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BLANC & NOIR

Detetive: Marco Rivas (Intuitivo e Depressivo)

Crime: Sequestro Passional


Local do Crime: Rua Pobre

“Dandara”

Quantas canecas de café são necessárias para curar uma azia? Eu já estava adoçando a
terceira quando o telefone tocou. Então a azia era por causa do que estava por vir. Era
batata.
O delegado me passou por alto o ocorrido: os pais de uma garota foram a delegacia para
denunciar o desaparecimento da filha há duas noites. Como o tempo era vital, fui
imediatamente acionado para a investigação: não havia tempo para burocracias. Eu só
peguei um pequeno relato do caso e o nome da vítima
“Dandara”.

Cena I: A Rua do Pagode


Fui ate o ultimo local onde ela foi vista, A rua Santo Amaro, em uma comunidade pobre na
cidade. Pobre, mas tradicional.
Todas as quintas tinha pagode na Rua Santo Amaro. Eu já fui beber umas cervejas por lá e
o evento `e agradável, sem confusão nem brigas, só música e dança.
Perguntei a alguns moradores sobre a tal Dandara e eles confirmaram que a viram lá, mas
não notaram nada estranho. Me disseram que um cinegrafista local estava filmando a festa
para um documentário e, após algumas conversas o convenci a me mostrar o vídeo do dia.
O teipe mostrava as garotas dançando perto dos músicos e lá estava ela: uma garota
negra, recém chegada a vida adulta, dançando sozinha, girando e sorrindo ao som dos
tambores.
Notei algo estranho no vídeo: um jovem a olhava, mas não parecia estar se divertindo. Na
verdade, parecia com raiva. Perguntei ao cinegrafista se ele o conhecia, mas ele disse que
não.
Precisava saber quem ele era.

Cena II: Olhar Profissional


Confisquei a fita e levei até a delegacia. Como eu não tinha tempo para ficar falando com
cada morador sobre o sequestro, resolvi consultar alguém com um olhar mais apurado
sobre o conteúdo do vídeo. Miguel, o cientista forense do distrito assistiu algumas vezes a
fita junto comigo, na esperança de perceber algo que eu poderia ter deixado passar. Eu
estava muito focado naquele rapaz raivoso que eu vira, mas Miguel tinha uma visão
especial do todo.

As horas passavam e nada acontecia. Frustrado, fui para minha mesa, enchi uma caneca
de café e fiquei uns bons minutos olhando o líquido esfriar. Estava sem nada. O ânimo ia se
esvaindo do meu corpo enquanto os funcionários iam embora e outros iam chegando.
Eu me levantei e sai. Nao para investigar, mas para ficar em algum canto discreto por
enquanto, para evitar perguntas.
Aquele dia foi totalmente perdido na sala de evidências, onde pude ficar sozinho por
enquanto. Miguel me encontrou e disse que nao achou nada estranho. Ele disse, porém,
que a camisa do rapaz raivoso pertencia ao time de futebol da comunidade e sugeriu que
eu fosse perguntar sobre ele por lá. Não queria ir, mas tinha um trabalho a fazer.

Cena III: Falcões Futebol Clube


Fui ao clube no final da tarde. Mostrei meu distintivo e o mandado bla bla bla e fiz que os
funcionários do clube me mostrasse alguns registros. Queria saber se o rapaz raivoso
jogava lá.
Me animei levemente quando eu vi sua foto em uma ficha de sócios. Fabiano Souza. Tinha
tudo ali: idade, profissão (soldador) e endereço.
Hora de uma visitinha ao senhor Souza. Mas antes, verifiquei as demais fichas para ver se
achava algo mais. Mas nao achei nada demais.
Peguei as chaves do carro e dirigi.

Confronto: Fabiano Souza


Bati na porta com o punho fechado anunciando que era da polícia. Se ele realmente fosse o
sequestrador, não havia tempo para pedir reforços. Dandara poderia estar correndo risco de
morte.
Fabiano abriu a porta, sonolento e, ao me ver, tentou fechar a porta de novo. Forcei minha
entrada com o ombro. E apontei minha arma para ele, perguntando sobre Dandara.
Fabiano disse que não sabia onde a garota estava. O pressionei, dizendo que eu sabia que
ele sentia raiva dela, e que tinha motivos para ter desaparecido com a garota. Durante
minhas falácias `e que me dei conta de que nem sabia da relação que os dois tinham. Mas,
mais uma vez, estava sem tempo.
O suspeito falou que eles eram namorados, que haviam terminado recentemente e que,
sim, ele estava com raiva, mas não era nenhum sequestrador e podia provar. Não quis
saber. Algemei o criminoso e o levei a delegacia, sob a acusação de sequestro.

Desfecho?
No fim das contas Fabiano saiu da cadeia naquela mesma noite. Ele tinha um álibi, afinal,
onde provava que ele estava treinando no clube de futebol no dia do desaparecimento. Ele
também disse, em um depoimento, que Dandara estava agindo estranho há algum tempo.
Que o término foi algo abrupto e sem sentido, já que eles estavam bem.
O delegado me deu uma advertência. Me acusou de ser descuidado e impulsivo. Falou que
minhas crises de depressão um dia vai custar a vida de alguém se eu não procurar ajuda.
Aceitei a bronca em silêncio, mas pedi que me deixasse continuar no caso. Algo não estava
se encaixando.
Minha azia atacava toda vez que eu pensava no caso de Dandara, e ela era batata.

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