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23/04/2020

FMU - FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS


RELAÇÕES INTERNACIONAIS: DIREITO INTERNACIONAL

Professor: Carlos Eduardo De Castro e Silva Carreira


3º Semestre - Matutino
Atividade 1
Agatha Souza RA:3376191
Amanda Alvarenga RA:1093917
Carolina Adma RA:3368637
Luisa Guimarães RA:3405199

Reflexão dos debates do século XXI acerca da decolonialidade

A decolonialidade é uma corrente de pensamento que busca descontruir a


colonização eurocêntrica, um modo de imposição da Europa sobre o mundo na época
das grandes navegações. Essa imposição teve como princípio estabelecer um modo
fixo de cultura, religião, economia e política baseado nas concepções do velho mundo,
e resultou em um processo de poder que dividiu os países em “civilizados” e “não-
civilizados”. Nessa mesma concepção, Boaventura de Souza Santos criou a “Linha
abissal”, a qual possui dois lados: o primeiro diz respeito ao conhecimento científico,
o qual é caracterizado como emancipado, racional e progressista, com complementos
como a ciência, a filosofia e a teologia; já o outro fala sobre o conhecimento popular/
leigo, que é tido como subdesenvolvido, primitivo e selvagem, não sendo real e
composto apenas por crenças, opiniões e intuições.

A partir desse raciocínio, surge no Direito Internacional a ideia de vantagens


exclusivamente voltadas para aqueles considerados desenvolvidos. Nesse sentido,
os princípios jurídicos foram adaptados para dar uma noção de suposta inclusão dos
países marginalizados (os selvagens), enquanto, na verdade, só criavam brechas
para que os países centralizados pudessem exercer mais poder sobre aqueles.
Casella, reflete isso no seguinte trecho:

"É de lamentar que do Estatuto da CIJ não se tenha expurgado a referência aos
princípios “reconhecidos pelas nações civilizadas”, por se tratar de anacronismo,
“politicamente incorreto”, que lembra o período anterior à primeira guerra mundial,
quando o direito internacional, de inspiração eurocêntrica, ainda padecia da pretensão
da projeção civilizadora, em relação ao resto do mundo.". (CASELLA, 2012 p. 176).

Nele o autor ressalta a importância da CIJ (Corte Internacional de Justiça) para a


humanidade, já que aquela fala sobre os Princípios Gerais do Direito, e estes são os
responsáveis pela formação e comando de outras normas secundárias.

Em 1945, após a criação da ONU e dos movimentos de descolonização, como a


independência do Haiti, por exemplo, é possível observar uma emergência do
chamado “terceiro mundo”. Logo, os países marginalizados passaram a buscar seu
espaço na política internacional através da igualdade entre os povos e da
autodeterminação destes, buscando a decolonialidade.

Baseado nesses conceitos e na ideia de “giro descolonial” de Mignolo (2006, p.16)


- o qual afirma que se faz necessário uma mudança de pensamento acerca dos
princípios impostos à sociedade - uma possível alternativa para a implantação de
mudanças políticas na ordem internacional de forma pacífica, seria o diálogo entre os
atores do sistema mundial. Além disso, a abertura às propostas de teorias críticas
impulsiona essa transformação de convicções.

Sendo assim, podemos constatar que o debate do século XXI sobre a


deconoliadade é mais do que importante, uma vez que deriva de um processo
histórico conturbado e que carece de mudanças significativas no ordenamento jurídico
internacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACCIOLY, Hildebrando Pompeo Pinto; SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e;


CASELLA, Paulo Borba; ACCIOLY, Hildebrando. Manual de direito internacional
público (p. 173-178) - 20. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

BRAGATO, Fernanda Frizzo. Para além do discurso eurocêntrico dos direitos


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https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/5548/2954. Acesso em: 22
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DAL RI JÚNIOR, Arno; BIAZI, Chiara Antonia Sofia Mafrica; ZIMMERMANN, Taciano
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Curitiba, PR, Brasil, v. 62, n. 1, jan./abr. 2017, p. 61 – 66. ISSN 2236-7284. Disponível
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002007000300004.
Acesso em: 23 abr. 2020

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do Pensamento Abissal: Das linhas


globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, 78, Outubro
2007. SARTRE, Jean-Paul. Prefácio. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002007000300004
Acesso em: 23 abr. 2020

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