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LÍNGUA PORTUGUESA – 1º ano

A partir da definição dos elementos da comunicação, Roman Jakobson definiu as funções da linguagem, elementos
que estão relacionados às intenções comunicativas dos falantes:

Abaixo, você encontrará a definição para cada uma das funções da linguagem, bem como seus respectivos
exemplos. Boa leitura e bons estudos!

1. A função emotiva é caracterizada por sua mensagem centrada no emissor, isto é, uma mensagem na qual
são encontradas toda a expressividade de um discurso construído na primeira pessoa. Nela, estão
evidenciadas algumas marcas gramaticais peculiares. Observe algumas das principais características da
função emotiva da linguagem:

 Verbos e pronomes em primeira pessoa;


 Interjeições (responsáveis por revelar o estado emocional do falante;
 Adjetivos valorativos;
 Sinais de pontuação como reticências e pontos de exclamação.

Comumente, as funções emotiva e poética são relacionadas ao discurso literário, principalmente aos poemas.
Contudo, a função emotiva pode estar presente em vários tipos de textos e gêneros textuais. Veja o exemplo no
fragmento de um dos mais famosos poemas de Fernando Pessoa:

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.


Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
[…]
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Poema em linha reta, Fernando Pessoa. (Fragmento)

2. Na função metalinguística, o foco da mensagem é o código, seja ele linguístico (a escrita ou a oralidade),
seja extralinguístico (música, cinema, pintura, fotografia, gestualidade etc.). Quando o emissor preocupa-se
com o código, ele produz aquilo que chamamos de metalinguagem. Observe como ele pode se manifestar
na linguagem literária:

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam


não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

Mario Quintana

Podemos afirmar que a função metalinguística não tem o objetivo de significar por si, mas sim o objetivo de dizer o
que o outro significa.

3. A função poética não apresenta uma finalidade prática, mas sim estética. Isso acontece porque o próprio
objeto – a mensagem – torna-se o foco de si mesmo, despertando a reação pelo o que é e não por aquilo
para que serve. Observe o exemplo no poema de Carlos Drummond de Andrade:

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

4. A função referencial é a função da informação. Isso porque sua mensagem é centrada na necessidade de
transmitir ao interlocutor dados da realidade de uma maneira direta e objetiva, evitando assim o discurso
literário, presente em outras funções, como a função poética e a função emotiva. Observe suas principais
características:

 Nos textos em que prevalece a função referencial, a mensagem estará centrada no referente, ou seja,
naquilo de que se fala;
 Normalmente, são textos escritos na terceira pessoa (ele);
 Nos textos em que prevalece a função referencial, as frases são estruturadas na ordem direta, evitando
assim inversões na estrutura sintática das orações que possam prejudicar o entendimento da mensagem.

Observe agora, um exemplo de texto com a função referencial:

Texto I

A característica da oralidade radiofônica, então, seria aquela que propõe o diálogo com o ouvinte: a simplicidade,
no sentido da escolha lexical; a concisão e coerência, que se traduzem em um texto curto, em linguagem coloquial
e com organização direta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que deve ser o mais natural (do diálogo). É esta
organização que vai “reger” a veiculação da mensagem, seja ela interpretada ou de improviso, com objetivo de dar
melodia à transmissão oral, dar emoção, personalidade ao relato de fato.

5. A função fática é responsável por checar o funcionamento adequado do canal de comunicação. Ela está
presente em vários momentos de nosso dia, nas simples conversas ao telefone e até mesmo nas
conversas despretensiosas que se iniciam dentro de um elevador. Nesse tipo de comunicação, a
preocupação do emissor é manter contato com o destinatário, prolongando a conversa e certificando-se de
que o canal está aberto através do uso de expressões como “veja bem”, “olhe só”, “entende?”, “você está
me ouvindo?”, etc. Esse tipo de função da linguagem tem como característica predominante criar
solidariedade, ou seja, estabelecer e manter funcionando os vínculos sociais que nos prendem no grupo.
Quando você cumprimenta alguém, você está mantendo contato com um interlocutor em potencial, além de
estar participando dos costumes verbais que integram as pessoas. Observe o exemplo na tirinha Garfield,
do desenhista Jim Davis:

Exemplo de função fática

6. A função conativa da linguagem, a mensagem está centrada no destinatário. Como assim, centrada no
destinatário? Pois bem, isso quer dizer que a mensagem tem como
objetivo influenciar, envolver e convencer o interlocutor. Quando pensamos nesse tipo de linguagem,
podemos associá-la imediatamente à linguagem empregada nos anúncios publicitários, que utiliza alguns
artifícios para conquistar novos consumidores. Observe:

Exemplo de função conativa

A maioria dos anúncios utilizam os verbos no imperativo, pois assim incitam o leitor ou interlocutor a adotar algum
tipo de comportamento, já que esse modo verbal expressa sempre uma ideia de ordem, aconselhamento ou pedido.
Outra característica importante é o uso da 2ª pessoa, ou seja, o anúncio está falando diretamente com você.

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