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A partir do momento em que a lógica popular desenrola diante de nós sua sequência
de surpresas, é inevitável que vejamos surgir a figura do grande contador de histórias
turco, Nasreddin Hodja. Ele é o mestre nessa matéria. Aos seus olhos a vida é um
despropósito coerente, ao qual é fundamental que nós nos acomodemos.
Deste modo, quando era jovem ainda, seu pai um dia lhe disse:
– Você devia se levantar cedo, meu filho.
– E por quê, pai?
– Porque é um hábito muito bom. Um dia eu me levantei ao amanhecer e encontrei
um saco de ouro no meu caminho.
– Alguém o tinha perdido na véspera, à noite?
– Não, não – disse o pai. – Ele não estava lá na noite anterior. Senão eu teria
percebido ao voltar para casa.
– Então – disse Nasreddin –, o homem que perdeu o ouro tinha se levantando ainda
mais cedo. Você está vendo que esse negócio de levantar cedo não é bom para todo mundo.
(CARRIÈRE, Jean-Claude. O círculo dos mentirosos: contos filosóficos do mundo inteiro. São Paulo: Códex, 2004.)
(A) pai e filho não se dão bem. (B) pai e filho têm os mesmos hábitos.
(C) pai e filho encontraram um saco de ouro. (D) pai e filho pensam de forma diferente.
6- O uso do vocábulo “então”, que abre a fala final de Nasreddin, serve para que apresente
ao seu pai
(A) a conclusão que tirou da resposta. (B) a hora de encerrarem aquela conversa.
(C) a justificativa para acordar mais tarde. (D) a hipótese de que estava com a razão.
O silêncio do rouxinol
[...]
Na época de Salomão, o melhor dos reis, um homem comprou um rouxinol que
possuía uma voz excepcional. Colocou-o numa gaiola em que nada faltava ao pássaro e na qual
ele cantava, horas a fio, para encanto da vizinhança.
Certo dia, em que a gaiola havia sido transportada para uma varanda, outro pássaro
se aproximou, disse qualquer coisa ao rouxinol e voou. A partir desse momento, o
incomparável rouxinol emudeceu.
Desesperado, o homem levou seu pássaro à presença do profeta Salomão, que
conhecia a linguagem dos animais, e lhe pediu que perguntasse ao pássaro o motivo de seu
silêncio.
O rouxinol disse a Salomão:
– Antigamente eu não conhecia nem caçador, nem gaiola. Depois me apresentaram a
uma armadilha, com uma isca bem apetitosa, e caí nela, levado pelo meu desejo. O caçador
de pássaros levou-me, vendeu-me no mercado, longe da minha família, e fui parar na gaiola
deste homem que aí está. Comecei a me lamentar noite e dia, lamentos que este homem
tomava por cantos de gratidão e alegria. Até o dia em que outro pássaro veio me dizer:
“Pare de chorar, porque é por causa dos seus gemidos que eles o mantêm nessa gaiola”.
Então, decidi me calar.
Salomão traduziu essas poucas frases para o proprietário do pássaro. O homem se
perguntou: “De que adianta manter preso um rouxinol, se ele não canta?”. E lhe devolveu a
liberdade.
CARRIÈRE. Jean-Claude. O círculo dos mentirosos: contos filosóficos do mundo inteiro. São Paulo: Códex, 2004.
8- No trecho “...cantava, horas a fio, para encanto da multidão.”, a expressão “horas a fio”
tem o sentido de
(A) de vez em quando. (B) durante muito tempo.
(C) pousado em um fio. (D) sem cobrar por isso.
9- A decisão de não mais cantar, comunicada pelo rouxinol a Salomão, que a traduziu para o
homem, teve, como consequência, o homem
(A) não entender a tradução. (B) ficar desesperado. (C) libertar o rouxinol. (D)
silenciar o rouxinol.
3ª Questão:
a) Nas orações abaixo, identifique o sujeito grifando-o e colocando-o entre parênteses e
circule
seu (s) núcleo (s): (2,5)
- A ave retratada na foto é uma garça.
- A imagem da garça aparece duplicada.
- Duzentas espécies de aves, quarenta de mamíferos e trinta de répteis são os estranhos no
ninho
- A cidade de São Paulo esconde uma surpreendente fauna nativa.
- Muitos desses animais moram em reservas como a Serra da Cantareira.
O REFORMADOR DO MUNDO (Monteiro Lobato)
Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estaria
errado e a natureza só fazia asneira. - Asneira, Américo? - Pois então?... Aqui mesmo, neste
pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustentando frutas
pequeninas, e lá adiante vejo uma colossal abóbora, presa ao caule de uma planta rasteira. Não
era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por
mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabeiras para a aboboreira e as abóboras para a
jabuticabeira. Não tenho razão? Assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e
só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo. Mas o melhor, concluiu, é não pensar nisto e
tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha? E Pisca-Pisca, piscando que não acabava
mais, estirou-se de papo para cima à sombra da jabuticabeira. Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou
com um mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos. Uma beleza!
De repente, no melhor da festa, plaft! uma jabuticaba cai do galho e lhe acerta em cheio o
nariz.
Américo desperta de um pulo. Pisca-Pisca medita sobre o caso e reconhece, afinal, que o
mundo não era tão mal feito assim. E segue para a casa refletindo:
- Que espida!... Pois não é que se o mundo fosse arrumado por mim, a primeira vítima teria
sido eu? Eu, Américo Pisca-Pisca, morto pela abóbora por mim posta no lugar da
jabuticaba? Hum!
Deixemo - nos de reformas. Fique tudo como está que está tudo muito bem.
E Pisca-Pisca continuou a piscar pela vida à fora mas já sem a cisma de corrigir a
natureza..
6ª Questão: A prova de que Américo Pisca- Pisca poderia melhorar o mundo aparece na
frase:
a) “Américo Pisca-Pisca tinha hábito de pôr defeito em todas as coisas”
b) “O mundo para ele estava errado”
c) “Não era lógico que fosse justamente o contrário”
d) “...só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo”
e) “Américo desperta de um pulo.”
7ª Questão: A idéia de reformar o mundo parecia ser uma obsessão de Américo Pisca-
Pisca.
Nota-se isso na frase:
a) “Dormiu”
b) “Dormiu e sonhou”
c) “ Sonhou com um mundo novo reformado inteirinho pelas suas mãos “
d) “E Pisca-Pisca... estirou-se de papo para cima à sombra da jabuticabeira”
e) “De repente, no melhor da festa, palft!...”
8ª Questão: Na frase “Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso.” Classificamos o
sujeito como:
a) SS – aqui mesmo
b) SS – neste pomar
c) SS – você
d) SS – a prova
e) SS – disso
9ª Questão: A conclusão que Pisca-Pisca tirou de suas idéias reformadoras foi:
a) que o mundo realmente estava errado
b) que as abóboras estavam fora do lugar
c) que ele próprio seria a primeira vítima
d) que é bom dormir à sombra das jabuticabeiras
e) nenhuma das alternativas anteriores
10ª Questão: Evidenciando o apego que todos têm à vida, podemos dizer que a segunda
conclusão de Pisca-Pisca foi:
a) Fique tudo como está, que está tudo muito bem
b) Pisca-Pisca continuou a piscar
c) É bom tentar, apesar de tudo, modificar o mundo
d) Nada nos resta a não ser dormir
e) Nenhuma das alternativas anteriores
11ª Questão: Analisando o período “O mundo para ele estaria errado e a natureza só fazia
asneiras” podemos dizer que:
a) É um período simples que apresenta um sujeito também simples, o mundo.
b) É um período composto de três orações.
c) É um período composto de duas orações – o sujeito das duas é o mesmo – o mundo.
d) Neste período composto, o sujeito da primeira oração é “o mundo” , sujeito simples e o
sujeito
da segunda oração é “a natureza” , também sujeito simples.
e) Todas as alternativas acima estão incorretas.
Texto 1: Estaria nas mãos de um ser humano o segredo da felicidade? Veja o que um sábio
ensinou a um jovem que estava em busca dessa resposta.
O segredo da felicidade
(Paulo Coelho)
Certo mercador enviou seu filho para aprender o Segredo da Felicidade com o mais sábio
de todos os homens. O rapaz andou durante quarenta dias pelo deserto, até chegar a um
belo
castelo, no alto de uma montanha. Lá vivia o Sábio que o rapaz buscava.
Ao invés de encontrar um homem santo, porém, o nosso herói entrou numa sala e viu uma
atividade imensa; mercadores entravam e saíam, pessoas conversavam pelos cantos, uma
pequena orquestra tocava melodias suaves, e havia uma farta mesa com os mais deliciosos
pratos
daquela região do mundo. O Sábio conversava com todos, e o rapaz teve que esperar duas
horas
até chegar sua vez de ser atendido.
O Sábio ouviu atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele
momento não tinha tempo para explicar-lhe o Segredo da Felicidade. Sugeriu que o rapaz
desse
um passeio por seu palácio, e voltasse dali a duas horas.
-Entretanto, quero lhe pedir um favor – completou o Sábio, entregando ao rapaz uma
colher de chá, onde pingou duas gotas de óleo. – Enquanto você estiver caminhando,
carregue
esta colher sem deixar que o óleo seja derramado.
O rapaz começou a subir e descer as escadas do palácio, mantendo sempre os olhos fixos
na colher. Ao final de duas horas, retornou à presença do sábio.
- Então – perguntou o Sábio - , você viu as tapeçarias da Pérsia que estão na minha sala de
jantar? Viu o jardim que o Mestre dos Jardineiros demorou dez anos para criar? Reparou
nos belos
pergaminhos da minha biblioteca?
O rapaz, envergonhado, confessou que não havia visto nada. Sua única preocupação era
não derramar as gotas de óleo que o Sábio lhe havia confiado.
- Pois então volte e conheça as maravilhas do meu mundo – disse o Sábio. – Você não pode
confiar em um homem se não conhece sua casa.
Já mais tranqüilo, o rapaz pegou a colher e voltou a passear pelo palácio, desta vez
reparando em todas as obras de arte que pendiam do teto e das paredes. Viu os jardins, as
montanhas ao redor, a delicadeza das flores, o requinte com que cada obra de arte estava
colocada em seu lugar. De volta à presença do Sábio, relatou pormenorizadamente tudo
que havia
visto.
- Mas onde estão as duas gotas de óleo que lhe confiei? – perguntou o Sábio.
Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as havia derramado.
- Pois este é o único conselho que eu tenho para lhe dar – disse o mais Sábio dos Sábios. –
O Segredo da Felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo e nunca se esquecer
das
duas gotas de óleo na colher.
1ª Questão: (1,0 ponto cada item)
O Segredo da Felicidade é uma parábola. Nesse gênero de texto, em que histórias
ilustram o ensinamento que se quer transmitir, encontramos:
a) a narrativa de um único caso, formado aqui pela história de um
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b) personagens são individualizadas: no texto lido, em nenhum momento o autor nomeia as
personagens, que são apresentadas como
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c) tempo e espaço indeterminadas: no texto menciona-se apenas que o rapaz andou durante
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até chegar a
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d) a ação apresenta a seguinte sequência:
I) situação inicial:
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II) apresentação do relato de um caso especial acontecido com determinado personagem:
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III) explicação da relação entre o caso narrado e o ensinamento que se pretende transmitir:
O Sábio compara as atitudes do rapaz durante o passeio (ora seguindo as orientações, mas
não observando o que estava a seu redor, ora fazendo exatamente o oposto) às de alguém
que
busca a felicidade. E lhe transmite o ensinamento pretendido: o Segredo da Felicidade.
Já está identificado, acima, o terceiro momento no texto lido. Localize o I e o II.
e) O Sábio aconselhou o rapaz a percorrer o palácio. Como justificou essa recomendação?
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f) O que o sábio pretendia realmente com aquela recomendação?
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g) O que significa percorrer o palácio sem derrubar a gota de óleo?
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TEXTO 01:
Estrelas em greve
João A . Carrascoza
Todas as noites, as mulheres se punham diante da televisão para ver as novelas. Os
homens cochilavam no sofá e a criançada com os computadores. Ninguém tinha tempo de
olhar
para o céu.
Sem platéia, as estrelas decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. A Lua,
solidária com as amigas, aderiu ao protesto e também se escondeu.
Foi um fuzuê no mundo inteiro. As galinhas, que dormiam com a estrela- d’alva, perderam
o sono e deixaram de botar ovos. As corujas pararam de piar. Os tatus não saíram mais das
tocas.
Os grilos silenciaram. Os anjos da guarda, que desciam à noitinha para ninar as crianças,
perdiamse
no caminho. As damas da noite não abriram mais suas pétalas. No escuro, o vento não
enxergava nada e não sabia para onde soprar. Os poetas caíram em desânimo e a produção
de
poesia imediatamente cessou. Os agricultores ignoravam se era ou não a época certa para
semear. As marés, desorientadas, subiam e desciam à deriva.
Então, os homens descobriram que aquilo tinha a ver com o sumiço das estrelas.
Chamaram os melhores astrônomos, mas eles não souberam explicar o ocorrido.
Convocaram as
feiticeiras para resolver o assunto, elas fizeram lá suas mandingas, mas não adiantou nada.
A
coisa estava realmente preta.
Até que, numa noite, um homem saiu de casa e se pôs a contemplar o céu na escuridão.
Lembrou que a mãe lhe ensinara a posição do Cruzeiro do Sul. Outro se juntou a ele e
recordou as
histórias de Lua cheia, quando aparecia o lobisomem. Um velho ouviu a conversa dos dois
e veio
contar que, em criança, tinha visto o Cometa Halley. Apareceu uma mulher e comentou que
só
cortava os cabelos na Lua minguante. Outra mulher falou que, havia alguns anos, vira uma
estrela
cadente e fizera um pedido. O marido ouviu-a e disse que o pedido era ter o amor dele para
sempre. Outro homem contou que lhe nascera uma verruga no dedo porque, quando garoto,
apontara para as Três–Marias. Aos poucos, as pessoas foram saindo de casa e cada uma
tinha sua
história para contar sobre a Lua e as estrelas.
Quando estavam todos na rua olhando o céu vazio, as estrelas, que os observavam do
fundo da noite, apareceram de surpresa, acendendo-se ao mesmo tempo. Foi lindo: parecia
uma
chuva de gotas prateadas.
TEXTO 2
História estranha
Luis Fernando Verissimo
Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está
com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo chutando uma bola perto de um
banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida que é ele mesmo. Reconhece a
sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele
estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem
aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Seus
olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o
tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma
coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai
caminhando, chorando, sem olhar para trás.
O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica
pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos, como eu vou ser sentimental!
Comédias para se ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p.43
7) Observe o seguinte trecho: “Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros [...]”. O pronome “seus”
destacado neste trecho se refere:
(a) À babá
(b) Ao homem
(c) Ao menino
(d) Ao tempo
(e) Ao banco
TEXTO 3
10) A menina do texto:
(a) alegria
(b) tristeza
(c) indignação
(d) chorosa
Bom Trabalho!