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Português – 12.

º Ano
Memorial do Convento (página 288):

1.
1.1.
 D.João V representa o poder real absoluto (poderoso), contudo ainda não
conseguiu obter um sucessor e, por isso, cumpre de forma rigorosa
determinadas rotinas, com um papel apenas de procriador do qual a
intimidade e o amor se encontravam ausentes. Para além disto, amante dos
prazeres humanos e infiel, a figura real é construída através do olhar crítico do
narrador, pois é um devoto fanático que submete o país inteiro ao
cumprimento de uma promessa pessoal, feita para garantir a descendência.
 D. Maria Ana Josefa passiva e extremamente religiosa, pois os seus problemas
de infertilidade aumentaram a sua devoção e, consequentemente,
provocaram-lhe um sentimento de culpa após cada ato sexual (daí ela rezar
fervorosamente). Contudo, os escrúpulos religiosos provocam nos seus sonhos
desejos sexuais, normalmente relacionados com o seu cunhado, ocultados ao
confessor, que acabam por reduzir a insatisfação pessoal e ajudar assumir um
uma postura submissa/resignada relativamente à virilidade e infidelidade do
marido, com o intuito apenas de ter um filho.

1.2. A relação de D.João V e de D. Maria Ana não se baseava no amor, mas sim numa
relação obrigatória para procriar, ou seja, o seu casamento era baseado em interesses
políticos e conjugais, não havendo espaço para o amor e para a ternura. Para além
disto, a sua relação era traçada pela frieza, pela distância e pela formalidade, pois a ida
do rei ao quarto da rainha assume contornos protocolares, na medida em que é
descrito um conjunto de atos de natureza cerimonial e ritual.

2.
2.1. O narrador adota uma atitude ironicamente machista quando utiliza a expressão
“Que caiba a culpa ao rei, nem pensar”, pois a infertilidade na época seria sempre
responsabilidade da mulher (“a esterilidade não é mal dos homens, das mulheres sim”)
e, por isso, o narrador critica a mentalidade que vigorava relativamente ao casamento
(onde a mulher apenas servia para dar descendência e agir como um ser submisso).

3.
3.1. A expressão “O cântaro está à espera da fonte” é uma metáfora que
demostra/acentua o objetivo da ida do rei ao quarta da rainha, que era garantir a
descendência. Com efeito, sendo a rainha a procriadora na relação é comparada com o
cântaro que espera a água da fonte, ou seja, espera que o rei a fecunde.
3.2. A expressão enunciada resulta do provérbio “tantas vezes o cântaro vai à fonte
que um dia lá deixa a asa” e, por isso, é visível a existência intertextualidade.
3.3. O tipo de intertextualidade presente é de alusão.

4. O narrador através da expressão “que em Portugal não artífices de tanto primor, e,


se houvesse, sem dúvida ganhariam menos” pretende criticar o facto de o rei
desvalorizar o que é nacional, ou seja, de não dar valor quilo que é português e de
demonstrar um maior gosto por tudo o que é estrangeiro.

Trabalho realizado por: Ana Carolina Carvalho Freire, N.º3 do 12.ºD.

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