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ACÓRDÃO
Vistos.
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foi denegada pelo Juízo “a quo”, sob o fundamento de que
não teria sido demonstrada qualquer ilegalidade no
procedimento administrativo disciplinar instaurado para
aferição de conduta do ex-servidor, bem como não houve
desproporção ou falta de razoabilidade em relação à
sanção imposta (demissão), consoante r. decisum de e-
fls. 336/339, cujo relatório se adota.
VOTO
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administrativo disciplinar instaurado para aferição de
conduta do ex-servidor, bem como não houve desproporção
ou falta de razoabilidade em relação à sanção imposta
(demissão).
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ocorrência do prazo prescricional quinquenal, bem como a
não observância do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.
Pois bem.
Artigo 80 - Extingue-se a
punibilidade pela prescrição:
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a 5 (cinco) anos.
§ 1º - A prescrição começa a
correr:
§ 2º - Interrompe a prescrição a
portaria que instaura sindicância e a que
instaura processo administrativo.
§ 3º - O lapso prescricional
corresponde:
1 - na hipótese de
desclassificação da infração, ao da pena
efetivamente aplicada;
2 - na hipótese de mitigação ou
atenuação, ao da pena em tese cabível.
1 - enquanto sobrestado o
processo administrativo para aguardar decisão
judicial, na forma do § 3º do artigo 65;
2 - enquanto insubsistente o
vínculo funcional que venha a ser
restabelecido.
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Relativamente ao fato que culminou com a
apuração no processo administrativo disciplinar,
consistente na extorsão mediante sequestro praticada,
observo que referido crime possui pena máxima em
abstrato de 15 anos de reclusão, nos termos do art. 159
do Código Penal:
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Considerando a data de expedição da
portaria de instauração do processo administrativo
disciplinar PAD nº 041/2010 (10.03.2010 e-fls. 70 e
82), aplicando-se o prazo prescricional de vinte anos,
imperiosa a conclusão de que não se consumou a
prescrição punitiva disciplinar em relação ao delito
praticado em 06.12.2005.
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procedimento administrativo disciplinar só poderá ser
anulado pelo Poder Judiciário caso se demonstre a
ilegalidade de natureza formal (vício de procedimento)
ou de natureza material (vício de julgamento).
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dilação probatória, temos o quanto segue:
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Unidade Processante Permanente apresentou
Relatório Complementar reiterando os termos
do Relatório (doc. 09) e propondo a aplicação
da penalidade de Demissão a bem do serviço
público aos acusados (doc. 10), sendo seguida
pelo Conselho da Polícia Civil, através do
Parecer nº 32/2016 (doc. 11).
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conduta do autor não apresentou qualquer
desproporcionalidade, tendo em vista que se respaldou em
Lei:
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Deste modo, resta aferir se houve
ilegalidade de cunho material.
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(vinte mil reais), realizado nas proximidades
do Shopping Center Frei Caneca, nesta
capital. Cabe destacar que não foi
localizado, junto ao 49º Distrito Policial,
nenhuma ordem de serviço determinando
diligência junto ao citado estabelecimento
comercial”.
(...)
O conjunto probatório carreado aos autos é
suficientemente robusto para demonstrar a
culpabilidade dos acusados.
Por fim, necessário mencionar que os
acusados, no exercício de suas funções e
valendo-se de seus cargos, exigiram vantagem
indevida em razão de seus cargos, incorrendo,
assim, =nas irregularidades e ilícitos
descritos na portaria deste processo
administrativo, configurando ainda
procedimento irregular de natureza grave.
Diante do exposto, referendando as
manifestações mencionadas, nos termos e
fundamentos do parecer da Douta Consultoria
Jurídica da Pasta, proponho a Vossa
Excelência seja reconhecida como provada a
imputação irrogada a (...) Paulo Celso das
Neves, RG nº 16.963.809, Investigadores de
Polícia, (...) impondo-lhes a penalidade de
DEMISSÃO A BEM DO SERVIÇO PÚBLICO, nos
termos dos artigos 67, inciso VI, 69 e 70,
inciso I, por infração ao disposto nos
artigos 74, inciso II e 75, incisos II, VI e
XII, todos da Lei Complementar nº 207/79,
alterada pela Lei Complementar nº 922, de 02
de julho de 2002”.
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informação coligidos no procedimento disciplinar.
O princípio constitucional da
independência e harmonia dos Poderes obsta a ingerência
do Judiciário no mérito do ato administrativo, tendo em
vista que sua competência se limita à verificação dos
requisitos formais de constitucionalidade e legalidade,
que não restaram violados no caso concreto.
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mesmo porque não se trata de punição.
Por isso, essa exoneração não é penalidade,
não é demissão; é simples dispensa do
servidor, por não convir à Administração sua
permanência, uma vez que seu desempenho
funcional não foi satisfatório nessa fase
experimental, sabidamente instituída pela
Constituição para os que almejam a
estabilidade no serviço Público.
O que os Tribunais têm sustentado - e com
inteira razão - é que a exoneração na fase
probatória não é arbitrária nem imotivada.
Deve basear-se em motivos e fatos reais que
revelem insuficiência de desempenho,
inaptidão ou desídia do servidor em
observação, defeitos, esses, apuráveis e
comprováveis pelos meios administrativos
consentâneos (ficha de ponto, anotações na
folha de serviço, investigações regulares
sobre a conduta e o desempenho no trabalho,
etc.) sem o formalismo de um processo
disciplinar. O necessário é que a
Administração justifique, com base em fatos
reais, a exoneração (...). Entre essas
formalidades estão, sem dúvida, a observância
do contraditório e a oportunidade de defesa.
Se a Administração não pudesse exonerar o
servidor em fase de observação nenhuma
utilidade teria o estágio probatório, criado
precisamente para se verificar, na prática,
se o candidato à estabilidade confirma
aquelas condições teóricas de capacidade que
demonstrou no concurso. Somente quando se
conjugam os requisitos teóricos da eficiência
com as condições concretas de aptidão prática
para o serviço público, nesta incluída o
desempenho no estágio experimental, é que 'se
titulariza o funcionário para o cargo', na
feliz expressão de Marcel Waline'”.
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NO MANDADO DE SEGURANÇA. POLICIAL MILITAR.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DEMISSÃO
A BEM DO SERVIÇO PÚBLICO. REINTEGRAÇÃO.
PRINCÍPIOS LEGAIS. OBSERVÂNCIA. AUSÊNCIA DE
PROVA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO À
IMPETRAÇÃO. CONJUNTO PROBATÓRIO
DEFICIENTEMENTE INSTRUÍDO. INDEPENDÊNCIA DAS
ESFERAS PENAL E ADMINISTRATIVA.
1. O rito do Mandado de Segurança demanda a
comprovação initio litis do fatos em que se
funda o direito líquido e certo invocado pelo
impetrante.
2. Ausência nos autos comprovação pré-
constituída da violação a direito líquido e
certo a ser amparo por writ.
3. "O direito líquido e certo, para fins de
mandado de segurança, é o que se apresenta
manifesto na sua existência, delimitado na
sua extensão e apto a ser exercitado no
momento da impetração" (MEIRELLES, Hely
Lopes. Mandado de Segurança. 28ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2005,
págs. 36/37).
4. É indiscutível a independência entre as
esferas penal e administrativa, quando se
trata da aplicação de penalidade nesta
última.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no RMS nº 30.427/PE, Rel. Min. MOURA
RIBEIRO, 5ª Turma, j. 24.09.2013).
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”EX-SERVIDOR PUBLICO (EX- POLICIAL MILITAR)
DEMITIDO POR INFRAÇÃO GRAVE- APÓS TER SIDO
INSTAURADO O DEVIDO PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR- FORAM OBSERVADOS OS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS DO CONTRADITÓRIO E AMPLA
DEFESA REINTEGRAÇÃO NO CARGO- ALEGAÇÃO DE QUE
OCORREU A PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL.
INADMISSIBILIDADE. Cabe à administração
pública a aferição da graduação da pena a ser
aplicada, desde que dentro dos parâmetros
previstos, cuidando-se de poder
discricionário disciplinar, estipulando-a de
acordo com a conveniência e oportunidade.
Estando a pena aplicada dentro dos limites
legais, não cabe ao Poder Judiciário
manifestar-se em relação a sua graduação. As
responsabilidades disciplinar
(administrativa), civil e penal são
independentes entre si (artigo 1.525, do
Código Civil). Nem mesmo, na hipótese de
absolvição criminal a sentença não produz
efeito no juízo civil ou na instância
administrativa, exceto se o seu fundamento
for pela inexistência do fato ou porque
constatado que o servidor-réu não foi o autor
do crime. A prescrição da ação penal não
poderá obstar a aplicação da punição
administrativa de demissão. NEGARAM
PROVIMENTO AO RECURSO.” (Apelação Cível nº
9129068-84.1999.8.26.0000, Rel. Des. VIANA
SANTOS, 4ª Câmara de Direito Público, j. em
08.08.2002).
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como lançada.
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