Constituição Federal – Art. 5, LXIX: conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
Previsão legal: Lei 12.016/09
Requisitos Art. 1º, LMS: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger (I) direito líquido e certo, (II) não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, (III) ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica (IV) sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. (I) Direito líquido e certo Prova pré-constituída Direito comprovado no momento da impetração Sem necessidade de dilação probatória
Não confundir com controvérsia ou
complexidade jurídica Súmula 625, STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança Possibilidade de propositura de ação ordinária: art. 19, LMS “Importante lembrar a correção feita pela doutrina em relação à terminologia empregada pela Constituição, na medida em que todo direito, se existente, já é líquido e certo. Os fatos é que deverão ser líquidos e certos para o cabimento do writ.” (Lenza, 2015) (II) não amparado por habeas corpus ou habeas data (Art. 5º, LXVIII e LXXII, CF) Direito não relativo: - À liberdade de locomoção - Ao acesso ou retificação de informações pessoais constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público Campo de atuação residual Verificar o cabimento do habeas corpus e habeas data antes da impetração do mandado de segurança (III) Ilegalidade ou abuso de poder
Competência vinculada: ilegalidade
Competência discricionária: abuso de
poder “Quanto a esses dois requisitos pondera Michel Temer, com precisão: "O mandado de segurança é conferido aos indivíduos para que eles se defendam de atos ilegais ou praticados com abuso de poder... ... Portanto, tanto os atos vinculados quanto os atos discricionários são atacáveis por mandado de segurança, porque a Constituição Federal e a lei ordinária, ao aludirem a ilegalidade, estão se referindo ao ato vinculado, e ao se referirem a abuso de poder estão se reportando ao ato discricionário". (Lenza, 2015) (IV) Ação ou omissão atual ou iminente, de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício das atribuições do Poder Público Natureza
Repressiva: ato impugnado já foi
concretizado Preventiva: ato impugnado está em vias de ser praticado Restrição ao cabimento do Mandado de Segurança Além do não cumprimento dos requisitos anteriores, não se concederá mandado de segurança nos casos previstos no art. 5º, Lei 12.016/09 Art. 5º, I, LMS: quando se tratar de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução Súmula 429, STF A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão de autoridade (grifamos) Não há a obrigatoriedade de que sejam exauridas as possibilidades administrativas Poderá o interessado renunciar ao direito de recorrer ou deixar que o prazo para recurso tramite in albis Art. 5o, II, LMS: quando se tratar de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo Art. 1.012, CPC: duplo efeito da apelação Súmula 267, STF: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição Cont. Art. 5o, III, LMS: quando se tratar de decisão judicial transitada em julgado Súmula 268, STF: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado Súmula 266 – STF Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.
Elementos dotados de generalidade e abstração.
Sua simples entrada em vigor não caracteriza ato de autoridade que justifique o MS É preciso que a lei esteja em vigor e gere efeitos concretos Legitimidade Ativa Pessoas físicas (brasileiras ou não, residentes ou não no Brasil, domiciliadas ou não no Brasil) Pessoas jurídicas (nacionais ou estrangeiras) Órgãos públicos despersonalizados, porém com capacidade processual (Chefias do Poder Executivo, Mesas do Congresso, Senado, Câmara, Assembleias) ... Universalidades de bens e direitos (espólio, massa falida, condomínio) Agentes políticos (governadores, parlamentares) Ministério Público, ... Legitimação extraordinária art. 1o, § 3°, LMS: direito próprio e comum a várias pessoas – Litisconsórcio facultativo. Ex: Aprovado em concurso preterido por pessoas em classificação pior. art. 3o, LMS: direito próprio que deriva do direito de terceiro (necessidade de notificação judicial). Ex: locatário com relação a lançamento de IPTU. Art. 201, IX, ECA: Compete ao Ministério Público: IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente; Legitimidade Passiva Agente – Autoridade Coatora – Duas correntes: I. Agente público que se omite ou pratica ato ilegal II. Pessoa jurídica de direito público a que pertence o agente Teoria da encampação Teoria criada pela jurisprudência (STJ) para julgar o mérito em situações nas quais o impetrante indica erroneamente a autoridade coatora Em razão das estruturas dos órgãos públicos, pode ser muito difícil para o impetrante identificar claramente quem é a autoridade coatora correta – Essa teoria privilegia a celeridade e a economia processuais Teoria da encampação Requisitos I. Vínculo hierárquico entre a Autoridade Coatora que prestou informações e aquela que deveria ter figurado no polo passivo da ação II. Defesa de mérito por parte da Autoridade Coatora apontada no MS III. Inexistência de modificação de competência, quando ocorrer a indicação de autoridade diversa IV. Dúvida razoável quanto à legitimidade passiva (poucos doutrinadores apontam essa 4ª exigência) “De acordo com o art. 6º, § 3º, da Lei n. 12.016/2009, considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática... ... Equiparam-se às autoridades os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições (art. 1º, § 1º,) ... ... A lei deixa claro que não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público (art. 1º, § 2º).” (Lenza, 2015) Prazo para impetração
Art. 23, LMS: 120 dias contados da ciência,
pelo interessado, do ato impugnado Constitucionalidade do prazo, considerando que a CF não fixa lapso temporal Súmula 632, STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança. Prazo decadencial: não se suspende, nem se interrompe desde que iniciado Inexiste prazo para ajuizamento de mandado de segurança preventivo, pois ainda não houve violação concreta do direito Competência Baseada em: categoria da autoridade coatora localização de sua sede funcional “O Supremo Tribunal Federal carece de competência constitucional originária para processar e julgar mandado de segurança impetrado contra qualquer ato ou omissão de Tribunal Judiciário, tendo sido o art. 21, VI, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) inteiramente recepcionado... ... Por essa razão, a jurisprudência do Supremo é pacífica em reafirmar a competência dos próprios Tribunais para processarem e julgarem os mandados de segurança impetrados contra seus atos e omissões." (Moraes, 2015) Súmula 624, STF Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais. Regras de competência
Competência originária do STF: art.
102, I, “d”, CF
Competência originária do STJ: Art.
105, I, “b”, CF Justiça Especializada (Trabalho, eleitoral) Justiça Federal: União ou entidade por ela controlada Justiça Estadual: competência residual Foro competente: sede funcional da autoridade coatora - Varas comuns ou especializadas Procedimento arts. 6o e 7o, LMS Art. 10, LMS: indeferimento da petição inicial art. 7o, III, LMS: concessão de liminar art. 7o, § 2°, LMS: inadmissibilidade de liminar Sentença e Coisa Julgada procedência ou improcedência com resolução do mérito: faz coisa julgada material extinção sem resolução: permite nova impetração de MS (dentro do prazo decadencial) ou de outras modalidades de ação com a mesma finalidade Reexame necessário art. 14, § 1°, LMS – obrigatoriedade do duplo grau de jurisdição Execução Execução de sentença concessiva de segurança é imediata, sob pena de caracterizar-se como desobediência Execução Provisória: art. 14, § 3°, LMS Recursos
Art. 14, LMS: apelação
art. 14, § 3°, LMS: apelação apenas no efeito devolutivo – regra geral art. 14, § 3°, parte final, LMS: apelação recebida com ambos os efeitos – nos casos em que não se admite liminar Art. 25. LMS: inadmissibilidade de Embargos Infringentes e honorários advocatícios / Possibilidade de reconhecimento de litigância de má-fé Art. 18, LMS: competência originária dos Tribunais Súmula 294, STF: São inadmissíveis embargos infringentes contra decisão do Supremo Tribunal Federal em mandado de segurança. Súmula 512, STF: Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança. Súmula 597, STF: Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado de segurança decidiu, por maioria de votos, a apelação. Mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX, CF)
“A grande diferença entre o mandado de
segurança individual e o coletivo (este criado pela CF/88) reside em seu objeto e na legitimação ativa.” (Lenza, 2015) Objeto Busca a preservação (preventivo) ou reparação (repressivo) de interesses transindividuais, sejam os individuais homogêneos, sejam coletivos Art. 21, Parágrafo Único, LMS Legitimação Ativa Partido político com representação no Congresso Nacional Organização sindical, entidade de classe ou associação, desde que estejam legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos 1 ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.