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Antes da leitura começar, peço atenção aos quatro seguintes tópicos:

1. Nem tudo aqui descrito faz parte da realidade. Esta é uma obra de ficção;

2. Qualquer semelhança com fato real ou pessoa é mera coincidência. Pode me xingar via
angeloalves@gmail.com se quiser;

3. Eu sempre posto isso com certa pressa (estou numa lan house). Entao o que mais tem
por aí são erros de portugues. Me desculpem!

4. Isso aqui não é blog, mas já serve para ir acompanhando minhas aventuras por essas
terras inóspitas hehe. Não que eu ache que alguém tenha interesse, mas pelo-sim-pelo-
não, eis aí um resumo dessa minha vida no oeste do Pará (e me desculpem pelos erros
de português, mas escrevo isso apressado em uma lan house):

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PARTE 1 - A PARTE DO VOCABULARIO

Quem diria que um dia eu ia morar a 3 quarteirões do rio Amazonas, ter um celular DDD 93 e
uma árvore de cupuaçu fazendo sombra no quintal de casa? Ok que não é a coisa mais fácil do
mundo chegar aqui em Juruti, principalmente qndo se perde um vôo e uma lancha em
Santarém.

A idéia de chegar meia hora só antes no aeroporto não deu mto certo, e a minha passagem de
lancha para descer o rio 5 horas (com direito a parada em Óbidos), que deveria estar reservada
na Viação Patajós (a rodoviária do porto praticamente), na verdade não estava.

E aí eu cheguei com dois dias de atraso aqui na divisa do Pará com o Amazonas, para depois
descobrir que só começo a ter treinamento para o estágio em duas semanas. Ou seja, mais 15
dias de férias com mais 10 estagiários.

E sim, estou morando numa república com outros 10 retardados mentais, mas até agora
ninguém se matou. Na verdade a nossa rotina é basicamente comer para dormir, e dormir para
comer. Alguns passeios pela floresta, outros pela cidade. Quero conhecer algum igarapé um
dia desses. Teve um mini festival de Paritins aqui fds, que foi a coisa mais diferente que eu ja vi
na minha vida. E bruto pra caramba.

Mas a verdade é que parece que a empresa está igual aquela bruxa da história do João e
Maria: só engordando a gnt para nos assar depois. De útil, meu vocabulário está ficando
bastante vasto: muriçoca, carapanã, cajá, mundurukus, mapará, muirapinima, cupuaçu,
tupinambás, tacacá, maniçoba, oriximiná, baratas e ratos.
Estes últimos, bem grandes até. Outro dia vi um que de tão grande parecia um boi indo pruma
festa à fantasia de Mickey Mouse. A gnt está tentando domesticá-los, mas na pior das
hipóteses, temos uma churrasqueira bacana, e carvão é o que não falta nessa flotesta.

Aos poucos vou tentando mandar notícias por aqui, e assim que possível posto as fotos do
Festribal e das atoíces por aqui. No mais, um abraço para todos aí no Sul!

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PARTE 2 - A PARTE DO UAI

Juruti, Juriti: se é que o mundo tem fim, o fim do mundo é aqui?

Brincadeiras à parte, a vida aqui está boa e tranquila. A cidade é bem melhor que o esperado,
e na minha rua tem bastante drogaria, mercearia e asfalto. Falta um pouco mais de água
encanada, mas fazer o que. Dá para sobreviver de boa na lagoa aqui.

E 10 dias de oeste do Pará já me fez aprender mta coisa. A Amazônia é maior e mais estranha
do que a gnt pensa, o Brasil é mais estranho e maior do que a gnt pensa, e o boto nada mais é
que um golfinho com cara de malvado.

A minha noção de mundo mudou bastante já. Calor pra mim agora é nível forno de pizza, e
distâncias. Essas eu nem comento. Só queria perguntar uma coisa para quem falou que no
mundo globalizado de hj não existem barreiras e as distância foram encurtadas: Por que minha
encomenda do Submarino vai demorar 21 dias úteis para chegar aqui?

Tenho noção agora do tanto que eu sou mineiro. Parece que está escrito na minha testa o
lugar de onde vim, e se eu abrir a boca então para soltar uns "uai", "trem" e "sô", já era. Me
sinto como aqueles gringos americanos que vêm ao Brasil e vão à praia de meião, bermuda e
chapéu. Mas me divirto bastante com esse fato.

O trabalho começa sexta-feira agora, e o fato de ser dia 13, acho que algo vai acontecer com
meu contrato. No mais, as férias em Juruti estão acabando, o único cupuaçu que a árvore lá do
quintal ameaçava dar foi retirada à força do galho e um mané-prego a estragou, e enfim o dia
de ralar se aproxima.

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PARTE 3 - A PARTE DOS ELEFANTIDEOS

Hj, depois de 13 dias de Juruti e 18 fora de casa no total, eu penteei (é assim mesmo que se
escreve? verbo pentear -> 1ª pessoa do singular -> pret. perfeito) meu cabelo. É que eu havia
esquecido meu pente la em casa, e acostumei ao fato de ajeitar meu cabelo mais ou menos
após o banho.

Agora, após me olhar no espelho e ver um ser humano novamente, entendo pq minha vida
sexual aqui continuava 0 x 0. E achei legal encontrar uma loja de 1,99 para comprar trecos tipo
pentes aqui em Juruti. Unico problema eh que devido à inflação que ataca a cidade, e à
distancia da civilização que nos encontramos, o preço base eh R$ 4,30.

Mas são pequenas particularidas como essa que fazem dessa minha viagem uma aventura a la
Indiana Jones. Para vcs terem uma idéia, 80% do movimento de transito aqui são realizados
por motos, o que dá bastante coisa até (juro!). O legal eh que nem 10% dos pilotos usam
capacete. É mais facil ver um elefante caminhando na rua principal do q ver algum piloto
devidamente protegido.

Passageiros protegidos entao, nunca! E olha que eh comum ver a família inteira em cima da
moto (tias, avós, cachorro e galinha). Praticamente é um transporte coletivo. E para alugar uma
moto? Basta RG, CPF, dois braços, duas pernas e jurar de pé junto que sabe pilotar. CNH não
é necessária.

Falando em transito, contra-mão não existe. Sabe aquela história de olhar para os dois lados
antes de atravessar a rua, mesmo que essa seja mão-única? Em Juruti, ela faz TODO sentido.
Deve ter sido criada aqui, inclusive.

Resumindo a história, para o trânsito daqui ficar igual ao da Índia, só faltam os tais elefantes
que eu citei ali em cima. E se vc não sabe, não existem mamíferos proboscídeos elefantídeos
desse porte aqui na Amazônia.

Existem mais curiosidades sobre essa terra sem lei que estou vivendo, mas não cabe tudo aqui
e aos poucos eu vou mandando notícias sobre a cultura no oeste do Pará.

E se vc sabe que eu viajei 3500 km para estagiar na mineração de bauxita e estranha o fato de
até hj eu não ter comentando uma letra sobre alumínio, é que estive de férias aqui nos ultimos
15 dias (quem nunca sonhou com ferias em Juruti, hein?). Mas se tudo der certo, começo o
treinamento segunda feira agora.

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PARTE 4 - A PARTE DOS LEGOS

Lá se vai um mês de Juruti.

Tirando as coisas ruins, está tudo ótimo. O (bom ou mau) humor do dia varia de acordo com
cada situação, mas confesso que foi nada bacana ver meus amigos em Viçosa tirando as fotos
de formatura nossa. Fotos essas que eu não vou ter.

Mas como esse não é um espaço para lamentação, vou contar para vcs como foi um dos dias
mais felizes que eu tive aqui até agora: um dia inteiro ouvindo coisas sobre engenharia de
produção e gestão da qualidade, com a presença ilustre de alguns mineiros (que mesmo
atleticanos, me fizeram sentir um pouco em casa). Isso que ao final da tarde foi oferecida uma
dinâmica com Lego. Eu não brincava de Lego desde os 12 anos mais ou menos, vcs têm idéia?

E acontecem coisas engraçadas por aqui sempre, como eu tentando contactar um fornecedor
cuja única especificação de endereço era “margem direita do Rio Amazonas”. Alguém poderia
avisar este senhor que, salvo engano, esse tal de Rio Amazonas é o maior do mundo, cacete!

Eu nunca vi tanto Angelo na minha vida. Com direito até à presença de uma Angela na agenda
do meu celular. A última vez que eu conheci alguma Angela, o ano era 1999 e eu estava na 5ª
série. Mas na época eu não tinha agenda, tampouco celular, para guardar o telefone da
professora de português do colégio Imaculada.

Já passei por alguns sufocos, é verdade. Nem falo da carona com estranhos que eu peguei
para ir ao Bar da Gilda, mas sim do quase pau que eu tomei na prova de espaço confinado,
que nós somos obrigados a fazer durante o treinamento em segurança. Mas valeu todo o
esforço, nada como ganhar capacete e óculos de EPIs. Verdade q eu vou usá-los nunca, eu
acho, mas que eu tenho um capacete e um óculos de segurança, tenho. =D

Inclusive trocaria fácil esses EPIs por mais uma camisa ou então uma calça de uniforme com
numeração menor. A que eu peguei está tão grande que devem caber uns 2 Angelos lá dentro.

Então é isso. A vida aqui vai indo bem, e essa aventura começa a mudar algumas coisas na
minha vida. Por exemplo, CCE não é mais o Centro de Ciências Exatas da UFV - vulgo Cuecão
-, mas sim alguma coisa relacionada à combate e emergência, o que quer dizer que essa sigla
é algo muito importante mesmo para eu ter esquecido o que era.

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PARTE 5 - A PARTE DO IBGE

Passar o feriadão em Santarém mostrou como é bom sair de Juruti. E me mostrou tbm que o
Pará é mto mais q um Estado à beira do Amazonas. É um lugar aonde mulheres sobem no
palco sem calcinha, aonde as bandas de pagode regravam a trilha sonora do Rei Leão no seu
ritmo e tbm a terra dos botos tucuxi e cor de rosa.

E que esses botos disputam o Sairé e não são nenhum pouco amigos. Ou vc é cor de rosa, ou
é tucuxi. Ou vice-versa.
Mas eu queria mesmo é dar a notícia que meu sobrinho nasceu lá em Minas e é bunitão igual
ao tio, mas os pais dele são doidos o suficiente para chamar este bocó que vos fala para
batizá-lo. Preciso nem falar q eu fiquei feliz pra mais de metro com esta responsa né?

Aqui em Juruti as coisas andam melhorando, consegui mudar para uma área mais a ver com
Produção e menos a ver com Administração, e estou realmente empolgado com este novo
serviço. Vou ter que acordar 5 e meia da manhã todo dia para pegar uma hora de estrada mata
adentro, mas vale a aventura.

É aquela velha história, já que eu vim de tão longe, pq ficar em um escritório em baixo do ar
condicionado?

A cidade que continua sem luz. Na verdade, a escassez de energia elétrica funciona mais ou
menos assim:

- Nas noites dos dias ímpares, em media 3 apagões por noite, com duração de uns 40 minutos
cada;
- Nos dias pares, só falta luz se o dia da semana for ímpar. Por exemplo: em setembro, a
probabilidade de apagões nas terças 14 e 28 e quintas 16 e 30 é bastante alta;
- Os demais dias costumam ficar sem luz só qndo é noite de lua cheia, minguante ou nova.

Mas nada que a gnt não se acostume, como o fato de conviver pacificamente com ratos e
urubus no quintal.

O último censo do IBGE estimou que a população de baratas era aprox. 16 vezes a de ratos,
que por sua vez era quase 7x a de urubus, e a população desses voadores era o triplo da
população de seres humanos.

Mas o jeito é agradecer que em uma cidade na qual 89,7% (esse índice é sério, da FGV 2009)
das casas nao tem esgoto tratado (inclusive a minha), mas fossas, os ratos ainda tem 4 patas e
um rabo apenas. Se um dia os urubus começarem a cruzar com os roedores, a coisa vai ficar
feia.

Mas a gnt sempre dá um jeito né. Compramos e espalhamos chumbinho pelo quintal todo, e a
cena já começa a lembrar um pouco um campo de concentração de ratos. Tem aparecido tanto
cadáver de rato que eu estou me sentindo o Adolf Hitler dos roedores.

Ainda não conseguimos uma solução viável para as baratas, e aceito sugestões no email
angelo.alves@ufv.br. Obrigado.

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PARTE ? – A PARTE QUE EU ESQUECI DE COLOCAR AQUI ANTES E ERA PRA SER A 6
Mineiro é uma raça mundialmente conhecida por sua farofagem característica. Vai à praia e
leva frango e ovo na bolsa; invade o litoral capixaba e carioca à cada feriado/férias/fds com
uma temperatura superior que 15 ºC; qndo viaja, passa mais tempo tirando fotos dos pontos
turísticos do que os conhecendo. E olha que mtas vezes o ponto nem precisa ser tão turístico
assim para os mineiros gastarem horas e espaço na máquina.

Eu, como bom mineiro que sou, não podia ser diferente aqui no oeste do Pará. Passei metade
do meu feriado de 7 de setembro tentando aprender a boiar no Rio Tapajós, lá em Alter do
Chão. Não consegui aprender isso, e passei metade das minhas tentativas boiando que nem
um pedaço de tijolo na água.

E qndo vamos à praia, é obrigação de todo mineiro passar metade do dia pegando jacarezinho.
Mas aqui isso não pode, devido a dois problemas:

1º A praia é de rio, logo não tem onda (a não ser se eu fosse para a pororoca – para quem
conhece a minha destreza fonoaudiologica, sabe o tanto q soa esquisito eu falando pororoca;
2º Dependendo do rio ou igarapé que vc vai, o jacaré é que te pega, e não vc que o pega.

Mas enfim, vida que segue. A gnt tem que turistar tbm na vilazinha e comprar coisas do
artesanato local. Saímos eu e um amigo que queria comprar um brinco para a namorada.
Apenas um brinco. Simples.

Resultado dos dois mineiros fazendo compras: voltamos para casa com duas camisas do tipo
vim em Alter do Cão e lembrei de vc, um dvd promocional do Luan Santana (que foi
ganhado),trêss cds de um grupo de pagode de Belém, um fone de ouvido (que pelo preço que
eu paguei vou ficar mto feliz se essa birosca funcionar um dia), uma camisa do time amador da
cidade, o São Francisco, e duas zarabatanas.

Se vc não sabe, zarabatana é aquele cano de bambu que vc coloca um dardo com veneno na
ponta e sopra para atingir o seu alvo, geralmente um ser vivo. A minha meta é até minhas
férias eu conseguir apetrechos suficientes para eu desembarcar em Confins vestido de índio
guerreiro. No mínimo, eu assusto as pessoas. No máximo, sou preso por andar nú em
aeroportos com zarabatanas, arco e flecha.

E tbm até lá espero eu ter tido paciencia suficiente para não ter gastado nenhum dos meus
dardos em alguém daqui de casa.

E sobre o meu time de coração aqui do Pará, anotem este nome: São Francisco. Ele é amador
ainda, mas promete crescer nos próximos anos e dar mto trabalho para os times grandes
futuramente. O nosso arqui-rival, o São Raimundo, foi campeão brasileiro da série D em 2009,
mas está sendo rebaixado ridiculamente da série C esse mês. É a grande chance de
mostrarmos que o azul e branco santareno é quem manda aqui no Tapajós!
Ah, falando nisso, depois eu tenho que explicar para vcs aí do sul as confusões que andam por
este Estado, estão querendo dividi-lo em outros três. Mas isso é assunto para depois.

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PARTE 6 – A PARTE DA EMANUELLE NO ESPAÇO

Eu já comentei q fiquei um tempo no setor de Compras, e que agora estou mudando de área?

Neste tempo na Aquisição, eu tive q entrar em contato com fornecedores algumas vezes - friso
que eu não era operador de telemarketing e muito menos oferecia alumínio de porta em porta.
Daí o esquema é o seguinte:

Eu ligo -> recepção atende -> recepção me transfere para o n.º que eu quero falar -> eu falo ->
eu agradeço -> e desligo

Este é um sistema simplificado, mas serve para entender o que acontecia a maioria das vezes.
Vamos nos concentrar apenas na atividade recepção me transfere para o n.º que eu quero
falar. Enquanto eu era transferido para o ramal da pessoa certa, eu tinha que esperar na linha,
até ser atendido. E aí as empresas usam e abusam de toda a maldade no mundo para escolher
o q o estagiário vai ouvir.

Tem empresa que sintoniza alguma rádio, e dependendo da sua sorte (ou estado de espírito),
vc consegue ouvir uma rádio Pan ou alguma coisa lá de BH. E é bacana. Outras colocam
algum mp3 para tocar, que é quando o bicho pega.

Há empresas de pessoas depressivas ouvindo Roberto-Carlos-foi-no-fundo-do-poço-,-pegou-


uma-pá-e-cavou às 8 da manhã, tem outras que estão no carnaval ainda (e nem era de
Salvador, juro) e me obrigam a ouvir Claudia Leite na hora do meu café, e há aquelas cultas,
que sempre escolhem Pour Elise para servir de espera. Sou capaz de dizer até que já sei as
notas de Pour Elise de trás pra frente, de tantas vezes q eu já ouvi essa porra.

Uma vez o sistema de espera da empresa falou que era para eu aproveitar o momento e
conhecer um pouco mais sobre ela. Daí começou a contar toda a sua história, iniciando pelo
ano de 1876 quando o tataravô do atual CEO saiu da Itália e montou uma humilde mercearia
em Piracicaba. - Vamos aproveitar a espera e conhecer um pouco mais sobre nós? –“Não,
obrigado”?

A melhor vez foi, sem dúvida, quando alguém entrou na linha e me ofereceu cartão de crédito.
Aproveitei o momento para oferecer as rifas da minha formatura, e conseguimos fechar uma
parceria comercial proveitosa para as duas partes.

Foi legal esse tempo no Compras. Falei com gnt em DDD 71, 98, 61, 19, e um tanto mais.
Conversei bastante com fornecedor em Minas Gerais, o q sempre dava uma certa saudade.
Cheguei até a usar aqueles ramais com head set parecidos com os capacetes dos alienígenas
em Emannuele no Espaço, aqueles que os ets usavam qndo ela começava a furunfar aqui no
Planeta Terra.

E não me venha falar q vc não sabe do q eu estou falando, pq todo pré-adolescente


acompanhava esta série sábado de madrugada na Band. Mas enfim, o assunto é que agora
começa um novo estágio, em uma outra área, com menos horas de sono para dormir, e posso
falar q estou bastante empolgado e animado para o trabalho. Só isso já vale a vinda pra cá.

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PARTE 7 – A PARTE DO TECNOBREGA

Semanas atrás reclamei que as calças de uniforme q eu havia ganhado estavam imensas em
mim. Praticamente cabiam dois Angelo’s nelas. Àqueles que estavam preocupados com este
fato (minha mãe, em especial), venho com prazer informar que as mesmas foram lavadas, e
encolheram pra burro.

Eu achava que era historinha para boi dormir, essa coisa de que algumas roupas diminuem
depois q vêem água. Mas minhas calças agora estão quase do tamanho adequado, e acredito
que daqui a umas 3 lavadas elas estarão do tamanho ideal. Medo meu é que após a quarta ou
quinta lavada, eu deva ser obrigado a fazer regime para entrar no uniforme.

Mas hj eu vim aqui não para falar sobre regimes e dietas, mas sim sobre algo bem mais sério:
as músicas que a gnt escuta aqui no Pará.

E não é o que a gnt aí do sul acha. Ok, tem forró e tecnobrega, mas não mais que tem no
Faustão, por exemplo. Para se ter uma idéia, a cidade tem um sistema de rádio comunitária
que toca nos postes do centro de Juruti, e eu já ouvi Cazuza, Guns e até Metalica, enquanto eu
ia caminhando para o supermercado ou Banco do Brasil.

Mas o ponto de destaque da música aqui é, sem dúvida alguma, o motorista do ônibus que
busca a gnt de manhã. Este senhor de idade (uns 50 quase 60) é o dj mais aleatório que eu já
conheci na minha vida, e olha q já andei com gnt q gosta de cantarolar pagode, música da
Disney e pop rock no mesmo mash-up.

Ele coloca de tudo no som do busão, não importa qual o naipe do cd que vc entrega para ele,
ele dá play. E a gnt escuta. Não estou mentindo, juro de pé junto, mas até música pop
japonesa eu já ouvi enquanto vinha de manhã para a empresa. Há 40 testemunhas.

Hj foi engraçado. Qndo ele passou pela minha rua para pegar a gnt, estava tocando Beyonce
(por sinal, a primeira vez em um mês de Pará q eu ouvi Halo sem ser traduzida por alguma
banda de forró ou brega melody); qndo a gnt desce para a portaria “bater o cartão de entrada”,
tinha o Bon Jovi cantando; três minutos depois, qndo retornamos ao ônibus novamente,
estavam lá João Bosco & Vinícius a plenos pulmões com Canto, Bebo e Choro.
Esse motorista nasceu shuffle mode: on. Só está faltando agora eu ouvir no ônibus Milionário
& José Rico cantando Dama de Vermelho ou então Boate Azul. Aí sim o trem fica bom de vez!

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PARTE 08 – A PARTE DAS 7 PRAGAS DO EGITO

Sabe aquelas chuvas famosas que vc aí no sul sempre escuta sobre? Que na Amazônia o
mundo acaba em água, e que todos os compromissos são marcados para “antes da chuva” ou
”depois da chuva”? Tudo história para boi dormir, pelo menos nessa época do ano em que nos
encontramos.

Primeiro que essa história da chuva diária só é válida para Belém. Pelo menos dizem que lá é
tiro-e-queda. Não falha.

A capital paraense tem duas estações no ano: a que chove todo dia, e a que chove o dia todo.
Mas sobre as chuvas tropicais tão características na floresta, estas são características 6 meses
atrás. Falaram que semestre passado Noé chegou a pensar em construir uma outra arca aqui,
pq era um dilúvio após o outro. De agosto a dezembro, temos a época da seca no oeste do
Pará, o que quer dizer época-que-vai-fazer-calor-que-nem-o-inferno-e-vc-estagiario-se-deu-
mal-e-vai-ter-a-sensacao-gostosa-que-esta-morando-num-forno-de-pizza.

Obs.: vale lembrar que o tempo seco em Juruti ainda deve ter uns 80% de umidade relativa do
ar. Bem melhor que as notícias q eu ando vendo de vcs aí no sul...

Só que ficou essa sensação de que eu perdi o melhor da floresta. Poxa, passei minha vida
colegial ouvindo falar na aula de geografia que em baixo da linha do Equador a gnt sempre
está em baixo de chuva, e o máximo que eu peguei ate hj na Amazônia (mas não tão perto da
linha do Equador assim) foi uma tempestadizinha que só serviu para eu chegar molhado no
escritório.

Os estagiários do período passado vivenciaram até uma infestação de grilos! Cara, as 7 pragas
do Egito estão ocorrendo aqui em Juruti e eu perdendo o melhor da festa. De uma festa quente
e úmida. Esses grilos me lembram até o verão em Viçosa, quando a população de cigarras
cresce exponencialmente e elas invadem nossas casas e ficam berrando no quintal.

Isso mesmo, se cigarra cantasse (como aquela fábula da cigarra e da formiga relata) eu estaria
de boa. O problema é que esses insetos malditos só sabem berrar e esgoelar, o que fode a
vida e os ouvidos. Só resta para vcs que estão aí em Viçosa torcer para as cigarras daí terem o
mesmo fim que aquelas da historinha: ter uma morte angustiante, congelando no frio do
inverno com bastante sofrimento.

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PARTE 09 – A PARTE DO SUBMARINO

FAQ:

1) Por que as sextas aqui são chamadas de Sextas Trash Night?

Sei lá por que, sextas são as tardes / noites que nós estagiários tiramos para perder um pouco
a linha, esquecer o juízo em casa e deixar o bom senso e noção da sociedade para trás. Se
existe algo fundamental para a sobrevivência em uma terra inóspita como esta, é aproveitar o
fds para avacalhar um pouco.

Como os sábados só têm Jump (boatezinha muito mais ou menos, mas que é melhor que
muito cabaré por aí) ou Tequila’s (casa de forró que lembra um prostíbulo), e domingo tem
Caldeirão do Forró (leia-se semi-prostíbulo), Faustão e Pânico na TV (que é o melhor que tá
tendo), as sextas foram escolhidas para o dia da desforra dos estagiários.

Mas não passar as sextas no Bar da Gilda, que era o prostíbulo oficial da cidade, e sim em
algum bar, praça ou em casa mesmo, fazendo o q a gnt faz de melhor: encher a cara de
cachaça.

2) A cidade tem mais prostíbulo do que buteco?

Sim, vc reparou bem. A cidade tem mais bordel do que buteco.

3) Vc já andou naquelas balsas que afundam no rio, que sempre passa no Jornal
Nacional?

Na versão especial de comemoração de um mês de oeste do Pará, tivemos a sexta trash night
on the sea. Sabe aquelas balsas pau-de-arara que de vez em qndo estão super lotadas e viram
no Amazonas, matando metade dos passageiros? Pois bem, pegamos uma dessa de noite
para descer o rio por 7 horas, até Santarém (chegamos 4 da manhã lá).

Isso que a balsa estava parecendo uma rave. Das experiências q eu tive aqui, foi uma das mais
legais.

E mais rápidas tbm. O que me sobrou de memória depois de 1 litro de vodka barata foram uns
15 minutos. Lembro a saída de Juruti, depois a parada em Óbidos, aí eu dentro da
empilhadeira, e depois a chegada em terra santarena. Foi a viagem mais rápida da minha vida,
praticamente.

4) Pq essa parte chama [i]a do Submarino[/i]? Vc já andou em um aí em Juruti?

É que o Submarino fez esses dias pra trás a viagem mais lenta da vida dele. Refiro ao
Submarino site de compras, não ao meio de transporte sub-aquático.

Eu fui cismar de comprar uns eletrônicos que não existem por aqui, logo a solução foi apelar
para internet. Por sorte minha, e azar tremendo do Submarino, ele oferecia frete grátis para
todo país.

Eu acho q o site ainda não conhecia o CEP 68.170-000.

No ato da compra, o Submarino até pediu uma referência para a entrega dos eletrônicos. Eu
preenchi o campo com os dizeres: “Sabe o inferno? É mais uns 500 km rio acima. E pode
cobrar frete, é justo”. Eu tentei avisá-los, mas não me levaram a sério.

Demorou um mês até que minha encomenda chegasse aqui, e perdidinha sem saber aonde
estava, mas chegou. Agora se vc entrar no site Submarino, pode reparar que ao lado do
anúncio de fretes grátis se encontra um asterisco, e este asterisco, no rodapé da página e em
letras miúdas, diz: “Frete grátis para toda a América Latina, menos Juruti”.

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PARTE 10 - A DOS AGRADECIMENTOS

“Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus amigos da EPR UFV 2006 e da República
Previdência, pois eu não poderia ter tido companhia melhor do que a oferecida por eles. Sou
grato também a todos os amigos que fiz em Viçosa, que tantas vezes seguraram a barra e me
ajudaram a ultrapassar os obstáculos que surgiram. E nestes 5 anos, foram muitos os
obstáculos. Grande parte deles foram colocados propositalmente pelos professores, a quem
hoje eu agradeço por ver que os problemas que surgirão agora serão bem maiores do que
suas avaliações ou trabalhos. Agradeço, por fim, à minha família, que me deu a oportunidade e
o apoio para estudar e viver os melhores anos que alguém poderia ter.”

Isto aí em cima é o agradecimento que fui solicitado a fazer, para que fosse impresso junto ao
meu convite de formatura, oportunidade solene para agradecer a quem eu deveria agradecer
pelos 4 anos e meio mais doidos que eu tive.

Mas é difícil saber quem agradecer neste espaço. Havia a grande possibilidade de esquecer
alguns nomes, erro este que eu não gostaria de cometer. Por isso eu não agradeci uma ou
outra pessoa em específico, mas sim aqueles grupos nos quais cada pessoa que eu convivi em
Viçosa se enquadra. E vc, com certeza vai saber aonde se encaixar.

Além disso, havia a limitação de 750 caracteres, o que é mto pouco para o tanto de gnt a quem
eu sou grato. Por isso, segue abaixo a versão completa, sem cortes e sem censura dos meus
verdadeiros agradecimentos.
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Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus amigos da EPR UFV 2006 e da República Previdência,
pois eu não poderia ter tido companhia melhor do que a oferecida por ESSE BANDO DE GENTE
RETARDADA, DESAJUSTADA E ALCOOLATRA, QUE ME CHAMAVA PARA A FARRA SEGUNDA-FEIRA DE
MADRUGADA E QUE ME AGUENTAVA QUANDO EU ESTAVA MAIS TONTO, IMPLICANTE OU RABUGENTO.
Sou grato também a todos os amigos que fiz em Viçosa, que tantas vezes seguraram a barra e me
ajudaram a ultrapassar os obstáculos que surgiram. NÃO ESQUEÇO TBM DE TODO MUNDO QUE ME
ESNOBOU OU ME DEU UM FORA, POIS VCS ME MOSTRARAM QUE SE EU QUISER UM ROMANCE, QUE
EU VÁ BUSCAR UM LIVRO NA BBT. NUNCA VOU APAGAR DA MEMÓRIA TBM TODOS VCS CHATOS,
IDIOTAS, INVEJOSOS, FOFOQUEIROS, INTERESSEIROS OU MALAS-SEM-ALÇA-E-SEM-RODINHA, POIS COM
VCS APRENDI 3 ENSINAMENTOS: 1) NEM TUDO SÃO FLORES; 2) O MUNDO ESTÁ CHEIO DE PESSOAS QUE
DEVO EVITAR; E 3) PESSOAS COMO VCS SÃO UM GRANDE OBSTÁCULO A SER VENCIDO. E nestes 5 anos,
foram muitos os obstáculos. Grande parte deles foram colocados DE FORMA MAQUIAVÉLICA pelos
professores, ESSE PESSOAL QUE ACHA QUE É DEUS E QUE A ÚNICA COISA QUE FAZEMOS NA VIDA É A
DISCIPLINA DELES. PRINCIPALMENTE OS DOS DEPARTAMENTOS DE FÍSICA E MATEMÁTICA. Hoje eu
agradeço AO CORPO DOSCENTE SEM NOÇÃO DA UFV por ver que os problemas que surgirão agora
serão bem maiores do que suas avaliações QUE EU FIZ COLANDO DESCARADAMENTE ou trabalhos QUE
EU COPIEI DOS ALUNOS DOS PERÍODOS PASSADOS, PORQUE DAQUI PRA FRENTE MEU TRABALHO VAI
ENVOLVER DINHEIRO, E EU TENHO QUE ME SUSTENTAR. Agradeço, por fim, à minha família, que NÃO
ME AGUENTOU DENTRO DE CASA, QUIS SE VER LIVRE DE MIM E ME MANDOU PARA VIÇOSA viver os
melhores anos que alguém poderia ter.

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ANEXO DA PARTE 10 - A PARTE DOS AGRADECIMENTOS
(espero ter colocado o nome de todo mundo aqui)

Aline, obrigado por tbm ter me feito carregar uma mudança de ap, e tbm pelo sofazinho bacanão que eu ganhei por isso. Valeu
pelas conversas sérias que de vez em qndo vc puxava, para lembrar à gnt que nem tudo é brincadeira, e que trabalhar é bom às
vezes. E desculpas à sua mãe, que eu só vou conhecer na nossa formatura, depois de milhões de tentativas frustradas de
socialização. E valeu pelos convites de ir para Santos conhecer a praia dos paulistas, que um dia eu hei de conhecer.

André, por estar tomando conta da Carol nesses meses que eu estou longe dela. Pelo menos eu espero que esteja conseguindo,
ou que já tenha algemado essa doida no pé da cama dela.

Angelica, pq mãe é mãe mesmo dando uma surra na gente com luva de humaitai. E obrigado tbm pelos almoços de domingo e por
fazer da sua república um cado de casa de mãe da gente. E tbm por ter me feito carregar uma mudança gigante para a porta do
Morro do Pintinho, quando em nem te conhecia direito. E por ter me feito pegar toda essa mudança de novo e levar suas tralhas lá
pra boca de fumo do seu bairro, qndo vc desceu a favela e foi morar em um lugar melhor. Ah, obrigado tbm à sua mãe, pelo
melhor enroladinho de frango no presunto mergulhado naquele molho amarelo que eu não sei do que que é feito.

Bárbara, pelos dois ouvidos que serviram para eu reclamar bastante das coisas, e obrigado tbm por ser meu Avatar em Viçosa e
resolver os problemas da formatura para mim enquanto eu estou aqui na Amazônia. Obrigado tbm pelo nível de intimidade infinita q
a gnt tem para conversar sobre coisas que eu não posso explicitar aqui na frente de todo mundo. Ah, e valeu tbm por aquela noite
que eu tava sozinho e carente e vc me acolheu na sua imensa cama de casal, e me encheu de amor e carinho até às 10 da manhã
do dia seguinte. Nunca esquecerei dessa madrugada tórrida de amor selvagem.
* tá bom, nada disso aconteceu, mas que podia ter acontecido, podia.

Bernardo, por ser o exemplo de meio mundo, e fazer sempre as coisas certas, e ter essas idéias empreendedoras que só vc tem.

Braga, valeu pelas companhias de jogo do Cruzeiro quando ninguém animava, incluindo uma ida de ultima hora ao Mineirão
assistir a semi-final da Libertadores contra o Grêmio.
Braga-Festas, obrigado por arrumar os convites de última hora a um preço mais barato. E mto orbigado mesmo por conseguir
vender todos aqueles convites de festa de formando que eu tinha que vender, não ia conseguir e tomaria um prejuízo danado.

Braga-Tóxicos, mesmo eu tendo mudado para o Pará antes do seu novo empreendimento começar, obrigado tbm.

Bunequim, valeu pelo maior porre que o Emepro já viu.

Caiao, pelas doses de vodka a mais nos churrascos da EPR e por ser encontrado na rua igual um mendigo. Não esquecerei nunca
essas histórias.

Carol, pelas companhias sujeiras nas festas, e por mais um milhão de coisas erradas que a gnt já fez na noite viçosense e eu não
poderia falar aqui. E se eu fosse falar de vc, ia ficar aqui até amanha. Mas aí agora vc começa a me mandar email político, que que
eu faço? Retorno um email de religião? Que que está acontecendo contigo, mulher? Ah valeu tbm pelos 123.786 selinhos que eu
ganhei de vc, e pelos mais ou menos 347.897 litros de álcool que a gnt deve ter ingerido junto. Não-obrigado pelo mau humor que
vc acorda, mas valeu mto por toda a companhia em bagunças como o carnaval em Diamantina e qualquer
Nicoloco/Batman/Cervejada da vida. A nossa meta é Salvador qualquer ano desses, blz?

Catagua, por toda amizade nesses anos, e por ensinar para mim que “e aí” tbm pode ser usado como elemento de conexão
repetidas vezes nas frases.

Dehon, pelo saquinhos de chup-leite que vc trazia de Espera Feliz tentando vender pra gente, mas que nunca dava certo e acaba
distribuindo no RU depois do almoço.

Edinho, valeu por toda a chatice nesses 4 anos dividindo República com vc, e obrigado tbm pelas lazanhas, pães, iogurte e
biscoitos que eu pegava emprestado qndo chegava miando de bêbado das festas lá em casa de madrugada.

Erick, valeu por uma das fotos mais bizarras que eu já vi na minha vida. E obrigado tbm pela melhor estadia de um dia que
Guarapari poderia oferecer.

Facco, obrigado por ter ido para os Estados Unidos no meu último período em Viçosa e abandonar os solteiros da sala, seu zé
mané. Mas como esse foi o único jeito de vc dar sossego, obrigado mesmo assim. E obrigado tbm pela garrafa de whiky e de
Absolut que eu espero que vc traga dos Estados Unidos para a nossa formatura.

Fagnner, por ir alcoolizado na primeira aula de ENF 412 (é esse número mesmo de Ergonomia?) em 2008.

Flavinho, pelas inúmeras vezes em festas ou no Bar do Leão tomando cerveja, conversando de futebol e mulher, e não conseguir
chegar perto de nenhuma delas. Valeu por estar sempre disponível pra farra, e não abandonar a gnt nos momentos mais difíceis
das sextas e sábados em Viçosa. Obrigado tbm pelas idas à Ubá, tirando aquela volta da boate Nefertiti que vc quase matou a gnt
qndo cochilou no volante. Agradeça ao Cueca pra mim, pela cena mais bizonha do mundo que foi a mágica de abrir o portão do
prédio dele com o cartão de crédito.

Guilherme Ribeiro, valeu.

Guinabs, por ter sido esse cara chato pra caramba em todos esses anos, me ensinando que eu devo manter distância de são-
paulinos.

Guzim, por ter me ensinado a cantada do au-au, que nunca falha.

Igor, pelo fds histórico em Lagoa da Prata, pelas dezenas de garrafas de Absolut, Red, e sei lá mais o que que o alcool apagou da
minha memória.

Izabela, pelas caronas mais arriscadas que eu já peguei na minha vida, incluindo a viagem para Rodeiro que eu achei que não
voltaria vivo da estrada. Obrigado pelas fortes emoções.

Joao, valeu por ter me ensinado a dança do pega-mas-não-pega, mais conhecida como a dança-do-acasalamento-com-a-
segurança-que-está-te-expulsando-do-Espaço-Fama-em-dia-de-Cervejada.

Kenner, valeu por toda impaciência sua, todo stress e raiva que vc tem. Acalma, velho! hehehe Valeu tbm pelos ouvidos q serviram
pra eu desabafar bastante, e obrigado especialmente por ensinar a músiquinha "Do que me adianta... humhumhum". E obrigado
tbm pela namorada mais maluca q vc podia arrumar, e agradeça a ela pelas amigas que gostam de tomar perdido. Valeu por
aguentar esse chato aqui por esses anos sem reclamar!
Cecília, por favor, cuida dele direito. Se não o bicho pega pro seu lado, tá ligada?

Leozaum, pelos fds em Rodeiro, pela zona (eu diria guerra) que a gnt fazia na sua casa ou no sítio, e pelos encontros de turma que
ainda acontecerão lá.

Marcao, por ir alcoolizado na primeira aula de ENF 412 em 2008, [b]e ainda ter conseguido responder a questao do Minetti
corretamente e sair de lá com um ponto extra [/i]

Moreno, valeu por ter ficado sóbrio nas festas e tomado (um pouco de) conta da gente em ambientes públicos. E obrigado tbm por
ser o outro exemplo da sala, quem sabe um dia a gnt chega lá. E queria te lembrar tbm que um dia a Bárbara falou que se vc
passasse no concurso da Petrobrás, ela iria te carregar nas costas a reta da UFV inteira, e pagar cerveja pra vc lá nas 4 Pilastras.
Isso é sério, ela falou mesmo, eu lembro. Pode cobrar dela agora.

Murilo, obrigado pelo segundo maior porre que o Emepro já viu. Mas obrigado tbm por toda a paciência comigo, por aguentar toda
minha chatice e mau humor, e não desistir de mim nunca.

Nayara, pela paciência ímpar comigo, e pela falta de paciência que te ataca às (muitas) vezes. E tbm, é claro, por hospedar 20
pessoas em BH em um ap que construído para um casal sem filhos.

Paulo Henrique, pq alguém tinha saber C++ para ensinar pra gente. Obrigado pela cola!

Pereira, por se embrenhar no seu sítio e só dar sinal de vida a cada dois meses, mais ou menos. Obrigado pelos assuntos
desconexos e frases soltas que vc não conseguia encaixar num mesmo diálogo.

Renan, por todo o mau humor que te consome, vai pro inferno! Muleque chato, ignorante, que fecha a cara e fica meses sem sair
do quarto. Como que eu te aguentei esse tempo todo debaixo do mesmo teto? Ah nem... como que a sua namorada te aguenta,
hein? Que dó que eu tenho da Maria Eliza cara... Mas enfim, deixa eu achar alguma coisa pra agradecer aqui. É, acho que desde
julho 2006 que eu convivo contigo né, então deve ter alguma coisa. Talvez os dois ouvidos, pq nesse tempo só passou tudo por
eles mesmo. Blz que nem sempre passava pela sua aprovação, e algumas coisas o conhecimento chegou beeem tarde, mas
enfim. Valeu pelos sermões, pela paciência e pelo amigo que vc é.

Renata, valeu por ter virado o pescoço em todas as fotos que vc tirou nesses 4 anos, e tbm por ter cismado aquela vez de juntar a
galera para tomar vinho. Primeira e única vez eu acho que fiz isso.

Simeao, por mostrar que vc pode ir e se manter nas festas sem colocar uma gota de álcool na boca.

TG, obrigado por ter ajudado na primeira mudança da Angélica, carregando sozinho um fogão 6 bocas nas costas e ainda subir a
ladeira do Morro do Pintinho gritando “Queeeeeime Cosmosssss”.

Vands, por ter mostrado que adolescente tbm pode ser calvo, e valeu por ter sido esse atleticano tão bom de zoar durante todos
esses anos. Inclusive ontem foi 5 x 1 pro Fluminense. A camisa do Atlético tem peso sim; tanto peso que afunda o time hehe. Ah, e
obrigado tbm que se pode fazer muita coisa com R$ 4,00.

Vitim, por ter sido o segundo atleticano mais legal de zoar nesses anos. E obrigado tbm por não ter ido com a minha cara no
começo, mas depois superado isso. Valeu pelas idas às cidades satélites de Viçosa sempre que havia alguma festinha em alguma
delas. Mas tirando o sufoco que foi aquela vez em Ervália, que o seu irmão tinha tomado multa à tarde e vc se entregou pro seu
pai, achando que a multa era sua, de noite.

Ximbas, obrigado por retornar das trevas lá na Exposição Agropecuária de Barbacena com uma faixa de porpurina na cabeça
escrito [i]I Coraçãozinho Edson & Hudson[/i]. Valeu tbm por nessa mesma Exposição vc pagar de namoradinho da catadora de
latinha do parque. Valeu tbm pelos momentos de alegria nas festas, qndo vc saia para a sacanagem e enfrentava qualquer coisa.
Incluindo a Chegando & Bebendo que eu fui te seguir e não me arrependo até hj. Só não obrigado pelas desfeitas que vc fazia pra
gente no carnaval, e nunca ia pra Diamantina. Ih, lembrei aqui que vc era o rei das cantadas ruins. A Bárbara agradece pela
cantada do pula no meu aquário até hj. Não vou falar a do Victor & Léo pq aí já é queimar mto o filme. Mas obrigado por essas
tosqueiras hehe. Se eu fosse agradecer cada coisa aqui ia ficar até amanhã, então dá pra resumir mta coisa agradecendo por todo
o companheirismo nesses 5 anos de curso.

Yuri, pela caçada humana mais divertida que eu já fiz, aquela perseguição discreta pra caramba depois dum Leão numa quinta-
feira, até minha vizinha chegar em casa são e salva.
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PARTE ___ - A PARTE QUE EU IA COLOCAR SEMANA PASSADA SE A INTERNET DA


CIDADE NAO TIVESSE CAÍDO

Sabe que dia foi 26/09? Foi o dia mundial do coração. Isso deu num domingo, mas como
ninguém trabalha no fds, na sexta feira (24) aqui na empresa ocorreram as comemorações
para este grande camarada, o órgão responsável por bombear plaquetas, glóbulos brancos e
vermelhos para todo o nosso organismo.

Eu não diria comemoração, é verdade, mas sim uma campanha. Pq se todo mundo cismar de
entupir artéria, o Beneficiamento pára. E isso não é bom, e gera mto prejuízo. Então
recebemos email, encarte, ímã de geladeira, e mais um monte de treco a respeito de como
cuidar bem desse carinha vermelho de dois átrios e dois ventrícolos (ou ventrílocos?).

Aí nisso vêm aquelas recomendações básicas:


- Não coma nada que vc goste;
- Quanto mais saborosa a comida, pior ela fará ao seu coração;
- O número de artérias desentupidas no seu organismo é inversamente proporcional ao número
de fatias de pizza que vc come no rodízio;
- Uma ida à churrascaria significa um ano de vida a menos;
- Segundo a OMS, doenças cardíacas são as maiores causas de morte [b] no mundo [/b]
(aonde mais seria, em cara-pálida? No espaço sideral? Na realidade alternativa de Lost?);

Tbm segundo a OMS, problemas respiratórios são as maiores causas de morte de humanos
em outros mundos. Principalmente aqueles ligados à falta de oxigênio.

Aonde eu quero chegar com esse papo? É que toda sexta-feira a cozinha do refeitório prepara
uma feijoada bruta para nós peões. Tipo [i]vcs trabalharam a semana toda e merecem se
esbaldar no almoço de sexta-feira[/i]. Vejam aí como esse mundo é baum: no dia das
comemorações ao nosso grande amiguinho pulsante, comemorei o aniversário dele me
entupindo de feijoada, daquelas bem gordas mesmo. Com direito a pé, joelho, toicinho, rabo,
tripa... tudo que um porco contém estava mergulhado naquele feijão. A dona que serve a gnt
até estava com o uniforme do Palmeiras.

Se a couve não estivesse mergulhada no óleo, eu diria que ela era a única coisa saudável que
eu almocei dia 24/09. Mas imaginem se por causa da campanha para este bizarro ser que sofre
infartos tívessemos um almoço especial?

Salada de beterraba, cenoura ralada, arroz, e alface e repolho como prato do dia? Suco de
soja??? Graças a Deus que existe bom senso naquele fogão e não fizeram isto com a gente.
Eu ia querer ver a rebelião que esta planta ia se transformar. Cadeiras voando, pratos sendo
quebrados, barricada na saída do restaurante, pessoas ateando fogo nos ônibus, e por aí
vamos alegremente. Se vc quer ver 450 trabalhadores com raiva, mexam com o estômago
deles.

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PARTE 11 - A PARTE DO TREM

Estou tentando aprender a dançar forró.

Também pudera, em um computador no qual 17 das 32 pastas de músicas são disso, não
podia sair outra coisa. E temos relíquias como Forró Garota Safada - Ao Vivo em São Mamede,
Forró dos Plays semi-acústico em Alagoas, e outro do Forró Garota Safada, dessa vez direto
de Paulista, na Paraíba. Com direito a mandar um abraço carinhoso à prefeita da cidade pela
festa linda que foi o Festival do Pepino 2008.

E se vc quer um forró bom, eu recomendo o Vol. 7 dos Aviões do Forró. Sim, admito que eu
escuto e gosto deles. Talvez pq todo mundo aqui no oeste do Pará escuta este cd, então
invariavelmente vc vai escutar tbm - coisa para se sentir parte da turminha, eu acho.

Também pudera, com letras tão bonitas assim, quem é que não curte?

"Eu te peguei na pegadinha do inglês


Sou brasileira, não sou americana
Eu vou cantar pra tú, é o beatiful
Eu vou cantar pra tú, I love you, I love you"
Obs.: leia o beatiful com acento agudo no fúl, para rimar com tú e you.

"O amor é feito capim


Mas veja que absurdo
A gnt planta, ele cresce
Aí vem uma vaca e acaba tudo"

"Mamae tá dodoi?
Papai da da beijo que passa [/i](repete 8x isso, pelo menos. Parece que vai terminar nunca)
[i]Ta dodoi a barriguinha? Dá beijinho, dá beijinho
Ta dodoi o umbiguinho? Dá beijinho, dá beijinho
E se descer mais um pouquinho?"

O forró é pura poesia e MPB.

Outro trem que estou aprendendo é a nadar. Beleza, velho de 23 anos morre afogado
enquanto tentava atravessar o Rio Amazonas. Essa vai ser a manchete daqui a umas
semanas, mas prometo que estou fazendo o possível para me conter nessa jornada e evitar
este trégico acidente. Por agora tbm eu ainda estou no nível Kids 1 da natação, e o pessoal
daqui de casa não me deixa sair do rasinho tambem.

Já estou quase conseguindo pular da ponte e de lugares mais altinhos, mas até agora a única
lição que eu aprendi mesmo foi que em rio que tem piranha, jacaré nada de camisinha.

Mas falando nesses trem de aprender, estou pegando as manhas na oficina de manutenção
ferroviária do Beneficiamento (britagem, lavagem e carregamento, basica e porcamente
resumido). Estão tentando me ensinar que trem é trem, locomotiva é locomotiva, vagão é
vagão, composição é locomotiva + vagões, e que trem não é um advérbio mineiro de
generalização. Mas taí uma coisa difícil de acostumar. Pessoal implica muito com o meu
mineirês.

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PARTE 12 - FALANDO UM POUCO SÉRIO

Meus amigos sabem o tanto que eu sou pagodeiro e que curto bem um sertanejo. Daí eu
venho morar em uma cidade que só tem uma banda de pagode, formada pelos funcionários do
IT (tecn. da inf.) da empresa, já que o chefe geral da manutenção, que tocava um samba mais
clássico, parou de frequentar os bares da cidade.

Aí vc me pergunta: E o sertanejo?

Eu que te pergunto: E o sertanejo, como está? Pq não é aqui em Juruti que ele se encontra.
Nunca vi uma dupla dando bobeira aqui na cidade. Sorte que para essas horas existem o
download ilegal de música e o arsenal contido no pendrive.

Mas vcs que me lêem e acompanham minha saga daí do sul devem achar que eu só reclamo e
desço o pau nesta cidade. Estava lendo as partes antigas da minha aventura e parece que eu
vim morar na filial do inferno na terra.

Pois bem, hj vou tentar mudar esta idéia. É que eu acabo escrevendo essas coisas pq elas
sempre são as mais engraçadas. Mas agora vou falar um pouco sério.

Vc conhece a cultura amazônica? Mas não me venha com esta história de que viu o especial
do Globo Reporter sobre o jacaré-de-papo-amarelo que se acasala com a preguiça real nos
manguezais da divisa do Brasil com a Guiana Francesa, pq isso não vale.

E já viu o tanto que os festivais, como o Festribal daqui de Juruti, o dos bois em Parintins e o
Sairé dos botos lá em Santarém são levados a sério população local? A rivalidade entre
Caprichoso x Garantido ou Mundurukus x Muirapinima são bem piores que um Corinthians e
Palmeiras, por exemplo. Já deve ter saído em dvd as 3 horas de apresentação do Mundurukus
no festival deste ano, vou ver se mando uma cópia para Minas, pq compensa demais da conta
assistir a isso.

Tem também a história que o Pará se pá vai ser dividido em outros 3 Estados, já ouviu? Belém
pegaria o Pará, Santarém ficaria com Tapajós e a Vale do Rio Doce com o Estado de Carajás.
Mais desenvolvimento para essa região Norte, mas em compensação mais problemas com
relação à politicagem e desvios de verba de várias naturezas. Coisa de colocar as coisas tudo
certinho no papel, plebiscito e vê o que que dá. Coisa para não se discutir aqui, não é verdade?

[Obs.: falando em Vale, dependendo do boato que vc escuta, vem para Juruti ano que vem
tbm]

De diversão tem os igarapés. Água gelada pra cacete, o que numa terra quente como essa,
vale mais que petróleo. Mas é mto igarapé / lagoa / praia de rio à espera do pessoal que faz
turismo começar a divulgar a região. Domingo passado a gnt daqui da República João de Barro
(conhecida como a Casa Laranja dos estagiários da empresa) foi cismar de pescar no Jará. Só
conseguimos pegar sol numa canoa no meio do lago, mas já valeu a pena.

Essa aventura toda tem valido muito a pena, podem ficar sossegados. Afinal de contas, estou
vivendo. O Brasil eh mto maior do que aparenta ser, e este oeste do Pará tem muito a nos
oferecer.

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PARTE 13 – A PARTE DA SINHÁ MOÇA

Este texto vai para vcs estudantes, com todo o meu carinho.

Hj vou explicar para vcs como se comporta a cadeia hierarquica nas relações de emprego. Em
cinco minutos de leitura (para quem ler devagarzinho, pq em menos de 2 minutos vc dá conta
desse texto) vc entenderá que as coisas funcionam mais ou menos como na época do Brasil
Colônia. Ou melhor, funciona bem parecido com a novela Sinhá Moça.

Em uma empresa vc pode encontrar a metrópole, para onde vai toda a riqueza que vc
produziu, o barão, a sinhá moça, e os escravos. E isto é normal, relaxe. O bacana de vc ralar e
penar é ver o seu desenvolvimento e ir aos poucos conseguindo vantagens na senzala, ou
então fugir para o quilombo.

Se vc está achando que virar o fim de semana estudando para a prova final de Cálculo II será a
maior dureza da sua vida, vc vai se dar mal. Tente escrever um relatório sobre um macaco
hidráulico, do qual vc não tem o manual, apenas com uma caneta e a informação de que estão
achando que ele está com algum problema. Se puder, peça uma trena emprestada ao pessoal
da Construção. Esse desafio é que faz um estágio tão divertido.

Porém eu vim aqui falar da nossa cadeia hierárquica, e vou voltar ao assunto. Mas antes de
chegar lá, tenho que falar um pouco de dinheiro.

Falta dinheiro correr na cidade. Moeda não existe para troco, e elas acabam virando ouro por
isso. Eu não aguento mais receber chicletes como troco. Outro dia eu fui comprar uma caixa de
som para as festinhas na nossa república, e recebi de troco uma caixa de Halls com 25
pacotes, além de uma embalagem com mais ou menos 50 caixinhas de Tic Tac.

Ainda não tive paciência de contar e conferir essas balas, mas vou ver se vendo algumas.
Apesar de eu ter certo trauma de dentistas (ênfase nisso), acredito mto qndo eles dizem que
açúcar em excesso dá cárie.

E ai entra a historia tbm de que nos estagiarios não temos direito ao plano odontológico. A
cadeia hierárquica aqui é bastante cruel com nós que não temos vínculo empregatício de
nenhuma natureza, e temos q aceitar isso. Então, como já dizia o poeta, ou o filósofo, ou o
Ministério da Saúde e Odontologia, que prevenir é melhor que remediar.: nada de chicletes.

Assim, voltando ao assunto da cadeia hierárquica, ela funciona mais ou menos assim no
mundo do mercado de trabalho:

No topo da pirâmide vem o CEO. Atrás dele vêm os gerentes geral e de setor. Bem depois,
surge o superintendente, seguido pelos supervisores e operadores, mais atrás ainda. Se a
sua empresa trabalha com alguma terceirizada, eles vêm em seguida. Se os gerentes têm
família, suas esposas ou maridos são as próximas com mais benefícios.

Na base da pirâmide, surgimos nós estagiários. Claro que antes da gente tem a impressora
multifuncional e os cachorrinhos vira-lata que fazem ponto lá na porta do refeitório.

Mas estamos bem abaixo mesmo da impressora, abaixo o suficiente para não conseguirmos
aparecer na pirâmide que eu tentei bolar agora para vcs entenderem nossa vida severina aqui
no oeste do Pará.

Mas eu tenho consciência que um dia eu chego lá. Com calma, fazendo meu serviço
alegremente, e por aí vai. E tenho noção tbm de que eu não viajei 4.000 km para ter a vida
mole. Quer moleza? Se inscreva para o dia de princesa do programa do Gugu. E se não
aguentar o tranco, aproveita que já está com o Gugu e entra pro De Volta Pra Minha Terra.

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PARTE 14 – THIS IS NOT IBIZA

Outro dia fomos numa balada aqui, e toda a excentricidade desta pequena terra esquecida no
oeste do Pará me fez pensar uma coisa:
This is not Paris
This is not Osaka
This is not Miami
This is NOT Ibiza

This is Juruti
This is JURUTI
This is Juruti
This is JURUTI
This is Juruti

Listando então algumas excentricidades, temos:

1) O comércio local

Vc já sabe que na cidade não tem moedinhas para troco.

A barbearia 3 Irmãos tem este nome pq enquanto um corta, os outros 2 irmãos ficam cavando
buracos no seu cabelo.

A loja de 1,99, aquela que eu falei que tem os preços acima de R$ 1,99 na Parte 3, é
considerada o shopping center da cidade. A gnt vai lá passear às vezes, encontrar pessoas e
fazer compras quando o salário cai na conta. Compras de balde, panelas e artigos de plástico
em geral.

2) Entretenimento

Minhas aulas de natação deram uma parada, pq já tem alguns fds que não vamos para o
igarapé.

Restou beber para o sábado e domingo passarem rápido. Mas a gnt bebe às vezes só: às
vezes de dia, às vezes de noite. Às vezes de dia, e de noite.

3) Internet

Umas semanas para trás a cidade ficou 5 dias úteis sem acesso. Oba! ¬¬

E Juruti desafia o Google, que acha que vai conseguir mapear todo o país no Street View em
dois anos e meio. Espero sentado.
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PARTE 15 – NÃO UMA PARTE, UM BATE-BOLA

Eu sempre imaginei como seria eu no programa da Marília Gabriherpes do Programa do


Pânico na TV. Tento, neste espaço que se segue, realizar o meu sonho de participar de um
rápido bate-bola com ela:

– Um filme?
– Aguirre – Der Zorn Gottes

– Um deputado?
– Tiririca.

– Um analfabeto?
– Tiririca.

– Um desafio?
– Acordar 5 e meia da manhã.

– Outro desafio.
– Dormir 21:00 hrs para acordar 5 e meia.

– Uma música?
– [i]Welcome to the jungle[/i], dos Guns.

– Um medo?
– Alienígenas.

– Outro filme.
– Contatos Imediatos de 3º Grau (os ets são bonzinhos nele).

– Uma praia?
– De rio.

– Um povo da floresta?
– Partido Verde.

– Uma ave?
– Urubu.

– Um mamífero?
– O boto.
– Um boto?
– Cor-de-rosa ou tucuxi, tanto faz.

– Um animal que vive em árvore.


– Ainda não vi nenhum bicho-preguiça. É meu sonho tirar foto com um.

– Um minério?
– Bauxita.

– Uma latinha de refrigerante?


– De aluminínio.

– Um meio de transporte?
– Hidroviário.

– Um esporte?
– Natação.

– Uma distância?
– Minas Gerais ao Pará.

– Uma tribo?
– Mundurukus.

– Um aeroporto?
– O de Santarém.

– Uma barbearia?
– A dos 3 Irmãos.

– Uma floresta?
– Amazônica.

– Uma manutenção?
– De equipamento ferroviários ou veículos industriais.

– O estágio?
– Uma aventura a cada dia.

Obs.: Não tenho certeza se o boto é mamífero, mas vale a intenção.

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PARTE 16 – A PARTE DA MÁQUINA DO TEMPO
Domingo, 17 de outubro: a luz acabou novamente de madrugada, então a bomba daqui de
casa parou de funcionar, e ficamos sem água pela manhã. Fui pegar meu celular para ligar lá
pra Minas, e a operadora estava sem sinal.

Experiência de vida é isto aí. Já bom humor é eu estar acostumado a isto, achar graça do fato
e vir aqui fazer piada. Mas hoje eu vim aqui falar de outra coisa.

Sabe o que eu não fiz ontem à meia-noite?


Eu [b]não[/b] adiantei meu relógio em uma hora.

Todos os anos, o início do horário de verão era um acontecimento na minha vida.

– Imaginem uma criança feliz por poder sair da escola lá pras 6 da tarde, mas ainda sim poder
ir pra rua brincar.

– Imaginem um pré-adolescente que ia para o cursinho de inglês feliz da vida, porque sua
aula começava somente às 19:00 hrs, mas aquele sol que ainda entrava pela janela dava
uma sensação mto bacana de verão;

– Imaginem um universitário em Viçosa saindo meio-dia de casa no sábado, rumo à


Cervejada, sabendo que a festa só terminaria quando o sol fosse embora, e que no horário
de verão ele ia embora um pouco depois.
l
Este ano vcs não vão poder imaginar o estagiário feliz por causa do horário de verão, pq aqui
no Pará ele não existe. Mas essa história de Brasília estar a uma hora no minha frente traz
alguns fatos interessantes:

Pense que vc está me lendo às três da tarde, e que eu estou aqui agora, conversando com vc.
Porém, na verdade, eu ainda estou às duas da tarde, e de fato essa nossa conversa não
poderia acontecer, pq eu ainda não escrevi este texto no seu espaço temporal.

Por exemplo, eu gosto de ver filmes de madrugada, Jô Soares, e por aí vai. Graças ao horário
de verão, estes programas da madrugada não serão tão de madrugada assim. Jornal Nacional
vai começar 7 da noite!

Esse trem de fuso horário é praticamente uma viagem no tempo, está me entendendo? Se vc
viu a última temporada de Lost, é mais ou menos parecido com isto. E para verem que não é
preciso ir mto longe para os efeitos dessa máquina do tempo surtirem efeito, e muito menos
fazer parte de uma série de tv à cabo, dêem uma olhada de como é meu itinerário de viagem
para casa:

– A lancha sai de Juruti às duas da tarde, chegando em Santarém umas 19 hrs mais ou
menos. Espero, espero, espero e espero, até que...
– Pego um avião para Manaus, às [b]duas da manhã[/b];
– Depois de [b]uma hora e dez[/b] de vôo, desembarco na capital amazonense às [b]duas e
dez da manhã[/b]. Devido ao fuso-horário, depois de 70 minutos no ar, chego em terra firme
10 depois;
– Próximo passo é o vôo que sai de Manaus às [b]6 da manhã[/b], e [b]três horas e pouco[/b]
de vôo depois, chega em Brasília antes do [b]meio-dia[/b];
– Pelo menos de Bsb à Confins, os 50 minutos realmente são 50 minutos, e de Belo Horizonte
à Barbacena as duas horas e meia dentro de um carro realmente querem dizer 150
minutos.

Tempo total de viagem, somando as conexões, atrasos, aeroportos fechados e ônibus


perdidos: 36 horas, arredondando e contando com a sorte. Muita sorte.

Resumindo a história, para vc que não entendeu: em um dia e meio de viagem, eu passo por 3
fusos-horários diferentes, em 3 modais de transporte distintos: hidroviário, aeroviário e
rodoviário. Considerando o meu aprendizado de logística, como Engenheiro de Produção, só
ficou faltando o ferroviário e o dutoviário, mas é certo que dependendo do encanamento, eu
ficaria preso. Eu sou o próprio viajante do tempo.

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PARTE 17 - A PARTE DAS INVENÇÕES

Um causo para vcs:

O pescador foi pescar, e levou seu kit completo para a lagoa: vara, anzol, isca, e uma garrafa
de cachaça né, pq ninguem é de ferro. Ai tempo vai, tempo vem, toda a isca do sujeito acaba.
Ele olha prum lado, olha pro outro, procurando alguma coisa que ele poderia usar como isca,
mas nada.

Até que ele vê na bera da lagoa uma cobra engolindo um sapinho. Sem piscar, ele agarra a
cobra e pega o coitado do sapo para servir de isca pros peixes. Para não ter perigo da cobra
atacá-lo, ele pega a garrafa de cachaça e entope a coitada de cana.

Daí uns minutos, tá lá o cidadão pescando, quando sente alguém cutucar as costas dele. Na
hora que olha, está lá a cobra, bêbada que só, cheia de sapinho na boca.

E aonde eu quero chegar com essa história?

1) Cobra que fica bêbada não ataca seres-humanos;


2) Sapos são ótimas iscas para se pescar;
3) Mais vale a garganta molhada que o estômago cheio;
4) Não importa o lugar nem as pessoas, é sempre importante saber fazer bons negócios;
5) Se for pescar, tenha um estoque suficiente de iscas ou cachaça.

Na verdade, nenhuma das alternativas anteriores é verdadeira. O que eu queria dizer, e estava
preparando terreno para isto, é que eu sou um pescador frustrado. Todas as minhas tentativas
de tirar uma foto ao lado de algum escamoso grande e cozinhável, foram por água abaixo.

Literalmente por água abaixo.

O mais próximo que eu cheguei foi quando uma piranha (provavelmente) mordeu minha isca e,
junto com ela, o anzol da vara e metade da minha linha. E me desculpem se eu tive que contar
esse causo horrível para vocês antes, mas é que eu não consigo começar isto aqui sem fazer
rodeios antes.

E se existe outro ponto no qual eu queria chegar com esta história, é que se tem uma invenção
bacana neste mundo, esta invenção se chama peixe congelado. Vc encomenda lá de
Santarém, e em um dia chega na sua casa um isopor cheio de peixes gordos, apetitosos e
prontos para assar. Muito mais fácil do que pescar.

Mas falando em invenções, nenhuma chega aos pés da máquina de lavar com centrífuga.
Depois de anos em Viçosa ralando a barriga no tanque, e me lavando mais que a própria roupa
que estava suja, tenho uma super-máquina-de-lavar em casa. Ela só não estende minhas
camisas e cuecas no varal, mas já adianta bem o meu trabalho, fazendo quase tudo sozinha.

E no mesmo rumo destes aparelhos eletrodomésticos, aguardo ansiosamente a invenção do


ar-condicionado que não quebra. Pois bem, o meu quebrou, e fez o meu dia ficar tão gostoso
quanto uma encoxada do próprio capeta. Não importa o que vc faça, sempre vai ter aquela
sensação gostosa de bafo quente na sua nuca.

Verdade é que o ar-condicionado tem funcionado, mas só nos dias pares. Parece que ele
trabalha um turno, cansa, repousa outro turno, e depois volta alegre e funcional, transformando
meu humilde local de trabalho em um aconchegante e amigável habitat gelado. Se alguem for
técnico dessas maquininhas e puder me dar uma luz, serei eternamente agradecido.

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PARTE 18 – A BIOGRAFIA

Vamos dar um tempo na programação do Pará para falarmos sobre uma coisa séria.

Para vc que não morou em Viçosa, vou explicar sucintamente o que são as biografias:

Biografia. sm. substantivo. 1. Ato de convidar seus amigos de faculdade para contar histórias
sobre sua vida universitária, podendo queimar seu filme ou não, para que seja redigida sua
história, a fim de fazer parte das atividades de formatura da Universidade Federal de Viçosa 2.
Ato de subornar seus amigos para que eles escrevam algumas linhas sobre você, para que
você possa montar sua biografia que irá aparecer na sua formatura. Este suborno pode se dar
com dinheiro, cerveja, favores sexuais (melhor não detalhar este verbete) ou chantagem
emocional.

Eis então o que os meus amigos falam de mim:

Pepê, Anjo, Peludinho, Porquera, Creme, ou Índio-da-Amazônia. Não importa qual o apelido
você usa, provavelmente vai ser para queimar o filme do nosso amigo Angelo, ou terá alguma
história engraçada por trás.

É fácil dizer que o Angelo é implicante, reclamão e muitas vezes ranzinza. Um velho
rabugento, todos sabem disso. Mas nestes anos de amizade foi percebido que este garoto,
difícil de compreender, tem uma personalidade única, que cativa a todos mesmo nos seus dias
de mau-humor.

Animado, engraçado e simpático também são adjetivos que o descrevem, assim como
competente e responsável. Não foi à toa que ganhou a admiração e o respeito das pessoas à
sua volta.

Porém estes anos de graduação foram marcados pelas histórias. Histórias que começaram lá
na república do mercadinho Vilela, que mais parecia a Vila do Chaves. As festas da EPR 2006
começaram lá na casa do Angelo, em cima da bancada de cozinha mais freqüentada de
Viçosa, com um monte de gente desconhecida que surgia, além de uma estrutura mais que
improvisada: hoje sabemos que as deliciosas batidas de vodka com halls eram feitas no
banheiro, já que lá estava a última tomada disponível da casa para ligar o liquidificador.

O susto foi quando o Angelo mudou de apartamento, e todos temiam o fim das festas. Mal
sabíamos que a República Previdência se tornaria a casa oficial da EPR 2006, ponto de
encontro para qualquer churrasco, concentração e até trabalhos em grupo.

E quem nunca teve vontade de ter um grande amigo para fazer as piores coisas? Parceiro de
todas as horas, o Angelo sempre entrava em roubadas como voltar à pé e debaixo de chuva,
no meio da madrugada, lá do Multishow, ou então ficar horas apanhando do terrível sol do
norte de Minas, numa quarta-feira de cinzas, tentando pegar carona em um local totalmente
fora de mão. Só que geralmente essas idéias erradas surgiam da cabeça dele.

Sempre aprontando, era capaz de planejar um carnaval fora de época com intuito vingativo só
para ajudar os amigos, ou então de juntar toda a turma de mãos dadas para tomar choque no
freezer. Capaz também de tentar levar para casa o troféu de uma noite em uma enfermaria um
tanto quanto estranha, além de sua habilidade nata de desaparecer em festas. Quando menos
percebíamos, cadê o Angelo?
Adora fazer piada das coisas simples da vida, além de ser fã de bagunças como cervejada na
lama, bate-bate com carrinhos de supermercado ou ir em festa à fantasia como o cavaleiro
sem criatividade nem dinheiro, todo embrulhado no jornal e isopor.

Todos têm muitas histórias para falar sobre o Angelo, este mineiro de sotaque forte, pronúncia
engraçada e língua presa. Foram muitos momentos em Viçosa, que fizeram dele um grande
amigo para se levar para a vida inteira.

Pessoal, muito obrigado a todo mundo que contribuiu na minha bio! Valeu demais!

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PARTE 18 (2) - Dos melhores momentos da biografia

Se vc acha que biografia só serve para falar bem do formando, segue uma lista das citações
dos melhores momentos das sábias, carinhosas e belas palavras que os meus amigos falaram
de mim:

Sobre mim:

“O jeito de falar mais gostoso de todos: sotaque mineiro tropeçado pela falta de habilidade com
o R”

“Quem nunca teve vontade de ter um grande amigo para fazer as piores coisas? O Angelo
certamente pode ser um desses. Não é nem necessário insistir muito.”

“Outras tiveram como cenário BH, 19 horas na fila foi o tempo que esse índio, ainda um pouco
urbanizado, passou na fila para conseguir ingressos para a final da Libertadores. Quando eu
cheguei ele estava MUUUUUUITO perto de conseguir, porém, todavia, contudo, entretanto,
alguns[b] cadeirantes[/b] compraram todos ingressos e[b] saíram correndo[/b] antes que
fossem linxados. No final, acabou assistindo a derrota pela TV... (mandou melhor do que eu,
paguei caro no ingresso via Orkut =()”

“O Ângelo é um cara que também muda muito durante o ano: quem vê aquele pessoa alegre,
sorridente e animada no início do período não reconhece aquele velho rabugento do final, que
sempre reclama de tudo e de todos.”

“Posso dizer também que o Angelo é o único sujeito que conheço que não ganhou barriga
após estes anos de cerveja. E olha que ele bebe 4 vezes e meia a mais que eu.”

“Um palhaço regado a pinga e mexerica gravando os piores vídeos da sala com uma narração
única, inventando mais alguns dos famosos 'Meu sonho'”

“Ele passa só pelos olhos que tem algo para contar, e mesmo se for coisa boa eu já me
preocupo, porque juízo não é muito constante em suas atitudes viçosenses, barbacenenses,
curvelanas... e por aí vai!”

“Falando em álcool, melhor pessoa para tomar Natasha e derivados, sempre inventando moda
com pano de prato, ou sofisticando com kiwi ou maracujá. Mas a cara de bêbado é sempre
terrível!”

“Parceiro para fazer matérias aleatóias com ninguém conhecido e ainda assim zuar a
professora mais rabugenta e chamá-la para ir pro Leão, conseguindo ter pelo menos parte da
pouca simpatia que ela possuia.”

Sobre as repúblicas:

“Sua primeira casa em Viçosa proporcionou momentos inesquecíveis para nossa sala. Cada
dia uma festa mais louca, que sempre acabava no Leão ou tomava conseqüências bem mais
sérias.”

“E aquela que mais marcou foi a concentração para o show do Jammil. Estávamos nós da EPR
2006. Porém, através da sua longa rede de contatos, o Angelo foi chamando um monte de
gente para a festa. De repente, era alguém subir na bancada (e essa bancada já agüentou
muita gente) que podia perceber a quantidade de gente que havia naquela casa. Era
impossível ver algum pedaço do chão. Era o sonho do Angelo sendo realizado.”

“Após algum tempo ele teve que sair da república. Mudou de casa. Foi um baque para todos.
Imaginávamos que as festas na antiga república iriam acabar. Pois é. Era melhor que tivessem
acabado as festas. Mal sabíamos que a República Previdência tornaria-se a casa oficial da
EPR 2006.”

“Uma sala gigantesca, que comportava umas mil pessoas, com um carrinho de supermercado
que todo mundo entrava para brincar de bate-bate! Por pouco não aconteceu uma tragédia
quando a Carol resolveu assumir o comando do veículo.”

“A piscina na sua função mais original de bar, às vezes com um freezer meio assassino. Nossa
turma, sempre muito unida, dava as mãos e com um toque no freezer tomava um super choque
unido! E quem inventou de colocar aquelas teorias físicas em prática? O próprio: Angelo!”

Sobre as festas:

“E em uma destas festas, o Angelo me chamou pra beber de graça lá com ele. ÊÊÊÊÊÊ
Angelo viu! Só ele mesmo para arranjar essa boca pra gente. Nós éramos penetras na festa e
mesmo assim mandamos na distribuição da cerveja. Todo mundo procurando cerveja, e a
cerveja tinha acabado. Tinha acabado? Tinha nada. As cervejas estavam escondidas no
freezer só pra gente, ahhahahahahhahahahahah.”

“E as festas que aconteciam na UFV e nos inúmeros locais festivos de Viçosa? Era nestas
festas que Angelo era mestre em sumir. Chegávamos todos juntos, começávamos a beber e de
repente alguém pergunta: Cadê o Angelo? Pois é, ele tinha sumido. Aí depois aparecia sempre
dando uma desculpa. E pior, aparecia sempre bêbado.”

“Chegamos no estacionamento do parque de exposição e quem estava lá parado ao lado do


Fusca? Isso mesmo, o Civic. Aquele Civic que havia nos sacaneado lá na porta de entrada da
festa. Paramos e pensamos: podemos fazer alguma coisa? Eis que alguém diz: Nossa, estou
com uma vontade de ir no banheiro. Aí, um olha pro outro e todos dão aquela risadinha de leve.
Pois bem: o pneu, maçaneta e frente do carro com certeza depois tiveram que ser lavados.”

“Na Estância, o nosso garoto prodígio, com toda sua habilidade, me sai com uma garota de um
lado e um holofote do outro! UHAUAHUAHUAH! Muito bom! Holofote que serviu de decoração
para muitas festas realizadas no maior centro de eventos e convenções de Viçosa, a República
Previdência. Casa de quem?! Pois é, a EPR 2006 nem cogitava outro lugar para festejar que
não fosse a casa desse estrupício.”

“Olha o nível do menino: sugestão para primeiro encontro da turma em Viçosa: Snoock, bar
mais de canto de Viçosa e nada bonito. Depois fala que eu que sou marginal.”

“Se estivéssemos os dois bêbados e tocasse um forró, não importava o lugar que a gente tava
que dávamos um show – no pior sentido da palavra. Tanto no Leão, na Previdência, em
Curvelo, como no Barracão Dance... que vergonha desse dia!”

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PARTE 19 – DOS VÍDEOS DO YOUTUBE

Explicando cronologicamente os fatos:

18/10/2010: Anunciada a festa à fantasia da empresa, a ser realizada no sábado 23 em uma


pousada que um pessoal mora.

20/10/2010: Já animei a ir nessa festa, porém estou sem idéia do quê ir. Em Juruti, com um
comércio ainda em desenvolvimento, vc tem que dar um jeito de fazer mais com menos.

22/10/2010: Ainda sem idéias de fantasia, tive um clique ao assistir o MadMoney edição
especial sobre o anúncio do faturamento do 3º Trimestre do ano.

23/10/2010: Estagiando na empresa líder mundial em produção de alumínio, nada mais justo
que ir em sua festa à fantasia de Barra de Alumínio, todo embrulhado em papel alumínio.

Madrugada de 23/10/2010 a 24/10/2010: Primeira vez na vida que eu ganhei algum prêmio, e
levei a competição de melhor fantasia. Prêmio: Um “Super Banho Líquido – Amansa Touro
Bravo”. Com composição à base de infusões de plantas, flores, cascas e talos das ervas
sagradas dos índios Caboclos originais das 7 linhas de Umbanda, serve para espantar os maus
fluidos. Limpa e protege, este é seu lema.

Só não tive coragem ainda de usar esse trem, mas que vou, vou. E se vc não está acreditando
que eu ganhei isto, é verdade. Tenho foto do prêmio, o que inclusive comprova a bula que
descrevi lá em cima.

26/10/2010: É marcada a ação comunitária do mês para os estagiários, a ocorrer na manhã de


sexta-feira 29.

28/10/2010 à noite: Preparativos para a ação do dia seguinte quase prontos.

29/10/2010 - 08:00 hrs: Tudo certo, galera a caminho da comunidade Santa Terezinha, à beira
do Lago Piranha.

29/10/2010 – até umas 10:00 hrs: Criançada dando uma canseira danada nos tios estagiários,
correndo, pulando, gritando e se sujando. Fazia tempo que eu não me divertia tanto!

29/10/2010 – 10:00 hrs: Devido ao sucesso da Barra de Alumínio ambulante, ou devido à


mongolice que era eu vestido de Bob Esponja prateado, surge, mais uma vez, o Super
Alumínio! Desta vez, para fazer a graça com a mulecada.

29/10/2010 – 11:00 hrs: Como eu sou mais criança que os pequenos seres de até 10 anos que
estavam brincando com a gente, resolvo participar de algumas competições improváveis para
alguém cujos movimentos estão mais que restritos por uma caixa de papelão e um embrulho
de alumínio.

Agora: seguem os vídeos deste estrupício que vos fala, fantasiado de barra de alumínio,
pulando corda e correndo corrida de saco:

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Correção: como a internet daqui é deveras lenta, não consegui postar no YouTube os vídeos.
Fica para a próxima. Fico devendo esta.

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PARTE 20 – A PARTE DO QUE ENCHE O ESTÔMAGO

Qndo vc viaja, as pessoas ficam deveras interessadas no que vc anda comendo. Nos dois
sentidos, é verdade.
Mas como isso aqui é um espaço também aberto a menores de idade, e a minha vida sexual
aqui anda tão excitante qto passar a madrugada assistindo filme antigo na Globo, vamos falar
do que podemos.

As comidas típicas aqui estão todas interligadas. Em algum lugar do passado, ou do futuro,
elas vão se encontrar. Por exemplo, o tucupi, que é um molho que vc coloca no frango ou no
pato, e que é bom pra caramba.

Ele vem da mandioca, que é espremida (pelo tipipi ou titipi) e fervida. A mesma mandioca que
dá a folha da maniva, que é venenosa. Mas se vc ferver a maniva por 7 dias e 7 noites
consecutivas, vc pode fazer a maniçoba, que é mais ou menos igual uma feijoada, só que
sem o feijão.

E esse tucupi vai tbm no tacacá, cuja receita ideal é uma concha pequena de tucupi no fundo,
uma goma no meio, e outra concha de tucupi preenchendo o pote, mas dessa vez uma
concha grande. Agora, adivinhem de onde vem essa tal de goma.

Da mandioca, tbm. Se um dia acontecer algum apocalipse no planeta, eu quero estar próximo
a uma plantação de macaxeiras. E sem brincadeirinhas de sacanagem, por favor.

Ah, estava esquecendo de dizer que para completar o tacacá, vc pode completá-lo com
cebolinha, cebola, camarão, ou qualquer outra coisa que vier na cabeça, mas desde que vc
tenha noção. O melhor para se colocar é a folha de jambu, que tbm pode ser colocada no pato
ao tucupi, e que deixa a língua dormente e com tremiliques, desde que cozinhada no ponto
certo.

Sugestão: coma bastante folha de jambu e depois beba um copo de Coca bem gelado.

Acho que de comida típica, só não achei um jeito de interligar o cupu com essa misturada aí de
cima. Mas eis uma boa opção do que fazer com um cupuaçu:

Receita de creme de cupuaçu

– Ingredientes:

Duas latas de leite condensado;


Duas de creme de leite;
1 (um) abridor de latas;
Uma tesoura;
Uma geladeira;
1 (um) liquidificador;
1 (um) cupuaçu, obviamente.
– Como fazer:

Pegue o cupuaçu e o abra. Para isso, vc provavelmente vai ter que quebrá-lo. Não tem
problema. Com a tesoura, separe o que é coisa gostosa do cupuaçu do que é caroço. O caroço
pode jogar fora ou guardar para fazer artesanato, caso vc saiba.

Jogue a parte gostosa do cupu no liquidificador, e abra as latas de creme de leite e leite
condensado, não necessariamente nesta ordem. Misture tudo no liquidificador, por um tempo
que eu não sei direito ao certo, mas na hora que o trem der liga, vc vai saber.

Por fim, deixe isso na geladeira, por um tempo também indeterminado, e pronto. Pronto para
comer, ou colocar em cima de algum bolo, ou sorvete, ou sei lá o que.

Bom apetite.

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PARTE 21 - A PARTE DO PÃO DE QUEIJO

E lá vou eu para Minas! Nunca a palavra "férias" significou tanto.

Blz, que não são férias, férias dessas de relaxar, viajar e ir para a praia. São férias deu ir para
Viçosa apresentar meu último trabalho na faculdade e poder formar tranquio em janeiro. E
férias tbm para eu ver amigos e parentes, já que, como diria o poeta, a saudade é um prego,
coração é um martelo. E por aí vamos alegremente.

Mas não tão alegremente assim, é verdade. Eu queria saber quem foi o engraçadinho que
inventou o itinerário que eu vou fazer na madrugada do dia 23.

Saio de Santarém 22 hrs, num vôo para Altamira (mais para o sul do Estado). Depois é avião
até Belém, do outro lado, lá em cima, beirando o oceano Atlântico. Aí vou voando até Marabá,
para depois, enfim chegar em BH lá pelas 7 da manhã.

Em um anoite eu vou conhecer o Pará inteiro, mas sem conhecer na verdade as quatro
maiores cidades daqui. Se eu pudesse e tivesse tempo, atrasava um vôo por dia, para ficar
algumas horas em cada canto.

Mas o tempo urge, e Minas Gerais é logo aí.

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