica pode ser entendida em dois momentos: 1) a versão das primeiras
publicações, até a década de 1960, antes do termo para designar esta produção
arquitetônica ser adotado; 2) a versão produzida na década de 1970 quando o
art déco começa a “aparecer” na historiografia da arquitetura brasileira.
Até o final dos anos 1960, a versão canônica reduz o art déco a um dos
“futurismos” e, com isso, esta produção torna-se irrelevante nas publicações
anteriores a esta data.
As publicações de finais da década de 1970 confirmam a versão
historiográfica canônica, mas acrescentam informações sobre o déco no país.
A partir destas publicações, com a efetiva contribuição de Carlos Lemos, o art
déco começa a ganhar voz e, ainda que de maneira restrita e pontual, mostra-
se um breve panorama sobre a disseminação desta produção pelo país em
cidade com “famosos” acervos déco: São Paulo, Goiânia e Rio de Janeiro.

2.2 O art déco na versão da historiografia recente

A versão canônica da historiografia da arquitetura moderna brasileira é


amplamente difundida até praticamente o final do século XX, apesar da
revisitação crítica dessa versão, principalmente com a expansão dos

64

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


programas de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo país, na ultima
década do século quando se começa a preencher as lacunas deixadas por
essa historiografia.
No Brasil os meados do século XX conformaram no que se
refere à arquitetura, um período de intensos debates, variada
produção e importantes experiências em diversas opções
estilísticas e de linguagem. Com a afirmação de uma corrente
hegemônica no segundo pós-guerra + centrada no
modernismo carioca e paulista, e para a qual foi reivindicado o
título de Arquitetura Moderna Brasileira, reiterado por grande
parte da historiografia + as demais vertentes dessa produção
permaneceram em relativa obscuridade. No entanto, estudos
recentes têm apontado para a importância de se ampliar a
perspectiva de análise, no sentido de abranger o espectro
arquitetônico da época como um todo (BLANCO; CAMPOS
NETO, p. 2003).

A versão historiográfica recente dá destaque a outras modernidades


produzidas no país na primeira metade do século XX. Nesse contexto,
destacam-se duas publicações do ano de 1998: Por uma história não Moderna
da Arquitetura Brasileira, de Marcelo Puppi30 e Arquiteturas no Brasil, de Hugo
Segawa31.

Interessante notar que Segawa e Puppi compartilham o


mesmo juízo crítico sobre a arquitetura contemporânea
brasileira: suas diversas qualidades esbarram na abordagem
laudatória e apologética do modernismo feita pela
historiografia existente (GUERRA, 2002).

30
Marcelo Puppi é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie (1984), mestre em História pela Universidade Estadual de Campinas (1994) e em
DEA História da Arquitetura Contemporânea - Université Paris 1Pantheon-Sorbonne (1996) e
doutor em História da Arte - Université Paris 1 Pantheon-Sorbonne (2013). Professor adjunto
da Universidade Estadual de Londrina.
31
Hugo Segawa é graduado (1979), mestre (1988) e doutor (1994)em Arquitetura e Urbanismo
pela Universidade de São Paulo. Professor Titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
mesma instituição e livre docente pela Escola de Engenharia de São Carlos/USP. Autor de
livros como: Ao Amor do Público (São Paulo, 1996), Prelúdio da Metrópole (São Paulo, 2000; 2.
ed., 2004), ArquitecturaContemporáneaLatinoamericana (Barcelona, 2005) e Jayme C. Fonseca
Rodrigues Arquiteto (São Paulo, 2016), livro sobre o arquiteto (1905-1946) cujos projetos se
apoiavam na “estética dos transatlânticos, no streamline moderne, no art déco e na
arquitetura norte-americana”.
65

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Puppi (1998, p.09) realiza uma análise crítica sobre a historiografia
brasileira afirmando que o seu objetivo quase exclusivo é “a valorização
histórica das criações modernas locais”. Para ele, em nenhum estudo este
problema é tão claro como no ecletismo. Para o autor, o ecletismo foi
desqualificado, desde o princípio, “como uma arquitetura de origem
estrangeira e „de fundo acadêmico‟, para usar uma expressão de Lúcio Costa”.
Assim, Puppi atribui a Costa, o “esquecimento propositado” do Ecletismo,
considerado um estrangeirismo desqualificado em um momento em que se
busca uma arquitetura que represente a identidade nacional.
Para Puppi (1998, p.10), os autores subseqüentes escrevem a história da
arquitetura do país seguindo o “modelo de análise” de Lúcio Costa, criando um
“círculo vicioso”, em que o movimento moderno é o protagonista e o eclético é
analisado como conjunto de estilos históricos (europeus) que o materializam
e, isto torna-se “um lugar comum nos estudos de história da arquitetura
brasileira”.
A crítica de Puppi em relação a historiografia brasileira é bastante
consistente no que concerne aos questionamentos do “modelo interpretativo”,
em que as “verdades” proclamadas durante muitos anos não são
questionadas. Contudo, o autor finaliza avaliando que em certa medida a
modernidade Eclética “está presente na arquitetura moderna carioca” (PUPPI,
1998, p.180):

Sem qualquer pesquisa factual, Puppi coloca o ecletismo na


genealogia do moderno. Surpreende não apenas o fato em si,
mas também a percepção de que todo o esforço crítico se
esfumaça na atitude conformista de incluir o estilo eclético na
história do vencedor (GUERRA, 2002).

Segawa, em “Arquiteturas no Brasil” proporciona uma visão abrangente


das arquiteturas da modernidade brasileira na primeira metade século XX. Nas
“vertentes da modernidade” afirma o art déco como um recurso que caminha

66

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


para a “modernidade” da sociedade da era da máquina, mas que não consegue
se desligar de seu passado:

[...] uma sociedade que era incapaz de fixar uma escolha entre
uma herança cultural do século 19 e as perspectivas
industrializadas da era da máquina [...] essa ambigüidade
alimentou os sonhos de uma afluente sociedade norte-
americana, que tomou emprestado e multiplicou os artifícios
decorativos do lado próspero da cultura européia (SEGAWA,
1998, p.54).

A “ambigüidade” a que se refere Segawa pode ser entendida de duas


formas: por um lado, contribui para a falta de prestígio da produção junto a
arquitetos e historiadores, por outro lado, pode ter facilitado sua disseminação
junto a parcela tradicional da população brasileira.
Segawa afirma que “o marajoara e outras configurações pré-
colombianas foram recorrentes na decoração de interiores nos anos de 1930, e
seu geometrismo combinava com o gosto déco” (Segawa, 1998, p.61). Segundo
o supracitado autor o art déco era:

O suporte formal para inúmeras tipologias arquitetônicas que


se afirmavam a partir dos anos de 1930. O cinema (e por
associação, alguns teatros) a grande novidade entre os
espetáculos de massa que mimetizava as fantasias da cultura
moderna, desfilava sua tecnologia sonora e visual em
deslumbrantes salas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em
algumas outras capitais em verdadeiros monumentos déco;
algumas sedes de emissoras de rádio foram construídas ao
gosto, como a Rádio Cultura de São Paulo, de Elisário Bahiana,
ou a tardia (1948) sede da Rádio Jornal do Comércio de Recife,
do engenheiro Antonio Hugo Guimarães. A maioria dessas
construções foram demolidas (Segawa,1998, p.61).

O autor cita ainda dois eventos, a VII Feira Internacional de Amostras,


de 1934, realizada no Rio de Janeiro e a Exposição do Centenário da Revolução
Farroupilha, de 1935, em Porto Alegre, onde predominavam edifícios de
configuração déco como “vitrines dessa modernidade”. Apresenta também
inúmeras obras públicas que seguiram a tendência, como a prefeitura de Belo
67

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Horizonte (1936-1939), os primeiros edifícios da cidade de Goiânia, criada em
1933, o viaduto Boa Vista, em São Paulo (1930), além de Institutos de Educação,
Grupos Escolares, Hospitais, Departamentos de Correios e Telégrafos e
Edifícios Empresariais como os da Sulacap, que se espalharam pelas cidades
brasileiras (SEGAWA,1998, p.62-63).
A linguagem déco também estaria associada ao processo de
verticalização das cidades brasileiras nas décadas de 1930 e 1940. O autor
afirma que “estruturas altas de gosto déco ou variações predominavam na
verticalização da paisagem” e destaca edifícios como o d‟ANoite, no Rio de
Janeiro, de linhas geométricas com toque déco, de autoria de Joseph Gire e
Elisário Bahiana, o Saldanha Marinho, em São Paulo, de Dácio Aguiar de
Moraes e o Oceania, em Salvador, de Freire e Sodré (Segawa,1998, p.63)

Figura 7: Exposição do Centenário Figura 8:Exposição do Centenário da Revolução


da Revolução Farroupilha, de Farroupilha, de 1935: O Grande Cassino.
1935: Pórtico de entrada.

Fonte: Lealevalerosa33.

Fonte: Lealevalerosa32.

32
Disponível em <lealevalerosa.blogspot.com.br>. Acesso em jul. 22 de jul. de 2017.
33
Disponível em <lealevalerosa.blogspot.com.br>. Acesso em jul. 22 de jul. de 2017.
68

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 9: Obras Públicas: Projeto Figura 10: Obras Públicas: Postal do Palácio das
da Prefeitura de Belo Horizonte - Esmeraldas em Goiânia + GO.
MG, de Rafaello Berti e Luiz
Signorelli, 1935.

Fonte: Rafaello Berti34. Fonte: Acervo Roberto de Magalhães Gouvêa 35.

No decorrer do livro Segawa antecipa indícios que provavelmente


ajudaram a disseminação dessa modernidade pelo país: [1] a construção de
obras públicas + “referências de importância urbana que serviram para
disseminar popularmente o gosto art déco”+, [2] a contribuição francesa e
italiana + estudos que “desconsideram a contribuição da Itália, país que desde
o início do século 20, desenvolvia alta tecnologia em concreto armado
(Pesenti, 1906) e estabelecia uma arquitetura de tratamento formal
geometrizado (Melani, 1910)” + e [3] o papel das revistas Arquitetura e
Urbanismo (1936, Rio de Janeiro) e Acrópole (1938, São Paulo) + “havia uma
convivência pacífica entre circunspectas obras tradicionalistas, exóticas casas
neocoloniais e geométricas construções modernizantes” (SEGAWA,1998, p.60-
72).E ainda, para concluir:

O art déco conquistava adeptos populares ao ser adotado, em linhas


mais simplificadas, nas vilas operárias em singelas moradias como
“porta-e-janela” em todos os quadrantes do Brasil. Cidades
construídas nos anos 1930-1940 são verdadeiras concentrações de

34
Disponível em <http://www.ajs.com.br/digitalizacao-de-documentos/rafaello-berti.html>.
Acesso em 15 de jun. 2017.
35
Disponível em <http://www.rmgouvealeiloes.com.br>. Acesso em: 15 jun. 2017.
69

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


arquitetura popular de gosto déco, nas mais variadas interpretações
possíveis e imagináveis (SEGAWA,1998, p.72).

As publicações citadas promovem uma revisitação crítica da versão


historiográfica canônica e ampliam a visão sobre a diversidade arquitetônica
na primeira metade do século XX. É apenas com a publicação do livro de
Segawa (1998) que a produção começa a ser posta em outra perspectiva.
Em 1996, no Rio de Janeiro realizou-se o 1º Seminário Internacional art
déco na América Latina, que deu origem a publicação 1º Seminário
Internacional art déco na América Latina (1997) e onde foi lançado o Guia da
Arquitetura art déco no Rio de Janeiro o primeiro livro específico sobre a
presença desta produção no Brasil, publicado em 1996 pela Prefeitura
Municipal. As publicações foram obras pioneiras que se tornaram referência
para as pesquisas sobre a produção no Brasil, no século XXI.
O Guia da Arquitetura art déco no Rio de Janeiro tem a introdução
escrita por Conde e Almada ([1996]2000), os autores afirmam que o art déco foi
um conjunto de manifestações artísticas, estilisticamente coeso, originado na
Europa e que se expande para as Américas do Norte e do Sul, inclusive o
Brasil a partir dos anos 1920 e dividem a produção no Rio de Janeiro da
seguinte forma: a) “Streamline”: inspirada no expressionismo alemão e russo,
com linhas curvas e motivos marinhos e navais; b) Escalonada, também
chamada zig + zag: mais seca e geometrizada com volumes escalonados e
elementos decorativos como frisos e figuras geométricas; c) Afrancesada:
inspirada pelo estilo francês, em que a decoração é exuberante, os materiais
de revestimentos nobres, com ordens estilizadas riscadas nas fachadas.
Apesar de não ser incluído como uma corrente do estilo no Brasil, alguns
exemplares citados são chamados de “franca inspiração racionalismo
modernista” Conde & Almada ([1996]2000, p.10 - 12).
Os autores fazem menção a disseminação desta produção pelo país
com registro de arquitetura art déco em outras regiões do país como: São
Paulo, com destaque para a atuação de Elisiário Bahiana; Belo Horizonte, e a

70

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


atuação de Luís Signorelli; Belém, com registro de obras públicas como a
Agência dos Correios e Telégrafos; Goiânia e os primeiros edifícios
construídos na capital; Fortaleza, com registro do monumento Coluna da Hora;
Salvador, elevador Lacerda, Edifício Oceania e Instituto do Cacau; Curitiba,
Agência dos Correios e Telégrafos; Rio Grande do Sul, Prefeitura de São
Leopoldo e Exposição do Centenário Farroupilha. No livro não há registro de
imagens destas obras. Alguns dos exemplares citados nesta obra pioneira,
que antecipa a disseminação da produção em distintas regiões do país,
notadamente no que concerne as obras públicas de filiação déco, são
apresentados a seguir.

Figura 11: Coluna da Hora em Fortaleza Figura 12: Prefeitura Municipal de São
(CE), na década de 1950. Leopoldo (RS).

Fonte:IBGE (1964,v.04,p.316). Fonte: IBGE (1959, v.34, p.270).

Figura 13: Agência dos Correios e Figura 14: Agência dos Correios e
Telégrafos em Belém (PA). Telégrafos em Curitiba (PR).

Fonte:IBGE (1957,v.14,p.298). Fonte:IBGE (1959,v.31,p.144).

71

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Sobre a produção no Brasil, a publicação resultante do 1º Seminário
Internacional art déco na América Latina (1997)36, registra breves
comunicações como, por exemplo, Art déco em Belo Horizonte: o gosto
cosmopolita unificando o centro e a periferia (LEMOS, 1997), Influências do art
déco na arquitetura gaúcha (MAHFUZ, 1997) e Art déco: os signos do poder na
arquitetura oficial em Goiânia (COELHO, 1997).
Vitor Campos realiza, também no ano de 1996, uma pesquisa pioneira
pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, a
dissertação Art déco na Arquitetura Paulistana: uma outra face do Moderno, a
primeira com foco no tema. O autor era, naquele momento, arquiteto do
Serviço Técnico de Conservação e Restauro do CONDEPHAAT (órgão estadual
do patrimônio histórico) e elabora um inventário sobre a arquitetura art
déco na cidade de São Paulo. Neste trabalho, elenca algumas das
características do código formal do estilo, tais como: escalonamento,
platibanda, relevos de fachada e a presença de elementos como balcões,
marquises, terraços e varandas e realiza uma ficha cadastral das edificações
passíveis de tombamento na cidade de São Paulo.
Campos conclui que “os edifícios de uso misto revelaram-se como os
mais recorrentes, em particular aqueles destinados à habitação multifamiliar,
com utilização do pavimento térreo para fins comerciais” e que “o edifício em
altura foi o que melhor caracterizou o art déco na cidade de São Paulo”
(CAMPOS, 1996, p.257). Esta última afirmação parece aplicar-se apenas para o
estudo de caso realizado em uma cidade de grande porte, conforme verifica-
se no decorrer desta tese.
Na década de 1990, com a realização do Primeiro Seminário
Internacional da Arquitetura art déco na América Latina em 1996, a publicação
dos livros Guia da Arquitetura art déco no Rio de Janeiro (1996) e 1º Seminário

36
Há nessa publicação, comunicações de autores analisados nesta versão da historiografia
recente sobre o art déco, “Modernidade pragmática: a arquitetura no Brasil dos anos 1920 e
1940” (SEGAWA, 1997) e “O art déco na arquitetura paulistana: a metrópole em busca de uma
identidade moderna” (CAMPOS, 1997).
72

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Internacional art déco na América Latina (1997), o precoce surgimento da
dissertação de mestrado de Vitor Campos (1996) e a publicação de
Arquiteturas no Brasil de Hugo Segawa (1998), o até então “rejeitado” art déco
começa, efetivamente, a ganhar voz.
As cinco publicações selecionadas para compor a versão historiográfica
recente, realizam uma revisitação crítica à versão da historiografia canônica
sobre a arquitetura moderna no país e ampliam o entendimento sobre a busca
de “modernidade” arquitetônica na primeira metade do século XX.
A versão historiográfica recente coloca, de forma efetiva, a produção
déco no cenário arquitetônico da modernidade brasileira, documenta os
edifícios nos maiores municípios do país (Rio de Janeiro e São Paulo), faz
referência à presença da produção em outras capitais (Belo Horizonte, Porto
Alegre e Goiânia) e lança indícios sobre as fontes que disseminaram esta
produção no país e que serão aprofundadas nesta tese.

Figura 15: Linha do tempo da versão historiográfica produzida até os anos 1990.

Fonte: a autora.

73

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Capítulo 03. O estado da arte da produção acadêmica acerca do art déco no
Brasil

74

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A partir de um olhar contemporâneo busca-se, neste capítulo, entender
como o art déco tem sido tratado pelas pesquisas desenvolvidas no âmbito
das pós-graduações para, com base nessa fonte de dados, avaliar o estado da
arte dos estudos sobre esta produção em território nacional. Os títulos
acadêmicos selecionados + livros, teses, dissertações e artigos37 - têm como
foco central a produção no Brasil.
Estes estudos têm contribuído para registrar um número significativo
de exemplares e, em geral, buscam classificar e analisar as suas
características formais, além de mostrar a abrangência desta arquitetura no
território nacional porque, na maioria dos casos, optam por estudar um lugar e
um foco específico sobre a produção. São documentos importantes que
mostram a amplitude da disseminação desta arquitetura pelo país.
A leitura contemporânea destas pesquisas tem como objetivo visualizar
a extensão do registro desta arquitetura pelo país e identificar os agentes de
disseminação apreciadas nas pesquisas acerca do art déco no Brasil.
Para atingir os objetivos propostos, o primeiro passo foi a seleção das
fontes documentais. Nesta amostragem foram registrados 27 títulos
acadêmicos analisados neste capítulo (06 livros, 03 tese de doutorado, 07
dissertações de mestrado e 11 artigos) que tinham como foco a produção art
déco em diversas cidades do país.
A seguir, será realizado um mapeamento das pesquisas que registram a
produção pelo país, separadas em duas categorias: [1] livros, teses e
dissertações e [2] artigos. O objetivo desse mapeamento é proporcionar certa
visibilidade à amplitude dessa produção, à abrangência geográfica da
disseminação do art déco e vislumbrar como este fenômeno foi compreendido
pelas pesquisas recentes.
Assim, o capítulo tem o objetivo de identificar quais os fatores,
apontados pelas pesquisas recentes que conduzem ao esclarecimento da

37
A seleção dos artigos tinha, entre outros, o objetivo de incluir a presença da produção art déco em
regiões que não aparecem nas fontes pesquisadas, ou seja, incluí-las no mapa dos municípios
brasileiros com registro de produção art déco.
75

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


disseminação desta arquitetura pelo país; para tanto será analisada a seguir
os “agentes da disseminação” apresentadas por estas pesquisas.

3.1 Mapeamento das pesquisas sobre déco: livros, teses de doutorado e


dissertações de mestrado

Este item analisa os livros, teses de doutorado e dissertações de


mestrado que documentam a produção déco pelo país38.
Os livros publicados sobre o tema documentam a produção em
municípios “reconhecidos” por seus conjuntos arquitetônicos déco, como Rio
de Janeiro, Goiânia e Belo Horizonte.
Márcio Roiter, presidente do Instituto art déco Brasil, pesquisador e
curador de exposições sobre o tema, realiza uma obra sobre o Rio Art Déco
de 2011, com imagens de cartões postais e cartazes, que traziam referências e
ajudavam a divulgar o estilo.
O autor afirma que “o art déco viaja nos transatlânticos” e que ainda não
foi feito um estudo aprofundado sobre o papel dos navios na disseminação do
estilo. Contudo, cita uma tentativa, por ocasião de uma exposição realizada
entre 2010 e 2011 na Casa das Mudas, na ilha da Madeira, que exibia um imenso
mapa-múndi com as principais capitais art déco, entre elas o Rio de Janeiro, e
não por coincidência, elas eram também importantes portos, pouso dessas
“embaixadas flutuantes” do estilo (ROITER, 2011, p.33-34).
É comum encontrar-se na historiografia recente referências a navios
quando se trata de art déco, especialmente no que concerne à corrente
“streamline”, mas esta referência se dá no sentido de a arquitetura apropriar-
se de elementos náuticos: janelas circulares; gradis de ferro e volumes
arredondados, especialmente nas esquinas. Roiter entende estas “referências

38
A seleção dos livros publicados sobre o assunto, foi realizada através de pesquisas de busca
em bibliotecas e no site do Instituto art déco no Brasil. Com relação a seleção das
dissertações de mestrado e teses de doutorado, realizou-se uma pesquisa online nos sites
dos programas de pós graduação em Arquitetura e Urbanismo, filtrando-se a busca por
assunto com o termo: art déco. Em alguns casos, como as pesquisas realizadas nos anos 1990
ou início dos anos 2000, não foi possível encontrar o arquivo digital nos bancos online, nestes
casos, recorreu-se ao arquivo impresso nas bibliotecas das instituições.
76

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


náuticas”, ou melhor, estes navios com interiores art déco, como instrumentos
de disseminação desta estética pelo mundo e não apenas como um elemento
de repertório formal.

Figura 16: Poster do Transatlântico Figura 17:Cartaz da Cia Aérea Air France,
Normandie, 1935. 1950.

Fonte:Pinterest40.
Fonte: Tipografia39.

Se o Rio de Janeiro é considerado, por muitos autores, o “cartão-postal”


do art déco no Brasil, especialmente no que se refere à presença da versão
mais “requintada” do estilo, a afrancesada, a cidade de Goiânia é apresentada
como a capital brasileira do estilo.
Identidade art déco de Goiânia, 2001, de autoria de Wolney Unes, registra
os prédios “referência” da produção em Goiânia, localizados no plano piloto, e
acrescenta o registro de um caso importante de disseminação em bairros
periféricos, como o do bairro de Campinas. Os moradores desse bairro, ao
perceberem a nova forma de construir em Goiânia, “logo trataram de se
inteirar da nova moda”.

39
Disponível em: <http://www.selosefilatelia.com/PastaNoticias/not045.html>.Acesso em: 10
maio. 2017.
40
Disponível em: <https://br.pinterest.com/carojo72/lucien-boucher/>. Acesso em 10 maio. 2017.
77

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Ainda hoje pode-se encontrar inúmeros exemplares,
modestos, humildes, quase toscos, principalmente ao redor
das praças centrais, Joaquim Lúcio e da Matriz (UNES, 2001,
p.112).

Dos construtores campinenses dessa época pouco ou nada se


sabe. Construíam casas e edifícios anônimos, testemunhos da
vontade de modernização de uma sociedade que se comprova
na penetração de um estilo internacional nos confins de um
estado segregado do restante do país e eminentemente
agrário (UNES, 2001, p.115).

Figura 18: Praça Central do Bairro de Figura 19: Praça Central do Bairro de
Campinas, Praça Coronel Joaquim Campinas, Praça Coronel Joaquim Lúcio,
Lúcio, em Goiânia (GO). em Goiânia (GO).

Fonte: Curta Mais41. Fonte: Curta Mais42.

No Instituto art déco do Brasil, há registro de três livros sobre a


produção em cidades mineiras, Arquitetura art déco + Juiz de Fora, por
Antônio Carlos Duarte, editado em 2013, em que o autor situa a influência da
proximidade com a capital federal (Rio de Janeiro), Turbulenta Modernidade,
art déco Belo Horizonte 1930-1950, de A. Borsagli, lançado em 2016, e Raffaello
Berti Arquiteto, de Silma M. Berti, lançado no ano 2000, que mostram edifícios
como: a Prefeitura, o Palácio Arquiepiscopal, a Santa Casa de Misericórdia, o

41
Disponível em: http://www.curtamais.com.br/goiania/10-razoes-para-amar-o-bairro-de-
campinas-em-goiania. Acesso em: 10 maio. 2017
42
Disponível em: http://www.curtamais.com.br/goiania/10-razoes-para-amar-o-bairro-de-
campinas-em-goiania. Acesso em: 10 maio. 2017.
78

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Banco Nacional, no município de Belo Horizonte, “ícones art déco de uma
cidade ávida de modernismo”.
Figura 20:Publicações sobre o art déco em Minas Gerais.

Fonte: Instituto art déco do Brasil43.

O livro da fotógrafa Anna Mariani, Pinturas e Platibandas, apesar de não


ter o foco específico na produção déco44, traz uma produção pouco registrada,
pequenas casas localizadas em pequenas cidades do interior sete estados do
Nordeste do Brasil + Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia, e registra a disseminação desta produção nesta
região do país.
O livro é publicado originalmente em 1987, mas a edição consultada, de
2010, foi revista e ampliada pela própria autora, as fotografias foram feitas
entre 1976 e 1995, em ângulo frontal, sem a presença de quaisquer elementos
que pudessem interferir na imagem. Desde a dedicatória é possível verificar a
preocupação da autora em dar voz aos construtores comuns: “Aos mestres,
construtores e pintores do Nordeste, que realizaram este universo poético que
procuro revelar” (MARIANI, 2010, p.08).
O livro contém textos de Ariano Suassuna, Caetano Veloso e Jean
Baudrillard, que entendem esta produção como a busca de uma modernidade

Disponível em:<http://www.artdecobrasil.com/noticias/10>. Acesso em : 20 jul. 2017.


43

Duas autoras que estudam déco citam o livro: GALEFFI, Lígia Maria Larcher e VIANA, Alice
44

de Oliveira.
79

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


por uma parcela da população que não tinha acesso ao que se estava sendo
produzido pelos arquitetos e engenheiros nas grandes cidades brasileiras.
A autora explica que as residências foram organizadas
hierarquicamente:
A partir das fachadas mais tênues e singelas para as mais
intensas e complexas, quando a incorporação de elementos da
arquitetura erudita, da engenharia dos galpões industriais e de
elementos das artes decorativas é visível (MARIANI, 2010,
p.232).

E cita a incorporação de elementos “modernos” do art déco, inspirado


nos edifícios públicos:
Ao mesmo tempo, foram agrupadas por analogias entre os
enfeites, como são chamados os detalhes decorativos:
representações da paisagem como flora, cristais,
malacachetas, sóis, crescentes, estrelas; faixas, laços, listas e
quadriculados; recortes das platibandas; estilos, entre os quais
predomina o chamado “moderno”, absorvidos do art déco, que
foi muito utilizado no Nordeste na década de 30 do século
passado pelos serviços públicos, o prédio dos Correios é um
exemplo (MARIANI, 2010, p.232) (ver figura 19).

Figura 21: Presença de elementos déco na agência dos correios (edificação amarela)
em Uauá (BA).

Foto: Mariani (1986,p.174).

80

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 22: Influências do art déco nas singelas casas do interior do Nordeste, nas
imagens registro dos exemplares no município de Serra Talhada (PE).

Foto: Mariani (1982, p.183).

Figuras 23, 24 e 25: Influências do art déco nas singelas casas do interior do NE , nas
imagens registro dos exemplares nos municípios de Condado (PE), Piaçabuçu( AL) e
Ingá (PB).

Fotos: Mariani (1981,p.167), Mariani (1982,p.193) e Mariani (1985,p.179).

Nas pesquisas de doutorado e mestrado, apresentadas a seguir,


registra-se o mapeamento da produção nos municípios de Recife, Salvador,
Fortaleza e João Pessoa, na região Nordeste, e nos municípios de Porto
Alegre, Florianópolis, Criciúma, Santa Maria e Lages, na região Sul. Ou seja, há
um predomínio de registro em cidades de médio porte nas regiões Sul e
Nordeste. Cabe lembrar, que a produção no Rio de Janeiro e em São Paulo foi
analisada, respectivamente por Conde & Almada (in CZAJKOWSKI (org.), 1996)
e Campos (1996).

81

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Entre as teses de doutorado sobre o tema têm-se outra publicação de
Victor Campos: O art déco e a Construção do Imaginário Moderno: um estudo
de linguagem arquitetônica (CAMPOS, 2003).
Campos considera que é possível reconhecer a existência de
“componentes de linguagem” facilmente identificáveis em parcela significativa
dos exemplares déco e destaca o conjunto de elementos de repertório que
conformam uma maneira particular de manifestação ou linguagem artística,
mais representativos (2003, p.42): a) a axialidade: sistema de composição e
distribuição a partir de um eixo de simetria; b) a manutenção do ornamento:
elemento determinante no processo de composição do estilo, expresso
sempre em linguagem geometrizada; c) a aplicação de temas ornamentais
antropo, zôo e fitomorfos: inspirados na fauna, flora e reportando-se às
culturas primitivas da África e da América Pré- Colombiana; d) a morfologia
escalonada: resultantes da sobreposição de planos nos sentidos horizontal e
vertical, conferindo sensação de ritmo e movimento as composições; e) a
presença de luz e brilho nas composições: emprego de materiais de
acabamento que conferem a sensação de brilho e de luz como bronze, latão,
mármores, granitos, vidros esculpidos entre outros (CAMPOS,2003, p.42),
estas foram as características dos casos analisados pelo autor.
O autor desenvolve a sua classificação no Brasil em cinco categorias: o
art déco Requintado, marcado por exemplares luxuosos e requintados
influenciados pela produção européia, o art déco Escalonado, que usa o
recurso do escalonamento na sobreposição de planos horizontais e verticais, o
art déco Aerodinâmico, inspirado no desenho de estruturas náuticas, o art
déco Classicizante é marcado pelo hibridismo e pela sobreposição de
linguagens distintas em um mesmo suporte físico, utiliza elementos da
arquitetura clássica como frontões e colunatas gregas e o art déco Popular,
resultado da “apropriação popular dos elementos de repertório por parte de
um não profissional ou construtor comum”, invariavelmente a versão mais
econômica, mas rica do ponto de vista criativo (CAMPOS, 2003, p.73).

82

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Desta forma, em um esforço de classificação da produção no Brasil,
Campos acrescenta duas categorias (as duas últimas) às classificações
tradicionalmente propostas pela historiografia.
As categorias desenvolidas pelo autor apresentam questões discutíveis
como a presença do “art déco requintado”, provavelmente presente apenas
nas edificações das grandes cidades brasileiras e a criação da corrente do “art
déco popular”, que como questão é interessante, mas é questionável enquanto
classificação, pois os critérios de classificação “misturam” questões formais
com questões sociais.
É importante lembrar que no trabalho anterior (CAMPOS, 1996) o autor
realizou um inventário da arquitetura art déco em São Paulo, ou seja, ele
propõe o tombamento de parte desses edifícios e este fato provavelmente
justifique a necessidade de classificar o art déco popular como uma categoria
a parte.
A tese de Márcio Vinícius Reis + O art déco na obra Getuliana + moderno
antes do modernismo (2014) foca na produção e apresenta um vasto
levantamento das obras públicas no período getuliano e fornece um panorama
nacional sobre a difusão desta produção no país. Reis afirma que a “Obra
Getuliana” contribuiu para “disseminar e popularizar o art déco no país, nas
capitais ou nas cidades interioranas mais remotas, onde se fizesse
presente”(REIS,2014, p.251). Para o autor nos 15 anos do período varguista
(1930 - 1945) é “visível o domínio do art déco [...], visto no seu todo e de forma
particularizada na arquitetura postal do Departamento de Correios e
Telégrafos e sanatorial do Ministério da Educação e Saúde” (REIS,2014, p.253).
O autor baseou sua pesquisa nas “exposições propagandísticas das
realizações do governo estadonovista, ocorridas a partir de 1938 no antigo
Distrito Federal”45 e nas produções do Ministério da Viação e Obras Públicas

45
Exposição do 30º aniversário do Ministério da Viação e Obras Públicas (1938); Exposição do
Estado Novo (1938); Exposição do Ministério da Guerra (1941); e Exposição de Edifícios Públicos
(1944).

83

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


(MVOP), do Ministério da Educação e Saúde (MES) e do "sistema de obras"
criado em 1939 para coordenar a referida produção oficial, e gerido pelo
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) (REIS, 2014, p.07) para
ilustrar o panorama nacional dos edifícios públicos de filiação art déco.
O autor registra as obras “reconhecidamente art déco” em diversos
municípios no país: Teresina -PI, Fortaleza - CE, Natal - RN, São Luís - MA,
Aracajú - SE, Maceió - AL, Salvador - BA, Goiânia - GO, Belo Horizonte e
Campo Belo - MG, Belém - PA, Recife - PE, Rio de Janeiro e Niterói - RJ, São
Paulo - SP, Vitória - ES, Manaus - AM, João Pessoa, Cabedelo e Princesa
Isabel - PB, Curitiba - PR, Porto Alegre, Uruguaiana e Pelotas +RS, onde
localiza edifícios públicos como: os edifícios do Correios e Telégrafos, as
escolas e os educandários, as estações ferroviárias e de hidroaviões, os
hospitais, sanatórios, leprosários e maternidades, os edifícios ministeriais e
administrativos, as delegacias e os pavilhões, construídos para Exposições.
Reis destaca os edifícios do Departamento de correios e telégrafos
como “vias de difusão do estilo” e acrescenta que a localização dos mesmos
na malha urbana da cidade é um fator relevante no processo de disseminação.
Os edifícios, construídos na década de 1930 e 1940, “em conformidade com as
peculiaridades programáticas funcionais das classes das agências e a
disponibilidade de recursos técnico-financeiros” (REIS, 2014, p.167) foram
vastamente implementados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste e são
freqüentemente apontados como disseminadores do estilo pelo país.

Figura 26: Edifício-tipo I, Figura 27: Edifício-tipo II + Figura 28: Edifício-tipo III,
Pesqueira (PE). Quixeramubim (CE). Princesa Isabel (PB).

Fonte : Silva (2008). Fonte: Pereira (1999). Fonte: Pereira (1999).


84

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Em tese de doutorado intitulada Vestígios do art déco na cidade do
Recife (1919-1961): abordagem arqueológica de um estilo arquitetônico
apresentado ao Programa de Pós Graduação em Arqueologia da Universidade
Federal de Recife,
Stela Barthel identifica os exemplares do estilo art déco, cujos edifícios
são tomados “como vestígio arqueológico através da abordagem da
Arqueologia da Arquitetura” (BARTHEL, 2015, p.07).
O extenso recorte cronológico mostra, segundo a autora, que o art déco
chegou rapidamente no Recife, em 1919 e perdurou por um longo período, até
196146.

Isto pode ter explicações pela posição que a cidade ocupa nas
rotas marítimas ou aéreas, no contato com estrangeiros, que
vieram trabalhar ou passear, na circulação de revistas e
jornais trazidos por eles (BARTHEL, 2015, p.30).

Parte-se da hipótese de que na cidade do Recife todas as


classes sociais adotaram o estilo como símbolo da
modernidade e de status, assim como em todo o Brasil. O
desejo de modernidade tanto era por parte da sociedade
quanto por parte dos governantes. Todas as cidades queriam
se equiparar ao Rio de Janeiro, que era a capital. À medida que
o estilo foi se difundindo dos bairros centrais, local dos
edifícios mais antigos, para as outras áreas da cidade,
apresentou uma especificidade, sofreu adaptações,
principalmente por parte das camadas mais baixas (BARTHEL,
2015, p.30).

Analisando as variantes do art déco na cidade do Recife a autora afirma


que os edifícios importantes se aproximariam dos tipos clássicos do estilo:
escalonada, streamline e afrancesada. Contudo, Barthel percebe que poucos

46
A autora justifica o recorte cronológico baseando-se nas datas de construção de dois
edifícios de uso misto nos bairros Boa Vista e São José (1919) e em um edifício comercial
construído no bairro da Várzea (1961) no município do Recife (BARTHEL, 2015, p.26). Para a
autora o recorte cronológico do art déco no Brasil iria desde o início dos anos 1920 até o final
dos anos 1950. Nesta pesquisa não foram encontrados outros exemplares construídos nos
inícios dos anos 1920.
85

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


exemplares se enquadram nesse tipo e inclui outros dois: o mestiço e o
híbrido.
O tipo mestiço partiria do erudito para o popular e produziria fachadas
simplificadas, embora sintonizadas com o estilo:

Uma adaptação, utilizando-se o repertório do estilo, erudito,


em edifícios mais simples, com a técnica local, mas
geralmente com elementos em concreto armado como
pestanas, balcões e marquises (BARTHEL, 2015, p.44).

O tipo híbrido seria totalmente erudito, projetado por profissionais da


construção, em edifícios comerciais, públicos e até mesmo em residências
unifamiliares (BARTHEL, 2015, p.44).
No ano de 2003, Lígia Galeffi realiza a dissertação intitulada Princípios
compositivos nas linguagens arquitetônicas déco desde a leitura de algumas
obras do acervo metropolitano, que abarca os princípios compositivos do art
déco em algumas obras construídas na cidade de Salvador, entre o final da
década de 1920 e meados da década de 1940.
A autora entende a produção déco como uma das dimensões da
arquitetura moderna e afirma que é a partir da Exposição Les Année 25,
realizada em Paris, em 1966, no Musée des Arts Décoratifs que o art déco
adquire “uma distinção positiva, como também os acervos dessa produção
passam a ser extensamente estudados” (GALEFFI, 2014). Contudo, no contexto
brasileiro, este reconhecimento é tardio e tem início apenas nos anos 1990.
A autora analisa a “simplificação geométrica vernacular da arquitetura
déco” e mostra obras anônimas nas quais “se exprime a prolixidade criativa
investida na apropriação e reinvenção de esquemas gráficos recorrentes” e
ratifica que tal dimensão desta arquitetura “não se faz apenas da contribuição
de arquitetos, mas também do trabalho anônimo dos mestres de obras”
(GALEFFI, 2004).

86

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 29: Representantes do art déco Popular na cidade de Salvador (BA).

Fonte: Galeffi (2004).

Ainda na Região Nordeste, tem-se, em 2006, a dissertação de Marília


Santana Borges, apresentada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, que investiga o processo de modernização da
cidade de Fortaleza, Quarteirão sucesso da cidade: o art déco e as
transformações arquitetônicas na Fortaleza de 1930-1940. A pesquisa localiza
as transformações arquitetônicas ocorridas na capital do Ceará, mais
especificamente no centro da cidade, em um contexto de renovação urbana.
A autora destaca questões relevantes para a difusão desta arquitetura
na cidade: o desenvolvimento da técnica do concreto armado, o surgimento de
novos programas arquitetônicos e o processo de verticalização.
Vale citar também a dissertação sobre a produção art déco na cidade de
João Pessoa, Cidade em expansão, arquitetura em transformação: o art déco
na João Pessoa de 1932 + 1955, de Fernanda Farias, autora da presente tese,
de 2011, que analisou a relação entre a cidade que se expandia e a arquitetura
que se modernizava.
Nesta pesquisa, observou-se, a partir de critérios determinados pelas
orientações do código de obras, pela intenção projetual e pelos recursos
econômicos do usuário, que na produção art déco em João Pessoa, era
possível encontrar exemplares que se enquadram em duas correntes
clássicas do estilo: Escalonada e Streamline. Acrescentou-se a esta
classificação, a manifestação do “art déco popular”, que apesar de parecer
precipitado, foi conseqüência da necessidade de se registrar esse fenômeno
87

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


tão particular da produção latino-americana e brasileira47. Na verdade, há a
necessidade de se estudar de forma mais aprofundada esse fenômeno, no
sentido que esta produção se apropria de características formais presentes
nas outras correntes.
Art déco no Sul do Brasil, o caso da Avenida Farrapos, de 2007,
dissertação apresentada por Aline Figueiró, no Programa de Pós Graduação
em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, analisa essa
arquitetura, cuja implantação ocorreu pouco tempo após a Exposição
Comemorativa do Centenário Farroupilha, em Porto Alegre, no ano de 1935, “na
qual os ideais de modernidade difundidos na Europa e nos EUA foram
disseminados” (FIGUEIRO, 2007, p. 13).
A dissertação baseia-se em uma análise da composição das edificações
mais representativas do estilo presentes na Avenida, através de uma análise
gráfica de 13 plantas-tipo, em que as mais recorrentes são edifícios
multifamiliares de quatro ou cinco pavimentos. A autora estuda os usos, a
adição e subtração de elementos formais, a estrutura, a circulação, a
ventilação, a iluminação dos edifícios, a geometria, a relação com o entorno, a
simetria, e conclui que, em síntese, que a técnica estrutural utilizada é
tradicional, com paredes auto-portantes em tijolo cerâmico, o espaço é
compartimentado, não havendo integração de sala de estar com a de jantar, a
ocupação do lote é densa, há predominância de uso comercial nos andares
térreos e residencial nos pavimentos superiores e uso de poço de luz
(FIGUEIRO, 2007, p.165). Por fim, como é bastante recorrente em pesquisas
sobre esta produção, a autora, elenca os elementos de composição art déco

47
Esta classificação com a inserção da corrente “Popular”, preconizada por Campos (2003) e
retomada por esta autora (2011), foi questionada em apresentação de artigo no 3º Seminário
Ibero-americano Arquitetura e Documentação, realizado em Belo Horizonte, em 2013, tal
questionamento se referia ao fato da classificação combinar questões formais com questões
sociais.

88

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


presentes no seu objeto de estudo: composição horizontal tripartida, simetria,
platibanda escalonada, acessos demarcados por marquises ou balcões,
circulação vertical e elementos decorativos(FIGUEIRO, 2007, p. 174 a 184).
Também na Região Sul, tem-se A persistência dos rastros:
manifestações do art déco na arquitetura de Florianópolis, dissertação
realizada no programa Pós-graduação em Artes Visuais +
PPGAV/CEART/UDESC, de Alice de Oliveira Viana (2008). Segundo a autora o
único art déco oficial constatado é prédio dos Correios e Telégrafos48 e é
descrito pelo Governo do estado como “majestoso”, e sua construção se
relaciona com as reformas urbanas ocorridas nas primeiras décadas do
século vinte (VIANA, 2008, p.63).
A autora acrescenta que em pesquisa realizada pela SUSP49 foram
encontrados indícios de que os construtores projetavam por um saber fazer
empírico (VIANA, 2008, p.95). Em muitos casos, tratava-se de reformas com
pequenas alterações para acompanhar a nova linguagem de forma epidérmica,
ou seja, se limitavam as soluções estilísticas para as fachadas.

Figura 30: Projeto de Figura 31: Projeto de Figura 32: Projeto de


construção de prédio em construção de prédio em construção de prédio em
Florianópolis (SC), de Florianópolis (SC), de 1941. Florianópolis (SC), de 1938.
1934.

Fonte: SUSP apud Viana Fonte: SUSP apud Viana Fonte: SUSP apud Viana,
(2008). (2008). 2008.

48
Tal constatação será questionada no acervo analisado no Capítulo 05 + Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros.
49
Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos do Município de Florianópolis.

89

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A dissertação de mestrado intitulada, Edificações art déco na Paisagem
Urbana: um estudo de caso em Criciúma + SC (2012), da pesquisadora Sabrina
Carin Salvador, busca analisar as edificações art déco para compreender a
sua importância no contexto da paisagem urbana no município de Criciúma,
com estudo de caso na Rua Conselheiro João Zanette, uma vez mais a
preocupação é com a relação entre a cidade e o art déco.
` E, por fim, a dissertação de Marcelle Dela Flora Cortes (2015),
Valorização e preservação de ladrilhos hidráulicos do período art déco
brasileiro presentes no centro histórico de Santa Maria (RS) com foco na
valorização e identificação de padronagens de ladrilhos hidráulicos ainda
preservados nos imóveis art déco localizados no centro histórico de Santa
Maria/RS, identificou trinta e seis padronagens em trinta e duas edificações
associados ao estilo no município.
A tabela a seguir mostra os municípios registrados nos trabalhos
estudados com os exemplares de edificações art déco documentados nesta
etapa da pesquisa, com o objetivo de mapear a produção na versão da
historiografia recente e nas pesquisas sobre o tema.

Tabela 1: Localização dos Municípios nas pesquisas.

Autor / Instituição / Título Municípios/estados analisados


Ano
Hugo Segawa. São Arquiteturas no São Paulo e Jaú (SP); Porto Alegre
Paulo: Ed. Da Brasil 1900-1990 (RS); Goiânia (GO); Rio de Janeiro
Universidade de São (RJ); Salvador e Itabuna (BA; Curitiba
Paulo, 1998. Livro. (PR); Belo Horizonte, Barbacena,
Carangola e Cataguases (MG);
Jorge Czakwski Primeiro Seminário Rio de Janeiro (RJ); São Paulo (SP);
(coord.) Rio de Internacional art Porto Alegre (RS); Goiânia (GO); Belo
Janeiro: PUC/RJ, 1997. déco na América Horizonte (MG);
Latina.
Jorge Czakwski (org.) Guia da arquitetura Rio de Janeiro (RJ)
Luís Paulo Casa da art déco no Rio de
palavra, Rio de Janeiro
Janeiro; 1ª edição, 1996.
Livro.
Vitor José Baptista O art déco na São Paulo (SP)
Campos. FAU- Arquitetura
90

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


USP,1996. Dissertação Paulistana. Uma
de mestrado. outra face do
Moderno.
Márcio Alves Roiter. Rio de Janeiro art Rio de Janeiro (RJ)
Casa da Palavra, 2011. déco
Rio de Janeiro, RJ.
Livro.
Wolney Unes. Instituto Identidade art déco Goiânia (GO)
Casa Brasil de Cultura; de Goiânia
Goiânia; 1ª edição, 2001.
Livro
Silma M. Berti, 2000. Raffaello Berti - Belo Horizonte (MG)
Livro Arquiteto
Alessandro Borsagli, Turbulenta
2016. Livro Modernidade, art
déco em Belo
Horizonte
Antônio Carlos Duarte, Arquitetura art déco Juiz de Fora (MG)
2013. Livro em Juiz de Fora
Anna Mariani, [1987]. Pinturas e
Juazeiro do Norte e Iguatu (CE); São
2010. Livro. Platibandas José do Campestre (RN); Belém,
Cabedelo, Ingá, Juazeirinho e
Queimadas (PB); Serra Talhada,
Condado, Belo Jardim, Aliança,
Goiana, Triunfo e São Bento de Una
(PE); Arapiraca e Piaçabuçu (AL);
Japoatã e Neópolis (SE); Caratacá,
Uauá, Barra, Coração de Maria,
Caldeirão da Serra, Jequié, Juazeiro,
Serrinha, Riacho das Pedras,
Olindina, Duas Serras, Tobias
Barreto, XiqueXique (BA)
Vitor José Baptista O art déco e a São Paulo (SP)
Campos. FAU- Construção do
USP,2003. Tese de Imaginário Moderno:
doutorado. um estudo de
linguagem
arquitetônica.
Márcio Vinícius Reis. O art déco na obra Goiânia (GO); Porto Esperança (MG);
FAU-USP, 2014. Tese Getuliana + moderno Teresina (PI); Fortaleza (CE);
de Doutorado antes do Natal(RN); São Luís (MA); João
modernismo. Pessoa, Cabedelo e Princesa Isabel
(PB); Recife (PE); Aracajú (SE),
Maceió (AL); Salvador (BA); Juiz de
Fora, Diamantina, Belo Horizonte e
Campo Belo (MG); Belém (PA),
Manaus (AM); Rio de Janeiro e
Niterói (RJ); Vitória (ES); São Paulo
(SP); Florianópolis- (SC);Curitiba
91

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


(PR), Uruguaiana, Porto Alegre e
Pelotas (RS);
Stela Gláucia Alves Vestígios do art déco Recife (PE)
Barthel. na cidade do Recife
PPGArqueologia/UFPE, (1919-1961):
2015. Tese de abordagem
doutorado. arqueológica de um
estilo arquitetônico.
Lígia Maria Larcher Princípios Salvador (BA)
Galeffi. PPG- compositivos nas
AU/FAUFBA, 2003. linguagens
Dissertação de arquitetônicas Déco
mestrado. desde a leitura de
algumas obras do
acervo
metropolitano.
Marília Santana Quarteirão sucesso Fortaleza (CE)
Borges. FAUUSP,2006. da cidade: o art déco
Dissertação de e as transformações
mestrado. arquitetônicas na
Fortaleza de 1930-
1940
Aline Fortes Figueiró. Art déco no Sul do Porto Alegre (RS)
UNB, 2007. Brasil, o caso da
Dissertação de Avenida Farrapos
mestrado.
Alice de Oliveira Viana. A persistência dos Florianópolis (SC)
UDESC, 2008. rastros:
Dissertação e manifestações do art
mestrado. déco na arquitetura
de Florianópolis
Fernanda de Castro Cidade em expansão, João Pessoa (PB)
Farias. UFPB, 2011. arquitetura em
Dissertação de transformação: o art
mestrado. déco na João Pessoa
de 1932 + 1955
Sabrina Carnin As edificações art Criciúma (SC)
Salvador. UFSC, 2012. déco na paisagem
Dissertação e urbana: um estudo
mestrado. de caso em Criciúma
+ SC.
Marcelle Dela Flora Valorização e Santa Maria (RS)
Cortes. Dissertação de Identificação de
mestrado.UFSM-RS, Padronagens de
2015. ladrilhos hidráulicos
de 1920 a 1940,
período art déco
brasileiros,
presentes em
92

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


prédios e casas do
centro histórico de
Santa Maria/RS
Fonte: Tabela elaborada por Fernanda Farias, com base nas pesquisas+ livros, teses
de doutorado e dissertações de mestrado.

Conforme analisado neste capítulo há, a partir do início dos anos 2000,
uma ampliação das investigações sobre o art déco no Brasil. O mapa abaixo,
elaborado a partir do levantamento de dados das pesquisas + considerando
livros, teses e dissertações, permite a visualização das localidades
contempladas por estas pesquisas.

Mapa 1: Mapeamento dos municípios com registros de produção art déco nos livros,
teses e dissertações.

Fonte: PortalBloques50editado pela autora com base nos dados das pesquisas
recentes + livros, teses de doutorado e dissertações de mestrado.

50
Disponível em:<http://portalbloques.com/mapas/mapa-brasil.html >. Acesso em:20 jan.2017.
93

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os livros, teses de doutorado e dissertações de mestrado, focam a
análise da produção art déco em municípios de grande e médio porte no país,
capitais em sua maioria.

3.2 Mapeamento das pesquisas sobre déco: artigos

A escolha dos artigos a serem analisados nesse item teve como


principais critérios de seleção: a arquitetura art déco como foco principal da
pesquisa e a localização no território nacional, que direciona a escolha dos
artigos, para os municípios que não foram contemplados nos livros, teses e
dissertações. Neste sentido, a inclusão dos artigos justifica-se como
complemento para mensurar o registro desta arquitetura no país.
Em Art déco e indústria +Brasil, décadas de 1930 e 1940, Telma de
Barros Correia (2008) procura identificar vilas e núcleos fabris no país, a
partir de pesquisa bibliográfica, por um lado, e visitas in loco, por outro.
Entre os 185 conjuntos fabris visitados, erguidos entre 1811 e as últimas
décadas do século XX, foram identificados 29 conjuntos de prédios e/ou
moradias de tendências déco em distintos municípios brasileiros. “Isso pode
ser explicado, em parte, pela atualização formal que o art déco operou,
vinculando-se ao mundo industrial e à noção de modernização”(CORREIA,
2008).

O art déco revelou-se uma linguagem acessível às elites, às


classes médias e às classes populares. Na arquitetura, a partir
de construções de maior porte, o vocabulário conquistou o
gosto popular e disseminou-se em grandes e pequenas
residências e em prédios comerciais. Suas linhas
geometrizadas + especialmente os volumes, os vãos e as
superfícies escalonadas + popularizaram-se em cidades
grandes e pequenas, convertendo-se em marco do cenário
urbano brasileiro das décadas de 1930 e 1940 (CORREIA, 2008).

94

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Sobre o art déco no Norte do país, “Redescobrindo o art déco e o
racionalismo clássico na arquitetura belenense”, Blanco e Campos Neto51
(2003) entendem que naquele município o déco ocorre antes do movimento
moderno:

Ainda que nas grandes cidades do Brasil a maioria dessas


manifestações modernas tenha ocorrido paralelamente à
afirmação do modernismo na arquitetura, em Belém essas
tendências estilísticas, sobretudo o art déco e o racionalismo
clássico, precederam e abriram caminho ao modernismo,
possibilitando uma transição tardia, mas irreversível, do
ecletismo historicista para a Arquitetura Moderna (BLANCO e
CAMPOS NETO, 2003).

Para os autores o art déco foi um elo entre o passado eclético e o futuro
racional-funcionalista e conviveu com o racionalismo, o ecletismo tardio e o
neocolonial e, embora ainda utilizassem características compositivas
acadêmicas, também usufruíam de elementos e inovações inerentes à
racionalização da construção, induzindo gradualmente significativas mudanças
nas estruturas sociais e espaciais da cidade e de sua arquitetura.
Em “A modernidade esquecida -O art déco em Curitiba”, Marcelo
Saldanha Sutil, afirma que o estilo foi assumido pela municipalidade como
“expressão de progresso e do novo” e que o estilo disseminou-se por obras
públicas, residenciais e pelos primeiros edifícios em altura, e ainda pelos
teatros, cinemas, indústrias e pavilhões de exposições. O autor cita a
popularização do art déco e afirma que:

Boa parte delas [foi] construída no alinhamento predial, em


respeito à legislação em vigor que mantinha resquícios do
ordenamento colonial (...) de certa maneira, o art déco
correspondeu ao apelo popular com uma arquitetura de baixo
custo e com formas e elementos simples de reproduzir (SUTIL,
2010).

51
Cândido Malta Campos Neto e Giovanni Blanco Sarquis.É recorrente na historiografia a
referência “CAMPOS NETO e SARQUIS”, contudo, no artigo pesquisado no portal vitruvius o
campo “como citar” traz: “BLANCO, Giovanni; CAMPOS NETO, Candido Malta”, optou-se,
portanto, por seguir esta convenção.
95

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


No Município de Lages, em Santa Catarina, foram identificadas 33
edificações representativas dessa arquitetura no centro do município, em um
projeto de pesquisa intitulado Levantamento da arquitetura art déco em Lages
52
.

O art déco em Lages (...) reflete ações inovadoras, como a


criação do Cine-teatro (1941), Hospital (1944), Fórum (1956),
Parque de exposição (1948), transportes, centro de mercado,
bem como as propostas de verticalização do centro comercial
e histórico da cidade [resultado da]coincidência entre a difusão
do déco (no Brasil) e o intenso crescimento de Lages
proporcionado pela exploração da madeira” (REIS, 2003).

Os próximos artigos a serem estudados, analisam a produção art déco


em cidades do interior do Nordeste, mais precisamente Paraíba e
Pernambuco.
Lia Mônica Rossi, uma das pioneiras nos estudos sobre a produção no
Brasil, com estudos sobre o assunto desde 1982, afirma em Art déco Sertanejo
e uma revitalização possível: programa Campina Grande Déco:

Os relevos das fachadas como jogos geométricos (radiais,


paralelos, escalonados, ziguezagues, etc.), [revelam uma]
criatividade regional expressa através de réguas, esquadros e
compassos, sem notação na literatura e nas mentes do design
nacional (ROSSI, 2010).

No artigo Art déco em Campina Grande (PB), valorização,


patrimonialização e esquecimento, Marcus Vinícius Queiroz afirma que esta
produção foi a manifestação mais difundida na cidade, nos anos 1930 e 1940. O
autor ratifica que foi uma das linguagens arquitetônicas mais difundidas pelo
país +“em cidades país afora, fileiras de casas art déco ocupam ruas inteiras”

52
Projeto de pesquisa coordenado pela Profª. Zilma Isabel Peixer da Uniplac (Universidade do
Planalto Catarinense) e executado em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina.
96

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


+ e acrescenta a sua ocorrência em áreas rurais “seguindo a mesma estética,
conjuntos de armazéns, moradias e casas de farinha ainda podem ser vistos
na zona rural do interior nordestino” (QUEIROZ, 2010). Outro fator que o autor
aponta e que pode ter contribuído para a disseminação desta linguagem são os
“cartões-postais dos anos 1960 [que] ainda colocavam a arquitetura das ruas
centrais campinenses em lugar de destaque, escolhendo-a como elemento
símbolo de representação da cidade” (QUEIROZ, 2010)

Figura 33: Cartão Postal da Rua Cardoso Figura 34: Cartão Postal mostrando o
Vieira, Campina Grande (PB). prédio dos Correios e a Praça da
Bandeira, Campina Grande (PB).

Fonte: Retalhos Históricos de Campina Fonte: Retalhos Históricos de Campina


Grande53. Grande54.

Em Comunicação, diversão e oração: Documentação e conservação do


acervo art déco no interior de Pernambuco (2010), Aline Figuerôa Silva et. al,
confirma que “o art déco reúne uma quantidade significativa de espaços
oficiais, recreativos, religiosos, educacionais e residenciais em diferentes
municípios, testemunhando a difusão do estilo”.
Já em O Racionalismo Europeu: art déco e ecletismo, na construção da
Avenida Magalhães de Almeida (2010) na cidade de São Luiz, no Maranhão,

53
Disponível em: <http://cgretalhos.blogspot.com.br/2010/08/#.WT1ff2jytPY>. Acesso em: 20
jun.17.
54
Disponível em: <http://cgretalhos.blogspot.com.br/2010/08/#.WT1ff2jytPY>. Acesso em: 20
jun.17.
97

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Rodrigo Miranda Feitosa e Grete Soares Pflueger relacionam as intervenções
urbanas com a renovação da arquitetura. Nesta perspectiva, o Governador
Paulo Ramos, promoveu em 1937, a demolição do casario colonial para
construção da Avenida Magalhães de Almeida55. É interessante observar que
mesmo em uma cidade marcada pela presença da arquitetura colonial
portuguesa do século XVIII e XIX, “há espaço para um número considerável de
imóveis (...)art déco”, inseridos na malha urbana decorrente das demolições
para renovação urbana.

Figura 35:Postal da Cidade de São Luís (MA)

Fonte: Feitosa e Pflueger (2010).

Na pesquisa A estética art déco e a arquitetura estatal na era Vargas


em Aracajú, Carlos Cesar Menezes Maciel Filho e Rogério Freire Graças
confirmam que:

A estética déco foi utilizada em larga escala pelo poder público


tal qual elemento de legitimação da postura progressista e
nacionalista adotada principalmente depois do golpe de Estado
de 1930 por Getúlio Vargas (MACIEL FILHO; GRAÇAS, 2014).

55
Este tipo de intervenção foi muito recorrente no urbanismo brasileiro do início do século XX,
partindo do trinômio “sanear, embelezar e circular” buscava-se transformar o tecido urbano
existente, através de demolições, e a arquitetura art déco é, muitas vezes, escolhida para
mostrar essa “modernidade” nas fachadas dos edifícios.
98

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


No artigo O Edifício Teatral e os sentidos do art déco como discurso de
progresso no Estado Novo em Mato Grosso de Thaís Leão Viera, acrescenta
uma região pouco freqüente na historiografia. A autora, ao longo do texto,
retoma o discurso marcado pelos binômios “litoral versus sertão, moderno
versus antigo, civilização versus barbárie” para justificar a necessidade de
“civilizar” 56
e povoar a região e retirar o estigma de “barbárie”de Mato Grosso,
um espaço geográfico isolado do país e carente de progresso.
Ainda na região centro-oeste, localiza-se no site do SindarqMS57, um
artigo sobre Frederico Urlass, o primeiro arquiteto do Mato Grosso do Sul e
seu legado, de autoria de Ângelo Arruda, que apresenta projetos de edifícios
de uso misto, residências, hotéis, cinemas e edifícios públicos como o Ginásio
Municipal e o prédio da Casa de Saúde Santa Maria, construídos no final dos
anos 1930

O arquiteto que mais difundiu o estilo art déco em Campo


Grande (...)seu maior mérito profissional foi o de incorporar
uma linguagem moderna para a arquitetura local dos anos
1930 e sintonizar a cidade com o estilo dos grandes centros do
país da época (ARRUDA, 2016).

Cabe ressaltar que o autor já havia realizado um breve registro sobre a


produção déco no município na publicação intitulada Arquitetura em Campo
Grande (1999). Arruda enfatiza a construção , em 1934, da agência dos correios
e telégrafos, construída por Manuel Secco Thomé, cujo projeto foi elaborado
no Rio de Janeiro, como primeiro edifício art déco do município (ARRUDA (org),
1999:14).
Há muitos artigos sobre a produção art déco no país; esta pequena
amostra foi selecionada por tratar de municípios que não aparecem nos livros,
teses e dissertações.

Tabela 2:Localização doart déco nos Municípios a partir dos artigos.

Palavras da autora
56

Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Mato Grosso do Sul.


57

99

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Autor / Ano Artigos Municípios/estados
Telma de Barros Art déco e indústria + Brasil, Diamantina; Belo Horizonte,
Correia. 2008. décadas de 1930 e 1940 Itabirito; Curvelo; Pará de
Minas e São João Del Rei
(MG); Duque de Caxias;
Nova Friburgo(RJ); Caxias
do Sul; Rosário do Sul;
Butiá (RS); Brusque (SC);
Santa Rita (PB);
Fortaleza(CE); Natal (RN);
Neópolis (SE); Salvador
(BA); Pesqueira; Paulista e
Recife (PE); Piracicaba;
Votorantim; Alumínio; Itú;
Jundiaí; Sorocaba; São
Paulo; Taubaté; Araraquara
(SP); Goiana (PE);
Giovanni Bianco Redescobrindo o art déco e o Belém (PA).
Blanco; Cândido Malta racionalismo clássico na
Campos Neto. 2003. arquitetura belenense
Marcus Vinicius Art déco em Campina Grande Campina Grande (PB).
Queiroz. 2010. (PB): valorização,
patrimonialização e
esquecimento.
Lia Monica Rossi.2010. Art déco Sertanejo e uma Campina Grande (PB).
revitalização possível:
programa Campina Grande
Déco
Aline de Figueirôa Comunicação, diversão e Garanhuns; Limoeiro,
Silva; et al. 2010. oração: Documentação e Taguatinga do Norte,
conservação do acervo art Garanhus, Afogados de
déco no interior de Ingazeira, Arcoverde,
Pernambuco Petrolina, Caruaru e
Pesqueira (PE).
Rodrigo Miranda O Racionalismo Europeu: art São Luís (MA).
Feitosa e Grete Soares déco e ecletismo, na
Pflueger. 2008. construção da Avenida
Magalhães de Almeida
Marcelo Saldanha A Modernidade esquecida: o Curitiba (PR).
Sutil. 2010. art déco em Curitiba.
Carlos Cesar Menezes A estética art déco e a Aracajú (SE).
Maciel Filho e Rogério arquitetura estatal na era
Freire Graças. 2014. Vargas em Aracaju
Thaís Leão Vieira. 2013. Edifício Teatral e Os Sentidos Cuiabá (MT).
do art déco Como Discurso de
Progresso no Estado Novo em
Mato Grosso
Ângelo Arruda. 2016. Frederico Urlass, o primeiro Campo Grande (MS).
arquiteto em Mato Grosso do
100

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Sul e o seu legado
Rosane Waltrick Reis. A Presença do Estilo art déco Lages (SC).
2013. no Município de Lages
Fonte: Tabela elaborada por Fernanda Farias, com base nos artigos analisados no
item 3.2.

Neste item, os artigos focam a análise da produção de médio porte e


capitais, em sua maioria. Exceção feita ao artigo de Telma de Barros Correia
(2008) que realiza um olhar nacional sob a ótica da produção industrial
associada ao estilo.
Os artigos ampliam o universo pesquisado com registros de localidades
que não tinham sido contempladas pelos livros, teses e dissertações e
colocam no mapa os estados de Mato Grosso (Cuiabá) e Mato Grosso do Sul
(Campo Grande).

Mapa 2: Mapeamento dos municípios com registros de produção art déco nos
artigos.

Fonte: PortalBloques58 editado pela autora com base nos dados dos artigos
pesquisados.

Disponível em:<http://portalbloques.com/mapas/mapa-brasil.html >. Acesso em:21 jan.2017.


58

101

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Com base nesse mapeamento é possível visualizar as pesquisas que
documentam e caracterizam a produção déco pelo país. A análise dos mapas,
por exemplo, permite visualizar que apenas os estados do Tocantins59,
Rondônia, Acre, Amapá e Roraima não têm registro de pesquisas sobre essa
arquitetura.
A extensão da arquitetura art déco pelo país é ratificada pelos mapas
que registram essa produção e, com base nesse mapeamento, é possível
organizar uma linha de raciocínio sobre como as pesquisas documentam e
analisam esta arquitetura no país.
A partir do século XXI amplia-se o interesse sobre o tema e começam a
ser desenvolvidas pesquisas e documentação sobre a produção déco também
fora do eixo Rio-São Paulo. Exceções, que confirmam a regra, são os
trabalhos precoces de Mariani, no interior do Nordeste, com a primeira edição
em 1987, Mônica Rossi, em Campina Grande, cujas pesquisas têm início ainda
nos anos 1980 e os registros do caso de Goiânia.
As pesquisas recentes têm trazido contribuições relevantes, uma vez
que a maioria delas está fundamentada na análise das próprias edificações
existentes e em fontes como jornais, revistas, e, quando possível, em
documentos arquitetônicos. A maior parte das pesquisas está focada no
registro e análise da produção em cidades de grande e médio porte e,
normalmente, com um olhar específico sobre a capital.
O mapeamento mostra o que já foi documentado, ratifica o alcance
desta produção e lança hipóteses sobre a disseminação desta produção que
serão aprofundadas na tese.

3.3 A disseminação nas pesquisas – os agentes da disseminação

59
Tocantins foi fundado em 1988.
102

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os mapas 01 e 02, elaborados a partir do levantamento de dados nas
pesquisas permitem visualizar a abrangência da produção contemplada por
estas pesquisas.
A revisão destas pesquisas permite identificar diversas formas de
disseminação da arquitetura déco em diversos locais do país e tratar de
alguns agentes de disseminação com o objetivo de entender esse fenômeno
numa perspectiva nacional.
Com base no entendimento de que são múltiplos os fatores
responsáveis pela disseminação de uma produção arquitetônica foi possível,
com base nos trabalhos investigados, identificar oito agentes de disseminação,
presentes nos títulos da versão da historiografia recente e nos títulos
acadêmicos das pesquisas que tratam do tema (conforme pode ser visto de
forma mais detalhada no Apêndice A desta tese + tabela com identificação dos
agentes de disseminação nas pesquisas sobre o tema), com o intuito de
entender como essas pesquisas descrevem o processo de disseminação da
arquitetura art déco pelo país.
Os oito “fatores de disseminação” foram identificados, a partir da leitura
e análise das pesquisas, e foram elencadas e quantificadas, conforme tabela
abaixo. Assim, foi possível identificar os fatores mais recorrentes:

Tabela 3: As fontes da disseminação do art déco no país nas pesquisas recentes.


Total de citações nas

Ordem Descrição das fontes de disseminação pesquisas

Efeito demonstração - Edifícios públicos 23 43

Efeito demonstração - Novos programas 14

1 Efeito demonstração - Edifícios altos 06

Apropriação popular dos elementos de repertório

2 por parte de um não profissional ou construtor 20

103

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


comum

3 Redução nos custos da construção 11

4 Divulgação - veículos de comunicação 15

Difusão por Irradiação + a Influência internacional e

5 das grandes cidades 10

6 Legislação Urbanística 10

Os profissionais imigrados e os “engenheiros-

7 arquitetos-protagonistas” 10

8 A manutenção do ornamento 04

Fonte: a autora, dados extraídos das pesquisas recentes.

Gráfico 1: Os agentes da disseminação do art déco no país nas pesquisas recentes.

Fonte: a autora, dados extraídos das pesquisas recentes.

As pesquisas destacam, como fonte de disseminação, o chamado “Efeito


demonstração”, o efeito provocado pela construção de edifícios, de distintos e
diversos programas, filiados ao art déco. Apontam como um dos possíveis
104

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


fatores para essa disseminação: os primeiros arranha-céus, os edifícios
institucionais que abrigavam funções do Estado que se modernizava e se
expandia, as lojas de departamento, os cinemas, os clubes e as emissoras de
rádio que difundiam formas novas de diversão, cultura e lazer, os pavilhões de
exposições e as fábricas, todos esses edifícios ajudaram a disseminar o
repertório déco.
Neste sentido, o papel do Estado, ou melhor, do Governo Vargas, na
disseminação desta arquitetura pelo país merece destaque. Para autores
como, Figueiró (2007) e Reis (2015), este governo foi o principal promotor da
disseminação do estilo, especialmente, pela construção dos edifícios públicos
como os das agências dos correios e das novas escolas.
Para exemplificar este fenômeno, tem-se o caso de Goiânia, identificado
por Wolney Unes, de “efeito demonstração” que o autor chama de “imitação”:

No primeiro caso [edifícios institucionais], houve uma


motivação claramente racional e apriorística na construção
desses edifícios; no caso da construção de muitos edifícios
privados a escolha do estilo se deu mais por imitação dos
primeiros edifícios + não obstante buscarem atingir o mesmo
resultado: o aspecto moderno de Goiânia, sintonizado com os
acontecimentos do mundo + ou pelo menos com a arquitetura
de Nova York, São Paulo ou Rio de Janeiro (UNES, 2001, p.19).

O autor reafirma que os artesões, mestre de obras e pedreiros agiam


por “imitação”:
Após observarem os novos e monumentais edifícios da nova
capital, tentavam reproduzir em suas obras aqueles frisos,
ornatos ou o coroamento (...). Esses artesãos agiam por
imitação, fosse por iniciativa própria + o que é mais provável +,
fosse, a pedido do proprietário-construtor (UNES, 2001, p.130).

Com relação ao “efeito demonstração” causado pelos novos programas,


como os cinemas, alguns autores destacam a influência norte-americana na
difusão dos cinemas art déco e associam este programa à ideia do “american
way of life”:

105

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


O Jazz e o cinema contribuíram para a difusão do modo de vida
Norte Americano pelo mundo. O cinema foi particularmente
responsável pela disseminação da arquitetura que
representava a modernidade neste momento de euforia + a
“era do Jazz”(FIGUEIRÓ, 2007, p.30).

Particularmente, os cinemas e os edifícios em altura foram as


tipologias icônicas dessa modernidade, e sua reiterada
condição de marcos na paisagem urbana contribuiu para a
difusão dos códigos do art déco (REIS, 2014, p. 46).

Sobre os edifícios altos, que disseminaram a estética déco, Sutil afirma


que “a publicidade destes edifícios era grande e a associação com o progresso
da cidade, inevitável” (SUTIL 2010). A presença de edifícios altos associados ao
Déco é registrada nas cidades de Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, São Paulo e
Rio de Janeiro, ou seja, este tipo de “efeito demonstração” ocorria nas grandes
cidades do país.
O Estado aparece novamente, em um menor número de pesquisas,
como fonte de disseminação devido às condicionantes da legislação, criadas
pelo poder público. Algumas das características típicas do art déco foram
difundidas devido às orientações do código de obras: o uso da platibanda, de
marquises, do escalonamento, as exigências higiênicas e o descolamento das
construções dos limites dos lotes, imposições da legislação. A legislação
urbanística que exigia recuos progressivos dos pavimentos superiores dos
prédios eram compatíveis com as composições volumétricas escalonadas, de
linhagem déco, reforçando esta tendência (CORREIA, 2008).
As pesquisas abordam ainda a apropriação popular dos elementos de
repertório, por parte de um não profissional ou construtor comum, este
fenômeno é registrado em diversas cidades do país, tanto em capitais como:
Fortaleza, Recife, João Pessoa, Florianópolis, Salvador, Belo Horizonte, São
Paulo e Rio de Janeiro, como em cidades do interior com Campina Grande (PB)
e Goiana (PE), este último município relatado no exemplo abaixo:

Com base nas informações + imprecisas em sua maioria +


colhidas na pesquisa de campo e nas características
106

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


construtivas da maioria das edificações pesquisadas, supomos
que grande parte delas foi construída sem seguir um projeto
arquitetônico formal. Este foi o caso em Goiana [PE], onde,
conforme informação prestada pelo filho do industrial, que o
sucedeu na administração da fábrica, foi seu pai + indivíduo
sem formação profissional na área de construção + quem
concebeu de maneira empírica todas as construções
decorrentes das ampliações do conjunto fabril ocorridas nas
décadas de 1930 e 1940 (CORREIA, 2008).

Referindo-se a “criatividade” presente nas reproduções populares do


art déco do interior pernambucano, Barthel(2015),cita uma reportagem do
Jornal do Commercio, em sua edição de agosto de 2014, com a arquiteta
Betânia Cavalcanti Brendel(2014) que afirma que esta produção “não se deve à
influencia estrangeira, mas à criatividade das pessoas do interior, que utilizam
como adornos nas residências coisas do seu dia-a-dia, devidamente
estilizadas”.
Na cidade de Fortaleza, Borges destaca a adesão da população “mais
pobre” aos elementos art déco:

Conquista fortes adeptos populares, sendo amplamente


empregado em residências, sobretudo, nas vilas operárias e
em suas singelas moradias conhecidas como porta e janela
(BORGES, 2006, p.44-45).

Dessa popularização resultaram inventivas liberdades formais


e „espontaneidades‟ na aplicação dos recursos formais (...) era
raro um acompanhamento profissional no projeto e execução
de tais edificações (BORGES, 2006, p.188).

O cenário é retratado de forma similar na cidade de Florianópolis, onde


“é e foi mais recorrente o viés “popular” do que expressão das classes mais
ricas ou do próprio poder público” (VIANA, 2008, p.18):

Em grande medida, aqueles que construíam e executavam


projetos de edificações por volta dos anos trinta e quarenta em
Florianópolis eram profissionais sem formação, autodidatas,
muitos eram antigos pedreiros e ajudantes que possivelmente
também desenhavam os projetos ou coordenavam alguém para
fazê-lo. E foram estes os maiores responsáveis pela construção
107

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


de grande parte dos sobrados e das casas de porta-e-janela da
cidade (VIANA, 2008, p.72).

Neste contexto, o “sucesso” do estilo entre a população também poderia


ser explicado pelo baixo custo e pela aplicação de técnicas simples de
construção, conforme Figueiró, no contexto do município de Porto Alegre:

O estilo possuía atributos e atrativos à forma de construir das


periferias das grandes cidades e aos longínquos interiores.
Não era totalmente desprovido de decorativismo, mantendo
uma dignidade que correspondia aos gostos da época, e
poderia ser executado, de forma vernácula e simplificada, pois
os elementos geométricos eram de fácil reprodução e
execução (FIGUEIRO, 2007, p.46).

A redução dos custos da construção, também aparece com fator de


disseminação no município de Criciúma:

O art déco conseguiu se afirmar em um período de crise


porque proporcionava uma forma de ornamento de maneira
mais acessível, considerando as novas possibilidades de
industrialização, resultando em custos menores quando
comparados a estilos anteriores em que a mão de obra na
execução era encarecida pelo caráter artesanal e rebuscadoda
obra. Além de questões financeiras, esse foi um estilo que se
aplicou desde grandes obras até pequenos objetos do
cotidiano do cidadão, tornando-o muito mais acessível
(SALVADOR, 2012, p.45).

Ou seja, a disseminação da produção déco no país poderia ser explicada


pelo uso de elementos de fácil assimilação e pela possibilidade de redução dos
custos da construção, com materiais e técnicas acessíveis ao construtor
comum.
A divulgação em veículos de comunicação + que inclui as revistas
mundanas e especializadas, os jornais, as rádios, os cinemas e os cartões
postais + também aparece como uma fonte que dissemina a produção pelo
país.

108

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Veiculado pelos meios de comunicação de massa em
desenvolvimento + cinema, revistas ilustradas, publicidade,
rádio +se tornou o símbolo explícito do crescimento e progresso
alcançados por Fortaleza (BORGES,2006, p.96).

Telma Correia traz citações de algumas matérias da revista “A casa”


realizadas durante a década de 1930, em que, por motivos óbvios, o termo
ainda não aparece, mas aparecem edificações de viés déco: “o art déco
parecia se colocar (na perspectiva de muitos) como uma das possibilidades à
disposição de usuários e projetistas” (CORREIA, 2008).
A revista publicou projetos art déco de usos distintos como: programas
residenciais (térreas e de dois pavimentos) e edifícios multifamiliares e de uso
misto.

No caso das residências unifamiliares, observando a revista A


Casa, é possível observar como projetos de viés déco
começam a ser publicados com regularidade a partir de 1932,
firmando-se ao longo desta década e até meados da seguinte
como a segunda principal tendência + depois do estilo missões
[uma vertente estilizada do neocolonial]+ entre os projetos de
moradias publicados pela revista. Um dos dois projetos de
tendência art déco publicados na edição de dezembro de 1928
da revista + de autoria do arquiteto J. Cordeiro de Azeredo e
destinado ao bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro +, foi
identificado como uma "pequena residência em arte
moderna"(CORREIA, 2008).

O cenário se repete na cidade de Aracajú, onde o art déco é divulgado,


em linguagem publicitária, promovida pelo Departamento de Imprensa e
Propaganda, como obra de uma gestão modernizadora e progressista (MACIEL
FILHO; GRAÇAS, 2014).

109

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 36: Os elementos Figura 37:Divulgação da modernidade dos
símbolo da modernização na equipamentos da nova Biblioteca Pública do Estado.
capa de O Estado de Sergipe.

Fonte: Acervo BINCEN/UFS Fonte: Acervo do Instituto Tobias Barreto Maciel


apud Maciel Filho e Graças Filho e Graças (2014).
(2014).

Há de se destacar, novamente, a presença do Estado na divulgação do


estilo nos meios de comunicação, Thaís Vieira afirma que caberia ao Estado:

Empreender ações que construiriam à ideia de civilização, de


moderno e progresso a partir do deslocamento para o interior
do Brasil (...) a imprensa e a arquitetura e urbanismo possuem
uma forte vinculação, nesse período, com o Estado Novo
(VIEIRA, 2014).

A influência do modismo internacional, mais especificamente, dos EUA,


no sentido de “democratizar o estilo” e difundir o “art déco geométrico de
linhas simplificadas e de fácil assimilação”, representava um ideal de
modernidade da nação norte americana, que aportava no Brasil (CAMPOS,
1996, p.15).
Essa é uma questão que precisa ser estudada a partir do entendimento
de que na disseminação da arquitetura art déco no Brasil é mais abrangente
do que à ideia de “difusão por irradiação”, que coloca os EUA e/ou a Europa
como centros propagadores desta arquitetura para a América Latina e para o
Brasil.

110

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Outros fatores que aparecem como disseminadores do estilo são: a
participação de arquitetos imigrados da Europa:

Egressos da Primeira Guerra desembarcaram no Rio de


Janeiro, na segunda década do século XX, importantes atores
do futuro art déco carioca (CONDE; ALMADA, 1996, p.15).

Entre esses atores, Roiter (2011, p.57) destaca o papel do artista plástico
português Fernando Correia Dias (1892 - 1935), do urbanista francês Alfred
Agache (1875 - 1959) e do arquiteto francês Henri Sajou (1897 - 1975). Há
destaque para a atuação do arquiteto italiano Rafaello Berti (1900-1972) em
Belo Horizonte, que teria vindo para o Brasil a convite do arquiteto Luiz
Signorelli, ambos têm reconhecida produção associada ao art déco no estado
e para a atuação de arquitetos imigrados, sobretudo alemães, no estado do Rio
Grande do Sul (CONDE & ALMADA, [1996] 2000, p.16).
Segawa (1998) e Campos (1996) enfatizam o papel dos “engenheiros-
arquitetos protagonistas”, com a atuação de Elisário Bahiana em São Paulo.
O fato do estilo “não ter rompido totalmente com as tradições do
passado”, também é mencionado por alguns autores como responsável pela
disseminação desta produção. A manutenção do ornamento, um elemento
importante no resultado plástico final da obra, pode ter ajudado na aceitação
mais fácil do estilo, para a sociedade conservadora da época, era uma
alternativa mais assimilável, uma “releitura modernizada de valores
universalmente aceitos” (CAMPOS, 1996, p.17).
É provável que o sucesso e a rápida disseminação no cenário
internacional devam-se ao fato deste não ter rompido totalmente com
as tradições do passado, o que deve ter facilitado sua penetração em
realidades tão diferentes. Apesar de não ter conseguido se libertar dos
antigos cânones de composição clássica na arquitetura, foi
suficientemente prospectivo na medida em que promoveu uma
releitura de alguns destes, com acréscimo de novos ingredientes, de
modo a permitir uma maior aproximação entre as formas do passado
e o desenho do futuro (CAMPOS, 1996, p.18).

O art déco agradava a uma parcela mais conservadora da população,


uma alternativa mais tradicional e menos radical que a arquitetura moderna,

111

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


isso facilitava a sua aceitação por amplos setores da sociedade,
principalmente a classe média.
Contudo, essa é uma questão importante, pois essa ideia, muito
disseminada nas pesquisas recentes, de certa forma reduz o art déco a um
gosto palatável para justificar sua disseminação. O fundamental nessa questão
talvez seja a facilidade de reprodução dos elementos e das técnicas
construtivas.
A análise dos fatores que implicam no processo de disseminação do art
déco identificados nas pesquisas, - como o efeito demonstração, a imitação de
características dos edifícios institucionais, como os edifícios dos Correios e
Telégrafos, dos edifícios altos e dos edifícios associados aos novos programas,
como cinemas e clubes + mostra certa consonância no processo de
disseminação desta arquitetura pelo país, há um diálogo entre as
características formais destes edifícios espalhados pelos estados.
A questão da apropriação popular dos elementos de repertório, por
parte de um não profissional ou construtor comum, a partir do mínimo de
recursos e técnicas disponíveis em algumas regiões do país, também é um
fenômeno de ocorrência nacional.
Esses processos são fundamentais para o entendimento do caráter
nacional do lugar desta arquitetura na modernidade brasileira. A análise das
pesquisas permite entender que as fontes de disseminação não ficam restritas
a determinada localidade.
A análise do processo de disseminação da arquitetura art déco nos
municípios brasileiros mostra que as conjunturas se repetem e, por isso,
serão retomadas e analisadas no decorrer da tese.

112

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Capítulo 04. A produção art déco na ótica da Enciclopédia dos municípios
brasileiros

113

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


4.1 A enciclopédia como fonte

As pesquisas bibliográficas sobre a produção art déco no Brasil fazem


alusão a presença dessas edificações em diversos municípios no país.
Entretanto, as análises sobre a amplitude e as características dessa forma de
ser moderno apenas começam a gerar reflexões e debates. É exatamente
nesse espaço aberto para reflexões e debates que esta pesquisa se coloca.
Na busca de fontes que fundamentassem a premissa inicial da tese, sobre
o panorama da produção art déco por todo o país, o grande achado foi a
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, editada pelo IBGE, em 36 volumes,
entre 1957 e 1964 e organizada pelo então presidente do Instituto, Jurandy
Pires Ferreira60.

60
Jurandyr Pires Ferreira nasceu no Rio de Janeiro (1900), estudou na Escola Politécnica (RJ) e
formou-se em engenharia. Após a Revolução de 1930, exilou-se em Portugal, por ter posições
contrárias ao Governo Vargas, voltando ao país no final dos anos 1930, quando chefiou o
gabinete do Ministro da Viação e Obras e tornou-se membro da comissão nacional provisória
da Esquerda Democrática (ED), organização que visava combater o Governo Vargas e que
passaria, a partir de 1946, a se denominar PSB (Partido Socialista Brasileiro).Com o fim do
Estado Novo e a reconstitucionalização do país, elegeu-se deputado federal na Assembleia
Constituinte, na legenda da coligação formada pela Esquerda Democrática e a UDN (União
Democrática Nacional, cujo candidato a presidência era o brigadeiro Eduardo Gomes). Ainda
em 1946, logo após o término dos trabalhos constituintes, entrou em dissidência com o seu
partido, filiando-se ao Partido Social Democrático (PSD); nas eleições de 1950 e de 1954,
elegeu-se, novamente, como suplente de deputado federal, na legenda do PSD, sendo
designado presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1957, quando
planejou e orientou a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. No pleito de outubro de 1958
elegeu-se novamente suplente de deputado federal pelo Distrito Federal, dessa vez na
legenda da Aliança Democrática Nacional, coligação integrada pelo Partido Republicano
Trabalhista (PRT), o Partido Republicano (PR), o Partido Trabalhista Nacional (PTN), o Partido
Libertador (PL), o PSB e o PSD (Partido Social Democrático), sendo este último o partido a que
era filiado o então presidente Juscelino Kubitschek (que ficou no poder de janeiro de 1956 a
janeiro de 1961). Afastou-se temporariamente da presidência do IBGE em fevereiro de 1961,
durante o governo de Jânio Quadros (31/01/1961 a 25/08/61), em virtude da instituição de uma
comissão de sindicância encarregada de examinar sua gestão naquele órgão. Jurandyr
Ferreira foi professor catedrático de construção civil, urbanismo e arquitetura na Escola
Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, de economia política na Faculdade de
Ciências Econômicas do Rio de Janeiro, de ciência da administração na Faculdade de
Economia do Rio de Janeiro e de portos e navegação interior na Escola de Engenharia de Juiz
de Fora (MG), onde lecionou disciplinas diversas.
Disponível em: <http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/jurandir-de-
castro-pires-ferreira>. Acesso em: 05 jun. 2018.
114

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A equipe responsável pela publicação era composta, além dos técnicos do
IBGE, por profissionais do Conselho Nacional de Estatística e do Conselho
Nacional de Geografia.
No segundo quartel do século XX, o projeto de desenvolvimento nacional
proclamado por Getúlio Vargas estava comprometido com a integração do
território e, portanto, com o desenvolvimento dos meios de comunicação,
como a abertura de rodovias e de ferrovias, a expansão dos aparatos de radio-
transmissão e a criação de um sistema nacional de correios e telégrafos, para
permitir a circulação de informações.
Neste contexto a publicação se insere no objetivo do então Conselho
Nacional de Geografia, que formaria, em 1939, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, de reconhecimento do território brasileiro, a partir de
estudos geográficos do Brasil, que se realizavam com descrições sistemáticas
dos limites dos seus municípios e distritos, mapeamentos e elaboração
cartográfica do território nacional e de uma série de estudos referentes à
revisão do quadro territorial e estudos de cartografia (SIMAS e MACHADO,
2014).

Para tanto, era fundamental dispor de um quadro de


profissionais qualificados, capazes de exercer funções
pertinentes às atividades. Assim, passaram a fazer parte do
quadro funcional do CNG (Conselho Nacional de Geografia que
formaria o IBGE) diversos profissionais, professores e
personalidades especializadas em assuntos geográficos
(SIMAS e MACHADO, 2014).

Assim, apesar de não haver dados específicos sobre a autoria das


fotografias selecionadas na Enciclopédia (foco desta pesquisa), supõe-se que
as mesmas são de autoria dos pesquisadores dos próprios órgãos

115

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


organizadores, composto por técnicos e professores, em sua maioria
geógrafos61.
A construção de edifícios filiados ao art déco no Brasil se situa nesse
cenário, no período entre 1930 e 1945, e corresponde ao primeiro período da
Era Vargas, é fundamental para a adoção e difusão dos ideais modernos na
arquitetura brasileira. “Boa parte do discurso deste período explicita a
premência do “parecer” além do “ser” moderno, do imprimir esta marca no
contexto “(MANZO, 2010, p.24).
Contudo, nesse momento de diversidade arquitetônica, o governo Vargas
não optou especificamente por nenhuma das manifestações “modernas” em
voga, para representar a “modernidade” nas obras públicas do Estado, obras
essas que se constituíam em importantes peças de propaganda.

No Brasil, um aparente predomínio da Arquitetura Moderna


como a representação da imagem do Estado Getulista (1930-

61
Cabe destacar alguns nomes como: Moacir Malheiros Fernandes Silva (Rio de Janeiro, 1891 -
?), engenheiro civil que prestou grandes contribuições à Geografia dos Transportes no Brasil
era vice presidente do IBGE, autor de A Geografia dos Transportes no Brasil (1939),
Transportes na Amazônia (1942) e Expansão dos transportes Interiores (1947); Alberto Ribeiro
Lamego (Rio de Janeiro, 1896 - 1985) geógrafo, pesquisador e geólogo, autor da série de livros
O Homem e o Meio Ambiente (publicado na década de 1920), O Homem e a Restinga (1946), O
Homem e a Guanabara (1964), O Homem e a Serra (1963) e O Homem e o Brejo (1974), foi sócio
efetivo do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro); Carlos Miguel Delgado de
Carvalho (Paris, 1884 - 1980) geógrafo e professor francês radicado no Brasil, autor de livros
como: O Brasil Meridional (1910), Geografia do Brasil (1913), Meteorologia do Brasil (1916),
Geographia do Brasil (1923), Introdução à Geografia Política (1929), História Geral e História
Diplomática do Brasil (1959), atuou no IHGB, na Sociedade Geográfica do Rio de Janeiro e
participou da fundação do Conselho Nacional de Geografia; Eugênio Vilhena de
Morais (Campanha (MG),1887 * Rio de Janeiro, 1981) advogado, historiador e professor, foi
sócio efetivo do IHGB e atuou em órgãos como o Ministério da Educação e o Arquivo Nacional,
é autor de livros como Qual a influência dos jesuítas em nossas letras. Decaíram depois da
saída dos discípulos de Santo Inácio de Loyola? (1921), O patriotismo e o clero no Brasil (1926)
A Padroeira do Brasil (1929), O Duque de Ferro. Aspectos da figura de Caxias (1933), Caxias e a
defesa nacional (1936)e Resenha Geral dos Trabalhos do Arquivo Nacional (1941); e Hilgard
O’Reilly Sternberg (Rio de Janeiro, 1917 - 2011) bacharel em Geografia e História e professor de
Geografia do Brasil no Departamento de Geografia na Faculdade de Filosofia da Universidade
do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro), foi membro da Academia Brasileira de
Ciências (1953) recebendo a Ordem Nacional de Mérito (1956), a Ordem do Rio Branco (1967)
bem como a Grã-Cruz da Ordem Nacional de Mérito Científico (1998) e autor de publicações
como: Contribuição ao estudo da geografia (1946), The Amazon river of Brazil (1975) e
Environment and human societies in the Amazon Basin (1985).

116

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


1945), causado pelo sucesso de arquitetos dessa vertente e
pela projeção internacional dessa arquitetura, não se
confirmou, pois, por meio de um inventário de obras
executadas e de uma análise semiótica dos edifícios dos
principais ministérios getulistas, constatou-se a inexistência
de uma linguagem arquitetônica única para esse propósito
(MANZO, 2010, p.08).

Depois do suicídio de Vargas, em 1954 (segundo período Vargas, 1951 -


1954), o presidente eleito, Juscelino Kubitschek, implementa um novo modelo
de desenvolvimento sobre a base estatal instalada.
Por seu caráter centralizador, o governo anterior deixou como legado as
bases de uma estrutura que permitiu que o Plano de Metas pudesse ser
pensado e levado a cabo por JK.
No governo JK (1956 - 1961), o país atravessa um período de expansão
urbana, crescimento populacional e desenvolvimento econômico. A ação do
governo de Kubitschek estava sintetizada no chamado “Plano de Metas” que
“definia seis grandes objetivos que deveriam ser alcançados: energia,
transportes, alimentação, indústria de base, educação e construção de
Brasília” (CALDEIRA, et al, 1997, p.295).
A maior parte volumes da Enciclopédia foi publicada durante o governo JK,
quando o IBGE estava sob a presidência de Jurandy Pires Ferreira, deputado
federal pelo Distrito Federal, eleito em 1958, e alinhado às ideias políticas de
Juscelino e do Partido Social Democrático.
Dentro outras ações do governo a equipe organizadora da publicação
enfatiza, por exemplo, a construção da nova capital62, Brasília, e a presença de
“novos e modernos” edifícios públicos nos muncípios brasileiros.

62
Na Enciclopédia “Brasília” foi incluída como município de Goiás: “se não o fosse, haveria uma
lacuna do trabalho pela falta daquela localidade em formação que tanta curiosidade tem
provocado em todos os setores da opinião pública”(IBGE, 1958, v.36, p.72). A futura capital do
país, naquele momento, não possuía foro de município.
117

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 38: Linha do tempo com contexto histórico da publicação da Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros.

Fonte: a autora.

O IBGE, uma entidade da administração pública federal vinculada ao Ministério


do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e os demais envolvidos na
publicação da Enciclopédia, incluindo o próprio Governo Federal, tinha
interesse em divulgar um país vinculado às ideias de industrialização e
urbanização, ou seja, em divulgar a imagem de um “Brasil Moderno”, fazendo
propaganda do que foi construído para mostrar a “modernidade” nos
municípios brasileiros.

A publicação pretendia ser um retrato do país que se desenvolveu no


segundo quartel do século XX, durante a Era Vargas, e do país que foi
construído pelo governo JK.
A Enciclopédia mostrou-se uma importante aliada na busca de registro da
arquitetura construída neste período, ainda que seu principal objetivo fosse,
além da propaganda, a sistematização de dados estatísticos e geográficos no
território brasileiro.
No âmbito da presente tese o foco está nos edifícios construídos,
retratados nos volumes da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, para a
compreensão do que foi à ideia de “moderno” na arquitetura, baseando-se em
uma fonte publicada anos 1950 e 1960, quando o termo art déco, para se referir
a esta produção arquitetônica, ainda não tinha sido instituído.
118

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


O objetivo do capítulo é identificar os edifícios filiados ao que hoje se
entende como art déco, construídos nos municípios brasileiros e
documentados na Enciclopédia, para expor a materialidade efetiva da extensão
dessa produção pelo país e compreender o papel do déco na “modernidade”
brasileira no segundo quartel do século XX.
Assim, a enciclopédia tornou-se a fonte para a seleção dos exemplares
da produção déco a ser analisada, ou seja, a publicação que tinha como
objetivo difundir a modernidade do país, apresentava um universo de imagens
e informações sobre os edifícios construídos até 1964, através de uma
organização pública, ligada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão do Brasil para representar e ilustrar os municípios brasileiros. Nessas
imagens há registro de edifícios isolados, especialmente edifícios públicos e
de serviços, mas também imagens panorâmicas dos municípios, contemplando
dados do entorno.

4.1.1 A descrição da fonte de pesquisa

Inicia-se o percurso apresentando, de forma sintética, a estrutura da


Enciclopédia. O primeiro volume é publicado em 1957 63, em comemoração ao
primeiro aniversário do governo do Presidente Juscelino Kubitschek de
Oliveira. A Enciclopédia é planejada para ser editada em 24 volumes, mas, no
decorrer do trabalho, o material é ampliado para 36 volumes, essa ampliação
justificaria a ordem não continuadas publicações dos tomos. “Assim, a
ordenação dos volumes não corresponde à ordem em que estão sendo
concluídos” (IBGE, 1957, v.28, p.13).

A publicação dos exemplares não segue a ordem dos volumes: no ano de 1957 são publicados
63

os volumes: 01, 02, 03, 14, 28 e 29. Em 1958 os volumes: 04, 06, 08, 10, 18, 20, 21, 24, 30,35 e 36.
Em 1959 os volumes: 15,16, 19,22, 25, 26, 27, 31, 32, 33 e 34. Em 1960 os volumes: 05, 07, 09, 11, 17
e 23. Em 1964 os volumes: 12 e 13.
119

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


O documento é composto de duas partes principais: uma referente às
regiões geográficas do Brasil no seu aspecto geral (volumes 01 ao 13) e outra
composta das informações específicas de cada município (volumes 14 ao 36)64.
Os volumes são divididos por cinco regiões, com informações
referentes aos aspectos físicos, demográficos e socioeconômicos:
1) A Grande Região Norte: Rondônia, Acre, Amazonas, Rio Branco, Pará e
Amapá.
2) A Grande Região Centro Oeste: Mato Grosso e Goiás.
3) A Grande Região Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Fernando de Noronha.
4) A Grande Região Leste: Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio
de Janeiro e Guanabara.
5) A Grande Região Sul: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul.
O número de municípios apresentados na publicação, obviamente, difere de
acordo com o Estado, sendo o Estado de Minas Gerais o que aparece com o
maior número de municípios (483 municípios) e os Estados de Roraima e
Rondônia, com o menor número de municípios (2 municípios).
A quantidade de edificações registradas + que interessa a esta tese + varia
conforme o município. Na primeira parte da enciclopédia (volumes 1 ao 13) há
pouco registro de arquitetura em fotografias, o foco é a história da formação
daquela região, o número de habitantes (segundo o censo demográfico de
1950) e a descrição do clima, da vegetação e também dos cultivos, das
indústrias e dos aspectos econômicos dos municípios. Há também a descrição
dos melhoramentos urbanos advindos da primeira metade do século XX, com
fotografias dos núcleos urbanos, algumas mostrando os traçados iniciais das

Os volumes ou tomos foram digitalizados em PDF e disponibilizados no site do IBGE.


64

120

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


cidades e dos núcleos centrais e registro das principais artérias dos
municípios65.
Na parte seguinte (volumes 14 ao 36) são descritos os aspectos urbanos de
cada município, [1] os edifícios mais importantes: Prefeituras, Agências dos
Correios e Telégrafos, Igrejas e Cinemas, entre outros,[2] a porcentagem de
ruas pavimentadas +paralelepípedos ou pedras irregulares + e de ruas de solo
comum; [3] o número de ligações elétricas públicas e particulares; [4] o
número de veículos + automóveis, jipes, caminhões, carroças, motocicletas e
ônibus - emplacados pelas Prefeituras e [5] as praças.
Descrita a fonte, o que nos interessa é determinar a extensão do universo
déco, a partir do montante de edifícios filiados ao estilo encontrados na
Enciclopédia. Os critérios de seleção de exemplares de edifícios filiados ao art
déco, a partir das imagens da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, têm
como parâmetros,os princípios de composição do estilo, observados nas
edificações, conforme as categorias de análise descritas neste capítulo.

4.2 As expressões da modernidade na ótica da Enciclopédia

Nos finais dos anos 1950 e inícios dos anos 1960, quando a Enciclopédia
é publicada, ainda não existia o termo art déco para se referir a essa
arquitetura, tampouco existia distinção entre as arquiteturas modernas +déco,
eclética ou outras “modernidades”. Os registros da Enciclopédia englobam,
sem distinção, “as expressões arquitetônicas da modernidade” produzidas na
primeira metade do século XX, é um registro do que os organizadores da
publicação consideravam “moderno”. Esse entendimento é similar ao das
pesquisas recentes, de uma convivência de diferentes “expressões”

65
Cabe ressaltar que as imagens foram posteriormente pesquisadas no site do IBGE,
devido à melhor resolução das imagens neste domínio. As fotografias estão
disponíveis no site do órgão <https://cidades.ibge.gov.br/>. Contudo, há fotografias da
Enciclopédia que não estão disponíveis no site.

121

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


arquitetônicas na busca da uma imagem de modernidade para o país nesse
período.

O que parece mais rico entre os anos 20 e 30 na arquitetura é


a pluralidade de expressões que cabiam sob esse mesmo
adjetivo [moderno]. As formas e pesquisas da arquitetura
moderna no Brasil foram muitas, em busca da
compatibilização entre novas técnicas construtivas,
necessidades programáticas e pragmáticas, identidade local e
expressão plástica dos novos tempos (NERY, 2013,p.376).

Figura 39: “Edifícios modernos”, Figura 40: Aeroporto de Natal (RN), um


segundo os termos descritos na exemplo de “estilo arquitetônico moderno”,
Enciclopédia, em Vitória (ES). segundo os termos da Enciclopédia.

Fonte: IBGE (1958, v.06, p.204). Fonte: IBGE (1958, v.04, p.431).

A diversidade, os contrastes e os “gostos” arquitetônicos da primeira


metade do século XX são ilustrados nas páginas do documento. Na imagem
abaixo, por exemplo, em uma pequena cidade do interior de Pernambuco,
observa-se a convivência de uma construção de traços coloniais, com
edificações déco, chamadas "modernas", e uma igreja “neogótica”.

122

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 41: Construções de traços “tradicionais, modernos e neogóticos”, segundo os
termos da Enciclopédia, no Município de Araripina (PE), ano de 1957.

Fonte: IBGE (1960, v.05. p.56).

Outro exemplo é o dos cinemas do município de São Leopoldo no Rio


Grande do Sul, que, segundo as informações da Enciclopédia, conta com “dois
modernos cine-teatros localizados na Rua Independência: o Cine Brasil e o
Cine Independência” (IBGE, 1958, v.34, p.278). O primeiro é um edifício déco, o
segundo um edifício eclético.

Figura 42: Cine-TeatroBrasil em São Figura 43: Cine-Teatro Independência em


Leopoldo (RS). São Leopoldo (RS).

Fonte: Carlosadib66. Fonte: Raízes da arquitetura67.

66
Disponível em: < http://www.carlosadib.com.br/ciners_fatos.html/>. Acesso em: 21 mar.2018.
123

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A pesquisa na Enciclopédia corrobora para o entendimento de uma
visão ampliada das “arquiteturas da modernidade”. Contudo, apresenta
informações que ajudam a compreender que, na época da publicação, a
modernidade déco começa a ser vista como uma “modernidade superada”.

O Palácio das Esmeraldas, sede do Governo de Goiás, reflete em seu


estilo as tendências renovadoras que libertaram a arquitetura
Brasileira do formalismo acadêmico. Representando uma fase
artística que se considerou, na época, "moderna" (IBGE,1957, v.02,
p.372).

Figura 44: Palácio das Esmeraldas, em Goiânia (GO).

Fonte: IBGE (1957, v.02, p.372).

Há o entendimento, identificado na Enciclopédia, apesar de não estar


explícito na publicação, de que existe uma produção de edifícios “mais
modernos”, que são aqueles filiados à arquitetura Moderna.

67
Disponível em: < http://raizesdaarquitetura.blogspot.com/2016/08/arquitetura-de-imigracao-
alemaparte.html>. Acesso em:21 mar. 2018.
124

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 45: Exemplar de arquitetura Figura 46: Exemplar de arquitetura
Moderna, Sede do Departamento Moderna, Tênis Cube Santanense em
Nacional de Estradas de Rodagem em Santana do Ipanema (AL), nos anos 1950.
Santana do Ipanema (AL), nos anos 1950.

Fonte: IBGE (1959, v.19, p.165). Fonte: IBGE (1959, v.19, p.165).

Há ainda referência a ícones da arquitetura moderna brasileira como o


“belo e moderno edifício do MAM68” e o conjunto Residencial Prefeito Mendes
de Moraes, Pedregulho69 (IBGE,1959, v.23, p.114), no Rio de Janeiro, a
construção dos edifícios de Brasília + “observem-se as linhas modernas do
conjunto em que se aliam a concepção mais atual da arquitetura brasileira e a
funcionalidade que é um dos seus atributos”70 (IBGE, 1957, v.02, p.409) +, os
edifícios em “estilo moderno” em Diamantina, Hotel Tijuco e Grupo Escolar
Júlia Kubitschek71 (IBGE, 1959, v.25, p.25 e 32), e a igreja da Pampulha72, em

68
Projeto de Affonso Eduardo Reidy, inaugurado em 1948.
69
Projeto de Affonso Eduardo Reidy, de 1947.
70
A Enciclopédia apresenta a realização do Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital
do Brasil + “uma Capital Federal, destinada a expressar a grandeza de uma vontade nacional
deverá ser diferente de qualquer cidade de 500 000 habitantes. A capital, cidade funcional,
deverá, além disso, ter expressão arquitetônica própria. Sua principal característica é a função
governamental e apresenta o resultado do Concurso - Nota da Companhia Urbanizadora da
Nova Capital. “O júri se deparou com uma tarefa difícil, ao tentar estabelecer uma classificação
dos projetos segundo os aspectos funcionais e plásticos. Realmente, desde logo, foi constada
uma contradição. Certos projetos podiam ser escolhidos tendo em vista determinadas
qualidades de ordem, funcional, ou mesmo pelo conjunto de dados funcionais, mas encarados
em seu aspecto plástico não se mostravam igualmente satisfatórios. Outros projetos
preferíveis sob o ângulo arquitetura deixavam a desejar quanto ao lado funcional. O júri
procurou encontrar uma concepção que apresentasse unidade e conferisse grandeza à cidade
pela clareza e hierarquia dos elementos”.O vencedor do concurso foi o projeto de número 22,
do Sr. Lúcio Costa (IBGE, 1957,v.02,p.411)
71
Projetos encomendados pelo então Governador de Minas Gerais ao arquiteto Oscar
Niemeyer, inaugurados, respectivamente, em 1951 e 1954.
125

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Belo Hozionte (IBGE, 1959, v.24, p.159), entre outros. Nas cidades litorâneas,
especialmente nas regiões Leste e Nordeste, há registro de arquitetura
moderna nas casas de veraneio.
Há menção, em menor número de exemplares, aos modernos bangalôs,
especialmente nas regiões Leste e Sul +“notam-se no estilo desta casa
influências da construção alemã, em seu aspecto mais moderno” e, de forma,
pontual, a conjuntos residenciais modernos implementados, através dos
loteamentos, pelo I.A.P.C73, em “estilo moderno e padronizado”.

Figura 47: Residências modernas de Figura 48: Conjunto residencial moderno


veranistas em Itapemirim (ES),1958. composto de 20 casas que o I.A.P.C. estava
construindo no município de Bacabal (MA).

Fonte: IBGE (1958, v.06,p.225). Fonte: IBGE (1959, v.15, p.56).

Cabe ressaltar que, no cenário de diversidade de meados do século XX,


o espaço destinado à arquitetura moderna, ao menos na publicação da
Enciclopédia, é restrito.
Assim, a análise dos exemplares da Enciclopédia dá indícios de que o
processo para a instauração da arquitetura moderna no país se deu de forma
mais “branda” do que a versão da historiografia canônica indicava, ou seja, nos
revela um longo processo até a aceitação dessas soluções arquitetônicas.

72
Projeto do arquiteto Oscar Niemeyer,inaugurado em 1943.
Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários.
73

126

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Este capítulo propõe-se a estudar o universo art déco materialmente
construído e publicado na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, que abarca
diferentes linguagens entendidas como modernas.
Conforme visto, a fonte de pesquisa registra as várias possibilidades da
arquitetura da época e por vezes, é tênue a diferença entre uma e outra, é
comum aparecer um edifício eclético com estilemas art déco, ou edifícios art
déco com elementos da arquitetura moderna, ou ainda edifícios que se
assemelham a composição déco, mas que são chamados de “protomodernos”.

Figura 49: Exemplar predominantemente Figura 50: Exemplar predominantemente


déco, com o telhado aparente, Colégio déco, com o telhado aparente, Ginásio e
Estadual e Escola Normal em Piraju Escola Normal São José em Ibiá (MG).
(SP).

Fonte: IBGE (1959, v.25, p.215).


Fonte: IBGE (1957, v.29, p.305).

Figura 51: Exemplar com despojo Figura 52: Exemplar com despojo
ornamental, no Banco Arthur Scatena S. ornamental, no Prédio da Agência do
A. em Limeira (SP). Banco de Crédito da Amazônia em Porto
Velho (RO).

Fonte: IBGE (1957, v.29, p.75). Fonte: IBGE (1957, v.14, p.93).

127

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A procura do “moderno” na arquitetura acaba por misturar elementos e
expressões, pois, em alguns exemplares, há a mescla de elementos de
diversas expressões artísticas, ecléticas, déco e modernas. Com isso, há
exemplares cujas características tornam difícil a “classificação” ou o
“enquadramento” em uma das expressões da modernidade ocorridas no Brasil.

Figura 53: Exemplar com uso de Figura 54: Exemplar com uso de
elementos de distintas expressões elementos de distintas expressões
“modernas”, Banco de Curitiba em “modernas”, no Senai, em Uberaba (MG).
Rolândia (PR).

Fonte: IBGE (1964, v.12, p.177). FONTE: IBGE (1959, v.27, p.397).

A pesquisa na Enciclopédia ajuda a confirmar a “intuição” de que o art


déco teve uma boa aceitação no Brasil, fazendo-se presente nas edificações
de muitos municípios brasileiros, concomitantemente com outros
“modernismos” (ecletismo, arquitetura moderna e outros). No texto ou nas
legendas das fotografias há diferentes expressões para se referir aos edifícios
déco. É possível encontrar termos como, “estilo moderno”, “linhas modernas”,
“modernos estilos arquitetônicos”, “construção do tipo moderno” por trás dos
quais está à ideia de que estas edificações são empreendimentos "arrojados e
elegantes" para a época e que “enfeitam” os municípios brasileiros.

128

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 55: Edificações déco na Rua Figura 56: Edifícios comerciais déco na
Marechal Deodoro: Xique-Xique (BA), Praça Doutor Lauro de Freitas: Xique-Xique
1949. (BA), 1957.

Fonte: IBGE (1958, v.21, p.426). Fonte: IBGE (1958, v.21, p.426).

Não é possível saber com exatidão os critérios utilizados pelo editor e pela
comissão organizadora para selecionar os edifícios, que representariam os
municípios brasileiros na publicação.
Contudo, é possível concluir que no contexto da elaboração do material o
objetivo era publicar uma propaganda do que foi construído para “modernizar”
os municípios no Brasil. Assim, as escolhas da Enciclopédia mostram a
intenção de divulgar o que era “novo” nos municípios brasileiros, o que, não
necessariamente, era “moderno”.

4.3 A escolha dos exemplares art déco

A seleção dos exemplares identificados como produção art déco,


registrados pela fonte documental fundamenta-se no conhecimento acerca do
“receituário” que identifica essa produção e que ajuda a entender as formas
como o fenômeno se dá pelo país.
O ponto de partida para a identificação e o enquadramento das obras no
estilo foram as pesquisas recentes, com foco nesta produção. Considerando
esta referência, pretende-se definir as características que mantêm a unidade
da produção, para identificar quais edificações poderiam ser classificadas
como déco e compor os exemplares para análise.
129

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os pesquisadores do tema citam uma quantidade diversa e elevada de
características dessa arquitetura para identificar a produção no país + UNES
(2000), CONDE; ALMADA (1996), CORREIA (2008) e CAMPOS (2003). Algumas
das características citadas pelos autores não parecem contemplar toda a
produção brasileira. Por exemplo, as referências a “culturas primitivas da
África e da América Pré- Colombiana”, “a presença de luz e brilho nas
composições”, o “uso de tecnologias construtivas modernas (concreto armado,
elevadores, sistemas elétricos e hidráulicos)” e os “embasamentos revestidos
em mármores e granitos”, para citar alguns, são elementos que pouco
representam a produção disseminada pelo país.
A axialidade ou simetria, característica recorrentemente citada na
versão da historiografia recente sobre o estilo, é uma generalização que não
se aplica a todos os casos e não é exclusiva.
As pesquisas analisadas nos capítulos 02 e 03 identificam
características importantes que ajudam a escolher o que é déco na produção
mostrada pela enciclopédia.
A escolha dos exemplares, portanto, se deu com base em uma seleção
determinada pelos critérios que identificam as características presentes na
produção construída no país.
A seleção dos exemplares que fariam parte do universo art déco na
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros é precedida pelo entendimento de que
há diferentes níveis de incorporação das características observáveis nos
edifícios.

4.3.1 A caracterização do art déco

O estilo pode ser identificando, uma vez que a suas fachadas são
observáveis nas fotografias, pela geometrização das formas, pelo uso de
recursos e detalhes decorativos geometrizados e pela presença da platibanda
com ornamentação geometrizada, estas são as categorias elencadas para
reconhecer a produção na pesquisa da Enciclopédia.
130

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Do ponto de vista técnico-construtivo, foi identificado que os
exemplares mantêm o uso de alvenaria de tijolos, ainda usualmente
empregado nestas construções.

Tabela 4: Características para definir os exemplares déco na Enciclopédia dos Municípios.

Elementos mais Presença do elemento no universo de exemplares

representativos da produção Presente em uma grande Presente em menor

porcentagem dos porcentagem dos exemplares

exemplares

1. Ornamento geometrizado

2. Escalonamento

3. Platibanda com

ornamentação geometrizada

4. Recursos adicionais:

marquises, balcões, mísulas,

frisos e auto relevos

5. Simplificação formal das

linhas gerais (despojamento)

Fonte: a autora.

A fonte de pesquisa permite analisar as fotografias e não disponibiliza


plantas ou interiores da edificação, que poderiam informar sobre novas
composições volumétricas e de organização espacial que, ao que tudo indica,
aparecem em poucos exemplares.
Algumas das categorias elencadas como: o uso ornamento
geometrizado, do escalonamento e da platibanda com elementos
geometrizados são carascteristicas presentes em todo o universo de pesquisa.

131

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


O uso de recursos como: marquises, balcões, mísulas, frisos, faixas em
autorelevo, entre outros, é recorrente nos sobrados de dois ou três
pavimentos.
É importante acrescentar que algumas dessas características não são
manifestações exclusivas do art déco, mas são elementos de repertório, pois,
apesar de serem soluções pré-existentes na arquitetura, aparecem com
características específicas dessa produção.

4.3.1.1 A manutenção do ornamento geometrizado

O despojo ornamental ou a presença de ornamentação geometrizada é


determinante na definição de uma edificação art déco, tanto que é a
característica principal de reconhecimento dessa produção, mesmo a mais
discreta e simplificada. Essa ornamentação geometrizada é importante no
resultado plástico dos edifícios, principalmente nas fachadas e no coroamento
das edificações.
O repertório decorativo associado ao déco aparece na amostra escolhida,
com o uso de recursos como desenhos geométricos, geometrização das
formas, linhas aerodinâmicas, elementos em zig-zag e escalonados.

Figura 57: Prefeitura Municipal de Figura 58: Grupo escolar Municipal em


Jacaraci (BA), marcada pela Antonina (PR), com elementos decorativos
ornamentação geometrizada. em zig-zag, típicos do estilo.

Fonte: IBGE (1958, v.20, p.346). Fonte: IBGE (1959, v.31, p.36).

132

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 59:Elementos ornamentais Figura 60: Elementos ornamentais
geometrizados na platibanda da geometrizados na platibanda da Residência
Agência dos Correios e Telégrafos do do Padre Cícero: Juazeiro do Norte (CE).
Município de São Bento (MA).

Fonte: IBGE (1959, v.15, p.325). Fonte: IBGE (1959, v.16, p.335).

Figura 61: Ornamentos geometrizados Figura 62: Ornamentos geometrizados na


na Casa Paroquial no Município de Casa Paroquial no Município de Mauriti
Mucambo (CE). (CE).

Fonte: IBGE (1959, v.16, p.406). Fonte: IBGE (1959, v.16, p.374).

Figura 63: Ornamentos geometrizados Figura 64: Prefeitura Municipal de União da


na Sede do Cetema Clube em Barbalha Vitória (PR), marcada pela ornamentação
(CE). geometrizada.

Fonte: IBGE (1959, v.16, p.165). Fonte: IBGE (1959, v.31, p.516).
133

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 65: Ornamentos geometrizados Figura 66:Elementos geometrizados no
na União Artística Operária Agrícola Mercado Municipal de Xique-Xique (BA).
Passagense, em Passagem Franca
(MA), 1957.

Fonte: IBGE (1959, v.15, p.352). Fonte: IBGE (1958, v.21, p.426).

4.3.1.2 O uso do escalonamento

O recurso do escalonamento é usado na quase totalidade dos casos, está


presente nas platibandas, nas marquises, nas fachadas e nos muros dos
exemplares selecionados.
Nas fachadas, o efeito escalonado é obtido através da sobreposição de
planos, gerando uma espécie de “relevo na fachada”, que marca, na maior
parte dos casos, a verticalidade destas construções de dois ou três
pavimentos.
Do ponto de vista construtivo, os escalonamentos da fachada, não guardam
relação direta com a estrutura, são apenas recursos decorativos, ou seja, é
usada a técnica construtiva tradicional onde não há correspondência entre
estrutura e vedação.

Figura 67: Recurso do escalonamento Figura 68: Recurso do escalonamento


empregado na platibanda da Belchior e presente na marquise, nas luminárias e
Costa Ltda em Xapuri (AC). nos elementos decorativos na Biblioteca
Municipal de Juíz de Fora (MG).

134

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Fonte: IBGE (1957, v.01, p.128). Fonte: IBGE (1959, v.25, p.388).

Figura 69: Efeito escalonado obtido Figura 70: Efeito escalonado obtido
através da sobreposição de planos através da sobreposição de planos
verticais no Ginásio Escola de Comércio verticais no Clube União Recreativo em
de Itapetininga, no município que dá o Sorocaba (SP).
nome ao ginásio (SP).

Fonte: IBGE (1957, v.28, p.447). Fonte: IBGE (1958, v.30, p.312).

Figura 71: Recurso do escalonamento Figura 72: Recurso do escalonamento


empregado no Cine Rex e Teatro 4 de empregado no Departamento de Saúde
Setembro em Teresina (PI). Pública em Rio Branco (AC).

Fonte: IBGE (1959, v.15, p.628). Fonte: IBGE (1957, v.14, p.65).

135

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 73: Recurso do escalonamento Figura 74: Recurso do escalonamento
empregado na platibanda da Prefeitura empregado na platibanda do Grupo
Municipal de Muqui (ES). escolar no Município de Muqui (ES).

Fonte: IBGE (1959, v.22,p.122). Fonte: IBGE (1959, v.22, p.122).

Figura 75:Recurso do escalonamento na Figura 76: Recurso do escalonamento


platibanda do Hospital São Francisco de empregado no Instituto Histórico e
Assis no Crato (CE). Geográfico Estadual Aracajú (SE).

Fonte: IBGE (1959,v.16, p. 185). Fonte: IBGE (1959, v.19,p.222).

4.3.1.3 A platibanda decorada com formas geometrizadas

A adoção da platibanda, que aparece arrematando o topo das edificações


com uso ornamentos geometrizados, para esconder os telhados tradicionais
sobre estruturas de madeira cobertas com telhas de barro, na composição
volumétrica do edifício, é uma constante nos exemplares selecionados.

136

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


No receituário déco a platibanda aparece decorada com formas
geometrizadas ou escalonadas, ou, nos casos mais discretos, com um friso
arrematando o elemento. Em alguns exemplares, esse elemento arquitetônico
aparece em uma composição mais elaborada, que contrasta com o
despojamento do restante da construção. Mesmo nas reproduções mais
simples, as platibandas decoradas e o escalonamento estão presentes como
parte do “código formal” do art déco.

Figura 77: Policlínica Ana Elizabeth no Figura 78: Imprensa Oficial em Colatina
município de Paulista (PE), exemplar com (ES), exemplar com platibanda
platibanda com elementos geometrizados. arrematada por friso decorativo.

Fonte: IBGE (1958,v.18,p.207). Fonte: IBGE (1959, v.22, p.64).

Figura 79: Platibanda decorada com Figura 80: Platibanda decorada com
elementos do repertório déco no Mercado elementos do repertório déco na
municipal no município de Muritiba (BA). Prefeitura Municipal de Campos Sales
(CE).

Fonte: IBGE (1958, v.21, p.66). Fonte: IBGE (1958, v.16, p.117).

137

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 81: Platibanda decorada com Figura 82: Platibanda decorada com
elementos associados ao repertório déco elementos associados ao repertório
no Prédio das indústrias alimentícias déco na Fábrica de Charutos Pimentel e
Carlos DE Brito S.A. em Pesqueira (PE). Costa Penna em Muritiba (BA).

Fonte: IBGE (1958, v.18, p.213). Fonte: IBGE (1958, v.21, p.63).

Figura 83:Platibanda com letreiro na Rádio Figura 84: Platibanda com elementos
Cultura em Feira de Santana (BA). geometrizados na Fiação e tecelagem
São Martins em Miracema (RJ).

Fonte: IBGE (1958, v.20, p.22). Fonte: IBGE (1960, v.07, p.286).

Figura 85: Platibanda com ornamentação Figura 86: Platibanda com


discreta no Clube Ipiranga em Mossoró ornamentação discreta na Casa
(RN). residencial do Sr. Bernardo Simião no
Município de Porto Velho (RO).

138

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Fonte:IBGE (1960, v.21, p.101). Fonte: IBGE (1957, v.15, p.92).

Figura 87: Platibanda com elementos Figura 88: Platibanda com frisos e
geometrizados no Edifício do elementos geometrizados no Banco
Departamento de Viação e Obras Públicas Caixeiral no Crato (CE).
no Município de Maceió (AL).

Fonte: IBGE (1959, v.19, p.60). Fonte: IBGE (1959, v.16, p.182).

Figura 89: Platibanda com frisos na Clínica Figura 90: Platibanda com ornamentos
Centro Goiano no Município de Ceres (GO). geometrizados no Armazém Caxias em
Caxias (MA).

Fonte: IBGE (1958, v.36, p.123). Fonte: IBGE (1959, v.15, p.115).

139

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


4.3.1.4 Recursos adicionais: Balcões, Marquises, Frisos e Mísulas

Na caracterização do repertório déco na Enciclopédia, os balcões, as


marquises, as mísulas, os frisos e as faixas em alto relevo figuram entre os
recursos mais recorrentes.
Os balcões, que aparecem nos exemplares de dois, três ou mais
pavimentos, particularmente destinados ao uso misto ou habitação
multifamiliar, foram utilizados como recurso adicional. Sacam do corpo das
edificações, usam o peitoril fechado como uma solução recorrente,
constituindo-se em importante elemento de composição volumétrica e com
função decorativa na fachada. Projetam-se a partir de um plano contínuo de
fachada, em balanço e recorrem aos cantos em curva ou à “quina” do edifício,
ancorados em duas ou três faces, com a utilização de elementos adicionais
para a valorização da esquina.
No pavimento térreo dos exemplares de uso misto a distribuição das
esquadrias é distinta do restante do corpo da edificação, devido ao uso
comercial.
As marquises aparecem principalmente na fachada principal sobre as
janelas e os acessos. A utilização de marquises, especialmente na área
comercial, tinha a função de proteger as pessoas que circulavam em frente às
lojas, para que elas permanecessem mais tempo naquele espaço público, as
calçadas.
Elementos arquitetônicos que seriam apenas um acento ou
uma ornamentação horizontal passam a ser a proteção de
uma janela ou de uma sacada. Eles começam a sugerir que se
pode interpretar esta arquitetura não somente em termos
estilísticos mas também de qualidade construtiva” (MAHFUZ,
1997, p.157).

As mísulas são utilizadas como recurso para apoio das marquises. É um


recurso pré-existente na arquitetura, que no receituário déco aparece

140

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


simplificada e geometrizada. A solução mais comum tem como referência o
uso do escalonamento.
Outro recuso recorrente é o uso de frisos, que aparecem no fechamento
horizontal das platibandas, embaixo ou acima das esquadrias ou
simplesmente contornando o edifício.
O recurso das faixas em alto relevo aparece em um número menor de
exemplares, com desenhos geometrizados, normalmente em faixas
horizontais.

Figura 91: Balcões de alvenaria na Figura 92: Balcões de alvenaria no Edifício


esquina da Rua XV de Novembro: Seção Inhuma. Trecho comercial da Rua Seis em
de Modas da Casa Peiter: Blumenau Goiânia (GO).
(SC).

Fonte: IBGE (1958, v.36, p.183).


Foto:IBGE (1959, v.32, p.36).

Figura 93: Balcão na quina do edifício do Figura 94: Balcão nas três faces do edifício
Palácio do Comércio, onde funciona a da
Agência Municipal de Estatística em Prefeitura Municipal, Coletoria Estadual,
Caxias (MA). Caixa Econômica e Agência Municipal de
Estatística de Ibiá (MG).

Fonte: IBGE (1959, v.15, p.132).


Fonte: IBGE (1959, v.25, p.214).

141

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 95: Marquises no prédio de Figura 96: Marquise no Banco de Minas
esquina da Avenida Getúlio Vargas em Gerais S. A. Montes Claros (MG).
Colatina (ES).

Fonte: IBGE (1959, v.22, p.66). Fonte: IBGE (1959, v.29, p.143).

Figura 97: Recursos de Marquise e Figura 98: Recursos de Marquise e Mísula


Mísula usados na Cooperativa Agro- usados na Agência do Banco Nacional de
Pecuária de Macuco no Município de Minas Gerais no Município do Carmo (RJ).
Cordeiro (RJ).

Fonte: IBGE (1960, v.22, p.238).


Fonte: IBGE (1960, v.05, p.270).
Figura 99: Uso dos recusos de Figura 100: Uso de recursos do balcão e
marquises, frisos e mísulas Prefeitura das mísulas na Prefeitura Ibiraçu (ES).
de Russas (CE).

Fonte: IBGE (1959, v.16, p.470). Fonte: IBGE (1959, v.22, p.92).

Figura 101: Faixas com desenhos em Figura 102: Faixas com desenhos em auto-
142

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


auto-relevo no Centro de Saúde do relevo no Fórum de Salinas (MG), onde
Estado, em Vitória (ES). também aparecem o balcão e as mísulas.

Fonte: IBGE (1960, v.22, p.162). Fonte: IBGE (1959, v.27, p.113)74.

Nos edifícios analisados, estes recursos podem aparecer de forma


isolada ou somadas em um mesmo edifício. Nos exemplos a seguir aparecem
frisos, marquises, mísulas e balcões em uma mesma edificação.

Figura 103: Edifício do Grande Hotel em Sete Lagoas (MG); reúne diversos elementos
do repertório déco: balcões, frisos,marquises, escalonamento e mísulas.

Fonte: IBGE (1959, v.27, p.320).

74
Disponível em <https://pt.foursquare.com/v/f%C3%B3rum-da-comarca-de-salinasmg>.
Acesso em: 20 jun. 2018.
143

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 104: Presença de varandas e guarda corpo de alvenaria e ferro no Edifício do
Cine-TeatroPalace em Barbacena (MG), 1970.

Fonte: IBGE (1958, v.24, p.143).

4.3.1.5 Simplificação formal das linhas gerais

O “despojamento” das construções, bem como a opção, por formas


simples e geométricas é uma característica do repertório déco produzido no
Brasil.
Nos exemplares selecionados nesta pesquisa identifica-se que a
simplificação formal das linhas gerais e das fachadas, em busca de “limpeza” e
“despojo” ornamental, gera, também, a redução dos custos finais da
construção.
São construções marcadas por linhas e volumes compactos -
normalmente o edifício é resolvido em um único bloco - que seguem uma
“simplificação” em busca da racionalidade e da economia.

144

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 105: Edifício de linhas gerais simplificadas na Estação Ferroviária em
Uruguaiana(RS).

Fonte: IBGE (1959, v.34, p.379).

Figura 106: Despojo ornamental no edifício da Secretaria Geral do Governo de Mato


Grosso, em Cuiabá (MT)

Fonte: IBGE (1958, v.36, p.176).

145

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 107:Limpeza ornamental no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina (PI).

Fonte: IBGE (1959, v.15, p.635).

Figura 108: Despojo ornamental na Faculdade de direito de Florianópolis (SC).

Fonte: IBGE (1959, v.32, p.105).

Figura 109: Simplificação formal e decoração discreta no edifício da Associação


146

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Comercial do Amazonas em Manaus (AM).

Fonte: IBGE (1957, v.14, p.196).

4.3.1.6 As composições volumétricas – discretos recortes volumétricos

A pesquisa na Enciclopédia apresenta informações que ajudam a


identificar a existência de “novidades” nas composições volumétricas
associadas a produção déco, estes exemplares aparecem em menor número,
e apesar de não serem consideradas características principais identificadas na
produção brasileira, merecem o registro.
Cabe esclarecer que as composições registradas neste item também
aparecem na produção eclética, ou seja, são elementos de distintas
expressões modernas.
Foi possível verificar que aparecem edificações que têm um espaço
aberto e coberto, como um pequeno terraço de acesso que funciona como um
ambiente de transição entre o público e o privado, um elemento novo na
organização espacial do edifício.
147

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


No caso de sobrados, podem aparecer varandas, também no pavimento
superior. Nessas edificações, a planta do térreo é, provavelmente, repetida no
primeiro andar e, mesmo com diferentes usos nos dois pavimentos,
racionaliza a construção, que ainda não conta com a estrutura independente.
Em meados do século XX, os Códigos de Obras Municipais
determinavam que as novas edificações tivessem recuos nos alinhamentos
frontal e laterais dos lotes, como narra a historiografia recente em diversas
cidades como Goiânia, Fortaleza, João Pessoa, Recife, Belo Horizonte, Porto
Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, entre outras. Obviamente, cada município
tinha suas especificidades, mas as pesquisas sobre o déco nesses municípios
de médio e grande porte e a identificação deste tipo de exemplar em pequenos
municípios do interior dão indícios de que havia certa homogeneidade nessa
produção.
Na fonte de pesquisa aparecem exemplares que apresentam novas
composições nos municípios dos Estados do Maranhão (Município de
Parnarama), Paraíba (Santa Rita), Ceará (Municípios de Acopiara, Campos
Sales e Jardim), Sergipe (Municípios de Carmópolis, Indiaroba, Itabaianinha e
Japaratuba), Bahia (Município de Itiruçu), Minas Gerais (Município de Betim),
Rio de Janeiro (Município de Niterói) e Santa Catarina (Município de Xanxarê).
Assim, os recuos dos edifícios dos limites do lote, é uma característica
de todas as diferentes modalidades de “moderno” encontradas nesse
momento, em função da legislação vigente.
O uso do ferro aparece, de forma pontual, nos guarda-corpos das
varandas e dos terraços de algumas edificações, assim como nos gradis de
portões e janelas, e participam do resultado plástico das composições. Em
termos de desenho, esses componentes, aparecem em motivos geométricos,
combinando linhas retas, curvas e zig-zag, mantendo a unidade característica
do art déco.

Figura 110: Presença de um terraço no Figura 111: Discretos recortes


148

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


edifício da Prefeitura de Betim (MG), volumétricos associadas a elementos
associado ao uso de elementos decorativos déco em uma casa
decorativos déco. residencial na Rua Meneses Pimentel no
Município de Campos Sales (CE).

Fonte: IBGE (1958, v.24, p.188). Fonte: IBGE (1959, v.16, p.121).

Figura 112: Exemplar com terraço, varanda Figura 113: Exemplar com terraço,
e elementos decorativos déco na varanda e elementos decorativos déco
Prefeitura Municipal de Itiruçu (BA). na Prefeitura Municipal de Xanxarê(SC).

Fonte: IBGE (1958, v.20, p.332). Fonte: IBGE (1959, v.32, p.405).

Figura 114: Presença de uma varanda e de Figura 115: Presença de um terraço


um guarda corpo de ferro associados aos central associado aos elementos
elementos decorativos déco na Casa decorativos déco no Círculo operário em
Paroquial de Acopiara (CE). Jardim (CE).

149

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Fonte: IBGE (1959, v.16, p.327).
Fonte: IBG ( 1959, v.16, p. 27).

Figura 116: Discreto recorte volumétrico Figura 117: Discreto recorte volumétrico
associado aos elementos do repertório com elementos do repertório déco na
déco na Coletoria Estadual em Baixio (CE) escola Dr. João úrsulo em Santa Rita
. (PB).

Fonte: IBGE (1959, v.16, p.76).


Fonte: IBGE (1960,v.17,p.368).
Estes exemplares foram escolhidos, pois apresentam as características
gerais associadas à produção déco no Brasil, como a platibanda ornamentada
por elementos geometrizados e pela presença, ainda mais discreta, de
balcões, marquises e varandas.

4.4 Os exemplares déco na Enciclopédia

A caracterização e identificação do déco construído pelo país e registrado


na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros foi realizada com o objetivo de
mostrar a quantidade de edifícios espalhados por esses municípios,
documentar a extensão da produção construída no Brasil e entender como
essa produção se difundiu.
150

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Para sistematizar os exemplares identificados, selecionados a partir da
análise das características da arquitetura art déco, foi desenvolvido um quadro
para auxiliar na organização dos dados e na identificação dos edifícios
construídos e selecionadas nos volumes 1 a 36 da Enciclopédia (o quadro
completo com os 1.947 exemplares encontra-se no Apêndice B + quadro de
exemplares déco identificados na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros).
Nesse quadro, os imóveis foram agrupados segundo os critérios de
localização geográfica, por município/estado no país. A opção de seleção dos
exemplares por localização surgiu a partir da pesquisa na Enciclopédia, assim,
a escolha foi manter a ordem de apresentação dos volumes.
Partiu-se do levantamento inicial, que detectou os municípios onde os
exemplares do estilo foram localizados conforme a presença das
características identificadas anteriormente. O quadro com o levantamento das
edificações art déco detectadas por município/estado, devido a sua extensão,
encontra-se disponível no Apêndice B. A síntese deste levantamento é
apresentada na tabela a seguir.

Tabela 5: Tabela com o número de exemplares déco identificados na pesquisa.


Estado Nº de exemplares art déco na Enciclopédia
Amapá 0
Rio Branco atual Roraima 0
Acre 12
Rondônia 8
Amazonas 19
Pará 20
Maranhão 51
Piauí 61
Ceará 183
Rio Grande do Norte 71
Paraíba 71
Pernambuco 86
Alagoas 14
Sergipe 111
Bahia 132
151

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Espírito Santo 69
Rio de Janeiro 42
Minas Gerais 355
São Paulo 311
Paraná 100
Santa Catarina 42
Rio Grande do Sul 85
Mato Grosso 19
Goiás 85
identificados na Enciclopédia
Total de exemplares déco 1.947
Fonte: a autora, dados extraídos da Enciclopédia dos Municípios brasileiros.
Por fim, foram identificados 1.947 exemplares déco, após a aplicação dos
critérios que determinam a edificação como filiada ao estilo, distribuídos por
todas as regiões do país.
Os exemplares foram localizados em um total de 6.303 edifícios
construídos registrados pela Enciclopédia. Cabe ressaltar que além das
“expressões da modernidade”, há registro dos edifícios que “mesclam”
elementos de diversas expressões artísticas e de edifícios coloniais,
considerados “reminiscências dos primórdios” ou “velhas construções”.
Foram identificados exemplares art déco em 1.089 municípios, entre um
total de 1.999 municípios brasileiros; um percentual de 54,48% de municípios
com presença de pelo menos um edifício art déco registrado na malha urbana.

152

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Capítulo 05. A disseminação da produção art déco construída pelo país: os
números da Enciclopédia

153

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A produção déco disseminada no Brasil foi tratada, por alguns
historiadores da arquitetura Moderna como uma produção “desqualificada”, de
“mau gosto”. Esta abordagem torna-se ainda mais problemática quando
analisada nos pequenos municípios do interior que, afastados do debate
nacional, têm uma produção, em grande parte, ou na quase totalidade,
construída através do uso de elementos de fácil assimilação e pela
possibilidade de redução dos custos da construção, com uso de materiais e
técnicas acessíveis ao construtor comum.
Partindo do entendimento de que, conforme mostrado no capítulo 02, a
arquitetura art déco tornou-se relevante para a historiografia brasileira a
partir dos anos 1990, na medida em que esta produção passou a ser registrada
nos municípios brasileiros, o alcance desta arquitetura pelo país se converteu
em objeto de interesse acadêmico, inclusive desta tese.
Por outro lado, a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, não minimiza
as “outras modernidades”, conforme fez a versão da historiografia canônica, e
corrobora com uma visão ampliada das arquiteturas da modernidade no
Brasil. Assim, a pesquisa na Enciclopédia mostra um caminho que ratifica a
premissa central desta tese de que o art déco se disseminou por todo o país e
demonstra o alcance desta disseminação.
Este capítulo trata da análise dos dados dessa fonte, entendida aqui
como uma ferramenta de construção da imagem de um “Estado moderno”, que
usa deste mecanismo para divulgar uma vertente política cuja meta é
“modernizar” o Brasil.
O objetivo do capítulo é identificar os componentes que tiveram
participação na construção desta modernidade, para entender o papel da
arquitetura déco nesta construção + da imagem de um país moderno +, com
base na análise nos dados da Enciclopédia.

154

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


5.1 A produção déco e a expansão urbana dos municípios

A Enciclopédia cita o censo populacional de 1950, que mostra que a


distribuição do efetivo populacional não é uniforme e destaca três aspectos: a
grande concentração da população na orla litorânea, os vazios demográficos
que se sucedem no interior e a predominância da população rural sobre a
população urbana.
Os dados populacionais demonstram que a maior densidade populacional
se encontra nas Regiões Sul (lembrando que São Paulo está nessa região) e
Leste (Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e
Guanabara), que possuem grandes adensamentos rurais, assim como as
maiores aglomerações urbanas.
Nas Regiões Norte e Centro Oeste há uma densidade populacional baixa,
comparada as outras regiões, e a maior concentração populacional na área
rural. A região Nordeste possui grande adensamento populacional
concentrado na área rural.

Tabela 6: Dados populacionais do recenseamento de 1950


Região População urbana e População rural
suburbana
Norte 580.867 31,49% 1.263.788 68,51%
Nordeste 3.289.317 26,33% 9.205.160 73,67%
Leste 7.372.014 39,01% 11.520.993 60,99%
Sul 7.117.196 41,92% 9.858.097 58,08%
Centro-Oeste 423.479 24,38% 1.313.468 75,62%
Brasil 18.782.819 36,16% 33.161.506 63,84%
Fonte:a autora, dados IBGE (1964, v.13, p.202)

No contexto de meados do século XX, as cidades brasileiras passam por


um processo de incremento populacional e expansão urbana, e passam a
receber melhoramentos urbanos nos serviços de abastecimento de esgoto e
de água, nos calçamentos, com o alargamento de vias e a construção de novos
edifícios, construções modernas como estações ferroviárias, cinemas e
clubes, escritórios comerciais, lojas e casas bancárias, os novos bairros

155

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


passam a ser construídos com edificações que refletem a tendência
urbanística moderna em suas fachadas e as antigas residências passam por
reformas, normalmente, através de pequenas alterações.
A versão da historiografia recente relaciona a produção déco construída no
Brasil ao processo de incremento populacional e expansão urbana dos
municípios: “em relação ao Brasil, foi um fenômeno moderno, que ocorreu
quando a população das cidades [começa a] superar a do campo” (CONDE;
ALMADA, 2000).
Ou seja, é neste contexto de expansão urbana dos municípios brasileiros,
cuja população ainda é inferior à população rural, que a arquitetura buscava
refletir a imagem da “modernidade” em suas fachadas e, em muitos municípios
brasileiros, através do que hoje se entende como art déco.
O aumento das taxas de urbanização e, consequentemente, o aumento da
demanda por construções, em um contexto que acompanhava a falta de
profissionais com formação em engenharia ou arquitetura e, por vezes, até de
mestres de obras e outros profissionais da área em diversos municípios
brasileiros, ajuda a explicar a disseminação da arquitetura art déco pelo país.
Este fenômeno pode ser observado, segundo os dados da Enciclopédia, em
todas as regiões do país, mais como uma recorrência do que uma “exceção”,
tendo em vista o número de repetições e reproduções desta arquitetura
registrada no Brasil.

5.2 A análise dos dados da Enciclopédia

Esclarecidos os parâmetros de seleção e escolhido o universo de


exemplares déco construídos pelo país, o objetivo é entender como se difunde
a produção construída e a extensão dessa difusão, revelada pela fonte de
pesquisa.
A seleção dos exemplares e a sistematização e exposição dos dados
extraídos possibilitam a análise da materialidade efetiva da disseminação

156

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


desta arquitetura pelo país, através do percentual de edificações déco
presente nos municípios/estados do país.

Tabela 7: Porcentagem de exemplares déco nos estados Brasileiros identificados na


pesquisa
Estados Edifícios na Edifícios déco % de edificações
Enciclopédia identificados art déco
Amapá 6 0 0,00%
Rio Branco (atual Roraima) 0 0 0,00%
Acre 53 12 22,64%
Rondônia 21 8 38,10%
Amazonas 83 19 22,89%
Pará 81 20 24,69%
Maranhão 221 51 23,08%
Piauí 192 61 31,77%
Ceará 431 183 42,46%
Rio Grande do Norte 210 71 33,81%
Paraíba 222 71 31,98%
Pernambuco 256 86 33,59%
Alagoas 61 14 22,95%
Sergipe 286 111 38,81%
Bahia 412 132 32,04%
Espírito Santo 190 69 36,32%
Rio de Janeiro 185 42 22,70%
Minas Gerais 1141 355 31,11%
São Paulo 1163 311 26,74%
Paraná 371 100 26,95%
Santa Catarina 130 42 32,31%
Rio Grande do Sul 274 85 31,02%
Mato Grosso 75 19 25,33%
Goiás 239 85 35,56%
Total 6303 1947 30,89%
Fonte: a autora, dados extraídos da Enciclopédia dos Municípios brasileiros.

Os exemplares identificados na Enciclopédia mostraram que grandes e


pequenos municípios brasileiros, em todas as regiões do país, lançaram mão
da arquitetura art déco na busca de uma imagem “moderna” nas fachadas de
seus edifícios.
Os estados do Amapá e do Rio Branco, atual estado de Roraima, não
apresentaram edificações identificadas como art déco nos registros da
157

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Enciclopédia. São estados pouco contemplados na publicação, com o registro
de apenas seis edifícios construídos no Amapá e nenhum em Rio Branco.
O baixo percentual de exemplares déco na malha urbana nos estados
do Acre, Amazonas, Pará e Mato Grosso pode ser explicado, de acordo com o
levantamento feito na Enciclopédia, pelo grande número de exemplares
ecléticos registrados nestes estados. No Maranhão, é significativa a presença
de edifícios coloniais entre os exemplares registrados.
Já nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, o baixo percentual de
exemplares déco deve-se à diversidade de estilos, onde são identificados um
grande número de exemplares de arquitetura associados ao movimento
moderno, principalmente nas capitais e nas cidades médias.
Para otimizar a análise e facilitar a visualização foi elaborado, com base
nos dados apresentados acima, um mapa localizando o percentual de edifícios
art déco por estado.

Mapa 3: Porcentagem de exemplares déco nos estados brasileiros identificados na


pesquisa

158

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Legenda Percentual de Municípios com registro de edificações art déco apresentadas
na Enciclopédia por Estado75
De zero a 20% Estados do Amapá e de Roraima
De 20 a 30% Estados do Acre, Amazonas, Pará, Maranhão, Alagoas,
Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
De 30 a 40% Estados de Rondônia, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo,
Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
De 40 a 50% Ceará
Fonte: Mapa do Brasil no PortalBloques76 editado pela autora com base nos dados da
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.

Os estados localizados na faixa litorânea do país aparecem com maior


número de exemplares déco, um dos fatores que justificaria este
acontecimento seria o maior adensamento populacional e crescimento urbano
dos municípios desta região do país, o que ocasiona o aumento da demanda
por construções e, consequentemente, do art déco que, “bem aceito” pela
população, encontra condições favoráveis para a disseminação.
Para avaliar os índices percentuais de penetração do estilo em todo o
país, é preciso entender que este número só é tangível ao considerar como
produção déco os exemplares “mais simples”, pequenas construções de porta
e janela com platibandas ornamentadas por frisos ou escalonamento e com o
uso elementos decorativos nas superfícies externas.

Tabela 8: Porcentagem de déco nas regiões Brasileiras, segundo fonte de pesquisa.


Edifícios na Edifícios % de edifícios art
Regiões Enciclopédia art déco déco
Região Norte 244 59 24,18%
Região Nordeste 1593 537 33,71%
Região Leste 2214 709 32,02%
Região Sul 1938 538 27,76%
Região Centro Oeste 314 104 33,12%
Registro Nacional 6303 1947 30,89%

75
Mato Grosso do Sul é desmembrado do Mato Grosso em 1977 e Tocantins é criado em 1988,
desmembrado do estado de Goiás e inserido na Região Norte.
76
Disponível em:<http://portalbloques.com/mapas/mapa-brasil.html >. Acesso em: 28 jan.2017.
159

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Fonte: a autora, dados extraídos da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.

A pesquisa traz informações que ajudam a ratificar que o estilo marcou


o cenário arquitetônico das cidades brasileiras e que a arquitetura de
tendência déco mostrou-se capaz de colocar-se como uma das expressões da
modernidade.
O percentual de quase 31% de exemplares déco permite concluir que
nas décadas de 1930 a 1950 houve uma presença significativa desta
arquitetura, “moderna à época”, nos edifícios que compõem a malha urbana
dos municípios brasileiros; a questão a ser desenvolvida é por que a opção
pelo déco foi tão recorrente na busca de uma imagem moderna.
Em fachadas reformadas ou em construções novas, o estilo foi, no
segundo quartel do século XX, uma expressão de renovação da arquitetura de
grande alcance junto a diferentes segmentos da população.
Ainda que o art déco não tenha se firmado com um fenômeno
hegemônico, como acontece posteriormente com o movimento moderno, ou
apresentado soluções inovadoras para os novos programas, materiais e
métodos construtivos, não se pode negar o espaço que ocupou na malha
urbana das cidades brasileiras, conforme os dados apresentados neste item.

5.3 A análise dos exemplares na Enciclopédia – as fontes da disseminação

A pesquisa na Enciclopédia mostrou que é recorrente a escolha de


edifícios específicos para representar a imagem dos municípios brasileiros,
independente do “estilo arquitetônico”: [1] edifícios públicos (prefeituras,
bancos, fóruns ou edifícios dos correios e telégrafos), [2] edifícios de
instituições religiosas, (igrejas), [3] edifícios associados a um “programa novo”
(instituições de cultura e lazer, cinemas e hotéis) e [4] edificações térreas ou
sobrados de uso comercial ou misto, localizados na área comercial do
município.
160

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os programas escolhidos para representar os edifícios construídos nos
municípios brasileiros na Enciclopédia são programas recorrentemente
associados ao art déco também pela versão da historiografia recente +
edifícios públicos, novos programas e sobrados de uso misto.
A análise da produção identificada na pesquisa apontou que para
localizar os agentes da disseminação da arquitetura déco pelo país, o melhor
caminho era entender como estes programas se distribuem entre os 1.947
exemplares.
A opção foi elencar os edifícios déco em cinco agentes de disseminação:
[1] Edifícios Públicos, [2] Novos Programas, [3] Edifícios altos (a partir de 4
pavimentos + uso misto e residencial), [4] Edificações térreas e Sobrados (uso
comercial, misto e residencial) e [5] Outros (marcos urbanos + pórticos,
bustos, monumentos - e instituições religiosas).
Esta classificação mostrou-se necessária para o entendimento
adequado de como esta arquitetura se disseminou pelo país. A opção por
acrescentar os “edifícios altos”, deve-se à alusão na versão da historiografia
recente deste programa como um expoente da arquitetura déco no país. Para
os casos excepcionais, criou-se a categoria “outros”. A tabela com a
classificação dos exemplares por estados encontra-se no apêndice C desta
tese.

Tabela 9: Classificação dos exemplares déco por agente de disseminação e por região
do país.

Edifícios “Novos” Edifícios Sobrados e Outros


Públicos Programas altos edificações
térreas

Região 34 57,63% 10 16,95% 0 0,00% 12 20,34% 3 5,08%


Norte
Região 316 58,85% 52 9,68% 5 0,93% 146 27,19% 18 3,35%
Nordeste
Região 382 53,88% 90 12,69% 10 1,41% 218 30,75% 9 1,27%
Leste
Região 287 53,35% 64 11,90% 13 2,42% 165 30,67% 9 1,67%

161

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Sul
Região 48 46,15% 10 9,62% 3 2,88% 40 38,10% 3 2,86%
Centro Oeste
Registro 1.067 54,80% 227 11,61% 31 1,59% 581 29,83% 42 2,16%
Nacional
Fonte: a autora, dados extraídos da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.

A análise dos exemplares pelos agentes de disseminação possibilitou o


entendimento de questões essenciais para a pesquisa, como o papel
fundamental do Estado na difusão desta arquitetura pelo país, tendo em vista o
alto percentual de obras públicas filiadas ao déco identificados na pesquisa
(54,80% dos exemplares).
Outra categoria identificada na Enciclopédia, que teria ajudado a
disseminar o gosto déco pelo país, estaria associado às “novidades da época”
como cinemas, clubes, rádios-difusoras, estações ferroviárias, usinas de
energia elétrica, fábricas, entre outros (11,61% dos exemplares).
Estes edifícios, aqui chamados de “novos programas”, remetiam à ideia
de modernidade, não cabiam nas limitações academicistas e, rapidamente,
associavam-se ao art déco. Tais exemplares eram construídos nos municípios
brasileiros pela “burguesia”, empresários da região ou parcerias público-
privadas.
Os edifícios públicos e os novos programas eram, comumente, os
primeiros edifícios déco construídos nos municípios, eles tinham uma função
propagadora, de “efeito demonstração”, este assunto será retomado no
próximo capítulo.
Outro programa que funcionou como “efeito demonstração”, conforme a
versão da historiografia recente, foram os edifícios altos, que são identificados
nessa pesquisa de forma pontual, em capitais e cidades de médio porte, nas
regiões Nordeste, Leste e Sul.
O gráfico abaixo mostra que os exemplares déco distribuem-se de
forma similar em todas as regiões do país, ou seja, nas cinco regiões é alto o

162

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


percentual de edifícios públicos, ratificando o papel do Estado na disseminação
dessa arquitetura pelo país.
Há ainda uma presença significativa dos “novos programas”, que se
mostram instrumentos de divulgação do estilo em todo país e relativiza a
importância dos edifícios altos nesse cenário, com pequeno percentual de
registro deste tipo de edifício em todas as regiões do país, o maior índice dos
edifícios altos é na região Sul.
Os percentuais similares das regiões Sul e Sudeste geram linhas de
classificação dos exemplares que se sobrepõe no gráfico, assim, a produção
déco identificada nestas regiões tem comportamento muito similar.
A Região Centro Oeste tem o maior percentual de registro de
edificações térreas e sobrados, de uso residencial, misto e comercial, por
outro lado, a Região Norte possui o menor percentual de registro deste tipo de
edifício, esses edifícios refletem o desejo popular de modernização, através da
reprodução de elementos déco.

Gráfico 2: Gráfico comparativo dos exemplares déco por classificação nas Regiões do
país

Região Norte
Região Nordeste
Região Leste
Região Sul
Região Centro Oeste

163

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Fonte: a autora + análise dos dados extraídos da Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros.

Os altos índices percentuais de registro de edifícios públicos em todas


as regiões ratificam que o período de disseminação do art déco no país é
concomitante ao fortalecimento do papel do Governo Federal, o que gera,
crescimento do aparelho estatal e, consequentemente, a necessidade de
construção de novos edifícios públicos. O número de edifícios públicos filiados
ao estilo nas cinco regiões do país confirma o planejamento político e
educacional do Governo Vargas, no sentido de fortalecer a imagem de uma
nação comprometida com a modernidade.

Apesar de todo o empenho em modernizar o aparelho estatal e


gerenciar a relação entre a classe dominante + representada
pela oligarquia rural e a burguesia urbana + e a trabalhadora,
o Estado Brasileiro continuava conservador (OLIVEIRA,
2008:126).

Seguindo o raciocínio de Oliveira seria possível “traçar um paralelo


entre as políticas econômicas e sociais e a produção arquitetônica promovida
pelo Estado brasileiro neste período” (OLIVEIRA, 2008, p.126).
Não podemos esquecer que o Governo Vargas incentivou diversos
estilos e expressões arquitetônicas, mas sua extensa produção déco,
constatada pelo número de edifícios públicos, representaria uma
“modernização conservadora”, pois, conforme visto nesta pesquisa, o déco
mantém elementos tradicionais.
Retoma-se assim, um argumento, apresentado ainda no primeiro
capítulo desta tese, de que o “sucesso” do art déco, inclusive no tange ao
Estado, deve-se ao fato de que, ao mesmo tempo em que é uma proposta de
modernidade, mantém o ornamento, ainda que de forma simplificada e
geometrizada. Este argumento ajuda a explicar porque o poder público foi
responsável por construir tantos edifícios déco nos municípios brasileiros,

164

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


inclusive nos pequenos municípios do interior onde a presença de arquitetos e
engenheiros era quase nula.
A discussão presente neste capítulo ratifica a apropriação da
arquitetura art déco pelo Estado, com o uso do estilo em diversos edifícios
públicos, pelos empresários, na construção dos “novos programas”, e também
pelas camadas populares.

5.4 Que art déco se dissemina pelo país

A Enciclopédia dos Municípios brasileiros permite analisar toda a


extensão territorial do país, um contraponto aos estudos da versão
historiográfica recente, que foca nas capitais e em cidades de médio porte.
A versão da historiografia recente analisa que, na Europa, o déco,
apresenta uma variante “requintada”, marcada pelo uso de materiais e
acabamentos nobres e pela profusão de elementos decorativos, cuja influência
é representada pelos grandes edifícios de Nova York e Chicago. Nos Estados
Unidos aparece a variante “zig-zag”, marcada pelo uso de linhas retas,
simplificação das formas geometrizadas e limpeza ornamental, difundida entre
a classe média norte americana, especialmente na cidade de Miami. Ainda nos
Estados Unidos, aparece o “Streamline”, cujos edifícios podem ser
identificados pela forte presença de linhas horizontais e aerodinâmicas que
remetem à velocidade e a formas navais com a presença de janelas
arredondadas, frisos e esquinas ou balcões arredondados, e uso de materiais
como cimento e vidro. Destes exemplares decorre a classificação difundida na
versão da historiografia recente que divide o art déco em três correntes.
Contudo, esta versão historiográfica dá indícios de que o art déco
produzido na América Latina e no Brasil não se enquadram em tal
classificação, tanto que alguns autores utilizam a classificação “popular” para
muitas das manifestações produzidas nestes países, a justificativa para tanto

165

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


seria que nesses países o estilo representava uma afirmação de modernidade,
através do uso de elementos de fácil assimilação.
A análise dos dados desta tese ampara esta justificativa, com o registro
de exemplares que mostram que esta arquitetura representou, esteticamente,
o desejo de modernidade da população de muitos municípios de todas as
regiões do Brasil e que há documentação suficiente para tratar da presença
destes exemplares decorrentes da apropriação popular dos elementos de
repertório por parte de um não profissional ou construtor comum.
Os exemplares selecionados nesta pesquisa ratificam que o art déco
disseminado no Brasil é desprovido “do requinte, da imponência e do luxo” e
mostram que o déco foi utilizado tanto em grandes edifícios públicos,
atendendo aos interesses de um Governo autoritário, quanto em edificações
“populares”, construídas nas pequenas cidades do interior e na periferia das
grandes cidades. Assim, o art déco revelou-se acessível às elites, às classes
médias e às classes populares.
A pesquisa possibilitou identificar que o debate sobre a busca de uma
arquitetura que representasse as necessidades de modernização do país,
objetivava extinguir os regionalismos “reunindo a população em torno de um
só interesse nacional” (PERALTA, 2005, p.127).
Assim, outra questão relevante que se coloca é a contraposição entre a
versão historiográfica recente + que procura “diferenciações ou
especificidades regionais” nos estudos da produção déco pelo país + e a
produção registrada na Enciclopédia, que não mostra tais “especificidades”, ao
contrário, mostra um quadro geral bastante semelhante de recepção das
ideias associadas ao déco em todo o país.
A opção por tal vocabulário conciliava uma imagem de modernidade
com técnicas conhecidas e economia de custos, essa estratégia pode levar a
conclusão de que os recursos financeiros, ou “a falta de”, podem ter
contribuído para tornar a produção similar em todo o Brasil.

166

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os exemplares identificados nesta pesquisa embasam a análise da
disseminação desta produção pelo país e ratificam o entendimento de que esta
disseminação só foi possível em função de uma versão do art déco
simplificada, acessível e econômica.

Figura 118: Exemplares déco no município de Rua de Juazeiro do Norte (CE), 1957.

Fonte: IBGE (1960, v.05, p.380).

Figura 119: Exemplares déco no município de Patos (PB) .

Fonte: IBGE (1960, v.05, p.380).

167

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 120: Exemplares déco no município de Inhumas (GO), 1957.

Fonte: IBGE (1957;02:338).

Figura 121: Exemplares déco na Rua comercial de Araçatuba (SP), 1960.

Fonte: IBGE (1964, v.12, p.83).

Figura 122: Exemplares déco na Rua velha Gal. Portinho em Porto Alegre (RS), 1959.

Fonte: IBGE (1964, v.12, p.444).


168

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 123: Exemplares déco na Avenida Paraná, Londrina, PR + 1948.

Fonte: IBGE (1964, v.12, p.104).

Figura 124: Exemplares déco na Rua do Município de Carazinho (RS), 1959.

Fonte: IBGE (1964, v.12, p.433).

A análise dos exemplares sugere que o art déco, em terras brasileiras,


mostra uma “modernidade” acessível para a sociedade tradicional do segundo
quartel do século XX, que busca “modernidade”, mas que também quer manter
o ornamento e reproduzir técnicas de fácil assimilação.
Ou seja, o art déco que se dissemina no Brasil é uma arquitetura de
poucos recursos financeiros, onde, o tratamento ornamental é, na maioria das
vezes, limitado às fachadas do edifício,
Nos exemplares identificados há o uso de técnicas construtivas já
existentes e o uso de “novos” elementos decorativos do art déco, que está
associado mais à ideia de “parecer” do que de “ser” moderno.

169

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A análise dos dados da Enciclopédia ratifica a presença da produção
nos municípios de Belém, Goiânia, Campina Grande, Fortaleza, Belo Horizonte,
Juiz de Fora, Aracajú, Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, entre outros,
analisados pelas pesquisas recentes. Os primeiros municípios analisados pela
versão da historiografia recente, Rio de Janeiro e São Paulo, também são
registrados com exemplares déco em altura, verticalizados, que se destacam,
inclusive na Enciclopédia.
Contudo, além dos municípios citados, acrescenta dados sobre o amplo
registro de exemplares déco em grandes aglomerações urbanas que não
aparecem nas pesquisas recentes, como, por exemplo, nos municípios de
Caxias (MA) -107.347 habitantes - e Colatina (ES) - 100.437 habitantes,
município mais populoso do estado - cujas produções déco podem ser
observada nas imagens abaixo.
A produção art déco no município de Colatina foi documentada apenas
de forma breve nas pesquisas recentes, com referência ao edifício dos
Correios e Telégrafos do município (REIS, 2014).
Figura 125:Conjunto de exemplares déco no município de Caxias (MA).

170

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Legenda: 1- Edifício Machado exemplar Déco de esquina na Rua Afonso Pena, com
destaque para o uso dos elementos escalonados e da marquise 2 -Exemplar com
elementos decorativos geometrizados naRua 1° de Agosto vendo-se a Igreja de Nossa
Senhora dos Remédios, 3 +Sobrados de uso comercial na Rua Afonso Cunha, com o
uso de elementos escalonados na platibanda e marquises 4 - Edifício Fonseca, de
1948, marcado pelo uso de marquise e mísulas típicas doDéco de esquina na Rua
Conselheiro Sinval e 5 + Exemplares térreos com uso de elementos escalonados do
Déco na Rua Afonso Cunha.

Fonte: IBGE (1959, v.15, p.121 a 145).

Figura 126:Conjunto de exemplares Déco no município de Colatina (ES).

171

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Legenda: 1 +Exemplares térreos com traços Déconas platibandas na passagem do
trem da V.M. em Colatina + 1952, 2 +Platibandas escalonadas nas edificações davista
da cidade de Colatina + 1952, 3 - Grupo Escolar Aristides Freire, em frente à Praça
Municipal, marcado pelo uso de marquises em cima das esquadrias, 4 + Sobrados
com uso frisos, balcões e marquise na Avenida Getúlio Vargas e 5 + Edifício e
sobrados com discretos elementos Déco na Rua Cassiano Castelo.
Fonte: IBGE (1959, v.22, p.59 a 66).

Há ainda o registro significativo de exemplares em municípios de menor


porte (entre 30 e 60.000 habitantes) como, por exemplo, os municípios de
Juazeiro do Norte, no Ceará, Passos, em Minas Gerais e Uruguaiana, no Rio
Grande do Sul.
Nas pesquisas recentes há referência ao edifício do Correios e
Telégrafos em Juazeiro do Norte e aos edifícios da Vila Militar, da Alfândega e
dos Correios e Telégrafos em Uruguaiana, na pesquisa de Reis (2014). O
registro destes edifícios públicos nos municípios identificados com amplo
número de exemplares Déco ratifica o papel de “instrumento de disseminação”
do estilo.

172

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 127:Conjunto de exemplares déco no município de Juazeiro do Norte (CE).

Legenda: 1 + Exemplares térreos marcados pelo uso de frisos e platibandas ornadas com
elementos geometrizados na Rua de Juazeiro do Norte, 1957, 2 + Colégio Salesiano São João
Bosco com uso de elementos decorativos Déco na platibanda e frisos nas esquadrias 3 +
Exemplares térreos marcados pelo uso de frisos e platibandas ornadas com elementos
geometrizados na Rua São José.
Fonte: IBGE (1959, v.16, p.331 a 340).

Figura 128:Conjunto de exemplares Déco no município de Passos (MG)

173

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Legenda: 1 +Exemplar térreo marco pelo uso de friso na platibanda e pequenas marquises
acima das esquadrias na Rua João de Barros, 2 + Sobrados com destaque para o uso de um
relevo de fachada escalonado que marca verticalmente o edifício e marquises na Rua
Presidente Antônio Carlos e 3 + Exemplares térreos com uso de elementos geometrizados na
Rua Coronel Neca Medeiros.
Fonte: IBGE (1959, v.26, p.283 a 239).

Figura 129:Conjunto de exemplares no município de Uruguaiana (RS)

Legenda: 1 + Elementos Déco nas platibandas dos exemplares do município de Uruguaiana ,


1959, 2 + Sobrados marcados pelo uso de marquises na Rua General Bento Martins e 3 +
Exemplares marcados pelo uso de frisos, marquises e elementos escalonados na Rua General
Bento Martins.
Fonte: IBGE (1959, v.34, p.372 a 383).

174

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Ainda tratando da produção dos municípios de pequeno porte (em torno
de 20.000 habitantes), há o registro de um conjunto de exemplares
identificados no município de Itumbiara, no Estado de Goiás, em que se
confirma a presença de edifícios públicos e “novos programas” filiados ao
estilo.

Figura 130:Conjunto de exemplares no município de Itumbiara (GO).

Legenda: 1 - Casa de saúde Santa Isabel na Rua Marechal Deodoro, exemplar térreo marcado
pelo uso de frisos, marquise e elementos escalonados, 2 + Sobrado com platibanda decorada
com elementos geometrizados e frisos nas esquadrias das, na Praça da República, 3 +

175

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Exemplar com quina arredondada na esquina das Avenidas Afonso Pena com Rua Benjamin
Constant, 4 - Cine Walter, com o uso de frisos e marquises, na Rua Parnaíba e 5 + Praça da
República, vendo-se o Cine Walter e outros exemplares com elementos déco.
Fonte: IBGE (1958, v.34, p.246 a 250).

A análise dos exemplares selecionados nesta pesquisa ratifica a


presença desta produção em municípios de grande, médio e pequeno porte,
em todas as regiões do país.
Nos municípios citados há registro de “um número considerável de
prédios de estilo moderno”, para usar o termo da Enciclopédia, mas não
apenas de edifícios isolados, registra também conjuntos que, por sua vez,
compõem o espaço urbano, como trechos de ruas pavimentas, largas e
arborizadas e praças destes municípios.
A análise dos dados da Enciclopédia permite concluir que a arquitetura
art déco ocupou um espaço significativo na malha urbana dos municípios
brasileiros, e, consequentemente, na história da arquitetura deste país.

176

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Capítulo 06. O lugar do art déco na modernidade da primeira metade do século
XX: os agentes da disseminação da produção

177

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os capítulos anteriores mostram que a disseminação do art déco no
Brasil está sendo mapeada pelas pesquisas recentes que estão reavaliando a
importância dessa produção, que também foi registrada por documentos
históricos, como a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.
O art déco cumpre o papel de expressar a “modernidade” na arquitetura
e adequar-se às novidades modernas; é marcado pela incorporação,
esteticamente explícita, de novidades tecnológicas do cotidiano, como: o
automóvel, o transatlântico e o cinema, entre outros. No Brasil, o estilo lança
mão de soluções formais e estéticas, facilmente assimiláveis para atender aos
desejos e gostos da época e se dissemina por todo país.
Com o objetivo de identificar os modos e meios de disseminação desta
arquitetura, confrontou-se os dados das pesquisas com os da produção
construída pelo território brasileiro, para entender o seu significado e fornecer
dados para uma nova versão dessa história.
Ou seja, a pesquisa das narrativas canônicas e recentes somada à
pesquisa da produção construída na Enciclopédia dos municípios brasileiros
constituem os fundamentos necessários para entender que art déco é este
que se dissemina pelo Brasil em meados dos anos 1930+1950 e qual o papel
desta produção como uma das modernidades arquitetônicas no segundo
quartel do século XX.
As fontes de pesquisa mostram que o art déco foi realizado em vários
níveis, por engenheiros e arquitetos, construtores, mestre-de-obras, artistas,
leigos e + retomando o termo usado por Carlos Lemos (1979) + pelo “povão”.
Cada um desses atores empregou os elementos de repertório do estilo à sua
maneira, criando distintas soluções.
Assim, a influência desta produção não se restringiu às grandes obras
públicas e privadas projetadas por profissionais renomados, mas estende-se à
maciça produção nos subúrbios e nos municípios do interior.
Os dados resultantes das pesquisas realizadas mostram que o efeito
demonstração decorrente das ações governamentais (edifícios públicos) e da

178

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


iniciativa privada (novos programas e arranha-céus) foi determinante para a
disseminação do estilo no Brasil. Também contribuiu para isso, a localização
privilegiada destes edifícios na malha urbana.
Em artigo sobre a presença do art déco na arquitetura do subúrbio
carioca, Oliveira e Dias, exemplificam esta situação em uma grande cidade,
onde o art déco encontrou terreno fértil para caracterizar com robustez e
modernidade os edifícios públicos e militares, assim como teve refinamento e
qualidade para acompanhar a verticalização dos bairros da Zona Sul e chegar
até o subúrbio, através, por exemplo, dos cinemas. Os autores identificam o
“efeito demonstração” que estes edifícios motivam + apesar de não usarem o
termo -, concluindo, inclusive, que a reprodução se dá próxima a estes
“ícones” (OLIVEIRA e DIAS, 1997, p.184):

A distribuição de edificações com características art déco,


sejam simples moradias ou edifícios de dois e três pavimentos,
acontece quase que sistematicamente próxima a estes ícones,
rareando quanto mais afastadas destes (OLIVEIRA e DIAS,
1997, p.186).

A análise dos exemplares selecionados nesta pesquisa, segundo os


dados da Enciclopédia, dá indícios de que este fenômeno acontece em outros
municípios brasileiros, tendo em vista que o registro de exemplares déco
“simplificados” ocorre, muitas vezes, em municípios em que também há
registro de edifícios públicos e de edifícios dos novos programas filiados ao
estilo.

6.1 As modalidades de disseminação da arquitetura art déco pelo país

6.1.1 Efeito demonstração: Edifícios públicos

Um dos fatores apontados, com muita freqüência, por diversas


pesquisas, como responsável pela disseminação desta arquitetura pelo país é
a construção dos edifícios públicos associados ao art déco nos anos 1930-1945.

179

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os edifícios públicos instalados em locais privilegiados da cidade
tornam-se “referências” e funcionam como “modelos” para a localidade. “A
adoção do estilo pelo governo foi o principal promotor de sua disseminação
por todo o país” (FIGUEIRÓ, 2007, p.55).
Márcio Vinícius Reis (2014) registra as obras “reconhecidamente art déco”
em diversos municípios no país e localiza obras públicas como: escolas e
educandários, estações ferroviárias e de hidroaviões, hospitais, sanatórios,
leprosários e maternidades, edifícios ministeriais e administrativos,
delegacias, pavilhões construídos para exposições e edifícios dos Correios e
Telégrafos. Destaca, na produção arquitetônica oficial do período varguista,
especialmente, este último programa como uma das “vias de difusão do estilo”.
Além destes, na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros aparecem outros
edifícios construídos a partir da iniciativa pública que também contribuíram
para a disseminação da linguagem déco - prefeituras, mercados municipais,
matadouros, cadeias, agências bancárias, açougues e fóruns.
De todos os edifícios públicos analisados, os Correios e Telégrafos +
amplamente estudado pela historiografia recente77-, as Escolas e as
Prefeituras Municipais, representam os “ícones” desta modernidade na maioria
dos municípios brasileiros.
A relação entre art déco e os Correios e Telégrafos talvez seja um dos
exemplos mais claros de difusão de uma linguagem arquitetônica através de
um órgão público e, possivelmente, o programa mais citado e estudado como
via de disseminação do art déco. Os edifícios dos Correios e Telégrafos faziam
parte de uma ação federal e constituíram uma marca do período Varguista
(1930-1945) em muitos municípios brasileiros. Há, inclusive, a implantação de
um mesmo projeto+ modelo padrão + em diferentes municípios.

O departamento dos Correios e Telégrafos (DCT) foi pioneiro ao


projetar e construir, desde 1931, país adentro, agências postais

77
Na historiografia, dois trabalhos destacam-se nesse caso, o de Margareth Pereira(1999), “Os
correios e telégrafos no Brasil”e a tese de doutorado de Márcio Vinícius Reis(2015), “O art déco
na obra Getuliana, moderno antes do modernismo”.
180

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


e telegráficas padronizadas conforme a classe dos serviços
prestados. Mais que isso, a arquitetura postal do DCT foi
parametrizada tanto pelas técnicas e materiais construtivos
convencionais e disponíveis, como pelas inovações trazidas
pelo campo da engenharia e da arquitetura, vide o concreto
armado e a modernidade art déco (REIS, 2015, p.13).

Os “edifícios tipo dos correios e telégrafos” filiados ao déco foram


replicados, conforme análise dos dados de Enciclopédia em, pelo menos, 49
municípios brasileiros.
Os edifícios tipo I, II e III foram construídos em 1932, nas regiões Sul,
Sudeste e Nordeste, “em conformidade com as peculiaridades programáticas
das agências e a disponibilidade de recursos técnico-financeiros” (REIS, 2014,
p.167). Nos anos 1933 e 1941, foram construídos os edifícios tipo especiais I, II e
III que:
Fazem parte de uma mesma família plástico-formal,
hierarquizada conforme a classe das agências e assinalada
pela composição arquitetônica de matriz clássica, calcada na
simetria e tripartição do edifício em base, corpo e coroamento
(REIS, 2014, p.171).

Figura 131: Edifício tipo Figura 132: Edifício tipo dos Figura 133: Edifício tipo
dos correios em correios em Camocim (CE). dos correios em
Princesa Isabel (PB). Pesqueira (PE).

Fonte:Férias.tur78. Fonte:Camocimpotedehistorias Fonte: Pesqueira View80.


79
.

78
Disponível: <https://www.ferias.tur.br/fotogr/122888/agenciadoscorreiosemprincesaisabel-
fotomariogoncalves/princesaisabel/>. Acesso em: 05 jul.2017.
79
Disponível em: <http://camocimpotedehistorias.blogspot.com/2016/05/os-predios-de-
camocim-agencia-dos.html>. Acesso em: 05 jul.2017.
80
Disponível em: < http://pesqueira-view.blogspot.com/>. Acesso em: 05 jul.2017.
181

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 134: Edifício especial tipo em Figura 135: Edifício tipo especial em
Muriaé (MG). Jaraguão (RS).

Fonte: Interligado81. Fonte: Skyscrapercity82.

Figura 136: Edifício tipo especial em Figura 137: Edifício tipo especial em Juiz de
Pelotas (RS). Fora (MG).

Fonte:Arquitetura Brasileira em foco83. Fonte: Viajei Bonito84.

Há registro de edifícios que fogem a regra, como agência do município


de Alfenas em Minas Gerais, cuja planta e volumetria são decorrentes,
sobretudo, da forma triangular do lote de esquina, com fachada simétrica para
as duas laterais do terreno. Contudo, a composição arquitetônica, observada
nos “edifícios tipo”, se mantém neste exemplar.

81
Disponível em: <https://www.interligadonline.com/site/2018/05/24/greve-dos-
caminhoneiros-ja-afeta-correios-de-muriae/>. Acesso em: 05 jul. 2017.
82
Disponível em: <https://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1120375&page=38>.
Acesso em:Julho,2017.
83
Disponível em: <https://arquiteturadobrasilemfoco.wordpress.com/art-deco/>. Acesso em:
05 jul. 2017.
84
Disponível em: <https://viajeibonito.com.br/museus-de-juiz-de-fora-que-nem-os-juiz-
foranos-conhecem/juiz-de-fora-espaco-cultural-dos-correios-fachada/>. Acesso em: 05 jul.
2017.
182

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 138: Foto recente da Agência dos Correios e Telégrafos de Alfenas (MG).

Fonte: Alfenas85.

Outro tipo de edifício público registrado pela versão da historiografia


recente, como via de disseminação do art déco, e com registro ratificado pela
produção construída documentada na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros,
em 217exemplares, são as instituições de ensino (grupos escolares, institutos
de educação, educandários, escolas rurais, colégios estaduais e municipais.
Deste grupo, destaca-se o Edifício do Colégio Estadual do Liceu
Piauiense, construído em 1936. O edifício é marcado pela presença de frisos
em auto-relevo e marquises. A configuração volumétrica simétrica e a planta
baixa em “U” geram um pátio interno no edifício de uso escolar.

Figura 139: Liceu Piauiense em Figura 140: Croqui do Liceu Piauiense.


Teresina (PI)

Fonte: IBGE (1959, v.15, p.627) Fonte: Aquarela de autoria de Karla Katrini86

85
Disponível em: <http://www.alfenashoje.com.br/noticia.asp?id_noticia=8001>. Acesso em: 02
nov. 2017.
86
Disponível em: <https://grupoamigosdopatrimonio.tumblr.com/teresinaemaquarelas>. Acesso
em: 21 jan.2018.
183

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 141: Imagem aérea do Liceu Piauiense

Fonte: Colégio Liceu Piauiense87

A historiografia menciona a presença de edifícios de prefeituras


municipais filiados ao déco, recorrendo, especialmente, ao registro da
Prefeitura de Belo Horizonte (1936-1939), de Luiz Signorelli e Rafaello Berti,
como um “ícone” do que foi construído no país.

Figura 142: Prefeitura da cidade de Belo Horizonte (MG).

Fonte: Belotur/Divulgação88.

87
Disponível em: <https://180graus.com/geral/video-mostra-historia-do-centenario-colegio-
liceu-piauiense-conhecahttps://180graus.com/geral/video-mostra-historia-do-centenario-
colegio-liceu-piauiense-conheca>. Acesso em: Janeiro,2018.
184

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os dados da Enciclopédia também registram esse edifício público
recorrentemente associado ao déco. O edifício da Prefeitura Municipal
representa a própria cidade e a ideia local de modernidade, que resulta,
muitas vezes e em várias regiões, na opção pelo art déco, conforme registrado
em, pelo menos, 316 municípios brasileiros.
Estes exemplares aparecem com uso de elementos associados ao déco
em exemplares térreos e sobrados de dois pavimentos, nos limites do lote ou
com recuos, conforme exemplos abaixo.

Figura 143: Prefeitura Municipal de São Figura 144: Prefeitura Municipal de Cariré
Brás (AL). (CE).

Fonte: IBGE (1959, v. 19, p.166). Fonte: IBGE (1959, v.16, p.134).

Figura 145: Prefeitura de Jaraguá do Figura 146: Prefeitura de Foz do Iguaçu


Sul (SC). (PR).

Fonte: IBGE (1959, v.32, p.191).


Fonte: IBGE (1959, v.31, p.215).

Disponível em: <http://especiais.g1.globo.com/minas-gerais/viva-bh/2017/linha-do-tempo-


88

historia-de-belo-horizonte/>. Acesso em: 15 mar. 2018.


185

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Especialmente na Região Nordeste é recorrente a associação dos
edifícios da Prefeitura os sobrados de dois ou três pavimentos de esquina,
marcados pela presença do escalonamento, frisos, marquises e balcões e pela
implantação nos limites do lote. Um exemplar que representa este grupo de
edifícios é o da Prefeitura da cidade de Patos, no interior da Paraíba.

Figura 147: Fachadas principais da Figura 148: Imagem aérea vendo-se o


Prefeitura de Patos (PB). telhado e o recorte na volumetria.

Fonte: Folha Patoense89. Fonte: Google Maps90.

Há registro de exemplares que introduzem novas composições


volumétricas e de organização espacial nas edificações art déco associadas ao
programa das Prefeituras Municipais, especialmente nas regiões Leste e Sul,
com pequenas assimetrias e discretos recortes volumétricos. Na cidade de
Ituruçu, na Bahia, o edifício da Prefeitura se destaca da malha urbana,
composta de edificações térreas, por ser um edifício de dois pavimentos, solto
no lote e com discretos recortes volumétricos.

89
Disponível em: < http://www.folhapatoense.com/2017/05/23/prefeitura-de-patos-divulga-
edital-de-abertura-do-processo-seletivo-012017/>.Acesso em: Março, 2018.
90
Disponível
:<https://www.google.com.br/maps/place/Prefeitura+Municipal+de+Patos/>.Acesso em: 15 mar.
2018.
186

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 149: Fachada principal da Figura 150: Imagem aérea vendo-se o
Prefeitura Municipal de Itiruçu (BA). telhado tradicional e o recorte na
volumetria.

Fonte: IBGE (1958, v.20, p.332). Fonte: Itiruçu notícias91.

Estes edifícios são símbolos da administração pública local,


implantados em terrenos estratégicos; funcionam como edifícios de referência
para o município e representam um investimento neste “ideal de
modernidade”. A arquitetura art déco representou uma imagem de
modernidade desejada e tangível para a construção do edifício símbolo do
poder público no município, uma imagem do “Estado Moderno”.
Na identificação de exemplares de edifícios públicos filiados ao déco há,
em muitos municípios, referências ao estilo que se restringiam a detalhes
ornamentais aplicados nas fachadas.

Figura 151: Posto Policial do Município de Orizona Figura 152: Prédio da Agência dos
(GO) . Correios e Telégrafos do Município de
Orizona (GO).

Fonte: IBGE (1958, v.36, p.312).


Fonte: IBGE (1958, v.36, p.312).

91
Disponível em: <http://www.itirucunoticias.com/2014/10/prefeitura-de-itirucu-devolvera-
cerca.html>.Acesso em: 15 mar. 2018.
187

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 153: Delegacia do 2º Distrito, Rio Branco Figura 154: Prefeitura Municipal de
(AC), 1949. Baixio (CE).

Fonte: IBGE (1957, v.14, p.69). Fonte: IBGE (1959, v.16, p.76).

É possível concluir que há um papel ativo do Estado+ no âmbito Federal,


Estadual e Municipal + na constituição de uma imagem de “modernidade”, a
partir da década de 1930, pelos investimentos em obras públicas associadas a
arquitetura art déco. Ou seja, a construção dos edifícios de uso institucional,
espalhados pelos municípios brasileiros, teria contribuído para a disseminação
desta arquitetura.
Esse incentivo à construção de edifícios públicos filiados ao art déco no
âmbito do Governo Federal e sua influência nas capitais do país é
recorrentemente estudado pela historiografia recente92 e documentada pela
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.

A estética déco foi utilizada em larga escala pelo poder público


tal qual elemento de legitimação da postura progressista e
nacionalista adotada principalmente depois do golpe de Estado
de 1930 por Getúlio Vargas (MACIEL FILHO; GRAÇAS, 2014,
p.02).

Há de se convir que, no Brasil do período varguista, o art déco


foi o portador da mensagem arquitetônica do moderno, tanto
nas obras particulares como oficiais. Enquanto linguagem
moderna preponderante nos edifícios públicos da Obra
Getualiana, contribuiu o art déco para torná-los testemunhos e
monumentos inteligíveis do pensamento político autoritário e
das ações progressistas, que embalaram o período varguista
(REIS, 2014, p.254).

92
OLIVEIRA, 2008, PERALTA, 2005 e REIS, 2014,
188

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Ainda que segundo Reis, o déco seja “preponderante” nos edifícios
públicos deste período, é necessário esclarecer que no cenário de diversidade
arquitetônica do segundo quartel do século XX, o Estado “promove” diferentes
linguagens que buscavam representar à “modernidade”, não há um incentivo
particular a modernidade art déco.

Entendemos que o terreno das obras públicas foi um grande


campo de teste para a arquitetura art déco, no qual imperavam
como condicionantes de projeto a racionalidade construtiva e
funcionalidade espacial, o rendimento e a economia de meio
alcançados na obra. Ainda mais no período varguista, após a
criação em 1938 do Departamento Administrativo do Serviço
Público (DASP), incumbido de racionalizar os serviços públicos
federais, e no caso das obras, as etapas de projeto e
construção (REIS,2015, p.257).

Nas obras públicas há uma “padronização” dos edifícios construídos


neste período, com a geometrização do ornamento, que passa a ser produzido
em série, e as novas composições volumétricas, inerentes à busca pela
racionalização da construção, conforme pode ser observado nos edifícios cuja
planta do pavimento térreo é repetida nos pavimentos superiores93, o que
promovia agilidade, rapidez e redução de custos no processo da construção.

Nos anos de 1930, conceitos como funcionalidade, eficiência e


economia na arquitetura + termos próprios de soluções
racionalistas + tiveram firme aplicação em obras públicas
(SEGAWA, 1999, p.53).

Cabe ressaltar que no caso da existência de “projetos modelos”


destinados a edifícios estatais, visto particularmente nos prédios dos correios
e telégrafos, a preocupação não parece ser apenas de ordem técnica e
econômica, conforme argumentado acima, mas também, determinante para a

93
Apesar de não termos acesso as plantas baixas das edificações, as imagens fotográficas dão
indícios dessa situação.
189

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


consolidação de uma imagem de ação governamental: “conjunta, disciplinada e
orquestrada”94.
A mostra de exemplares analisados na Enciclopédia ratifica a intenção
do Estado em mostrar uma imagem de “progresso” e de país “moderno”,
divulgando os edifícios públicos + agências de correios, escolas e prefeituras
municipais + como “os edifícios mais modernos” dos municípios brasileiros.
Esse documento elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-
IBGE tinha o intuito de mostrar a “modernidade” espalhada por todo território
brasileiro, que marcava a presença do Estado nos municípios.

6.1.2 Efeito demonstração: Novos programas

O art déco aparece e se dissemina no final dos anos 20 em


diferentes contextos urbanos na Europa e nas Américas,
afetados diretamente pela expansão dos meios de
comunicação, como a imprensa e o cinema, que começavam a
estabelecer um rápido e eficiente processo de integração de
massa entre os povos dos vários continentes (D‟ALAMBERT,
2003, p.69).

O art déco é associado, desde a sua gênese, à ideia de modernidade e


de progresso e rapidamente sua imagem se associa também à difusão dos
novos programas que são as rádios, os clubes, os hotéis e os cinemas. Estes
“novos programas” se inserem no cotidiano da população e se expandem por
diversos municípios brasileiros em meados dos anos 1930 difundindo à ideia de
modernidade associada ao art déco pelo país. Na Enciclopédia, entre os
prédios que apresentam um “estilo moderno” é recorrente a presença dos
edifícios do cinema, do hotel e do clube do município.

Tal caráter de “moda” do movimento foi rapidamente veiculado


pelos meios de comunicação de massa em desenvolvimento +
as revistas, o rádio, a propaganda e, sobretudo, o cinema,
possibilitando uma ampla difusão e aceitação do art déco
(BORGES, 2006:37).

94
Prof. Dr. Márcio Cotrim, durante exame de qualificação realizada em setembro de 2017.
190

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Com a expansão internacional do cinema, as salas de projeção
tornaram-se importantes estandartes do art déco” (FIGUEIRÓ,
2007, p.30).

Os cinemas tornam-se elementos de propagação desta produção pelo


país, povoam as cidades brasileiras e influenciam os hábitos na população na
primeira metade do século XX.
Na Enciclopédia o cinema associado ao art déco está presente nas cinco
regiões do país, com 89 edifícios registrados nos municípios brasileiros. O
programa pode aparecer tanto em edificações de grande porte, localizadas em
frente a principal praça do município, “com equipamentos de última geração”,
quanto em formas simplificadas e versões econômicas.
Um dos exemplares desse grupo, o Cine-Teatro Estrela, foi construído
nos anos 1950, no Município de Ipameri, no interior de Goiás,
Com grande requinte, cortinados, tapetes e o conforto do
„Pulmann‟ que eram as poltronas de mola que ficavam no
fundo em plano superior e cujo ingresso era bem mais caro.
Para a época, o melhor cinema do interior goiano”
(COSTA,2018).

Figura 155: Cine-Teatro Estrela, 1956 Figura156:Imagem recente do Cine Estrela.


em Ipameri (GO).

Fonte: IBGE (1958,v.36,p.221). Fonte: Patrimônio Ypameri95.

Disponível em: < http://www.ypameri.com/old/html/patrimonio.html>.Acesso em: 15 mar.


95

2018.
191

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Outro programa que difundiu a arquitetura art déco pelo país foi a rádio-
difusora, as emissoras de rádio difundiam novas formas de diversão, cultura e
lazer.No Brasil, este veículo de comunicação desenvolve-se no período áureo
da produção art déco no país, a Rádio Nacional é fundada em 1936 e
transforma-se em um instrumento de divulgação do Estado Novo do Governo
Vargas..

Na época, o governo brasileiro, para dar uma dimensão maior


as suas ideias, financiou em muitas cidades a compra de um
aparelho de rádio que era exposto nas praças das principais
cidades do país, possibilitando às pessoas a ouvirem as
notícias de cunho estatal. (FRANCO; FERNANDES, 2014).

Na década de 1930, tem-se o início da transmissão do programa “A Voz


do Brasil”, em cadeia nacional de rádio, veículo de comunicação de forte
penetração em praticamente todas as camadas da sociedade, principalmente
as menos favorecidas.
Na Enciclopédia, contudo, aparecem poucos edifícios de rádio-difusoras
associadas ao art déco: três exemplares nas regiões Nordeste, um exemplar
do Leste e quatro exemplares no Sul.

Figura 157: Radio difusora em Pesqueira Figura 158: Outro ângulo da Radio
(PE) difusora em Pesqueira (PE)

Fonte: IBGE (1958, v.18, p.212) Fonte:Regional DX96

96
Disponível em: <https://regionaldx.net/2015/10/16/radio-difusora-de-pesqueira/>.Acesso em:
20 ago. 2018.
192

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os clubes, espaços de lazer e prática de esportes para toda a família,
foram equipamentos difundidos pelo Brasil na primeira metade do século XX,
essas entidades associativas eram dotadas de prestígio e, em alguns casos,
associavam-se à modernidade déco (com registro de 33 exemplares na
Enciclopédia). A região Centro Oeste é a única que não tem registro de filiação
deste programa ao estilo.
A sede do Clube Aliança, localizado no município de Esteio (RS), na
importante Av. Presidente Vargas, foi inaugurada em 1953. Nesta edificação
encontra-se um pequeno recuo frontal, que proporciona a valorização da
entrada e do acesso, com a presença de uma escadaria, mas a fachada lateral
permanece nos limites do lote.

Figura 159: Clube Aliança no município de Figura 160: Clube Aliança no município de
Esteio (RS) Esteio (RS)

Fonte: IBGE (1959, v.33, p.190) Fonte: Memória Drops97

No caso dos hotéis, a referência mais conhecida associada ao art déco,


na versão da historiografia recente, são os de Miami. Contudo, a Enciclopédia
registra também no Brasil, exemplares deste equipamento que recorrem ao
estilo, em vários níveis, partindo de exemplares singelos (como hospedarias e
pensionatos nos pequenos municípios) até exemplares mais sofisticados em

97
Disponível em: < http://memoriadrops.blogspot.com/2018/02/o-clube-alianca-de-esteio-
rs.html>. Acesso em: 20 ago. 2018.
193

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


cidades maiores. Há registro de 38 edifícios de hotéis associados ao estilo nas
cinco regiões do país.
O Hotel Municipal considerado o “mais importante” do município de
Jacarezinho e região, por exemplo, foi inaugurado em 1940 e se localiza em
frente à Praça Rui Barbosa.

Figura 161:Hotel Municipal no Município Figura 162: Imagem atual e aérea do Hotel
de Jacarezinho (PR) Municipal de Jacarezinho (PR), hoje
desativado.

Fonte: IBGE (1959, v.31, p.271) Fonte: GoogleEarth98

A “elite” do município era quem tinha acesso aos edifícios “mais


modernos” do município, o que associa a modernidade déco à formação das
elites econômicas e políticas do país. Para as faixas sociais menos
favorecidas, que muitas vezes trabalhavam na construção destes edifícios,
caberia observar, imitar e reproduzir os elementos “modernos” que serviam
como “efeito demonstração”.
Ou seja, pode-se concluir que a partir de construções de maior porte, o
vocabulário conquistou o gosto popular e disseminou-se em residências e em
edifícios de uso misto e comercial. A presença desses “edifícios importantes”
na paisagem dos municípios brasileiros facilitou a disseminação e assimilação
do repertório formal do déco.

98
Acesso em: 20 ago. 2018.
194

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


6.1.3 Efeito demonstração: Edifícios altos

A busca por uma imagem de “modernidade” e progresso, em meados do


século XX, associa a imagem “moderna” aos edifícios altos, e a versão da
historiografia recente associa o alicerce do desenvolvimento deste fenômeno
ao art déco.

Particularmente, os cinemas e os edifícios em altura foram as


tipologias icônicas dessa modernidade, e sua reiterada
condição de marcos na paisagem urbana contribuiu para a
difusão dos códigos do art déco (REIS, 2014, p. 46).

Carlos Lemos, um dos pioneiros no registro desta produção no Brasil,


associa o déco à verticalização na cidade de São Paulo. O autor destaca o
exemplo do edifício que pertenceu à companhia Paulista de Estrada de Ferro,
projeto de Elisiário Bahiana, do início da década de 1930.

Não devemos esquecer, no entanto, que a estrutura de concreto


aproveitada pelo arquiteto pertencia ao projeto eclético de
autoria de Cristiano das Neves para o Automóvel Club de São
Paulo, que desistiria das obras (LEMOS,1987, p.97).

Figura 163: Antigo edifício da companhia Paulista de Estrada de Ferro, projeto de


ElisiárioBahiana.

Fonte: Lemos (1987, p.97).

195

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, também é abordada a
relação dos edifícios altos com a cidade de São Paulo, onde é registrada a
coexistência de diferentes estilos arquitetônicos na primeira metade do século
XX.

A evolução extremamente rápida que a cidade de São Paulo


apresentou, nestes últimos cinqüenta anos, teve repercussões
profundas em todos os setores de sua vida, refletindo-se, além
disso, na fisionomia urbana. Seus prédios multiplicam-se com
incrível rapidez fazendo assim com que, lado a lado, coexistam
os mais diferentes estilos arquitetônicos (IBGE, 1958, v.10,
p.87).

Figura 164: Avenida São Figura 165: Rua da Figura 166: Banco do Brasil,
João, município de São Conceição, junto ao à esquerda e o Banco do
Paulo, 1956. cruzamento da Avenida Estado de São Paulo, ao
Ipiranga, município de São fundo. O edifício Martinelli
Paulo, 1956. completa o quadro, à
direita.

Fonte: IBGE (1958, v.10, Fonte: IBGE (1958, v.10,


p.386) p.387) Fonte: IBGE (1958, v.10,
p.386)

Na época do florescimento do art déco no Brasil, os municípios


brasileiros começavam a passar por um processo de renovação da paisagem
urbana, com o início da verticalização nas grandes cidades. A Enciclopédia
registra esse momento, entendendo que estes “modernos edifícios” vão, aos

196

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


poucos, transformando os núcleos urbanos dos municípios brasileiros em
urbs modernas.
Nesse momento, à ideia de “moderno” em arquitetura, está associada
aos edifícios altos, aos “modernos arranha-céus”; entretanto, não há uma
distinção entre os “estilos modernos”; os edifícios altos são considerados
modernos, independente de serem ecléticos, déco ou arquitetura moderna.
Assim, a mostra de “modernos edifícios” associados ao estilo déco,
registrados na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, é composta de poucos
exemplares (32) de até seis pavimentos (a maioria é de quatro pavimentos),
presentes nas cidades de médio e grande porte, conforme exemplares a
seguir.

Figura 167: Edifício déco no Município de Ribeirão Preto (SP), na Praça XV de


Novembro

Fonte: IBGE (1960,v.11.p.307)


Figura 168 e Figura 169: Edifícios déco na Rua XV de Novembro,PRJ-2 Rádio Clube
Ponta-grossense e Cine Ópera em Ponta Grossa (PR).

Fonte: IBGE (1959, v.31,p.405)

197

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 170: Edifício déco - Figura 171: Edifício déco Figura 172: Edifício déco
Majestic Colonial Hotel em Juiz na Rua Felipe Schmidt: da Associação Comercia
de Fora (MG), edifícios de Florianópolis (SC) no município de
térreo mais três pavimentos Parnaíba (PI)

Fonte: IBGE (1959, v.25, p.399) Fonte: IBGE (1959, v.32, Fonte: IBGE (1959, v.15,
p.117) p.55)

Ou seja, é preciso relativizar o processo de verticalização vinculado ao


déco, afirmado por Segawa:

Na maioria das grandes cidades brasileiras nas décadas de 1930


e 1940 as estruturas altas de gosto déco ou variações
predominariam na verticalização das paisagens (SEGAWA, 1999,
p.64).

Nos municípios de pequeno porte o déco se associa, em sua maioria, a


sobrados de dois ou três pavimentos que, muitas vezes, são os edifícios “mais
altos” do município.
A arquitetura moderna, propriamente dita, nos registros da
Enciclopédia, é a mais recorrente neste programa e está associada à
verticalização nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre,
Fortaleza, Recife, Maceió e João Pessoa, estes últimos com registro dos
edifícios do IPASE99.

99
IPASE - Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado, criado em 1938.
198

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Os municípios brasileiros vivem o processo de modernização de forma
distinta e o edifício alto é um “ícone” da modernidade que não é acessível para
toda a população ou para todos os municípios.
A imagem da arquitetura déco associada aos edifícios altos nas grandes
cidades contribuiu para a disseminação desta arquitetura comum dos
símbolos da modernização do país.
Contudo, a pesquisa na Enciclopédia dos municípios brasileiros mostra que,
nas pequenas cidades do interior, não é possível observar o processo de
verticalização ou o acesso aos “mais modernos requisitos técnicos” que
permitem a construção destes edifícios.

6.1.4 Edifícios localizados em locais estratégicos: visibilidade.

No segundo quartel do século XX, as cidades brasileiras passam por um


crescimento urbano, apoiado no conhecido tripé “higienizar, embelezar e
circular”, a Enciclopédia mostra os melhoramentos urbanos que são
realizados nos serviços de abastecimento de esgoto e de água, nos
calçamentos, no alargamento de vias e destaca a construção de novos
edifícios. É neste período que a arquitetura busca refletir essa imagem de
“modernidade” urbana em suas fachadas, e, em muitos municípios brasileiros,
através do que hoje se chama de art déco.
Há ainda à ideia de que os “edifícios modernos embelezam os
municípios” e os edifícios de filiação déco são recorrentemente considerados
as “boas construções” ou os “edifícios mais importantes” ou ainda “os edifícios
mais modernos” do município. Estes edifícios são implantados em terrenos
estratégicos nas áreas centrais e nas principais avenidas dos municípios, o
que contribui com sua visibilidade e corrobora com a disseminação dos
elementos desta arquitetura pelos municípios brasileiros.

199

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A Enciclopédia mostra que os edifícios “mais modernos”, são colocados
em lugares que garantem mais visibilidade, para propagar à ideia de
“progresso” e “modernidade” para a população.
As edificações térreas e os sobrados art déco, de uso comercial e misto
são recorrentes nas principais artérias de diversos municípios brasileiros. É
comum a presença de edifícios associados ao estilo na “principal rua do
município” ou na “rua do comércio”, ou “na mais importante da cidade” ou “no
trecho comercial da principal artéria do município”, ou ainda “nas ruas mais
movimentadas do centro comercial”, ou seja, ruas com grande movimento e
circulação de pedestres e veículos.

Figura 173: Rua comercial e mercado Figura 174: Rua principal no município de
municipal no município de Fortaleza (CE). Campo Grande, 1952.

Fonte: IBGE (1964, v.04, p.314). Fonte: IBGE (1958, v.05, p.109).

Figura 175: Sobrados comerciais no Figura 176: Rua comercial no município de


município de Ponta Grossa (PR). Bagé (RS).

Fonte: IBGE (1960, v.11, p.173). Fonte: IBGE (1964, v.12, p.425).

200

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Ainda no contexto da expansão das cidades, além da preocupação com
a construção de edifícios “modernos”, aparecem as preocupações com o
“embelezamento”, que se dá através da construção de praças e jardins. É
possível observar que há uma estreita relação entre as edificações déco e os
espaços públicos dos municípios. Em algumas imagens é possível observar
que estes edifícios ocupam lugares que garantem visibilidade na malha
urbana, principalmente, em frente às principais Praças.

Figura 177: Palace Hotel e o Cine Theatro Rex, fundado em 1938, que ocupa lugar
estratégico em frente a Praça Manoel Bonito em Araguari (MG).

Fonte: IBGE (1958, v.24, p.95).

201

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 178: Cine Pax em Mossoró (RN), fundado em 1943, através de uma parceria de
empresários da cidade e prefeitura municipal, em frente a uma praça Rodolfo
Fernandes.

Fonte: IBGE (1960, v.17, p.100).

Figura 179: Município de Anápolis (GO), prédio da Prefeitura e Fórum que ocupam lugar
estratégico na malha urbana do município em frente a Praça Bom Jesus.

Fonte: IBGE (1958, v.36, p.31).

202

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 180: Município de Santa Cruz do Sul (RS), vendo-se o Colégio Marista Liceu São
Luiz que ocupa lugar estratégico na malha urbana do município em frente a Praça
Getúlio Vargas.

Fonte: IBGE (1959, v.34, p.117).

Figura 181: Exemplares “simplificados” em Goiânia (GO) localizados estrategicamente


ao redor da Praça Coronel Joaquim Lúcio

Fonte: IBGE (1958, v.36, p.180).


203

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 182: Sobrados com elementos déco na Praça Ruy Barbosa no município
de Castelo (ES).

Fonte: IBGE (1959, v.22, p.56).

A localização de exemplares art déco em lotes de esquina também


garantem maior visibilidade na malha urbana do município, com duas fachadas
à mostra, esses lotes são valorizados, pois, esta localização, deixa o edifício
mais exposto, aparecem os cantos, as marquises e os balcões arredondados.
Estes lotes são ocupados por edifícios públicos e de uso misto e
comercial, que valorizam a entrada (ou duas entradas) e a circulação de
pedestres e de veículos. A utilização de balcões e marquises em balanço,
muito presentes nos exemplares de esquina, tem também a função de
proteger as pessoas que circulam em frente às lojas, para que elas
permanecem mais tempo naquele espaço público, as calçadas.

204

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 183: Prefeitura do município de Figura 184:Assistência Municipal do
Tupaciguara (MG), localizada em lote município de Fortaleza (CE), de 1938,
de esquina. localizada em lote de esquina.

Fonte:Blogspot100. Fonte:Fortaleza Nobre101.

Seguindo o raciocínio proposto por Farias (2011) e Reis (2014), a


visibilidade pretendida pelo déco confere importância à localização do edifício
na malha urbana da cidade e é vista nesta pesquisa como um fator relevante
no processo de disseminação.

A arquitetura postal do DCT se constitui num importante


instrumento para dar visualidade à linguagem do art déco
mediante a estreita relação entre seu objeto, o edifício-tipo,
com a trama urbana, por encontrar-se implantado quase
sempre em terreno estratégico da área central (REIS, 2014,
p.12).

Figura 185: Agência dos Correios e Telégrafos no município de Senhor do Bonfim (BA).

Fonte: IBGE (1958, v.21, p.357).

100
Disponível em: <http://www.fortalezanobre.com.br/2010/07/instituto-dr-jose-
frota.html>.Acesso em: 15 mar. 2018.
101
Disponível em: <http://jornalfr.blogspot.com/2018/05/comarca-de-salinas-lanca-o-
programa.html>.Acesso em: 20 ago. 2018.
205

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 186: Agência dos Correios e Telégrafos no município de Mossoró (RN).

Fonte: IBGE (1960, v.17, p.101).

Figura 187: Rua Pedro II, vendo-se a Agência dos Correios e Telégrafos, em primeiro
plano, no município de Cipó (BA).

Fonte: IBGE (1958, v.20, p.168).

Ou seja, o “efeito demonstração”, que estes edifícios geram pode ser


ampliado em função da localização malha urbana do município, devido à maior
visibilidade do edifício.

206

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 188: Fórum do município de Figura 189: Localização na malha urbana que
Salinas (MG). garante visibilidade ao prédio do Fórum de
Salinas (MG).

Fonte: Jornal FR102. Fonte: IBGE (1959, v. 27, p.113).

6.2 A análise das diferenciações regionais

O governo Vargas preconizava à ideia de modernidade através de


identidade nacional e essa identidade tinha muitas caras:

A arquitetura art déco no Brasil até representava a


modernidade vigente, porém, sua capacidade de expressar um
caráter nacionalista era frágil ou inexistente, constituindo-se
assim no oposto do Neocolonial (MANZO, 2010, p.214).

Art déco era representada pela vertente aborígene marajoara,


guarani, tupi, tupinambá (ROITER, 2010).

A existência de um “estilo marajoara” é creditada a Edgar Vianna, que:

Ao conhecer o art déco teria identificando-se com a temática


decorativa adotando-a como variante deste estilo (REIS, 2013).

A vertente “marajoara” seria, de acordo com alguns autores, uma


especificidade do art déco produzido no Brasil. A influência indígena nesta
arquitetura seria restrita a três aspectos:

102
Disponível em: <http://divinohumberto.blogspot.com/>.Acesso em: 15 mar. 2018.
207

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Motivos geométricos e labirínticos inspirados naqueles da
cerâmica marajoara; altos e baixos-relevos e estatuária (mais
rara) representando o índio, a flora e a fauna amazônica; e
edifícios batizados com nomes indígenas (CONDE; ALMADA,1996,
p.15).

Entende-se que no Brasil, a chamada corrente “escalonada ou zig-zag”


teria mesclado elementos indígenas ou marajoaras ao déco, numa adequação
do estilo à busca de uma identidade nacional. Encontra-se muitas referências
a esta influência, contudo, a sua presença efetiva, se restringe a detalhes de
decoração ou serralheria e é registrado, em poucos exemplares no Rio de
Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e em rádio difusoras no interior de
Pernambuco. Ou seja, apesar do apelo nacionalista, pouco aparece na
disseminação desta arquitetura pelo país.

Figura 190: Exemplo de elemento de Figura 191: Exemplo de influência


influência marajoara na Rádio Difusora marajoara no pórtico do Edifício Itahy,
em Pesqueira (PE): relógio e índio. projeto de Pedro Correia de Araújo, no
Rio de Janeiro (1881-1955).

Fonte: Silva(2010). Fonte: Roiter (2010).

Lia Mônica Rossi103 nomeia de “Art déco Sertanejo” 104


a produção
estudada no agreste paraibano e, em publicação recente com José Marconi B.

103
Lia Mônica Rossi desenvolveu no final dos anos 1990 um Projeto de Revitalização do Centro
de Campina Grande, Programa Campina déco, em que analisava a importância do “Conjunto de
Art Déco" neste município. O Programa Campina déco objetivava a requalificação urbana numa
área de 17 ha do Centro da Cidade, “são aproximadamente 150 prédios construídos entre 1940 e
208

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


de Souza, lança o primeiro “Guia do art déco Sertanejo”, produzido através de
pesquisas nas cidades de Ingá, Pontina, Riachão do Bacamarte e Chã dos
Pereira, no sertão Nordestino.
A influência do art déco na arquitetura do sertão é marcada pelo uso de
platibandas com frontões “retangulares, em ponta e escalonados”, pelo uso de
elementos decorativos do tipo “leque”, frisos e “arranjos escalonados”, e pela
presença de pequenas esquadrias redondas, com uma espécie de “grelha de
ferro”, que também funciona como adorno.

Figura 192:Repertório déco aplicado nas edificações do sertão nordestino.

Fonte: Souza e Rossi (2018).

Ainda na busca de especificidades, em artigo escrito para o jornal O


Globo, a jornalista Suzete Aché (2008) conta que em um curso no Rio de
Janeiro por Marcio Roiter, surgiu um questionamento sobre a existência de um
“art déco carioca de raiz” fora da zona sul. A autora afirma que, a partir daí,
descobriu uma incrível arquitetura no subúrbio com influência do estilo, que
resultou no artigo, “Art déco de Raíz: descubra conosco o estilo art déco

1950, num conjunto de rara homogeneidade de estilo, e atualmente, com alta taxa de uso
comercial”, tais informações podem ser encontradas no site <www.art-deco- -sertanejo.com>
mantido pela pesquisadora.
“Mas, por que Sertanejo? Sertão, região geográfica nordestina, região afastada dos centros
104

urbanos, o interior de um pais ou região, distante, com pouca civilização. Como nós o vemos,
para além de suas definições geográficas, precisas ou não, Sertão é também um lugar poético.
Tanto pode expressar a imensidão solitária e descampada do semiárido, quanto um pedaço de
terra da memória afetiva, o meu sertão. São esses tantos Sertões do real e do imaginário que
nos inspiraram ao batizar de Sertanejo o art déco não consignado das fachadas populares
nordestinas” (ROSSI,2010).
209

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


carioca que resiste no subúrbio e pede socorro”, em que a autora afirma que a
maioria destas edificações foi:

Feita originalmente por ex-mestres de obras que participaram


da construção de prédios art déco na Zona Sul e no Centro, e
depois construíram suas próprias casas seguindo o estilo
(ACHE, 2008).

As características observadas no déco registrado no subúrbio do Rio de


Janeiro são: a presença de balcões em alvenaria, marquises, platibandas
ornamentadas geometrizados no coroamento dos edifícios, o uso do efeito
escalonado através da sobreposição de planos nas fachadas.

Figura 193: Repertório déco aplicado nas Figura 194: Repertório déco aplicado
edificações do subúrbio carioca. nas edificações do subúrbio carioca.

Fonte: Ache (2008). Fonte: Ache (2008).

Stela Barthel desenvolve a proposição de que existe uma produção


arquitetônica singular com especificidades próprias, vinculada ao art déco, que
foi realizada longe dos grandes centros do país + Rio de Janeiro e São Paulo +
e acredita que a sua classificação + mestiço e híbrido + abarcaria toda a
produção encontrada nas particularidades da adoção do estilo por todas as
classes sociais no Recife (BARTHEL, 2015, p.46).
A autora caracteriza uma arquitetura marcada por platibandas
escalonadas, ornamentos geometrizados, linhas horizontais e verticais,
guarda-corpos e grades em ferro, esquinas arredondadas e chanfradas e pelo

210

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


uso de elementos como balcões, frisos, relevos de fachada e marquises
(BARTHEL, 2015, p.44).

Figura 195: Balcão chanfrado Figura 196: Frisos horizontais e marquises no


no repertório déco no Recife repertório déco no Recife (PE).
(PE).

Fonte: Barthel (2015, p. 50).


Fonte: Barthel (2015, p. 50).

Figura 197: Platibanda ornamentada com ornatos geométricos e marquise no


repertório déco no Recife (PE).

Fonte: Barthel (2015, p. 54).


Figura 198: Platibanda escalonada, frisos e marquise no repertório déco no Recife (PE).

Fonte: Barthel (2015, p. 58).


`

211

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A pesquisa baseou-se no acervo ainda existente na cidade e entende-se
que a autora estudou e analisou com muito rigor a sua amostra, mas é
complicado apreender até que ponto há uma especificidade tão própria em
Recife, ou em cidades afastadas dos grandes centros nacionais, quando o
resultado formal e estético analisado é similar a outros exemplares
analisados. Basta comparar, por exemplo, essa produção com a realizada nas
periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo, ou em pequenos municípios do
interior, que, provavelmente, também aparecerão exemplares próximos ao
que a autora chama de “mestiços e híbridos”.
Conforme visto nos capítulos 02 e 03 a maior parte das pesquisas recentes
sobre o déco no país opta por um olhar específico sobre a produção em um
município ou região do país, este fato provavelmente explique a busca por
especificidades que diferenciem a produção analisada, contudo, os estudos de
caso não apresentam uma identidade arquitetônica particular para que se
possa entender tal produção como uma linguagem local.
Analisando os exemplares selecionados por esta pesquisa, observa-se que
mesmo nas reproduções mais simples, mantém-se um “código formal do art
déco” nacional com a presença dos elementos analisados no quarto capítulo
desta tese: o escalonamento, usado na quase totalidade dos casos, a
platibanda, que aparece arrematando o topo das edificações com uso de
escalonamentos e elementos geometrizados, frisos e ornamentos
geometrizados e o emprego de balcões, marquises, terraços e relevos de
fachada.
Os dados coletados e analisados fundamentam o entendimento de que
os elementos que compõem esta produção indicam que a disseminação desta
arquitetura segue recursos similares em todo o país. Ou seja, a base teórica
das pesquisas recentes e a produção construída no país dão indícios de que as
manifestações locais reproduzem as características nacionais do repertório
déco.

212

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Para “dar voz” a esta produção muitos autores procuraram por
especificidades e diferenciações regionais. No contexto desta pesquisa, no
entanto, entende-se que as fontes de pesquisa mostram um diálogo entre os
edifícios construídos e uma coesão do processo de disseminação desta
arquitetura pelo país.

6.3 O mínimo recurso torna a produção similar em todo o país

No segundo quartel do século XX, os arquitetos, engenheiros e mestres


de obra buscavam novas concepções, com o uso de materiais industrializados
e técnicas construtivas modernas. No tocante ao art déco produzido no Brasil,
é recorrente, na Enciclopédia, a menção aos “mais modernos requisitos
técnicos” usados na construção destes edifícios.
A versão da historiografia recente vincula esta produção ao uso da
técnica do revestimento de “pó de pedra” nas fachadas dos seus edifícios, nas
cidades de Recife105, Belo Horizonte106, Juíz de Fora107, Goiânia108, Rio de
Janeiro109 e São Paulo110.
Segawa faz alusão ao acabamento ao descrever a fachada do Edifício
Columbus:
algumas aplicações de gosto déco no térreo: (...) paredes lisas
revestidas com argamassa de cimento branco, cal, areia, grãos
de mármore, granito, quartzo e mica (acabamento largamente
empregado na época) (SEGAWA,1999, p.65)

Assim, nestes exemplares, as “técnicas modernas” parecem estar


associadas no uso de revestimento em cimento largamente utilizado na época,
aplicado com diferentes técnicas.

105
BARTHEL (2015).
106
NASCIMENTO (2008).
107
DUARTE (2013).
108
MUNDURUCA (2013).
109
REIS (2014).
110
CUNHA (2016).
213

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Não se trata apenas de um revestimento, mas de uma
categoria que abarca diversos subtipos, com vasta gama de
texturas e cores, além de variados graus de cintilação + cada
qual assemelhando-se a determinado tipo de pedra, seja
granito, gnaisse, arenito ou mármore travertino. Este grupo de
revestimentos é conhecido popularmente por inúmeras
lacunas, consideravelmente genéricas, a saber: argamassa
raspada, massa lavada, cimento penteado, argamassa de pó de
pedra, cirex, etc. Esta denominações estão vinculadas aos
subtipos específicos, considerando-se os tratamentos finais a
que são submetidas as argamassas(CUNHA, 2016, p.16-17).

Fernanda Cunha, que estuda a aplicação da técnica nos edifícios de São


Paulo, denomina de “pedra fingida”, o revestimento desenvolido a partir do
advento do Cimento Portland111, que subistituiu a cal como ligante principal das
antigas pedras artificiais popularmente empregadas nas construçoes
europédias desde o Renascimento.

O novo revestimento alastrou-se rapidamente no Brasil (...)


atingindo seu apogeu entre os anos 1920 e 1940, quando, não
raro, era aplicado em edifícios de viés art déco em diversas
capitais do país (CUNHA, 2016, p.15).

Contudo, as dimensões materiais e técnicas do processo de


disseminação desta produção pelo país registram que nas reproduções
localizadas nas pequenas cidades do interior e nos bairros periféricos das
grandes cidades era usada a técnica de alvenaria de tijolo, ou até de adobe ou
taipa com fachada principal em alvenaria112, pintura à base de cal e pigmento
xadrez. O reboco externo era trabalhado com detalhes ornamentais
geometrizados e frisos decorativos.
Nesses exemplares, é possível observar a apropriação dos elementos
do repertório decó por parte de um não profissional devido aos elementos de

“Material em pó fabricado industrialmente resultante da calcinação de mistura


111

convenientemente proporcionada de material calcário argiloso (...) Constitui um aglomerante,


capaz de aglutinar elementos entre si”(ALBERNAZ; LIMA, 1998, p.152).
Tal situação foi observada em uma planta baixa da uma residência, construída em 1933, em
112

um bairro periférico na cidade de João Pessoa: “Projeto de uma casa de taipa, com frente de
alvenaria”(FARIAS, 2011) .
214

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


fácil assimilação e a possibilidade de redução dos custos da construção, com
materiais e técnicas acessíveis ao construtor comum.

Nesta época, a estética déco foi adotada, sem restrições, por


todas as camadas sociais, em função da novidade da sua
proposta, de uma volumetria pura com discreta ornamentação
parietal, invariavelmente geométrica ou estilizada. O seu
sucesso entre as classes média e baixa pode ser explicado
também pelo baixo custo da construção, resultante da
simplificação formal e decorativa e de uso de um grande
número de materiais padronizados produzidos industrialmente,
como esquadrias, caixilhos, ferragens, ornamentos de gesso e
cimentos e etc. (ALAMBERT, 2003, p.78).

O caminho da produção déco no Brasil é o de um acesso à


modernização através do barateamento dos custos e simplificação das
técnicas, através da simplificação dos ornatos e racionalização da construção
e há espaço para criações, especialmente no que concerne a adaptações de
materiais e técnicas na redução dos custos da construção.
Nestes casos, é possível admitir a hipótese de que os mestres de obras
e pedreiros agiam por “imitação”, ou seja, após observarem os novos edifícios
construídos (Prefeituras, Correios, Cinemas e Clubes) no próprio município ou
em municípios maiores, tentavam reproduzir em suas obras os frisos, ornatos
ou o coroamento geometrizado. Não é possível precisar se estes profissionais
agiam por iniciativa própria ou a pedido do proprietário.

215

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 199:Sobrados déco no Figura 200: Sobrados no Figura 201: Sobrado
município de Pirenópolis (GO). município João Pessoa (PB). déco no município
de Vitória (ES).

Fonte: Cidade de Pirinópolis113. Foto: Farias (2011, p.92). Fonte:Prefeitura de


Vitória114.

Figura 202 :Sobrado Figura 203: Sobrado Figura 204: Sobrados no município
déco no município do déco no município de de Tubarão (SC).
Rio de Janeiro (RJ). João Pessoa (PB).

Fonte:IBGE (1958, Foto: Farias (2011,p.99). Fonte: IBGE (1959,v.32, p.382).


v.06,p.387).

Disponível em:< http://cidadedepirenopolis.blogspot.com/2010/09/>. Acesso em: 23 jan.2017.


113

114
Disponível em:< http://www.vitoria.es.gov.br/noticia/casa-tutti-vira-novo-espaco-cultural-
no-centro-de-vitoria-25107>. Acesso em: 28 jan.2017.
216

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Figura 205: Sobrados déco de uso misto no Figura 206: Sobrados déco de uso misto
município do Rio de Janeiro (RJ). no município de Juiz de Fora (MG).

Fonte: Pinterest115.
Fonte: Instituto art déco do Brasil 116.
Figura 207: Projeto de Figura 208: Projeto de Figura 209: Projeto de
residência com residência como elementos residência com
elementos déco em Belo déco em João Pessoa (PB), de elementos déco em
Horizonte (MG). 1936. Florianópolis (SC), de
1935.

Fonte: Borsagli (2016). Fonte: Farias (2011, p.126). Fonte: SUSP apud
VIANA, 2008.

Figura 210: Residência Figura 211: Residência com Figura 212: Residências
com elementos déco no elementos déco em Ingá (PB) com elementos déco
interior de Pernambuco. em Jaguarão (RS)

Foto: Barthel (2015, p.135). Foto: Mariani (1985, p.89). Fonte:Blogspot117.

115
Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/265642077993299404/>.Acesso em: 28 jul.2017.
116
Disponível em: <http://cidadedepirenopolis.blogspot.com/2010/09/>. Acesso em: 15 ago.
2018.
117
Disponível em: <http://dzeit.blogspot.com/2011/09/>. Acesso em:28 jul.2018.
217

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Ou seja, apesar da aplicação de uma técnica simples, até “rudimentar”,
as referências estéticas ao déco se mantém, com a presença de detalhes
geometrizados. Os exemplares analisados por esta pesquisa dão indícios de
que, o fato de muitos exemplares seguirem, por força das normativas, padrões
dos centros antigos preservados, como a implantação ainda nos limites do lote
(mantém a malha urbana tradicional), a presença do ornamento e o uso de
técnicas simples de construção podem ter colaborado para a disseminação
deste modernismo pelo país.
A ampla disseminação do art déco no Brasil, durante o segundo quartel
do século XX, pode ser explicada pela ideia de modernidade e progresso,
esteticamente explícita, que este estilo representava e, também, por motivos
técnicos e econômicos, através da reprodução de técnicas simples, da
geometrização do ornamento e da redução dos custos na construção.

***
A produção art déco no Brasil representou um fenômeno absorvido por
todas as camadas da população. Mesmo as faixas sociais menos favorecidas
que trabalhavam nas construções, mas que não vivenciavam aqueles novos
edifícios e espaços percebiam que uma nova estética estava nascendo e que
aquela imagem era um símbolo de modernização do país e de sua sociedade.
A análise dos dados que compõem essa pesquisa mostram que, no
contexto brasileiro, esta arquitetura se associa aos edifícios públicos, aos
“novos programas” e a edifícios de alguma altura, que, localizados em terrenos
estratégicos, funcionam como “edifícios referências” para a população e
motivam a (re) produção de exemplares “simplificados” para os menos
abastados, através do uso de materiais cotidianos e técnicas construtivas
simples.
Ou seja, apesar de não haver registro de documentos ou manifestos que
unifiquem a produção déco, os profissionais ou trabalhadores leigos utilizavam
soluções escalonadas, platibandas decoradas com motivos geométricos e

218

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


elementos adicionais como balcões, marquises, frisos, entre outros, de forma
semelhante em todo o país.
Os agentes de disseminação do estilo foram o Estado, nos âmbitos do
Governo Federal, Estadual e Municipal, e a iniciativa privada, através do
estímulo à construção dos edifícios déco associados aos novos programas.
Contudo, o terceiro e, talvez, o mais importante agente de disseminação tenha
sido a população, cuja intenção era a de expressar, através da arquitetura,
valores e desejos de modernidade, tais como, racionalizar e geometrizar e, de
certa forma, adequar-se aos “tempos modernos” com a reprodução de
elementos decorativos de fácil assimilação que se associam ao estilo.

Considerações finais

No segundo quartel do século XX, a arquitetura brasileira está


comprometida com o projeto de desenvolvimento nacional de Getúlio Vargas
que, com a abertura de rodovias, ferrovias e o desenvolvimento dos meios de
comunicação, permitem a circulação nacional de informações, materiais e
técnicas construtivas que buscam a modernidade na arquitetura. O projeto
desenvolvimentista incluiu a preocupação com a construção de um país
“Moderno” ou, ao menos, de uma “imagem Moderna”.
O país vive um período de incremento populacional e expansão urbana,
um momento em que a população começa a compreender que o Brasil passa
por mudanças devido às agitações do mundo moderno. A produção
arquitetônica art déco no Brasil, que se insere neste contexto, é extensa e
alcança todas as regiões do país e todas as classes econômicas, resultando
em um grande acervo construído no estilo, conforme identificado na pesquisa.
Os dados levantados mostram que o art déco marcou o cenário
arquitetônico das cidades brasileiras tendo presença significativa na malha
urbana dos municípios brasileiros entre as décadas de 1930 e 1940, e
219

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


tardiamente até os anos 1950, e que esta arquitetura, foi uma das expressões
de modernidade no Brasil.
A seleção das fontes documentais centradas em distintas narrativas +
livros sobre a história da arquitetura moderna brasileira, livros, teses,
dissertações e artigos sobre a produção déco no país e Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros + buscava entender a aparente contradição entre seu
“esquecimento” pela versão hegemônica da história da arquitetura moderna
até finais do século XX e a constatação de que a arquitetura art déco se
disseminou pelo país através dos registros construídos da Enciclopédia e das
pesquisas que se tornaram férteis a partir do século XXI.
As narrativas analisadas por esta pesquisa evidenciam tal contradição. Por
um lado, a versão da historiografia canônica considera, em publicações entre
os anos 1940 a 1970, somente a produção da arquitetura moderna brasileira
reconhecida internacionalmente, destacando as obras importantes e os
arquitetos protagonistas, a imagem difundida pelo mundo, por outro lado, a
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, elaborada por profissionais de
diferentes áreas (notadamente geógrafos) e de caráter interdisciplinar, entre
os anos 1957 e 1964, aborda com certa cautela a chamada “arquitetura
moderna”, registrando e dando voz a distintas modernidades, inclusive a
modernidade déco.

Figura 213: Linha do tempo com contraposição do registro da arquitetura déco nas
fontes de pesquisa

Fonte: a autor

220

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Não são muitos os exemplares da produção moderna de reconhecimento
internacional registrados nas páginas da publicação e os edifícios que trazem
“certos aspectos modernos de beleza arquitetônica” e que “fazem com que as
cidades ofereçam boa impressão a quem as visitam” se referem, na maioria
dos municípios, a exemplares déco.
Tanto que, as “modernas construções das cidades” exemplificadas na
Enciclopédia são, recorrentemente, as Prefeituras Municipais, os Grupos
Escolares, as Agências dos Correios e Telégrafos e os Cinemas, programas
que se associam ao art déco em todo o país.
Portanto, é possível constatar que, em uma publicação cujo foco não é
arquitetura, o entendimento do que era “moderno” nos anos 1950,
especialmente no âmbito dos pequenos municípios do interior, está, na maioria
das vezes, associado ao art déco. O número de tomadas fotográficas destes
edifícios + quase 2.000 + reforça este entendimento.
À ideia de uma “modernidade sem ruptura”, que se propunha a ser
inovadora sem quebrar com algumas práticas tradicionais, menos “radical”
que a arquitetura moderna, ajuda a explicar o desprestígio déco perante a
historiografia canônica. Também explicaria o sucesso entre uma parcela mais
conservadora da população, do Estado e, possivelmente, entre os
organizadores da Enciclopédia, o que provavelmente garantiu sua aceitação e
disseminação pelo país e seu prestígio nas páginas de uma publicação de
caráter, ao mesmo tempo, técnico e político, organizada por uma agência
federal.
Assim, a modernização conservadora associada à ideia de um “gosto
palatável” na produção déco construída no Brasil, representaria uma
assimilação mais “branda” do modernismo no país.
A linha de raciocínio desenvolvida no decorrer desta tese leva à conclusão
de que os “importantes edifícios” citados tornam-se “instrumentos” ou agentes
de disseminação da estética déco pelo país por serem os primeiros “modernos

221

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


edifícios” instalados em muitos municípios brasileiros, responsáveis por
introduzir este estilo.
Assim, estes edifícios, estrategicamente localizados em terrenos que
garantem maior visibilidade, são fundamentais para disseminar esta produção
pelo país, especialmente nos pequenos municípios do interior, onde os
pedreiros ou leigos, que, provavelmente, não teriam acesso às revistas e
publicações da época, poderiam visualizar e reproduzir o “modelo” em
elementos de fachada que remetiam à “modernidade” em reformas ou em
novas edificações.
A identificação dos exemplares nesta pesquisa mostra que o déco
produzido no Brasil desenvolveu-se, inicialmente, de forma “erudita”,
projetado por profissionais que buscavam a racionalização do projeto, muitas
vezes através de uma arquitetura padronizada (através do estabelecimento de
tipos arquitetônicos), como no caso dos exemplares dos Correios e Telégrafos,
de acordo com o plano do Governo Vargas que buscava a racionalização e
centralização dos serviços públicos.
Ou seja, o art déco foi utilizado, inicialmente, para atender as
necessidades e expectativas do Estado e também das classes abastadas, mas
foi disseminado pela classe média baixa, através de elementos de fácil
reprodução e execução, em edificações térreas residenciais e em sobrados de
uso misto e comercial que reproduzem o uso de formas geométricas e de
elementos característicos desta produção.
A fácil apreensão e reprodução dos elementos e das técnicas
construtivas utilizadas na produção déco foi fundamental na disseminação do
estilo, construído em massa no país, das periferias das grandes cidades aos
longínquos municípios do interior.
A Enciclopédia dos Municípios brasileiros e as pesquisas sobre o tema,
usadas como fontes de pesquisa, possibilitaram este entendimento a partir do
acesso a diferentes visões de um panorama nacional dessa produção.

222

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


A produção art déco analisada nesta tese permitiu a identificação da busca
por uma arquitetura que representasse a “modernidade” e uma “nação
moderna”, através da reprodução de elementos desse repertório, de fácil
assimilação, por parte de um não profissional, uma forma de “ser moderno”
que se dissemina de maneira similar por todo país. Conforme mostram os
exemplares apresentados tanto nas pesquisas, quanto na Enciclopédia, as
edificações possuem praticamente as mesmas características de repertório
com base na simplicidade das linhas e dos planos da construção.
Assim, os exemplares identificados permitem afirmar que, independente do
porte dos municípios, o processo de disseminação da arquitetura Déco é
similar em todos os casos.
Pode-se concluir que o art déco produzido no Brasil foi uma arquitetura
que marcou os municípios brasileiros no segundo quarto do século XX e,
conforme visto nessa pesquisa, suas características são identificáveis em
diversas edificações construídas no país.
A dimensão do alcance desta produção foi demonstrada nesta tese e
ratifica o lugar de promoção de uma modernidade assimilada pela “pessoa
comum”.

223

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


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231

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


APÊNDICE A + Tabela com identificação dos agentes de disseminação nas
pesquisas sobre o tema

Tipo de Autor / Instituição Título Fontes de disseminação identificadas nas


pesquisa / Ano pesquisas
1 Hugo Segawa. São Arquiteturas no 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Historiografi Paulo: Ed. Da Brasil 1900- 1.Efeito demonstração + Novos
a recente Universidade de 1990 programas
São Paulo, 1998. 1. Efeito demonstração - Edifícios altos
Livro. 2. Apropriação popular dos elementos de
repertório por parte de um não
profissional ou construtor comum
3.Redução nos custos da construção
4. Divulgação - veículos de comunicação
5.Difusão por Irradiação + a Influência
internacional e das grandes cidades
7.Os profissionais imigrados e os
“engenheiros-arquitetos-protagonistas”
8. A manutenção do ornamento
2 Luís Paulo Conde Guia da 2. Apropriação popular dos elementos de
Historiografi e Mauro Almada. arquitetura Art repertório por parte de um não
a recente Casa da palavra, Déco no Rio de profissional ou construtor comum
Rio de Janeiro; 1ª Janeiro 7.Os profissionais imigrados e os
edição, 1996. Livro. “engenheiros-arquitetos-protagonistas”
3 Vitor José Baptista O Art Déco na 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Historiografi Campos. FAU- Arquitetura 4. Divulgação - veículos de comunicação
a recente USP,1996. Paulistana. 5.Difusão por Irradiação + a Influência
Dissertação de Uma outra face internacional e das grandes cidades
mestrado. do Moderno.
1 Márcio Alves Rio de Janeiro 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Roiter. Casa da Art Déco 2. Apropriação popular dos elementos de
recentes - Palavra, 2011. Rio repertório por parte de um não
livros de Janeiro, RJ. profissional ou construtor comum
Livro. 7.Os profissionais imigrados e os
“engenheiros-arquitetos-protagonistas”
2 Wolney Unes. Identidade Art 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Instituto Casa Déco de 2. Apropriação popular dos elementos de
recentes - Brasil de Cultura; Goiânia repertório por parte de um não
livros Goiânia; 1ª edição, profissional ou construtor comum
2001. Livro 7.Os profissionais imigrados e os
“engenheiros-arquitetos-protagonistas”
3 Silma M. Berti, Raffaello Berti 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas 2000. Livro - Arquiteto 7.Os profissionais imigrados e os
recentes - “engenheiros-arquitetos-protagonistas
livros
4 Alessandro Turbulenta 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Borsagli, 2016. Modernidade,
recentes - Livro Art Déco em
livros Belo Horizonte
5 Antônio Carlos Arquitetura Art 2. Apropriação popular dos elementos de
Pesquisas Duarte, 2013. Livro Déco em Juiz repertório por parte de um não
recentes - de Fora profissional
livros 4. Divulgação - veículos de comunicação
232

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


6 Anna Mariani, Pinturas e 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas 1987.Livro. Platibandas 2. Apropriação popular dos elementos de
recentes - repertório por parte de um não
livros profissional ou construtor comum
7 Vitor José Baptista O Art Déco e a 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Campos. FAU- Construção do 2. Apropriação popular dos elementos de
recentes + USP,2003. Tese de Imaginário repertório por parte de um não
teses de doutorado. Moderno: um profissional
doutorado estudo de 8. A manutenção do ornamento
linguagem
arquitetônica.
8 Márcio Vinícius O art déco na 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Reis. FAU-USP, obra Getuliana 1. Efeitos demonstração + Novos
recentes - 2014. Tese de + moderno programas
teses de Doutorado antes do 2. Apropriação popular dos elementos de
doutorado modernismo. repertório por parte de um não
profissional
3.Redução nos custos da construção
4. Divulgação - veículos de comunicação
5.Difusão por Irradiação + a Influência
internacional e das grandes cidades
8. A manutenção do ornamento
9 Stela Gláucia Vestígios do Art 1. Efeitos demonstração + Novos
Pesquisas Alves Barthel. Déco na cidade programas
recentes - PPGArqueologia/U do Recife (1919- 2. Apropriação popular dos elementos de
teses de FPE, 2015. Tese de 1961): repertório por parte de um não
doutorado doutorado. abordagem profissional ou construtor comum
arqueológica 4. Divulgação - veículos de comunicação
de um estilo 6. Legislação Urbanística
arquitetônico. 7.Os profissionais imigrados e os
“engenheiros-arquitetos-protagonistas”
10 Lígia Maria Princípios 1. Efeitos demonstração + edifícios
Pesquisas Larcher Galeffi. compositivos públicos
recentes + PPG-AU/FAUFBA, nas linguagens 2. Apropriação popular dos elementos de
dissertaçõe 2003. Dissertação arquitetônicas repertório por parte de um não
s de de mestrado. Déco desde a profissional ou construtor comum
mestrado leitura de 4. Divulgação - veículos de comunicação
algumas obras
do acervo
metropolitano.
11 Marília Santana Quarteirão 1. Efeitos demonstração + edifícios
Pesquisas Borges. sucesso da públicos
recentes + FAUUSP,2006. cidade: o Art 1. Efeito demonstração + Novos
dissertaçõe Dissertação de Déco e as programas
s de mestrado. transformaçõe 1. Efeito demonstração - Edifícios altos
mestrado s 2. Apropriação popular dos elementos de
arquitetônicas repertório por parte de um não
na Fortaleza de profissional ou construtor comum
1930-1940 3.Redução nos custos da construção
4. Divulgação - veículos de comunicação
5.Difusão por Irradiação + a Influência
internacional e das grandes cidades
6. Legislação Urbanística
7.Os profissionais imigrados e os
233

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


“engenheiros-arquitetos-protagonistas”

12 Aline Fortes Art Deco no Sul 1. Efeitos demonstração + edifícios


Pesquisas Figueiró. UNB, do Brasil, o públicos
recentes + 2007. Dissertação caso da 1. Efeito demonstração - Edifícios altos
dissertaçõe de mestrado. Avenida 2. Apropriação popular dos elementos de
s de Farrapos repertório por parte de um não
mestrado profissional ou construtor comum
3.Redução nos custos da construção
4. Divulgação - veículos de comunicação
5.Difusão por Irradiação + a Influência
internacional e das grandes cidades
6. Legislação Urbanística
13 Alice de Oliveira A persistência 1. Efeitos demonstração + edifícios
Pesquisas Viana. UDESC, dos rastros: públicos
recentes + 2008. Dissertação manifestações 4. Divulgação - veículos de comunicação
dissertaçõe e mestrado. do Art Déco na 6. Legislação Urbanística
s de arquitetura de 7.Os profissionais imigrados e os
mestrado Florianópolis “engenheiros-arquitetos-protagonistas”
14 Fernanda de Cidade em 1. Efeitos demonstração + edifícios
Pesquisas Castro Farias. expansão, públicos
recentes + UFPB, 2011. arquitetura em 1. Efeito demonstração + Novos
dissertaçõe Dissertação de transformação: programas
s de mestrado. o Art Déco na 2. Apropriação popular dos elementos de
mestrado João Pessoa de repertório por parte de um não
1932 + 1955 profissional ou construtor comum
6. Legislação Urbanística
7.Os profissionais imigrados e os
“engenheiros-arquitetos-protagonistas”
15 Sabrina Carnin As edificações 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Salvador. UFSC, Art Déco na 1. Efeito demonstração + Novos
recentes + 2012. Dissertação paisagem programas
dissertaçõe e mestrado. urbana: um 1. Efeito demonstração - Edifícios altos
s de estudo de caso 2. Apropriação popular dos elementos de
mestrado em Criciúma + repertório por parte de um não
SC. profissional ou construtor comum
3.Redução nos custos da construção

16 Marcelle Dela Valorização e 1. Efeito demonstração + Edifícios


Pesquisas Flora Cortes. Identificação de públicos
recentes + Dissertação de Padronagens 1. Efeito demonstração - Novos
dissertaçõe mestrado.UFSM- de ladrilhos programas
s de RS, 2015. hidráulicos de 2. Apropriação popular dos elementos de
mestrado 1920 a 1940, repertório por parte de um não
período Art profissional ou construtor comum
Déco 3.Redução nos custos da construção
brasileiros,
presentes em
prédios e casas
do centro
histórico de
234

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Santa Maria/RS

17 Giovanni Bianco Redescobrindo 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos


Pesquisas Blanco; Cândido o Art Déco e o 1..Efeito demonstração + Novos
recentes + Malta Campos racionalismo programas
artigos Neto. 2003. clássico na 2. Apropriação popular dos elementos de
arquitetura repertório por parte de um não
belenense profissional ou construtor comum
3.Redução nos custos da construção
4. Divulgação - veículos de comunicação
5.Difusão por Irradiação + a Influência
internacional e das grandes cidades
8.A manutenção do ornamento
18 Marcus Vinicius Art Déco em 1.Efeito demonstração + Novos
Pesquisas Queiroz. 2010. Campina programas
recentes + Grande (PB): 3.Redução nos custos da construção
artigos valorização, 4. Divulgação - veículos de comunicação
patrimonializaç 6. Legislação Urbanística
ão e
esquecimento.
19 Lia Monica Art Déco 2. Apropriação popular dos elementos de
Pesquisas Rossi.2010. Sertanejo e repertório por parte de um não
recentes + uma profissional ou construtor comum
artigos revitalização
possível:
programa
Campina
Grande Déco
20 Aline de Figueirôa Comunicação, 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Silva; et al. 2010. diversão e 1. Efeito demonstração + Novos
recentes + oração: programas
artigos Documentação 5.Difusão por Irradiação + a Influência
e conservação internacional e das grandes cidades
do acervo Art 4. Divulgação - veículos de comunicação
Déco no
interior de
Pernambuco
21 Rodrigo Miranda O Racionalismo 5.Difusão por Irradiação + a Influência
Pesquisas Feitosa e Grete Europeu: Art internacional e das grandes cidades
recentes + Soares Pflueger. Déco e 6. Legislação Urbanística
artigos Ecletismo, na
construção da
Avenida
Magalhães de
Almeida
22 Marcelo Saldanha A Modernidade 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Sutil. 2010. esquecida: o 1. Efeito demonstração + Novos
recentes + Art Déco em programas
artigos Curitiba. 1. Efeito demonstração - Edifícios altos
2. Apropriação popular dos elementos de
repertório por parte de um não
profissional ou construtor comum
235

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


3.Redução nos custos da construção
6. Legislação Urbanística
23 Carlos Cesar A estética Art 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas Menezes Maciel Déco e a 1.Efeito demonstração + Novos
recentes + Filho e Rogério arquitetura programas
artigos Freire Graças estatal na era 4. Divulgação - veículos de comunicação
Vargas em 6. Legislação Urbanística
Aracaju
24 Thaís Leão Vieira. Edifício Teatral 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos
Pesquisas 2013. e Os Sentidos 4. Divulgação - veículos de comunicação
recentes + do Art Déco 5.Difusão por Irradiação + a Influência
artigos Como Discurso internacional e das grandes cidades
de Progresso
no Estado Novo
em Mato
Grosso
25 Ângelo Arruda. Frederico 5.Difusão por Irradiação + a Influência
Pesquisas 2016. Urlass, o internacional e das grandes cidades
recentes + primeiro 7.Os profissionais imigrados e os
artigos arquiteto em “engenheiros-arquitetos-protagonistas”
Mato Grosso do
Sul e o seu
legado
26 Rosane Waltrick A Presença do 1.Efeito demonstração + edifícios públicos
Pesquisas Reis. 2013. Estilo Art Déco 1.Efeito demonstração + Novos
recentes + no Município de programas
artigos Lages 2. Apropriação popular dos elementos de
repertório por parte de um não
profissional ou construtor comum
3.Redução nos custos da construção

27 Telma de Barros Art déco e 1.Efeito demonstração - Edifícios públicos


Pesquisas Correia. 2008. indústria + 1.Efeito demonstração + Novos
recentes + Brasil, décadas programas
artigos de 1930 e 1940 1. Efeito demonstração - Edifícios altos
2. Apropriação popular dos elementos de
repertório por parte de um não
profissional ou construtor comum
3.Redução nos custos da construção
4. Divulgação - veículos de comunicação
6. Legislação Urbanística

236

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


APÊNDICE B + Quadro de exemplares déco identificados na Enciclopédia dos
Municípios Brasileiros

Município Número de Descrição dos exemplares


exemplares
Déco

Município de Rio Branco + AC 10 Departamento de Saúde Pública, Instituto


Getúlio Vargas, Edificação térrea (Bar
Municipal), Estação do Aeroporto Santos
Dumont, Inspetoria Regional de
Estatística, Hotel Chuí, Usina Central
Elétrica, Cine Teatro Recreio, Delegacia de
Polícia e Delegacia Auxiliar de Polícia.
Município de Tarauacá + AC 1 Agência do banco de crédito da Amazônia
Município de Xapuri - AC 1 Sobrado Belchior e Costa Ltda
Município de Porto Velho + RO 5 Estrado de Ferro Madeira-Mamoré,
Edificação residencial do Sr. Bernardo
Simião, Cine-Teatro llesky, Hospital São
José e Correios e Telégrafos
Município de Guarajá Mirim + RO 3 Cassino Militar, Associação Comercial e
Sobrado na Av. Presidente Dutra
Município de Boca do Acre - AM 1 Prefeitura Municipal
Município de Carauari + AM 3 Prefeitura Municipal, Delegacia de Polícia
e Cadeia Pública
Município de Humaitá + AM 3 Hospital Humaitá, Grupo Escolar e
Patronato Maria Auxiliadora
Município de Manacaparu + AM 2 Prefeitura Municipal e Coletoria Estadual
e Correios E Telégrafos
Município de Manaus + AM 3 Departamento de Saúde Pública, Instituto
de Educação e Associação comercial
Município de Manicoré - AM 3 Residência dos Prefeitos, Grupo Escolar
Mendes Filho e Educandário Nossa
Senhora das Graças
Município de Parintins + AM 1 Prensagem da "Juta"
Município de Tefé + AM 3 Edificações térreas nas vistas parciais da
cidade
Município de Afuá - PA 1 Mercado Municipal
Município de Belém + PA 1 Correios e Telégrafos
Município de Brangança + PA 1 Correios e Telégrafos
Município de Capanema + PA 5 Delegacia de Polícia, Prefeitura Municipal,
Grupo escolar, Coreto - Pavilhão e
Sobrado da Firma Salim & Abud
Município de Castanhal + PA 2 Prefeitura Municipal e Estação da E. F.
Bragança
Município de Chaves +PA 1 Prefeitura Municipal
Município de João Coelho + PA 1 Cinema
Município de Marabá + PA 2 Palacete do Governo e edificações térreas
comerciais
237

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Monte Alegre + PA 1 Mercado Público
Município de Nova Timboteua - PA 1 Usina São Germano
Município de Óbidios - PA 1 Sobrado na Rua Marechal Deodoro
Município de Oriximiná + PA 1 Grupo Escolar
Município de Salinópolis+ PA 1 Usina da Luz
Município de Vizeu + PA 1 Usina da elétrica
Município Alto do Parnaíba + MA 2 Mercado Público Municipal e edificação
térrea de uso misto
Município de Anajatuba - MA 1 Cadeia Pública
Município de Bacabal+ MA 2 Prefeitura Municipal e Usina Elétrica
Municipal
Município de Bequimão + MA 1 Mercado Público
Município de Brejo + MA 1 Prefeitura Municipal
Município de Cajapió + MA 1 Prefeitura Municipal
Município de Carolina - MA 2 Ginásio do Sertão Maranhense e
edificações térreas
Município de Carutapera - MA 2 Sobrado Afonso Aranha e Teatro São
José, servindo atualmente de Igreja
Município de Caxias + MA 7 Edificação térrea residencial, Edificação
térrea comercial, Armazém Caxias -
esquina, Palácio do Comércio, onde
funciona a Agência Municipal de
Estatística, Banco do Brasil, edifição
térrea comercial na Rua Afonso Cunha e
edifição térrea comercial na Vista parcial
da Rua Afonso Pena
Município de Codó + MA 2 Mercado Municipal e Agência dos
Correios e Telégrafos
Município de Coroatá + MA 2 Agência do Banco da Amazônia - lote de
esquina e edificação térrea comercial na
Rua Senador Benedito Leite
Município de Dom Pedro - MA 2 Prefeitura Municipal e Agência Municipal
de Estatística
Município de Grajaú + MA 1 Ginásio Gomes de Souza - lote de esquina
Município de Lago da Pedra + MA 1 Prefeitura Municipal
Município de Matinha - MA 1 Cadeia Pública
Município de Mirador + MA 1 Prefeitura Municipal
Município de Monção - MA 1 Prefeitura Municipal
Município de Parnarama + MA 1 Prefeitura Municipal - solto no lote
Município de Passagem Franca + MA 2 Mercado Municipal e União Artística
Operária Agrícola Passagense - com
terraço
Município de Pedreiras + MA 2 Cine Pedreiras e Palácio do Comércio
Município de Penalva - MA 1 Prefeitura Municipal
Município de Pindaré-Mirim - MA 1 Porto Municipal
Município de Pinheiro - MA 3 Patronato São Tarcísio, Prédio do jornal
Cidade de Pinheiro e Grupo Escolar
Odorico Mendes
Município de Santa Quitéria do 2 Grupo Escolor Heitor Pedroso e Mercado
238

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Maranhão - MA Público
Município de São Bento + MA 1 Prédio da Agência dos Correios e
Telégrafos
Município de Timbiras + MA 2 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar
Município de Tuntum - MA 1 Edificação térrea Comercial
Município de Tutóia + MA 1 Prefeitura Municipal
Município de Vargem Grande + MA 1 Mercado Público
Município de Viana - MA 1 Usina Elétrica Municipal
Município de Vitorino Freire - MA 2 Prefeitura Municipal e edificação
comercial na Praça da Matriz
Município de Água Branca + PI 2 Edificação comercial térrea e Capela de
Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro
Município de Barras + PI 7 Edificação térrea, Prefeitura Municipal e
Agência Municipal de Estatística, Centro
Operário São José, Cinema municipal,
Mercado Público e Usina Elétrica
Leônidas Melo e Posto de Higiene Dr.
Mário Carvalho
Município de Campo Maior + PI 1 Correios e Telégrafos
Município de Castelo do Piauí - PI 1 Mercado Público Municipal
Município de Cocal + PI 2 Prefeitura Municipal e edificações térreas
Município de Eslebão Veloso + PI 2 Prefeitura Municipal e edificações térreas
Município de Esperantina + PI 2 Prefeitura Municipal e Mercado Municipal
Município de Floriano + PI 6 Hospital Miguel Couto, União Artística
Operária Florianense e ginásio Primeiro
de Maio, Cine Natal, Cine Teatro ltapoã,
sobrado na Vista parcial da Rua São
Pedro e sobrado na Fachada de um dos
melhores edifícios da cidade
Município de Fronteiras - PI 1 Edificação térrea
Município de Guadalupe - PI 1 Prefeitura Municipal
Município de Jaicós + PI 2 Prefeitura Municipal e Associação Rural
Município de José de Freitas - PI 2 Cine-Teatro Motios Olímpio e Usina
Elétrica Municipal
Município de Luzilândia + PI 1 Prefeitura Municipal
Município de Miguel Alves + PI 1 Prefeitura Municipal
Município de Monte Alegre do Piauí + PI 1 Prefeitura Municipal
Município de Oeiras - PI 1 Matadouro Público Municipal
Município de Paranaíba + PI 4 Edifício da Associação Comercial (térreo
mais três), Almoxarifado da Estrada de
Ferro Central do Piauí, Usinas e Edifício
do Parnaíba Palace Hotel (térreo mais
três)
Município de Paulistana - PI 2 Posto de Puericultura e Açougue
Municipal
Município de Pedro II - PI 1 Posto Misto de Saúde

239

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Picos + PI 6 Edificações térreas, Prefeitura Municipal,
Agência do Banco do Brasil, Posto de
Higiene, Edificações térreas (Conjunto de
casas residenciais) e Hospital São Vicente
de Paulo
Município de PIO IX + PI 3 Prefeitura Municipal e edificações térreas
Município de Porto - PI 1 Prefeitura Municipal
Município de Ribeiro Gonçalves + PI 1 Mercado Municipal
Município de São João do Piauí + PI 2 Prefeitura Municipal e edificações térreas
Município de São Miguel do Tapuio + PI 1 Prefeitura Municipal e Agência Municipal
de Estatística
Município de São Raimundo Nonato + PI 1 Edificações térreas
Município de Simplício Mendes + PI 1 Prefeitura Municipal
Município de Teresina + PI 5 Colégio Estadual, Cine Rex e Teatro 4 de
Setembro, Hospital Getúlio Vargas,
Monumento + relógio da Praça Rio Branco
e Liceu Piauiense
Município de Acopiara + CE 3 Casa Paroquial - recorte volumétrico,
Correios e Telégrafos e edificações
térreas
Município de Apuiarés + CE 1 Edificações térreas
Município de Aracati - CE 2 Edificações térreas (Cojunto residencial)
e Sede da AABB
Município de Araçoiaba + CE 2 Grupo Escolar Aluísio Pinto e Edificações
térreas
Município de Araripe + CE 2 Edificações térreas (Conjunto da Travessa
15 de novembro) e Mercado Municipal
Município de Assaré + CE 3 Prefeitura Municipal, União Operária
Beneficente Assareense e Sociedade São
Vicente de Paulo
Município de Aurora + CE 4 Edificações térreas, Posto de Saúde
Alencar e Associação Beneficente
Boulevalrd Joaquim Távora e Edificações
térreas (Mercado da Carne)
Município de Baixio - CE 4 Prefeitura, Grupo escolar, Coletoria
Estadual, Sede da Sociedade Beneficente
Mutuaria e Edificações térreas
Município de Barbalha + CE 4 Posto de Tracuma, Estação da Rede
Viação Cearense e Sede do Cetema Clube
e Edificações térreas
Município de Barro - CE 2 Edificações térreas da Rua da Rodagem e
Edificações térreas na vista de uma rua
da cidade
Município de Baturité - CE 2 Prefeitura Municipal e Usina Putin
Município de Beberibe + CE 2 Grupo Escolar Ana Facó e Mercado
Público
Município de Boa viagem + CE 3 Grupo escolar e Externato Rui Barbosa e
edificações térreas
Município de Brejo Santos + CE 1 Prefeitura Municipal
Município Camocim + CE 1 Patronato São José

240

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Campos Sales + CE 6 Prefeitura Municipal, Lactário, edificações
térreas, Grupo escolar e Mercado Público
Município de Capistrano + CE 3 Grupo escolar, Edificações térreas e
Fábrica Casa Costa Lima Myrtil S. A.
Município de Cariré + CE 3 Prefeitura, Salão Paroquial e Edificações
térreas
Município de Caririaçu + CE 2 Casa Paroquial e Sede do Círculo
Operário Municipal
Município de Cacavel - CE 2 Edificações térreas e Patronato Juvenal
de Carvalho
Muncípio de Caucaia - CE 2 Grupo Escolar Branca Carneiro de
Mendonça e Edificações térreas
Município de Coreaú- CE 1 Mercado Público
Município de Crateús + CE 3 Grupo escolar, edificações térreas e
Sobrado Gomes
Município do Crato + CE 5 Edificações térreas, Grande· Hotel (três
pavimentos), Palácio Episcopal, Hospital
São Francisco de Assis e Ginásio Santa
Teresa ·de Jesus
Município Farias Brito + CE 4 Prefeitura Municipal, Grupo Escolar,
Posto de Alimentação e Mercado Público
Município de Fortaleza + CE 8 Sobrados, Monumento, Mercado Central,
Palácio Iracema - Prefeitura Municipal,
Sobrado (térreo mais dois) na Rua
Coronel Guilherme Rocha, Excelsior Hotel
e Edifício na Praça do Ferreira
Município de Granja + CE 2 Mercado Público e Ginásio São José
Município de Guaraciaba do Norte + CE 3 Correios e Telégrafos, Cadeia Pública e
edificações térreas
Município de Ibiapina + CE 3 Agência Municipal de Estatística, Mercado
Público e edificações térreas
Município de Icó + CE 2 Grupo escolar e relógio da Praça do
Mercado
Município de Iguatu + CE 5 Edificações térreas, Banco de Crédito
Comercial, Banco do Brasil, Escola
Normal e Ginásio São José
Município de Independência + CE 5 Edificações térreas, Salão Paroquial, Sede
do Circulo Operário e Cadeia Pública
Município de IpauMirim - CE 2 Hotel São Jorge e Mercado Público
Município de Iracema + CE 2 Fábrica de beneficiamento de algodão e
edificações térreas
Município de Itapagé+ CE 2 Posto Fiscal da Prefeitura, Coletoria
Estadual e Prefeitura Municipal
Município de Itaiçaba + CE 1 Edificação térrea Bar 19 de Junho
Município de Jaguaretama + CE 3 Prefeitura Municipal, Grupo Escolar Raul
Barbosa e Mercado Público
Município de Jaguaruana + CE 2 Prefeitura Municipal e Agência Municipal
de Estatística
Município de Jardim + CE 2 Prefeitura e Sede do Círculo Operário -
recorte volumétrico
Município de Juazeiro do Norte + CE 7 Edificações térreas, sobrado da Rua da
Conceição e edificação térrea (Casa onde
241

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


residiu e faleceu o Padre Cícero)

Município de Jucás - CE 1 Prefeitura Municipal


Município de Lavras da Mangabeira - 4 Prefeitura Municipal, Agência dos
CE Correios e Telégrafos e Patronato São
Vicente Férrer e Usina Almeida
Município de Maranguape - CE 1 Ginásio do Instituto Santa Rita
Município de Marco + CE 2 Prefeitura Municipal e Salão Paroquial
Município de Massapê + CE 2 Bar Ponto Chic (outros) e Associação
Rural Municipal
Município de Mauriti + CE 5 Prefeitura Municipal, Escola Normal
Rural, Grupo Escolar Municipal, Casa
Paroquial e Mercado Público
Município de Milagres + CE 3 Grupo escolar, Edificação térrea Bar
Jamacaru e edificação térrea
Município de Missão Velha + CE 5 Cinema São Luís, Monumento, edificação
térrea, Estação ferroviária da Rêde de
Viação Cearense, Hotel e Bar na Praça
Nossa Senhora de Fátima
Município de Mombaça + CE 1 Usina Nossa Senhora da Glória
Município de Morada Nova + CE 4 Prefeitura Municipal, Sede do Círculo
Operário, Depósito da Prefeitura
Municipal e Prédio Vicentino
Município de Mucambo + CE 2 Mercado Público e Casa paroquial
Município de Orós + CE 2 Prefeitura Municipal e edificação térrea
(serraria)
Município de Pacoti + CE 2 Grupo Escolar e Seminário Salvaoriono
Município de Parambu - CE 1 Sobrados no Quarteirão comercial
Município de Pedra Branca + CE 2 Maternidade Municipal e Mercado Público
Município de Pentecostes + CE 1 Prefeitura Municipal
Município de Quixadá + CE 1 Edificações térreas
Município de Reriutaba + CE 3 Prefeitura Municipal, Mercado Municipal e
Cadeia Pública
Município de Russas + CE 6 Prefeitura Municipal, Quartel da Polícia
Militar, Ginásio Jaguaribano, Cine·teatro 5
de Junho, edificações térreas e
Maternidade Municipal
Município de Saboeiro - CE 1 Correios e Telégrafos
Município de Santana do Cariri + CE 2 Prefeitura Municipal e edificações térreas
Município de Santa Quitéria + CE 2 Agência dos Correios e Telégrafos e
Grupo Escolar Professôro D. Júlio
Cotundo
Município de São Benedito + CE 2 Ginásio São Benedito e Patronato D. Maria
Luíza
Município de S. Gonçalo do Amarante - 1 Sobrado na Avenida Capitão Procópio
CE Alcântara
Município de Senador Pompeu + CE 4 Correios e Telégrafos, Edificação térrea
na Avenida Ruy Barbosa, Ginásio e
Matadouro
Município de Sobral + CE 1 Coluna da Hora, na Praça Dr. José Sabóia

242

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Tamboril + CE 1 Grupo Escolar General Sampaio
Município de Tauá + CE 1 Edificações na Rua Fausto Barreto
Município de Trairi + CE 2 Prefeitura Municipal e Coletoria Estadual
Município de Uruburetama + CE 1 Prefeitura Municipal
Município de Várzea Alegre + CE 1 Grupo Escolar Municipal
Município de Acari + RG 2 Fábrica de beneficiamento de algodão e
edificações térreas
Município de Almino Afonso - RG 1 Mercado Público Municipal
Município de Canguaretama + RG 1 Prefeitura Municipal
Município de Carnaúba - RG 1 Maternidade Municipal (em fase de
construção)
Município de Carnaúba dos Dantas + RG 3 Prefeitura Municipal, Biblioteca Pública
Donatilla Dantas e Mercado Municipal
Município de Coronel Ezequiel + RG 2 Prefeitura Municipal e Agência Fiscal
Municipal
Município de Currais Novos + RG 2 Instituto Jesus-Menino e Agência do
Banco do Brasil
Município de Florânia + RG 1 Prefeitura Municipal
Município de Goianinha + RG 2 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar
Moreira Brandão
Município de Grossos + RG 2 Correios e Telégrafos e Grupo Escolar
Municipol, recém-construído
Município de Ipanguaçu + RG 2 Prefeitura Municipal e Câmara Municipal
Município de Itaú - RG 1 Edificações térreas
Município de Januário Cicco + RG 2 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar
Municipal
Município de Jardim de Piranhas + RG 2 Mercado Público Municipal e Edificações
térreas
Município de Jardim do Seridó + RG 2 Legião Brasileira de Assistência e
Edificações térreas
Município de Jucurutu + RG 1 Edificações térreas
Município de Lajes - RG 1 Correios e Telégrafos
Município de Luís Gomes + RG 1 Prefeitura Municipal
Município de Macaíba - RG 1 Mercado Público Municipal
Município de Macau + RG 4 Prefeitura Municipal, Agência dos
Correias e Telégrafos e Cine-Teotro Eden
e sobrados na Vista parcial da Rua
Monsenhor Honório
Município de Marcelino Vieria + RG 2 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar José
Marcelino
Município de Martins + RG 1 Prefeitura Municipal
Município de Monte Alegre + RG 1 Maternidade N. S.0 da Penha
Município de Mossoró + RG 2 Cinema Pax e edificações térreas
Município de Natal + RG 3 Edificações térreas e edifício 4
pavimentos, Praça Almirante Tamandaré
Município de Nova Cruz + RG 3 Edificações térreas e Instituto Santa
Gema
Município de Parelhas + RG 2 Prefeitura Municipal e Coletoria de
Rendas Estaduais

243

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Patu + RG 1 Edificações térreas
Município de Pau dos Ferros - RG 1 Seção de Fomento Agrícola 3.0 Patrulha
Agrícola Mecanizada
Município de Pedro Avelino + RG 3 Prefeitura Municipal, Quartel do
Destacamento Policial do Município e
Mercado Público Municipal
Município de Pedro Velho + RG 2 Prefeitura Municipal e Posto Agropastoril
Municipal
Município de Pendências + RG 1 Mercado Público Municipal
Município de Porto Alegre + RG 2 Câmara Municipal e Edificações térreas
Município de Santa Cruz + RG 3 Grupo Escolar Municipal, Quartel de
Polícia do município e Edificações térreas
Município de Santana do Matos + RG 1 Maternidade Nossa Senhora Santana
Município de Santo Antônio - RG 1 Maternidade Rodopiano de Azevedo
Município de São João do Sabugi + RG 1 Cadeia Pública Municipal
Município de São José do Campestre + 1 Prefeitura e Câmara Municipais
RG
Município de São Miguel + RG 1 Prefeitura Municipal
Município de São Rafael + RG 2 Prefeitura e Divulgadora Municipal e
edificações térreas
Município de São Tomé + RG 1 Edificações térreas
Município de São Vicente - RG 2 Mercado Público e Usina Elétrica
Municipal
Município de Alagoa Grande + PB 2 Agência dos Correios e Telégrafos e
Edificações térreas na Rua Dr. Francisco
Montenegro
Município de Alagoinhas + PB 1 Edificações térreas
Município de Antenor Navarro + PB 1 Prefeitura Municipal
Município de Araruna + PB 1 Edificação térrea na Praça João Pessoa
Município de Areia + PB 1 Edificações térreas na Rua da Gameleira
Município de Aroeiras + PB 2 Prefeitura Municipal e Grupo escolar
Município de Bonito de Santa Fé + PB 1 Edificações térreas na Rua Adrelino
Timóteo
Município de Brejo do Cruz + PB 1 Prefeitura Municipal
Município de Cabedelo + PB 3 Agência dos Correios e Telégrafos, Cine-
teatro Apolo e Mercado Público Municipal
Município de Caiçara + PB 1 Edificações térreas na Rua João Pessoa
Município de Cajazeiras + PB 3 Prefeitura Municipal, Escola Municipal do
povoado de Balanços e Edificações
térreas
Município de Campina Grande + PB 5 Sobrados, Agência dos Correios e
Telégrafos, Prefeitura Municipal,
Recebedoria de Rendas do Estado e
Sobrado (Prédio do Livro - térreo mais
dois)
Município de Conceição + PB 1 Associação Rural do município
Município de Esperança + PB 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
na Rua Dr. Silvino Olavo

244

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Guarabira + PB 4 Agência dos Correios e Telégrafos,
Ginásio Nossa Senhora da Luz, Hospital
Regional Municipal e Cine São José
Município de Ingá + PB 1 Mercado Público
Município de Itabaiana - PB 1 Grupo Escolar
Município de Itaporanga + PB 4 Palácio dos Poderes, Cine União, Mercado
Público e edificações térreas
Município de João Pessoa + PB 2 Monumento a João Pessoa e sobrados de
uso misto
Município de Juazeirinho + PB 2 Prefeitura Municipal e edificações térreas
Município de Malta + PB 1 Câmara e Fórum Municipais
Município de Patos + PB 6 Prefeitura Municipal, Ginásio Diocesano
Municipal, Agência do Banco do Brasil
S.A., Mercado Municipal, Indústrias
Reunidos Produtos IPAL e edificações
térreas
Município de Piancó + PB 1 Edificações térreas na Rua Jose Amenco
Município de Picuí + PB 2 Grupo Escolar e Sede do Picuí Clube
Município de Pilar + PB 1 Prefeitura Municipal
Muncípio de Pombal + PB 3 Grande Hotel e Cine Lux e Prefeitura
Municipal e Edificações térreas
Município de Pincela Isabel + PB 2 Escola Normal Monte Carmelo e Agência
dos Correios e Telégrafos
Município de Remígio + PB 1 Edificações térreas
Município de Santa Rita + PB 4 Pórtico da Entrada principal do Parque
Regional de Exposição de animais, Grupo
Escolar Dr. João úrsulo, Matadouro
Público Municipal e Mercado Público
Municipal
Município de São José de Piranhas + PB 1 Prefeitura Municipal
Município de Sào Mamede + PB 1 Prefeitura Municipal
Município de Sapé + PB 2 Prefeitura Municipal e Mercado Público
Municipal
Município de Serraria + PB 1 Edificações térreas
Município de Soledade + PB 1 Agência dos Correios e Telégrafos
Município de Souza + PB 1 Sobrados na Rua Jabolino Formiga
Município de Sumé + PB 2 Prefeitura Municipal e Igreja Matriz
Município de Taperoá + PB 1 Prefeitura Municipal
Município de Uiraúna + PB 1 Prefeitura Municipal
Município de Afogados de Ingazeira + 3 Posto de Puericultura, Escola Normal
PE Rural e Cine Pajeú
Município de Águas Belas + PE 1 Edificações térreas
Município de Alagoinha + PE 1 Prefeitura Municipal e Agência de
Estatística
Município de Angelim + PE 2 Prefeitura Municipal e Igreja Matriz de
São José
Município de Araripina + PE 4 Edificações térreas, Sobrados, Prefeitura
Municipal e Instituto São Vicente de Paula
e Centro de Obras Sociais

245

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Arcoverde + PE 1 Edificações térreas
Município de Bezerros + PB 1 Edificações térreas
Município de Bodocó + PE 1 Edificações térreas
Município de Bom Conselho + PE 3 Busto de Joaquim Nabuco, Ginásio São
Geraldo e Edificação térrea na Rua José
Amaral
Município de Bom Jardim + PE 1 Centro de Cultura Bonjardinense
Município de Bonito + PE 1 Prefeitura Municipal
Município de Brejo de Madre de Deus + 1 Edificações térreas
PE
Município de Buíque + PE 1 Casa Paroquial
Município de Cabrobó - PE 1 Cine Guarani
Município de Canhotinho + PE 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
Município de Caruaru + PE 2 Sobrados e Edificações térreas
Município de Correntes + PE 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
Município de Cortes + PE 1 Edificações térreas
Município de Curupira + PE 1 Edificações térreas
Município de Custódia + PE 1 Edificações térreas
Município de Escada + PE 1 Edificações térreas
Município de Exú + PE 1 Edificações térreas
Município de Flores + PE 2 Edificações térreas e Posto de
Puericultura Jarbas Maranhão
Município de Floresta + PE 1 Escola Normal Rural
Município de Garanhus + PE 1 Rádio Difusora local
Município de Inajá + PE 1 Prefeitura Municipal
Município de Ipojuca + PE 2 Edificações térreas
Município de Jaboatão + PE 1 Edificações térreas
Município de João Alfredo + PE 2 Grupo Escolar Padre Francisco da Costa
Lima e Edificações térreas
Município de Joaquim Nabuco + PE 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
Município de Jurema + PE 1 Edificações térreas
Município de Lajedo + PE 1 Edificações térreas
Município de Limoeiro + PE 6 Grand Hotel de Limoeiro, Radiodifusora,
da emprêsa Rádio Jornal do Comércio S.
A., Cine São Luís, Hospital José
Fernandes Salsa e Ginásio Municipal
Município de Maraial + PE 2 Prefeitura Municipal e Mercado Público
Município de Nazaré da Mata +PE 1 Edificações térreas
Município de Palmares + PE 3 Ginásio Municipal Fernando Pinto Ribeiro,
sobrados e Edificações térreas
Município de Palmeirina + PE 2 Mercado Público e Edificações térreas
Município de Panelas + PE 2 Agência Municipal de Estatística e
Edificações térreas
Município de Paudálio + PE 1 Edificações térreas
Município de Paulista + PE 1 Edifício da Policlínica Ana Elizabeth -
térreo mais três

246

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Pesqueira + PE 2 Radiodifusora Municipal e Prédio das
indústrias olinentícios Carlos de Brito S.A.
(fábricas peixe)
Município de Poção + PE 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
Município de Recife - PE 1 Grande Hotel e Estátua aos aviadores
portugueses
Município de Ribeirão + PE 1 Edificações térreas na Praça Estácio
Coimbra, a principal da cidade.
Município de Salgueiro + PE 1 Edificações térreas
Município de São Bento do Uma + PE 3 Coletoria Estadual, Cine Rex e
Cooperativa Agropecuária
Município de São Joaquim do Monte - 1 Edificação térrea (Comercial)
PE
Município de Serra Talhada + PE 1 Edificações térreas
Município de Sertânia - PE 1 Edificação térrea (Armazém Santa
Terezinha)
Município de Surubim - PE 1 Orfanato N. 5.0 do Amparo.
Município de Tacaratu + PE 1 Edificações térreas nas rua Ruo Pedro
Toscano
Município de També + PE 1 Cine Moderno
Município de Timabúba + PE 2 Mercado Público e Cooperativa Banco de
Timbaúba
Município de Toritama + PE 1 Edificações térreas
Município de Triunfo - PE 1 Sobrados de uso misto
Município de Vitória de Santo Antão + 1 Ginásio Municipal l de Agosto
PE
Município de Feira Grande + AL 1 Edificações térreas

Município de Igreja Nova + AL 1 Edificações térreas


Município de Limoeiro de Anadia + AL 1 Edificações térreas
Município de Maceió + AL 3 Departamento de Viação e Obras Públicas,
Faculdade de Direito e Sobrados de uso
misto
Município de Mata Grande + AL 1 Edificações térreas
Município de Palmeira dos Índios - AL 1 Edificações térreas
Município de Porto de Pedras - AL 1 Edificações térreas
Município de Porto Real do Colégio - AL 1 Grupo Escolar D. Santa Bulhões
Município de Quebrângulo + AL 1 Edificações térreas
Município de Santana do Ipanema + AL 1 Usina de beneficiar algodão
Município de São Brás + AL 1 Prefeitura Municipal
Município de Viçosa + AL 1 Escola Normal Joaquim Diegues
Município de Amparo de São Franciso + 1 Prefeitura Municipal
SE
Município de Aquidabã + SE 2 Cine-Teatro São José e Mercado
Municipal
Município de Aracajú + SE 6 Sobrados, Instituto Histórico e Geográfico,
Cine Palace, Estaçao Ferroviária,
Maternidade Francisco Melo
247

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Aruá + SE 3 Prefeitura Municipal, Hospital Municipal e
Mercado Municipal
Município de Barra dos Coqueiros + SE 1 Prefeitura Municipal
Município de Brejo Grande + SE 1 Edificações térreas na Travessa Municipal
Município de Buquim + SE 4 Prefeitura Municipal, Igreja-Matriz de N.
S.0 Santana, Ginásio Santa Terezinha e
Hospital de Caridade São Vicente de Paulo
Município de Campo Brito + SE 1 Prefeitura Municipal
Município de Canhoba +SE 2 Prefeitura Municipal e Escolas Reunidas
Hermes Fontes
Município de Capela +SE 2 Agência do Banco do Brasil S.A. e
Mercado Municipal
Município de Carira - SE 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
Município de Carmópolis + SE 4 Prefeitura Municipal, Agência Municipal de
Estatística e Mercado Municipal (recorte
na volumetria)
Município de Cedro de São José - SE 2 Prefeitura Municipal e edificações térreas
Município de Cumbé + SE 1 Mercado Municipal
Município de Curituba + SE 1 Prefeitura Municipal
Município de Divina Pastora + SE 1 Prefeitura Municipal
Município de Estância + SE 4 Sobrado de uso misto no Largo João
Pessoa (centro comercial da cidade),
Agência do Branco do Brasil, Posto
Médico e Mercado Municipal
Município de Frei Paulo +SE 4 Cine São Paulo, Edificações térreas e
Dependência do Ministério da Agricultura,
Secção de descaroçamento de algodão
Município de Gararu + SE 1 Prefeitura Municipal
Município de Indiaroba + SE 2 Prefeitura Municipal - solto no lote e
Mercado Municipal
Município de Itabaiana + SE 5 Edificações térreas, Grupo Escolar
Guilhermino Bezerra, Associação Atlética
Municipal e Edificação térrea (Pio XII)
Município de Itabaianinha - SE 5 Edificações térreas, Prefeitura Municipal,
Mercado Municipal, Grupo escolar (solto
no lote) e Hospital São Luiz de Gonzaga
Município de Itabi + SE 1 Usina Elétrica Municipal
Município de Itabaiana d`ajuda + SE 3 Exatoria Municipal, Posto de Puericultura,
Maternidade d'Ajuda
Município de Japaratuba + SE 2 Grupo Escolar (solto no Lote) e Mercado
Municipal
Município de Japotã + SE 2 Prefeitura Municipal e Mercado Municipal
Município de Lagarto + SE 2 Escola Normal N. s.a da Piedade e Cine-
Teatro Glória
Município de Macambira + SE 1 Edificações térreas
Município de Malhada dos Bois + SE 1 Prefeitura Municipal
Município de Malhador + SE 2 Prefeitura Municipal e Posto Médico
Município de Maruim + SE 4 Gabinete de Leitura, Hospital da Caridade,
Maternidade da Associação de Caridade
Municipal e Cine-teatro Cacique
248

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Monte Alegre de Sergipe - 1 Prefeitura Municipal
SE
Município de Muribeca + SE 4 Prefeitura Municipal, Cine Iracema,
Mercado Municipal e Edificações térreas
Município de Nossa Senhora da Glória + 2 Prefeitura Municipal e Mercado Público
SE
Município de Nossa Senhora das Dores 1 Cinema e Biblioteca Pública
+ SE
Município de Nossa Senhora do 2 Prefeitura Municipal e Posto Médico do
Socorro - SE povoado Sobrado
Município de Pacatuba- SE 1 Edificações térreas
Município de Pedrinhas +SE 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
Município de Poço Redondo + SE 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
Município de Poço Verde + SE 2 Mercado Municipal e Açougue Municipal
Município de Porto da Folha +SE 2 Prefeitura Municipal e Cine-Teatro Santo
Antônio
Município de Propriá + SE 2 Grupo Escolar Coronel João Fernandes de
Brito e Serviço Especial de Saúde Pública
Município de Riachão do Dantas + SE 3 Prefeitura Municipal, Prédio do Serviço
Social de Proteção a Mendicância e
Edificações térreas
Município de Riachuele + SE 2 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar
Francisco Leite
Município de Ribeirópolis + SE 2 Prefeitura Municipal e Açougue Municipal
Município de Rosário do Catete + SE 1 Açougue Municipal
Município de Salgado + SE 3 Prefeitura Municipal, Grupo Escolar
Alencar Cardoso e Cinema Senhor do
Bonfim
Município de Santa Luzia do Itanhi + SE 2 Grêmio Municipal e Mercado Municipal
Município de Santo Amaro das Brotas 2 Prefeitura Municipal e Posto do S. E. S. P .
+ SE
Município de Tobias Barreto - SE 1 Prefeitura Municipal
Município de Tomar do Gerú - SE 1 Prefeitura Municipal
Município de Andaraí + BA 1 Grupo Escolar Ângelo Costa
Município de Antas + BA 1 Edificações térreas na Rua Dr. Orlando
Teixeira
Município de Aratuípe + BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Barra + BA 2 Correios e Telégrafos e Sede da
Sociedade Beneficente das Artífices
Município de Barra da Estiva + BA 2 Prefeitura Municipal e edificação térrea
no Outro aspecto da Praça Melchiades
Caires
Município de Belmonte - BA 1 Edificações térreas na Avenida Marechal
Deodoro
Município de Boa Nova + BA 1 Grupo Escolar Monteiro Lobato
Município de Bom Jesus da Lapa + BA 1 Mercado Municipal
Município Brotas de Macaúbas + BA 1 Polícia Militar
Município Cachoeira + BA 1 Agência dos Correios e Telégrafos
Município de Caetité - BA 1 Loja Maçônica

249

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Camaçari - BA 1 Estação da Viação Férrea Federal Leste
Brasileiro
Município de Cariranha - BA 1 Hospital Regional
Município de Castro Alves - BA 1 Casa de Saúde e Maternidade
Município de Catu - BA 1 Estação da Viação Férrea Federal Leste
Brasileiro
Município de Chorochó - BA 1 Agência Municipal de Estatística
Município de Cícero Dantas + BA 1 Edificações térreas na Rua Barão do Rio
Branco
Município de Cipó + BA 5 Radiwm Hotel, Agência dos Correios e
Telégrafos, Grupo Escolar, Prefeitura
Municipal e Mercado Municipal
Município de Conceição da Feira - BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Conceição do Almeida + 1 Sobrado na Praça Edgard Tupiambó
BA
Município de Conceição do Coité + BA 2 Edificações térreas na Rua João
Benevides e edificações térreas na Rua M.
A. Teixeira de Freitas
Município do Condé + BA 2 Prefeitura Municipal e edificação térrea
no aspecto parcial do Rua do Carro
Município de Cruz das Almas + BA 1 Edificações térreas na Avenida Alberto
Passos
Município de Curaçá - BA 2 Edificação térrea comercial na Rua
Coronel Pombinho e edificação térrea na
Avenida Or. Pedro dos Santos Tôrres
Município de Encruzilhada + BA 1 Edificações térreas na Rua Guorinos
Município de Esplanada - BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Euclides das Cunha +BA 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
Município de Feira de Santana + BA 2 Rádio Cultura e Edificações térreas
Município de Glória + BA 2 Edificações térreas e Usina da C.H.E.S.F
Município de Guanambi + BA 1 Edificações térreas na Praça Coronel
Cajaíba
Município de Ibicaraí + BA 2 Sobrados na Rua Siqueira Campos e
Sobrados Praça João Pessoa
Município de Ibicuí - BA 1 Ginásio São Pedro
Município de Ibipetuba - BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Iguaí + BA 1 Prefeitura Municipal e Agência de
Estatística
Município de Ipiaú + BA 2 Agência dos Correios e Edificações
térreas
Município de Irará - BA 1 Edificações térreas na Rua Moreira Rêgo
Município de Irecê + BA 3 Prefeitura Municipal, Agência de
Estatística Municipal e Grupo Escolar
Teotônio Marques Dourado Filho e
Hospital Regional
Município de Itaberaba + BA 1 Agência Municipal de Estatística
Município de Itabuna + BA 2 Sobrados de uso misto na Rua J. J.
Seobro e na Praça João Pessoa
Município de Itacaré + BA 1 Grupo Escolar
Município de Itajuípe + BA 1 Hospital Pirangy
250

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Itapetinga + BA 1 Sobrados de uso misto na Vista
panorâmica da Praça Augusto Carvalho
Município de Itapirucu - BA 1 Mercado Municipal
Município de Itiruçu + BA 1 Prefeitura Municipal - recorte volumétrico
Município de Ituaçu + BA 1 Prefeitura Municipal e Congregação
Mariana
Município de Jacaraci + BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Jacobina + BA 2 Prefeitura Municipal e Correios e
Telégrafos
Município de Jaguaquara + BA 3 Prefeitura Municipal, Auditório do Ginásio
Taylor Egídio e Mercado Público Municipal
Município de Jaguarari + BA 1 Escolas Reunidas Floriano Peixoto
Município de Jandaíra - BA 1 Mercado Municipal
Município de Jequié + BA 1 Sede própria do "Rotary Club"
Município de Jeremoamo + BA 2 Mercado Municipal e edificações térreas
na Rua Abdon Afonso
Município de Jiquiriçá + BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Juazeiro + BA 1 Sobrado (Edifício São João)
Município de Lençóis + BA 2 Agência dos Correios e Telégrafos e
Edificações térreas na Rua Miguel Calmon
Município de Livramento do Brumado + 2 Cine Livramento e Prédio do Ginásio
BA Livramento
Município de Macarani + BA 2 Prefeitura Municipal, Banco Econômico do
Bahia e sobrado na Rua Dr. Hélio Meira
Município de Mairi - BA 1 Agência Municipal de Estatística
Município de Maracás - BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Miguel Calmom - BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Muritiba + BA 2 Fábricas de charutos Pimentel e Costa
Penna e Mercado Municipal
Município de Mutuípe + BA 3 Agência Municipal de Estatística, Grupo
Escolar Ruy Barbosa e edificação térrea
Município de Oliveira dos Brejinhos - 1 Prefeitura Municipal
BA
Município de Palmeiras - BA 1 Edificação térrea comercial na Rua Ruy
Barbosa
Município de Paripiranga - BA 3 Grupo Escolar, Edificações térreas na
vista parcial da cidade e Edificações
térreas na outra vista parcial da cidade
Município de Pilão Arcado - BA 2 Edificações térreas na Rua Floriano
Peixoto e Edificações térreas na Rua
Barão do Rio Branco.
Município de Poções + BA 2 Edificações na Principal praça da cidade e
Praça Deocleciano Teixeira
Município de Pojuca - BA 2 Grupo Escolar e Edificações térreas na
Praça Ruy Barbosa
Município de Ribeira do Pombal + BA 2 Prefeitura Municipal e Mercado Municipal
Município de Rui Barbosa + BA 2 Edificações térreas na Praça Dr. Castro
Cincuró e Praça Presidente Vargas.

251

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Salvador + BA 5 Sobrado, Entrada principal do Parque de
Ondina, Instituto de Aposentadoria e
Pensões dos Comerciários, Edifício do
Palácio dos Esportes - Praça Castro
Alves e Edifício Elevador Lacerda
Município de Santa Luz + BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Santana + BA 2 Ginásio Municipal e Sociedade Operária
Município de Santo Antônio de Jesus + 2 Escola Normal das Mercês e Cine Rex
BA
Município de Santo Estevão - BA 1 Edificações térreas na Rua Marechal
Deodoro da Fonseca
Município de São Félix - BA 1 Sobrado próximo a Igreja do Senhor São
Félix.
Município de Seabbra - BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Senhor do Bonfim + BA 1 Correios e Telégrafos
Município de Sento Sé + BA 1 Prefeitura Municipal
Município de Serrinha - BA 1 Usina de beneficiamento de sisal.
Município deTremendal + BA 2 Edificações térreas na Rua Getúlio Vargas
e na Praça do Mercado
Município de Ubatã + BA 2 Prefeitura Municipal e Edificações térreas
na Rua Salgado Filho
Município de Vitória da Conquista + BA 3 Hotel Albatroz - térreo mais dois,
Sobrados na Praça Barão do Rio Branco e
Sobrados na Rua XV de Novembro
Município de Xique + Xique + BA 5 Sobrados na Rua Floriano Peixoto,
sobrados na Vista parcial da Praça
Getúlio Vargas, Grupo Escolar, Mercado
São Francisco e edificações térreas na
Praça Dr. Lauro de Freitas.
Município de Afonso Cláudio + ES 4 Prefeitura Municipal, Trianon Clube e do
Banco de Crédito Agrícola do Espírito
Santo, Posto de Saúde do Estado e Prédio
da Assistência Social São Vicente de
Paulo
Município de Alegre- ES 2 Prefeitura Municipal e sobrados na Rua
Doutor Wanderley
Município de Aracruz + ES 1 Edificações térreas na Vista geral da
cidade
Município de Baixo Guandú + ES 3 Hospital Jones Santos Neves, Cine Alba e
sobrados da Avenida Carlos de Medeiros
Município de Barra de São Francisco + 2 Prefeitura Municipal e Ginásio
ES Independência
Município de Cachoeiro do Itapemirim + 6 Sobrados uso misto da Rua Capitão
ES Deslondes, sobrados na Praça Jerônimo
Monteiro e sobrados na Praça Dr. Tinô
com, Centro de Saúde Estadual, edificação
térrea na Vista parcial da cidade e Usina
de Laticínios
Município de Castelo + ES 4 Sobrados de uso misto da Praça Ruy
Barbosa e edificação térrea comercial na
frente do Regina Hotel, Santa Casa de
Misericórdia e anexa, a Maternidade N.
252

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


S.0 das Graças e Ginásio e Escola Normal
João Bley, situado na Praça Mário Lima.
Município de Colatina + ES 6 Edificações térreas, Ginásio Divino Rei,
Grupo Escolar Aristides Freire, Imprensa
Oficial, Cine Danúbio, sobrados da
Avenida Getúlio Vargas e sobrados na
Praça Municipal
Município de Ecoporanga +ES 1 Fórum
Município de Espírito Santo - ES 1 Fábrica de balas e bombons
Município de Fundão + ES 2 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar
Ernesto Nascimento
Município de Guaçuí - ES 1 Sobrados no Trecho da Rua Virgílio
Machado
Município de Ibiraçu - ES 2 Prefeitura Municipal e Ginásio Estadual
Município de Iconha + ES 3 Prefeitura Municipal, sobrados de uso
misto na Rua Muniz Freire e Grupo
Escolar Coronel Antônio Duarte
Município de Itaguaçu - ES 2 Edificações térreas e Cine Esperança
Município de Itapemirim + ES 1 Grupo Escolar José Marcelino
Município de Iúna + ES 2 Casa de Saúde e Maternidade de lúna e
Edificações térreas
Município de Linhares - ES 1 Edificação comercial térrea na lagoa
Juparanã
Município de Mantenópolis + ES 1 Prefeitura Municipal
Município de Mimomo do Sul + ES 2 Prefeitura Municipal e sobrados na Rua
Presidente Vargas
Município de Mucurici - ES 2 Edificações térreas e Mercado Municipal
Município de Muniz Freire + ES 2 Sobrados da Rua Or. Antônio Atayde e
Grupo Escolar Professor Bráulio Franco
Município de Muqui + ES 2 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar
Marcondes de Souza
Município de Nova Venécia + ES 3 Prefeitura Municipal, Sobrados de uso
misto na Avenida Vitória e Mercado e
Açougue
Município de Santa Tereza + ES 2 Prefeitura Municipal e sobrados na Rua
Jerônimo Vervloet
Município de São José do Calçado + ES 3 Prefeitura Municipal, Grupo Escolar
Horácio Plínio e Ginásio de Calçado
(Particular)
Município de São Mateus - ES 1 Edificações térreas na vista parcial da
cidade
Município de Serra +ES 3 Prefeitura Municipal, Câmara Municipal e
Mercado Municipal
Município de Vitória + ES 4 Edifício Centro comercial , Edifício do Cais
Comercial e Centro de Saúde do Estado
Município de Barra Mansa + RJ 3 Sobrados na Avenida Joaquim Leite, na
Rua Orozimbo Ribeiro e na Rua Rio
Branco
Município de Bom Jesus do Itabapoana 1 Sobrado de uso misto na Rua Francisco
- RJ Teixeira
Município de Cachoeiras do Macacu - 1 Escola Ferroviária Municipal

253

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


RJ
Município de Campos - RJ 2 Sobrados de uso misto e Santa Casa de
Misericórdia
Município de Carmo - RJ 2 Agência do Banco Nacional de Minas
Gerais e edificação térrea na Vista parcial
da cidade Baixa
Município de Conceição de Macabu - RJ 2 Sobrado no Coreto na Praça· Santos
Dumont e Casa de luz e força
Município de Cordeiro + RJ 2 Cooperativa Agropecuária de Macuco e
Fábrica de Tecidos Nossa Senhora da
Piedade
Município de Duas Barras - RJ 1 Sede da Sociedade Musical
Município de Duque de Caxias - RJ 2 Sobrados na Vista do movimento de
passageiros da estação rodoviário e
Fábrica Têxtil
Município de Itaperuna - RJ 2 Edificações térreas e Caixa d'água que
abastece a cidade
Município de Macaé + RJ 2 Sobrados de uso misto e Sobrados na
Avenida Ruy Barbosa
Município de Maricá - RJ 2 Sobrados vizinhos a Agência do Banco
Predial do Estado do Rio de Janeiro
Município de Miracema - RJ 2 Fiação e Tecelagem São Martins e
Prefeitura Municipal
Município de Natividade do Carangola - 1 Ginásio Natividade
RJ
Município de Niterói - RJ 1 Sobrado sede do Regatas lcaraí - recorte
volumétrico
Município de Petrópolis 1 Sobrados de uso misto
Município de Santa Maria Madalena - 1 Clube Montanhez
RJ
Município de São Fidélis - RJ 2 Sobrado de esquina (térreo mais dois) e
Cine Santo Amaro
Município de São Pedro da Aldeira - RJ 1 Prefeitura Municipal
Município de Sumidouro - RJ 1 Cooperativo Agropecuário Municipal
Município de Teresópolis - RJ 1 Sobrados da Avenida Feliciano Sodré
Município de Três Rios - RJ 2 Prefeitura Municipal e Edifício do Moinho
três Rios
Município de Rio de Janeiro - RJ 7 Sobrado residencial, sobrados de uso
misto, Edificio da Bolsa de Valores,
Edificio da Central do Brasil, Edifício de
"A Noite", Edifício do Hospital Pedro
Ernesto dà P. D. F e Biblioteca Municipal
Município de Abadia dos Dourados - MG 1 Edificações térreas Comercial
Município de Água Comprida -MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Aimorés - MG 2 Aimorés Palace Hotel e Casa de Saúde
São Lucas
Município de Além Paraíba - MG 3 Asilo Ana Carneiro, Agência do Banco
Ribeiro Junqueira S.A.e sobrados na Rua
Marechal Floriano
Município de Alfenas - MG 3 Faculdade de Farmácia e Odontologia,
Correios e Telégrafos e Prefeitura

254

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Municipal
Município de Almenara - MG 2 Edificação térrea e Hospital Deraldo
Guimarães
Município de Alvinópolis - MG 1 Edificação térrea comercial no Trecho da
Rua 5 de Fevereiro
Município de Andrelândia - MG 2 Subestação da Rede Mineira de Viação e
Correios e Telégrafos
Município de Antônio Carlos - MG 1 Sobrado de uso misto na Avenida
Henrique Diniz
Município de Araguari - MG 5 Sobrados de uso misto no Aspecto central
da cidade e na Rua Rui Barbosa, Escola
Normal e Técnica de Comércio S. C. de
Jesus, Agência do Banco de Crédito Real,
Palace Hotel- Cine Theatro Rex
Município de Araújos - MG 2 Edificações térreas na Vista parcial da
cidade e de uso comercial na Praça da
Matriz - Ponto Rodoviário
Município de Araxá - MG 1 Edificações comerciais na Rua Olegário
Maciel
Município de Arceburgo - MG 1 Edificação térrea na Praça João Pessoa
Município de Aerado - MG 1 Paço Municipal
Município de Ataléia - MG 2 Edificações térreas na Praça D. José de
Hass e Rua Gov. Valadares e Rua Teófilo
Otoni
Município de Baependi - MG 1 Correios e Telégrafos
Município de Baldim - MG 1 Posto de Higiene
Município de Barão de Cocais - MG 1 Edificação térrea na Praça Dr. Alencar
Peixoto
Município de Barbacena + MG 3 Sobrados de uso misto, Agência do Banco
do Brasil e Edifício do Cine-Teatro Palace
Município de Belo Horizonte - MG 2 Prefeitura Municipal e Estação Ferroviária
Município de Belo Vale - MG 2 Edificações comerciais na Rua Marechal
Deodoro e na Rua Padre Jacinto
Município de Betim - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Bicas - MG 1 Sobrados de uso misto
Município de Bocaiúva - MG 2 Palácio da Justiça e Cadeia pública
Município de Bom Jardim de Minas - 1 Coletoria Estadual
MG
Município de Bonfim - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Borda da Mata - MG 1 Prédio do Fórum
Município de Brasópolis - MG 3 Sobrado na Avenida Coronel Francisco
Braz, edificações térreas na Rua D. Ana
Chaves e Fábrica Doces Sinhá
Município de Brumadinho - MG 2 Edificações térreas na Praça da Bandeira
e Av. Getúlio Vargas
Município de Bueno Brandão - MG 1 Prefeitura Municipal - Coletoria Estadual
e Agência do Banco ltajubá S.A .
Município de Cabo Verde - MG 1 Agência do Banco da Lavoura de Minas
Gerais, S.A.
Município de Cachoeira de Minas - MG 1 Fórum

255

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Caetanópolis - MG 1 Edificações térreas
Município de Caeté - MG 1 Fórum
Município de Caldas - MG 3 Câmara Municipal, Fábrica da Sociedade
Vinícola Caldas Ltda e Mercado Municipal
Município de Cambuí - MG 2 Clube Literário e Recreativo e edificações
térreas
Município de Cambuquira - MG 1 Hotel Avenida
Município de Campanha - MG 1 Sobrado de uso misto da Rua Or. Brandão
Município de Campestre - MG 3 Ginásio "Rui Barbosa", Sede do
"Campestre Club" e Prefeitura Municipal
Município de Campo do Meio - MG 1 Instituto Profissional e Agrícola São José
Município de Campos Gerais - MG 1 Sobrado residencial na Rua D. Inocêncio
Engelke
Município de Capelinha - MG 1 Ginásio Capelinha
Município de Capim Branco - MG 1 Prédio para indústria, em construção.
Município de Carangola - MG 1 Sobrados de uso misto na Rua Pedro de
Oliveira
Município de Caratinga - MG 2 Sobrado de uso misto (térreo mais dois)
na Rua dos Viajantes e sobrado na Praça
Rodoviária
Município de Carlos Chagas - MG 1 Banco do Brasil
Município de Carmo da Cachoeira - MG 1 Salão Paroquial
Município de Carmo de Minas - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Carmo do Rio Claro - MG 2 Colégio Sagrados Corações e Fábrica de
Laticínios
Município de Carmópolis de Minas - MG 2 Edificação comercial na Rua dos
lnconfidentes e sobrado de uso misto
Outro Trecho da Rua Coração de Jesus
Município de Carvalhos - MG 2 Prefeitura Municipal e edificação
comercial na Avenida Central
Município de Cássia - MG 1 Sobrado na Praça Barão de Cambuí
Município de Cataguases - MG 1 Escola de Aprendizagem - SENAI
Município de Centralina - MG 1 Edificação comercial no Trecho da
Avenida Afonso Pena
Município de Coimbra - MG 3 Delegacia de Polícia, Sobrado da Rua São
Sebastião e edificação térrea no Beco da
Estação
Município de Conquista - MG 3 Santa Casa de Misericórdia, edificação
térrea na Rua Zacarias Borges e Escola
Estadual
Município de Conselheiro Lafaiete - MG 3 Praça da Prefeitura, Sobrados Rua Melo
Viana e Sobrados na Praça Getúlio Vargas
Município de Coração de Jesus - MG 2 Hospital S. Vicente de Paulo e Asilo Sião
Vicente de Paulo
Município de Cordisburgo - MG 2 Prefeitura Municipal e edificação térrea
na Rua Padre João
Município de Coroaci - MG 2 Cine-Teatro Brasil e Prefeitura Municipal
Município de Coromandel - MG 3 Casa de Saúde Santa Maria, Prédio da
Santa Casa e edificações térreas
Município de Coronel Fabriciano - MG 1 Prefeitura Municipal

256

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Córrego do Bom Jesus - 1 Prefeitura Municipal
MG
Município de Cristina - MG 1 Sobrado de uso misto na Rua Governador
Valadares
Município de Curvelo - MG 2 Fábrica Maria Amália e sobrados de uso
misto
Município de Descoberto - MG 1 Edificações térreas na Rua do Comércio
Município de Dores do Indaiá - MG 1 Escola Técnica de Comércio São Luís
Município de Dores do Turvos - MG 1 Edificações térreas na Rua Caboré
Município de Elói Mendes - MG 2 Sobrados de uso misto na Rua do
Comércio e Edificações térreas na Rua
Coronel Pedro Mendes
Município de Entre Rio de Minas - MG 1 Lactário Santa Cutarina Labouré
Município de Ervália - MG 4 Fórum, Prefeitura Municipal, Cadeia
pública e Estação Rodoviária
Município de Eugenópolis - MG 2 Edificação comercial na Rua Coronel
Miranda e Cine São Jorge
Município de Extrema - MG 1 Clube Recreativo
Município de Francisco Sá - MG 2 Edificações térreas no aspecto urbano da
cidade
Município de Frutal - MG 3 Edificações comerciais na Praça do
Matriz ,na Rua Senador Gomes da Silvae
Estação Rodoviária
Município de Galiléia - MG 1 Edificações comerciais na Vista da
principal rua da cidade
Município de Governador Valadares - 3 Sobrados de uso misto na Vista parcial da
MG Rua Israel Pinheiro, Hotel Central na Rua
Bárbara Heliodora e sobrados na vista
parcial da Avenida Minas Gerais
Municípios de Guaraciaba - MG 1 Casa Paroquial
Município de Guaxupé - MG 1 Estação do E. F. Mogiono
Município de Heliodora - MG 1 Cine Guarany
Município de Ibiá - MG 2 Prefeitura Municipal, Coletoria Estadual,
Caixa Econômica e Agência Municipal de
Estatística e edificações térreas
Município de Indianápolis - MG 2 Coletoria Estadual, Biblioteca Pública e
Câmara municipal e edificações térreas
Município de Inhapim - MG 1 Cadeia Pública
Município de Inhaúma - MG 1 Delegacia de Polícia, Cadeia Pública e
Posto de Higiene Municipal
Município de Itabirito - MG 1 Sobrados de uso misto na Rua Dr.
Guilherme
Município de Itaquara - MG 1 Edificação na Vista da Rua Marechal
Floriano
Município de Itajubá - MG 2 Prédio do SENAI e Instituto Eletrotécnico
Municipal
Município de Itambacuri - MG 1 Matadouro Municipal
Município de Itamogi - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Itanhadú - MG 2 Sobrados na vista parcial da Avenida
Fernando Costa e Sobrados na Vista
parcial da Avenida Professor Brito
257

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Itanhomi - MG 3 Edificação comercial na Vista parcial de
uma rua da cidade e sobrados na Vista de
uma rua da cidade de em dia de festa e
edificações térreas
Município de Itapagipe - MG 2 Edificações comerciais térreas e
edificação do Bar H Padaria
Município de Itapecirica - MG 2 Sobrados de uso misto Vista parcial da
Praça Dr. José Medeiros Leite e Cine-
Teatro Rios
Município de Itaúna - MG 1 Sobrados de uso misto Rua José Lima
Município de Itueta - MG 1 Fábrica de Mossas Alimentícios
Município de Itu-Mirim - MG 2 Posto de Higiene e Prefeitura Municipal
Município de Jaboticatubas - MG 2 Prefeitura Municipal e Agência Municipal
de Estatística e Prédio do Fórum
Município de Jacuí - MG 2 Cadeia Pública e Fórum e Hotel Municipal
Município de Janaúba - MG 3 Edificação comercial na Vista parcial da
Rua Francisco Sá, Prefeitura Municipal e
Cine Janaúba
Município de Jeceaba - MG 1 Edificações térreas na Vista parcial da
Avenida principal da cidade
Município de Jequitinhonha - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Joaíma - MG 3 Prefeitura Municipal, Mercado Municipal e
edificações térreas
Município de Jordânia - MG 4 Sobrado de uso misto no Trecho da Rua
São Francisco, edificações térreas na
Praça Otelino Sol, Coletoria Estadual e
Usina Elétrica Municipal
Município de Juíz de Fora - MG 6 Agência da Caixa Econômica Federal do
município, Biblioteca Municipal, Agência
dos Correios e Telégrafos, Quartel
General, Grupo Escolar Professor José
Freire e Banco da Lavoura de Minas
Gerais S.A.
Município de Lagoa Dourada - MG 1 Posto de Higiene
Município de Lavras - MG 3 Sobrados, Hospital Voz Monteiro e
sobrados de uso misto na Rua Getúlio
Vargas
Município de Leopoldina - MG 2 Sobrados de uso misto na Vista parcial da
Rua Cotegipe e Agência dos Correios e
Telégrafos
Município de Luz - MG 1 Edificações térreas na Rua Coronel José
Thomas
Município de Machacalis - MG 2 Edificações comerciais na Vista parcial da
Rua Salvador e edificações na Vista
parcial da Rua Pretetto Manoel Viana
Município de Machado - MG 1 Cine e Hotel Limeira
Município de Manga - MG 1 Hospital Regional
Município de Manhuaçu - MG 5 Edificações térreas na Vista parcial da
Avenida João Luiz Alves, Sobrado na Vista
parcial da Rua Umaita; Sobrado na
Avenida João Luiz Alves, Sobrados na
Vista parcial da Rua Amaral Franco e
258

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Sobrado no outro trecho da Avenida João
Luiz Alves

Município de Manhumirim - MG 1 Hospital São Vicente de Paulo


Município de Mantena - MG 2 Estação Ferroviária Municipal e
edificações térreas na Avenida Getúlio
Vargas
Município de Maria da Fé - MG 1 Cine São Luiz
Município de Mar de Espanha - MG 1 Edificação térrea Bar
Município de Mariana - MG 1 Sobrado na Rua D. Silvério
Município de Marliéria - MG 1 Edificações térreas na vista de duas
novas residências da cidade
Município de Mateus Leme - MG 1 Prédio da Cooperativa dos Produtores de
Leite
Município de Matias Barbosa - MG 1 Estação da E.F.C.B.
Município de Matozinhos - MG 1 Sobrado de uso misto na Avenida Sonta
Terezinha
Município de Matutina - MG 1 Edificações térreas na Rua Gonçalves
Dias
Município de Mercês - MG 1 Edificação térrea na Vista parcial da
cidade
Município de Minas Novas - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Miradouro - MG 5 Sobrados de uso misto Ponte de concreto
armado sobre o rio Glória, Sobrado na
Rua Barão do Rio Brando, Sobrado na Rua
João Bicalho, Coletoria Estadual e
Prefeitura Municipal e edificações térreas
Município de Miraí - MG 1 Fórum
Município de Moeda - MG 1 Edificações térreas comerciais na Vista
parcial da Avenida do Comércio
Município de Mosenhor Paulo - MG 1 Edificação térrea comercial na Vista
parcial da Rua D. Hugo
Município de Monte Azul + MG 1 Edificações térreas na Rua Governador
Valadares
Município de Monte Belo - MG 1 Fórum
Município de Monte Carmelo - MG 5 Ginásio e Escola Normal Nossa Senhora
do Amparo, Hospital e Maternidade
Virgílio Rosa, Estação Rodoviária
edificação comercial na Avenida João
Pinheiroe Sobrados de uso misto no Outro
aspecto parcial da Praça Melo Viana
Município de Santo de Minas - MG 1 Fórum Municipal
Município de Montes Claros + MG 5 Sobrados de uso misto, Santa Casa de
Misericórdia Municipal, Banco de Minas
Gerais S. A e Sobrados de uso misto nas
ruas centrais da cidade
Município de Muriaé - MG 3 Sobrado de esquina, Biblioteca Municipal
e Tiro de Guerra e Agência dos Correios e
Telégrafos
Município de Mutum - MG 1 Ginásio Monteiro Lobato

259

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Natércia - MG 2 Hospital Coronel José Goulart e Cine-
Teatro Brasil
Município de Nova Lima - MG 2 Sindicato dos Trabalhadores na Extração
de Ouro e Metais Preciosos e Fórum
Municipal
Município de Oliveira - MG 2 Palácio Episcopal e sobrados de uso
misto na Praça Dr. José Ribeiro da Silva
Município de Ouro Fino - MG 2 Sobrados de uso misto na Rua 13 de Maio
e Agência do Banco de Crédito Real de
Minas Gerais S.A.
Município de Padre Leopoldo -MG 1 Edificação residencial térrea
Município de Pará de Minas - MG 1 Sobrados de uso misto Rua 20 de
Setembro vista de outro ângulo
Município de Passa Vinte - MG 1 Edificação térrea na Vista de uma rua da
cidade
Município de Passos + MG 6 Sobrado na Praça Getúlio Vargas, Igreja
Matriz Senhor Bom Jesus dos Passos,
Sobrados de uso misto na Vista parcial da
Rua Presidente Antônio Carlos, Sobrados
de uso misto Rua Rui Barbosa, edificação
térrea na Rua Coronel Neca Medeiros e
Edificação comercial na Vista parcial da
Rua João de Barros
Município de Patos de Minas - MG 2 Sobrados de Uso misto na Vista parcial da
Rua Major Gote, principal artéria da
cidade e Hotel
Município de Pedra Azul - MG 1 Hospital Ester Faria de Almeida
Município de Pedralva - MG 1 Sobrado de uso misto na Vista de um
trecho da Rua Paiva Júnior
Município de Pedro Leopoldo - MG 1 Hotel Minas Gerais
Município de Pequi - MG 3 Grupo Escolar Fernando Barbosa, Posto
de Higiene e Saúde e Matadouro
Municipal
Município de Perdigão - MG 1 Edificações comerciais térreas na Vista
de uma das principais ruas da cidade
Município de Perdões - MG 1 Sobrado de uso misto Praça 1 de Junho
Município de Piedade do Rio Grande - 1 Edificações térreas na Vista parcial da
MG cidade
Município de Pirajuba - MG 1 Edificações térreas comerciais na Vista
parcial de uma das principais ruas da
cidade
Município de Piranga - MG 2 Cine· Teatro Municipal e Coletoria Federal
Município de Pirapetinga - MG 1 Edificações comerciais térreas na
Avenida Governador Benedito Valadares
Município de Pirapora - MG 2 Escola Caio Martins, antigo hospital
Carlos Chagas e Sobrado na Vista parcial
da Avenida Tiradentes
Município de Piuí - MG 1 Sobrado de uso misto no Trecho da Praça
Dr. Avelino de Queiroz
Município de Poço Fundo - MG 1 Cinema principal do município
Município de Poços de Caldas - MG 1 Hotel Rex

260

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Pompéu - MG 1 Coletoria Estadual
Município de Porteirinha - MG 3 Edificações térreas na Vista parcial da
Praça Getúlio Vargas, Posto de Saúde e
Cine São Geraldo
Município de Pouso Alegre- MG 1 Sobrado de uso misto e Praça Senador
José Bento
Município de Prado - MG 2 Prefeitura Municipal e Pradense Clube
Município de Prata - MG 2 Ginásio São Luiz e Clube Recreativo do
município
Município de Presidente Olegário - MG 1 Fórum Municipal
Município de Presidente Soares - MG 1 Hospital de Alto Jequitibá
Município de Quartel Geral - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Raposos - MG 1 Sobrados de uso misto na Vista parcial da
Praça Getúlio Vargas
Município Raul Soares - MG 3 Cine Marrocos, Sobrado Fernando Vale e
Irmão (térreo mais dois) e Sobrado
Nagem
Município de Resende Costa - MG 1 Edificações térreas na vista parcial da
Praça "cel. Sousa Maia"
Município de Resplendor - MG 2 Sobrados de uso misto na Vista parcial da
cidade, vendo-se a praça de esporte e
Sobrado no aspecto parcial da Av.
Olegário Maciel
Município de Ribeirão das Neves - MG 1 Prefeitura Municipal e Coletoria Estadual
Município de Rio do Prado - MG 1 Edificação térrea (Mercado e Bar)
Município de Rio Novo - MG 1 Edificações térreas na vista parcial das
ruas da Aurora e do Cruzeiro
Município de Salinas - MG 1 Fórum Municipal
Município de Santa Juliana - MG 1 Cine Vitória
Município de Santa Margarida - MG 1 Novo Hotel
Município de Santa Rita do Jacutinga - 1 Hotel Santa Rita
MG
Município de Santo Antônio do Grama - 2 Prefeitura e Câmara Municipal e Cine
MG Gramense Ltda
Município de Santo Dumont - MG 1 Correios e Telégrafos
Município de São Franscico do Glória - 1 Edificação térrea na principal rua da
MG cidade
Município de São Geraldo - MG 2 Edificação térrea na Vista parcial da Rua
Silviano Brandão e Grupo escolar
"Professor Mortinho Matos"
Município de São Gonçalo do Pará - MG 2 Grupo Escolar e Hotel e Edificações
térreas no Aspecto do Largo da Matriz
Município de São Gonçalo do Sapucaí - 2 Sobrados no Aspecto da Praça Antônia
MG Carlos e Sobrados na Av. Dr. José lbraim
de Carvalho
Município de São Gotardo - MG 4 Prefeitura Municipal, Prédio Público na
Vista parcial da principal rua da cidade,
Agência do Banco Comércio e Indústria
Município de São João Del Rei - MG 1 Sobrados no Trecho da Rua Artur
Bernardes

261

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de São João Nepomuceno - 3 Sobrados de uso misto na Rua cel. José
MG Dutra, Rádio Difusora do município e
Cinema Brasil
Município de São José do Alegre - MG 1 Sobrado na Vista parcial da cidade
Município de São Lourenço - MG 1 Sobrados de uso misto na Rua Visconde
do Rio Branco
Município de São Miguel do Anta - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de São Pedro dos Ferros - 1 Prédio onde funcionam várias repartições
MG públicas
Município de São Romão - MG 1 Hotel S. Geraldo
Município de São Sebastião do Paraíso 1 Sobrados de uso misto no Trecho da
- MG Praça Matriz
Município de São Tomas de Aquino - 2 Edificações comerciais na Vista parcial da
MG principal rua da cidade e edificações
térreas no Trecho da rua Alves de
Figueiredo
Município de São Vicente de Minas - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Sapucaí Mirim - MG 1 Edificações térreas na Praça Fortunato
Pereira
Município de Senhora de Oliveira - MG 1 Correios e Telégrafos
Município de Sete Lagoas - MG 1 Hotel
Município de Silvianópolis - MG 1 Sobrado no Jardim da Praça 7 de
Setembro
Município de Soledade de Minas - MG 1 Prefeitura Municipal
Município de Tabuleiro - MG 1 Delegacia
Município de Taiobeiras - MG 1 Edificações comerciais na Rua Osvaldo
Argola
Município de Teófilo Antônio - MG 2 Sobrados na Rua Benedito Valadares e
Sobrados na vista de uma das principais
ruas
Município de Tombos - MG 1 Edificação térrea do Sr. FIoriano Peixoto
Vieira
Município de Toros - MG 1 Fórum Municipal
Município de Três Corações - MG 3 Sobrados de uso misto na Rua Luciano
Fereira Penha, edificações térreas na
Avenida Presidente Getúlio Vargas e
Sobrados no Trecho da Rua Luciano
Pereira Penha
Município de Tupaciguara - MG 6 Casa de Saúde São Lucas, Posto Esso,
Sobrado comercial, Cine-Teatro Helena,
Indústria de Cereais e Cine Vitória
Município de Ubá - MG 1 Agência do Banco Nacional de Minas
Gerais
Município de Uberaba - MG 1 Pavilhão Principal
Município de Uberlândia - MG 2 Sobrados de uso misto no Aspecto da Av.
Afonso Pena e sobrados no Outro trecho
do Av. Afonso Pena
Município de Varginha - MG 5 Sobrado, Edifício 5 pavimentos, Edifício na
Rua Presidente Antônia Carlos (térreo
mais três) e Indústria Lentini Ltda.
Município de Vespasiano - MG 1 Estação Rodoviária de Vespasiano
262

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Viçosa - MG 2 Cine Brasil e edificações térreas
Município de Adamantina - SP 5 Sobrado na Vista noturna da Rua Dep.
Salles Filho, Santa Casa da Misericórdia,
Cine Santo Antônio, edificações
comerciais térreas na Avenida Rio Branco
e edificações comerciais na Rua Dep.
Sales Filho
Município de Aguaí - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Águas de São Pedro - SP 1 Edificação térrea na Praça central
Município de Alfredo Marcondes - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Altinópolis - SP 1 Sobrado "Dr. Olavo"
Município de Álvares Machado - SP 2 Edificações comerciais no Aspecto de
Parte da Av. Américas e edificações
comerciais na R. Pres. Roosevelt e
Câmara Municipal
Município de Americana - SP 1 Cine e Hotel Cacique
Município de Américo de Campos - SP 2 Grupo Escolar e edificações térreas na
Rua São João
Município de Andradina - SP 1 Hotel Municipal
Município de Anguaratiba - SP 1 Grupo Escolar "Fortunato de Camargo"
Município de Aparecida - SP 1 Sobrado na Ladeira Monte Carmelo
Município de Araçatuba -SP 1 Edificações comerciais
Município de Araraquara - SP 1 Fórum e Correios· e Telégrafos
Município de Araras - SP 1 Colégio Estadual
Município de Assis - SP 1 Grupo Escolar
Município de Avaré - SP 3 Instituto de Ensino, Prefeitura Municipal e
edificação comercial térrea na Rua
Maranhão
Município de Bálsamo - SP 1 Edificações térreas na Vista Parcial da
Cidade
Município de Bariri - SP 6 ZYZ-8 Rádio Cultura, Cine Carlos Gomes,
S.E.S.I., Banco Moreira Sales S. A., Banco
Brasileiro de Descontos S. A. e Banco
Nacional Paulista S. A.
Município de Barretos - SP 1 Edificações térreas
Município de Barrinha - SP 1 Edificações térreas na Rua Central
Município de Barueri - SP 1 Sobrados na Rua João da Motta e Luz
Município de Bastos - SP 1 Sobrados de uso misto na Rua Adhemar
de Barros
Município de Batatais - SP 1 Clube Sociedade Recreativa 14 de março
Município de Bebedouro - SP 2 Correios e Telégrafos e Prefeitura
Municipal
Município de Bento de Abreu - SP 2 Edificação térrea na fotografia do Busto
de Bento de Abreu
Município de Bilac- SP 2 Edificação térrea no Jardim Público e
Ginásio Estadual
Município de Bocaína - SP 1 Santa Casa de Misericórdia
Município de Borborema - SP 1 Paço Municipal
Município de Brotas - SP 2 Ginásio Estadual e edificações comerciais
263

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


térreas no Trecho da Avenida I
Município de Caçapava - SP 2 Prefeitura Municipal e Quartel do
"Regimento· lpiranga"
Município de Cafelândia - SP 2 Santa Casa de Misericórdia e Fórum
Município de Cajobi - SP 1 Prédio da Câmara e Prefeitura Municipal
Município de Campos do Jordão - SP 1 Sobrado de uso misto na Av. Januário
Miráglia
Município de Cândido Mota - SP 1 Prefeitura Municipal, situada na Praça
Monsenhor Davi
Município de Capivari - SP 4 Cine Vera Cruz, Sobrado na Praça
Rodrigues de Abreu, Grupo Escolar e
edificações térreas na Av. Dr. Rodrigues
Alves
Município de Casa Branca - SP 1 Sobrados na Zona Comercial
Município de Castilho - SP 1 Paço Municipal
Município de Catanduva - SP 6 Sobrados na Rua Brasil, Fórum, Sobrados
na Rua Minas Gerais, sobrados na Rua
Alagoas e Estação Ferroviária
Município de Cedral - SP 1 Edificações comerciais térreas na Praça
João Pessoa 2 Rua José Bonifácio
Município de Cerqueira César - SP 1 Edificações térreas na Praça Carlos
Gomes
Município de Cerquilho - SP 1 Sobrado Francisco Goiotto
Município de Carqueada - SP 2 Edificações térreas na Avenida da
liberdade e Igreja Matriz
Município de Conchal - SP 1 Sede da Associação
Município de Cosmópolis - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Cravinhos - SP 1 Cadeia Pública
Município de Cubatão - SP 1 Usina da Light
Município de Descalvado - SP 1 Colégio Estadual
Município de Dracena - SP 7 Sobrados na Av. Presidente Roosevelt,
Sobrados na Praça da Bandeira e na Av.
Expedicionário, Fórum, Mercado,
sobrados na Av. Presidente Rooseyelt e
Ginásio de Dracena
Município de Duartina - SP 1 Hospital Santa Luzia
Município de Echaporã - SP 1 Paço Municipal
Município de Estrela D'oeste - SP 2 Edificações comerciais na vista Parcial e
Jardim Público
Município de Fernadópolis - SP 4 Santa Casa, Edificações térreas
comerciais na Avenida Sete, Ginásio
Estadual e sobrados na Rua São Paulo
Município de Ferraz de Vasconcelos - 1 Grupo Escolar
SP
Município de Flórida Paulista - SP 1 Ginásio Estadual
Município de Florinea - SP 2 Posto Fiscal e Correio
Município de Franca - SP 1 Correios e Telégrafos
Município de Garça - SP 1 Cine São Miguel
Município de General Salgado - SP 3 Grupo Escolar, Ginásio Estadual e

264

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


edificações térreas na Vista Central
Município de Getulina - SP 3 Paço Municipal e Fórum, Biblioteca
Municipal e Cine Getulina
Município de Guaiçara - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Guaimbé - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Guará - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Guarantã - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Guararapes - SP 1 Edificação térrea
Município de Guararema - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Guarulhos - SP 2 Sobrados na Rua D. Pedra II e Fábrica de
Transformadores Elétricos
Município de Herculândia - SP 1 Edificações térreas na Zona Comercial da
Cidade
Município de Iacanga - SP 1 Cinema
Município de Ibirá - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Iguarapava - SP 1 Edificações diversas na vista parcial
aérea da Cidade
Município de Indiana - SP 2 Sobrados na Vista Parcial e edificação
comercial na outra vista parcial
Município de Indiaporã - SP 1 Edificações térreas no Centro Comercial
Município de Ipuã - SP 1 Edificações comerciais térreas na
Avenida Dona Tereza
Município de Iracemápolis - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Irapuru - SP 1 Cine Irapuru
Município de Itaí - SP 1 Esporte Clube ltalense
Município de Itajobi - SP 1 Ginásio Estadual de ltajobi
Município de Itaju- SP 2 Banco do Vale do Paraíba S.A. e
edificações térreas no Trecho da Avenida
João Zamboni Aspareto
Município de Itapetininga- SP 1 Sobrado de uso misto e Ginásio
ltapetininga
Município de Itápolis - SP 1 Colégio e Escola Normal
Município de Itaporanga + SP 2 Centro de Cultura e esporte e P.A.M.S.
Município de Itapuí - SP 1 Hospital e Maternidade de ltapuí, em
construção
Município de Itararé + SP 2 Paço Municipal e sobrados na Rua São
Pedro - Ao lado direito, Cine Itararé
Município de Itu - SP 1 Instituto de Educação Regente Feijó
Município de Iturerava + SP 1 Estação Rodoviária
Município de Jaboticabal + SP 1 Sobrados na Rua Rui Barbosa
Município de Jacareí - SP 1 Fábrica de Biscoitos
Município de Jacupiranga + SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Jales + SP 1 Ginásio Estadual de Jales
Município de Jambeiro + SP 1 Paço Municipal
Município de Joanópolis + SP 2 Cinema Santa Rita e Centro Social O. José
Maurício
Município de José Bonifácio + SP 2 Sede social do Aeroclube e edificações
térreas no trecho da Avenida 9 de Julho
265

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Junqueirópolis - SP 1 Prédios dos Correios e Prefeitura
Município de Juquiá - SP 1 Sobrado em frente a Ferrovia
Município de Leme - SP 1 Sobrados na Rua 29 de Agosto
Município de Lençóis Paulista - SP 2 Destilaria e Fórum
Município de Limeira - SP 2 Sobrados de uso misto na Rua Dr. Trajano
de Barros Camargo e Banco Arthur
Scatena S. A.
Município de Lins - SP 3 Colégio Salesiano O. Henrique; Paço
Municipal e Estação Rodoviária
Município de Lucélia - SP 1 Ginásio Salesiano Domingos Sávio
Município de Lucianópolis - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Magda - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Manduri - SP 2 Prefeitura Municipal e Câmara Municipal
Município de Marília- SP 3 Edificações térreas, Sobrados na Rua São
Luís e Outro aspecto da Rua São Luís
Município de Miguelópolis - SP 3 Agência dos Correios; Coletoria Estadual
e Cine Ideal
Município de Mineiros do Tietê - SP 1 Edificações comerciais na Rua 27 de
Agosto
Município de Mirandópolis - SP 2 Sobrados na Rua Principal e na vista
Central
Município de Mococa - SP 1 Fórum
Município de Mogi das Cruzes - SP 1 Edificação comercial Loja da Philco
Município de Mogi Mirim - SP 2 Cine São José e sobrados na Vista Central
Município de Monte Alto - SP 2 Cooperativa de Laticínios; Aeroclube
Município de Monte Aprazível - SP 1 Mercado Municipal
Município de Monte-Mor - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Nova Europa - SP 2 Cartório e Câmara e P.A.M.S.
Município de Nova Granada - SP 1 Cine Granada
Município de Óleo - SP 1 Edificações comerciais na Rua Cerqueira
César
Município de Olímpia - SP 5 Edificações comerciais térreas, Sobrados
na Rua 9 de Julho e na Rua Cel. Francisco
Nogueira; Delegacia Policial e Cine
Olímpia
Município de Oriente - SP 2 Prefeitura Municipal e edificações
comerciais térreas na vista parcial
Município de Orlândia - SP 2 Ginásio Estadual e Escola Normal e Clube
Orlândia
Município de Ourinhos - SP 3 Edificações térreas na Rua Antônio Prado;
Colégio Estadual e Grupo Escolar
Município de Pacembu - SP 1 Cine Luz
Município de Palestina - SP 1 Sobrado na Rua Valentim ÁIvares
Município de Paraguaçu Paulista - SP 3 Prefeitura Municipal; Sobrados na Visto
Central e na Avenida Paraguaçu
Município de Parapuã - SP 1 Cine Parapuã
Município de Pariquera-aÇu - SP 1 D.E.R.
Município de Paulicéia- SP 1 Prefeitura Municipal e Correio

266

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Paulo de Faria - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Pederneiras - SP 1 Santa Casa de Misericórdia e Paço
Municipal
Município de Penápolis - SP 1 Vista Central
Município de Pereira Barreto - SP 1 Edifício térreo mais três
Município de Piedade - SP 1 Edificações térreas na Rua Cônego José
Rodrigues de Oliveira
Município de Pindorama - SP 2 Sobrados na Av. Rio Branco e edificações
térreas na Vista Parcial
Município de Pinhal - SP 2 Sanatório Bezerra de Menezes e Centro
de Saúde
Município de Piquete - SP 1 Sobrado na Praça da Bandeira
Município de Pirajuí - SP 1 Sobrado no trecho da Rua 13 de Maio
Município de Pirangi - SP 1 Edificações térreas na Vista Parcial
Município de Pirapózinho - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Pirassununga - SP 1 Vista Central - Caixa Econômica
Município de Piratininga - SP 3 Jardim Público, Prefeitura Municipal e
sobrado na Rua Or. José Lisboa Júnior
Município de Planalto - SP 2 Grupo Escolar, Coletoria Estadual e
Prefeitura Municipal
Município de Poá - SP 2 Prefeitura Municipal
Município de Pompéia - SP 2 Edificações térreas na Rua Senador
Rodolfo Mirando e sobrados na Rua
Senador Rodolfo Miranda
Município de Pontal - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Presidente Alves - SP 1 Sobrado na Rua Cap. Rodrigues
Município de Presidente Prudente - SP 4 Sobrados de uso misto na rua Vista
Parcial, Sobrados na Rua Dr. José Fóz,
Sobrados na Rua Tenente Nicolau Mofei e
Estação Ferroviária
Município de Presidente Venceslau - SP 4 Edificação comercial térrea na Avenida O.
Pedro II, Radioemissora, Cine Bandeirante
e sobrados na Avenida O. Pedro II
Município de Promissão - SP 1 Fórum
Município de Quatá - SP 1 Delegacia e Cadeia
Município de Quitana - SP 2 Banco Mercantil de São Paulo S. A. e
Hotel
Município de Rancharia - SP 2 Edificações térreas comerciais e
sobrados de uso misto na vista aérea
Município de Reginópolis - SP 1 Edificações térreas na Vista Central
Município de Ribeirão Bonito - SP 1 Sociedade "Ribeirão Bonito Clube"
Município de Ribeirão Branco - SP 1 Edifício "IV Centenário" (térreo mais três)
Município de Ribeirão Preto - SP 2 Edifício na Praça Principal e Sobrado na
Rua Alvares Cabral
Município de Rincão - SP 1 Prefeitura
Município de Rio das Pedras - SP 1 Sobrados na Rua Prudente de Moraes
Município de Riolândia - SP 1 Cine Carlos Gomes
Município de Sales Oliveira - SP 1 Grupo Escolar

267

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Salto Grande - SP 2 Prefeitura Municipal e Paço Municipal
Município de Santa Adélia - SP 2 Estação Ferroviária e Ginásio Estadual
Município de Santa Bárbara D'oeste - 3 Fábrica de carros "Romi-lsetta" ,
SP Biblioteca Municipal e Ginásio Estadual e
Escola Normal
Município de Santa Cruz da Conceição - 1 Prefeitura Municipal
SP
Município de Santa Cruz das Palmeiras 1 Fórum e Cadeia Pública
- SP
Município de Santa Cruz do Rio Pardo - 3 Fórum, Instituto de Educação e Santa
SP Casa de Misericórdia
Município de Santa Fé do Sul - SP 2 Sobrados de uso misto na Avenida Cons.
Antônio Prado e Sobrado na Rua 14
Município de Santa Gertrudes - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Santa Isabel - SP 1 Indústrias
Município de São Carlos - SP 1 Sobrados na Avenida São Carlos
Município de São Joaquim da Barra - 1 Estação Rodoviária
SP
Município de São José da Bela Vista - 2 Casa Paroquial e Coletoria Estadual e
SP Delegacia de Polícia
Município de São José dos Campos - 2 Fórum e Cinema no Jardim Público
SP
Município de São Manuel - SP 1 Fórum
Município de São Paulo - SP 5 Sobrados, Cinema na Avenida São João,
Edifício do Banco do Estado de São Paulo,
Edifício do Instituto Adolpho Luz -
Pesquisas Científicas e Edifício do
Instituto Biológico
Município de São Pedro - SP 2 Sobrados na Rua Dr. Malaquias Guerra e
Ginásio de São Pedro
Município de São Pedro do Turvo - SP 3 Posto de Assistência Médico-Sanitária e
Coletoria Estadual - Caixa Econômica do
Estado - Pôsto Fiscal
Município de São Roque - SP 1 Sobrados de uso misto na Praça da Matriz
Município de Sapuraí - SP 1 Cine São Francisco
Município de Serrana - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Severíena - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Sorocaba - SP 1 Clube União Recreativo
Município de Tambaú - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Tanabi - SP 1 Banco do Comércio
Município de Taquaritinga - SP 2 Colégio Estadual e Escola Normal e
Colégio Nossa Senhora da Consolação
Município de Taquarituba - SP 1 Edificações térreas comerciais e
residenciais
Município de Tatuí - SP 1 Sobrados na Rua José Bonifácio
Município de Taubaté + SP 3 Edifício da Fábrica de Tecidos de Taubaté,
Instituto de Educação e sobrado de uso
misto na Rua das Palmeiras
Município de Tietê - SP 1 Paço Municipal
Município de Tupã - SP 2 Sobrados na Avenida Tamoios com Rua
268

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Potiguaras e Grande Hotel Tamoios
Município de Tupi Paulista - SP 5 Fórum, Cine Teatro Tupi, sobrados na
Avenida Tupi, Prefeitura Municipal e
edificações térreas na Avenida Tupi vista
de outro ângulo
Município de Ubatuba - SP 1 Sobrado de uso misto
Município de Ubirajara - SP 1 Prefeitura Municipal
Município de Uchoa - SP 2 Prefeitura Municipal e Casa Paroquial
Município de Uru - SP 3 Correio e Telégrafos, Cartório do Registro
Civil, Prefeitura Municipal e Coletoria
Estadual
Município de Val paraíso - SP 1 Edificações comerciais na Rua 15 de
Novembro
Município de Vera Cruz - SP 1 Sobrados de uso misto na Rua 5 de julho
Município de Votuporanga - SP 1 Paço Municipal
Município de Abatia - PR 2 Banco Mercantil e Industrial do Paraná S.
A. e Banco Comercial do Paraná S. A.
Município de Alto Paraná - PR 1 Prefeitura Municipal, onde funciona
também a Agência Municipal de
Estatística
Município de Antonina - PR 2 Grupo escolar Municipal e Casa de Saúde
Municipal
Município de Apucarana - PR 1 Sobrado de uso misto na Avenida Curitiba,
trecho denominado de Barra Funda
Município de Arapongas - PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Arapoti - PR 1 Delegacia e Cadeia
Município de Assaí - PR 2 Prefeitura Municipal e Banco América do
Sul S. A.
Município de Astorga - PR 1 Sobrado de uso misto no Aspecto parcial
da Avenida Valencia
Município de Bandeirantes - PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Califórnia - PR 1 Banco Agrícola de Califórnia
Município de Cambé - PR 1 Sobrado no outro aspecto da Avenida
Brasil
Município de Carlópolis - PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Centenário do Sul - PR 1 Fachada principal da Agência do Banco do
Estado do Paraná S.A.
Município de Cornélio Procópio - PR 1 Sobrado de uso misto na Vista parcial da
Avenida XV de Novembro
Município de Cruzeiro do Oeste - PR 1 Rádio Difusora Cruzeiro d'Oeste
Município de Curitiba - PR 5 Estádio Durival de Brito, Agência dos
Correios e Telégrafos, Quartel da Polícia
Militar, Secretaria de Saúde Pública e
Escola Técnica Municipal
Município de Curiúva - PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Foz do Iguaçu - PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Guaraci - PR 2 Prefeitura Municipal, Banco Agrícola e
Coletoria Estadual
Município de Ibiporã - PR 1 Fachada do Ginásio Estadual e Grupo
Escolar Engenheiro Francisco Beltrão
269

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Irati - PR 4 Agência do Banco do Brasil S.A., Agência
do Banco Comercial do Paraná S. A.,
Grupo Escolar Duque de Caxias e
Seminário Seráfico
Município de Jaboti - PR 1 Grupo Escolar Jaboti-Paranó
Município de Jacarezinho - PR 4 Exatoria Estadual, Centro de Saúde
Estadual, Instituto Biológico de Pesquisas
Tecnológicas e Hotel Municipal
Município de Jaguapitã - PR 1 Coletoria Estadual
Município de Jundiaí do Sul - PR 1 Prédio da Prefeitura Municipal
Município de Loanda - PR 2 Prefeitura Municipal e Coletoria Estadual
Município de Londrina - PR 4 Edificação térrea na Av. Paraná, Sobrado
comercial Casas Funganti, Sobrados na
Avenida Rio de Janeiro e Centro de Saúde
Município de Lupianópolis - PR 1 Hotel Avenida
Município de Mandaguaçu - PR 1 Agência do Banco Moreira Sales S. A.
Município de Mandaguari - PR 1 Agência do Banco do Estado do Paraná S.
A.
Município de Maringá - PR 2 Edificações térreas comerciais e Agência
Postal-Telegráfica
Município de Morretes - PR 1 Banco Comercial do Estado
Município de Nova Fátima - PR 1 Edificação comercial Farmácia São João
Município de Palmeira - PR 2 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar
Município de ParanáCity - PR 1 Coletoria Estadual
Município de Paranaguá - PR 1 Sobrado (recortes volumétricos)
Município de Paranavaí - PR 4 Sobrados na Esquina da Rua Alagoas,
sobrados no Trecho da Avenida Paraná,
sobrados no trecho da Rua Acre e Rádio
Paranavaí
Município de Peabiru - PR 1 Edificações térreas na Avenida Raposo
Tavares
Município de Pinhalão - PR 1 Grupo Escolor Municipal
Município de Piraí do Sul - PR 1 Edificações térreas na Avenida João
Pessoa
Município de Ponta Grossa - PR 4 Edifício Cine-T eatro Ópera, Edifício da
PRJ-2 Rádio Clube Ponta-grossense,
Sobrados na Vista parcial da cidade e
Sobrado na vista do Ponto Azul
Município de Quatiguá - PR 2 Grupo Escolar Estadual e Prefeitura
Municipal
Município de Rebouças - PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Ribeirão Claro - PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Ribeirão do Pinhal - PR 1 Antigo Fórum Municipal (Rua São Paulo)
Município de Rio Azul - PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Rio Negro - PR 1 Salão Paroquial
Município de Rolândia + PR 2 Edificações térreas comerciais na Vista
parcial da Avenida Interventor Manoel
Ribas e edificações térreas na Rua
Monteiro Lobato

270

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Sabáudia + PR 1 Edificações térreas comerciais na Vista
da principal rua do município
Município de Santa Isabel do Avaí + PR 2 Prefeitura Municipal e Cine Santa Isabel
Município de Santa Mariana + PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Santo Antônio da Platina + 1 Ginásio Estadual
PR
Município de Santo Inácio + PR 2 Banco Agro-Pecuário de Santo Inácio e
edificações térreas na vista da Rua Doze
Município de Sengés + PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Siqueira Campos + PR 1 Prefeitura Municipal
Município de Teixeira Soares + PR 1 Fórum Municipal
Município de Tibagi - PR 2 Prefeitura Municipal e Fórum Municipal
Município de Tomazina - PR 5 Prefeitura Municipal, Cine Bar Sra. do
Carmo, Agência do Banco Comercial do
Paraná S.A. e Hospital São Vicente de
Paulo
Município de União da Vitória - PR 3 Prefeitura Municipal, Sobrados na Av.
Getúlio Vargas e Maternidade Municipal
Município de Uraí - PR 1 Sobrado de uso misto no Trecho do
principal Avenida do Município
Município de Venceslau Braz - PR 3 Agência do Banco Comercial do Paraná S.
A., Hotel Comercial e Grupo Escolar Dr.
Sebastião Paraná
Município de Blumenau - SC 1 Estação Rodoviária
Município de Brusque - SC 1 Sobrados de uso misto na Avenida Cônsul
Carlos Renaux
Município de Caçador - SC 2 Sobrados de uso misto na Avenida Rio
Branco e sobrados no outro aspecto
parcial da Avenida Barão do Rio Branco
Município de Canoinhas - SC 3 Prefeitura Municipal, Sobrados na Vista
parcial da Rua Major Vieira e Sobrados na
Vista parcial da Rua Senador Felipe
Schmidt
Município de Capinzal - SC 2 Prefeitura Municipal e sobrados na Vista
parcial da Rua 15 de Novembro, principal
da cidade
Município de Concórdia - SC 1 Sobrados na vista parcial da Rua do
Comércio
Município de Criciúma - SC 2 Sobrados na Vista de um trecho da Rua
João Pessoa e Sobrados na Vista de um
trecho da Rua Conselheiro João Zanette
Município de Curitibanos - SC 1 Sobrados no Trecho da Rua Waldir Ortigar
Município de Florianópolis - SC 2 Faculdade de Direito e Edifício na Rua
Felipe Schneider
Município de Erval D`Oeste - SC 1 Edificações térreas na Rua Campos Novos
Município de Ibirama - SC 1 Hospital Miguel Couto
Município de Itá - SC 1 Sobrado comercial
Município de Jaguaruna - SC 2 Sobrado na Vista Parcial da cidade e
Clube Recreativo 1.0 de Janeiro
Município de Jaraguá do Sul - SC 1 Prefeitura Municipal

271

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Joaçaba - SC 2 Prefeitura Municipal e sobrado no Centro
comercial da cidade
Município de Laguna - SC 2 Prefeitura Municipal e sobrados de uso
misto no Trecho da Rua Gustavo Richard
Município de Mafra - SC 2 Prefeitura Municipal e Colégio Normal
Barão de Antonina
Município de Orleães - SC 1 Prefeitura Municipal
Município de Papanduva - SC 1 Sobrados no Trecho da Rua Tenente Ari
Raneu
Município de Porto União - SC 3 Sobrados no Jardim Benjamin Constant,
Sobrados na Esquina das Ruas Siqueira
Campos e Matos Costa e sobrados na
Vista parcial da Praça Hercília Luz
Município de Presidente Getúlio - SC 1 Prefeitura Municipal
Município de Rio do Sul - SC 3 Sobrados de uso misto na Avenida 7 de
Setembro, Sobrados na Vista parcial da
Praça Nereu Ramos e Sobrados na Rua
Carlos Gomes
Município de São Joaquim - SC 1 Agência do Banco INCO
Município de Tangará - SC 1 Sobrado na Avenida Irmãos Piccoli
Município de Tubarão- SC 2 Sobrados na Praça Centenário e
Sobrados no Centro comercial da cidade
Município de Turvo- SC 1 Sobrados residenciais no Trecho da
Avenida Rui Barbosa
Município de Xanxerê - SC 1 Prefeitura Municipal
Município de Alegrete - RS 1 Sobrados de uso misto na Vista parcial da
Rua Gaspar Martins
Município de Arroio Grande - RS 2 Posto de Saúde e Ginásio Municipal
Município de Bagé - RS 2 Sobrados de uso misto e Edifício térreo
mais quatro
Município de Bom Jesus - R 1 Sobrado na vista parcial da parte
sudoeste da cidade
Município de Cacequi - RS 2 Prefeitura Municipal e Escola Normal N.
s.a das Graças
Município de Cachoeira do Sul - RS 2 Sobrados na Vista de um trecho da Rua
Saldanha Marinho e Escola Normal João
Neves da Fontoura
Município de Candelária - RS 2 Estação Rodoviária Municipal e Grupo
Escolar Guia Lopes, mantido pelo Governo
do Estado
Município de Canela - RS 1 Pórtico 1 Exposição Agropecuária e
Industrial realizada no Município
Município de Canoas - RS 1 Prefeitura Municipal
Município de Carazinho - RS 2 Sobrados na Rua principal e Prefeitura
Municipal
Município de Dom Pedrito - RS 3 Associação Rural, Hospital Santa
Terezinha e Grupo Escolar "Farrapos"
Município de Erval - RS 2 Sociedade Recreativa lris Ervalense e
Sociedade Agrícola e Pastoril
Município de Espumoso - RS 2 Sede do Clube Aliança e Banco Agrícola
Mercantil S. A.

272

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Estrelas - RS 2 Prefeitura Municipal e Estação Rodoviária
Município de Gaurama - RS 1 Sobrados dois maiores estabelecimentos
comerciais da cidade
Município de Giruá - RS 1 Sobrado residencial na Vista parcial de
um trecho da cidade
Município de Ijuí - RS 2 Sobrados de uso misto e Prefeitura
Municipal
Município de Iraí - RS 2 Sobrado no Trecho da Rua Antônio
Siqueira e Cine Cruzeiro
Município de Júlio de Castilhos - RS 2 Escola Normal Regional Maria Rainha e
Moinho Cruzeiro do Sul S. A.
Município de Lagoa Vermelha - RS 2 Sobrado Vista parcial da Avenida Afonso
Pena e Hospital São Paulo
Município de Marau - RS 3 Sobrados na Vista parcial da Avenida
Júlio Borella, a mais importante da
cidade, Hospital Providência e Fábrica de
Calçados Foresti S. A.,
Município de Montenegro - RS 1 Sobrado na Vista parcial da Praça Ruy
Barbosa
Município de Não-me-toque - RS 1 Edificações térreas na vista parcial da
Rua Alto Jacuí
Município de Nova Petrópolis - RS 1 Sede da Caixa Rural da cidade
Município de Nova Prata - RS 1 Prefeitura Municipal
Município de Nova Hamburgo - RS 1 Sobrados de uso misto na vista parcial da
Avenida Adams
Município de Osório - RS 1 Estação Ferroviária
Município de Pelotas - RS 1 Escola Complementar Municipal
Município de Palmeiras das Missões - 2 Sobrado na Praça Júlio de Castilho e
RS sobrados de uso misto na vista parcial da
Avenida Independência
Município de Panambi - RS 1 Sobrados na Vista parcial do centro da
cidade
Município de Passo Fundo - RS 1 Sobrados na vista parcial da Rua Moron
Município de Piratini - RS 1 Prefeitura Municipal
Município de Porto Alegre - RS 2 Edifício na Rua General Portinho e
Sobrados na Vista parcial do Avenida
Borges de Medeiros
Município de Quaraí 1 Edifício da Câmara do Comércio (térreo
mais 5)
Município de Roca Sales - RS 2 Sobrados na Vista parcial da Rua General
Osório e Prefeitura Municipal
Município de Sananduva - RS 1 Sobrados na Vista parcial da Rua Dom
Carlos, principal artéria da cidade
Município de Santa Cruz do Sul - RS 2 Ginásio Santa Cruz e sobrados na vista
parcial da Avenida Rio Branco
Município de Santa Rosa - RS 3 Prefeitura Municipal, Agência dos
Correios e Telégrafos e Estação
Rodoviária
Município de Santa Vitória do Palmar - 1 Casa Rural (Associação Rural)
RS

273

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Santiago - RS 3 Sobrados na vista parcial da Avenida
Getúlio Vargas e Moinho Sontiaguense S.
A.
Município de Santo Ângelo - RS 1 Sobrados na vista parcial da Rua Marquês
de Herval
Município de Santo Antônio - RS 1 Escola Normal Santa Teresinha
Município de São Francisco de Assis - 1 Hospital Santo Antônio
RS
Município de São Jerônimo - RS 1 Prefeitura Municipal
Município de São Loureço do Sul - RS 3 Fórum, Sobrado na vista parcial da Rua
Júlio de Castilhos e Prefeitura Municipal
Município de São Luís Gonzaga - RS 2 Prefeitura Municipal e Cine Luís
Município de Soledade - RS 1 Sobrados de uso misto na Gauchada de
"Pala" e laço nos "teutos", em plena zona
central da cidade
Município de Três de Maio - RS 1 Edificação comercial térrea na
confluência da Avenida Uruguai com Rua
Horizontina
Município de Tupanciretã - RS 2 Estação da Viação Férrea do Rio Grande
do Sul e Prefeitura Municipal
Município de Uruguaiana + RS 4 Sobrados, Ponte Internacional que liga
Uruguaiana a Paso de Los Libres
(Argentina), destacando-se parte do
Largo Dom Pedro IIM Estação Rodoviária
e Edifício do Hotel Glória
Município de Venâncio Aires - RG 1 Sobrado na Vista parcial da Rua Oswaldo
Aranha
Município de Veranópolis - RS 1 Edifício na Parte do Jardim da Praça de
Veranópolis (térreo mais quatro)
Município de Viamão- RS 1 Câmara Municipal
Município de Aparecida do Taboado - 1 Fórum, delegacia e cadeia
MT
Município de Aquidauana - MT 1 Sobrado na Rua Estevão Alves Corrêa
Município de Carcéres -MT 2 Edificações comerciais na Rua General
Osório e na Rua Coronel Dulce
Município de Campo Grande - MT 3 Sobrados de uso misto na Rua Dom
Aquino e na Praça Dr. Ary Coelho de
Oliveira e Edifício do Grande Hotel Gaspar
Município de Cuiabá - MT 4 Edificações térreas na da Rua Cândido
Mariano e Edificações térreas no aspecto
parcial da cidade, Edifício do Centro
América Hotel e Secretaria Geral do
Governo de Mato Grosso
Município de Dourados - MT 3 Coimbra Hotel, Sobrado Santa Rita e
sobrados na Avenida Marcelino Pires
Município de Parnabaíba - MT 1 Fórum, Delegacia e Cadeia
Município de Ponta Porã - MT 2 Agência Postal Telegráfica e Cine-Teatro
Cruzeiro do Sul
Município de Três Lagoas - MT 2 Relógio Municipal e edificação térrea em
outra aspecto parcial da cidade

274

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Município de Anápolis - GO 6 Edificação térrea (Farmácia Popular),
Sobrado na vista Rua Barão do Rio
Branco, Sobrado Banco do Estado de
Goiás, Prefeitura e Fórum, Palace Hotel,
Correios e Telegrafas e edificação térrea
na no Praça do mesmo nome
Município de Anincus - GO 1 Prefeitura Municipal
Município de Baliza - GO 2 Prefeitura Municipal e Agência Municipal
de Estatística
Município de Caiapônia - GO 5 Edificações térreas comerciais na vista
parcial do jardim de Caiapônia,
edificações térreas na Vista da Praça da
Bandeira e edificações térreas na Rua
Cel. Lindolfo Alves, Grupo Escolar
Gercino Borges Teixeira e Prefeitura
Municipal e Fórum
Município de Carmo do Rio Verde - GO 1 Prefeitura Municipal
Município de Catalão - GO 3 Edificação comercial térrea no Trecho do
Jardim Público, Cine Teatro Real e Banco
do Brasil
Município de Ceres - GO 4 Clínica Centro Goiano (solta no lote),
Edificações térreas nos Trechos da
Avenida Contorno, Edificações térreas
nos Trechos da Avenida
Contorno,Edificações térreas nos Trechos
da Avenida Contorno
Município de Corumbá de Goiás - GO 1 Prefeitura Municipal
Município de Firminópolis - GO 3 Edificações térreas na Avenida Goiânia e
Indústria de Laticínios Kênia e Cine Santa
Maria
Município de Goiânia - GO 8 Hotel, Estação Ferroviária, Palácio das
Esmeraldas, Cine-Teatro Goiânia,
Sobrados no trecho comercial da Avenida
Anhangüera, Sobrados no Trecho
comercial da Rua Seis e Sobrados no
Trecho comercial da Rua Seis
Município de Goiatuba - GO 2 Edificações térreas na Rua Presidente
Vargas e edificações térreas na vista
parcial
Município de Guapó - GO 1 Edificação térrea comercial na Rua do
Níquel
Município de Hidrolândia - GO 1 Edificações térreas na Rua Pirineus
Município de Inhumas - GO 4 Edificações térreas comerciais no Trecho
da rodovia BR-13, edificações térreas à
entrada da cidade, Palácio Municipal e
edificações térreas na Vista Parcial
Município de Ipameri - GO 5 Ginásio Estadual, Cine-Teatro Estrela, Lar
Vicentino das Meninas Pobres, Agência
Forte e Umuarama Clube
Município de Itapaci - GO 2 Grupo Escolar e Lar Vicentino das
Meninas Pobres
Município de Itarumã - GO 1 Repartições públicas do Município e
Fábrica de Manteiga, da Prefeitura
275

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


Municipal
Município de Itumbiara - GO 5 Casa de saúde na Rua Marechal Deodoro,
Edificações térreas na Rua Paranaína,
Edificação térrea Comercial na Av. Afonso
Pena com Rua. Benjamin Constant,
Sobrado de uso misto na Praça da
República e Cine Walter Barra
Município de Ivolândia - GO 1 Prefeitura Municipal e Grupo Escolar
Município de Jaraguá - GO 1 Edificações térreas comerciais na Rua 24
de Outubro
Município de Jataí - GO 2 Sobrados de uso misto Avenida Goiás e
Rua Carvalho Bastos
Município de Leopoldo de Bulhões - GO 2 Prefeitura Municipal e Posto de Saúde
Município de Morrinhos - GO 4 Banco Comércio e Indústria de Minas
Gerais e sobrados e edificações térreas
na Rua Barão do Rio Branco
Município de Nerópolis - GO 1 Sobrados e edificações térreas no Trecho
da Rua I
Município de Orizona - GO 2 Correios e Telégrafos e Posto Policial
Município de Ouvidor - GO 1 Edificação térrea na Avenida Governador
José Ludovico
Município de Palmeiras de Goiás - GO 1 Fórum
Município de Paraúna - GO 1 Grupo Escolar Prof. Ferreira
Município de Petrolina de Goiás - GO 1 Prefeitura Municipal
Município de Piranhas - GO 1 Prefeitura Municipal
Município de Pirinópolis - GO 1 Cine Pirineus
Município de Piris do Rio - GO 2 Palácio Municipal na Praça Marechal
Floriano e sobrados Rua Coronel João
Rincon
Município de Quirinópolis - GO 1 Edificações térreas na Rua Rui Barbosa
Município de Rio Verde - GO 1 Edificações comerciais na Vista parcial da
Rua Rui Barbosa
Município de São Luís do Montes Belos 1 Edificações térreas comerciais no
- GO Aspecto da arborização da Av.
Hermógenes Coelho
Município de Silvânia - GO 1 Prefeitura Municipal
Município de Trindade - GO 2 Edificações térreas comerciais na Rua
Cel. Eugênio Jardim e edifício da
Sociedade Cooperativa Banco de Crédito
Rural
Município de Uruana - GO 1 Hospital de Assistência à Maternidade e a
Infância
Município de Vianópolis - GO 2 Edificação térrea na Rua Engenheiro
Balduino e Sociedade Goiana de Carnes e
Derivados Ltda - matadouro
Total de exemplares Déco identificados 1947

276

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco


APÊNDICE C + Classificação dos exemplares Déco por estado.

Edifícios Novos Edifícios Sobrados e Outros


Públicos Programas altos (a edificações
partir de 4 térreas
pavimentos)
Amapá 0 0 0 0 0

Roraima 0 0 0 0 0
Acre 6 4 0 2 0
Rondônia 3 2 0 3 0
Amazonas 14 0 0 4 1
Pará 11 4 0 3 2
Maranhão 36 4 0 11 0
Piauí 36 9 2 12 2
Ceará 111 19 1 43 9
Rio Grande 51 3 1 15 1
do Norte
Paraíba 45 6 0 18 2
Pernambuco 32 10 1 39 4
Alagoas 5 1 0 8 0
Sergipe 80 15 0 16 0
Bahia 82 9 2 34 5
Espírito 40 6 2 20 1
Santo
Rio de 13 6 4 17 2
Janeiro
Minas Gerais 167 54 2 131 1
São Paulo 168 43 6 92 2
Paraná 68 8 2 20 2
Santa 13 2 1 25 1
Catarina
Rio Grande 38 11 4 28 4
do Sul
Mato Grosso 7 2 2 7 1
Goiás 41 8 1 33 2
Total 1.067 226 31 581 42

277

As expressões da modernidade no Brasil: o lugar da arquitetura associada ao termo art déco

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