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Sistema Financeiro Nacional p/ BACEN

Teoria e exercícios comentados


Prof. Caio de Oliveira Aula 04
AULA 04: Regulação Prudencial e Estabilidade
Financeira - Acordos de Basileia

SUMÁRIO PÁGINA
1. Apresentação 1
2. Gestão de Riscos no Mercado Financeiro 2-7
3. Regulamentação Prudencial e Estabilidade Financeira 7-10
4. Acordos de Basileia 10-14
5. Lista das questões apresentadas 15
6. Gabarito das questões apresentadas 16

1 - Apresentação

Caríssimo aluno,

Seja bem-vindo à nossa quinta aula!

Mal começamos e já estamos chegando ao fim! Mas é isso mesmo:


essa matéria, apesar de muitos detalhes, é relativamente pequena. No
entanto, e repetindo o que já falei em outra aula, a prova de SFN é a
oportunidade de ganhar pontos sem se preocupar com muitas pegadinhas
ou raciocínios complexos. Por isso, incentivo-os fortemente a sempre
relerem minhas aulas até o dia da prova: gabaritar SFN vai compensar
aquela questão que você eventualmente errou em econometria,
contabilidade ou alguma seção da prova em que você não esteja 100%
seguro.
Na aula de hoje, estudaremos o que significa regulamentação
prudencial, os principais riscos das instituições financeiras e os princípios
básicos dos Acordos de Basileia. Essa é uma matéria que pode parecer
complicada (e realmente é complexa para quem estuda a fundo), mas,
para fins da prova de conhecimentos gerais, é muito simples.

Agora, vamos ao que interessa!

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2 Gestão de Riscos no Mercado Financeiro
A vida de todos nós inclui muitos riscos: risco de perder o emprego;
de sermos assaltados etc. Sempre quando tomamos uma decisão na
nossa vida, conscientemente ou não, avaliamos o resultado que
esperamos da nossa ação e o risco que ela irá apresentar. Por exemplo:
podemos chegar mais rápido a um compromisso se pegarmos um atalho
por um bairro perigoso ou podemos ir por um caminho mais seguro e
longo, gastando mais tempo com isso. No primeiro caso, esperamos um
bom retorno (gastarmos menos tempo no trânsito), mas com maior risco
(sermos assaltados). Pode ser, porém, que escolhamos o caminho mais
seguro e mesmo assim sejamos assaltados: isso tudo porque os riscos
são avaliados como probabilidades de um evento negativo acontecer, mas
não certeza.
Vocês já devem ter percebido também que sempre ficamos em
dúvida entre opções com melhor retorno e mais riscos (caminho mais
rápido, mas mais perigoso) e aquelas outras com menor retorno e menor
risco (caminho demorado, mas mais seguro). Não faz sentido ficarmos em
dúvida entre uma opção com mais retorno e menos risco e outra com
menor retorno e mais risco. Por exemplo: você prefere um emprego A
que pague R$10 mil e tenha praticamente nenhum risco de demissão ou
um emprego B que pague R$5 mil e tenha alto risco de demissão? A
opção B é imediatamente descartada e ficamos, sem nenhuma dúvida,
com a opção A.
As instituições financeiras têm o mesmo problema que nós, meros
mortais: estão expostas a diversos riscos e devem, dentro da melhor
metodologia possível, avaliar se são capazes e se desejam suportar os
riscos aos quais se expõem. Pense em um exemplo simples: é razoável
que um banco com apenas R$100 milhões de patrimônio empreste R$90
milhões para uma empresa? Se ela não pagar o banco de volta, ele vai à
falência... Por melhor que sejam os juros que a empresa ofereça para o
banco, ele deve negar o empréstimo, porque não deseja estar com a

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corda no pescoço de maneira tão drástica (como veremos até o fim da
aula: não pode ultrapassar os “limites de Basileia”).
Tanto na regulação (Acordos de Basileia) quanto didaticamente, os
riscos das instituições financeiras são divididos em tipos distintos. Nesta
aula, vamos avaliar três riscos principais: de mercado; de crédito;
operacional. Ao analisarmos esses riscos, você entenderá melhor do que
se trata o gerenciamento de riscos, mas, em nenhum momento perca o
que é o essencial: riscos maiores estão relacionados normalmente a
retornos esperados também maiores (lembre-se do nosso exemplo inicial:
caminho mais rápido, mas mais perigoso).
O que as IF fazem quando administram seus riscos é apenas evitar,
dentro de uma probabilidade razoável, sua falência. É claro, também, que
existem instituições mais conservadoras, que não correm muitos riscos, e
instituições mais agressivas, que trabalham no risco máximo que a
supervisão do BACEN permite. A gestão de risco, portanto, serve para a
IF cumprir exigência do BACEN (que não quer um caos no sistema
financeiro por causa de muitas falências), mas também para seguir uma
estratégia mais ou menos conservadora.

2.1 Risco de Mercado


Risco de mercado é a incerteza de qual será o preço de determinado
ativo no futuro. Um exemplo bem simples é o de um investidor que
compra uma ação da Petrobrás. O investidor compra a ação por R$30
com a expectativa de revendê-la em um ano, porque precisará do
dinheiro. A ação pode subir de preço, o que deixará o investidor muito
feliz, mas há o risco de que seu preço diminua, deixando o investidor sem
o dinheiro que estava esperando ter.
As IFs investem em muitos ativos, com volumes muito elevados de
dinheiro. Elas podem comprar soja, dólar, títulos públicos, ações etc.
Nesses casos de compra, se o preço do ativo subir, elas ganham dinheiro.
De outra parte, as IFs podem pegar dinheiro emprestado em dólar, por

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exemplo. Nesse caso, se o preço do dólar cair, a IF passa a dever menos
e, portanto, fica mais rica. Cada tipo de investimento tem um risco
diferente e, com determinadas técnicas estatísticas, a IF pode ter uma
boa ideia do quanto está se arriscando a perder.
Caso a administração de uma Instituição Financeira considere que
se está correndo muitos riscos, há duas opções: se desfazer da operação
que está provocando muitos riscos; ou contratar uma operação que tenha
riscos inversos aos daquela que se considera ser uma ameaça.
Imaginemos o seguinte: o Banco Oliveira pegou $100 milhões de dólares
emprestado com o Banco James e deve pagar $110 milhões de dólares de
volta em um ano. Pela cotação atual de 2 reais/dólar, US$110 mi são o
mesmo que R$220 mi. Se a cotação em um ano for de 2,5 reais/dólar, a
dívida a ser paga em reais é de R$275 mi (que prejuízo para o Oliveira!);
se for de 1,5 reais/dólar, a dívida seria de R$165 mi (que beleza para o
Oliveira!). A cotação do dólar, portanto, é um risco considerável para a
saúde financeira do Banco Oliveira (se o real se desvalorizar muito, o
Banco Oliveira pode quebrar e o seu dono vai ter que virar professor de
cursinho rsrs).
O que, então, os administradores do banco podem fazer? Podem
quitar a dívida logo hoje e contratar uma outra em reais mesmo. Porém,
se considerarem que as condições oferecidas pelo Banco James são muito
boas, eles podem, por exemplo, emprestar US$100 milhões para a
empresa CIA nos EUA, que se compromete em pagar o empréstimo de
volta em um ano. Em um ano, portanto, o Banco Oliveira vai receber
US$100 milhões mais juros da empresa CIA e vai pagar US$100 milhões
mais juros para o Banco James. Dessa forma, tanto faz para o Banco
Oliveira se a cotação do dólar subir ou descer.

2.2 Risco de Crédito


Esse é o famoso risco de calote! Você empresta dinheiro para uma
pessoa e, na data marcada para a devolução do dinheiro, ela fala “foi mal

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aí, mas agora não vou pagar”. A pessoa pode inclusive dizer que vai
pagar parte do valor devido ou jurar que em mais X dias vai pagar tudo,
mas, se o contrato de empréstimo não for cumprido, houve a
inadimplência e o risco de crédito se concretizou.
Normalmente quando o risco de crédito é da dívida de um governo,
esse risco é chamado de soberano. Países com histórico de bons
pagadores e com capacidade financeira de sustentar suas dívidas,
costumam ter baixo risco de crédito. Países com muita instabilidade
política e econômica, pelo contrário, apresentam maiores riscos.
O risco de crédito, no caso de dívidas de empresas e pessoas
físicas, é chamado de risco de inadimplência ou de contraparte. A lógica é
a mesma daquela apresentada no parágrafo anterior: empresas com
poucas dívidas em relação ao seu patrimônio e com perspectivas
financeiras positivas apresentam baixo risco; em caso inverso, são ditas
de alto risco de crédito.
Para avaliar o risco de crédito, as instituições têm alguns caminhos.
Em todos os caminhos, o que se avalia é basicamente o seguinte: se a
contraparte tem capacidade financeira de pagar a dívida e se há
vontade de pagar essa dívida. A IF pode utilizar modelos estatísticos
para, com base em valores históricos, determinar qual é o risco de
determinada contraparte. Alternativamente, o que é possível no caso de
governos ou grandes empresas, a IF pode utilizar os serviços das
agências de rating, que são empresas especializadas em determinar o
risco de crédito das instituições analisadas.
Essa preocupação toda com o risco de crédito tem a mesma
motivação da preocupação com o risco de mercado: a IF não pode se
expor a um risco que ameaça por demais a sua sobrevivência (Basileia e
BACEN não deixam). Ademais, algumas IFs adotam uma estratégia
conservadora e se preocupam constantemente em evitar grandes riscos
que ameacem o seu patrimônio. Se a administração da IF considerar que
está muito ameaçada por riscos de crédito, pode ceder seus direitos
creditórios com maior risco; caso contrário, pode ceder aqueles direitos

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com menor risco e passar a emprestar para contrapartes que apresentem
maior risco e retorno.

2.3 Risco Operacional


O risco operacional é a possibilidade de perda representada por
inconveniências nos aspectos operacionais da empresa. Inclui erros
humanos, organizacionais, problemas tecnológicos e dificuldades legais. A
dificuldade apresentada pelo risco operacional é que ele é de difícil
quantificação e tratamento estatístico, mas, por outro lado, é um erro sob
controle da instituição: treinamento, bons sistemas de tecnologia,
consultorias legais qualificadas, entre outros meios, podem reduzir os
riscos operacionais. São cinco os principais riscos operacionais:
organizacional; humano; de modelagem; tecnológico; legal. Vamos ver
cada um desses tipos de risco operacional de forma breve.
Risco organizacional: é o risco de a Instituição se tornar uma
bagunça e, por isso, ter prejuízo. Quem já trabalhou em uma grande
empresa ou no governo sabe exatamente o que é isso: se as
responsabilidades não estiverem muito bem delimitadas e não houver ao
menos uma área responsável por verificar se as regras estão sendo
cumpridas (setor de compliance), vai acabar acontecendo um problema.
Esse problema pode ser uma fraude, um vazamento de informação
confidencial ou apenas uma falta de comunicação entre as áreas, gerando
retrabalho. Em qualquer um dos casos, a origem costuma ser uma falta
de capacidade da alta gerência em estabelecer e fazer cumprir regras e
objetivos gerais.
Risco humano: é o erro do funcionário da instituição ou a perda de
um empregado muito importante. Imagine só o problema que não daria
se um funcionário, ao invés de digitar no sistema que quer comprar 1.000
ações da Vale, digite que quer 1.000.000? Quanto tempo e que custo a
instituição teria para se desfazer dessas 999.000 ações a mais?

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Risco de modelagem: muitas decisões, no mercado financeiro
contemporâneo, são tomadas com base em modelos matemáticos
realmente complexos. Esses modelos adotam diversas hipóteses
simplificadoras e o funcionário que utiliza esses modelos deve ser capaz
de avaliar se o modelo representa de fato a realidade que se está
tentando avaliar. Caso o modelo seja utilizado em uma situação
incoerente com as suas hipóteses, poderá gerar decisões errôneas e
grandes potenciais de prejuízo.
Risco tecnológico: é o risco de que sistemas de informática e
hardwares utilizados pela instituição deem problema. Imagine, por
exemplo, se um grande banco, com milhares de clientes tendo que pagar
suas contas diariamente, fica com seu banco de dados fora do ar por um
dia sequer? Esses clientes iam ficar revoltados e o banco teria
provavelmente que restituir para seus clientes as perdas e os danos que a
falha no seu sistema gerou.
Risco legal: é a possibilidade de perda devido a mudanças legais e
regulamentares e a problemas em geral com a validade de contratos.
Imagine, por exemplo, se o governo decide que bancos múltiplos não
podem mais acumular carteiras de investimento e comercial. Um banco
múltiplo que detivesse ambas as carteiras teria que segmentá-las em
duas instituições, o que certamente teria altos custos.

3 - Regulamentação Prudencial e Estabilidade Financeira


Como já mencionamos em vários pontos das nossas aulas, o Banco
Central do Brasil se preocupa com a estabilidade do Sistema Financeiro
Nacional, principalmente com o risco de que muitas instituições
financeiras quebrem ao mesmo tempo. O SFN, para cumprir sua função
básica de intermediar recursos entre partes superavitárias (poupadoras) e
deficitárias (investidoras), deve ter a razoável confiança de todos os
participantes de que o recurso intermediado não irá desaparecer da noite

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para o dia. Se a confiança for perdida, os poupadores vão guardar seu
dinheiro debaixo do colchão e a economia vai ficar paralisada.
O papel da regulamentação prudencial é o de garantir que os
participantes do SFN tenham razoável confiança de que o sistema vai
continuar funcionando durante um longo período de tempo (estabilidade
financeira). Para tanto, a regulamentação do Banco Central exige que as
instituições financeiras tenham recursos de seus acionistas (capital social
e reserva de lucros principalmente) suficientes para compensar eventos
previsíveis de riscos de mercado, de crédito e operacional. A relação
básica é a seguinte: quanto maiores os riscos, maiores devem ser os
recursos próprios mantidos pela instituição para “servirem de colchão”
contra eventos de risco concretizados.
A regulamentação prudencial, em última instância, limita a
alavancagem das instituições financeiras. “Mas, professor, o que é
alavancagem?” O termo alavancagem vem de alavanca mesmo: com
pouca força uma pessoa com alavanca consegue levantar muito peso. O
mesmo acontece com as IFs: elas podem alavancar seus resultados se
pegarem muito dinheiro emprestado e investirem todo esse dinheiro em
ativos de alto risco. Se o investimento der certo, a instituição paga seus
credores e embolsa um grande lucro. Porém, se o investimento der
errado, a instituição vai ficar sem nada, ou, pior ainda, vai ficar devendo
dinheiro sem poder pagar.
“Mas, querido mestre, ainda não entendi por que a regulamentação
prudencial diminuiu a alavancagem das IF!” Bem, é simples: se a IF tem
que manter uma relação mínima entre o capital dos acionistas e os riscos
dos seus investimentos, não é possível para a administração da instituição
tentar multiplicar os recursos da noite para o dia. Se a IF quiser aumentar
o risco dos seus investimentos, deverá pedir para que os acionistas
coloquem mais dinheiro no negócio. Por outro lado, se os acionistas
quiserem tirar dinheiro do negócio, a IF deverá diminuir o risco dos seus
investimentos.

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Nessa discussão toda de regulamentação prudencial, ficou faltando
um último conceito importante: patrimônio de referência exigido
(PRE). O PRE é justamente o mínimo de capital próprio (chamado
Patrimônio de Referência) que a IF deve manter para fazer face aos riscos
esperados. O PRE é calculado pela soma dos riscos de crédito, de
mercado (incluindo câmbio, juros, commodities, ações) e operacional
calculados pela instituição e a sua multiplicação de um fator de
ponderação definido pelo BACEN (cerca de 10%). O seu cálculo é um
pouco complicado, dependendo de várias regulamentações do BACEN e
um pouco da discricionariedade do diretor responsável pela administração
do risco da instituição. No entanto, vamos tentar mostrar um rápido
exemplo para que você tenha uma melhor ideia do que estamos falando.
O diretor responsável pela administração do risco da IF chega à
conclusão que, com a atual carteira de investimentos, há um risco de
crédito de R$1 bilhão, risco de mercado com taxa de câmbio de R$500
milhões e um risco operacional de R$200 milhões. No total, portanto, há
um risco de R$1,7 bilhão. O PRE, com o fator de 10%, portanto, é de
R$170 milhões. Os acionistas da IF detêm R$130 milhões investidos na
instituição, em capital social e reserva de lucros (Patrimônio de
Referência). O diretor de risco conclui, portanto, que os acionistas devem
aportar R$40 milhões (=170-130) em recursos ou a instituição deve se
desfazer de parte de seus riscos (por exemplo, cendendo direitos
creditórios de empresas com classificação ruim pelas agências de rating e
investindo esse dinheiro em títulos do governo federal).
É claro que os detalhes da supervisão bancária e da administração
de risco são muito mais complexos do que vimos e demandariam um
curso inteiro. No entanto, a ideia basicamente é esta: a IF deve garantir
permanentemente que o seu Patrimônio de Referência seja sempre igual
ou maior ao Patrimônio de Referência Exigido, o qual varia de acordo com
os riscos dos investimentos da instituição.
Mais ainda, quando a IF é parte de um conglomerado econômico, a
administração dos seus riscos deve ser realizada no nível do

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conglomerado, mas não da IF em si. Isso que dizer, por exemplo, que um
conglomerado que tenha um banco comercial e um banco de investimento
deve somar o risco das duas instituições para, só então, calcular o PRE.
Do outro lado, também pode somar os patrimônios de referência das duas
instituições para saber se atende à regulação prudencial.
Agora uma questão, para você ver como a aula valeu a pena até
aqui:
(CESGRANRIO; BACEN 2010)
1 - No processo de regulação prudencial dos bancos, o requerimento
mínimo de capital próprio
(A) limita os empréstimos bancários às empresas com um mínimo de
capital próprio.
(B) limita o valor dos empréstimos de liquidez do Banco Central aos
bancos comerciais.
(C) cresce com o aumento do risco assumido pelas instituições
financeiras.
(D) estabelece mínimos para o valor das garantias oferecidas pelos
credores das instituições financeiras.
(E) estabelece um valor mínimo para o crédito concedido pelas
instituições financeiras.

Solução: Para quem leu esta aula, fica fácil saber que apenas a
alternativa C apresenta tema relacionado a regulamentação prudencial.
Ademais, a lógica está certíssima: o requerimento mínimo de capital
próprio (o PRE) cresce com o aumento do risco assumido pelas IF.
Gabarito: Letra C.

4 - Acordos de Basileia
Chegamos agora para falar sobre os Acordos de Basileia, mas já
sabemos tudo sobre ele ;-). O Acordo de Basileia (na verdade são três
grandes acordos com algumas emendas entre cada) definiu de forma

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internacional aspectos básicos de supervisão bancária que vimos nesta
aula.
Os acordos da Basileia são discutidos e acordados por um grupo de
bancos centrais de países desenvolvidos e emergentes, reunidos em um
Comitê na cidade de Basileia na Suíça. Depois de assinados por este
grupo reduzido, a maioria dos bancos centrais do mundo adere também
aos seus termos.
A finalidade de se discutir o tema de supervisão bancária
internacionalmente é a de que não sejam criados pontos vulneráveis
dentro do sistema financeiro internacional, o qual é cada dia mais
interligado. Assim, se as exigências de mitigação de riscos são
semelhantes nas principais praças financeiras do mundo, não há muitas
formas de as IF se refugiarem em determinado país para que possam ser
excessivamente agressivas.
Os acordos de Basileia definem basicamente o que já vimos: deve
haver um capital próprio mínimo em relação ao risco apresentado pela
carteira da IF. Os países signatários podem ser mais exigentes que o
estabelecido pelo acordo, mas nunca menos, ou seja, o Acordo de Basileia
estabelece o mínimo de exposição ao risco que os Bancos Centrais
signatários podem aceitar dentro das suas respectivas jurisdições.
Além de definir os detalhes sobre o cálculo dos riscos e do capital
próprio que as IFs devem manter, os Acordos de Basileia definem
obrigações acessórias das instituições e dos bancos centras signatários.
Definem, por exemplo, que as IF devem ser transparentes sobre a forma
como administram os seus riscos e devem remunerar seus
administradores de acordo com os resultados alcançados e também com
os riscos aos quais se expuseram. Ademais, os Acordos de Basileia
definem linhas gerais de como deve ser a supervisão realizada pelos
Bancos Centrais, incluindo a necessidade pelas autoridades nacionais de
revisão periódica das metodologias utilizadas pelas IF para avaliação de
riscos.

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Para finalizar o conteúdo desta aula, vamos ver as principais
novidades trazidas por cada um dos três acordos de Basileia:
 Basileia I (1988): este acordo focou no risco de crédito,
estabelecendo um fator de ponderação fixo para cada tipo de ativo. Por
exemplo, o fator de ponderação para títulos do governo federal era de 0%
e o de títulos lastreados em hipotecas era de 50%. O PRE deveria
equivaler a 8% dos ativos ponderados pelos fatores previstos no Acordo.
Assim, por exemplo, um banco que tenha como ativos R$ 200 milhões em
títulos do governo e R$ 100 milhões em Letras de Crédito Imobiliário
deveria ter, no mínimo, um Patrimônio de Referência de R$ 4 milhões
(100*50%*8%=4);
 Basileia II (2004): este acordo foi significativamente mais amplo
que o anterior, incluindo regras não só para risco de crédito, mas também
para riscos de mercado e operacional. Ademais, o acordo passou a
permitir que cada banco desenvolvesse seu próprio modelo para avaliar
riscos, abandonando assim uma fórmula rígida. No entanto, essa maior
liberdade trouxe novas obrigações: os bancos foram obrigados a
apresentar publicamente sua metodologia de avaliação de riscos e os
bancos centrais a avaliar se a administração de risco dos bancos era
adequada;
 Basileia III (2010): esse novo acordo manteve a mesma estrutura
do anterior, apresentando apenas alguns acréscimos, tais como a
previsão de bail-in, medidas contra-cíclicas e melhor análise do risco em
investimentos em produtos de securitização:
 O bail-in ocorre quando os credores da IF são obrigados a sofrer
perdas ou a tornarem-se acionistas de instituições financeiras que
passam por uma crise. O bail-in, esperasse, irá substituir a
necessidade do impopular bail-out, quando o Governo injeta
recursos em instituições financeiras em crise com medo de que o
problema de liquidez de uma instituição cause uma crise ampla na
economia;

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 A principal medida contra-cíclica prevista por Basileia III é
possibilitar que os bancos centrais aumentem o PRE sempre quando
perceberem que a economia está formando uma “bolha”, ou seja, o
aumento do preço dos ativos não está baseado em muita
racionalidade econômica, mas sim em um aumento exagerado do
crédito. Com isso, esperasse que a formação de bolhas imobiliárias,
como ocorreu na Espanha recentemente, por exemplo, será mais
difícil, porque, quando o banco central aumenta o PRE, fica mais
difícil para os bancos concederem empréstimos para devedores com
menor qualidade de crédito;
 Basileia III estabelece diversas regras que, em resumo, obrigam as
instituições financeiras a serem mais rigorosas na análise de
produtos de securitização, que são valores mobiliários lastreados
em créditos privados, tais como financiamentos imobiliários. Pelas
novas regras, os bancos, por exemplo, não podem confiar apenas
na avaliação de agências de rating, mas sim devem empreender
análise própria sobre a qualidade dos produtos de securitização que
adquirem.

Por fim, um último exercício para terminar a aula:


(ESAF; BACEN 2002) ATUALIZADA PELO PROFESSOR
2 - Em 1994, o Brasil aderiu ao chamado “Acordo de Basiléia”, passando a
promover importantes alterações nas regras de funcionamento das
Instituições Financeiras. Entre as opções a seguir, assinale aquela que
representa uma alteração nas normas então vigentes, com vistas à
adequação ao “Acordo de Basiléia”.
a) Obrigatoriedade de manutenção, por parte das instituições financeiras,
de patrimônio de referência compatível com o grau de risco dos ativos.
b) Obrigatoriedade de que as instituições financeiras mantenham sigilo
em suas operações ativas e passivas.
c) Obrigatoriedade de que o capital das instituições financeiras seja
subscrito em moeda corrente.

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d) Obrigatoriedade, por parte das instituições financeiras, de compra de
carta-patente para obtenção da autorização para funcionamento,
concedida pelo Banco Central do Brasil.
e) Obrigatoriedade da separação, por parte das instituições financeiras,
das atividades bancária e de seguros.

Solução: Questão fácil. Basileia=manutenção de PR igual ou maior que o


PRE, que varia de acordo com o grau de risco dos ativos.
Gabarito: Letra A.

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5 - Lista das questões apresentadas
(CESGRANRIO; BACEN 2010)
1 - No processo de regulação prudencial dos bancos, o requerimento
mínimo de capital próprio
(A) limita os empréstimos bancários às empresas com um mínimo de
capital próprio.
(B) limita o valor dos empréstimos de liquidez do Banco Central aos
bancos comerciais.
(C) cresce com o aumento do risco assumido pelas instituições
financeiras.
(D) estabelece mínimos para o valor das garantias oferecidas pelos
credores das instituições financeiras.
(E) estabelece um valor mínimo para o crédito concedido pelas
instituições financeiras.

(ESAF; BACEN 2002) ATUALIZADA PELO PROFESSOR


2 - Em 1994, o Brasil aderiu ao chamado “Acordo de Basiléia”, passando a
promover importantes alterações nas regras de funcionamento das
Instituições Financeiras. Entre as opções a seguir, assinale aquela que
representa uma alteração nas normas então vigentes, com vistas à
adequação ao “Acordo de Basiléia”.
a) Obrigatoriedade de manutenção, por parte das instituições financeiras,
de patrimônio de referência compatível com o grau de risco dos ativos.
b) Obrigatoriedade de que as instituições financeiras mantenham sigilo
em suas operações ativas e passivas.
c) Obrigatoriedade de que o capital das instituições financeiras seja
subscrito em moeda corrente.
d) Obrigatoriedade, por parte das instituições financeiras, de compra de
carta-patente para obtenção da autorização para funcionamento,
concedida pelo Banco Central do Brasil.
e) Obrigatoriedade da separação, por parte das instituições financeiras,
das atividades bancária e de seguros.

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6 - Gabarito das questões apresentadas


1- C
2- A

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