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TEXTO ARGUMENTATIVO1

1. Argumentar

Argumentar - expressar uma convicção e uma explicação para persuadir o interlocutor a modificar o seu
comportamento.

Argumento - raciocínio destinado a provar ou refutar uma afirmação (= tese). Pode aparecer no discurso
numa disposição crescente, decrescente ou dispersa.
 Se a tese é verdadeira, desenvolve-se um acto de persuasão destinado a provar a veracidade da tese, isto é, a
justificá-la.
Ex. Eu bebo água para emagrecer, porque graças ao seu poder diurético esta água elimina as toxinas.

 Se a tese é falsa, desenvolve-se um acto de persuasão destinado a provar a falsidade da tese, isto é, a refutá-
la.
Ex. Faz-se crer que um produto é melhor porque é mais caro. Isso não é verdade porque não há uma relação directa
entre preço e qualidade.

Argumentação - conjunto de argumentos interligados a favor ou contra uma opinião ou uma tese, com vista
a provocar ou aumentar a adesão dos interlocutores às teses que apresentamos

Provas - têm a função de sustentar os argumentos. Podem ser de três ordens:


- naturais (leis, testemunhos das autoridades, afirmações das testemunhas e documentos diversos);
- verdades e princípios universais (tudo aquilo que é reconhecido por todos e apresentado sob a forma de
raciocínio deduzido ou entimema);
- exemplo (caso particular, real ou fictício, que tem uma analogia com o caso que nos ocupa)

2. Argumentação

Argumentação - técnicas discursivas que permitem provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que
apresentamos ao seu consentimento. Tem por base três estados de espírito que percorrem a mente humana
perante uma afirmação:
- certeza: a verdade aparece como uma evidência e a mente adere a ela plenamente, sem qualquer hesitação;
- dúvida: a verdade não aparece com evidência e o espírito hesita, dado que uns aspectos indiciam a verdade e
outros o erro;
- opinião: a verdade não aparece de forma evidente, mas, embora não exclua toda a possibilidade de erro, são
fortes os motivos de adesão; a afirmação é provável e a inteligência adere a ela com mais ou menos segurança.

Objectivo: atingir a certeza = a convicção do interlocutor face às ideias apresentadas.


Esta convicção adquire-se quando:
- se apresenta um axioma ou uma verdade imediatamente evidente, através de uma exposição clara e
completa da sua verdade:
- se trata de uma verdade que não é imediatamente evidente, pelo raciocínio, sendo a forma mais rigorosa o
silogismo pelo qual se passa do conhecido ao desconhecido, de uma afirmação admitida como verdadeira
a uma afirmação que era objeto de dúvida.

2.1. Tipos de argumentação

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Adaptado de Rei, J. Esteves, Curso de Redacção II - Texto, Porto Ed., s.d.; Figueiredo, Olívia M. e Bizarro, Rosa P., Da
Palavra ao Texto – Gramática de Língua Portuguesa, Ed. Asa, 1997
2.1.1. Via lógica - quando se recorre:

 à indução - constrói-se o raciocínio do singular para o plural, do particular para o geral (utilizam-se
exemplos e ilustrações);
 à dedução- constrói-se o raciocínio seguindo um de dois princípios básicos:
a) o da não contradição – quando duas afirmações se contradizem, uma delas é falsa = silogismo, sequência
de ideias constituída por três proposições ou afirmações (funcionando as duas primeiras como premissas
[uma maior e outra menor, conforme o termo que contêm] e a terceira como conclusão)
Ex. Os homens são mortais. / Sócrates é um homem. / Sócrates é mortal.
b) o da progressão do geral para o particular – através da articulação lógica expressa por “assim”,
“portanto” ou “logo” = entimema, forma de silogismo mais reduzida, na qual se subentende uma das
premissas ou a conclusão. Ex. Ele tem uma doença grave... não durará muito.
O João é inteligente, logo, irá longe.

 ao raciocínio causal: assenta em duas operações do raciocínio: da causa para o efeito e do efeito para
a causa. Pressupõe que o conhecimento das causas permite compreender os efeitos, pelo que os
problemas (efeitos) poderão ser resolvidos se forem suprimidas as causas;

 à argumentação pragmática: baseia-se na apreciação de um acontecimento ou uma opinião em


função das consequências favoráveis ou desfavoráveis, ou seja, das vantagens / desvantagens que
apresenta.
Ex. Somos a favor dos hipermercados pelas facilidades de estacionamento, pela possibilidade
de compras espaçadas e mais completas, pelos preços mais baixos...

2.1.2. Via explicativa – quando se recorre:

 à definição:
– de sentido (quando se delimita a significação)
– de uma noção (quando se dá uma explicação a uma palavra tomada em dado contexto, apelando a outros
conceitos);
– slogan (quando se apresenta um juízo sobre um facto, à maneira de explicação, condensando-se o
essencial, por ex. “O desporto é saúde!”);

 à comparação: estabelecer-se uma relação de semelhança entre factos, pessoas ou opiniões diferentes
com vista a provar a utilidade, o valor de uma coisa, um resultado, uma opinião;
 à analogia: estabelece-se uma semelhança por via da imaginação entre pensamentos, factos e pessoas
com vista a uma fácil fixação e a uma compreensão imediata (ex. publicidade);
 à descrição e narração: descreve-se ou narra-se uma situação ou um acontecimento que desencadeia
um processo da inferência que nos conduz ao princípio ou à regra.

3. Refutação
Tácticas da refutação:
- defensiva: contradiz a tese que se combate e mostra que ela se apoia em argumentos pouco sérios ou
mesmo viciados;
- ofensiva: defende o contrário da tese que se ataca.
Conectores argumentativos - podem exprimir:
- a mesma ideia: assim como, por exemplo
- a diferença: excepto, salvo erro, ou
- a oposição: mas, no entanto, embora, ora
- a causa: porque, com efeito, sendo dado que, por causa de
- a consequência: pois, por conseguinte, é por isso que
ARTICULADORES DO DISCURSO /CONECTORES FRÁSICOS2

introduzir uma ideia acrescentar, adicionar fazer referências espaciais


a este nível; no que concerne a; ainda; à direita / à esquerda;
a propósito de; no que diz respeito; além disso; abaixo / acima;
assim; no que se refere a; bem / assim como; aí;
considerando (que); por outro lado; de novo; ali;
deste modo; quanto a; e ainda; ante;
do mesmo modo que; relativamente a; e; aqui;
na sequência de; segundo; igualmente; atrás;
nesse caso; sobre este assunto; não só... mas também; contra;
nesse sentido; sobre este ponto; nem; diante;
nesta ótica; tendo em conta; ora; frente;
nesta perspetiva; também; lá;
no âmbito de; nesse lugar
no contexto de; no centro;
no quadro de;

fazer referências temporais

a) localizar no tempo: dentro de pouco tempo; b) marcar a frequência:


à medida que; depois / em seguida; nesse tempo; cada vez menos / mais;
a seguir / seguidamente; doravante; neste / nesse diariamente;
atualmente; em breve; momento; frequentemente;
agora; enquanto; no futuro / passado; habitualmente;
amanhã; então; nos próximos tempos; jamais;
antes / dantes; era uma vez; nos tempos vindouros; não raras vezes;
ao mesmo tempo que; há anos / tempo (atrás); ontem / anteontem; nunca;
apenas / mal; hoje / hoje em dia; outrora / antigamente; poucas / muitas / algumas / por
após; logo / antes / depois posteriormente; vezes;
assim que; que; presentemente; quotidianamente;
até há pouco tempo; logo; primeiro; raramente;
até que; mais cedo ou mais tarde; quando; regularmente;
contemporaneamente; mais tarde / cedo; recentemente; sempre;
daqui a alguns anos; na época atual;
de repente; naquela altura /momento;

enumerar explicar opor restringir ou atenuar


e a saber; ao invés de; a verdade é que;
em primeiro lugar; aliás; contudo; ainda assim;
em seguida; isto é; mas; ainda que;
em último lugar; ou antes; no entanto; apesar de;
finalmente; ou melhor; pelo contrário; conquanto;
por fim ou seja; contrariamente; de qualquer forma;
por sua vez; pois; porém; embora;
primeiramente; quer dizer; todavia; exceto;
seguidamente; por outras palavras; mesmo que;
não obstante;
pelo menos;
por outro lado;
salvo (se);
se bem que;
se por um lado..., por outro;

comparar exemplificar, ilustrar indicar a causa indicar a finalidade


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Adaptado de Barroso, Lina Ficha de Trabalho (1996/97); Figueiredo, Olívia Mª e Bizarro, Rosa Porfírio, Da Palavra ao Texto,
Ed. Asa, Porto, s.d.; Colecção Essenciais Língua Portuguesa - 9º ano, Porto Editora, Porto, s.d
assim como...; assim; como; a fim de que;
assim também; como se pode ver; dado que; a fim de;
como; em particular; devido a; com o fim de;
conforme; isto é; já que; com o objetivo de;
da mesma forma que; nomeadamente; pois que; com visão a;
da mesma maneira que; designadamente; por causa de; para que;
de igual modo; ou seja; por; para;
do mesmo modo que; por exemplo; porque;
também; por outras palavras; uma vez que;
igualmente; tome-se como exemplo; é visto que;
mais / menos ... do que; o caso de;
segundo;
tal como;
tão... como;

indicar consequência exprimir condição reforçar, esclarecer retomar, comprovar uma ideia
de maneira que; a menos que; uma ideia como já foi dito/acima
de modo que; desde que; com efeito; referido; como já se referiu;
de tal forma que; exceto se; de facto; como já foi expresso;
eis porque; salvo se; desta forma; como se disse;
em / por consequência; se; deste modo; no seguimento de;
consequentemente; efetivamente;
então; melhor dizendo;
logo; na realidade;
pelo que; na verdade;
tanto que; por outras palavras;

introduzir a opinião manifestar certeza manifestar dúvida


a meu ver; no que me toca; certamente; acredita-se que;
creio que; numa visão pessoal; evidentemente; é possível;
em minha opinião; parece-me que; é claro; é provável;
entendo que; pela minha parte; é evidente; pensa-se que;
na minha ótica; pessoalmente; é óbvio; possivelmente;
na minha perspetiva; penso / acho / acredito naturalmente; provavelmente;
no que me diz respeito; que; sem dúvida talvez;
segundo a minha experiência segundo o meu ponto de
pessoal; vista;

resumir, sintetizar concluir


assim; assim sendo; logo;
em resumo; consequentemente; para concluir;
em síntese; de resto; para finalizar;
em suma; dito isto; pois;
enfim; em conclusão; por conseguinte;
finalmente em resumo; por consequência;
no fundo; em suma; por isso;
numa palavra; enfim; portanto;
resumindo; finalmente; posto isto;

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