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Marco Teórico:
Mark Granovetter (1973, 1983, 1985) é um dos autores tradicionais na teoria das redes
sociais, que representa aqui uma abordagem clássica. Ele descortina uma dimensão relacional
da sociedade ao enfatizar as redes como categoria analítica, propondo uma tipologia
específica para se distinguir os vínculos interpessoais: os laços fracos, aqueles de menor
intensidade e frequência (como nas relações com amigos de amigos) e laços fortes, de grande
intensidade e alta frequência (como nas relações entre familiares e amigos mais íntimos). De
acordo com Steiner (2006), esta abordagem propõe uma descrição original do alicerce social
das relações mercantis, e desponta como uma configuração das relações sociais que garantem
a articulação entre os agentes nos mercados. Importantes autores da teoria das redes sociais
têm definido o foco de análise nas características morfológicas e nas posições dos atores nas
redes e de suas consequências. Essa abordagem posicional pode ser encontrada, por exemplo,
no conceito de laços fracos de Granovetter (1973), que considera que laços fracos, definidos
pela (e resultados da) posição dos atores na estrutura, são pontes para novas redes e assim
para novas informações e acesso a outros recursos. Burt (1992) postula que certas posições
nas redes têm efeitos sobre o alcance de melhores posições e retornos individuais nas
organizações. Já a teoria dos recursos sociais propõe que o acesso e utilização de tais recursos
são em parte determinantes das posições em estruturas hierárquicas e do uso dos laços fracos
(Lin, 1999). Nestas abordagens a localização nas redes condiciona a ação dos atores. O efeito
da estrutura de rede é colocado em termos de fornecimento de benefícios e restrições que os
atores devem explorar e gerenciar. Para Borgatti e Foster (2003), os estudos que examinam as
consequências das redes e das posições nas redes são tipicamente consistentes com uma
agenda estruturalista. Emirbayer and Goodwin (1994) perceberam que houve um
deslocamento do foco de atenção nos estudos das redes, onde a unidade de análise não é mais
a comunidade ou o grupo social (coletividades), mas ao invés disso o indivíduo, pouco ou
nada contextualizado, a não ser pela estrutura de relações padronizadas que o ampara. Neste
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novo foco, a análise de redes tem se aproximado mais de um "new mode of structuralist
inquiry” (Emirbayer & Goodwin, 1994, p. 1413), sendo sustentada por uma constelação de
diversas estratégias metodológicas. Este argumento apresenta a discussão feita no artigo sobre
uma “virada” na teoria das redes, representada por um deslocamento da posição teórica
metafórica para a metodológica. Na abordagem estruturalista, a dinamicidade da estrutura se
aproxima mais de um aspecto residual do que uma característica inerente e constituinte da
essência das redes sociais. Porém, para Emirbayer and Goodwin (1994) a agência deve ser
introduzida nas análises de rede, reduzindo o determinismo estrutural por meio de uma
interpretação histórica e cultural, buscando compreender adequadamente a formação,
reprodução e transformação de redes sociais. Isso se relaciona ainda à crítica feita por
Fligstein (2003), de que a maior limitação da abordagem de redes é que não incluem as
questões políticas, nem as pré-condições sociais impostas às estruturas econômicas
envolvidas, nem os modos de conceituar as formas como os atores constroem seus mundos.
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do conceito ao incorporar uma perspectiva mais subjetiva e relacional nas análises, sem
perder de vista a estrutura social, como parte de uma realidade concreta.
Referências bibliográficas:
EMIRBAYER, M., & GOODWIN, J. (1994) Network analysis, culture, and the problem of
agency. American Journal of Sociology, v. 99, n.6, p. 1411-1454.
GRANOVETTER, M. (1973) The strength of weak ties. American Journal of Sociology. v.
78, n. 6. p. 1360-1380.
GRANOVETTER, M. (1985) Economic Action and Social Structure: The Problem of
Embeddedness. American Journal of Sociology. v. 91, n.3, p. 481-510.
LIN, N. (1999) Building a network theory of social capital. Connections. n. 22, v. 1, p. 28-51.
MIZRUCHI, M. S. (2006) Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais.
RAE - Revista de Administração de Empresas. v. 46, n. 3, p. 72-86.