Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br
Série Retrospectiva
10 - Principais julgados de
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Márcio André Lopes Cavalcante
1. O juiz que conduz o processo não pode ser apenado com a multa prevista para os casos de co-
metimento de ato atentatório ao exercício da jurisdição, prevista no parágrafo único do art. 14 do
CPC/1973 (art. 77, § 2º, do CPC/2015)
A multa prevista no parágrafo único do art. 14 do CPC/1973 (art. 77, § 2º, do CPC/2015) não se aplica
aos juízes, devendo os atos atentatórios por eles praticados ser investigados nos termos da Lei Orgâ-
nica da Magistratura.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.548.783-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/06/2019 (Info 653).
2. Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer cumulada com reparação de
danos materiais e morais ajuizada por motorista de aplicativo pretendendo a reativação de sua conta
Uber para que possa voltar a usar o aplicativo e realizar seus serviços
Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer cumulada com reparação de
danos materiais e morais ajuizada por motorista de aplicativo pretendendo a reativação de sua conta
Uber para que possa voltar a usar o aplicativo e realizar seus serviços.
As ferramentas tecnológicas disponíveis atualmente permitiram criar uma nova modalidade de inte-
ração econômica, fazendo surgir a economia compartilhada (sharing economy), em que a prestação
de serviços por detentores de veículos particulares é intermediada por aplicativos geridos por em-
presas de tecnologia. Nesse processo, os motoristas, executores da atividade, atuam como empreen-
dedores individuais, sem vínculo de emprego com a empresa proprietária da plataforma.
STJ. 2ª Seção. CC 164.544-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 28/08/2019 (Info 655).
Na égide do CPC/2015:
O cenário mudou.
O CPC/2015 trouxe expressamente um dispositivo dizendo que a comprovação do feriado local de-
verá ser feita, obrigatoriamente, no ato de interposição do recurso. Veja:
Art. 1.003 (...) § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do
recurso.
SP): é possível a abertura de vista para que a parte comprove a suspensão do prazo em virtude de
feriado local após a interposição do recurso, sanando o vício.
• Para recursos interpostos depois de 18/11/2019: prevalece a necessidade de comprovar o feriado
no momento da interposição do recurso, sendo impossível a sua posterior comprovação em razão de
ser vício insanável.
Cuidado. O STF afirma que, com o CPC/2015, passou a ser impossível sanar o vício da comprovação
do feriado local, de modo que a sua comprovação deve ser feita no ato de interposição do recurso.
Em outras palavras, o STF não faz essa mesma modulação que foi criada pelo STJ. Logo, em se tratan-
do de recurso extraordinário, mesmo que interposto antes de 18/11/2019, a parte já tinha que com-
provar o feriado local, sob pena de não admissão do RE. Nesse sentido: STF. Plenário. ARE 1223738
AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/10/2019.
6. Havendo conflito entre sentenças transitadas em julgado deve valer a coisa julgada formada por
último, enquanto não invalidada por ação rescisória
Havendo conflito entre sentenças transitadas em julgado deve valer a coisa julgada formada por últi-
mo, enquanto não invalidada por ação rescisória.
STJ. Corte Especial. EAREsp 600811/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 04/12/2019.
7. A prescrição intercorrente por ausência de localização de bens não retira o princípio da causalidade
em desfavor do devedor, nem atrai a sucumbência para o exequente
Declarada a prescrição intercorrente por ausência de localização de bens, incabível a fixação de ver-
ba honorária em favor do executado.
Por força dos princípios da efetividade do processo, da boa-fé processual e da cooperação, não pode
o devedor se beneficiar do não-cumprimento de sua obrigação.
O fato de o exequente não localizar bens do devedor não pode significar mais uma penalidade contra
ele, considerando que, embora tenha vencido a fase de conhecimento, não terá êxito prático com o
processo.
Do contrário, o devedor que não apresentou bens suficientes ao cumprimento da obrigação ainda
sairia vitorioso na lide, fazendo jus à verba honorária em prol de sua defesa, o que se revelaria tera-
tológico, absurdo, aberrante.
Há situações em que, mesmo não sucumbindo no plano do direito material, a parte vitoriosa é con-
siderada como geradora das causas que produziram o processo e todas as despesas a ele inerentes.
Assim, a responsabilidade pelo pagamento de honorários e custas deve ser fixada com base no prin-
cípio da causalidade, segundo o qual a parte que deu causa à instauração do processo deve suportar
as despesas dele decorrentes.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.835.174-MS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/11/2019 (Info
660).
STJ. 4ª Turma. REsp 1.769.201/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/03/2019 (Info 646).
Página3
8. Na execução fiscal não cabe a retenção de passaporte ou a suspensão da CNH como forma de com-
pelir o executado a pagar o débito
Em execução fiscal não cabem medidas atípicas aflitivas pessoais, tais como a suspensão de passa-
porte e da licença para dirigir.
9. Ministério Público possui legitimidade para propor ACP em defesa de direitos sociais relacionados
com o FGTS
O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de direitos
sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
STF. Plenário. RE 643978/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/10/2019 (repercussão ge-
ral – Tema 850) (Info 955).
Em provas, tenha cuidado com a redação do art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 7.347/85:
Art. 1º (...) Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros
fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluí-
do pela Medida provisória nº 2.180-35/2001)
Se for cobrada a mera transcrição literal deste dispositivo em uma prova objetiva, provavelmente,
esta será a alternativa correta.
10. Admite-se a intervenção da DPU no feito como custos vulnerabilis nas hipóteses em que há
formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos
Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”).
Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a Defen-
soria Pública possui a função de custos vulnerabilis.
Assim, segundo a tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos
vulneráveis seria possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não
advogado particular constituído.
Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não
como representante da parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos necessitados em
geral.
O STJ afirmou que deve ser admitida a intervenção da Defensoria Pública da União no feito como
custos vulnerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos
direitos humanos.
STJ. 2ª Seção. EDcl no REsp 1.712.163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/09/2019 (Info 657).
Página4