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“Ernesto” de Blandina Franco

Dizem que o Ernesto é muito calado,


Que ele tem a língua enrolada
E não sabe falar direito com as pessoas.

Dizem que o Ernesto é feio,


Que ele tem a cara torta
E dá medo nas pessoas.

Dizem que o Ernesto é diferente,


Que ele usa roupas muito,
Mas muito mais velha que das outras pessoas.

Dizem que o Ernesto é burro,


Que ele não entende
O que pensam as outras pessoas.

Dizem que o Ernesto é bobo,


Que ele não sabe
Como agradar as outras pessoas.

Dizem que o Ernesto é esquisito,


Que ele não se encaixa
Com as outras pessoas.

Dizem que o Ernesto é egoísta,


Que ele não liga
Pras outras pessoas.

Todo mundo diz alguma coisa sobre o Ernesto.


E ele vive muito, muito sozinho.
E muito, muito triste.
Fim.

Você não gostou do final da história?


Ah, é porque às vezes é assim que as histórias acabam.

Tem gente é que acha que as histórias que acabam assim,


Não é culpa de ninguém.

Tem gente que prefere nem ficar sabendo desse final.


Ah, porque é muito triste.

Tem gente que nem percebe que a tristeza não tá só


No final da história.
Mas na história inteira do Ernesto.

Naquela noite sozinho, sozinho,


Triste, muito triste.
O Ernesto se deitou pra dormir.

Quebrou seu cofrinho


E orou: Pai, me compra um amigo?
E você, tem alguma coisa pra dizer pro Ernesto?

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