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TCC I:

Análise do Contexto e Justificativa


Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
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Luiz Francisco de Assis Salgado Jussara Cristina Cubbo
Superintendente Universitário Kamila Harumi Sakurai Simões
e de Desenvolvimento Katya Martinez Almeida
Luiz Carlos Dourado Lilian Brito Santos
Luciana Marcheze Miguel
Reitor Mariana Valeria Gulin Melcon
Sidney Zaganin Latorre Mônica Maria Penalber de Menezes
Diretor de Graduação Mônica Rodrigues dos Santos
Eduardo Mazzaferro Ehlers Nathália Barros de Souza Santos
Rivia Lima Garcia
Diretor de Pós-Graduação e Extensão Sueli Brianezi Carvalho
Daniel Garcia Correa Thiago Martins Navarro
Gerentes de Desenvolvimento Wallace Roberto Bernardo
Claudio Luiz de Souza Silva Equipe de Qualidade
Luciana Bon Duarte Ana Paula Pigossi Papalia
Roland Anton Zottele Josivaldo Petronilo da Silva
Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Katia Aparecida Nascimento Passos
Coordenadora de Desenvolvimento Coordenador Multimídia e Audiovisual
Tecnologias Aplicadas à Educação Ricardo Regis Untem
Regina Helena Ribeiro
Equipe de Design Audiovisual
Coordenador de Operação Adriana Mitsue Matsuda
Educação a Distância Caio Souza Santos
Alcir Vilela Junior Camila Lazaresko Madrid
Professora Autora Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo
Rejane Roecker Christian Ratajczyk Puig
Danilo Dos Santos Netto
Revisora Técnica Hugo Naoto Takizawa Ferreira
Maria do Carmo Brant Carvalho Inácio de Assis Bento Nehme
Técnica de Desenvolvimento Karina de Morais Vaz Bonna
Regina Paulinelli Marcela Burgarelli Corrente
Marcio Rodrigo dos Reis
Coordenadoras Pedagógicas Renan Ferreira Alves
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Renata Mendes Ribeiro
Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti
Nivia Pereira Maseri de Moraes Thamires Lopes de Castro
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Equipe de Design Educacional Victor Giriotas Marçon
Alexsandra Cristiane Santos da Silva William Mordoch
Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka Equipe de Design Multimídia
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Any Frida Silva Paula Cristiane Marinho de Souza
Cristina Yurie Takahashi Elina Naomi Sakurabu
Diogo Maxwell Santos Felizardo
Emília Correa Abreu
Flaviana Neri
Francisco Shoiti Tanaka Fernando Eduardo Castro da Silva
Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida Mayra Aoki Aniya
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Janandrea Nelci do Espirito Santo Renan Carlos Nunes De Souza
Jackeline Duarte Kodaira Rodrigo Benites Gonçalves da Silva
João Francisco Correia de Souza Wagner Ferri
TCC I: Análise do Contexto e Justificativa
Aula 01
O TCC no processo de desenvolvimento do conhecimento e do
curso

Objetivos Específicos
• Compreender a importância do TCC no processo de desenvolvimento do
conhecimento e do curso.

Temas
Introdução
1 A organização do sistema acadêmico brasileiro
2 Ciência e metodologia
3 Possibilidades de trabalhos
4 Projeto de intervenção social
Considerações finais
Referências

Professora
Rejane Roecker
TCC I: Análise do Contexto e Justificativa

Introdução
Nesta aula aprenderemos sobre a organização do sistêmico acadêmico do Brasil, além de
um breve histórico do Ensino Superior no nosso país. Veremos que a construção da ciência
está diretamente ligada à metodologia, ou seja, aos métodos que utilizamos em um estudo.
Por fim, visualizaremos quais opções de trabalhos poderemos desenvolver no Trabalho de
Conclusão de Curso. Vamos lá, conheça as possibilidades e mergulhe de cabeça nesta nova
empreitada!

1 A organização do sistema acadêmico brasileiro


Antes de falarmos do Trabalho de Conclusão de Curso, precisamos esclarecer como o
sistema acadêmico brasileiro está organizado, visto que a metodologia só existe em função
da construção de conhecimento e esta ocorre no âmbito da academia. É comum não se
ter clareza dos níveis acadêmicos (técnico, graduação, pós-graduação) e seus respectivos
produtos (Trabalho de Conclusão de Curso, Monografia, Dissertação, Tese etc).

Vamos começar falando dos níveis escolares que, no Brasil, são preconizados pela Lei nº
9394/06, nos artigos 21 e 44. Dessa forma, temos: a educação básica (que compreende a
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio) e a educação superior (que
compreende a graduação e a pós-graduação). Os artigos 21 a 44 têm como título: Dos Níveis
e das Modalidades de Educação e Ensino e discorre sobre as características de cada grau de
escolaridade no Brasil, além de apontar os direitos e deveres das instituições atuantes em
cada um dos níveis.

Para conhecer mais, acesse o site do Planalto disponível na Midiateca,


onde é possível visualizar a Lei nº 9394/06 na íntegra.

Na Figura 1, podemos conhecer como estão divididos os níveis escolares no nosso país e
ver exemplos para melhor entendimento.

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Figura 1 – Níveis escolares no Brasil

Lei 9394/06 -
Níveis escolares no Brasil
Art. 21 e 44

Educação Educação Infantil (creche e pré-escolar)


básica Ensino Fundamental (1º grau)
Ensino Médio (2º grau)

Graduação (bacharelado, licenciatura e tecnólogo)


Educação Pós-graduação:
superior lato sensu: especialização e
stricto sensu: mestrado e doutorado

Fonte: Adaptada de Ferrarezi Junior (2011, p. 13).

Para Ferrarezi Junior (2011), os níveis escolares podem ser explicados da seguinte
forma:

• Educação Infantil: aplica-se às crianças de até seis anos de idade, ou seja, pré-
escolares.

• Ensino Fundamental: nível de educação que se dá em um período de nove anos


(também chamadas de séries), entre a Educação Infantil e o Ensino Médio.

• Ensino Médio: diz respeito ao nível de educação que vem após o Ensino Fundamental,
tem duração mínima de três anos e possui duas modalidades: profissionalizante ou
preparatório para o ingresso no Ensino Superior (antigamente chamado de científico).

• Graduação: é o nível que vem após o Ensino Médio e volta-se à área escolhida
para atuação profissional ou acadêmica do aluno, portanto, a duração vai depender
do curso. Geralmente, os tecnólogos são de duração menor, enquanto os demais
cursos variam entre oito e dez semestres. O que difere os cursos como bacharelado
e licenciatura é o fato da licenciatura permitir ao graduado exercer o ensino, ou seja,
o deixa apto para lecionar. A maioria dos cursos de graduação resulta em um estudo
ou pesquisa denominado Trabalho de conclusão de Curso – TCC ou Trabalho de
Conclusão de Estágio – TCE, que podem ser defendidos em banca.

• Especialização ou aperfeiçoamento: tanto a especialização como o aperfeiçoamento


são realizados após a conclusão da graduação e servem para aprofundamento em
alguma área de atuação profissional ou intelectual do graduado. São da modalidade
lato sensu e têm duração média de dois anos. Ambas necessitam graduação, como
requisito, e resultam em um estudo ou pesquisa, denominado Trabalho de Conclusão
de Curso – TCC ou Monografia, que podem ser defendidos em banca.

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• Mestrado: o mestrado é um tipo de pós-graduação stricto sensu e tem como objetivo


um aprofundamento acadêmico do aluno em uma área específica, em que este tenha
domínio. A graduação é o requisito para ingresso no mestrado, sendo assim, não são
exigidos especialização ou aperfeiçoamento. O mestrado é o grau mínimo para atuação
como docente, ou seja, professor em nível universitário e, geralmente, tem duração
de dois a quatro anos. O mestrado resulta em um estudo denominado Dissertação,
que deve ser defendido em banca pública (grupo de professores ou pesquisadores
da mesma área que avaliarão a aprovação ou não do trabalho) e confere o grau e
diploma de mestre ao aluno.

• Doutorado: é a segunda etapa da pós-graduação stricto sensu; constitui-se no último


nível acadêmico que pode ser alcançado. No doutorado, há o desenvolvimento de
uma pesquisa científica inédita e relevante ao progresso científico da área estudada.
A duração média do doutorado costuma ser de dois a quatro anos e, na maioria
dos casos, o pré-requisito para ingresso é o mestrado na mesma área e estudo. O
doutorado resulta em um estudo denominado Tese, que deve ser defendido em
banca pública (grupo de professores doutores que avaliarão a aprovação ou não do
trabalho) e confere grau e diploma de doutor ao aluno.

Falamos tanto de latu sensu e stricto sensu, mas o que essas expressões significam?
“Stricto sensu” é uma expressão latina que significa “em sentido estrito”. É incorporada em
outros idiomas e em áreas de estudo como Biologia, Direito, Linguística, Semiótica etc. “Lato
sensu” é também uma expressão latina que significa “em sentido lato”. É interpretada de
forma oposta a stricto sensu, porque deve ser compreendida no sentido mais abrangente
e amplo de algo. O stricto sensu refere-se à formação voltada à pesquisa e docência e latu
senso à especialização profissional Os cursos de pós-graduação stricto sensu compreendem
programas de mestrado e doutorado sujeitos ao reconhecimento e autorização do Ministério
da Educação.

É válido lembrar que o Ensino Superior no Brasil teve seu desenvolvimento de forma
bastante tardia. Somente no final do século XIX, com a vinda da Família Imperial ao país,
surgiram as primeiras instituições de cunho científico. Enquanto as Américas Espanhola
e Inglesa tiveram acesso ao Ensino Superior já no período colonial, no Brasil, a primeira
universidade foi fundada somente em 1920.

Somente na década de 1970, quando houve a chamada “explosão do Ensino Superior”,


o país observou a necessidade da criação de universidades, em virtude do crescimento
industrial, sendo que o números de matrículas, durante esse período, passou de trezentos mil
para um milhão e meio, com a introdução de exames de seleção para ingresso (vestibulares).
Contudo, a insuficiência de fiscalização por parte dos órgãos legais resultou em uma queda
da qualidade de ensino que persiste até hoje.

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Agora que já entendemos um pouco da história do Ensino Superior e como funciona a


organização do sistema acadêmico brasileiro, abordaremos a importância da metodologia na
execução de trabalhos científicos, como o Trabalho de Conclusão de Curso.

2 Ciência e metodologia
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) corresponde a uma produção acadêmica que
expresse as competências desenvolvidas pelos alunos, incluindo aquelas construídas ao longo
do curso de pós-graduação. Trata-se de componente curricular obrigatório, necessariamente
caracterizado como uma produção individual para a qual o aluno contará com orientação
metodológica do docente responsável por esse componente curricular, por meio do Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA), de forma a garantir os registros do processo de orientação.

Pedagogicamente, o TCC situa-se como eixo integrador do currículo para o qual deverão
convergir todos os demais componentes curriculares, materializando a interdisciplinaridade
pretendida.

Nessa primeira etapa o aluno produz uma síntese da análise de contexto escolhendo o
tema sobre o qual desenvolverá o TCC.

Verificamos que, no Brasil, todos os graus de graduação e pós-graduação resultam em


estudos ou pesquisas (TCCs, TCEs, Dissertações, Teses etc.), sendo que, para desenvolvimento
destes trabalhos bem como de todos os outros tipos de estudos acadêmicos e científicos, é
utilizada a metodologia da pesquisa.

Mas o que é metodologia, então?

“Metodologia corresponde a um conjunto de procedimentos a ser utilizado na obtenção


de conhecimento. É a aplicação do método, por meio de processos e técnicas, que garante
a legitimidade científica do saber obtido”. (BARROS; LEHFELD, 2007, p. 2). Em resumo, para
todos os trabalhos de cunho acadêmico e científico, são necessários procedimentos e técnicas
que demonstrem a veracidade daqueles resultados e, assim, validem as conclusões obtidas
no estudo.

O esquema, demonstrado na Figura 2, esclarece como a metodologia funciona.

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Figura 2 – Ciência, metodologia e métodos

Processos Conhecer - agir e


Ciência Metodologia Métodos
Técnicas intervir na realidade

Ciência Forma especial de conhecimento da realidade empírica. É um


conhecimento racional e sistemático, capaz de ser submetido à
verificação. Busca o conhecimento sistemático do universo. Não é
produto de um processo meramente técnico, mas do espírito humano.

Metodologia Estuda
Descreve Os Métodos
Explica
Interpreta
Compreende
Avalia

Método Forma ordenada de proceder ao longo de um caminho.


Conjunto de processos ou fases empregadas na investigação,
na busca do conhecimento.

Fonte: Barros e Lehfeld (2007, p. 3).

Observamos assim que, para construção da ciência, é necessária a metodologia, que diz
respeito aos métodos utilizados. A ciência, em linhas gerais, conforme descrita no esquema,
é uma forma especial de conhecimento da realidade empírica, ou seja, da realidade que
acontece na prática. É um conhecimento racional (ligado à construção de conceitos e juízos
a partir do uso sistemático do raciocínio), metódico e sistemático (depende de um conjunto
de etapas ordenadas estabelecidas pelo pesquisador para investigar um determinado tema/
questão/problema), que é capaz de ser submetido à verificação (há preocupação básica de
testar a consistência da validade desse fenômeno, pois o método adotado em uma pesquisa
científica deve permitir a outros pesquisadores atingir os mesmos resultados alcançados com
os mesmos critérios e procedimentos).

Além disso, embora a ciência busque o conhecimento sistemático de todas as questões


que envolvem o universo, ela não é produto de processos técnicos, apenas, ela é movida pelo
espírito, ética e curiosidade humana, visto que o homem é o sujeito principal – o pesquisador.
Aos pesquisadores de hoje exige-se enveredar por caminhos do pensamento e ação
complexas, religando conhecimentos interdisciplinares para ganhar compreensão
multidimensional. Os problemas da prática do mundo real já não se apresentam aos
profissionais com estruturas bem delineadas, pois guardam características de complexidade,
incerteza, instabilidade, singularidade e conflito de valores (SCHÖN, 2000). “A realidade social
resiste a ser enquadrada em esquemas rígidos, exigindo do profissional forte capacidade

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analítica sobre a conjuntura política, social, econômica. Sem essa mediação, a própria leitura
dos fundamentos estruturais perde sua função compreensiva e orientadora da ação”.
(CARVALHO, 2014, p. 200).

Dessa forma, a metodologia estuda, descreve, explica, interpreta,


compreende e avalia os fenômenos objetos da construção da ciência e utiliza
métodos – processos de investigação na busca de conhecimento – para isso.
Assim como na construção da ciência, neste curso utilizaremos a metodologia
para desenvolver um estudo intitulado “Trabalho de Conclusão de Curso – TCC”.

Observaremos, a seguir, as possibilidades de trabalhos que poderão ser apresentados.

3 Possibilidades de trabalhos
Para desenvolvimento do Trabalho de Conclusão deste curso, serão utilizadas duas
possibilidades de estudos: a reflexão conjuntural acerca de uma política pública e o projeto
de intervenção social. Ambos os trabalhos serão descritos detalhadamente a seguir.

3.1 Reflexão conjuntural acerca de uma política pública


Temos como conceito de políticas públicas os programas, ações e atividades
implementadas pelo Estado, direta ou indiretamente, com a participação das esferas pública,
privada e civil, que têm como objetivo assegurar determinado direito, seja para o público em
geral ou para determinado seguimento. Geralmente, as políticas púbicas estão ligadas aos
direitos preconizados na constituição.

O termo Políticas Públicas tem sido frequentemente trabalhado no contexto de áreas


e setores políticos específicos. Entretanto, é possível compreender políticas públicas
enquanto conceito amplo e abrangente, desvinculando-o das diversas áreas a que
pode ser aplicado, entendendo-as enquanto ações públicas que tentam regular
problemas públicos, ou seja, problemas que surgem no bojo de uma sociedade e que
têm relevância social. (SAMPAIO; ARAUJO JR., 2006, p. 336).

Para ilustrar uma política pública, vamos utilizar um exemplo bem atual: a questão hídrica
no Brasil. A água é apontada na Carta da República como bem de uso comum. Para proteger
esse bem e regulamentar seu uso múltiplo, foi instituída a Política Nacional de Recursos
Hídricos mediante a Lei Federal nº 9.433.

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Para saber mais sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos, que trata-
se de uma política pública, acesse a Midiateca.

A reflexão conjuntural acerca de uma política pública é chamada, também, de “análise


de política” e é uma forma de estudo que resulta em uma avaliação de determinada política
pública. Esse tipo de análise de política pública (a conjuntural) recebe essa denominação
por estudar a política de forma que seja datada e situada nos tempos atuais. Para Sampaio e
Araújo Jr. (2006, p. 337):
De acordo com os interesses e do ponto do qual se interpreta e analisa, podem-se
obter diversos julgamentos sobre a mesma (política), possibilitando comparações
com outras. Na perspectiva da “análise” são considerados os discursos oficiais e não
oficiais, ou seja, os discursos explícitos e implícitos, considerando, inclusive, o estudo
da ausência de uma política.

Nesse contexto, a análise de política pública possibilita a observação de diversos


determinantes, pois permite visualizar os diferentes elementos que estruturam a política (em
todo o seu processo).
Esses determinantes podem ser de ordem política, ideológica e social, ou
ainda, determinações calcadas em interesses pessoais ou em evidências, sejam
epidemiológicas, sociais ou econômicas. A “análise” objetiva intervir nas políticas
públicas, seja no sentido de formulá-las, ou propor outras diferentes, analisando-as
antes, durante ou após sua implementação. (SAMPAIO; ARAÚJO JR., 2006, p. 337).

Alguns autores propõem o uso de quatro categorias de análise de políticas públicas:


contexto, atores, conteúdo e processo. Outros autores concluem que as políticas públicas
necessitam ser analisadas nos elementos do seu contexto, sendo que:
O contexto caracteriza o ambiente no qual a produções sócio-históricas, políticas e
ideológicas que circunscrevem a política e que dão sentido à mesma. Pode-se concluir,
inclusive, que a política surge como resposta ao contexto, interferindo e sendo
reformulada pelo mesmo. Isso implica em dizer que as políticas públicas são históricas
e comprometidas com determinados contextos, seja com o objetivo de modificá-los,
ou perpetuá-los. (SAMPAIO; ARAÚJO JR., 2006, p. 337).

Dessa forma, pode-se analisar o macro e o micro contextos; o primeiro representando a


dimensão ampla e o segundo, a dimensão setorial da política em estudo. O macro contexto
envolve: a esfera política, a esfera econômica e a esfera social. Já o micro contexto diz respeito
à política setorial, às finanças do setor, aos problemas sociais e aos serviços existentes. Após
identificados e descritos os contextos, parte-se para análise em si, ou seja, o que a política
pública possui de forças e o que possui de fraquezas. Em um terceiro momento são expostas
propostas para minimizar as falhas que a política pública possui.
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4 Projeto de intervenção social


Segundo o dicionário Michaelis, projeto significa um plano para a realização de um ato,
desígnio, intenção, cometimento, empreendimento, plano padronizado que deve ser seguido
em diversas obras ou instalações da mesma natureza. A mesma fonte define intervenção
como um ato ou efeito de intervir, mediação, ação do governo ou de uma entidade oficial em
uma associação.

O projeto de intervenção social trata-se de uma proposta de ação, a partir da interpretação


de determinada realidade, considerando os fatores social, político, ideológico, cultural,
econômico e político. Por meio de um projeto de intervenção constrói-se um plano para
mediar determinada situação de vulnerabilidade em determinada organização, projeto ou
público. O projeto de intervenção social é realizado por meio de etapas, conforme a Figura 3.

Figura 3 – Etapas do projeto de intervenção social

Apresentação Justificativa Objetivos

Diagnóstico Metodologia Revisão teórica

Prognóstico Conclusões Referências

Fonte: Elaborada pela autora (2015).

A apresentação serve como introdução no projeto de intervenção, ou seja, é uma síntese


do que está sendo proposto, onde é abordada a conjuntura, além de descrito o local que
será executado o projeto. Na justificativa, deve-se contextualizar as razões, os motivos e a
importância do projeto; esclarecer as motivações que levaram à escolha pela proposta,
sejam elas pessoais ou institucionais, além de apontar a relevância da intervenção para a
formação do interventor para a instituição, para a profissão e para os cidadãos beneficiários.

Os objetivos, no projeto, são divididos em objetivo geral e objetivos específicos.


O objetivo maior é a proposição maior do estudo, enquanto os objetivos específicos são
os desdobramentos ou etapas que serão realizados para alcance do objetivo geral. A
revisão teórica deve trazer os pressupostos teóricos de autores da área; trata-se de uma
sistematização e discussão de bibliografias pertinentes à temática, onde é realizada a
construção e contextualização do objeto de análise (a realidade escolhida, no caso). Na
metodologia são trazidos os procedimentos utilizados no estudo, além do público-alvo
deste e técnicas de coletas de dados; diz respeito ao “como” o projeto foi desenvolvido.

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O diagnóstico explicita, dentro do contexto apresentado, quais as forças, vulnerabilidades,


oportunidades e ameaças identificados. A partir da construção do diagnóstico, poderá ser
desenvolvido o prognóstico, como um plano de ação para tratamento das vulnerabilidades e
minimização das ameaças na realidade estudada. O prognóstico deve contemplar os recursos
(humanos e materiais), cronograma, orçamento, parceiros e mecanismos de avaliação de
resultados para a intervenção propriamente dita. Na conclusão do projeto, são resgatados
os seus objetivos específicos e descritos os principais resultados de cada um. Nessa etapa,
ainda, é possível que o autor dê sua opinião sobre o projeto, suas principais dificuldades e
sugestões. O projeto encerra-se com as referências utilizadas para embasamento do estudo.

Comparativamente, a análise de políticas públicas e o projeto de intervenção social


possuem elementos bastante semelhantes, pois seguem uma contextualização teórica
e, posteriormente, analisam determinada realidade (diagnóstico) e propõem melhorias
(prognóstico).

Considerações finais
Nesta aula aprendemos sobre a organização do sistema acadêmico no Brasil, que
é preconizado pela Lei nº 9394/06, nos artigos 21 e 44, e divide a educação em: básica e
superior. Visualizamos que a implementação de cursos superiores no Brasil aconteceu
de forma bastante tardia e que, por esse motivo, temos consequências visíveis no nosso
cotidiano estudantil.

Além disso, vimos que a metodologia é uma parte muito importante na construção do
conhecimento científico e que como opções de Trabalho de Conclusão de Curso temos: análise
estrutural de políticas públicas e projeto de intervenção social. Observamos que a análise de
política pública possibilita a observação de diversos determinantes, pois permite visualizar os
diferentes elementos que estruturam a política (em todo o seu processo), enquanto projeto de
intervenção social trata-se de uma proposta de ação, a partir da interpretação de determinada
realidade, considerando os fatores social, político, ideológico, cultural, econômico e político.

Referências
BARROS, A. J. da S.; LEHFELD, N. A. de S. Fundamentos de Metodologia Científica. 3.ed. São
Paulo: Prentice‐Hall, 2007.

BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos
[...]. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acesso em: 10 mar.
2015.

CARVALHO, M. C. B. Gestão social e trabalho social. São Paulo: Cortez, 2014.

FERRAREZI JUNIOR, C. Guia do Trabalho Científico: do projeto à reação final: monografia,


dissertação e tese. São Paulo: Contexto, 2011. v. 3000. 160p .
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PROJETO. In: Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.


com.br/moderno/portugues/index.php>. Acesso em: 10 fev. 2015.

SAMPAIO, J.; ARAÚJO JUNIOR, J. L. Análise das políticas públicas: uma proposta metodológica
para o estudo no campo da prevenção em Aids. Rev. Bras. Saúde Matern. Infantil, Recife,
p.335-346, jul.-set. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v6n3/31905.pdf>.
Acesso em: 10 fev. 2015.

SCHÖN, D.A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem.
Tradução de Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SOARES, M. S. A. (Org.). A Educação Superior no Brasil. Porto Alegre: Instituto Internacional para
a Educação Superior na América Latina e no Caribe Iesalc. Caracas: Unesco, 2002. Disponível
em: <http://biblioteca.planejamento.gov.br/biblioteca-tematica-1/textos/educacao-cultura/
texto-6-2013-a-educacao-superior-no-brasil.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2015.

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