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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS -

CURSO DE MÚSICA - LICENCIATURA ADE 1000 – FUNDAMENTOS


HISTÓRICOS, FILOSOFICOS E SOCIOLOGICOS DA EDUCAÇÃO

GABRIELI STRUCKER
LUIZA VELOSO

EDGAR MORIN E OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO


FUTURO

Santa Maria, RS
2018
GABRIELI STRUCKER
LUIZA VELOSO

EDGAR MORIN E OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO


FUTURO

Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de


Fundamentos Históricos, Filosóficos e
Sociológicos da Educação como requisito para
obtenção de nota parcial, sob orientação da
Prof. Dra. Belkis Bandeira.

Santa Maria, RS
2018
sumario
INTRODUÇÃO

Edgar Morin é um filósofo, sociólogo e antropólogo francês, reconhecido


internacionalmente por sua obra e suas reflexões sobre a educação. Formado em
direito, história e geografia, é considerado um dos principais teóricos sobre a
complexidade e um dos principais filósofos franceses contemporâneos. Morin é
autor de mais de trinta livros, vários deles traduzidos para diversos idiomas, dentre
os quais podemos citar a obra de seis volumes O Método (1977-2004), o livro A
Complexidade Humana (2004) e Os Sete Saberes Necessários à Educação do
Futuro (2001), sendo esse último o tema do presente trabalho.
Morin é um defensor da transdisciplinaridade, e traz, em Os Sete Saberes,
uma série de reflexões sobre um novo olhar para a educação do século XXI.
Sobre o tema de um futuro viável para a educação do mundo, o pensador opina
que não se pode desenvolver uma autêntica educação se esta não se apóia na
justiça, na democracia verdadeira, na igualdade e na harmonia com o entorno. Ele
defende que a educação depende da união dos saberes, pois, uma vez que o ser
humano não é divisível, a educação também não pode ser.

BIOGRAFIA

Edgar Morin nasce em Paris, no dia 8 de julho de 1921, com o nome de


Edgar Nahoum. Já na infância, se interessa por literatura e cinema Edgar Morin
formou-se em direito, história e geografia em 1942. Em 1941, durante a Segunda
Guerra Mundial, quando os alemães invadem a França, Edgar engaja-se na
Resistência Francesa e adere ao Partido Comunista, e decide substituir seu
sobrenome judeu, Nahoum, por Morin.
Após a Guerra, trabalha como redator em jornais relacionados ao partido
comunista francês. Suas críticas geram atrito com os defensores do partido e,
após dez anos ligado ao partido comunista, em 1951, Morin acaba por ser expulso
do partido e perde o emprego. Começa a escrever a obra O Homem e a Morte,
onde começa a aplicar sua visão interdisciplinar, com visões sobre filosofia,
psicanálise, geografia, etnografia, história das religiões, dentre outros temas. No
mesmo ano, é contratado no Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS). No
ano de 1959 publica o livro Autocrítica, onde avalia sua participação no meio
cultural e político desse tempo.
No ano seguinte realiza uma viagem à América Latina e conhece diversos
países como México, Chile, Peru, Bolívia e o Brasil. Morin fica fascinado pela
cultura indígena e afro-brasileira que encontra no país. Ao retornar à França,
publica mais um livro: O Espírito do Tempo. No ano de 1967, funda o Grupo dos
Dez, onde fica até 1975, um grupo de discussões e intercâmbio de ideias que
acaba por introduzir à Edgar o pensamento cibernético. Em 1968, como professor
substituto na Universidade de Nanterre, Edgar envolve-se em movimentos
estudantis que começam a eclodir na França. Retorna ao Brasil e depara-se com
os estudantes em greve. No ano seguinte, é convidado a passar um ano no
Instituto Salk, na Califórnia.
Em sua estadia na Califórnia, se familiariza com a revolução genética com a
descoberta da dupla hélice do código genético, e estudaria as consequências
biológicas e sociológicas dessa descoberta. Os estudos realizados nessa época,
bem como a convivência com outros pesquisadores do Instituto resultam em
Edgar um aprofundamento em outras áreas do conhecimento, como a cibernética,
teoria dos sistemas e teoria da informação. Assim, a experiência na Califórnia,
somada ao conhecimento adquirido no Grupo dos Dez, leva Morin a pensar na
sua teoria do pensamento complexo.
De volta à Paris, inicia a constituição de um centro de estudos
bioantropológicos e de antropologia fundamental. Nesse processo de
reorganização dos princípios do conhecimento, começa a trabalhar em uma das
principais obras do pensamento complexo de sua bibliografia: O Método, e em
seguida publica outros livros como Introdução ao Pensamento Complexo. O
Método é constituído por uma série de seis volumes que foram escritos durante
três décadas e meia, sendo os primeiros escritos do primeiro datados de 1973,
publicado em 1977 e teve seu último volume publicado em 2004. No ano de 1997,
Morin é convidado pelo governo francês a apresentar um plano com propostas
para a educação, a partir de seu pensamento transdisciplinar. Assim, ele percorre
mais de 30 países pesquisando à respeito da educação das diversas escolas e
universidades.
Nesse mesmo ambiente da multidisciplinaridade, em 1999, a UNESCO
propõe a Edgar Morin apresentar os principais pontos indispensáveis para a
educação dos jovens no século XXI, e a partir desse momento ele começa a
trabalhar no livro Os Sete Saberes Necessários à Educação, finalizado e
publicado em 2001.

OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO

Sobre o livro, o próprio o autor o apresenta como inspirações para o


educador ou os saberes necessários a uma boa prática educacional. Morin
introduz novos debates para a educação do século XXI, que se dividem em sete
capítulos: As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; Os princípios do
conhecimento pertinente; Ensinar a condição humana; Ensinar a identidade
terrena; Enfrentar as incertezas; Ensinar a compreensão; A ética do gênero
humano. Morin afirma que a educação depende da combinação desses saberes
em toda sociedade e cultura.

1. AS CEGUEIRAS DO CONHECIMENTO: O ERRO E A ILUSÃO

No primeiro capítulo, o autor trabalha a importância de se considerar os


erros e ilusões que podem ocorrer na transmissão de informação de qualquer
gênero. Há essa preocupação uma vez que a ciência sempre afastou o erro de
sua concepção, enquanto o ser humano está direcionado pelo seu próprio
emotivo, percepções e influências, estando sempre sujeito ao erro. Morin destaca
os erros mentais, intelectuais e os erros da razão, com ênfase, no último item, na
diferença entre racionalidade e racionalização, e considera a racionalidade como
uma proteção contra o erro e a ilusão. Considera também a repressão da
manifestação da afetividade, porém o autor conclui que ela é natural do ser
humano e também pode contribuir com o conhecimento. O autor encerra
afirmando que o erro não deve ser afastado do processo de aprendizagem, mas
deve ser integrado ao processo para que o conhecimento avance. Para ele, “o
dever principal da educação é de armar cada um para o combate vital para a
lucidez”. Logo, a educação deve prestar atenção na origem do erro e da ilusão, e
também desenvolver as características antropológicas, culturais ou políticas para
que não induzam ao problema.

2. OS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO PERTINENTE

Nesse capítulo, o autor observa que o conhecimento está sendo propagado


de forma cada vez mais fragmentada, dividida, enquanto os problemas estão cada
vez mais multidisciplinares e globais. Morin destaca a importância de estabelecer
os contextos entre as partes e o todo em um mundo complexo. O conhecimento
pertinente vai à contramão da ideia de fragmentação, não necessariamente em
aniquilar a ideia das disciplinas, mas rearticular essa ideia para se adequar em
outros contextos. Organizar o ensino-aprendizagem voltado ao Contexto, o Global,
o Multidimensional, o Complexo. A lógica do pensamento depende da organização
dos conhecimentos sobre o mundo.
ENSINAR CONDIÇÃO HUMANA
Já no começo do capítulo, o autor diz que “Conhecer o humano é, antes de
tudo situá-lo no universo, e não separá-lo dele”. Morin traz novamente argumentos
sobre o motivo de o ensino fragmentado ser prejudicial à educação. É necessário
entender que o ser humano não é apenas cultural, mas também é físico, biológico,
psíquico, cultural, social e histórico. Segundo o autor, a educação do futuro deve
ter um ensino voltado ao conhecimento do humano como parte do universo, e todo
conhecimento deve ser contextualizado para ser pertinente.

4. ENSINAR A IDENTIDADE TERRENA

Neste capítulo Morin aborda a ideia de que é necessário ensinar aos alunos
a importância da sustentabilidade, a história da era planetária e sua evolução. A
história da vida humana teve início com uma diáspora planetária e está bem ligada
à vida contemporânea. Este processo, que teve início no século XVI, afetou todos
os continentes e levou à extraordinária diversidade de línguas, culturas, destinos,
fontes de inovação e a criação de todos os dominós, contribuindo para melhoria
(ou piora) no desenvolvimento planetário.
A mundialização, era que estamos desde o final do século XX, significa “o
surgimento de um objeto novo, o mundo como tal” (LÉVY, XXXX). Porém quanto
mais somos envolvidos pelo mundo mais difícil é aprender sobre ele, pois na era
das telecomunicações, da informação, da internet, estamos “submersos na
complexidade do mundo”, e as incontáveis informações sufocam a nossa
inteligibilidade.
O problema do mundo não tem um único aspecto como fundamental, mas
sim uma série de problemas vitais que geram a intersolidariedade complexa de
problemas. Necessitamos então conceber a insustentável complexidade do
mundo, no sentido de que é preciso considerar a unidade e a diversidade do
processo planetário.
Para Morin, é fundamental aos alunos conhecer o lugar no qual se habita,
suas necessidades de sustentabilidade, a variedade inventiva, os novos
implementos tecnológicos, os problemas sociais e econômicos que ela abriga.

5. ENFRENTAR AS INCERTEZAS

Graças ao desenvolvimento das ciências, hoje, podemos ter muitas


certezas acerca de várias áreas do conhecimento como a microfísica, a
termodinâmica, a cosmológica, a biológica, a histórica, dentre diversas outras.
Mas o que diz Morin, no quinto capítulo de Os Sete Saberes, os alunos
necessitam também saber das incertezas que os permeiam, pois o número delas
é bem maior que o de certezas e é necessário lidar bem com elas.
É preciso saber lidar com as incertezas, com as limitações, os
imprevistos e novidades que surgem a cada dia. A escola deve preparar os
alunos para que sejam capazes de enfrentar esses desafios inesperados,
fortalecendo as suas estruturas mentais e assim resolvendo seus problemas
de modo construtivo baseado em situações anteriores. Desta forma, deve-se
ensinar nas escolas a ideia de incerteza, sendo assim, esta incerteza nos levaria
ao avanço da cultura, ao avanço do saber. 

6. ENSINAR A COMPREENSÃO

No sexto saber o autor enfatiza a necessidade do ensinar a compreender,


analisando como a educação se apresenta atualmente podemos notar que ela
prioriza a incompreensão; a incompreensão dos outros, a incompreensão do
mundo. A educação do futuro precisa buscar na incompreensão o entendimento e
a aceitação para se alcançar a compreensão, "evitar o egocentrismo e o
etnocentrismo", ou seja, devemos deixar de tentar compreender os outros por
nossas crenças e valores, entender que há diversidades em todo e qualquer
aspecto seja ele cultural ou não e que, nenhuma crença é mais correta ou mais
valiosa que outra.
A compreensão não pode ser quantificada. Educar para compreender a
matemática ou outra disciplina determinada é uma coisa; educar para
compreensão humana é outra. Nela se encontra a missão propriamente espiritual
da educação: ensinar a compreensão entre as pessoas como condição e garantia
da solidariedade intelectual e moral da humanidade.

7. A ÉTICA DO GÊNERO HUMANO

No sétimo e último capítulo, o autor trata da ética que deve conduzir o


humano a um caráter sociável e humanizado. O educador deve despertar nos
alunos a consciência de que tudo o que se faz reflete em nós mesmos, ensinar a
cidadania terrestre, "pela democracia", "pelo diálogo". Para que tudo fique bem
para todos, é necessário ter consciência dos atos praticados, desenvolvendo no
ser humano suas aptidões individuais e coletivas.
Ensinar a verdadeira democracia é um dever ético. Mas também necessita
diversidade e antagonismos: a democracia não consiste numa ditadura da maioria.
Os nossos estudantes têm que compreender a natureza “trinitária” do ser humano:
indivíduo – sociedade – espécie. A ética indivíduo – espécie consiste no controlo
da sociedade pelo indivíduo e do indivíduo pela sociedade, por meio de uma
democracia autêntica. A ética indivíduo-espécie implica, no presente século, a
construção e efetivação da cidadania terrestre ou planetária.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desse trabalho pôde-se observar os ideais do autor acerca de


reflexões para se repensar a educação. Cabe citar que o objetivo do autor não foi
o de dizer passo a passo como deve ser uma boa educação, mas sim orientar à
reflexões e descrições de eixos e caminhos para todos os que pensam e
fazem educação, introduzindo novos e criativos debates sobre a educação
para o Século XXI.
Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro é um livro que
pode ser interpretado de vários pontos de vista e aprofundado em cada um
dos saberes. Nesse trabalho apenas realizamos um apanhado de todo o livro
para um resumo, então conclui-se que há muito sobre o livro e, também o
autor, a ser estudado.
REFERÊNCIAS

LOPES, Miguel. Análise do texto A era planetária de Edgar Morin. 2008.


Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-
financas/analise-do-texto-a-era-planetaria-de-edgar-morin/26444/>. Acesso em: 20
jun. 2018.

MACEDO, Piedley. Resenha - Os Sete Saberes Necessários A Educação Do


Futuro. 2011. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/resenha-os-sete-saberes-
necessarios-a-educacao-do-futuro/54213/>. Acesso em: 25 jun. 2018.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2 ed. São


Paulo: Cortez, 2000. 102 p.

RODRIGUES, José Paes. Os 7 saberes necessários à educação do futuro,


segundo Edgar Morin. 2014. Disponível em: <http://pgl.gal/os-7-saberes-
necessarios-a-educacao-do-futuro-segundo-edgar-morin/>. Acesso em: 20 jun.
2018.

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