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“Dandara”
Quantas canecas de café são necessárias para curar uma azia? Eu já estava adoçando a
terceira quando o telefone tocou. Então a azia era por causa do que estava por vir. Era
batata.
O delegado me passou por alto o ocorrido: os pais de uma garota foram a delegacia para
denunciar o desaparecimento da filha há duas noites. Como o tempo era vital, fui
imediatamente acionado para a investigação: não havia tempo para burocracias. Eu só
peguei um pequeno relato do caso e o nome da vítima
“Dandara”.
As horas passavam e nada acontecia. Frustrado, fui para minha mesa, enchi uma caneca
de café e fiquei uns bons minutos olhando o líquido esfriar. Estava sem nada. O ânimo ia se
esvaindo do meu corpo enquanto os funcionários iam embora e outros iam chegando.
Eu me levantei e sai. Nao para investigar, mas para ficar em algum canto discreto por
enquanto, para evitar perguntas.
Aquele dia foi totalmente perdido na sala de evidências, onde pude ficar sozinho por
enquanto. Miguel me encontrou e disse que nao achou nada estranho. Ele disse, porém,
que a camisa do rapaz raivoso pertencia ao time de futebol da comunidade e sugeriu que
eu fosse perguntar sobre ele por lá. Não queria ir, mas tinha um trabalho a fazer.
Desfecho?
No fim das contas Fabiano saiu da cadeia naquela mesma noite. Ele tinha um álibi, afinal,
onde provava que ele estava treinando no clube de futebol no dia do desaparecimento. Ele
também disse, em um depoimento, que Dandara estava agindo estranho há algum tempo.
Que o término foi algo abrupto e sem sentido, já que eles estavam bem.
O delegado me deu uma advertência. Me acusou de ser descuidado e impulsivo. Falou que
minhas crises de depressão um dia vai custar a vida de alguém se eu não procurar ajuda.
Aceitei a bronca em silêncio, mas pedi que me deixasse continuar no caso. Algo não estava
se encaixando.
Minha azia atacava toda vez que eu pensava no caso de Dandara, e ela era batata.