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São José
sobre todos os outros Santos
de Fr. Reg. Garrigou-Lagrange O.P.
(em “La Vie Spirituelle”, 1929, t. 19, pp. 662-683)
A doutrina pela qual S. José, depois de Maria, foi e ainda é mais unido a Nosso Senhor do que qualquer
outro santo está cada vez mais se tornando a doutrina comum da Igreja. Esta não teme proclamar o
humilde carpinteiro superior, em graças e beatitude, aos Patriarcas, a Mosés, o maior dos Profetas, a S.
João Batista, e também aos Apóstolos, a S. Pedro, a S. João, a S. Paulo, e, enfim, a fortiori, superior em
santidade aos maiores Mártires e aos máximos Doutores da Igreja.
Pretendemos lembrar, aqui, o princípio teológico sobre o qual se funda esta doutrina, cada vez mais
aceita desde há cinco séculos, acerca do primado de S. José sobre todos os outros santos.
Por este motivo, sobretudo a santa alma de Jesus recebeu, desde o primeiro instante de sua criação, a
plenitude absoluta da Graça, seja porque era tão intimamente unida ao Verbo de Deus, fonte de toda a
vida sobrenatural, seja porque tinha que nos comunicar esta vida divina com a luz do Evangelho e pelos
méritos infinitos do sacrifício da Cruz: “De sua plenitude nós todos recebemos (...). Deus ninguém
jamais O viu. O Seu Filho Unigênito, que está no seio do Pai, ele no-lo revelou” (João 1,16-18). Santo
Tomás de Aquino vê neste texto do Evangelho e em outros semelhantes não só a plenitude de graça,
mas a glória, ou seja, a visão beatífica de que gozava na Terra o Salvador, para nos conduzir, como
Mestre dos mestres, pelo caminho da salvação. “Cristo teve a plenitude da graça porque ele a teve em
sumo grau, segundo o modo mais perfeito em que se pode ter. E isso aparece em primeiro lugar
considerando a proximidade da alma de Cristo com
a causa da graça. De fato, foi dito que, quanto mais
uma coisa receptiva está próxima da causa
influente, mais abundantemente a recebe. E, por
isso, a alma de Cristo, a qual entre todas as
criaturas racionais é a que se une mais
conjuntamente a Deus, recebe a máxima influência
de Graça. Em segundo lugar, pela comparação com
o efeito. A alma de Cristo recebia, de fato, de tal
forma a graça que a comunicava, de certo modo,
dela para os outros. A graça lhe era conferida
enquanto princípio geral no gênero daqueles que
estavam destinados a tê-la. (...) O que é em potência
passa ao ato graças àquilo que é no ato. É
necessário, de fato, que uma coisa seja quente para
aquecer os outros. O homem, porém, é em potência,
em ordem à ciência dos beatos que consiste na
Por causa do mesmo princípio, Maria, enquanto digna Mãe de Deus, devia ser “cheia de graça” (Lc.
1,28), preservada do pecado original, associada a todos os sofrimentos e a todas as glórias de Jesus. Por
consequência de sua missão única como Mãe de Deus, devia aproximar-se do Verbo de Deus
encarnado mais intimamente que qualquer outro, nos dois grandes mistérios da Encarnação e da
Redenção. Mais próxima da fonte de toda a graça, devia receber, mais do que qualquer outra criatura,
graça sobre graça, mais do que todos os santos e todos os Anjos. “Quanto mais algo se aproxima de
seu princípio, em qualquer gênero, tanto mais participa do efeito daquele princípio (...). Cristo, porém,
é o princípio da Graça, com autoridade segundo sua divindade, mas instrumentalmente segundo sua
humanidade (...). A Beatíssima Virgem Maria foi muito próxima a Cristo segundo a sua humanidade,
porque ele recebeu dEla a sua natureza humana. Motivo pelo qual, muito mais que qualquer outro teve
que receber de Cristo a plenitude da graça (...). Não devemos duvidar que a Beata Virgem tenha
recebido em modo excelente o dom da sabedoria e a graça da virtude e também a da profecia (...),
segundo o que convinha a sua condição”[9].
Mas Nosso Senhor imediatamente acrescenta: “No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que
ele”. O Reino dos céus é a Igreja do céu e da terra; é o
Novo Testamento, mais perfeito, como estado
espiritual, do que o Velho, embora alguns justos do
Velho tenham sido mais santos do que muitos do
Novo. “Esta expressão, ‘No entanto, o menor no
Reino dos céus é maior do que ele’ — diz S. Tomás —
pode ser explicada de três maneiras. Em primeiro
lugar, se por Reino dos céus se entende o estado dos
beatos, quem é entre eles o menor é maior do
qualquer um que ainda é um peregrino nesta terra
(...). E isso, então, deve ser entendido como uma
superioridade em ato: em ato, de fato, é maior quem é
beato no céu. Diferentemente ocorre considerando a
superioridade em potência, como uma pequena grama
se diz maior em potência, conquanto uma outra seja,
no momento, maior em quantidade. Então, em
Retorno a Nazareth segundo lugar, podemos interpretar entendendo o
Reino dos céus pela Igreja
presente, e, nesse sentido,
não se diz 'menor' em
geral, mas em relação ao
tempo. Então, aquilo que é
menor é, na verdade,
maior. Ou se pode expor
em um outro modo, pelo
qual alguém pode ser dito
superior a outro: ou
quanto ao mérito, e assim
muitos Patriarcas são
superiores a alguns do
Novo Testamento, ou
comparando um estado a
outro: como os virgens são
melhores que os casados,
mas não que um virgem
seja mais santo que um Vida em Nazareth
casado”[13]. By Esteban Murillo
Independentemente do
mérito pessoal dos diferentes servos de Deus, o Novo Testamento, especialmente em sua realização
ultraterrena, é evidentemente um estado espiritual mais perfeito respeito ao Velho. S. João Batista se
encontra no limiar entre os dois[14].
E quem foi na Igreja o menor? Palavras misteriosas, que foram interpretadas de maneiras diferentes.
Elas remetem às outras palavras pronunciadas a seguir por Jesus: “Quem dentre vós é o menor, este é o
maior” (Lc. 9,48). O menor, ou seja, o mais humilde, o servo de todos: “Mas quem é o maior entre vós
seja como o menor, e quem governa seja como aquele que serve” (Lc. 22,26). É, portanto, segundo a
proporção e a conexão das virtudes, aquele que
possui a caridade mais alta: “Todas as virtudes
— ensina S. Tomás — de um só homem são iguais
por certa igualdade de proporção, enquanto
crescem no homem de modo igual. Assim, os
dedos de uma mão são desiguais em relação à
sua quantidade, mas são iguais segundo a
proporção, porque aumentam
proporcionalmente”[15]. E quem é na Igreja o mais
humilde? Aquele que não foi nem apóstolo, nem
evangelista, nem mártir — pelo menos
exteriormente –, nem bispo, nem padre, mas
que conheceu e amou Cristo Jesus certamente
não menos que os Apóstolos, os
evangelistas, os mártires, os bispos, os doutores: o
humilde artesão de Nazaré, o humilde S.
José.
S. Bernardino de Sena: “A regra geral de todas as graças que serão comunicadas a cada criatura
racional é a seguinte: que, quando a graça de Deus escolhe alguém para algum ofício singular, ou a
uma condição mais elevada, lhe dá todo carisma que àquela pessoa assim pré-escolhida e à sua tarefa
são necessárias e o adornam abundantemente. Isso se verificou sobretudo em S. José, Pai putativo de
Nosso Senhor Jesus Cristo, e verdadeiro esposo da Rainha do mundo e Senhora dos Anjos, que foi
escolhido desde a eternidade para ser o fiel nutrício e guardião de seus principais tesouros, ou seja seu
Filho e sua Esposa; ofício que realizou de modo fidelíssimo (...). Se o comparar a toda a Igreja de
Cristo, não é, porventura, este o homem especial e eleito, por quem e sob cuja autoridade Cristo foi
introduzido ao mundo em modo ordenado e honesto? Se, portanto, toda a santa Igreja é devedora da
Virgem Mãe, porque por meio dela foi feita digna de receber Cristo, assim, certamente, depois de
Maria, deve uma graça e uma reverência singular a este (...) [que] Nutriu, com cuidado e muita
solicitude, o Pão do Céu, que deu a todos os eleitos a vida celeste”[17].
É o que Bossuet exprime admiravelmente no primeiro panegírico sobre o grande Santo, quando no
terceiro ponto, diz: “De todas as vocações, enfatizo duas, que, nas Escrituras, parecem diretamente
opostas: a primeira, a dos Apóstolos, a segunda, a de S. José. Jesus é revelado aos Apóstolos para que
o anunciem em todo o mundo. Ele é revelado a José para calá-lo e escondê-lo. Os Apóstolos são luzes
para mostrar Jesus ao mundo. José é um véu para cobri-lo. Sob este véu misterioso está escondida a
virgindade de Maria e a grandeza do Salvador das almas (...). Quem glorifica os Apóstolos pela honra
da pregação, glorifica José pela humildade do silêncio”. A hora da manifestação do mistério do Natal,
de fato, ainda não chegara. Este momento deve ser preparado por trinta anos de vida encoberta.
A perfeição consiste em fazer a vontade de Deus,
cada um segundo sua vocação, mas a vocação
realmente extraordinária de S. José não supera, no
silêncio e na escuridão, a dos maiores Apóstolos,
não toca mais de perto o mistério da Encarnação
redentora? José, depois de Maria, esteve mais perto
do que qualquer outro ao próprio Autor da graça.
Ele, no silêncio de Belém, durante a permanência
no Egito e na pequena casa de Nazaré, recebeu
mais graças do que poderá jamais receber qualquer
outro santo.
Isso era demasiado conveniente para o próprio Nosso Senhor, para que não fosse considerado, antes de
manifestar o mistério do seu nascimento, como um filho ilegítimo, e porque devia ser protegido na sua
infância. Para a Virgem não era menos conveniente, para que não fosse considerada culpada de
adultério e, por isso, apedrejada pelos hebreus,
como observou S. Jerônimo, e para que ela
também fosse protegida no meio das
dificuldades e das perseguições que deveriam
iniciar com o nascimento do Salvador. Isso,
como acrescenta S. Tomás, foi também muito
conveniente para nós, porque, graças ao
testemunho insuspeito de S. José,
apreendemos a concepção virginal de Cristo.
Segundo a ordem dos assuntos humanos, o seu
testemunho admiravelmente confirma para nós
o de Nossa Senhora. Finalmente, era
soberanamente conveniente porque em Maria
encontramos, ao mesmo tempo, seja o perfeito
modelo dos Virgens, seja o das esposas e das
mães cristãs.
O culto devido a S. José não supera especificamente aquele de dulia dos outros santos, mas tudo leva a
crer que ele mereça[33] receber este culto de dulia mais do que todos os outros santos[34]. Por isso, a
Igreja, em suas orações, diz seu nome imediatamente após a Virgem e antes dos Apóstolos, como, por
exemplo, na oração A cunctis[35]. Se S. José não é nomeado no Cânon da Missa[36], tem, todavia um
Prefácio especial, e o mês de março lhe é consagrado.
A sua fé viva foi, em alguns dias, dolorosa por causa da escuridão na qual pressentia algo grande
demais para ele, especialmente quando ignorava ainda o segredo da concepção virginal, que a
humildade de Maria mantinha escondida: “José não quis repudiar Maria para desposar outra mulher
ou por alguma suspeita, mas porque temia, por reverência, de coabitar com tão grande santidade,
motivo pelo qual lhe foi dito: ‘Não tema’ (...)”[40]. As palavras de Deus transmitidas pelo Anjo lançam
luz e anunciam o nascimento milagroso do Salvador. José poderia ter hesitado em acreditar em algo tão
extraordinário, mas ele acreditou firmemente na
simplicidade do seu coração, e esta graça insigne, longe de
ensoberbecê-lo, o confirma para sempre na humildade. Por
que, se diz, logo a mim, José, ao invés de qualquer outro
homem, o Todo-Poderoso confiou esse infinito tesouro a
guardar? Ele vê claramente que não poderia merecer um
dom semelhante. Compreende toda a gratuidade da
predileção divina a seu respeito. É o beneplácito divino
soberanamente livre que tem em si mesmo a sua razão.
Esclarecem-se, ao mesmo tempo, as profecias, e a fé do
carpinteiro se engrandece em proporções prodigiosas.
Nesta vida oculta, bem no meio das provações, a noite escura da fé se ilumina à luz mais radiante e
sempre mais doce que emana da santa alma do Verbo Encarnado. De volta a Nazaré, durante os anos
em que a Sagrada Família permaneceu lá, o recolhimento e o silêncio reinaram na pequena casa do
carpinteiro, verdadeiro santuário, mais sagrado do que o Santo dos Santos do templo de Jerusalém. É
um silêncio cheio de doçura, a contemplação totalmente amante do mistério infinito de Deus que veio
no meio de nós, mas ainda ignorado por todos. Às vezes, algumas palavras lançam luz sobre o estado
profundo das almas. Mas, nesta atmosfera de inocência e de amor, as almas eram transparentes umas
para com as outras e se compreendiam com o olhar, sem precisar de palavras.
Após a contemplação da Beatíssima Virgem, não teríamos, talvez, aqui na terra, nada semelhante à
contemplação simples e amante do humilde carpinteiro, quando olhava para Jesus. Por graça, havia
recebido os sentimentos do mais devoto e delicado pai e protetor, e era amado por Jesus, menino e
adolescente, com uma ternura, uma gratidão e uma
intensidade que se poderia encontrar apenas no coração
de Deus. Um olhar de S. José sobre Jesus lembrava ao
humilde artesão o mistério de Belém, o exílio no Egito,
o grande mistério da salvação do mundo. A ação
incessante do Verbo Encarnado sobre José era a ação
criadora, que conserva a vida depois de tê-la dado: “o
amor de Deus, que infunde e conserva a bondade nas
coisas”, como diz S. Tomás[41], a ação sobrenatural,
fecunda de graças sempre novas. É impossível encontrar
maior magnitude em uma simplicidade tão perfeita.
Esta contemplação muito amorosa era muito doce para S. José, mas exigia dele também a maior
abnegação; abnegação que chegava até o mais doloroso sacrifício, quando lhe voltavam à mente as
palavras de S. Simeão: “Esse menino será um sinal de contradição”, e aquelas ditas a Maria, “e uma
espada vos traspassará a alma”. A aceitação do mistério da Redenção através do sofrimento parecia a
S. José como a consumação dolorosa do mistério da Encarnação, e exigia toda a generosidade do seu
amor para oferecer a Deus, em sacrifício supremo, o Menino Jesus e a Sua santa Mãe, que ele amava
incomparavelmente mais do que sua própria vida. Ele não ofereceu o Sacrifício eucarístico, mas muitas
vezes ofereceu o Menino Jesus ao Pai Eterno por nós. Como disse o Abade Sauvé: “Não vendo que a
vontade de Deus, S. José recebeu dela, com a mesma simplicidade, seja as alegrias mais profundas,
seja as provas mais cruéis”.
Podemos male mal imaginar os que foram na alma de S. José os progressos da fé, da contemplação e do
amor. Da mesma forma que o humilde carpinteiro viveu uma vida escondida na terra, assim ele foi
glorificado no Céu. Aquele a quem o Verbo de Deus obedeceu aqui na terra conserva no céu sobre o
Sagrado Coração de Jesus um incomparável poder de intercessão. Como velava sobre a casa de Nazaré,
vela hoje sobre os lares cristãos, sobre as comunidades religiosas, sobre as virgens consagradas a Deus;
é o seu guia, diz S. Teresa, nos caminhos da oração. É, portanto, como se diz na Ladainha, a
consolação dos míseros, a esperança dos doentes, o patrono dos moribundos, o terror dos demônios, o
Protetor da Santa Igreja, grande família de Nosso Senhor. Peçamos-lhe de nos fazer conhecer o valor
da vida oculta, o esplendor dos mistérios de Cristo e a infinita bondade de Deus, tal qual Ele a viu na
Encarnação Redentora.
A ideia de falar de S. José, de nos entretermos por alguns instantes com o grande Patrono da Igreja
Universal, em um momento dominado pela vida e pela glória incipiente da Ven. Vialar, essa ideia é
recomendada pela circunstancia de que própria a própria Venerável convidava, com um aceno muito
seguro e claro, a pensar, a celebrar as glórias e as grandezas de S. José, justamente pela via melhor, ou
seja, pela via mais alta e, em si mesma, facunda, da intrínseca, esplêndida e incomparável eloquência
das coisas. Notável é, sobretudo, o fato de que a Ven. Vialar,
em ordem a S. José, se encontrou — conscientemente ou não,
isso se ignora — com o primeiro e mais alto panegirista de S.
José. Diz-se tudo quando é mencionado: Jacques Benine
Bossuet[42], a águia de Meaux [França], que nunca foi tão
verdadeiramente águia como quando falou de S. José. E de
fato é sabido: ninguém nunca olhou para o incomparável Santo
em tão esplendida luz, e ninguém jamais o considerou através
de tão felizes pontos de vista.
Mas a S. José é confiada a custódia de Jesus com uma tarefa motivada na mente paterna: Ele é o lugar-
tenente do Pai Celeste. Para nós, os Anjos da guarda são os protetores especiais, e a eles devemos honra
e devoção, como diz a bela palavra de S. Bernardo: venerationem pro praesentia. Por Jesus, ao invés, e
por Maria são os anjos que têm respeito e veneração. Mas, por sua vez, Jesus e Maria obedecem e
obsequiam a José: são Eles a reverenciar aquilo que a mão de Deus havia nEle constituído: a autoridade
de Esposo, a autoridade de Pai. Portanto, grandíssima deve ser a confiança que nós deemos ter para
com o Santo que está em tão prolongadas, aliás, únicas relações com as próprias fontes da graça e da
vida, a Santíssima Trindade”[43].
NOTAS
[1] Sermo in nativitatem Virginis Mariae, IV Consideratio.
[2] Sermo I de S. Joseph, c. 3, Opera, Lyon, 1650, t. IV, p. 254.
[3] In Summam S. Thomae, III, q. 29, disp. 8, sect. 1.
[4] S. Alfonso Maria de Ligório, Settenario di meditazioni in onore di S. Giuseppe nei sette mercoledì
che precedono la sua festa, Nápoles, 1758. [Ler aqui. NdTª.]
[5] Cf. Isodoro Isolani, O.P., Summa de donis S. Joseph, nova ed. de P. Berthier, Roma, 1807. — Ch.
Sauvé, Saint Joseph intime, Paris, 1920. — Card. Lépicier, Tractatus de S. Joseph, Paris (s.d.) 1908. —
Artigo Saint Joseph de M.A. Michel, em Dictionnaire de Théologie Catholique. — Sobretudo, Mons.
Giacomo Sinibaldi, La Grandezza di San Giuseppe, Roma, 1937, p. 36 e ss.
[6] Leão XIII, Enc. Quamquam pluries de 15 de agosto 1899: “Certe matris Dei tam in excelso dignitas
est, ut nihil fieri majus queat. Sed tamen quia intercessit Josepho cum Virgine beatissima maritale
vinculum, ad illam praestantissimam dignitatem, qua naturis creatis omnibus longissime Deipara
antecellit, non est dubium quia accesserit ipse, ut nemo magis. Est enim conjugium societas
necessitudoque omnium maxima, quae natura sua adjunctam habet bonorum unius cum altero
communicationem. Quocirca si sponsum Virgini Deus Josephum dedit, dedit profecto non modo vitae
socium, virginitatis testem, tutorem honestatis, sed etiam excelsae dignitatis ejus ipso conjugali foedere
participem”. [Texto oficial em espanhol, no site do Vaticano. Não oficial, em português. NdTª.]
[7] Cf. S. Tomás de Aquino, Ia, q. 94, a. 3.
[8] Cf. S. Tomás de Aquino, IIIa, q. 7, a. 9: “Christus habuit gratiae plenitudinem… quia habuit eam in
summo, secundumn perfectissimum modum quo haberi potest. Et hoc quidem apparet primo ex
propinquitate animae Christi ad causam gratiae. Dictum est enim (a. 1) quod quanto aliquod
receptivum propinquius est causae influenti, tanto abundantius recipit. Et ideo Christi anima, quae
propinquius conjungitur Deo inter omnes creaturas rationales, maximam recipit influentiam gratiae
ejus. Secundo ex comparatione ejus ad effectum. Sic enim recipiebat anima Christi gratiam, ut ex ea
quodammodo transfunderetur in alios… Conferebatur ei gratia, tanquam cuidam universali principio in
genere habentium gratiam”.
— IIIa, q. 9, a. 2: “Illud quod est in potentia, reducitur in actum per id quod est in actu, oportet enim
esse calidum id per quod alia calefiunt. Homo autem est in potentia ad scientiam beatorum quae in Dei
visione consistit et ad eam ordinatur sicut ad finem… Ad hunc autem finem beatitudinis homines
reducuntur per Christi humanitatem… Et ideo oportuit quod cognitio beata, in Dei visione consistens,
excellentissime Christo homini conveniret: quia semper causam oportet esse potiorem causato”.
[9] Cf. S. Tomás de Aquino, IIIa, q. 27, a. 5: “Quanto aliquid magis appropinquat principio in quolibet
genere, tanto magis participat effectum illius principii… Christus autem est principium gratiae,
secundum divinitatem quidem auctoritative, secundum humanitatem vero instrumentaliter… Beata
autem Virgo Maria propinquissima fuit Christo secundum humanitatem, quia ex ea accepit humanam
naturam. Et ideo prae caeteris majorem debuit a Christo gratiae plenitudinem obtinere”. — Ibid., ad 3:
“non est dubitandum, quin B. Virgo acceperit excellenter donum sapientiae et gratiam virtutum et etiam
gratiam prophetiae… secundum quod conveniebat conditioni ipsius”.
[10] Cf. IIa IIae, q. 1, a. 7, ad 4: “Illi qui fuerunt propinquiores Christo, vel ante, sicut Joannes Baptista,
vel post, sicut Apostoli, plenius mysteria fidei cognoverunt”.
[11] Em Ep. ad Rom., VIII, 23, circa haec verba: “Nos ipsi primitias Spiritus habentes”: “Spiritum
Sanctum et tempore prius et caeteris abundantius Apostoli habuerunt”. Item in Ep. ad Ephes., IV, 11,
circa haec verba: “Et ipse dedit quosdam quidem apostolos, quosdam autem prophetas, alios vero
evangelistas, alios autem pastores et doctores”.
[12] S. Tomás, em Mattheum, XI, 11, escreve: “Si (Joannes Baptista) dicitur major omnibus patribus
veteris Testamenti, non est inconveniens. Ille enim major et excellentior est, qui ad maius officium est
assumptus: Abraham enim major est inter patres quoad probationem fidei: Moyses vero quoad officium
prophetiae, ut habetur in Deut., XXXIV, 10: ‘Non surrexit propheta ultra in Israel sicut Moyses’.
Omnes isti praecursores Domini fuerunt; nullus autem fuit in tanta excellentia et favore; ideo ad majus
officium est assumptus. Cf. Luc, I, 15: “Erit enim magnus coram Domino”. Ver a favor desta
interpretação do texto de S. Mateus XI,11: Lagrange, Évangile selon S. Matt., p. 222; Évan. selon S.
Luc, P. 221; Knabenbauer, Evangelium secundum Mattheum, t. 1, pp. 429-431.
[13] S. Tomás, em Mattheum, XI, 11, diz a respeito: “Potest haec locutio ‘qui autem minor est in
regno coelorum, major est illo’ exponi tripliciter. — Primo, ut per regnum coelorum ordo beatorum
intelligatur: et qui inter illos est minor, major est quolibet viatore… Et hoc verum est intelligendo de
majoritate actuali: actu enim major est qui comprehensor est. Secus de majoritate virtuali, sicut una
parva herba major dicitur virtute, licet alia major sit quantitale. — Aliter potest exponi, ita quod per
regnum coelorum praesens Ecclesia designetur: et hoc est, quod minor non dicitur universaliter, sed
minor tempore… Unde ille qui minor est, major est illo. — Vel aliter potest exponi, quod aliquis dicitur
rnajor dupliciter: vel quantum ad meritum, et sic multi Patriarchae sunt majores aliquibus novi
Testamenti…, aut comparando statum ad statum, sicut virgines meliores sunt conjugatis; non tamen
quaelibet virgo melior quolibet conjugale”.
[14] Cf. O artigo de M. A. Michel sobre S. José, no Dictionnaire de Théologie catholique, col. 1515,
onde são citados muitos autores a respeito, p.ex. Fillion, Évangile selon S. Matthieu, p. 222, e D. Busy,
Saint Jean Baptiste, Paris, 1922, part. 3, c. 3.
[15] Cf. S. Tomás de Aquino, Ia IIae, q. 66, a. 2: “Omnes virtutes unius hominis sunt aequales quadam
aequalitate proportionis, in quantum aequaliter crescunt in homine; sicut digiti manus sunt inaequales
secundum quantitatem, seul sunt aequales secundum proportionem, cum proportionaliter augeantur”.
[16] S. Bernardo, Homil. 2, super Missus est, prope finem: “Fidelis, inquam, servus et prudens, quem
constituit Dominus suae Matris solatium, suae carnis nutritium, solum denique in terris magni consilii
coadjutorem fidelissimum”.
[17] S. Bernardino di Sena, Serm. 1 de S. Joseph: “Omnium singularium gratiarum, alicui rationabili
creaturae communicatarum, generalis regula est: quod quandocumque divina gratia eligit aliquem ad
aliquam gratiam singularem, seu ad aliquem sublimiorem statum, omnia charismata donet, quae illi
personae sic electae et ejus officio necessariae sunt atque illam copiose decorant. Quod maxime
verificatum est in sancto Joseph, putativo Patre Domini nostri Jesu Christi, et vero Sponso Reginae
mundi et Dominae angelorum, qui ab aeterno electus et fidelis nutritius atque custos principalium
thesaurorum suorum scilicet Filii ejus et Sponsae suae: quod officium fidelissime prosecutus est… Si
compares eum ad totam Ecclesiam Christi, nonne iste est homo electus et specialis, per quem et sub
quo Christus est ordinater et honeste introductus in mundum ? Si ergo Virgini Matri tota Ecclesia
sancta debitrix est, quia per eam Christum suscipere digna facta est; sic profecto, post eam, huic debet
gratiam et reverentiam singularem… Omnibus electis Panem de coelo, qui coelestem vitam tribuit, cura
et multa solertia enutrivit”.
[18] Em 1522, Isidoro de Isolanis, O.P., na obra muito elogiada por Bento XIV: Summa de donis
sancti Joseph, escreveu, Pars IIIa, cap. XVIII “Sunt quatuor proprietates apostolicae dignitatis:
annunciatio (Matthaei ultimo: Euntes praedicate Evangelium omni creaturae), illuminatio (Matthaei, 5:
Vos estis lux mundi), reconciliatio (Quorum remiseritis peccata, remittuntur eis. Marci, ultimo), et per
Spiritum Sanctum locutio (Jean., 15: Non vos estis qui loquimini, sed Spiritus Patris mei qui loquitur in
vobis). Hae autem proprietates dignissimae sunt, quia sunt immediate a et sub et propter Christum. -
Proprietates vero sancti Joseph fuere desponsatio Reginae coelorum, nominatio patris Regis
angelorum, defensio Messiae promissi in Lege Judoeorum, educatio Salvatoris omnium. Et hae
proprietates sunt immediate super, ad et propter Christum. Quisquis ergo ingenio pollens, rerum
divinarum praemissa veritate discurre, argue, conclude ab apostolicae comparatione majestatis ad
coelestem Joseph dignitatem, quanta sit illius praestantia, dignitas, sanctitudo, ac virtutum inexplicabilis
perfectio. Accede ad cor altum et non deprimetur aut humilior erit apud te majestas apostolici culminis;
sed exaltabitur Deus in latentibus donis patris sui putativi Joseph”. — Cf. ibid., cap. XVII: De dono
plenitudinis gratiae (in S. Joseph), et Ia Pars, cap. IV: De donis admirabilium virtutum cognitarum in
sancto Joseph propter conjugium beatissimae Virginis; — cap. V: De dono praestantissimae justitiae;
— cap. IX: De dono privilegii amoris quo Joseph dilectus fuit a beata Virgine super caeteros mortales.
[19] SUAREZ, em Summam Theologicam, III, q. 29, disp. VIII, sect. 1.
[20] Mons. Sinibaldi, op. cit., p.36 sq.
[21] Cf. S. Tomás de Aquino, IIIa, q. 29, a. 2.
[22] Cf. S. Tomás de Aquino, in IV Sent., dist. 30, q. 2, a. 2, ad 4: “Proles non dicitur bonum
matrimonii, solum in quantum per matrimonium generatur, sed in quantum in matrimonio suscipitur et
educatur, et sic bonum illius matrimonii fuit proles illa, et non primo modo. Nec tamen de adulterio
natus, nec filius adoptivus qui in matrimonio educatur, est bonum matrirnonii, quia matrimonium non
ordinatur ad educationem illorum, sicut hoc matrinionium (Mariae et Joseph) fuit ad hoc ordinatum
specialiter quod proles illa susciperetur in eo et educaretur”.
[23] Cf. S. Tomás de Aquino, IIIa, q. 2, a. 11, ad 3: “Beata Virgo… meruit ex gratia sibi data illum
puritatis et sanctitatis gradum ut congrue posset esse mater Dei”. — Ibid: “Ex congruo meruerunt
sancti Patres (Veteris Test.) incarnationem, desiderando et petendo”.
[24] Primo penerigico di San Giuseppe, p. 1.
[25] Cf. IV Sent., loc. cit.
[26] Podemos afirmar que José foi confirmado na graça desde o momento do seu matrimônio com a
Santíssima Virgem. Cf. Dictionnaire de Théologie catholique, artigo citado, c. 1518.
[27] Cf. La Grandezza di San Giuseppe, por Mons. G. Sinibaldi, Bispo titular de Tiberíades, Secretário
da S. Congregação dos Seminários e das Universidades, Roma, 1927, p. 36 ss: “Il ministero di San
Giuseppe e l’ordine della Unione ipostatica… Per ministero… si deve intendere un officio, una
funzione, che impone e produce una serie di atti diretti a raggiungere une scopo determinato… Maria è
nata per essere la Madre di Dio… Ma lo sposalizio verginale di Maria dipende da Giuseppe… Laonde
il ministero di Giuseppe ha une stretto rapporte con la costituzione dell’ordine della Unione ipostatica…
Celebrando il sue connubio verginale con Maria, Giuseppe prepara la Madre di Dio, come Dio la vuole
; e in ciò consiste la sua cooperazione nell’attuazione del grande mistero. - Da ciò appare che la
cooperazione di Giuseppe non uguaglia quella di Maria. Mentre la cooperazione di Maria è intrinseca,
fisica, immediata, quella di Giuseppe è estrinseca, morale, mediata (per Maria) ; ma è vera
cooperazione”.
[28] Cf. S. Tomás de Aquino, C. Gentes, l. IV, c. 45: “Toute coopération physique, même
instrumentale, est exclue du côté de Joseph ; les paroles du Credo : ‘conceptus est de Spiritu Sancto’,
ont toujours été entendues de solo Spiritu Sancto”.
[29] Refere-se ao censo. Texto italiano: “ma con quello di José fu censito”. NdTª.
[30] S. Efrem da Síria, citado por P. J.-M. Bover, S. J., em Ephemerides lheologicae Lovanienses, abril
1928: “Filius David, Joseph, davidicam sibi desponsavit filiam, ex qua prolem sine semine habuit…
Turpe profecto erat Christum ex viri semine procreari, nec honestum, ut idem ex femina titra conjugium
nasceretur. Edidit Maria infantem, qui non sub ipsius, sed sub Josephi nomine scriptus est, licet ex hujus
semine non derivatus. Ortus est sine Josepho Josephi filius, qui Davidis filius simul et parens exstitit”.
(édit. de Rome, 1732-1746, syr.-lat. III, 601). “Evangelium illam (Mariam) matrem appellat et non
nutricem. Sed et Joseplium quoque patrem vocat, cura nullarn in ea generatione partem haberet…
Non appellatio naturam tribuit; nam et nos crebro patres nuncupamus, non quidem genitores, verum
senio conspicuos. Porro ipsi Joseph natura appellationem indidit…: quoniam Virginis et Joseph
sponsorum arrhabones, ut hoc nomine vocaretur, effecerunt; patrem autem, qui non genuerit”. Ibid.,
grec.-lat. II, 276-277.
[31] S. Agostinho: “Non ergo de semine Joseph Dominus, quamvis hoc putaretur: et tamen pietati et
caritati Joseph natus est de Maria virgine filius”. (M. L., 38, 351). – La vraie pensée de l’Église est
admirablement exprimée par saint François de Sales, sous un symbole qui se trouve déjà chez saint
Ephrem (lot. cit., gr.-lat. II, 277) : ‘Saint Joseph donc fut comme un palmier, lequel ne portant point de
fruit, n’est pas toutefois infructueux…, non que saint Joseph eût contribué aucune chose pour ceste
sainte et glorieuse production, sinon la seule ombre du mariage, qui empêchait Nostre Dame et
glorieuse Maîtresse de toutes sortes de calomnies…’. Em Œuvres de saint François de Sales, t. VI,
Annecy, 1895, p. 354 ss.
[32] Œuvres de saint François de Sales, t. VI, Annecy, 1895, p. 354 ss.
[33] [Por causa disso, foi cunhado o termo protodulia para o culto devido a S. José. NDT original].
[34] Mons. G. Sinibaldi, op. cit., p. 242; Card. Lépicier, op. cit., p. 287.
[35] Na oração “A cunctis” – “A cunctis nos quæsumus Dómine mentis et córporis defénde perículis: et
intercedénte beáta et gloriósa semper Vírgine Dei Genitrice María, cum beáto Joseph, beátis Apóstolis
tuis Petro et Paulo, et ómnibus Sanctis, salútem nobis tríbue benígnus et pacem; ut destrúctis
adversitátibus et erróribus univérsis, Ecclésia tua secúra tibi sérviat libertáte. Per Dóminum nostrum
Jesum Christum Fílium tuum, qui tecum vivit et regnat in unitáte Spíritus Sancti, Deus, Per omnia
saecula saeculorum. R. Amen” –, Pio VII havia especificado que, quando fosse o caso, S. José deveria
seguir os Anjos e S. João Batista, como foi o caso na Ladainha dos Santos. Em Inclytum Patriarcham,
Pius IX repetiu isto, como também o fez S. Pio X, em 1911, estabelecendo a ordem de precedência a
ser seguida na celebração das festas litúrgicas, e como ainda ocorre na ordem dos Prefácios do Missal
Romano atual (Pio V). Em todos os casos acima, São José precede os apóstolos, mártires e todos os
outros santos; ocorrem algumas exceções, quando a ele foi dada precedência sobre João Batista ou o
arcanjo Miguel. Em 1922, a fórmula Marista de votos foi aprovada, colocando São José depois de
Maria e antes do Arcanjo Miguel e outros anjos e santos. Nesse mesmo ano e novamente em 1925 e
1926, quando Pio XI celebrava solenes missas pontificais na Basílica de São Pedro, as invocações
colocavam S. José depois de Maria e antes de São Miguel e todos os outros. Vide. NdTª.
– E também na oração “Deus, refugium nostrum et virtus” – “Deus, refugium nostrum et virtus,
populum ad te clamantem propitius respice; et intercedente gloriosa, et immaculata Virgine Dei
Genitrice Maria, cum beato Joseph, ejus Sponso, ac beatis Apostolis tuis Petro et Paulo, et omnibus
Sanctis, quas pro conversione peccatorum, pro libertate et exaltatione sanctae Matris Ecclesiae, preces
effundimus, misericors et benignus exaudi. Per eundum Christum Dominum nostrum. Amen” –, de
Leão XIII, que se recita depois do Salve Regina, na Missa Tridentina. NdTª.].
[36] Isso ocorre apenas na Missa Nova, e consta do Missal posterior a 1962. NdTª.
[37] Discorsi di Pio XI - Bertetto, SEI, vol. I, 780. Decreto da heroicidade das virtudes da Beata Jeanne-
Elisabeth Bichier des Ages.
[38] Discorsi di Pio XI, Bertetto, SEI, vol. I, 574.
[39] Cf. S. Tomás de Aquino, Ia IIae, q. 66, a. 2.
[40] Cf. S. Tomás de Aquino, IV Sent., dist. 30, q. 2, a. 2, ad 5: “Joseph noluit Mariam dimittere quasi
aliam ducturus vel propter aliquam suspicionem, sed quia timebat tantae sanctitati cohabitare propter
reverentiam, unde dictum est ei: Noli timere, Matth., I, 20”.
[41] S. Tomás de Aquino, Ia q. 20, a. 2.
[42] Biografia.
[43] Publicado em “L’Osservatore Romano”, 20-21 março de 1935.