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1 Modelos Atómicos

2 Modelo de Bohr do Átomo de Hidrogénio


3 Sucessos e Falhas do Modelo de Bohr
4 Aplicação da Equação de Schrödinger ao Átomo de Hidrogénio
5 O Spin do Electrão
6 Sobreposição de Estados na Mecânica Quântica
7 Estrutura Atómica e Tabela Periódica
6.1 Modelos Atómicos
De acordo com o modelo atómico proposto por Demócrito e Leucippus (~450 A.C.)
(baseado apenas na intuição e na lógica), os átomos eram apenas uma esfera
pequena, dura e indestrutível. Átomo=indivisível

Dalton resgatou este modelo em 1807, e propôs que toda a


matéria era composta por pequenos corpúsculos, que não se
subdividem – os átomos

Em 1900, evidências indicaram que o átomo não era uma unidade


fundamental
•  Tudo indicava que havia muitos tipos de átomos, cada um pertencendo a um
elemento químico distinto
•  Os átomos e os fenómenos electromagnéticos estavam relacionados
intimamente (materiais magnéticos; isolantes vs. condutores; espectros de
emissão diversos)
•  O descobrimento da radioactividade, raios X, e electrões (todos pareciam envolver
átomos que se “partem” de algum modo)
•  Os elementos se combinam com alguns elementos e não se combinam com
outros uma característica o que sugeria uma estrutura atómica (valência)
O físico britânico Joseph John Thomson descobriu em 1897 o electrão,
partícula elementar de carga negativa

Com uma ampola de vidro com vácuo, verificou que os raios


catódicos eram de facto partículas negativamente
carregadas (electrões) desviando estes “raios “ através de
campos eléctricos e magnéticos.

J. J. Thomson
(1856-1940)

velectrão = 1.855 × 10 7m/s


c = 3× 108 m/s

Em 1910, Robert Millikan mede com grande precisão a carga eléctrica de


electrões individuais
Modelo Atômico de Thomson

O modelo do “pudim de ameixas” de Thomson tinha cargas positivas


espalhadas uniformemente numa esfera do tamanho do átomo com electrões
embebidos nesta matriz uniforme

Os protões ainda não haviam sido descobertos, mas cargas positivas deviam
estar presentes para atingir a neutralidade de cargas
Os electrões eram muito leves comparados com os átomos

Thomson não conseguia explicar os espectros de linhas dos átomos com este
modelo
Experimentos de Rutherford, Geiger and Marsden

Em 1911 Rutherford e seus estudantes Geiger e Marsden desenvolveram uma nova


técnica para investigar a estrutura da matéria fazendo incidir partículas alfa nos
átomos de ouro, e medindo o espalhamento destas partículas

Os resultados mostraram que muitas partículas alfa eram espalhadas para trás
pelas folhas de ouro muito finas em ângulos maiores que 90°

Os resultados experimentais não eram consistentes com o modelo de Thomson


Experiência de Rutherford

Resultados previstos segundo o modelo de Thomson

As partículas α
deveriam atravessar as
folhas de ouro sem
sofrer grandes desvios

Resultados obtidos
A maior parte das partículas
α comportava-se como
esperado, mas um
significativo número delas
sofria desvios acentuados
Modelo Atômico de Rutherford

Rutherford propôs então que o átomo era uma estrutura praticamente vazia, e não
uma esfera maciça e deveria ter um caroço positivamente carregado (núcleo)
cercado pelos electrões negativos. Geiger and Marsden confirmaram esta ideia em
1913
O átomo seria um sistema semelhante ao sistema
solar: - Modelo Planetário

Núcleo

Ernest Rutherford
(1871-1937)
Órbitas Electrões

Rutherford também descobriu a existência dos protões que são partículas com
carga positiva que se encontram no núcleo
O Modelo Planetário é Condenado

Existem duas dificuldades básicas com o


modelo estrutural planetário de Rutherford:

Primeira - este modelo não consegue


explicar as frequências características
discretas de radiação electromagnética
emitidas pelo átomo

Segunda – este modelo não consegue


explicar como o electrão se mantém em
torno do núcleo; de acordo com a teoria
electromagnética, uma carga eléctrica
acelerada irradia energia (radiação
electromagnética), e como o electrão tem
aceleração centrípeta perderia energia
acabando por cair sobre o núcleo,
destruindo o átomo.
6.2 Modelo de Bohr
Em 1913 Bohr aperfeiçoou o modelo atómico de Rutherford

Suposições básicas do modelo de Bohr para o átomo de


hidrogénio:

•  O electrão descreve uma órbita circular ao redor do protão


sob a influência da força eléctrica
•  Somente certas órbitas são n=1
estáveis, e são as únicas onde n=2
Niels Bohr encontramos os electrões.
(1885 - 1962) Nessas órbitas o átomo de
hidrogénio não emite radiação
electromagnética
• Transições podem ocorrer entre estes estados,
produzindo luz com energia:

E = En − En ' = hν
•  O momento angular de um estado n é: L= n ! n=3
onde n é chamado de Número Quântico Principal
Bohr construiu um modelo estrutural (modelo semiclássico) para o
hidrogénio com base nessas quatro suposições

Força de atracção do electrão pelo núcleo (força centrípeta)

1 e 2 mv 2
Fe = 2
=
4πε 0 r r
e
obtemos v=
4πε 0 mr

e2
⇒ K = 12 mv 2 = 12 Energia cinética
4πε 0 r

Energia total do átomo


(Energia clássica)
(V é a energia potencial eléctrica)

E negativo indica um sistema electrão-protão ligado


Raio de Bohr
O momento angular é : L = mvr = n! ⇒ v = n! / mr
e
mas v= (clássico)
4πε 0 mr

n 2 h2 e2
Assim: =
2 2
mr 4πε 0 mr

Resolvendo para rn

a0
4πε 0h2
rn = n 2 a0 onde a0 ≡
me2
a0 é chamado de raio de Bohr. É o diâmetro do átomo de Hidrogênio (no seu
estado de mais baixa energia, ou estado fundamental)
Energias do Átomo de Hidrogénio

Usando o resultado clássico para a


energia:

− e2 4πε 0 n2 h2
E=− e rn =
8πε 0 r me2

Obtemos as energias para os estados


estacionários

En = - E0/n2 where E0 = 13.6 eV.


Transições no átomo de Hidrogénio
No equilíbrio, todos os átomos de
hidrogénio estão no estado n = 1, o
estado fundamental e

E1 = −13.6 eV
Há emissão de luz quando o átomo
está num estado excitado e decai para
um estado com energia mais baixa

nu → nl
O átomo permanece num estado
excitado por um período curto de tempo
antes de emitir um fotão de energia

hν = Eu − El
e retornar a um estado estacionário
mais baixo
Espectro do hidrogénio
Constante de Estrutura Fina
A velocidade dos electrões no modelo de Bohr

vn

No estado fundamental v1 = 2.2 × 106 ~ 1% da velocidade da luz

A razão de v1 e c é chamada de constante de estrutura fina

v1
α=
c
Esta constante foi introduzida em 1916 por Arnold Sommerfeld, pioneiro na aplicação
da teoria quântica ao electromagnetismo:

Ela relaciona o componente relativístico (c) e quântico (h)


das interacções electromagnéticas (e) entre partículas carregadas no vácuo ( ε 0 )
6.3 Sucessos e Falhas do Modelo de Bohr
De facto o electrão e o núcleo do átomo de hidrogénio giram em torno do seu
centro de massa. A massa do electrão é substituída pela massa reduzida do
sistema, µ e

A constante de Rydberg para uma massa nuclear infinita, R∞ é substituída por R


Falhas do Modelo de Bohr

O modelo de Bohr foi um grande passo na nova teoria


quântica, mas tinha as suas falhas:

•  Funcionava somente para átomos com um electrão


(hidrogenóides)

•  Não conseguia calcular a estrutura fina das linhas


espectrais - quando os átomos eram colocados em campos
magnéticos

•  Não conseguia explicar a ligação dos átomos para formar


moléculas
6.4 Aplicação da equação de Schrödinger ao
Átomo de Hidrogénio
Usando a equação de Schrödinger independente do tempo em três dimensões

Onde V(r) é a energia potencial electrostática do sistema electrão - protão

A carga nuclear é +Ze, e Z=1 corresponde ao átomo de


hidrogénio neutro (e aos seus isótopos) e Z> 1, aos iões
hidrogenóides ( Z=2, He+, Z=3, Li++, etc.).

Transformamos a equação de Schrödinger em coordenadas espaciais,


para coordenadas esféricas
Resolvemos a equação de Schrödinger pelo método de separação de
variáveis supondo que

Obtemos as funções: R(r ) f (θ ) g (φ ) e

Esta expressão para a energia E


concorda exactamente com aquela
obtida pelo modelo de Bohr

•  n é chamado de número quântico principal. Obtemos também o número


quântico ℓ , chamado de número quântico orbital e mℓ o número quântico
magnético orbital.
Interpretação física para os três números quânticos
Os números quânticos descrevem as energias dos electrões nos átomos e são
de enorme relevância quando se trata de descrever a posição dos electrões nos
átomos
n - o número quântico principal determina as energias dos estados permitidos
para o átomo de hidrogénio. n = 1,2 3,4,….
ℓ-o número quântico orbital. Valores discretos do modulo do momento angular

L = ℓ(ℓ + 1)! ℓ = 0,1,2… n-1

No actual modelo atómico, as órbitas bem definidas dos


electrões foram substituídas por zonas de probabilidade
electrónica. Na interpretação da mecânica quântica, a
nuvem de electrões para o estado L=0 tem simetria
esférica
mℓ - o número quântico magnético orbital está relacionado com a orientação
espacial do orbital associado. Especifica os valores permitidos de Lz , de acordo
com a expressão
Lz = mℓ" mℓ = −ℓ,−ℓ + 1,...,0,1,..., ℓ − 1, ℓ
Orbitais Atómicos

n =2
ℓ =1
mℓ = −1,0,1

n =3
ℓ=2
mℓ = −2,−1,0,1,2
6.5 O Spin do Electrão
Os três números quânticos anteriores foram gerados pela solução da equação de
Schrödinger
O spin, do electrão, o quarto número quântico, não vem da equação de
Schrödinger. O spin do electrão é um segundo tipo de momento angular no
átomo

Chamamos de momento angular intrínseco e tem um momento magnético


associado a ele

Em 1921 Otto Stern e Walther Gerlach realizaram uma experiência em que


demonstrou que o momento angular de um átomo é quantizado. Enviou feixes de
prata neutros através de um campo magnético não uniforme

L = ℓ(ℓ + 1)!
Phipps & Taylor (1927), realizaram o mesmo experimento de Stern Gerlach,
usando átomos de hidrogénio, ao invés de átomos de prata

Como a temperatura do forno


era relativamente baixa, todos
os átomos encontravam-se no
estado fundamental (n = 0)

Em 1925, dois estudantes de doutorado Samuel Goudsmit e George Uhlenbeck,


na Holanda propuseram para o electrão um momento angular intrínseco, além do
momento angular orbital

O número quântico magnético de spin, ms teria somente dois valores:

1
ms = ±
2
O momento angular intrínseco, S é o spin do electrão
e tem número quântico

1
s=
2

L e S estão relacionados com o momento


magnético
r e r
µL = − L
2m

Não existe uma função analítica própria para ! e !


o spin e por isso temos que utilizar a
µs = − S
representação matricial
me
Sobreposição de Estados na Mecânica Quântica
Além do princípio da incerteza existe outro tipo de incerteza na Mecânica
Quântica: muitas vezes, nós não sabemos em que estado o átomo se encontra!
Suponha um conjunto de 100 átomos, excitado com apenas um fotão. Somente
um átomo (dos 100) será excitado, mas qual deles? Podemos dizer que cada
átomo tem 1% de possibilidade de estar num estado excitado e 99% de
possibilidade de estar no estado fundamental - sobreposição de estados
Um átomo pode estar numa sobreposição de dois estados estacionários, e esta
sobreposição se move
r r r
Ψ(r , t ) = a1ψ 1 (r ) exp(−iE1t / h) + a2ψ 2 (r ) exp(−iE2t / h)
2
ai é a probabilidade do átomo estar num estado i

Interessante!!! A falta de conhecimento sobre qual estado o átomo se encontra,


significa fisicamente que o átomo esta vibrando!
r 2 r 2 r 2
Porque a probabilidade é Ψ (r , t ) = a1ψ 1 (r ) + a2ψ 2 (r ) +
r * * r
2 Re a1ψ 1 (r )a2ψ 2 (r ) exp[i ( E2 − E1 )t / h]
r 2 r 2 r 2
Ψ (r , t ) = a1ψ 1 (r ) + a2ψ 2 (r ) +
r * * r
2 Re a1ψ 1 (r )a2ψ 2 (r ) exp[i ( E2 − E1 )t / h]

As vibrações ocorrem numa frequência que é dada pela diferença de energia entre
os dois níveis

E −E ΔE
ν= 2 1 ou ν=
h hν

Nível excitado, E2
⇔ Energia ΔE = hν

O átomo está vibrando com Nível fundamental, E1


uma frequência ν
O átomo está no mínimo parcialmente num
estado excitado
6.7 Estrutura Atómica e Tabela Periódica
Para muitos electrões num átomo, teremos
r r r r r r
V = V (r1 , r2 ,..., rN ) Ψ = Ψ(r1 , r2 ,..., rN , t )
Resolver a equação de Schrödinger nesse caso é
extremamente difícil
Apesar da dificuldade de resolver a equação de
Schrödinger para muitos electrões, é possível utilizar os
mesmos números quânticos desenvolvido para o átomo
de hidrogénio

O Princípio de exclusão de Pauli, formulado em 1925 Wolfgang Pauli


por Wolfgang Pauli diz:
(1900-1958)

Dois electrões num átomo não podem ter o mesmo conjunto de


números quânticos n, ℓ, mℓ , ms

Este princípio aplica-se a todos os fermiões, que são partículas com spin ½,
como o electrão, protão e neutrão
Estrutura Atómica

Hidrogénio (n, ℓ, mℓ , ms ) = (1, 0, 0, ±½) no estado fundamental


Na ausência dum campo magnético, o estado ms = ½ é degenerado com o
estado ms = −½
Hélio: (1, 0, 0, ½) para o primeiro electrão.; (1, 0, 0, −½) para o segundo electrão.
Os electrões tem spins anti paralelos (ms = +½ and ms = −½)
Associamos letras ao número quântico principal: n = 1 2 3 4...
Letra = K L M N…
n = camadas (camada K, camada L, etc.)
nℓ = subcamadas (1s, 2p, 3d)

Tipo de subnível de energia s p d f


Nº máximo de electrões 2 6 10 14

Até hoje são conhecidas sete camadas


electrónicas, e suas subcamadas estão descritas
no diagrama de Linus Pauling, onde a ordem
crescente de preenchimento dos electrões está
indicado pelas setas:
Cada orbital está limitado a dois electrões e por isso o
número de electrões por camadas é limitado. Para átomos
com dois electrões em 2p, utilizamos a regra de Hund que
diz: “O preenchimento dos orbitais de um mesmo
subnível deve ser feito de modo que tenhamos o maior
número possível de electrões isolados, ou seja,
desemparelhados”

•  Electrões com valores mais altos de ℓ sofrem


menos o efeito da carga nuclear

•  Electrões com valores mais altos de ℓ têm mais


energia

•  4s é preenchido antes que 3d, 5s é preenchido


antes que 4d …….(diagrama de Linus Pauling)
Tabela Periódica
Grupos e Períodos

Grupos: Colunas Verticais

Mesmo número de
electrões em ℓ
Podem formar ligações
químicas similares

Período: Linhas Horizontais

Correspondem ao
preenchimento das
subcamadas
Gases Inertes
•  Último grupo da tabela periódica
•  Tem a subcamada p fechada excepto para o Hélio
•  Estes átomos interagem fracamente com os outros átomos
•  Spin líquido zero e grande energia de ionização
Alcalinos
•  Um único electrão s electrão fora de uma camada interna
•  Formam facilmente iões positivos com carga +1e
•  Tem a mais baixa energia de ionização
•  A condutividade eléctrica é relativamente boa
Alcalinos Terrosos
•  Têm dois electrões s nas camadas mais externas
•  Têm o maior raio atómico
•  Possui alta condutividade eléctrica

Halogéneos
•  Necessitam de mais de um electrão para preencher a subcamada mais externa
•  Formam ligações iónicas fortes com os alcalinos
• As configurações mais estáveis ocorrem quando a subcamada p é preenchida
Metais de Transição
•  Três linhas de elementos em que 3d, 4d, e 5d são preenchidos
•  As propriedades são determinadas primeiramente pelos electrões s, em vez dos
electrões da subcamada d que começa a ser preenchida
•  Têm electrões d com spins desemparelhados
•  Quando a subcamada d é preenchida, os momentos magnéticos, e a tendência
para que átomos vizinhos alinhem os seus spins fica reduzida

Lantanídios (terras raras)


• Tem a subcamada mais externa 6s2 completa
•  Assim como ocorre na subcamada 3d, os elétrons na subcamada 4f tem electrões
não emparelhados que se auto alinham
•  O grande momento angular orbital contribui para um grande efeito ferromagnético

Actinídios
•  As Subcamadas mais internas começam a ser preenchidas enquanto a
subcamada 7s2 está completa
•  É difícil obter dados químicos porque são todos radioactivos
•  Têm meias-vidas longas

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