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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Projecto SSR, Genero e HIV/SIDA


Rua Marquês Soveral 960 - C.P. 821 - BEIRA - MOÇAMBIQUE
Tel. 23.31.28.35 – fax 23.31.15.20 e-m: reitoria@ucm.ac.mz

Modulo Básico
Habilidades de Vida, Saúde Sexual e
Reproductiva, Género e HIV

Manual do Estudante
Beira, Janeiro de 2012
Ìndice

Lista de Exercicios....................................................................................................................3

Introdução…………………………………………………………………………………………………………………………...4

Objectivo do Modulo basico……...............................................................................................5

Estrutura do Manual...............................................................................................................6

Exercicio Motivador………………………………………………………………………………………..……………………7

Capítulo 1. Personalidade.......................................................................................................9

Capítulo 2. Saúde Sexual e Reproductiva...............................................................................29

Capítulo 3. Informação Básica Sobre o HIV/SIDA...................................................................59

Capítulo 4. Vícios e Dependências.........................................................................................98

Capítulo 5. Habilidades da vida...........................................................................................116

Bibliografia.........................................................................................................................129

Abreviaturas…………………………………………………………………………………………………………..………..130

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Lista de Exercicios
Exercício 1.1: Auto reflexão
Exercício 1.2: O meu temperamento
Exercício 1.3: Teste o seu Espírito positivo
Exercício 1.4: Auto- estima e Autoconfiança
Exercício 1.5: Estudo de caso sobre a tribo Aymara e os povos em Moçambique
Exercício 1.6: Papéis de género
Exercício 2.1: Conheces a diferença entre sexo e género?
Exercício 2.2: Reflecte sobre as seguintes perguntas
Exercício 2.3:Igualdade de género na vida sexual e reproductiva
Exercício 2.4: Mudanças físicas e psicológicas
Exercício 2.5: Identidades sexuais – LGTBI
Exercício 2.6: Descrição do processo da reprodução humana
Exercício 2.7: Estudo de caso Ivandro
Exercício 2.8: Influência da cultura e dos valores sócio-culturais a saúde sexual e reproductiva
Exercício 2.9: Teste o teu conhecimento
Exercício 2.10: Violência sexual
Exercício 2.11: Relação saudável entre os parceiros
Exercício 2.12: Estudo de Caso Volvetia
Exercício 3. 1. Mitos e preconceitos sobre o HIV
Exercício 3.2: Sexo Seguro
Exercício 3.3: História de Vida – Yolanda
Exercício 3.4: Atitudes e medos de fazer o teste de HIV
Exercício 3.5: Identifica pelo menos 5 métodos de prevenção.
Exercício 3.6: Discute – Um casal discordante
Exercício 3.7: Visitar Grupo de PVHS
Exercício 3.8: O que as Pessoas dizem….
Exercício 4.1. Identifique vícios e dependência, suas causas, e efeitos.
Exercício 4.2: Olhe para as imagens de MC Roger, Lizha James, Mingas e Aly Faqui
Exercício 4.3: Estudo de caso: Marcolino
Exercício 4.4: Olhe para estes cartazes. Consequências de pornografia e internet.
Exercício 4.5.1: Auto-analise – Consumo de álcool
Exercício 4.5.2: Avaliação do risco individual para a dependência do álcool.
Exercício 4.5.3: Temos muitos problemas sociais em Moçambique.
Exercício 4.5.4: Conte a historia deste cartaz
Exercício 4.6: Porque os protagonistas destes casos consumem álcool e drogas?
Exercício 5.1. O caso do Luís
Exercicio 5.2. Agora vamos olhar para si próprio.
Exercício 5.3. Exercício prático. Elaboração de um plano de vida.
Exercício 5.4. Exercício prático. Plano de semana.
Exercício 5.5. O caso da Cláudia
Exercício 5.6. Agora vamos olhar para si próprio.
Exercício 5.7. Exercício Prático. Faça aqui o seu plano de despesas do mês:
Exercício 5.8: Caso da Mónica
Exercício 5.9: Agora vamos olhar para si próprio.
Exercício 5.10. Exercício prático.
Exercício 5.11: O Caso de Pedro e Joana. Conflito de trabalho grupo
Exercício 5.12: Agora vamos olhar para sim mesmo.
Exercício 5.13: Descreve um exemplo de cada um dos tipos de conflicto

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Introdução

A Universidade Católica é uma instituição do ensino Superior que tem como objectivo a
formação humana, isso é, a identidade própria, portadora de uma visão cristã do mundo e do
homem. A qualidade de ensino é centrada no aluno e visa assegurar-lhe uma formação de
nível universitário, não apenas de nível superior ou politécnico, procurando que adquira não
só uma competência científica e disciplinar a este nível, mas também, na formação humana.

A formação humana implica a noção de que o homem seja capaz de tornar-se íntimo de si, de
sua corporeidade, de seu comportamento, impulsos, emoções, sentimentos e do seu
pensamento, compreendendo a estrutura, dinâmica e interdependência de tais aspectos,
tanto na forma particularíssima quanto nas variadas formas de expressão nos outros seres
humanos. Todos os aspectos das necessidades das pessoas, psicológico, físico e social, mental
devem ser tidos em conta e visto como um todo baseando-se na visão holística que aborda o
cuidado da pessoa inteira - corpo, mente e espírito.

Tal compreensão é alargada pelo surgimento de um modo próprio de viver que se constitui
pelo reconhecimento dignificante expresso em relação aos outros seres humanos e à natureza
envolvente, de modo a se concretizar em atitudes de compromisso, respeito e cuidado nos
âmbitos pessoais, interpessoais, comunitários, sociais, naturais e ambientais.

Como surge o Módulo Basico sobre HIV & SIDA e Saude Sexual Reproductiva? A política da
UCM sobre HIV & SIDA tem como um dos objectivos a integração do HIV no currículo e
perspectiva a introdução de um Modulo Basico sobre esta matéria. Durante os últimos anos
viu-se que o trabalho de sensibilização sobre HIV&SIDA deve ser mais abrangente e deve olhar
para o HIV&SIDA e Saude duma maneira holística. Por isso o módulo básico inclui a saúde
sexual reproductiva e as relaçoes de género e as habilidades de vida em geral como parte
integrante da formação humana.

O presente manual foi concebido pelos Pontos Focais de HIV&SIDA, pelo Capelao da UCM e
por representantes estudantis dos Nucleos de HIV/SIDA. Não é um simples manual de estudo,
mas promove a auto-reflexão e o uso de métodos participativos.

Agradecemos a todos pelo seu valioso contributo para a elaboração do manual,


particularmente aos Oficiais do Programa SSR, Genero e HIV&SIDA, Sonia Banguira e Leovigildo
Pechem.

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Objectivo do Modulo Básico:

Objectivo geral:

Promover a capacidade de fazer escolhas conscientes e responsáveis para uma vida saudável

Objectivos específicos:

- Conhecer a si próprio e sua personalidade, energias


- Promover auto-estima
- Saber como gerir conflitos
- Ser capaz de diferenciar entre a sexualidade, sexo e gênero
- Identificar os papeis de gênero na siociedade e desigualidade de gênero
- Compreender o que significa ser homem e ser mulher
- Reconhecer os direitos e responsabilidades sexuais como uma parte dos direitos e da
dignidade humana.
- Compreender os conceitos de saúde sexual e reproductiva
- Identificar características de relações saudáveis
- Conhecer métodos de planeamento familiar
- Fazer escolhas conscientes e responsáveis que garantem a saúde sexual reproductiva para
indivíduos e seus parceiros
- Conhecer as ITS, sua prevenção e tratamento
- Adquiri conheciemtnos básicos sobre HIV/SIDA, estágios clínicos, a transmissão de HIV, a
prevenção e tratamento.
- Relacionar a epidemia do HIV/SIDA com aspectos sociais, culturais, relações de gênero e
econômicas.
- Reconhecer a importância de conhecer o seu estado serológico
- Conhecer o conceito de ABCD ( Abster-se de, ser fiel a, e evitar perigos 0
- Identificar as escolhas e estratégias de ultrapassar vícios e dependências
- Conhecer métodos de gestão de tempo e dinheiro

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Estrutura do Manual

O Manual é composto por 5 capítulos:

 Capítulo 1: Personalidade

 Capítulo 2: Saúde Sexual e Reproductiva

 Capítulo 3: Informação Básica sobre HIV/SIDA

 Capitulo 4: Vícios e Dependências

 Capítulo 5: Habilidades da Vida

Cada capítulo começa com uma introdução, seguida pelos objectivos do capítulo.

Depois segue uma combinação de textos e exercícios de reflexão, questionários, estudos de


caso e testes de conhecimentos. Os textos informativos são marcados com o símbolo

Cada capítulo termina com um breve resumo chamado mensagens chave.

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Exercício Motivador para o Módulo básico

Crie 4 a 5 grupos de estudantes e instrua-os escolherem as publicidades abaixo sobre


HIV e analisar o conteúdo, escolher a melhor e a pior, justificar porquê escolheram
estas.
Se o tempo permite, cada grupo deve desenvolver uma mensagem boa acerca duma
vida feliz e saudável.
Peça aos estudantes partilharem a mensagem que produziram.

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Capítulo 1. Personalidade

Introdução

Neste primeiro aapítulo faremos uma reflexão sobre a personalidade, o que é ser pessoa,
baseando-se no ambiente pelo qual esta exposta. Debruçaremos diferentes fases em a pessoa
pode se encontra na sociedade e nas normas pelas quais são criadas para um indivíduo seja
considerado culturalmente aceite no meio em que vive. Abordaremos também alguns
conceitos para melhor compreendermos a personalidade. E para melhor buscar ou fazer
compreender esta informar alguns exercícios de reflexão são trazidos com vista a transmitir
conhecimento e melhorar o auto estima de cada pessoa que for abordado com a presente
informação sobre a personalidade.

Objectivos do Capítulo

Espera-se que no fim deste Capítulo você será capaz de:

Conhecer a si próprio e a sua personalidade


Providenciar informações com vista aumentar a auto estima

1.1 Quem sou eu? A minha Personalidade

Exercício 1.1: Auto reflexão

Responde as seguintes perguntas:


a) O que gosto de mim?
b) O que fiz bem na semana passada?
c) Que parte do meu corpo gosto mais?
d) Que comportamento gostaria de mudar e como fazer?
e) O que aumenta a minha auto confiança?
f) O que diminui a minha auto confiança?
g) Como reage perante uma crítica?

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Personalidade

É aquilo que queremos parecer aos outros. A personalidade é influenciada por factores físicos,
psicológicos, psíquicos e morais. Eles se interligam e dependendo como o individuo se ajusta
no ambiente em que a pessoa vai se fazendo ao longo do tempo da vida.

Desenvolvimento da Personalidade

A personalidade desenvolve-se ao longo da vida. Não nascemos com ela. O processo de


amadurecer pode ser dividida em três etapas:

* 1ª Fase: 0 a 14 anos - Etapa do EU – é caracterizada pela necessidade de receber, sendo


necessária uma correcta vivência da autoridade, limites, orientação e coisas semelhantes.

* 2ª Fase: 15 a 40 anos - Etapa do NÓS - ocorre aqui uma demanda de compartilhar, até atingir
NÓS.

* 3ª Fase: 40 a 70 anos - Etapa do DAR - ocorre aqui a demanda por dar, até atingir a
consumação da identidade.

Conclusão:

Basicamente a personalidade é o que nos distingue de uma outra pessoa. É influenciada em


ambos de herança biológica e de factores ambientais.

1.2 Temperamento

Na essência, temperamento é um estilo pessoal inerente, uma predisposição que forma a base
de todas as nossas inclinações naturais: o que pensamos e sentimos, desejamos ou
necessitamos, o que falamos e o que fazemos.

Tipos de temperamento: Existem quatro tipos de temperamento:

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A. Sanguíneo: Características do temperamento Sanguíneo

Aquele que possui o temperamento sanguíneo como dominante, é uma pessoa marcante e
que não passa desapercebida. Seu espírito é jovial, apaixonado, alegre e sociável.

 É ágil e rápido, tem muita vitalidade, sempre animado, gosta do contacto com a
natureza, tem amigos em todas as partes. Seu ritmo é rápido, entusiasta, os
movimentos são amplos, dinâmicos e expansivos.
 É um actor nato, exuberante, tem um espírito positivo, prático, é alegre.
 É apreciado pelo seu carácter optimista e caloroso. Sempre demonstra amabilidade,
mesmo quando não sente nada, podendo até cometer pequenas mentiras,
aumentando ou diminuindo as situações, para aparecer ou conseguir o que deseja.

B. Colérico: Características do temperamento Colérico: Aquele que possui este


temperamento dominante é:

 É quente, rápido, pratico;


 A pessoa tem muita forca de vontade e é auto-suficiente e muito independente;
 Tende a ser determinado e opiniões fortes, tanto por si e para outros e tende a tentar
impô-las;

C. Fleumático: Características do temperamento Fleumático: Aquele que possui este


temperamento dominante:
 É uma pessoa calma, tranquila, e raramente fica zangado;
 As pessoas desse temperamento são bem equilibradas;
 O fleumático e frio e é preciso na tomada de decisão;
 Ele prefere viver numa vida feliz, sem perturbações;
 Pode se dizer que é o melhor temperamento
D. Melancólico: Características do temperamento Melancólico: Aquele que possui este
temperamento dominante tem o nível de sensibilidade muito alto;

 O Melancólico e o mais rico e o mais complexo de todos os temperamentos;


 Ele geralmente faz com que, a pessoa seja, dedicada, talentosa e perfeccionistas;
 É de natureza muito sensível, emocional, e é propenso a depressão;
 É aquele que mais recebe apreciação das artes;
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 É propenso a introspecção.

Conclusão:

O temperamento é um aspecto inato e é constituído por impulsos naturais (o ser agressivo ou


não, o ser irrequieto o não, etc.).O indivíduo nasce com determinado temperamento, mas os
factores ambientais podem modificá-lo até certo ponto: a educação pode manter domínio e
controle sobre o temperamento; a alimentação; as doenças; o clima; os acontecimentos e
outros factores causam algumas transformações nos traços temperamentais.

A vida ensina o homem a controlar ou a estimular seu temperamento. Isto é importante,


porque significa conhecendo-se bem, podemos dominar os aspectos negativos e estimular e
desenvolver os aspectos positivos.

Exercício 1.2: O meu temperamento

a) Baseando-se nos seguintes tipos de temperamento, onde você se enquadra?

b) Porque você se coloca neste quadrante, dando um exemplo concreto da sua vida.

Sanguíneo Colérico

Fleumático Melancólica

c) Quais os aspectos do seu temperamento acha deve controlar, quais deve desenvolver?

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Exercício 1.3: Teste o seu Espírito positivo

Quer descobrir se é positivo? Responda as 15 perguntas o mais directamente possível.


Não pense. Seja espontâneo!

1. Tem tendência a achar as pessoas que encontra pela primeira vez simpáticas?
A Sim
B Não
C Depende

2. Quando pensa no futuro, tem tendência a imaginar que a sua situação vai melhorar?
A. Não
B Sim
C Se calhar

3. Quando às vezes as coisas da vida não correm como quer e acha que tem de mudar,
reage arranjando rapidamente uma solução à situação?
A Sim
B Não
C Depende

4. Se vê que um estranho/a está a olhar para si, que ele vos fixa, conclui que ele ou ela o
acha bonito?
A Se calhar
B Certamente não
C Sem dúvida

5. Pára muitas vezes para admirar as coisas belas que estão a sua volta?
A Sim, muitas vezes
B Não tenho tempo
C Raramente
6. Se alguém considera que você diz ou fez alguma coisa mal, ou errada, sabe fazer a
diferença entre a critica construtiva e comentários desagradáveis?
A Com certeza
B Faz-me sempre pena
C É difícil, mais consigo as vezes
7. Felicita o seu companheiro/a mais vezes que o/a critica ?
A Sim, felicito-o/a muitas vezes
B Não, nunca penso nisso
C Acontece, mais é raro

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8. Pensa que a raça humana vai sobreviver ao século 22?
A Sem dúvida
B Certamente não
C Se calhar

9. Tem uma reacção de surpresa se um amigo não lhe liga mais?


A Em geral, não se pode contar com os amigos
B As vezes
C Com certeza

10. Considera-se uma pessoa feliz?


A Sim, a maior parte das vezes
B Não
C Conforme o que acontece

11. Se for autuado por excesso de velocidade, e está convencido que conduzia nas
normas que são permitidas, vai discutir com o polícia, ou mesmo provar o seu ponto de
vista?
A Com certeza
B Não vale a pena discutir
C Conforme

12. Acontece-lhe contar graças de si mesmo ?

A Sim, muitas vezes


B Muito raramente
C Nunca

13. Pensa que o seu estado de espírito tem um efeito sobre o seu estado de saúde?
A Sim
B Um pouco
C Não tem nada a ver

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14. Se fizer uma lista das 10 pessoas que gosta mais, você vai estar nessa lista?

A Sem dúvida
B Certamente não
C Se calhar

15. Quando pensa no seu passado, e examina os últimos meses, tem tendência a pensar
em primeiro nos sucessos ou nos fracassos?

A Penso primeiro nos meus sucessos


B Um pouco dos dois
C Penso primeiro nos meus fracassos

Quais as perguntas respondeste com A, quais com B, quais com C?


Vamos analisar os resultados: Compare as suas repostas com as listas a seguir.
Se respondeu a grande maioria das perguntas com A, por exemplo:
1A, 2B, 3A, 4C 5A, 6A, 7A, 8A, 9C, 10A, 11A, 12A, 13A, 14A, 15A:
Excelente! Os seus pensamentos são positivos. Parabéns e continue.

Se respondeu as respostas da seguinte maneira:


1A, 2C, 3A, 4A, 5A, 6C, 7A, 8C, 9C, 10C, 11B, 12A, 13B, 14A, 15A
Está num bom caminho. Os aspectos positivos e negativos estão ao mesmo nível; Tem lugar
para fazer progressos. Desenvolvido os seus pensamentos positivos, aumentará o bem estar e
sucesso em todas as áreas da sua vida.

Se respondeu as respostas da seguinte maneira:


1B, 2A, 3B, 4B,5B,6B,7B,8B, 9A, 10B,11B,12C,13C,14B,15C ou
1B, 2C, 3B, 4A, 5B, 6C, 7B, 8C, 9A, 10C, 11B, 12C, 13B, 14B, 15B.
Tem muitas vezes o moral em baixo. As pessoas que estão a sua volta têm tendência a fazer-
vos comentários negativos. Tem problemas a ver o seu futuro como um sucesso. Reage
enquanto ainda é tempo, leia livros sobre este assunto, escolha melhor os seus amigos.

Se respondeu as respostas da seguinte maneira:


1C, 2C, 3C, 4C, 5C, 6C, 7C, 8C, 9B, 10C, 11C, 12B, 13B, 14C, 15B
Por enquanto, a vida é difícil para si. Tem tendência a ver a garrafa meia vazia, em vez da ver a
metade cheia. Era bom que tivesse contactos com pessoas positivas e que lesse livros de
desenvolvimento pessoal.

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1.3. As principais Capacidades humanas por Desenvolver

a) Domínio sobre a afectividade

 Permite aproveitar a riqueza da afectividade sem se estar submisso a ela.


 Actua orientado por propósitos bem pensados, claros e assumidos conscientemente:
não hesita em pedir ajuda e orientação, mas, ao mesmo tempo, determina-se de
maneira autónoma.
 Persevera durante muito tempo, enquanto for necessária a acção para atingir a
finalidade proposta.
 Supera sua afectividade espontânea; supera repugnâncias e atracções; sabe analisar os
fatos e as pessoas de maneira mais profunda; nos conflitos com as outras pessoas,
sabe aguentar e superar situações.
 Hierarquiza valores, colocando em primeiro lugar aqueles que o projectam para fora
de si em direcção ao "outro" e, em último lugar, aqueles que se referem directamente
a ele próprio.

b) Prevalência do amor

Amor que se dá aos outros, num processo dinâmico e habitual de integração interpessoal.

Existem diversas etapas na vida do ser humano que lhe vão preparando para atingir a
possibilidade de viver o amor maduro. Todas deverão ser vividas em plenitude. Para chegar ao
amor maduro e enriquecedor, devemos percorrer um longo caminho:

O caminho do amor:

 Infância: amor receptivo


 Adolescência: treino para o amor
 Juventude: experiência do amor
 Idade adulta: maturidade, a vida do amor

c) Capacidade de auto reflexão, auto-análise e autocrítica

È o dinamismo de aperfeiçoamento e crescimento pessoal.

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 A finalidade da crítica é a análise atenta e objectiva, do modo de agir das pessoas e do
acontecer na sociedade. Isto supõe um processo de identificação de causas, de
avaliação de situações e comportamentos e da procura de novas soluções: tudo se
dirige à formulação de uma verdade.
 O primeiro sinal, início do processo de amadurecimento pessoal, é o começo do autor
reflexão, da auto análise e da autocrítica. Esta atitude é gerada pela consciência de
nossa possibilidade de errar e da sincera aceitação da crítica que os outros fazem de
nós. Porém, para que a crítica seja objectiva e construtiva, deverá respeitar duas
condições imprescindíveis:
o Reconhecimento sincero dos aspectos positivos da pessoa ou do facto em
avaliação. Sempre existem aspectos positivos. Não descobri-los é sinal de
imaturidade.
o Não julgar as intenções (evitando o mecanismo de projecção das próprias).

Podemos afirmar que a característica de uma crítica ou autocrítica madura é o dinamismo e o


entusiasmo para melhorar e crescer: o optimismo construtivo e criador. Assim, tal tipo de
crítica é sempre um estímulo para as pessoas maduras.

Se fico "ferido" quando me criticam, certamente será:


 ou porque psicologicamente não sou maduro;
 ou porque a crítica não foi objectiva e construtiva.

Isso sempre acontece quando interpretamos as intenções dos outros ou os outros interpretam
as nossas.

d) Sentido de responsabilidade

O "sentido de responsabilidade" é fruto da vivência. Trata-se de um processo gradual e


progressivo de educação auto consciente. Consequentemente, o adulto responsável:
 É eficaz no seu agir, consegue normalmente alcançar as finalidades;
 É rápido, evitando a moleza e a acomodação;
 É constante, perseverante, não desanima ante os obstáculos previstos ou imprevistos;

 Responsabiliza-se também pelos que vão colaborar com ele na tarefa decidida.

O homem que foge das responsabilidades, que não se arrisca conscientemente quando
preciso, que não assume, não se compromete, tem traços de maturidade de uma criança.
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Para que uma causa seja considerada legítima, seus objectivos deverão:

 Estar fundamentados na verdade;


 O fruto da acção deverá ser um bem para as outras pessoas ou para a sociedade;
 A acção, mesmo produzindo um bem, não poderá prejudicar ninguém. Exemplo: eu
não poderia crescer, subir profissionalmente, pisando ou destruindo o outro.

e) Capacidade de Adaptação

O adulto maduro tem a capacidade de adaptar-se, criticamente, às diversas circunstâncias da


vida. A adaptação da pessoa madura e psicologicamente adulta constitui-se num hábito
espontâneo de flexibilidade e sensibilização, em face às exigências e expectativas das pessoas
e situações as quais convive.

 A adaptação prévia e fundamental é a aceitação cordial e funcional da própria


realidade individual. Não podemos adaptar-nos ao meio ambiente sem aprender a
conviver, consciente e serenamente com nós mesmos.
 Uma adaptação madura e adulta exigirá saber administrar os conflitos, e não apenas
evitá-los ou eliminá-los.
 Para amadurecer é preciso focalizar o triunfo. Se me sinto frustrado quando não sou
louvado ou elogiado, estou caindo no infantilismo, porque não confio em mi. Se não
sei elogiar, somente criticar, estou mostrando imaturidade (inveja, ciúme...).
 Sempre existe no homem a possibilidade de mudar e crescer.

Conclusão:

A maturidade humana, enfim, é: conquista pessoal favorecida pelo próprio esforço, pelo
ambiente, pela educação e pelos dinamismo da acção da Graça de Deus em nosso ser. Pode se
realizar aos poucos num caminho evolutivo que chega a unidade e a harmonia do ser. Santo
Agostinho define com muita sabedoria e simplicidade o caminho do crescimento humano:
"Orar como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse de nós.”

Exercício 1.4. Auto- estima e Autoconfiança

Na sua opinião quais dos seguintes aspectos podem aumentar ou diminuir o Auto-estima .

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Na coluna de Opção escreva apenas as letras: A (Aumenta Auto Estima) ou B (Dimunui Auto
Estima).

Nº Variáveis Opção

1 Críticas e autocríticas

2 Muitas vezes culpar-se

3 Fazer todo dia algo que o deixe feliz. Pode ser coisas simples como dançar,
ler, descansar, ouvir música, caminhar

4 Rejeição

5 Carência

6 Frustração

7 Tratar-se com amor e carinho

8 Inveja

9 Manter-se em forma física (gostar da imagem refletida no espelho)

10 Insegurança

11 Medo

12 Identificar as qualidades e não só os defeitos

13 Raiva

14 Perdas e dependência (financeira e emocional)

15 Autoconhecimento

16 Timidez

17 Humilhação

18 Aprender com a experiência passada

19 Sentir vergonha

20 Ouvir a intuição (o que aumenta a autoconfiança)


20
21 Manter diálogo interno

22 Acreditar que merece ser amado(a) e é especial

23 Sentir-se abandonado

Analise os seus resultados: Você tem muita auto estima ou baixa auto estima?

1.4. Auto-estima

Em psicologia, auto estima inclui a avaliação subjectiva que uma pessoa faz de si mesma como
sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (Sedikides & Gregg, 2003).

O auto estima envolve tantas crenças autossignificantes (por exemplo, "Eu sou
competente/incompetente", "Eu sou benquisto/malquisto") e emoções autossignificantes
associadas (por exemplo, triunfo/desespero, orgulho/vergonha).

Também encontra expressão no comportamento (por exemplo, assertividade/temeridade,


confiança/cautela).

Psicoterapia para baixa auto estima

F. Potreck-Rose e G. Jacob (2006) propõem uma abordagem psicoterapeuta para baixa auto
estima baseada no que elas chamam de "os quatro pilares da auto estima":

1. Auto aceitação: uma postura positiva com relação a si mesmo como pessoa. Inclui
elementos como estar satisfeito e de acordo consigo mesmo, respeito a si próprio, ser "um
consigo mesmo" e se sentir em casa no próprio corpo;

2. Autoconfiança: uma postura positiva com relação às próprias capacidades e desempenho.


Inclui as convicções de saber e conseguir fazer alguma coisa, de fazê-lo bem, de conseguir
alcançar alguma coisa, de suportar as dificuldades e de poder prescindir de algo;

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3. Competência social: é a experiência de ser capaz de fazer contactos. Inclui saber lidar com
outras pessoas, sentir-se capaz de lidar com situações difíceis, ter reacções flexíveis, conseguir
sentir a ressonância social dos próprios actos, saber regular a distância-proximidade com
outras pessoas;

4. Rede social: estar ligado em uma rede de relacionamentos positivos. Inclui uma relação
satisfatória com o parceiro e com a família, ter amigos, poder contar com eles e estar à
disposição deles, ser importante para outras pessoas.

Conclusão

A auto estima, como parte valorativa do conhecimento de si mesmo, ou seja, o juízo que eu
faço sobre mim mesmo, pode ser concebida como a atitude de uma pessoa sobre si mesma e
assim também uma característica da personalidade, se bem que menos estável do que a auto
imagem por ser sensível a variações do humor. A auto estima é uma característica situação-
específica, ou seja, ela varia de acordo com a situação: eu posso estar satisfeito comigo mesmo
quando estou na universidade, mas insatisfeito quando estou na quadra de campeonato.

Resultados da auto-estima elevada:

Sentimentos de ansiedade e insegurança diminuem


Harmonia entre o que sente e o que diz

Necessidade de aprovação diminui

Maior flexibilidade aos fatos

Autoconfiança elevada

Amor-próprio aumenta

Satisfação pessoal

Mais à vontade em oferecer e receber elogios, expressões de afecto.

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1.5 A Cultura e a Personalidade
Exercício 1.5: Estudo de caso sobre a tribo Aymara – Comparação com os povos de
Moçambique
Aymara. Os aimarás são nativos americanos que vivem nas montanhas andinas do Peru e
Bolívia. A maioria deles subsistem no pastoreio e agricultura, complementada com trabalho
salarial.
As suas crianças nascem em casa com a ajuda de uma mulher, mãe, marido ou cunhadas. No
momento da entrega ou parto irmãs da mãe e cunhadas também podem estar presentes.
Crianças Aymaras são amamentadas durante cerca de dois anos. Por volta desta idade, os
adultos iniciar a alimentação-los com a dieta do leite, batata, etc. O desmame ocorre de
repente, se a mãe fica grávida novamente.
As questoes higienicas e formação modéstia começam nesta idade e é aplicada estritamente
pelo tempo que eles são cerca de quatro anos de idade. É dada especial atenção às crianças
para evitar que elas morram de doenças transmissíveis.
O seu nome é batizado na fé católica. Então, ele passa por um corte de cabelo cerimônia, seus
nomes são baseados em calendário da Igreja Católica. As crianças deverão ser calmas,
educadas, controladas, humildes e trabalhador, e os pais deveriam ser amorosos, protetores e
útil para ensinar os filhos a trabalhar.
Aos seis anos de idade, as crianças também cuidam de seus irmãos e irmãs, ajuda nos
trabalhos agrícolas, cozinheiro, ou carregar água e lenha junto com seus irmãos mais velhos e
os pais a manterem a sua empresa, como supostamente sentem medo de ficar sozinha todo o
dia.
Isso não significa que adultos não valorizam seus filhos e sua educação. Mas o
adultos Aymara são normalmente muito ansiosos, com medo e são pessoas infelizes. Eles
também são descritos como briguentos, cruéis, maliciosos, desconfiados, violentos, etc, São
submissos, assim como prática em lidar com os outros.

1 Quais são valores culturais que caracterizam as Aymaras?


2 Quais as características temperamentais que definem a personalidade dos adultos
Aymaras?
3 Identifique semelhanças e diferenças culturais entre a tribo onde você faz parte e a tribo
Aymara?
4 Quais os factores que influenciam essa personalidade nos dois casos?
5 Fale da influença dos ritos de iniciação na sua personalidade.

23
O Conceito de Cultura

Apesar de muitas definições, existe um consenso que cultura refere-se àquela parte do
ambiente produzida pelos homens e por eles aprendida e utilizada no processo contínuo de
adaptação e transformação da sociedade e dos indivíduos. Segundo Taylor (1874), cultura é o
conjunto de conhecimentos, crenças, artes, normas e costumes e muitos outros hábitos e
capacidades adquiridos pelos homens em suas relações como membros da sociedade.

Diferentemente do entendimento de cultura pelo senso comum como erudição ou etiqueta, a


cultura apresenta uma série de paradoxos:
A cultura, embora universal na experiência dos homens, se apresenta em suas
manifestações regionais com características únicas, portanto distintas.
A cultura é estável mas também dinâmica, apresentando mudanças contínuas.
A cultura configura e determina o curso de nossas vidas, sem necessariamente reflectir
nosso pensamento consciente.

Factores culturais e personalidade

Consideramos a cultura como um conjunto de pressupostos básicos ou um sistema de


significados (expressos pela linguagem) compartilhados, pelo qual o comportamento dos
indivíduos é orientado e controlado, assegurando a coesão e sobrevivência do grupo.
A cultura determina as diferenças não-biológicas essenciais entre os seres humanos, porque
abrange quase todos os aspectos e manifestações da mente, sejam eles concretos ou
simbólicos, comportamentais ou interactivos.

Para além da diversidade cultural existem diferenças internas às culturas. Em qualquer


sociedade, podemos identificar diferenças de género, grupos etários, níveis educacionais,
24
renda (via padrões de consumo), tradições religiosas, ideias políticas, origens étnicas e
aparência física.

A diversidade cultural e diferentes estruturas de personalidade tendem a separar as pessoas e


tornar difíl a sua inteiração. Contudo, educação e trajectórias ocupacionais semelhantes
tendem a aproximar indivíduos de diferentes grupos étnicos, religiosos e culturais. Status e
papéis similares ligam membros de sociedades diferentes que desenvolvem a mesma
ideologia, como um conjunto de crenças e valores que reflicta uma “visão de mundo”.

A personalidade de um indivíduo pode ser considerada como a combinação de um sistema de


comportamento, aprendido e inato, que é característico de seu portador, enquanto a cultura é
um sistema de padrões de comportamento adquiridos próprios dos membros da sociedade.
Essa relação recíproca coloca várias indagações para os cientistas sociais:
 Como a cultura afecta a personalidade, e como a personalidade afecta a cultura?
 Como a personalidade responde a experiências culturas específicas na dinâmica da
evolução cultural?

São quatro os factores apontados pelos antropólogos como determinantes da formação da


personalidade de um indivíduo:
1. As características biológicas e genéticas dos sistemas neurofisiológico e
endocrinológico;
2. As características do ambiente natural em que o indivíduo vive;
3. A cultura da qual o indivíduo participa;
4. As experiências biológicas e psicossociais únicas ou a história de vida do indivíduo.
A cultura tende a padronizar as personalidades, canalizando as experiências de todos os
indivíduos em uma mesma direcção. Mas, diferenças em status levam a oportunidades sociais
e experiências culturais diversas.  

Conclusão

Conclui-se que o que aproxima e liga indivíduos de origens nacionais diferentes é um conjunto
de normas, crenças e valores que atravessam as fronteiras nacionais e culturais e configuram
os elementos propícios para uma visão comum sobre o futuro desejável de nossas sociedades.

25
1.6. Género e Personalidade

Ser Homem ou ser Mulher influencia os papéis que desempenhamos. Os papéis por sua vez
influenciam a personalidade.

Exercício: 1.6 Papéis de género


Usando o quadro abaixo responda o seguinte
a) Quais as actividades conferidas mais para as mulheres, aos homens ou ambos?

1. ACTIVIDADES PRODUTIVAS MULHERES HOMENS AMBOS


Sachar
Capinar
Semear
Adubar
Plantar
Colher
Criar animais
Trabalhar fora de casa
Fazer negocio
Vender hortícolas
Vender animais
Trabalhar num escritório
Trabalhar em casa
Trabalhar num restaurante ou hotel
Ir à pesca
Ir à caça
Reparar computadores
Gerir uma empresa
Guiar turistas
Tratar pacientes
Ensinar alunos
Resolver casos jurídicos
Trabalhar como artesão
Fazer jornalismo
2. ACTIVIDADES DOMÉSTICAS (OU REPRODUTIVAS) MULHERES HOMENS AMBOS
Cozinhar
Lavar
Engomar
Pilar
Cuidar das crianças

26
Limpar a casa
Apanhar lenha
Tirar água
Ensinar as crianças
Construir casa
Fazer compras
Fazer reparaçoes em casa
Decorar a casa
3. ACTIVIDADES SOCIAIS MULHERES HOMENS AMBOS
Reunião nas associações da comunidade
Reunião de apresentação da família
Ir a igreja/ao culto
Ir às festas e espetáculos
Reunião da escola
Ir às reuniões e cerimónias familiares
Assistir futebol
4. POLÍTICAS (OU DE TOMADA DE DECISÃO) MULHERES HOMENS AMBOS
Ir a Reuniões familiares para decidir sobre alguns
assuntos
Dirigir uma ONGs, CBO, Núcleo de estudantes
Desempenhar cargos de direcção na estrutura do Estado
Ir a Reuniões com líderes locais (do bairro etc.) para
tomar uma decisão
Ser membro da Assembleia da República

b) Porque existe esta diferença nas tarefas?


c) Quem estabeleceu?
d) Pode se mudar esta distribuição das tarefas?
e) Como pode se mudar?
f) Quais as vantagens duma mudança?

Os géneros e os sexos

A produção de nossa existência tem bases biológicas que implicam a intervenção conjunta dos
dois sexos, o macho e a fêmea. A produção social da existência, em todas as sociedades
conhecidas, implica a intervenção conjunta dos dois géneros, o masculino e o feminino.

27
A existência de géneros é a manifestação de uma desigual distribuição de responsabilidade na
produção social da existência. A sociedade estabelece uma distribuição de responsabilidades
que são alheias as vontades das pessoas na base de critérios sexistas, classistas e racistas.

O conceito de género é, antes de tudo, uma construção histórica e social cujas referências
partem das representações sociais e culturais construídas a partir das diferenças biológicas do
sexo. Se partirmos dessa premissa, podemos concluir que: se levarmos em conta que o
feminino e o masculino são determinados pela cultura e pela sociedade, as diferenças que se
transformaram em desigualdades nos podemos mudar.

28
Conclusão

O conceito de género não deve ser utilizado como sinonimo de “mulher”. O conceito é usado
tanto para distinguir e descrever as categorias mulher e homem, como para examinar as
relações estabelecidas entre elas e eles. As relações de género se estabelecem dentro de um
sistema hierárquico que dá lugar a relações de poder. A diferença de poder torna possível a
ordenação da existência em função do masculino, em que a hegemonia se traduz em
importância e supremacia da esfera masculina.

Mensagens chave
O indivíduo com sua identidade (personalidade) única, age (comporta-se) no seu meio
ambiente sócio-cultural, e apesar do grupo em que vive estabelecer regras de conduta e
normas, o indivíduo é único e diferente de todos os outros.
A sociedade “massifica”, mas o homem desenvolve a sua diferenciação, ou seja, a
sociedade ao determinar comportamentos grupais não “anula” o comportamento
individual, ao contrário, o complementa.
A cultura com as suas normas e padrões alimenta a personalidade do indivíduo, ou seja, o
endocultura. O meio pode ser o mesmo, a estruturação biológica pode ser similar e a
cultura oferecida ser também a mesma para um grupo, colocando simultânea e
igualmente os mesmos padrões e normas, mas, ainda assim, o indivíduo cria a sua
personalidade única e comporta-se, por vezes conflitantemente, atendendo ao grupo e a si
mesmo.
O genero (masculino e feminino) refere-se as relações e papeis atribuidos a homens e
mulheres. São resultado de uma dinâmica social e não das características biológicas
diferentes dos homens e mulheres.

29
Capítulo 2. Saúde Sexual e Reproductiva

Introdução

Neste segundo Capítulo gostaríamos de fazer uma reflexão o que significa ser mulher ou
homem na sociedade e também reflectir sobre a sexualidade. A sexualidade é um aspecto
fundamental do ser humano. Ao longo da vida a sexualidade se desenvolve. Há várias decisões
a tomar que contribuem para relações felizes e que garantem a saúde sexual e reproductiva.
Para além dos exercícios de reflexão o capítulo também vai transmitir conhecimentos sobre a
saúde sexual e reproductiva.

Objectivos do capítulo

Espera-se que no fim deste capítulo, você será capaz de:


Diferenciar entre sexualidade, sexo e género,
Identificar as características de relações saudáveis.
Fazer escolhas conscientes e responsáveis que garantem a saúde sexual reproductiva
de si próprio e do seu parceiro,
Reconhecer os direitos sexuais e reproductivos como uma parte dos direitos e da
dignidade humana.

2.1. Sexo e género

Exercício 2.1: Conheces a diferença entre sexo e género?

a. Quais das seguintes actividades são relacionados com o sexo e quais com o género?
Ter barba, não chorar, dar luz, caçar animais, catar agua, fazer negócios, amamentar, cuidar
dos doentes, menstruar
Por favor, completa a tabela:

Sexo Género

b. Nas suas próprias palavras, qual é a diferença entre sexo e género?

30
Acho que
género é
………

Sexo refere-se as características fisiológicas (macho – fêmea). O sexo é fixado pela natureza.

Género refere-se aos papéis do homem e da mulher predefinidos numa determinada


sociedade num certo período de tempo. Estes papéis sofrem mudanças.
O conceito de género começou a ser usado na década de 70 por estudiosas feministas, para
melhorar a compreensão do que representa ser homem e ser mulher em uma determinada
sociedade e em um determinado momento histórico.
Se falamos em sexo, pensaremos imediatamente em um atributo biológico. Quando nasce
uma menina, sabemos que quando ela cresce será capaz de ter filhos/as e amamenta-los/as.
Entretanto, segundo a socióloga Teresa Citellli, o facto de desde cedo ela ser estimulada a
brincar com bonecas e ajudar nos serviços domésticos, por exemplo, não tem nada a ver com
o sexo, mas são costumes, ideias, atitudes, crenças e regras criadas pela sociedade em que ela
vive. A partir da diferença biológica, cada grupo social constrói, em seu tempo, os papéis,
comportamentos, direitos e responsabilidades de mulheres e homens.
O que é considerado natural não pode ser mudado, mas só o que é social e cultural pode ser
alterado para corrigir desigualdades.

O modo masculino, que contribui para a produção da existência, é diferente do feminino. As


actividades masculinas produtoras da existência são distintas das femininas. Existem duas
outras esferas: esfera de sobrevivência (doméstica) e esfera pública, sendo a esfera doméstica
maioritária-mente o espaço próprio do género feminino e a esfera pública do género
masculino.

31
A tentativa de construir o ser mulher enquanto subordinado é resultado dos processos de
socialização que reforçar os preconceitos e estereótipos dos géneros como próprios de uma
suposta natureza (feminina e masculina), apoiando-se na diferença biológica. Assim se
transforma em desigualdade social e tomar uma aparência de naturalidade.

As relações de género, reflectem concepções de género internalizadas por homens


(=masculinidade = o que significa ser homem numa sociedade) e mulheres (femininidades = o
que significa ser mulher numa sociedade). “Eis porque o machismo não constitui privilégio de
homens, sendo a maioria das mulheres também suas portadoras” (Saffioti, 1992, p. 10).

2. 2. Sexualidade

Em seu sentido mais amplo, a sexualidade é o conjunto de características particulares que


distinguem física e emocionalmente o macho da fêmea, tanto nos animais como nos vegetais.
Pode-se dizer que a sexualidade e a energia expressão física, psicológica e social no desejo de
contacto, ternura e de amor.

A sexualidade interfere com a qualidade de vida, com as relações pessoais e com a identidade
sexual de cada pessoa. Enriquece a vida positivamente e melhora a autodeterminação das
pessoas. Ela é fundamental para o desenvolvimento do potencial humano de cada pessoa. A
integridade e dignidade ao nível da sexualidade requer o respeito e protecção dos direitos
sexuais de todas as pessoas, o direito de controlo sobre o próprio corpo e a liberdade de
decisão a ser sexualmente activo, negociar o sexo, praticar o sexo seguro e prevenir a gravidez
não desejada.

O desenvolvimento da sexualidade acontece durante toda a vida no ser humano onde é


produto das características genéticas, das interacções ambientais, condições sócio culturais
entre outras conhecendo as etapas fisiológicas: infância, adolescência, idade adulta e
senilidade.

32
A sexualidade humana pode ser influenciada pelo ambiente sociocultural, religioso em que o
indivíduo se insere. Por exemplo, em algumas sociedades promove-se a poligamia e em outras
não.

A sexualidade é diferente do sexo. Ela possui 3 componentes que são:

 Desejo sexual (faz parte da natureza humana, influenciado por hormonas, corpo,
pensamentos);
 Acções ou práticas sexuais
 Orientação/Identidade sexual

Exercício 2.2: Reflecte sobre as seguintes perguntas:

- Porque é que as pessoas se envolvem em relações sexuais?

- Quais as praticas que põem em perigo o gozo da sexualidade no sentido positivo?

- Quais as causas destas práticas?

Exercício 2.3: Igualdade de género na vida sexual e reproductiva


Teste a sua percepção sobre o equilíbrio de género no quadro abaixo. Circule o nível de
concordância por cada variável. E some os números circulados e escreva o somatório na coluna
de total.

Nº Opções Total
Variáveis Não concordo Concordo
1 2 3 4 5
1 É o homem que decide de que forma o casal vai 1 2 3 4 5
transar.
2 O homem precisa mais de sexo do que a mulher. 1 2 3 4 5
3 Sexo não se conversa, se faz! 1 2 3 4 5
4 Mulher que tem camisinha na bolsa é piranha. 1 2 3 4 5
5 É a mulher que deve tomar providências para 1 2 3 4 5
não engravidar.
6 Quando tem que tomar decisões em casa, é o 1 2 3 4 5
homem quem deve ter a última palavra.
7 O homem sempre está disposto para transar. 1 2 3 4 5
8 A esposa sempre deve ser disposta para fazer 1 2 3 4 5

33
sexo com seu marido.
9 Mesmo estando bem com sua mulher o homem 1 2 3 4 5
precisa ter outra.
10 Se alguém me insulta, defendo minha honra até 1 2 3 4 5
com a força se necessário.
11 A mulher deve aguentar a violência para manter 1 2 3 4 5
a família.
12 Seria uma ousadia a minha mulher me pedir 1 2 3 4 5
para usar camisinha.
13 O homem pode bater na sua mulher se ela não 1 2 3 4 5
quiser transar com ele.
14 Sinto vergonha quando vejo um homem se 1 2 3 4 5
expressar de forma feminina.
15 Homem que é homem transa só com mulher. 1 2 3 4 5
16 Se o homem trair a mulher, ela pode bater nele. 1 2 3 4 5
17 Se a mulher trair o homem, ele pode bater nela. 1 2 3 4 5
18 O homem sempre merece o respeito da mulher 1 2 3 4 5
e dos filhos.
Subtotal A
Não concordo Concordo
Variáveis 1 2 3 4 5
19 O casal deve decidir junto se quer ter filho. 1 2 3 4 5
20 Para mim, tanto o homem quanto a mulher 1 2 3 4 5
podem propor o uso de preservativos.
21 Se o homem engravida uma mulher, o filho é 1 2 3 4 5
responsabilidade dos dois.
22 Numa relação sexual, é importante saber do que 1 2 3 4 5
a sua parceira gosta.
23 É muito importante que o pai esteja presente na 1 2 3 4 5
vida dos filhos mesmo que já não esteja mais en-
volvido com a mulher.
24 O homem e a mulher devem decidir juntos o 1 2 3 4 5
tipo de anticoncepcional que vão usar.
25 Se a mulher quiser, ela pode ter mais de um 1 2 3 4 5
parceiro sexual.
26 Se um homem presenciar uma cena de outro 1 2 3 4 5
homem batendo numa mulher, ele deve
interferir na briga.

34
27 O homem pode cuidar tão bem de crianças 1 2 3 4 5
quanto a mulher.
28 A mulher tem o mesmo direito que o homem de 1 2 3 4 5
trabalhar fora de casa e estudar.
29 Ambos os parceiros tem o direito de dizer “não” 1 2 3 4 5
ao fazer sexo.
Subtotal B

Interpretação dos resultados: Calcule o seu subtotal A e subtotal B.

a) Se o seu subtotal A for entre 18 a 36 pontos a equidade de género tem dá alta a


importância para ti. Está num caminho certo! Se o seu subtotal A for entre 37 a 67 está
indeciso com a sua atitude acerca da equidade de género. Se o seu subtotal for entre 68 e
90 e pontos você ainda é longe de entender a equidade de género. Tem que reflectir sobre
os seus pensamentos!
b) Se o seu subtotal B for entre 40 a 55 pontos a equidade de género tem dá alta a
importância para ti. Está num caminho certo! Se o seu subtotal B for entre 25 a 39 está
indeciso com a sua atitude acerca da equidade de género. Se o seu subtotal for entre 11 e
24 pontos você ainda é longe de entender a equidade de género. Tem que reflectir sobre
os seus pensamentos!

2.2.1 O processo de desenvolvimento de sexualidade

Exercício 2.4: Mudanças físicas e psicológicas

Identifique pelo menos seis mudanças físicas e psicológicas para cada uma destas
idades:

Transição de Infância para Adolescência Transcrição de Adulto para terceira idade

35
Na passagem da infância para a adolescência o corpo feminino e masculino passa por
mudanças tanto a nível morfológico, como a nível do desenvolvimento do sistema reprodutor
até atingir a capacidade de se reproduzir. Estas mudanças são acompanhadas por
transformações psicológicas que se reflectem no comportamento e modo de pensar.

Puberdade / Adolescência

É um período de muitas transformações a nível biológico tais como:


o Crescimento
o Alongamento dos ossos
o Formação muscular
o Robustez Física (arredondamento das coxas, alargamento das ancas)
o Aparecimento de pelos pubianos
o Desenvolvimentos das mamas
o Modificações das feições
o Borbulhas na cara
o Mudança da voz ficando mais acentuado no rapaz

Há transformação psicológica e social. Se caracteriza pela busca de uma identidade e


autonomia, pela atraiçao emocional e física e aproximação a um/a amigo/a intimo/a. É
acompanhada de comportamentos agressivos e de oposição aos valores familiares e sociais. É
um momento importante para integração dos jovens para o mundo dos adultos.

A puberdade tem início, entre os 9 e 10 anos de idade, quando os rapazes e as raparigas


começam a apresentar mudanças morfológicas e de comportamento. As mudanças
morfológicas correspondem aos caracteres sexuais secundários que nos rapazes
desenvolvem-se devido à actuação de hormonas produzidas nos testículos -testosterona-, e

36
nas raparigas desenvolvem-se devido à actuação de hormonas produzidas nos ovários -
estrogénio e progesterona.

Por consenso, o termo “gente ou pessoa jovem” abrange todos aqueles cujas idades estão
compreendidas entre os 10 e 24 anos.

Alguns factores externos condicionam a diversidade entre os adolescentes: sua classe


socioeconómica, sua origem ética, sua religião, o nível cultural dos pais, o maior ou menor
contacto com diferentes meios de informação, de educação e de comunicação, etc...

A sexualidade e o comportamento reprodutivo de adolescentes e jovens começam a ser vistos,


hoje, como um tema de direito a educação sexual e de usufruto de direitos reprodutivos. A
sexualidade e comportamento reprodutivo dos\as adolescentes são influenciados pelos
valores culturais, religiosos e aspectos socio-económicos. No caso de jovens estudantes,
espera-se que terminem os estudos, estejam trabalhando, tenham um bom salário e condições
de constituírem família.

A sociedade, por sua vez, tem respondido de maneira não satisfatória as necessidades e
direitos dos\as adolescentes sobre a sexualidade, reprodução e prevenção das ITS/SIDA, para
não falar de outros direitos sociais básicos como a educação, saúde em geral, lazer, cultura,
desporto, habitação e direito ao trabalho. A sociedade deve lhes facultar informação suficiente
sobre serviços, aconselhamento e fornecimento de métodos contraceptivos incluindo
preservativos para a prevenção das DTS/SIDA. A consciencialização deve contemplar os
direitos bem como as responsabilidades, a participação activa do jovem em processos
relacionados com a vida particular e social.

O adulto

As características físicas do adulto não sofrem mudanças tão bruscas do que durante a
adolescência, mas existem e diferem de pessoa para pessoa e de homem para mulher. As
transformações biológicas, psicológicas e sociais fazem se mais sentir na transição para a
terceira idade.

Nas mulheres destaca-se a menopausa. A principal característica da menopausa é a parada das


menstruações e a parada de funcionamento dos ovários e assim o termino a da capacidade
reproductiva da mulher. Não existe idade predeterminada para a menopausa. Geralmente
ocorre entre os 45 e os 55 anos.

37
2.2.2 Orientações e identidades sexuais

Exercício 2.5: Identidades sexuais – LGTBI


a. Combina o termo com a definição correta: Lesbica, Gay, Transgenero, Transsexual,
Bissexual, Intersex.

Pessoa que nasce com genitália não distintamente masculinas ou


femininas:_________
Mulher atraída sexualmente e emocionalmente por uma outra mulher:_____________
Pessoa que muda o seu papel de género/a sua aparência varias vezes durante a sua
vida: _________________
Pessoa atraída por pessoas do sexo oposto e por pessoas do mesmo sexo.__________
Pessoa que mude o seu sexo físico através da cirurgia, terapia hormonal, etc. _______
Homem atraído sexualmente e emocionalmente por um outro homem.____________

b. Qual a tua opinião?

A homossexualidade é uma doença?


Porque a sociedade considera a homossexualidade algo fora do normal?
Você acha que homossexuais tem o mesmo direito de viver a sua sexualidade do que
os heterossexuais?

A orientação sexual refere-se a quem uma pessoa é sexualmente atraido. A identidade sexual
difere da orientação sexual. Ela refere-se ao pensamento de si próprio a quem você se sente
sexualmente e emocionalmente atraído. Pode ser heterossexual (atracão pelo sexo oposto),
bissexual, lésbica/gay.

A sociedade definiu como regra que o ser humano seja de atraído pelo sexo oposto: A
orientação heterossexual é considerada como normal e saudável. A orientação homossexual
(lésbica e gay) é considerada como fora do normal e das regras estabelecidas. Isto tem a ver
com o facto que durante muito tempo se definiu a razão da sexualidade somente na biologia e
não se contemplou aspetos psicológicos da sexualidade. Nos anos 40 e 50 a homossexualidade
38
foi considerada uma doença que pode ser curada. Somente com as pesquisas modernas foi
possível ver que a sexualidade se manifesta em várias formas e que muitas pessoas
heterosexuais têm experiencias com a homossexualidade. Foi também comprovado, que a
homossexualidade é uma forma de identidade sexual que existe em todas as sociedades.

A consequência de não cumprir com o padrão da sexualidade estabelecida pela sociedade


causou e ainda esta a causar discriminação, exclusão, assedio, violência perante as LGTBIs.

Em resposta a sua opressão e discriminação pessoas com identidades sexuais não


heterossexuais, os chamados LGTBI formaram organizações para a defesa dos seus direitos.

Em 2009 relações homem com homem eram penalisadas em 78 de 242 países, relações
mulher com mulher em 43 países. Há pena de morte em 7 países para relações homossexuais 1.

Um olhar crítico para a heterossexualidade

 A pesquisa mostra que a heterossexualidade produz e reproduz é desigualdades de


género: as mulheres têm menos poder de negociar sexo seguro e prazer, há violência
sexual, mutilação genital feminina etc.

2.3. A reprodução humana

Exercício 2.6: Descrição do processo da reprodução humana


Enumera as seguintes fases da reprodução humana em ordem cronológico:
........ A fecundação do ovulo pelo espermatozoide dá-se na porção externa tubárica, perto
do ovário.
........ A célula-ovo desloca-se até ao útero onde se fixa.
......... Durante a relação sexual o homem deixa milhões de espermatozoides na vagina.
........ Fundidos, o ovulo e espermatozoide se transformam numa célula-ovo.
........ Os espermatozoides sobrem pelo útero a procura do ovulo.
........ Haverá divisão celular sucessiva nos primeiros dias após a fertilização.
........ A célula-ovo desenvolve-se no útero ate ao momento do parto.
........ Uma vez por mês, um ovulo maduro sai fora do ovário da mulher.

1
http://ilga.org/ilga/en/article/mcvcC861Ww. Dados de 2009.
39
A reprodução é o mecanismo que assegura a perpetuação da espécie. Para que o ser humano
consiga reproduzir-se é necessário que o corpo esteja preparado e capaz de produzir um filho.
O sistema reprodutor feminino:

Os ovários da menina já contêm todos os óvulos que ela produzirá em sua vida fértil. Na
puberdade os hormónios sexuais criam o estímulo para o início da menstruação.

O aparelho genital feminino é constituído pela vagina, ovários, útero e trompas de Falópio. O
útero só começa a crescer na puberdade. Os ovários produzem os hormónios femininos e
armazenam os óvulos. As trompas de Falópio ligam o útero aos ovários e estão posicionadas
de tal forma que o óvulo, quando expelido do ovário no momento da ovulação, consegue
chegar a elas com facilidade. A anatomia da vagina permite receber o pénis e serve de canal
para a saída do bebé.

O sistema reprodutor masculino


No feto masculino, os órgãos reprodutores, os testículos, ficam no interior do abdome e só
descem para a bolsa escrotal um pouco antes do nascimento. O aparelho reprodutor
geralmente amadurece entre os 11 e os 17 anos, com o aumento do pénis e a capacidade de
ejacular.

40
O aparelho reprodutor masculino é constituído pelos genitais externos - o pénis e o escroto
com os dois testículos - e um conjunto de órgãos internos: a glândula próstata, duas vesículas
seminais e dois tubos chamados vasos diferentes. O esperma é continuamente produzido nos
dois testículos e vai para o epidídimo, onde fica amadurecendo por 2-3 semanas, quando
então passa para os canais diferentes para ser armazenado antes da ejaculação.

2.3.1. Como é que uma mulher engravida?


Para entender como a gravidez acontece, é preciso entender o ciclo menstrual da mulher.

Para medirmos o ciclo menstrual contamos desde o primeiro dia em que há saída de sangue
até ao último dia antes da menstruação seguinte.

A duração do ciclo é de aproximadamente 28 dias. É diferente para cada mulher e muitas


vezes mesmo para cada ciclo da mesma mulher.

Depois que o sangramento pára, um óvulo


começa a crescer no ovário. Entre o décimo
primeiro e o décimo quarto dia do ciclo, o óvulo
sai do ovário e começa a mover-se através das
trompas de falópio em direcção ao útero. A
mulher engravida se este ovulo é fecundado por
um espermatozóide neste momento. Isto
acontece se ela fizer sexo alguns dias antes de o
óvulo ser libertado ou no dia em o óvulo é
libertado.

Quando um óvulo é fecundado, ele passa a chamar-se “ovo” instala-se na parede do útero,
onde vai desenvolver-se e é chamado embrião. Quando completa um mês na barriga da mãe,
mede cerca de um centímetro e meio, a tem cabeça, intestino, cérebro. No fim do 2º mês
passa a chamar-se de feto, tem 5 centímetros, mãos, pés, olhos e boca já formados. Quando
41
completa 3 meses o feto começa a mexer-se e abre e fecha os olhos. O bebe fica protegido no
útero enquanto cresce até o dia em que vai nascer.

O que é que é a menstruação? É doença?


Sé o óvulo não é fecundado, ele morre e o forro do útero desfaz-se. Tanto o óvulo e estes
forros saem em forma de sangue da menstruação.

Em outras palavras: a menstruação é a limpeza das paredes internas do útero, quando não há
fecundação.

A menstruação tem sido envolvida em muitos mitos. Tem-se dito que quando está menstruada
a mulher não pode ter relações sexuais, não pode tomar banho, não pode tomar
medicamentos.bTudo isso é falso. A menstruação é um fenómeno completamente normal,
não tem que alterar o ritmo de vida habitual. Às vezes pode produzir alguns incómodos
passageiros.

Uma mulher pode ficar grávida antes de ter o primeiro período menstrual?
Sim, uma mulher pode engravidar antes do seu primeiro período, porque um óvulo pode ter
começado a amadurecer nos ovários e pode ser fecundado.

Uma mulher pode ficar grávida depois de fazer sexo apenas uma vez?
Sim, pode ficar grávida, porque tudo depende do ciclo menstrual. Se existe um óvulo maduro
que saiu do ovário no mesmo dia em que a mulher faz sexo com um homem, ela pode
engravidar. Isto pode acontecer mesmo quando ela faz sexo pela primeira vez na vida.

2.3.2. Metodos do planeamento familiar

O que é que o Planeamento Familiar (PF)?

Um dos pontos que aprendemos do estudo de caso é a importância de uma decisão de


consenso dum sobre quando quer ter filhos.

O Casal / Parceiro(a) deve ficar bem informado sobre os métodos de PF disponíveis, e fazer a
escolha do método mais apropriado.

42
O planeamento familiar ajuda a:

 evitar uma gravidez indesejada.


 diminuir as mortes maternas e infantis.
 ter melhores condições de saúde e vida para os pais e as crianças, porque :
- A mulher pode ter mais tempo para descansar e ter mais energia e tempo para
cuidar de si, das crianças e de toda família.
- O bebe pode receber leite do peito por mais tempo e receber mais carinho dos
país.
- O homem e a mulher podem organizar melhor a sua família e assegurar
melhores condições económicas e de saúde.

Para os adolescentes o planeamento familiar faz com que se evita as seguintes consequências
de ter o seu bebe precoce e não planificada:

 Complicações para a saúde da rapariga,


 Complicações para a saúde do bebe como por exemplo o nascimento com
baixo peso,
 Consequências negativas para a vida do rapaz ou rapariga como por exemplo:
deixar a estudar, não ter condições financeiras para uma família, conflitos nas famílias, etc.

Porque é que o homem deve participar no planeamento familiar?

Ter uma família e uma relação feliz é um desejo de ambos parceiros. O planeamento familiar
contribui para uma vida feliz e saudável, por isso não é somente um assunto de mulheres, é
um assunto do casal.

Há métodos de PF somente para homens. O homem pode ajudar a mulher a descansar do uso
dos métodos do PF.

Os métodos naturais do planeamento familiar são:

 Abstinência
 Coito interrompido
 Aleitamento
 Uso do calendário
 Método de temperatura basal para determinar os dias férteis da mulher e
abster-se das relações sexuais durante estes dias.
43
Os métodos modernos do planeamento familiar são:

 Pílulas,
 Injectável ( Depo-Provera),
 Preservativo (masculino e feminino)
 DIU ( Dispositivo Intra-uterina)
 Implante
 Laqueação
 Vasectomia
Os métodos modernos de PF são de distribuição gratuita.

A primeira consulta de planeamento familiar deve ser feita na unidade sanitária/hospital.

A pílula

É um conjunto de comprimidos que a mulher toma para evitar a gravidez e espaçar os


nascimentos.

A pílula deve ser tomada uma vez por dia, sempre a mesma hora.

Em alguns casos a pílula tem efeitos secundários: inchaços, aumento de peso..

A injecção (Depo-Provera)

Cada injecção protege a mulher durante 3 meses. É um método eficaz de PF quando aplicado
3 em 3 meses.

Os efeitos secundários podem ser:

- Muitas mulheres têm menstruação em pequenas gotas e de forma irregular,


ou tem uma hemorragia prolongada.
- Aumento de apetite e peso.
- Após um ano de uso, a mulher demora a conceber pelo menos cerca de 4 a 8
meses.

O Dispositivo Intra-Uterino (DIU)

É um método que consiste num pequeno objecto de plástico colocado dentro do útero da
mulher, por um profissional de saúde.

44
Para além de evitar a gravidez, a vantagem do DIU é que a mulher pode ficar, no mínimo,
quatro anos com o DIU no útero.
O DIU pode sair do lugar sem a mulher perceber. Por isso, a mulher deve controlar sempre a
presença dos fios após a menstruação.
Em algumas mulheres pode haver infecções no útero, por que ele fica mais sensível: Nestes
casos, ela deve imediatamente ir a Unidade Sanitária.

O implante

O implante consiste na introdução de 6 pequenas capsulas de um medicamento chamado


“norplant” por baixo da pele do braço para prevenir a gravidez.
É um método muito eficaz e pode durar 5 ou mais anos. Pode ser usado por mulheres de
qualquer idade, com ou sem filhos.
Se quiser descansar a mulher pode ir a Unidade Sanitária para lhe retirarem este medicamento
e, pouco tempo depois, a mulher pode engravidar.
Podem surgir alguns efeitos secundários tais como ligeiras dores da cabeça, mudanças durante
o período da menstruação tais ou manchas no corpo. Estes desconfortes podem desaparecer
passando algum tempo.

O diafragma e os espermaticidas

O Diafragma consiste no uso de uma tampinha macia colocado pela mulher no fundo da sua
vagina que impede dos espermatozoides.

Os espermaticidas são produtos que matam os espermatozóides. São colocados pela mulher
no fundo da vagina antes da relação sexual.

A Laqueação
É um método de PF, que consiste numa pequena operação para amarar as trompas para evitar
a gravidez. Porque é permanente, a mulher fica com a certeza de que nunca mais vai
engravidar. É um método benéfico para quem teve muitos partos. A laqueação em nada afecta
a saúde da mulher. Pode ser feita logo após o parto.
A laqueação é um método permanente e que deve ser feito depois de haver um consenso do
casal/parceiro.

45
A Vasectomia
É um método de PF, que consiste numa pequena operação realizado no homem, para evitar
que ele venha a engravidar a sua parceira. A operação e muito simples e é feita pelos
profissionais de saúde com uma anestesia local. Este método não afecta a potência do
homem.
É um método de PF definitivo porque mesmo tendo relações sexuais, o homem que fez esta
operação não vai engravidar nenhuma mulher.

2.3.3. A gravidez indesejada

O contexto social e cultural, incluindo a religião, é um dos importantes factores que


influenciam o planeamento familiar.

Nas sociedades patrilineares, o “domínio do homem” dificulta a capacidade da mulher para


exercer os seus direitos reprodutivos. As relações conjugais e familiares, o nível de educação, o
acesso a recursos económicos e financeiros são também factores determinantes na
capacidade da mulher fazer as suas opções acerca das suas necessidades de saúde reprodutiva
e do seu acesso aos serviços de saúde.

Em Moçambique, onde a sociedade tradicional e as crenças culturais reforçam a dependência


e a ausência de poder da mulher, onde as mulheres são pobres, é claro que são muito poucas
as que podem exercer os seus direitos reprodutivos e sexuais. As raparigas adolescentes são,
nestas circunstâncias, as mais vulneráveis, sendo mais susceptíveis à gravidez indesejada
tornando-se esposas e mães numa idade muito precoce. A falta de acesso aos métodos
contraceptivos conduz à gravidez indesejada, que termina, na maior parte das vezes, num
aborto inseguro com todas as suas consequências sociais e na saúde das adolescentes.

A gravidez indesejada é mais frequente nas adolescentes (de acordo com o último censo
populacional, 17% das adolescentes entre os 15-19 anos tiveram já um filho), por um lado,
porque a sociedade tradicional e os seus valores não são respeitados, particularmente nas
áreas urbanas, e as adolescentes adoptam a prática de relações sexuais livres.

2.3.4.O Aborto

Apesar de existir muitas opções de planificação familiar e apesar da educação e informação


sobre a sexualidade, a gravidez indesejada existe e mulheres, independentemente do seu
status socio-económico, têm procurado resolver esse seu problema pondo em risco a sua
46
saúde, a sua fertilidade e aceitando até a possível consequência da sua própria morte. São,
muitas vezes, as mulheres jovens e adolescentes as mais afectadas.

O aborto inseguro é em Moçambique, uma das principais causas de morte materna. Em 2008 a
mortalidade materna no País foi de 520 mortes por 100.000 nascimentos vivos 2. Não é
conhecida exatamente a magnitude do aborto inseguro. De 1990–2000, 8 a 11% das mortes
maternas ocorridas nesse período foram devidas a complicações do aborto inseguro.

O aborto inseguro é um grave e preocupante problema de saúde pública, não só devido à


morte materna que causa, mas também devido às suas complicações imediatas e longo prazos.
As complicações imediatas mais comuns do aborto inseguro são: lacerações do colo do útero,
hemorragia, infecção grave (sepsis), perfuração uterina e peritonite (colecção de pus na
cavidade abdominal). As complicações a médio e longo prazos incluem dor pélvica crónica,
gravidez fora do útero e infertilidade. São também de destacar as consequências sociais tais
como a destruição da família e várias formas de estigmatização da mulher muitas vezes.

A legislação de Moçambique, estipula que o aborto é proibido e penaliza a mulher e o


abortador. No passado, as mulheres com gravidez indesejada recorreram a abortadores
clandestinos onde foram submetidas a práticas em condições inseguras. Respondendo a
situação de alta taxa de morbi-mortalidade, o Ministério da Saúde autorizou a interrupção da
gravidez em certos casos, como por exemplo a gravidez fosse devida a falha de medidas
contraceptivas ou quando solicitada por causas socio-económicas.

Estudos recentes mostraram que mulheres que recorrem ao aborto inseguro são
significativamente mais jovens, sem uma relação estável e estão em desvantagem em relação
à educação, conhecimento e uso de contraceptivos, habitação e agregado familiar. Em suma:
são as mulheres mais desfavorecidas 3. São elas que também estão em maior risco de graves
complicações. Cerca de um quarto teve graves consequências. A consequência mais grave do
aborto inseguro foi a morte de 3% das mulheres. 4

Mais dois factos alarmantes: 80% das mulheres com aborto inseguro não tinham
conhecimento da possibilidade de acesso a um aborto seguro e que cerca de um quinto das
2
WHO, 2009: Global Health Statistics 2009.

3
Machungo, Fernanda, 2004: O aborto inseguro em Maputo. In: Outras Vozes, Vol. 7. WLSA
Mozambique.
4
Machungo, Fernanda, 2004: O aborto inseguro em Maputo. In: Outras Vozes, Vol. 7. WLSA
Mozambique.
47
mulheres conhecendo a prática do aborto seguro no hospital, optam por um aborto inseguro.
É importante salientar que muita dor e desespero que ser evitado, quando os parceiros
primeiro fazem uma reflexão se querem ter filhos e planificam em conjunto. O aberto destrói
uma vida que está a nascer. O aborto não é um método de planeamento familiar.

Exercício 2.7: Estudo de caso Ivandro


Alo amigos, Chamo-me Ivandro tenho 26 anos, sou filho único. Sou licenciado no curso de
Contabilidade e Auditoria pela Universidade Católica. Consegui a pouco tempo um bom
emprego na Cornelder, e posso vos dizer que financeiramente estou estável.
Já tive muitas relações e varias parceiras. A mulher que marcou a minha vida foi a Deuclesia,
que ficou amiga durante cinco anos e acabamos por nos separando, por minha culpa porque
ela descobriu que eu estava me envolver com uma outra.
Depois dela tive varias namoradas até encontrar a minha actual namorada. Chama-se Zinaida,
ela é 5 anos mais velha que eu e divorciada. Amo-a, mas ela faz muita pressão a mi: quer se
casar comigo e ter filhos. Só que, sempre que vejo a Deuclesia, fico com vontade de lhe ver,
morro de ciúmes dela.
Meus pais não aceitam a Zinaida, mas eu gosto dela, por isso que ate hoje não nos separamos.
Agora descobri, que ela está grávida. Sinto que não estou preparado de aceitar de ser pai.
Quero tirar dinheiro para ela podia fazer um aborto na clandestinidade. Encontro-me muito
confuso. Eu quero formar uma família e quero ter filhos, mas não desta maneira.
Poe-te no lugar do Ivandro: Porque está nesta situação? O que deve fazer?

2.4. Saúde sexual e reproductiva

A saúde sexual refere-se às áreas da medicina envolvidas com a reprodução humana e


comportamento sexual, as doenças sexualmente transmissíveis, os métodos contraceptivos,
anticoncepcionais, entre outros.

48
“Saúde Reprodutiva é um estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as
matérias concernentes ao sistema reprodutivo, suas funções e processos, e não simples
ausência, de doenças ou enfermidades” (OMS).

A saúde reprodutiva implica, que a pessoa


 possa ter vida sexual segura (saudável!) e satisfatória,
 ter a liberdade de decidir se quer ter filhos ou não, quantos filhos quer ter e quando tê-los
 Esta implícito nesta última condição o direito de homens e mulheres de serem informados e
de terem acesso aos métodos eficientes, seguros, aceitáveis e financeiramente compatíveis
de planeamento familiar.

Isto inclui igualmente a saúde sexual cuja finalidade é a melhoria da qualidade de vida e das
relações pessoais, e não o mero aconselhamento e assistência relativas à reprodução e às
doenças sexualmente transmissíveis.

A Saúde Sexual e Reprodutiva diz respeito também ao bem-estar emocional através de uma
vivência sexual prazeirosa, a relação respeitosa conjugal e a autodeterminação na vivência da
sexualidade.

Falar de Saúde Sexual e Reprodutiva é falar também de:

 Combate à violência sexual baseada em questões de género


 Luta contra o aborto não seguro
 Promoção de direitos para quem vai ser pai, ou vai ser mãe
 Promoção dos cuidados de saúde pré-natais
 Prevenção da gravidez indesejada
 Promoção da educação sexual
 Direito à escolha em contracepção
 Direito a ser respeitado na sua identidade sexual
 Promoção de uma sexualidade saudável e responsável.

49
Exercício 2.8: Influência da cultura e dos valores sócio-culturais a saúde sexual e
reproductiva
Quais são valores sociais e praticas culturais que influenciam a saúde sexual e
reproductiva? Dar exemplos para influências positivas e negativas.
Quais as mudança de valores e práticas você está a observar nos últimos tempos?

2.4.1. ITSs

Lembre-se do seguinte:

 As infecções de transmissão sexual são causadas por micróbios que


se propagam através do contacto sexual.
 A maior parte das ITSs (com a excepção do HIV e do herpes) podem
ser curadas.
 O HIV é um tipo de ITS.
 O HIV e as infecções sexualmente transmitidas não somente
compartilham a mesma via de transmissão, mas também ajudam na progressão da
doença de uma forma mútua e têm interações epidemiológicas.
 A probabilidade duma infecção por HIV aumenta por dez vezes com
a presença concomitante de uma ITS, porque algumas destas infecções provocam
feridas abertas à volta dos órgãos genitais, por onde o vírus do HIV pode facilmente
penetrar.
 Contrair uma ITS significa que teve uma relação sexual desprotegida
com uma pessoa com uma ITS provavelmente também infectada por HIV. Veja o
grande risco para ti!
 As seguintes são as complicações de uma ITS não tratada :
 Aborto;
 Gravidez fora do útero;
 Câncro da cerviz;
 Esterilidade no homem e na mulher;

50
 Os bebés nascidos de uma mãe infectada podem nascer com conjuntivite ou com
cegueira;
 Doença mental.

 Como é que me posso proteger de uma ITS?


A sua saúde e a sua protecção dependem de si. É importante que conheça o funcionamento
dos seus órgãos genitais e reage logo no caso e alguma anomalia. As formas eficazes e seguras
de prevenção das ITS são:
 Evite ter parceiros ocasionais;
 Seja fiel a um parceiro;
 Abstenha-se das relações sexuais ocasionais.
 Uso consistente e correcto do preservativo.

 O que fazer se pensar que contraí uma ITS?

 Faça um teste de ITS o mais cedo possível;


 Se descobrir que contraiu uma ITS e que esteve envolvido com mais do que um
parceiro sexual, deverá informar a todos para que também possam fazer o teste e o
tratamento, o mais rápido possível.
 Se tiver contraído uma ITS deves abster-se da actividade sexual até que tenha
completado o tratamento da ITS.

Estude a tabela das ITSs na pagina seguinte:

51
ITS Gonorreia Sífilis Tricho-maniasis Clamídia Granoloma Candidiase Herpes Hepatitis B Cancroide
venerea
Como se Contacto Contacto Contacto Sexual Contacto Sexual Contacto Contacto Contacto Contacto Contacto
adquire? Sexual Sexual Sexual Sexual, em Sexual, Sexual ou Sexual
mulheres pode contacto com contacto com
surgir sem con- a ferida fluidos do
tacto físico corpo: sangue,
saliva, urina
Período de 1-10 dias Fase 1: 1-3 1 semana 1-3 semanas 3-12 dias, 2-20 dias 1-6 meses 4-10 dias,
incubação meses Período ao máximo 1
Fase 2: 3-6 latente: 2-6 mes
meses semanas
Fase 3: anos
Sintomas Mulheres: dor Fase 1: ferida Mulheres: Mulheres: dor Inchaço dos Mulheres: Borbulhas Fase 1; fatiga, Ulceras
pélvica, que não doe corrimento pélvica, gânglios corrimento que doem e perda de peso, dolorosas,
corrimento Fase 2: febre, amarelo ou corrimento, inguinais e branco, arrebentam dor nas inchaço dos
ardor de dor de cabeça, verde, comichão ardor e dor na ruptura inchaço da Para feridas. articulações gânglios
urinar, febre alergia nos órgãos urinaçao, vulva, dor para Feridas nos influenza inguinais
Homens; Fase 3: muito genitais sangramento urinar, órgãos Fase 2:
ardor de doente Homens: comichão nos sexuais e na Hepatite – pele
urinar, Corrimento, dor órgãos genitais boca amarela
na urinaçao ou Homens: Fase 3:
sem sintomas inchaço, recuperação
inflamação e gradual
comichão do
pénis
Trata-mento Antibióticos Antibióticos Flagyl Antibióticos Antibióticos, Cremes Não tem cura Repouso e Antibióticos
as vezes vaginais dieta. Existe
cirurgia vacina
Efeitos na Infecção Infecção Febre e infecção Infecção severa Febre, Desconforto Feridas Associado com Desconforto,Ru
ausência de vaginal severa, dos órgãos, dos órgãos estreituras extreme desaparecem cancro do ptura de
trata-mento Infertilidade transmissão para reproductivos anais e fístulas e reaparecer fígado. Morte. gânglios
Doenças de o bebe quando a Transmissão inguinais,
pele, cegueira pessoa está vertical formação e
no bebe doente fistulaçao de
abcessos

52
Exercício 2.9: Teste o teu conhecimento. Em cada pergunta múltiplas escolhas são possíveis.

2. Quais dos seguintes são sinais e sintomas de ITSs no homem e na mulher?


Dor ao urinar ou defecar, dor pélvica, inchaço, inflamação, ulceras, corrimento, dor durante as
relações sexuais, feridas, febre, comichão/irritacao nos oragos genitais, garganta inflamada

a. Sinais e sintomas no homem: ______________________________________


b. Sinais e sintomas na mulher: _______________________________________
c. Sinais e sintomas em ambos: _______________________________________
3. Quais podem ser consequências de uma ITS não tratada no homem
a. Infertilidade
b. Desconforto extremo
c. Abcessos
d. Hipertensão
4. Quais podem ser consequências de uma ITS não tratada na mulher
a. Cancro de cervix
b. Perda de peso
c. Transmissão para o bebe
d. Cegueira do bebe
e. Infertilidade
5. Quais das seguintes ITS tem cura:
a. Gonorreia
b. Candidiase
c. Herpes
d. Trichomaniasis
e. Cancroide
6. O que tem que fazer quando descobre que tem uma ITS:
a. Ir a unidade sanitária e tratar a TIS
b. Não fazer nada
c. Informar a sua parceira/as suas parceiras para você e ela(s) irem tratar a ITS.
d. Procurar conselho com um amigo.

2.4.2 Violência sexual


Exercício 2.10: Violência sexual
53
Olhe para este cartaz:

o Qual foi a intensão do homem e a sua atitude


quando se encontrou com esta mulher?
o Porque a mulher disse “NAO”?
o Porque ele mudou a sua atitude?

- O que pensa da mensagem deste cartaz?

Definição da violência sexual (OMS)

“.... Qualquer acto sexual, tentativa de obter um acto sexual, comentários sexuais indesejados e
adiantamentos ou actos de tráfego ou qualquer outra forma dirigida contra a sexualidade de uma
pessoa usar a coerção, por qualquer pessoa independentemente da sua relação com a vítima.” "
Estudos plurinacionais da OMS sobre saúde da mulher e violência doméstica contra as mulheres
fornece os primeiros dados comparativos de todo o mundo, incluindo três países Africanos, a
Namíbia (na capital), Tanzânia (um ambiente rural e urbano) e Etiópia (zona rural). Nestes três
países, 16-59% das mulheres tinham sofrido violência sexual por parceiro íntimo, e as mulheres
foram em maior risco de violência sexual de seus parceiros que de outras pessoas. Esses dados são
semelhantes aos estudos feitos na África do Sul, Moçambique, Quénia, Nigéria e Tanzânia, que
também mostram uma alta prevalência e variação de tipos e definições de violência sexual. Há
pouca literatura sobre a violência sexual contra meninos e homens 5.
Cinco paises Africanos tem leis especificamente dirigidas a violencia sexual: Libéria, Quênia, Namíbia,
África do Sul e Tanzânia. Botswana, República Democrática do Congo, Etiópia, Gana, Lesoto, Malawi,
Nigéria e Uganda têm disposições sobre as várias formas de violência sexual em miríade de outras
legislações, incluindo seus códigos Penais e legislação sobre violência doméstica.

Vários termos têm sido usados para descrever as diferentes infracções reconhecidas pelo direito.

Eles incluem: estupro, agressão sexual, violência sexual e corrupção. Não parece haver consenso
sobre os elementos exatos que constituem essas infracções específicas sexual entre os países.
__________________
5
N Kilonzo et al 2009/: Sexual violence legislation in sub-Saharan Afria: the need for strengthened medico-legal linkages. Reproductive
Health Matters 2009;17(34):10–19, p.11-13.

Factos preocupantes

54
 1 em 5 mulheres e vitima de violência por homens.
 1 em 4 mulheres e vitima de violência durante a gravidez.
 Muitas pesquisas mostraram que um quarto das raparigas começaram a sua actividade
sexual por serem pressionadas pelo parceiro, e 20% por causa de pressão social.
 Existe a violência sexual de mulheres e de homens, mas é mais comum afetar as mulheres.
 Há ligação entre violência e saúde sexual reprodutiva.
 Acontece violência por causa da revelação do estado de HIV.
 Factores associados com o uso de violência pelos homens: ter testemunhado violência ou
ser vítima da violência.

2.4.3. Relações saudáveis

Exercício 2.11: Relação saudável entre os parceiros


Na sua opinião,
- quais dos seguintes são indicadores de uma relação saudável:
- quais são indicadores duma relação não saudável:
- quais pertencem nenhum destes grupos:
a. Normalmente, é um dos parceiros que decide pelo casal.

b. Você fica na relação por medo de ficar sozinho.

c. Você faria qualquer coisa pelo seu parceiro.

d. Um bate no outro a fim de que obedeça.

e. Você nunca discorda do seu parceiro.

f. O seu parceiro ainda é próximo da sua ex-namorada.

g. O parceiro controla tudo.

h. Vocês não conversam sobre o sexo.

i. Fazer planeamento familiar é um assunto da mulher.

j. Você é capaz de fazer o que deseja.

k. Ambos falam dos problemas na relação quando surgem.

l. Você se diverte quando está com o seu parceiro.

Indicadores para a relação saudável:________________________


Indicadores para a relação não saudável:__________________________

55
Indicadores que pertencem nenhum dos dois grupos:____________________
Discute os resultados na sua turma.

Relações saudáveis têm três pilares básicos: amor, confiança e respeito. As bases se sustentam por
um contrato implícito e por regras tácitas e explícitas que ajudam a firmar esta união.

As pessoas se esquecem de algo fundamental: as escolhas da nossa vida são feitas diariamente. Os
que têm um casamento feliz sabem que a conquista deve ser diária, apesar do desgaste que ocorre
no quotidiano, conseguem manter entendimento e companheirismo.

A união saudável tem uma chave que é a da admiração. Admirar o seu par é pré-requisito de
conquista. Se não admira o seu par, deve repensar a sua escolha. Casais felizes são aqueles cuja
relação é um crescimento contínuo, mesmo através das diferenças, conseguem amadurecer.

Ambos são responsáveis pelo sucesso ou insucesso da relação. No momento da conversa, deve-se
falar da atitude, pois os ataques pessoais contaminam o relacionamento e levam a destruição do
respeito, que é justamente um pilar importante para o casal.

Comentários construtivos, carinho mútuo e alegria de estar junto são sintomas de um casal
apaixonado. Quando isso ocorre, faz muito bem para a saúde do corpo e da mente. Se não está
vivendo assim, saiba que vale a pena tentar!

56
2.5 Direitos sexuais e reproductivos

Exercício 2.12: Estudo de Caso Volvetia

A Volvetia é uma linda moça dos seus 18 anos e acaba de terminar a 12ª calasse. Fez o exame para
admissão para o curso de direito na UEM e não foi admitida. Não pode entrar numa Universidade
privada, porque os pais não podem pagar, sendo o pai reformado.
Ela de facto é linda, por isso que o Sr. Suglofe gosta muito dela, ao ponto de se oferecer em pagar os
seus estudos e acomodação em Nampula na Faculdade de Direito da UCM, pós ele tem posses, é
Director Executivo da empresa Cimentos de Moçambique. Ele em troca quer ter uma relação com
ela.
A proposta do Sr. Suglofe é tentadora, mas existe um facto muito importante, na história: ela é
namorada do filho do Sr. Suglofe que se chama Leopoldo que está a fazer o 3º ano do Curso de
Medicina, e o Sr. Suglofe sabe desta relação, e diz que não irá atrapalhar em nada, e que tudo ficará
como está.
Ela anda confusa, porque ela quer as duas coisas, (estudar e o Leopoldo), mas ela pode ter as duas
coisas se aceitar a proposta do Sr Suglofe.
O que tu farias se estivesses numa situação dessas?
Quais os direitos de cada pessoa o Sr Suglofe está a violar?

57
Direitos sexuais:

Referem-se ao direito de desfrutar uma sexualidade saudável de prazer, é essencial, pressupõem a


escolha livre, autónoma e responsável promovendo assim o respeito mútuo nas relações.

A Declaração do IPPF de 2008 (Federação Internacional de Planejamento Familiar)


 Direitos Sexuais são uma componente dos Direitos Humanos.
 São um conjunto de direitos relacionados à sexualidade, que contribui para a liberdade,
igualdade e dignidade das pessoas.
 A sexualidade, e o prazer derivado dela, são aspectos centrais do ser humano, quer a pessoa
opte por reproduzir-se ou não.
 A garantia dos direitos sexuais para todos inclui um compromisso com a liberdade e a
proteção contra danos.
 Os direitos sexuais devem estar sujeitos apenas limitações determinadas pela lei, com a
finalidade de garantir o devido reconhecimento e respeito aos direitos e liberdades de
terceiros e ao bem-estar geral em uma sociedade democrática.

As principais componentes dos direitos sexuais e reprodutivos são:

- Igualdade e equidade entre homens e mulheres a fim de permitir que os indivíduos façam
escolhas livres e esclarecido em todas as esferas da vida, sem estarem sujeitos a qualquer
discriminação forçada no sexo;

- Saúde reprodutiva e sexual como uma componente da saúde em geral, ao longo do ciclo
de vida;

- Tomada de decisão quanto à reprodução, incluindo a escolha voluntária quanto no


casamento, a formação da família, determinação do número de filhos e o direito de ter
acesso à informação e aos meios necessários para exercer uma escolha voluntária;

- Segurança sexual e reprodutiva: não sugestão à violência sexual e à coerção sexual.

58
Mensagens chave

 A sexualidade é uma componente fundamental da vida humana. É preciso viver ela com
responsabilidade e respeito pela sua própria pessoa e pelo parceiro.

 Enquanto o sexo é fixada pela natureza, os papéis de género são atribuídos pela sociedade e
mudem de uma sociedade para outro e ao longo do tempo.

 A identidade sexual é a percepção que uma pessoa tem da sua própria sexualidade.
Identidades e orientações sexuais: heterossexualidade, lésbicas, gays, bissexuais.

 A nossa sociedade considera a heterossexualidade como padrão o que causou estigma e


discriminação para pessoas com orientação e identidade sexual fora da heterossexualidade.

 Relações saudáveis baseiam-se no amor, respeito mutua e na igualdade de tomada de


decisões.

 Os direitos sexuais fazem parte dos direitos humanos e garantem a escolha livre, sem
coerção e violência, de viver a sua sexualidade se a pessoa quer se reproduzir ou não.

 A saúde sexual e reproductiva é uma componente da saúde em geral. Inclui a escolha livre
quanto no casamento, formação da família e determinação do número de filhos e o direito
de ter acesso à informação e aos meios necessários para exercer uma escolha livre.

 Dependendo da idade, pode se optar pela abstinência, fidelidade e praticas de sexo seguro
para garantir a saúde sexual própria e do parceiro, assim evitando ITSs e a infecção por HIV.

 O casal deve escolher em conjunto e em concordância com a sua consciência o método de


planeamento familiar adequado.

 O aborto não é um método de planeamento familiar moralmente aceitável. O aborto


inseguro é uma das causas principais da mortalidade materna e deve ser evitado.

 Os direitos reprodutivos são difíceis de abordar. Porque há uma carga emocional grande
envolvendo diferentes conceitos de moralidade e princípios religiosos e ainda profundos
preconceitos em relação à mulher, enraizados na cultura.

 É fácil dizer que o empoderamento da mulher é uma condição para o exercício dos direitos
reprodutivos. Na prática, isto é um longo e lento processo ao longo de gerações, que inclui a
mudança de atitudes, a educação, o progresso socio-económico e o desenvolvimento do
poder financeiro e político das mulheres.

59
Capítulo 3. Informação Básica Sobre o HIV/SIDA

Introdução

Neste segundo Capítulo gostaríamos de apresentar informação básica sobre o HIV/SIDA. Queremos-
nos levar para uma avaliação do vosso comportamento e da necessidade de melhor se prevenir do
HIV.

Objectivos do capítulo
Espera-se que no fim deste capítulo, você será capaz de:
 Diferenciar entre HIV e SIDA
 Entender as condições necessárias para a transmissão de HIV
 Compreender o que o vírus de HIV/SIDA faz no corpo
 Diferenciar entre as fases clínicas de infecção por HIV e conhecer os sintomas
 Caracterizar os métodos de fazer o diagnóstico de HIV
 Explicar as vantagens e desvantagens de fazer o teste de HIV
 Fazer uma boa escolha dos métodos de prevenção
 Caracterizar o TARV
 Entender as causas e consequências do estigma e discriminação

3.1. A epidemia global do HIV/SIDA

Desde a descoberta da SIDA em 1981, mais de 60 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV e
estima-se que cerca de 24 milhões de pessoas morreram. Segundo a UNAIDS, em 2008 a SIDA tirou
cerca de 2 milhões de vida a nível mundial enquanto estima-se que cerca de 2.7 milhões de pessoas
foram infectadas pela doença. A nível mundial, o número de pessoas actualmente vivendo com o
vírus é de aproximadamente 33.4 milhões5.

5
UNAIDS, 2009: AIDS epidemic update.
60
As infecções do HIV estão agora concentradas nos países em desenvolvimento. Dois terços de todas
as pessoas vivendo com o HIV residem na Africa Sub-Sahariana (cerca de 22.4 milhões de pessoas
em 2008). As mulheres dessa região carregam o fardo desproporcional de infecções, devido
principalmente o seu estatuto na sociedade e fraco poder de negociação de sexo seguro. Estima-se
que 1.9 milhões de pessoas morreram de causas relacionadas com a SIDA na Africa em 2008. Até ao
fim de 2005, estima-se que cerca de 12 milhões de crianças ficaram órfãs devido a SIDA na Africa
Sub-Sahariana.

Porque a SIDA foi primeiro identificado no mundo desenvolvido em comunidades que eram
marginalizadas (entre homossexuais, trabalhadoras do sexo e entre pessoas que usam drogas
intravenosas), rapidamente ela tornou-se numa doença estigmatizada. Muitos países e comunidades
responderam com medo e preconceito, e a SIDA tornou-se a doença do “outro”.

3.2 O HIV/SIDA em Moçambique

O primeiro caso de HIV/SIDA em Moçambique foi diagnosticado em 1986 na província de Cabo


Delgado na Cidade de Pemba.

Ainda neste ano, nasce uma forma de controle epidemilógico ou recolha das taxas epidemilógicas do
HIV/SIDA com base nas consultas pré-natais.
Desde 1986, o número de casos tem vindo a crescer rapidamente. Até finais de 1992, tinha sido
registado um total cumulativo de 662 casos de SIDA, passando de um total de 10.963 casos em 1998
para acerca de 1.35 e 3.20 milhões em 2002 e 2007, respectivamente. As estimativas de prevalência
do HIV, baseadas nos resultados das Rondas de Vigilância Epidemiológica (RVE) dos anos de 2001
(14%), 2002 (15%), 2004 e 2007 (16%) indicaram que a epidemia do SIDA estava se agravar no país,
ainda que na última RVE se tenham registado sinais de estabilização nas zonas centro e norte. No
entanto na zona sul, continuamos a assistir índices de incidência extremamente altos.

Em cada 7 moçambicanos 1 é portador do HIV/SIDA.

Os dados da Ronda da Vigilancia Epidemiologica baseam-se na recolha de dados em postos de


sentinela durante os cuidados pre-natais de mulheres gravidas. Normalmente a prevalencia é mais
alta neste grupo de pessoas do que na população geral.

Veja os Mapas a seguir com os resultados das Rondas de Vigilância Epidemiológica (RVE) de 2004 e
2007 por Provincia.

Mapa 1:

61
Prevalência do HIV em Moçambique entre 2004 e 2007 por Provincia

Em 2009, pela primeira vez em Moçambique, foi feito um estudo populacional com uma amostra
representativa de toda a população. Os resultados mostraram uma prevalencia nacional de 11.5%
nos adultos de 15-49 anos, muito menos do que os 16% da prevelencia da RVE de 2007. Mesmo
assim, Moçambique pertence aos 10 paises do mundo com prevalencia mais alta de HIV e enquanto
a percentagem das PVHS reduziu, o numero total das pessoas vivendo com HIV aumentou.

Mapa 2:

62
Prevalência do HIV em Moçambique entre 2009 por Provincia

3.3 Origem do HIV


Os primeiros sinais de uma nova doença fatal que mais tarde ficou conhecida como por SIDA foram
observados nos Estados Unidos da América em 1981. Mas foram vários anos antes que os cientistas
fossem capazes de descobri um vírus específico, que eles chamaram de HIV, como o factor comum
em todas as pessoas com essa doença.

Inicialmente, essa doença foi observada principalmente em homens homossexuais. Isto levou ao
equívoco de que a SIDA era uma doença apenas de homens gays e uma nova onda de preconceito e
discriminação contra gays e lésbicas se seguiram.

Mas o HIV não é transmitido apenas por sexo gay. HIV pode ser transmitido por qualquer tipo de
comportamento sexual (homo ou heterossexual) se as precauções, tais como o uso de preservativos,
não foram tomadas. Na África Sub Sahariana, a maioria das infecções por HIV são devido a relações
heterossexuais. No entanto, os gays ainda são muito afectados por causa da discriminação enraizada
63
contra gays e lésbicas, e a falta de recursos que estão disponíveis para os gays para prevenir a
infecção pelo HIV.

Hoje, os cientistas ainda não sabem por que o HIV, de repente apareceu na década de 1980.
Algumas teorias apontam para símia do vírus da imunodeficiência (SIV), que é encontrado em
macacos. SIV partilham muitas características comuns com o HIV. O HIV ‘e um vírus de rápida
mutação e HIV poderia muito bem ter transformado a partir de SIV. HIV tem sido detectado em
amostras de sangue que remonta à década de 1930 na África Central e Ocidental, e os cientistas
especulam que SIV pode ter sido atravessado a fronteira entre espécies de macacos e seres
humanos durante esse período.

Embora os cientistas não podem localizar a origem do HIV, eles sabem que tipos de práticas levam à
infecção pelo HIV. Eles ainda não têm a cura para a SIDA, mas eles sabem como tratar muitas das
infecções oportunistas causadas pelo HIV, de modo que eles podem fazer as pessoas viverem mais e
melhor vida. E, claro, ARV pode reduzir drasticamente a carga viral do HIV no sangue de uma pessoa,
fazendo o possível para reduzir e até eliminar algumas das infecções oportunistas que têm sido
associadas ao HIV.

Exercício 3. 1. Mitos e preconceitos sobre o HIV


Marque falso ou verdadeiro as seguintes frases e explique as razoes num debate.

a. HIV/SIDA tem cura


b. Manter Relações sexuais com virgem pode curar o HIV/SIDA
c. Ter HIV/SIDA significa que morrera cedo
d. Pessoa com tuberculose tem HIV/SIDA
e. Poder se infectar pelo HIV, quando manter relações sexuais pela primeira vez ou com alguém
que já teria mantido relações sexuais pela primeira vez.
f. Pode se infectar pelo HIV com uma pessoa que aparenta estar saudável
g. Pode se infectar pelo HIV por picada de mosquito
h. Pode se contrair HIV através de agua ou inundações
i. HIV pode ser transmitido através de tossir ou aspirar
J. Pessoas com HIV não precisam usar preservativos durante a relação sexual, se os seus parceiros
são também HIV positivo.
l. Se uma pessoa HIV positiva estiver em tratamento antiretroviral ele ou ela não poderá infectar
os outros.
64
3.4 Factos Clinicos Básicos

O que é HIV?

H = humano
I = imunodeficiência
V = vírus

 HIV é o vírus que causa a SIDA.


 O sistema imunológico é o sistema de defesa do corpo, que o protege de doenças.
 O vírus ataca o sistema imunológico e enfraquece-o.
 A infecção pelo HIV torna o sistema imunológico deficiente e a pessoa infectada fica doente

O que é a SIDA?
S= sindroma (colecção de várias doenças e sintomas)
I= imuno (sistema de defesa do corpo)
D= deficiência (fraqueza, falha ou sistema imunológico inadequado)
A= adquirida (apanhar de alguém)
 Se alguém está infectado com o HIV diz-se que ele/a é HIV positivo/a.
 SIDA é a fase final da infecção do HIV.
 Nesta fase várias doenças atacam e enfraquecem o corpo.
 Essas doenças são chamadas infecções oportunistas.
 Uma infecção de HIV não é uma sentença de morte. Uma pessoa pode viver uma vida
positiva e produtiva com o HIV durante muito tempo.

65
Transmissão

O HIV é encontrado em todos os fluidos do corpo de uma pessoa infectada. Os fluidos corporais
podem ser divididos em aqueles que contem quantidade suficiente do vírus para facilitar a infecção.
Estes são:

 Sémen
 Fluidos/secreções vaginais
 Sangue
 Leite de peito.

Existem outros fluidos corporais que não contêm quantidades suficientes do vírus para serem
infecciosos. Esses são:
 Saliva
 Suor
 Lágrimas
 Urina

Condições Básicas para que ocorra a infecção pelo HIV


Condições para ocorrer uma infecção
Existem quatro condições básicas para que ocorra a infecção pelo HIV
Um fluído corporal com HIV de uma pessoa

Suficientes quantidades de vírus no fluído

Entrada na corrente sanguínea da outra pessoa

Existir uma actividade humana que crie oportunidade para a ocorrência da infecção
Nota: Se essas quatro condições não existirem, não há possibilidade de infecção.

66
Simulação de quantidades de HIV contida nos fluidos Corporais

☺☺☺☺☺☺
☺☺☺☺☺☺
☺☺☺☺☺☺
☺☺ ☺☺☺
☺☺☺
☺☺

Sangue, Sémen, Secreções Vaginais Leite materno Suor, Saliva, Urina

Vias de transmissão

O HIV é mais frequentemente espalhado por via de contacto durante a penetração sexual
desprotegida com um parceiro infectado/a. O vírus pode entrar no corpo através da superfície da
vagina, vulva, pénis ou recto durante as relações sexuais. O HIV também é espalhado através de
contacto com sangue infectado. Nesses casos pessoas que usam drogas frequentemente espalham
HIV partilhando agulhas ou seringas contaminadas pelo sangue de alguém que esteja infectado pelo
vírus. Transmissões de pacientes para agentes de saúde ou vice-versa por via de picadas acidentais
com agulhas ou outros instrumentos médicos são raros. As mulheres podem transmitir o HIV para os
seus bebes durante a gestação (atravessando a placenta), durante o parto e através da
amamentação (transmissão vertical da mãe para o filho).

Para que uma infecção pelo HIV ocorra, duas coisas devem acontecer:
 O vírus deve encontrar uma maneira de entrar na corrente sanguínea.
 O vírus deve se estabelecer no corpo.

Isso é mais provável acontecer se existir suficiente vírus no fluido e quanto mais tempo uma pessoa
fica exposta ao vírus.

67
Uma boa maneira de pensar acerca disso é pensar na fórmula QQR6:

Q = quantidades suficientes do vírus (ex. sémen, fluidos vaginais, sangue ou leite materno). A
concentração do HIV é mais alta no sangue, seguido pelo sémen e depois pelos fluidos vaginais. Dos
quatro fluidos corporais a concentração do HIV é mais baixo no leito materno.

Q = Qualidade. O HIV é muito frágil e preciso dum meio adequado para sobreviver. Não sobrevive
fora do corpo humano, i.e. no ar e sol. Também não aguenta ácidos, detergentes ….

R = Rota ou contacto entre a corrente sanguínea de uma pessoa infectada com a corrente sanguínea
duma pessoa não infectada. A duração à exposição também é um factor relevante: deve ser longa e
suficiente (o risco da infecção aumenta, quanto mais tempo a pessoa fica exposta ao vírus).

Se uma destas condições não existe, não é possível a contaminação pelo HIV!

Factos sobre sexo seguro


Sexo seguro significa não receber sangue, sémen ou fluidos vaginais de outra pessoa no seu
organismo, bem como proteger o seu parceiro durante o acto sexual. Geralmente, a prática sexual
pode ser vista num contexto contínuo daqueles que contém um elevado risco de infecção para
aqueles que correm pouco ou nenhum risco de infecção. A forma mais óbvia de evitar a infecção
pelo HIV é a abstinência, que significa não praticar sexo. Outra forma de reduzir o risco é limitar o
sexo a uma relação monógama com um parceiro não infectado. Manter relações sexuais com vários
parceiros é arriscado mas usar o preservativo vai significativamente reduzir o risco. Escolher actos
sexuais que sejam menos arriscados que outros também ajudam (veja abaixo).

Lembrem-se que sexo seguro deve ser um acordo mútuo por ambas as partes no sentido de tornar a
relação sexual mais interessante e agradável. Quando você e o seu parceiro decidirem ter relações
sexuais, certifique-se que você toma decisões informadas acerca de como obter satisfação sexual
enquanto reduz o seu risco.

Exercício 3.2: Sexo Seguro


Determine o nível de risco de transmissão de HIV e explique a sua reposta na base do QQR.
6
Labouchere, Peter, 2007: Manual do Utilizador. Pontes de Esperança. Maputo.
68
Variáveis Praticas de Sexo

Alto Risco Médio Risco Baixo Risco Sem Risco

Penetração vaginal sem preservativo

Sexo oral a um homem sem usar preservativo

Sexo oral a uma mulher usando um meio de protecção

Partilhar agulhas, tesouras, laminas, ou um objecto


cortante que pode perfurar a pele

Fantasias sexuais

Masturbação e Masturbação mutual

Sexo oral a uma Homem sem um meio de protecção

Penetração Vaginal ou oral com preservativo


correctamente usado e com validade.
Abstinencia

Abraço e roço de corpos

Monogamia – dependendo do comportamento do seu


parceiro.

Beijo (francês) profundo com língua

Massagens Eróticas

Praticas sexuais e o risco de infecção por HIV

Risco elevado

 Penetração vaginal ou anal sem preservativo


 Partilhar brinquedos sexuais desprotegidos
 Partilhar agulhas, lâminas ou qualquer outro objecto afiado que possa perfurar ou cortar a pele.

69
Algum risco

 Fazer sexo oral a um homem sem preservativo


 Fazer sexo oral a uma mulher que não esteja usando nenhuma barreira
 Penetração vaginal ou anal com preservativo. O risco depende de como o preservativo é usado,
o seu tempo de vida e o tipo de lubrificante usado.
 Monogamia – depende do comportamento do seu parceiro.

Baixo risco

 Fazer sexo oral a um homem com preservativo


 Fazer sexo oral a uma mulher com barreira

Sem risco

 Abstinência
 Massagem erótica
 Abraçar e acariciar o corpo
 Beijo
 Masturbação e masturbação mútua
 Fantasia.

Exercício 3.3: Historia de Vida – Yolanda

A Yolanda nasceu e cresceu em Chipangara, um Bairro sub-urbano da Beira. Ela é a mais velha de
quatro crianças na faixa etária 10-20 anos. Seu pai e sua mãe se divorciaram por causa de suas
infidelidades, quando Yolanda tinha 12 anos. Sua mãe nunca foi capaz de assegurar a manutenção
dele. Yolanda foi forçada a deixar a escola na 8ª classe para que ela pudesse ganhar um dinheiro.
A Mãe da Yolanda não trabalha, porque ela tem problemas de saúde. Yolanda vende roupas de
porta em porta para ganhar dinheiro. Sua mãe grita com ela se ela volta para casa de mãos vazias.
Yolanda nunca sentiu que um dos seus pais a amava. Quando ela tinha 18 anos, Yolanda conheceu

70
Victor, um homem de 28 anos. Ela o via como um amigo e uma fonte de estabilidade e dinheiro.
Victor parecia bem sucedido e ele era muito charmoso. Yolanda se apaixonou, mas sentiu que não
estava pronta para ter um filho. Ela começou usar anticoncepcionais. Ela tinha receio de que Victor
tivesse outras namoradas, mas nunca poderia prová-lo. Yolanda ficou grávida aos 19 anos. O bebê
morreu de pneumonia quando tinha 3 meses. Yolanda ficou devastada - o bebê era sua vida.
Pouco depois de seu bebê morrer, Yolanda descobriu que tinha um ITS - herpes. Ela fez um teste de
HIV e descobriu que ela era HIV positiva. Ela decidiu que o relacionamento com Victor acabou e ela
disse a mãe que ela era HIV positiva. Sua mãe disse a alguns de seus amigos sem consultar Yolanda.
Muito em breve Yolanda era incapaz de fazer seu trabalho vendendo porque os clientes fechavam as
portas na cara dela. Ninguém queria ter conversa com ela.
Apos ter lido o estudo de caso, quais as implicações do do HIV em diferentes níveis?
Considere o seguinte:
a) As implicações sociais
b) Implicações emocionais
c) As implicações financeiras
d) Implicações Legais
e) Implicações Sexuais
f) As implicações médicas
g) Implicações espirituais

71
A progressão da infecção por HIV no corpo

O HIV torna o sistema imunológico duma pessoa infectada cada vez mais deficiente e assim a pessoa
tem mais risco de contrair doença. Para perceber a progressão do vírus e o tratamento temos que
ser familiarizados com alguns termos:

Contagem das células CD4 (T4)

O HIV exerce largamente o seu efeito no sistema imunológico destruindo as células CD4 (ex. Células
T ou ajudantes das células T), que são células críticas que ajudam o corpo a lutar contra infecções. A
contagem normal das CD4 varia de 600 a 2000 células/mm 3. Geralmente diz-se que uma pessoa tem
SIDA quando a quantidade do CD4 cai para 200 ou abaixo disso. A contagem do CD4 é um dos
marcadores mais valiosos e importantes do estado da imunidade de uma pessoa com HIV/SIDA.

Carga viral do HIV

A carga viral é a medição de quanto HIV existe no corpo. Quanto mais alta a carga viral, mais
rapidamente o sistema imunológico da pessoa será danificado pela destruição das células CD4. Uma
subida da carga viral indica uma doença do HIV muito activa. Também, uma carga viral elevada pode
conduzir a uma maior chance de mutação do HIV, que é resistente à medicação.

O gráfico abaixo mostra o que acontece com as células CD4 e a carga viral ao longo da infecção com
HIV.
1a fase: infecção primária – nas primeiras 12 semanas depois da infecção ocorre uma propagação
rápida do HIV, mas o sistema de defesa consegue controlar e diminuir a carga viral (quantidade de
vírus). O teste de HIV ainda pode ser negativo, mas o portador pode transmitir o vírus a outra
pessoa.
2 a fase: fase latente sem sintomas clínicos, a duração varia entre 2 e 10 anos, a carga viral continua
baixa e depois aumenta lentamente, as células CD4 diminuem lentamente, o teste de HIV é positivo
3 a fase: fase sintomatico em que aparecem doenças oortunistas.
4ª faste: SIDA, as células CD4 diminuem ainda mais e a carga viral aumenta. Na fase terminal o teste
de HIV pode por vezes ser negativo devido à falta de resposta imunológica (anticorpos).

72
Ilustração 1: As células CD4 e a carga viral ao longo da infecção com HIV

semanas anos

Fonte: Labouchere, P., 2010: Manual de Utilizador. Pontes de Esperança. Diapositivo 8, p.116.

Estágios clínicos da infecção por HIV

Algumas semanas após a infecção do HIV, a pessoa poderá ter sintomas parecidos com os da gripe.
As vezes isto é chamado doença de sero conversão. Depois disso passa-se uma média de 5 a 7 anos
sem um outro sinal de infecção – embora esse demora pode variar de alguns meses a 10 anos.
Contudo, mesmo que o indivíduo não tenha sintoma nenhum, o vírus ainda esta a multiplicar-se no
seu organismo e podem passar para outras pessoas. Sintomas ligeiros podem ocorrer quando o
sistema imunológico começa a enfraquecer (muitos desses podem ser eficazmente tratados ou
prevenidos) mas eles tornam-se mais graves quando se alcança a fase da SIDA da infecção do HIV.

73
Tabela: Sintomas frequentes nas fases clínicos da infecção por HIV

Fase clínica Sintomas


Infecção primária  Febre,
 Cansaço,
 Erupções cutâneas,
 Garganta dolorida,
 Dores nos músculos ou articulações,
 Glândulas linfáticas inchadas
Fase assintomática  Inchaço crónico das glândulas linfáticas
 Herpes zoster
 Febres ocasionais
 Erupções cutâneas
 Infecções nas unhas por fungos
 Ulcerações orais recorrentes
 Infecções no trato respiratório superior recorrentes
 Perca de peso.
Fase sintomática  Afta presistente na boca e na vagina (nas mulheres)
 Leukoplakia cabeludo (placas brancas) na língua
 Herpes zoster e herpes simplex
 Acne como infecções bacterianas da pele
 Febres e suores nocturnos persistentes ou inexplicáveis
 Erupções cutâneas
 Inchaço generalizado das glândulas linfáticas
 Diarreia persistente
 Perda de peso em mais de 10% do peso do corpo
 Reactivação da TB.
SIDA  Erupções cutâneas e condições da pele
 Infecções respiratórias
 Candidiase genital e oral
 Diarreia contínua
 Náuseas e vómitos
 Emagrecimento e perda dos tecidos
 Dores e formigueiro nas mão e pés
 Dores de cabeça, convulsões
 Cansaço, fatiga e fraqueza
 Perda de memória e de concentração; deterioração e confusão mental
 Qualquer número de infecções oportunistas tais como:
o Mycobacterium TB
o Citomegalovirus (CMV)
o Pneumocystis carinii pneumonia (PCP)
o Toxoplasmosis

74
o Cryptococcal meningitis
o Sarcoma de Kaposi (SK)
o Lymphoma.

3.5. Aconselhamento e Testagem em Saúde

Exercício 3.4: Atitudes e medos de fazer o teste de HIV


Peça aos estudantes para listar os medos ou as atitudes que impedem as pessoas de serem testadas.
Não convide comentário, basta perguntar aos estudantes para listar os motivos, que normalmente
incluem o seguinte:
 HIV / AIDS acontece com outras pessoas
 Eu sou saudável, então não preciso fazer o teste.
 Não tenho HIV/SIDA, estou protegido tradicionalmente
 Prefiro não conhecer o meu estado.
 Eu tenho medo de como minha vida vai mudar.
 O meu resultado não será mantido em sigilo
 Esperando e receber o resultado é muito traumático.
 Estou com medo de ser estigmatizado e isolado.
 Um resultado positivo é uma sentença de morte.
 Tenho muito a perder.
 Eu vou morrer em algum dia, então por que se preocupar.

Uma vez que os estudantes deram suas respostas, reveja cada razão, cada medo ou o motivo e peça
o grupo para comentar sobre o que eles mencionaram se justifica ou é realmente um motivo para
não fazer o teste.

ou

Imagina você foi ao UATS e saiu com resultado HIV positivo:


- Como você se sentiria?
- Qual seria a primeira coisa para fazer?
- Com quem falava?
- O que mudaria no seu plano de vida

75
3.5. 1. Como é que o HIV é diagnosticado?

O rastreamento para e o diagnóstico do HIV é actualmente feito testando para um anticorpo HIV. Os
anticorpos são a resposta do corpo à infecção. Normalmente os anticorpos começam a aparecer no
sangue algumas semanas depois de a pessoa estar infectada com o HIV. O teste anticorpo do HIV
detecta a presença do HIV no sangue ou na saliva. É mais fácil e mais barato detectar anticorpos
para HIV do que testar para o próprio vírus.

Você pode ser testado para mostrar se você esta infectado com o HIV ou não. Os seguintes testes de
sangue podem ser usados para diagnosticar HIV:
 Teste rápido: um teste anticorpo que pode ser executado fora do laboratório. Os resultados
estão disponíveis dentro de minutos. Em Moçambique estão em uso dois tipos de teste rápido: o
UNIGOLD e o DETERMINE.
 Teste ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay): procura anticorpos contra HIV. O sangue é
retirado de uma pessoa e enviado para um laboratório para testagem. Os resultados estão
disponíveis em 1-3 dias.
 Western Blot: pode confirmar um teste ELISA positivo. Também é um teste de laboratório.
 P24 antigen test: mede as proteínas do vírus
 PCR: detecta material genético viral
 Teste de saliva: um teste rápido e fácil para HIV usando saliva – ele testa para os anticorpos do
HIV e funciona nos mesmos princípios do teste rápido.

Novos testes permitem a identificação de infecções recentes usando amostras de sangue (incluindo
manchas de sangue).

Testes rápidos são muito úteis em áreas do pais que não tem muitos recursos, onde as pessoas estão
muito removidas dos laboratórios de diagnóstico e onde muitas vezes os clientes não se podem dar
ao luxo de voltar para os resultados. Testes rápidos são muito confiáveis (97%).

A pessoa deve pedir para ser testado para o HIV ou a pessoa deve dar seu consentimento, a fim de
ser testado. O Resultado do Teste e confidencial.

76
Um resultado negativo significa: Um resultado negativo significa que (i) você não tem o HIV ou (ii)
Se tiver sido infectado recentemente e seu corpo ainda não produziu anticorpos suficientes para ser
detectado em um teste de sangue. Você pode estar no período de janela de infecção . Um teste
negativo não significa que é imune ao HIV. Se sabes que estiveste exposto ao HIV ( Isso significa que
teve sexo desprotegido com o parceiro HIV Positivo).

Um resultado positivo significa: Um teste positivo significa que foram encontrados anticorpos no
sangue e o HIV esta está no corpo. O teste não pode dizer quando a pessoa se infectou. Se um
resultado de teste rápido for resultado positivo, esse teste deve ser confirmado com um teste
confirmatório. Se o teste confirmatório volta negativa, um terceiro teste é usado.

Um resultado indeterminado: Um resultado indeterminado pode significar um falso-positivo devido


a razões biológicas ou um verdadeiro positivo de infecção recente que ainda não desenvolveu
anticorpo contra a infecção.

O Período de janela

O período de janela é o período entre a infecção do HIV e o aparecimento de anticorpos detectáveis


ao vírus. Em casos de testes mais sensíveis de anticorpos HIV actualmente recomendados, o período
janela é de 3 a 4 semanas. As vezes este período pode ser mais longo (aproximadamente 6 semanas)
caso alguém use testes menos sensíveis. Em alguns casos o período janela pode ser até 12 semanas.
Nesses últimos casos qualquer teste ao sangue (tais como ELISA, testes rápidos e o Western Blot)
conduzidos durante o período janela pode dar falsos resultados negativos. Isto significa que embora
o vírus esteja presente no sangue de uma pessoa ainda não existem anticorpos (detectáveis) no
sangue. Nestes casos os testes erroneamente mostram que a pessoa não está infectada. Neste
período a pessoa já é infecciosa e pode infectar outras pessoas sem saber.

3. 5. 2 Vantagens e desvantagens de fazer o teste de HIV

Vantagens
 Quanto mais rápido uma pessoa descobrir que está infectada com HIV, mais poderá fazer para
abrandar a doença.
 Ter acompanhamento medico e apoio social
 Viver mais longo
 Evitar se reinfectar –se, reinfectar a parceira

77
 Controlar as infeccoes oportunistas
 Monitoramento do sistema imunológico e tratamento precoce pode melhorar significativamente
sua saúde a longo prazo.
 Sabendo que você está positivo pode ajudar a mudar comportamentos que iria colocar a si
mesmo e aos outros em risco.
 Você vai saber se você pode ou não infectar outras pessoas.
 As mulheres e seus parceiros, considerando a gravidez pode tirar proveito dos tratamentos que
potencialmente prevenir a transmissão do HIV para o bebê.
 Se você for negativo, você pode se sentir menos ansioso após o tes

Desvantagens
 Pode provocar de stress, ansiedade ou depressão.
 Algumas pessoas com teste negativo pode continuar ou aumentar comportamentos não
seguros, o que aumentaria o risco de infecção pelo HIV.
 Algumas pessoas têm medo de que os resultados dos testes terá em mãos erradas, e que a
discriminação pode resultar.
 Culpabilizar-se ou culpar os outros pelo resultado positivo
 Algumas pessoas tem receio de serem estigmatizados a e descriminacao.
http://www.livestrong.com/article/14321-the-benefits-of-hiv-testing/#ixzz18eWAfIMA

3.5.3 Onde fazer o teste de HIV

Onde posso ser testado?

Em 2006 existiam 355 ATS em Moçambique. Existe pelo menos um ATS em cada distrito. Este
número está a aumentar.

3.5.4 Aconselhamento

O Aconselhamento é, segundo PATTERSON E.L. e EISEMBERG S. (2003): “ capacitar o cliente a ter


maior domínio sobre as situações da vida, a adoptar posturas que promovam o crescimento pessoal
e a tomada de decisões mais satisfatórias e eficazes. Como resultado, o processo de aconselhamento
deve aumentar o controlo do indivíduo, tanto sobre as adversidades, como sobre as oportunidades
presentes e futuras.
Tipos de aconselhamento no âmbito de ITS/HIV/SIDA
78
1. No Aconselhamento Pré-teste

a) Reafirmar o caráter confidencial e o sigilo das informações;

b) Trocar informações sobre o ITS/HIVSIDA, os testes, significado dos possíveis resultados do teste
e o impacto na vida de cada usuário;

c) Considerar as possíveis reações emocionais que venham a ocorrer durante o período de espera
do resultado do teste e reforçar medidas de prevenção neste período;

d) Reforçar a necessidade de tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is);

e) Enfatizar a relação entre DST e HIV/SIDA;

f) Explorar qual o apoio emocional e social disponível (família, parceiros, amigos, trabalho e
outros);

g) Avaliação de riscos: explorar as situações de risco de cada usuário e medidas de prevenção


específicas;
h) Assegurar-se do caracter voluntário na para a realização do teste

2. No Aconselhamento Pós-teste

Reafirmar o caráter confidencial e o sigilo das informações.

Diante de Resultado Negativo:

a) Lembrar que um resultado negativo não significa imunidade;

b) Lembrar que um resultado negativo significa que a pessoa (1) não está infectada ou (2) está
infectada tão recentemente que não produziu anticorpos para a detecção pelo teste;

c) Avaliar a possibilidade de o usuário estar em janela imunológica e a necessidade de retestagem;

d) Rever a adesão ao preservativo e a não compartilha de agulhas, seringas e todos outros


instrumentos cortantes;

e) Definir um plano viável de redução de riscos que leve em consideração as questões de gênero,
vulnerabilidade para o HIV, diversidade sexual, uso de drogas e planeamento familiar.

Diante de Resultado Positivo:

a) Permitir ao usuário o tempo necessário para assimilar o impacto do diagnóstico e expressar seus
sentimentos, prestando o apoio emocional necessário;

b) Lembrar que um resultado positivo não significa morte, ressaltando que a infecção é tratável
sem custos;

79
c) Reforçar a necessidade do uso do preservativo e a não compartilha de instrumentos cortantes,
lembrando a necessidade de redução de riscos de reinfecção e transmissão para outros;

d) Enfatizar a necessidade de o resultado ser comunicado ao(s) parceiro(s) sexual(is);

e) Orientar quanto à necessidade de o(s) parceiro(s) sexual(is) também realizarem teste;

f) Contribuir para um plano viável de redução de riscos que leve em conta as questões de gênero,
vulnerabilidade, planeamento familiar, diversidade sexual e uso de drogas;

g) Referenciar o usuário para os serviços de assistência necessários, incluindo grupos comunitários


de apoio, enfatizando a importância de acompanhamento médico, psicossocial periódico, para a
qualidade de vida;

h) Agendar retorno.

Diante de Resultado Indeterminado:

a) Lembrar que um resultado indeterminado significa que deve ser coletada uma nova amostra
após 30 dias da emissão do resultado da primeira amostra;

b) Reforçar a adopção de práticas seguras para a redução de riscos de infecção pelo HIV e por
outras ITS;
c) Considerar com o usuário possíveis reacções emocionais que venham a ocorrer durante o
período de espera do resultado do novo teste.

80
3.6. Prevenção

Exercício 3.5: Identifica pelo menos 5 métodos de prevenção.


Complete a tabela a seguir:
Método de prevenção Vantagens Desvantagens Crenças pervalentes

Qual a sua escolha?

Métodos de prevenção comportamentais e biomédicas

Em 2008 o Conselho de Ministros aprova a Estratégia de Aceleração da Prevenção da Infecção pelo


HIV. A Estratégia de Aceleração da Prevenção da Infecção pelo HIV define 8 áreas prioritárias de
acção:

 Aconselhamento e Testagem em Saúde

 Pratica do sexo seguro e uso dos preservativos: O uso correcto e consistente do preservativo é
um método 98% eficaz de prevenção da infecção.

 Trabalho com grupos de Alto Risco: jovens, mulheres, trabalhadores de sexo, grupos de alta
mobilidade

 Detecção Precoce e Tratamento das Infecções de Transmissão Sexual

 Circuncisão Masculina: a CM reduz o risco de infecção por HIV do homem por 60%.

 Prevenção da Transmissão Vertical (Transmissão da Infecção da Mãe para o Bebé)

 Acesso ao Tratamento anti-retroviral: O TARV contribui para a prevenção. Mais pessoas em


tratamento significam mais saúde destas pessoas e redução da carga viral. Assim tornam-se
menos infecciosas.

 Biossegurança

Desafios da Mudança de comportamento


Mais do que 50% da população Moçambicana está abaixo dos 20 anos de idade.
81
 Os jovens tem muita energia, são muito activos, mas tem pouca experiencia.
 Idade – em combinação com o desenvolvimento biológico e emocional.
 Inclinação a experimentar o sexo.
 Geralmente eles acreditam na invulnerabilidade (“isso não pode acontecer comigo”).
 Dependência financeira em outras pessoas.

Dados do Relatório de Progresso da UNGASS de 2006 indicam uma iniciação precoce da actividade
sexual. Em 2003, 50% dos jovens Moçambicanos já tinham mantido relações sexuais ate a idade de
16 anos, e há uma tendência que a actividade sexual começa mais cedo em cada geração.

96 % dos masculinos e 50% dos femininos do grupo etário de 15-19 anos tinham relações sexuais
com um parceiro que não vivia na mesma casa ou era o marido, enquanto entre pessoas de 20-24 as
percentagens são 70% para masculinos e 27% para femininos. O relatório também indica que em
2003 das pessoas entre 15 a 24 anos 33% dos masculinos e 29% dos femininos usou camisinha
durante a relação sexual ocasional. Estas percentagens aumentaram de 13% dos masculinos e 6%
dos femininos em 1997. (UNGASS Report 2003-2005, p.26, 28)

A maior barreira para alcançar a prevenção do HIV é o facto de o comportamento humano ser
complexo e influenciado por uma variada de factores pessoais, sociais e estruturais. A isto associa-se
o medo, a recusa e a ignorância. Os esforços para a prevenção do HIV têm sido acima de tudo
prejudicados pelo silêncio trazido pela não-aceitação e estigmatização que se associam a doença.

Também existe o perigo de que a provisão em grande escala dos ARVs possa prejudicar os esforços
da prevenção. Este pessimismo pode piorar no caso as pessoas olhariam para o TARV como a solução
da cura da infecção do HIV. Escassos recursos para a prevenção da infecção do HIV também poderão
ser divergidos para a provisão dessas drogas.

Alcançar uma mudança do comportamento sexual é uma tarefa complexa, que requer a
implementação de abordagens intersectoriais em todos os níveis da sociedade e sustentáveis por um
número considerável de anos.

3.7. Prevenção da Transmissão de Mãe Para Filho (Prevençao da Transmissão Vertical - PTV)

Há três fases em que o HIV pode ser transmitido de uma mulher HIV+ para o seu bebé: durante a
gravidez, durante o parto e através da amamentação. Sem tratamento, 3 ou 4 dos 10 casos irão
provavelmente ficar infectados com o HIV, e os outros 6 ou 7 serão HIV negativos. Com

82
conhecimento, tratamento e cuidados adequados, envolvendo tanto a mãe como o pai, o risco pode
ser reduzido a 1 ou menos em cada 10 casos.

Tem havido grandes progressos na prevenção da transmissão vertical. Mulheres grávidas podem
receber uma combinação de drogas anti-HIV durante a gravidez, trabalho de parto e ao dar a luz no
sentido de reduzir a sua carga viral e desse modo reduzir o risco de transmissão para o bebé.

Tratamento
Como pode uma mulher HIV positiva reduzir o risco de infecção para o seu bebé?
Se a mãe não é seropositiva, deve prevenir-se do HIV e SIDA.
É importante que use sempre o preservativo durante a gravidez e a amamentação
Utilizar AZT + 3TC+ NVP (anti-retrovirais): AZT desde 28 semanas de gravidez
AZT+3TC durante o parto e até 7 dias depois do nascimento e NVP intra-parto
Não fazer aleitamento misto. Ou alimentá-lo exclusivamente de leite materno ou de leite
artificial.
É possível reduzir o risco de transmissão aplicando práticas de alimentação apropriadas.

Significado de Aleitamento Materno Exclusivo (AME).

Aleitamento materno exclusivo significa alimentar o bebé SOMENTE com leite materno e nunca dar
mais nada ao bebé para beber ou comer, nem mesmo água, chá, papas etc, excepto gotas ou
xaropes de vitaminas, suplementos de vitaminas ou medicamentos.
O AME é, geralmente, recomendado até que o bebé complete 6 meses
O aleitamento materno requer alimentar o bebé, pelo menos, 8 a 10 vezes por dia.

Vantagens e Desvantagens do Aleitamento Materno Exclusivo

a) Vantagens do aleitamento materno exclusivo


b) O leite materno é o alimento perfeito e protege os bebés de doenças como diarreia e
pneumonia.
c) O leite materno fornece toda a água e o alimento que o bebé necessita para ter uma boa saúde,
crescimento e desenvolvimento. Não precisa de nenhum outro líquido ou comida durante os
primeiros 6 meses.
d) Alimentar o bebé apenas com o leite do peito até os 6 meses ajuda-a a recuperar-se do parto e
protege-a de engravidar tão cedo.
e) O leite materno é grátis, está sempre disponível e não precisa de qualquer tipo de preparação.
83
f) Se for seropositiva, alimentar o bebé somente com o leite materno nos primeiros meses pode
diminuir a probabilidade do bebé também ficar infectado com o vírus.
g) O aleitamento materno proporciona um maior contacto entre mãe e filho, o que aprofunda os
seus laços emocionais.

Lembre-se: quase todas a mães têm leite suficiente para alimentar os seus filhos.

Dificuldades do aleitamento materno exclusivo:

A família, amigos ou vizinhos podem pressioná-la para dar água e outros líquidos.
Alimentos ao bebé enquanto o amamenta. Esta prática, conhecida como alimentação mista, pode
aumentar o risco de diarreia e outras infecções.
Pode ser difícil amamentar exclusivamente o bebé com leite do peito se você trabalha fora de casa e
não pode levá-lo consigo.

Se você é seropositiva:
O bebé está exposto ao vírus durante o aleitamento. O vírus pode passar para o bebé através do
leite do peito. O risco torna-se maior se a mãe desenvolve sintomas de SIDA ou é re-infectada com
outra estirpe do vírus enquanto amamenta.

Alimentação Mista na Transmissão Vertical

Alimentação mista significa dar ao bebé entre os 0-6 meses outros alimentos para além do leite
materno. Este tipo de alimentação pode prejudicar o estômago e intestinos, facilitando a entrada do
HIV no corpo do bebé.
Os bebés que fazem alimentação mista nos primeiros 6 meses estão 4 vezes mais propensos a serem
infectados pelo HIV do que aqueles que fazem amamentação exclusiva durante o mesmo período.

3.8. Profilaxia Pôs Exposição - PPE

PPE é um tratamento de curta duração com medicamentos anti-retrovirais a fim de evitar a


contaminação pelo HIV depois de uma exposição acidental ao HIV.
Em Moçambique os seguintes grupos têm direito a aplicação gratuito do PEP:
 Trabalhadores de saúde que tenham sido picados por agulhas ou outros cortantes dando a eles
ARV dentro de uma hora depois da picada e depois durante 28 dias depois disso.
84
 Sobreviventes de abuso e violação sexual – (qualquer contacto sexual desprotegido e não
desejado, independentemente da idade ou do sexo da vítima). Para ter efeito deve ser iniciada a
profilaxia com ARV o mais rapidamente possível, nunca depois de 72 horas após o contacto e
deve continuar durante 28 dias.

Outras considerações importantes:

 Aconselhamento: os sobreviventes de violações devem receber aconselhamento que seja


específico ao PEP e aconselhamento integrado nos cuidados pós-violação (aconselhamento de
trauma, VCT, aconselhamento sobre o regime da droga, aconselhamento sobre a gestão do
stress).
 A testagem de ITS para a vítima da violação é importante uma vez que o TARV não cura ITSs.
 Medicação para prevenir gravidez também é importante – as tão chamadas “pílulas do dia
seguinte”.
 Não é recomendável fazer esta profilaxia várias vezes. Não é um método de prevenção!

O que posso fazer após uma exposição acidental ao HIV?


Tratamento imediato da ferida:
Se for uma lesão percutânea, por exemplo: Limpar a ferida imediatamente depois
picada de agulha, corte com objectos pérfuro- do acidente com água limpa e sabão
cortantes
Se for uma projecção mucosa, por Realizar a lavagem prolongada da
Exemplo: um salpico de sangue em Mucosa com soro fisiológico ou água
Olhos, boca, nariz Limpa

Em seguida, o trabalhador da saúde deveria informar imediatamente o ocorrido ao responsável pelo


sector. Isto é muito importante, pois caso haja algum risco de o trabalhador adquirir o HIV é indicada
uma profilaxia pós-exposição.
De que forma é possível minimizar a exposição a riscos biológicos?
Precauções Universais
Tratar todo o sangue humano e outros fluidos corporais como potencialmente infectante.
Adoptar medidas e métodos que permitam a menor exposição possível de um trabalhador a
materiais com potencial infectante.

Equipamentos de Protecção Individual - EPI


Uso de vestuário ou equipamento especial destinado a protecção do trabalhador

85
Batas de Laboratório (mangas compridas)
Óculos de protecção contra salpicos ou vaporização.
Luvas – calçadas para proteger as mãos e também o pulso onde são comuns arranhões do
relógio.
Luvas
As luvas devem ser colocadas cuidadosamente e retiradas sem contacto com dedos não
calçados ou dentes.
O uso correcto das luvas pode reduzir em até 50% o volume de material infectante durante
uma picada de agulha.

Exercício 3.6: Discute – Um casal discordante (onde um dos parceiros é seropositivo ou outro não)
gostaria de ter um filho.
Teatro Forum com participação e conselhos do público.

Os actores devem contemplar as seguintes questoes:

- Quais os factores que devem considerar?


- O que devem fazer?

Métodos para um casal discordante conceber, os quais minimizam o risco da transmissão de HIV
para o parceiro não infectado

 Ambos os parceiros deviam fazer testes para ITSs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), e se
um ou ambos tiverem uma ITS, tem de acabar o tratamento e ter a certeza de que estão

86
curados antes de terem relações sexuais sem protecção. (se um dos parceiros tiver uma ITS, isso
aumenta o risco de transmitir o HIV).
 Tenha relações sexuais sem protecção só quando a mulher estiver no período fértil, i.e. no meio
no seu ciclo menstrual, quando está a ovular. (Há indicadores naturais quando a mulher está no
seu período fértil, como quando há um corrimento transparente e viscoso. Também há testes
nas farmácias para detectar a LH (hormona luteinizante) que promove a ovulação - quando isso
acontece é melhor altura para ter relações sexuais, durante esse dia e no dia seguinte.) Fora
desse período não tenha relações ou use um preservativo.
 Evite o sexo áspero ou seco, e não use nada que possa causar secura ou abrasões durante o
sexo, evitando assim a entrada do HIV.
 Assegure-se que a mulher está estimulada e pronta para ter sexo, de modo a que o fluido
vaginal possa lubrificar a penetração do pénis.
 Quando estiver grávida, abstenha-se ou use sempre um preservativo correctamente.
 Considere começar o tratamento anti-retroviral – o uso de ARVs pode reduzir a carga viral no
parceiro infectado e assim reduzir o risco da transmissão durante o sexo sem protecção.
 O parceiro HIV positivo pode fazer um teste de carga viral (se houver disponibilidade – é caro) e
tentar engravidar só se a carga viral for muito baixa ou não detectável
 Se o homem for HIV negativo e a mulher for HIV positiva, ele pode reduzir o risco da
transmissão através da circuncisão (e esperar que a ferida esteja completamente curada antes
de ter sexo). Para um homem que tenha feito a circuncisão, o risco de ser infectado pelo HIV
cada vez que tenha sexo vaginal sem protecção é cerca de 60% menos do que para um homem
que ainda tenha o prepúcio (pele retráctil que cobre a extremidade do pénis) . Isto porque o
prepúcio mantém a glande do pénis mais macia e pode permitir que o fluido vaginal, infectado
com HIV, se mantenha em contacto por mais tempo. O HIV também pode penetrar através do
prepúcio.
 Se o homem for HIV negativo e a mulher for HIV positiva, eles podem eliminar o risco de
transmissão da seguinte forma: ele masturba-se e ejacula para um recipiente o seu sémen é
então injectado na vagina da mulher com uma seringa. Este método não corre nenhum risco de
transmissão, mas deve procurar a assistência médica para saber como proceder de forma
segura e higiénica.

3.9. Tratamento Anti Retroviral (TARV)

87
O Tratamento Anti-retroviral ou TARV é uma combinação de medicamentos (geralmente 3) anti-
retrovirais (ARVs) que
reduzem o HIV no corpo da pessoa infectada. Estes medicamentos denominam-se medicamentos
anti-retrovirais ou ARVs.
 ARVs não destroem completamente o vírus nem curam a doença. Contudo, podem melhorar a
qualidade de vida da pessoa com SIDA.
 Estes medicamentos têm que ser tomados para o resto da vida
 Estes medicamentos podem ter efeitos secundários

Quando se deve iniciar o TARV?


 Inicia-se o TARV quando a pessoa tem um número de células CD4 abaixo de 350.
 A contagem de células CD4 mede o número de células CD4 existentes numa gota de sangue.
 As células CD4 são um tipo de glóbulos brancos (capitães dos soldados) que combatem a
infecção. O HIV infecta estas células e elas morrem.
 Se a sua contagem de CD4 estiver abaixo de 350 mm3 deve iniciar os ARVs e tomá-los para o
resto da vida.
 Os ARVs podem ser encontrados nos Unidades Sanitárias.

Tomando os ARVs Pode-se Transmitir o HIV?


Sim, por isso é necessário o uso de preservativo para evitar a transmissão através de relações
sexuais mesmo com esposo/esposa e não partilhar objectos cortantes.

Pode-se tomar ARVs com outros medicamentos?


Sim, mas todo o medicamento, que pode tomar deve ser prescrito pelo médico, que faz o
acompanhamento porque há medicamento que podem interferir na acção dos ARVs no corpo.
Nunca faça a auto medicação, nem tome um medicamento, porque outra pessoa tomou e sentiu-se
bem.
Efeitos Colaterais dos ARVs
Os mais frequentes podem ser, diarreia, vómitos, náuseas, manchas na pele, mas podem haver
outros.
A maior parte das pessoas não tem efeitos colaterais!!!

O que fazer se tiver efeitos colaterais?

88
Geralmente eles diminuem no primeiro mês depois do início da toma, o corpo começa a habituar-se
ao medicamento. Se persistir ou se for insuportável, consulte o médico que o acompanha para
possível alteração da medicação.

Onde se faz TARV?


a) Nas enfermarias de dia ou nas consultas externas dos hospitais e centros de saúde
b) No centro de saúde PTV
c) Em outras instituições criadas para o efeito
d) Nesses lugares também fazem o controle e seguimento dos pacientes

Vantagens de Tomar os ARVs


a) Protecção e restauração do sistema imunitário
b) Melhoria da saúde em geral
c) Prolongamento da vida
d) Controle da multiplicação do vírus
e) PTV

Profilaxia com Cotrimoxazol e sua administração


 O Cotrimoxazol é um antibiótico. Pode ser utilizado para prevenir infeções comuns que atacam
indivíduos cujo sistema imunológico esteja enfraquecido por causa do HIV. Denomina-se
profilaxia com Cotrimoxazol. Profilaxia não significa tratar, mas sim prevenir infecções.
 Quando tomado todos os dias, o Cotrimoxazol provou que ajuda a prevenir a malária, a diarreia,
infecções cerebrais, respiratórias e sanguíneas, bem como outras doenças que afectam os
seropositivos. Estas infecções são denominadas infecções oportunistas.
 É facilmente encontrado em muitos Centros de Saúde em Moçambique. É geralmente utilizado
para o tratamento de outras infecções, tem uso especial para os seropositivos.
 O Cotrimoxazol encontra-se disponível, é barato, seguro e fácil de se tomar.

Quem deve fazer a profilaxia com Cotrimoxazol?


 Pessoas com SIDA em TARV
 Mães grávidas seropositivas, gravidez com CD4 <350 a partir do 2º trimestre de Gravidez
 Todas as crianças nascidas de mães HIV positivas após 4 semanas antes da mãe deixar de
amamentar (se a criança for dada como HIV positiva, não deve parar com a profilaxia com
Cotrimoxazol).

89
 Crianças infectadas pelo HIV beneficiam-se do Cotrimoxazol, independente da contagem das
células CD4.
 Todos os adultos infectados, assintomáticos com contagem das células CD4 <350.

Exercício 3.7:
Visitar grupo de PVHS (Pessoa vivendo com HIV/SIDA) ou parente duma PVHS ou se não possível o
UATS e faça uma entrevista, como se sente, quando começou o TARV e porque, o que mudou na
vida, pede ver medicamentos, cartão de paciente etc..

3.10. Estigma do HIV/SIDA

O estigma pode ser descrito como um atributo ou qualidade que ‘desacredita’ significativamente
uma pessoa perante as outras. Significa que as pessoas vão reparar alguém com uma atitude
negativa por causa de uma certa qualidade ou característica, por exemplo, uma pessoa conhecida ou
suspeita de ser portadora de HIV positivo.

O estigma significa que as PVHS (Pessoas vivendo com HIV e SIDA) são tratadas de forma diferente
doutras pessoas. É o que queremos dizer quando falamos da discriminação. A discriminação é uma
forma de comportamento que resulta de um tratamento desigual ou injustificado. É importante
realçar que nem todas as atitudes de estigmatização resultam em discriminação, mas os efeitos da
atitude negativa ainda podem ser prejudicial e podem magoar as PVHS.

Existem dois principais tipos de estigma:


 Estigma externo
 Estigma interno.

Estigma externo (ou estatuto) refere-se as experiências de tratamento injusto e diferenciado das
PVHS em relação a outras pessoas. Esta discriminação pode incluir opressão, rejeição, punição,
assédio, culpa ou exclusão. Também, as vezes, pode levar á violência contra as PVHS. Os exemplos
de estigma externo são:
 distanciamento: as pessoas evitam as PVHSs ou recusam partilhar os mesmos utensílios.
 rejeição: As pessoas rejeitam as PVHS. Estas podem ser membros da família ou amigos que
declinam quaisquer relacionamentos com as PVHS ou ainda a sociedade ou grupos de pessoas.
 Julgamento moral: as pessoas culpam as PVHS pelo seu estado de portadores de HIV ou são
consideradas imorais.

90
 estigma por associação: as pessoas que se associam com os PVHS são estigmatizadas por causa
da sua relação.
 falta de vontade de investir nas PVHS: as PVHS podem ser marginalizadas dentro da sua
associação por causa do seu estado de HIV.
 discriminação: oportunidades são negadas as PVHS ex. Recusa de acesso ao emprego, recusa de
cuidados de saúde apropriados ou acesso aos programas de ajuda médica, recusa de serviços as
PVHS por parte de provedores de serviços, ex: adesão aos planos que beneficiam os
trabalhadores or recusa ao seguro ou empréstimos.
 abuso: abuso verbal ou físico as PVHS.
 vitimação: ex: crianças e órfãos infectados ou afectados pelo HIV.
 abuso dos direitos humanos: ex: quebra de sigilo revelando o estado de alguém, sem o seu
consentimento, a outra pessoa ou ser testado sem manifestar tal consentimento.

Estigma interno (estigma sentido ou imaginado) é a maneira como uma pessoa sente por si mesma
ex: vergonha, medo de rejeição e discriminação, auto culpabilidade, sentimento de inutilidade.

Os exemplos de estigma interno são:


 auto-exclusão dos serviços ou oportunidades: quando as PVHS não querem aceder aos serviços
ou procurar emprego por medo de serem expostos como pessoas vivendo com HIV.
 próprias percepções: as PVHS ficam com baixa auto estima como resultado do seu estado de
HIV.
 exclusão social: quando os PVHS excluem-se do contacto social e íntimo.
 sobrecompensação: quando os PVHS acreditam que devem contribuir mais que outras pessoas
ou quando sentem que devem muito á pessoas que as tratam bem.
 medo de quebrar o silêncio: a situação em que os PVHS não querem revelar o seu estado de HIV
por causa de medo de possíveis consequências.

3.10.1 Come é que o estigma se desenvolve?

Aqui está um exemplo sobre como o processo pode ocorrer:

As pessoas notam que o seu vizinho parou de ir ao serviço e tosse muito (uma diferença) 
desenvolve-se um rumor de que ele é HIV positivo  Ele é rotulado “o homem com Sida”  Eles
dizem que a causa da sua doença é o seu comportamento mau e promíscuo (estigma externo) 
Ele precisa de apoio e deseja abrir-se em relação a sua condição, mas teme a reacção deles (estigma

91
interno)  Ele torna-se mais distanciado  Os vizinhos evitam-no – Eles o culpam e generalizam –
uma atitude de “nós” e “eles” – “não somos como eles, não somos pecadores, mas eles o são”

3.10.2. Porque é que o estigma se desenvolve?

O HIV/Sida tem sido estigmatizado pelas causas seguintes:


 Pode ser fatal, portanto causa medo – ainda existe muita desinformação sobre como o HIV é
transmitido.
 Nas famílias pobres, pessoas vivendo com HIV podem ser afastadas.
Estas duas razões são exemplos do que é chamado estigma instrumental – estigma baseado na
questão de recursos e ignorância do risco.

 Muitas vezes está associado ao comportamento que ja está estigmatizado, tal como a
‘promiscuidade’.
 É considerado algo evitável, isto é, resultado de comportamento ou ‘escolhas’ ‘irresponsáveis’.
Estes duas razões são exemplos do que é chamado estigma simbólico – estigma baseado em
julgamentos morais

3.10.3 Que funções psicológicas e sociais serve o estigma?


 Como forma de defesa (contra o medo e a vulnerabilidade): O medo associado ao HIV/Sida
permite distanciar-mo-nos daqueles considerados como ‘perigosos’ ou ‘infectados’ e falsamente
permite-nos negar o nosso próprio risco de infecção, como forma de protecção.
 Uma forma de control: o estigma controla o comportamento ao excluir pessoas vistas como
moralmente indesejáveis.
 Culpa: Ao rotular pessoas que alegadamente ‘escolheram’ ser ‘irresponsáveis’.
 Lidar com diferenças (não-conformismo): O estigma ajuda as pessoas que julgam outros para
justificar a sua convicção – ex: atitudes aos homossexuais, trabalhadoras de sexo, etc.
 Uma forma de poder: O estigma ajuda as pessoas a terem poder sobre as PVHS e a manterem
recursos para eles próprios.

3.10.4 Que impacto tem o estigma?

O estigma tem um grande impacto sobre indivíduos, comunidades e a sociedade:


 Resulta na exclusão de pessoas consideradas como portadoras do HIV positivo.
 Isola, divide e fragmenta as comunidades.
 Atenta contra a igualdade de direitos humanos.
92
 Resulta na interiorização da culpa e vergonha, que por sua vez torna difícil a batalha contra o
estigma.
 Compromete a saúde comunitária ao diminuir o acesso a prevenção do HIV, aconselhamento e
testagem voluntária, tratamento, apoio e benefícios de bem estar para aqueles vivendo com o
HIV.

3.10.5 Como é que o estigma de HIV/Sida se relaciona com outras formas de estigma e
discriminação?

O estigma de HIV pode ser sobreposto aos outros estigmas e discriminações pré-existentes. Muitas
vezes, isso acontece aos grupos vulneráveis. O estigma de HIV severo, particularmente enfrentado
pelas mulheres jovens e pobres é, em parte, devido a estes vários estigmas pré-existentes.

Um outro exemplo é dos estigmas múltiplos enfrentados pelas trabalhadoras de sexo, que são
estigmatizadas pela sua actividade tal como as mulheres com HIV positivo. De facto, a maioria da
linguagem forte sobre o HIV/Sida é usada em referência as trabalhadoras de sexo.

Existe uma relação entre a idade e o sexo de tal sorte que mulheres mais jovens são mais
estigmatizadas e culpadas pelo HIV que as adultas por causa de crenças de que mulheres jovens
levam uma vida promíscua, irresponsável, materialista que resulta no HIV.

Outro exemplo de estigmas múltiplos é o estigma de HIV associado com o estigma de infertilidade.
Mulheres jovens casadas com HIV muitas vezes enfrentam este duplo estigma. Por um lado, não é
aceitável que mulheres jovens casadas não tenham crianças (em cada caso são tidas como inférteis
e por isso estigmatizadas) ou parar de ter filhos antes de atingir o número de crianças esperado pela
sociedade. Por outro lado, a comunidade não apoia a ideia de mulheres com HIV terem filhos.
Assim, estas mulheres jovens enfrentam estigma múltiplo e simultáneo.

3.10.6 Estigma e o Género

As mulheres geralmente carregam e sofrem os efeitos do estigma do HIV por serem tratadas de
forma injusta. Mas isto nem sempre corresponde a verdade. Por vezes os homens são tratados
piores que as mulheres.

93
Risco de infecção

Fisologicamente as mulheres são mais propensas a infecção que os homens. Por um lado, existe uma
grande uma grande convicção acerca do risco de HIV dos homens e mulheres baseado nos seus
próprios comportamentos sexuais ‘errados’ e ‘imorais’. Estas percepções são influenciadas pelas
normas existentes sobre a sexualidade de mulheres e homens. Quando os homens são tidos como
tendo mais risco que as mulheres, ambos homens e mulheres atribuem este risco a ‘’natureza
propensa do homem ao sexo. Algumas mulheres pensam que os homens são ‘mulherengos
naturais’. Acredita-se que as mulheres controlam melhor os seus apetites sexuais, daí que correm
menos risco de contrair o HIV. Quando as mulheres são consideradas como tendo mais risco é
porque pensa-se que elas são incapazes de se protegerem contra sexo indesejado ou violação
sexual. Os papéis sociais dos homens e mulheres também contribuem na percepção do risco.
Acredita-se que as mulheres casadas têm um elevado risco devido a infidelidade dos seus maridos.

Culpa
Tal como o risco de infecção, as razões para culpar os homens e mulheres de serem os que trazem a
infecção do HIV no relacionamento, em casa ou na comunidades são intrinsecamente ligadas á
normas sociais inerentes ao papéis específicos do género, responsabilidades e sexualidade.
Mulheres e homens que transgridem estas normas enfrentam a culpa. Quando os homens são
culpados – pelas mulheres ou pelos homens – assume-se que o comportamento é natural,
consubstanciando com as percepções sociais de que os homens têm mais tendência em possuir
múltiplas parceiras sexuais.

Aqueles que culpam aos homens acreditam que as mulheres são "vítimas inocentes," muito
ocupadas com os seus deveres de esposa e mãe e sem tempo para fazer sexo fora do casamento. Em
alguns casos, o marido também é culpado por não ter cumprido o seu papel social como ganha-pão.
Enquanto muitas vezes os homens são culpados de infectarem mulheres casadas, alguns
respondentes também culpam mulheres solteiras de trazerem o HIV na comunidade. O tipo de culpa
e o grau de estigma ligado a mulher como sendo a primeira a infectar-se depende da percepção
sobre a fonte da infecção. As mulheres vistas como tendo sexo socialmente ‘impróprio’ por causa de
suas necessidades económicas ou para alimentar seus filhos, geralmente, não são culpadas pelo HIV.

A pior culpa e outras formas de estigma são reservadas àquelas mulheres achadas responsáveis pelo
HIV através de comportamento sexual ‘impróprio’ ou ‘imoral’. Por exemplo, as mulheres que se
vestem de forma considerada indecente, em particular, mulheres jovens, urbanas e com grande
94
mobilidade são altamente criticadas, como ilustra esta citação de uma mulher urbana etíope: "Não
sinto pena de moças da cidade, mesmo que todas morram desta doença, visto que elas andam de
um lado para outro." Tais mulheres "más" são consideradas como sendo desavergonhadas, e que
estão fora para tentar os homens, suas vítimas.

O poder no relacionamento baseado no sexo também exerce um papel mais directo na culpa que as
mulheres enfrentam. Como notam os homens e mulheres numa discussão, "A razão para o homen
culpar a mulher é porque ele tem mais poderes sobre a mulher.” Também diz-se que por mais que
seja ele a trazer a infecção ao casal, este poder permite-lhe transferir a culpa de estigma para a sua
parceira.

Noutras palavras, estudos sugerem que embora homens e mulheres que por má conduta sexual
sejam culpados pelo HIV, a estrutura do poder baseado no genero quer dizer que as mulheres são
facilmente mais culpadas e que as suas transgressões são encaradas com mais contundência que as
de homens.

3.10.7 Porque é que precisamos de combater o estigma do HIV/Sida?

O estigma e a discriminação que resulta do HIV/Sida causa muitos problemas as PVHS.


Estigma interno: As PVHS interiorizam o estigma, elas pensam que são culpadas ou que merecem a
doença. Podem temer discriminação e rejeição. Isto pode levar á depressão e isolamento.

Barreiras para sexo seguro e mudança de comportamento: O medo da reacção do parceiro é a


razão de muitos não falarem sobre o sexo seguro e riscos e, negociar o uso do preservativo. A
percepção de que somente certas pessoas contraem o HIV (homossexuais, pessoas imorais, negros)
pode fazer com que estes neguem o seu próprio risco e assim encarem a prevenção como algo para
os outros.

Barreiras para apoio: Pessoas vivendo com HIV e Sida podem necessitar de assistência e cuidados –
físicos, emocionais e espirituais. Muitas vezes isto é recusado por medo de se revelar o seu estado
aos outros. O que significa que não podem receber assistência de outras pessoas.

Barreiras para cuidados de saúde: as PVHS podem não procurar os cuidados de saúde e tratamento
devido ao medo de estigma e discriminação. Isto manifesta-se de muitas formas – prevenção,
testagem, revelação e cuidados e assistência, por exemplo:

95
 Demora na procura de tratamento médico que pode resultar no sofrimento desnecessário e/ou
deterioração da saúde por medo de revelar o seu estado.
 A não procura de tratamento para a TB por medo de ser rotulado HIV positivo mesmo que seja
HIV negativo.
 Barreiras para VCT: Isto afecta as campanhas de VCT da comunidade onde as pessoas são
encorajadas a ‘conhecer o seu estado’ – as pessoas temem o estigma e discriminação em casos
do resultado ser positivo.
 As mulheres que vivem com o HIV podem não seguir o tratamento para prevenir a transmissão
da mãe para bebé por medo de estigma e discriminação. O mesmo acontece para a prevenção
de transmissão através do leite materno.
 As atitudes do pessoal da saúde são outra barreira para os cuidados de saúde. Algumas vezes, a
PVHS não recebe cuidados apropriados porque o trabalhador de saúde acredita que a situação é
grave e que nada pode-se fazer para aqueles vivendo com HIV.

As PVHS (ambos homens e mulheres), suas famílias e aqueles associados com a epidemia (ex.
homossexuais, trabalhadoras de sexo, migrantes e estrangeiros) ainda enfrentam estigmatização e
discriminação. O seu combate é uma importante estratégia de saúde pública.

96
Exercício 3.8: O que as Pessoas dizem….
Leia atentamente o que as pessoas dizem sobre diferentes grupos de indivíduos abaixo.

PVHS
Promíscuos Não nos derem ouvidos
Pecadores Merecem morrer
Imorais. A culpa é deles

Trabalhadoras do sexo
Prostitutas. Pecadoras
Imorais. Promíscuas.
Maníacas por sexo. Mahule.
Mulheres sem vergonha Irresponsáveis.

Meninas adolescentes
Mal comportadas Dás-lhes dinheiro e serão suas
Promíscuas Roubam maridos
Prostitutas São portadoras do HIV

Homens que têm sexo com homens


Imorais... São portadores do HIV
Doentes na cabeça Maníacos por sexo
Precisam de terapia. Os órgãos sexuais não funcionam
Têm medo de mulheres. Não se devem casar

Viúvas
Mataram os maridos Perigosas, fonte do mal e de problemas
Mataram maridos a culpa é delas Bruxas
Matam os maridos para ficarem com a herança Pessoas más
Portadoras de HIV Ameaça para as outras mulheres
Roubam os maridos

Depois de ter lido responda seguintes questões:


• O que as pessoas dizem sobre cada um deste grupo de pessoas?
• Como nos sentimos usando estes nomes?
• Porque usamos esta linguagem se sabemos que ela magoa os outros?
• Quais são as suposições por detrás destes rótulos?
• O que é que isto nos mostra acerca da relação entre a linguagem e o estigma?
 Como é que estes rótulos podem influenciada negativamente na prevenção do HIV?
Mensagens chave

HIV é o vírus que causa a SIDA, o virus ataca o sistema imunológico e enfraquece-o.
A infecção pelo HIV torna o sistema imunológico deficiente e a pessoa infectada fica doente.
97
SIDA, síndrome (coleção de várias doenças e sintomas) de Imuno (sistema de defesa do corpo)
Deficiência (fraqueza, falha ou sistema imunológico inadequado) Adquirida (apanhar de alguém)

O HIV se transmite de seguintes formas: Sémen, Fluidos/secreções vaginais, Sangue, Leite de peito
de uma pessoa infectada pelo HIV e a transmissao vertical da mae infectada para o bebe durante e
apos o parto.

Formas de Prevenção
 Abstinência
 Fidelidade
 Uso correcto e consistente do preservativo
 Circunsicão Masculina
 PTV

Diagnostico do HIV
O rastreamento para e o diagnóstico do HIV é atualmente feito testando para um anticorpo HIV. Os
anticorpos são a resposta do corpo à infecção. Normalmente os anticorpos começam a aparecer no
sangue algumas semanas depois de a pessoa estar infectada com o HIV. O teste anticorpo do HIV
detecta a presença do HIV no sangue ou na saliva. É mais fácil e mais barato detectar anticorpos
para HIV do que testar para o próprio vírus.
O que é Tratamento Anti-retroviral ou TARV?
É uma combinação de medicamentos (geralmente 3) anti-retrovirais (ARVs) que reduzem o HIV no
corpo da pessoa infectada. Estes medicamentos denominam-se medicamentos anti-retrovirais ou
ARVs.

Estigma do HIV/SIDA
O estigma pode ser descrito como um atributo ou qualidade que ‘desacredita’ significativamente
uma pessoa perante as outras. Significa que as pessoas vão reparar alguém com uma atitude
negativa por causa de uma certa qualidade ou característica, por exemplo, uma pessoa conhecida ou
suspeita de ser portadora de HIV positivo.

Capítulo 4. Vícios e Dependências

Introdução

98
Neste capítulo gostaríamos de fazer uma reflexão sobre os vícios que são comuns na nossa
sociedade e que afectam a juventude. Queremos ajudar a entender melhor os perigos dos vícios, um
dos quais é a infecção por HIV.
O capítulo quer ajudar a vocês a descobrirem alternativas seguras e saudáveis.

Objectivos do capítulo:
 Identificar escolhas e estratégias de ultrapassar vícios e dependências

 Providenciar informações que visem relacionar o consumo de álcool/drogas e o HIV

Exercício 4.1 Usando a tabela abaixo identifique vícios e dependência,

suas causas, e efeitos.


N⁰ Vícios/dependências Causas Efeitos

4.1 Conceito de vicio

Vício  (do latim "vitium", que significa "falha ou defeito" ) é um hábito repetitivo que degenera ou
causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem. O termo também é utilizado de forma
amena, muitas vezes deixando um índice de sua acepção completa. Por exemplo, viciado em
chocolate.

Vício é um mal psicológico, que afecta toda a população mundial. Os que dizem não ter vícios são
viciados em mentir! O vício se caracteriza por um descontrole descontrolado de tal pessoa em
relação a alguma coisa, normalmente uma droga. Esta pessoa fica dependente desta coisa,
chegando a níveis extremos em alguns casos. Nem tudo que vicia é uma droga, mas todo vício é uma
droga.

99
Vamos dar um exemplo: o chocolate.
Este delicioso alimento como sabemos possui cafeína, e isto nos diz através dos fenómenos
anteriormente citados que possui pouca energia.
Mas em compensação sabemos que são sempre servidos misturados ao açúcar, que já sabemos,
libera primeiramente as suas moléculas com maior quantidade de energia.
No caso dos homens, eles procurarão os doces de chocolate somente quando por necessidade de
energia, por possuírem pouca, assim como quando procuram as mulheres. Ao consumirem a energia
do açúcar, sentirão depois o amor pelo chocolate, que terá um som produzido por moléculas com
pouca energia, que combina com o de seus corpos.
No caso das mulheres, acontecerá o vício de um modo contrário. Procuram o doce de chocolate, por
amor ao açúcar.  Após os seus corpos devorarem as moléculas com muita energia do açúcar,
sentirão o calor da falta de energia do chocolate, o que lhes é necessário por possuírem energia em
excesso.
O vício do homem pelo chocolate será apenas pela sintonia musical, entre as moléculas do chocolate
com as suas. Já as mulheres, após o consumo da energia do açúcar que entra em sintonia com os
seus corpos, sentirá nas suas entranhas o sabor do chocolate, que lhes dará o mesmo prazer que
sentem ao término de uma relação sexual.
O vício portanto, será sempre causado por uma mistura de  amor,   necessidade e prazer.
O café por exemplo, servido com menos açúcar que o chocolate, é mais consumido pelos homens.

Cada indivíduo tem seu próprio vício se se trata de um vício por comida e bebidas, compras, ou
mesmo sobre as drogas proibidas. Algumas pessoas acham que o vício ajuda em conseguir sua auto-
estima, a construção de auto-confiança, e uma maneira de relaxar os nervos. Outros ficam viciadas
em algo, porque poderiam liberar o estresse todo para fora. O problema para eles é, quando eles
são impedidos de fazer o seu vício, seu nível aumenta a ansiedade e eles se tornam violentos.

Nas mulheres, a sua forma mais comum de dependência é de compras. Compras mais sapatos,
roupas e bolsas é um prazer para as mulheres. Para eles, encontrar lojas como uma forma de aliviar
o estresse, uma tomada de sua raiva e estar em uma situação deprimente. A coisa negativa sobre o
shopping é que as compras rapidamente podem ser fora da moda e não são mais utilizadas.

Outra forma muito comum de vício que está presente em homens e mulheres é um bebedor
excessivo de bebidas alcoólicas. De vez em quando beber não é ruim, ela só se torna prejudicial
quando se torna um hábito ou está sendo praticado todos os dias. Muitas pessoas gostam de beber
bebidas alcoólicas para liberar suas emoções escondidas. Alguns bebem com o objetivo de fugir da

100
realidade e alguns para esquecer seus problemas. Sempre que alguém fica bêbado, há uma sensação
de euforia e entorpecimento por todo o corpo.

Jogos de azar, quando não controlada podem se tornar um vício. Novamente, as pessoas jogam para
fins de entretenimento. Jogo se torna um problema quando um indivíduo não parece ter controle e
só continua a desperdiçar dinheiro em jogos de sorte e oportunidades. É bom ter sempre em mente
que quiser poupar dinheiro para o futuro de sua família e si mesmo.

Comer e fumar também são vícios por muitas pessoas em quase todas as partes do mundo. Também
libera o estresse e ansiedade, e tende a dar um prazer individual. É através da alimentação, onde as
pessoas deprimidas podem derramar todas as suas emoções ou tristeza ou raiva e quando não
superar, vai se tornar um hábito.

O tabagismo é provavelmente um dos hábitos que são difíceis de quebrar especialmente para os
fumantes em cadeia. A única maneira é lentamente retirar o auto de fumar e aprender a auto-
disciplina.

4.1.1 Tipos de Vícios

Vício é classificado em dois, positivo e negativo. Um vício é um vício positivo que é benéfico para si
mesmo. Um exemplo comum de vício positivo é o exercício, um estilo de vida saudável e praticar
actos humanitários. Enquanto que para o vício negativo, é um vício em que é prejudicial como fazer
compras, tomar, comer compulsivamente, jogar, beber excessivo e muito mais. Estas formas de
hábitos não só destruir o corpo, mas também destrói a si mesmo.

a) Tabagismo

O tabagismo é uma toxicomania criada pelo diabo ainda no inferno caracterizada pela dependência
psicológica do consumo de tabaco.

b) Onanismo

É mais um vício que afecta todos seres vivos possíveis seja eles animais, cães gatos elefantes ou
pessoas jovens e adultas, um vício fácil de se desvendar ainda na juventude do dito-cujo. O viciado
demora horas e horas no banheiro executando o Five VS one...cinco contra um lambrecando toda
mão executando vários movimentos de uma vez só.

101
c) Virtual

O vício virtual, popular nerdismo, é o vício mais vicioso da atualidade. O vício virtual se divide em 4
ramos: Game-vício, Nerd-vício, Inter-vício e Chat-vício. Se você apresenta alguma desses,
certamente com 100% de certeza você desenvolve todos os outros.

Game-vício

Vício caracterizado pelo uso constante de computadores, mini-games, vídeo-games, fliperamas,


Pumps, Brick Games, Tamagotchis entre outros, com o intuito de chapar o côco. O que no começo é
apenas um lazer, depois de um tempo torna-se um vício mortal. Os lugares onde mais se traficam
drogas virtuais são em Lan Houses, botecos de esquina (com fliperamas), a casa do Boça, Shopping
Centers e em qualquer outro lugar que tiver drogas gamísticas. Os viciados em video-games
possuem um nome proprio: Gamers.

Inter-vício

Vício em internet é considerado um problema psiquiátrico sério entre jovens do mundo inteiro, o
indivíduo viciado na internet geralmente acaba perdendo o interesse até de lavar o próprio pinto na
hora de tomar banho pensando se o provedor não vai cair, perdendo também interesse em limpar a
própria bunda porque ouviu lá do banheiro aquele barulhinho do colega entrando no Windows
Messenger. Indivíduo imediatamente sai correndo aos pulos deixando uma brecada de bicicleta na
cueca para ver se da tempo de responder a mensagem do Windows Messenger. O sujeito(a) perde
também totalmente o interesse nos estudos, familiares e amigos. Este vício afeta toda estrutura
intelectual emocional e moral; o viciado deixa de fazer muitas coisas importantes da vida real
pensando que a internet é um novo planeta terra a ser explorado e passa a fazer parte da vida por
completo. O pobre diabo viciado nunca dorme nunca almoça nem janta; tem também aquele que o
viciado em Second Life um mundo virtual 3D na internet onde simula alguns aspectos da vida real e
social do ser humano. O usuário pode criar seu personagem como quiser, quase sempre o perfil
criado e os de vagabundos, maconheiros, cachaceiros e travestis. O nome "second life" significa em
inglês "segunda vida": o pobre passa a ficar com um vida paralela, além da vida "principal", "real".

Chat-vício

Também conhecido como vício do quer tc comigo, é um vicio bem atual, mais difundido entre a
molecada entre 12 e 36 anos, mas também há usuários de chats com 50 e tantos anos, já que o vício

102
não perdoa ninguém. Muitas vezes, o chat-vício anda lado a lado com o nerd-vício. Quando a pessoa
se torna viciada em chat, seu vocabulário se torna diferente, com gírias do tipo tc, nomidade,
ahgaheagaehfg, entre outras. Este vício é curado aos poucos, quando o usuário percebe a droga em
que está metido. Não há cura imediata para isto.

Linguístico

Vícios de linguagem não são relativos a drogas, mas é uma droga ler um texto cheio e vícios de
linguagem. Os vícios de linguagem se referem à condução de frases, e às vezes dificultam o
entendimento. Este vício é mais brando, e não causa crises de abstinências nas pessoas que tentam
largar este vício.

4.1.2 As causas do vício

Nosso sistema nervoso possui células especiais chamadas transportadoras, que levam substâncias
como os hormônios e os neurotransmissores para locais específicos no cérebro. Esses elementos
têm o poder de nos excitar ou relaxar e constituem as respostas naturais que damos aos estímulos
do meio ambiente.

Numa situação de perigo, por exemplo, as células transportadoras carregam noradrenalina (a


popular adrenalina) para o cérebro. Isso causa irritação e estado de alerta. Nesse momento, todas as
células do corpo "despertam" e o organismo fica preparado para lutar ou fugir, conforme a
necessidade da situação.

O vício portanto, será sempre causado por uma mistura de amor, necessidade e prazer.

4.1.3 Consequências /efeitos


 Queimadura, azia, má digestão, aquecimento global, efeito estufa, incêndios florestais, câncer

nas tripas, câncer no cérebro


 Criar dívidas para ostentar o vício
 Criar inimigos
 Dificuldades em pensar em outras coisas para além do vício
 Sentir-se ansiosos e agressivos
 Interesse pela vossa vida social diminuiu
 Sentimento de culpa as vezes
 Deixar de assumir ou cumprir alguns compromissos pessoais e familiares

103
Conclusão: Todos nós só precisamos de nos controlar para que nós não se tornarem viciados em
alguma coisa. Tudo que precisamos é disciplina e ter sempre em mente que há um monte de vícios
de bom no mundo que não irá prejudicar o nosso corpo e nos dará um futuro melhor.

4.2 Conceito de dependências


Dependência é um Conjunto de fenómenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se
desenvolvem depois de repetido consumo de uma substância psicoativa, tipicamente associado ao
desejo poderoso de tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização persistente
apesar das suas consequências nefastas e a uma maior prioridade dada ao uso da droga em
detrimento de outras atividades e obrigações.

Dependente: Uma pessoa só deve ser considerada dependente se o seu nível de consumo incorrer
em pelo menos três dos seguintes sintomas ou sinais, ao longo dos últimos doze meses
antecedentes ao diagnóstico.

4.2.1 Tipos de dependências

Dependência Física
Consiste na necessidade sempre presente, a nível fisiológico, o que torna impossível a suspensão
brusca das drogas. A dependência física é o resultado da adaptação do organismo, independente da
vontade do indivíduo. A suspensão da droga provoca múltiplas alterações somáticas, p.ex. o
"delirium tremens" (= o corpo não suporta a abstinência entrando em estado de pânico).

Dependência Psicológica
Em estado de dependência psicológica, o indivíduo sente um impulso sempre fazer uso das drogas a
fim de evitar o mal-estar. A dependência psicológica indica a existência de alterações psíquicas que
favorece a aquisição do hábito.

Em estado de dependência psíquica, o desejo de tomar outra dose, transforma-se em necessidade,


que se não satisfeita leva o indivíduo a um profundo estado de angústia, (estado depressivo). Esse
fenómeno não deverá ser atribuído apenas as drogas que causam dependência psicológica.

4.2.2 Causas de Dependências


 Forte desejo ou compulsão de consumir drogas;
 Consciência subjetiva de dificuldades na capacidade de controlar a ingestão de drogas;

104
 Uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência, com plena consciência
da efetividade de tal estratégia;
 Estado fisiológico de abstinência;
 Evidência de tolerância, necessitando doses crescentes da substância requerida para
alcançar os efeitos originalmente produzidos;
 Estreitamento do consumo, quando o indivíduo passa, por exemplo, a consumir droga em
locais não propícios, a qualquer hora, sem nenhum motivo especial etc.;
 Negligência progressiva de prazeres e interesses outros em favor do uso de drogas;
 Persistência no uso de drogas, mesmo com evidência de manifestações danosas;
 Evidência de que o retorno ao uso da substância, após um período de abstinência, leva a
uma reinstalação rápida do quadro anterior.

4.2.3 Consequências/Efeitos
 Sindrome de abstinência
 Desejos persistentes ou esforços mal sucedidos para controlar o uso
 Uso frequente de quantidades maiores ou por períodos mais prolongados do que
pretendido
 Muito tempo é consumido em conseguir usar ou recuperar-se do uso
 Abando ou redução das actividades sociais, ocupacionais ou recreativas devido ao uso.

4.2 Artigos de luxo e show off


Exercício 4.2 : Olhe para as imagens de MC Roger, Lizha James, Mingas e Aly Faqui
Responde estas perguntas:
 O que admiro em cada um deles? Porque?
 O que detesto em cada um deles? Porque?
 O que imito deles?
 O que sou capaz de fazer para imitar este(s) artista(s)?
 Quais são as possíveis consequências (positivas e negativas) disto?

105
Debate na sala de aula:
 Analise criticamente estas personagens públicas.
 Qual a influencia de imitar estas pessoas: na gestão de recursos, no comportamento?

4.4 A pornografia e o internet

Exercício 4.3 Estudo de caso: Marcolino


O Marcolino é estudante do segundo ano do curso de Economia. Tem que entregar um trabalho ao
seu docente na próxima semana. Ele tem um plano com metas claras para completar o seu trabalho.
Um ponto no seu plano é fazer pesquisa no internet. Em vez de pesquisar para o seu paper, entra
em sites de pornografia. Gasta três horas nestes sites. No dia seguinte não consegue resistir a
tentação e faz o mesmo. Descobre mais sites deste tipo ……… Não consegue parar mais!
Faça uma análise das consequências deste comportamento no estudo, consequências psicológicas,
sociais.

4.4.1. Conceito de Pornografia


Pornografia é a representação, por quaisquer meios, de cenas ou objectos obscenos destinados a
serem apresentados a um público e também expor práticas sexuais diversas, com o intuito de
despertar desejo sexual no observador. Mobilizam-se figuras do imaginário através de fotografias,
imagens, desenhos, contos, filmes eróticos, etc, com o objetivo de estimular o desejo, de fantasiar

106
um relacionamento sexual, em uma masturbação ou mesmo mobilizar-se para uma relação sexual
concreta.

4.4.2 Causas da Pornografia

Um dos motivos que incentiva o indivíduo em busca da pronografia é a busca da satisfação individual
a todo custo.

A Tentação. A pornografía faz chamada a um instinto vital o desejo sexual, a "luxúria", "provoca-te
ver o que é proibido. Sugere-te que tenhas necessidade de provar o que é te excita e explorar a
intimidade".

A pornografia faz apelo à fantasia.A fantasia possui o seu sector agradável ao ponto de ser
reconhecida como mecanismo de defesa. A solidão, a lascividade, a desordem e desajuste mental e
a falta de capacidade para pôr-se em relação com outros indivíduos da sociedade contribuem à
tentação.

Matrimónios que experimentam aborrecimento na sua relação íntima, são tentados a recorrer este à
abominável mal para despertar a sua paixão".

O facto da pornografia insere uma estimulação sexual sem satisfação pessoal, a busca da satisfação
erótica toma progressivamente uma maneira mais exigente e abusiva. O material velho não estimula
já tanto como o novo. Resultam então, viagens cada vez mais explícitas e o aumento da necessidade
não tem fim. A indústria do cinema produz filmes com uma violência e excitação sexual excessiva.

107
4.4.3 Efeitos da Pornografia
 A pornografia causa profundos efeitos negativos no conceito das pessoas sobre sexo e
comportamento sexual.
 Coloca os usuários sob risco crescente de desenvolver tendências de desvios de
comportamento sexual.

 O uso constante da pornografia pode prejudicar a capacidade de usufruir e participar da


intimidade conjugal normal.

 Pode levar aos usuários aos actos sexuais desnaturais.

 Pode-se desenvolver qualquer tipo de desvio sexual, como um câncer, continua a crescer e a
se espalhar. Raramente retrocede, e é também muito difícil de tratar e de curar.

 Alguns pesquisadores dizem que a exposição à pornografia pode afetar o desenvolvimento


normal do cérebro de uma criança.

Exercício 4.4: Olhe para estes cartazes. Qual a sua interpretação? Já aconteceu isto na sua vida?

http://www.blogdosantinha.com/artigos/sobre-moderacoes/ odeionoveladasoito.blogspot.com
Reflexão: Quais são áreas da sua vida em que o uso do computador interfere?

4.4.4 Dependência a internet e ao computador

A modernidade nos trouxe muitos avanços e facilidades. Uma delas que praticamente define a nossa
era é o computador. Mas, como toda ferramenta, o computador pode ser usado construtivamente

108
ou destrutivamente. E aqui, não nos referimos as pessoas que usam do computador para fins ilícitos,
mas sim de pessoas que são viciadas em computador.

Como identificar uma dependência

 Um comportamento que a pessoa tenha na maior parte de seu tempo e pense


excessivamente sobre isso quando não  está fazendo tal actividade.
 Um comportamento que provoca sofrimento em outras áreas da vida que não relacionadas
ao comportamento em questão (quando as drogas atrapalham o trabalho, os
relacionamentos, a família, etc.).
 Comportamento que serve para compensar alguma falta em outra área da vida (uma pessoa
viciada em cigarro, por exemplo, pode fumar para ajudar a compensar alguma ansiedade).

O Comportamento com o Computador

É importante percebermos o computador como uma ferramenta e o problema não está com ele e
sim com o uso abusivo que podemos fazer dele. E como ferramenta, ele nos oferece diversas
facilidades, que podem eventualmente ser o foco da dependência.

Talvez seu principal uso seja para o trabalho. Técnicos de informática, programadores ou web-
designers, praticamente todas as profissões utilizam-no de alguma forma. O computador e a
internet são ampla-mente usados para o estudo, para digitar trabalhos e como fonte de pesquisa.

A maioria dos usuários de computador e internet  são jovens que, além do uso para facilitar os
estudos e trabalho, usam computadores e internet também para jogos.

A internet é também bastante usada para manter comunicação com outras pessoas, podendo ser
através de emails, mensageiros instantâneos, chats ou redes sociais como o Orkut ou YouTube.
Quem já fez amizades virtuais ou festas virtuais?

Perigos do uso excessivo do computador e do internet?

Pode ser só coincidência, mas tanto quem consome drogas quanto quem usa computador é
conhecido como “usuário”. Qualquer uso excessivo de qualquer coisa pode ser prejudicial, se não
soubermos equilibrar com outras áreas da vida. Podemos usar o computador como ferramenta de
trabalho ou de estudo ou ainda como meio de diversão ou como forma de nos comunicarmos com
nossos amigos e contactos pessoais ou profissionais. O problema não está nesses usos que podemos

109
ter do computador, mas sim quando eles se tornam a única coisa que fazemos na nossa vida. O
outro problema é a protecção da privacidade. No facebook, twitter etc. troca-se informações
pessoais com pessoas que nunca vi na vida e em sites que todo mundo pode ter acesso. As relações
que se criam são relações reduzidas a algumas áreas ou aspectos da vida e não abrangem o ser
humano na sua totalidade.

4.5 Álcool
Exercício 4.5.1: Auto-analise
 Quanto bebo por semana?
 O que bebo? (enumerar as bebidas?)
 Porque bebo?
 Com quem bebo?

Exercício 4.5.2: Avaliação do risco individual para a dependência do álcool.


Responde honestamente estas perguntas “chave” que poderão ajudar para detectar os sinais de
alarme:
- Acha difícil parar, ma vez que começa a beber?
- Precisa de ingerir uma grande quantidade de álcool para sentir efeito?
- Você sente que lhe falta algo se não tiver uma bebida por uns dias?
- Você sente que “precisa de uma bebida” só para se sentir bem?
- Você encontra sempre desculpas para justificar o álcool que bebe?

A diferença entre “beber em demasia” e ser um “alcoólico”


 Quem bebe em demasia apesar de ficar bêbado frequentemente, NÃO tem que o fazer por
necessidade. Enquanto o alcoolismo é uma doença que cria dependência (vicio) por isso os
alcoólicos têm que beber para se sentirem “normais”. Isto porque o processo químico do
cérebro mudou tanto que já não consegue produzir químicos de “bem-estar”.

 No entanto é difícil ver a diferença. Os peritos dizem que quem bebe em demasia “está a
caminho” do alcoolismo; Por outras palavras, corre um grande risco de se tornar um
alcoólatra.

110
111
Será que o alcoolismo é hereditário? Por outras palavras, será que “corre na família”?
Há alguma evidência que o potencial para nos tornarmos alcoólicos ou drogados, pode ser
herdado. No entanto isto não é uma regra absoluta. Isto pode, no entanto, explicar porque é
que certas pessoas tem mais dificuldades em deixar de beber, do que outras.

Exercício 4.5.3: Temos muitos problemas sociais em Moçambique.


1. Pode mencionar alguns?
2. Como o álcool agrava estes problemas?
3. Qual é a ligação entre estes problemas e o HIV?

O alcoolismo é uma doença muito complexa, que envolve diversos factores. O Abuso de álcool e
outras drogas causa problemas como a pobreza, prostituição, crime, violência, violação sexual etc.
Pessoas que vivem na POBREZA podem ter a tendência para beber em demasia, para esquecer os
problemas. A pobreza pode levar à prostituição, o que pode levar uma pessoa a “beber para
esquecer”. Certas pessoas podem recorrer ao crime para arranjar dinheiro para bebida ou drogas.
A ligação entre estes problemas e o HIV:

a. Quando perdemos a nossa inibição, podemos ter relações sexuais sem protecção – o que não
faríamos se estivéssemos sóbrios. Pratica de sexo sem preservativo, violação sexual, abuso e
outros tipos de violência envolvem SANGUE o que aumenta o risco de contrair o HIV.

b. A um nível mais profundo, quando as pessoas se sentem desamparadas, sem valor, abusadas,
zangadas, tristes etc., em geral, elas não se importam com as consequências das suas acções.
São atraídas mais e mais para comportamento negativo, o que agrava os problemas sociais que
contribuem para a expansão do HIV.

c. Quem bebe muito tem mais chance de ficar doente mais rápido SE ficar infectado com o HIV,
porque o álcool é um veneno que enfraquece o sistema imunológico. (O comboio anda mais
depressa no fim da linha.) Às vezes as pessoas quando descobrem que estão infectadas com o
HIV, bebem para esquecer, reduzindo a capacidade do corpo de lutar contra a infecção.

112
Exercício 4.5.4: Conte a historia deste cartaz

Fonte: Adaptado de: “Ten Minutes Talks”. Quint essential Materials Development & Pearl Dynamics, Port Elisabeth, South
Africa. Responsabilidade e Copy Right: GTZ ACCA

4.6. Drogas ilícitas

Exercício 4.6: Porque os protagonistas destes casos consumem álcool e drogas e quais os efeitos?
Estudo de caso 1.
Matt é um garoto quieto que gosta de ficar com amigos e jogar bola. No sábado alguns amigos
convidaram-no a ir a um bar para beberem e baterem papo. Ao chegar, lá, ele ficou tímido e
inseguro, mas aceitou o apelo dos amigos para que bebesse. Ele acabou bebendo quatro garrafas de
cerveja em pouco tempo.
Estudo de caso 2.
John adora futebol e foi convidado para participar no campeonato interescolar. Ele tem treinado
duro. Com a expectativa de melhorar o seu desempenho no jogo, ele decidiu tomar alguns
asteroides7 que um amigo comprou numa academia.
Estudo de caso 3.
Sarah e Fred já namoraram há muitos meses. No aniversário de Fred, Sarah organizou uma festa
para ele. Ela convidou todos os seus amigos e pediu que seu irmão mais velho comprasse umas
cervejas para a festa. Fred ficou muito surpreso e tanto ele como a Sara beberam e dançaram muito
na festa. Naquela noite fizeram sexo sem camisinha.

7
Esteróides Anabolizantes são drogas fabricadas para substituírem o harmónio masculino Testosterona, fabricado pelos testículos. Eles
ajudam no crescimento dos músculos (efeito anabólico) e no desenvolvimento das características sexuais masculinas como: pelos, barba,
voz grossa.
113
Conceito: Droga – o que é?

Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que introduzida no organismo modifica suas
funções. As drogas naturais são obtidas através de determinadas plantas, de animais e de alguns
minerais. Exemplo a cafeína (do café), a nicotina (presente no tabaco), o ópio (na papoula) e o THC
tetrahidrocanabiol (da cannabis).

As drogas sintéticas são fabricadas em laboratório, exigindo para isso técnicas especiais. O termo
droga, presta-se a várias interpretações, mas ao senso comum é uma substância proibida, de uso
ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções, as sensações, o humor e o comportamento.

Em termos jurídicos, consideram-se como drogas as substâncias ou produtos capazes de causar


dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
Poder Executivo da União". Isto significa dizer que as normas penais que tratam do usuário, do
dependente e do traficante são consideradas normas penais em branco.

As drogas estão classificadas em três categorias: as estimulantes, os depressores e os perturbadores


das atividades mentais. O termo droga envolve os analgésicos, estimulantes, alucinógenos,
tranquilizantes e barbitúricos, além do álcool e substâncias voláteis. As psicotrópicas, são as drogas
que tem tropismo e afetam o Sistema Nervoso Central, modificando as atividades psíquicas e o
comportamento. Essas drogas podem ser absorvidas de várias formas: por injecção, por inalação, via
oral ou injeção intravenosa.

Tipos de drogas

 Depressivas - diminuem a atividade cerebral e podem dificultar o processamento das


mensagens que são enviadas ao cérebro. Exemplos: álcool, barbitúricos, maconha,
diluentes, quetamina, cloreto de etila ou lança perfume, clorofórmio, ópio, morfina, heroína,
e inalantes em geral (cola de sapateiro etc).
 Psicodistropticas ou alucinógenas (drogas pertubadoras) – têm por característica principal a
despersonalização em maior ou menor grau. Exemplos cogumelos, LSD, MDMA ou ecstasy e
DMT.

114
 Psicotrópticas ou estimulantes - produzem aumento da atividade pulmonar, diminuem a
fadiga, aumentam a percepção. Exemplos: cocaína, crack, cafeína, teobromina (presentes
em chocolates), GHB, metanfetamina, anfetaminas (bolinha, arrebite) etc.

Quanto à forma de produção do indivíduo no comportamento cerebral podendo atrapalhar o


processamento ou não, classificam-se como:

 Naturais

Uma droga é considerada natural quando ela pode ser extraída, através de vários processos, de uma
determinada planta. A afirmação (corriqueira) onde "uma droga natural não contém produtos
químicos", é falsa, pois qualquer droga é definida por uma estrutura química específica (pelo que se
concluí que todas as drogas contêm produtos químicos). A diferença surge, portanto, na obtenção
da determinada droga (por extracção de plantas, ou por síntese laboratorial). Por ex: Papaola-
dormideira, Canabis Sativa

 Semi-sintéticas

Drogas semi-sintéticas são produzidas a partir de drogas naturais com alterações químicas feitas
artificialmente em laboratório. Como o crack,cocaína,cristais de haxixe,etc.

 Sintéticas

Drogas sintéticas são substâncias ou misturas de substâncias exclusivamente psicoativas produzidas


através de meios químicos cujos principais componentes ativos não são encontrados na natureza.
A maioria das drogas sintéticas apresenta efeitos alucinógenos, podendo serem estimulantes ou
depressores do sistema nervoso central. Exemplo: Anfetamina: (“Bolinha” ou “arrebite”), LSD 25
(Dietilamida de ácido lisérgico), Quetamina (Special-K): Anestésico de uso veterinário e humano na
forma líquida ou cristal branco que é aspirado. tec

Uso de drogas

É comum distinguir o abuso do uso de drogas de seu consumo normal. Esta classificação refere-se à
quantidade e periodicidade em que ela é usada. Outra classificação, se refere ao uso das drogas em
desvio de seu uso habitual, como por exemplo o uso de cola, gasolina, etc. Os usuários podem ser
classificados em: experimentador, usuário ocasional, habitual e dependente.

115
Motivos associados ao uso

Os motivos que normalmente levam alguém a provar ou a usar ocasionalmente drogas incluem:
 Problemas pessoais, sociais, financeiros;
 Influência de amigos, traficantes assim como da sociedade e publicidade de fabricantes de
drogas lícitas;
 Sensação imediata de prazer que produzem;
 A facilidade de acesso e obtenção;
 Desejo ou impressão de que elas podem resolver todos os problemas, ou aliviar as
ansiedades;
 Fuga;
 Depressão;
 Estimular;
 Acalmar;
 Ficar acordado ou dormir profundamente;
 Tentar parecer fixe;
 Emagrecer ou engordar;
 Esquecer ou memorizar algo;
 Fugir ou enfrentar;
 Inebriar;
 Inspirar;
 Fortalecer;
 Aliviar dores, tensões, angústias, depressões, solidões;
 Aguentar situações difíceis, privações e carências;
 Encontrar novas sensações, novas satisfações;
 Força do hábito;
 Muitas das vezes revolta dos filhos contra os pais.
 Sentimento de poder e sentir-se acima dos outros

Resumo
É muito difícil generalizar os motivos que levam uma pessoa a usar drogas. Cada um de nós temos
nossas práticas razoes e algumas delas não são clara nem nós mesmos. Na maioria dos casos, não há
apenas um mas diversos factores que nos levam a usar drogas. Por exemplo curiosidade, desejo de
esquecer problemas, tentativa de superar a timidez ou a insegurança, insatisfação com a própria
aparência física.
116
Factos sociais também contribuem para o uso de drogas, como a utilização de cola de sapateiro para
diminuir a fome das crianças e jovens que vivem nas ruas. Alem disso o mito de que os homens que
bebem muito, demonstram sua força, resistência e masculinidade, faz com que experimentem doses
elevadas de bebidas.
É importante que a família, amigos e pares ofereçam apoio sem culpar ou julgar, para ajudar o
indivíduo a reflectir sobre os danos do uso da droga, identificar alternativas saudáveis e procurar
ajuda profissional e competente. Substâncias picotavas são produtos que uma vez consumido
podem provocar alterações no bem-estar mental. Utilizado muitas dessas substâncias conduzem a
um estado de dependência física e psicológica e do seu consumo, resultam varias consequências na
saúde e no bem-estar social do indivíduo.

Mensagens Chave

 As pessoas podem não se aproximarem das drogas se as temerem. Para se criar o medo, basta
mostrar somente o lado negativo das drogas.
 Quanto mais alguém souber sobre as drogas, mais condições terá para decidir usá-las ou não.
Uma informação pode ser trocada por outra mais convincente e que atenda aos interesses
imediatos da pessoa.

 Não se deve usar drogas porque elas são ilegais. E todas as substâncias adquiridas livremente
que podem ser transformadas em drogas.

 A droga fere os princípios éticos e morais. Esses valores entram em crise exactamente na
juventude.

 Mais vigiados pelos pais e professores, os jovens teriam maiores dificuldades em se aproximar
das drogas. Só que isso não é totalmente verdadeiro. Não adianta proteger quem não se
defende.

 Quem recebe muito amor não sente necessidade de drogas. Fica aleijado afetivamente que só
recebe amor e não o retribui. Droga é usufruir prazer sem ter de devolver nada.

 Quem faz desporto não usa drogas. Não é isso o que a sociedade tem presenciado. Reis do
desporto já perderam sua majestade devido às drogas.

 Cada jovem escolhe o mais adequado caminho para si. Por enquanto, é o que tem dado os
resultados mais satisfatórios.
117
 O jovem é uma pessoa integrada consigo mesmo (corpo e psique), com as pessoas com as quais
se relaciona (integração social) e com o ecossistema (ambiente), valorizando a disciplina, a
gratidão, a religiosidade, a ética e a cidadania.

Capítulo 5 Habilidades da Vida

Introdução
Com este capítulo pretendemos introduzir o estudante a abordagem de ABCD. Gostaríamos de criar
e fortalecer habilidades que possam contribuir para uma vida em plenitude, uma vida feliz e
saudável.

Objectivo Geral
Que ao fim de este módulo, o estudante conheça o método ABCD e possa adquirir certas
ferramentas que possam lhe ajudar a ter uma vida saudável de qualidade, descobrindo nele a suas
capacidades de poder ser uma pessoa feliz. Assim como a criação, implementação e gestão efectiva
do seu plano de vida.

5.1. Habilidades da vida


Todas as pessoas buscam de uma maneira ou de outra ser felizes, ser e estar bem consigo mesmas.
Nem sempre os meios que se usam para chegar a este fim são os acertados, ou ainda mais, achamos
que isto a de chegar por si mesmo.
Nem sempre isto acontece, por em e preciso pensara que são necessárias certas habilidades para
poder conseguir este fim de felicidade.
O que nos propomos neste módulo, são algumas ferramentas que podem ajudar e facilitar na
prevenção do HIV. O método já é muito conhecido o ABC:
A = Abstinência de sexo,
B = Be faithful , seja fiel
C = Condome.
Mais numa visão holística da vida propomos o ABCD que significa muito mais.
A= abstinência de tudo que destrói o plano de vida, isto e temos de abster da mentira, da corrupção,
do estigma, do sexo desprotegido, de álcool, das drogas, da violência, poluição do meio ambiente...
118
B = be faithful significa fidelidade em primeiro lugar a ti mesmo e teu plano da vida, ao teu corpo, a
tua família, a tua igreja, ao teu parceiro, a Deus,
C= change, tempo de escolher, fazer escolhas responsáveis, ...
D= danger perigo, para ter uma vida em plenitude deve se evitar perigos como por exemplo drogas,
HIV...
Por tanto, desenvolver o método de ABCD implica da tua parte a elaboração e realização de um
plano da vida, assim como aprender a gerir recursos e conflitos. Estos elementos são importantes na
elaboração do Plano de vida. Comecemos pelo plano de vida.

Exercício 5.1.- O caso do Luís


Quando Luís tinha a volta de 15 anos, sonhou com um dia ser Actor de TV. Cada vez que via o TV viu-
se ele mesmo lá. Uma outra coisa que o Luís queria era ter uma casa grande com três filhos e um
carro.
O tempo passou de vagar, sem muito se aperceber do correr do tempo. Luís que era um rapaz como
muitos outros, não era o primeiro de classe, não era o último. O Luís teve de enfrentar aos poucos,
algumas dificuldades para lograr os seus sonhos. Seus pais adoeceram e num espaço de pouco
tempo os dois morreram. Os seus irmãos mais pequenos foram com os tios, ele ficou a tomar conta
da casa e do pouco que os pais tinham deixado por causa da doença.
Não foi fácil para o Luís superar a morte dos seus pais, a separação de seus dois irmãos. Começou a
entrar numa depressão e a vida começou a não ter sentido para ele.
Seus sonhos pareciam desaparecer, na escola as notas e o comportamento começou a diminuir.
Um dia, o seu professor contou a história de uma Águia que se tinha tornado Galinha. O professor
diz: “Um homem encontrou um ovo de agia no mato, levou para a capoeira onde estava a chocar as
galinhas. Quando o tempo chegou, apareceu um pintainho muito grande, diferente dos da galinha,
com bico grande, asas grandes, forte, garras maiores, etc... A águia, começou a comer como os
pintainhos, a piar como eles também, começou a viver como galinha sem saber que ele era uma
agia. Cresceu na capoeira, ate que um dia o dono diz, esta não é uma galinha tu és águia, esta feita
para as alturas, para voar no alto do céu, nas montanhas. Levantou o pescoço da águia, e o Sol
pouco a pouco entrou pelos seus plhos e encheu todo oser da águia que descobriu que era Águia,
voou, ate perder-se no firmamento caminho ao Sol.
Luís, descobriu que estava a viver como galinha, mais tomou consciência que ela era uma Águia e
decidiu deixar de ser galinha para ser Águia. Começou a organizar a sua vida aos poucos, seu tempo,
seu dinheiro que era pouco. Hoje, o Luís trabalha numa estação de rádio, tem uma enamorada que
gosta dele, e ainda quer ser actor de TV. Participou em pequenos anúncios.

119
a) O que aconteceu na vida de Luís?
b) O Luís conseguiu realizar seus sonhos, seu plano de vida?
c) Que outras alternativas tinha o Luís.

Exercicio 5.2. Agora vamos olhar para si próprio.


a) Faz uma autobiografia dos momentos mais importantes da tua vida

b) Sim tu não consegues o que tu queres agora, que outras alternativas tens?

c) O que estarias a fazer e dar para que teus sonhos sejam realidade.

Exercício 5.3.- Exercício prático. Elaboração de um plano de vida.


A elaboração de um plano de vida a curto e a longo prazo precisa de umas respostas a estas
perguntas que tu mesmo tens de dar. Tenta de elaborar teu plano de vida a longo prazo.
Como tu gostarias de ver a ti e a tua vida de aqui há oito dez anos.
 Como, onde e com quem vais a estar a viver.

 Quais actividades (profissão) estarás a fazer e que tipo de pessoa serás.

Para poder visualizar este teu plano de vida podes escrever uma página.
Deves ser consciente que nem tudo e cor de rosa, existem dificuldades e obstáculos que podem por
teu plano em risco:
 Quais são os perigos que podes encontrar e que podem prejudicar teu plano de vida.
Menciona pelo menos cinco.
 Quais são os recursos que podem te ajudar a que teu plano de vida possa ser realizado.
Menciona pelo menos cinco.

Para poder chegar ao fim do caminho e preciso dar os primeiros passos, e por isso que agora
precisas ver um pouco mais por perto, quer dizer, fazer teu plano de vida a curto medio prazo.
Elabora agora teu plano de vida para este ano nas seguintes áreas:

Exercício 5.4. Exercício prático. Plano de semana.


a) Estudo. (Biblioteca, aulas, TPC, estudo pessoal, trabalho de equipa)

b) Pessoal: (Descanço, alimentos, TV, ...)

c) Social. (Festas, amigos, Igreja, passeios...)

120
d) Quais são os recursos a teu alcance para implementar este plano?

Na sessão presencial vai se discutir os perigos. (Pode se usar actividade de Pontes de Esperança)
Que aspectos do ABCD descobres dentro de este exercício prático e no teu
próprio.

5.2. Gestão do Dinheiro e Bens


Recursos materiais são necessários para implementação de qualquer plano. Um deles é o dinheiro.
Gerir bem o dinheiro requer esforço, tempo e humildade, seja
para as finanças pessoais ou para gestão empresarial.
Existem algumas práticas que podemos compartilhar para
conseguir gerir melhor o seu dia-a-dia e todos os aspectos
financeiros relacionados. O ABCD, também tem a ver com a
gestão do dinheiro e dos bens. Uma boa gestão, uma boa
administração dos recursos, económicos, materiais e pessoais
vão fazer a diferença na implementação do meu plano de vida.
Abster-se de gastar dinheiro superficialmente, ter cuidado do
meu tempo, fazer escolhas certas vão ser, pode ser um grande desafio para mi.

Exercício 5.5. O caso da Cláudia


A Cláudia, uma rapariga portuguesa do Porto, muito viva, com muitas iniciativas e com um espírito
de liderança, de ser alguém, quer sentir o desafio de ficar fora de casa dos pais e dos irmãos que são
oito.
Ela, depois de bem reflectir pede para o pai a possibilidade de ir fazer na Suíça um estágio de
veterinária numa farma. Os pais aceitam e falam com ela do modo de proceder. A Cláudia vai
receber por mes uma quantidade que vai permitir muito justo, e de facto com muito sacrifício a sua
experiencia. Os primeiros dois meses a Cláudia gasta sem ter em conta o que tem para ser gasto.
Quando se vê sem dinheiro para o resto do mes, depois de ter gasto em coisas necessárias e não tão
necessárias, a Cláudia encontrasse sem dinheiro. Ela liga para os pais, a pensar que eles
depositariam o dinheiro que ela precisava. O pai disse: «Minha filha, nos tínhamos convidado X, e de
nossa parte, tua mãe, teus irmãos e eu estamos a cumprir, como tu estas a usar o dinheiro não
sabemos, mais não temos mais para te depositar, abraços e beijinhos de todos» nos dois primeiros
meses a Cláudia passou muito mal, passou fome, sem cópias, sem passagem (gastou em outras
121
coisas). Nos meses a seguir se organizou e no fim de seu estágio conseguiu comprar para ela e para a
sua família presentes do que ela tinha poupado para agradecer o sacrifico da sua família.
 O que aconteceu com a Cláudia?
 A Cláudia tinha uma boa gestão de seu tempo, dinheiro e meios?
 Como Cláudia tomou consciência da necessidade de uma boa gestão dos bens.

Exercício 5.6.- Agora vamos olhar para si próprio.


a) Vives ainda com teus pais, ou estas fora da casa deles, como te sentes a viver com eles o
estar fora?

b) Quais são os bens que tens, como usas o que tens a tua disposição?

c) Achas que es um/a boa gestora dos bens que tens? Como descobres isso?

Exercício 5.7.- Exercício Prático. Faça aqui o seu plano de despesas do mês:
a) Quanto gastar/O que comprar no início do mês?

 Casa (renda)? ___________

 Chapa? ___________

 Verniz e batom novo? ___________

 Mexas ou tissagem? ___________

 Fazer cópias da faculdade? ___________

 Rancho e outras despesas de casa? ___________

 Bebidas? ___________

 Tchilling? ___________

 Celular e crédito? ___________

 Novas calças? ___________

 Devolução de empréstimo? ___________

 Outras ___________

122
TOTAL _____________

Faça a soma destas despesas planificadas. Compare com o dinheiro que tem disponível, prevem as
despesas mensais e trata de comparar sempre tuas despesas com teu orçamento?
b) Se o dinheiro disponível é menos do que você planificou, o que vai fazer?
Aponta a sua resposta aqui:
c)Se tivesses cinco mil meticais como premio por ser o melhor estudante da tua turma o que é que
tu farias?

Que aspectos do ABCD descobres dentro de este exercício prático e no teu próprio.

Alguns conselhos sobre a gestão do dinheiro


 Não compre ou melhor evite comprar antes de:

 Planificar diária/mensalmente e anualmente suas despesas e receitas (ganhos e


custo).

 Saber quanto dinheiro você têm disponível.

 Definir prioridades. Inicie pelo necessário!

 Reduza todas as despesas diárias, não essenciais, gastos extras.

 Poupe em todas as oportunidades.

 Faça compras ao menor custo.

 Esteja sempre atento aos descontos. Coloque os artigos que deseja comprar debaixo de olho
para estar preparado para avançar quando o preço estiver ao seu gosto (saldos, promoções,
etc)

 Anote todas as despesas e receitas num caderno, por mais pequenas que lhe possam
parecer hoje, 3 refrescos de 12 meticais cada semana, quanto equivale quantas copias.
Guarde também todos os recibos em papel numa pasta.

123
 Analise a sua situação financeira regularmente, fazendo relatórios que lhe mostrem quanto
recebe e gasta em cada mês e no final de cada ano. Desta forma ficará com um resumo de
quanto necessita para cobrir suas despesas e poupar.

 Não se endivide desnecessariamente. Tente pagar tudo através da poupança, prestação de


serviços e não através da dívida. Se não pode comprar um artigo hoje, poupe durante alguns
meses para esse objectivo.

 Não é fácil manter-se organizado, mas vai ter resultados a longo prazo se mantiver a
persistência para controlar as suas finanças regularmente.

 Gere, gere bem o teu dinheiro, POUPE, POUPE, POUPE SEMPRE!

5.3. Gestão de Tempo


Tempo é um recurso fundamental. Sempre parece que tempo temos em abundância, mas no fim do
dia muitas vezes constatamos o contrario, o dia passou sem nos percebemos e não tive tempo
para.... Saber organizar o teu tempo ajudará a implementação do teu plano, ao fim do dia ficaras
contente quando usaras bem o teu tempo e conseguiste avançar nas tuas metas estabelecidas.
Ser fiel a sim mesmo é respeitar meu tempo, o tempo dos outros, meu espaço e o espaço dos
outros. Facilmente podemos desviar nosso plano. A disciplina, a determinação podem nos ajudar a
não gastar, o mal gastar o tempo que não mais vai voltar.
O ABCD pode me ajudar a ter uma boa gestão do meu tempo de tal forma que meu dia possa ter
uma qualidade de vida. O que eu fiz o u deixei de fazer foram opções livres e conscientes. O que me
evitara frustrações.

Exercício 5.8: Caso da Mónica

As 5Hrs da tarde Mónica olhou para cima de sua mesa e observa os seus colegas a arrumarem para ir
para casa. No ritmo que ia, ela estaria a estudar até a meia-noite e nem ia ter tempo para passar
tempo com a família e os amigos. Quando ela olhou para sua lista de tarefas, ela suspirou em
desânimo, três tarefas críticas não foram efetuadas, entre os quais a preparação para o exame na
próxima semana. O que ela tinha feito todo dia e porquê não teve essas tarefas realizadas? Ela
repassou o seu dia. A manhã foi gasta com a participação nas aulas. Almoço foi utilizado para

124
responder a mais de 20 mensagens de e-mail dos seus amigos e a tarde foi consumida por um
pedido do seu colega Tony de explicar as tarefas do tutorial.
a) O que aconteceu? Porque a Mónica não conseguiu cumprir as suas tarefas do dia?

b) Recolhe as suas ideias e aponta-as numa folha

c) O que a Mónica poderia fazer?

Exercício 5.9: Agora vamos olhar para si próprio.


 Onde você passa a maior parte do seu tempo concentrado/Focalizado?

 Quais são as suas metas e prioridades de longo e curto prazo?

 Quais são as situações mais comuns que o/a desviam do seu plano do dia? Menciona pelo
menos três.

 Quais são as estratégias que usas para lidar com situações que o impedem a implementação
do plano semanal? Mencione pelo menos três.

Exercício 5.10.- Exercício prático.

Preenche a tabela na pagina seguinte: Como ia planificar o seu tempo?

125
Exercício 5.10.- Exercício prático. Gestao de tempo
Harvard Manage Mentor — MANAGING YOUR TIME TOOLS
Log Chart de Horário Diário
Complete a tabela, preenchendo as suas actividades diárias. Use as primeiras três colunas para planificar a hora, a actividade e o tempo usado para esta
actividade. Para cada actividade identifique a categoria correspondente.
Data:
Categoria

Tempo usado Aulas Consulta: biblioteca, Tutoriais Praticas/ Estagio Preparação de exame/
Hora Actividade (minutos) internet assignment

Que aspectos do ABCD descobres dentro de este exercido prático e no teu próprio.

126
5.4. Gestão de Conflitos
Os conflitos são uma realidade da nossa vida, que nem sempre, como costumamos pensar são
negativos. O conflito, que pode ser pessoal. Social, económico... em si não e nem bom nem mão,
o problema reside na sua gestão. Um conflito bem gerido pode nos ajudar a crescer, um
conflito mal gerido pode destruir. Por tanto todo está na sua maneira de o abordar.
Vamos ver de que maneira os conflitos podem ser uma oportunidade de crescimento e não de
obstáculo na realização do plano de vida.

Basicamente todos sabemos o que é um conflito. A dificuldade surge quando temos de o definir.
Uma maneira de definir é esta:

"A oposição que surge quando existe um desacordo dentro ou entre indivíduos, equipas,
departamentos ou organizações" Autor.

Existem 3 tipos de conflitos:

 Conflitos de Objectivos;
 Conflitos Cognitivos;
 Conflitos Afectivos;

Exercício 5.11: O Caso de Pedro e Joana. Conflito de trabalho grupo


Pedro acordou muito angustiado depois de ter dormido de facto poucas horas. A Joana, tinha
ligado para ele no dia anterior a volta das 20 horas. Tinham discutido de manha, de tarde e
ainda de noite sobre a questão dos três filhos. Pedro e Joana tinham decidido separar-se, e já
desde a semana passada viviam cada um por si. Os três filhos de 6 de 10 e de 14 anos viviam
com a irmã e com a mãe, em quanto resolviam o que fazer.

Os motivos da separação eram questões de infidelidade, de ma gestão de tempo e de dinheiro.


Agressões verbais e em poucos casos ate físicas das duas partes tinham acontecido.
127
A Irmã dela e a mãe dele que guardavam os filhos começavam a sentir o peso das despesas e a
exigência do tempo e dedicação que eles precisavam e que elas não podiam dar, a saber que em
qualquer momento podiam ser tirados, não podiam organizar o reorganizar suas vidas.

Entre Joana e Pedro havia ainda o desejo de ficar juntos, muitas coisas deveriam de ser
reorganizadas. Mais de facto uma das partes mostrava menos interesse em recomeçar a
relação.

a) Que tipos de conflitos encontras neste caso de Joana e Pedro?


b) Que pessoas são afectadas neste conflito, como e porque?
c) Tem alguma solução? Qual é a solução mais fácil? Qual é a melhor solução?

Exercício 5.12: Agora vamos olhar para sim mesmo.

a) Que tipo de conflitos aprecem mais frequentemente na tua vida?


b) Como é que resolves estes conflitos?
c) Te consideras uma pessoa, conflictiva, reconciliadora, agressiva, indiferente, pacifica, etc
porque?

Exercício 5.13: Descreve um exemplo de cada um dos tipos de conflicto


Objectivo, cognitivo e afectivo que viveste e a maneira como o resolveste.
Uma das maneiras como costumamos resolver os conflictos que aparecem na nossa vida podem
ser:
Leão = Agressividade
Macaco = Nas brincadeiras.
Avestruz = Escondendo a cabeça para não ver o problema.
Águia = Tomamos o tempo de analisar a situação de longe de perto, de diferentes pontos e
agimos.
 Qual é a tua maneira de resolver os conflictos?

 Que aspectos do ABCD descobres dentro de este exercido prático e no teu próprio.

Mensagens Chave

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 Todas as pessoas buscam de uma maneira ou de outra ser felizes, ser e estar bem
consigo mesmas. Nem sempre os meios que se usam para chegar a este fim são os
acertados, ou ainda mais, achamos que isto a de chegar por si mesmo.

 Nem sempre isto acontece, por em e preciso pensara que são necessárias certas
habilidades para poder conseguir este fim de felicidade.

 Algumas ferramentas que podem ajudar e facilitar na prevenção do HIV. O método já é


muito conhecido o ABC. A = Abstinência de sexo, B = Be faithful , seja fiel, C = Condome.

Mais numa visão holística da vida propomos o ABCD que significa muito mais.
A= abstinência de tudo que destrói o plano de vida, isto e temos de abster da mentira, da
corrupção, do estigma, do sexo desprotegido, de álcool, das drogas, da violência, poluição do
meio ambiente...
B = be faithful significa fidelidade em primeiro lugar a ti mesmo e teu plano da vida, ao teu
corpo, a tua família, a tua igreja, ao teu parceiro, a Deus,
C= change, tempo de escolher, fazer escolhas responsáveis, ...
D= danger perigo, para ter uma vida em plenitude deve se evitar perigos como por exemplo
drogas, HIV...
 Por tanto, desenvolver o método de ABCD implica da tua parte a elaboração e realização
de um plano da vida, assim como aprender a gerir recursos e conflitos. Estos elementos
são importantes na elaboração do Plano de vida. Comecemos pelo plano de vida.

 Recursos materiais são necessários para implementação de qualquer plano. Um deles é o


dinheiro.

 Gerir bem o dinheiro requer esforço, tempo e humildade, seja para as finanças pessoais ou
para gestão empresarial.

 Existem algumas práticas que podemos compartilhar para conseguir gerir melhor o seu
dia-a-dia e todos os aspectos financeiros relacionados. O ABCD, também tem a ver com a
gestão do dinheiro e dos bens. Uma boa gestão, uma boa administração dos recursos,
económicos, materiais e pessoais vão fazer a diferença na implementação do meu plano
de vida. Tempo é um recurso fundamental. Sempre parece que tempo temos em
abundância, mas no fim do dia muitas vezes constatamos o contrario, o dia passou sem
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nos percebemos e não tive tempo para.... Saber organizar o teu tempo ajudará a
implementação do teu plano, ao fim do dia ficaras contente quando usaras bem o teu
tempo e conseguiste avançar nas tuas metas estabelecidas.

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Bibliografia
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Access to Treatment. CSA Imagined Future Conference, University of Pretoria.
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Prevenção de HIV entre Raparigas e Mulheres Jovens. Maputo.
University of Pretoria, Center for the Studies of AIDS, 2006: HIV/SIDA na Africa Austral.
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http://www.clube-positivo.com/testes/htm
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http://ilga.org/ilga/en/article/mcvcC861Ww
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Prevention and Labouchere, Peter: Manual do Utilizador. Pontes de Esperança. 2007
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R Pharoah and T Weiss. Trainer’s Guide: SARPCCO Training: HIV/AIDS. October 2004. Training for
Peace in Africa Project.
Shefer, Tamara, Boonzaier, Floretta, Kiguwa, Peace (2006): The Gender of Psychology. UCT
Press, Cape Town.
Unesco (2009): http://blogs.ssrc.org/fourthwave/
Acrónimos e Abreviaturas

ABCD Abstinence, Be FaithFul , Change and Danger


AME Aleitamento Materno Exclusivo
ARVs Antiretrovirais
131
ATV Aconselhamento e testagem voluntária
AZT Azidothymidine (um medicamento anti-retroviral)
CM Circuncisão masculina
CV Carga Viral
DIU ( Dispositivo Intra-uterina)
DOT Terapia directamente observada
ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) um teste de diagnostico de HIV
EPI Equipamentos de Protecção Individual
FGM Mutilação genital feminina
GDP Produto Domestico Grosso
HCW Trabalhador de cuidados de saúde
HDD Hospital de Dia
HIV Vírus de imuno deficiência humana
IFA Indirect fluorescent antibody
IVD Drogas Intravenosas
ITS Infecções de Transmissão Sexual
LGTBI Lesbica, Gay, Transgenero, Transsexual, Bissexual, Intersex.
LH (hormona luteinizante)
MDR-TB Tuberculose Resistente a Drogas Múltiplas
NGO Organização Não Governamental
PCR (Polymerase chain reaction) um teste de diagnostico de HIV
PEP Profilaxia pos-exposiçao
PF Planeamento familiar
PREP Profilaxia pre-exposiçao
PGL Linfodenopatia Glandular Persistente
PTV Prevenção da Transmissão Vertical (Transmissao Mãe para filho)
PVHS Pessoa ou pessoas vivendo com o HIV/SIDA
QQR Quantidade, Qualidade e Rota
SIDA Sindroma de imuno deficiência adquirida
SIV vírus da imuno deficiência símia
SK Sarcoma de Kaposi
STI Infecções de transmissão sexual
SSR Saúde Sexual e Reproductiva
TAC Campanha de Acção de Tratamento
TARV Tratamento Antiretroviral
TB Tuberculose
TS Trabalhadoras do sexo
UN Nações Unidas
UNAIDS Joint UN Programme on HIV/AIDS (Programa de HIV/SIDA das Nações Unidas)
UATS Unidade de Aconselhamento e Testagem em Saúde

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