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Resumo de LABOR, FABRICAÇÃO E AÇÃO.

O labor, a primeira grande esfera da vida ativa, corresponde ao processo


biológico da vida humana associado à sobrevivência.
O ato do laborar na interpretação arendtiana manifesta duas condições, a luta
pela sobrevivência e a servidão. No primeiro caso, a condição da pessoa
humana é de alguém que “trabalha” para viver e vive para “trabalhar”. O que
move a pessoa humana é a necessidade de continuar existindo, apenas isso.
Ela não conhece outro sentido à vida a não ser aquele da sobrevivência.
Labor confunde-se a própria existência. Quem vive nessa situação resume-se a
um animal laborans.
Logo, quem se encontra na condição do laboré destituído de liberdade. É um
escravo.

Um segundo grupo de atividades na definição de vida activa formulado por


Arendt é definido como trabalho ou fabricação.

Esse grupo é portador de uma subjetividade diferenciada dos que se


encontram na situação do labor, porém, também se reduz a uma subjetividade
“ausente”, incapaz de completar o círculo de expressão social, como se
procurará explicitar.

O trabalho é a atividade correspondente ao artificialismo da existência


humana, existência esta não necessariamente contida no eterno ciclo
vital da espécie, e cuja mortalidade não é compensada por este último. A
fabricação produz um mundo ‘artificial’ de coisas, nitidamente diferente
de qualquer ambiente natural. Dentro de suas fronteiras habita a vida
de cada indivíduo, embora esse mundo se destine a sobreviver e a
transcender todas as vidas individuais. A condição humana do trabalho
é a mundanidade (ARENDT, 2002: 15).

A fabricação aqui considera as atividades que resultam em produtos ou Bens


de consumo não perecíveis, duráveis, portanto, distinto daquele produzido pelo
labor que não possui finalidade nenhuma a não ser a de prover a própria
subsistência imediata. O trabalho possibilita à criação de coisas artificiais e por
isso mesmo está ligado à produção das mãos.

A fabricação de nossas mãos, em contraposição ao labor do nosso corpo – o


homo faber que ‘faz’ e literalmente ‘trabalha sobre’ os materiais, em oposição
ao animal laborans que laboria e ‘se mistura com’ eles – fabrica a infinita
variedade de coisas cuja soma total constitui o artifício humano,

Temos aqui, não mais o animal laborans, mas o homo faber que se caracteriza
pela capacidade criar algo com suas mãos.
Com elas o homem fabrica a infinita variedade de coisas que o rodeiam e
passam a constituir a sua mundanidade.
A condição da mundanidade apresenta-se, no pensamento de Arendt, como
requisito da condição humana da pluralidade que corresponde à terceira
atividade: a ação.
Entretanto, entre essas duas condições, “o mundo das relações que surge a
partir do agir, a verdadeira atividade política do homem, é muito mais difícil de
se destruir do que o mundo produzido das coisas, no qual o produtor e feitor
continua sendo o único mestre e senhor”. O trabalho, por seu caráter efêmero
e estritamente relacionado com a sobrevivência imediata da vida.
A atividade da ação é a única “política por excelência”, por ocupar não só o
lugar, mas principalmente, de ser a “categoria central do pensamento político,
em complementam-se uma à outra; por ser uma existência condicionada, a
existência humana seria impossível sem as coisas, e estas seriam um
amontoado de artigos incoerentes, um não mundo”

RESUMINDO

Portanto, quanto às caracterizações das dimensões propriamente ditas, o


trabalho é necessário à sobrevivência biológica e efetiva-se na atividade do
animal laborans, o qual a partir de um estádio primitivo de existência vivia
isolado dos outros seres humanos regendo-se apenas pelos ditames
fisiológicos da vida animal, por estar aprisionado às necessidades biológicas,
trabalhando para sua subsistência. Tudo o que produz precisa ser rapidamente
consumido ou se perderá na natureza, pois sua durabilidade é limitada à
necessidade de consumo do homem. Então, quanto mais se consome, mas se
precisa consumir e vice e versa, constituindo o ciclo consumo-produção. O
homo faber se relaciona à fabricação, sendo capaz de produzir objetos
duráveis (técnicas) partilhando o seu saber de fabrico com outros homens. Ele
segue um projeto específico e definido que termina quando o resultado final é
obtido. A ação é a característica matricial da vida humana em sociedade. Os
homens agem e interagem uns com os outros no seio de uma vida política,
caracterizando sua condição de zoon politikon. A ação é a única característica
da essência humana que depende exclusivamente da contínua presença dos
homens compartilhando o mundo uns com os outros. NÃO O “homem existe
neste mundo, mas sim os “homens” agindo sempre em coletivo.

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