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Relatório de Projeto
IFPI Baja Antares
Filipe Gomes Soares
Pedro Rodrigues Veloso
Ranyere Luis Rabelo Craveiro
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Equipe IFPI Baja SAE
Expõe-se neste relatório o modelo de produção do Como fruto de pesquisa o projeto IFPI Baja SAE
veículo Antares de modo que esta seja desenvolvida em foi regido pela Diretoria de Extensão e Coordenação de
série e administrada inteligentemente de acordo com os Indústria do Instituto Federal do Piauí, angariando também
padrões de mercado e concorrência percebidos ao longo do o auxílio financeiro de patrocinadores e empresários no
ano de 2014 no Brasil. cenário nacional com o propósito de desenvolver um
protótipo tipo Baja SAE passível de ser produzido em série.
Palavras-chave: Equipe IFPI Baja SAE, projeto, Antares, Participaram das atividades do grupo que compões a equipe
Instituto Federal do Piauí, produção em série, Baja SAE. alunos de variados períodos (semestres) do curso de
Bacharelado em Engenharia Mecânica.
1
System) e com ele foi possível associar melhor as relações desenvolvimento de um veículo Baja SAE destinado à
entre tarefas, tempo e metas a serem conquistadas. aplicações recreativas no âmbito dos fora de estrada.
Assim o mesmo é destinado à competições realizadas em
Assim criou-se um universo empresarial típico de lugares de percurso difícil ou perigoso onde se procura
empresas de pequeno e médio porte onde as mesmas comprovar a habilidade do piloto ou a qualidade da
realizam o fornecimento de equipamentos, sistemas e máquina. O desenvolvimento do projeto apontará também
serviços de consultoria regidos por um contrato fictício opções de modelos similares porém de menor custo de
oferecido por uma corporação que, dotada de um projeto produção e venda destinados a aplicações menos severas
de construção de um veículo Baja SAE, pretende produzi- como:
lo em série.
a) Auxílio ao produtor rural em tarefas de
movimentação de cargas;
DESENVOLVIMENTO b) Veículo de resgate à serviço dos
bombeiros e guarda florestal em pontos
de difícil acesso;
Para o correto desenvolvimento das atividades c) Veículo recreativo para locação em
julgou-se sensato direcionar cada membro para seu campo pontos turísticos, praias e trilhas;
de melhor aptidão técnica, para que fossem obtidos os d) Veículo auxiliar à serviço de prefeituras
melhores avanços com pesquisa e uma maior em municípios de baixa renda onde
probabilidade na conquista de metas e checkpoints. existe a necessidade de um meio de
Subdividindo-se em gerências operacionais, onde cada transporte para tarefas simples como
gerência comporta-se como uma empresa destinada a distribuição de cargas d’água, cestas
prestar serviços à equipe IFPI Baja, o grupo de parceiros básicas e medicamentos.
ficou definido como mostrado na listagem abaixo. Nela é
apontada a organização operacional na execução de Cada empresa em seu devido departamento
trabalhos e fornecimento de sistemas para a montagem do trabalhou em conjunto para balancear seus interesses e
veículo. Cada empresa (ou gerência) foi responsável por desenvolver soluções para seus clientes. Ao desenvolver
um setor do veículo. A coordenação das atividades ficou um mapa amostral do tipo de cliente a equipe IFPI Baja
com a coordenação da equipe, representada pela gerência SAE concluiu, por meio de pesquisas, que: (44,2%) Sim,
de projeto. compraria por interessar-se pelo produto; (9,8%) Sim,
compraria para uso desportivo; (21,7%) Sim, compraria
Ao todo são nove empresas envolvidas no para revender; (12,3%) Não compraria por conta do
processo de produção do modelo Antares Baja SAE: preço final; (5,1%) Não compraria por não ter
necessidade; e (6,9%) Não demonstrou interesse.
1. Enjoy Safety S/A – fornecimento do projeto de
segurança do veículo. Portanto existem consumidores disponíveis em
2. PRV LTDA – fornecimento dos sistemas de nossa região para o tipo de produto aqui proposto, dentro
suspensão. de um universo de aproximadamente 814.230 habitantes
3. Multi LTDA – fornecimento do sistema de de Teresina. Ao considerarmos os dados populacionais da
direção. cidade é provável que existam cerca de X indivíduos na
4. Gear in Box S/A – fornecimento do sistema de capital interessados em adquirir um Baja SAE nos
powertrain. parâmetros aqui apresentados. Os entrevistados que se
5. RR Design LTDA – fornecimento de itens mostraram dispostos a comprar o produto, quando
internos e acabamentos. questionados sob qual perfil melhor se encaixavam,
6. Labiras S/A – fornecimento do sistema elétrico do intitularam-se conforme o seguinte resultado: (64,3%)
veículo. entusiastas, (22,6%) desportistas e (13,1%) revendedor.
7. Conecta S/A – responsável pelo marketing e
promoção da equipe. Além destes perfis existe ainda um quarto
8. LabRH S/A – responsável pela admissão de representado pelo produtor rural. Para o atendimento deste
novos colaboradores em todas as empresas do perfil de cliente devem ser acrescentados descontos que
grupo. variam de região à região do país.
9. Equipe IFPI Baja SAE – detentora do projeto do
veículo. O modelo de gerenciamento de projetos e
produção PDS foi aplicado em todas as empresas
As empresas se relacionam obedecendo a responsáveis pelo desenvolvimento do veículo Antares.
estrutura do PDS, logo buscam como um todo cumprir Todas elas exercem suas atividades pautadas de acordo
prazos, satisfazer objetivos funcionais, assegurar a com os passos apontados pelo programa para que se
qualidade e minimizar custos. O objetivo do grupo é o otimizem tempo e custos em prol de um produto que
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contenha todos os objetivos almejados. O PDS foi aplicado O objetivo deste sistema é transformar os
como segue abaixo: requerimentos para o veículo em requerimentos para os
Assim, para o projeto deste veículo, preparou-se subsistemas e, finalmente, em requerimentos para os
um sistema de desenvolvimento de produto baseado no componentes; após o dimensionamento dos componentes,
esquema utilizado pela empresa Ford, conforme figura estes são montados em seus devidos subsistemas e estes
abaixo: montados no veículo (montagem em ambiente virtual),
CURSO
CINEMÁTICA AJUSTES
COMPONENTES
Tabela 2 –
Objetivos por
Figura 3 – Modelos de suspensão
etapas
3
suspensão traseira, os tipos observados foram: semi- O amortecedor selecionado (modelo Fox float R)
trailing arm, three link e duplo A. Para selecionar entre as também contribui para a ajustabilidade do veículo. A
três opções, a equipe estudou quatro características gerais: rigidez do elemento é gerada em uma câmara de ar cuja
curso possível da suspensão, possibilidades de ajustes, pressão pode ser variada com uma bomba externa, gerando
quantidade de componentes e possibilidade de optimização assim uma rigidez progressiva e infinitamente ajustável
cinemática. As duas primeiras características foram (até o nível máximo de 150 psi). O amortecedor também
derivadas da aplicação do produto – competições off-road apresenta uma taxa de amortecimento maior para a
e uso recreativo – que exige da suspensão longos cursos e extensão, com o intuito de diminuir a transferência de
possibilidades de ser ajustada para o peso do piloto, o excitação da massa não-suspensa para a massa suspensa –
terreno ou evento em uma competição. A terceira devido ao amortecimento de compressão mais leve –
característica, quantidade de componentes, foi selecionada enquanto o amortecimento de extensão mais rígido dissipa
por estar ligada fortemente ao peso e ao custo final da a excitação rapidamente. Apêndice B mostra os gráficos de
suspensão. A última característica, possibilidade de amortecimento do Fox float R.
optimização cinemática, mede a possibilidade do projeto
de um caminho desejado para o centro da roda com o 01.2. Dados iniciais, minimização do RC e minimização
curso da suspensão. A figura e a tabela abaixo sintetizam o do Erro de Ackerman. Figura 5 – Estudo de posições
processo de seleção da suspensão traseira – os valores para
as características foram retiradas de [1]. Observe que a Após a seleção dos tipos de suspensões, a etapa
equipe decidiu por julgar o tipo duplo A com toe link, ao seguinte foi a determinação da geometria da suspensão –
invés do modelo sem rotação no eixo de esterçamento, pontos da suspensão na posição estática. Para iniciar esta
uma vez que o toe link aumenta as possibilidades de etapa, a equipe organizou uma lista com dados iniciais
ajustes da suspensão e amplia as possibilidades de (Tabela 4) utilizados como valores de entrada para
optimização cinemática. algoritmos de optimização. Os dados presentes nesta tabela
CINEMÁT foram retirados da bibliografia, do benchmarking
CURS AJUSTE COMP
O (3) S (2) . (1)
. MP mencionado anteriormente, de protótipos anteriores e da
(2) liberdade de alguns elementos mecânicos -- por exemplo,
Semi- 2,6 os ângulos de trabalho máximo da homocinética
trailin 5 3 5 3 7 determinam o máximo que a suspensão traseira pode
g bascular etc. Com esses dados em mãos, a equipe
Three 3,6 alimentou duas rotinas de optimização. A primeira
7 5 3 5
link 7 minimiza o valor do centro de rolagem da suspenção –
Duplo 3,9 baseada na rotina apresentada em [2] – e a segunda
7 6 2 6
A 2 minimiza o erro de Ackerman da direção – baseada na
Tabela 3 – Comparação entre modelos rotina apresentada em [3].
DADO VALORES FONTES
Após a análise dos dados do Benchmarking e da Bitola Dianteira entre 1420 e 1200 mm Benchmarking
tabela acima, a equipe decidiu por utilizar o tipo duplo A Bitola Traseira entre 1350 e 1100 mm Benchmarking
na traseira e na dianteira. Entre eixos entre 1400 e 1700 mm Benchmarking
Compressão ≤ 130 mm Elem. mecânicos
dianteira
O toe link da suspensão traseira permite ao piloto, Extensão dianteira ≤ 60 mm Elem. mecânicos
além de ajustar parâmetros da suspensão, explorar o Compressão traseira ≤ 100 mm Elem. mecânicos
fenômeno de roll-steer (esterçamento com rolagem) e Extensão traseira ≤ 80 mm Elem. mecânicos
assim variar o caráter sobreesterçante da suspenção. O Pino mestre entre 5° e 13° Bibliografia
veículo apresenta três possíveis posições para o ponto Caster dianteiro 10° Protótipo anterior
interno do toe link, sendo uma posição neutra (mínima Caster traseiro 6° Protótipo anterior
variação de toe com o curso) e duas sobreesterçantes – as Camber (curso) entre -1,5° e 3° Bibliografia
Toe dianteiro entre -1° e 1° Bibliografia
rodas traseiras esterçam para fora da curva, diminuindo o
(curso)
raio da curva. Apêndice A mostra uma figura com as Variação máx. bitola 20 mm Bibliografia
variações do ângulo de toe (esterçamento) com o curso da Após a confecção da tabela de dados iniciais a
suspensão para as três possibilidades discutidas. equipe realizou a Análise de Posições. Nesta análise o
layout da transmissão e o estudo de ergonomia são
colocados em um mesmo desenho e posicionados de
5
estabilidade vertical após atingir uma elevação. O último e, normalmente, tem magnitudes inferiores às situações
objetivo garante a ausência de choques nos elementos das extremas analisadas em “design for strength”. As análises
suspensões durante a operação normal do veículo. de fadiga foram realizadas nas peças de alumínio das
Os três primeiros objetivos foram analisados de suspensões, uma vez que estas peças são mais susceptíveis
acordo com as equações mostradas na bibliografia. Já os à falha por fadiga.
dois últimos são analisados com o modelo matemático
descrito em [8]. Este modelo é similar ao modelo de meio Antes de realizar as análises estruturais a equipe
carro descrito em [1], porém com a utilização de se deparou com o seguinte problema: para determinar as
igualdades que fixam a posição relativa entre a massa forças e momentos que seriam utilizadas nas análises
suspensa e a não-suspensa (constrained dynamics); este analiticamente a equipe precisava determinar o peso das
modelo também contém um bloco que simula o contato massas suspensa e não-suspensa do veículo, entretanto a
entre solo e pneu. Para analisar o quarto objetivo, o veículo equipe não poderia determinar estas massas antes de
foi colocado para passar por uma elevação de 10 cm a uma realizar as análises estruturais. Para resolver este problema
velocidade de 50 Km/h. Para analisar o quinto objetivo, o a equipe resolveu adotar um sistema iterativo. A entrada
veículo foi colocado para saltar uma rampa de 1,5 m de deste sistema foram valores de forças e momentos
altura e 45° de elevação, pousando em um terreno reto no coletados da bibliografia que, em seguida, alimentaram as
mesmo nível do início da rampa. análises estruturais permitindo a equipe determinar os
valores das massas momentos de inércia do veículo
A seleção da rigidez das suspensões segue um mandatórios para realizar as análises dinâmicas necessárias
método iterativo. Primeiramente, o valor de frequência para determinar os valores de forças e momentos
natural para a dianteira é determinado, de acordo com a analiticamente; em seguida, estes valores determinados
extensão disponível para a dianteira; os valores de analiticamente realimentam o sistema determinando novos
frequências naturais para a suspensão traseira, que serão
analisados, são determinados segundo incrementos de 1%
(até o máximo de 2 Hz) do valor da frequência natural
dianteira. Os valores de saída desse método são os valores
mínimos de frequências naturais dianteira e traseira que
respeitem os objetivos descritos acima. Note que as
rigidezes obtidas aqui não correspondem às rigidezes nos
elementos amortecedores (shox); para obter a rigidez no
elemento amortecedor a equipe utilizou o método descrito
em [2]. O mesmo método foi utilizado para transformar o
amortecimento no elemento amortecedor em Design for
amortecimento vertical, que foi utilizado no modelo Strength
matemático desenvolvido para estudar a dinâmica vertical
do veículo. Apêndice B mostra os valores obtidos para as
frequências e rigidez obtidos nesta análise. Design for
Life
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existentes no mercado, como o disco de freio do
Em veículos e protótipos voltados para quadriciclo Honda TRX-EX400 cujo diâmetro é de 180
competição o emprego dos freios é levado ao extremo. Em mm e pode ser utilizado na traseira do protótipo Antares.
especial, modelos Baja SAE são testados quanto à eficácia Para a fixação destes componentes devem ser utilizados
de uma frenagem em linha reta. Pelo teor de segurança parafusos N10 com suas respectivas porcas e arruelas, com
para uma competição universitária o critério de aprovação prioridade para porcas do tipo parlock. Ao todo são
é o bloqueio total das rodas ao máximo acionamento do utilizados 12 fixadores para os discos de freio.
sistema, como impõe o Regulamento Baja SAE Brasil
(RBSB). O material utilizado é o ferro fundido cinzento
que conta com 3 a 4% de carbono e matriz perlítica com
03.1. Planejamento grafita livre na forma de veios. Propriedades como boa
dissipação térmica, satisfatória resistência ao desgaste,
O planejamento do sistema de frenagem do resistência mecânica suficiente, baixo custo e facilidade de
veículo passou primeiramente pela coleta dos parâmetros fundição e usinagem são determinantes para esta escolha
iniciais do veículo. Tais parâmetros foram potencializados além de ser um material largamente utilizado para esta
a fim de acrescentar ainda mais segurança à operação. Os finalidade.
parâmetros iniciais encontram-se no Apêndice D.
03.1.2. Pinças de freio
Segundo [LIMPERT] a força máxima exercida
pelo pé direito de 5% das mulheres é de aproximadamente Entre a grande diversidade de modelos
445N. Para os homens o valor desta força sobe para disponíveis no mercado, por critérios de aplicação,
aproximadamente 823 N. Para freios sem booster, ou segurança, massa e praticidade são utilizadas no sistema de
auxílio, o sistema de freios deve ser desenvolvido para frenagem dianteiro pinças do quadriciclo Honda TRX-
uma força máxima de 445 a 489 N, enquanto a norma EX400. É uma pinça com 32,6 mm de diâmetro do êmbolo
europeia ECE R13 estabelece como limite de força de onde se encontra o pistão e 2400 mm² de área de contato
pedal 500 N para automóveis da classe M1, a qual um Baja das pastilhas com o disco. Em especial esta pinça possui
SAE é adequado. Uma desaceleração teórica de 1g deve corpo em alumínio e é facilmente encontrada no mercado
ser alcançada quando o veículo é carregado de acordo com nacional. No sistema traseiro o modelo de pinça indicado é
o peso máximo indicado pelo fabricante. O curso máximo o da motocicleta Honda CG 150 Titan cujo diâmetro e área
do pedal deve ser estimado a partir do peso do veículo e das pastilhas são os mesmos do sistema dianteiro. Também
não deve exceder 150 mm. é um modelo leve, de longa duração e muito
comercializado o que lhe confere baixo custo, facilidade
O dimensionamento é a oportunidade de a equipe de manutenção, praticidade e comodidade até mesmo na
traduzir as informações provenientes da fase de utilização de modelos semelhantes ainda mais baratos cuja
planejamento em projetos detalhados do produto. Durante especificação seja compatível. Ao todo são utilizados oito
este processo, a maior dificuldade é selecionar materiais e parafusos N8, que acompanham a própria pinça. Para a
componentes que atendam às necessidades do cliente e da configuração atual não são utilizadas porcas ou arruelas.
empresa. Para tornar esta tarefa mais fácil e prática podem
ser utilizados quadros comparativos e de análises por peso. 03.1.3. Linhas de transmissão
7
Os mangotes flexíveis utilizados na linha de Para o Antares, o componente escolhido foi o
transmissão são confeccionados sob encomenda cilindro mestre Wilwood 260-2636, um modelo com
juntamente com as conexões situadas em suas reservatório integrado e compacto feito em alumínio, com
extremidades para promover a fixação com a linha rígida e diâmetro de entrada (do pistão) de 5/8” e uma saída de
as pinças de freio. São mangueiras de especificação SAE J 3/8” já que possui apenas um êmbolo (câmara simples). É
1401 1/8” cujo coeficiente de segurança é de 3:1. É uma um modelo de custo superior, tratado como investimento
mangueira com tubo interno em borracha sintética especial na busca por mais conforto, menos massa, maior
resistente a fluidos de freio hidráulico e suporta pressões durabilidade, maior praticidade e facilidade de instalação.
de até 200 bar, uma vez que neste sistema a pressão não Anteriormente adotava-se o cilindro mestre do VW Gol,
atingirá sequer metade deste valor. É uma garantia de que de dupla câmara, com massa de 1.370g. Para o atual
o mangote irá se expandir muito pouco, e resistirá muito projeto devem-se empregar dois cilindros mestre Wilwood
anos sem sofrer efeitos de intempéries ou romper devido a como citado acima, cuja massa é igual a 110g ou 220g o
impactos, o que garante a efetividade do sistema. par. Isto representa uma redução de 83,94% na massa
deste componente com relação ao anteriormente usado.
03.1.4. Cilindros Mestre Figura 9 – Powertrain do veículo
03.1.5. Pedal de freio
04. TRANSMISSÃO
8
transmissão de torque no redutor: quatro engrenagens, seis
rolamentos e três eixos. Com isso o rendimento total do
O sistema de transmissão deste protótipo é sistema foi estimado em 89%, permitindo assim que se
composto pelo motor, câmbio, redução fixa, acoplamento, calcule a força trativa do veículo em função da relação de
pneus e rodas traseiras. transmissão fixa.
O motor utilizado é o Briggs&Stratton série 20, De posse da força de tração procurou-se descobrir
definido pelo regulamento da competição para uso geral de as resistências impostas ao movimento do veículo. São
todas as equipes, de forma que suas características elas a resistência aerodinâmica, resistência à rolagem,
originais devem ser mantidas. Este motor fornece um resistência à subida e a inércia de rotação. A soma dessas
torque máximo de 18,6 Nm à 2600 RPM e uma potência forças no momento mais crítico corresponde à resistência
máxima de 10 HP à 4000 RPM. total máxima a que o veículo estará sujeito, que conforme
os cálculos, corresponde a 1675,17 N. Assim a relação de
O câmbio é responsável pela variação de torque e
redução mínima necessária será de 7,39:1, porém por fim
rotação de saída, de acordo com a demanda de velocidade
de padronização e para se obter uma segurança maior
ou força do veículo. O câmbio utilizado neste projeto é um
optou-se por escolher a relação de 8:1.
sistema de duas polias expansíveis que variam seus
diâmetros com a rotação motora, a CVT (Continuos Com essa configuração, percorrendo os primeiros
Variable Transmition) Gaged GX9 Dominator (fig. 01), 100 m, o veículo chega à velocidade final de 62 km/h
que caracteriza um câmbio automático. Essa CVT foi como mostra a figura 13.
escolhida por suas características construtivas como peso,
volume e relações de transmissão (baixa de 3,85 e alta de
0,9) serem preliminarmente compatíveis com as intenções
do projeto, e seu excelente histórico de desempenho em
competições oficiais, além de ter uma ampla faixa de
regulagem.
9
Para evitar interferência ou adelgaçamento entre traseiros 10 10
os dentes das engrenagens o número de dentes dos pinhões Acoplamentos Homocinética Homocinetica
(engrenagens menores) foram fixados em 17 (SHIGLEY, Honda TRX 400 VW Gol G 3
Peso 81,7 Kg 65,3 Kg
2008). Assim as coroas ficaram com 48 dentes, e de
acordo com os cálculos de resistência na engrenagem 3 05. ELETRÔNICA E TELEMETRIA
(crítica) a largura da face deverá ser de 35 mm, sendo
Aplicações eletrônicas no mundo automotivo são
fabricadas em aço liga 4340.
motivo para metrificação da qualidade destes veículos e de
Três eixos foram utilizados. Todos sofrem dois seu monitoramento ao longo de seu uso. O uso de circuitos
tipos de cargas combinadas: torção devido ao torque eletrônicos garante uma certa confiabilidade, geralmente,
transmitido e flexão devido aos esforços transversais nas muito maior que aplicações mecânicas, principalmente no
engrenagens e polias, com isso foram dimensionados para que se trata de sensoriamento e calibração.
suportar ambos os carregamentos, bem como a fadiga. Os
Equipamentos eletrônicos desenvolvidos para
eixos terão diâmetros de 25, 28 e 30 mm respectivamente
aplicações de precisão são requeridas quando as decisões a
todos confeccionados em aço 1045.
serem tomadas nesta necessitem de um tempo de resposta
Os Rolamentos SKF 6205, 6228 e 61907 (rígidos muito curto (tempo real).
de esferas) e os rolamentos SKF 7205 e 7207 (contato
05.1. Sensoriamento
angular) foram escolhidos para compor o redutor com base
nos limites de rotação e cargas dinâmicas (radiais e axiais) O uso dos conceitos e aplicações de telemetria ao
a que estarão sujeitos, bem como preço e facilidade de Baja SAE, inicialmente, restringem-se à coleta de dados
encontra-los no mercado, garantindo assim um bom acesso sensoriais, armazenamento e transmissão para que uma
a peças de reposição já que uma vida útil de 470 milhões equipe auxiliar ao piloto possa interpretar estes dados e
de rotações foi estimada, o que garante a troca a cada oito tomar decisões mais precisas.
meses em pleno uso (oito horas ao dia).
05.1.1. Odômetro
Para esse trabalho a carcaça foi projetada para
resistir aos esforços radiais e axiais provenientes dos Na roda do veículo, são fixados alguns imãs que
engrenamentos. A mesma é fixada ao chassi por parafusos, criarão um campo magnético próximo ao sensor, assim,
é bipartida e construída em alumínio 7075 com tratamento sendo possível identificar uma marcação no perímetro da
de solubilização e envelhecimento (T6), conseguindo roda. Com base na circunferência, distância entre imãs
assim um coeficiente de segurança 13 para essa aplicação. fixados na roda e o número de vezes em que o sensor Hall
identifica um campo magnético, é possível medir a
O desenho da caixa de redução em sua totalidade distância percorrida pelo mesmo. Como todos os ímãs são
pode ser visualizado em visão explodida com identificação equidistantes aos seus vizinhos, a cada leitura é
Figura 11 – Velocidade incrementado um valor fixo na distância percorrida pela
Figura 12
e aceleração – Vista
x tempo roda No caso desta aplicação, são implementados dois
explodida da caixa de odômetros. Um em cada roda dianteira (sem tração). A
redução partir dos dados coletados pelos dois odômetros é feito
uma média aritmética, a fim de minimizar os erros.
05.1.2. Velocímetro
10
A determinação do nível de combustível de um conquistar consumidores de veículos UTV, ATV e Baja
veículo é um dos parâmetros mais utilizados e analisados SAE dentro de suas práticas de desporto automobilístico,
quando se trata de eficiência do veículo. A partir de sulcos tendo como principais atrativos o baixo peso e excelente
na parte inferior do tanque de combustível produzidos na mobilidade.
fabricação do mesmo, serão colocados três sensores de
Efeito Hall. O primeiro à marca dos 20%, o segundo à 07. BIBLIOGRAFIA
marca dos 50% e o terceiro à marca dos 90%. A aplicação
[1] HEIBING, B.; ERSOY, M. “Chassis Handbook:
da medição do nível de combustível se dará na análise de,
Fundamentals, driving dynamics, components,
em qual das marcas se é possível identificar campo mechatronic, perspectives”. Vieweg Teubner, 2001.
magnético, ou seja, haverá, afixado dentro do tanque de
combustível, uma guia que conduzirá uma boia plástica [2] COSTA, V. A. S. “Dimensionamento e calibração de
contendo um eletroímã que induzirá os sensores. suspensão tipo duplo A para veículos mini baja”.
Universidade de São Paulo, Escola Politécnica, 2006.
05.1.5. Temperatura do Óleo do Motor [3] MARTINS, H. L. M. “Simulação dinâmica de um
É indicado o uso de sensores LM35, para veículo sob diferentes geometrias de direção”. Centro
Universitário da Fundação Educacional Inaciana Pe.
aplicações onde a temperatura não foge aos limiares de
Sabóia de Medeiros, 2010.
0ºC e 100ºC. Para aplicações onde a temperatura não é
inferior aos 25ºC e superior aos 100ºC, é preferível o uso [4] MILLIKEN, W. F.; MILLIKEN, D. L. “Race Car
do LM36. Estes são sensores que, a partir de uma tensão Vehicle Dynamics”. SAE Inc., 1995.
de referência, é fornecida em um pino de saída uma tensão [5] MINOZZO, R. “Aquisição de forças dinâmicas
proporcional à temperatura do ambiente. atuantes na suspensão dianteira de um veículo protótipo
Baja SAE”. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
05.1.6. Nível de Bateria
Departamento de Engenharia Mecânica, 2012.
A partir de um divisor de tensão simples, é feita a [6] RAO, S. “Vibrações Mecânicas”. Perason Education
conversão proporcional da tensão de entrada (12V) para do Brasil, 2009.
uma tensão segura para leitura (5V).
[7] GILLESPIE, T. D. “Fundamentals of Vehicle
06. CONCLUSÃO Dynamics”. SAE Inc., 1996.
Foi possível mostrar o desenvolvimento do [15] BOSCH, Folder. Fluidos de freio Bosch. Campinas,
projeto de um veículo adequado ao uso recreativo e para 2007.
competição. O mesmo tem grande probabilidade de
11
[16] BOSH, R. Manual de tecnologia automotiva. 25. ed. Geometria das Suspensões
São Paulo: Edgard Blücher editora, 2005.
[17] BRIGGS & STRATTON. Catálogo do motor – nº
MS-3928-10/99. Impresso nos Estados unidos, direitos
autorais 1999 pela Briggs & Stratton Corporation.
[18] GGD METALS. Aço construção mecânica – SAE
4320. Disponível em <http://www.ggdmetals.com.br/aco-
construcao-mecanica/sa-4320> Acesso em 30/02/2013.
[19] MELCONIAN, S. Elementos de máquinas. 9. ed. São
Paulo: Erica editora, 2009.
[20] NORTON, Robert L. Projeto de máquinas uma
abordagem integrada. 2. ed. Bookman editora, 2004.
[21] SHIGLEY. J.E; MISHKE, C.R. Projeto de
Engenharia mecânica. 7. ed. Bookman editora, 2005.
[22] GILLESPPIE, Thomas D. Fundamentals of vehicle
dynamics. Warrendale, PA: Society of Automotive
Engineers, 1992.
[23] GONÇALVES, Carlos A. M. Sistema de aquisição de
dados para um veículo Mini Baja. Projeto apresentado para
obtenção de graduação em Engenharia Elétrica pela
Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, 2006.
APÊNDICE A
APÊNDICE B
12
Tabela 07 – Rigidez e amortecimento
Figura 15 – Força pela velocidade (compressão) Figura 16 – Força pela velocidade (rebote)
13
APÊNDICE C
Detalhamento da Eletrônica
APENDICE D
Figura 21 – Velocímetro Figura 22 – Medidor de Combustível
14
Figura 23 – Dados iniciais
15