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Relatório de Projeto
IFPI Baja Antares
Filipe Gomes Soares
Pedro Rodrigues Veloso
Ranyere Luis Rabelo Craveiro
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Equipe IFPI Baja SAE

Copyright © 2014 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí

RESUMO multidisciplinary project involved various sectors of human


knowledge aimed at the mobility and engineered, It was
responsible for the continuous addition of new informations
A equipe IFPI Baja SAE como membro ativo and new knowledge to students of different levels and areas
dentre os cursos de extensão das atividades praticadas em offered by the institution and brought new and excellent
sala de aula do Instituto Federal de Educação, Ciência e results treated as advance to the history of the IFPI.
Tecnologia do Piauí concebeu e desenvolveu o projeto do
veículo Antares, padronizado e caracterizado como um Exhibits in this report the production model of the
Baja SAE. O projeto multidisciplinar envolveu diversos vehicle Antares so that it is developed in series and
setores do conhecimento humano voltado à mobilidade e à managed intelligently according to market standards and
engenharia aplicada, ele foi o responsável pelo acréscimo concurrence perceived throughout the year 2014 in Brazil.
contínuo de novas informações e novos conhecimentos a
universitários de diferentes níveis e áreas oferecidas pela
instituição de ensino e trouxe novidades e excelentes INTRODUÇÃO
resultados tratados como avanço para a história do IFPI.

Expõe-se neste relatório o modelo de produção do Como fruto de pesquisa o projeto IFPI Baja SAE
veículo Antares de modo que esta seja desenvolvida em foi regido pela Diretoria de Extensão e Coordenação de
série e administrada inteligentemente de acordo com os Indústria do Instituto Federal do Piauí, angariando também
padrões de mercado e concorrência percebidos ao longo do o auxílio financeiro de patrocinadores e empresários no
ano de 2014 no Brasil. cenário nacional com o propósito de desenvolver um
protótipo tipo Baja SAE passível de ser produzido em série.
Palavras-chave: Equipe IFPI Baja SAE, projeto, Antares, Participaram das atividades do grupo que compões a equipe
Instituto Federal do Piauí, produção em série, Baja SAE. alunos de variados períodos (semestres) do curso de
Bacharelado em Engenharia Mecânica.

ABSTRACT A fim obter o status de projeto de extensão do IFPI


foi necessário que a equipe multifuncional de universitários
de engenharia avançassem em conhecimentos dentro do
The IFPI Baja SAE Team, as an active member universo do empreendedorismo. Com isso tornou-se
from the extension activities practiced in the classroom of possível o gerenciamento de ideias, custos e pessoal, a
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do tomada de decisões, o dimensionamento de projetos e
Piauí designed and developed the vehicle design Antares, processos de produção e a definição de metas futuras. Para
standardized and characterized as a Baja SAE. The tal a equipe IFPI Baja SAE optou por estruturar-se como
multidisciplinary project involved various sectors of human um conglomerado de empresas atuando em setores de
knowledge back to mobility and engineered, he was produção e consultoria a fim de lidar melhor com o objetivo
responsible for the continuous addition of new information vital que é a produção em série do modelo Baja SAE aqui
and new knowledge to students of different levels and areas especificado. O modelo de relação entre as empresas
offered by the school and brought new and excellent results envolvidas é conhecido como PDS (Product Development
treated as advance to the history of the IFPI. The

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System) e com ele foi possível associar melhor as relações desenvolvimento de um veículo Baja SAE destinado à
entre tarefas, tempo e metas a serem conquistadas. aplicações recreativas no âmbito dos fora de estrada.
Assim o mesmo é destinado à competições realizadas em
Assim criou-se um universo empresarial típico de lugares de percurso difícil ou perigoso onde se procura
empresas de pequeno e médio porte onde as mesmas comprovar a habilidade do piloto ou a qualidade da
realizam o fornecimento de equipamentos, sistemas e máquina. O desenvolvimento do projeto apontará também
serviços de consultoria regidos por um contrato fictício opções de modelos similares porém de menor custo de
oferecido por uma corporação que, dotada de um projeto produção e venda destinados a aplicações menos severas
de construção de um veículo Baja SAE, pretende produzi- como:
lo em série.
a) Auxílio ao produtor rural em tarefas de
movimentação de cargas;
DESENVOLVIMENTO b) Veículo de resgate à serviço dos
bombeiros e guarda florestal em pontos
de difícil acesso;
Para o correto desenvolvimento das atividades c) Veículo recreativo para locação em
julgou-se sensato direcionar cada membro para seu campo pontos turísticos, praias e trilhas;
de melhor aptidão técnica, para que fossem obtidos os d) Veículo auxiliar à serviço de prefeituras
melhores avanços com pesquisa e uma maior em municípios de baixa renda onde
probabilidade na conquista de metas e checkpoints. existe a necessidade de um meio de
Subdividindo-se em gerências operacionais, onde cada transporte para tarefas simples como
gerência comporta-se como uma empresa destinada a distribuição de cargas d’água, cestas
prestar serviços à equipe IFPI Baja, o grupo de parceiros básicas e medicamentos.
ficou definido como mostrado na listagem abaixo. Nela é
apontada a organização operacional na execução de Cada empresa em seu devido departamento
trabalhos e fornecimento de sistemas para a montagem do trabalhou em conjunto para balancear seus interesses e
veículo. Cada empresa (ou gerência) foi responsável por desenvolver soluções para seus clientes. Ao desenvolver
um setor do veículo. A coordenação das atividades ficou um mapa amostral do tipo de cliente a equipe IFPI Baja
com a coordenação da equipe, representada pela gerência SAE concluiu, por meio de pesquisas, que: (44,2%) Sim,
de projeto. compraria por interessar-se pelo produto; (9,8%) Sim,
compraria para uso desportivo; (21,7%) Sim, compraria
Ao todo são nove empresas envolvidas no para revender; (12,3%) Não compraria por conta do
processo de produção do modelo Antares Baja SAE: preço final; (5,1%) Não compraria por não ter
necessidade; e (6,9%) Não demonstrou interesse.
1. Enjoy Safety S/A – fornecimento do projeto de
segurança do veículo. Portanto existem consumidores disponíveis em
2. PRV LTDA – fornecimento dos sistemas de nossa região para o tipo de produto aqui proposto, dentro
suspensão. de um universo de aproximadamente 814.230 habitantes
3. Multi LTDA – fornecimento do sistema de de Teresina. Ao considerarmos os dados populacionais da
direção. cidade é provável que existam cerca de X indivíduos na
4. Gear in Box S/A – fornecimento do sistema de capital interessados em adquirir um Baja SAE nos
powertrain. parâmetros aqui apresentados. Os entrevistados que se
5. RR Design LTDA – fornecimento de itens mostraram dispostos a comprar o produto, quando
internos e acabamentos. questionados sob qual perfil melhor se encaixavam,
6. Labiras S/A – fornecimento do sistema elétrico do intitularam-se conforme o seguinte resultado: (64,3%)
veículo. entusiastas, (22,6%) desportistas e (13,1%) revendedor.
7. Conecta S/A – responsável pelo marketing e
promoção da equipe. Além destes perfis existe ainda um quarto
8. LabRH S/A – responsável pela admissão de representado pelo produtor rural. Para o atendimento deste
novos colaboradores em todas as empresas do perfil de cliente devem ser acrescentados descontos que
grupo. variam de região à região do país.
9. Equipe IFPI Baja SAE – detentora do projeto do
veículo. O modelo de gerenciamento de projetos e
produção PDS foi aplicado em todas as empresas
As empresas se relacionam obedecendo a responsáveis pelo desenvolvimento do veículo Antares.
estrutura do PDS, logo buscam como um todo cumprir Todas elas exercem suas atividades pautadas de acordo
prazos, satisfazer objetivos funcionais, assegurar a com os passos apontados pelo programa para que se
qualidade e minimizar custos. O objetivo do grupo é o otimizem tempo e custos em prol de um produto que

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contenha todos os objetivos almejados. O PDS foi aplicado O objetivo deste sistema é transformar os
como segue abaixo: requerimentos para o veículo em requerimentos para os
Assim, para o projeto deste veículo, preparou-se subsistemas e, finalmente, em requerimentos para os
um sistema de desenvolvimento de produto baseado no componentes; após o dimensionamento dos componentes,
esquema utilizado pela empresa Ford, conforme figura estes são montados em seus devidos subsistemas e estes
abaixo: montados no veículo (montagem em ambiente virtual),
CURSO

CINEMÁTICA AJUSTES

COMPONENTES

Semi-trailing arm Three link


Duplo A
com o intuito de verificar possíveis interferências ou
dificuldades durante a montagem e manutenção. No caso
dos componentes das suspensões a saída da etapa CP são
modelos iniciais, sendo estes refinados após a montagem
virtual do veículo – veja a sessão “Suspensão e direção”.
A tabela abaixo sintetiza os objetivos para cada etapa do
sistema.
Nos tópicos seguintes serão apresentados em
sequência os sistemas do veículo acompanhados do
Figura 2 – Modelo praticado pelo grupo modelo de

Tabela 2 –
Objetivos por
Figura 3 – Modelos de suspensão
etapas

desenvolvimento da concepção aos planos de construção e


manufatura.

01. SUSPENSÃO E DIREÇÃO

01.1. Seleção das suspensões, amortecedores e roll steer.

O primeiro passo para o projeto do subsistema de


suspensão foi selecionar os tipos de suspensões, traseira e
dianteira, a ser utilizado no veículo. Primeiramente, o
grupo realizou um levantamento (benchmarking) entre as
dez melhores equipes de baja na competição nacional e
mundial com o intuito de obter os seguintes dados:
suspensões dianteira e traseira utilizadas, bitolas dianteira
e traseira e distância entre eixos. Para a suspensão
dianteira, o tipo duplo A foi utilizado por todas as equipes
no grupo escolhido para o levantamento, enquanto, para a

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suspensão traseira, os tipos observados foram: semi- O amortecedor selecionado (modelo Fox float R)
trailing arm, three link e duplo A. Para selecionar entre as também contribui para a ajustabilidade do veículo. A
três opções, a equipe estudou quatro características gerais: rigidez do elemento é gerada em uma câmara de ar cuja
curso possível da suspensão, possibilidades de ajustes, pressão pode ser variada com uma bomba externa, gerando
quantidade de componentes e possibilidade de optimização assim uma rigidez progressiva e infinitamente ajustável
cinemática. As duas primeiras características foram (até o nível máximo de 150 psi). O amortecedor também
derivadas da aplicação do produto – competições off-road apresenta uma taxa de amortecimento maior para a
e uso recreativo – que exige da suspensão longos cursos e extensão, com o intuito de diminuir a transferência de
possibilidades de ser ajustada para o peso do piloto, o excitação da massa não-suspensa para a massa suspensa –
terreno ou evento em uma competição. A terceira devido ao amortecimento de compressão mais leve –
característica, quantidade de componentes, foi selecionada enquanto o amortecimento de extensão mais rígido dissipa
por estar ligada fortemente ao peso e ao custo final da a excitação rapidamente. Apêndice B mostra os gráficos de
suspensão. A última característica, possibilidade de amortecimento do Fox float R.
optimização cinemática, mede a possibilidade do projeto
de um caminho desejado para o centro da roda com o 01.2. Dados iniciais, minimização do RC e minimização
curso da suspensão. A figura e a tabela abaixo sintetizam o do Erro de Ackerman. Figura 5 – Estudo de posições
processo de seleção da suspensão traseira – os valores para
as características foram retiradas de [1]. Observe que a Após a seleção dos tipos de suspensões, a etapa
equipe decidiu por julgar o tipo duplo A com toe link, ao seguinte foi a determinação da geometria da suspensão –
invés do modelo sem rotação no eixo de esterçamento, pontos da suspensão na posição estática. Para iniciar esta
uma vez que o toe link aumenta as possibilidades de etapa, a equipe organizou uma lista com dados iniciais
ajustes da suspensão e amplia as possibilidades de (Tabela 4) utilizados como valores de entrada para
optimização cinemática. algoritmos de optimização. Os dados presentes nesta tabela
CINEMÁT foram retirados da bibliografia, do benchmarking
CURS AJUSTE COMP
O (3) S (2) . (1)
. MP mencionado anteriormente, de protótipos anteriores e da
(2) liberdade de alguns elementos mecânicos -- por exemplo,
Semi- 2,6 os ângulos de trabalho máximo da homocinética
trailin 5 3 5 3 7 determinam o máximo que a suspensão traseira pode
g bascular etc. Com esses dados em mãos, a equipe
Three 3,6 alimentou duas rotinas de optimização. A primeira
7 5 3 5
link 7 minimiza o valor do centro de rolagem da suspenção –
Duplo 3,9 baseada na rotina apresentada em [2] – e a segunda
7 6 2 6
A 2 minimiza o erro de Ackerman da direção – baseada na
Tabela 3 – Comparação entre modelos rotina apresentada em [3].
DADO VALORES FONTES
Após a análise dos dados do Benchmarking e da Bitola Dianteira entre 1420 e 1200 mm Benchmarking
tabela acima, a equipe decidiu por utilizar o tipo duplo A Bitola Traseira entre 1350 e 1100 mm Benchmarking
na traseira e na dianteira. Entre eixos entre 1400 e 1700 mm Benchmarking
Compressão ≤ 130 mm Elem. mecânicos
dianteira
O toe link da suspensão traseira permite ao piloto, Extensão dianteira ≤ 60 mm Elem. mecânicos
além de ajustar parâmetros da suspensão, explorar o Compressão traseira ≤ 100 mm Elem. mecânicos
fenômeno de roll-steer (esterçamento com rolagem) e Extensão traseira ≤ 80 mm Elem. mecânicos
assim variar o caráter sobreesterçante da suspenção. O Pino mestre entre 5° e 13° Bibliografia
veículo apresenta três possíveis posições para o ponto Caster dianteiro 10° Protótipo anterior
interno do toe link, sendo uma posição neutra (mínima Caster traseiro 6° Protótipo anterior
variação de toe com o curso) e duas sobreesterçantes – as Camber (curso) entre -1,5° e 3° Bibliografia
Toe dianteiro entre -1° e 1° Bibliografia
rodas traseiras esterçam para fora da curva, diminuindo o
(curso)
raio da curva. Apêndice A mostra uma figura com as Variação máx. bitola 20 mm Bibliografia
variações do ângulo de toe (esterçamento) com o curso da Após a confecção da tabela de dados iniciais a
suspensão para as três possibilidades discutidas. equipe realizou a Análise de Posições. Nesta análise o
layout da transmissão e o estudo de ergonomia são
colocados em um mesmo desenho e posicionados de

Tabela 4 – Dados iniciais

acordo com uma lógica interna; este estudo servirá de base


para o design da gaiola de proteção, para a seleção dos

Figura 4 – Pontos de fixação do toe link


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pontos de ancoragem da suspensão e para a seleção do – 45° de esterçamento com 110° da roda de direção. Para
entre eixos do veículo, que será usado na rotina que diminuir o esforço adicional exigido do piloto para esterçar
minimiza o erro de Ackerman. A figura abaixo mostra o o veículo, devido à diminuição da taxa de esterçamento, a
resultado desse estudo. equipe decidiu por diminuir a trilha cinemática e, assim,
diminuir o esforço ao esterçar [4]. O objetivo da análise é
A rotina de minimização do centro de rolagem foi encontrar um valor de trilha cinemática que exija do piloto
desenvolvida no software MATLAB, utilizando a função um valor máximo de esforço de 10 kgf. Apêndice A
fmincon, que tem como valor de saída um vetor X que contém a comparação entre o esforço de esterçamento para
minimiza o valor de uma função f(X) respeitando uma o valor inicial de trilha e o valor escolhido para a trilha
série de igualdades e inequações. O vetor de saída contém cinemática. Após a determinação da posição do centro da
os valores das coordenadas dos pontos da suspensão com roda em relação ao eixo de esterçamento, a geometria da
centro de rolagem minimizado. As entradas do algoritmo suspensão está completamente determinada e a seleção da
são: vetor X0 contendo as coordenadas da suspensão 2012, rigidez das suspensões pode iniciar.
faixa de ângulos de camber com o curso, faixa de bitolas e
variação máxima da bitola com o curso. Minimizar o 01.4. Análise Dinâmica
centro de rolagem tem como objetivos, minimizar a taxa
de mudança do ângulo de camber com o curso da Antes de iniciar a seleção das rigidezes das
suspensão e minimizar o fenômeno de jacking – deflexão suspensões, a equipe teve que buscar valores para as
vertical devido à força lateral. Segundo [4], um centro de massas suspensas e não-suspensas e para os momentos de
rolagem acima do solo gera uma característica inércia da massa suspensa. Para obter os valores das
sobreesterçante, logo, o algoritmo também garante que massas e do momento de inércia a equipe dimensionou as
este esteja acima do solo. O vetor de saída deste algoritmo peças do veículo utilizando o sistema iterativo descrito na
é utilizado como entrada para o algoritmo de minimização sessão Estruturas. As peças foram montadas no software
do erro de Ackerman. SOLIDWORKS e os valores das massas, momentos de
inércia e posições dos centros de massas foram
A rotina de minimização do erro de Ackerman determinados pelo software. Após a determinação das
simplesmente varia a posição da caixa de direção e do rigidezes das suspensões, estes valores foram alimentados
braço de direção, calcula o valor do erro de Ackerman para para modelos construídos no software ADAMS (pacote
cada configuração e, após todas as possibilidades terem ACar), e estes modelos foram utilizados na obtenção de
sido computadas, utiliza a configuração que minimiza o forças verticais e laterais – agindo no contato entre roda e
erro de Ackerman. Diferentemente do algoritmo proposto solo – para serem utilizadas no refinamento do
em [3], este algoritmo apresenta um bloco que calcula o dimensionamento dos modelos iniciais dos elementos das
valor máximo de ângulo de toe com o curso da suspensão suspensões (veja a sessão Estruturas)
e retira do domínio de possibilidades os valores que não
estão dentro da faixa presente na tabela de dados iniciais Os objetivos da análise dinâmica são:
(entre -1° e 1°), impedindo assim, o fenômeno conhecido  Minimizar os valores das frequências naturais,
como “bump steer”. Para calcular o erro de Ackerman, o sendo o valor máximo igual a 2 Hz;
algoritmo lê o valor de esterçamento da roda externa,  A relação entre as frequências de bounce e pitch
calcula o valor de esterçamento da roda interna para um não deve ser maior que 1,2;
Ackerman perfeito e compara este valor com o valor do  A taxa de rolagem deve ser no máximo 5°/g;
esterçamento real da roda interna; o erro de Ackerman é a  Ao atingir uma elevação (bump) a suspensão
média do módulo dos erros para cada incremento de
traseira deve alcançar a dianteira em no máximo
deslocamento da cremalheira. Esta rotina só foi aplicada à dois ciclos;
suspensão dianteira, uma vez que, neste protótipo,
 A suspensão não deve comprimir totalmente
utilizamos direção dianteira.
durante a operação normal do veículo;
No caso da suspensão traseira, a equipe
O primeiro objetivo foi retirado de [6], onde é
desenvolveu uma geometria inicial, tendo como base o
demonstrado que a excitação da massa suspensa devido à
corpo do chassi, e a posição dos elementos da transmissão,
excitação da massa não suspensa diminui com a
e alimentou esta geometria inicial ao algoritmo de
diminuição da frequência natural da suspensão; o valor
minimização do centro de rolagem. Apêndice A contém
máximo é retirado de [7], onde é dito que frequências
informações sobre a geometria da suspensão.
naturais acima de 2 Hz é prejudicial ao organismo do
piloto. O segundo objetivo foi retirado de [7], e seu
01.3. King Pin Trail e momento da direção
significado é o de impedir a superposição dos movimentos
de bounce e pitch. O terceiro objetivo foi retirado de [4], e
Para o veículo 2015, a equipe decidiu por
significa manter a rolagem do veículo dentro de uma faixa
diminuir a taxa de esterçamento da direção de 10:1 – 45°
aceitável – categoria firme ou superior. O quarto objetivo
de esterçamento com 450° da roda de direção – para 2,4:1
foi retirado de [7], e tem como objetivo garantir a

5
estabilidade vertical após atingir uma elevação. O último e, normalmente, tem magnitudes inferiores às situações
objetivo garante a ausência de choques nos elementos das extremas analisadas em “design for strength”. As análises
suspensões durante a operação normal do veículo. de fadiga foram realizadas nas peças de alumínio das
Os três primeiros objetivos foram analisados de suspensões, uma vez que estas peças são mais susceptíveis
acordo com as equações mostradas na bibliografia. Já os à falha por fadiga.
dois últimos são analisados com o modelo matemático
descrito em [8]. Este modelo é similar ao modelo de meio Antes de realizar as análises estruturais a equipe
carro descrito em [1], porém com a utilização de se deparou com o seguinte problema: para determinar as
igualdades que fixam a posição relativa entre a massa forças e momentos que seriam utilizadas nas análises
suspensa e a não-suspensa (constrained dynamics); este analiticamente a equipe precisava determinar o peso das
modelo também contém um bloco que simula o contato massas suspensa e não-suspensa do veículo, entretanto a
entre solo e pneu. Para analisar o quarto objetivo, o veículo equipe não poderia determinar estas massas antes de
foi colocado para passar por uma elevação de 10 cm a uma realizar as análises estruturais. Para resolver este problema
velocidade de 50 Km/h. Para analisar o quinto objetivo, o a equipe resolveu adotar um sistema iterativo. A entrada
veículo foi colocado para saltar uma rampa de 1,5 m de deste sistema foram valores de forças e momentos
altura e 45° de elevação, pousando em um terreno reto no coletados da bibliografia que, em seguida, alimentaram as
mesmo nível do início da rampa. análises estruturais permitindo a equipe determinar os
valores das massas momentos de inércia do veículo
A seleção da rigidez das suspensões segue um mandatórios para realizar as análises dinâmicas necessárias
método iterativo. Primeiramente, o valor de frequência para determinar os valores de forças e momentos
natural para a dianteira é determinado, de acordo com a analiticamente; em seguida, estes valores determinados
extensão disponível para a dianteira; os valores de analiticamente realimentam o sistema determinando novos
frequências naturais para a suspensão traseira, que serão
analisados, são determinados segundo incrementos de 1%
(até o máximo de 2 Hz) do valor da frequência natural
dianteira. Os valores de saída desse método são os valores
mínimos de frequências naturais dianteira e traseira que
respeitem os objetivos descritos acima. Note que as
rigidezes obtidas aqui não correspondem às rigidezes nos
elementos amortecedores (shox); para obter a rigidez no
elemento amortecedor a equipe utilizou o método descrito
em [2]. O mesmo método foi utilizado para transformar o
amortecimento no elemento amortecedor em Design for
amortecimento vertical, que foi utilizado no modelo Strength
matemático desenvolvido para estudar a dinâmica vertical
do veículo. Apêndice B mostra os valores obtidos para as
frequências e rigidez obtidos nesta análise. Design for
Life

02. ESTRUTURAS Determinar


massas e
Durante o dimensionamento do veículo, a equipe momentos de
realizou cálculos manuais no caso de peças mais triviais inércia S Análises
(engrenagens, eixos de transmissão etc.). Para peças mais
Dinâmicas
complexas, a equipe utilizou o método de elementos
finitos (MEF). Foi usado o software SOLIDWORKS N
(pacote SW Simulation) que apresenta, entre outras
S
capacidades, a possibilidade de realizar análises estáticas,
análises de fadiga e análises de frequência. Esta sessão do AI
relatório discutirá o dimensionamento realizado com a R
ajuda do MEF. valores de massas até a diferença de massas entre iterações

As análises realizadas podem ser divididas em Figura 6 – Algoritmo do sistema


duas classes. A primeira é chamada “design for strength”,
onde uma análise estática é realizada, tendo como base estejam abaixo de 1%. A figura abaixo mostra o sistema
uma situação extrema, e a segunda é chamada “design for iterativo.
life”, onde uma análise de fadiga é realizada, tendo como
base situações que serão experimentadas de forma cíclica 03.FREIOS

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existentes no mercado, como o disco de freio do
Em veículos e protótipos voltados para quadriciclo Honda TRX-EX400 cujo diâmetro é de 180
competição o emprego dos freios é levado ao extremo. Em mm e pode ser utilizado na traseira do protótipo Antares.
especial, modelos Baja SAE são testados quanto à eficácia Para a fixação destes componentes devem ser utilizados
de uma frenagem em linha reta. Pelo teor de segurança parafusos N10 com suas respectivas porcas e arruelas, com
para uma competição universitária o critério de aprovação prioridade para porcas do tipo parlock. Ao todo são
é o bloqueio total das rodas ao máximo acionamento do utilizados 12 fixadores para os discos de freio.
sistema, como impõe o Regulamento Baja SAE Brasil
(RBSB). O material utilizado é o ferro fundido cinzento
que conta com 3 a 4% de carbono e matriz perlítica com
03.1. Planejamento grafita livre na forma de veios. Propriedades como boa
dissipação térmica, satisfatória resistência ao desgaste,
O planejamento do sistema de frenagem do resistência mecânica suficiente, baixo custo e facilidade de
veículo passou primeiramente pela coleta dos parâmetros fundição e usinagem são determinantes para esta escolha
iniciais do veículo. Tais parâmetros foram potencializados além de ser um material largamente utilizado para esta
a fim de acrescentar ainda mais segurança à operação. Os finalidade.
parâmetros iniciais encontram-se no Apêndice D.
03.1.2. Pinças de freio
Segundo [LIMPERT] a força máxima exercida
pelo pé direito de 5% das mulheres é de aproximadamente Entre a grande diversidade de modelos
445N. Para os homens o valor desta força sobe para disponíveis no mercado, por critérios de aplicação,
aproximadamente 823 N. Para freios sem booster, ou segurança, massa e praticidade são utilizadas no sistema de
auxílio, o sistema de freios deve ser desenvolvido para frenagem dianteiro pinças do quadriciclo Honda TRX-
uma força máxima de 445 a 489 N, enquanto a norma EX400. É uma pinça com 32,6 mm de diâmetro do êmbolo
europeia ECE R13 estabelece como limite de força de onde se encontra o pistão e 2400 mm² de área de contato
pedal 500 N para automóveis da classe M1, a qual um Baja das pastilhas com o disco. Em especial esta pinça possui
SAE é adequado. Uma desaceleração teórica de 1g deve corpo em alumínio e é facilmente encontrada no mercado
ser alcançada quando o veículo é carregado de acordo com nacional. No sistema traseiro o modelo de pinça indicado é
o peso máximo indicado pelo fabricante. O curso máximo o da motocicleta Honda CG 150 Titan cujo diâmetro e área
do pedal deve ser estimado a partir do peso do veículo e das pastilhas são os mesmos do sistema dianteiro. Também
não deve exceder 150 mm. é um modelo leve, de longa duração e muito
comercializado o que lhe confere baixo custo, facilidade
O dimensionamento é a oportunidade de a equipe de manutenção, praticidade e comodidade até mesmo na
traduzir as informações provenientes da fase de utilização de modelos semelhantes ainda mais baratos cuja
planejamento em projetos detalhados do produto. Durante especificação seja compatível. Ao todo são utilizados oito
este processo, a maior dificuldade é selecionar materiais e parafusos N8, que acompanham a própria pinça. Para a
componentes que atendam às necessidades do cliente e da configuração atual não são utilizadas porcas ou arruelas.
empresa. Para tornar esta tarefa mais fácil e prática podem
ser utilizados quadros comparativos e de análises por peso. 03.1.3. Linhas de transmissão

Em respeito ao RBSB as linhas de transmissão


adotadas devem suportar o efeito abrasivo e corrosivo dos
atuais fluidos de freio automotivo e para isso empregamos
linhas confeccionadas em cobre. É um material de
propriedades bem conhecidas como a resistência ao ataque
corrosivo dos fluidos de freio do tipo DOT 3 e DOT 4,
bom índice de condutividade térmica para suportar e
dissipar o calor gerado por atrito mecânico entre pastilhas
e disco que é transmitido ao fluido. Por sua vez o diâmetro
Tabela 05 – Tabela de quesitos e pesos atribuídos externo empregado nas linhas rígidas é de 3/16”.

03.1.1. Discos de freio

Os discos de freio adotados possuem 150 e 170


mm de diâmetro, para dianteira e traseira respectivamente.
Por questões de segurança adotou-se 4 mm de espessura,
uma medida que abrange a substituição do componente (de
fabricação da própria equipe) por outros semelhantes Figura 7 – Linhas de transmissão dentro do habitáculo

7
Os mangotes flexíveis utilizados na linha de Para o Antares, o componente escolhido foi o
transmissão são confeccionados sob encomenda cilindro mestre Wilwood 260-2636, um modelo com
juntamente com as conexões situadas em suas reservatório integrado e compacto feito em alumínio, com
extremidades para promover a fixação com a linha rígida e diâmetro de entrada (do pistão) de 5/8” e uma saída de
as pinças de freio. São mangueiras de especificação SAE J 3/8” já que possui apenas um êmbolo (câmara simples). É
1401 1/8” cujo coeficiente de segurança é de 3:1. É uma um modelo de custo superior, tratado como investimento
mangueira com tubo interno em borracha sintética especial na busca por mais conforto, menos massa, maior
resistente a fluidos de freio hidráulico e suporta pressões durabilidade, maior praticidade e facilidade de instalação.
de até 200 bar, uma vez que neste sistema a pressão não Anteriormente adotava-se o cilindro mestre do VW Gol,
atingirá sequer metade deste valor. É uma garantia de que de dupla câmara, com massa de 1.370g. Para o atual
o mangote irá se expandir muito pouco, e resistirá muito projeto devem-se empregar dois cilindros mestre Wilwood
anos sem sofrer efeitos de intempéries ou romper devido a como citado acima, cuja massa é igual a 110g ou 220g o
impactos, o que garante a efetividade do sistema. par. Isto representa uma redução de 83,94% na massa
deste componente com relação ao anteriormente usado.
03.1.4. Cilindros Mestre Figura 9 – Powertrain do veículo
03.1.5. Pedal de freio

O pedal de freio possui uma relação de 5:1 para


garantir a progressividade e confiança nas frenagens e
conta com uma pedaleira dentro dos padrões de ergonomia
do usuário. A proporção foi adotada por oferecer ao
operador, condições confortáveis para executar uma
Figura 8 – Modelo de CM aplicado

frenagem nas condições estudadas no veículo. O


acionamento de um sistema com dois cilindros deve ser
desenvolvido de forma que ambos trabalhem
coordenadamente, ou de maneira equalizada.

O pedal ainda conta com sensorização padrão


para reconhecimento de sua operação. Os dados recolhidos
fazem atuar a luz de freio, posicionada na traseira do
veículo e em conformidade com as regras da Competição
Baja SAE Brasil. Além da proposta do pedal construído
pela equipe, o espaço físico dentro do cockpit favorece a
instalação de uma enorme variedade de pedais e
miscelâneas de freios, que podem representar um ganho de
esportividade e desempenho para o veículo.

04. TRANSMISSÃO

O sistema de Powertrain é responsável pela


geração, transmissão, aumento e variação de torque de
acordo com a demanda do veículo. Este sistema foi
projetado com o objetivo de sanar problemas de
performance encontrados no último protótipo construído,
que se caracterizavam pela grande perda de carga oriundas
de mancais de rolamento auto compensadores e do alto
peso do sistema. Assim o sistema foi projetado focando
essas melhorias, e respeitando rigorosamente as exigências
de segurança da competição Baja Sae.

8
transmissão de torque no redutor: quatro engrenagens, seis
rolamentos e três eixos. Com isso o rendimento total do
O sistema de transmissão deste protótipo é sistema foi estimado em 89%, permitindo assim que se
composto pelo motor, câmbio, redução fixa, acoplamento, calcule a força trativa do veículo em função da relação de
pneus e rodas traseiras. transmissão fixa.
O motor utilizado é o Briggs&Stratton série 20, De posse da força de tração procurou-se descobrir
definido pelo regulamento da competição para uso geral de as resistências impostas ao movimento do veículo. São
todas as equipes, de forma que suas características elas a resistência aerodinâmica, resistência à rolagem,
originais devem ser mantidas. Este motor fornece um resistência à subida e a inércia de rotação. A soma dessas
torque máximo de 18,6 Nm à 2600 RPM e uma potência forças no momento mais crítico corresponde à resistência
máxima de 10 HP à 4000 RPM. total máxima a que o veículo estará sujeito, que conforme
os cálculos, corresponde a 1675,17 N. Assim a relação de
O câmbio é responsável pela variação de torque e
redução mínima necessária será de 7,39:1, porém por fim
rotação de saída, de acordo com a demanda de velocidade
de padronização e para se obter uma segurança maior
ou força do veículo. O câmbio utilizado neste projeto é um
optou-se por escolher a relação de 8:1.
sistema de duas polias expansíveis que variam seus
diâmetros com a rotação motora, a CVT (Continuos Com essa configuração, percorrendo os primeiros
Variable Transmition) Gaged GX9 Dominator (fig. 01), 100 m, o veículo chega à velocidade final de 62 km/h
que caracteriza um câmbio automático. Essa CVT foi como mostra a figura 13.
escolhida por suas características construtivas como peso,
volume e relações de transmissão (baixa de 3,85 e alta de
0,9) serem preliminarmente compatíveis com as intenções
do projeto, e seu excelente histórico de desempenho em
competições oficiais, além de ter uma ampla faixa de
regulagem.

As rodas e pneus traseiros foram selecionados em


conjunto com a gerência de suspenção, de forma que a
parte mais baixa do veículo ficasse a uma distância segura
de 30 cm do solo. Escolhendo assim um pneu fora de
estrada traseiro de 22” de diâmetro externo e 10” de banda
de rolagem, contendo sulcos ligeiramente profundos em
diagonal para uma melhor limpeza e tração.

As rodas são aro 10 em liga leve de alumínio


6061 T6, bem leve, para ajudar na redução de peso, e
resistente para suportar a severidade dos terrenos.

O acoplamento utilizado para transferir o torque


Figura 10 – Velocidade e aceleração x tempo
de saída da caixa de redução para as rodas é a junta
homocinética praticada nos automóveis VW GOL G3.
Com a relação de transmissão dimensionada
04.1. Redução Fixa retoma-se o projeto da caixa de redução fixa. As
engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais foram
O torque na saída da CVT ainda não é suficiente
escolhidas para compor o redutor por possuir um
para fazer com que o protótipo tripulado tenha a tração
engrenamento mais suave e silencioso e serem capaz de
necessária ao movimento. Com isso se torna necessário a
transmitir maiores potências, no entanto têm a
utilização de um segundo redutor. O sistema de
desvantagem de gerar um esforço axial indesejado.
transmissão por corrente usado anteriormente se mostrou
ineficiente nessa aplicação devido à pouca resistência do Observando as dimensões toleráveis para a caixa
pinhão e a grande exposição da coroa aos obstáculos, de redução foi escolhido um tipo de trem em que são
assim definiu-se anteriormente que esse componente seria usados dois pares de engrenagens como mostra a figura 02,
um trem de engrenagens fechado. onde as engrenagens 1 e 3 são iguais bem como as
engrenagens 2 e 4, e as engrenagens 3 e 2 são acopladas no
Para selecionar a relação de transmissão estimou-
mesmo eixo.
se primeiramente todos os componentes que efetivaram a

9
Para evitar interferência ou adelgaçamento entre traseiros 10 10
os dentes das engrenagens o número de dentes dos pinhões Acoplamentos Homocinética Homocinetica
(engrenagens menores) foram fixados em 17 (SHIGLEY, Honda TRX 400 VW Gol G 3
Peso 81,7 Kg 65,3 Kg
2008). Assim as coroas ficaram com 48 dentes, e de
acordo com os cálculos de resistência na engrenagem 3 05. ELETRÔNICA E TELEMETRIA
(crítica) a largura da face deverá ser de 35 mm, sendo
Aplicações eletrônicas no mundo automotivo são
fabricadas em aço liga 4340.
motivo para metrificação da qualidade destes veículos e de
Três eixos foram utilizados. Todos sofrem dois seu monitoramento ao longo de seu uso. O uso de circuitos
tipos de cargas combinadas: torção devido ao torque eletrônicos garante uma certa confiabilidade, geralmente,
transmitido e flexão devido aos esforços transversais nas muito maior que aplicações mecânicas, principalmente no
engrenagens e polias, com isso foram dimensionados para que se trata de sensoriamento e calibração.
suportar ambos os carregamentos, bem como a fadiga. Os
Equipamentos eletrônicos desenvolvidos para
eixos terão diâmetros de 25, 28 e 30 mm respectivamente
aplicações de precisão são requeridas quando as decisões a
todos confeccionados em aço 1045.
serem tomadas nesta necessitem de um tempo de resposta
Os Rolamentos SKF 6205, 6228 e 61907 (rígidos muito curto (tempo real).
de esferas) e os rolamentos SKF 7205 e 7207 (contato
05.1. Sensoriamento
angular) foram escolhidos para compor o redutor com base
nos limites de rotação e cargas dinâmicas (radiais e axiais) O uso dos conceitos e aplicações de telemetria ao
a que estarão sujeitos, bem como preço e facilidade de Baja SAE, inicialmente, restringem-se à coleta de dados
encontra-los no mercado, garantindo assim um bom acesso sensoriais, armazenamento e transmissão para que uma
a peças de reposição já que uma vida útil de 470 milhões equipe auxiliar ao piloto possa interpretar estes dados e
de rotações foi estimada, o que garante a troca a cada oito tomar decisões mais precisas.
meses em pleno uso (oito horas ao dia).
05.1.1. Odômetro
Para esse trabalho a carcaça foi projetada para
resistir aos esforços radiais e axiais provenientes dos Na roda do veículo, são fixados alguns imãs que
engrenamentos. A mesma é fixada ao chassi por parafusos, criarão um campo magnético próximo ao sensor, assim,
é bipartida e construída em alumínio 7075 com tratamento sendo possível identificar uma marcação no perímetro da
de solubilização e envelhecimento (T6), conseguindo roda. Com base na circunferência, distância entre imãs
assim um coeficiente de segurança 13 para essa aplicação. fixados na roda e o número de vezes em que o sensor Hall
identifica um campo magnético, é possível medir a
O desenho da caixa de redução em sua totalidade distância percorrida pelo mesmo. Como todos os ímãs são
pode ser visualizado em visão explodida com identificação equidistantes aos seus vizinhos, a cada leitura é
Figura 11 – Velocidade incrementado um valor fixo na distância percorrida pela
Figura 12
e aceleração – Vista
x tempo roda No caso desta aplicação, são implementados dois
explodida da caixa de odômetros. Um em cada roda dianteira (sem tração). A
redução partir dos dados coletados pelos dois odômetros é feito
uma média aritmética, a fim de minimizar os erros.

05.1.2. Velocímetro

A partir da distância percorrida em um tempo fixo


para as leituras, é possível medir a velocidade da roda.
Com a aplicação clássica de distância dividida pelo tempo
dos componentes na figura 12. (fórmula da velocidade).
Item Protótipo 2013 Protótipo 2015 05.1.3. Tacômetro
CVT Polaris P90 Gaged GX9
Redução Fixa Trans. por Trans. por trem Similarmente ao cálculo da velocidade, o
corrente de engrenagens processamento dos dados de tacometria são analisados de
Relação de 6,3 8,0 acordo com o número de voltas que a saída do virabrequim
transmissão
Redução total 4,7 : 1 – 24,1 : 1 7,2 : 1 – 31,6 : 1
do motor do veículo da em um minuto (RPM – Rotações
(alta - baixa) Por Minuto).
Pneus Dunlop 22-10- Dunlop 22-10-
05.1.4. Nível de Combustível

Tabela 06 – Quadro comparativo

10
A determinação do nível de combustível de um conquistar consumidores de veículos UTV, ATV e Baja
veículo é um dos parâmetros mais utilizados e analisados SAE dentro de suas práticas de desporto automobilístico,
quando se trata de eficiência do veículo. A partir de sulcos tendo como principais atrativos o baixo peso e excelente
na parte inferior do tanque de combustível produzidos na mobilidade.
fabricação do mesmo, serão colocados três sensores de
Efeito Hall. O primeiro à marca dos 20%, o segundo à 07. BIBLIOGRAFIA
marca dos 50% e o terceiro à marca dos 90%. A aplicação
[1] HEIBING, B.; ERSOY, M. “Chassis Handbook:
da medição do nível de combustível se dará na análise de,
Fundamentals, driving dynamics, components,
em qual das marcas se é possível identificar campo mechatronic, perspectives”. Vieweg Teubner, 2001.
magnético, ou seja, haverá, afixado dentro do tanque de
combustível, uma guia que conduzirá uma boia plástica [2] COSTA, V. A. S. “Dimensionamento e calibração de
contendo um eletroímã que induzirá os sensores. suspensão tipo duplo A para veículos mini baja”.
Universidade de São Paulo, Escola Politécnica, 2006.
05.1.5. Temperatura do Óleo do Motor [3] MARTINS, H. L. M. “Simulação dinâmica de um
É indicado o uso de sensores LM35, para veículo sob diferentes geometrias de direção”. Centro
Universitário da Fundação Educacional Inaciana Pe.
aplicações onde a temperatura não foge aos limiares de
Sabóia de Medeiros, 2010.
0ºC e 100ºC. Para aplicações onde a temperatura não é
inferior aos 25ºC e superior aos 100ºC, é preferível o uso [4] MILLIKEN, W. F.; MILLIKEN, D. L. “Race Car
do LM36. Estes são sensores que, a partir de uma tensão Vehicle Dynamics”. SAE Inc., 1995.
de referência, é fornecida em um pino de saída uma tensão [5] MINOZZO, R. “Aquisição de forças dinâmicas
proporcional à temperatura do ambiente. atuantes na suspensão dianteira de um veículo protótipo
Baja SAE”. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
05.1.6. Nível de Bateria
Departamento de Engenharia Mecânica, 2012.
A partir de um divisor de tensão simples, é feita a [6] RAO, S. “Vibrações Mecânicas”. Perason Education
conversão proporcional da tensão de entrada (12V) para do Brasil, 2009.
uma tensão segura para leitura (5V).
[7] GILLESPIE, T. D. “Fundamentals of Vehicle
06. CONCLUSÃO Dynamics”. SAE Inc., 1996.

O trabalho atingiu a proporção ideal para os


propósitos da Equipe IFPI Baja SAE naquilo que se propôs [8] SCHRAM, M. S. L. “Modelling a vehicle with use of
a mostrar. Além da formação deste material existe ainda o partial vehicles in three dimensions: A two-wheeled
ganho individual e coletivo dos alunos envolvidos com a vehicle and a steering technique are implemented in
pesquisa na área que é carente de bibliografias MATLAB/SIMULINK”. NLR-Memorandum AVCE-
especializadas. As maiores dificuldades encontradas no 2004-050.
desenvolvimento do projeto se deram por conta da [9] LIMPERT, Rudolf. Brake Design and Safety. 2nd ed.
ausência de parâmetros básicos, difíceis de obter, por conta United States of America, Society of Automotive
da especificidade do estudo que entra em um tema Engineers, 1999.
constantemente aprimorado e, portanto, não compartilhado
por seus pesquisadores. [10] GILLESPIE, T.D., Fundamentals of Vehicle
Dynamics, 1.ed. Nova York, Society of Automotive
Este trabalho poderá ser uma guia para trabalhos Engineers,1992.
posteriores como desejado pela equipe. Os sistemas de [11] BOSCH, Robert. Manual de Tecnologia
freios automotivos, suspensão, direção, eletrônica Automotiva.25. ed. Berlim, Edgard Blucher, 2005.
embarcada, transmissão, assim como todos os outros
sistemas de um veículo, contam com uma variedade muito [12] SHIGLEY, J. E. Projeto de Engenharia Mecânica.
grande de soluções que passam pela seleção de Bookman, Porto Alegre, 2005.
mecanismos, materiais, parâmetros, necessidades e [13] PUHN, Fred. Brake Handbook. 2nd ed. USA,
objetivos diferentes. Foi o objetivo para este trabalho e HPBooks, 1985.
continuará sendo o mesmo dos trabalhos que se seguem, a
busca pelo aprimoramento. [14] BALFLEX, Catálogo. Mangueiras hidráulicas
Balflex. São Paulo, 2006.

Foi possível mostrar o desenvolvimento do [15] BOSCH, Folder. Fluidos de freio Bosch. Campinas,
projeto de um veículo adequado ao uso recreativo e para 2007.
competição. O mesmo tem grande probabilidade de

11
[16] BOSH, R. Manual de tecnologia automotiva. 25. ed. Geometria das Suspensões
São Paulo: Edgard Blücher editora, 2005.
[17] BRIGGS & STRATTON. Catálogo do motor – nº
MS-3928-10/99. Impresso nos Estados unidos, direitos
autorais 1999 pela Briggs & Stratton Corporation.
[18] GGD METALS. Aço construção mecânica – SAE
4320. Disponível em <http://www.ggdmetals.com.br/aco-
construcao-mecanica/sa-4320> Acesso em 30/02/2013.
[19] MELCONIAN, S. Elementos de máquinas. 9. ed. São
Paulo: Erica editora, 2009.
[20] NORTON, Robert L. Projeto de máquinas uma
abordagem integrada. 2. ed. Bookman editora, 2004.
[21] SHIGLEY. J.E; MISHKE, C.R. Projeto de
Engenharia mecânica. 7. ed. Bookman editora, 2005.
[22] GILLESPPIE, Thomas D. Fundamentals of vehicle
dynamics. Warrendale, PA: Society of Automotive
Engineers, 1992.
[23] GONÇALVES, Carlos A. M. Sistema de aquisição de
dados para um veículo Mini Baja. Projeto apresentado para
obtenção de graduação em Engenharia Elétrica pela
Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, 2006.

APÊNDICE A

APÊNDICE B

Figura 13 – Vista isométrica das suspensões

12
Tabela 07 – Rigidez e amortecimento

Figura 14 – Deslocamento pelo tempo

Figura 15 – Força pela velocidade (compressão) Figura 16 – Força pela velocidade (rebote)

13
APÊNDICE C

Detalhamento da Eletrônica

Figura 17 – Computador de Bordo Figura 18 – Odômetro

Figura 19 – Tacômetro Figura 20 – Medidor de temperatura

APENDICE D
Figura 21 – Velocímetro Figura 22 – Medidor de Combustível

14
Figura 23 – Dados iniciais

15

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