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Olá a todos!

O texto de hoje será mais íntimo do que o habitual, mas ainda assim
espero que consigam extrair dele alguma informação não completamente inútil.
Quero falar-vos um pouco sobre uma série da minha autoria, realizada por Vanessa
Fernandes e Ivo Reis, chamada Matemática Salteada. Estreou ontem na RTP Play e é
nessa plataforma que todos os 7 episódios de aproximadamente 7 minutos estão
disponíveis para visualização gratuita. A ideia deste programa é simples: ilustrar
conceitos matemáticos utilizando... comida! E porquê comida? Porque é algo de que
TODA a gente gosta, ao contrário da matemática, e vem em muitas cores e formas
diferentes. Antes de abordar a parte científica, permitam-me falar-vos da história por
detrás, que nunca antes partilhei com ninguém.
Quando me foi feita a proposta de gravar um programa para a RTP, fiquei super-duper
entusiasmada e quero, desde já, agradecer essa oportunidade incrível! Mas, se ainda
não viram nenhum episódio e estão à espera de uma mega produção de TV, esqueçam
lá isso. O nosso orçamento foi mesmo modesto, portanto, utilizamos apenas duas
câmaras, um microfone e objetos comprados nos chineses. Os óculos de serralheiro
que usei no primeiro episódio magoavam-me a testa como o caraças. Hão também de
reparar que a minha maquilhagem é praticamente sempre a mesma – não houve cá
roupeiro e maquilhadora, tendes direito a uma base aldrabada e um rímel rançoso, e
já ides com sorte! Os vestidos que usei são da minha mãe e não foram poucas as
tralhas que andei a carregar para os cenários enquanto os usava (que bela imagem
mental, hem?).
Enfim, foi uma experiência divertida e enriquecedora, mas a minha preparação devia
ter sido maior... Na gravação do primeiro episódio, eu estava super presa (não dos
intestinos, mas sim pouco à vontade) por ter três pessoas a olhar para mim, e foram
sacrificados doze ovos para o resultado final ser uma maionese que mais parecia ter
sido cuspida por um leproso. Felizmente, foi a única vez em que desperdiçamos
alimentos! Por exemplo, no dia em que gravamos o episódio sobre relações bizarras de
matemáticos com comida, o almoço foi pizza com feijão frade (adivinhem porquê). Por
falar em pizza, o terceiro episódio foi gravado após jantarmos, precisamente, pizza,
que foi encomendada ao telefone e só chegou até nós 1h30 depois. Por causa disso, a
gravação só começou às 23h e, pouco depois da meia-noite, foi interrompida por uma
vespa asiática que decidiu invadir a sala em que nos encontrávamos.
Olhem, eu vou-vos ser sincera. A série foi filmada essencialmente na última semana de
agosto e primeira de setembro. Esse período coincidiu precisamente com a altura em
que o meu livro foi lançado, tornando-se um dos períodos mais conturbados da minha
vida. Uma vez saí de Águeda às três da manhã, de forma a apanhar um comboio Porto-
Lisboa poucas horas depois, para ir ao programa da Fátima Lopes ou lá o que foi. Nessa
altura, para além de ter dado mais de quarenta entrevistas, tive ainda de preparar um
curso para uma escola de verão de matemática, redigir um relatório sobre um projeto
de investigação, preparar três palestras e gravar vídeos para o YouTube. Não estou a
dizer isto para me vitimizar, porque ninguém me obrigou a nada, mas gostaria de ter
tido mais tempo e espaço mental para planear os guiões e me focar neste projeto.
Ainda assim, graças aos dotes artísticos do Ivo e da Vanessa e da ajuda absolutamente
crucial do Diogo (responsável pela montagem de cenários, captura de som e fazer de
garçom no terceiro episódio), acho que o resultado final até se come.
Com este blá blá blá todo, já me alonguei demasiado, portanto é possível que o
próximo artigo ande à volta deste assunto também. Assim, se tiverem alguma questão
que me queiram colocar, podem enviar um e-mail para inesguimaraes42@gmail.com e
os vossos comentários serão sempre bem-vindos na página do Facebook do Clube de
Matemática. Inté!

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