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Mensagem (Fernando Pessoa)

Encoberto

A terceira parte corresponde á desintegração, havendo, por isso, um presente de sofrimento e


de mágoa, pois “falta cumprir-se Portugal”. Encontra-se tripartida em “Os Símbolos”, “Os
Avisos” e “Os Tempos”. Com os primeiros, manifesta-se a esperança e o sonho português, pois
o atual Imperio encontra-se moribundo. Revela-se a fé de que a morte contenha em si o
gérmen da ressurreição. Nos três avisos são definidos os passos de Portugal; com os cinco
tempos traduz-se a ânsia e a saudade daquele salvador/encoberto que, na “hora” deverá
chegar, para edificar o Quinto Império, moral e civilizacional.

O DESEJADO

Significado das palavras:


Galaaz -É uma personagem lendária das histórias
do Ciclo Arturiano. Galahad era um dos Cavaleiros
da Távola Redonda do Rei Artur e um dos três que
conseguiu alcançar o Santo Graal.

Gládio- Era uma espada curta de perfuração.

Excalibur- É a lendária espada do Rei Artur nas


histórias do Ciclo Arturiano da Matéria da Bretanha.

Santo Gral- é uma expressão que designa o cálice


usado por Jesus Cristo na Última Ceia, e onde, na
literatura, José de Arimateia colheu o sangue de
Jesus durante a crucificação.

Análise das estrofes do poema:


1.ª Estrofe

O poeta começa por afirmar que D. Sebastião é agora apenas uma memória, que anda entre
"sombras e dizeres", o que pode aludir à tradição oral do Sebastianismo e ao facto de o seu
mito estar sempre presente. Basta que sonhem para que o mito volte de novo à realidade, o
que significa que este nunca morre.

Para além disto, Pessoa profere a frase "Ergue-te do fundo de não-seres", pedindo que o
símbolo de D. Sebastião volte para cumprir o seu “novo fado” (que neste caso era a construção
do Quinto Império).
2.ª Estrofe

Continuando com a sua exortação, Pessoa compara o mito de D. Sebastião com o de Sir
Galahad, assim como a nobreza e caráter das duas personagens (pois ele era um cavaleiro
nobre). O poeta pede-lhe um ato de paz, tal como a descoberta do Santo Graal o foi.

"No auge da suprema prova" refere-se ao momento vivido pelo poeta, caracterizado pela
grande pobreza intelectual e política. E é "a alma penitente" do povo que sofre, pois este é mal
dirigido. Assim, Pessoa quer erguer de novo essa alma a uma nova ideologia, a Eucaristia Nova,
o Sebastianismo, aqui retratado como uma religião própria.

3.ª Estrofe

A estrofe começa com uma referência templária - "Mestre". D. Sebastião é


representado outra vez como um cavaleiro, sendo que desta vez é um guerreiro da
paz, que luta para a alcançar. O seu "gládio ungido" traz a mudança tão esperada. Da
espada jorra luz que revelará a verdade do mito. Esta é uma luz de conhecimento e
união, que irá iluminar um mundo de trevas, sem ordem nem conhecimento.

O ENCOBERTO
1.ª Estrofe

Fernando Pessoa inicia o seu poema, questionando


retoricamente quem será o símbolo perfeito para uma nova
religião, aquele que substituirá Cristo na cruz. Para além disto,
quando se refere a uma “aurora ansiosa”, fomenta a ideia que
algo quer renascer, como um dia que se renova.

O autor acaba por responder a sua pergunta dizendo que é a


Rosa, a vida que vai tomar o lugar “Na cruz morta do mundo”.
A Rosa nesta estrofe simboliza a vida, a Cruz também é um
símbolo, representado a morte.

2.ª Estrofe

O símbolo que na primeira estrofe era fecundo, agora também


é algo divino, que traz uma nova verdade que já se esperava.
Porém, para alcançar a “aurora ansiosa” tem que se sofrer e lutar (a cruz representa nesta
estrofe o sofrimento reservado que é o destino e a Rosa é Cristo).

3.ª Estrofe

O Símbolo fecundo e divino agora também é final, pois é definitivo e mostra o “sol já
descoberto”, ou seja, a verdade iniciática (que era a conquista/realização do império espiritual,
o quinto império).
TERCEIRO (screvo meu livro à beira-mágoa)
Análise das estrofes do poema:

1.ª Estrofe

Estamos perante um poema sebastianista, em que o poeta, nos


limites da mágoa apenas consegue preencher os seus dias através
da esperança da vinda de um “Senhor”, que irá ajudar Portugal a
alcançar a glória e, consequentemente, o Quinto Império.

2ª Estrofe

A questão sobre a chegada do “messias” atormenta o poeta e


ocupa os seus dias “vácuos”.

3ª Estrofe

O poeta continua a questionar-se de quando é que irá aparecer o


“Senhor” e criar-se a “Nova Terra”, isto é, o quinto império.

O poema divide-se em duas partes:

A primeira parte é constituída pelos seis primeiros versos: o poeta


fala-nos da sua tristeza (três primeiros versos) e do único lenitivo
para a sua dor - a crença num "senhor" que é a única entidade capaz de
lhe devolver a confiança no futuro e preencher seus "dias vácuos" (4.º, 5.º e 6.º versos).

A segunda parte inicia-se com a conjunção "Mas" (7.º verso) e é constituída por uma série de
perguntas introduzidas por "Quando" e dirigidas a essa entidade mítica que toma vários nomes
(Rei, Hora, Cristo, Encoberto, Sonho, Senhor), apelando para a sua vinda rápida, única forma
de materializar sonhos centenários e de o poeta se libertar do contingente, do incerto, e de
alcançar uma "Nova Terra" e "Novos Céus".

ANTEMANHÃ

Fernando pessoa resgata uma figura simbólica para servir


de interpelador de quem procura o Encoberto. Assim, ao
contrário do que se passa no poema “O Mostrengo
(segunda parte, “Mar Português) a figura passou a ser mais
humana, rendendo-se ao simbolismo, parecendo menos
vivo, despido de sentimentos e iluminado por outra luz.

Foi um relâmpago de Deus que iniciou este "novo dia sem


acabar". "Um novo dia" significa uma nova era e um novo
princípio. Neste momento, o mostrengo fala e avisa, ao
contrário das suas acções anteriormente. Aqui, tem uma atitude motivadora, e não
assustadora, criando um caminho limpo e mais fácil, não obstáculos ao mesmo. Para além
disto, o mostrengo afirma que os portugueses já tinham descoberto o terceiro mundo e, por
isso, não ansiavam mais não (encontravam-se adormecidos).

Nota: Decassilábico O mostrengo que está no fim do mar a Veio das trevas a procurar a A
madrugada do novo dia, b Do novo dia sem acabar; decassilábico E disse, «Quem é que dorme
a lembrar a Que desvendou o Segundo Mundo, Nem o Terceiro quer desvendar?» a E o som
na treva de ele rodar a Faz mau o sono, triste o sonhar. a Pergunta retórica Rodou e foi-se o
mostrengo servo b Que seu senhor veio aqui buscar, a Que veio aqui seu senhor chamar – a
Chamar Aquele que está dormindo b Anáfora E foi outrora Senhor do Mar a Face a "O
Mostrengo" de Mar Português conclui-se que Pessoa quer de novo simbolizar o medo do
desconhecido

O NEVOEIRO
Significado do título do poema:

Simboliza a indeterminação, a indefinição, a obscuridade e a


promessa de um novo dia. (Metáfora de Portugal no
presente!)

Resumo do poema:

No início do texto, o sujeito poético traça um perfil geral de


Portugal, um país indefinido e de ruína, como um manto de
nevoeiro, que sofre com uma crise política, de valores e de
identidade, bem presente, que não deixa manobra para uma
mudança no governo dos homens.

De seguida, Pessoa traça um perfil mais detalhado de


Portugal, de todas as pessoas da sociedade em geral, que de
nada sabem, não se conhecem, e acabam por sucumbir ao
vazio moral (“Ninguém conhece que alma tem/ Nem quem é o mal
nem o que é o bem”).

Finalmente, o poeta revela que “É a Hora” de Portugal voltar a brilhar, há ainda uma pequena
esperança de evolução e união de população para o bem comum e para a glória da pátria.

O estado de Portugal:

Portugal encontrava-se perdido, sem noção da sua realidade e de tudo o que se passava à sua
volta, não conseguindo distinguir o bem do mal. Apesar de tudo ser “incerto e derradeiro” e
“disperso”, ainda há uma pequena esperança. O facto de Portugal estar perdido leva o poeta a
um grande desespero. A vida no país é uma vida com “brilho sem luz e sem arder”, pois a
tristeza invade tudo e todos, e o esplendor do passado nada mais é que memória.
Pessoa tenta resgatar o orgulho dos portugueses, apesar de nada mais incentivar o povo à
glória. Pessoa faz o papel do Clero, que tinha também como dever incentivar a população,
apreciando mais as riquezas terrenas do que a sua religião, fazendo assim também parte da
decadência moral que se fazia sentir.

A tarefa do povo luso:

O povo português não consegue enxergar o futuro claramente como este era, pois estava
demasiado agarrado ao passado para o fazer, esperando uma força divina, que talvez traga D.
Sebastião e que este desfaça todo o Nevoeiro que envolve o país e salve o país, colocando-o
de volta nos trilhos da glória. No entanto Pessoa deixa bem claro que ‘É a Hora!

A tarefa do povo Luso é tentar erguer de novo a nação. Para isso é necessário que todos se
juntem para sair do Nevoeiro que cobre o país, para que Portugal volte a brilhar. É necessária a
ação contra a desunião da pátria, contra injustiças, para que se possa distinguir o bem do mal e
para que cada um possa escolher por si próprio.

Ilhas Afortunadas
1.ª Estrofe

Durante a primeira estrofe Pessoa usa a ironia na análise da


lenda e simultaneamente no contraponto a todos os que
acreditavam que o rei iria regressar igual, humano e a
cavalo.

O que é uma voz que fala mas que não quer ser ouvida, se
não o mistério, e um mistério não pode ser encarado como
uma realidade comum.

2.ª Estrofe

Desistir de procurar é uma submissão ao destino ao mesmo


tempo é a mias difícil e mais nobre atitude humana, porque
se por um lado humilha a liberdade, por outro abençoa a
compreensão oculta.

“Ela” é a “voz” da primeira estrofe, onde não era


compreendida porque alguém se esforçara para a ouvir, e
agora se revela por já não haver esse esforço, mas sim um
sofrimento.

3.ª Estrofe

Pessoa conclui que as ilhas não existem, se não em devaneios, nas lenda das almas simples. O
poeta refere ainda que existe uma voz distante que nos fale de “esperança”. Mas essa voz não
reside em nenhuma ilha material, e se tentarmos escutá-la, ela cala-se, porque é um mistério.
Afirma que D. Sebastião regressa em símbolo e não em carne. E um mistério não pode ser
encarado como uma realidade comum.

Analogia do rei Sebastião e do rei do Artur:

Segunda uma lenda antiga, numa batalha um tal rei Artur foi ferido e ficou à beira da morte e
foi levado para a ilha de Avalon (uma ilha afortunada), onde, em vez de morrer, ficou
adormecido para um dia voltar numa hora de suprema necessidade para salvar o seu povo e
restaurar o seu reino.

Pode-se ver essa analogia através do verso "onde o rei mora esperando".

NOTAS

A primeira estrofe inicia-se com uma pergunta retórica “ Que voz vem do som das ondas/ Que
não é a voz do mar?”. Enigma que o sujeito poético tentará decifrar ao longo do poema. Esta
vez na distância, envolvida em mistério é incompreensível em condições comuns, calando-se
assim que se lhe dedica especial atenção, actuando de forma inconsciente, num novo plano de
mito.

Trata-se de uma voz de esperança, um apelo à ação que só agora é compreensível pois o suj.
poético se resignou e deixou de se esforçar para o ouvir , sendo surpreendido pela revelação
do seu significado.

Tal como “uma criança/dormente” também Portugal se encontra neste estado de torpor
favorável ao escutar da voz, perseguindo uma realidade que se esvai à medida que desta se
aproxima.

Será nas ilhas afortunadas que esperam por se concretizar estas esperanças vagas. Um lugar
espiritual logiquo e desejado, sm tempo ou espaço, onde aguarda o messias do novo império e
que virá resgatar o pais deste estado dormente. Este regresso não é no entanto físico mas sim
simbólico, já que se reconhece que “despertando/cala a voz e à só o mar)

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