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Indicadores de

Qualidade do Solo
A qualidade do solo é a capacidade do mesmo em exercer determinadas
funções em ecossistemas naturais ou manejados pelo homem. Desta forma,
fica claro que o solo exerce determinadas funções e, quando essas são
comprometidas afeta a qualidade do solo.

São funções do solo:


a) sustentar a atividade biológica, diversidade e produtividade
b) regular o fluxo de água e solutos
c) filtrar e tamponar, degradando, imobilizando e detoxificando resíduos
d) armazenar e ciclar nutrientes e outros elementos dentro da biosfera terrestre
e) prover o suporte de estruturas socioeconômicas e proteção para tesouros
arqueológicos associados com habitações humanas

A qualidade do solo vai variar de acordo com a capacidade do solo em


exercer suas funções.
A avaliação da qualidade dos solos é feita através de indicadores que podem ser
características (ou atributos) físicas, químicas e biológicas e processos que ocorrem
no solo como associações simbióticas, tais como micorrizas (ocorre na maioria das
plantas cultivadas) e associações entre rizóbios e leguminosas. Também podem ser
características morfológicas e visuais de plantas. Os indicadores são mensurados
para monitorar sistemas de manejo que induzem modificações no solo.

Rizóbios: são bactérias do solo


que possuem habilidade para
induzir a formação de nódulos
nas raízes e, em alguns casos
no caule, de plantas
leguminosas, onde convertem o
nitrogênio atmosférico em formas
utilizáveis pela planta
hospedeira.

Micorrizas: são associações mutualistas que acontecem entre fungos e as raízes da maioria das
plantas vasculares, que são aquelas que possuem vasos condutores de seivas. Os fungos aumentam a
capacidade de absorção de nutrientes das plantas ao mesmo tempo que elas oferecem açúcares e
aminoácidos imprescindíveis para a existência dos fungos.
Os indicadores são ferramentas utilizadas para aquisição deinformações
importantes sobre uma realidade ou estado emrespostas às atividade
decorrentes a ação humana.

A avaliação das características, físicas, químicas e biológicaspermitem o


monitoramento da qualidade e do estado do solo amédio e longo prazo.

Os indicadores da qualidade dos solos possuem determinadas


características que possibilitam a sua utilização tais como:

a) Fáceis de mensurar

b) Capazes de medir modificações nas funções básicas do solo

c) Sensíveis às variações de manejo

d) Podem ser aplicáveis às condições de campo

e) Representativos dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo

f) Podem ser avaliados por métodos qualitativos e quantitativos


O critério para escolha dos indicadores da qualidade dos solos é a sua
relação com características específicas do solo.
Os indicadores podem ser medidos por métodos qualitativos e
quantitativos.

Tipos de
Indicadores:

Físicos Químicos Biológicos


Atributos químicos do solo

Matéria orgânica do solo (húmus):


A matéria orgânica (MO) do solo pode ser avaliada pelo teor de carbono
orgânico total, sendo considerada como um indicador chave da qualidade do
solo. Isso decorre do fato de que seu teor é muito sensível em relação às práticas
de manejo, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, onde, nos
primeiros anos de cultivo, mais de 50% da matéria orgânica previamente
acumulada é perdida por diversos processos, entre esses a decomposição
microbiana e a erosão. Segundo: a maioria dos atributos do solo relacionados
às suas funções básicas têm estreita relação com a MO tais como: estabilidade
dos agregados, estrutura, infiltração e retenção de água, resistência à erosão,
atividade biológica, capacidade de troca de cátions (CTC), disponibilidade de
nutrientes para as plantas, lixiviação de nutrientes, liberação de CO2 e outros
gases para a atmosfera.
Capacidade de troca de cátions (CTC):

Considerando-se que uma das funções básicas do solo é fornecer nutrientes às


plantas, um atributo químico de grande importância também é a CTC.

Um solo com alta CTC apresenta maior capacidade de reter íons como cálcio,
magnésio, amônio etc (nutrientes das plantas). As perdas por lixiviação desses
cátions são menores. Outro aspecto importante da CTC dos solos é que:
• As cargas negativas atraem íons H+, funcionando desta forma como
reservatório desses íons que estão em equilíbrio com o H+ da solução
do solo. Desta forma, aumentam o poder tampão do solo,
influenciando na menor variação do pH deste solo.
• Apresenta maior capacidade de retenção de água. Em solos tropicais e
subtropicais a CTC da matéria orgânica pode representar um grande
percentual da CTC total do solo. Nesses solos, a manutenção ou o
aumento dos teores de matéria orgânica é fundamental na retenção de
nutrientes e na diminuição de sua lixiviação.
pH:
Por definição, pH significa potencial hidrogeniônico, e é o logaritmo do inverso da
concentração de hidrogênio = 1/ log [H+] ou – Log [H+]. O pH do solo afeta:

a) Disponibilidade de nutrientes e, consequentemente, a nutrição da planta.


b) O pH afeta a população microbiana. Os microrganismos do solo são muito sensíveis às
variações de pH. Geralmente as bactérias e actinomicetos preferem pH de neutro à
alcalino e os fungos pH ácido. Neste último caso há diminuição da competição com as
bactérias. Os efeitos do pH sobre os microrganismos podem ser diretos pela ação do íon
H+ na permeabilidade das membranas por exemplo.
c) O pH afeta a decomposição da matéria orgânica e, consequentemente a velocidade do
processo.

Considerando que esta decomposição ocorre pela ação de microrganismos na sua


maioria heterotróficos (utilizam como fonte de C e energia substâncias orgânicas
complexas), se esta população é afetada pelo pH, compromete o processo. Este
processo é feito por uma vasta quantidade de microrganismos que produzem enzimas
extracelulares específicas, que degradam determinado substrato. Por exemplo, o
complexo ligninase degrada a lignina; as proteases as proteínas.
Atributos físicos do solo
à Estrutura:

A estrutura é o principal atributo físico do solo afetado pela presença do húmus (MO
decomposta equilibrada). A partir do seu efeito sobre a agregação do solo, indiretamente
são afetadas as demais características físicas do solo como: densidade aparente,
porosidade, aeração, retenção e infiltração (transporte) de água e nutrientes que são
fundamentais na capacidade produtiva do solo.

Estrutura é o arranjo das partículas primárias do solo (areia, silte e argila) definindo-se
uma geometria de poros. A estrutura pode ser modificada pelo sistema de manejo. A
estrutura granular é a mais desejável, pois neste aspecto existe uma melhor distribuição
entre macro e microporos.

Matéria orgânica particulada: quanto menores forem a partículas, melhor será sua
absorção pelas plantas. Por isso, mede-se também como a matéria orgânica está disposta
no solo.

O húmus tem um profundo efeito na estrutura do solo. A deterioração da estrutura que


acompanha um manejo intensivo do solo é usualmente menos severa em solos
adequadamente suprido com húmus. Quando o húmus é perdido o solo tende à tornar-se
compacto.
àAeração, taxa de infiltração e capacidade de retenção de
água:

Esses atributos físicos são indiretamente governados pela estrutura


do solo.

Um solo bem estruturado (estrutura granular) apresenta uma melhor


distribuição entre macro e microporos, refletindo-se numa boa
aeração e taxa de infiltração.

Não há problemas de escorrimento superficial (runoff) e acúmulo de


água no perfil.

As substâncias húmicas aumentam a capacidade de retenção de água


pela presença principalmente dos grupos carboxílicos e fenólicos que
geram cargas positivas e negativas (aumentam a CTC do solo) e
nestes locais existe a atração das moléculas de água, diminuindo,
nestas condições a percolação da água, aumentando o
armazenamento de água no perfil do solo.
Atributos biológicos do solo

Biomassa microbiana (C e N):


A biomassa microbiana é definida como a parte viva da matéria orgânica do
solo, incluindo bactérias, fungos, actinomicetos, protozoários, algas e
microfauna. Excluindo-se raízes de plantas e animais do solo maiores do que
5x10-3 μm, a biomassa microbiana contém em média, de 2 a 5% do C orgânico
do solo.

Considerando-se que a ciclagem de nutrientes é governada pela atuação


dos organismos do solo e em maior proporção os microrganismos, a
quantificação da biomassa microbiana (massa de matéria viva dos
microorganismos do solo) é um excelente indicador da qualidade dos solos.

Estimativas da biomassa microbiana têm sido usadas em estudos do fluxo


de C e N, ciclagem de nutrientes e produtividade das plantas em diferentes
ecossistemas terrestres. Estas medidas permitem quantificação da biomassa
microbiana viva, presente no solo em um determinado tempo.
Respiração do solo (reflete a atividade microbiana):
Quanto à fonte de carbono e energia, os microrganismos do solo podem ser classificados em:

a) Autotróficos – fotoautotróficos e quimioautotróficos


b) Heterotróficos – saprofíticos e parasíticos

Os autotróficos utilizam o carbono proveniente do CO2. Os fotoautotróficos obtém carbono


do CO2 e energia da luz (ex; algas verde-azuladas – cianobactérias que fazem fotossíntese). Os
quimioautotróficos obtém carbono do CO2 e energia da oxidação de substâncias inorgânicas
simples. Exemplos clássicos são as bactérias que fazem nitrificação – nitrosomonas e nitrobacter
(NH4 ---> NO2 ----> NO3) e das bactérias oxidantes do enxofre – Thiobacillus thiooxidans (SO + ½
O2+ H2O ------> H2SO4).
Os heterotróficos obtêm carbono e energia da oxidação de substâncias orgânicas complexas.
A maioria dos microrganismos do solo são heterotróficos, como por exemplo, microrganismos que
fazem amonificação (Pseudomonas, Bacillus mycoides etc.) Os heterotróficos saprofíticos se
alimentam da matéria orgânica morta – os amonificadores por exemplo. Os parasíticos se
alimentam de matéria orgânica viva. Ex. Fungo Fusarium graminearum causador da giberela do
trigo.
Considerando-se a natureza fortemente heterotrófica da população microbiana do solo, o
substrato orgânico geralmente torna-se fator estressante, que limita a atividade microbiana. Na
maioria dos solos ocorre uma explosão populacional em resposta à adição de carbono orgânico.
O manejo adequado dos restos culturais constitui-se um fator crítico para o equilíbrio da
população, atividade microbiológica e produtividade dos solos. Assim, o homem pode alterar a
química do solo e, consequentemente, a quantidade e qualidade dos microrganismos presentes
naquele sistema de produção.
Quantidade de minhocas e Quantidade de
enzimas no solo

As minhocas são fundamentais para a aeração do


solo, a ingestão de resíduos das plantas e a
decomposição de dejetos. A sua quantidade está
diretamente ligada a qualidade do solo.

Quantidade de enzimas no solo: as enzimas


aumentam a velocidade em que os resíduos das plantas
são decompostos e velocidade de liberação de
nutrientes pelas plantas.
Atualmente o grande desafio da ciência do solo é
demonstrar a relação entre os níveis de atividade biológica do
solo e o funcionamento sustentável do ecossistema. Nesse
sentido, uma maioria de pesquisadores considera que a
medida mais prática do “status biológico” do solo seja a da
biomassa microbiana. Assim a biomassa e atividade
microbiana devem fazer parte dos estudos de ciclagem de
nutrientes, tendo como enfoque a sua contribuição na
decomposição e mineralização da matéria orgânica e,
conseqüentemente, na fertilidade do solo, por meio da
ciclagem microbiana, que torna os nutrientes disponíveis para
as plantas. Além disso, esses dados quando associados aos
valores de pH, teores de C orgânico, N total, umidade e argila
do solo permitem uma avaliação sistêmica do manejo adotado
e a obtenção de índices de aferição da sustentabilidade.
Importância dos
indicadores na
conservação do
solo
Manejo do solo

Propósitos do manejo do solo sobre suas características físicas

1- Fornecimento de ambiente favorável a cultura

“Solo produtivo é aquele que além de ser fértil, oferece às plantas condições
para seu desenvolvimento”

2- Conservação do solo - Uso de práticas para evitar a erosão e seus efeitos


3 - Conservação da água:

✓Via práticas de manejo que diminua a perda


água;
✓Maior retenção de água no solo;
✓Possibilitem um máximo de água disponível
para as plantas e microrganismos.
ATRIBUTOS FÍSICOS X PRODUTIVIDADE

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